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Parte I
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Jeremias
Parte 1
Silvio Dutra
DEZ/2015
3
A474 Alves, Silvio Dutra Jeremias./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 343p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Comentário Bíblico. 3. Profecia. 4. Justificação. 5. Redenção. 6. Jesus. I. Título.
CDD 230.224
4
Sumário Jeremias 1..................................................... 5 Jeremias 2..................................................... 20 Jeremias 3..................................................... 33 Jeremias 4..................................................... 40 Jeremias 5..................................................... 48 Jeremias 6..................................................... 55 Jeremias 7..................................................... 63 Jeremias 8..................................................... 69 Jeremias 9..................................................... 77 Jeremias 10................................................... 85 Jeremias 11................................................... 91 Jeremias 12................................................... 96 Jeremias 13................................................... 101 Jeremias 14................................................... 108 Jeremias 15................................................... 117 Jeremias 16................................................... 124 Jeremias 17................................................... 129 Jeremias 18................................................... 136 Jeremias 19................................................... 141 Jeremias 20................................................... 146 Jeremias 21................................................... 152 Jeremias 22................................................... 157 Jeremias 23................................................... 162 Jeremias 24................................................... 171
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Jeremias 1
A Boca de Deus nos Profetas
O pai de Jeremias era sacerdote, e como este
era um cargo vitalício passado de pai para filho,
na descendência de Arão, então Jeremias também estava sendo preparado para o
sacerdócio quando lhe veio a palavra do Senhor,
dando-lhe como profeta às nações.
O próprio nome Jeremias era um nome
profético, porque significa “chamado pelo
Senhor” ou “a quem o Senhor designou”, ou
ainda, “levantado pelo Senhor”, tal como foi profetizado acerca de Jesus como o Profeta que
seria levantado do meio de Israel (Dt 18.15,18).
Ninguém se faz profeta, pastor, evangelista, missionário, a não ser por um chamado, por
uma designação, por um levantamento
realizados pelo Senhor.
O profeta, pastor, evangelista ou missionário
receberá também mensagens da parte do
Senhor para que sejam pregadas e ensinadas às pessoas às quais forem enviados por Ele. Tal
como sucedeu com Jeremias, como se afirma no
verso 9:
“Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na
boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as
minhas palavras na tua boca.”
Estas palavras que foram colocadas na boca de
Jeremias, seriam as revelações que lhes seriam
dadas da parte de Deus, especialmente os juízos
contra o pecado de Judá e das nações.
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O motivo desta chamada e desta ação divina em
relação a Jeremias, foi também declarado pelo
Senhor ao profeta, quando lhe disse que velava
sobre a sua Palavra para a cumprir.
O Senhor havia afirmado na Lei de Moisés que traria juízos sobre Israel e sobre as nações, no
período da dispensação da Antiga Aliança, caso
andassem desviados dos seus caminhos, e
agora, tal como a vara de amendoeira era uma planta temporã, que florescia sem falta, antes
das demais árvores, o juízo do Senhor também
estava amadurecido e seria cumprido tal como
Ele havia prometido.
Este juízo contra Judá viria como um vapor fervente que sai de uma panela e que vinha
desde a direção do Norte, porque seria de lá, de
Babilônia, que viria a ruína de Judá, porque
seriam levados para o cativeiro pelos babilônios e teriam suas cidades e o templo destruídos por
eles.
Jeremias conhecia a Palavra do Senhor, porque
vivia numa cidade de sacerdotes (Anatote), e
bem conhecia as ameaças de juízos da Lei contra a infidelidade de Israel, mas não contava que
fosse exatamente ele um dos instrumentos
chamados pelo Senhor para protestar
diretamente contra as nações o cumprimento de todas aquelas ameaças previstas na Lei, e se
sentiu pequeno demais para a grandeza e
importância da tarefa que teria que realizar.
Jeremias começou o seu ministério no décimo
segundo ano do reinado de Josias, o qual
começou a reinar cerca de 638 a. C., quando era
7
ainda menino, com apenas oito anos de idade,
tendo reinado durante 31 anos.
Então, Jeremias começou seu ministério por volta de 626 a. C., ou seja, treze anos após Josias
ter começado a reinar.
Como seu ministério se estendeu até Judá ter sido levado para o cativeiro em 586 a. C. e se
prolongando ainda por um pequeno tempo
depois disto, então temos um tempo superior a
40 anos para a sua duração total.
Foi somente no décimo oitavo ano do seu
reinado que o rei Josias começou a empreender
suas reformas religiosas em Judá, depois de ter sido achado o original do livro da Lei no templo
(II Reis 22.3, 10).
Nesta ocasião, Jeremias se encontrava no sexto ano do seu ministério, mas ainda não tinha sido
feito notório ao rei, porque em vez de mandar
consultá-lo acerca das ameaças contidas no
livro da Lei, o rei mandou que fosse consultada a profetiza Hulda (II Reis 22.13,14).
Nesta altura do nosso comentário nós
lembramos das palavras proferidas pelo profeta
Samuel ao rei Saul, quando este desobedecendo à ordem do Senhor poupou o rei Agague dos
amalequitas, e os animais do seu rebanho sob o
pretexto de que pretendia oferecê-los como sacrifício a Deus:
“Tem porventura o Senhor tanto prazer em
holocaustos e sacrifícios quanto em que se
obedeça à sua Palavra?” (I Sm 15.22 a).
Realmente este é o único modo de se servir e
agradar ao Senhor, a saber, honrar e cumprir a
sua Palavra.
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Foi isto que o rei Josias se dispôs a fazer quando
o livro da lei foi achado no templo pelo sacerdote
Hilquias.
Por que havia tantos altares espalhados em todas as nações, como também em Israel e Judá?
Por que eram oferecidos tantos sacrifícios e
tanto incenso era queimado nestes altares?
Não era porque eles queriam alcançar o favor dos seus deuses?
Sim, não há dúvida. Eram dias de muitas
guerras, muitas enfermidades e poucos
recursos médicos, e não eram raras as mortes por simples infecções.
Então tudo isto chamava a necessidade da
proteção de um ser superior, de uma divindade
à qual se pudesse recorrer, não somente na hora
da necessidade, mas em todo o tempo para se prevenir do mal.
Mas, por que os israelitas faziam isto sabendo
que o Senhor o havia proibido expressamente
na Lei de Moisés e mostrava o seu desagrado pelas palavras dos profetas e de todos os juízos
que trazia sobre eles?
Simplesmente porque lhes era mais cômodo
seguir os costumes das nações pagãs e continuarem fazendo a própria vontade
pecaminosa e supersticiosa deles do que se
submeterem aos mandamentos e à vontade do
Senhor.
Este é basicamente o problema com a maioria
da humanidade até os dias de hoje, porque não
consegue entender que não é possível ter as
bênçãos de Deus e agradar-Lhe quando não se
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vive para obedecer a sua Palavra, tal como o
profeta Samuel havia dito ao rei Saul.
Nós podemos assim entender porque não há
qualquer eficácia diante do Senhor no simples
fato de alguém entrar num templo e se submeter aos ritos religiosos que ali se
praticam, quando não se tem este caminhar na
sua presença, por um desejo de se cumprir os
seus mandamentos, sabendo que não é o mero rito religioso que lhe agrada, senão a verdadeira
obediência da sua Palavra.
Isto não mudou na dispensação da graça,
porque tanto no Antigo, quanto no Novo
Testamento, se aprende sobre a vontade imutável de um Deus imutável quanto à
obediência que é devida à sua Palavra.
“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas
palavras e as põe em prática, será comparado a
um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha.” (Mt 7.24).
“E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.”Mt 15.6).
“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras
não passarão.” (Mc 13.31).
“Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e
meus irmãos são estes que ouvem a palavra de
Deus e a observam.” (Lc 8.21).
“Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os
que ouvem a palavra de Deus, e a observam.” (Lc 11.28).
“Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram:
Se vós permanecerdes na minha palavra,
verdadeiramente sois meus discípulos;” (Jo
8.31).
10
“Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por
isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.”
(Jo 8.47).
“Quem me rejeita, e não recebe as minhas
palavras, já tem quem o julgue; a palavra que
tenho pregado, essa o julgará no último dia.” (Jo
12.48).
“Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar,
guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e
viremos a ele, e faremos nele morada.” (Jo 14.23).
“Se vós permanecerdes em mim, e as minhas
palavras permanecerem em vós, pedi o que
quiserdes, e vos será feito.” (Jo 15.7).
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a
verdade.” (Jo 17.17).
“E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tg
1.22).
“mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus.
“Aquele que tem os meus mandamentos e os
guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me
manifestarei a ele.” (Jo 14.21).
Quando lemos todos estes textos bíblicos
sacados do Novo Testamento sobre a necessidade de se guardar a Palavra de Deus, é
que nós podemos entender melhor de que
espírito estava imbuído o rei Josias.
Ele queria agradar ao Senhor completamente, e
percebeu que havia somente um modo de fazê-
lo: por uma estrita obediência aos seus
mandamentos.
11
Por um desejo intenso de guardá-los em todas as
suas minúcias, sabendo que eles expressam a
vontade do Deus Altíssimo para todos os seus
filhos.
Não faz justiça à piedade de Josias pensar que ele se dispôs a guardar a Palavra de Deus somente
porque temeu os juízos que estavam proferidos
na Lei de Moisés sobre o pecado que Deus traria
sobre os judeus, por terem transgredido os seus mandamentos, e em razão das ameaças dos
castigos previstos na Lei.
Obviamente que tais juízos encheram de temor
o seu coração mas foi por um genuíno amor à
vontade do Senhor revelada na sua Palavra que ele se dispôs completamente a praticá-la.
Por que então teria o Senhor determinado o cativeiro de Judá, mesmo nos dias em que Josias
empreendia suas reformas religiosas, e de estar
se agradando tanto da vida deste rei piedoso?
Nós achamos a resposta para esta pergunta em
II Reis 23, no qual podemos ver quantas abominações havia em Judá quando o rei Josias
começou a destruí-las; e ao mesmo tempo, o
quanto os judeus estavam negligenciando as
ordenanças da Lei de Moisés, como por exemplo o terem deixado de celebrar a páscoa;
da qual se diz no verso 22, que não vinha sendo
celebrada desde os dias dos Juízes.
O fato de Deus ter suportado por tanto tempo as
transgressões da sua Lei pelos israelitas, a par dos juízos que trouxe sobre eles por causa destas
transgressões, demonstra quão grandes são
realmente a sua misericórdia e longanimidade,
pois não estamos falando de dias, mas de
12
séculos, porque desde Moisés até Josias, nós
temos cerca de 800 anos.
Deve ser considerado que a par de que eles
seriam levados para o cativeiro, e até mesmo de
terem ficado sem profetas durante os 400 anos
do período interbíblico, e ainda, depois de terem sido espalhados pelo mundo após 70 d. C., Deus
não havia rejeitado definitivamente os judeus,
conforme é afirmado pelo apóstolo Paulo no 11º
capítulo da epístola aos Romanos (v. 1 a 6); e nos versículos 11 e 12 deste mesmo capítulo, ele
expõe que o motivo de os israelitas terem
tropeçado já havia sido previsto por Deus de
maneira a poder se voltar também para os gentios, mas não deixando a Israel de lado,
porque foi este povo que Ele havia plantado para
trazer através dele a salvação a todo o mundo.
Como poderia então o Senhor rejeitar
definitivamente a quem havia formado e
elegido para tão grande vocação de ser bênção
para o mundo?
E sem qualquer outra consideração somente o
fato de termos recebido através deles as Escrituras já justifica a importância desta nação
para Deus.
Por isso, a salvação em Cristo sempre permanecerá aberta para eles, e até mesmo com
prioridade, conforme o próprio Deus
estabeleceu no princípio da pregação do
evangelho, porque o mundo tem uma dívida para com os judeus, e não admira portanto que
esta porta para a salvação esteja aberta para eles
para serem enxertados de novo na oliveira santa
e na videira verdadeira que é o Senhor Jesus
13
(Rom 11.23), da qual, na verdade, eles nunca
teriam sido cortados se permanecessem na
fidelidade que é devida ao Senhor.
Então, nós só podemos entender que o brasume
da sua ira demonstrado contra os judeus nos dias de Josias, mesmo em meio às reformas que
aquele rei estava empreendendo tinha a ver
com a visitação dos pecados deles para serem
purificados da sua idolatria, como efetivamente foram depois de terem sido levados cativos para
Babilônia, porque os que retornaram de
Babilônia para Jerusalém 70 anos depois do
cativeiro, podem ser chamados de fato de judeus novos, porque demonstravam agora um
grande apreço pela Palavra do Senhor e haviam
sido curados definitivamente do pecado da
idolatria, que era tão comum nos dias dos Juízes e dos Reis de Israel.
De sorte que a afirmação que se lê nos versos 26
e 27 de II Reis 23, que o Senhor, apesar de toda a
fidelidade de Josias, não se demoveu do ardor da
sua grande ira, com que ardia contra Judá, e que o levara a decidir por expulsá-los da terra, tanto
como fizera ao reino de Israel, não significava
que não estivesse se agradando das coisas que
Josias e muitos do povo estavam fazendo para obedecer a sua Palavra, mas que não seria isto
que suspenderia os juízos previstos na Lei,
quanto a serem expulsos da terra, porque na sua
presciência o Senhor sabia que sempre continuariam idolatrando, e somente seriam
convencidos de que foi a idolatria deles a causa
do seu desagrado e juízos, quando fossem
conduzidos para o cativeiro, onde aprenderiam
14
definitivamente que é uma vida reta com Deus
que livra do mal, e não altares, templos etc,
porque Ele permitiria que o próprio templo de
Jerusalém fosse totalmente destruído e saqueado pelos babilônios.
Foi por isso que antes de fazê-lo Ele lhos anunciou pelos profetas, dizendo que não
somente rejeitaria ao seu povo como ao seu
próprio templo que ele mandara edificar nos
dias de Salomão, e para este propósito Jeremias havia sido também levantado por Deus.
Ele havia sido separado (santificado – v. 5) por
Deus para o ofício profético desde antes de ter sido formado no ventre, ou seja, desde antes da
fundação do mundo, conforme seu conselho
eterno.
A incapacidade que Jeremias sentiu para o
exercício da função para a qual estava sendo
designado, confirmava que de fato aquele era um trabalho para ser feito pelo próprio poder de
Deus através dele, de maneira que ao dizer que
não sabia falar porque era um menino (v. 6), não
foi duramente repreendido pelo Senhor, mas apenas advertido para que não dissesse que era
um menino, porque deveria ir a todos aos quais
fosse enviado por Ele, e lhes dizer tudo quanto
Lhe ordenasse para ser dito (v. 7), e que não deveria temer a face do homem, porque seria
com ele para livrá-lo deles (v. 8).
Jeremias foi capacitado e ungido por Deus para o ministério, quando o Senhor estendeu a sua
mão e lhe tocou a boca dizendo que estava
colocando as suas palavras na sua boca (v. 9). E
lhe instruiu quanto à autoridade que lhe estava
15
conferindo para arrancar e derrubar nações,
porque seria por sua boca, que o Senhor
profetizaria sobre a queda de Judá, de Babilônia
e de outros reinos, bem como acerca daqueles que passariam a exercer domínio na terra.
Não somente isto, ele também receberia
autoridade para profetizar o que seria destruído e arruinado nas nações, como consequência dos
juízos de Deus, bem como proferiria promessas
consoladoras quanto ao que haveria de ser
restaurado e plantado pelo Senhor no futuro, especialmente a restauração de Judá, depois de
cumpridos os setenta anos determinados para o
seu cativeiro, conforme foi revelado a Jeremias
(v. 10).
Não foi um ancião que Deus chamou para
protestar contra o pecado das nações, e
especialmente de Judá, mas um jovem, porque
os últimos quarenta anos de existência do reino de Judá, antes do cativeiro, deveriam ser
acompanhados pelo profeta. Ele envelheceria
durante a realização do seu ministério sendo um sinal de Deus que o juízo seria amadurecido
também até o ponto de ser cumprido sobre toda
a nação pecadora.
Jeremias não deveria portanto temer ser menosprezado por sua juventude porque o
poder do Senhor seria com ele, revelando a Judá
que jovens tais como Jeremias e o próprio rei
Josias, podiam e deviam viver uma vida consagrada a Ele, coisa que estava sendo
rejeitada pela grande maioria dos judeus,
quando isto era um dever de todos eles, na
condição de povo da aliança.
16
De tal maneira Jeremias foi fiel no cumprimento
da missão de falar as palavras que Deus
colocasse em sua boca, que tudo o que recebera
da parte dele se encontra registrado na Bíblia como Escritura eterna.
A Palavra de Deus continuava sendo produzida nesta época, e seria fechada no Antigo
Testamento somente com o profeta Malaquias.
É importante trazer isto em lembrança, para sabermos que o caráter da chamada de Jeremias
era algo diferente da chamada comum de
pastores e outros ministros do evangelho,
porque somente a eles (profetas) e aos apóstolos de Cristo, foi dada a honra de receberem as
revelações de Deus que são imutáveis, e que
foram registradas por escrito para a instrução
do seu povo na verdade, vindo a ser reconhecidas como a sua Palavra autorizada e
canônica, para todas as gerações, Palavra esta
que temos a incumbência de pregar, ensinar e
defender, porque é questão fechada que a ninguém mais Deus estará revelando qualquer
nova verdade que já não se encontre registrada
na Bíblia.
Uma vez comissionado o profeta, Deus lhe deu
instruções quanto ao posicionamento que
deveria ter dali por diante.
Ele deveria ser achado cingido e firmemente de
pé, para lhes dizer tudo quanto lhe ordenasse, e
que não ficasse espantado diante deles, porque senão ele próprio seria espantado por Deus
diante deles, ou seja, não Lhe daria a graça e
autoridade necessárias para o desempenho da
sua função, de maneira que viria então a ser
17
menosprezado e envergonhado diante daqueles
contra os quais pronunciaria os juízos de Deus
(v. 17).
Todavia, não deveria temer porque o Senhor
havia feito dele uma cidade fortificada com
colunas de ferro e muros de bronze, capaz de
suportar os ataques que lhes viessem de todas as partes da terra, e especialmente dos reis de
Judá, seus príncipes, sacerdotes, bem como de
todo o povo, que não andasse debaixo do temor
do Senhor e que se voltasse contra Jeremias com fúria, para pelejar contra ele.
Contudo o Senhor lhe fez a promessa que eles
lutariam contra ele e o perseguiriam mas não poderiam prevalecer, porque o Senhor estaria
com ele para livrá-lo (v. 19).
O mesmo que Deus fez com Jeremias fez com Paulo, e com todos os servos que tem chamado
para pregarem o evangelho e protestarem
contra os pecados dos homens e das nações,
para que se arrependam e se convertam a Jesus Cristo.
“1 Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na
terra de Benjamim;
2 ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo
terceiro ano do seu reinado;
3 e lhe veio também nos dias de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o fim do ano undécimo
de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que
Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto
mês.
18
4 Ora veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
5 Antes que eu te formasse no ventre te conheci,
e antes que saísses da madre te santifiquei; e às
nações te dei por profeta.
6 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não
sei falar; porque sou um menino.
7 Mas o Senhor me respondeu: Não digas: Eu sou
um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás.
8 Não temas diante deles; pois eu seu contigo
para te livrar, diz o Senhor.
9 Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as
minhas palavras na tua boca.
10 Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e
sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares; e também para
edificares e plantares.
11 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Que é que vês, Jeremias? Eu respondi: Vejo uma vara de amendoeira.
12 Então me disse o Senhor: Viste bem; porque
eu velo sobre a minha palavra para a cumprir.
13 Veio a mim a palavra do Senhor segunda vez,
dizendo: Que é que vês? E eu disse: Vejo uma panela a ferver, que se apresenta da banda do
norte.
14 Ao que me disse o Senhor: Do norte se
estenderá o mal sobre todos os habitantes da terra.
15 Pois estou convocando todas as famílias dos
reinos do norte, diz o Senhor; e, vindo, porá cada
um o seu trono à entrada das portas de
19
Jerusalém, e contra todos os seus muros em
redor e contra todas as cidades de Judá.
16 E pronunciarei contra eles os meus juízos, por
causa de toda a sua malícia; pois me deixaram a
mim, e queimaram incenso a deuses estranhos, e adoraram as obras das suas mãos.
17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e
dize-lhes tudo quanto eu te ordenar; não te
espantes diante deles, para que eu não te
infunda espanto diante deles.
18 Eis que hoje te ponho como cidade fortificada, e como coluna de ferro e muros de bronze
contra toda a terra, contra os reis de Judá, contra
os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e
contra o povo da terra.
19 E eles pelejarão contra ti, mas não
prevalecerão; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.”. (Jeremias 1.1-19)
20
Jeremias 2
As Batalhas do Amor
Se não tivermos diante de nossos olhos o
propósito principal para o qual Deus criou o
homem, que é o de adorá-lo, de estar em comunhão com Ele, em amor, e em plena
alegria, e santidade, jamais poderemos
entender o teor das palavras de repreensão
dirigidas ao povo de Judá, no segundo capítulo de Jeremias, que mais parecem um lamento do
que uma repreensão.
Não poderemos também entender esta
mensagem se nos falta a devida santidade de
vida, e espiritualidade, porque as coisas aqui tratadas são espirituais e não carnais,
sobrenaturais e não naturais.
A expressão da alegria espiritual que se vê na
face de Deus quando está em comunhão com o seu povo, quando este anda em seus caminhos,
não pode ser vista a não ser por uma experiência
real e pessoal disto, senão veremos ao Senhor
como um Deus carrancudo e impaciente com nossas fraquezas, quando isto não é verdade e
não corresponde ao seu caráter.
Deus é bom, puro, alegre, amável, gentil,
amoroso, mas não pode, por causa da sua
perfeita justiça, ser conivente com o erro deliberado, com o espírito de rebeldia que
endurece o coração do homem e que o leva a
viver por escolha, debaixo da escravidão do
pecado.
21
Deus quer manifestar sua alegria, seu amor, sua
misericórdia e bondade, mas como poderá fazê-
lo para com aqueles que lutam contra Ele e
contra sua vontade, como inimigos ferrenhos?
Podemos dizer que Deus criou o homem para se alegrarem mutuamente. Mas que alegria pode
ter um pai com um filho rebelde? Este é o ponto,
para que possamos entender não apenas as
repreensões do segundo capítulo de Jeremias, bem como as que permeiam toda a Bíblia.
Então é basicamente a tristeza de Deus por
causa dos pecados do seu povo, que impediam a
comunhão com eles, o que encontramos em
Jeremias 2.
Por isso somos exortados na Igreja de Cristo a também não entristecermos o Espírito Santo
com os nossos pecados, porque é o pecado que
quebra a nossa comunhão com Deus, e por
conseguinte, a possibilidade de nos alegrarmos nele, e Ele em nós.
“mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
esconderam o seu rosto de vós, de modo que não
vos ouça.” (Is 59.2)
Quanto os judeus haviam desprezado ao Senhor
com as suas idolatrias e injustiças!
Quanto haviam desprezado a aliança que havia feito com eles!
Ele lhes havia dado esta grande honra, e no entanto, eles a haviam desprezado totalmente.
Deus tem proposto uma aliança com os homens
de todas as nações, por meio do sangue de
Cristo, mas a grande maioria da humanidade
tem desprezado este sangue precioso, e tão
22
maravilhosa aliança, que livra da morte eterna
para a vida eterna; das trevas para a luz; da
escravidão para a liberdade.
Deveríamos aprender então, desta primeira
mensagem que foi dada por Deus para ser
proclamada aos judeus, para não incorrermos
nos mesmos erros deles, e consequentemente, cairmos no desagrado de Deus, em vez de
agradá-lo.
Primeiro, devemos evitar a ingratidão por todo o amor que o Senhor tem por nós, e por todos os
livramentos que nos tem dado, tal como fizera
com Israel no passado, e os judeus dos dias de
Jeremias haviam esquecido de trazer isto em lembrança (v. Jer 2.2; 3).
