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Língua Portuguesa: resolução de questões – Aula 1 Verônica Daniel Kobs Para as questões de 1 a 4, leia o texto abaixo. Que país é esse? (CANTANHÊDE, 2007) Segundo o Banco Mundial, o Brasil é a décima maior economia do planeta, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$1,585 trilhão, que corresponde a 2,88% das riquezas produzidas no mundo em 2005 e a praticamente metade de tudo o que América do Sul produziu no ano. Parabéns governo FHC! Para- béns governo Lula! Só que... mesmo assim o Brasil foi o único país do Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) que não avançou. E o que mais interessa não é a competição pela economia, mas o que ela assegura para os cidadãos. O Brasil é a décima economia, mas é também o último lugar no ranking dos países com melhor desenvolvimento humano, além de estar entre os úl- timos em educação (leitura, ciências e matemática). Ou seja: o Brasil vai bem, mas os brasileiros, nem tanto. O maior problema continua sendo o da distribuição macabra de renda, com uma minoria na- dando em dinheiro e a maioria sem educação, sem saúde, muitas vezes sem comida. E todos sem segurança. O Bolsa Família é necessário e bem-vindo, mas é apenas emergencial, um estágio. O fundamental é garantir a inclusão social sistemática e sustentável. Além disso, o Brasil é a décima economia, mas ainda capaz das maiores atrocidades contra seus cidadãos, e justamente contra os mais desassistidos, os mais frágeis. [...] Há uma doença neste país. Essa doença se chama desigualdade social, que

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Língua Portuguesa:

resolução de questões – Aula 1

Verônica Daniel Kobs

Para as questões de 1 a 4, leia o texto abaixo.

Que país é esse?

(CANTANHÊDE, 2007)

Segundo o Banco Mundial, o Brasil é a décima maior economia do planeta, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$1,585 trilhão, que corresponde a 2,88% das riquezas produzidas no mundo em 2005 e a praticamente metade de tudo o que América do Sul produziu no ano. Parabéns governo FHC! Para- béns governo Lula!

Só que... mesmo assim o Brasil foi o único país do Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) que não avançou. E o que mais interessa não é a competição pela economia, mas o que ela assegura para os cidadãos.

O Brasil é a décima economia, mas é também o último lugar no ranking dos países com melhor desenvolvimento humano, além de estar entre os úl- timos em educação (leitura, ciências e matemática).

Ou seja: o Brasil vai bem, mas os brasileiros, nem tanto. O maior problema continua sendo o da distribuição macabra de renda, com uma minoria na- dando em dinheiro e a maioria sem educação, sem saúde, muitas vezes sem comida. E todos sem segurança.

O Bolsa Família é necessário e bem-vindo, mas é apenas emergencial, um estágio. O fundamental é garantir a inclusão social sistemática e sustentável.

Além disso, o Brasil é a décima economia, mas ainda capaz das maiores atrocidades contra seus cidadãos, e justamente contra os mais desassistidos, os mais frágeis.

[...]

Há uma doença neste país. Essa doença se chama desigualdade social, que

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contamina os agentes do Estado, a Justiça, o Legislativo, o Executivo, as ruas e as nossas próprias casas e tem como principal efeito o abuso contra as pes- soas. Como se houvesse dois, três, quatro tipos de “gente”. Não existe. Nós somos todos iguais.

Falta um encontro de contas entre o “Brasil décima economia” e o “Brasil dos brasileiros”.

Bom Natal, excelente Ano Novo! E vamos continuar gritando, reclamando, cobrando. É assim que o mundo gira, e a gente constrói um país melhor.

1. Considere as afirmações.

I. De acordo com a autora, os programas sociais do governo são bem-vindos e suficientes para o estado emergencial em que o país se encontra.

II. O bom desempenho na economia garante qualidade de vida aos cidadãos de um país.

De acordo com o texto, está correta:

a) Somente a afirmativa I.

b) Somente a afirmativa II.

c) As afirmativas I e II.

d) Nenhuma das afirmativas.

Resposta: D

Análise

Vamos considerar a alternativa I: de fato a autora menciona, no quinto pa- rágrafo do texto, que “o Bolsa Família é necessário e bem-vindo”, mas ela não concorda com a ideia de que os programas sociais do governo sejam “sufi- cientes para o estado emergencial em que o país se encontra”. Para confirmar isso, basta voltarmos ao quinto parágrafo e ler a sua continuação: o Bolsa Fa- mília é considerado pela autora “apenas emergencial, um estágio”, trecho que invalida, portanto, a segunda parte da opção I.

