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O PAPEL DA EDUCAÇÃO BÁSICA NA INSERÇÃO DO
TRABALHADOR NA INDÚSTRIA: O OLHAR DE OPERÁRIOS E
GESTORES DE RH
Inge Renate Fröse Suhr
RESUMO:
As reflexões apresentadas neste artigo têm origem em um estudo de caso realizado em Curitiba e Região Metropolitana, em duas empresas da ponta mais dinâmica da cadeia de produção de veículos automotores, sobre o papel da conclusão da Educação Básica na inserção dos trabalhadores na indústria. A indústria foi eleita como campo de pesquisa com o objetivo de problematizar a defesa de instituições como a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) relativa à importância conclusão da educação básica por parte do trabalhador. O discurso do empresariado defende a conclusão da Educação Básica como pré-requisito para a elevação da produtividade nas indústrias e para o desenvolvimento da nação num momento histórico em que há alto nível de ciência e tecnologia embutido nos processos produtivos e a competitividade em nível internacional precisaria ser buscada pela economia brasileira. Por outro lado, dados oficiais, analisados por Ribeiro e Neder (2009), Pochmann (2012), demonstram que a criação de postos de trabalho no passado recente tem se dado na base da pirâmide ocupacional, com salários relativamente baixos. E, mesmo para estes, a conclusão da Educação Básica é pré-requisito, mesmo que não exijam do trabalhador ações mais complexas. As questões que nortearam a pesquisa podem ser assim formuladas: a conclusão da Educação Básica tem favorecido a inserção do trabalhador nas indústrias que se encontram na ponta mais dinâmica da cadeia produtiva? Em caso positivo, a que tipo de inserção ela favorece? Para examinar os dados coletados à luz da teoria – mediação necessária para superar a pseudoconcreticidade do fenômeno e compreendê-lo como síntese de múltiplas determinações – foi necessário compor algumas categorias de análise. Destacam-se nas análises realizadas os conceitos de trabalho simples e trabalho complexo (MARX: 1983, Invernizzi: 2004), conhecimento tácito (Dejours, 1993), produção flexível (Harvey: 2001, Gounet: 1999, Kuenzer: 2002, 2007), disciplinamento (Gramsci:1989). A análise dos dados coletados à luz do referencial teórico nos permite indicar que realmente a conclusão da educação básica é um critério de empregabilidade praticado pelas empresas pesquisadas. Mas, já não se constitui como diferencial, e sim, condição sine qua non para a inserção do trabalhador. Por isso, favorece a inserção em funções da base da pirâmide ocupacional, como as da linha de produção. Isso porque, mesmo nas empresas da ponta mais dinâmica da cadeia produtiva, a ciência e a tecnologia estão embutidas nas máquinas e o operário da linha de produção executa tarefas simples, mecanizadas e repetitivas, para o que não se exige alto nível de conhecimento. Por isso, os operários e gestores entrevistados não percebem relação entre conhecimento escolar e o trabalho realizado, embora suas falas indiquem a existência de tal relação em elementos relevantes para o dia-a-dia da produção. O principal papel conferido à escola em sua relação com o trabalho é prover o disciplinamento necessário para aprender o trabalho nos treinamentos oferecidos pela empresa e se ajustar à ideologia da empresa. Mesmo que não percebam as relações entre o trabalho executado e a maioria dos conhecimentos adquiridos na escola, há reiteradas referências à ampliação de possibilidades,
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propiciada pela escola, demonstrando o reconhecimento da importância da educação formal pelos trabalhadores. Por outro lado, são várias as alusões à precariedade da escola pública, principalmente noturna, à qual a maioria teve acesso. Tais elementos nos permitem fazer coro com os autores acima citados que estudam a relação trabalho/educação e indicar a necessidade de avançar para além da ampliação quantitativa de vagas, repensando o currículo, a estrutura e o funcionamento da escola oferecida aos filhos dos trabalhadores.
PALAVRAS-CHAVE: educação básica; relação escola/trabalho; inserção produtiva;
1. Introdução
Este texto apresenta a reflexão suscitada por uma pesquisa realizada sobre os
critérios de empregabilidade praticados pela indústria (setor secundário da economia) e o
papel da escolarização nos processos de seleção e contratação de trabalhadores em Curitiba e
Região Metropolitana.