Em segundo lugar, o Senhor jamais fará
qualquer injustiça, especialmente no tocante ao seu povo. Então porque deixamos Aquele que é
perfeitamente justo, para seguirmos nossos
caminhos e pensamentos de vaidade? (v. 5)
Além disso, por que não buscamos o Senhor
todos os dias de nossas vidas, lembrando os seus
poderosos feitos relativos à sua Igreja, tal como
havia feito com Israel no passado? (v. 6)
Como podemos esquecer que ainda que
tenhamos que trabalhar, semeando, juntando
em celeiros, comendo o pão com o suor do rosto, no entanto, não é o Senhor que faz brotar o pão
da terra?
Como podemos dar as costas para um Deus
provedor que garante a nossa subsistência?
Usaremos a terra que ele nos tem dado por
herança, para praticarmos nela abominações,
contaminando-a com os nossos pecados? (v. 7)
23
Nos dias de Jeremias, até mesmo os sacerdotes
haviam deixado de buscar ao Senhor, e apesar
de terem o encargo de ensinarem a sua Palavra,
não O conheciam, de modo que os governantes não eram justos e prevaricavam contra o
Senhor, e falsos profetas profetizaram por Baal,
e falando de coisas que não são de qualquer proveito (v. 8).
Portanto, o Senhor tinha uma contenda com
eles, e até mesmo com as gerações que se levantariam depois deles, porque Ele, o Senhor,
não muda (v. 9).
Nenhuma nação pagã da terra havia renegado os seus falsos deuses e continuavam adorando
fielmente as obras das suas próprias mãos,
contudo, Israel havia abandonado o único Deus
verdadeiro, que havia entrado em aliança somente com eles, e não com qualquer outra
nação da terra (v. 10,11).
Como eles não poderiam ficar espantados com
o horror desta realidade, por causa do
endurecimento no pecado, então o Senhor
apelou para os céus, onde há somente verdade, e seres santos, para que ficassem horrorizados e
desolados com tal impiedade dos judeus,
porque não somente haviam abandonado o
Senhor, o manancial da vida eterna, como estavam tentando fazer valer a sua própria
forma de adoração de Deus, baseada nas
idolatrias e abominações que eles praticavam, e
que haviam adotado no lugar da Palavra do Senhor (v. 12,13).
Israel fora libertado do Egito para não mais ser
servo, no entanto, haviam escolhido
24
permanecer debaixo de escravidão, tal como os
crentes gálatas nos dias de Paulo (Gál 5.1).
Então os de Judá, deveriam aprender com os
juízos que vieram sobre Israel (Reino do Norte),
cujas terras se encontravam desoladas nos dias de Jeremias, por que haviam sido levados para o
cativeiro pelos assírios desde 722 a. C., ou seja,
cerca de 100 anos antes de Jeremias ter
começado o seu ministério (v. 14-16).
Como Judá havia abandonado ao Senhor, tanto como havia feito Israel, então seriam também
alvo do mesmo tipo de juízo que eles haviam
sofrido, porque seriam castigados por causa da
sua malícia, e repreendidos por causa das suas apostasias, de modo que pudessem entender
quão duro e amargo é o povo de Deus lhe voltar
as costas, porque Ele não deixará de castigá-lo,
assim como um pai faz com o seu filho.
Eles veriam quão amargo é não ter o temor de Deus diante de si, porque quando se perde o
temor do Senhor, automaticamente se deixa de
andar nos seus caminhos, porque Ele passa a ser
tido por nada, por aqueles que se deixam enredar pelo pecado.
Judá, de há muito, havia quebrado o jugo da obediência devida ao Senhor, e tudo o que o
ligava a Ele, decidindo voluntariamente não
servi-lo mais, para poder se entregar às suas
práticas idolátricas (v. 20).
Como puderam fazer uma tal coisa, uma vez que haviam sido plantados pelo próprio Senhor, de
uma semente inteiramente fiel, ou seja, dos
seus patriarcas, que eram homens de fé, e em
vez de permanecerem na sua vocação,
25
acabaram se tornando numa planta degenerada
(v. 21).
Judá não poderia purificar a si mesma, e ainda
que o tentasse, a mancha da iniquidade deles
permaneceria diante de Deus (v. 22).
Somente a justiça do Senhor, quando nos é
concedida por graça e misericórdia, pode nos purificar de nossas impurezas (v. 22).
Se tal era a grandeza do pecado de Judá, como podiam continuar afirmando que não estavam
contaminados, e mentindo que não haviam
andado após Baal?
No entanto, nada escapa aos olhos do Senhor, e
ele conhecia todos os lugares escondidos do
vales onde fizeram suas ofertas aos demônios, pensando que não sendo vistos pelos homens,
não estavam sendo vistos pelo Deus onisciente,
que tudo sabe e vê (v. 23).
Judá não vivia pelo espírito, mas pelos instintos
naturais, de modo que sempre estaria pronta para o pecado, e para toda adoração de natureza
carnal (v. 24). Qualquer tentação que lhes viesse
não poderia ser, portanto, vencida por eles.
Judá estava correndo para os seus amantes
espirituais (ídolos e falsos deuses) mas é
lembrada que deveria evitar a que viesse a andar descalço e com sede, porque quando fosse
levado para o cativeiro por causa dos seus
pecados, já não correria mais com os pés
calçados para os seus ídolos, e saciada em sua sede, porque seriam conduzidos para uma terra
estranha com os pés descalços e teriam sede na
longa caminhada que teriam que fazer à pé, para
a terra do cativeiro (v. 25).
26
Eles seriam surpreendidos, como alguém que
tem a sua casa arrombada inesperadamente por
um ladrão. Assim ficariam os reis, os príncipes,
os sacerdotes e os profetas de Judá que estavam idolatrando e chamando ao pau e à pedra de seu
pai.
Quando o juízo lhes sobreviesse e se
encontrando em angústia se voltariam para o
Senhor lhe pedindo que os livrasse, mas teriam como resposta da parte dele que fossem buscar
tal auxílio nos deuses que vinham adorando (v.
26-28).
Ninguém poderia livrar Judá dos juízos
pronunciados pelo Senhor, nem mesmo as
nações com as quais tentariam entrar em aliança para serem livrados de Babilônia, como
por exemplo a Assíria e o Egito.
Eles haviam desprezado as correções do Senhor,
e lhe haviam abandonado por inumeráveis dias,
de modo que nada poderia lhes livrar da
sentença do cativeiro, nem mesmo as reformas que o rei Josias estava empreendendo no país.
Deus conhece o coração, e sabia que eles
estavam somente se sujeitando externamente
às ordenanças do citado rei.
Eles estavam se arrependendo
superficialmente, mas não de coração,
conforme podemos ver em todo o livro do profeta Jeremias, que ultrapassou em muitos
anos o período de reinado de Josias.
Judá se proclamava um povo livre, e portanto
não queria se submeter aos mandamentos de
Deus. Isto nos faz lembrar muito aqueles na
Igreja que a pretexto de estarem debaixo da
27
graça, são, no entanto, livres para continuarem
pecando.
Até mesmo as vestes de muitos em Judá estavam manchadas pelo sangue de crianças
inocentes, que haviam sido oferecidas como
sacrifício à divindade moabita, chamada
Moloque, e apesar disso ainda se diziam inocentes, e que não haveria nenhuma ira de
qualquer juízo de Deus sobre eles.
Todavia o Senhor entraria em juízo com eles, exatamente porque estavam afirmando que não
haviam pecado (v. 34, 35). Quando o homem se
endurece e considera que não necessita de
arrependimento, como poderá ser perdoado por Deus?
UMA BREVE REFLEXÃO PARA ENTENDER AS CONTENDAS DE DEUS COM O HOMEM
PECADOR
Não se trata de uma batalha física. Não é uma
guerra ao molde humano, com canhões e
mísseis.
Se fosse algo de ordem de mera conquista de
territórios, ou de se submeter uma nação ao
jugo da servidão, Deus poderia fazê-lo com um
simples sopro de sua boca.
Se quisesse destruir toda a humanidade de
sobre a face da terra, poderia fazê-lo num único
instante.
Mas nunca foi este o seu objetivo na contenda
que tem com a humanidade pecaminosa.
Sua guerra é de cunho moral e de santidade.
28
Sua vitória está em conduzir o homem decaído
no pecado, à sua própria santidade.
As batalhas desta guerra são empreendidas para
submeter o mal e estabelecer o bem, não no exterior, mas no coração de cada pessoa.
As armas são espirituais: oração, louvor,
pregação da verdade.
O campo de batalha é o coração humano.
O motivo da guerra é o amor de Deus pela
humanidade criada por Ele, para viver no amor,
na justiça e na verdade.
“1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém,
dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me, a
favor de ti, da devoção da tua mocidade, do teu
amor quando noiva, de como me seguiste no deserto, numa terra não semeada.
3 Então Israel era santo para o Senhor, primícias
da sua novidade; todos os que o devoravam eram
tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor.
4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó, e
todas as famílias da casa de Israel;
5 assim diz o Senhor: Que injustiça acharam em mim vossos pais, para se afastarem de mim,
indo após a vaidade, e tornando-se levianos?
6 Eles não perguntaram: Onde está o Senhor,
que nos fez subir da terra do Egito? que nos enviou através do deserto, por uma terra de
ermos e de covas, por uma terra de sequidão e
densas trevas, por uma terra em que ninguém
transitava, nem morava?
29
7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para
comerdes o seu fruto e o seu bem; mas quando
nela entrastes, contaminastes a minha terra, e
da minha herança fizestes uma abominação.
8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o
Senhor? E os que tratavam da lei não me
conheceram, e os governadores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal,
e andaram após o que é de nenhum proveito.
9 Portanto ainda contenderei convosco, diz o Senhor; e até com os filhos de vossos filhos
contenderei.
10 Pois passai às ilhas de Quitim, e vede; enviai a Quedar, e atentai bem; vede se jamais sucedeu
coisa semelhante.
11 Acaso trocou alguma nação os seus deuses,
que contudo não são deuses? Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum
proveito.
12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor.
13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim
me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que
não retêm as águas.
14 Acaso é Israel um servo? É ele um escravo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa?
15 Os leões novos rugiram sobre ele, e
levantaram a sua voz; e fizeram da terra dele
uma desolação; as suas cidades se queimaram, e ninguém habita nelas.
16 Até os filhos de Mênfis e de Tapanes te
quebraram o alto da cabeça.
30
17 Porventura não trouxeste isso sobre ti
mesmo, deixando o Senhor teu Deus no tempo
em que ele te guiava pelo caminho?
18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho do Egito, para beberes as águas do Nilo? e que te
importa a ti o caminho da Assíria, para beberes
as águas do Eufrates?
19 A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que má e
amarga coisa é o teres deixado o Senhor teu
Deus, e o não haver em ti o temor de mim, diz o
Senhor Deus dos exércitos.
20 Já há muito quebraste o teu jugo, e rompeste
as tuas ataduras, e disseste: Não servirei: Pois
em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore
frondosa te deitaste, fazendo-te prostituta.
21 Todavia eu mesmo te plantei como vide
excelente, uma semente inteiramente fiel;
como, pois, te tornaste para mim uma planta
degenerada, de vida estranha?
22 Pelo que, ainda que te laves com salitre, e
uses muito sabão, a mancha da tua iniquidade
está diante de mim, diz o Senhor Deus.
23 Como dizes logo: Não estou contaminada
nem andei após Baal? Vê o teu caminho no vale, conhece o que fizeste; dromedária ligeira és,
que anda torcendo os seus caminhos;
24 asna selvagem acostumada ao deserto e que
no ardor do cio sorve o vento; quem lhe pode impedir o desejo? Dos que a buscarem, nenhum
precisa cansar-se; pois no mês dela, achá-la-ão.
25 Evita que o teu pé ande descalço, e que a tua
garganta tenha sede. Mas tu dizes: Não há
31
esperança; porque tenho amado os estranhos, e
após eles andarei.
26 Como fica confundido o ladrão quando o apanham, assim se confundem os da casa de
Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, e os
seus sacerdotes, e os seus profetas,
27 que dizem ao pau: Tu és meu pai; e à pedra: Tu
me geraste. Porque me viraram as costas, e não
o rosto; mas no tempo da sua angústia dir-me-
ão: Levanta-te, e livra-nos.
28 Mas onde estão os teus deuses que fizeste
para ti? Que se levantem eles, se te podem livrar
no tempo da tua tribulação; porque os teus deuses, ó Judá, são tão numerosos como as tuas
cidades.
29 Por que disputais comigo? Todos vós
transgredistes contra mim diz o Senhor.
30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não
aceitaram a correção; a vossa espada devorou os
vossos profetas como um leão destruidor.
31 Oh! Que geração! Considerai vós a palavra do
Senhor: Porventura tenho eu sido para Israel
um deserto? ou uma terra de espessa escuridão? Por que pois diz o meu povo: somos
livres; jamais tornaremos a ti?
32 Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a esposa do seu cinto? todavia o meu
povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias.
33 Como ornamentas o teu caminho, para
buscares o amor! de sorte que até às malignas ensinaste os teus caminhos.
34 Até nas orlas dos teus vestidos se achou o
sangue dos pobres inocentes; e não foi no lugar
32
do arrombamento que os achaste; mas apesar
de todas estas coisas,
35 ainda dizes: Eu sou inocente; certamente a
sua ira se desviou de mim. Eis que entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei.
36 Por que te desvias tanto, mudando o teu
caminho? Também pelo Egito serás
envergonhada, como já foste envergonhada pela Assíria.
37 Também daquele sairás com as mãos sobre a
tua cabeça; porque o Senhor rejeitou aqueles
em quem confiaste, e não prosperarás com
eles.”.
33
Jeremias 3
Volta Para Mim Esposa Infiel
O terceiro capítulo de Jeremias revela quão
compassivo, longânimo, misericordioso e
perdoador é o Senhor.
Apesar de toda a grande maldade de Judá, conforme descrita por Ele próprio no capítulo
anterior, nós o vemos no segundo capítulo
estendendo sua mão, não para castigar, mas
para chamar, para convidar Judá ao arrependimento.
Ele o faz, não em base de desconsideração para
com o pecado, porque protesta que estava
estendendo as mãos para uma nação infiel que estava se prostituindo.
Era como um marido traído se dispondo a
perdoar uma esposa infiel.
Somente pelo apelo deste capítulo se vê quão endurecido estava o povo de Judá, porque seria
impossível, recusar a um tal convite.
Com isto nós vemos quão excessivamente
maligno é o pecado, quanto a nos impedir de receber a graça e o perdão de Deus.
Não é exatamente isto o que ocorre com a
pessoas que recusam a graça do evangelho que
lhes está sendo oferecida em Cristo Jesus?
É a mesma base quanto ao convite para a
aproximação, porque não são pessoas justas que
Deus está chamando, mas pecadores que têm
transgredido os seus mandamentos e vontade.
34
Pessoas que têm uma natureza que é inimiga de
Deus e dos seus santos e justos mandamentos.
Pessoas que têm deliberadamente voltado as
suas costas para Ele, apesar de lhes estar
oferecendo gratuitamente um perdão infinito, que lhe custou um preço terrível e infinito: a
morte de seu Filho Jesus Cristo na cruz,
carregando sobre Si os nossos pecados.
O rei Josias estava empreendendo as suas
reformas religiosas em Judá, e o Senhor
interpôs com esta mensagem de Jeremias, para que os judeus se voltassem realmente de
coração para Ele, e não apenas externamente,
em cumprimento de ritos religiosos, e por
destruírem os ídolos de madeira e de pedra que haviam feito para si.
Além disso, não basta destruir os ídolos no coração, porque é necessário adorar ao Senhor
em espírito e em verdade.
O rei Josias não podia saber o que ia na verdade
no coração do povo, mas o Senhor conhece
perfeitamente a corrupção do coração, e por isso disse para ilustrar tal dureza no pecado, o
fato de Judá não ter aprendido com os juízos que
haviam sido trazidos por Ele sobre Israel; ao
contrário, se entregaram às mesmas práticas idolátricas deles, e agora estavam fingindo nos
dias de Josias, ter deixado a idolatria, que na
verdade continuava em seus corações (v. 10).
Eles fingiram que estavam voltando para o
Senhor, e portanto, não o estavam fazendo de
todo o coração.
Se o rei não podia ver isto, no entanto, era
perfeitamente conhecido por Deus.
35
O pecado de Judá era maior do que o de Israel,
porque não tiveram a oportunidade de
aprenderem com qualquer juízo de cativeiro
que Deus tivesse trazido sobre Judá, porque foram para o cativeiro antes deles (Jer 3.11).
Então, o Senhor se voltou em misericórdias também para os próprios israelitas que tinham
sido levados em cativeiro pelos assírios, lhes
rogando que voltassem para Ele, não necessariamente que saíssem da terra do
cativeiro, onde estavam obrigados a se
encontrar, mas que o fizessem em espírito, de
coração, que Ele os receberia (v. 11-13), e no tempo próprio, o Senhor, libertaria os que se
arrependessem e os traria a Sião, quando esta
fosse restaurada depois do cativeiro babilônico,
e ali lhes daria pastores segundo o seu coração, que lhes apascentariam com conhecimento e
com inteligência das coisas divinas (v. 15).
Esta profecia relativa aos pastores devotados ao
Senhor se aplica mais especificamente ao
tempo do evangelho, porque se diz no verso
seguinte (Jer 3.16) que não haveria mais necessidade de se cultuar a Deus com uma arca
da aliança, que representava a sua presença no
meio do seu povo, tal como sucedia nos dias do
Antigo Testamento, e nem haveria necessidade de que se construísse outra, porque isto não
seria necessário nem ordenado por Ele.
Os adoradores do Senhor no Novo Pacto não o
fariam tendo a arca da aliança em seus
pensamentos, senão ao próprio Cristo, a quem
representava em figura aquela arca.
36
No reino do Messias, o seu trono estará
em Jerusalém, e Ele regerá sobre as nações, de
maneira que o povo do Senhor não andará mais
disperso e segundo o propósito maligno dos seus corações, porque terão sido purificados de
todo pecado, e serão aperfeiçoados por Deus,
para que estejam para sempre com Ele, em completa santidade de vida (v. 17).
O remanescente fiel de Judá juntamente com o
de Israel estarão juntos nestes dias de glória do reino do Messias (v. 18).
Assim, seria cumprido o propósito eterno de
Deus para o seu povo, de ser a mais formosa terra e herança desejável entre as nações, sendo
reconhecido como Pai do seu povo, e dele jamais
se desviarão (v. 19). Veja que estas palavras
tinham o propósito de fixar a esperança no coração dos israelitas, mesmo em cativeiro,
para que não deixassem morrer a esperança
messiânica, porque Deus tem feito boas e fiéis
promessas para Israel, que se cumprirão no Messias.
O propósito eterno de Deus em relação a eles não pode ser frustrado, e portanto, por maiores
que sejam as suas apostasias, o Senhor sempre
terá um remanescente fiel entre eles, porque a
sua promessa, a sua Palavra, não podem falhar.
Por causa disso, Deus estava chamando a
mulher infiel para com o seu marido, que havia
sido o seu povo, para que voltasse para Ele, em arrependimento, com confissão de pecados, de
maneira que pudessem participar desta gloriosa
vocação que Ele havia planejado para os
israelitas.
37
“1 Eles dizem: Se um homem despedir sua
mulher, e ela se desligar dele, e se ajuntar a
outro homem, porventura tornará ele mais para
ela? Não se poluiria de todo aquela terra? Ora, tu te maculaste com muitos amantes; mas ainda
assim, torna para mim, diz o Senhor.
2 Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e
vê: onde é o lugar em que não te prostituíste?
Nos caminhos te assentavas, esperando-os, como o árabe no deserto. Manchaste a terra
com as tuas devassidões e com a tua malícia.
3 Pelo que foram retidas as chuvas copiosas, e
não houve chuva tardia; contudo tens a fronte
de uma prostituta, e não queres ter vergonha.
4 Não me invocaste há pouco, dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade;
5 Reterá ele para sempre a sua ira? ou indignar-se-á continuamente? Eis que assim tens dito;
porém tens feito todo o mal que pudeste.
6 Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias:
Viste, porventura, o que fez a apóstata Israel,
como se foi a todo monte alto, e debaixo de toda árvore frondosa, e ali andou prostituindo-se?
7 E eu disse: Depois que ela tiver feito tudo isso,
voltará para mim. Mas não voltou; e viu isso a
sua aleivosa irmã Judá.
8 Sim viu que, por causa de tudo isso, por ter
cometido adultério a pérfida Israel, a despedi, e
lhe dei o seu libelo de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também
ela mesma se prostituiu.
9 E pela leviandade da sua prostituição
contaminou a terra, porque adulterou com a
pedra e com o pau.
38
10 Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa
irmã Judá não voltou para mim de todo o seu
coração, mas fingidamente, diz o Senhor.
11 E o Senhor me disse: A pérfida Israel mostrou-
se mais justa do que a aleivosa Judá.
12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para a
banda do norte, e diz: Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor. E não farei cair a minha ira sobre ti;
porque misericordioso sou, diz o Senhor, e não
conservarei para sempre a minha ira.
13 Somente reconhece a tua iniquidade: que
contra o Senhor teu Deus transgrediste, e
estendeste os teus favores para os estranhos debaixo de toda árvore frondosa, e não deste
ouvidos à minha voz, diz o Senhor.
14 Voltai, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque
eu sou como esposo para vós; e vos tomarei, a
um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos
levarei a Sião;
15 e vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com conhecimento e
com inteligência.
16 E quando vos tiverdes multiplicado e
frutificado na terra, naqueles dias, diz o Senhor,
nunca mais se dirá: A arca do pacto do Senhor;
nem lhes virá ela ao pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão; nem se fará outra.
17 Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela,
em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais
andarão obstinadamente segundo o propósito
do seu coração maligno.
39
18 Naqueles dias andará a casa de Judá com a
casa de Israel; e virão juntas da terra do norte,
para a terra que dei em herança a vossos pais.
19 Pensei como te poria entre os filhos, e te daria
a terra desejável, a mais formosa herança das
nações. Também pensei que me chamarias meu Pai, e que de mim não te desviarias.
20 Deveras, como a mulher se aparta
aleivosamente do seu marido, assim aleivosamente te houveste comigo, ó casa de
Israel, diz o Senhor.
21 Nos lugares altos se ouve uma voz, o pranto e
as súplicas dos filhos de Israel; porque
perverteram o seu caminho, e se esqueceram do
Senhor seu Deus.
22 Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa
infidelidade. Responderam eles: Eis-nos aqui,
vimos a ti, porque tu és o Senhor nosso Deus.
23 Certamente em vão se confia nos outeiros e
nas orgias nas montanhas; deveras no Senhor
nosso Deus está a salvação de Israel.
24 A coisa vergonhosa, porém, devorou o
trabalho de nossos pais desde a nossa mocidade os seus rebanhos e os seus gados os seus filhos e
as suas filhas.
25 Deitemo-nos em nossa vergonha, e cubra-nos a nossa confusão, porque temos pecado
contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos pais,
desde a nossa mocidade até o dia de hoje; e não
demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus.”. (Jeremias 3.1-25)
40
Jeremias 4
O Leão Alado Assassino
A bênção de todas as nações gentias dependia
da obediência de Israel, para que se trouxesse por meio deles o Messias ao mundo, através do
qual os gentios seriam alcançados, e se
gloriariam nele.
Por isso lemos o que se diz em Jeremias 4.2, e o apelo do Senhor dirigido aos judeus para que se
voltassem para Ele, tirando todas as suas
abominações de diante dele, e não andando
mais por caminhos tortuosos (Jer 4.1).
Para que pudessem cumprir o propósito de Deus
a ser realizado no mundo inteiro a partir deles,
os israelitas deveriam lavrar num coração novo,
e não semearem a Palavra de Deus nele, entre os espinhos dos cuidados do mundo, do fascínio
das riquezas, e de todos os pecados e interesses
mundanos (Jer 4.3).
Além disso, mais do que circuncidarem seus
prepúcios, deveriam circuncidar os seus
corações, ou seja, mortificar as paixões da
carne, despojar-se do velho homem, e assim seriam considerados de fato, circuncidados
para o Senhor; ou seja, este seria o sinal de
pertencerem verdadeiramente a Ele, de
estarem aliançados, conforme a promessa que havia feito a Abraão.
