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POLÍTICA/POLÍTICO NA IDADE MÉDIA (SÉC. XII – XIV)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISFaculdade de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de História 

Programa de Pós-graduação em HistóriaLinha: História e Culturas Políticas

 História do Ocidente Medieval: Instituições e cultura

política

24 de novembro de 2014 

Prof. Dr. André Miatello 

Aula 13: Política/Político na Idade MédiaLuiz Henrique Dias da [email protected]

POLÍTICA/POLÍTICO NA IDADE MÉDIA (SÉC. XII – XIV)

Fig.1: Grand sceau de Saint-Omer (1299)

POLÍTICA

Qualifica • Atores, unidades, locus, objetos, demandas, meios e fins• Interações: militar, religiosa, comercial, social, econômica

Conceito

• Relação de poder• Violência inerente• Intenção: convencimento ou dissuasão• Relação dialógica: atores e/ou unidades• Negociação e barganha: perdas e ganhos• Institucionalização: ordem social

Em termos específicos: Política/político na Baixa Idade Média?

MEIOS E FINS DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA

“Implicitamente, o estatuto de 1260 se apresenta, portanto, como uma espécie de contrato com o qual o povo de Perúgia reconhecia à nobreza o direito de exprimir sua opinião e defender seus interesses no interior da instituição da comuna, em troca da promessa de respeitar a ordem pública e de apoiar o novo regime” (MAIRE VIGUEUR, 2004, p. 508).

MAIRE VIGUEUR, Jean-Claude. Consoli e podestà, militia e popolo. In: Cavalieri e cittadini. Guerra, conflitti e società nell’Italia comunale. Trad. Italiana: Aldo Pasquali. Bologna: Il Mulino, 2004. p. 427 – 508.

COMUNICAÇÃO SIMBÓLICA

(WEILER, Björn. Politics. In: The Short Oxford History of Europe. The central middle ages Europe 950 – 1320. London: Oxford University Press, 2006. p. 88 – 120. FIG. 2: Sceau de la ville de Dijon (1308)

“[...] comunicação simbólica informava aos transeuntes o status das pessoas envolvidas, os negócios que elas conduziam, e suas metas e objetivos” (WEILER, 2006, p. 113).

DONADIEU-RIGAULT, Dominique. Les ordres religieux et le manteau de Marie. Cahiers de Recherches Médiévales. 2001. Disponível em: < http://crm.revues.org/391 >. Acesso em: 15 nov. 2014.  

LE TRAITÉ DE PAIX ENTRE LES VILLES DE LOMBARDIE JURÉ À ROMANO (9 MAI 1267)

Documento: Dossier 3

“[...] Portanto, sido convocados pela autoridade do comando dos embaixadores oficiais e dos Curadores de Milão, Vercelli, Como, Lodi, Bérgamo, Bréscia, Mântua, Parma e de Reggio, de um lado, e dos de Cremona e Placentia, por outro, à cidade fortificada de Romano, na diocese de Bérgamo, na presença destes embaixadores e curadores, pela honra de Deus e da Bem-Aventurada Virgem Maria, sua mãe, de nosso Senhor Papa Clemente IV, da Santa Igreja e do estado pacífico da província da Lombardia Romana, ordenamos o seguinte[...]”

Texto editado e traduzido por Patrick Gilli e Julien Théry. Les interventions pontificales dans la vie politique des communes urbaines italiennes : l’action de deux légats de Clément IV en Lombardie (1267). Montpelier: PULM, 2010.

A ITÁLIA FRAGMENTADA SÉC. XIII - XIV

Fig. 3: http://www.rivagedeboheme.fr/pages/arts/peinture-jusqu-au-14e-siecle/gothique-international.html

BONI HOMINES=> “Algumas aldeias em áreas onde cidades tinham cônsules nomeavam cônsules também, enquanto aldeias francesas com comunas ,muitas vezes tinham prefeitos” (REYNOLDS, 2006, p. 104).

Boni homines, probi homines ou jurati: escolhidos em comunidades rurais de modo ad hoc.

Þ “[...] sabemos que os nobres se alinharam com o povo [...] uma parcela mais ou menos consistenteda milícia preferiu lutar ao lado dos populares (MAIRE VIGUEUR, 2004, p. 491).

Problema de política externa (1208): unir-se ou não à Societas Lombardiae, aliando-se à Milão ePiacenza na concorrência contra Cremona e Parma? Guerra: 1218 – 1235

Þ “[...] em 1258 os barões ingleses rebelaram-se contra seu rei e demandaram que ele escolhesse seus assessores e funcionários dentre os homines naturales, os nativos da Inglaterra” (WEILER, 2006, pp. 93 – 94).

Movimento liderado por Simon Montfort (d. 1265), francês, em defesa dos guerreiros franceses (homines naturales) que haviam colonizado a Inglaterra ao lado de ingleses a partir do ano de 1066.

