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Dna de brasileiro é 80% europeu, indica estudo da ucb df

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Um recente estudo da Universidade Católica de Brasília revela que, em média, os ancestrais europeus respondem por quase 80 por cento da herança genética da população brasileira, divulgou hoje a Folha de São Paulo. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica "American Journal of Human Biology" e reforçam estudos anteriores que também mostravam que cor da pele, dos olhos e do cabelo têm pouca relação com a ascendência da pessoa.

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Laboratório de Demografia e Estudos Populacionais –UFJF

DNA de brasileiro é 80% europeu, indica estudo

5 outubro , 2009

Reinaldo José Lopes

Um novo retrato das contribuições de cada etnia para o DNA dos brasileiros, obtido com amostras das cincoregiões do país, indica que, em média, ancestrais europeus respondem por quase 80% da herança genética dapopulação. A variação entre regiões é pequena, com a possível exceção do Sul, onde a contribuição europeiachega perto dos 90%.

Os resultados, publicados na revista científica “American Journal of Human Biology” por uma equipe da UniversidadeCatólica de Brasília, dão mais peso a resultados anteriores, os quais também mostravam que, no Brasil,indicadores de aparência física como cor da pele, dos olhos e dos cabelos têm relativamente pouca relação com aascendência de cada pessoa.

Em média, ancestrais europeus respondem por quase 80% da herança genética da população brasileira, de acordocom estudo

Em média, ancestrais europeus respondem por quase 80% da herança genética da população brasileira, de acordocom estudo

Quem vê cara não vê DNA

“No Brasil, a pigmentação da pele está, em grande medida, desacoplada da ancestralidade, por conta do grau demiscigenação. Em muitos casos, você percebe que há uma relação muito fraca entre a autoidentificação que apessoa faz, dizendo-se branca ou negra, e o que os dados de DNA revelam, embora a gente não tenha levado issoem conta durante esse trabalho em particular”, disse à Folha Rinaldo Wellerson Pereira, que coordenou o estudo.

Embora os resultados sejam interessantes do ponto de vista histórico e antropológico, o principal objetivo dePereira e companhia é obter uma ideia mais clara da composição genética da população como ferramenta paraentender correlações entre o DNA e uma série de doenças.

Sabe-se que todo tipo de moléstia pode ter relação com a ancestralidade do doente, mas os dados sobre aassociação entre uma coisa e outra disponíveis hoje são, quase sempre, de populações como europeus ou norte-americanos, nas quais a mistura étnica teve importância relativamente baixa. Daí a necessidade de conseguir dadosoriginais no Brasil.

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Os resultados foram obtidos com amostras de 200 pessoas, divididas em cinco grupos de mesmo tamanho, cadaum deles oriundo de zonas urbanas de uma das regiões do Brasil. Os voluntários conseguiram na Justiça o direitode ter seu DNA examinado gratuitamente em investigações de paternidade e assinaram formulários aprovando ouso do material genético para a pesquisa.

“Como são pessoas que não podiam pagar pelo exame, é possível que a amostra contenha uma proporção maiorde pardos do que a população geral, embora nós não tenhamos feito essa análise”, diz Pereira.

Para estimar as contribuições relativas de europeus, africanos e indígenas, os pesquisadores usaram um conjuntode 28 SNPs (pronuncia-se “snips”), minúsculas variantes genéticas que correspondem à troca de uma única “letra”no alfabeto químico do DNA. (Cada pessoa carrega, em seu genoma, 3 bilhões de pares dessas “letras”). MuitosSNPs são típicos de determinadas populações do mundo, sendo bem mais frequentes em europeus ou africanos,por exemplo.

Pais postiço

A segunda fase da análise é comparar a presença desses 28 SNPs no DNA dos brasileiros estudados com adistribuição deles em populações “parentais”, ou seja, que poderiam servir como uma versão simulada dos gruposque se miscigenaram e deram origem à população brasileira atual.

Para isso, os pesquisadores recorreram a amostras de DNA de africanos (de Botsuana, Camarões, Gana eSenegal), americanos de Chicago e Baltimore com origem europeia e índios zapotecas, do México.

“Como os SNPs discriminam a ancestralidade em nível continental, essas populações parentais são suficientes,embora não reflitam historicamente as nossas”, avalia Pereira.

População mestiça

Os resultados obtidos pela equipe de Brasília são mais uma prova do cuidado necessário para estudar aassociação entre doenças e características genéticas numa população miscigenada como a brasileira.

“Já houve estudos de associação genética com grupos definidos como “brasileiros brancos e brasileiros negros”. Nofundo, essas definições não querem dizer absolutamente nada”, afirma Pereira.

Em países como os EUA, conta ele, já chegaram ao mercado alguns medicamentos voltados de forma específicapara os americanos de origem africana, levando em conta o fato de que o organismo de pessoas de diferentesascendências reage de maneira variada a certas substâncias. “Agora, imagine uma droga dessas no Brasil. Nãoadianta uma pessoa ter aparência africana para você prever se ela vai responder ao remédio. Não tem como saberse ela possui o bendito alelo [variante genética] ligado àquela resposta”, explica.

Poucos genes

Se parece misterioso o fato de que uma pessoa com biotipo africano tenha organismo “branqueado” e ascendência

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predominantemente europeia, é preciso levar em conta o fato de que, até onde se sabe, são poucas dezenas degenes (dentre os 20 mil estimados para o genoma humano como um todo) que coordenam as diferenças de pele,cabelos e olhos.

É por isso que uma contribuição pequena das outras etnias ainda caracteriza a aparência de muitos brasileiros.

Fonte: Folha de São Paulo

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