Somente agindo de tal forma, não
experimentariam o fogo do brasume da
indignação do Senhor vindo sobre eles, por
41
causa da maldades das suas obras, tal como
havia irrompido anteriormente contra a casa de
Israel (Reino do Norte – v. 4), depois de esperar
por séculos seguidos, que se arrependessem.
Isto deveria ser anunciado em toda a terra de Judá, especialmente em Jerusalém, sua capital,
onde se encontrava o templo e a maior parte dos
principais sacerdotes e anciãos de Israel.
Eles deveriam gritar em voz alta dizendo que se
ajuntassem para entrarem nas cidades
fortificadas, ou seja, nas cidades de refúgio, para acharem proteção contra a invasão iminente de
Babilônia, que em poucos anos os alcançaria.
O símbolo de Babilônia era um leão alado, e por
isso se diz no verso 7 que um leão já havia partido
do seu bosque, que era um destruidor de nações
(porque Babilônia subjugaria muitas nações além de Judá), e que faria com que suas cidades
ficassem assoladas e desabitadas.
O profeta convocou portanto o povo de Judá a se
vestir de saco, lamentar e uivar, porque o ardor
da ira de Deus não tinha se desviado deles, por causa dos seus pecados, dos quais não haviam se
arrependido (v. 8).
No dia em que Babilônia viesse sobre Judá o
coração do rei e dos príncipes desfaleceria, os
sacerdotes ficariam pasmos, porque não criam
que Deus permitiria a destruição do seu templo, e por isso confiavam que estariam para sempre
seguros em Jerusalém, independentemente do
modo como vivessem.
E além disso é dito que os profetas ficariam
maravilhados, ou seja, eles não entenderiam
como lhes sobreviera tamanha ruína, quando
42
pensavam que a mensagem de paz que
pregavam em nome do Senhor era verdadeira
(v. 9).
Jeremias estava no início do seu ministério
quando proferiu as palavras do verso 10 do
quarto capítulo.
Ele não conhecia ainda muito bem os juízos do
Senhor, que se misturam às suas misericórdias,
mas somente em face do arrependimento.
Então suas promessas de paz não eram
enganosas, conforme havia pensado o profeta,
primeiro que não eram destinadas a todos os israelitas, senão somente aos que se
arrependessem, conforme havia dito
anteriormente pelo próprio profeta, e também
que o juízo estava penetrando como uma espada na alma dos judeus, não propriamente por seu
desejo, mas pelas próprias iniquidades deles e
endurecimento no pecado.
O vento forte abrasador que viria sobre os
judeus, não seria para remover a palha da
vaidade do meio do povo (cirandar), nem para
limpá-los de seus pecados, mas seria um vento de juízo, na pessoa dos cavalos e carros dos
babilônios, que viriam para produzir destruição
de muitos ímpios do seu povo.
Para estes não havia de fato nenhuma promessa
de paz, ou de futura restauração, senão de
destruição por causa das suas iniquidades, das
quais não queriam se desviar (v. 18).
Então, em face deste juízo pronunciado direta e
claramente por Deus, o profeta convoca
Jerusalém a lavar o seu coração da maldade,
43
deixando os seus maus pensamentos, para que
pudesse ser salva (v. 14).
Porque a calamidade que viria sobre eles era certa, e estava sendo proclamada desde Dã, que
era a extremidade norte de Israel, até os montes
de Efraim, a saber, o território da tribo principal
do Reino do Norte, que já não mais existia, por causa do cativeiro assírio. Ou seja, até mesmo
fora dos termos de Judá estava sendo
proclamada a ruína que viria sobre os judeus.
Todavia este juízo seria proclamado a todas as
nações antes que sucedesse, para que todos
soubessem que isto viera da parte do Senhor, por causa da iniquidade deles (v. 16). Para que se
soubesse que o povo do Senhor havia se
rebelado contra Ele (v. 17).
O coração do profeta estava acelerado e aflito, e
era grande a angústia da sua alma, porque ficara
alarmado com tais declarações, e não poderia
ficar calado, porque ouvira o som de alerta da trombeta de Deus, e já podia ouvir o alarido da
guerra que se aproximava (v. 19).
O profeta via somente destruição sobre destruição sendo apregoada e via toda a terra
assolada, bem como as suas moradas,
repentinamente (v. 20).
Ele indagava em seu espírito até quando veria o
estandarte de guerra levantado, e o toque de
alerta da trombeta de Deus?
Então conclui que realmente Judá era um povo
insensato que não conhecia a Deus, porque
eram filhos ignorantes e que não entendiam os
caminhos do Senhor. Eles eram sábios apenas
44
para praticarem o mal, e não sabiam fazer o bem
(v. 22).
O profeta viu somente desolação na terra, como ela era no princípio, sem forma e vazia, e o
mesmo ele viu em relação aos céus que não
tinham luz.
Até todos os montes e colinas estavam tremendo e estremecendo diante dos juízos de
Deus.
A terra estava vazia, sem que houvesse nela
qualquer pessoa, como também não havia aves no céu.
O pecado de Judá havia atingido toda a criação.
A criação estava gemendo e sofrendo por causa
do pecado do povo de Deus, e da ira que seria manifestada sobre eles.
De modo que as terras férteis se transformaram
em desertos, e todas as cidades estavam
derrubadas diante do Senhor, por causa do furor da sua ira (v. 26).
Então o Senhor pronunciou a sentença dos
versos 27 a 29, onde afirmou que a sua sentença já havia sido lavrada e que não voltaria atrás, no
entanto não consumiria a terra de todo.
Diante da sentença final do Senhor, o profeta
indaga o que Judá faria agora, chamando-a de assolada.
Eles seriam desamparados por todas as nações
com as quais buscassem se aliançar para fugir
da destruição de Babilônia, que fora sentenciada sobre eles, mas por mais que tentassem lhes
agradar, de nada adiantaria, porque o profeta
havia ouvido uma voz, como a de uma mulher
que está em trabalhos de parto, angustiada para
45
dar à luz o seu primogênito, e esta era a voz de
Judá ofegante, porque a dor que sentia era como
a de parto, mas não geraria nenhum filho,
porque esta seria a dor que sentiria em sua alma por causa dos assassinos que dariam contra ela.
“1 Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, se voltares
para mim e tirares as tuas abominações de
diante de mim, e não andares mais vagueando;
2 e se jurares: Como vive o Senhor, na verdade, na justiça e na retidão; então nele se bendirão as
nações, e nele se gloriarão.
3 Porque assim diz o Senhor aos homens de Judá
e a Jerusalém: Lavrai o vosso terreno alqueivado, e não semeeis entre espinhos.
4 Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios
do vosso coração, ó homens de Judá e
habitadores de Jerusalém, para que a minha indignação não venha a sair como fogo, e arda
de modo que ninguém o possa apagar, por causa
da maldade das vossas obras.
5 Anunciai em Judá, e publicai em Jerusalém; e
dizei: Tocai a trombeta na terra; gritai em alta
voz, dizendo: Ajuntai-vos, e entremos nas
cidades fortificadas.
6 Arvorai um estandarte no caminho para Sião;
buscai refúgio, não demoreis; porque eu trago
do norte um mal, sim, uma grande destruição.
7 Subiu um leão da sua ramada, um destruidor de nações; ele já partiu, saiu do seu lugar para
fazer da tua terra uma desolação, a fim de que as
tuas cidades sejam assoladas, e ninguém habite
nelas.
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8 Por isso cingi-vos de saco, lamentai, e uivai,
porque o ardor da ira do Senhor não se desviou
de nós.
9 Naquele dia, diz o Senhor, desfalecerá o
coração do rei e o coração dos príncipes; os
sacerdotes pasmarão, e os profetas se maravilharão.
10 Então disse eu: Ah, Senhor Deus!
verdadeiramente trouxeste grande ilusão a este povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz;
entretanto a espada penetra-lhe até a alma.
11 Naquele tempo se dirá a este povo e a Jerusalém: Um vento abrasador, vindo dos altos
escalvados no deserto, aproxima-se da filha do
meu povo, não para cirandar, nem para alimpar,
12 mas um vento forte demais para isto virá da
minha parte; agora também pronunciarei eu
juízos contra eles.
13 Eis que vem subindo como nuvens, como o
redemoinho são os seus carros; os seus cavalos
são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! pois estamos arruinados!
14 Lava o teu coração da maldade, ó Jerusalém,
para que sejas salva; até quando permanecerão em ti os teus maus pensamentos?
15 Porque uma voz anuncia desde Dã, e proclama a calamidade desde o monte de
Efraim.
16 Anunciai isto às nações; eis, proclamai contra Jerusalém que vigias vêm de uma terra remota;
eles levantam a voz contra as cidades de Judá.
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17 Como guardas de campo estão contra ela ao
redor; porquanto ela se rebelou contra mim, diz
o Senhor.
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Jeremias 5
O Escassear da Justiça Abrevia o Juízo
A geração de Judá dos dias do profeta Jeremias
havia se tornado como a geração de ímpios que
foi destruída nos dias de Noé, ou então como a geração de incrédulos que tombou no deserto
nos dias de Moisés, com a agravante, de que eles
tinham diante de si, séculos de testemunhos dos
poderosos feitos do Senhor, e dos juízos que Ele havia trazido sobre o seu povo no passado,
especialmente no período dos Juízes.
Todavia, não se arrependeram e se fizeram piores do que eles.
Daí o rigor das repreensões e das sentenças de
juízos que receberam da parte de Deus.
Eles faziam jus a tudo o que o Senhor disse deles
no final do quinto capítulo de Jeremias (v. 25 a 31).
O que foi resumido pelo Senhor em poucas
palavras no início do capítulo, bem expressa que tais atos de iniquidade eram a consequência de
não se achar nas ruas de Jerusalém uma só
pessoa que praticasse a justiça e buscasse a
verdade, e mesmo aqueles que diziam viver para o Senhor com juramento, faziam isto com lábios
falsos. Eram falsos religiosos e não pessoas
justas que O amassem de fato (Jer 5.1,2).
Deus lhes havia ferido com os seus castigos, mas
eles não emendaram os seus caminhos, porque
estavam insensíveis para os seus juízos; e
mesmo quando eram consumidos se
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recusavam a receber a correção, e tendo
endurecido as suas faces se recusavam a voltar
para o Senhor.
É aqui que devemos entender que não basta
pregar aos homens que Jesus é o Salvador, que a
sua graça está disponível para todos os que
crerem nele, e que é pela graça, mediante a fé nele que somos salvos.
Porque não faz sentido Deus declarar que uma
pessoa é justa pela graça por causa da sua fé
(justificação) quando esta pessoa continua na prática dos seus antigos pecados e não se volta
para o Senhor para uma verdadeira santificação
da sua vida.
Por isso, Ele não somente justifica quando a pessoa crê de fato, Ele também regenera, isto é,
Ele faz com que tal pessoa nasça de novo do
Espírito, e além disso, o mesmo Espírito haverá
de impulsionar o crente à perseverança, porque é pela evidência da santificação, que se pode ter
a certeza da salvação.
Veja o caso de Judá que dizia pertencer ao
Senhor, que eram descendentes de Abraão, que tinham o templo, e a Lei de Deus e a aliança com
Ele.
No entanto, o que encontramos sendo proferido pelo próprio Deus contra eles no livro de
Jeremias?
São meras afirmações dos lábios, como eles
faziam, que podem ser falsas, que podem garantir a salvação de uma pessoa?
Certamente não.
Deus requer vida transformada e santificada.
Testemunho de uma nova vida.
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Por isso nos justifica pela graça, mediante a fé,
com base na obra que Cristo fez em nosso favor.
Para que possamos viver de modo digno dele, e
conforme a sua vontade.
Por isso, lemos em Jeremias 5.4 que os olhos de
Deus atentam para a verdade, e que Ele nos
corrige com o fim de nos voltarmos para Ele.
Tanto os pequenos quanto os grandes do povo
de Judá se encontravam na mesma condição de
falta de conhecimento dos caminhos do Senhor, e entregues ao pecado (Jer 5.4,5).
Então, eles haviam sido colocados no cerco do
Senhor para serem destruídos, porque eram muitas as suas transgressões, e haviam
multiplicado sobremaneira as suas apostasias, e
caso tentassem fugir de Judá seriam destruídos
pelos animais selvagens (Jer 5.6).
Eles não mostravam sinais de arrependimento e
assim não poderiam ser perdoados, porque a
condição básica para o perdão é o arrependimento (mudança de mente e de vida).
Eles não somente se entregaram à prática da
idolatria, como à do adultério, e não poderiam
portanto, deixar de receber o justo castigo do Senhor, por causa das suas práticas (v. 7 a 9).
O Senhor os castigaria porque se recusavam a
reconhecê-lo como o Deus deles, e afirmavam descaradamente que não lhes sobreviria
qualquer juízo da parte dele, quer sob a forma de
fome ou de guerra contra as nações inimigas de
Judá.
Como eles haviam desprezado ao Senhor e à sua
Palavra, dando ouvidos a falsos profetas, então
Deus faria com que a sua Palavra fosse como
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fogo na boca de Jeremias, e eles como lenha,
para serem consumidos por ela.
Então foram declaradas as assolações que os babilônios fariam na terra de Judá.
Todavia, o Senhor manteria um remanescente
no meio do seu povo (v. 18).
Contudo, os que fossem para o cativeiro, e que
não fossem mortos em Judá, saberiam que
foram enviados a servir um povo estrangeiro numa terra que não lhes pertencia, porque
haviam servido a deuses estranhos na sua
própria terra (v. 19).
Este juízo deveria ser proclamado não somente em Judá, mas ao remanescente de Israel, que
havia permanecido no que sobrou do Reino do
Norte.
Mais uma vez Deus chamou Judá de povo
insensato, porque não tinha o seu temor, porque
sem temer o Senhor é impossível chegar a ter a
verdadeira sabedoria, que é o real conhecimento pessoal de Deus, porque Ele a
concede somente aos que O temem (v. 21-24).
“1 Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora,
e informai-vos, e buscai pelas suas praças a ver
se podeis achar um homem, se há alguém que pratique a justiça, que busque a verdade; e eu
lhe perdoarei a ela.
2 E ainda que digam: Vive o Senhor; de certo
falsamente juram.
3 Ó Senhor, acaso não atentam os teus olhos
para a verdade? feriste-os, porém não lhes doeu;
consumiste-os, porém recusaram receber a
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correção; endureceram as suas faces mais do
que uma rocha; recusaram-se a voltar.
4 Então disse eu: Deveras eles são uns pobres; são insensatos, pois não sabem o caminho do
Senhor, nem a justiça do seu Deus.
5 Irei aos grandes, e falarei com eles; porque
eles sabem o caminho do Senhor, e a justiça do seu Deus; mas aqueles de comum acordo
quebraram o jugo, e romperam as ataduras.
6 Por isso um leão do bosque os matará, um lobo
dos desertos os destruirá; um leopardo vigia contra as suas cidades; todo aquele que delas
sair será despedaçado; porque são muitas as
suas transgressões, e multiplicadas as suas
apostasias.
7 Como poderei perdoar-te? pois teus filhos me
abandonaram a mim, e juraram pelos que não
são deuses; quando eu os tinha fartado,
adulteraram, e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos.
8 Como cavalos bem nutridos, andavam
rinchando cada um à mulher do seu próximo.
9 Acaso não hei de castigá-los por causa destas
coisas? diz o Senhor; ou não hei de vingar-me de
uma nação como esta?
10 Subi aos seus muros, e destruí-os; não façais, porém, uma destruição final; tirai os seus
ramos; porque não são do Senhor.
11 Porque aleivosissimamente se houveram
contra mim a casa de Israel e a casa de Judá, diz o Senhor.
12 Negaram ao Senhor, e disseram: Não é ele;
nenhum mal nos sobrevirá; nem veremos
espada nem fome.
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13 E até os profetas se farão como vento, e a
palavra não está com eles; assim se lhes fará.
14 Portanto assim diz o Senhor, o Deus dos exércitos: Porquanto proferis tal palavra, eis que
converterei em fogo as minhas palavras na tua
boca, e este povo em lenha, de modo que o fogo
o consumirá.
15 Eis que trago sobre vós uma nação de longe, ó
casa de Israel, diz o Senhor; é uma nação forte,
uma nação antiga, uma nação cuja língua
ignoras, e não entenderás o que ela falar.
16 A sua aljava é como uma sepultura aberta;
todos eles são valentes.
17 E comerão a tua sega e o teu pão, que teus
filhos e tuas filhas haviam de comer; comerão os teus rebanhos e o teu gado; comerão a tua vide e
a tua figueira; as tuas cidades fortificadas, em
que confias, abatê-las-ão à espada.
18 Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor, não farei de vós uma destruição final.
19 E quando disserdes: Por que nos fez o Senhor
nosso Deus todas estas coisas? então lhes dirás: Como vós me deixastes, e servistes deuses
estranhos na vossa terra, assim servireis
estrangeiros, em terra que não é vossa.
20 Anunciai isto na casa de Jacó, e proclamai-o em Judá, dizendo:
21 Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem
entendimento, que tendes olhos e não vedes,
que tendes ouvidos e não ouvis:
22 Não me temeis a mim? diz o Senhor; não
tremeis diante de mim, que pus a areia por
limite ao mar, por ordenança eterna, que ele
não pode passar? Ainda que se levantem as suas
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ondas, não podem prevalecer; ainda que
bramem, não a podem traspassar.
23 Mas este povo é de coração obstinado e
rebelde; rebelaram-se e foram-se.
24 E não dizem no seu coração: Temamos agora
ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, tanto a
temporã como a tardia, a seu tempo, e nos
conserva as semanas determinadas da sega.
25 As vossas iniquidades desviaram estas coisas,
e os vossos pecados apartaram de vós o bem.
26 Porque ímpios se acham entre o meu povo;
andam espiando, como espreitam os passarinheiros. Armam laços, apanham os
homens.
27 Qual gaiola cheia de pássaros, assim as suas
casas estão cheias de dolo; por isso se engrandeceram, e enriqueceram.
28 Engordaram-se, estão nédios; também
excedem o limite da maldade; não julgam com
justiça a causa dos órfãos, para que prospere,
nem defendem o direito dos necessitados.
29 Acaso não hei de trazer o castigo por causa
destas coisas? diz o senhor; ou não hei de vingar-
me de uma nação como esta?
30 Coisa espantosa e horrenda tem-se feito na terra:
31 os profetas profetizam falsamente, e os
sacerdotes dominam por intermédio deles; e o
meu povo assim o deseja. Mas que fareis no fim disso?”. (Jeremias 5.1-31)
55
Jeremias 6
Não Ajuntou na Verdade se Espalhou na Mentira
O nono capítulo de Jeremias descreve a que
nível havia chegado a iniquidade dos judeus nos dias de Jeremias.
Deus havia formado Israel para ser um povo
pelo qual pudesse ser conhecido por todas as nações da terra, pelo que vissem neles.
Esta é a mesma missão da Igreja no mundo:
tornar Deus conhecido pelo testemunho de vida dos cristãos.
Como haviam perdido totalmente a finalidade para a qual haviam sido formados, então o
Senhor passaria a peneira no meio deles e
pouparia somente aqueles poucos que eram
grãos e não palha. Até estes seriam provados pelo fogo, para serem purificados, para que
pudessem vir a dar um real testemunho de
santidade.
Quando Deus é abandonado pelo seu povo, tal
como se deu com os judeus, o resultado disto
será o que lemos nos primeiros versículos de
Jeremias 9, onde o Senhor ordena que ninguém confiasse no próprio irmão, porque o que
prevalecia era o perjurar, o mentir, o caluniar, a
falsidade.
Armavam armadilhas contra o seu próximo, e
com a mesma língua que lisonjeavam
produziam feridas terríveis na reputação destas
mesmas pessoas que haviam elogiado (v. 8).
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Para quem não anda no Espírito, isto pode
parecer exagerado, mas é a mais pura realidade,
para aqueles que têm discernimento espiritual
para perceberem tal estado de corrupção, quando até mesmo cristãos deixam de andar no
temor de Deus.
Tal era o estado repulsivo da nação de Judá por
causa de tais pecados, que o profeta gostaria que
a sua cabeça se tornasse em águas, para que seus olhos derramassem lágrimas
continuamente como uma fonte, por causa do
pecado de seus irmãos israelitas, e por causa das
muitas mortes que o Senhor produziria no meio deles, quando consumasse os seus juízos
através dos babilônios (Jer 9.1).
Todavia, a par de tais sentimentos da mais
profunda tristeza, o profeta deseja se afastar de
Israel, não por causa dos juízos que lhes
sobreviriam, mas em razão do modo como eles viviam, apesar de serem o povo do Senhor. Eram
um bando de adúlteros e de aleivosos (Jer 9.2).
Eles não tinham um conhecimento pessoal do
Senhor, porque viviam para fortalecer as suas
línguas, não para a verdade, mas para a mentira
(v. 3).
Por amarem o engano se recusavam a conhecer ao Senhor.
Quem ama o erro não pode desejar conhecer ao Senhor porque Ele é a verdade.
Então o Senhor os fundiria como se faz ao ouro, para remover do seu povo a grande quantidade
de escória que eram muitos deles, e reservaria
para si somente aqueles que fossem achados
fiéis (v. 7).
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Deus disse que não poderia deixar sem castigo
um tal estado de coisas, e se vingaria da nação de
Israel, porque havia sido traído por eles (v. 9).
Quem fosse sábio entre eles, veria a ruína de
Judá como já executada, porque dali a poucos
anos lhes sobreviria tudo o que o Senhor havia
pronunciado contra eles pelos seus profetas, e não apenas através de Jeremias.
Por que Deus levanta mestres na Igreja? São
meros professores de teologia? Não. Eles têm o encargo de torná-lo conhecido, bem como a sua
vontade, conforme revelada na sua Palavra.
Tal era o ministério dos sacerdotes e dos levitas, mas como se corromperam na sua função, e
amaram a avareza, as suas cobiças carnais, Deus
levantou os profetas para falar diretamente ao
povo através deles, quanto aos seus juízos.
Se o povo andasse nos caminhos do Senhor, não
haveria necessidade de profetas para
repreendê-los e exortá-los.
Os judeus em vez de servirem ao Senhor,
voltaram-se para os baalins, porque não
conheciam os juízos terríveis da sua Palavra
contra aqueles que praticam a idolatria (v. 13,14), ou então, os conhecendo, consideravam que
eram ameaças mortas de uma letra morta.
A propósito, muitos pensam que não haverá juízo final, e gracejam acerca da volta do Senhor
Jesus como Juiz (II Pedro 3.3-10).
Todavia, o Senhor revelaria aos judeus que a sua Palavra é viva, trazendo sobre eles todas as
ameaças previstas na Lei, especialmente a do
cativeiro, e a morte pela espada das nações
inimigas.
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Então, conheceriam o temor que lhe é devido e
à sua Palavra, pelo preço altíssimo que teriam
que pagar como nação, de modo que tal temor
fosse achado nas gerações seguintes, quando retornassem do cativeiro em Babilônia,
passados os setenta anos determinados, que
pela vontade de Deus, deveriam lá permanecer.
Tantos seriam os mortos da parte do Senhor, até mesmo jovens e velhos, que ficariam insepultos,
porque não haveria nem tempo, nem condições
para sepultá-los, e isto seria para eles um sinal
que até mesmo na morte foram desonrados por Deus.
As nações saberiam que Deus é santo, e nada
tinha a ver com as iniquidades praticadas pelo
seu povo, tanto que Ele próprio os vendera por nada, e os entregara à destruição.
Por isso, ninguém deveria se gloriar em Judá na
sua própria sabedoria, ou na sua força, ou nas
suas riquezas, porque nada disto lhes poderia livrar dos juízos de Deus, e nada disto pode levar
uma pessoa a agradar ao Senhor (v. 23).
