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JORNAL DOS JORNALISTAS NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012 número 354

Jornal Unidade nº 354 - Dezembro/2012 - SJSP

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Jornal Unidade nº 354 - Dezembro/2012 - Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo

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JORNAL DOS JORNALISTAS NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012 número 354

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Comissão de Registro e Fiscalização-,Titulares Douglas Amparo Mansur, José Fer-nandes da Silva, Vitor Celso Ribeiro da SilvaSuplentes José Aparecido dos San-tos e Luigi Bongiovani

Diretores de Base Bauru, Luis Victorelli, Ieda Cristina Borges, Luiz Augusto Teixeira Ribeiro e Rita Cornélio Campinas Kátia Maria Fonseca Dias Pinto, Hugo Arnaldo Gallo Mantellato, Edna Mado-lozzo, Marcos Rodrigues Alves, Djal-ma dos Santos e Fernanda de Freitas Oeste Paulista Priscila Guidio Bachiega, Geraldo Fer-nandes Gomes e Altino Oliveira Correa Piracicaba Luciana Montenegro Carnevale, Fa-brice Desmonts da Silva, Paulo Ro-berto Botão, Poliana Salla Ribeiro, Ubirajara de Toledo, Vanderlei Anto-nio Zampaulo e Carlos Castro Ribeirão Preto Antonio Claret Gouvea, David Batis-ta Radesca, José Francisco Pimenta, Ronaldo Augusto Maguetas, Fabio Lopes, Marco Rogério Duarte e Maria Odila Theodoro Netto Santos Edilson Domingos Costa Baraçal, Eraldo José dos Santos, Glauco Ra-mos Braga, Emerson Pereira Cha-ves, Dirceu Fernandes Lopez, Ademir Henrique e Reynaldo Salgado São José do Rio Preto Andréia Fusineli, José Luis Lançoni, Sérgio Ricardo do Amaral Sampaio, Ce-cília Dionísio e Marcelo Dias dos Santos Sorocaba Adriane Mendes, Fernando Carlos Silva Guimarães, Aldo Valério da Silva, Emí-dio Marques e Marcelo Antunes Cau, Vale do Paraíba Jorge Silva, Fernanda Soares Andra-de e Vanessa Gomes de Paula.

Rua Rêgo Freitas, 530 - sobreloja CEP 01220-010 - São Paulo - SP * Tel: (11)

3217-6299 - Fax: (11) 3256-7191

Os artigos assinados não refletem ne-cessariamente a opinião do jornal ou do Sindicato.

Órgão Oficial do Sindicato dos JornalistasProfissionais no Estado de São Paulo

E-mail: [email protected] site: www.jornalistasp.org.br

EXPEDIENTEDiretora responsável: Lílian Parise (MTb 13.522/SP) Editor: Simão Zygband (MTb 12.474/SP) Diagramação: Rubens M. Ferrari (MTb 27.183/SP)Redação: Bárbara Barbosa (MTb 60.296) Impressão: Forma Certa Fone (11) 3672-2727 Tiragem: 8.000 exemplares.Conselho Editorial: Jaqueline Lemos, Luiz Carlos Ramos, Laurindo Leal Filho (Lalo), Assis Ângelo, Renato Yakabe e Adunias Bispo da Luz.

Campanha Salarial

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Diretoria Executiva PresidenteJosé Augusto de Oliveira Camargo Secretário Geral André Luiz Cardoso Freire Secretária de Finanças Cândida Maria Rodrigues Vieira Secretário do Interior e LitoralEdvaldo Antonio de Almeida Secretária de Cultura e Comunicação Lílian Mary Parise Secretária de Relações Sindicais e Sociais Evany Conceição Francheschi Sessa Secretária de Sindicalização Márcia Regina Quintanilha Secretário Jurídico e de Assistência Paulo Leite Moraes Zocchi Secretária de Ação e Formação Sindical Clélia Cardim

Conselho de Diretores Kepler Fidalgo Polamarçuk, Alan Fe-lisberto Rodrigues (secretário adjunto de Cultura e Comunicação), Luis Lu-cindo de Azevedo, Wladimir Francisco de Miranda Filho, Alessandro Gianni-ni, Claudio Luis Oliveira Soares, Ro-semary Nogueira, Fabiana Caramez (secretária adjunta de Interior e Litoral) e José Eduardo de Souza (secretário adjunto de Interior e Litoral) Diretores Regionais Bauru Ângelo Sottovia Campinas Agildo Nogueira Júnior Piracicaba Martim Vieira FerreiraRibeirão Preto Aureni Faustino de Menezes (secretária adjunta do Interior e Litoral)Santos Carlos Alberto Ratton Ferreira São José do Rio Preto Harley Pacola Sorocaba José Antonio Silveira Rosa Vale do Paraíba, Litoral Norte e Mantiqueira Fernanda SoaresOeste Paulista Tânia Brandão

Conselho Fiscal TitularesSylvio Miceli Jr., James Membribes Rubio, Raul Varassim Suplentes, Manuel Alves dos Santos e Karina Fernandes Praça

Comissão de ÉticaDenise Fon, Roland Marinho Sierra, Alcides Rocha, Flávio Tiné, Fernando Jorge, Dr. Lúcio França, Sandra Rehder, Antonio Funari Filho e Padre Antonio Aparecido Pereira

Editorial

A Direção

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As negociações da Campanha Salarial de Rádio e TV já co-meçaram. Na manhã do dia 4 de dezembro, dirigentes

do Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais no Estado de São Paulo (SJSP) se reuniram com representantes do Sindi-cato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp), na pri-meira rodada de negociações. E um direi-to já foi conquistado: a garantia da data base em 1º de dezembro.

A categoria reivindica 12,38% de au-mento - INPC estimado de 6,02%, mais 6% de aumento real. Além disso, ele-vação dos piso salarial de 5 horas de R$ 1.704,54 para R$ 2.002,35 e de 7 horas de R$ 2.982,89 para R$ 3.504,29 na Capital

Nesta primeira reunião com os empre-sários de Rádio e TV, o SJSP foi represen-tado por José Augusto Camargo (Guto), presidente da entidade, Telé Cardim, se-cretária de Ação Sindical e os assessores

Sindicato garante data base nas negociações salariais de Rádio e TV

Raphael Maia e Carlos Montoya.É importante lembrar que, no ano

passado, a Campanha Salarial foi defi-nida em Plebiscito, através da votação dos jornalistas, e teve a participação

A segunda edição do “Vozes pela Igual-dade”, realizada em novembro, no au-ditório do Sindica-to debateu questões fundamentais na luta pela igualdade e con-tra o racismo. A ativi-dade, organizada pela Comissão de Jorna-listas pela Igualdade Racial (Cojira-SP), teve debates sobre temas que relacionam comunicação e as relações raciais, culminando com o lançamento do Prêmio “Negritude em Pauta”, concurso cultural voltado para estudantes de Jornalismo.

Os futuros jornalistas foram convida-dos a escrever reportagens sobre cultura negra e/ou relações raciais em âmbito nacional. Os participantes concorrerão a prêmios, além da publicação das repor-tagens vencedoras no jornal Unidade.

Os debates tiveram as participações de diversos jornalistas. Na primeira

“Vozes pela Igualdade” lança prêmio voltado para estudantes

mesa do dia, que debateu o tema “Como o jovem negro produz cultura e se comu-nica hoje”, contou com a participação de Tatiana Botosso, José Nabor do Amaral Júnior e Diego Balbino. Já na segunda, os participantes foram Oswaldo Fausti-no, Joyce Ribeiro (SBT) e Rogério Ferro, que discutiram o tema “Negro na mídia”.

O evento contou com a participação dos dirigentes do SJSP, José Augus-to Camargo, presidente do Sindicato, Cândida M. Rodrigues Vieira, secretá-ria de Finanças e Evany Sessa, secretá-ria de Relações Sindicais e Sociais

Assessoria de Imprensa conquista reajuste acima da inflação

Após 6 meses da data base, atrasos e várias reuniões de negociação, foi encer-rada no dia 5 de dezembro a Campanha Salarial de Assessoria de Imprensa.

Os jornalistas conquistaram reajuste de 5% em todas as cláusulas econômicas, apesar de os patrões terem insistido o tempo todo em reajustar os salários pelo INPC do período (4,86%). Este reajuste negociado representa um aumento real de 0,15%, o que reafirma o princípio de que é necessário superar o INPC em to-das as negociações salariais. Também foi acordado que o retroativo – de junho a dezembro – será pago em duas parcelas: janeiro e fevereiro.

Assim, o piso de 5 horas de Assessoria de Imprensa, que era de R$ 2.337,82 pas-sa a R$ 2.455,00 e o de 7 horas, que era de R$ 3.740,51 será R$ 3.928,00. “Este rea-juste e o piso único para todo o Estado é uma vitória do segmento de Assessoria de Imprensa, uma vez que os patrões propu-seram novamente a divisão do piso entre Capital e Interior, o que foi veemente re-chaçado pelo Sindicato, disse o presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto).

