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Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

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Page 1: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

Centro de Segurança Institucional e Inteligência - CSI

Guia do Transcritor Métodos para transcrição de conversações

telefônicas

Goiânia 2014

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Apresentação

A evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC,

tem colaborado de forma expressiva para reduzir a distância entre as pessoas,

tornando o processo de comunicação mais eficiente a cada dia.

Aplicativos como WHATSAPP, FACEBOOK, SKYPE, GTALK e

outros, são excepcionais ferramentas de comunicação que, bem utilizadas, tornam

mais dinâmica a troca de informações por todo o globo.

Em especial o telefone celular, considerado atualmente como uma

das mais importantes tecnologias de comunicação humana, tem prosperado e

evoluído para equipamentos “inteligentes” capazes de unificar diversas ferramentas

de comunicação em um único aparelho, formando um conglomerado de tecnologias

digitais para interação humana.

Contudo, por ser a forma de comunicação que mais se aproxima da

interação face a face, a chamada telefônica, seja ela de um telefone fixo ou de

telefonia móvel (celular), ainda é um dos meios de comunicação mais utilizados pela

sociedade, tornando-se tecnologia imprescindível ao homem moderno.

Após mais de cinco anos de interceptações telefônicas coordenadas

pelo Centro de Segurança Institucional e Inteligência do Ministério Público do Estado

de Goiás – CSI/MPGO, em apoio ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao

Crime Organizado – GAECCO/MPGO, foi possível concluir que o telefone,

principalmente a telefone celular, que atualmente ultrapassa mais de 200 milhões de

linhas ativas no Brasil, é utilizado de forma indiscriminada nas situações

relacionadas a prática delituosa.

Essa facilidade trazida pela evolução das TIC, faz com que hoje

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essas tecnologias façam parte da logística do crime, em especial o crime

organizado.

Geralmente os delitos relacionados ao crime organizado, bem como

todo tipo de atividade delituosa, são tratados quase que abertamente através de

conversações telefônicas, pois muitas vezes, os interlocutores não se preocupam

em ocultar características sutis relacionadas a mecânica do crime.

Nas situações enquadradas como crime organizado, a flexibilidade

do uso do aparelho celular, acessível em qualquer lugar e a qualquer hora, torna

extremamente dinâmico todo o processo de articulação e comando do crime,

permitindo a transmissão de ordens claras e a coordenação de complexas ações

delituosas.

Prova disso é a perene atividade de comando do crime organizado

de dentro dos presídios. Neste caso em especial, o aparelho celular torna-se a

principal ferramenta de comunicação com o “mundo exterior” e com os partícipes ou

integrantes de facções criminosas, sendo assim usado corriqueiramente para

organizar, comandar e articular intricadas estruturas organizacionais criminosas.

Este uso imprescindível do aparelho celular por chefes de quadrilhas

e seus membros, gera um fluxo gigantesco de dados que podem ser interceptados e

processados a fim de se desenrolar toda a trama criminosa, incluindo modus

operandi, cadeia de comando, colaboradores, processamento e destino final do

produto do crime.

Esse aspecto faz com que a interceptação telefônica se torne um

dos principais meios de obtenção da prova.

Geralmente, em uma conversação telefônica entre os prováveis

autores e partícipes, são discutidos assuntos que corroboram as denúncias da

prática criminosa, materializando assim o envolvimento dos agentes no fato

delituoso.

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Por esses motivos, conclui afirmar que a interceptação telefônica,

como meio de prova, tem se demonstrado bastante eficaz, tanto na fase

investigativa, quanto na fase processual.

Com base na importância da atividade de interceptação telefônica

para o processo de investigação criminal, foi desenvolvido este conjunto de

conhecimentos a fim de oferecer uma metodologia baseada nas melhores práticas

para transcrição de interceptações telefônicas, apresentando um sistema de

padronização textual desenvolvido pela Equipe de Sinais deste Centro de

Segurança Institucional de Inteligência do Ministério Público do Estado de Goiás –

CSI/MPGO.

Ricardo de Oliveira Dias 1

Assistente de Segurança Institucional

Núcleo de Sinais

1 Ricardo de Oliveira Dias é Bacharel em Administração e pós-graduado em Gestão de Projetos, atuando junto ao CSI/MPGO como Assistente de Segurança Institucional.

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SUMÁRIO

1. TRANSCRITOR …................................................................................................. 7

1.1 DEFINIÇÃO.......................................................................................................... 7

1.2 ATIVIDADE........................................................................................................... 8

1.3 PERFIL................................................................................................................. 9

1.4 UTILIZAÇÃO........................................................................................................10

1.5 ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS DURANTE A TRANSCRIÇÃO...............11

1.5.1 Questões Básicas .............................................................................................12

1.5.2 Encontro Fortuito de Prova................................................................................17

1.5.3 Diálogos Irrelevantes........................................................................................ 18

2. MODALIDADES DE TRANSCRIÇÃO ................................................................... 20

2.1 TRANSCRIÇÃO LITERAL ou Ipsis Litteris .......................................................... 20

2.2 TRANSCRIÇÃO PADRÃO OU INTELIGENTE ................................................... 20

2.3 RESUMO DE DIÁLOGOS ................................................................................... 21

3. METODOLOGIA.................................................................................................... 23

3.1 MARCADORES CONVERSACIONAIS................................................................24

3.1.1 Marcadores de Identificação............................................................................. 24

a. Diálogos com até dois interlocutores............................................................ 24

b. Diálogos com mais de dois interlocutores.................................................... 24

3.1.2 Marcador de Tempo.......................................................................................... 25

3.1.3 Delimitação de T.C.R ou de Trechos Relevantes............................................. 26

3.1.4 Hipótese de Áudio............................................................................................. 27

3.1.5 Áudio Ininteligível.............................................................................................. 27

3.1.6 Sobreposição de Falas..................................................................................... 29

3.1.7 Inserção de Comentários.................................................................................. 32

4. REGRAS GERAIS ................................................................................................. 33

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4.1 ALGARISMOS NUMÉRICOS............................................................................... 33

a. Numerais cardinais.........................................................................................34

b. Numerais Ordinais.........................................................................................34

c. Números fracionários..................................................................................... 34

d. Porcentagem.................................................................................................. 34

e. Valores financeiros......................................................................................... 35

4.2 CITAÇÕES........................................................................................................... 35

4.3 DATAS.................................................................................................................. 36

4.4 HORA................................................................................................................... 36

4.5 PALAVRAS ESTRANGEIRAS.............................................................................. 37

4.6 ENDEREÇOS DIGITAIS, HIPERLINKS E E-MAILS............................................ 38

4.7 NOMES PRÓPRIOS E SIGLAS........................................................................... 38

4.7 EXPRESSÕES FÁTICAS E INTERJEIÇÕES...................................................... 39

4.8 INTERRUPÇÕES................................................................................................. 42

4.9 MEIAS PALAVRAS, TRUNCAMENTOS, HESITAÇÕES E GAGUEJOS............. 42

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 46

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1. TRANSCRITOR

1.1 Definição

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o conceito de

transcritor (lat transcriptore), é “que ou aquele que transcreve”.

Já o verbo transcrever (lat. transcríbo,is,psi,ptum,bère 'transcrever,

copiar, registrar'.v.t.d. 1) é definido no mesmo dicionário como “passar para o papel

ou equivalente (algo) que está sendo ouvido (p.ex., um texto de discurso, uma

música etc.)”.

Freire (2007, p. 3) conceitua o ato transcrever e o termo transcrição,

afirmando que:

O ato de transcrever é encontrado no Dicionário Aurélio, como reproduzir, copiando; copiar textualmente; trasladar”. Já o termo transcrição – ato ou efeito de transcrever – pode significar “trecho transcrito” ou, mais particularmente, “expressão gráfica dos sons duma língua” daí decorrendo, para os estudos linguísticos, o termo transcrição fonética , “em que as realidades da língua oral são visualmente fixadas por símbolos, correspondendo cada símbolo, rigorosamente, a um fonema”. Portanto, trata-se de uma “técnica do uso da linguagem como comunicação escrita, ou por meio de ideogramas, ou por meio de letras, diacríticos e sinais de pontuação, que constituem a grafia fônica do português e das demais línguas ocidentais”.

O termo transcrever é exatamente o que foi definido pelas citações

acima: “escrever o que está sendo ouvido”.

Todavia, o trabalho de um transcritor é mais complexo do que as

definições acima epigrafadas, envolvendo o exercício de uma série de técnicas e

métodos, com o objetivo de garantir maior fidelidade do texto resultante da

transcrição em relação aos diálogos contidos em conversações telefônicas

interceptadas.

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1.2 Atividade

Ao contrário do que parece, a transcrição de áudios de interceptação

telefônica (conversações telefônicas) não é uma tarefa simples, exigindo assim

muita dedicação e concentração por parte do transcritor.

Trata-se de um trabalho relativamente complexo e que envolve bom

conhecimento do idioma utilizado, bem como das características regionais de

linguagem.

