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O Acordo Ortográfico: estratégias de implementação e implicações nas aulas de
Português
Braga, 24 de setembro de 2011Cristina Fontes
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Primeiro estranha-se, depois entranha-se!
Fernando Pessoa
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«Um cê a mais» Quando eu escrevo a palavra ação, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o c na pretensão de me ensinar a nova grafia. De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa. Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim. São muitos anos de convívio. Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes cês e pês me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância.
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Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: não te esqueças de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí. E agora as palavras já nem parecem as mesmas. O que é ser proativo? Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.
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Depois há os intrusos, sobretudo o erre, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato. Caíram hífenes e entraram erres que andavam errantes. É uma união de facto, para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em “há de” há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem. Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os és passaram a ser gémeos, nenhum usa chapéu.
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E os meses perderam importância e dignidade, não havia motivo para terem privilégios, janeiro, fevereiro, março são tão importantes como peixe, flor, avião. Não sei se estou a ser suscetível, mas sem p algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.
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As palavras transformam-nos. Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos. Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do cê não me faça perder a direção, nem me fracione, nem quero tropeçar em algum objeto abjeto. Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um cê a atrapalhar.
Manuel Halpern, Jornal de Letras
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Alguns dos argumentos que os portugueses costumam esgrimir contra a necessidade de um Acordo Ortográfico
Adaptado de Gomes, Francisco Álvaro (2009). O Acordo Ortográfico, Porto: Edições Flumen e Porto Editora
1. O Brasil vai invadir-nos culturalmente. Isto é ultrajante, porque a Língua Portuguesa «nasceu» em Portugal.
2. A reforma é inútil porque a ortografia não é um problema substancial.
3. A Espanha, a França e a Inglaterra não celebraram qualquer acordo ortográfico.
4. A nível internacional, a norma lusitana é vista como mais importante que a norma brasileira. Para quê ceder ao Brasil?
5. Não cabe aos políticos, mas aos especialistas, tomar decisões no âmbito da língua.
6. Os livros, quando esta reforma entrar em vigor, irão cair em desuso.
7. A ortografia portuguesa não tinha, na norma lusitana, grafias duplas e passa a tê-las.
8. Se o H desaparecer em palavras como homem, honra, humano, hospitaleiro, essas palavras descaracterizam-se.
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9. O acordo de 1945, que era simples e coerente, perderá essas qualidades.
Teste-AO45.tif
10. A língua é um património intocável. Ninguém tem o direito de o mudar.
11. Acabar com os acentos gráficos é contribuir para a ruína da língua, visto que a ausência desses sinais impede a aprendizagem.
12. As grandes divergências com o Brasil são lexicais e sintáticas, e não apenas ortográficas.
Dilma_MST.tif
13. A introdução de letras estrangeiras desfigura o alfabeto português.
14. A queda de consoantes mudas é uma inaceitável cedência ao Brasil e contribui para a descaracterização da língua.
( + um)O acordo interessa apenas
aos professores de português!
Álvaro Gomes, 2009
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Ortografia De orto-, que significa “reto, direito, correto”
grafia, com sentido de 'escrita'
escrita correta
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A ortografia pode ser:
fonética: representa tão fielmente quanto possível a forma como as palavras são pronunciadas e a pronúncia permite saber a forma gráfica (e.g.italiano,”uomo”);
etimológica: conserva a forma com que em dada altura se grafou a palavra, mesmo que a pronúncia de hoje não lhe corresponda (e.g.francês;”orthographie”);
fonológica: representação abstrata com base na realidade fonética da língua (e.g. português, “cereja”,”Ernesto”,”tio”);
Nota: Em geral, as ortografias são híbridas, não se enquadrando exclusivamente num destes tipos, embora se possa dizer que pertencem tendencialmente a um deles.
Mudanças ortográficas da língua portuguesa
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Duas capas de Os Lusíadas, uma de 1572 e outra de 1584, mostram o nome do poeta grafado de maneiras diferentes: Luis de Camoes e Lvis de Camões
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Breve Cronolog
ia 1885-
1931
1885– Até aqui a grafia do português oscila entre predominância de critérios etimológicos e fonéticos. Gonçalves Viana publica as Bases da Ortografia Portuguesa.
