Os desafios da bioética para a fé cristã

Texto central: Lucas 4.16-21E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler.E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração,A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor.E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.

Segunda leituraDt. 30.19-20

Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de

que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a

maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua

descendência,

Amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e

achegando-te a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento

dos teus dias; para que fiques na terra que o Senhor jurou a

teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que lhes havia de dar.

BioéticaDefinição

O início da Bioética se deu no começo da década de 1970, com a publicação de duas obras muito importantes de um pesquisador e professor norte-americano da área de oncologia, Van Rensselaer Potter.

frase: “Nem tudo que é cientificamente possível é eticamente aceitável”.

Bioética (“ética da vida”)

Ciência que estuda o impacto das novas tecnologias sobre a vida.

O progresso científico não é um mal, mas a “verdade científica” NÃO pode substituir a ética.

Bioética

Um dos conceitos que definem Bioética é que esta é a ciência “que tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de referência racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações”(LEONE; PRIVITERA; CUNHA, 2001).

Nem sempre o que a ciência propõe é adequado a vida!

Bioética

Contexto histórico e as relações assistenciais

Hipócrates de Cos (séc. IV a.C.) é considerado o “Pai da Medicina”.

Sua importância é tão reconhecida que os profissionais da saúde, no dia da formatura, fazem o “Juramento de Hipócrates”.

Segundo esse juramento, os profissionais devem se comprometer a sempre fazer o bem ao paciente.

No século IV a.C., a sociedade era formada por diversas castas

Os médicos, naquela época, eram considerados semideuses, e estavam encarregados de curar as pessoas “segundo seu poder e entendimento” (como consta no juramento de Hipócrates).

René Descartes no século XVII, estabeleceu o método cartesiano (ou cartesianismo), ao propor a fragmentação do saber (com a divisão do “todo” “em partes” para estudá-las isoladamente), sem dúvida contribuiu para o avanço da ciência.

• gerou a superespecialização do saber;• o paciente é uma pessoa única;• o paciente que se atende é um todo.

“um profissional que sabe quase tudo sobre quase nada”

No século XIX, com a evolução dos microscópios, os cientistas

Louis Pasteur e Robert Koch iniciaram uma nova fase na

evolução da ciência: a descoberta e o estudo dos

microrganismos.

A partir das descobertas desses cientistas, a ciência na área

da saúde começou a caminhar a passos largos.

Podemos atribuir a essas descobertas uma mudança de foco

dos profissionais do “doente” para a “doença”, ou seja,

quando os profissionais se preocupam mais com as doenças

(e seu estudo) do que com o doente (e a consequência das

doenças para o doente).

processo de “desumanização”

Séculos XX e XXI

Desenvolvimento da ciência

Surgimento de novos desafios

Contextualização cultural Séculos XX e XXI

Três modalidades/correntes que exercem atualmente grandes influências na reflexão da ética:

Individualismo

Hedonismo

Utilitarismo

Contextualização cultural Séculos XX e XXI

Individualismo:

Tipo da ética liberal, resume tudo à reivindicação da liberdade

acima de qualquer coisa

Uma liberdade que desconsidera a responsabilidade

Contextualização cultural Séculos XX e XXI

Hedonismo:

Busca desenfreada pelo prazer, só aquilo que traz prazer é

justificado moralmente.

O desejo de felicidade é reduzido a uma perspectiva de nível

físico, material e sensorial (e felicidade é muito mais do que

isto!)

Contextualização cultural Séculos XX e XXI

Utilitarismo:

correlação entre custos e benefícios, aquilo que te traz mais

benefícios ou menos custo vai ser a atitude considerada a

mais adequada.

Contextualização cultural Séculos XX e XXI

Cada uma dessas ideologias tem pontos positivos, buscar a

liberdade é bom, buscar o prazer é bom e aquilo que traz

maior benefício é bom também. O que não é bom quando

tudo é ao extremo! Há uma perda de controle.