Com este reajuste, o vale refeição na Capital será de R$ 18,00,contra os R$17,03 anteriormente pagos e no In-terior, que era R$14,36 passará a R$ 15,00. O convênio médico foi reajusta-do para R$101,00. Segundo a diretora de Sindicalização, Márcia Quintanilha, o resultado da negociação é um alivio para os assessores de imprensa, que es-tão com salários defasados desde junho e que estavam pressionando há muito tempo pelo fim da negociação. “Agora, vamos acelerar para que a convenção seja assinada e depositada no Ministé-rio do Trabalho com urgência, para que as empresas possam efetuar os reajustes negociados”, disse

Participaram da mesa de negociação, além do presidente do Sindicato dos Jor-nalistas, Guto Camargo e da diretora de Sindicalização, Márcia Quintanilha, o se-cretário geral da entidade, André Freire. Pelo Sindicato Nacional das Empresas de Comunicação (Sinco), os negociadores foram a presidente da entidade, Rosana Monteiro e os diretores Carlos Henrique e Bia Bansen.

Ano 2000200120022003200420052006200720082009201020112012 (*)

TVs (em R$)5.542.039.411,005.340230640,005.657.477.073,006.529.150.738,168.233.068.458,009.507.387.983,00

10.354.879.787,0711.252.835.95,91

12.605.206.145,6013.569.342.942,7316.498.704.021,1018.011.136.320,1412.585.661.834,36

TV (em %)24,19-3,645,94

15,4126,1015,488,918,67

12,027,65

21,599,17

13,04

Rádios (em R$)482.152.769,00441.564.300,36438.174.447,00501.487.058,39600.416.840,00668.279.990,00726.590.791,65767.249.908,95902.452.967,32986.876.313,54

1.094.506.885,541.130.394.174,12763.235.455,69

Rádio (em %)27,24-8,42-0,7714,4519,7311,308,735,60

17,629,35

10,913,288,01

(*) Até agosto de 2012-12-07 Fontes: IBGE e Intermeios. Elaboração: Assessoria Econômica do SJSP

Faturamento publicitário

de mais de 500 trabalhadores. Ela se encerrou com 7% de reajuste no piso salarial e 0,77% de aumento real no piso da Capital. No Interior e Litoral, o reajuste foi de 10% para cidades com

mais de 80 mil habitantes e 8% para cidades com um número menor de ha-bitantes.

Alta lucratividadeOs patrões, em sua maioria, dificultam

as negociações e negam boa parte das reivindicações, mas eles não têm do que reclamar. De acordo com dados do IBGE e do Intermeios, até agosto deste ano, o faturamento publicitário em TV atingiu a mais de R$ 12 bilhões (o que represen-ta um crescimento de 13,04% em relação ao ano passado) e nas Rádios, o valor atingiu R$ 763 mil. (8,01% maior do que o aferido no mesmo período em 2011 ).

A avaliação da direção do SJSP é que, diante destes números, os empresários de Rádio e TV têm todas as condições de conceder reajustes compatíveis com sua lucratividade, repassando este bom desempenho para os trabalhadores, res-ponsáveis diretos pela obtenção de nú-meros tão expressivos.

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nidade traz capa que remete a imagem de um “nuvem de tags” e, também, homenageia o poeta Décio Pignatari, mor-to este mês aos 85 anos e um dos pais da poesia concreta. No embaralhar das palavras tal qual ele fazia, entretanto, a categoria irá identificar os temas das lutas que serão tra-vadas em 2013.

Os jornalistas deverão estar empenhados, conforme reso-luções da Carta de Rio Bran-co, que sintetiza as decisões do 35º Congresso Nacional da categoria, realizada na capital do Acre, em lutar pela criação do Conselho Nacional de Co-municação, pela aprovação de uma nova Lei de Imprensa para o país e a necessidade de aperfeiçoar a regulamentação da profissão de jornalistas, tendo como base a criação do Conselho Federal e Conse-lhos Regionais de Jornalistas (CFJ). Por fim, mas não menos importante, fará parte deste elenco de lutas e aspirações, a retomada da exigência da for-mação de nível superior em Jornalismo para o exercício da profissão, com a aprovação na Câmara dos Deputados da Proposta de Emenda à Cons-tituição (PEC), já aprovada no Senado. Os jornalistas repu-diam todas as tentativas de classificar como autoritárias as propostas de regulamenta-ção da profissão.

Na verdade, 2012 não foi um ano fácil para a categoria. Epi-sódios de violência física, cer-ceamento da livre expressão, impunidade contra os agres-sores ganharam destaque no

Os desafios da categoria para 2013

exercício da profissão. Além disso, houve muitas demis-sões e algumas importantes publicações deixaram de cir-cular, como é o caso do Jor-nal da Tarde ou do Jornal do Brasil (que só existe agora em versão online).

Além da luta por melhores salários e condições de traba-lho, que são bandeiras históri-cas, há também de se dedicar esforços pela aprovação da lei federal que cria o Piso Nacio-nal da Categoria, com respeito à jornada de trabalho de 5 ho-ras diárias e às demais normas estabelecidas na CLT. Esta é a maneira de tentar por fim à crescente precarização das re-lações de trabalho.

Outro tema que fala forte na consciência dos jornalistas é a criação da Comissão da Ver-dade e Justiça. Ela já está em processo de gestação na ca-tegoria e foi lançada durante o nosso Congresso Estadual, realizado em Caraguatatuba, no litoral paulista e dará sub-sídios para que todos possam conhecer o que se passou com nossos companheiros de pro-fissão no período da ditadu-ra militar ou até mesmo em outros períodos onde houve cerceamento à liberdade de expressão. O mesmo processo se desenvolverá em nível na-cional com a Fenaj.

Enfim, mesmo com todos estes desafios, os jornalistas têm a certeza de que 2013 será um ano de muita garra e de muita luta. Até lá.

Joyce Ribeiro conta como é a questão racial na TV

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No dia 7 de dezembro, o Tribunal Regional do Tra-balho (TRT) concedeu li-minar impetrada pelo Sin-

dicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) que impede demissões dos jornalistas do JT até o jul-gamento do dissídio coletivo de greve. A decisão é inédita e histórica para os jor-nalistas.

O pedido do Sindicato, acatado pela Justiça, é uma grande vitória da cate-goria, pois fortalece a luta sindical. O Desembargador Davi Furtado Meirelles, relator do processo, entendeu que garan-tir o emprego dos trabalhadores é algo legítimo, levando em consideração o fi-nal de ano e o prejuízo dos profissionais, se as demissões forem efetivadas. “A não concessão da tutela resultaria em dano de difícil reparação, pois os substituídos se viriam privados, de um momento para o outro, da sua fonte de subsistência pró-pria e de seus dependentes”, ponderou.

Diante desta argumentação, o Desem-bargador concluiu: “Por conseguinte, de-firo a antecipação dos efeitos da tutela

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Ação Sindical Ação Sindical

A tentativa de dividir o Sindi-cato dos Jornalistas no in-terior do Estado fracassou. O juiz federal da 3ª Vara do

Trabalho de São José do Rio Preto, Mar-celo Magalhães Rufino, deferiu o pedido do SJSP no sentido de negar a criação do Sindicato dos Jornalistas do Noroes-te Paulista, que pretendia dividir a base da categoria no Estado. O juiz ainda sentenciou os divisionistas a pagarem as custas do processo e honorários ad-vocatícios.

No final de 2011, o SJSP entrou com uma Ação Declaratória de Nulidade para suspender a validade da assem-bleia que pretendia deliberar sobre a criação de um novo sindicato dos jor-nalistas na região do Noroeste Paulis-ta, que tinha entre seus proponentes ex-dirigentes afastados da direção da entidade.

Na sentença que definiu o sepultamen-to das intenções divisionistas, o juiz de-clarou: “Como a publicação do edital de convocação não observou o regramento estabelecido pelo Ministério do Trabalho

Fracassa tentativa de dividir o Sindicato na região de São José do Rio Preto

e Emprego, deve-se reconhecer a nulida-de absoluta da assembleia que deliberou sobre a criação do Sindicato dos Jorna-listas do Noroeste Paulista, o que torna irregular e ineficaz a constituição dessa entidade sindical”.

Justiça torna nula assembleia que queria dividir categoria

Entenda o históricoNo final do ano passado, ex-dirigen-

tes do SJSP se juntaram a um pequeno grupo de jornalistas da cidade de Rio Preto para tentar dividir o Sindicato e abrir nova entidade sindical local. A

iniciativa trazia prejuízo enorme para a categoria, pois a unidade dos jorna-listas em todo o Estado é fundamen-tal para enfrentar as empresas, orga-nizadas estadualmente, em busca de salários melhores e boas condições de trabalho. Enquanto a vocação do Sin-dicato é avançar rumo à atuação con-junta com outros segmentos - de jorna-listas, por meio da Federação Nacional (Fenaj), de trabalhadores, via partici-pação na CUT -, com o objetivo de unir forças, os divisionistas pretendiam criar um "feudozinho" isolado, no qual mandassem, em prejuízo da categoria, em nível local e estadual. Com esse ob-jetivo, o grupo tentou realizar assem-bleia para deliberar sobre a criação da nova entidade, mas antes que ela pu-desse acontecer, atendendo a pedido do SJSP, o juiz federal expediu liminar tornando inválidos seus efeitos.