Uma transcrição de boa qualidade leva, em média, uma hora de

trabalho, para cada dez minutos de diálogo em áudio. Isto é claro, dependendo da

qualidade do áudio a ser transcrito (inteligibilidade, intensidade de ruídos,

interferência, etc.).

Neste caso, a paciência e dedicação podem ser os pontos-chave

para uma transcrição de boa qualidade.

Outro aspecto importante é que o transcritor deve estar habituado a

revisar sempre o seu trabalho antes de finalizá-lo.

Em relação ao produto transcrição, GAGO (2002, p. 91) argumenta

que uma transcrição não deve ser considerada um produto final, “acabado e perfeito

que permanecerá alterado ao longo do tempo”. A transcrição depende da audição

humana, que por sua vez é imperfeita. Nisso, cada nova audição corresponderá a

uma nova representação ou percepção dos fenômenos.

O efeito ocasionado pelo tempo também contribui para adicionarmos

mais “camadas de entendimento” em relação ao conteúdo de uma conversação

telefônica, ou seja, o que você entendeu hoje pode não ser necessariamente o que

você entenderá amanhã. Isso torna a descrição dos fenômenos mais espessa, pois,

quando mais ouvimos determinado áudio, maior será o entendimento da mensagem

transmitida, revelando detalhes que podem não ter sido percebidos em uma primeira

audição.

Sendo assim, a qualidade de uma transcrição está relacionada a

uma série de fatores que vão desde fatores ambientais até às condições físicas e

psíquicas do transcritor. Tal que essa qualidade é inversamente proporcional aos

fenômenos que afetam o indivíduo.

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Marcuschi (2003, p. 9) assevera que “não existe a melhor

transcrição. Todas são mais ou menos boas. O essencial é que o analista saiba

quais os seus objetivos e não deixe de assinalar o que lhe convém. De um modo

geral, a transcrição deve ser limpa e legível, sem sobrecarga de símbolos

complicados”.

Porém, durante o processo de escuta de conversas telefônicas, a

audição humana acaba sendo submetida a uma quantidade relevante de estresse,

interferindo na compreensão diálogos, pois no caso das conversações telefônicas,

em sua grande maioria, apresentam-se cheias de interferências, falhas, ruídos

ambientais ou qualquer outra característica ligada a qualidade do áudio a ser

transcrito.

O estresse auditivo provocado após longas horas de audição é fato

recorrente durante a atividade de transcrição e pode trazer prejuízo ao produto final,

bem como a saúde do transcritor.

Por isso, o transcritor deve ficar atendo e reservar alguns minutos

para a recuperação da audição, assim que perceber dificuldade em ouvir ou

compreender determinadas expressões ou trechos de diálogos inseridos em áudios

que apresentam aparentemente boa qualidade.

Após uma recuperação auditiva de poucos minutos, o transcritor

estará pronto para escutar novamente o áudio a ser transcrito e compreender com

mais clareza o trecho que antes se apresentava confuso ou obscuro, pois conforme

a citação acima, “quanto mais ouvimos, maior é o entendimento da mensagem,

revelando detalhes que podem não ter sido percebidos na primeira audição” (GAGO,

2002).

1.3 Perfil

O transcritor deve ter uma boa cultura geral, o que facilita o

entendimento dos diversos assuntos tratados nos diálogos contidos nas

conversações telefônicas a serem transcritas.

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Deve ainda se familiarizar com os termos relacionados a diversos

assuntos. Um bom nível de conhecimento geral permite ao transcritor produzir um

trabalho mais célere e com menor necessidade de revisão. Essas características

permitem ao transcritor entregar um trabalho mais claro e preciso. Esse trabalho, por

sua vez, colabora com a produção de relatórios de inteligência mais ricos em

informações, permitindo assim a sua conclusão sem a recorrente necessidade de

escutar novamente os áudios que já foram transcritos.

A transcrição dos trabalhos feitos durante um processo

investigatório, por exemplo, exige do transcritor conhecimentos de linguagem

comumente empregada por organizações criminosas e de códigos utilizados na

articulação das atividades delituosas, incluindo gírias de presídios e gangues.

Por fim, como anteriormente observado, a necessidade de um bom

conhecimento de língua portuguesa, permite a confecção de transcrições com o

melhor nível de qualidade possível, entregando ao usuário final um trabalho de

excelência.

1.4 Utilização

Quando o usuário final tem acesso à transcrição de determinado

áudio, espera encontrar no texto todos os assuntos relevantes que foram discutidos

no áudio original. Assim, um “gap” em trechos transcritos, a existência de trechos

truncados, bem como palavras grafadas erroneamente ou com erros de digitação,

trazem desgastes que são desnecessários ao processo.

Por isso, o trabalho de transcrição é extremamente exigente, o que

faz com que a atividade seja feita por poucos e dedicados transcritores.

Em relação a sua utilização, a transcrição de conversações

telefônicas viabiliza o processo investigatório, permitindo a análise, vinculação e

ordenação hierárquica de todos os elementos envolvidos na atividade criminosa

investigada.

Na forma de relatórios, a transcrição de conversações telefônica é

empregada como meio de prova em investigação criminal ou instrução processual,

pois, conforme asseveram Grinover, Filho & Fernandes (2011, p. 167) “O resultado

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de interceptação – que é uma operação técnica – é fonte de prova. Meio de prova

será o documento (a gravação e sua transcrição) a ser introduzido no processo.”

Isso deixa claro o quanto é imprescindível o trabalho de transcrição

de conversações em interceptações telefônicas e a importância dos cuidados que

devemos ter para produzir uma transcrição de qualidade.

1.5 Aspectos a Serem Observados Durante a Transcriç ão

Transcrever uma chamada telefônica vai além da aparente

simplicidade da operação de ouvir e escrever o que foi ouvido. Na maioria das vezes

o transcritor será o primeiro a ouvir determinado áudio a ser transcrito, cabendo-lhe

a princípio analisar a conversação telefônica, visando decidir pela relevância ou não

do diálogo ali contido.

Gago (2002, p. 91), conceitua a complexidade da atividade de

transcrição, afirmando que:

(...) a atividade de transcrição não se deve confundir com a atividade de preparação de material para posterior análise. Nela, uma série de procedimentos interpretativos e seletivos são empregados, fazendo com que seja em si mesma uma atividade de análise e representação. Por isso, é uma atividade analítica plena.

Isso denota que o transcritor deve possuir capacidade de análise

plena que só poderá ser garantida por meio da familiarização com caso em questão,

pois conhecendo o objeto da investigação, o transcritor será capaz de discernir

acerca da relevância do diálogo contido na chamada telefônica interceptada.

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1.5.1 Questões Básicas

Depois de observada a relevância do assunto tratado pelos

interlocutores em uma conversação telefônica, o aspecto mais importante a ser

observado é a capacidade do transcritor de concluir acerca de quatro questões

básicas:

Quadro 1 - Questões básicas a serem observadas.

Quem?

Quem são os interlocutores? Quem são

as pessoas ou instituições referenciadas

no diálogo?

O que?

Qual é o assunto tratado? Que tipo de

atividade é discutido no diálogo?

Onde?

Onde ocorre o diálogo? Qual a

localização geográfica dos

interlocutores? Onde se encontram

objetos, pessoas ou instituições de

interesse citadas pelos interlocutores?

Quando?

Existe o agendamento de alguma

atividade entre os interlocutores?

Quando ocorrerão as atividades de

interesse, relatadas pelos interlocutores?

Entretanto, nem todos os diálogos a serem transcritos conterão

mensagens suficientemente claras para podermos responder as quatro questões

básicas acima citadas.

Existem muitos casos em que a mensagem contida no diálogo

apresenta ausência da fluência textual, coesão, coerência, trechos inteligíveis,

ruídos e interferências diversas. Nestes casos, cabe ao transcritor optar pela a

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modalidade mais adequada para transcrever esse tipo de áudio, destacando que,

nada impede que o transcritor utilize uma mescla de modalidades, a fim de

conservar características originais da mensagem, demonstrando assim a

impossibilidade de inferir acerca das questões acima mencionadas.

Quadro 2 – Observações referentes a transcrição. O que deve ser observado na transcrição de um áudio de interceptação telefônica?

Diversos aspectos devem ser observados, dependendo das

características dos interlocutores e do que se procura descobrir. Tenha em mente que, uma

boa transcrição, observa as seguintes questões:

Quem?

O que?

Quando?

Onde?

Como?

Ao transcrever um determinado áudio, faça essas perguntas acima. Se as

mesmas puderem ser respondidas no texto oriundo da transcrição do áudio que você

degravou, é sinal de que todos os elementos necessários para a compreensão do diálogo

foram observados. É claro que a citação dos dados que respondem a essas questões vai

depender do desempenho da fala dos interlocutores.

