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A expansão urbana e os seus impactos para a mobilidade urbana
Priscilla Costa e Luanna Teixeira
Universidade Federal do Maranhão
Seminário Internacional Carajás 30 anos
GT 6 – Questão Urbana
Bibliografia básica
BURNETT, Frederico Lago. Da Tragédia Urbana a Farsa do Urbanismo Reformista. São Paulo, Editora Annablume, 2011.
LEFEBVRE, Henri. O Direito à Cidade. São Paulo, Centauro, 2008.
MARICATO, Hermínia. As idéias fora do lugar e o lugar fora das idéias. Planejamento urbano no Brasil. In ARANTES, Otília Beatriz Fiori, et alli. A cidade do pensamento único. Desmanchando consensos. Petrópolis, Vozes, 2000.
MOVIMENTO PASSE LIVRE et all. CIDADES REBELDES. Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo, Carta Maior/Boitempo.
“Basta abrir os olhos para compreender a vida cotidiana daquele que corre de sua moradia para a estação próxima ou distante, para o metrô superlotado, para o escritório ou para a fábrica, para retomar à tarde o mesmo caminho e voltar para a casa a fim de recuperar as forças para recomeçar tudo no dia seguinte. O quadro dessa miséria generalizada não poderia deixar de se fazer acompanhar pelo quadro das satisfações que a dissimulam e que se tornam os meios de eludi-la e de evadir-se dela.” (LEFEBVRE, 2001, p. 118)
• Industrialização - problemática urbana• Indutor - industrialização• Induzidos – problemas relativo ao crescimento urbano, à
planificação, às questões referentes à cidade e ao desenvolvimento da realidade urbana, os lazeres e as questões da cultura
• É a industrialização responsável pela organização do espaço, a cidade, juntamente com a sua cultura, e se estrutura sobre os fatos fundamentais, a saber: a decomposição de estruturas agrárias, a migração das pessoas para os grandes centros urbanos, o fornecimento de mão-de-obra para a indústria e a passagem da economia doméstica para a manufatura, da manufatura para a fábrica, constituindo assim necessidades e um mercado consumidor que se aglutina ao redor da cidade. A cidade se torna um lugar de gestão e de domínio, de classes sociais e de um sistema político-administrativo de uma sociedade.
• Castells(2006) – cultura urbana – “difusão do sistema de valores, atitudes e comportamentos”
• A urbanização e a industrialização seguem juntas num só processo, como explicar o fato do crescimento de uma cidade de uma urbanização com pouca industrialização?
• Hiperurbanização → países periféricos• Sociedade subdesenvolvida e dependente → a articulação de
sua estrutura social em todos os níveis é constituída por relações assimétricas, então, o processo de urbanização, a ocupação do espaço, torna-se a expressão desta dinâmica social.
• A urbanização latino-americana: A urbanização latino-americana caracteriza-se então pelos traços seguintes: população
urbana sem medida comum com o nível produtivo do sistema; ausência de relação direta entre emprego industrial e crescimento urbano; grande desequilíbrio na rede urbana em beneficio de um aglomerado preponderante; aceleração crescente do processo de urbanização; falta de empregos e de serviços para as novas massas urbanas e, conseqüentemente, reforço da segregação ecológica das classes sociais e polarização do sistema de estratificação no que diz respeito ao consumo. (CASTELLS, 2006, p. 99)
• Descolamento entre matriz do planejamento, legislação urbana brasileira e a realidade
• Urbanização brasileira - século XX • Urbanismo – planejamento e regulação
urbanística• Urbanismo – desigualdades e privilégios• Favelas• Ilegalidade é funcional – clientelismo,
patrimonialismo e coronelismo• Matriz do planejamento urbano modernista –
ocultação• Falta planos urbanísticos?
Processo de urbanização brasileiro
• Industrialização com baixos salários, mercado residencial restrito
• As gestões urbanas – investimentos regressivos
• Legislação ambígua ou aplicação arbitrária da lei
O problema da mobilidade urbana• “A cidade negligencia as singularidades da vida urbana,
os modos de viver da cidade, o habitar propriamente dito.” (LEFEBVRE, 2001, p. 62)
• Uma das principais vertentes da política econômica brasileira é a de entupir as cidades de automóveis via continuação de estímulos à indústria automobilística, onerando o transporte público e desencadeando uma ‘imobilidade urbana’.
• “Há mais subsídios para a circulação de automóveis do que para o transporte coletivo” (MARICATO, 2013).
As consequências• Portanto, os problemas relacionados a precariedade
do transporte público desencadeou a luta organizada contra o aumento das tarifas da cidade de São Paulo em junho de 2013. Capitaneada pelo Movimento Passe Livre-SP, essa luta se tornou a fagulha responsável pelo incêndio na pradaria (VAINER, 2013).
• O MPL é um movimento social autônomo, apartidário, horizontal e independente, que luta por um transporte público de verdade, gratuito para o conjunto da população e fora da iniciativa privada.
Roberto Leher (2013, Manifestações massivas no Brasil têm origem na esquerda) distingue duas dimensões desse protesto social para poder pensá-lo como totalidade:
•Um primeiro plano é a convocatória, difundido pelo MPL que vem se configurando como um dos mais imaginativos e interessantes movimentos da juventude.
•O segundo nível é a análise dos que atenderam a convocatória.
As jornadas de junho
As propostas do Movimento Passe Livre para o transporte são:
•Municipalização do sistema;•Criação de um Fundo Municipal de Transporte Coletivo gerido com participação popular;•TARIFA ZERO para todas as pessoas, onde o ônibus terá um custo, porém compartilhado entre a sociedade, através do aumento na arrecadação de impostos progressivos;•Combate à cultura do automóvel.
As jornadas de junho
Ao analisar o fenômeno das manifestações ocorridas na Turquia, no Brasil e na Bulgária, Wallerstein aponta certas similaridades entre eles:•Todas as revoltas tendem a começar muito pequenas;•Nenhuma dessas revoltas continuam na velocidade máxima por muito tempo;•Embora terminem, deixam um legado;•Muitos que se unem ao movimento não para reforçar os objetivos iniciais, mas para pervertê-los;•O quinto traço em comum é que todos eles acabam envolvidos no jogo geopolítico.
As jornadas de junho
“Desnecessário dizer da importância das lutas e manifestações dos últimos dias. Elas expressam uma extraordinária vontade não apenas de mudar as políticas de transporte, educação, saúde, etc, como pretendem alguns analistas que buscam reduzir o significado dos acontecimentos dos últimos dias, mas de transformar de modo radical a sociedade brasileira e as formas de exercício do poder político.”
(VEINER, Mega-eventos, mega-negócios, mega-protestos)