1911– Implementação da Reforma Ortográfica, com base na obra de Gonçalves Viana.
1931– Aprovação do primeiro Acordo Ortográfico entre Portugal e Brasil, cuja implementação não foi levada a cabo do mesmo modo nos dois países.
XIX XX XXI
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XIX XX XXI
1885-
1931
1943-
1945
1971-
1973
1943– Redação do Formulário Ortográfico no Brasil. Nova cimeira entre os dois países.
1945– Novo Acordo Ortográfico, resultante do encontro de 1943. Torna-se lei em Portugal, mas o Brasil não o adota.
1971-1973– Implementação de alterações, no Brasil e em Portugal, reduzindo grandemente as divergências ortográficas.
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XIX XX XXI
1885-
1931
1943-
1945
1971-
1973
1975-
19861990
1975- Elaboração de um projeto de acordo entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, fracassado devido ao clima político e social.
1986– Os agora sete países de língua oficial portuguesa redigem o Acordo Ortográfico de 1986, proposta que envolve mudanças profundas, inviabilizada devido às reações que provocou.
1990– Concluindo um processo de negociação contínuo, é redigido o texto do Acordo Ortográfico de 1990, centrado na redução das diferenças existentes.
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XIX XX XXI
1885-
1931
1943-
1945
1971-
1973
1975-
19861990
1995-2002– O Acordo de 1990 é ratificado por vários países, mas não implementado.
2004
1995-
2002 2009
2004– Após a independência de Timor, os agora oito países da CPLP aprovam o Segundo Protocolo Modificativo, determinando que a ratificação por parte de três países é suficiente para a implementação do Acordo Ortográfico.
2009–Com a ratificação deste documento por parte de Portugal e de outros países, dá-se início à implementação da reforma. Em Portugal haverá um período de transição de seis anos, iniciado a 13 de maio de 2009. Apenas faltam Angola e Moçambique.
Resolução da Assembleia da República n.º 26/91 Aprova, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164.º, alínea j, e 169.º, n.º 5, da Constituição, aprovar, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa a 16 de Dezembro de 1990, que segue em anexo.
Aprovada em 4 de Junho de 1991.
O Presidente da Assembleia da República, Vítor Pereira Crespo.
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http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo
Portal da Língua Portuguesa
O texto do acordo organiza-se em 21 bases: Base I - Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados Base II - Do h inicial e final Base III - Da homofonia de certos grafemas consonânticos Base IV - Das sequências consonânticas Base V - Das vogais átonas Base VI - Das vogais nasais Base VII - Dos ditongos Base VIII - Da acentuação gráfica das palavras oxítonas (agudas) Base IX - Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas (graves) Base X - Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras
oxítonas e paroxítonas Base XI - Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas (esdrúxulas) Base XII - Do emprego do acento grave Base XIII - Da supressão dos acentos em palavras derivadas Base XIV - Do trema Base XV - Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares Base XVI - Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação Base XVII - Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver Base XVIII - Do apóstrofo Base XVIX - Das minúsculas e maiúsculas Base XX - Da divisão silábica Base XXI - Das assinaturas e firmas
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O AO de 1945 tinha 51
Passo a passo…
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O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula:
a A (á) b B (bê) c C (cê) d D (dê) e E (é) f F (efe) g G (gê ou guê) h H (agá) i I (i) j J (jota) k K (capa ou cá) l L (ele)m M (eme ou mê)
n N (ene) o O (ó) p P (pê) q Q (quê) r R (erre) s S (esse) t T (tê) u U (u) v V (vê) w W (dáblio ou dâblio) x X (xis) y Y (ípsilon ou i grego) z Z (zê) NOTA: Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os
seguintes dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u).
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A introdução do k, do w e do y não aumenta o seu uso.
