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Slide sobre preservação do patrimônio Histórico Cultural.
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Patrimônio Histórico Cultural: a identidade se constrói por meio
da memória
Natania Nogueira
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural
www.historiadoensino.blogspot.com
O que é Patrimônio Cultural?
• Segundo o IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) Patrimônio cultural é a soma dos bens culturais de um povo, que são portadores de valores que podem ser legados a gerações futuras. É o que lhe confere identidade e orientação, pressupostos básicos para que se reconheça como comunidade, inspirando valores ligados à pátria, à ética e à solidariedade e estimulando o exercício da cidadania, através de um profundo senso de lugar e de continuidade histórica.
A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que o poder público, com a cooperação da comunidade, deve promover e proteger o "patrimônio cultural brasileiro".
Dispõe ainda que esse patrimônio é constituído pelos bens materiais e imateriais que se referem à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
É considerado patrimônio cultural:• as formas de expressão;• os modos de criar, fazer, viver;• as criações científicas, artísticas e
tecnológicas;• as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
• os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
O BEM CULTURAL
• O BEM CULTURAL compreende todo testemunho do homem e seu meio, apreciado em si mesmo, sem estabelecer limitações derivadas de sua propriedade, uso, antiguidade ou valor econômico.
• Os bens culturais podem ser divididos em três categorias: bens naturais, bens materiais e bens imateriais.
A importância do Bem Cultural está na sua capacidade de estimular a memória das pessoas historicamente vinculadas à comunidade, contribuindo para garantir sua identidade cultural e melhorar sua qualidade de vida.
Por que preservar o Patrimônio Cultural é importante?
• Uma das principais razões para a preservação dos bens culturais é a melhoria da qualidade de vida da comunidade, que implica em seu bem estar material e espiritual e na garantia do exercício da memória e da cidadania. A preservação garante a continuidade das manifestações culturais.
• Quando se preserva legalmente, e na prática, o patrimônio cultural conserva-se a memória do que fomos e do que somos: a identidade da nação.
A educação patrimonial
• A educação patrimonial é fundamental para a preservação do patrimônio cultural de uma comunidade.
• A partir da educação patrimonial a comunidade passa a ter conhecimento sobre sua cultura e sobre a importância da preservação.
• Quando fazemos tudo isso levando em conta alguma coisa que tenha relação ao com nosso patrimônio cultural, então estamos falando de Educação Patrimonial.
Como a comunidade pode ajudar a preservar seus bens culturais?
• Procurando conhecer sua história e suas tradições.
• Participando do Conselho de Patrimônio Histórico e Cultural.
• Promovendo ações de para recuperação de acervos e outros bens culturais.
• Cobrando das autoridades medidas efetivas para que seu patrimônio seja preservado.
• Denunciando abusos e depredação do patrimônio ao poder público.
• A atuação do poder público deve ocorrer em caráter excepcional, quando faltarem recursos técnicos ou materiais ou mesmo organizações coletivas, capazes de assumir as ações de preservação necessárias.
• São diversas as formas de proteção do patrimônio cultural, desde o inventário e cadastro até o tombamento, passando pelo estabelecimento de normas urbanísticas adequadas, consolidadas nos planos diretores e leis municipais de uso do solo e, até, por uma política tributária incentivadora da preservação da memória.
O que é o tombamento de bens?
• O tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público, nos níveis federal, estadual ou municipal.
• Os tombamentos federais são da responsabilidade do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), os tombamentos estaduais (no caso de MG) ficam a cargo do IEPHA.
• No município, o processo de tombamento ocorre por meio do COMPAC (Conselho Municipal do Patrimônio Cultural).
• O objetivo é preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo a destruição e/ou descaracterização de tais bens.
• Pode ser aplicado aos bens móveis e imóveis, de interesse cultural ou ambiental.
• Somente é aplicado aos bens materiais de interesse para a preservação da memória coletiva.
Como é o processo de tombamento?
• O processo de tombamento, após avaliação técnica preliminar, é submetido à deliberação das unidades técnicas responsáveis pela proteção aos bens culturais brasileiros.
• Caso seja aprovada a intenção de proteger um determinado bem, seja cultural ou natural, é expedida uma notificação ao seu proprietário.
