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Thinking about civilizations ROBERT W. COX Robert Cox (nascido em 1926) é um ex-professor de ciência política e oficial das Nações Unidas. Ele é citado como um dos líderes intelectuais, juntamente com Susan Strange, da Escola Britânica de Economia Política Internacional e ainda está ativo como um estudioso após sua aposentadoria formal, escrevendo e dando palestras ocasionais. Atualmente é professor emérito de ciência política e pensamento social e político da Universidade de York. Ele começou a trabalhar na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, Suíça, em 1947, acabou servindo como diretor Internacional da OIT no Instituto de Estudos do Trabalho (1965- 1971). Após sua saída da OIT lecionou na Universidade de Columbia. De 1977 a 1992 foi professor de ciência política na Universidade de York, em Toronto, Canadá.

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Thinking about civilizations

ROBERT W. COX

Robert Cox (nascido em 1926) é um ex-professor de ciência política e oficial das Nações Unidas. Ele é citado como um dos líderes intelectuais, juntamente com Susan Strange, da Escola Britânica de Economia Política Internacional e ainda está ativo como um estudioso após sua aposentadoria formal, escrevendo e dando palestras ocasionais. Atualmente é professor emérito de ciência política e pensamento social e político da Universidade de York.Ele começou a trabalhar na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, Suíça, em 1947, acabou servindo como diretor Internacional da OIT no Instituto de Estudos do Trabalho (1965-1971). Após sua saída da OIT lecionou na Universidade de Columbia. De 1977 a 1992 foi professor de ciência política na Universidade de York, em Toronto, Canadá.

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Biografia

Cox formou-se em 1946 pela Universidade McGill, em Montreal, onde ele recebeu o grau de Mestre em História. Após a sua graduação, trabalhou para a Organização Internacional do Trabalho, onde permaneceria por um quarto de século, ajudando a criar e projetar o Instituto Internacional de Estudos do Trabalho.

Em sua carreira acadêmica Cox é conhecido por sua feroz independência e desafio inabalável da ortodoxia, bem como sua abordagem histórica. Enquanto suas iniciais contribuições acadêmicas durante seu tempo na Universidade de Columbia foram bastante convencionais e focadas em organizações internacionais, seguindo a partir de sua experiência na OIT, ele logo adotou uma perspectiva mais radical. Durante seu tempo na Universidade de York, ele começou a reafirmar-se de maneira histórica, reflexo de sua formação anterior na McGill University, o que lhe permitiu assumir temas mais ambiciosos. Cox descreve seus interesses acadêmicos como nada menos que o entendimento “das estruturas que sustentam o mundo". Seu quadro teórico, que gira em torno de uma apropriação do conceito de Antonio Gramsci de "hegemonia", foi recentemente submetido a severas críticas por um de seus ex-alunos.

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Introdução

Cox afirma que o termo Civilização ganhou grande relevância na academia e na política, cita Samuel Huntington e o seu trabalho: O choque de civilizações, como obra importante que durante algum tempo balizou estes debates. Cita também a crise nos Balcãs, como elemento que durante algum tempo justificou certo tipo de interpretação.

Para o autor se identificar em “uma civilização” não faz parte do perfil identitário imediato, para ele a manifestação cotidiana da civilização não é um sentimento de pertença, é sim no senso comum uma ideia compartilhada da realidade, do que é adequado, um guia normativo para a ação, um senso diferente em tempo e espaço e moldado por coletivos de um povo como respostas práticas para suas condições materiais de existência.

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Contexto e Significado

Cox resgata o significado da palavra civilização em seu contexto histórico francês (civilité) e o universalismo ao qual se propunha. Faz uma diferenciação deste termo, com o termo em alemão Kultur que carrega consigo uma ideia de particularidade de um povo.

O termo civilização ganha no século XIX com o expansionismo europeu uma característica associada ao imperialismo e que perde credibilidade com a 1ª Guerra, nesse contexto o termo Kultur e o pessimismo particularista voltam a ter credibilidade em subsunção do universalismo.