As três letras usam-se nos seguintes casos:
1) Nomes originários de outras línguas e seus derivados, como Kant, kantismo, Byron, byroniano, Darwin e darwinismo
2) Nomes de lugares originários de outras línguas e seus derivados, como Kuweit e kuweitiano
3) Siglas, símbolos e abreviaturas, como KLM, yd (jarda), W (oeste, watt) e WC
4) Termos de outras línguas de uso corrente, como kit e software
Por exemplo, kilograma ou kilo não passam a ortografias corretas, apesar de kg ser a sua abreviatura.
Quilograma - Quilo
OS CÊS E PÊS SEMPRE MUDOS, ISTO É, NUNCA PRONUNCIADOS, SÃO ELIMINADOS.
Exemplos de eliminação:
1) Sequência cc• acionista em vez de accionista• lecionar em vez de leccionar
2) Sequência cç• ação em vez de acção (repare-se na grafia inflação, anterior ao acordo)• seleção em vez de selecção
3) Sequência ct• ator em vez de actor• atual em vez de actual
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Exemplos de eliminação:
4) Sequência pc• adocionismo em vez de adopcionismo
5) Sequência pç• adoção em vez de adopção
6) Sequência pt• adotar em vez de adoptar• Egito em vez de Egipto;
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OS CÊS E PÊS SEMPRE MUDOS, ISTO É, NUNCA PRONUNCIADOS, SÃO ELIMINADOS.
Nota: a grafia Egito foi usada noutros tempos em Portugal; continua-se a escrever egípcio porque nesta
palavra o p pronuncia-se.
CONSOANTES COM OSCILAÇÕES DE PRONÚNCIA E ORTOGRAFIA Existem consoantes que, de país para país, ou mesmo dentro do mesmo país, ora se pronunciam ora são mudas.
O Acordo Ortográfico estabelece ortografias duplas para estes casos de pronúncia oscilante. Vejamos alguns exemplos:
• cato e cacto• facto e fato• aspeto e aspecto• receção e recepção• excecional e excepcional• jacto e jato• subtil e sutil• omnipotente e onipotente• amígdala e amídala• súbdito e súdito• aritmética e arimética.
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Que é que muda na prática com esta regra?
Para os brasileiros não muda nada, já que há muito usam grafias duplas para casos de pronúncia oscilante no seu país, como aspeto e aspecto ou excecional e excepcional.
Para os outros países a prática passa a ser a seguinte: se a consoante nunca é pronunciada, é eliminada; no caso contrário, há grafias duplas.
Em Portugal o c de aspecto nunca é pronunciado; então a grafia aspecto é eliminada e substituída por aspeto.
Em Portugal o c de dactilografia umas vezes pronuncia-se e outras não; temos, por isso, as grafias datilografia e dactilografia.
NOTA: em Portugal já temos inúmeras grafias duplas: guiché e guichê, bêbado e bêbedo, avalanche e avalancha, ouro e oiro, etc.
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Nomes de origem bíblica / cidades
Os seguintes nomes de origem bíblica podem escrever-se de duas maneiras:
• Jó ou Job (b nunca pronunciado)• Jacó ou Jacob (b nunca pronunciado)• Davi ou David (d final umas vezes pronunciado e outras não).
As cidades espanholas de Madrid e Valladolid têm em portuguêsnomes com um d final que umas vezes se pronuncia e outras não,podendo omitir-se. Admitem-se, assim, as seguintes ortografias duplas:
• Madri e Madrid• Valladoli e Valladolid.
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ACENTOS ELIMINADOS
Palavras como crêem, vêem e semelhantes deixam de ter acento; passam a creem, veem, etc.
Não se coloca acento em palavras graves com o ditongo oi na penúltima sílaba; alcalóide, heróico, jóia, Tróia, Azóia, etc. passam a alcaloide, heroico, joia, Troia, Azoia, etc.
Atenção! Esta regra só é válida para palavras graves (paroxítonas). O ditongo oi aberto de palavras agudas (oxítonas) e monossílabas continua a ser acentuado: herói, dói, constrói. Palavras como comboio e dezoito já não eram acentuadas. O ditongo também permanece no caso do ditongo eu aberto: céu, troféu, véu.