Este tema – o papel da conclusão da Educação Básica na inserção do trabalhador no
mercado de trabalho – já nos acompanha desde 2004, quando, em outra pesquisa,
evidenciamos que os egressos do ensino médio atuavam principalmente no setor terciário da
economia (comércio e prestação de serviços), e em funções de baixo conteúdo intelectual, que
não exigiam domínio de habilidades e competências cognitivas mais desenvolvidas. Já em
2004, os sujeitos entrevistados afirmavam categoricamente que, para funções mais
qualificadas, como as demandadas pela indústria, a mera conclusão da Educação Básica não
serviria como quesito de contratação e, por isso mesmo, seria muito difícil encontrar, no setor
secundário, egressos de ensino médio que tivessem sido contratados a partir deste critério e
não de outros tais como experiência e formação técnica.
As conclusões da pesquisa realizada em 2004 nos levaram questionar a se a indústria,
diferente do comércio e da prestação de serviços, demandaria dos seus operários maiores
níveis de conhecimento científico, necessários para atuarem sob as marcas da produção
flexível. Somam-se aos questionamentos acima apresentados, duas posições diferenciadas:
por um lado, o empresariado brasileiro a partir dos anos 2000, expressa principalmente, pela
Confederação Nacional das Indústrias (CNI)i. Para a CNI a conclusão da educação básica por
parte do trabalhador seria pré-requisito para a elevação da produtividade nas indústrias e para
o desenvolvimento da nação num momento histórico em que há alto nível de ciência e
tecnologia embutido nos processos produtivos e a competitividade em nível internacional
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precisaria ser buscada pela economia brasileira. Afirma a CNI que para fazer frente a tais
demandas, para todo o tipo de função, o trabalhador precisaria ser polivalente, com autonomia
intelectual e moral, além de habilidades e competências que favoreçam a rápida aprendizagem
do trabalho.
Por outro, Ribeiro e Neder (2009), Pochmann (2012) demonstram com base em
dados oficiais, que apesar de a conclusão do ensino médio ter se tornado regra para todos os
tipos de contratação no mercado formal, o crescimento dos postos de trabalho num passado
recente vem ocorrendo naqueles de baixa remuneração, principalmente no setor de serviços e
em micro e pequenas empresas. E, mesmo que demandem a conclusão da Educação Básica
para a contratação, tais postos de trabalho não exigem do trabalhador ações mais complexas.
Ribeiro e Neder (2009, p. 505), tomando por referência dados da Pesquisa Nacional
de Amostra Domiciliar (PNAD) de 2007 e 2009 consideram que a elevação do nível de
exigência no que se refere à escolaridade nem sempre tem a ver com a necessidade de
qualificação e sim, que
os requisitos em relação ao nível de escolaridade dos candidatos ao posto de trabalho se elevaram para postos de trabalho que não exigem mão de obra qualificada. Essas empresas implementam essa estratégia no intuito de reduzir seus custos de recrutamento e seleção, pois um menor nível de escolaridade acarretaria um grande número de candidatos à vaga. Além disso, os empresários têm à disposição grande contingente de pessoas qualificadas em busca de ocupação. (RIBEIRO, R.,NEDER, H., 2009, p.503)
Estes elementos nos levaram a indagar se a indústria contrataria, para as funções de
produção, pessoas que demonstrassem o domínio dos princípios que regem a produção
moderna e se, portanto, a exigência da conclusão da Educação Básica nas indústrias teria
outras razões que não fossem as de redução de custos de seleção e contratação, citadas por
Ribeiro e Neder.
A produção moderna se organiza em cadeias produtivas e, para Kuenzer (2007, p.
1167), além do uso diferenciado da tecnologia nos diversos pontos destas cadeias, há
“combinação entre trabalhos desiguais e diferenciados (...), o que traz demandas
diferenciadas, e desiguais, de qualificação dos trabalhadores”, com o objetivo de manter a
produtividade por meio da redução do custo de produção. Desde o trabalho altamente
qualificado ao mais simples, todos têm espaço nas cadeias produtivas, mas numa lógica de
superexploração na qual o uso da mão-de-obra é ampliado ou reduzido de acordo com o fato
dele favorecer – ou não – a acumulação do capital.
Partindo do pressuposto que na ponta mais dinâmica se concentrariam os processos
produtivos mais complexos, exigindo maior qualificação dos trabalhadores do “chão de
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fábrica”, a coleta de dados foi realizada em duas empresas da ponta mais dinâmica da cadeia
produtiva do setor de fabricação de veículos automotores. A questão direcionadora da
pesquisa pode ser assim descrita: que tipo de inserção laboral favorece a conclusão da
Educação Básica?