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Após a 2ª Guerra e o processo de descolonização, há um estimulo de revolta contra o ocidente das civilizações até então subjugadas. Entretanto com o advento da Guerra Fria esses povos viram-se mais uma vez sujeitos a dois universalismo distintos e enraizados na Europa. Com a vitória aparente de uma versão centrada na América e o seu poderio militar, econômico e cultural, deixou pouco espaço para caminhos alternativos de desenvolvimento para afirmar suas individualidades, entretanto segundo o autor o principal desafio para a futura estrutura da ordem mundial é o contraste entre caminhos alternativos de desenvolvimento, econômico, social e cultural ou uma civilização totalmente absorvente contra uma coexistência de diversas civilizações.

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Conceber a “Civilização”

O autor propõe uma definição de civilização como sendo: “um ajusteentre as condições materiais de existência (em que incluem a organização humana decaráter econômico e político) e significados intersubjetivos”. Nesse sentido ele não defende uma definição em que a materialidade condicione as relações superestruturais intersubjetivas (como em um marxismo vulgar) e sim mais ligado a noção weberiana de afinidade seletiva, ou seja, “que a relação transmite uma sensação de realidade para as pessoas envolvidas. É claro, não há nada fixado ou imutável neste ajuste. Condições materiais mudam.” “Assim como os significados que as pessoas compartilham intersubjetivamente. As civilizações são, assim, no desenvolvimento lento, mas contínuo.A mudança é de sua essência.” Portanto a mudança pode ocorrer tanto por fatores internos como pelo contato entre civilizações, isso é o que faz para o autor o desenho das civilizações a partir de fronteira geográficas um exercício de futilidade.

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O autor sugere então três dimensões possíveis que podem ajudar no discernimento entre civilizações: primeiro, as noções que eles têm do tempo e do espaço e ênfase relativasobre a uma ou a outra, em segundo lugar, a tensão entre o indivíduo e a comunidade, eem terceiro lugar, o que se pode chamar vagamente espiritualidade ou cosmologia, a noção comum de a relação da humanidade com a natureza e o cosmos.

1 - Tempo: relacionado a uma vocação, destino, escatologia, planejamento, desenvolvimento; Espaço: sincronia, administração, lógica militar, geopolítica, estabelecimento ou reestabelecimento do equilíbrio.

2 - A tensão entre o individualismo e o comunitarismo: o comportamento Individualista pode aumentar entre as pessoas que ainda mantêm a crença na normas comunais; e a desintegração de uma sociedade assolada por individualismo excessivopode estimular uma reação para reacender uma sensação de bem-estar comum. Esta mistura é outro indicador de mudança civilizacional.

3 – A espiritualidade e as implicações para o pensamento em geral destes postulados cosmológico.

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Cultura e Identidade

Para o autor são dois termos que guardam relação com o termo civilização, entretanto para ele cultura (em um sentido antropológico) é um termo referente a equilíbrio. Em uma versão alemã a cultura seria a força criativa da civilização. Com relação a identidade o autor acredita que o pós-modernismo tem dado amplo destaque à noção de "identidade" como a auto-consciência dos sujeitos coletivos da história, especialmente aqueles cuja existência tem até então obscurecidos nos discursos dominantes (mulheres, indígenas, debate pós-colonial), entretanto para ele no que concerne a identidade e civilização, ele prefere a noção para se referir a autoconsciência. Na medida em que podem dizer respeito apenas a uma consciente afirmação de pertencer a uma civilização (percepção da realidade).

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Questões presentes hoje em dia no desenvolvimento de civilizações

Para Cox desenvolvimento e mudança nas civilizações hoje em dia tem de ser abordado de dois aspectos: primeiro, as contradições dentro de civilizações que representam escolhas entre visões do futuro e, segundo, as influências externas vem convivendocivilizações que têm um impacto sobre essas escolhas. Assim, “tomando como referência a definição de uma civilização como um ajuste entre o material,condições de existência e significados intersubjetivos, economia política ou economia social é, sugiro, o campo mais promissor no qual buscar o potencial paramudança e desenvolvimento. Economia social é precisamente a área em que as diferentes formas de organização humana, incluindo a linguagem e os conceitos fazem inteligível a organização humana, com tecnologias e recursos materiais para criar viáveis comunidades humanas.”

Via hegemônica: “civilização de negócios”, “Fim da História”, “Globalização hegemônica”; Crise e conflitos: “crise e conflito da via americana (american way od life em crise, democracia X “liberdades)” , “crise e conflito do modelo europeu (social democracia X neoliberalismo)”, “crise e conflito do modelo japonês/asiático (ocidentalização X tradição)”, “crise e conflito em Rússia (três ondas ocidentalizadoras) e China (confucionismo x liberalismo social e econômico)”.