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A alternativa II também está incorreta e no texto sobram exemplos que comprovam isso. Se o bom desempenho econômico realmente garantisse mais qualidade de vida aos brasileiros, a autora não iria fazer reflexões com estas:

terceiro parágrafo – “O Brasil é a décima economia, mas é também o último lugar no ranking dos países com melhor desenvolvimento hu- mano, além de estar entre os últimos em educação […].”

quarto parágrafo – “Ou seja: o Brasil vai bem, mas os brasileiros, nem tanto.”

2. De acordo com o texto, o principal problema brasileiro

a) são as doenças que assolam a população.

b) é a desigualdade social.

c) é a violência da polícia.

d) é a competição da economia.

Resposta: B

Análise

A desigualdade social é o principal ponto abordado no texto. A prova disso é que ela perpassa diversos trechos, tais como 1) “O maior problema continua sendo o da distribuição macabra de renda, com uma minoria na- dando em dinheiro e a maioria sem educação, sem saúde, muitas vezes sem comida”; e 2) “Há uma doença neste país. Essa doença se chama desigualda- de social […].”

O fato de a autora considerar a desigualdade social uma “doença” (exem- plo 2) pode levar alguns ao erro de considerar a alternativa a como a correta. No entanto, é preciso atentar para a diferença entre doença (singular) e doen- ças (plural), e para o mais importante: o exercício é de interpretação e, logo, até as metáforas devem ser elucidadas, ainda mais quando uma das opções dadas é a responsável por essa clareza.

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Chegamos assim à alternativa c, incorreta porque a violência da polícia, de acordo com o texto, não é “o principal problema brasileiro”, mas uma das consequências de algo muito maior. Obviamente, a violência é um proble- ma, mas não o maior deles. O status de principal só cabe ao elemento que desencadeia ou que gera essa violência: a desigualdade social, conforme a visão da autora.

Por fim, a última alternativa menciona a competição da economia. A in- correção está no fato de isso, no texto, não ser encarado como problema. A competição até motiva os países ao crescimento. O problema, portanto, é o fato de a boa colocação no ranking econômico não assegurar melhorias no padrão de vida do brasileiro.

3. A conjunção mesmo assim, no segundo parágrafo, estabelece uma re- lação de

a) causa.

b) consequência.

c) concessão.

d) condição.

Resposta: C

Análise

Para entender por que a resposta certa é a c, vamos recuperar o período em que a conjunção aparece no texto: “Só que… mesmo assim o Brasil foi o único país do Brics […] que não avançou.” Veja que o período começa com a expressão só que…, indicando que existe algo que não combina com o des- taque alcançado pelo Brasil no panorama econômico. O normal seria que o avanço combinasse com a boa colocação no ranking, mas há uma brecha, ou uma exceção. A conjunção concessiva, em geral, trabalha com elementos discordantes.

Vamos entender agora por que as demais alternativas estão erradas.

A alternativa a afirma que mesmo assim estabelece a relação de causa. Errado: é justamente a ideia de discordância que impede a validação dessa

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alternativa. A causa pode ser exemplificada neste período: “Por causa da de- sigualdade social, o índice da violência urbana aumenta gradativamente.” Por causa de é o conjunto de palavras responsável por expressar essa relação.

A opção b afirma que a relação estabelecida é a de consequência, mas para expressá-la seria necessário o uso de uma conjunção parecida à do exemplo usado na alternativa a – afinal, causa e consequência são elementos de um mesmo conjunto ou de uma mesma ideia. Sendo assim, recuperando o exem- plo anterior, se a causa é a desigualdade social, a consequência é o crescimen- to gradativo do índice de violência urbana.

Restou a opção d, que sugere condição como resposta certa. Se assim fosse, teríamos algo parecido com uma ameaça. Por exemplo: “Se você não estiver com o passaporte em dia, perderá a chance de estudar no exterior.”

4. Considere a oração abaixo.

O fundamental é garantir a inclusão social sistemática e sustentável.

Substituindo a expressão destacada pelo pronome adequado, temos:

a) O fundamental é garanti-la.

b) O fundamental é a garantir.

c) O fundamental é garantir-lhe.

d) O fundamental é garanti-las.

Resposta: A

Análise

A questão trata de colocação pronominal. Garanti-la é um caso de ênclise (colo- cação do pronome oblíquo depois do verbo). A função do pronome a é substituir “a inclusão social sistemática e sustentável”. Mas por que o uso do singular? Porque a inclusão é uma só, embora tenha dois atributos – “sistemática e sustentável”.

Outra explicação que comprova que a opção a está de fato correta é esta: garantir, nesse caso, é um verbo transitivo direto. Verbos dessa modalidade

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pedem como complemento um objeto direto e, portanto, os pronomes oblí- quos que podem cumprir essa função são, principalmente, o, a, os, as. Para facilitar a pronúncia, quando essas partículas são justapostas ao verbo, pre- cisam de uma consoante que funcione como ponte, função desempenhada pelo l, em garanti-la.