2. Referencial teórico
O Estudo de caso realizado e cujos resultados apresentamos neste artigo tem como
referência teórica o materialismo histórico. Entende, portanto, que a realidade é objetiva, mas
não se dá a conhecer apenas pela expressão fenomênica. Ela é uma unidade do fenômeno e da
essência, num jogo de claro-escuro, sendo a tarefa da ciência e da filosofia buscar os
fundamentos ocultos dos fenômenos por meio de um esforço sistemático e crítico, superando
a pseudoconcreticidade dos fatos (Kosik, 1976). Para compreender o fenômeno em sua
totalidade, é preciso buscar as múltiplas determinações para o fato analisando, buscando para
isso, apoio na teoria.
Para isso é necessário estabelecer categorias teóricas, que permitem a aproximação
do objeto de estudo, buscando compreendê-lo como síntese de múltiplas determinações. As
categorias eleitas para este fim foram as seguintes:
Trabalho simples: o trabalho simples é aquele que depende basicamente do
dispêndio da força de trabalho que “todo homem comum, sem educação especial, possui em
seu organismo” (MARX, 1983, p. 51). Não implica, portanto, em formação específica,
podendo ser executado por quem tenha o nível de escolaridade comum à época. Isso não
significa, porém, que o trabalho simples não se modifique no decorrer dos tempos.
A definição do que é trabalho simples muda de acordo com a sociedade e a época,
pois ele incorpora as exigências trazidas por mudanças tecnológicas e seu conteúdo vai sendo
constantemente redefinido, exigindo novas qualificações. Mas estas, que em períodos
anteriores compunham o trabalho complexo, vão se generalizando e se tornando menos
valorizadas. É importante ressaltar ainda que, como nos lembra Invernizzi (1996), mesmo que
o trabalho vá incorporando níveis crescentes de tecnologia, muitas vezes a operação realizada
pelo usuário é cada vez mais simplificada e nem sempre significa complexificação do
trabalho.
Já o trabalho complexo é aquele que também pode ser chamado de qualificado,
especializado, e depende de formação específica, geralmente superior à média de formação da
maioria dos trabalhadores. Ele também se modifica de acordo com o avanço do capitalismo,
portanto, o que é trabalho complexo numa determinada época ou sociedade pode não ser em
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outra. Como exige maior investimento em formação profissional, geralmente o valor desta
força de trabalho é mais elevado.
As mudanças no conteúdo do trabalho – tanto o simples quanto o complexo –
definem, embora não de maneira direta nem imediata, o nível de formação considerado
mínimo para o trabalho, mas tendencialmente, sob o capitalismo, a formação para o trabalho
simples tende a ser restrita, unilateral, tendo por objetivo principal potencializar a
produtividade. Já a formação para o trabalho complexo, embora também tenha como objetivo
o aumento da produtividade, tende a formar os intelectuais orgânicos da sociabilidade
capitalista.
A terceira categoria de conteúdo é a produção flexível, se refere ao método de
organização da produção surgido no Japão e posteriormente mundializado, proposto como
alternativa ao taylorismo-fordismo. Para Harvey (2001) a produção flexível é uma resposta à
incapacidade do fordismo e do keynesianismo em conter as contradições inerentes ao
capitalismo, que foram justificadas como tendo sua origem na rigidez. Ela associa o uso
intensivo de ciência e tecnologia, terceirização flexibilidade na produção, que passa a ser em
pequenos lotes e com produtos variados.
Ainda para Harvey, esta organização da produção altera substancialmente a estrutura
do mercado de trabalho, pois implica em “níveis relativamente altos de desemprego
“estrutural” (...) rápida destruição e reconstrução de habilidades, ganhos modestos (quando
há) de salários reais (...) e o retrocesso do poder sindical.” (HARVEY, 2001:141).
A estrutura de mercado de trabalho passa a se configurar em grupos distintos: um
grupo – reduzido – de trabalhadores do centro, e diversas configurações de trabalhadores da
periferia. O primeiro grupo conta com empregados em tempo integral, necessários ao futuro
da organização. Embora com melhores condições de trabalho e níveis mais elevados de
formação, esses trabalhadores precisam ser flexíveis, adaptáveis às necessidades e exigências
da empresa. Muitas vezes são obrigados a trabalhar bem mais em períodos de pico da
demanda, compensando com menos horas em períodos de redução da demanda.
A periferia, grupo crescente, abrange dois subgrupos bem distintos.