Na ocasião, o juiz concedeu "tutela antecipada" a fim de, "autorizada a rea-lização da assembleia, restarem sustados seus efeitos até decisão final da ação, o que se consumou agora em dezembro.

SJSP luta para impedir demissões na RAC

A Associação dos Jornalistas Profis-sionais Aposentados no Estado de São Paulo (Ajaesp) elegeu sua nova diretoria para o biênio 2012/2014 em pleito reali-zado no dia 6 de dezembro, no auditório do SJSP, que teve 55 votos presenciais e por correspondência, um recorde nas vo-tações da entidade. Foi reeleito o presi-dente Amadeu Mêmolo

Os jornalistas do Grupo Ejesa, que pu-blica o jornal Brasil Econômico, voltaram a enfrentar problemas com pagamen-to de salários. No dia 5 de dezembro, a empresa pagou somente no final do dia os trabalhadores celetistas, mas os PJs seriam pagos somente na outra semana.

Os trabalhadores que procuraram a direção do Sindicato relatam que o cli-ma na empresa é de apreensão, uma vez que a empresa demitiu 15 profissionais no Rio de Janeiro que trabalhavam no jornal O Dia, um dos títulos da Ejesa e que estão fazendo proposta de rescisão parcelada em até 10 vezes.

“O pagamento dos PJs é um problema sério porque, na visão da empresa, eles não são empregados, mas sim prestadores de serviço. O SJSP entende que isso é uma burla da legislação trabalhista e que, caso eles sejam prejudicados, terão seus casos analisados na Justiça”.

Brasil Econômico volta a ter problemas com atraso de salários

Na mesa redonda realizada no Minis-tério do Trabalho no dia 3 de dezembro entre diretores da Regional Vale do Para-íba do SJSP e o jornal O Vale, ficou acor-dado que o 13º salário (que não saiu até dia 30 de novembro) será quitado inte-gralmente no dia 20 de dezembro. Tam-bém foram pagos salários em atraso e a correção do Acordo Coletivo, assim como o reajuste do vale refeição.

Direção de O Vale se compromete a pagar 13º integral até dia 20

Nova diretoria da Ajaesp

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Diretores do Sindicato dos Jornalis-tas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) organizaram assembleia com tra-balhadores do Jornal Cidade, em Bauru. Entre os diversos temas, a questão do controle da jornada de trabalho e a ela-boração de um Acordo de Compensação de Horas.

A assembleia contou com a participa-ção do dirigente José Eduardo Souza, membro do Conselho de Diretores e ad-junto do Interior e Litoral e do dirigente local, Luiz Vitorelli. Na ocasião, foi apro-vado pelos jornalistas que o SJSP tenta-rá fechar um Acordo de Compensação de Horas com a empresa.

Após a assembleia, os sindicalistas se reuniram com o diretor do Jornal, Renato Zaiden. As reivindicações dos trabalhado-res foram passadas à direção que, de iní-cio, acenou positivamente. Em janeiro, as negociações serão retomadas

SJSP tenta Acordo deCompensação de Horas em Bauru

A presidenta do grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo e direto-ra do SJSP, Rose Nogueira, anun-ciou durante o lançamento do livro Mães de Maio, Mães do Cárcere – A Periferia Grita, ocorrido dia 5 de dezembro, no auditório Vladimir Herzog, o início da construção da candidatura do movimento Mães de Maio ao prêmio Nobel da Paz. “A ideia é contemplar todas as mães vítimas da violência estatal no mundo, representadas na figu-ra das Mães de Maio”, disse ela.

Mães de Maio lançam livro no Sindicato

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reire No dia 5 de dezembro, a Regional Cam-

pinas do SJSP participou de mesa redonda com representantes da RAC para tratar da situação do Acordo de Compensação de Jornada (ACJ) e também sobre rumores de demissões no grupo.

Para o diretor da regional, Agildo No-gueira Junior, a postura da empresa foi-ruim e deixou transparecer que podem ocorrer dispensas. “Também nos preocu-pa o ambiente de trabalho. Temos feito um grande esforço para tranquilizar os trabalhadores, mas os rumores não ces-sam”, argumentou

Na mesa redonda, a empresa comu-nicou o Sindicato que não iria fornecer cestas de Natal, como faz tradicional-mente, mas não se posicionou sobre supostos cortes.

Em novembro, o Sindicato recorreu ao Ministério Público do Trabalho e na audiência, o Procurador do Trabalho, Dr. Silvio Beltramelli Neto, fez notifi-cação recomendatória à empresa para que a mesma “não promova dispensa em massa de seus funcionários, sob qualquer hipótese, sem prévia negocia-ção coletiva com os sindicatos”.

A Regional de Sorocaba do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Esta-do de São Paulo (SJSP) organizou um Plebiscito com os jornalistas do jornal Cruzeiro do Sul para decidir entre duas propostas, formuladas diante de consi-derações feitas pelos próprios trabalha-dores: a adoção de um Adicional Multi-plataforma de 30% ou a implantação do Acordo de Compensação de Horas. Por 29 votos a 2, os trabalhadores decidiram pela primeira opção.

Essa decisão veio a partir da intenção dos dirigentes da Regional de retomar a discussão sobre o Acordo Coletivo de Tra-balho para Fins de Controle de Jornada e Regulamentação da Compensação de Ho-ras Trabalhadas no jornal Cruzeiro do Sul.

Após a votação, se inicia agora um processo de negociação com a direção da empresa para que o adicional seja imple-mentado de forma a garantir melhores condições de trabalho à categoria.

Plebiscito em Sorocaba decide por AdicionalMultiplataforma

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Assembleia dos jornalistas do JT às vésperas do fim do jornal

Vitória: TRT acata pedido do Sindicato e impede demissão dos jornalistas do JT

requerida, para determinar que o susci-tado (JT) abstenha-se de efetuar a dis-pensa coletiva de seus jornalistas, sem prévia negociação com o Sindicato susci-tante, até o julgamento do presente feito

pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Intime-se as partes do inteiro teor da presente decisão, com urgência”.

O processo no TRT, de número DCG 0050732-86.2012.5.02.0000, é um vi-

tória para a categoria frente ao conglo-merado de comunicação que é o Grupo Estado, que age de maneira desrespeito-sa com os trabalhadores. “A decisão do Tribunal faz justiça e demonstra que a posição do Sindicato de dialogar com a empresa, sem abrir mão do princípio da defesa do emprego tem respaldo no Po-der Judiciário, o que fortalece as lutas da categoria”, diz o presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto).

MobilizaçãoOs jornalistas da redação do Jornal da

Tarde continuam mobilizados e unidos e se apresentam diariamente à empresa, sentando em frente a seus computadores e se colocando à disposição. Esta estraté-gia foi definida em assembleia. Também recebem solidariedade dos demais cole-gas de redação. A direção do Sindicato deixou clara sua disposição de negociar, mas com a diretriz de preservação de to-dos os empregos. Portanto, a decisão do Tribunal é um passo importante na luta dos profissionais pela manutenção do emprego.

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Verdade e Justiça

Unidade - Você foi preso político e escre-veu vários artigos e livros sobre a repressão e a tortura da ditadura militar. Como foi sua tra-jetória como profissional e militante político?

Antonio Carlos Fon - Eu sou comunis-ta. Até as pedras do caminho sabem que eu sou comunista. Entrei para o partido em 1964. Sempre fui bobo desde criança. Em agosto de 1964, estavam todos saindo do partido, fugindo da repressão e eu es-tava entrando e em 1965 eu fui secretário de agitação do Comitê de Imprensa. Em 1967, não sei exatamente como foi acer-tado isso, mas eu fui trabalhar no jornal O Dia com Nabor Cayres de Brito. Nabor Cayres de Brito, para quem não sabe, foi um dos maiores jornalistas do século XX. No mesmo nível do Mino Carta, do Cláu-dio Abramo e Samuel Wainer. Só que ele era comunista. Então foi apagado o re-gistro de Nabor Cayres de Brito, mas eu fui trabalhar e o meu primeiro diretor de redação foi Nabor Cayres de Brito. Para quem viveu aquele momento sabe o que é isso. É mais ou menos como começar a trabalhar com o Samuel Wainer. E depois eu fui para o Diário Popular, Jornal da Tarde. Eu fiquei 6 anos no Jornal da Tar-de e foi um momento importante. Nesses seis anos, eu acabei me firmando como repórter. Primeiro como repórter policial e depois saí do Jornal da Tarde e trabalhei em várias outras editorias.

Unidade - Você se notabilizou no jorna-lismo por fazer matérias que denunciaram a ditadura militar e escreveu livros sobre isso. Qual era o risco de escrever sobre este tema ?