O único motivo que temos para nos gloriar é o
próprio Deus, e o conhecimento que temos dele e da sua vontade, especialmente quanto a
sabermos que ele faz benevolência, juízo e
justiça na terra, coisas estas que são todo o seu
agrado, e que, pelo conhecimento e prática das mesmas, somos livrados dos seus juízos .
Então, quem quiser agradar a Deus deve imitá-
lo na prática da misericórdia, do juízo e da
justiça.
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É por tal critério de misericórdia, justiça e juízo,
que Deus julga toda a carne, e não por se ser
circuncidado ou não no prepúcio.
Judá pensava que era diferente das demais nações por causa da circuncisão.
Mas o Senhor está dizendo que diante dele não
há nenhum justo, a não ser aqueles que são
circuncidados de coração, ou seja aqueles que são justificados pela graça, mediante a fé, e que
andam na prática da justiça, que é segundo a
santificação (v. 25, 26).
“1 Quem dera a minha cabeça se tornasse em
águas, e os meus olhos numa fonte de lágrimas,
para que eu chorasse de dia e de noite os mortos
da filha do meu povo!
2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma estalagem de viandantes, para poder deixar o
meu povo, e me apartar dele! porque todos eles
são adúlteros, um bando de aleivosos.
3 E encurvam a língua, como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não
para a verdade; porque avançam de malícia em
malícia, e a mim me não conhecem, diz o
Senhor.
4 Guardai-vos cada um do seu próximo, e de
irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não
faz mais do que enganar, e todo próximo anda
caluniando.
5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala
a verdade; ensinaram a sua língua a falar a
mentira; andam se cansando em praticar a
iniquidade.
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6 A tua habitação está no meio do engano; pelo
engano recusam-se a conhecer-me, diz o
Senhor.
7 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu os fundirei e os provarei; pois, de que
outra maneira poderia proceder com a filha do
meu povo?
8 uma flecha mortífera é a língua deles; fala engano; com a sua boca fala cada um de paz com
o seu próximo, mas no coração arma-lhe ciladas.
9 Não hei de castigá-los por estas coisas? diz o
Senhor; ou não me vingarei de uma nação tal como esta?
10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas
pastagens do deserto lamentação; porque já
estão queimadas, de modo que ninguém passa por elas; nem se ouve mugido de gado; desde as
aves dos céus até os animais, fugiram e se foram.
11 E farei de Jerusalém montões de pedras,
morada de chacais, e das cidades de Judá farei uma desolação, de sorte que fiquem sem
habitantes.
12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a
quem falou a boca do Senhor, para que o possa
anunciar? Por que razão pereceu a terra, e se queimou como um deserto, de sorte que
ninguém passa por ela?
13 E diz o Senhor: porque deixaram a minha lei,
que lhes pus diante, e não deram ouvidos à minha voz, nem andaram nela,
14 antes andaram obstinadamente segundo o
seu próprio coração, e após baalins, como lhes
ensinaram os seus pais.
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15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos,
Deus de Israel: Eis que darei de comer losna a
este povo, e lhe darei a beber água de fel.
16 Também os espalharei por entre nações que nem eles nem seus pais conheceram; e
mandarei a espada após eles, até que venha a
consumi-los.
17 Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai, e chamai as carpideiras, para que venham; e
mandai procurar mulheres hábeis, para que
venham também;
18 e se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós, para que se desfaçam em lágrimas os
nossos olhos, e as nossas pálpebras destilem
águas.
19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos arruinados! Estamos mui
envergonhados, por termos deixado a terra, e
por terem eles transtornado as nossas moradas.
20 Contudo ouvi, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e recebam os vossos ouvidos a palavra
da sua boca; e ensinai a vossas filhas o pranto, e
cada uma à sua vizinha a lamentação.
21 Pois a morte subiu pelas nossas janelas, e
entrou em nossos palácios, para exterminar das ruas as crianças, e das praças os mancebos.
22 Fala: Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos
homens cairão como esterco sobre a face do
campo, e como gavela atrás do segador, e não há quem a recolha.
23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na
sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força;
não se glorie o rico nas suas riquezas;
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24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em
entender, e em me conhecer, que eu sou o
Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na
terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.
25 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que
castigarei a todo circuncidado juntamente com
os incircuncisos:
26 ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da
sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as
nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel
é incircuncisa de coração.”.
63
Jeremias 7
Mais uma vez o Senhor apelou aos judeus para
que não confiassem em mero ritualismo religioso, e nem mesmo nos sacrifícios e nas
edificações do próprio templo de Jerusalém,
porque não poderiam livrá-los da destruição,
caso não emendassem os seus caminhos.
Eles pensavam erroneamente que Deus estava
obrigado a defender Jerusalém porque o templo
se situava nela. Entretanto o Senhor, lhes
lembrou do que havia feito em Siló, nos dias do sumo sacerdote Eli, quando o tabernáculo se
encontrava naquela cidade, como permitiu que
fosse destruída, e também removeu o
tabernáculo de lá, por causa dos pecados de Israel.
Mais do que holocaustos e sacrifícios
apresentados no templo Ele queria
misericórdia, justiça, santidade. Queria não uma religião que se baseasse em práticas
meramente externas, mas uma religião que
partisse de corações transformados e
santificados pela sua Palavra.
Por isso lhes disse as seguintes palavras:
“22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os
tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa
alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha
voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu
povo; andai em todo o caminho que eu vos
mandar, para que vos vá bem.
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24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus
ouvidos; porém andaram nos seus próprios
conselhos, no propósito do seu coração
malvado; e andaram para trás, e não para diante.
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da
terra do Egito, até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos os meus servos, os
profetas, dia após dia;
26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a
sua cerviz. Fizeram pior do que seus pais.” (v. 22
a 26).
Como a prática religiosa dos judeus não se
harmonizava com o testemunho de vida deles,
então o Senhor lhes disse as seguintes palavras, e por causa disto, reafirmou os juízos contra as
idolatrias, injustiças e impiedades que eles
vinham praticando, e a pior delas, a de se
recusarem a ouvir a Palavra que lhes enviava pela boca dos seus profetas:
“9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis
incenso a Baal, e andareis após outros deuses
que não conhecestes,
10 e então vireis, e vos apresentareis diante de
mim nesta casa, que se chama pelo meu nome,
e direis: Somos livres para praticardes ainda
todas essas abominações?
11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo
meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz
o Senhor.” (v. 9 a 11).
65
“1 A palavra que da parte do Senhor veio a
Jeremias, dizendo:
2 Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor,
todos de Judá, os que entrais por estas portas,
para adorardes ao Senhor.
3 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de
Israel: Emendai os vossos caminhos e as vossas
obras, e vos farei habitar neste lugar.
4 Não vos fieis em palavras falsas, dizendo:
Templo do Senhor, templo do Senhor, templo
do Senhor é este.
5 Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras
executardes a justiça entre um homem e o seu
próximo;
6 se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a
viúva, nem derramardes sangue inocente neste
lugar, nem andardes após outros deuses para
vosso próprio mal,
7 então eu vos farei habitar neste lugar, na terra
que dei a vossos pais desde os tempos antigos e
para sempre.
8 Eis que vós confiais em palavras falsas, que
para nada são proveitosas.
9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis
incenso a Baal, e andareis após outros deuses
que não conhecestes,
10 e então vireis, e vos apresentareis diante de
mim nesta casa, que se chama pelo meu nome,
e direis: Somos livres para praticardes ainda
todas essas abominações?
66
11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo
meu nome, uma caverna de salteadores aos
vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz
o Senhor.
12 Mas ide agora ao meu lugar, que estava em
Siló, onde, ao princípio, fiz habitar o meu nome,
e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo Israel.
13 Agora, pois, porquanto fizestes todas estas
obras, diz o Senhor, e quando eu vos falei
insistentemente, vós não ouvistes, e quando vos chamei, não respondestes,
14 farei também a esta casa, que se chama pelo
meu nome, na qual confiais, e a este lugar, que
vos dei a vós e a vossos pais, como fiz a Siló.
15 E eu vos lançarei da minha presença, como
lancei todos os vossos irmãos, toda a linhagem
de Efraim.
16 Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes;
pois eu não te ouvirei.
17 Não vês tu o que eles andam fazendo nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém?
18 Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem
o fogo, e as mulheres amassam a farinha para
fazerem bolos à rainha do céu, e oferecem libações a outros deuses, a fim de me
provocarem à ira.
19 Acaso é a mim que eles provocam à ira? diz o
Senhor; não se provocam a si mesmos, para a sua própria confusão?
20 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que a
minha ira e o meu furor se derramarão sobre
este lugar, sobre os homens e sobre os animais,
67
sobre as árvores do campo e sobre os frutos da
terra; sim, acender-se-á, e não se apagará.
21 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos
sacrifícios, e comei a carne.
22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os
tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha
voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu
povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.
24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus
ouvidos; porém andaram nos seus próprios
conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante.
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da
terra do Egito, até hoje, tenho-vos enviado
insistentemente todos os meus servos, os profetas, dia após dia;
26 contudo não me deram ouvidos, nem
inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz. Fizeram pior do que seus pais.
27 Dir-lhes-ás pois todas estas palavras, mas não
te darão ouvidos; chama-los-ás, mas não te
responderão.
28 E lhes dirás: Esta é a nação que não obedeceu
a voz do Senhor seu Deus e não aceitou a
correção; já pereceu a verdade, e está
exterminada da sua boca.
29 Corta os teus cabelos, Jerusalém, e lança-os
fora, e levanta um pranto sobre os altos
escalvados; porque o Senhor já rejeitou e
desamparou esta geração, objeto do seu furor.
68
30 Porque os filhos de Judá fizeram o que era
mau aos meus olhos, diz o Senhor; puseram as
suas abominações na casa que se chama pelo
meu nome, para a contaminarem.
31 E edificaram os altos de Tofete, que está no Vale do filho de Hinom, para queimarem no
fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca
ordenei, nem me veio à mente.
32 Portanto, eis que vêm os dias, diz o Senhor,
em que não se chamará mais Tofete, nem Vale
do filho de Hinom, mas o Vale da Matança; pois enterrarão em Tofete, por não haver mais outro
lugar.
33 E os cadáveres deste povo servirão de pasto às
aves do céu e aos animais da terra; e ninguém os
enxotará.
34 E farei cessar nas cidades de Judá, e nas ruas
de Jerusalém, a voz de gozo e a voz de alegria, a
voz de noivo e a voz de noiva; porque a terra se tornará em desolação.”.
69
Jeremias 8
Tão grande seria a desonra que o Senhor traria
sobre o seu povo quando os babilônios invadissem as suas terras, que até mesmo os
ossos dos príncipes, dos sacerdotes, dos falsos
profetas e dos demais moradores de Jerusalém,
que haviam morrido, seriam arrancados de seus túmulos por eles, à busca de tesouros, e com isto
suas sepulturas seriam profanadas e seus ossos
e demais restos mortais ficariam expostos ao
tempo, servindo de pasto às aves do céu (v. 1), porque não haveria tempo e nem condições
para serem novamente sepultados, debaixo da
pressão que os babilônios fariam sobre o povo
da terra, quando fossem vencidos por eles (v. 2).
Tal seria a angústia daquela hora que mesmo os
que escapassem da morte pela espada dos
babilônios prefeririam ter morrido também,
porque seriam expulsos de suas casas e de sua própria nação (v. 3).
O Senhor enviou o profeta com a seguinte
mensagem ao povo, para que refletissem sobre
a condição espiritual deles, porque estavam
caídos e não se levantavam; haviam se desviado e não retornaram ao caminho. No entanto,
quanto ao que é natural, é normal que aquele
que cai, torne imediatamente a se levantar.
Aquele que se perde no caminho, volta para onde deveria estar (v. 4).
Então, o Senhor indagou através do profeta, a
razão pela qual o seu povo não havia se
levantado dos seus pecados, e por que não havia
70
retornado ao caminho da verdade e da justiça, e
por que continuavam a se desviar
continuamente dele? E o próprio Deus deu a
resposta: era porque estavam retendo o engano, o motivo de se recusarem a voltar para Ele (v.5).
A Igreja de Cristo deve aprender este diagnóstico perfeito para ser curada de suas
possíveis apostasias. Porque é impossível voltar
para Deus, depois de Lhe ter dado as costas, por
permanecer no engano do pecado.
Se não houver um posicionamento decidido
voltado para um sincero arrependimento, pelo
abandono da prática do pecado, de um viver carnal e mundano, não pode haver esperança de
cura, pelo ser levantado espiritualmente e pelo
retorno ao Senhor.
As nossas conversações revelarão o que somos
de fato, e onde se encontra o nosso coração,
quando não falamos o que é reto, e quando não nos arrependemos da nossa maldade. O
endurecimento no pecado nos cegará e não
veremos o que somos de fato. E tal como os
judeus diremos: “Que fiz eu?”. E prosseguiremos nosso caminho em disparada
carreira, prosseguindo após o pecado, com o
mesmo ímpeto dos cavalos que arremetem na
batalha (v. 6).
O mesmo pecado dos judeus é achado na Igreja
de Laodiceia, que necessitada de
arrependimento, por não conhecer os caminhos do Senhor, por causa do seu orgulho
espiritual, e por se considerar sábia a seus
próprios olhos, considera que pelo simples fato
de participar das ordenações do culto do
71
Senhor, por ler a Bíblia, mas interpretando-a
conforme a conveniência da carne, pensam que
têm feito a vontade de Deus (v. 7,8).
Contudo estes sábios segundo o mundo serão
envergonhados, espantados e presos, porque têm rejeitado a verdadeira sabedoria e a Palavra
do Senhor.
O Anticristo aguarda por todos aqueles que
entre estes crentes não se arrependerem de
seus pecados e da vaidade em que têm vivido,
segundo as ordenações de um culto carnal, e não onde haja verdadeiro temor e reverência ao
Senhor, num culto que seja verdadeiramente
em espírito e em verdade; e assim, serão por fim
vomitados da boca do Senhor, conforme Ele lhes tem ameaçado, caso não se arrependam (v. 9).
O juízo de Deus começa pela sua própria casa, quando os crentes começam a andar de modo
desordenado, e a aumentar e muito a iniquidade
em seus corações. Tal como o Senhor fizera aos
judeus no passado.
Que pode então esperar o mundo de ímpios, quando o Senhor vier com grande poder e
glória, visitar as maldades das suas ações?
Deus tinha uma contenda especialmente com
os sacerdotes e com os profetas de Israel, que
haviam se desviado de suas funções, por causa
da avareza, e o povo tinha se acomodado à impiedade deles, e se fizera tal como eles,
usando de falsidade mutuamente (v. 10).
Especialmente os sacerdotes e profetas que
prometiam paz, quando não havia nenhuma paz,
senão juízos por causa do pecado, não se
envergonhavam de suas abominações.
72
Eles curavam as angústias dos israelitas dizendo
que havia paz da parte de Deus para eles, mas o
Senhor diz que isto era o mesmo que fechar um
ferida externamente, enquanto a infecção continua corroendo profundamente as partes
internas do corpo.
Havia então uma aparência de pessoas
saudáveis e religiosamente santas. Mas o
Senhor que conhece o coração, sabia que não passavam de um bando de falsos que estavam
cheios de podridão em seu interior, tal como os
fariseus e escribas dos dias de Jesus, que se
assemelhavam a sepulcros caiados.
Então, como se recusavam a reconhecer a vergonha em que viviam, o Senhor os
envergonharia quando os fizesse cair sob o jugo
de Babilônia, e quebraria assim toda a altivez
que eles tinham, quando na verdade deveriam viver envergonhados por Lhe terem voltado as
costas, envergonhando-se dele e da sua Palavra.
Então, pela falta dos devidos frutos em suas
vidas, na condição de povo de Deus, Ele os
entregaria à destruição. Ele destruiria a sua vinha, porque se recusava a produzir os frutos
espirituais de justiça e de comunhão, esperados
por Ele.
Em face dos juízos anunciados, o profeta
convocou o povo a se reunir e a aguardar a
morte que lhes sobreviria da parte de Deus, porquanto haviam pecado contra Ele.
A paz que eles aguardavam não chegaria lhes
trazendo bem algum, e em vez de cura lhes
alcançaria o terror. Ele podia ouvir o estrondo
dos exércitos de Babilônia arremetendo contra
73
Judá, já se encontrando em Dã, que era o
extremo norte de Israel, e devorariam a terra de
Judá e tudo quanto nela havia.
Deus lhes estava enviando os babilônios como
serpentes venenosas que não poderiam ser detidas por qualquer tipo de encantamento, e
certamente morderiam os judeus. Isto é o que
sucede ao crente ou Igreja infiel que se recusa a
servir ao Senhor em santidade de vida: são por fim entregues ao domínio da Serpente, Satanás,
o diabo, para destruição da carne, ou para serem
oprimidos por ele.
Em face deste quadro terrível o profeta declara
a sua tristeza e dor de coração, pelo abandono de Sião pelo Senhor, e por terem os próprios judeus
abandonado ao seu Deus para servirem aos
ídolos. Ele passou a andar de luto como que as
mortes pronunciadas já tivessem sido consumadas, e o espanto passou a se apoderar
dele, porque sabia que não haveria cura para os
judeus, embora houvesse bálsamo e médicos
em Israel.
“1 Naquele tempo, diz o Senhor, tirarão para fora
das suas sepulturas os ossos dos reis de Judá, e os ossos dos seus príncipes, e os ossos dos
sacerdotes, e os ossos dos profetas, e os ossos
dos habitantes de Jerusalém;
2 e serão expostos ao sol, e à lua, e a todo o
exército do céu, a quem eles amaram, e a quem serviram, e após quem andaram, e a quem
buscaram, e a quem adoraram; não serão
recolhidos nem sepultados; serão como esterco
sobre a face da terra.
74
3 E será escolhida antes a morte do que a vida
por todos os que restarem desta raça maligna,
que ficarem em todos os lugares onde os lancei,
diz o senhor dos exércitos.
4 Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor:
porventura cairão os homens, e não se
levantarão? desviar-se-ão, e não voltarão?
5 Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? ele retém o
engano, recusa-se a voltar.
6 Eu escutei e ouvi; não falam o que é reto;
ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se desvia na sua
carreira, como um cavalo que arremete com
ímpeto na batalha.
7 Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, a andorinha, e o grou
observam o tempo da sua arribação; mas o meu
povo não conhece a ordenança do Senhor.
8 Como pois dizeis: Nós somos sábios, e a lei do Senhor está conosco? Mas eis que a falsa pena
dos escribas a converteu em mentira.
9 Os sábios são envergonhados, espantados e
presos; rejeitaram a palavra do Senhor; que
sabedoria, pois, têm eles?
10 Portanto darei suas mulheres a outros, e os
seus campos aos conquistadores; porque desde
o menor até o maior, cada um deles se dá à
avareza; desde o profeta até o sacerdote, cada qual usa de falsidade.
11 E curam a ferida da filha de meu povo
levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há
paz.
75
12 Porventura se envergonham de terem
cometido abominação? Não; de maneira alguma
se envergonham, nem sabem que coisa é
envergonhar-se. Portanto cairão entre os que caem; e no tempo em que eu os visitar, serão
derribados, diz o Senhor.
13 Quando eu os colheria, diz o Senhor, já não há
uvas na vide, nem figos na figueira; até a folha
está caída; e aquilo mesmo que lhes dei se foi
deles.
14 Por que nos assentamos ainda? juntai-vos e
entremos nas cidades fortes, e ali pereçamos;
pois o Senhor nosso Deus nos destinou a perecer e nos deu a beber água de fel; porquanto
pecamos contra o Senhor.
15 Esperamos a paz, porém não chegou bem
algum; e o tempo da cura, e eis o terror.
16 Já desde Dã se ouve o resfolegar dos seus cavalos; a terra toda estremece à voz dos rinchos
dos seus ginetes; porque vêm e devoram a terra
e quanto nela há, a cidade e os que nela habitam.
17 Pois eis que envio entre vós serpentes,
basiliscos, contra os quais não há
encantamento; e eles vos morderão, diz o Senhor.
18 Quem dera que eu pudesse consolar-me na minha tristeza! O meu coração desfalece dentro
de mim.
19 Eis o clamor da filha do meu povo, de toda a extensão da terra; Não está o Senhor em Sião?
Não está nela o seu rei? Por que me provocaram
a ira com as suas imagens esculpidas, com
vaidades estranhas?
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20 Passou a sega, findou o verão, e nós não
estamos salvos.
21 Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; ando de luto; o espanto apoderou-se de
mim.
22 Porventura não há bálsamo em Gileade? ou
não se acha lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo?”.
77
Jeremias 9
Este capítulo descreve a que nível havia
chegado a iniquidade dos judeus nos dias de
Jeremias.
Deus havia formado Israel para ser um povo
pelo qual pudesse ser conhecido por todas as
nações da terra, pelo que vissem neles.
Esta é a mesma missão da Igreja no mundo,
tornar Deus conhecido pelo testemunho de vida
dos crentes.
Como haviam perdido totalmente a finalidade
para a qual haviam sido formados, então o
Senhor passaria a peneira no meio deles e pouparia somente aqueles poucos que eram
grãos e não palha. Até estes seriam provados
pelo fogo, para serem purificados, para que
pudessem vir a dar um real testemunho de santidade.
“8 Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes
dela serão exterminadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.
9 E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a
purificarei, como se purifica a prata, e a
provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e
ela dirá: O Senhor é meu Deus.” (Zac 13.8,9)
Quando Deus é abandonado pelo seu povo, tal como se deu com os judeus, o resultado disto
será o que lemos nos primeiros versículos deste
capítulo, no qual o próprio Senhor ordena que
ninguém confiasse no próprio irmão, porque o
78
que prevalecia era o perjurar, o mentir, o
caluniar, a falsidade.
Armavam armadilhas contra o seu próximo, e
com a mesma língua que lisonjeavam
produziam feridas terríveis na reputação destas mesmas pessoas que haviam elogiado (v. 8).
Para quem não anda no Espírito, isto pode parecer exagerado, mas é a mais pura realidade,
para aqueles que têm discernimento espiritual
para perceberem tal estado de corrupção,
quando mesmo crentes deixam de andar no temor de Deus.
Tal era o estado repulsivo da nação de Judá por causa de tais pecados, que o profeta gostaria que
a sua cabeça se tornasse em águas para que seus
olhos derramassem lágrimas continuamente
como uma fonte, por causa do pecado de seus irmãos israelitas, e por causa das muitas mortes
que o Senhor produziria no meio deles quando
consumasse os seus juízos através dos
babilônios (v. 1).
Todavia, a par de tais sentimentos da mais profunda tristeza, o profeta deseja se afastar de
Israel, não pelo temor dos juízos que lhes
sobreviriam, mas por causa da forma como eles
viviam sendo o povo do Senhor. Eram um bando de adúlteros e de aleivosos (v. 2). E ninguém que
esteja santificado tem prazer em tal companhia.
Eles não conheciam o Senhor porque viviam a
fortalecer as suas línguas, não para a verdade,
mas para a mentira (v. 3).
Por amarem o engano se recusavam a conhecer
ao Senhor. Quem ama o erro não pode desejar
conhecer ao Senhor porque Ele é a verdade.
79
Então o Senhor os fundiria como se faz ao ouro,
para remover do seu povo a grande quantidade
de escória que eram muitos deles, e reservaria
para si somente aqueles que fossem achados fiéis (v. 7).
Deus não poderia deixar sem castigo um tal
estado de coisas, e se vingaria da nação de Israel
porque havia sido traído por eles (v. 9).
Quem fosse sábio entre eles, veria a ruína de
Judá como já executada, porque dali a poucos anos lhes sobreviria tudo o que o Senhor havia
pronunciado contra eles pelos seus profetas, e
não apenas através de Jeremias.
Por que Deus levanta mestres na Igreja? São
meros professores de teologia? Não. Eles têm o
encargo de torná-lo conhecido, bem como a sua vontade, conforme revelada na sua Palavra. Tal
era o ministério dos sacerdotes e dos levitas,
mas como eles se corromperam na sua função, e amaram a avareza, as suas cobiças carnais,
Deus levantou os profetas para falar
diretamente ao povo através deles, quanto aos
seus juízos.
Se o povo andasse nos caminhos do Senhor, não
haveria necessidade de profetas para repreendê-los e exortá-los.