A alternativa b (“O fundamental é a garantir.”) está incorreta porque apre- senta a próclise (pronome oblíquo antes do verbo) e não há nenhuma palavra atrativa que justifique a opção pela próclise em vez da ênclise.

Na letra c (“O fundamental é garantir-lhe.”), o erro é mais grave porque o pronome oblíquo lhe substitui apenas objetos indiretos e na explicação da alternativa a já vimos que o complemento “a inclusão social sistemática e sustentável” é objeto direto do verbo garantir. Aprofundando essa consta- tação, destaque-se que o verbo liga-se ao objeto sem preposição (de modo direto, portanto).

A explicação do que torna a alternativa d incorreta talvez seja o caso mais simples dentre os analisados nesta questão: o pronome oblíquo foi usado no plural e, como já foi mencionado, “a inclusão” é uma só, embora tenha dois atributos – “sistemática e sustentável”.

5. Considere a notícia e as afirmações que se seguem.

Celular teria causado explosão em posto em São Paulo.

I. O uso do verbo no futuro do presente indica uma possibilidade.

II. O verbo encontra-se em um tempo composto.

a) Somente a afirmativa está correta.

b) Somente a afirmativa II está correta.

c) As afirmativas I e II estão corretas.

d) Nenhuma das afirmativas está correta.

Resposta: B

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Análise

Nessa questão, deve ser analisado o período “Celular teria causado explo- são em Posto em São Paulo.” O item II afirma que “o verbo encontra-se em um tempo composto”, o que está correto, já que “teria causado” é uma locu- ção verbal formada pelo verbo ter no futuro do pretérito e pelo particípio do verbo causar.

O item I, incorreto, menciona que “o uso do verbo no futuro do presente indica uma possibilidade”. O erro é apenas um detalhe e diz respeito ao tempo do verbo que, na verdade, é o futuro do pretérito (“teria”). Se o verbo estivesse conjugado no futuro do presente, seria “terá”.

Sendo assim, apenas o item II faz uma afirmação correta sobre o período proposto.

6. Assinale a alternativa que completa correta e respectivamente as lacunas.

Peço _________ você que entregue o relatório _________ secretária.

a) a – à.

b) a – a.

c) à – à.

d) à – a.

Resposta: A

Análise

As opções dessa questão opõem apenas dois tipos de a, com e sem o acento grave. Lembrando rapidamente o que forma o à craseado, chegamos à junção do a artigo com o a preposição. Essa é a principal condição para o uso do acento grave, mas as regras para esse tema da língua portuguesa são muitas.

As lacunas que devem ser preenchidas, na questão, aparecem diante das palavras você e secretária. Para resolvê-la, vamos usar uma regra apenas. Como o à é resultado da fusão entre preposição e artigo, é claro que, em se

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tratando do artigo a, feminino, o esperado é que a palavra que é precedida do à admita o artigo e concorde com ele em gênero e número.

Você não admite artigo – nem feminino, nem masculino. Logo, a lacuna antes dessa palavra deve ser completada com a, sem o acento grave, e esse a tem a função de preposição apenas, de modo que pode ser substituído por para.

Secretária, ao contrário, admite artigo, pois podemos falar “a secretária” e “as secretárias”. Além disso, o a artigo está no singular, concordando perfeita- mente com o substantivo (secretária), também no singular. Diante de secretá- ria, portanto, a lacuna deve ser preenchida com à, com o acento grave, resul- tado da fusão entre preposição e artigo e, por isso, equivalente a “para a”.

Vejamos, agora, o período completado corretamente: “Peço a você que entregue o relatório à secretária.”

7. Considere as orações abaixo.

I. Custou-me acreditar naquela história.

II. Não simpatizei com ele.

De acordo com a norma culta:

a) Somente I está correta.

b) Somente II está correta.

c) I e II estão corretas.

d) Nenhuma está correta.

Resposta: C

Análise

A questão propõe que sejam analisados dois períodos “I. Custou-me acre- ditar naquela história.” e “II. Não simpatizei com ele.” Os dois estão corretos. Resta agora entendermos por quê. O assunto aqui é regência verbal e envol- ve a relação entre os verbos e seus complementos.

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O verbo acreditar, do período I, exige um objeto indireto, ou seja, aquele que se liga ao verbo por meio de uma preposição, porque “quem acredita, acredita em alguma coisa”. Mas onde está o em, nessa oração? O em é parte integrante do termo naquela (em + aquela) e segue o mesmo processo de composição das formas combinadas no (em + o = no) e na (em + a = na).