• Essa notificação significa que o bem já se encontra sob proteção legal, até que seja tomada a decisão final, depois de o processo ser devidamente instruído, ter a aprovação do tombamento pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e a homologação ministerial publicada no Diário Oficial.
• O processo finalmente termina com a inscrição no Livro do Tombo e a comunicação formal do tombamento aos proprietários.
A preservação do patrimônio cultural de Leopoldina
• Leopoldina possui um grande patrimônio cultural que precisa com urgência ser preservado e apresentado à comunidade.
• Possuímos uma complexo arquitetônico remanescente do período imperial e do período cafeeiro que se perde a cada ano.
• Ainda guardamos antigas tradições populares (dança, música, folclore) e um vasto acervo documental.
Patrimônio Arquitetônico
• Sobrados, casarões, vilas operárias, casas de taipa, fábricas, igrejas, estações ferroviárias... Construções que caracterizam distritos, zona rural e a sede do município precisam e devem ser preservados.
• Preservar o patrimônio arquitetônico significa manter a identidade do município, caracterizada pelas suas construções, pela sua arquitetura característica.
• Preservar o passado não impede a construção do futuro.
Fazenda do Desengano
Rua Barão de Cotegipe
Parque Felix Martins
Construção em estilo germânico – Rua Barão de Cotegipe
Estação Ferroviária: Distrito de Providência
Ginásio Leopoldinense – fundado em 1906 Tombado pelo IEPHA
Patrimônio documental
• O patrimônio documental guarda boa parte da história de uma região e do país. Ele é um dos que mais sobre a ação do tempo e, em muitos casos, não recebe o tratamento devido.
• Os arquivos públicos tem a função de receber esta documentação e garantir seu acesso à comunidade.
• Estes documentos podem ser públicos ou privados, escritos ou não escritos. Envolvem desde atas de reuniões políticas, jornais, processos judiciais, fotos, etc.
• Eles são fundamentais para a construção da memória e da identidade coletiva.
• Se a arquitetura dá identidade a uma cidade, a História ajuda a construir a identidade de seu povo.
Memória documental de Leopoldina: o arquivo da Câmara Municipal (1892)
• O Regimento Interno da Câmara Municipal de Leopoldina, de 1892, já previa a criação de um arquivo da Câmara. Simples, ele define função do arquivo determina que tipo de documento deve ser arquivado. O responsável é pela organização do arquivo, na época, era o secretário da Câmara. Segue o trecho do Regimento de 1892, p. 58 e 59:
Onde estão nossos documentos Públicos
• Apesar de já possuir um arquivo público, criado por lei, o município de Leopoldina ainda não organizou sua documentação.
• A documentação de um arquivo se divide arquivo corrente (em uso) e arquivo permanente (também conhecido como arquivo histórico).
• Não existem até o momento ações efetivas para a organização do arquivo permanente, cujos documentação remonta aos anos de 1850 (aproximadamente).
• Uma boa parte da documentação pública de Leopoldina encontra-se em um depósito que se localiza no Posto Centenário, em processo de decomposição.
• Estão ali misturados documentos recentes, das décadas de 1980, 1990 assim como documentação da Câmara Municipal datada do período Imperial.
• Foi realizada uma breve intervenção, com autorização da presidência da Câmara com o objetivo de tentar resgatar parte desta documentação, no ano de 2009.
• No entanto, menos de 10% da documentação pode ser retirada, permanecendo o restante no depósito e uma parte na prefeitura, ainda sem tratamento adequado.
A Sociedade civil em ação
• Uma das primeiras pessoas a trabalhar pela preservação do patrimônio documental de Leopoldina foi a pesquisadora Nilza Cantoni.
• No final da década de 1990, Nilza fez um trabalho (voluntário) de higienização, organização e digitalização de documentos.
• Os documentos se encontravam em um depósito na Rua 27 de Abril, “misturados com uma grande quantidade de papéis de embrulho amassados, pedaços de caixas rasgadas, copos e sacos plásticos e carnês de IPTU da década de 1990”
• O Material foi inventariado e entregue à Secretaria de Administração.