Há grande perigo, portanto, quando se deixa de
lado a Palavra revelada do Senhor, no caso dos
judeus, a Lei de Moisés (v. 13), e da Igreja, toda a
Bíblia, porque com isto estaremos deixando de dar ouvidos à sua voz, e assim não poderemos
andar segundo a sua Palavra, senão de acordo
com a obstinação do nosso próprio coração
corrompido pelo pecado, que é mais enganoso
80
do que todas as coisas. Por isso os judeus em vez
de servirem ao Senhor, voltaram-se para os
baalins, porque não conheciam os juízos
terríveis da sua Palavra contra aqueles que praticam a idolatria (v. 13,14), ou então, os
conhecendo, consideravam que eram ameaças
mortas de uma letra morta.
Todavia, o Senhor revelaria a eles que a sua
Palavra é viva, trazendo sobre eles todas as ameaças previstas na Lei, especialmente a do
cativeiro, e a morte pela espada das nações
inimigas. Então saberiam o temor que é devido
ao Senhor e à sua Palavra, pelo preço altíssimo que eles teriam que pagar como nação, de modo
que tal temor fosse achado nas gerações
seguintes, quando retornassem do cativeiro em
Babilônia, passados os setenta anos determinados, em que pela vontade de Deus,
deveriam lá permanecer.
Tantos seriam os mortos da parte do Senhor, até
mesmo jovens e velhos, que ficariam insepultos,
porque não haveria nem tempo, nem condições
para sepultá-los, e isto seria para eles um sinal que até mesmo na morte foram desonrados por
Deus. E as nações saberiam que Deus é santo, e
nada tinha a ver com as iniquidades praticadas
pelo seu povo, tanto que Ele próprio os vendera por nada, e os entregara à destruição.
Por isso ninguém deveria se gloriar em Judá na sua própria sabedoria, ou na sua força, ou nas
suas riquezas, porque nada disto os poderia
livrar dos juízos de Deus, e nada disto pode levar
uma pessoa a agradar ao Senhor (v. 23).
81
O único motivo que temos para nos gloriar é o
próprio Deus, e o conhecimento que temos dele
e da sua vontade, especialmente quanto a
sabermos que Ele faz benevolência, juízo e justiça na terra, coisas estas que são todo o seu
agrado. Então quem quiser agradar a Deus deve
imitá-lo na prática da misericórdia, do juízo e da justiça.
É por tal critério de misericórdia, justiça e juízo, que Deus julga toda a carne, e não por se ser
circuncidado ou não no prepúcio. Judá pensava
que era diferente das demais nações por causa
da circuncisão. Mas o Senhor está dizendo que diante dele não há nenhum justo, a não ser
aqueles que são circuncidados de coração, ou
seja aqueles que são justificados pela graça,
mediante a fé, e que andam na prática da justiça, que é segundo a santificação (v. 25, 26).
“1 Quem dera a minha cabeça se tornasse em
águas, e os meus olhos numa fonte de lágrimas, para que eu chorasse de dia e de noite os mortos
da filha do meu povo!
2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma
estalagem de viandantes, para poder deixar o
meu povo, e me apartar dele! porque todos eles são adúlteros, um bando de aleivosos.
3 E encurvam a língua, como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não
para a verdade; porque avançam de malícia em
malícia, e a mim me não conhecem, diz o
Senhor.
4 Guardai-vos cada um do seu próximo, e de
irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não
82
faz mais do que enganar, e todo próximo anda
caluniando.
5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala
a verdade; ensinaram a sua língua a falar a mentira; andam-se cansando em praticar a
iniquidade.
6 A tua habitação está no meio do engano; pelo
engano recusam-se a conhecer-me, diz o Senhor.
7 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Eis
que eu os fundirei e os provarei; pois, de que
outra maneira poderia proceder com a filha do meu povo?
8 uma flecha mortífera é a língua deles; fala
engano; com a sua boca fala cada um de paz com
o seu próximo, mas no coração arma-lhe ciladas.
9 Não hei de castigá-los por estas coisas? diz o Senhor; ou não me vingarei de uma nação tal
como esta?
10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas
pastagens do deserto lamentação; porque já estão queimadas, de modo que ninguém passa
por elas; nem se ouve mugido de gado; desde as
aves dos céus até os animais, fugiram e se foram.
11 E farei de Jerusalém montões de pedras, morada de chacais, e das cidades de Judá farei
uma desolação, de sorte que fiquem sem
habitantes.
12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a quem falou a boca do Senhor, para que o possa
anunciar? Por que razão pereceu a terra, e se
queimou como um deserto, de sorte que
ninguém passa por ela?
83
13 E diz o Senhor: porque deixaram a minha lei,
que lhes pus diante, e não deram ouvidos à
minha voz, nem andaram nela,
14 antes andaram obstinadamente segundo o
seu próprio coração, e após baalins, como lhes
ensinaram os seus pais.
15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que darei de comer losna a
este povo, e lhe darei a beber água de fel.
16 Também os espalharei por entre nações que
nem eles nem seus pais conheceram; e mandarei a espada após eles, até que venha a
consumi-los.
17 Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai,
e chamai as carpideiras, para que venham; e mandai procurar mulheres hábeis, para que
venham também;
18 e se apressem, e levantem o seu lamento
sobre nós, para que se desfaçam em lágrimas os nossos olhos, e as nossas pálpebras destilem
águas.
19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos arruinados! Estamos mui
envergonhados, por termos deixado a terra, e
por terem eles transtornado as nossas moradas.
20 Contudo ouvi, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e recebam os vossos ouvidos a palavra
da sua boca; e ensinai a vossas filhas o pranto, e
cada uma à sua vizinha a lamentação.
21 Pois a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar das
ruas as crianças, e das praças os mancebos.
22 Fala: Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos
homens cairão como esterco sobre a face do
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campo, e como gavela atrás do segador, e não há
quem a recolha.
23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na
sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força;
não se glorie o rico nas suas riquezas;
24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o
Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na
terra; porque destas coisas me agrado, diz o
Senhor.
25 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todo circuncidado juntamente com
os incircuncisos:
26 ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom
e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da
sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as
nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.”.
85
Jeremias 10
Não podemos esquecer que Jeremias era ainda
muito jovem quando o Senhor o chamou para o
exercício do ministério profético. Já dissemos
que seu ministério durou mais de quarenta anos. E nós o vemos neste capítulo, depois da
experiência que tivera com a maldade dirigida
contra ele pelos seus próprios conhecidos e
parentes de Anatote, bem como de todos os sacerdotes que viviam na sua cidade natal,
Jeremias estava amadurecendo nos caminhos
do conhecimento não apenas da vontade do
Senhor, como também do que há nos corações dos próprios homens. Todavia não havia
amadurecido o bastante para compreender o
motivo da grande longanimidade de Deus para
com os ímpios, e até para com os piores deles, tal como ele próprio tivera oportunidade de
constatar entre os seus próprios irmãos e toda a
casa de seu pai (v. 6), de modo que o Senhor lhe
advertiu para que não confiasse neles ainda que lhes dissessem coisas boas.
Isto não significa que devemos desconfiar de
todos os nossos irmãos em Cristo, mas daqueles que têm rejeitado os caminhos do Senhor,
faremos bem em nos guardar deles, tal como
Deus havia aconselhado Jeremias a fazer em
seus dias.
Jeremias havia aprendido a discernir que é
possível ter o nome de Deus nos lábios enquanto
o coração permanece distante dele, tal como
observara nos judeus (v. 2).
86
Então ele clamou para que o Senhor exercesse
logo a sua justiça contra os ímpios, tal a
grandeza da maldade que vira em seus corações.
Mas como Deus não é o homem, Ele instruiu
Jeremias que ele deveria aprender a ter a
tenacidade espiritual que lhe permitisse correr
não somente com homens que vão a pé, mas a correr até mesmo com cavalos, porque as suas
tribulações não diminuiriam, mas
aumentariam e muito, dali por diante. Ele não
deveria fugir da batalha contra o mal, numa terra onde os juízos do Senhor não haviam ainda
sido despejados. Ele deveria ser longânimo tal
qual o Senhor e aguardar o tempo próprio do
juízo. Ainda que não orasse pelo povo, conforme lhe havia sido ordenado, isto não significava que
deveria clamar a Deus então para apressar logo
a destruição deles.
Israel havia se rebelado contra Deus, e levantado sua voz contra Ele, e por isso, em vez
de receberem a demonstração do seu amor,
receberiam a da sua vingança (v. 8).
O estado a que Israel havia chegado foi o
resultado da ação de maus e muitos pastores
que haviam destruído a vinha do Senhor, e que
fizeram de um quinhão antes aprazível, um deserto desolado, onde não havia mais a
presença e a glória de Deus (v. 10). Então o
Senhor seria o Pastor do seu povo, e tentaria
restaurar aqueles que dentre eles ainda tinham esperança de cura, e não somente eles, até
mesmo as nações que lhes haviam assolado e
que haviam ensinado Israel a adorar a Baal,
poderiam ser edificadas no meio de Judá,
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quando fosse restaurada por Ele, no entanto,
caso o recusassem também seriam totalmente
arrancados, e os Senhor lhes faria perecer. Isto
tem se cumprido especialmente nos dias da Igreja, quando muitas nações gentias têm sido
enxertadas no ramo de oliveira de Israel, por
meio de quem receberam as Escrituras, os profetas, os apóstolos, e o principal de tudo, o
Messias. Assim, Israel ainda cumpriria a missão
que lhe havia sido destinada por Deus, e isto
explicava porque não destruiria todos os ímpios da terra, conforme desejava Jeremias.
“1 Ouvi a palavra que o Senhor vos fala a vós, ó casa de Israel.
2 Assim diz o Senhor: Não aprendais o caminho
das nações, nem vos espanteis com os sinais do
céu; porque deles se espantam as nações,
3 pois os costumes dos povos são vaidade; corta-
se do bosque um madeiro e se lavra com
machado pelas mãos do artífice.
4 Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com martelos o firmam, para que não se mova.
5 São como o espantalho num pepinal, e não
podem falar; necessitam de quem os leve,
porquanto não podem andar. Não tenhais receio
deles, pois não podem fazer o mal, nem tampouco têm poder de fazer o bem.
6 Ninguém há semelhante a ti, ó Senhor; és grande, e grande é o teu nome em poder.
7 Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações?
pois a ti se deve o temor; porquanto entre todos
os sábios das nações, e em todos os seus reinos
ninguém há semelhante a ti.
88
8 Mas eles todos são embrutecidos e loucos; a
instrução dos ídolos é como o madeiro.
9 Trazem de Társis prata em chapas, e ouro de Ufaz, trabalho do artífice, e das mãos do
fundidor; seus vestidos são de azul e púrpura;
obra de peritos são todos eles.
10 Mas o Senhor é o verdadeiro Deus; ele é o Deus vivo e o Rei eterno, ao seu furor estremece
a terra, e as nações não podem suportar a sua
indignação.
11 Assim lhes direis: Os deuses que não fizeram os céus e a terra, esses perecerão da terra e de
debaixo dos céus.
12 Ele fez a terra pelo seu poder; ele estabeleceu
o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus.
13 Quando ele faz soar a sua voz, logo há tumulto
de águas nos céus, e ele faz subir das
extremidades da terra os vapores; faz os relâmpagos para a chuva, e dos seus tesouros faz
sair o vento.
14 Todo homem se embruteceu e não tem conhecimento; da sua imagem esculpida
envergonha-se todo fundidor; pois as suas
imagens fundidas são falsas, e nelas não há
fôlego.
15 Vaidade são, obra de enganos; no tempo da
sua visitação virão a perecer.
16 Não é semelhante a estes aquele que é a
porção de Jacó; porque ele é o que forma todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança.
Senhor dos exércitos é o seu nome.
17 Tira do chão a tua trouxa, ó tu que habitas em
lugar sitiado.
89
18 Pois assim diz o Senhor: Eis que desta vez
arrojarei como se fora com uma funda os
moradores da terra, e os angustiarei, para que
venham a senti-lo.
19 Ai de mim, por causa do meu
quebrantamento! a minha chaga me causa
grande dor; mas eu havia dito: Certamente isto é minha enfermidade, e eu devo suportá-la.
20 A minha tenda está destruída, e todas as
minhas cordas estão rompidas; os meus filhos
foram-se de mim, e não existem; ninguém há mais que estire a minha tenda, e que levante as
minhas lonas.
21 Pois os pastores se embruteceram, e não
buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos.
22 Eis que vem uma voz de rumor, um grande
tumulto da terra do norte, para fazer das cidades
de Judá uma assolação, uma morada de chacais.
23 Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu
caminho; nem é do homem que caminha o
dirigir os seus passos.
24 Corrige-me, ó Senhor, mas com medida
justa; não na tua ira, para que não me reduzas a
nada.
25 Derrama a tua indignação sobre as nações que não te conhecem, e sobre as famílias que
não invocam o teu nome; porque devoraram a
Jacó; sim, devoraram-no e consumiram-no, e
assolaram a sua morada.”.
Este capítulo tem o principal propósito de
convencer os judeus que o fato de serem
subjugados por Babilônia não significava que os
90
falsos deuses deles fossem mais poderosos do
que o Deus de Israel.
Tais deuses não passam de obras das mãos dos
homens, e por isso sequer devem ser temidos.
Os judeus estariam em Babilônia, mas são
instruídos por este capítulo a não ficarem impressionados com nenhuma das
mistificações deles, e com os muitos magos e
feiticeiros que existiam naquela terra. Então
mesmo na terra do cativeiro, eles deveriam se voltar para o Senhor de todo o seu coração,
porque Ele é o Criador tanto dos céus quanto da
terra, e não está preso a nenhum lugar, e pode
ser achado em espírito por aqueles que o invocam em espírito, e que andam na prática da
verdade. Os judeus não deveriam portanto,
assimilar os costumes de Babilônia, porque
também havia da parte do Senhor um juízo que seria lavrado sobre eles no tempo oportuno,
bem como sobre todas as suas imagens de
escultura, que seriam destruídas por Ele,
quando os entregasse ao poder dos medos e dos persas, mostrando quão impotentes são tais
ídolos para livrarem a si mesmos, quanto mais
aqueles que lhes prestam culto.
91
Jeremias 11
Promessa Feita Promessa Cumprida
Nós vemos no capítulo 11 de Jeremias, que o
Senhor vindicou a sua fidelidade, santidade e
justiça com esta mensagem que mandou Jeremias pregar em todas as cidades de Judá,
lendo-lhes as palavras da aliança que havia feito
com eles desde os dias de Moisés, na qual
estavam previstos todos os juízos que viriam sobre eles, inclusive o do cativeiro, em caso de
desobediência aos termos da aliança, que eles
haviam voluntariamente feito com o Senhor.
Deus não muda. A sua vontade não muda. A sua
Lei não muda. Mas a aliança seria mudada porque eles haviam violado a mesma. O Senhor
faria uma nova aliança com a casa de Israel e de
Judá, conforme está profetizado no trigésimo primeiro capítulo do livro de Jeremias, nos
versos 31 a 34.
Mas antes de revogar a antiga aliança ela seria
lida a todos os judeus para que soubessem que
eles a haviam violado servindo a outros deuses e não somente ao Senhor.
Como um profeta não tem honra na sua própria
terra, e entre os seus, foi justamente em
Anatote, sua cidade natal, cidade de sacerdotes,
que Jeremias sofreu grande oposição e resistência a ponto de terem intentado tirarem
a sua própria vida, quando lhes proclamou,
como em todas as cidades de Judá, que eles
haviam quebrado a aliança do Senhor.
92
Então Deus ordenou a Jeremias que não mais
orasse em favor daquele povo, porque Ele não os
ouviria quando clamassem a Ele no dia da sua
calamidade (v. 14).
Deus havia revelado, havia mostrado ao profeta
a profundidade da iniquidade do coração de todos eles (v. 18); todavia o profeta continuava
como um manso cordeiro em seu meio, sem
saber que era contra ele próprio que estavam
maquinando, com o intento de matá-lo (v. 19).
Mas o Senhor, justo Juiz que é, e que prova os
corações e a mente, conhecia os intentos deles,
que às ocultas armavam contra o seu profeta, e por isso tomou a sua causa em suas mãos, e
proferiu um juízo terrível de morte contra os
habitantes de Anatote.
Aqueles que estavam procurando a morte do
justo, encontrariam a própria morte deles.
Eles haviam proibido Jeremias de lhes profetizar
em nome do Senhor (v. 21), para que não
morresse nas mãos deles, mas o Senhor mataria
os seus jovens à espada e os seus filhos e filhas morreriam de fome, e não deixaria que ficasse
qualquer resto deles em Anatote, no ano da sua
punição (v. 23).
“1 A palavra que veio a Jeremias, da parte do
Senhor, dizendo:
2 Ouvi as palavras deste pacto, e falai aos
homens de Judá, e aos habitantes de Jerusalém.
93
3 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor, o Deus de
Israel: Maldito o homem que não ouvir as
palavras deste pacto,
4 que ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro, dizendo:
Ouvi a minha voz, e fazei conforme a tudo que
vos mando; assim vós sereis o meu povo, e eu
serei o vosso Deus;
5 para que eu confirme o juramento que fiz a
vossos pais de dar-lhes uma terra que manasse
leite e mel, como se vê neste dia. Então eu
respondi, e disse: Amém, ó Senhor.
6 Disse-me, pois, o Senhor: Proclama todas estas
palavras nas cidades de Judá, e nas ruas de
Jerusalém, dizendo: Ouvi as palavras deste
pacto, e cumpri-as.
7 Porque com instância admoestei a vossos pais,
no dia em que os tirei da terra do Egito, até o
dia de hoje,
protestando persistentemente e dizendo: Ouvi a minha voz.
8 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus
ouvidos; antes andaram cada um na obstinação
do seu coração malvado; pelo que eu trouxe
sobre eles todas as palavras deste pacto, as quais lhes ordenei que cumprissem, mas não o
fizeram.
9 Disse-me mais o Senhor: Uma conspiração se
achou entre os homens de Judá, e entre os habitantes de Jerusalém.
10 Tornaram às iniquidades de seus primeiros
pais, que recusaram ouvir as minhas palavras;
até se foram após outros deuses para os servir; a
94
casa de Israel e a casa de Judá quebrantaram o
meu pacto, que fiz com seus pais.
11 Portanto assim diz o Senhor: Eis que estou
trazendo sobre eles uma calamidade de que não poderão escapar; clamarão a mim, mas eu não
os ouvirei.
12 Então irão as cidades de Judá e os habitantes
de Jerusalém e clamarão aos deuses a que eles queimam incenso; estes, porém, de maneira
alguma os livrarão no tempo da sua calamidade.
13 Pois, segundo o número das tuas cidades, são
os teus deuses, ó Judá; e, segundo o número das ruas de Jerusalém, tendes levantado altares à
impudência, altares para queimardes incenso a
Baal.
14 Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por eles clamor nem oração; porque não os
ouvirei no tempo em que eles clamarem a mim
por causa da sua calamidade.
15 Que direito tem a minha amada na minha casa, visto que com muitos tem cometido
grande abominação, e as
carnes santas se desviaram de ti? Quando tu
fazes mal, então andas saltando de prazer.
16 Denominou-te o Senhor oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos; mas agora, à
voz dum grande tumulto, acendeu fogo nela, e
se quebraram os seus ramos.
17 Porque o Senhor dos exércitos, que te plantou, pronunciou contra ti uma calamidade,
por causa do grande mal que a casa de Israel e a
casa de Judá fizeram, pois me provocaram à ira,
queimando incenso a Baal.
95
18 E o Senhor mo fez saber, e eu o soube; então
me fizeste ver as suas ações.
19 Mas eu era como um manso cordeiro, que se
leva à matança; não sabia que era contra mim
que maquinavam, dizendo: Destruamos a árvore
com o seu fruto, e cortemo-lo da terra dos viventes, para que não haja mais memória do
seu nome.
20 Mas, ó Senhor dos exércitos, justo Juiz, que provas o coração e a mente, permite que eu veja
a tua vingança sobre eles; pois a ti descobri a
minha causa.
21 Portanto assim diz o Senhor acerca dos
homens de Anatote, que procuram a tua vida,
dizendo: Não profetizes no nome do Senhor, para que não morras às nossas mãos;
22 por isso assim diz o Senhor dos exércitos: Eis
que eu os punirei; os mancebos morrerão à espada, os seus filhos e as suas filhas morrerão
de fome.
23 E não ficará deles um resto; pois farei vir sobre os homens de Anatote uma calamidade,
sim, o ano da sua punição.”. (Jeremias 11.1-23)
96
Jeremias 12
Não podemos esquecer que Jeremias era ainda
muito jovem quando o Senhor o chamou para o
exercício do ministério profético. Já dissemos
que seu ministério durou mais de quarenta anos. E nós o vemos neste capítulo, depois da
experiência que tivera com a maldade dirigida
contra ele pelos seus próprios conhecidos e
parentes de Anatote, bem como de todos os sacerdotes que viviam na sua cidade natal,
Jeremias estava amadurecendo nos caminhos
do conhecimento não apenas da vontade do
Senhor, como também do que há nos corações dos próprios homens. Todavia não havia
amadurecido o bastante para compreender o
motivo da grande longanimidade de Deus para
com os ímpios, e até para com os piores deles, tal como ele próprio tivera oportunidade de
constatar entre os seus próprios irmãos e toda a
casa de seu pai (v. 6), de modo que o Senhor lhe
advertiu para que não confiasse neles ainda que lhes dissessem coisas boas.
Isto não significa que devemos desconfiar de
todos os nossos irmãos em Cristo, mas daqueles que têm rejeitado os caminhos do Senhor,
faremos bem em nos guardar deles, tal como
Deus havia aconselhado Jeremias a fazer em
seus dias.
Jeremias havia aprendido a discernir que é
possível ter o nome de Deus nos lábios enquanto
o coração permanece distante dele, tal como
observara nos judeus (v. 2).
97
Então ele clamou para que o Senhor exercesse
logo a sua justiça contra os ímpios, tal a
grandeza da maldade que vira em seus corações.
Mas como Deus não é o homem, Ele instruiu
Jeremias que ele deveria aprender a ter a
tenacidade espiritual que lhe permitisse correr não somente com homens que vão a pé, mas a
correr até mesmo com cavalos, porque as suas
tribulações não diminuiriam, mas
aumentariam e muito, dali por diante. Ele não deveria fugir da batalha contra o mal, numa
terra onde os juízos do Senhor não haviam ainda
sido despejados. Ele deveria ser longânimo tal
qual o Senhor e aguardar o tempo próprio do juízo. Ainda que não orasse pelo povo, conforme
lhe havia sido ordenado, isto não significava que
deveria clamar a Deus então para apressar logo
a destruição deles.
Israel havia se rebelado contra Deus, e
levantado sua voz contra Ele, e por isso, em vez
de receberem a demonstração do seu amor, receberiam a da sua vingança (v. 8).
O estado a que Israel havia chegado foi o resultado da ação de maus e muitos pastores
que haviam destruído a vinha do Senhor, e que
fizeram de um quinhão dantes aprazível, um
deserto desolado, onde não havia mais a presença e a glória de Deus (v. 10).
Então o Senhor seria o Pastor do seu povo, e
tentaria restaurar aqueles que dentre eles ainda tinham esperança de cura, e não somente eles,
até mesmo as nações que lhes haviam assolado
e que haviam ensinado Israel a adorar a Baal,
poderiam ser edificadas no meio de Judá,
98
quando fosse restaurada por Ele, no entanto,
caso o recusassem também seriam totalmente
arrancados, e os Senhor lhes faria perecer.
Isto tem se cumprido especialmente nos dias da
Igreja, quando muitas nações gentias têm sido
enxertadas no ramo de oliveira de Israel, por meio de quem receberam as Escrituras, os
profetas, os apóstolos, e o principal de tudo, o
Messias. Assim, Israel ainda cumpriria a missão
que lhe havia sido destinada por Deus, e isto explicava porque não destruiria todos os ímpios
da terra, conforme desejava Jeremias.