Do mesmo modo que o verbo acreditar, simpatizar também exige como complemento um objeto indireto. O que varia é a preposição usada para ligar o objeto ao verbo. Assim como o correto é “acreditar em”, no caso do verbo simpatizar a preposição exigida é com. Logo, “quem simpatiza simpatiza com alguém”.

8. Considere as orações abaixo.

I. Paulo e Joana estavam só.

II. Nós só desejamos a sua felicidade.

De acordo com a norma culta:

a) Somente I está correta.

b) Somente II está correta.

c) I e II estão corretas.

d) Nenhuma está correta.

Resposta: B

Análise

Seguindo o mesmo padrão do exercício anterior, aqui também são pro- postas duas orações para análise: “I. Paulo e Joana estavam só.” e “II. Nós só de- sejamos a sua felicidade.” O elemento comum entre I e II é a palavra só e a cor- reta resolução dessa questão exige a diferenciação entre adjetivo e advérbio.

Alguns lembretes importantes sobre adjetivo: considerado como um atri- buto (qualidade, defeito ou estado), o adjetivo deve concordar em gênero e

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número com o substantivo a que se refere; e em orações nominais – isto é, com verbos de ligação –, o adjetivo é elemento essencial.

O item I apresenta essa estrutura, já que traz um sujeito composto (“Paulo e Joana”), um verbo de ligação (“estavam”) e um adjetivo (“só”). Até aqui, não há problema, mas observando mais atentamente o adjetivo percebemos que ele não está concordando com o sujeito. A opção, portanto, está incorreta. O correto seria: “Paulo e Joana estavam sós”, do mesmo modo que escrevería- mos ou falaríamos “Os garotos estavam cansados”, e não “estavam cansado” – afinal, se “meninos” está no plural, o adjetivo também deve ser flexionado no plural.

No item II, a palavra só tem outra função: a de advérbio. Os advérbios, ao contrário dos adjetivos, são invariáveis, não permitem a forma plural. Fica claro, portanto, que o pronome nós aparece na oração com a clara intenção de nos confundir. Porém, uma análise mais atenta e o uso de um macete (a substituição de só por apenas) permitem uma conclusão acertada: a oração II está correta porque, neste caso, só é advérbio e, portanto, não admite plural.

9. Considere as orações abaixo.

I. Seus problemas, naquela época, eram muitos.

II. O rapaz e seu colega humildemente, pediram ajuda ao professor.

A pontuação está correta:

a) Somente em I.

b) Somente em II.

c) Em I e II.

d) Em nenhuma das orações.

Resposta: A

Análise

Nos itens I e II, o uso da vírgula no período está associado à presença de advérbio ou locução adverbial. Isso causa, nos dois exemplos, uma ruptura na

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informação básica, pois “naquela época” e “humildemente” são inseridos no meio do período.

As informações básicas são formadas pelos termos essenciais da oração, ou seja, sujeito e predicado. No item I, a informação básica é formada por “Seus problemas” (sujeito) + “eram muitos” (predicado nominal = verbo de li- gação + predicativo). Os demais elementos do período não fazem parte dessa estrutura básica e por isso são considerados acessórios. A locução adverbial “naquela época” faz parte dessa categoria. É considerada, portanto, uma in- formação complementar. Como o nome tenta explicar, a função da locução, no período em análise, é apenas completar a informação básica.

Quando se deseja incluir uma informação complementar, quem está escre- vendo um texto deve usar a vírgula para indicar o acréscimo. A vírgula deve abrir e fechar o bloco em que o complemento será inserido, de modo que, se pudéssemos apagar o que está entre vírgulas, teríamos novamente a infor- mação básica. Esse macete serve para verificar se a pontuação está adequada. Para confirmarmos isso, vamos voltar ao item I:

I. Seus problemas, naquela época, eram muitos.

Agora, vamos ler apenas as informações que vêm antes e depois das vírgu- las, esquecendo a locução adverbial:

I. Seus problemas eram muitos.

Temos um período de sentido completo, o que prova que as vírgulas foram colocadas no lugar adequado.

O item II está incorreto porque, se tentarmos aplicar esse macete para res- gatar a informação básica do período, teremos:

O rapaz e seu colega humildemente.

ou

Pediram ajuda ao professor.

O advérbio humildemente foi acrescentado ao período, mas sem usar as vírgulas adequadamente. Por isso, a vírgula causa uma ruptura entre os dois termos da informação básica, tornando-os incompletos. Na primeira opção, temos o sujeito e o advérbio e, na segunda, o predicado. O grande problema é

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que a vírgula nunca pode separar sujeito de predicado. Sendo assim, o trecho II está pontuado de modo incorreto. O certo seria colocar uma vírgula antes e outra depois do advérbio:

O rapaz e seu colega, humildemente, pediram ajuda ao professor.