O primeiro consiste em “empregados em tempo integral com habilidades facilmente disponíveis no mercado de trabalho”. (...) Com menos acesso a oportunidades de carreira, esse grupo tende a se caracterizar por uma alta taxa de rotatividade, “o que torna as reduções da força de trabalho relativamente fáceis por desgaste natural:” O segundo grupo periférico “oferece uma flexibilidade numérica ainda maior e inclui empregados em tempo parcial, empregados causais, pessoal com contrato por tempo determinado, temporários, subcontratação e treinados com subsídio público, tendo ainda menos segurança no emprego do que o primeiro grupo
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periférico”. Todas as evidências apontam para um crescimento bastante significativo desta categoria de empregados nos últimos anos. (HARVEY: 2001: 144)
A partir da construção teórica de Harvey é possível depreender que há diferentes
tipos de trabalho e de condições de trabalho, que se distribuem no decorrer das cadeias
produtivas e vão demandar níveis diversos de qualificação. Soma-se a isso o fato que,
conforme Kuenzer (2002, 2007), a organização flexível da produção coexiste com formas
historicamente anteriores de organização, as tayloristas/fordistas a formas tradicionais como a
produção familiar.
Tendo em vista a relação da formação dos trabalhadores com o tipo de trabalho
requerido, outra categoria teórica que norteou o estudo foi disciplinamento. Por meio dela é
possível compreender a relação escola/trabalho no atual momento histórico, em que a
organização flexível da produção vem se sedimentando.
Gramsci afirma que quando é necessário substituir uma visão de mundo por outra,
mais adequada à fase de desenvolvimento do capitalismo em que se encontra determinada
sociedade, “coerção deve ser sabiamente combinada com a persuasão e o consentimento”
(GRAMSCI, 1989, p.405). Ou seja, sempre que uma determinada forma de organizar a
produção perde a hegemonia e outra vai se colocando em seu lugar, é preciso criar um “tipo
novo de trabalhador e de homem”. Embora o autor se referisse ao taylorismo-fordismo, esta
construção teórica mantém seu poder explicativo na atualidade, momento de consolidação da
produção flexível como organização hegemônica da produção.
Em cada fase do capitalismo, busca-se, por meio da educação, construir em cada
sujeito o tipo de subjetividade adequada à manutenção e à ampliação da produtividade, e sob
o signo da produção flexível ela não é a mesma esperada sob a hegemonia do taylorismo-
fordismo. Como a escola se constitui como instância privilegiada para o disciplinamento de
subjetividades adequadas às relações de produção (embora todas as relações sociais e
produtivas sejam educativas), julgamos relevante compreender que tipo de subjetividade
interessa ao setor produtivo hoje. E, a partir dela, problematizar o papel da escola, superando
a mera adequação a estas demandas, defendendo que ao trabalhador seja oferecida a
possibilidade de dominar os princípios, os fundamentos científicos que regem a produção,
indiferente da modalidade de trabalho. “Supõe-se que dominando esses fundamentos, esses
princípios, o trabalhador está em condições de desenvolver as diferentes modalidades de
trabalho, com a compreensão do seu caráter, da sua essência”. (SAVIANI, 1989, p.17).
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A quinta categoria que orientou a análise apresentada neste texto é a do
conhecimento tácito, que é aquele desenvolvido pelo trabalhador no decorrer do trabalho e
tem características mais psicofísicas do que intelectuais. Ele está enraizado no corpo, nos
sentidos, e depende completamente da experiência prévia. (Dejours, 1993) Exatamente por se
desenvolver na prática, é um conhecimento intransferível e, embora tenha relação com
conhecimento teórico, geralmente isso não é percebido por quem o detém. Mesmo que seja
desenvolvido na prática e intransferível, o conhecimento tácito vem apesentando mudanças
sob a organização flexível da produção.
Na verdade, embora esteja fortemente ancorado na ciência e na tecnologia, na
produção flexível o conhecimento tácito é vital, mas ele passa a ser mais mediado pelos
conhecimentos científicos, de modo que a competência laboral se expresse como “síntese
entre corporeidade e intelectualidade”. (KUENZER, A.; ABREU, C., GOMES, C., 2007, p.
466)
Segundo Kuenzer, Abreu e Gomes
a relação entre conhecimento tácito e conhecimento científico na base microeletrônica não é de oposição, mas sim de articulação dialética (...) pois quando os sistemas não funcionam, a confiabilidade depende da subjetividade dos trabalhadores que lhes permite inventar soluções que tragam o sistema para a condição segura, evitando acidentes. (KUENZER, ABREU, GOMES, 2007, pg 1172-1173)
Para os autores uma formação tecnológica aderente ao trabalho realizado, permite o
desenvolvimento de um saber tácito mais integrado ao científico, o que não acontece quando
o trabalhador tem acesso a uma formação generalista.