“1 Justo és, ó Senhor, ainda quando eu pleiteio
contigo; contudo pleitearei a minha causa diante de ti. Por que prospera o caminho dos
ímpios? Por que vivem em paz todos os que
procedem aleivosamente?
2 Plantaste-os, e eles se arraigaram; medram,
dão também fruto; chegado estás à sua boca,
porém longe do seu coração.
3 Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, e
provas o meu coração para contigo; tira-os como
a ovelhas para o matadouro, e separa-os para o dia da matança.
4 Até quando lamentará a terra, e se secará a erva de todo o campo? Por causa da maldade dos
que nela habitam, perecem os animais e as aves;
porquanto disseram: Ele não verá o nosso fim.
5 Se te fatigas correndo com homens que vão a
pé, então como poderás competir com cavalos?
Se foges numa terra de paz, como hás de fazer na
soberba do Jordão?
99
6 Pois até os teus irmãos, e a casa de teu pai, eles
mesmos se houveram aleivosamente contigo;
eles mesmos clamam após ti em altas vozes. Não
te fies neles, ainda que te digam coisas boas.
7 Desamparei a minha casa, abandonei a minha
herança; entreguei a amada da minha alma na
mão de seus inimigos.
8 Tornou-se a minha herança para mim como leão numa floresta; levantou a sua voz contra
mim, por isso eu a odeio.
9 Acaso é para mim a minha herança como uma
ave de rapina de várias cores? Andam as aves de rapina contra ela em redor? Ide, pois, ajuntai a
todos os animais do campo, trazei-os para a
devorarem.
10 Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu quinhão; tornaram em desolado
deserto o meu quinhão aprazível.
11 Em assolação o tornaram; ele, desolado,
clama a mim. Toda a terra está assolada, mas ninguém toma isso a peito.
12 Sobre todos os altos escalvados do deserto
vieram destruidores, porque a espada do
Senhor devora desde uma até outra
extremidade da terra; não há paz para nenhuma carne.
13 Semearam trigo, mas segaram espinhos;
cansaram-se, mas de nada se aproveitaram;
haveis de ser envergonhados das vossas colheitas, por causa do ardor da ira do Senhor.
14 Assim diz o Senhor acerca de todos os meus
maus vizinhos, que tocam a minha herança que
fiz herdar ao meu povo Israel: Eis que os
100
arrancarei da sua terra, e a casa de Judá
arrancarei do meio deles.
15 E depois de os haver eu arrancado, tornarei, e
me compadecerei deles, e os farei voltar cada um à sua herança, e cada um à sua terra.
16 E será que, se diligentemente aprenderem os
caminhos do meu povo, jurando pelo meu
nome: Vive o Senhor; como ensinaram o meu povo a jurar por Baal; então edificar-se-ão no
meio do meu povo.
17 Mas, se não quiserem ouvir, totalmente
arrancarei a tal nação, e a farei perecer, diz o
Senhor.”.
101
Jeremias 13
O Ramo Que Não Dá Fruto É Cortado
O Senhor ordenou a Jeremias que comprasse
um cinto e que depois de usá-lo o conduzisse
para o rio Eufrates, um dos rios que regava
Babilônia e que lá o deixasse enterrado num determinado lugar.
Passado certo tempo Deus ordenou a Jeremias que fosse buscar o cinto, e quando este o
desenterrou, encontrava-se apodrecido, sem
qualquer serventia.
Então o Senhor lhe disse que tal como aquele
cinto Judá havia se tornado para Ele, ou seja,
imprestável.
Eles ficariam portanto apodrecidos em
Babilônia, o novo lugar deles, porque o Senhor
não os traria mais presos ao seu quadril, porque haviam deixado de ser o cinto de justiça que
deveriam ser para Ele.
Assim como a corrupção natural havia
estragado o cinto de Jeremias, de igual modo a
corrupção moral havia estragado Judá para os
propósitos de Deus.
Eles deveriam ser o cinto do Senhor, com o qual
Ele sustentaria a sua justiça na terra, mas corrompidos como se achavam pelo pecado,
não poderiam cumprir tal função.
Além disso, o apodrecimento do cinto
representava o fato de que o Senhor faria
apodrecer a soberba de Judá, e a ainda maior
soberba de Jerusalém, porque era nela que se
102
encontravam concentrados os principais
sacerdotes, anciãos e nobres da nação (v. 9).
O Senhor apanharia os israelitas na própria
sabedoria deles, pela proposição de um símile
muito simples que lhes seria dito por Jeremias,
dizendo que todo odre seria enchido de vinho. E eles responderiam obviamente que é este o
propósito de todo odre de vinho, ou seja, ser
enchido de tal bebida (v. 12).
Só que não sabiam que eles eram os odres, e que
seriam enchidos não de vinho natural, mas do
vinho do furor da ira do Senhor, e eles ficariam
embriagados e cheios de violência, porque se atrairiam uns aos outros, e seriam deixados
entregues a seus próprios instintos violentos,
porque o Senhor não se compadeceria deles, e
então chegariam ao ponto de se atirarem uns contra os outros, até mesmo os pais com seus
filhos.
Eles deveriam então deixar a soberba e inclinarem seus ouvidos para ouvirem o que o
Senhor lhes estava dizendo por meio do seu
profeta.
E deveriam dar glória ao Senhor como o único
Deus deles, antes que chegasse o dia da
escuridão, no qual os seus pés tropeçariam nos montes em trevas, quando fossem conduzidos
para Babilônia.
Todavia, se permanecessem endurecidos em sua soberba a alma do Senhor choraria, mas o
faria em oculto, por causa da soberba deles, e os
seus olhos se desfariam em lágrimas, porque o
rebanho do Senhor seria levado em cativeiro.
103
A nação deveria se humilhar perante o Senhor,
e isto a partir do rei e da rainha-mãe, porque aos
olhos do Senhor já não havia nenhuma coroa
sobre as cabeças deles, porque seriam tratados como o povo comum da terra.
Eles não poderiam achar refúgio nas cidades do
Neguebe, porque estariam fechadas para eles, e não haveria quem as abrisse.
O destino deles seria o cativeiro em Babilônia, e seria para lá que seriam conduzidos, lhes
revelando que os propósitos do Senhor não
podem ser frustrados.
Quando os judeus indagassem em seus
corações qual foi o motivo de tão terrível
castigo, eles deveriam saber que isto foi devido
às suas iniquidades (v. 22).
Isto deveria ficar na memória deles e das
gerações futuras para que temessem voltar a se
rebelar contra o Senhor, para não sofrerem os mesmos castigos.
Todavia, não aprenderam a lição em algumas de
suas gerações, como nos próprios dias de nosso Senhor, quando foram espalhados pelos
romanos por todas as nações da terra, por
terem-no rejeitado como enviado por Deus a
eles, e não somente a ele, como as palavras que ele lhes transmitiu da parte do Pai.
Os judeus deveriam mudar a sua natureza,
deveriam ser transformados, porque é impossível que alguém possa fazer o bem,
estando acostumado a fazer o mal, tal como o
etíope não pode mudar a cor da sua pele negra
em branca, nem o leopardo as suas manchas.
104
É preciso que haja uma disposição para deixar
que o Senhor nos dê uma nova natureza, que
seja inclinada a fazer a sua vontade.
Porque se isto não ocorrer seremos espalhados como a moinha que é espalhada pelo vento,
porque aquele que não se ajunta a Ele, em sua
santidade, é espalhado.
É preciso se purificar do mal, para que se possa escapar do juízo do Senhor, e isto só pode ser
feito por uma verdadeira santificação do
coração, por meio da fé em Cristo, e por se
submeter ao trabalho de disciplina que é operado pelo Espírito Santo.
“1 Assim me disse o Senhor: Vai, e compra-te um
cinto de linho, e põe-no sobre os teus lombos, mas não o metas na água.
2 E comprei o cinto, conforme a palavra do
Senhor, e o pus sobre os meus lombos.
3 Então me veio a palavra do Senhor pela segunda vez, dizendo:
4 Toma o cinto que compraste e que trazes sobre
os teus lombos, e levanta-te, vai ao Eufrates, e
esconde-o ali na fenda duma rocha.
5 Fui, pois, e escondi-o junto ao Eufrates, como o Senhor me havia ordenado.
6 E passados muitos dias, me disse o Senhor:
Levanta-te, vai ao Eufrates, e toma dali o cinto
que te ordenei que escondesses ali.
7 Então fui ao Eufrates, e cavei, e tomei o cinto
do lugar onde e havia escondido; e eis que o
cinto tinha apodrecido, e para nada prestava.
8 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
105
9 Assim diz o Senhor: Do mesmo modo farei
apodrecer a soberba de Judá, e a grande soberba
de Jerusalém.
10 Este povo maligno, que se recusa a ouvir as
minhas palavras, que caminha segundo a
teimosia do seu coração, e que anda após deuses
alheios, para os servir, e para os adorar, será tal como este cinto, que para nada presta.
11 Pois, assim como se liga o cinto aos lombos do
homem, assim eu liguei a mim toda a casa de Israel, e toda a casa de Judá, diz o Senhor, para
me serem por povo, e por nome, e por louvor, e
por glória; mas não quiseram ouvir:
12 Pelo que lhes dirás esta palavra: Assim diz o
Senhor Deus de Israel: Todo o odre se encherá
de vinho. E dir-te-ão: Acaso não sabemos nós
muito bem que todo o odre se encherá de vinho?
13 Então lhes dirás: Assim diz o Senhor: Eis que
eu encherei de embriaguez a todos os
habitantes desta terra, mesmo aos reis que se assentam sobre o trono de Davi, e aos
sacerdotes, e aos profetas, e a todos os
habitantes de Jerusalém.
14 E atira-los-ei uns contra os outros, mesmo os pais juntamente com os filhos, diz o Senhor; não
terei pena nem pouparei, nem terei deles
compaixão para não os destruir.
15 Escutai, e inclinai os ouvidos; não vos
ensoberbeçais, porque o Senhor falou.
16 Dai glória ao Senhor vosso Deus, antes que venha a escuridão e antes que tropecem vossos
pés nos montes tenebrosos; antes que,
esperando vós luz, ele a mude em densas trevas,
e a reduza a profunda escuridão.
106
17 Mas, se não ouvirdes, a minha alma chorará
em oculto, por causa da vossa soberba; e
amargamente chorarão os meus olhos, e se
desfarão em lágrimas, porque o rebanho do Senhor se vai levado cativo.
18 Dize ao rei e à rainha-mãe: Humilhai-vos, sentai-vos no chão; porque de vossas cabeças já
caiu a coroa de vossa glória.
19 As cidades do Negebe estão fechadas, e não há quem as abra; todo o Judá é levado cativo, sim,
inteiramente cativo.
20 Levantai os vossos olhos, e vede os que vêm
do norte; onde está o rebanho que se te deu, o
teu lindo rebanho?
21 Que dirás, quando ele puser sobre ti como
cabeça os que ensinaste a serem teus amigos?
Não te tomarão as dores, como as duma mulher
que está de parto?
22 Se disseres no teu coração: Por que me
sobrevieram estas coisas? Pela multidão das
tuas iniquidades se descobriram as tuas fraldas, e os teus calcanhares sofrem violência.
23 pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? então podereis também vós
fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal.
24 Pelo que os espalharei como o restolho que passa arrebatado pelo vento do deserto.
25 Esta é a tua sorte, a porção que te é medida
por mim, diz o Senhor; porque te esqueceste de mim, e confiaste em mentiras.
26 Assim também eu levantarei as tuas fraldas sobre o teu rosto, e aparecerá a tua ignominia.
27 Os teus adultérios, e os teus rinchos, e a
enormidade da tua prostituição, essas
107
abominações tuas, eu as tenho visto sobre os
outeiros no campo. Ai de ti, Jerusalém! até
quando não te purificarás?”. (Jeremias 13.1-17)
108
Jeremias 14
Deus estava enviando sinais a Judá de que o
cativeiro seria cumprido, como forma final de
castigo da impenitência deles, tal como previsto na Lei de Moisés.
Ele estava revelando o cumprimento dos juízos previstos na sua Palavra, em caso de
desobediência à sua Lei, enviando uma grande
seca sobre a terra, que estava castigando não
somente as pessoas como até mesmo os animais. Inclusive os grandes da terra estavam
sofrendo pela extrema falta de água (v. 1).
Nós estamos apresentando a seguir, as ameaças dos juízos de Deus contra Israel, em caso de
desobediência à aliança, conforme previsto na
Lei:
“14 Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes
todos estes mandamentos,
15 e se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa
alma desprezar os meus preceitos, de modo que
não cumprais todos os meus mandamentos,
mas violeis o meu pacto,
16 então eu, com efeito, vos farei isto: porei
sobre vós o terror, a tísica e a febre ardente, que consumirão os olhos e farão definhar a vida; em
vão semeareis a vossa semente, pois os vossos
inimigos a comerão.
17 Porei o meu rosto contra vós, e sereis feridos
diante de vossos inimigos; os que vos odiarem
dominarão sobre vós, e fugireis sem que
ninguém vos persiga.
109
18 Se nem ainda com isto me ouvirdes,
prosseguirei em castigar-vos sete vezes mais,
por causa dos vossos pecados.
19 Pois quebrarei a soberba do vosso poder, e vos
farei o céu como ferro e a terra como bronze.
20 Em vão se gastará a vossa força, porquanto a vossa terra não dará o seu produto, nem as
árvores da terra darão os seus frutos.
21 Ora, se andardes contrariamente para comigo, e não me quiseres ouvir, trarei sobre
vos pragas sete vezes mais, conforme os vossos
pecados.
22 Enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e destruirão o vosso
gado, e vos reduzirão a pequeno número; e os
vossos caminhos se tornarão desertos.
23 Se nem ainda com isto quiserdes voltar a
mim, mas continuardes a andar contrariamente
para comigo,
24 eu também andarei contrariamente para
convosco; e eu, eu mesmo, vos ferirei sete vezes
mais, por causa dos vossos pecados.
25 Trarei sobre vós a espada, que executará a
vingança do pacto, e vos aglomerareis nas
vossas cidades; então enviarei a peste entre vós,
e sereis entregues na mão do inimigo.
26 Quando eu vos quebrar o sustento do pão, dez
mulheres cozerão o vosso pão num só forno, e
de novo vo-lo entregarão por peso; e comereis,
mas não vos fartareis.
27 Se nem ainda com isto me ouvirdes, mas
continuardes a andar contrariamente para
comigo,
110
28 também eu andarei contrariamente para
convosco com furor; e vos castigarei sete vezes
mais, por causa dos vossos pecados.
29 E comereis a carne de vossos filhos e a carne
de vossas filhas.
30 Destruirei os vossos altos, derrubarei as
vossas imagens do sol, e lançarei os vossos cadáveres sobre os destroços dos vossos ídolos;
e a minha alma vos abominará.
31 Reduzirei as vossas cidades a deserto, e
assolarei os vossos santuários, e não cheirarei o vosso cheiro suave.
32 Assolarei a terra, e sobre ela pasmarão os
vossos inimigos que nela habitam.
33 Espalhar-vos-ei por entre as nações e, desembainhando a espada, vos perseguirei; a
vossa terra será assolada, e as vossas cidades se
tornarão em deserto.
34 Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra
dos vossos inimigos; nesse tempo a terra
descansará, e folgará nos seus sábados.
35 Por todos os dias da assolação descansará,
pelos dias que não descansou nos vossos
sábados, quando nela habitáveis.
36 E, quanto aos que de vós ficarem, eu lhes meterei pavor no coração nas terras dos seus
inimigos; e o ruído de uma folha agitada os porá
em fuga; fugirão como quem foge da espada, e
cairão sem que ninguém os persiga;
37 sim, embora não haja quem os persiga,
tropeçarão uns sobre os outros como diante da
espada; e não podereis resistir aos vossos
inimigos.
111
38 Assim perecereis entre as nações, e a terra
dos vossos inimigos vos devorará;
39 e os que de vós ficarem definharão pela sua
iniquidade nas terras dos vossos inimigos, como
também pela iniquidade de seus pais.
40 Então confessarão a sua iniquidade, e a
iniquidade de seus pais, com as suas
transgressões, com que transgrediram contra
mim; igualmente confessarão que, por terem andado contrariamente para comigo,
41 eu também andei contrariamente para com eles, e os trouxe para a terra dos seus inimigos.
Se então o seu coração incircunciso se
humilhar, e tomarem por bem o castigo da sua
iniquidade,
42 eu me lembrarei do meu pacto com Jacó, do
meu pacto com Isaque, e do meu pacto com
Abraão; e bem assim da terra me lembrarei.
43 A terra também será deixada por eles e
folgará nos seus sábados, sendo assolada por causa deles; e eles tomarão por bem o castigo da
sua iniquidade, em razão mesmo de que
rejeitaram os meus preceitos e a sua alma
desprezou os meus estatutos.
44 Todavia, ainda assim, quando eles estiverem
na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei nem os abominarei a ponto de consumi-los
totalmente e quebrar o meu pacto com eles;
porque eu sou o Senhor seu Deus.
45 Antes por amor deles me lembrarei do pacto
com os seus antepassados, que tirei da terra do
Egito perante os olhos das nações, para ser o seu
Deus. Eu sou o Senhor.
112
46 São esses os estatutos, os preceitos e as leis
que o Senhor firmou entre si e os filhos de Israel,
no monte Sinai, por intermédio de Moisés.” (Lev
26.14-46).
Deus estava sendo fiel à Palavra que havia
proferido há mais de oitocentos anos antes de Jeremias. Ao lermos este texto de Levítico,
podemos compreender melhor os juízos que
estavam sendo pronunciados pelo profeta.
Jeremias estava sofrendo juntamente com os
judeus pelos efeitos daquela grande seca, então
levantou um clamor ao Senhor confessando os
pecados da nação, e pedindo-Lhe que os libertasse daquele grande sofrimento porque
era o Redentor de Israel. Ele apelou pelo fato de
serem conhecidos pelo nome do Senhor.
Todavia o Senhor respondeu ao profeta que
aquilo lhes foi enviado porque gostaram muito
de andar errantes e não detiveram os seus pés para a prática da maldade, e por isso lhes havia
rejeitado e estava trazendo em lembrança as
iniquidades deles, de modo que ordenou a
Jeremias, mais uma vez, que não orasse pelo bem daquele povo, porque já estava lavrada a
sentença dos juízos que deveriam sofrer e que
culminariam com a ida deles para o cativeiro.
E quando o próprio povo jejuasse, não ouviria o
clamor deles, e faria o mesmo quando eles
oferecessem holocaustos e oblações, porque
não se agradaria deles; antes os consumiria pela espada, e pela fome e pela peste, conforme
estava previsto na Lei de Moisés,
particularmente no vigésimo sexto capítulo do
livro de Levítico.
113
Muitos profetas haviam se levantado no meio
daquela calamidade, daquela grande seca, e
procuraram consolar os judeus dizendo-lhes
que não veriam espada, nem fome, e que Deus lhes daria a verdadeira paz na terra deles (v. 13).
O próprio Jeremias, no meio de todo aquele
sofrimento se deixou influenciar pela mensagem deles, e disse ao Senhor o que eles
estavam profetizando. Mas Deus lhe deu a
seguinte resposta:
“14 E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam
mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes
dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa,
adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam.
15 Portanto assim diz o Senhor acerca dos
profetas que profetizam em meu nome, sem que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada,
nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome
serão consumidos esses profetas.
16 E o povo a quem eles profetizam será lançado
nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da
espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a
suas mulheres, a seus filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
17 Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus
olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e não cessem; porque a virgem filha do meu povo
está gravemente ferida, de mui dolorosa chaga.
18 Se eu saio ao campo, eis os mortos à espada,
e, se entro na cidade, eis os debilitados pela fome; o profeta e o sacerdote percorrem a terra,
e nada sabem.”
114
Mesmo com esta resposta que recebera do
Senhor quanto aos falsos profetas, Jeremias, de
tão compadecido que estava, ainda clamou por
misericórdia a Deus em favor de Judá, porque o próprio Senhor lhe dissera da grande dor que
sentia em ter que estar tratando Judá daquela
maneira, e por fim, pediu ao Senhor que tornasse a lhes dar chuva porque tal poder não
se encontrava nos falsos deuses nem mesmo
nos céus, mas no próprio Senhor (v. 19 a 22).
“1 A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, a
respeito da seca.
2 Judá chora, e as suas portas estão
enfraquecidas; eles se sentam de luto no chão; e o clamor de Jerusalém já vai subindo.
3 E os seus nobres mandam os seus inferiores buscar água; estes vão às cisternas, e não acham
água; voltam com os seus cântaros vazios; ficam
envergonhados e confundidos, e cobrem as suas
cabeças.
4 Por causa do solo ressecado, pois que não havia chuva sobre a terra, os lavradores ficam
envergonhados e cobrem as suas cabeças.
5 Pois até a cerva no campo pare, e abandona sua
cria, porquanto não há erva.
6 E os asnos selvagens se põem nos altos
escalvados e, ofegantes, sorvem o ar como os
chacais; desfalecem os seus olhos, porquanto não há erva.
7 Posto que as nossas iniquidades testifiquem
contra nós, ó Senhor, opera tu por amor do teu
nome; porque muitas são as nossas rebeldias;
contra ti havemos pecado.
115
8 Ó esperança de Israel, e Redentor seu no
tempo da angústia! por que serias como um
estrangeiro na terra? e como o viandante que
arma a sua tenda para passar a noite?
9 Por que serias como homem surpreendido,
como valoroso que não pode livrar? Mas tu estás no meio de nós, Senhor, e nós somos chamados
pelo teu nome; não nos desampares.
10 Assim diz o Senhor acerca deste povo: Pois que tanto gostaram de andar errantes, e não
detiveram os seus pés, por isso o Senhor não os
aceita, mas agora se lembrará da iniquidade
deles, e visitará os seus pecados.
11 Disse-me ainda o Senhor: Não rogues por este
povo para seu bem.
12 Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e
quando oferecerem holocaustos e oblações, não
me agradarei deles; antes eu os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste.
13 Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não
tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste
lugar.
14 E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam
mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes
dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração
é o que eles vos profetizam.
15 Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem que
eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada,
nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome
serão consumidos esses profetas.
116
16 E o povo a quem eles profetizam será lançado
nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da
espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a
suas mulheres, a seus filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
17 Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus
olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e
não cessem; porque a virgem filha do meu povo
está gravemente ferida, de mui dolorosa chaga.
18 Se eu saio ao campo, eis os mortos à espada,
e, se entro na cidade, eis os debilitados pela fome; o profeta e o sacerdote percorrem a terra,
e nada sabem.
19 Porventura já de todo rejeitaste a Judá?
Aborrece a tua alma a Sião? Por que nos feriste,
de modo que não há cura para nós? Aguardamos a paz, e não chegou bem algum; e o tempo da
cura, e eis o pavor!
20 Ah, Senhor! reconhecemos a nossa
impiedade e a iniquidade de nossos pais; pois
contra ti havemos pecado.
21 Não nos desprezes, por amor do teu nome;
não tragas opróbrio sobre o trono da tua glória;
lembra-te, e não anules o teu pacto conosco.
22 Há, porventura, entre os deuses falsos das nações, algum que faça chover? Ou podem os
céus dar chuvas? Não és tu, ó Senhor, nosso
Deus? Portanto em ti esperaremos; pois tu tens
feito todas estas coisas.”
117
Jeremias 15
O Senhor tem sentimentos gentis e amorosos,
e sofre em todo a angústia de seu povo, mas não é governado por seus sentimentos, senão pela
sua Palavra, pela sua justiça e verdade. Ele havia
dito a Jeremias no início do seu ministério
quando lhe deu a visão da amendoeira, que Ele vela sobre a sua Palavra para a cumprir. Então
não deixaria de cumpri-la por maiores que
fossem as tristezas que sentisse pela ruína de
Israel.
Então ele disse a Jeremias que não ouviria nem
mesmo a intercessão de Moisés ou de Samuel, que foram poderosos intercessores perante Ele,
em favor de Israel. A tal ponto havia chegado a
iniquidade dos judeus que nem mesmo a
intercessão de Moisés ou de Samuel seria ouvida.