Agora que o período foi pontuado corretamente, fica fácil retomar- mos as duas partes da informação básica, desprezando a informação complementar:

O rapaz e seu colega pediram ajuda ao professor.

Texto para as questões 10 a 15.

A rota lusitana: ousar é preciso

(MAIEROVITCH, 2000. Adaptado.)

Portugal está prestes a mudar sua política criminal em relação à questão das drogas ilícitas. Proposta legislativa entende que o caminho para se chegar à redução da demanda passa pela conscientização, obtida por meio da in- formação adequada e abandono da intimidação contida abstratamente na lei penal.

A vingar o projeto lusitano, o porte de droga para uso próprio transforma- -se em infração administrativa, paga com multa. Essa nova tendência aproxi- mará os portugueses dos seus parceiros da União Europeia.

Do lado brasileiro, o porte para uso próprio é considerado crime. A pena é de privação de liberdade, de seis meses a dois anos, mais multa.

Tenta-se, por iniciativa da Secretaria Nacional Antidrogas, substituir a de- tenção por medida socioeducativa, sem registro no livro dos culpados. Referi- do registro nasceu no bojo do infamante livro V das Ordenações Filipinas. As ordenações vigoraram no Brasil até o Código Penal de 1850, mas o registro no rol dos culpados continua prestigiado até hoje.

Desse livro são extraídas folhas de antecedentes criminais, exigidas aos candidatos a empregos e aos concursos públicos. No Brasil, até o experimen- tador da droga azara-se pelo resto da vida.

(Carta Capital, 02 ago. 2000)

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10. Considerando o texto, relativamente a aspectos de tipologia textual e à linguagem empregada, julgue os itens abaixo, marcando se está certo (C) ou errado (E).

a) ( ) O texto pode ser considerado como de estrutura dissertativa, com aspectos positivos e algumas passagens caracterizadoras de descrição histórica.

) Inadequada escolha lexical provocou efeito cacofônico no título.

) Com respeito ao nível lexical, é procedente a afirmativa de que está trabalhado em registro formal.

) Em “No Brasil, até o experimentador da droga azara-se pelo resto da vida”, o verbo destacado caracteriza gíria.

) O emprego de vocabulário típico da ciência jurídica permite a afirmativa de que se encontram, no texto, exemplos de jargão profissional.

b) (

c) (

d) (

e) (

Resposta: E, C, C, E, E

Análise

O item a está errado porque afirma que o texto tem estrutura dissertativa, sendo que o texto lido não obedece a esse modelo, restringindo-se a uma comparação simples, sem aprofundamento e com interferência de opinião, mas sem lista de argumentos que servem à defesa de uma tese.

A alternativa b está correta porque chama atenção para a cacofonia do título (“a rota” e “arrota”). A cacofonia é considerada um vício de linguagem porque a junção de palavras forma uma nova palavra, com um significado que, geralmente, destoa do restante do texto. Isso acontece no título do texto, porque a colocação do artigo a antes de rota forma arrota. Outros exemplos de cacofonia bem conhecidos são “a boca dela”, “até tinha”, “por cada”.

Também está correta a letra c, que destaca a formalidade do texto, levando em conta o aspecto lexical, o vocabulário utilizado. Outra pista dessa formali- dade, determinando a escolha lexical, é o veículo em que o texto é publicado, o periódico Carta Capital, meio de comunicação de massa que, como qual- quer outro jornal ou revista de alto nível, exige formalidade e obediência à norma culta.

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A opção d refere-se ao verbo azarar como gíria. O erro está justamente aí. Esse verbo pode ser assim considerado quando for sinônimo de paque- rar. Porém, no texto o uso de azarar corresponde a um sentido mais formal: “transmitir má sorte”.

No item e, sugere-se que o texto usa o jargão jurídico. Errado: se assim fosse, o texto deveria trazer termos mais específicos. O tema, sem dúvida, re- laciona-se à área jurídica, em alguns pontos, mas é visível que o autor procura escrever para a massa, facilitando a linguagem, para que o texto seja compre- endido pelo maior número de pessoas.

11. Julgue os itens abaixo, que fazem menção a aspectos de organização textual, marcando C e E.

a) ( ) Estruturado em dois conjuntos de informações pertinentes a diferentes percepções acerca de uma mesma questão, o texto tem no fragmento “Do lado brasileiro” seu marco divisório.

) A expressão “Essa nova tendência”, por ser remissiva a “uso próprio”, representa, no interior do segundo parágrafo, um elemento de coesão interna.

) O título é recuperado e explicitado pela passagem “mudar sua política criminal em relação à questão das drogas ilícitas”.

) A clareza da exposição do que se enuncia no fragmento contido entre as linhas 3 e 4 tornar-se-ia maior caso o fragmento tivesse seu paralelismo sintático realçado pelo uso da preposição de, tal qual se verifica em “obtida por meio da informação adequada e de abandono da intimidação contida abstratamente na lei penal”.