Tendo por referência as categorias de análise utilizadas, passaremos a apresentar os
dados coletados no decorrer da pesquisa.
3. Os dados coletados
Optamos, nesta seção, por apresentar os dados coletados a campo e, ao mesmo
tempo, cotejar estas informações com o referencial teórico acima apresentado.
A coleta de dados para o estudo de caso foi realizada por meio de entrevistas
semiestruturadas com operários da linha de produção e gestores de Recursos Humanos de
duas empresas do setor automotivo de Curitiba e Região Metropolitana. Os critérios
principais para seleção das indústrias pesquisadas foram: i) situarem-se na ponta mais
dinâmica da cadeia produtiva; ii) o fato delas exigirem, para contratação dos trabalhadores na
linha de produção, o ensino médio completo. Em cada uma delas buscou-se captar o papel da
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escolaridade no trabalho realizado assim como no decorrer dos processos de seleção e
contratação.
Objetivando verificar se o trabalho realizado exige o domínio dos princípios que
regem a produção, os sujeitos da pesquisa foram instados a descrever o trabalho realizado na
linha de produção. Todos eles se referiram a uma atividade simples, aprendida no dia-a-dia,
mecanizada e repetida inúmeras vezes no decorrer do turno de trabalho, cujo ritmo é ditado
pela máquina. Embora haja várias referências ao ritmo acelerado de trabalho, os entrevistados
consideram que, passado o impacto inicial, qualquer pessoa é capaz de fazer as operações
solicitadas no tempo exigido, à medida que adquire experiência.
Os trabalhadores consideram o trabalho fácil do ponto de vista da execução, “sem
necessidade de pensar muito, rotineiro” (T3)ii embora “pesado” devido ao ritmo acelerado
imposto pela linha de produção. Os relatos nos dão a entender que, no que se refere à
execução do trabalho, nas empresas pesquisadas (embora elas se situem na ponta mais
dinâmica da cadeia produtiva), ainda é bastante forte a organização taylorista-fordista.
Os gestores de RH afirmam que qualquer pessoa é capaz de realizar as tarefas
demandadas pela produção, indiferente do nível de formação que venham a ter. Acentuam que
o trabalho é muito simples, aprendido principalmente no convívio com os colegas mais
experientes e por treinamento no próprio posto de trabalho. Afirmam ainda que não há
diferença no nível de produtividade entre os trabalhadores quem tenham níveis mais elevados
de produção, já que o ritmo é cadenciado e o trabalhador se adequa a este ritmo.
Os dados coletados indicam que, apesar de haver altos níveis de ciência e tecnologia
embutidos no processo produtivo como um todo, a operação das máquinas pelo operário é
bastante simplificada, confirmando que nem sempre as mudanças tecnológicas modificam o
trabalho no sentido de uma maior complexificação. (Invernizzi, 1996). O trabalho relatado
pelos sujeitos da pesquisa aproxima-se do trabalho simples, descrito por Marx (1983) como
aquele que todo ser humano é capaz de realizar, sem depender de formação especifica para
tal.
Como o trabalho simples muda de acordo com a sociedade e a época e seu conteúdo
é constantemente redefinido, há indicativos que, nas indústrias pesquisadas, no nível da
produção, é esta a forma relatada pelos entrevistados. Importa citar que embora o trabalho
relatado continue tendo caráter eminentemente prático, é necessário que o trabalhador domine
certos códigos – tais como escrita, leitura, cálculos básicos, língua estrangeira – pois precisa
ser capaz de ler as ordens de serviço, escrever pequenos relatórios, propor melhorias para o
trabalho realizado (sempre com o objetivo de ampliar a produtividade). Precisa ainda, ser
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capaz de trabalhar em equipes e se comunicar de maneira mais efetiva com os demais
trabalhadores e com os supervisores.
Estas habilidades, demandas muito mais pela gestão do que pelos aspectos técnicos
do trabalho, indicam que elas passaram a fazer parte “fazer parte das qualificações da força de
trabalho média” (INVERNIZZI, 1996, p.103), do trabalho simples. O elevação de exigência
relativa ao nível de formação escolar – ensino médio completo – indicam, ao que nos
mostram os dados, que este é o nível de escolaridade considerado “comum” para a época.
Outro aspecto relevante nas contribuições dos entrevistados, que indica a
proximidade das ações executadas com o trabalho simples, é que o trabalho na linha de
produção é aprendido na própria empresa, em treinamentos rápidos e, principalmente, na
prática laboral, mediado pelos operadores com mais experiência. Não são necessários,
segundo os sujeitos de pesquisa, conhecimentos técnicos prévios, nem mesmo domínio de
conceitos que, em tese, deveriam ter sido aprendidos no decorrer da Educação Básica.