Contudo, nem sempre é possível responder a todas essas questões ao se

transcrever determinado áudio. Ocorrem situações em que o transcritor se depara com

diálogos incompreensíveis, codificados de tal forma que somente os interlocutores

entendem o que estão querendo dizer um ao outro.

Entretanto, no processo de codificação da mensagem, a experiência do

transcritor, bem como o histórico referente a diálogos anteriores dos alvos, pode levar o

transcritor a inferir de forma bastante precisa, o significado de palavras e trechos das

mensagens contidas no diálogo.

Vale ressaltar que, não é conveniente e tão pouco seguro ao transcritor,

sugerir expressões, frases, significados que não estão claramente perceptíveis na

mensagem contida no diálogo, pois não cabe ao transcritor sugerir o significado de termos

ou expressões proferidas pelos interlocutores.

Porém, através da experiência adquirida no decorrer da operação, bem

como no histórico das conversas anteriores entre os alvos, é possível deduzir seguramente

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o que os interlocutores estão querendo dizer, mesmo que isso não seja dito de forma clara

no decorrer da conversação.

Nesse caso, cabe ao interlocutor mencionar a conexão a diálogos

anteriores, indicando no corpo do texto a referência à chamada telefônica anterior, onde foi

tratado o assunto que está sendo discutido de forma continuada no diálogo atual.

Tal procedimento orienta o gestor de casos a concatenar as mensagens e

produzir o conhecimento baseado na análise de uma sequência de ligações telefônicas em

que os diálogos formam uma continuidade ou sequência do assunto tratado.

Outra situação a ser observada é que a transcrição, mesmo que

parcial, não pode jamais desprezar o contexto da co nversa mantida pelos

interlocutores . Por isso, em casos de transcrição de trechos do diálogo, devemos

ter em mente as definições de:

• Turnos de fala e

• Tópico conversacional.

Turno de fala corresponde a participação de cada interlocutor no

discurso. Durante a conversação, os interlocutores se alternam entre falante e

ouvinte, sendo que o falante, ou seja, aquele que fala no momento exerce o seu

Turno de Fala (sua vez de falar).

Galembeck & Costa (2009, p. 1940) definem turno de fala,

asseverando que:

A ideia de turno - de acordo com o senso comum – está ligada às várias situações em que os membros de um grupo se alternam ou se sucedem na consecução de um objetivo comum, e na conversação ocorre da mesma forma. Nesse sentido, pode-se caracterizar a conversação como uma série de turnos, entendendo-se por turno qualquer intervenção dos interlocutores (participantes do diálogo), de qualquer extensão, tanto aquelas que possuem valor referencial ou informativo (turnos nucleares), como aquelas intervenções breves, sinais de que um dos interlocutores está “seguindo” ou “acompanhando” as palavras do seu parceiro conversacional (turnos inseridos). A posição adotada considera ambas as modalidades de intervenção (com ou sem valor referencial) relevantes e significativas para a organização de textos e sequencias conversacionais. Todos os enunciados devem ser tratados como unidades construcionais de turno.

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Ambos os interlocutores (falante e ouvinte) são igualmente ativos,

mas participam de forma diferenciada na conversação, sendo que o falante é aquele

que - num dado momento da conversa – assume o papel de condutor principal do

diálogo, tornando-se o responsável pelo desenvolvimento do tópico

conversacional (T.C.) , cabendo a ele dar continuidade, redirecioná-lo ou abandoná-

lo.

Um tópico conversacional (T.C.) é um trecho do diálogo

correspondido entre o início e o fim de determinado assunto dentro da conversação

telefônica e pode ser composto por diversos turnos de fala, até que se esgote o

assunto.

Contudo, nada obsta que o assunto referente a determinado tópico

conversacional possa ser retomado no decorrer do diálogo, visto que a

comunicação verbal é um processo formado por alternância de turnos.

Em geral, o diálogo tende a ocorrer de forma simétrica, obedecendo

a certa estrutura em que cada falante exercita seu turno.

Sobre a simetria na conversação, Galembeck & Costa (2009, p.

1940), afirmam que:

Na conversação simétrica, ambos os interlocutores contribuem efetivamente para o desenvolvimento do tópico conversacional , ou seja, se revezam constantemente nas posições de falante e ouvinte, e todos dão contribuições relevantes em relação ao tópico, engajando-se substantivamente na consecução do objetivo comum. Todos os interlocutores têm igual oportunidade de falar como nas conversas corriqueiras do dia-a-dia. Já no diálogo assimétrico, apenas um dos interlocutores desenvolve o assunto e “domina a cena” por meio de uma série de turnos nucleares, ao passo que o outro só contribui com intervenções episódicas, marginais em relação ao tópico do fragmento. Entrevistas e consultas, entre outras, constituem exemplos de interações assimétricas. (grifo nosso)

Na citação acima, quando os autores se referem a tópico

conversacional , trata-se exatamente do assunto sendo discutido no momento,

dentro do processo de conversação.

Em uma conversação, seja telefônica, face a face, formal ou

coloquial, diversos assuntos são discutidos, possibilitando assim a divisão do diálogo

em tópicos conversacionais.

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Sendo assim, um tópico conversacional é um assunto entre os

diversos tratados no processo de conversação.

Todavia, em uma conversação telefônica, diversos assuntos serão

tratados e grande parte deles poderá ter a sua importância diminuída ou ainda ser

desprezada pelo transcritor.

Caso determinado assunto apresente informações relevantes, o T.C.

deverá ser integralmente transcrito, visando manter a contextualização da

informação transcrita. Nesse caso o T.C passará a ser tratado com Tópico

Conversacional Relevante – T.C.R.

Quadro 3 - Exemplos de T.R.C em transcrição de conversações telefônicas. Assunto: Investigação de fraude na folha de pagamen to da prefeitura.

MODALIDADE DE TRANSCRIÇÃO: ipsis litteris

1 JOÃO: Boa noite Maria?

2 MARIA: Boa noite, João. Tudo bom?

3 JOÃO: Tudo bem. E você?

4 MARIA: Bem também.

5 JOÃO: Então, MARIA, amanhã você vai poder

ajeitar aquele esquema da folha de pagamento para

mim?

6 MARIA: Acho que sim

7 JOÃO: Você acha que eu passo a receber já esse

mês?

8 MARIA: Sim. A folha só fecha dia 21. Então dá

tempo.

9 JOÃO: Ah. Bom demais então.

10 MARIA: Pois é.

11 JOÃO: Então. No mais tá tudo bem né?

12 MARIA: Tá sim.

13 JOÃO: Então tá bom. Tchau. Obrigado.

O trecho em negrito (turnos 5 a 9) corresponde

exatamente ao conceito de T.C.R aqui definido. O

referido T.C.R corresponde ao trecho relevante a ser

transcrito, referente à conversação telefônica aqui

exemplificada. Esse trecho contém informações

contextualizadas, pois seus elementos produzem uma

mensagem com significado completo. No caso

exemplificado, a inserção de JOÃO na folha de

pagamento. Procedimento este realizado por MARIA.

É possível perceber ainda que se trata do resultado

de uma operação anteriormente acertada pelos

interlocutores.

No exemplo, bastaria ao transcritor degravar o

trecho acima referenciado, pois somente ele contém

informações relevantes à investigação. O método para

transcrição com delimitação de trechos relevantes

será abordado mais adiante.

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1.5.2 Encontro Fortuito de Prova

Segundo a doutrina, encontro fortuito de prova acontece quando, no

decorrer de uma investigação - no nosso caso específico no procedimento de

interceptação telefônica - tem-se acesso a informações de outras pessoas ou fatos

penalmente relevantes, os quais extrapolam o objeto da investigação.

Por exemplo, numa interceptação telefônica para investigar

denúncias de crimes contra a administração pública (improbidade, peculato, etc.)

ocorre um diálogo entre o autor/falante e um terceiro/ouvinte (também pode ser

entre alvos) e este ou aquele (ouvinte ou falante) confessa ter cometido crime de

homicídio contra possível testemunha ou relata exercer a prática de tráfico de

entorpecentes (crimes diversos ao objeto da investigação).

Para Gomes (2011, p. 106), o encontro fortuito de provas, pode

assim ser definido:

O encontro fortuito pode ser denominado de serendipidade: trata-se de um neologismo que significa “algo como sair em busca de uma coisa e descobrir outra (ou outras), às vezes até mais interessante e valiosa”. Vem do inglês serendipity (de acordo com o Dicionário Houaiss), onde tem o sentido de descobrir coisas por acaso.

Magno (2013) também define encontro fortuito de prova,

corroborando com o autor acima citado, afirmando que:

O encontro fortuito de prova na interceptação telefônica se dá quando, no decurso da captação, se identifica prova de crime diverso daquele objeto da investigação. Curiosamente denominado de serendipidade pelo Professor Luiz Flávio Gomes (encontrada por acaso), predomina o entendimento na jurisprudência que somente poderá ser utilizada no procedimento investigatório originalmente instaurado quando for identificada hipótese de conexão ou continência com o crime principal que norteou o pedido (art. 76 e 77 do CPP).