• Em uma das partes de seu relato, Nilza comenta:
A imagem mais forte que guardo daquele depósito na 27 de abril é a de um banheiro imundo, separado do ambiente por meia parede em L, no topo da qual haviam sido colocadas pilhas de livros antigos. Fui obrigada a improvisar, com latas de tinta, um meio de alcançar a parte de cima da tal parede. E agir como se nada estivesse acontecendo quando pessoas entravam no ambiente com a nítida intenção de ver de perto uma pessoa trabalhando, sem mover um músculo para ajudar e deixando escapar sorrisos irônicos.
Nilza Cantoni
Livro de Atas das Assembléias Eleitorais de 1857.
Livro de Matrículas de Escravos de 1873
• No ano de 2009, para tentar salvar uma parte da documentação produzida pela administração pública, assim como obras raras e periódicos que se encontravam na biblioteca municipal, professores da E. M. Judith Lintz Guedes Machado foram para a prefeitura nos fins de semana para tentar limpar e organizar a documentação.
• O trabalho teve que ser interrompido a pedido da prefeitura.
• A documentação tratada ficou sob os cuidados da Secretaria de Cultura.
• Recentemente o trabalho de conservação desta documentação foi retomado, por meio de um trabalho de educação patrimonial realizado com alunos do Colégio Imaculada Conceição.
• Foi realizada uma oficina onde os alunos do 8º ano aprenderam algumas noções básicas sobre preservação de documentos.
Leis Fiscais de Incentivo à Cultura
• Lei Rouanet : lei federal 8.313/91, criada pelo acadêmico Sérgio Paulo Rouanet a lei de incentivo a Cultura é uma das mais conhecidas do país. Essa lei permite que uma pessoa física ou jurídica patrocine um projeto cultural e deduza parte do valor investido do seu Imposto de Renda (IR), desde que:- Pessoa jurídica - IR com base no Lucro Real, no limite de 4% do IR devido,- Pessoa Física - Declaração Completa do IR, no limite de 6% do IR devido.
• O ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços) Cultural é um meio de desenvolver políticas para a preservação do patrimônio cultural e ao mesmo tempo gerar repasses de verba para os municípios mineiros.
• A lei do ICMS é semelhante á lei Rouanet, porém os valores aportados são dedutíveis do ICMS e não do IR como na Rouanet.
• O IEPHA avalia e aplica uma pontuação a municípios que desenvolvem ações de preservação do patrimônio e cada ponto é remetido em recursos para o município.
• A partir do ano de 2010 passou a vigorar uma de pontuação específica para a realização de inventários e projetos de educação patrimonial pelo município, além da manutenção de aparelhos culturais públicos, como museus, arquivos e bibliotecas.
• A proteção de bens culturais imateriais (como manifestações ou saberes típicos) também passa agora a ser reconhecida e pontuada, sejam eles registrados em âmbito municipal, estadual ou federal.
Preservar o Patrimônio Cultural gera recursos para o município
Os 10 municípios mineiros que mais protegem o patrimônio cultural –
pontuação atualizada do ICMS
1. Mariana....51,40
2. Ouro Preto....48,10
3. Santa Bárbara....41,10
4. Diamantina....36,10
5. Catas Altas....31,60
6. São João Del-Rei....29,80
7. Sabará....28,45
8. Conceição do Mato Dentro ....28
9. Congonhas....26,60
10.Santa Luzia....26,05
Leopoldina e a Preservação do Patrimônio cultural - Pontuação Final ICMS
Patrimônio Cultural• 2001 – 3• 2002 – 1,62• 2003 – 0,90• 2004 – 0,60• 2005 – 0,60• 2006 – 0,60• 2007 – 0,60• 2008 – 0,60• 2009 – 0,60• 2010 – 6,50• 2011 – 9, 85
A Importância do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural
• O Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAC) é um órgão colegiado, que pode ter funções consultivas e/ou deliberativas.
• O conselho dever ser integrado por representantes do poder público, da sociedade civil e, se possível, de universidades.
• Suas reuniões devem ser públicas.
• Este órgão deve ser dotado legalmente de poder de polícia que lhe permita a fiscalização dos bens integrantes do patrimônio cultural e aplicação de sanções administrativas aos infratores.
• O Conselho não pode e nem deve se submeter aos interesses políticos.
• Cabe a ele zelar pela preservação do patrimônio, assim como promover ou guiar ações neste sentido.