Isso demonstra que o locus de formação do trabalhador é, em grande medida, o
próprio local de trabalho, cabendo aos operadores mais experientes o papel de orientar e
supervisionar os novatos até que estes sejam capazes de realizar as operações sozinhos, no
ritmo e com a qualidade exigidos pela empresa.
A mediação dos trabalhadores mais experientes indica também a permanência e a
relevância do conhecimento tácito, adquirido pela experiência na produção flexível. Os
operários se referem o tempo todo à importância de “pegar os macetes”, “aprender com quem
já sabe”, como elementos que facilitam o trabalho e diminuem o estresse do trabalho na linha
de produção.
O conhecimento tácito continua sendo de grande relevância para os trabalhadores
entrevistados, confirmando o que apontam Kuenzer e Abreu (2007), Kuenzer (2007): na
organização flexível da produção ele não deixa de ser valorizado, embora mude de conteúdo.
Esta conclusão das autoras se contrapõe à ideia de que o conhecimento tácito seria típico
apenas da organização taylorista-fordista, na qual era nítida a separação entre ação e
concepção. Pode estar indicando também, a permanência, no que se refere aos aspectos
técnicos do trabalho, da organização taylorista-fordista, mesmo em empresas nas quais há
elevados níveis de ciência e tecnologia embutidos nos processos produtivos.
Mesmo que nos aspectos técnicos prevaleça uma estrutura taylorista-fordista, sob a
produção flexível o trabalhador precisa, cada vez mais, aprender a enfrentar situações novas,
imprevisíveis, para o que a memorização de procedimentos não basta. É preciso se adaptar
rapidamente às mudanças, perceber possíveis problemas na linha e propor mudanças com o
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objetivo de melhorar a produtividade, ser capaz de se comunicar efetivamente (oralmente e
por escrito), aspectos trazidos pela gestão das empresas, adequada à filosofia da produção
flexível.
A pesquisa buscou ainda, compreender o papel da escolaridade para a execução do
trabalho. Como o trabalho que realizam tem caráter eminentemente prático, o conhecimento
científico não é percebido pelos entrevistados como algo presente, ou mesmo necessário, no
dia a dia. Referem-se enfaticamente ao saber fazer, aprendido na prática, como elemento que
dirige suas ações.
Quando instigados a citar elementos aprendidos no ensino médio utilizados no
trabalho, afirmam que usam matemática básica, leitura e interpretação de texto, assim como
rudimentos da escrita. São enfáticos em afirmar que os conhecimentos mais aprofundados das
diversas áreas do conhecimento, que são, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais, objeto
de estudo do ensino médio, etapa final da Educação Básica, não são necessários na linha de
produção.
Interessante ressaltar que além das habilidades de ler, escrever e calcular, os
trabalhadores se referem à escola como espaço no qual se “aprende a respeitar limites”, “a se
comportar em grupo e respeitar hierarquia”, “a trabalhar em grupo”, “a desenvolver a
capacidade de memorizar”. Estes aspectos não estão no campo do conhecimento e sim, do
disciplinamento da força de trabalho. Eles nos indicam as expectativas das empresas, tanto no
que se refere ao trabalhador, quanto ao papel da escola na construção de subjetividades
adequadas à gestão nos moldes da produção flexível.
Isso demonstra que, embora o capitalismo sempre tenha buscado o disciplinamento
da força de trabalho, na produção flexível ele assume papel prioritário: o trabalhador precisa
se ajustar às constantes mudanças, ao ritmo da produção, demonstrar disponibilidade para
aprender, ser capaz de se autorregular, ajustando-se à filosofia da empresa e assumindo-a
como sendo “sua também”. A habilidade de comunicação com assertividade também é
bastante ressaltada, principalmente pelos gestores de RH, que a consideram essencial ao modo
como é organizado o trabalho, em equipes auto gerenciáveis, nas quais os trabalhadores
precisam trocar informações entre si para garantirem a produtividade. Os profissionais de RH
afirmam ainda, que conhecer o perfil comportamental do candidato é importante para evitar o
desperdício de recursos, já que há um custo embutido no processo de seleção e treinamento
dos novos operários.
Como os entrevistados não veem relação entre a conclusão da Educação Básica e o
trabalho na linha de produção, indagamos o porquê de ela ser exigida para a seleção e
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contratação. A primeira justificativa citada por todos os entrevistados é que esta exigência já
se tornou regra de mercado em Curitiba e Região Metropolitana. Aparecem também,
menções às politicas internas de cada empresa, havendo, principalmente no discurso dos
operários, várias referências às normas ISO.