) A indeterminação do autor da ação verbal pertinente a “Tenta- -se” está sendo provocada pelo pronome oblíquo se, que exerce papel de índice de indeterminação do sujeito.

b) (

c) (

d) (

e) (

Resposta: C, E, C, E, E

Análise

A alternativa a está correta, pois apresenta a clara divisão do texto em dois blocos, o primeiro com informações sobre Portugal e o segundo com infor-

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mações relativas ao Brasil. Essa oposição é o que caracteriza o texto como uma comparação. O item também está correto ao apontar o fragmento “Do lado brasileiro” como “marco divisório”.

O item b está errado e o motivo é simples: “Essa nova tendência” não se refere a “uso próprio”, mas ao fato de, no novo projeto lusitano, “o porte de droga para uso próprio transformar-se em infração administrativa, paga com multa”.

Está correta a opção c, que faz referência à relação do título com a mudan- ça da “política criminal em relação à questão das drogas ilícitas”. Retomando o título, temos: “A rota lusitana: ousar é preciso” e, associando o substantivo rota com a oração “ousar é preciso”, fica clara a ideia de mudança e superação em relação à política criminal atual.

Na opção d, o erro está no fato de ser sugerido o realce da preposição de para dar maior clareza ao trecho em questão. Tal destaque é desnecessá- rio. Subentende-se facilmente que a mesma preposição rege as duas partes enunciadas pela expressão “por meio de” (por meio disso e por meio daquilo). Além disso, perceba que a expressão “por meio” também não é repetida e, no entanto, o trecho é totalmente compreensível.

No item e, também há erro. De acordo com o que esse item sugere, “Tenta- -se” teria um sujeito indeterminado, enquanto, na verdade, o sujeito é simples (“substituir a detenção por medida administrativa”), o se sendo apenas a par- tícula apassivadora desse sujeito.

12. Julgue as afirmativas que se seguem, elaboradas a partir da compre- ensão de passagens do texto, e marque C ou E.

a) (

b) (

) Em parte da Europa, diferentemente do que sucede no Brasil, o usuário de drogas ilícitas não é considerado criminoso.

) No Brasil, a posse de drogas ilícitas, seja para consumo próprio ou para comercialização, pode implicar detenção máxima de dois anos, ou multa.

c) ( ) Embora tenha sido abolido do sistema penal brasileiro com o advento do Código Penal de 1850, um dos capítulos do livro V das Ordenações Filipinas até hoje vem sendo acatado em nosso país.

d) ( ) A tentativa da substituição da pena de privação de liberdade por medidas de caráter socioeducativo aproxima o Brasil dos parceiros europeus de Portugal.

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e) ( ) Ainda hoje, candidatos a empregos públicos cumprem exigência de apresentar declaração que comprove não serem usuários de drogas ilícitas.

Resposta: C, E, E, C, E

Análise

O item a está correto e encontra correspondente no final do segundo e no início do terceiro parágrafos do texto: “Essa nova tendência aproximará os portugueses dos seus parceiros da União Europeia./ Do lado brasileiro, o porte para uso próprio é considerado crime.”

Na alternativa b, o erro acontece em duas passagens – quando informa que a pena é a mesma para aqueles que consomem e para aqueles que comercia- lizam drogas; e quando trata da detenção e da multa como coisas excluden- tes. Errado: de fato, o texto faz referência à pena de detenção, que pode variar entre seis meses e dois anos, mas a multa é um acréscimo, ou seja, os crimino- sos são punidos com detenção e multa, e não com detenção ou multa.

A alternativa c está errada porque apresenta uma contradição bastante séria. Primeiro, faz menção à abolição do “livro V das Ordenações Filipinas” e, algumas linhas depois disso, afirma que esse capítulo “até hoje vem sendo acatado em nosso país”. Afinal, o capítulo foi abolido ou ainda está em vigor, no Brasil? A contradição dessa alternativa torna-a inválida.

O item d está correto porque faz a relação adequada: se, no Brasil, usuários e traficantes são tratados como criminosos, então “a tentativa da substituição da pena de privação de liberdade por medidas de caráter socioeducativo” efe- tivamente “aproxima o Brasil dos parceiros europeus de Portugal”. Novamen- te, o final do segundo parágrafo e o início do terceiro servem de reforço ao fato de o item estar absolutamente correto.

Na opção e, o erro está na afirmação de que “candidatos a empregos pú- blicos” devem comprovar não serem usuários de drogas. Isso vai de encontro ao que o texto informa: “candidatos a empregos e aos concursos públicos”. A resposta sugerida exclui do texto a palavra concursos e, além disso, “públi- cos” pode se referir apenas a “concursos” ou a “concursos” e “empregos”. Dessa forma, a alternativa reduz o significado dado pela passagem do texto. Some- se a isso o fato de, atualmente, candidatos a vários tipos de emprego – públi- co ou não – terem de fornecer a declaração mencionada no texto.