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Na maioria dos procedimentos de interceptação telefônica, o

transcritor se depara com o encontro fortuito de provas.

Tais provas podem ser relacionadas a crimes cometidos pelo autor

ou por terceiros, como por exemplo, interlocutores envolvidos em infrações penais

diversas do fato investigado ou quando os fatos cometidos por terceiros não tenham

nenhuma relação de continência (concurso formal) com o investigado, tratando-se

de “encontro fortuito de segundo grau”. Neste caso caberá ao membro do ministério

público decidir acerca sua validade como prova no processo investigatório corrente.

Verificamos então que não cabe ao transcritor decidir ou argumentar

sobre a validade ou não da prova encontrada fortuitamente, quer seja prova conexa

ao fato investigado ou provas de outras infrações penais não relacionadas ao objeto

da investigação, atendo apenas a importância da transcrição desse fato.

Em relação ao chamado “encontro fortuito de 2º grau” (provas

fortuitas que não têm conexão com o fato investigado), Magno (2013), afirma que

“nos demais casos em que a prova for encontrada fortuitamente, sem conexão ou

continência, o material deverá ser utilizado a título de “notitia criminis”, com

permissividade de instauração lítica de procedimento investigatório novo.”

Resta nítido que, todo fato relacionado ao encontro fortuito de prova

deve ser assinalado pelo transcritor como fato relevante e consequentemente

transcrito, pois segundo Lima (2005, p. 313 apud CÂMARA & FILHO 2012, p. 451),

“aqueles fatos que não forem conexos servem, ao menos, como fonte de prova ou

notitia criminis, para dar início a uma nova investigação e até mesmo uma nova

interceptação telefônica independente”.

1.5.3 Diálogos Irrelevantes

Os diálogos irrelevantes, ou seja, aquele que não tem importância

por não conter nenhuma “prova fortuita” ou por não tratarem de assuntos

relacionados ou conexos ao objeto da investigação, podem apresentar-se de duas

formas:

• Diálogos integralmente irrelevantes e;

• Diálogos com trechos irrelevantes.

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Para os diálogos integralmente irrelevantes , o transcritor deverá

identificar os interlocutores conforme prescrito neste livro (página 16) e relatar

sinteticamente o teor da conversação.

Nos casos dos diálogos com trechos irrelevantes , o interlocutor

fará a transcrição apenas do conteúdo que contem relevância, ou seja, do tópico

conversacional relevante (tratado a partir de agora apenas como T.C.R.) ,

utilizando-se para isso da delimitação por marcador de tempo (página 25) inicial e

final (ex. 00:20-00:35) e relatando sinteticamente o teor do restante do diálogo (parte

irrelevante).

Exemplo 1: diálogo integralmente irrelevante.

MARIA X JOÃO – Interlocutores conversam sobre assuntos de trabalho e sobre o final de

semana com a família.

Exemplo 2 : diálogo com trechos irrelevantes.

MARIA X JOÃO

Interlocutores conversam sobre assunto familiar.

[01:22-01:30]

MARIA: FULANO disse que o “feijão” que você pediu vai chegar amanhã.

JOÃO: Bom demais. Vou lá pegar então.

A marcação de tempo aqui apresentada

delimita o trecho relevante, indicando que o

mesmo se encontra no intervalo

compreendido entre os minutos 01’22 a

01’30 do áudio a ser transcrito.

Page 20: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

20

2. MODALIDADES DE TRANSCRIÇÃO

2.1 Transcrições literal ou Ipsis Litteris

Ipsis litteris (diga /ípsis líteris/), é uma expressão de origem latina

que significa “com as mesmas letras”, “literalmente” ou “nas mesmas palavras”. É

utilizada para indicar que um texto foi transcrito fielmente como foi dito pelos

interlocutores. Trata-se de uma das muitas expressões usadas na linguagem culta

para indicar que alguma coisa está sendo transcrita literalmente, com toda a

exatidão.

Na modalidade de transcrição ipsis litteris, ou seja, transcrição literal,

devem ser observadas as características fonéticas produzidas no diálogo, tais como,

expressões fáticas, interrupções, repetições, meias palavras, hesitações e gaguejos,

tal qual como foi dito pelos interlocutores. O texto resultante pode não ter fluência,

coesão, coerência e correção.

Sua principal característica é que esta modalidade apresenta toda

informação mencionada pelos interlocutores durante o diálogo, mesmo nos casos de

ausência da fluência textual, coesão e coerência. Porém o texto pode não ter

nenhum significado aparente. A não ser quando analisado em conjunto com outras

transcrições.

Para esta modalidade, a conversação telefônica poderá ser

transcrita integralmente, ou seja, toda a conversação telefônica, ou somente o

T.C.R., inserindo marcadores de relevância nos trechos não transcritos (3.1.3

Delimitações de T.C.R ou de trechos relevantes, página 26).

2.2 Transcrição Padrão ou Inteligente

Nesta modalidade, o transcritor ignora as características fonéticas

incomuns à língua culta e eventuais erros cometidos, não indicando pausas,

expressões fáticas, nem outras características observadas na transcrição ipsis

litteris.

Page 21: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

21

O texto resultante é mais fluente e gramaticalmente correto, sem

interrupções, repetições, meias palavras, hesitações e gaguejos, porém contendo o

T.C.R.

Tendo em vista a riqueza fonética da fala de nosso país, repleta de

manifestações regionais, nesta modalidade de transcrição, faz se a opção por seguir

as regras gramaticais, tomando por premissa a importância do conteúdo da

informação e não a transcrição fonética.

O objetivo da modalidade Padrão ou Inteligente é o de tornar a

leitura agradável, mesmo na ausência da fluência textual, coesão e coerência que,

em muitos casos, são características recorrentes em conversações telefônicas.

2.3 Resumos de diálogos

O resumo de diálogos não oferece os elementos necessários para a

transcrição de dados orais em análise da conversação (unidades de construção de

turnos, tópicos conversacionais atribuições de pausas, interrupções, etc.). Sendo

assim, o resumo não pode ser considerado uma modalidade de transcrição plena.

No entanto, esta modalidade pode ser eficientemente empregada

em casos que, devido ao volume de áudios a serem transcritos e o exíguo prazo

para a conclusão dos trabalhos, exijam mais agilidade no processo de transcrição.

Resumir diálogos consiste em transcrever de forma sumarizada, com

predominância do discurso indireto, as falas dos interlocutores, de modo que se

possa manter a fidelidade na transmissão da mensagem sem, no entanto, suprimir

expressões ou sentenças importantes para o significado do diálogo ou para o

objetivo do procedimento em curso.

O resumo deve primar pela manutenção do T.C.R, dispensando a

transcrição de tópicos ou trechos irrelevantes do diálogo.

Tais tópicos irrelevantes devem ser apenas mencionados

sinteticamente, indicando o assunto a que se refere cada tópico. Ex.: Assunto

familiar, assunto pessoal, assuntos de trabalho, et c.

Page 22: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

22

Sempre que possível, o resumo do diálogo deve enfatizar as quatro

questões básicas citadas anteriormente: Quem? O que? Onde? Quando?

No quadro abaixo, podemos verificar a diferença existente entre uma

transcrição ipsis litteris e a modalidade resumo:

Quadro 4 – Ipsis Litteris x Resumo

Ipsis Litteris Resumo

CARLOS X MARIA

01 CARLOS: Bom dia.

02 MARIA: Bom dia. Tudo bom?

03 CARLOS: Tudo, e você?

04 MARIA: Estou ótima. Cê fa, falou com o

JOSÉ, sobre aquele... aquele negócio que a

gente conversou ?

05 CARLOS: Não. Falei não. Não deu tempo

ainda. Ontem eu viajei. Fui para CALDAS

NOVAS.

06 MARIA: Cê, cê vai falar com ele hoje?

07 CARLOS: Acho que sim. Vou ver.

08 MARIA: Ah não. Fala com ele. Agiliza aí.

Depois cê me liga, tá bom.

09 CARLOS: Tá. Tchau.

10 MARIA: Tchau.

CARLOS X MARIA (quem) - MARIA pergunta a

CARLOS se o este falou com JOSÉ, sobre

“aquele negócio que a gente conversou” (o

que). CARLOS diz que não deu tempo, pois

ontem viajou para CALDAS NOVAS (onde).

MARIA pergunta se CARLOS vai falar hoje e

este diz que vai ver, que acha que sim. MARIA

pede para CARLOS agilizar e ligar para ela

depois (quando).

Obs: A transcrição resumida se caracteriza por

abster-se da formatação por turnos de fala,

necessária a transcrição ipsis litteris, tornando a

digitação mais rápida e o processo de

transcrição mais célere.

Note que a principal finalidade desse tipo de transcrição é a redução

no tempo do trabalho, através da rapidez no processo de digitação, e a

apresentação mais compacta das informações.