Ainda respondendo a esta questão, os gestores de RH afirmam ser necessário captar,
nos processos seletivos, pessoas que tenham um nível mínimo de compreensão para que
possam participar dos treinamentos e compreender as ordens de serviço, assim como cumprir
as normas comportamentais da empresa. Este “mínimo” seria dado pela conclusão da
Educação Básica. Outro elemento citado pelos gestores é que se espera que o trabalhador
consiga perceber “gargalos” na produção e sugerir mudanças nos processos produtivos,
sempre com o objetivo de manter elevada a produtividade.
Finalmente, apontam o interesse da empresa em aproveitar pessoas que se
sobressaiam na linha de produção pela competência técnica e demonstrem adesão à filosofia
da empresa, em recrutamentos internos para outras funções. Também os operários se referem
aos recrutamentos internos, ressaltando que a avaliação do gestor imediato – obtida
demonstrando empenho, dedicação, qualidade no trabalho, pró-atividade – é relevante para a
promoção.
Como a linha de produção se situa na base da hierarquia, possivelmente ela seja a
porta de ingresso do trabalhador nas empresas, com expectativas de ascensão, tanto por parte
do operário, quanto da gestão de RH. Mas esta ascensão não se põe para todos os operários e
sim, para aqueles que se destacam na direção desejada, sempre com o objetivo de favorecer a
ampliação da produtividade. A fidelização do trabalhador, por meio da dimensão subjetiva é
buscada pelas empresas e tende a elidir a contradição trabalho/capital criando a ilusão de que
todos estão “no mesmo barco” e lutam pelas mesmas coisas.
Deste modo, como indica Kuenzer (2007, p. 1169), muitas vezes importa mais para a
empresa, o desenvolvimento de “subjetividades flexíveis, tanto do ponto de vista cognitivo
quanto ético”, do que a formação técnica específica. A formação destas subjetividades se dá,
segundo a autora, por meio da aquisição de conhecimentos genéricos, que permitem ao
trabalhador exercer múltiplas tarefas, em diferentes níveis de inserção, geralmente em funções
para as “quais seja suficiente um rápido treinamento de natureza psicofísica” dependendo das
necessidades das cadeias produtivas.
4. Conclusões
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As análises realizadas com base nos dados coletados e apoiados no referencial
teórico adotado, indicam algumas conclusões, a serem aprofundadas em estudos posteriores,
que ampliem a base de dados empíricos. Isso porque o estudo de caso nos permite apontar
tendências, mas não estabelecer generalizações.
Inicialmente importa afirmar que a conclusão da Educação Básica é um quesito
relevante para a inserção do trabalhador nas indústrias pesquisadas. Este é sim um critério de
empregabilidade praticado por estas empresas e indicado por todos os entrevistados como
sendo exigência padrão em Curitiba e Região Metropolitana. Mas, a conclusão da Educação
Básica, que ainda não foi democratizada no Brasil, não é um diferencial e sim, condição
mínima. Dito de outro modo, ela se constitui em estratégia de corte, impossibilitando o acesso
de grandes parcelas de trabalhadores do acesso ao trabalho formalizado em empresas de
grande porte, que tendem a ser as que oferecem condições de trabalho menos precarizadas.
Neste sentido, é possível concluir que nas empresas pesquisadas se coloca a situação descrita
por Ribeiro e Neder (2009), em que o estabelecimento da conclusão da Educação Básica
como pré-requisito para a seleção e contratação estabelece uma linha de corte e reduz os
custos destes processos ao eliminar um grande contingente de trabalhadores.
Outro aspecto relevante é que, como apontam Pochmann (2012), Ribeiro e Neder
(2009), a conclusão da Educação Básica é exigida para os postos da base da pirâmide
ocupacional interna a cada uma das empresas. O trabalhador da linha de produção realiza
operações repetitivas e mecânicas, pouco demandando o domínio de conhecimentos mais
elaborados ou de maior autonomia intelectual. Contradiz, portanto, a ideia de que a
necessidade de conclusão do ensino médio para a indústria se dê devido à complexificação do
trabalho realizado pelo ser humano. Também a polivalência, embora desejada pelas empresas,
se coloca muito mais como desempenho de mais tarefas dentro de um mesmo setor,
quebrando a relação homem/máquina, e não implica em maior autonomia por parte do
trabalhador.