Fon - Eu trabalhava no Jornal da Tarde, um jornal do Grupo Estado. Eles adotavam uma postura, apesar de terem inicialmen-te conspirado e apoiado o golpe, naquele

“Comissão da Verdade dos Jornalistas deve ter compromisso com o futuro”O Unidade decidiu entrevistar o jornalista Antonio Carlos Fon, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) de 1991 a 1994, não apenas pela expressão que ele adquiriu como repórter especial de Veja, do Estadão e de várias publicações por onde passou, mas também por ser um dos nomes mais importantes na luta pela democrati-zação do país – foi um dos que iniciou o movimento pela Anistia - e pela viabilização da Comissão da Verdade e Justiça, na qual Fon está envolvido até o último fio de suas barbas.Filho de pai chinês e mãe baiana, Fon combateu a ditadura

militar no grupamento armado Aliança Libertadora Nacional (ALN) e em decorrência disso, tornou-se preso político. Foi torturado e processado com base na Lei de Segurança Nacional, instrumento de exceção dos militares. Desde então, a militância política tem sido sua paixão. Com quatro prêmios Vladimir Herzog nas costas e quatro prê-mios Esso, Fon trabalhou em publicações clandestinas do Par-tido Comunista Brasileiro (PCB) e também nos jornais O Dia, Diário Popular, Jornal da Tarde, e nas revistas Realidade, Veja, Quatro Rodas, Istoé.

momento eles haviam rompido e a gente estava sob censura, censura mesmo, ao contrário da Folha de S. Paulo, que posa de democrata mas sempre foi capacho dos mi-litares. Então, eu pude escrever tudo, por-que não ia sair mesmo. O dono do jornal, o patrão, exigia que eu escrevesse tudo e se a censura não deixasse sair, aí era outra his-tória. E eu fazia reportagem policial, só que eu era comunista, então tinha uma visão mais esquerdista do jornalismo policial. Então, acabei levando as técnicas investi-gativas da reportagem policial para as outras áreas do jornalismo. Eu acho que o que acabou me dando uma certa relevância no jornalis-mo investigativo foi isso. Foi ter levado para as outras áreas, para a economia, para a polí-tica, para o esporte, as técnicas investigativas do jornalismo policial.

Unidade - Uma de suas reportagens em Veja, que marcou muito os anos 70, foi “Descen-do aos porões. Como ela foi elaborada?

Fon - Em 78, eu trabalhava na Veja, eu era repórter especial e me deram uma pauta besta e essa pauta era fazer o le-vantamento da tortura no país, já que havia o general Ernesto Geisel, já no fi-nal do governo, final daquele processo de gradual e seguro e o grande tabu era a tortura. E me mandam fazer uma ma-téria sobre tortura. E que era também de interesse de uma parcela dos militares, daquela parcela comandada pelo general

Golbery Couto e Silva que apostava na abertura, na distensão, contra a linha dura do regime. Eu fiz duas matérias na Veja que saíram em fevereiro de 79 com o título de “Descendo aos porões” e “O poder nas sombras”, falando sobre a tortura. A primeira falava de tortura mais diretamente e a outra falava das articulações políticas empresariais do poder que havia por trás da tortura.

Unidade - Os jornalistas estão forma-tando uma Comissão da Verdade. Eles tive-

ram uma participação efetiva na luta pela de-mocracia. Uns perderam a vida, outros foram torturados. Na sua con-cepção, como deveria ser feita a nossa Comissão da Verdade?

Fon - Olha, primei-ro vamos definir uma coisa. Os jornalistas não foram heróis. Na sua maioria, foram bandidos. A maioria dos jornalistas, as-sim como a maioria das empresas jorna-

lísticas, aderiram ao golpe, aderiram à tortura. Eles não foram reprimidos. A Folha de São Paulo nunca foi reprimida, O Globo nunca foi reprimido, embora hoje posem de democratas. Isso quan-to empresas. A maioria dos jornalistas também não. A maioria dos jornalistas também aderiu. Mesmo o Sindicato dos Jornalistas aderiu. O Sindicato dos Jor-nalistas na época do Adriano Campa-nhole, do Romeu Anhelli aderiu à dita-dura. Apoiavam a ditadura. Silenciavam

diante dos crimes da ditadura. Tantos jornalistas, seja no Sindicato, seja fora do Sindicato, quanto as empresas jorna-lísticas que se opunham à ditadura fo-ram extrema minoria.

Unidade - Como se deu, então, esta mu-dança de postura do Sindicato?

Fon - Em 1976, existiu uma mudança no país. Uma mudança que começou em 1974 com a crise do petróleo. O regime começa a se enfraquecer e em 76 a opo-sição consegue colocar para fora aquela canalha que ocupava o Sindicato dos Jor-nalistas e elege uma chapa de oposição, presidida pelo Audálio Dantas. É a partir deste momento que o Sindicato começa se opor à ditadura e a tortura. É a partir deste momento, por condução do Sindi-cato, que os jornalistas que se opunham à ditadura, que eram minoria, mas tinham que silenciar devido ao risco do que sig-nificava se opor, começam a se articular. Então, precisamos de uma Comissão da Verdade na Imprensa, não só para apurar os crimes de que foram vítimas os jorna-listas, que foram muitos. Precisamos de uma Comissão da Verdade, principal-mente, para apurar os crimes que os jornalistas e as empresas jornalísti-cas foram autoras, foram cúmplices. Por que a grande maioria da imprensa foi cúmplice da ditadura. E eu não me refiro somente às empresas. As empresas têm aquela posição de classe. A Folha, o Es-tadão, O Globo, a Editora Abril colabora-ram e se locupletaram , porque todos se locupletaram com a ditadura. Mas isso é uma posição de classe. Mas a grande maioria dos jornalistas também se locu-pletou. Vamos dar nome aos bois. Boris Casoy era um pau mandado dos mili-

cos, era um cara do CCC que ocupou a direção da Folha no lugar do Cláudio Abramo por indicação do comandante do 2º Exército. Então, ele não me venha com este bordão “Isso é uma vergonha”. Por que uma vergonha é a história do Bo-ris Casoy. E isso a Comissão da Verdade dos Jornalistas precisa apurar. Uma ver-gonha é como a Editora Abril enriqueceu durante a ditadura imprimindo o mate-rial didático do Mobral. Enquanto Mino Carta era perseguido na direção de Veja, a direção da Editora Abril se locupletava. É preciso que se diga o seguinte: o Estadão,

cuja família Mesquita salvou minha vida mais de uma vez, construiu aquele prédio na Marginal com dinheiro do FGTS dos trabalhadores emprestado pela ditadura. É preciso que se diga que a Rede Globo não seria o que é se a CPI da Time Life, que investigou o acordo da Time Life com a Globo, tivesse tido consequências e não tivesse sido abafada pela ditadura. A Globo não seria o que é hoje se o Sr. Roberto Marinho tivesse ido para a ca-deia como deveria ter ido, por conspirar contra as leis do país. A imprensa e os jornalistas não são heróis nessa história. Alguns são heróis, mas de uma forma ge-ral, as empresas de comunicação e os jor-nalistas são bandidos nessa história.

Unidade - Você foi presidente do Sindi-cato de 1990 à 1993. Qual sua análise do Sindicato e da categoria nos dias de hoje?

Fon - Não fui candidato a reeleição porque eu sou contra reeleições. Essa pergunta dá mais meia dúzia de entre-vistas e umas 20 páginas do Unidade. O Audálio foi o ponto de virada. Com todas as divergências que pudéssemos ter e que tivemos, com todas as divergência que podemos ainda ter, mas ele foi o ponto de virada. O Audálio marca o momento em que o Sindicato deixa de ser capacho dos militares para se opor, para dialogar

de igual para igual. Tive-mos o David de Morais (1978-1981). Eu tenho uma admiração pessoal muito grande por ele e eu prefiro até não falar. Em seguida, tivemos o Emir Nogueira (1981-1982) que faleceu du-rante o mandato e dei-xou o Sindicato na mão de uma garota muito jovem na época, Lu Fer-nandes (1982-1984), que apesar da juventude e apesar também das di-vergências que podemos ter, segurou uma barra pesada e conduziu o Sin-dicato de forma muito honesta. Tivemos o meu amigo Gabriel Romeiro (1984-1987) que é um gentleman, uma pessoa que refez a tessitura do

Sindicato. Ele não é um cara de grandes arroubos, é um cara que faz o trabalho que constrói. Depois tivemos o Robson Moreira (1987- 1990), um momento di-fícil da vida do Sindicato e depois do Ro-bson fui eu. E acho que as pessoas podem fazer uma avaliação melhor do que eu. Ti-vemos o Everaldo Gouveia (1994 – 1997 e 1997-2000), dois mandados e acho que ele consolidou uma mudança. Tivemos o Fred Ghedini (2003-2006), acho que foi um momento de refluxo do Sindica-to e depois temos o Guto (José Augusto Camargo – 2006 – 2009; 2009-2012 e 2012-2015). É engraçado.Sou contra ree-leições e o Guto está no terceiro mandato e o apoiei. Não apoiei a primeira eleição

do Guto, mas apoiei as duas reeleições. A primeira reeleição eu apoiei porque eu achei que o Guto estava fazendo um tra-balho de recuperação do Sindicato e acho que ele recuperou no segundo mandato e acho que ele tem direito a esse terceiro mandato para mostrar o que ele pode fa-zer com o Sindicato saneado. Me agrada o que ele fez, mas ainda tem tempo para a gente avaliar melhor isso.