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13. Julgue se as afirmativas abaixo, acerca de passagens do texto, estão corretas e em seguida marque C ou E.

a) (

b) (

) Em “A vingar o projeto lusitano”, a preposição que antecede o infinitivo faz surgir ideia condicional.

) No fragmento “Portugal está prestes a mudar sua política criminal em relação à questão das drogas ilícitas”, a preposição destacada indica emprego transitivo direto e indireto do verbo mudar.

) Com igual acerto, seria possível colocar o pronome oblíquo da passagem “para se chegar à redução da demanda” enclítico ao verbo chegar.

) Em “obtida por meio da informação adequada”, a expressão destacada poderia estar grafada através da, com igual propriedade vocabular.

) O emprego do acento grave em “para se chegar à redução da demanda” indica que o substantivo demanda está usado com definição semântica.

c) (

d) (

e) (

Resposta: C, E, C, E, C

Análise

A alternativa a está correta, é verdadeira a afirmação de que em “A vingar o projeto lusitano” a preposição tem valor condicional, pois o trecho dado pode ser substituído por “Se vingar o projeto lusitano”. Sendo assim, demonstra-se facilmente que o a equivale ao se, preposição frequentemente utilizada para expressar condição.

A opção b está errada porque a preposição a não completa o verbo mudar e sim a expressão “estar prestes”, formada por verbo de ligação + adjetivo.

No item c, sugere-se o uso “para chegar-se”, considerado tão correto quanto “para se chegar”. A sugestão é correta, já que a preposição “para” não faz parte da lista de palavras atrativas que exigem a próclise em vez da ênclise.

A opção d está errada porque, equivocadamente, trata “por meio da” e “através da” como sinônimos. Embora, correntemente, “através de” seja usado com o mesmo sentido de “por meio de”, um exemplo correto da utilização de “através de” é “Vê a paisagem através da vidraça.” O termo através implica

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a existência de um obstáculo. No exemplo dado, a vidraça é esse obstáculo, porque impede o contato direto da pessoa com a paisagem visualizada. Já a utilização de “por meio de” indica um instrumento. Considerando o período “Expressaram por meio de vaias que não gostaram do show”, compreende-se facilmente que as vaias foram o modo usado pelo público para demonstrar que o show não agradou.

O item e está correto ao analisar o trecho “para se chegar à redução da demanda” e concluir que “o emprego do acento grave […] indica que o subs- tantivo demanda está usado com definição semântica”. Além de demanda vir precedido pela forma combinada da, junção da preposição de com o artigo definido a (o artigo definido é responsável pela definição semântica), o subs- tantivo também faz parte de um conjunto de palavras comandado por redu- ção, termo que também está definido semanticamente, já que o à antes de redução é resultado da fusão da preposição a com o artigo definido a (artigo definido = “definição semântica”).

14. Seguem-se hipotéticos fragmentos de textos. Julgue-os no tocante à inserção no texto, nos espaços indicados, observando-lhes o acerto gramatical, bem como a ligação semântica coerente que estabelece- riam com as informações vizinhas a eles. Assinale certo (C) ou errado (E) para cada um deles.

a) ( ) Período a ser inserido na segunda linha, entre os dois primeiros períodos do texto original:

Há anos tentando conter a expansão do negócio frau- dulento de drogas ilícitas, que floresce à sombra de uma legislação excessivamente humanitária no tratamento que dispensa a traficantes e usuários, resolve adotar nova postura.

b) ( ) Período a ser inserido na sexta linha, após o período que se encerra com o vocábulo multa:

Nota-se, também, além da nova visão com que aborda a antiga questão da droga, um aceno a questões políticas de natureza continental.

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c) ( ) Período a ser inserido na oitava linha, antecedendo o que se inicia com a expressão “A pena”:

Assim, os dependentes de drogas e os que a traficam ilegalmente vêm sendo tratados com o rigor da lei e suas punições.

d) ( ) Período a ser inserido na 13.ª linha, entre os vocábulos “Filipinas” e “As ordenações”:

Tratam-se de normas que, de autoria de Filipe II, rei da Espanha, Nápoles e Sicília, subordinava o fervor católico a considerações seculares.

e) ( ) Período a ser inserido na 16.ª linha, iniciando o último parágrafo:

É mais um fato que exemplifica nossos anacronismos no tratamento dispensado a questões do dia a dia, os quais, em certos casos, geram exigências despropositadas.