Atenção! Os verbos ter e vir (e seus derivados) continuam a ser acentuados na terceira pessoa do plural: Eles têm. Eles vêm.
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Eliminam-se os acentos das palavras côa (nome flexão de verbo coar), pára (do verbo parar), péla e pélas (nomes e flexões do verbo pelar), pélo, pêlo, pêlos, pólo, pólos, pôlo, pôlos, pêra e pêro. Também se eliminam os acentos dos nomes próprios Côa, Pêra e Pêro.
Côa é o nome dum rio, o qual passa a designar-se por Coa. Faz também parte de nomes de localidades, como Vila Nova de Foz Côa, que passa a Vila Nova de Foz Coa.
Pêra faz parte do nome de localidades, como Castanheira de Pêra, que passa a Castanheira de Pera.
Pêro é nome masculino antigo e elemento do nome de localidades, como Pêro Pinheiro, que passa a Pero Pinheiro.
Atenção! O acento continua a ser obrigatório em pôr (infinitivo verbal) para distinguir de por (preposição) e em pôde (3.ª pessoa do pretérito perfeito do presente do indicativo do verbo poder).
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ACENTOS ELIMINADOS
ACENTOS FACULTATIVOS
1) Acento de palavras como andámos, cantámos (1.ª pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da 1.ª conjugação).
Em Portugal e nos países com a mesma ortografia, antes do acordo Ortográfico o acento de palavras como cantámos servia para as distinguir das correspondentes formas do presente:
ontem cantámos em Braga, agora cantamos em Lisboa.
Oscila a pronúncia da terminação -ámos. No que toca a Portugal há largas zonas em que é pronunciada -âmos ao passo que noutras se pronuncia -ámos.
Por isso, passa a facultativo o acento de tais palavras, isto é, pode ser usado ou não:
ontem cantámos ou ontem cantamos. ontem andámos depressa mas neste momento andamos devagar.
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NOTA: Antes do Acordo Ortográfico este acento não era não usado no Brasil, mas era obrigatório em Portugal e nos outros países lusófonos.
2) Acento de dêmos.Passa a facultativo o acento de dêmos, flexão do presente do conjuntivo do verbo dar:quer que lhe dêmos atenção ou quer que lhe demos
atenção.
3) Acento de fôrma.Torna-se facultativo o acento do nome fôrma, usado no Brasil antes do Acordo Ortográfico, mas não nos outros países lusófonos.
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ACENTOS FACULTATIVOS
Nota: Se acharmos que o acento torna uma frase mais clara, podemos usá-lo, como neste exemplo:Qual a forma da fôrma que faz esses bolos?
PALAVRAS AGUDAS COM OSCILAÇÕES DE ORTOGRAFIA
Há um pequeno número de palavras agudas (oxítonas) terminadas em e ou o, em geral provenientes do francês, com oscilações de pronúncia e ortografia. São exemplos:
bebé e bebêbidé e bidêguiché e guichêcroché e crochêmatiné e matinêcaraté e caratêcomité e comitêioió e ioiô.
O que muda na prática relativamente a estas palavras?
Nada, pelo menos no que se refere a Portugal, pois continuar-se-ão a empregar as mesmas grafias – dum modo geral as que usam o acento agudo. Note-se que se encontram em dicionários editados em Portugal as grafias duplas guiché e guichê, correspondentes a pronúncias diferentes que se podem ouvir no país.
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PALAVRAS GRAVES COM OSCILAÇÕES DE ORTOGRAFIA
Têm oscilações de pronúncia e ortografia pouco mais de uma dúzia de
palavras graves (paroxítonas) que têm na penúltima sílaba um e ou um
o, seguido dum m ou dum n que já pertence à sílaba seguinte.São exemplos: ténis e tênisfémur e fêmurVénus e Vênusbónus e bônusónus e ônus.