Unidade - Como você acredita que deva se organizar as Comissão da Verdade, so-bretudo, a dos Jornalistas ?

Fon - Eu gostaria de focar mais no caso da história, no resgate do que foi a dita-dura. O pessoal do Grupo Tortura Nunca Mais tem aquele tema que nem sempre é muito levado em consideração, que diz: “Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”. Eu fico muito preocupa-do, porque a gente quis que nunca mais se esqueça e nunca mais aconteça, mas está acontecendo hoje no Estado de São Pau-lo e a gente não está vendo, não está de-nunciando e está deixando que aconteça. Está acontecendo na periferia de São Paulo com a PM do governador Alck-min e é preciso dizer que o Alckmin tem as mãos sujas de sangue. O que a PM está fazendo na periferia assassinan-do jovens, negros e pobres é exatamente a mesma coisa que o Esquadrão da Morte fazia no final dos anos 60 e a gente tole-rou isso, não puniu os assassinos de anti-gamente e está permitindo que a PM e o Alckmin voltem a cometer o mesmo cri-me. A direita repete os crimes da ditadu-ra e nós, que falamos que não aceitamos mais a repetição dos crimes da ditadura, estamos vendo esses crimes se repetirem. Eu estou muito preocupado. Eu costumo dizer o seguinte: nada vai devolver a vida dos meus companheiros mortos no pas-sado. A única coisa que eu posso fazer é lembrar. Nada vai devolver a vida desses garotos que a PM está matando na perife-ria. A única coisa que a gente pode fazer é chorar por eles. Agora, nós podemos sim impedir que outros companheiros, outros garotos, morram no futuro. Eu acho que a Comissão da Verdade, de uma forma ge-ral, as comissões da verdade e particular-mente a Comissão da Verdade do Sindica-to dos Jornalistas tem esse compromisso não com o passado, mas com o futuro, para que nunca mais aconteça.

“A PM de Alckmin assassina hoje da mesma forma que o Esquadrão da Morte fazia nos anos 60”

Comissão da Fenaj dará dimensão nacional a crimes

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“Os jornalistas não foram heróis. Alguns foram bandidos”

A Federação Nacional dos Jornalis-tas (Fenaj) pretende criar uma comis-são similar à lançada pelo SJSP no 14º Congresso Estadual da categoria: uma Comissão da Memória, Verdade e Jus-tiça, para apurar a perseguição aos jor-nalistas durante a ditadura militar. .

O objetivo é analisar casos de cen-sura, as prisões que sofreram os jornalistas, as torturas, mortes, de-saparecimento e o fato de que os pro-fissionais da área foram muitas vezes impedidos de exercer seu trabalho. Na visão de Celso Schroder, presidente da Fenaj, essa será a primeira vez em que será montado um acervo sobre a épo-ca, com o olhar dos jornalistas.

Segundo Schröder, “embora os casos mais dramáticos já estejam relatados em sua maioria, achamos que é pos-sível ampliá-los. E vão aparecer mais casos de tortura, censura e violência contra jornalistas desse período”

Para José Augusto Camargo (Guto), presidente do SJSP, quando a entidade lançou a Comissão, pre-tendia ajudar a reconstruir parte da história que os jornalistas foram protagonistas”. “Nosso objetivo é dar contribuição para ajudar a esclarecer os crimes cometidos na época e ago-ra com uma Comissão também na Fenaj, tenho certeza que o trabalho trará bons frutos”, afirmou.

Para a diretora do Sindicato, Rose Nogueira, que também é presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/SP, a Comissão da Verdade dos Jornalis-tas deve obrigatoriamente investigar crimes de censura, além das arbitra-riedades e assassinatos realizados contra os jornalistas. “O Direito à Informação foi violado durante a di-tadura. Se você escrevesse uma linha que os militares não gostassem, cor-ria o risco de ser preso ou morto. Eles também fecharam jornais de maneira truculenta. Tenho certeza que os jor-nalistas brasileiros farão este traba-lho com muita competência”, disse.

Page 5: Jornal Unidade nº 354 - Dezembro/2012 - SJSP

trabalho muitas vezes in-salubre. É preciso atentar ao que sofre este jornalista, pois a situação atual é ex-tremamente degradante”, explica. Ao revelar as diver-sas imagens do jornalismo sobre meio ambiente no Brasil, a mostra apresen-tou através de 71 imagens,

ente fotografias, cartuns, gravuras, mensagens que vão da dramaticidade de uma criança caída na lama até sáti-ras bem humoradas da voracidade ca-pitalista e seus malefícios à natureza. Cada sindicato estadual de jornalistas brasileiros indicou as obras que com-puzeram a exposição.

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Democratização da Comunicação Defesa da Profissão

Com 180 participantes, entre delegados, observadores e convidados, o 35º Congres-so Nacional dos Jornalistas,

realizado em novembro, em Rio Branco, Acre, definiu as prioridades da categoria para o próximo período.

Entre elas destacam-se a defesa do de-senvolvimento com sustentabilidade, a aprovação da PEC dos Jornalistas, um protocolo nacional envolvendo o Piso Nacional, o respeito aos direitos autorais dos jornalistas e a segurança no exercício da profissão, além da aprovação de um novo marco regulatório das comunica-ções e a criação da Comissão Memória, Verdade e Justiça da FENAJ.

O estado de São Paulo foi representado por José Augusto Camargo (Guto), presi-dente do Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais no Estado de São Paulo (SJSP) e secretário Geral da Fenaj; Márcia Quin-tanilha, secretária de Sindicalização do SJSP e vice-presidente Sudeste da Fenaj; Lílian Parise, secretária de Comunicação e Cultura do SJSP e integrante da direção estadual da CUT; José Eduardo de Souza, integrante do Conselho de Diretores do SJSP; Paulo Zocchi, secretário do Depar-tamento Jurídico do SJSP; Pedro Pomar, editor da Revista ADUSP e Maria Cecília Figueiredo, assessora de imprensa da Se-cretaria de Saúde da Prefeitura de Suzano. José Eduardo foi escolhido como relator.

Para o presidente da FENAJ, Celso Schröder, o tema ambiental foi inovador. “Pela primeira vez abordamos o tema meio ambiente, resultando em inúmeros debates interessantes que ressaltaram a prática do Jornalismo como mecanismo de incitar a participação popular nas de-cisões sustentáveis”, diz. A Carta de Rio Branco, documento que sintetiza as prin-cipais deliberações do evento, defende que o "Jornalismo Ambiental deve ser difun-dido até que cheguemos à condição ideal de que todo o Jornalismo seja ambiental. E, para além do jornalismo especializado, o olhar sobre as questões socioambientais – pilares da sustentabilidade – tem de es-tar presente, transversalmente em toda a cobertura jornalística".

Diploma em JornalismoBandeira de luta que desde 2009, quan-

35º Congresso Nacional aprova plano de lutas dos jornalistas

Como parte da programa-ção do 35º Congresso Na-cional dos Jornalistas foi re-alizada a Mostra de Cartuns e Fotografias sobre Meio Ambiente, organizada pelo diretor do Departamento de Imagem da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e secretário geral do SJSP, André Freire. A mostra integra as atividades do V Encontro dos Jornalis-tas de Imagem (Enji).

Segundo Freire, a exposição tem de valorizar o jornalista de imagem por meio do foco ecológico. “A questão dos profissionais de imagem é séria. Hoje eles são explorados e têm condições de

V Encontro dos Jornalistas de Imagem

do o STF derrubou a exigência do diploma como requisito para o exercício da profis-são, a campanha pela aprovação da PEC dos Jornalistas será intensificada com um plano de ações para a rápida aprova-ção, na Câmara Federal, da proposta já

aprovada no Senado. A luta pelo fortale-cimento e valorização dos jornalistas será reforçada, também, com a reapresenta-ção, no Congresso Nacional, do projeto de atualização da legislação que regulamenta a profissão, a cobrança junto ao MEC da

aprovação das novas diretrizes curricula-res no Jornalismo e com a reapresentação do projeto de criação do Conselho Federal dos Jornalistas (CFJ).

Também no plano de valorização pro-fissional, o 35º CNJ aprovou a intensifi-cação da Campanha em Defesa do Piso Nacional junto à categoria, à Academia e à sociedade, no sentido de organizar ges-tões conjuntas dirigidas às bancadas dos Estados e líderes partidários do Congres-so Nacional, além de lideranças do Go-verno Federal, pela aprovação e sanção presidencial de projeto sobre o tema que já tramita na Câmara dos Deputados. Além disso, aprovou-se que a FENAJ proponha às entidades patronais a aber-tura de negociação para a construção de um Protocolo Nacional envolvendo a instituição do Piso Nacional e ampliação dos direitos, a segurança e os direitos au-torais dos jornalistas.