Ponto de partida

Neste contexto cultural , como se pode, então, construir uma reflexão sobre a bioética?

Existe um fundamento?

Existe um critério tal que posso ser reconhecido como verdadeiro e partilhado?

Como devo proceder em situações onde tecnologicamente é possível, mas é licito?

Fundamentação da Bioética: o valor da vida humanaA pessoa humana

Única – cada pessoa é um ser singular, que são pessoas diferentes. Necessidades diferentes, anseios etc.

Dignidade – reconhecimento do valor da pessoa, de sua complexidade.

Dimensões diversas – biológicas (ciências da saúde, medicina) psíquicos (psicológicos estudam detalhadamente), sociais ou morais (estudado pelas ciências sociais), e espiritual (estudada pela teologias). Todas as dimensões juntas compõe a pessoa.

O valor da vida humana

Para a bioética é fundamental a vida humana.

Mas o que designamos vida humana? (Salmos 139.16)

A vida é um processo que pode ser:

Continuo: porque é ininterrupto na sua duração. Se houver interrupção haverá morte.

Coordenado: O DNA do próprio embrião é responsável pelo gerenciamento das etapas de seu desenvolvimento.

Progressivo: Processo de desenvolvimento leva a uma complexidade cada vez maior da vida em formação.

A vida é um processo que pode ser:

Continuo: porque é ininterrupto na sua duração. Se houver interrupção haverá morte.

Coordenado: O DNA do próprio embrião é responsável pelo gerenciamento das etapas de seu desenvolvimento.

Progressivo: Processo de desenvolvimento leva a uma complexidade cada vez maior da vida em formação.

O valor da vida de algumas pessoas, em diferentes épocas não foram respeitadas:

Escravidão

Guerras

Pacientes

Os princípios da bioética Foram propostos por Beauchamps & Childress em 1979 que podem ser utilizados como ferramentas diante de conflitos éticos.

Beneficência/não maleficência: fundamentada na dignidade da pessoa

Autonomia: autodeterminação, liberdade com responsabilidade.

Justiça: dar a cada um o que lhe é devido

Vamos entender cada um destes princípios

Beneficência – é a finalidade de qualquer ciência medica.Também chamado beneficio;Fazer o bem em relação a pessoa e a sociedade e evitar o mal;Não malefício;Finalidade da ciência medica;Totalidade (aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais)

Não maleficência – evitar o mal, prevenir um agravo.

Autonomia – liberdade de decisão sobre sua vida. Gerenciar sua própria vontade, livre da influencias de outras pessoas.Para que exista a autonomia, algumas condições são fundamentais:

liberdadeinformação

A pessoa dever ser livre para decidir. Para isto deve estar livre das pressões externas, pois qualquer tipo de pressão ou subordinação dificulta a expressão da autonomia.

Existe neste caso o enfrentamento da limitação da autonomia.

Estudantes, crianças, adolescentes, situação da urgência.

Justiça

Obrigação de igualdade de tratamento

Dar a cada um o que lhe é devido

Em relação ao Estado, significa justa distribuição de verbas para a saúde.

Considerações finais

A bioética pretende contribuir para que as pessoas

estabeleçam “uma ponte” entre o conhecimento cientifico e

o humanístico, a fim de evitar impactos negativos.

Em razão da influencia histórica, cultural e social que

sofremos, devemos estar muito atentos, caso contrario,

corremos o risco de perder os parâmetros que devem nos

nortear.

Considerações finais

As influencias paternalismo, cartesianismo, ênfase na doença,

individualismo, hedonismo e utilitarismo existem e que não

podemos escapar dela.

Utilizar as ferramentas adequadas para definir quais devem

ser as nossas atitudes, sem esquecer o nosso fundamento. O

primeiro princípio a ser seguido deverá ser o de

beneficência/não maleficência, o segundo o de autonomia e o

terceiro o de justiça.