Portanto, isto deveria servir para desencorajar Jeremias a continuar intercedendo em favor
deles, porque o Senhor já lhe havia dito que não
intercedesse por aquele povo maligno.
O Senhor disse a Jeremias que a sua alma não
poderia estar com aquele povo, então deveriam
ser lançados de diante da sua face, e saírem, ou
seja, Jeremias não deveria estar lhes apresentando diante da face justa do Senhor
com suas intercessões.
Quando eles perguntassem a Jeremias porque
haviam sido rejeitados pelo Senhor e para onde
iriam, a resposta que Deus mandou Jeremias
lhes dar foi a seguinte:
118
“E quando te perguntarem: Para onde iremos?
dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os que para a
morte, para a morte; e os que para a espada, para
a espada; e os que para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro, para o cativeiro.” (v. 2)
Como vimos anteriormente, haveria gradações de juízos, segundo Levítico 26, que
aumentariam à medida que o povo não se
mostrasse arrependido, tal como não haviam se
arrependido na grande seca, e portanto, lhes viria um juízo pior em seguida.
Por isso o Senhor disse a Jeremias que visitaria
ainda os judeus com quatro tipos de juízos destruidores: morte pela espada; pelos cães, que
nos dias do profeta não eram animais
domésticos, mas selvagens; com as aves de
rapina, e finalmente com os animais selvagens da terra, que os devorariam (v. 3).
Assim, antes de irem para o cativeiro, seriam submetidos ainda a tais juízos, porque desde os
dias do rei Manassés, filho do rei Ezequias, os
pecados de Judá haviam se agravado muito,
especialmente porque eles passaram a adotar depois de Manassés, o culto da divindade
moabita, Moloque, para o qual era exigido o
sacrifício de crianças vivas, que eram
queimadas no colo do enorme ídolo de ferro, que representava o referido deus, e que era
aceso por dentro como uma grande fornalha.
Tais eram as abominações de Judá, especialmente em Jerusalém, ao lado do próprio
templo do Senhor, que ninguém na terra se
entristeceria por eles quando lhes viessem os
juízos do Senhor, porque veriam que era justo
119
que aquele povo ímpio estivesse sendo
arruinado daquela maneira (v. 5).
Jeremias tinha sentido de perto a dor de coração
que é produzida por aqueles que amamos. Ele
tinha sido rejeitado pelos seus próprios
familiares, pelos seus próprios amigos de Anatote, pelo povo de Judá como um todo. Eles
estavam procurando pelo seu mal, a ponto de
intentar matá-lo.
Então o Senhor se valeu do que estava sentindo
Jeremias para falar dos seus próprios
sentimentos quanto à rejeição que Ele estava
sofrendo da parte dos judeus, e por isso, Jeremias poderia agora entender o motivo de
estar estendendo a sua mão para destruí-los,
porque estava cansado de suspender os seus
juízos e de abrandar o seu coração divino para com os erros deles (v. 6).
Como podemos continuar confiando num
amigo que sempre tem falhado conosco, e nos decepcionado, especialmente por nos rejeitar
pelo que somos, por sermos santos?
Os judeus não haviam emendado os seus
caminhos mesmo depois de terem sido
visitados pelos terríveis juízos do Senhor, que
havia permitido que muitos judeus morressem nas guerras, inclusive jovens casados, cujas
mulheres ficaram viúvas.
Ao lamento de Deus Jeremias juntou o seu a partir do verso 10, porque estava sendo
amaldiçoado pelos judeus, quando até mesmo
vinha buscando o bem dos seus inimigos; sem
nunca ter deixado de suplicar ao Senhor pelo
120
bem deles, para que os livrasse no tempo da
angústia e da calamidade.
Por isso o Senhor entregaria as riquezas e os
tesouros dos judeus aos babilônios, sem que Ele
recebesse qualquer pagamento por eles, porque
venderia o seu próprio povo por nada, ou seja, sem nada esperar em troca, e faria com que
servissem os seus próprios inimigos numa terra
estranha, a saber, na dos inimigos babilônicos,
porque o fogo da ira do Senhor havia se acendido contra o seu povo (v. 14).
Jeremias então orou ao Senhor tanto para pedir-
lhe proteção contra os seus inimigos, como também para derramar a sua queixa perante ele,
porque estava considerando que o Senhor lhe
havia iludido quando disse que o livraria dos
seus inimigos, porque ele estava se sentindo como alguém cuja ferida e dor eram perpétuas
e incuráveis, porque sua alma estava em grande
tribulação, e a sua sede de justiça não estava
sendo saciada por Deus, porque Ele parecia a ele, Jeremias, como se fosse uma miragem, um
rio que não podia matar a sede, porque existia tal
livramento somente na sua imaginação (v. 18).
Esta queixa recebeu a justa repreensão da parte
do Senhor, porque não lhe havia prometido
livrar de dores e tribulações quando o comissionou, mas sim de ser morto pelos seus
inimigos, que resistiriam grandemente à sua
mensagem.
Então Jeremias foi convocado pelo Senhor a se
converter a Ele, deixando tais pensamentos e
amargura em sua alma para ser restaurado, e
para que pudesse estar diante dele, e caso
121
separasse o que é precioso do que é vil, seria
como a boca do próprio Senhor, e assim faria
com que o povo viesse para ouvi-lo, e Jeremias
deveria parar de ir até eles, como vinha fazendo até então, na expectativa de que se
arrependessem com a sua mensagem, porque
os que fossem justos viriam a Jeremias sem que ele necessitasse ir até eles (v. 19).
Então o Senhor colocaria Jeremias contra o povo rebelde como um forte muro de bronze, de
modo que eles continuariam pelejando contra
ele, mas não poderiam prevalecer, porque o
Senhor seria com ele para livrá-lo e salvá-lo. E também o arrebataria da mão dos iníquos e o
livraria da mão dos cruéis (v. 20,. 21).
“1 Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não
poderia estar a minha alma com este povo.
Lança-os de diante da minha face, e saiam eles.
2 E quando te perguntarem: Para onde iremos?
dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para
a espada; e os que para a fome, para a fome; e os
que para o cativeiro, para o cativeiro.
3 Pois os visitarei com quatro gêneros de
destruidores, diz o Senhor: com espada para
matar, e com cães, para os dilacerarem, e com as aves do céu e os animais da terra, para os
devorarem e destruírem.
4 Entregá-los-ei para serem um mostra
horrendo perante todos os reinos da terra, por
causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de
Judá, por tudo quanto fez em Jerusalém.
122
5 Pois quem se compadecerá de ti, ó Jerusalém?
ou quem se entristecerá por ti? Quem se
desviará para perguntar pela tua paz?
6 Tu me rejeitaste, diz o Senhor, voltaste para trás; por isso estenderei a minha mão contra ti,
e te destruirei; estou cansado de me abrandar.
7 E os padejei com a pá nas portas da terra;
desfilhei, destruí o meu povo; não voltaram dos seus caminhos.
8 As suas viúvas mais se me têm multiplicado do
que a areia dos mares; trouxe ao meio-dia um
destruidor sobre eles, até sobre a mãe de jovens; fiz que caísse de repente sobre ela angústia e
terrores.
9 A que dava à luz sete se enfraqueceu: expirou
a sua alma; pôs-se-lhe o sol sendo ainda dia; ela se confundiu, e se envergonhou; e os que
ficarem deles eu os livrarei à espada, diante dos
seus inimigos, diz o Senhor.
10 Ai de mim, minha mãe! porque me deste à luz, homem de rixas e homem de contendas
para toda a terra. Nunca lhes emprestei com
usura, nem eles me emprestaram a mim com
usura, todavia cada um deles me amaldiçoa.
11 Assim seja, ó Senhor, se jamais deixei de suplicar-te pelo bem deles, ou de rogar-te pelo
inimigo no tempo da calamidade e no tempo da
angústia.
12 Pode alguém quebrar o ferro, o ferro do Norte, e o bronze?
13 As tuas riquezas e os teus tesouros, eu os
livrarei sem preço ao saque; e isso por todos os
teus pecados, mesmo em todos os teus limites.
123
14 E farei que sirvas os teus inimigos numa terra
que não conheces; porque o fogo se acendeu em
minha ira, e sobre vós arderá.
15 Tu, ó Senhor, me conheces; lembra-te de
mim, visita-me, e vinga-me dos meus
perseguidores; não me arrebates, por tua longanimidade. Sabe que por amor de ti tenho
sofrido afronta.
16 Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria
do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor
Deus dos exércitos.
17 Não me assentei na roda dos que se alegram,
nem me regozijei. Sentei-me a sós sob a tua mão,
pois me encheste de indignação.
18 Por que é perpétua a minha dor, e incurável a
minha ferida, que se recusa a ser curada? Serás
tu para mim como ribeiro ilusório e como águas inconstantes?
19 Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares,
então te restaurarei, para estares diante de mim; e se apartares o precioso do vil, serás como
a minha boca; tornem-se eles a ti, mas não voltes
tu a eles.
20 E eu te porei contra este povo como forte
muro de bronze; eles pelejarão contra ti, mas
não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te salvar, para te livrar, diz o
Senhor.
21 E arrebatar-te-ei da mão dos iníquos, e livrar-te-ei da mão dos cruéis.”.
124
Jeremias 16
Para que a própria vida do profeta Jeremias
servisse de sinal para Judá que não valia a pena casar e ter filhos naqueles dias, porque o juízo
logo viria sobre a nação e seriam muitos os
mortos da parte do Senhor, então Ele proibiu
que o profeta se casasse e tivesse filhos, para que os judeus soubessem que os filhos deles
estavam destinados à matança tanto quanto
eles.
Jeremias foi proibido também de entrar na casa
que estivesse de luto, para que não lamentasse a
morte de nenhum destes que seriam mortos por causa dos juízos do Senhor, uma vez que Ele
havia retirado deles a sua paz, benignidade e
misericórdia.
Nenhuma consolação deveria ser dada aos que
estivessem de luto por causa dos seus mortos.
Jeremias foi proibido também de ir a festas,
porque os que se banqueteavam com alegria
teriam todo motivo de comemoração retirados
deles, mesmo a alegria de noivos em casamentos.
Se alguém perguntasse a Jeremias a razão de tais palavras que pronunciavam um grande mal, e
qual era a iniquidade deles para receberem um
tal tratamento, e qual pecado tinham cometido
contra o Senhor, Jeremias deveria lhes responder que o motivo foi que os seus pais
haviam abandonado o Senhor, e adoraram e
serviram a falsos deuses, e não guardaram a lei
do Senhor. Além disso, eles haviam feito pior do
125
que os seus antepassados, com seus
pensamentos obstinados que faziam com que
recusassem ouvir ao Senhor.
No entanto, apesar de serem levados para o cativeiro em Babilônia, eles seriam trazidos de
volta no futuro para a sua própria terra, a terra
que lhes fora dada pelo Senhor desde os seus
patriarcas.
Por isso, o Senhor os pescaria e os caçaria, e
nenhum deles poderia escapar de seus olhos, e
retribuiria em dobro a iniquidade e o pecado
deles por causa das suas abomináveis idolatrias.
Então eles saberiam que o ídolo nada é, e que são
falsos deuses os ídolos que os homens adoram,
porque quando desse a conhecer o seu grande
poder, cumprindo tudo o que havia dito pelos profetas, então todos saberiam que o seu nome
é Jeová, e que a Ele somente pertencem o poder
e a força.
“1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Não tomarás a ti mulher, nem terás filhos nem
filhas neste lugar.
3 Pois assim diz o Senhor acerca dos filhos e das
filhas que nascerem neste lugar, acerca de suas mães, que os tiverem, e de seus pais que os
gerarem nesta terra:
4 Morrerão de enfermidades dolorosas, e não
serão pranteados nem sepultados; serão como esterco sobre a face da terra; pela espada e pela
fome serão consumidos, e os seus cadáveres
servirão de pasto para as aves do céu e para os
animais da terra.
126
5 Pois assim diz o Senhor: Não entres na casa que
está de luto, nem vás a lamentá-los, nem te
compadeças deles; porque deste povo, diz o
Senhor, retirei a minha paz, benignidade e misericórdia.
6 E morrerão nesta terra tanto grandes como
pequenos; não serão sepultados, e não os
prantearão, nem se farão por eles incisões, nem
por eles se raparão os cabelos;
7 nem pão se dará aos que estiverem de luto, para os consolar sobre os mortos; nem se lhes
dará a beber o copo da consolação pelo pai ou
pela mãe.
8 Não entres na casa do banquete, para te
assentares com eles a comer e a beber.
9 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus
de Israel: Eis que perante os vossos olhos, e em vossos dias, farei cessar deste lugar a voz de gozo
e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva.
10 E quando anunciares a este povo todas estas
palavras, e eles te disserem: Por que pronuncia
o Senhor sobre nós todo este grande mal? Qual é a nossa iniquidade? Qual é o pecado que
cometemos contra o Senhor nosso Deus?
11 Então lhes dirás: Porquanto vossos pais me
deixaram, diz o Senhor, e se foram após outros
deuses, e os serviram e adoraram, e a mim me deixaram, e não guardaram a minha lei;
12 e vós fizestes pior do que vossos pais; pois eis que andais, cada um de vós, após o pensamento
obstinado do seu mau coração, recusando
ouvir-me a mim;
13 portanto eu vos lançarei fora desta terra, para
uma terra que não conhecestes, nem vós nem
127
vossos pais; e ali servireis a deuses estranhos de
dia e de noite; pois não vos concederei favor
algum.
14 Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor, em que não se dirá mais: Vive o Senhor: que fez
subir os filhos de Israel da terra do Egito;
15 mas sim: Vive o Senhor, que fez subir os filhos
de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha lançado; porque eu os farei
voltar à sua terra, que dei a seus pais.
16 Eis que mandarei vir muitos pescadores, diz o
Senhor, os quais os pescarão; e depois mandarei vir muitos caçadores, os quais os caçarão de
todo monte, e de todo outeiro, e até das fendas
das rochas.
17 Pois os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; não se acham eles escondidos da
minha face, nem está a sua iniquidade
encoberta aos meus olhos.
18 E eu retribuirei em dobro a sua iniquidade e o seu pecado, porque contaminaram a minha
terra com os vultos inertes dos seus ídolos
detestáveis, e das suas abominações encheram
a minha herança.
19 Ó Senhor, força minha e fortaleza minha, e refúgio meu no dia da angústia, a ti virão as
nações desde as extremidades da terra, e dirão:
Nossos pais herdaram só mentiras, e vaidade, em que não havia proveito.
20 Pode um homem fazer para si deuses? Esses
tais não são deuses!
21 Portanto, eis que lhes farei conhecer, sim
desta vez lhes farei conhecer o meu poder e a
128
minha força; e saberão que o meu nome é
Jeová.”.
129
Jeremias 17
Maldito o Homem que Confia no Homem
Este título não é para incentivar a
desconfiança entre as pessoas, e nem sequer
para proferir maldição a quem quer que seja.
Nós veremos o significado correto desta
expressão, no contexto em que foi proferida por
Deus em Jeremias 17.5.
Nós aprendemos do décimo sétimo capítulo de
Jeremias, que nada agrada mais ao Senhor do
que se guardar a sua Palavra. Ela deve ser o referencial da vida, tanto de grandes quanto de
pequenos, tanto de ricos quanto de pobres.
A exigência feita aos reis e príncipes de Judá para que não comerciassem no dia de sábado,
como se vê no final deste 17º capítulo, é apenas
um exemplo destacado pelo Senhor quanto ao respeito e obediência que os judeus deveriam
ter pelos seus mandamentos, porque a guarda
do sábado era uma das principais exigências no
Antigo Testamento.
Quantos líderes, em muitas igrejas espalhadas
em toda a face da terra, dirigem suas vida e o
povo debaixo do cuidado deles, pelos seus próprios critérios e não pelos previstos na
Palavra de Deus?
Eles costumam afirmar que obedecem a
Palavra, mas na prática o que ocorre é algo
muito diferente disto, e esta é a razão de não se
ver a presença do Senhor entre eles.
130
O povo de Israel havia dado ouvido aos falsos
profetas, e não deram crédito à Lei do Senhor e
nem aos profetas que lhes anunciavam os juízos
da Lei contra o pecado.
Assim, permaneciam debaixo da maldição da
Lei, que afirmava ser maldito todo aquele que
não guardasse os seus mandamentos.
Daí o “maldito o homem que confia no homem”.
Os judeus estavam confiando na força do Egito,
e das demais nações com as quais pensavam em se coligar para tentar deter o poder de Babilônia.
Era isto que os falsos profetas lhes
aconselhavam, para que não tivessem que se arrepender de suas más obras, e ao mesmo
tempo se livrarem da opressão da nação
inimiga.
Por isso, o Senhor declara no verso 5 deste 17º
capítulo de Jeremias:
“Assim diz o Senhor: Maldito o varão que confia
no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!”
E nos versos 7 e 8:
“7 Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja
esperança é o Senhor. 8 Porque é como a árvore
plantada junto às águas, que estende as suas
raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de
sequidão não se afadiga, nem deixa de dar
fruto.”
O motivo disto, como temos fartamente comentado é o que Ele afirma no verso 9:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?”
131
Ora, se o coração humano é enganoso e
perverso, em razão de possuirmos uma
natureza decaída no pecado, que está
naturalmente indisposta contra a vontade de Deus, então não será nele que acharemos as
respostas de vida eterna e abençoada.
Não será consultando e sendo guiado pelo sentimento do coração que toparemos com a
verdade relativa à nossa condição e
necessidade.
Então, devemos confiar no Senhor e buscando
direção nele e na sua Palavra, porque Ele afirma
no verso 10:
“Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o
coração; e isso para dar a cada um segundo os
seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.”
Devemos ter a mesma humildade do profeta,
que apesar de estar na plenitude do exercício de um ministério com a marca da chamada de
Deus, reconhecia que necessitava do Senhor
para tudo, até mesmo para andar nos seus
caminhos, e não se desviar deles, e ser curado e livrado (v. 14).
Somente o Senhor é a fonte de águas vivas (v. 13)
então não será nenhum homem que poderá saciar a nossa sede de justiça.
Jeremias não havia pedido ao Senhor que
trouxesse qualquer mal sobre os judeus, mas eles estavam atribuindo a ele todo o mal que
lhes estava sucedendo, e consideravam como
suas próprias maldições todos os juízos que
estava proferindo contra o pecado deles.
132
Todavia, ele lhes falara da parte do Senhor, com
temor e tremor, de maneira que lhe pediu que
fosse o seu refúgio no dia da calamidade como
vinha sendo até então, e que não fosse achado tal como eles, digno de estar sob o espanto das
ameaças de Deus.
“1 O pecado de Judá está escrito com um
ponteiro de ferro; com ponta de diamante está
gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos seus altares;
2 enquanto seus filhos se lembram dos seus
altares, e dos seus aserins, junto às árvores frondosas, sobre os altos outeiros,
3 nas montanhas no campo aberto, a tua riqueza
e todos os teus tesouros dá-los-ei como despojo
por causa do pecado, em todos os teus termos.
4 Assim tu, por ti mesmo, te privarás da tua
herança que te dei; e far-te-ei servir os teus
inimigos, na terra que não conheces; porque acendeste um fogo na minha ira, o qual arderá
para sempre.
5 Assim diz o Senhor: Maldito o varão que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o
seu coração do Senhor!
6 Pois é como o junípero no deserto, e não verá vir bem algum; antes morará nos lugares secos
do deserto, em terra salgada e inabitada.
7 Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja
esperança é o Senhor.
8 Porque é como a árvore plantada junto às
águas, que estende as suas raízes para o ribeiro,
e não receia quando vem o calor, mas a sua folha
133
fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga,
nem deixa de dar fruto.
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?
10 Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o coração; e isso para dar a cada um segundo os
seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.
11 Como a perdiz que ajunta pintainhos que não são do seu ninho, assim é aquele que ajunta
riquezas, mas não retamente; no meio de seus
dias as deixará, e no seu fim se mostrará insensato.
12 Um trono glorioso, posto bem alto desde o
princípio, é o lugar do nosso santuário.
13 Ó Senhor, esperança de Israel, todos aqueles
que te abandonarem serão envergonhados. Os
que se apartam de ti serão escritos sobre a terra; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas
vivas.
14 Cura-me, ó Senhor, e serei curado; salva-me,
e serei salvo; pois tu és o meu louvor.
15 Eis que eles me dizem: Onde está a palavra do Senhor? venha agora.
16 Quanto a mim, não instei contigo para
enviares sobre eles o mal, nem tampouco desejei o dia calamitoso; tu o sabes; o que saiu
dos meus lábios estava diante de tua face.
17 Não me sejas por espanto; meu refúgio és tu
no dia da calamidade.
18 Envergonhem-se os que me perseguem, mas não me envergonhe eu; assombrem-se eles,
mas não me assombre eu; traze sobre eles o dia
da calamidade, e destrói-os com dobrada
destruição.
134
19 Assim me disse o Senhor: Vai, e põe-te na
porta de Benjamim, pela qual entram os reis de
Judá, e pela qual saem, como também em todas
as portas de Jerusalém.
20 E dize-lhes: Ouvi a palavra do Senhor, vós, reis
de Judá e todo o Judá, e todos os moradores de
Jerusalém, que entrais por estas portas;
21 assim diz o Senhor: Guardai-vos a vós
mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado,
nem as introduzais pelas portas de Jerusalém;
22 nem tireis cargas de vossas casas no dia de
sábado, nem façais trabalho algum; antes
santificai o dia de sábado, como eu ordenei a vossos pais.
23 Mas eles não escutaram, nem inclinaram os
seus ouvidos; antes endureceram a sua cerviz, para não ouvirem, e para não receberem
instrução.
24 Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o
Senhor, não introduzindo cargas pelas portas desta cidade no dia de sábado, e santificardes o
dia de sábado, não fazendo nele trabalho algum,
25 então entrarão pelas portas desta cidade reis e príncipes, que se assentem sobre o trono de
Davi, andando em carros e montados em
cavalos, eles e seus príncipes, os homens de
Judá, e os moradores de Jerusalém; e esta cidade será para sempre habitada.
26 E virão das cidades de Judá, e dos arredores
de Jerusalém, e da terra de Benjamim, e da planície, e da região montanhosa, e do e sul,
trazendo à casa do Senhor holocaustos, e
sacrifícios, e ofertas de cereais, e incenso,
trazendo também sacrifícios de ação de graças.
135
27 Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o
dia de sábado, e para não trazerdes carga
alguma, quando entrardes pelas portas de
Jerusalém no dia de sábado, então acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os
palácios de Jerusalém, e não se apagará.”.
(Jeremias 17.1-27)
136
Jeremias 18
O Vaso do Oleiro em seu Contexto
Desde o início do ministério de Jeremias Deus
estava falando sobre destruição, e Jeremias
sobre livramento e misericórdia.
Então, à medida que lhe foi sendo revelada pelo
Senhor qual era o caráter da sua nação, e como
conspiravam contra a verdade, contra Deus e
contra o próprio Jeremias, para lhe fazer mal e até matá-lo, apesar dele estar procurando
somente o bem dos judeus, então ele passou a
entrar em sintonia com a vontade de Deus,
desde o capítulo anterior, falando também em destruição.
Ele não estava mais pedindo por livramento
para os judeus, mas a destruição dos ímpios que
havia no povo do Senhor.
Para muitos pastores, o exercício da disciplina
ordenada por Cristo para ser realizada por eles
na Igreja parece uma coisa estranha e muito dura por algum tempo, senão ao longo de todo o
ministério deles.
Mas à medida que amadurecem no Senhor, e
percebem o quanto é necessária a disciplina e a
correção dos cristãos, através da admoestação, repreensão, e até mesmo da exclusão, então
passam a sintonizar com a vontade do Senhor
para o seu povo, que não deve ser deixado
entregue a si mesmo e às suas luxúrias.
137
A única condição para a reconciliação com o
Senhor, para a obtenção do seu favor, bênção e
perdão é o arrependimento.
Isto vale não somente para Israel como para
qualquer nação.