No campo da democratização da co-municação, foi aprovada tese que defen-de "um novo marco regulatório para a área da comunicação, sob o princípio do controle público, entendido como o con-junto de mecanismos e espaços públicos que atuam no sentido de impedir o pre-domínio de interesses particulares sobre o interesse público", o encaminhamen-to, pelo governo federal, das propostas aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), a universali-zação da banda larga, o projeto de lei da nova Lei de Imprensa, que está pronto para votação há mais de dez anos.

Além disso, foi reafirmada a importân-cia do Conselho de Comunicação Social (CCS), como órgão consultivo do Con-gresso Nacional, e, ao mesmo tempo, a manutenção da luta pela criação do Con-selho Nacional de Comunicação, como órgão deliberativo e autônomo e o forta-lecimento do Fórum Nacional pela Demo-cratização da Comunicação (FNDC), "pela afirmação de seu programa e pela atuação coletiva do movimento sindical dos jorna-listas (FENAJ e Sindicatos), especialmen-te na formulação de propostas e políticas que defendam e identifiquem o jornalis-mo profissional como um dos pilares de sustentação da democracia no país".

Maceió, em Alagoas, sediará o 36º Con-gresso Nacional dos Jornalistas, em 2014.

Na reunião da Sociedade In-teramericana de Imprensa (SIP) de 1975, o dono do Jornal O Liberal de Belém,

Rômulo Maiorana, utilizou a palavra para protestar contra a “perseguição” que a mídia estrangeira fazia ao governo militar brasileiro, dizendo que havia uma campanha de mentiras denunciando as arbitrariedades e as torturas. Neste mes-mo momento, Júlio Mesquita Neto, o dono do Estadão, que presidia a reunião, recebe uma comunicação e fica branco, absolutamente branco. Ele interrompe Rômulo Maiorana e diz: “Eu lamento informar, mas acabamos de receber a in-formação que o jornalista Vladimir Her-zog foi encontrado morto numa cela do DOI-CODI em São Paulo e a suspeita é de que ele foi assassinado”.

Nessa hora, Rômulo Maiorana, que estava dizendo que os militares eram ví-timas de uma campanha de difamação, desce da tribuna, vira para as pessoas que estavam ali e diz: “Mas que coisa horrível. Que momento mais impróprio pra matar esse cara!”.

Este relato foi realizado por Antonio Carlos Fon, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) – entrevistado do Unidade neste número (vide páginas 6 e 7), que estava presente na reunião da SIP.

“Essa é a classe dirigente. Esses são

Barões da mídia defendiam ditadura até que Vlado fosse assassinado

os proprietários de jornais e revistas no Brasil. São canalhas como Rômulo Maio-rana, como Octávio Frias de Oliveira, como Roberto Marinho. É essa canalha que apoiou, que enganou, que escondeu os crimes da ditadura, que se locupletou. Porque a Folha se locupletou, a Editora Abril se locupletou, a Rede Globo se locu-pletou com os crimes da ditadura e hoje vêm posar de democratas. Não são demo-cratas. São assassinos, são torturadores porque foram cúmplices desses crimes”, denuncia Fon.

Para quem não sabe, a SIP, é uma enti-dade que congrega os donos dos grandes conglomerados de comunicação do con-tinente. Em outubro, durante reunião realizada em São Paulo, foi alvo de mani-

festações de militantes dos movimentos sociais, sindicais e defensores da demo-cratização da comunicação, tais como a CUT, o MST, o Fórum Nacional pela De-mocratização da Comunicação (FNDC), que denunciaram abusos praticados por emissoras de rádio e televisão, jornais e revistas por agirem como um partido po-líticos, efetuando cobertura tendenciosa da política brasileira.

Os manifestantes ergueram faixas com dizeres como o “Monopólio da mí-dia sufoca a liberdade de expressão”, apontaram a manipulação do jornalismo pelo poder econômico e político em con-luio com o Judiciário.

A secretária estadual de Comunicação da CUT-SP, Adriana Magalhães, destacou

que diante de tantos e tão reiterados abu-sos contra a liberdade de expressão, está na hora do governo federal submeter “a consulta popular os 20 pontos do Marco Regulatório da Comunicação”. Entre as prioridades, elencou ela, estão a regula-mentação dos artigos da Constituição Federal, como o que proíbe a formação de monopólios e oligopólios, e o que ga-rante o respeito à diversidade regional e à produção independente. Enquanto isso, disse, os grandes meios de comunicação “condenam os movimentos sociais, cri-minalizam o MST e as centrais sindicais e não dão sequer direito de resposta”.

O coordenador do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, Altamiro Bor-ges, denunciou o “rabo preso” dos “450 donos, executivos e jornalistas” reunidos no evento da SIP e os exortou a se pro-nunciarem sobre os abusos cometidos contra a liberdade de expressão, como a perseguição movida contra Julian As-sange, fundador do Wikileaks.

Representando o MST - uma das en-tidades mais atingidas pela calúnia - o jornalista Igor Felipe defendeu “a des-concentração dos meios como essencial para abrir espaço a uma sociedade mais democrática”. “Queremos liberdade de expressão e liberdade de imprensa. Já as famílias reunidas no encontro da SIP querem a comunicação como forma de garantir lucros e dominação”.

Durante a sexagésima oitava reunião da Sociedade Interamericana de Im-prensa (SIP), ocorrida em outubro em São Paulo, foram rechaçadas todas as iniciativas de regulação dos meios de comunicação de massa que, na avaliação da entidade, cerceiam a liberdade de im-prensa. O Marco Regulatório da Comu-nicação foi demonizado à vontade, sem viva alma para dizer nada contra.

Fundada em 1946 nos EUA, a en-tidade teve papel crucial na Guerra Fria. Empenhou-se em classificar como “antidemocráticos” os governos latino-americanos que não se alinhavam com a Casa Branca. Constituiu-se em peça decisiva do clima psicológico que ante-

Marco Regulatório foi demonizado na reunião da SIPcedeu levantes militares no continen-te entre os anos 60 e 80 de tão triste memória para brasileiros. Entre seus membros mais proeminentes, destaca-se o diário chileno El Mercurio, com-prometido até a alma com a derrubada do presidente constitucional Salvador Allende, em 1973 e a consequente di-tadura do general Augusto Pinochet. Outros grupos filiados são os argenti-nos La Nación e El Clarín, apoiadores de primeira hora do sanguinário golpe de 1976.

A lista é longa. O tradicional matuti-no da família Mesquita, OESP, também tem seu lugar de destaque na entidade, fazendo coro à chamada grande im-

prensa nativa com sua postura anti-constitucional, apoiando o complô contra o presidente João Goulart em 1964. Mais recentemente, tais veículos apoiaram o golpe contra o presidente Hugo Chávez (2002), a derrocada do hondurenho Manuel Zelaya (2009) e o afastamento ilegal do paraguaio Fer-nando Lugo (2012). Funcionam, em bom português, como uma aliança in-tercontinental do conservadorismo.

Em julho de 2010, às vésperas das eleições de 2010, o então presidente da SIP, Alejandro Aguirre, afirmou que Lula “não poderia ser chamado de de-mocrata” e o incluiu entre os líderes que “se beneficiam de eleições livres

para destruir as instituições democrá-ticas”. O objetivo era evidente: como porta-voz dos barões da mídia, queria colaborar no esforço de guerra contra a condução de Dilma Rousseff, pelo su-frágio popular, ao Palácio do Planalto.

A SIP vai além de movimentos pon-tuais para a desestabilização das expe-riências de esquerda. A entidade abriga uma espécie de ‘laboratório para estra-tégias de terceirização política dos Es-tados nacionais’, na qual corporações privadas de imprensa ditam a agenda, se articulam com esferas do poder pú-blico e se consolidam como partidos orgânicos da oligarquia.

Amaro Augusto Dornelles, jornalista.

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Acima, Guto defende a tese do SJSP.

Ao lado, a delegação paulista

eleita no Congresso Estadual

Manifestação durante reunião da SIP em São Paulo

André Freire lê a carta de Rio Branco

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Page 6: Jornal Unidade nº 354 - Dezembro/2012 - SJSP

Assessorias

Livros

Registros

Jornal

Revista

O Vaivém do mercado Eduardo Ribeiro

Midias Digitais

Televisão

1110

Rádio

Interior e Litortal

JOELMIR BETING, aos 75 anos, no dia 29 de novembro, em São Paulo, em decorrência de um acidente vascular encefá-lico hemorrágico, que sofreu no Hospital Albert Einsten onde estava internado havia mais de um mês, para tratamento de uma doença autoimune. Uma das principais estrelas do jor-nalismo de economia, do qual foi pioneiro e desbravador, con-tribuindo para a popularização de tema árido e pouco acessível aos mais humildes, fez carreira na Folha de S.Paulo, onde es-teve por mais de duas décadas, seguindo depois por Estadão, Rede Globo e por último TV Bandeirantes, em que atua-va como comentarista. O que poucos sabem é que Joelmir foi vice-presidente deste Sindicato, na gestão Gabriel Romeiro, en-tre os anos de 1983 e 1986, ao lado de colegas como Luís Nas-sif, Juarez Soares, José Paulo Kupfer, Sérgio Sister, Vicente Alessi e Paulo Ribeiro. Eram ainda tempos difíceis, nos es-tertores da ditadura militar, e a presença de Joelmir na chapa e, depois, na diretoria, era um aval e uma garantia para que a entidade pudesse cumprir o seu papel nos movimentos de rede-mocratização do País.