Sociedade Civil e movimentos sociais contestatórios abrindo espaço na pauta geral de trasnformações.

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Civilizações e ordem mundial

O autor faz uma apresentação breve dos últimos conflitos e intervenções externas da OTAN no leste europeu, a maneira pela qual elas conduzem as populações a aceitar um certo tipo de racionalidade social, política e econômica e as consequências internas e na opinião pública internacional. A partir dessa reflexão o autor acredita que “em uma ordem mundial multi-civilizacional, o papel de uma organização mundial seria buscar princípios aceitáveis no "senso comum" ou na intersubjetividade de cada uma das diferentes civilizações, constituir uma espécie de supra-intersubjetividade deintersubjetividades distintos de suas partes componentes.” Para tanto ele entende serem necessários duas condições: “em primeiro lugar, o surgimento de um corpo central de pessoas que iria cultivar uma empatia à compreensão das formas de senso comum que não os seus, que poderiam ser uma ponte de intersubjetividades; e em segundo lugar, o desenvolvimento de sociedades civis capazes de articular na base sentimentos e objetivos das pessoas que as compõem”, assimilando a luta entre as forças sociais que é a principal força dinâmica de mudança nas sociedades.

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Entretanto, segundo o autor também “o conflito não é, no entanto, tão intimamente ligado à propriedade dos meios de produção, como Marx dissera, mas expandindo para incluir outras formas de dominação, subordinação e de interesses particulares versus o bem-estar geral. A arena deluta social reside na sociedade civil, e é por isso que a evolução da sociedade civil é a chave para entender as mudanças civilizacionais.Alguns princípios comuns pode-se afirmar como pontos de partida para se pensarum mundo inter-civilizacional:

• Reconhecimento mútuo da diferença;• Manutenção da biosfera da qual todas as formas de vida dependem;• Evitar a violência em lidar com conflitos e, especialmente, o uso dearmas de destruição em massa;• O apoio mútuo na promoção da equidade social, invertendo a atual tendência para apolarização social;• Supressão de atividade criminosa organizada, que tem tomado o mundo político, e do ocultismo do poder econômico;• entendimento consensual dos direitos humanos básicos.”

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Por fim, para o autor o desafio para uma ordem multi-civilizacional é defender direitos sem impô-los, pois uma ordem imposta permanecerá extremamente frágil e vulnerável à acusação de imperialismo. O instrumento mobilizador pode ser exatamente a luta contra o pensamento único, que permita a expressão da diversidade e da exploração de possibilidades alternativas para o desenvolvimento social e econômico.

Pode também possivelmente ser também surgir a força motriz de uma consciência mais profunda entre as civilizações de sua comumfragilidade em face de ameaças à biosfera, dos perigos a todos a partir dacrescente polarização social, e da existência de armas sem controle dedestruição em massa, e ao mesmo tempo, a partir da sensibilização para a possibilidade de transcender esses desastres iminentes através da ação consensual tomada em mútuo reconhecimento e respeito às diferenças.

Para tanto, para ele, dois fatores críticos são fundamentais para despertar essa consciência: o fortalecimento da sociedade civil como os substratos de civilizações e a existência de um corpo central de pessoas capaz de ligar civilizações em mútuo entendimento e que não podem serem reduzida a fórmulas institucionais e sim na formação de (usando o termo de Gramsci) intelectuais orgânicos que façam a relação entre a ação do movimento social e um constructo epistêmico mobilizador.

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Imagine

Imagine que não há paraísoÉ fácil se você tentarNenhum inferno abaixo de nósAcima de nós apenas o céuImagine todas as pessoasVivendo para o hoje

Imagine não existir paísesNão é difícil de fazê-loNada pelo que lutar ou morrerE nenhuma religião tambémImagine todas as pessoasVivendo a vida em paz

Você pode dizerQue eu sou um sonhadorMas eu não sou o únicoEu tenho a esperança de que um diavocê se juntará a nósE o mundo será como um só

Imagine não existir possesMe pergunto se você consegueSem necessidade de ganância ou fomeUma irmandade de humanaImagine todas as pessoasCompartilhando todo o mundo

Você pode dizerQue eu sou um sonhadorMas eu não sou o únicoEu tenho a esperança de que um diaVocê se juntará a nósE o mundo viverá como um só

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OBRIGADO