Resposta: E, C, E, E, C

Análise

O item a está errado não exatamente pelo encaixe do período novo no texto dado: o problema é a redação do trecho proposto, que simplesmente abre mão do uso de um relator ao final, antes de “resolve adotar nova postura”. Afinal, quem é o sujeito da locução verbal “resolve adotar”?

A opção b está correta, pois a inclusão que ela sugere não quebra a con- tinuidade do texto. Muito pelo contrário, já que o período novo aproveita a questão da cobrança de multa para situar o projeto lusitano na política cri- minal do continente europeu – aproximação que, depois de apenas citada, ganha mais espaço pelo retorno ao texto publicado em Carta Capital.

A alternativa c está errada porque a inclusão é sugerida após um perío- do que trata exclusivamente do usuário de drogas e não do traficante. Não é

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adequado que o texto aborde apenas do usuário e, subitamente, insira uma informação que inclua o traficante.

O item d está errado porque, a exemplo da opção a, apresenta um pro- blema de redação. Em “Tratam-se de normas que […]”, o plural não é permiti- do aqui. A gramática recomenda o uso do singular (“Trata-se de normas que […].”) e o motivo é simples: “normas” não é o sujeito da oração e, portanto, não exige a concordância verbal.

A alternativa e está correta, pois a proposta de acréscimo ao texto dado não apresenta problema de redação e nem mesmo de quebra na continui- dade textual.

15. Julgue as pronominalizações levadas a efeitos em passagens subli- nhadas do texto, assinalando se estão certas (C) ou erradas (E).

a) (

b) (

c) (

) “Portugal está prestes a mudar sua política criminal” → Portugal está prestes a mudá-la.

) “A vingar o projeto lusitano” → A vingá-lo.

) “Essa nova tendência aproximará os portugueses dos seus parceiros da União Europeia.” → Essa nova tendência aproximar- -lhes-á dos seus novos parceiros da União Europeia.

) “Tenta-se, por iniciativa da Secretaria Nacional Antidrogas, substituir a detenção por medida socioeducativa” → Tenta-se, por iniciativa da Secretaria Nacional Antidrogas, substituí-la por medida socioeducativa.

) “Desse livro são extraídas folhas de antecedentes criminais, exigidas aos candidatos a empregos” → Desse livro são extraídas folhas de antecedentes criminais, exigidas-lhes.

d) (

e) (

Resposta: C, E, E, C, E

Análise

A alternativa a está correta porque propõe a substituição de “mudar sua política criminal” por “mudá-la”. De fato, o pronome oblíquo a, junto com o l, para “emendar” a pronúncia, é adequado – afinal, o termo que deve ser troca- do desempenha a função de objeto direto do verbo “mudar”.

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2000.

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O item b está errado: ele recomenda a substituição de “a vingar o projeto lusitano” por “a vingá-lo” e o uso do pronome oblíquo o, nesse caso, é incorre- to, já que “o projeto lusitano” é sujeito da oração, e não objeto direto.

A alternativa c também está errada, porém o problema aqui é que, na troca de “aproximará os portugueses” por “aproximar-lhes-á”, “os portugueses” são tomados como objeto indireto de “aproximará” e não como objeto direto. Ob- serve que o complemento não se liga ao verbo por meio de preposição. Logo, o emprego do pronome lhes, usado exclusivamente para a função de objeto indireto, não é apropriada. A única parte certa aqui é o emprego da mesóclise, recomendada com verbos no futuro, como é o caso do verbo em questão.

No item d, “substituir a detenção” é considerado sinônimo de “substituí-la”, o que está correto: “a detenção” é objeto direto de “substituir” e não há nenhu- ma palavra atrativa que exija o pronome anteposto ao verbo.

A opção e está errada. A proposta é fazer a substituição de “exigidas aos candidatos a empregos” por “exigidas-lhes” e, eufonicamente, a ocorrência que investe na colocação pronominal é reprovada, havendo uma boa razão para isso: geralmente, o critério da eufonia opõe naturalidade a estranheza, porém aqui o estranhamento se deve ao fato de o pronome oblíquo aparecer justaposto a um verbo em sua forma de particípio.

Dica de estudo

Em provas de concursos, são comuns as questões de interpretação e aná- lise de construção textual. Portanto, ler, escrever e perceber as relações entre as partes do texto são bons exercícios. Para tanto, não basta apenas o domí- nio das regras gramaticais. Às vezes, há uma grande distância entre teoria e prática. Por isso, a dica é o livro abaixo.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e Coerência Textuais. São Paulo: Ática, 2006.

Referências

CANTANHÊDE, Eliane. Que país é esse? Folha de S.Paulo, 19 dez. 2007.

MAIEROVITCH, Walter. F. A rota lusitana: ousar é preciso. Carta Capital, 02 ago.