Em situações nas quais determinados trechos do diálogo não

possam ser transcritos na forma de discurso indireto, por falta de clareza na

expressão dos interlocutores, omissão de palavras que completam a oração,

sentenças obscuras, etc., deve-se transcrever o referido trecho na forma ipsis litteris,

entre aspas, como no exemplo apresentado no quadro acima (negrito).

Page 23: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

23

A ocorrência da situação acima descrita é frequente na modalidade

resumo, produzindo textos que combinam as duas modalidades (ipsis litteris e

resumo), não interferindo na qualidade do trabalho e nem comprometendo a clareza

do diálogo.

Decidir sobre qual modalidade de transcrição deve ser usada é

função do gestor de casos. Cabe a ele a identificação da necessidade do emprego

da modalidade de transcrição que melhor convém ao procedimento investigatório e a

confecção dos relatórios de inteligências.

É válido ressaltar que, a transcrição literal ou ipsis litteres, é a

principal garantia de fidelidade ao áudio original.

No entanto, quando não for especificada pelo gestor de casos a

modalidade de transcrição a ser empregada durante o procedimento de

interceptação telefônica, o transcritor deverá optar pelo resumo de diálogos, por se

tratar da modalidade predominantemente empregada pelo CSI/PMGO.

3. METODOLOGIA

A metodologia empregada no processo de transcrição de

conversações telefônicas exige a utilização de uma série de marcadores que visam

orientar o usuário na leitura do diálogo transcrito.

Os referidos marcadores sequem uma séria de formatações

específicas que foram desenvolvidas com base em estudos publicados acerca de

pesquisas na área de linguística, bem como baseado na experiência das diversas

transcrições realizadas pelo CSI/PMGO.

Tais marcadores enriquecem a leitura do texto, identificando

interlocutores, delimitando trechos relevantes, organizando os turnos de fala e

proporcionando ao usuário maior fidelidade entre o que foi escutado e o que foi

transcrito.

Ademais, os marcadores aqui especificados foram ajustados para

proporcionarem maior agilidade na digitação das transcrições ipsis litteris, sem, no

entanto deixar de empregar uma quantidade mínima de atributos necessários a sua

boa formatação.

Page 24: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

24

3.1 Marcadores Conversacionais

Marcadores Conversacionais são sinais especialmente inseridos

para orientar o usuário na leitura da transcrição. Tem como finalidade precípua

organizar o texto para que a transcrição se torne o mais fiel possível ao diálogo

inserido na conversação telefônica interceptada, mantendo a relação estrutural entre

o diálogo transcrito e o diálogo escutado.

3.2.1 Marcadores de Identificação

A identificação dos participantes consiste em sinalizar, por meio de

marcadores específicos, inseridos início das falas, os turnos e interlocutores da

conversação em curso. A identificação varia de acordo com o número de

participantes, sendo:

a. Diálogos com até dois interlocutores

Para diálogos com até dois interlocutores com nomes não

declarados ou desconhecidos (pessoas não identificada), será utilizada a sigla HNI,

para interlocutor (masculino) e MNI para interlocutora (feminino), precedido da

numeração indicativa do turno de fala. Essa numeração agiliza a localização de

trechos específicos do diálogo em transcrições muito longas.

Exemplo: (Dois participantes)

01 HNI: Bom dia. Como vai?

02 MNI: Muito bem. E você?

Para fins didáticos, vamos adotar a numeração dos turnos de fala,

em todos os exemplos citados nesse livro. Porém, seu uso é recomendado apenas

em transcrições que ultrapassem 10 turnos.

b. Diálogos com mais de dois interlocutores

Nos diálogos com mais de dois interlocutores, será empregada

numeração cardinal à direita da sigla correspondente ao respectivo interlocutor

Page 25: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

25

(HNI1, HNI2, HNI3..., ou MNI1, MNI2, MNI3...), facilitando assim a compreensão do

fluxo do diálogo e a atribuição de cada turno ao seu respectivo falante.

Exemplo: (mais de dois interlocutores)

01 HNI1: Bom dia. Posso falar com ela?

02 MNI2: Sim. Só um minuto, por favor.

03 MNI3: Alô.

04 HNI1: Oi. Tudo bom?

Em caso de posterior identificação dos interlocutores, caberá ao

transcritor a atualização dos diálogos anteriores que envolvam os mesmos

interlocutores, substituindo a sigla MNI ou HNI, pelo seu respectivo nome ou

pseudônimo, se for o caso.

Em se tratando de pessoa identificada, os nomes devem ser

transcritos em caixa alta (maiúsculo), visando enfatizar a atuação do interlocutor no

diálogo, bem como sua referência a outros atores.

Exemplo:

01 CARLOS: Bom dia MARIA. Tudo bom?

02 MARIA: Tudo bem, CARLOS. E com você?

03 CARLOS: Estou bem. Você conseguiu falar com o JOSÉ?

3.2.2 Marcadores de Tempo

A marcação do tempo consiste em assinalar trecho de áudio com

indicativo de tempo, orientando o usuário na localização da palavra ou ponto de

interesse (trecho do diálogo ou TCR).

Para a aplicação da marcação de tempo, utiliza-se a configuração

horas, minutos e segundos (hh:mm:ss), inserida entre colchetes.

Exemplo: [01:42:05]

Page 26: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

26

A marcação de tempo é frequentemente utilizada durante as

transcrições, relacionando-se a várias situações.

3.2.3 Delimitação de T.C.R ou de trechos relevantes .

Para diálogos em que parte da conversação possa ser desprezada

ou suprimida, deve ser utilizada marcação de tempo, assinalando o início de um

trecho relevante ou de um T.C.R.

A marcação de tempo deve ser inserida antes do início da

transcrição do diálogo, observando a configuração horas, minutos e segundos,

indicada entre colchetes.

Exemplo:

(Assunto pessoal)

[00:02:16]

01 JOÃO: Vou ver se amanhã falo com JOSÉ para pegar o dinheiro.

02 MARIA: Beleza. Fala para ele depositar naquela conta que eu passei.

Obs.: No exemplo acima, a marcação de tempo inserida na transcrição do diálogo

([00:02:16]), indica o início de um T.C.R.

Um T.C.R pode ser composto por vários turnos de fala e cada turno

deve ser transcrito de forma completa, a fim de manter a contextualização do

assunto ou seja, um T.C.R é o tópico ou assunto transcrito de forma contextualizada.

Já um trecho relevante , no entanto pode ou não estar inserido

dentro do contexto, não contribuindo para o encadeamento do discurso.

Observa-se que, Tudo o que foi conversado a partir da marcação de

tempo, foi considerado relevante pelo transcritor e por isso foi transcrito. O que foi

conversado no trecho ou T.C.R anterior a marcação de tempo, foi considerado

irrelevante e pode ser suprimido da transcrição, bastando apenas sintetizar o

assunto tratado.

Page 27: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

27

O mesmo procedimento pode ser empregado na modalidade

“resumo”.

Exemplo:

JOÃO X MARIA - [00:02:16] JOÃO diz a MARIA que vai ver se amanhã fala com ele (JOSÉ),

para pegar o dinheiro. MARIA pede para falar para ele (JOSÉ) fazer o depósito na conta que

ela passou.

3.2.4 Hipóteses de áudio

A qualidade sonora do áudio, interferências, sons ambientes e

distorções relativas a transmissão, prejudicam o entendimento ou tornam

incompreensível determinadas palavras ou sentenças em um trecho de áudio.

Características regionais ou particularidades no modo de falar, também prejudicam o

entendimento de algumas palavras ou expressões proferidas durante o diálogo.

A Hipótese de Áudio ocorre em situações onde não podemos ter

certeza do que foi falado em determinado trecho do diálogo. Neste caso, transcreve-

se a palavra hipoteticamente correta entre parênteses e faz-se a marcação de

tempo, logo após a palavra.

Exemplo:

1 MARIA: Fiquei sabendo que houve um (incêndio)[00:35] lá.

3.2.5 Áudio Ininteligível

A ininteligibilidade, ou áudio ininteligível (que não se pode entender,

obscuro, incompreensível, indecifrável) é uma das ocorrências mais frequentes nas

transcrições de diálogos de conversações telefônicas. Consiste na palavra ou

sentença totalmente incompreensível, indecifrável ou obscura, em determinado

trecho de áudio.

Nos casos de ininteligibilidade da palavra, ou seja, não sendo

possível compreender e nem formular a hipótese de áudio referente a palavra que

foi dita, insere-se a expressão “inint”, entre parênteses, seguida da marcação de

tempo, orientando a localização da referida palavra pelo usuário.

Exemplo: HNI: Fulano disse que é para a gente (inint)[00:20:15] mais tarde.

Page 28: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

28

Não é recomendável durante o processo de transcrição, a ocorrência

frequente de hipótese de áudio ou ininteligibilidade, pois o excesso dessas

ocorrências prejudica a análise da conversação e a produção de um relatório de

inteligência claro e preciso.