NOTA: Na prática e pelo menos no que diz respeito a Portugal não haverá alteração. Os portugueses continuarão a usar o acento agudo nestas palavras por ser o que corresponde à sua pronúncia.
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Vólei e vôlei, póquer e pôquer também são palavras
graves com oscilação de pronúncia. Não são referidas no
texto do acordo, que só menciona palavras com a última
sílaba a começar por m ou n.
PALAVRAS ESDRÚXULAS COM OSCILAÇÕES DE ORTOGRAFIA Têm oscilações de pronúncia e ortografia palavras esdrúxulas
(proparoxítonas) com um e ou um o na antepenúltima sílaba seguido
dum m ou dum n que já pertence à sílaba seguinte.
São exemplos:efémero e efêmerogrémio e grêmioarsénico e arsênicogénio e gêniocómico e cômicocrómio e crômiosinfónico e sinfônicoAntónio e Antônio.
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NOTA: Os portugueses continuarão a usar o acento agudo nestas palavras por ser o que corresponde à sua pronúncia. Portanto, na prática e pelo menos no que diz respeito a Portugal, não haverá alteração na ortografia destas palavras.
INICIAL MINÚSCULA
1)Dias da semana, meses e estações do ano
Como já acontece com os nomes dos dias da semana, também os dos meses e das estações do ano se escrevem com inicial minúscula.
Exemplos: O dia santo da religião católica é o domingo. Portugal comemora o seu dia nacional a 10 de junho. As aves chegam na primavera.
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2) Pontos cardeais
Os nomes dos pontos cardeais escrevem-se com minúscula, exceto as suas abreviaturas, como SW (sudoeste) ou se designam regiões.
Exemplos:
Lisboa fica a sul do Porto. A localidade de Braga tem a latitude de 39º 30' N e a
longitude de 8º 6' W.Ele gosta todas a regiões de Portugal, mas tem uma
atração especial pelo Norte.
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INICIAL MINÚSCULA
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3) Palavras fulano, beltrano e sicrano
Escrevem-se com inicial minúscula estas palavras, usadas para designar uma pessoa de quem não se sabe o nome ou não se quer mencionar e que são sinónimas de sujeito, indivíduo, pessoa.
INICIAL MINÚSCULA
MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS COM USO FACULTATIVO 1) Formas de tratamento e expressões de respeito,
hierarquia, etc.
dr. Paiva ou Dr. Paiva doutor Mário Teixeira ou Doutor Mário Teixeira sr. eng. Pereira ou Sr. Eng. Pereira prof. dr. Manuel Santos ou Prof. Dr. Manuel Santos santa Bárbara ou Santa Bárbara sua eminência o cardeal Carlos Pinto ou Sua Eminência o Cardeal Carlos
Pinto
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Os títulos das obras devem ser em itálico. Se forem manuscritos devem ser sublinhados.
2) Títulos de livros e obras
O primeiro elemento escreve-se com maiúscula; os seguintes podem escrever-se com minúscula, com exceção dos nomes própriosUma Família Inglesa ou Uma família inglesaPortugueses na História da América ou Portugueses nahistória da América
3) Palavras que classificam sítios públicos (rua, miradouro, etc.), templos e edifícios
rua ou Rua do Soutoigreja ou Igreja do Carmopalácio ou Palácio da Pena
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MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS COM USO FACULTATIVO
4) Domínios do saber, cursos e disciplinas
matemática ou Matemáticaliteratura portuguesa ou Literatura Portuguesaengenharia informática ou Engenharia Informática
O prefixo possui um significado, contudo, isolado, não tem função nenhuma, somente em associação com uma palavra. Ab- afastamento, separaçãoAbstenção / abdicação
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Importa saber… o que distingue um prefixo de um falso prefixo?