VERA SASTRE, aos 67 anos, em 10 de outubro, de câncer. Ela começou na Última Hora e foi depois para O Sol, jornal alternativo de oposição ao re-gime militar. Esteve ainda em

mês de novembro viu desaparecer três jornais diários: Jornal da Tarde, Diário do Povo (Campinas) e Marca. E também viu viajar antes do combinado o consagrado Joelmir Beting, ex-vice-presidente de nosso Sindicato, a querida Lígia de Mello Castanho, o polêmico Célio Franco, o jovem Thiago de Angelis e o decano Hernani Donato. Viu ainda a Record realizar 70 demissões, 40 na Record News e 30 no portal R7. E ainda o fim da parceria Estadão-ESPN. E para quem gosta de livros, são quase 30 os lançamentos registrados. Boa leitura!O

O GRUPO ESTADO, como todos já sabiam, a despeito dos inúmeros desmentidos, anun-ciou o fechamento do Jornal da Tarde, a partir de novembro. Dele, só sobreviveu o Jornal do Carro, agora incorporado ao Es-tadão. Lançado em 1966, o JT contabilizava 46 anos de vida, mas era apenas uma pálida sombra de seus tempos áureos, entre os anos 1960 e 1970.

OUTRO JORNAL que sai de cena é o centenário Diário do Povo, de Campinas, da Rede Anhanguera de Comunicação. Dele, agora, resta apenas a ver-são online. Comprado em 1996 pela RAC, o Diário do Povo foi fundado em 1912. Entre 1981 e 1996, esteve sob a direção do ex-governador Orestes Quér-cia, que o adquiriu e fez dele o sucedâneo do Jornal de Hoje, que ele lançara em 1979 e que, na fusão com o Diário do Povo, desapareceu.

O TERCEIRO JORNAL a de-saparecer neste final de 2012 foi o Marca, título esportivo tradi-cional no mercado carioca que, trazido a São Paulo pela Ejesa, teve vida curta.

ETHEVALDO SIQUEIRA deixou o Estadão, em outubro. Foram 45 anos de casa, perío-do em que atuou como redator, editor, repórter especial e colu-nista – um dos mais respeitados nas áreas de TI e Telecom. Ain-da por lá, Melina Costa, de volta de Londres, retomou o trabalho como repórter do caderno de Negócios, que também foi re-forçado com as contratações de Lílian Cunha e Nayara Fraga.

IZABELA MOI deixou a Fo-lha de S.Paulo para tocar pro-jetos pessoais. Ainda por lá, Francesca Angiolillo migrou

da Ilustrada para o caderno Ilustríssima; Denise Menchen assumiu a pauta de Mundo; e Epaminondas Neto, repórter de economia internacional do ca-derno Mundo, saiu.

MARCOS GUEDES transfe-riu-se do Agora SP para a Gaze-taEsportiva.net.

PLINIO FRAGA começou no Segundo Caderno do Globo, no Rio de Janeiro.

MICHELINE ALVES assu-miu o recém-criado cargo de di-retora de núcleo da Trip Edito-ra, passando a responder pelas revistas Trip e TPM.

LUCIENE ANTUNES deixou a Exame PME e temporaria-mente o Jornalismo. Foi tra-balhar em uma startup de edu-cação, chamada Veduca (www.veduca.com.br).

PRISCILLA PORTUGAL co-meçou na Globo Condé Nast, como editora da GQ.

PAULA CRAVEIRO e Reja-ne Lima estão agora na Editora Contadino.

ANDRÉ VIEIRA deixou a Época Negócios, onde era editor executivo.

APÓS RÁPIDA passagem pela Unesp Ciência, Martha San Juan França deixou a revista.

MAURICIO THUSDOWL as-sumiu a edição da revista Inova, que circula na região do ABC.

A RECORD NEWS demitiu 40 profissionais e acabou com praticamente todos os progra-mas jornalísticos, exceção ao Jornal da Record News, ancora-do por Heródoto Barbeiro, mas que também teve uma baixa, a saída de Andrea Beron. A emis-

sora decidiu priorizar o notici-ário e as reprises de programas jornalísticos da própria Record, como o Domingo Espetacular. Com isso, foram descontinuados os programas de reportagens especiais de Marcos Hummel e de entrevistas de Fátima Turci e Paulo Henrique Amorim.

FERNANDO VIEIRA DE MELO começou na Globo como diretor de Relações Institucio-nais. No lugar dele como vice-presidente de Conteúdo da Fun-dação Padre Anchieta (Rádio e TV Cultura) assumiu Eduardo Brandini.

GOULART DE ANDRADE está de volta com o seu Vem comigo, na TV Gazeta, às 2as.feiras, 23h30.

RICARDO LESSA saiu da GloboNews, onde esteve por oito anos.

MARIA FERNANDA PAULI começou como âncora da Band-news TV, função que acumula com a de repórter do BandSports.

TATIANA CHIARI deixou a Record e está agora como dire-tora-executiva da FSB.

LUIZ CEARÁ começou no es-porte da RedeTV, participando de 2ª. a 6ª.feira do RedeTV Es-porte, às 18h50.

POUCAS HORAS após decretar o fim do Jornal da Tarde, o Grupo Estado anunciou a descontinuidade da parceria com a ESPN na Rádio Estadão-ESPN. A partir de 1º de janeiro a rádio passa a se chamar apenas Estadão. Foram 20 meses de contrato.

CHEGARAM À BANDNEWS FM o âncora Paulo Cabral; o edi-tor Pablo Fernandez; o colunista (de Viagens) Ricardo Freire; e o locutor Robson Ramos. Saiu Daniela Florenzano em direção à Sulamérica Trânsito.

DEIXARAM A REDE BOM DIA Djalma Luiz Benette, o Deda, editor-chefe da edição de Soroca-ba, e Cristina Camargo, editora da edição de Bauru. No total, a rede cortou 12 postos de trabalho. Deda foi substituído por Marcelo Macaus, em Sorocaba.

THIAGO ROQUE reforça a equipe de A Cidade (Ribeirão Pre-to), no cargo de editor executivo.

ANDRÉ AZENHA despediu-se da Editora Realejo. Ele segue atendendo Cine Roxy, Associa-

ção Projeto TAMTAM, Associa-ção dos Orquidófilos de Santos e Santos Jazz Festival.

DANÇA DE CADEIRAS na Tribuna Impressa, de Arara-quara. O chefe de Reportagem Cláudio Dias deixou o jornal e foi para a EPTV Central, em São Carlos, do mesmo grupo. Para o lugar dele foi promovido o edi-tor de Cidades Emerson Bellini, em cuja vaga assumiu Rober-to Schiavon. Na Reportagem, saiu Marco Antonio e entrou Michelli Valala. Na Fotografia, Kris Tavares assumiu a vaga de Daniel Barreto.

LUCIANO SUASSUNA mi-grou da Diretoria Editorial para a de Entretenimento do iG e foi substituído por Tales Faria, que fica no Rio de Janeiro. O publi-sher Beto Gerosa e os repórte-res especiais Yan Boechat e Du-bes Sônego deixaram o portal.

DEBORAH BRESSER está agora como editora no portal Glamurama.

BIA RODRIGUES deixou o UOL e embarcou para Santiago, em temporada de estudos.

O PORTAL R7, da Record, cortou 30 funcionários, entre repórteres, subeditores e edito-res. E logo em seguida voltou a contratar. Chegaram Diogo de

Oliveira, para o canal Carros; Thiago Calil, para Entreteni-mento; Gustavo Vilela, para o canal Notícias; Joyce Carla de Paula para Economia; e Vanes-sa Beltrão para Cidades. Mu-daram de área Érica Saboya, de Cidades para Brasil; Filipe Albu-querque de Brasil para Cidades; e Fernando Mellis, da Agência Record também para Cidades.

MARCELO VITORINO fe-chou o blog Pergunte ao Urso, após cinco anos de vida e dois livros publicados.

JOSIMAR MELO passou a assinar a coluna mensal Os re-comendados do Josimar, no site de reservas Restorando.com.

ANA CECÍLIA AMERICANO assumiu a Gerência de Comuni-cação Externa da Telefonica I Vivo. A equipe ainda foi refor-çada por Marli Romanini, Aline Mota, Rhaissa Tolentino e Pa-tricia Lisboa Lopez.