Para reduzir o excesso de marcação de inteligibilidade e de hipótese

de áudio, recomenda-se ouvir a palavra ou sentença quantas vezes for necessário,

para a certeza de sua compreensão ou inteligibilidade.

Caso ainda restem dúvidas quanto a compreensão da palavra ou

sentença, se possível, certifique-se junto aos demais transcritores, solicitando que

os mesmos ouçam a palavra ou trecho de áudio ininteligível ou de compreensão

deficiente, transcrevendo a hipótese de áudio mais adequada.

Em casos mais específicos, a forma mais aceitável para comum

acordo sobre a compreensão da palavra ou trecho a ser transcrito, é comunicar-se

com o analista ou gestor de casos. Dessa forma, o transcritor comunica o que foi

compreendido em relação a determinada palavra ou sentença e solicita ao analista

ou gestor de casos, que ouça a mesma palavra ou sentença, informando a sua

compreensão acerca do que foi escutado.

Apesar da aplicação da técnica acima descrita, a marcação de áudio

ininteligível e principalmente a marcação de hipótese de áudio é uma atividade

crítica e mais complexa do que parece.

O transcritor deve ter cuidado em relação a resolver aquelas

expressões ou trechos que lhe são totalmente incompreensíveis. Contudo, não

deverá subtrair elementos textuais, mesmo que estes possam gerar confusão ou

ainda dificultar a inteligibilidade. Então, deve-se tomar o máximo de cuidado para

não inserir opiniões pessoais não embasadas sobre fatos ocorridos ou percebidos

durante o processo de audição da conversação telefônica interceptada.

Vale ressaltar que, apesar de não ser recomendável, a ocorrência de

hipótese de áudio ou sentença, e a inteligibilidade dos mesmos, em diversos casos,

é inevitável e até aceitável, dado a sua impossibilidade de compreensão. Desde que

seja evitado o excesso.

Na dúvida, optar por uma marcação de áudio ininteligível ou

hipótese de áudio é opção imprescindível, em detrimento a supressão de

determinada palavra ou sentença, o que seria inaceitável.

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Quadro 5 – Observações referente à marcação de tempo

Observação

Toda marcação de tempo relativa a delimitação de T.C.R, trechos

relevantes, Hipótese de áudio ou Áudio Ininteligível, deverá ser lançada

tomando por base a numeração apresentada na timeline do Audacity® 1.3.5

(ANSI)(figura 1) - player de áudio utilizado pelo CSIPMGO - e servirá para orientar o

usuário a localizar no áudio original a hipótese de áudio, ininteligibilidade ou

delimitação relevante que foi transcrita.

Exemplo:

01 HNI: Então aquela (parada)[00:42:05] chega amanhã?

Figura 1: timeline do Audacity® 1.3.5

3.2.6 Sobreposições de falas

A fala simultânea ou sobreposição de falas ocorre quando um dos

interlocutores “fala por cima” (sobrepõe) a fala do outro. A ocorrência da

sobreposição nos diálogos de conversação telefônica prejudica a compreensão do

que foi dito pelos interlocutores. Porém, não é a regra.

Para as situações onde é possível compreender o que foi dito pelos

interlocutores (sobreposição inteligível), transcreve-se normalmente os respectivos

turnos de fala, sem nenhuma marcação específica além daquelas até aqui

estudadas, procedendo como no exemplo abaixo:

Ex.:

1 JOÃO: Gosto daquele restaurante. Sempre que eu posso=

2 MARIA: Sei fala sobreposta marcadores de continuidade

3 JOÃO: =eu almoço lá.

Page 30: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

30

Essa exceção em relação ao emprego dos marcadores nas

sobreposições inteligíveis se dá nos casos de continuidade da oração em que uma

fala composta por uma oração curta, interjeição ou expressão fática sobrepõe a

expressão ou oração proferida pelo primeiro falante. Neste caso, faz-se o emprego

do sinal “=” (igual) no final do turno sobreposto e no início do turno seguinte a

transcrição do turno sobreposto, indicando continuidade.

No caso do exemplo acima, a segunda frase do turno 1 é continuada

no turno 3, formando uma oração. Sendo assim, é necessário o emprego do

marcador de continuidade “=”.

Caso o falante seja bruscamente interrompido pela sobreposição de

fala, cessando o que está dizendo, emprega-se “...” (reticência) no final do turno,

após a fala sobreposta.

Ex.:

1 JOÃO: Gosto daquele restaurante. Sempre que eu posso...

2 MARIA: Sei. fala sobreposta

3 JOÃO: Hã?

4 MARIA: Nada. Pode continuar.

5 JOÃO: Ah, tá. Sempre que eu posso eu almoço lá

Obs.: “a reticência é uma supressão ou omissão voluntária de uma coisa que poderia ou deveria ter sido dita”, ou ainda “atitude de quem hesita em dizer expressamente o seu pensamento, em dar um parecer, etc.”. “(...)na produção textual, três pontos, dispostos paralelamente à linha e ao lado de alguma palavra, us. para marcar uma pausa no enunciado, podendo indicar omissão de alguma coisa que não se quer revelar, emoção demasiada, insinuação etc.” (Dicionário Houaiss, 2013).

Para os casos onde não é possível compreender a fala de uns dos

interlocutores, ou de ambos, ou ainda exista a ocorrência de hipótese de áudio

integrada a fala simultânea (sobreposição), aplicam-se a regras dispostas nos itens

referentes à hipótese de áudio e áudio ininteligível (3.1.2 a e b) deste livro, inserindo

o marcador adequando para cada caso, entre “[ ]” (colchetes), em substituição aos

“( )” (parênteses) utilizados para aqueles casos.

A marcação de tempo, indicando o local da ocorrência da

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31

sobreposição de fala no áudio, deverá ser inserida externamente, à direita do

colchete de fechamento da ocorrência de sobreposição de fala para o primeiro

falante - “[sobreposição][00:00:00]”, tornando-se dispensável para o segundo

falante, visto que a sobreposição de fala é uma ocorrência simultânea que afeta os

turnos de fala onde foi registrada, no mesmo intervalo de tempo onde ocorreu.

Ex.1: Áudio Ininteligível para um dos falantes

... Sobreposição com áudio ininteligível

3 JOÃO: Ah, bom. E [inint][00:22] Marcação de tempo

4 MARIA: Comprei..., comprei passagem para amanhã já.

...

Ex.2: Áudio Ininteligível para dois falantes.

...

3 JOÃO: Ah, bom. E [inint][00:22] Sobreposição com áudio ininteligível

4 MARIA: [inint] comprei passagem para amanhã já.

Não é feita a marcação de tempo para o segundo falante, visto a simultaneidade da ação.

...

Ex.3: Hipótese de Áudio para um dos falantes

... Sobreposição hipótese de áudio

3 JOÃO: Ah, bom. E [como ficou?][00:22] marcação de tempo

4 MARIA: Comprei..., comprei passagem para amanhã já.

...

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Ex.4: Hipótese de Áudio para dois falantes

... Sobreposição hipótese de áudio

3 JOÃO: Ah, bom. E [como ficou?][00:22] Marcação de tempo

4 MARIA: [Comprei...], comprei passagem para amanhã já.

Não é feita a marcação de tempo para o segundo falante, visto a simultaneidade da ação.

...

3.2.7 Inserções de comentários

Existem algumas situações em que, durante a transcrição fez-se

necessário a inserção de comentários grafados pelo transcritor, manifestando seu

entendimento acerca de determinada situação observada na audição da

conversação telefônica interceptada.

Essas situações ocorrem quando o transcritor detecta alguma

característica aparentemente sutil, mas que pode ter alguma relevância quando

analisada no conjunto das transcrições já realizadas. Pode ser um ruído de fundo,

que indique atividade ou localização do interlocutor, conversas de fundo, nas quais

seja possível identificar a participação de terceiros em atividades de relevância para

investigação, etc.

A inserção de comentários deve ser feita entre parênteses duplos

“(())”, distinguindo da marcação de Hipótese de Áudio, que faz uso de parênteses

simples “( )”.

Ex.1:

1 JOÃO: Onde vocês está MARIA? Tá na delegacia?

2 MARIA: Não. Já saí de lá. Estou em casa agora. ((ouve-se sirenes provavelmente de

veículos de emergência)). Inserção de comentários

3 JOÃO: Ah, tá.

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Ex. 2:

1 FULANO: Vem aqui agora. Corre!

2 CICRANO: O quê que foi?

3 FULANO: Os caras vão me pegar ((ouve-se três estampidos)) inserção de comentários

4 CICRANO: Onde você está?

5 FULANO: ... ((ouve-se mais dois estampidos)) inserção de comentários

4. REGRAS GERAIS

4.1 Algarismos Numéricos

a. Numerais cardinais

Os números cardinais devem ser transcritos na forma numeral (não

por extenso). No caso de números redondos (terminados em zero, ou seja, números

múltiplos de potência de dez), acima de 999.000, transcreve o seu múltiplo, na forma

por extenso (1 milhão, 2 milhões, 10 milhões, 2 milhões, etc). Essa técnica visa

agilizar o processo de transcrição, evitando a digitação dos caracteres numéricos

que possam ser substituídos por palavras mais curtas.