Embora mereça mais estudos com o objetivo de averiguar a adequação da afirmação
que faremos a seguir, o estudo de caso realizado nos leva a supor que a Educação Básica vem
se configurando como nível de formação geral, comum ao todo da população, citado por
Invernizzi como sendo o necessário para o trabalho simples. A incorporação da ciência e da
tecnologia está presente nas máquinas e equipamentos, cabendo ao trabalhador apenas a
execução de tarefas simples, mecanizadas e repetitivas, bastante próximas da organização
taylorista-fordista.
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É importante indicar, no entanto, que a semelhança com a organização taylorista-
fordista se relaciona principalmente aos aspectos técnicos do trabalho, enquanto a gestão de
recursos humanos se apoia nos conceitos da produção flexível. Desde a seleção, continuando
nos treinamentos internos e no modo de organizar a linha de produção as empresas buscam
desenvolver uma subjetividade engajada com os objetivos da fábrica, na qual todos se sintam
“no mesmo barco”. As iniciativas dos trabalhadores no sentido de aperfeiçoar os processos,
perceber e resolver gargalos são valorizadas, assim como a responsabilidade, a iniciativa, a
autodisciplina.
Os dados coletados indicam que a defesa da necessidade de conclusão da Educação
Básica, do ponto de vista do capital, se dá não por ela garantir o domínio científico do
processo produtivo e sim, por favorecer determinado disciplinamento.
Merece menção ainda o fato que, embora os operários e gestores entrevistados não
percebam relação entre conhecimento escolar e o trabalho realizado, suas falas indicam a
existência de tal relação em elementos relevantes para o dia-a-dia da produção. Domínio da
escrita e da leitura, da matemática básica, embora sejam esperados ao fim do ensino
fundamental, são conteúdos da escola e, portanto, contribuições da escola à formação do
trabalhador.
Mesmo que não percebam as relações entre o trabalho executado e a maioria dos
conhecimentos adquiridos na escola, há reiteradas referências dos entrevistados à ampliação
de possibilidades, de visão de mundo, propiciadas pela escola, demonstrando o
reconhecimento da importância da educação formal. Também quando se referem à
necessidade de compreender o funcionamento da linha de produção, propor melhorias, de
participarem em recrutamentos internos para funções mais elevadas na hierarquia, os
trabalhadores indicam que a formação oferecida pela escola permite – embora não para todos
– o crescimento dentro da empresa. Mas, é importante ressaltar que os trabalhadores também
se referem a aspectos como obediência, disciplina, trabalho em equipe, como contribuições
relevantes da escola, indicando o reconhecimento do papel da escola na construção de um
disciplinamento adequado à organização flexível da produção.
A ênfase nos treinamentos internos, oferecidos pelas empresas, demonstra também
que, no que se refere ao nível da produção, o próprio setor produtivo forma seus quadros e
espera da escola uma formação elementar, que permita aos trabalhadores a rápida
aprendizagem no trabalho.
Os elementos apresentados nesta reflexão indicam que, se temos a intenção de
favorecer, não só que as pessoas se insiram no mercado de trabalho e sim, uma formação
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politécnica, multilateral, que vise à formação ampliada dos que vivem do trabalho, é essencial
avançar para além da ampliação quantitativa de vagas, repensando o currículo, a estrutura e o
funcionamento da escola oferecida aos filhos dos trabalhadores.
Por esta via de raciocínio, a escola – instituição tendencialmente a favor da burguesia
–, contraditoriamente, pode contribuir para formação ampliada do trabalhador. Mas, não
basta ampliar o acesso e a permanência, é preciso repensar o projeto pedagógico do ensino
médio. Isso reforça a defesa dos educadores engajados na construção – mesmo nos limites do
capitalismo – de uma educação politécnica, que tenha como horizonte a superação da
dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual.
Neste sentido, os avanços no sentido da democratização do ensino médio – etapa
final da Educação Básica – embora seja um avanço inquestionável – se não for acompanhada
da devida qualidade, ao invés de favorecer a superação do status quo, tende a reforçar a
inclusão subordinada da classe trabalhadora aos ditames da acumulação flexível.
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___________. Da dualidade assumida à dualidade negada: o discurso da flexibilização justifica a inclusão excludente. Educação e Sociedade. Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial,
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i Sobre a proposta de formação dos trabalhadores defendida pela CNI sugerimos a leitura de MELO, A. de. O Projeto pedagógico da Confederação Nacional da Indústria para a educação básica nos anos 2000 . Tese de Doutorado, UFPR, 2010.
ii T3 refere-se ao trabalhador da linha de produção n.º 3