SIMONE COTTA CARDOSO começou como gerente de Comu-nicação Corporativa da Avon.

ELISANGELA ROXO foi para a CDN como gerente de atendimento.

RENATO PEZZOTTI assu-miu a Gerência de Conteúdo e Comunicação Corporativa da 9ine, agência do Grupo WPP

que tem como sócio o ex-joga-dor Ronaldo.

IVELISE DE ALMEIDA CARDOSO assumiu a Gerência de Comunicação Corporativa da Manserv, empresa com 27 anos de atuação nas áreas de manu-tenção, logística e facilities.

TONICO GALVÃO e César Nogueira entraram de sócios na SP4, de Odete Pacheco e Clara Barufi.

CARLOS EDUARDO ALVES, o Cadu, deixou a agência Analítica.

SÉRGIO LEOPOLDO RO-DRIGUES saiu da Associação Comercial de São Paulo, onde esteve por 15 anos.

MARCOS ROBERTO SAN-TOS deixou a Sing e começou na Unisys como gerente de Comunicação Corporativa/RP para a América Latina.

AUDALIO DANTAS O livro do jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP),, “As duas guer-ras de Vlado Herzog: da Per-seguição Nazista na Europa à Morte sob Tortura no Brasil”, foi lançado no auditório Vla-dimir Herzog. O lançamento teve boas vindas realizadas pelo presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto) e pre-sença do rabino Henry Sobel

ALCEU CASTILHO com Partido da Terra – como os po-líticos conquistam o território brasileiro (Contexto), em que aborda política e questão agrá-ria, a partir da análise de 13 mil declarações de políticos eleitos em 2008 e 2010.

CARLA SCHWINGEL com Ciberjornalismo (Paulinas), obra da coleção Comunicação em Pauta.

CARLOS ARAÚJO com Companheiros – A hora e a vez dos Metalúrgicos de Sorocaba, em que rememora a trajetória de lutas da entidade.

CRISTINA CHACEL com Seu amigo esteve aqui (Zahar), que conta a história de Carlos Alberto Soares de Freitas, mi-litante preso em 1971, assassi-nado pela ditadura militar, cujo

corpo nunca foi entregue aos familiares.

DINAH SALLES com O que você vai ser quando crescer? (Moderna), que integra a cole-ção Informação e Diálogo, diri-gida a jovens entre 11 e 14 anos.

ELMAR BONES com Uma reportagem, duas sentenças – O caso do jornal JÁ, sobre a con-denação sofrida pelo jornal em razão de uma reportagem publi-cada em 2001.

EDMUNDO MORAES com Poética – Poemas e Controvér-sias – produção independente, com prefácio de Rose Nogueira. Contatos através do [email protected] ou (11) 4144-1991

HELLE ALVES com Eu vi, au-tobiografia em que rememora sua carreira nos Diários Asso-ciados.

INSTITUTO VLADIMIR HERZOG com Os cartazes des-ta história (Escrituras), com-pilação de 300 manifestações visuais – cartazes, documentos e fotografias – contra regimes ditatoriais e violações dos direi-tos humanos em vários países da América Latina. Organizada por Vladimir Sacchetta, José Luiz Del Roio e Ricardo Carva-lho, com projeto gráfico de Kiko Farkas, faz parte do projeto Re-sistir é Preciso.

KLESTER CAVALCANTI com Dias de inferno na Síria (Benvirá/Saraiva), no qual re-lata sua prisão em maio por agentes do regime de Bashar al-Assad.

MARIA SILVIA CAMARGO com Quando ia me esquecendo de você (7Letras), história sobre duas amigas de infância que tro-cam experiências por meio de seus diários até ficarem adultas.

MARTA SCHERER com Im-prensa e Belle Époque – Olavo Bilac, o jornalismo e suas histó-rias (Unisul), obra que resgata crônicas publicadas por Bilac no início do século passado.

MILTON SALDANHA com O País transtornado (Movimento/RS), em que conta de maneira informal a história do Brasil dos últimos 60 anos.

NAIARA MAGALHÃES com Não é coisa de sua cabeça (Gu-

tenberg), obra escrita em dobra-dinha com José Alberto de Ca-margo, que se propõe a abordar, em linguagem acessível, trans-tornos mentais como depres-são, ansiedade e esquizofrenia.

NEUSA BAPTISTA com Ca-belo Ruim?, sobre a história de três meninas negras vivencian-do no ambiente escolar suas angústias com a estética e seus cabelos crespos.

PAULA FONTENELLE com Fim de tarde com leões (Gera-ção), escrita a quatro mãos com P. W. Guzman, pseudônimo do autor que prefere não revelar sua identidade – o livro se de-senvolve a partir de cartas que um casal troca após a perda do filho adolescente e o fim do re-lacionamento.

PEDRO DORIA com 1565 − Enquanto o Brasil nascia – A aventura de portugueses, fran-ceses, índios e negros na fun-dação do país (Nova Fronteira), sobre os acontecimentos e a saga dos habitantes que molda-ram, entre os séculos 16 e 17, a nação que conhecemos hoje.

RAFAEL MOTTA com Tar-quínio – Começar de novo (Le-opoldianum), sobre a trajetória do único negro eleito prefeito de Santos, em 1968, que foi cassado pela ditadura antes da posse.

REGINA AUGUSTO com No centro do poder (Virgiliae), bio-grafia de Petrônio Corrêa, sócio da MPM, uma das principais agências de publicidade do País entre 1970 e 1980.

REGINA HELENA PAIVA RAMOS com E agora, o que eu faço com o pernil? (Giostri), comédia escrita para o teatro e que agora virou livro.

RENATO MODERNELL com A notícia como fábula (Sum-mus), resultado de um estudo de mestrado na USP em 2004, no qual o autor passeia pela crô-nica e pela fantasia sem perder o rigor acadêmico.

RONALDO DENARDO com Latitude de Klare (Ibrasa), ro-mance que traz a história de uma jovem gaúcha que após a perda de seus pais decide conhecer o mundo por conta própria.

THAIS ALVES com a cole-ção Comunicação, reunindo os

livros 7 pecados, Comunicação pessoal, Comunicação profissio-nal e Comunicação virtual.

VALDEMIR CUNHA com Brasil invisível, que reúne retra-tos e histórias de pessoas que transformam riquezas naturais e oportunidades em possibilida-des de vida digna.

WLADYR NADER com O ta-manho do estrago, coletânea de contos em que mostra por meio de personagens diversos que a capital paulista é mais frágil e, consequentemente, mais humana do que muitos imaginam.

Tribuna da Imprensa, revista Manchete, O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil, Veja, Contigo, Caras e O Globo. Por último, trabalhou em projetos culturais de empresas privadas.

THIAGO DE ANGELIS aos 29 anos, no dia 16 de outubro, em São Paulo, vítima de um raro câncer que começou nos rins e terminou afetando pulmão e coluna. Repórter do TV Fama, da Rede TV, onde estava desde abril de 2010, era conhecido como Repórter Linguarudo.

RONALDO ANTONELLI no dia 17 de novembro. Com pas-sagens por Folha de S.Paulo, Abril e Agência France Presse, dedicou-se à literatura. Suas duas últimas obras publicadas foram O crepúsculo das letras e Os dias de condor. Foi chefe de revisão e preparação de texto do Círculo do Livro.

HERNÂNI DONATO, aos 90 anos, no dia 22 de novembro, de infarto do miocárdio. Ocupante da cadeira número 20 da Acade-mia Paulista de Letras, começou a carreira aos 11 anos, quando escreveu O tesouro, livro publi-cado em capítulos no suplemen-to do jornal Diários Associados. Foi por muitos anos diretor de Relações Públicas da Editora Abril.

CÉLIO FRANCO DE GODOY JÚNIOR, aos 55 anos, também no dia 22 de novembro, após atirar contra a própria cabeça. Dedicou grande parte de sua carreira ao Diário do Grande ABC, onde foi editor-assistente, editor, repórter especial, colu-nista e editor-chefe, entre o fi-nal dos anos 80 e 90. Depois, já com sua própria editora, criou a revista Circuito ABC, embrião da revista Circuito Guarulhos, do Diário de Guarulhos. Tinha sua própria empresa editorial, em sociedade com sua mulher Ana. Também deu aulas em cursos de jornalismo em facul-dades como a da Universidade Metodista de São Bernardo, onde se formou no final dos anos 80. Seu último trabalho foi como assessor da diretoria da Giap, empresa de tecnologia com sede em São Paulo. Deixou três filhos e a mulher Ana.

O Vaivém de mercado

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Page 7: Jornal Unidade nº 354 - Dezembro/2012 - SJSP

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É cartunista desde 1982. Iniciou seu trabalho para o movimento sindical em entidades como o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e tam-bém de Limeira e Químicos de São Paulo, onde trabalha atualmente. Além de cartuns, charges

e ilustrações, produz material gráfico, fazendo diagramação e editoração eletrônica. Desenha, há mais de 10 anos, revistas em quadrinhos e faz ilustração para projeto de educação no trânsito em concessionárias de rodovias. nteiro

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