Já os “falsos prefixos”, possuem, por assim dizer, um sentido completo. Podem até associar-se com uma palavra, mas não perdem o seu significado.
a) Eu comprei um micro-ondas. (aparelho que emite pequenas ondas eletromagnéticas)
b) Na praia só tinha micro ondas, nem deu para surfar como gostaria. (pequenas ondas)
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SUPRESSÃO DO HÍFEN
Supressão do hífen
Não se usa hífen nas formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo “haver” acompanhado da preposição “de”.
hei-de / hei dehás-de / hás dehá-de / há deheis-de / heis dehão-de / hão de
Atenção! Nunca se usou hífen com as formas polissilábicas do verbo “haver”:Havemos deHaveremos deHaverás deHaveremos de Havereis deHaverão de
43
.
Não se usa hífen nos compostos em que se perdeu a noção de composição.
Em certas palavras perdeu-se, de certo modo, a noção de serem compostas. Por isso, não têm hífen. São exemplos madressilva e pontapé.
O acordo autoriza a eliminação do hífen noutras palavras deste tipo, como são os casos de: mandachuva paraquedas paraquedista
44
Supressão do hífen
Não se usa hífen nas formações com adição de prefixos ou falsos prefixos terminados em vogal e com o segundo elemento começado
por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se. São exemplos:
Acordo Ortográfico: conhecer para compreender 45
AntirreligiosoAntissemitaContrarregraContrassenhaCossenoExtrarregularInfrassom
MinissaiaBiorritmoBiossatéliteEletrossiderurgiaMicrossistemaMicrorradiografia
Supressão do hífen
Suprime-se o hífen nas palavras com adição de prefixos ou falsos prefixos se terminados em vogal e o segundo elemento começar por vogal diferente:
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AntiaéreoCoeducaçãoExtraescolarAeroespacialAutoestrada
AutoaprendizagemAgroindustrialHidroelétricoPlurianual.
Supressão do hífen
Se o primeiro elemento é co-, em geral não se usa hífen mesmo se
o segundo começa por o, como nas palavras seguintes:
CoautorCoprodutorCoobrigaçãoCooperante.CoadminitaçãoCoocorrência
Atenção! No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Porto Editora, nas palavras
formadas pelo prefixo co- em que o segundo
elemento se inicia com a letra h, admite-se a dupla grafia, com hífen ou aglutinada. Como acontece em co-herdeiro ou coerdeiro, à semelhança do que acontece com as
palavras formadas pelos prefixos des- e in- os quais se aglutinam com o segundo
elemento sem h (coabitar, coabitação, desumano, inumano, etc.)
47
Supressão do hífen
São exceções a esta regra grafias consagradas pelo uso como:
água-de-colóniaarco-da-velhacor-de-rosamais-que-perfeitopé-de-meiaao deus-daráà queima-roupa.faz-de-conta
Mas cor de laranja!
Atenção! No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Porto Editora, optou-se pela supressão do hífen em todas as locuções de uso geral.
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Supressão do hífen
Nas locuções não se emprega em geral o hífen.Locução é um conjunto de palavras que exprime uma ideia, como, por exemplo, animal de companhia e se bem que.
A aplicação dessa regra leva à substituição de fim-de-semana por fim de semana.
Continua a ser uma palavra composta por composição morfossintática. (palavra + palavra + palavra)
Antes composta por justaposição
Acordo Ortográfico: conhecer para compreender 49
EMPREGODO HÍFEN
Usa-se hífen nas formações com adição de prefixos ou
falsos prefixos (hiper, inter e super) quando combinados com elementos iniciados por uma
consoante igual:
hiper-requintadointer-resistentesuper-revista. Atenção! Se o elemento seguinte começa
por uma consoante diferente ou por uma vogal, nunca se usa hífen:
hipermercadosuperinteressante
50
Emprego do hífen
Usa-se hífen nas palavras formadas com adição de prefixos ou falsos prefixos terminados com a mesma vogal com que se inicia o segundo.
anti-ibéricocontra-almiranteinfra-axilarsupra-auriculararqui-inimigoauto-observaçãomicro-ondassemi-interno.