Exemplo:

01 HNI: Fulano me disse que você deve 1 milhão. É verdade?

02 MNI: Não. Devo 980.000 a ele.

Os números de 1 a 9 devem ser transcritos sem inserir o número 0 à

esquerda. Nos demais casos, transcrevem-se os números cardinais normalmente,

utilizando-se dos pontos e vírgulas existentes, conforme cada caso. (1.955, 2.013,

1.835.320, etc).

Exemplo:

01 MNI: O processo que ele me falou é o de número 2.357.

Page 34: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

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b. Numerais Ordinais

No caso dos números ordinais, do primeiro ao décimo, transcreve-se

na forma por extenso. Posterior ao décimo número ordinal transcreve-se na forma

numérica 11º, 12º, 13º e assim por diante.

Exemplo:

01 MNI: Fiquei em décimo lugar.

02 HNI: Eu fiquei em 22º lugar.

c. Números fracionários

Com exceção da forma partitiva “meio”, para os demais casos,

transcreve-se na forma numérica (1/3, ¼, 1/5, 1/10, etc).

Exemplo:

01 CARLOS: Ele me pagou só 1/3 do que me devia.

d. Porcentagem

A porcentagem ou percentagem deriva do latim per centum,

significando “por cento”, “a cada centena”.

A grafia “porcento” é incorreta, sendo que a escrita correta da

palavra é “por cento”, escrito separadamente. Neste caso, a expressão 35%, por

exemplo, transcrita na forma por extenso, será “trinta e cinco por cento”.

Para evitar esse tipo de erro comum em transcrições, recomenda-se

transcrever a porcentagem utilizando a forma numérica (35%, 25%, 10%, etc).

Exemplo:

01 HNI: Ele me deu 50% de desconto.

e. Valores financeiros

Se, no decorrer do diálogo, os interlocutores expressarem

claramente a moeda utilizada, deve-se transcrevê-la utilizando o símbolo monetário

correspondente a respectiva moeda, seguido da forma numérica do valor citado (R$

1.000,00, US$ 500,00, R$ 0,50, etc).

Page 35: Guia do Transcritor - Métodos para transcrição de conversações telefônicas

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Exemplo:

01 HNI: Vou ao banco mais tarde e sacar R$ 1.000,00.

Nos casos em que os interlocutores citam valores sem, no entanto,

especificarem a moeda, transcreve-se apenas a forma numérica do valor citado,

evitando a utilização das casas décimas à direita da vírgula, observando ainda a

regra aplicada aos numerais cardinais.

Exemplo:

01 HNI1: Por quanto você vendeu o seu carro?

02 HNI2: Uai, o cara pagou 10.000 nele.

4.2 Citações

As citações são ocorrências frequentes durante a transcrição de

conversações telefônicas, havendo situações em que o interlocutor cita a fala de

outra pessoa ou de si próprio.

Para transcrever as citações, coloca-se vírgula seguida de “aspas”,

indicando que o interlocutor se refere a fala de outra pessoa, ou mesmo a própria

fala, ao relatar o que disse em determinada situação.

Exemplo:

01 HNI: Então eu falei para ele, “eu tô fora. Assim não serve pra mim não.”. E ele então

falou, “ah nem cara! Cê ta complicando tudo.”.

Observe que não foi utilizado dois pontos para iniciar a citação. Na

transcrição, recomenda-se utilizar dois pontos apenas para separar a identificação

do interlocutor da oração ou palavra pronunciada pelo mesmo ao iniciar o seu

respectivo turno de fala.

O fechamento da citação é feito utilizando a pontuação correta para

cada caso, seguido do fechamento das aspas e do ponto final ou da pontuação

pertinente.

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4.3 Datas

Em relação às datas, se, durante o diálogo, o interlocutor falar o

nome do mês (janeiro, fevereiro, março, etc.), transcreve-se por extenso. Nos

demais caso transcreve-se a data na forma numérica como foi dita pelo interlocutor.

Exemplo 1:

01 HNI: Essa festa deve acontecer entre 15 de abril a 15 de maio desse ano.

02 MNI: Acho que vai ser em abril mesmo.

Exemplo 2:

01 HNI: Essa festa deve acontecer entre o dia 15 desse mês ao dia 15 do mês que vem.

02 MNI: Acho que vai ser nesse mês mesmo.

Em relação a transcrição do ano, (1975, 2013, 1960, 1974, etc.), é

recomendado fazer a supressão do ponto do milhar.

Exemplo:

HNI: Fulano me disse que você nasceu em 1975.

4.4 Hora

Transcreve-se a referência a horários, utilizando a configuração

básica hh:mm (horas, minutos), seguida da palavra horas.

Exemplo:

HNI disse que estaria no local do encontro as 16:30 horas.

No caso das modalidades ipsis litteris e Transcrição Padrão ou

Inteligente, a transcrição dependerá de como a referência a horário foi dita pelos

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interlocutores, obedecendo a mesma regra para os números cardinais.

Exemplo:

01 HNI: Passa lá em casa as 2 e meia.

02 MNI: Vou passar as 3. É melhor.

03 HNI: Por falar nisso, o chefe pediu para ir a casa dela às 20:00 horas.

04 MNI: Então a gente vai.

4.5 Palavras estrangeiras

Quando citadas e, sendo possível a sua compreensão, a palavra

deverá ser colocada entre parênteses, seguida da marcação de tempo, indicando o

local da ocorrência da palavra, dentro do diálogo.

Exemplo:

MNI: O gerente diz que temos que fazer um tal de (benchmarking)[00:38:52], mas eu não

sei o que é isso.

Palavras estrangeiras de uso mais comum na língua portuguesa

(aportuguesadas) tais como nome de sites, rede social, softwares e sistemas de

informática, dispensam a inserção da formatação acima especificada, desde que o

transcritor conheça a palavra e tenha certeza de seu significado ou uso comum nos

diálogos atuais. Porém, recomenda-se a sua transcrição em caixa alta

(MAIÚSCULO), enfatizando o uso do software, acesso a rede social ou o site ao

qual o interlocutor faz referência.

Exemplo:

01 MNI: Acessa o FACEBOOK e posta uma mensagem no seu FEED.

02 HNI: Vou fazer isso. Mas antes, vou excluir o meu ORKUT porque o meu FIREFOX não

quer acessar.

03 MNI: Deve ser um problema no seu sistema operacional. Você está usando o WINDOWS

XP ou o WINDOWS 7?

04 HNI: Estou usando o XP.

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4.6. Endereços digitais, hiperlinks e e-mail

Nos casos em que o interlocutor se refere a sua conta de e-mail,

endereço de uma página na internet ou página pessoal em redes sociais,

transcreve-se em minúsculo, utilizando a grafia conforme a fonética do interlocutor,

sem complementar o endereço de internet citado (www, http://, etc.), a não ser que o

endereço seja citado na íntegra.

Exemplo:

01 HNI: Você vai ter que acessar a página da empresa para ver.

02 MNI: Qual é o endereço do site da empresa?

03 HNI: É pontozero.com.br

04 MNI: Pontozero tudo junto?

05 HNI: Sim. Anota aí o meu e-mail também.

06 MNI: Fala.

07 HNI: [email protected]

4.7 Nomes próprios e siglas

Os nomes próprios, tais como nome de cidades, marcas, empresas,

instituições, os nomes de lugares e siglas, são transcritos em caixa alta (maiúsculo),

visando enfatizar a palavra citada pelos interlocutores.

Exemplo:

01 HNI: Estou em GOIÂNIA.

02 MNI: Em que lugar?

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03 HNI: Na PRAÇA TAMANDARÉ.

04 MNI: Sim, mas a praça é grande.

05 HNI: De frente a TROPICAL PNEUS.

06 MNI: Nossa! Estou aqui de frente o TJ.

4.8 Expressões fáticas e Interjeições

A modalidade de transcrição ipsis litteris demanda transcrever

algumas expressões fáticas e interjeições, de uso comum nas conversas do dia a

dia, tais como, ah, eh, ih, oh, uh, ueh, uhum, ãham, hein. No estudo da linguística,

as expressões fáticas são tratadas na transcrição como marcadores fáticos.

Segundo Brown & Levinson (1987, apud LAGE 2013, p.132), os

marcadores fáticos são:

(...) marcadores conversacionais utilizados para garantir a atenção do interlocutor, podendo aparecer no início de enunciados ou no fim de unidades tonais. Podem ser considerados como uma estratégia de polidez positiva (intensifique interesse pelo ouvinte) de acordo com a teoria de Brown e Levinson (1987).