CONCLUSÕES

Fig. 4: Grand sceau de Saint-Omer (1299)

“A base da sociedade política de massa é sugestiva: as comunas populares não foram meramente uma nova ordem política; foram uma reconcepção da cidade como um novo organismo - permeado com sabor religioso da base ao topo (THOMPSON, Augustine. 2005, p. 132).

UMA SOCIEDADE DE SOCIEDADES“Reinos e identificação com o reinado existiam, mas eram parte de uma complexa rede de afiliações e comunidades que desafiam categorização sob modernos conceitos de soberania e nacionalidade (WEILER, 2006, p. 93).

• Gens ou nação realidades objetivas cuja identidade pode ser traçada

• Governo + administração termos que se aplicam

• Comunas unidades legítimas de governo

• Obrigações e deveres compartilhados ordem e bem-estar público

• Religião, comércio, guerra, sociedade, economia POLÍTICA

• Populus , gentes e natios grupos e suas unidades de governo

• Sociedade de sociedades teias

Importam mais os fios que os pontos (GROSSI, 2007).

REFERÊNCIASAMARILLA, José Antonio Sebastián. La edad Media (c. 1000 – c. 1450): Configuración y primer despegue de la Economía Europea. Capítulo 1 (pp. 15-66) de: COMÍN COMÍN, Francisco ; HERNÁNDEZ BENÍTEZ, Mauro ; LLOPIS AGELÁN, Enrique (2005) [eds.]. In: Historia económica mundial : Siglos X-XX — Barcelona : Crítica, 2005 — 479 pp.: il., map. — (Crítica Historia del Mundo Moderno) — ISBN: 84-8432-648-9. disponível em: <https://www.innova.uned.es/webpages/adehe/MATERIALES/Lecturas_recomendadas/SEBASTIAN_AMARILLA_Jose_Antonio.2005.La_Edad_Media_1000-1450.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2014.

BARTHÉLÉMY, Dominique. La théorie féodale à l’èpreuve de l’anthropologie (noteCritique)” In: Annales. Histoire, Sciences Sociales. Ano 52, n. 2, 1997. p. 321 – 341.

DONADIEU-RIGAULT, Dominique. Les ordres religieux et le manteau de Marie. Cahiers de Recherches Médiévales. 2001. Disponível em: < http://crm.revues.org/391 >. Acesso em: 15 nov. 2014.  

ESTEPA DÍEZ, Carlos. “La monarquia castellana en los siglos XIII – XIV. Algunas consideraciones”. In: Edad Media. Revista de Historia (Valladolid). Vol. 8, 2007, p. 79 – 98.

GEARY, Patrick. Vivre en conflit dans une France sans État : typologie des mécanismes de règlement des conflits (1050-1200). In: Annales. Économies, Sociétés, Civilisations. 41e année, N. 5, 1986. pp. 1107-1133.

GILLI, Patrick. Les interventions pontificales dans la vie politique des communes urbaines italiennes : l’action de deux légats de Clément IV en Lombardie (1267). In: La paupeté et le gouvernement des villes en Italie au temps de la thécratie pontificale. Montpelier: PULM, 2010.

GROSSI, Paolo. Da sociedade de sociedades à insularidade do estado entre medievo e idade moderna. Revista Sequência, n. 55, dez. 2007. p. 9 – 28.

REFERÊNCIASLAUWERS, Michel. Como os historiadores do século XX escreveram a História da Igreja Feudal?. Trad.: Néri de Barros Almeida e Robson M. Grando della Torre. In: ALMEIDA, Néri de Barros e SILVA, Eliane Moura da (org.). Missão e Pregação. A comunicação religiosa entre a História da Igreja e a História das Religiões. São Paulo: Fap-Unifesp, 2014. p. 29 – 58.

MAIRE VIGUEUR, Jean-Claude. Consoli e podestà, militia e popolo. In: Cavalieri e cittadini. Guerra, conflitti e società nell’Italia comunale. Trad. Italiana: Aldo Pasquali. Bologna: Il Mulino, 2004. p. 427 – 508.

MIATELLO, André. Notas de Aula. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Belo Horizonte, 2014.

REYNOLDS, Susan. Government and community. In: LUSCOMBE, David (org.). The New Medieval History (volume IV, parte I). Cambridge: Cambridge University Press, 2006. p. 86 – 112.

REYNOLDS, Susan. Vassalage and the norms of Medieval Social Relations; Fiefs and Medieval Property Relations. In: Fiefs and Vassals. The Medieval Evidence Reinterpreted. Oxford: Clarendon Press, 1994. p. 17 – 74.

RUST, Leandro Duarte. A História como revolução: a Idade Média e a essência da Modernidade. In: A Reforma Papal (1050 – 1150). Cuiabá: Edufmt, 2014. p. 57 – 81.

THOMPSON, Augustine. The Holy City. In: Cities of God. The religion of the Italian communes 1125 – 1325. pennsylvania: The Pennsylvania State University Press, 2005. p. 103 – 140.

WEILER, Björn. Politics. In: The short Oxford history of Europe. The central middle ages Europe 950 – 1320. London: Oxford University Press, 2006. p. 88 – 120.


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