51
Emprego do hífen
Usa-se hífen nas palavras formadas com adição de prefixos ou falsos prefixos terminados em vogal e com o elemento seguinte começado por h.
anti-hemorrágicoAnti-herói
52
Emprego do hífen
Usa-se hífen nas palavras formadas com adição dos prefixos ab-, ad-, sob-, sub- quando o primeiro elemento termina em consoante igual à que inicia o
segundo elemento, ou quando este começa por b ou r,
para preservar a pronúncia do r inicial do segundo elemento e para salvaguardar a devida lógica de translineação.
ab-rogarad-renalsub-região
53
Emprego do hífen
Usa-se hífen nas palavras compostas por composição morfossintática (justaposição), que não contêm formas de ligação e cujos constituintes, por extenso ou reduzidos, mantêm a autonomia fonética e conservam o seu próprio acento.
ano-luzazul-escuroguarda-chuvasegunda-feiraporta-lápis
54
Emprego do hífen
O hífen é usado em nomes de espécies botânicas ou zoológicas.
Cana-de-açúcarBicho-da-sedaAndorinha-do-marBem-me-querCouve-florFeijão-frade
55
Emprego do hífen
56
Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen ou mais, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex- -alferes, serená- -los-emos ou serená-los- -emos, vice- -almirante.
Base XLVIII (Acordo de 1945)6.° Quando se tem de partir uma palavra composta ou uma combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, e a partição coincide com o final de um dos elementos ou
membros, pode, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex-||-alferes, mão-||-de-obra ou mão-de-||-obra, serená-||-los-emos ou serená-los-||-emos, sub-||-rogar, vice-||-almirante.
57
Translineação (Base XX – da divisão silábica)
58
“Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registo legal, adote na assinatura do seu nome. Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registo público.”
Assinaturas e Firmas (Base XXI)
•Revista Activa
Victor Baptista Mello
•Detergente Optimum Seguradora Açoreana
59
Agora para para refletir! Não fiques a olhar para o teto.
As alterações não são um bicho de sete cabeças.
Não leem algumas consoantes? Logo não as escrevam...
Com o Acordo, as joias não ficam mais baratas, mas ficam mais leves sem o acento. Os antirrugas não deixam de existir e até têm mais uma letra. Precisamos de ser um pouco autodidatas. Está na hora de uma autoeducação e não vale a pena fazer um trinta e um. Qualquer professor, encarregado de educação ou aluno deve tentar ser perfeccionista ou perfecionista. Prezamos a correção!
Votos de um ótimo trabalho! Porto Editora (Adaptado)
60
Agora para para refletir! Não fiques a olhar para o teto.
As alterações não são um bicho de sete cabeças.
Não leem algumas consoantes? Logo não as escrevam...
Com o Acordo, as joias não ficam mais baratas, mas ficam mais leves sem o acento. Os antirrugas não deixam de existir e até têm mais uma letra. Precisamos de ser um pouco autodidatas. Está na hora de uma autoeducação e não vale a pena fazer um trinta e um. Qualquer professor, encarregado de educação ou aluno deve tentar ser perfeccionista ou perfecionista. Prezamos a correção!
Votos de um ótimo trabalho!
Porto Editora (Adaptado)
Conversores
Lince – Portal da Língua Portuguesahttp://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=lincePermite converter ficheiros de múltiplos formatos e em simultâneo para a nova ortografia. Aparentemente não existe limitação no tamanho dos ficheiros e pode ser usado em ambiente Windows, Linux e Mac OS.
Porto Editorahttp://www.portoeditora.pt/acordo-ortografico/conversor-texto/Além de permitir converter texto numa caixa, permite fazer conversão de ficheiros .DOC e .DOCX até 3MB e com um máximo aproximado de 50.000 palavras.
FLIPhttp://www.flip.pt/FLiPOnline/ConversorparaoAcordoOrtográfico/tabid/566/Default.aspx Permite converter texto em português europeu e português brasileiro até a um limite de 3000 caracteres online.
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Outras sugestões
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• Atualização do Verificador Ortográfico e Verificador Gramatical para Português de Portugal o que permite ao Microsoft Office estar em conformidade com o novo acordo ortográfico para Português de Portugal.
http://www.microsoft.com/portugal/acordoortografico/default.mspx
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