Em todas as conversações telefônicas, não importando o nível social

dos envolvidos, ocorrerá o inevitável emprego de interjeições e “sinais

conversacionais” (MARCUSCHI 2003, p.68) , principalmente aquelas mais comuns

como né, hein, ah, hã, ãham, uhum e hum.

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Figura 1 - Quadro de sinais conversacionais para falante e ouvinte Fonte - Marcuschi, 2003, p. 68

Segundo o Dicionário Houaiss, interjeição é “palavra invariável ou

sintagma que formam, por si sós, frases que exprimem uma emoção, uma sensação,

uma ordem, um apelo ou descrevem um ruído (p.ex.: psiu!, oh!, coragem!, meu

Deus!)”.

Com a finalidade de padronizar o emprego dessas expressões,

segue abaixo uma relação das interjeições, e expressões fáticas (elementos não

lexicalizados) mais comuns, encontradas durante a transcrição de conversações

telefônicas:

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Quadro 7: Marcadores fáticos e interjeições

Marcadores fáticos e interjeições Exemplos

eh Trata-se de uma pausa sonora, enquanto o interlocutor formula a sua próxima oração

ou pensa na próxima palavra a ser dita.

HNI: Eh... você vai vir? Não confundir com “é”, do verbo “ser”(eu sou, tu és, ele é...), exemplo: HNI: Ele não me disse quem é.

ah 01 MNI: Estava falando de outra pessoa. 02 HNI: Ah, tá.

ih 01 MNI: Você vai vir? 02 HNI: Ih. Acho que hoje não vai dar não.

oh 01 MNI: Não é de ver que eu consegui. 02 HNI: Oh. Sério?

ó (olha) HNI: Mas, ó, fica tranquilo que vai dar tudo certo.

uh MNI: Uh! Essa foi por pouco.

ué 01 MNI: Ué, cê não vai vir não? 02 HNI: Vou mais tarde.

uhum 01 HNI: Depois, não tem jeito. Não é mesmo? 02 MNI: Uhum.

hum 01 HNI: Hoje não vai dar tempo não. 02 MNI: Hum. Que pena.

hã-hã 01 HNI: Entendeu o que eu falei? 02 MNI: Hã-hã.

hã 01 HNI: Foi roubado hoje cedo. Acredita nisso? 02 MNI: Hã?

eita 01 HNI: Quase que fui preso. Você acredita? 02 MNI: Eita.

hein 01 MNI: Hein, cê vai vir que horas. 02 HNI: Só mais tarde.

OBSERVAÇÕES

As expressões “tá” e “né”, não são fáticas. São contrações das expressões “está” (forma simplificada de “está certo” ou “está bom”) e “não é”. A forma de transcrição “neh” e “tah”, são consideradas erradas.

Os fonemas “ocê, “cê” e “procê” devem ser transcritas como “você” e “para você”, utilizando a forma padrão de linguagem, pois não são expressões fáticas.

As expressões “nóis”, “vamo”, “tamo”, “tô” e “vô”, também devem ser transcritas na forma padrão “nós”, “vamos”, “estamos”, “estou” e “vou” por também não se enquadrarem como expressões fáticas.

As expressões “pra”, “pro”, “tá”, “dá” são aceitas na transcrição.

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4.9 Interrupções

As interrupções no diálogo são utilizadas na transcrição de ligações

telefônicas na modalidade ipsis litteris. Ocorre quando um dos interlocutores está

falando e é interrompido pelo outro, interrompe a conversação voluntariamente, ou é

interrompido por qualquer outro motivo que não caracterize uma pausa no diálogo. A

interrupção deve ser transcrita na forma de “...” (reticência), após a última palavra

preferida pelo falante.

Elimina-se o uso de espaços entre as interrupções.

Exemplo:

01 HNI: Olha, eu não tenho certeza. Acho que o conserto ficou em...

02 MNI: Eu vi lá. Ficou em R$ 300,00.

4.10 Meias palavras, truncamentos, hesitações e gag uejos

Na modalidade ipsis litteris, truncamentos, palavras ditas pela

metade, hesitações e gaguejos, devem ser transcritos na íntegra.

No caso de meias palavras e hesitações, utilizam-se os “…”

(reticências) após a palavra, sem uso dos parênteses.

Para truncamentos e repetições, a “/” (barra), seguida de espaço, é

empregada.

No exemplo abaixo, é possível perceber que todas as características

mencionadas neste tópico se fazem presentes em um único trecho de diálogo:

Truncamentos e gaguejos

MNI: Bom, eh... eh..., fu/ foi assim, eu diria que Fo/ foi algo que quando eu comecei a

pen... quando eu percebi, eu já estava lá dentro, me sentindo em casa mesmo.

Nas hesitações, as reticências indicam um prolongamento fonético

na pronuncia da expressão fática ou de uma palavra qualquer, demonstrando

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hesitação na fala do interlocutor. Neste caso, o interlocutor permanece vocalizando a

referida expressão, enquanto pensa na forma de concluir ou iniciar uma sentença.

Exemplo:

01 HNI1: Eh..., Eh..., bom, enfim, depois eu vejo como vou fazer para resolver isso.

02 HNI2: Mas o..., o... o chefe quer isso pra hoje. Ele não te falou?

É possível observar, no exemplo acima, que ocorre uma pausa na

transmissão da mensagem, enquanto o interlocutor formula mentalmente a forma

como irá se expressar, ou a oração que proferirá.

Já o exemplo abaixo, caracteriza-se predominantemente pelo uso de

meias palavras na verbalização do interlocutor.

Exemplo:

MNI: Então, me conta como é que você... a sua primei... eu quero saber na verdade como

foi a sua primeira vez nes... na instituição.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As características ligadas às modalidades de transcrição, bem como

aos sistemas gráficos empregados nas transcrições de textos orais são

apresentadas em diversos estudos pelo mundo, sendo que no Brasil, os trabalhos

de maior destaque são o livro Análise da Conversação, do Professor Doutor Luiz

Antônio Marcuschi2 e o Projeto Norma Urbana Culta - NURC3, que convenciona

uma série de marcadores a serem utilizados na atividade de transcrição.

Contudo, o objetivo deste trabalho não é esgotar o tema e sim

sugerir a instituição de um padrão próprio de transcrição a ser utilizado no âmbito do

Ministério Público do Estado de Goiás.

As convenções adotadas neste trabalho foram elaboradas a partir de

apanhados oriundos do Padrão Brasileiro – PB e do Padrão Europeu – PB, incluindo

ainda as formas de sinalização desenvolvidas por Marcuschi e pelo Projeto Norma

Urbana Culta – NURC.

Porém, o emprego das técnicas utilizadas na transcrição para

análise de conversação etnometodológica extrapolam as necessidades do Ministério

Público de Goiás, no que se refere a produção de prova documental por meio da

transcrição de chamadas telefônicas interceptadas.

Longe do propósito de transmitir graficamente as características da

fala dos interlocutores, como se propões os modelos ou padrões de transcrição na

área da Linguística, este trabalho tem como objetivo trazer mais fidelidade entre o

que foi escrito e o que foi escutado durante o processo de transcrição.

O emprego dos marcadores propostos neste livro, bem como a

adoção da metodologia aqui apresentada, sugere o estabelecimento de uma

padronização do processo de transcrição, criando textos mais limpos do que aqueles

produzidos conforme as exigências da ciência da linguística, mantendo, porém

2 Luiz Antônio Marcuschi é Doutor em Filosofia da Linguagem pela Universidade de Erlangen – Nuremberg, Alemanha e professor de Linguística da Universidade Federal de Pernambuco. 3 Projeto de Estudo Coordenado da Norma Urbana Linguística Culta" (Projeto NURC). Entre 1970 e 1976, linguistas brasileiros ligados a esse Projeto, levantaram uma enorme quantidade de materiais falados nas cidades de Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Amostras desses materiais foram publicadas em São Paulo (Castilho-Preti Orgs. 1986 e 1987), Rio de Janeiro (Callou Org. 1992, Callou-Lopes Orgs. 1993 e 1994), Salvador (Motta-Rollemberg Orgs. 1994), Recife (Sá-Cunha-Lima-Oliveira Jr. Orgs. 1996) e Porto Alegre (Hilgert 1997). O projeto NURC estabeleceu uma série de critérios para transcrição, denominados “Normas para Transcrição”.

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características que visam enriquecer o texto resultante do trabalho de transcrição.

Portanto, o conteúdo deste livro serve como orientação acerca do

processo de transcrição empregado pelo Centro de Segurança Institucional e

Inteligência do Ministério Público – CSI/MPGO, bem como ferramenta para

padronização do referido processo.

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Referências Bibliográficas

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LAGE, Carolina de Viterbo. Comunicação interpessoal e intercultural entre brasileiros e alemães [manuscrito]: análise dos mom entos de conflito /Carolina de Viterbo Lage. – 2013. 208f., enc.:Il, grafs., tabs., p&b.)(Dissertação de mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras.[ Orientadora: Prof. Dra. Ulrike Schröder]