Porque se o Senhor anunciasse juízos contra uma nação só haveria um modo de escapar de
tais juízos, a saber, pelo arrependimento, tal
como haviam feito os ninivitas nos dias de Jonas.
Todavia, como poderia se mostrar favorável
para com Israel, que apesar de serem o povo da
aliança, recusavam se arrepender de suas más obras, e não somente isto, a matarem os
profetas que lhes eram enviados por Deus?
Porventura os assírios intentaram tirar a vida de
Jonas, tal como os judeus estavam tencionando
fazer com Jeremias?
Como poderiam então ser perdoados pelo Senhor?
Por isso Jeremias foi levado por ordem de Deus
à casa do oleiro, e quando lá chegou viu um vaso
que havia sido quebrado em suas mãos, ser
refeito por ele.
Ora, se um oleiro podia refazer um vaso de barro
que se quebrou, quanto mais o Senhor não é poderosos para restaurar os vasos de barro que
somos nós?
Então se Judá não estava sendo restaurado não
era por falta de vontade ou de poder da parte de
Deus, mas porque eles próprios se recusavam a se arrepender, e diferentemente do barro que
permaneceu submisso nas mãos do oleiro para
ser refeito, eles fugiam da presença do grande
Oleiro para não serem restaurados por Ele.
138
“1 A palavra que veio do Senhor a Jeremias,
dizendo:
2 Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
3 Desci, pois, à casa do oleiro, e eis que ele estava
ocupado com a sua obra sobre as rodas.
4 Como o vaso, que ele fazia de barro, se
estragou na mão do oleiro, tornou a fazer dele
outro vaso, conforme pareceu bem aos seus
olhos fazer.
5 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
6 Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que,
como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na
minha mão, ó casa de Israel.
7 Se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação, e acerca dum reino, para arrancar, para
derribar e para destruir,
8 e se aquela nação, contra a qual falar, se converter da sua maldade, também eu me
arrependerei do mal que intentava fazer-lhe.
9 E se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação e acerca dum reino, para edificar e para
plantar,
10 se ela fizer o mal diante dos meus olhos, não
dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que lhe intentava fazer.
11 Ora pois, fala agora aos homens de Judá, e aos
moradores de Jerusalém, dizendo: Assim diz o senhor: Eis que estou forjando mal contra vós, e
projeto um plano contra vós; convertei-vos pois
agora cada um do seu mau caminho, e emendai
os vossos caminhos e as vossas ações.
139
12 Mas eles dizem: Não há esperança; porque
após os nossos projetos andaremos, e cada um
fará segundo o propósito obstinado do seu mau
coração.
13 Portanto assim diz o Senhor: Perguntai agora entre as nações quem ouviu tais coisas? coisa
mui horrenda fez a virgem de Israel!
14 Acaso desaparece a neve do Líbano dos
penhascos do Siriom? Serão esgotadas as águas
frias que vêm dos montes?
15 Contudo o meu povo se tem esquecido de
mim, queimando incenso a deuses falsos; fizeram-se tropeçar nos seus caminhos, e nas
veredas antigas, para que andassem por atalhos
não aplainados;
16 para fazerem da sua terra objeto de espanto e
de perpétuos assobios; todo aquele que passa por ela se espanta, e meneia a cabeça.
17 Com vento oriental os espalharei diante do
inimigo; mostrar-lhes-ei as costas e não o rosto,
no dia da sua calamidade.
18 Então disseram: Vinde, e maquinemos
projetos contra Jeremias; pois não perecerá a lei do sacerdote, nem o conselho do sábio, nem a
palavra do profeta. Vinde, e ataquemo-lo com a
língua, e não atendamos a nenhuma das suas
palavras.
19 Atende-me, ó Senhor, e ouve a voz dos que
contendem comigo.
20 Porventura pagar-se-á mal por bem? Contudo cavaram uma cova para a minha vida.
Lembra-te de que eu compareci na tua
presença, para falar a favor deles, para desviar
deles a tua indignação.
140
21 Portanto entrega seus filhos à fome, e
entrega-os ao poder da espada, e sejam suas
mulheres roubadas dos filhos, e fiquem viúvas;
e sejam seus maridos feridos de morte, e os seus jovens mortos à espada na peleja.
22 Seja ouvido o clamor que vem de suas casas,
quando de repente trouxeres tropas sobre eles;
porque cavaram uma cova para prender-me e
armaram laços aos meus pés.
23 Mas tu, ó Senhor, sabes todo o seu conselho contra mim para matar-me. Não perdoes a sua
iniquidade, nem apagues o seu pecado de diante
da tua face; mas sejam transtornados diante de
ti; trata-os assim no tempo da tua ira.”. (Jeremias 18.1-23)
141
Jeremias 19
Como os israelitas estavam oferecendo suas
crianças em sacrifício a Moloque no vale de
Hinom (v. 4,5), então o Senhor ordenou a Jeremias que comprasse um vaso de oleiro, e
que se dirigisse a HInom, também conhecido
por Tofete, e que se fizesse acompanhar por
alguns dos anciãos de Judá, e que protestasse contra eles contra o sangue destes inocentes
que estavam sendo oferecidos em holocausto
naquele vale, e que por isso o Senhor faria uma matança terrível naquele lugar, de maneira que
não seria mais chamado de Hinom ou Tofete,
mas vale da Matança, porque encheria aquele
vale com os corpos dos judeus que seriam mortos pelos babilônios.
Além disso, durante o longo cerco que eles fariam sitiando Jerusalém, antes de conquistá-
la, a forme seria tanta que comeriam a carne de
seus próprios filhos. Já que aqueles anciãos
estavam sendo indiferentes para as abominações que eram praticadas naquele vale
contra a vida de criancinhas inocentes, então
eles mesmos experimentariam o horror de
terem que se devorar uns aos outros, comendo carne humana para que alguns pudessem
sobreviver.
Depois de pronunciadas tais sentenças, o
Senhor ordenou a Jeremias que lançasse o vaso
de barro no precipício, na direção do vale, para
que ele se quebrasse em vários pedaços que se
142
espalhariam por todas as partes do vale, porque
o mesmo seria feito com aqueles judeus
idólatras e ímpios que se recusavam a se
arrepender de suas más obras.
Eles não seriam jamais restaurados pelo
Senhor, tal como não poderia ser feito em
relação àquele vaso que foi quebrado à vista de todos eles.
Assim como os pedaços daquele vaso quebrado ficariam para sempre em Tofete, de igual modo
seria para lá que os babilônios levariam os
corpos dos judeus que seriam mortos por eles,
porque não haveria onde sepultá-los, e aquele lugar se tornaria imundo perante o Senhor,
cheio de cadáveres, que ficariam naquele vale
para sempre tal como o vaso que havia sido
quebrado.
Seus corpos seriam levados de Jerusalém para
aquele local, tal como Jeremias havia feito com
o vaso que havia sido levado de Jerusalém para Tofete para ali ser quebrado e deixado.
Quando Jeremias retornou de Tofete para
Jerusalém, ele se pôs de pé no átrio do templo, e pregou a seguinte mensagem ao povo:
“Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de
Israel: Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre todas as suas cercanias, todo o mal que
pronunciei contra ela, porquanto endureceram
a sua cerviz, para não ouvirem as minhas
palavras.” (v. 15).
A proclamação não era uma chamada ao
arrependimento, mas a promulgação de uma
sentença inapelável, porque os judeus haviam
143
endurecido a sua cerviz e se recusavam a ouvir
as palavras do Senhor.
“1 Assim disse o Senhor: Vai, e compra uma botija de oleiro, e leva contigo alguns anciãos do
povo e alguns anciãos dos sacerdotes;
2 e sai ao vale do filho de Hinom, que está à
entrada da Porta Harsite, e apregoa ali as palavras que eu te disser;
3 e dirás: Ouvi a palavra do Senhor, ó reis de
Judá, e moradores de Jerusalém. Assim diz o
Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre este lugar uma calamidade tal que
fará retinir os ouvidos de quem quer que dela
ouvir.
4 Porquanto me deixaram, e profanaram este
lugar, queimando nele incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem eles nem seus
pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar
de sangue de inocentes.
5 E edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que
nunca lhes ordenei, nem falei, nem entrou no
meu pensamento.
6 Por isso eis que dias vêm, diz o Senhor, em que este lugar não se chamará mais Tofete, nem o
vale do filho de Hinom, mas o vale da matança.
7 E tornarei vão o conselho de Judá e de
Jerusalém neste lugar, e os farei cair à espada diante de seus inimigos e pela mão dos que
procuram tirar-lhes a vida. Darei os seus
cadáveres por pasto as aves do céu e aos animais
da terra.
144
8 E farei esta cidade objeto de espanto e de
assobios; todo aquele que passar por ela se
espantará, e assobiará, por causa de todas as
suas pragas.
9 E lhes farei comer a carne de seus filhos, e a
carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu próximo, no cerco e no aperto em que os
apertarão os seus inimigos, e os que procuram
tirar-lhes a vida.
10 Então quebrarás a botija à vista dos homens
que foram contigo,
11 e lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos:
Deste modo quebrarei eu a este povo, e a esta
cidade, como se quebra o vaso do oleiro, de sorte
que não pode mais refazer-se; e os enterrarão em Tofete, porque não haverá outro lugar para
os enterrar.
12 Assim farei a este lugar e aos seus moradores, diz o Senhor; sim, porei esta cidade como Tofete.
13 E as casas de Jerusalém, e as casas dos reis de Judá, serão imundas como o lugar de Tofete,
como também todas as casas, sobre cujos
terraços queimaram incenso a todo o exército
dos céus, e ofereceram libações a deuses estranhos.
14 Então voltou Jeremias de Tofete, aonde o tinha enviado o Senhor a profetizar; e pôs-se em
pé no átrio da casa do Senhor, e disse a todo o
povo:
15 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de
Israel: Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre
todas as suas cercanias, todo o mal que
pronunciei contra ela, porquanto endureceram
145
a sua cerviz, para não ouvirem as minhas
palavras.”
146
Jeremias 20
Preservado no Meio do Fogaréu
Quando Jeremias profetizou contra Judá no
átrio do templo, conforme registro no capítulo
19, Pasur, que era o sacerdote administrador do templo prendeu Jeremias num tronco e só o
soltou de lá no dia seguinte.
Então Jeremias lhe disse que o seu nome não seria mais Pasur, que significa liberdade, mas
Magor-Missabibe, que significa terror por todos
os lados.
Ele lhe deu aquele nome por ordem do Senhor,
porque Ele faria de Pasur um terror para si
mesmo, e para todos os seus amigos, porque
eles cairiam à espada de seus inimigos, e os olhos dele veriam isto.
Ele veria também Judá sendo entregue na mão do rei de Babilônia para serem cativos, e muitos
serem mortos à espada, bem como as riquezas
da cidade de Jerusalém, e o próprio Pasur e
todos os da sua casa iriam para o cativeiro, para ser morto longe da sua própria terra, e ali seria
sepultado com todos os seus amigos, aos quais
havia profetizado falsamente que sempre
haveria paz em Jerusalém.
Com isto saberia que a palavra de Deus na boca
de Jeremias era a verdade.
Ele seria obrigado a ver todas estas coisas, e não
lhe seria permitido ter uma morte rápida em
Jerusalém, quando a cidade fosse tomada pelos
babilônios.
147
Jeremias mais uma vez se queixou ao Senhor das
tribulações que estava sofrendo por causa das
mensagens que lhe estava dando para serem
proferidas contra Judá.
Acabara de ser preso num tronco e de ser escarnecido pelos judeus.
O Senhor disse que o livraria dos seus
adversários, e no entanto estava se tornando
não somente objeto do escárnio deles, como até
mesmo Deus estava permitindo que ele fosse preso.
Ele não estava inteirado tanto quanto o apóstolo Paulo, por exemplo, que estava previsto por
Deus que a sua obra avançaria no mundo no
meio de resistências e perseguições, que seriam
levantadas por Satanás, para tentar paralisar a perda de pessoas sob o seu domínio, em razão da
pregação da verdade do evangelho.
Todavia, tal como Paulo, Jeremias, a par de todos
os sofrimentos e tribulações que estivesse
padecendo, não conseguia deixar de proclamar a Palavra do Senhor, que apesar de fazer dele um
objeto de escárnio e vergonha para os seus
perseguidores, era como um fogo que queimava
de forma ardente no seu coração, e como estivesse apegado aos seus ossos, e estava
cansado em contê-lo, de maneira que só acharia
descanso para a sua alma quando liberasse a
Palavra que lhe fosse dada por Deus.
Então ele começou a amadurecer quanto ao desígnio de Deus, e a aceitá-lo, porque apesar de
ouvir que muitos estavam conspirando contra a
sua vida, podia afirmar agora que o Senhor
estava com ele como um guerreiro valente, e
148
por isso os seus perseguidores é que
tropeçariam e não poderiam prevalecer contra
ele, porque ficariam confundidos, de forma que
não poderiam ter êxito, de modo que entregou a sua causa nas mãos do Senhor, para que fosse o
seu vingador contra aqueles que intentavam o
mal contra a sua vida, quando estava buscando somente o bem para eles.
Então pôde entoar no Espírito o seguinte cântico de louvor e livramento, porque como o Senhor
lhe havia dito, caso fosse paciente na tribulação,
e separasse o precioso do vil, se convertendo a
Ele, seria a sua própria boca:
“Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou
a alma do necessitado da mão dos malfeitores.” (v. 13)
Todavia ainda se achava muito desconfortado pelas tribulações e angústias que estava
sofrendo, e não conseguiu abafar a queixa que
havia no seu peito.
Só que agora não estava murmurando porque
não estava se queixando de Deus, mas a Deus, considerando que maldito tinha sido o dia em
que ele havia nascido, e que não fosse portanto,
bendito o dia em que sua mãe lho dera à luz.
E considerou também maldito quem havia dado
as novas do seu nascimento a seu pai, se
alegrando grandemente com isto, porque não sabia, todo o sofrimento que lhe estava
reservado para experimentar em sua vida, como
profeta do Senhor.
Tal era a angústia do profeta quando proferiu
estas palavras que alegou preferir ter morrido
como um aborto no ventre de sua mãe.
149
O fato de ter sido dado à luz só serviu para que
experimentasse trabalho e tristeza e para que se
consumissem na vergonha os seus dias.
Desta vez o Senhor não repreendeu Jeremias e
permaneceu em silêncio diante do desabafo de
sua alma, porque era a sinceridade daquilo que
estava realmente sentindo, e não atribuiu ao Senhor nenhuma falta ou injustiça, por tudo o
que estava sofrendo.
Ele estava sendo experimentado nos
sofrimentos que aperfeiçoam a fé.
E à medida que esta aumentasse ele aprenderia
tal como Paulo a se regozijar na tribulação.
Com isto aprendemos que experiências são
intransferíveis, e cada um levará o seu próprio fardo diante do Senhor, e aprenderá dele, a seu
próprio tempo, o que for necessário ao seu
crescimento espiritual.
“1 Ora Pasur, filho de Imer, o sacerdote, que era
superintendente da casa do Senhor, ouviu
Jeremias profetizar estas coisas.
2 Então feriu Pasur ao profeta Jeremias, e o
meteu no tronco que está na porta superior de
Benjamim, na casa do Senhor.
3 No dia seguinte, quando Pasur o tirou do tronco Jeremias lhe disse: O Senhor não te
chama Pasur, mas Magor-Missabibe.
4 Porque assim diz o Senhor: Eis que farei de ti
um terror para ti mesmo, e para todos os teus amigos. Eles cairão à espada de seus inimigos, e
teus olhos o verão. Entregarei Judá todo na mão
do rei de Babilônia; ele os levará cativos para
Babilônia, e mata-los-á à espada.
150
5 Também entregarei todas as riquezas desta
cidade, todos os seus lucros, e todas as suas
coisas preciosas, sim, todos os tesouros dos reis
de Judá na mão de seus inimigos, que os saquearão e, tomando-os, os levarão a Babilônia.
6 E tu, Pasur, e todos os moradores da tua casa
ireis para o cativeiro; e virás para Babilônia, e ali
morrerás, e ali serás sepultado, tu, e todos os
teus amigos, aos quais profetizaste falsamente.
7 Persuadiste-me, ó Senhor, e deixei-me
persuadir; mais forte foste do que eu, e prevaleceste; sirvo de escárnio o dia todo; cada
um deles zomba de mim.
8 Pois sempre que falo, grito, clamo: Violência e
destruição; porque se tornou a palavra do
Senhor um opróbrio para mim, e um ludíbrio o
dia todo.
9 Se eu disser: Não farei menção dele, e não
falarei mais no seu nome, então há no meu coração um como fogo ardente, encerrado nos
meus ossos, e estou fatigado de contê-lo, e não
posso mais.
10 Pois ouço a difamação de muitos, terror por
todos os lados! Denunciai-o! Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos,
aguardando o meu manquejar; bem pode ser
que se deixe enganar; então prevaleceremos
contra ele e nos vingaremos dele.
11 Mas o Senhor está comigo como um
guerreiro valente; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão; ficarão
muito confundidos, porque não alcançarão
êxito, sim, terão uma confusão perpétua que
nunca será esquecida.
151
12 Tu pois, ó Senhor dos exércitos, que provas o
justo, e vês os pensamentos e o coração, permite
que eu veja a tua vingança sobre eles; porque te
confiei a minha causa.
13 Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos
malfeitores.
14 Maldito o dia em que nasci; não seja bendito
o dia em que minha mãe me deu à luz.
15 Maldito o homem que deu as novas a meu pai,
dizendo: Nasceu-te um filho, alegrando-o com
isso grandemente.
16 E seja esse homem como as cidades que o
senhor destruiu sem piedade; e ouça ele um clamor pela manhã, e um alarido ao meio-dia.
17 Por que não me matou na madre? assim
minha mãe teria sido a minha sepultura, e teria
ficado grávida perpetuamente!
18 Por que saí da madre, para ver trabalho e
tristeza, e para que se consumam na vergonha
os meus dias?”. (Jeremias 20.1-18)
152
Jeremias 21
Este capítulo foi escrito quando os babilônios
haviam começado a sitiar a cidade de Jerusalém nos dias do rei Zedequias. Este foi o último rei de
Judá, porque foi nos seus dias que ocorreu a
última leva de cativeiros para Babilônia, e a
destruição de Jerusalém, e do templo.
Jeremias havia começado o seu ministério nos
dias do rei Josias, e o reinado deste, foi seguido por estes reis, na seguinte ordem: Jeoacaz,
Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.
Jeoacaz, filho de Josias reinou apenas três meses, porque faraó Neco o prendeu e o levou
para o Egito, colocando para reinar em seu
lugar, o outro filho de Josias, chamado
Jeoaquim. Foi nos dias deste Jeoaquim, que Nabucodonosor fizera a primeira leva de cativos
para Babilônia, em 605 a. C. Foi durante esta
primeira leva de cativos que os profetas Daniel e Ezequiel, e muitos nobres de Judá foram levados
para Babilônia.
Jeoaquim foi morto, e passou a reinar no seu lugar, o seu filho Joaquim, mas o babilônios o
deixaram no poder por apenas três meses,
porque o deportaram para Babilônia com os
nobres de Judá, porque ele se rendeu a Nabucodonosor.
No seu lugar foi constituído rei, seu tio paterno, chamado Matanias, cujo nome, Nabucodonosor
mudou para Zedequias. Ele reinou doze anos
debaixo do poder de Nabucodonozor, mas tendo
este descoberto que estava conspirando contra
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ele, especialmente com o Egito, veio novamente
contra Jerusalém para destruí-la. Contudo,
impôs um sítio à cidade que durou cerca de dois
anos, e por isso nós vemos Zedequias consultando o profeta Jeremias se Deus lhe
livraria da destruição, porque pensava que o
longo tempo de cerco tinha algo a ver com o poder da cidade para resistir, no entanto, era um
juízo de Deus para que a forme, a sede e a peste
se agravassem e muito no interior de Jerusalém.
Estas informações históricas podem ser lidas
em II Reis 24, 25.
Então, nós vemos neste capítulo, o rei
Zedequias, enviando Pasur e Sofonias (não o profeta) a Jeremais, para perguntar-lhe se Deus
livraria Judá do cerco que estava sofrendo da
parte do rei Nabucodonosor, de Babilônia,
fazendo com que ele voltasse para a sua terra (v. 2).
É provável que o Pasur aqui citado não se trate
do mesmo que havia prendido Jeremias no
tronco, como vimos no capítulo anterior (20),
porque deste se diz ser filho de Malquias, e aquele, filho de Imer.
A resposta que Deus mandou dar a Zedequias era que não haveria livramento porque era Ele
próprio que estava incitando as armas de guerra
de Babilônia contra eles, e feriria os habitantes
de Jerusalém, até mesmo os animais que nela havia.
Além da morte pela espada dos babilônios,
haveria peste e fome na cidade, e os que
escapassem da morte seriam entregues na mão
de Nabucodonosor, e das nações inimigas que
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estavam coligadas a ele, como por exemplo os
edomitas, seriam mortos por eles. Entretanto,
aqueles que saíssem da cidade se rendendo
voluntariamente a Nabucodonosor, inclusive o próprio rei, teriam suas vidas poupadas por ele.
Quanto à soberba do rei de Judá, que julgava que
as muralhas de Jerusalém o protegeriam, o
Senhor lhe ordenou que se humilhasse e
passasse a praticar a justiça livrando o espoliado da mão do opressor, porque em caso contrário,
o Senhor castigaria o rei e a sua corte ímpia, por
causa do fruto mau das ações deles.
“1 A palavra que veio a Jeremias da parte do
Senhor, quando o rei Zedequias lhe enviou Pasur, filho de Malquias, e Sofonias, filho de
Maaseias, o sacerdote, dizendo:
2 Pergunta agora por nós ao Senhor, por que
Nabucodonosor, rei de Babilônia, guerreia
contra nós; porventura o Senhor nos tratará
segundo todas as suas maravilhas, e fará que o rei se retire de nós.
3 Então Jeremias lhes respondeu: Assim direis a
Zedequias:
4 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Eis que
virarei contra vos as armas de guerra, que estão
nas vossas mãos, com que vós pelejais contra o rei de Babilônia e contra os caldeus, que vos
estão sitiando ao redor dos muros, e ajunta-los-
ei no meio desta cidade.
5 E eu mesmo pelejarei contra vós com mão
estendida, e com braço forte, e em ira, e em
furor, e em grande indignação.
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6 E ferirei os habitantes desta cidade, tanto os
homens como os animais; de grande peste
morrerão.
7 E depois disso, diz o Senhor, entregarei
Zedequias, rei de Judá, e seus servos, e o povo, e
os que desta cidade restarem da peste, e da
espada, e da fome, sim entrega-los-ei na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão de
seus inimigos, e na mão dos que procuram tirar-
lhes a vida; e ele os passará ao fio da espada; não
os poupará, nem se compadecerá, nem terá misericórdia.
8 E a este povo dirás: Assim diz o Senhor: Eis que
ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte.
9 O que ficar nesta cidade há de morrer à
espada, ou de fome, ou de peste; mas o que sair, e se render aos caldeus, que vos cercam, viverá,
e terá a sua vida por despojo.
10 Porque pus o meu rosto contra esta cidade para mal, e não para bem, diz o Senhor; na mão
do rei de Babilônia se entregará, e ele a
queimará a fogo.
11 E à casa do rei de Judá dirás: Ouvi a palavra do Senhor:
12 O casa de Davi, assim diz o Senhor: Executai
justiça pela manhã, e livrai o espoliado da mão do opressor, para que não saia o meu furor como
fogo, e se acenda, sem que haja quem o apague,
por causa da maldade de vossas ações.
13 Eis que eu sou contra ti, ó moradora do vale, ó
rocha da campina, diz o Senhor; contra vós que
dizeis: Quem descerá contra nós? ou: Quem
entrará nas nossas moradas?
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14 E eu vos castigarei segundo o fruto das vossas
ações, diz o Senhor; e no seu bosque acenderei
fogo que consumirá a tudo o que está em redor
dela.”
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Jeremias 22
Os juízos pronunciados neste capítulo contra
Salum, ou Conias, que se trata da mesma pessoa,
a saber, o rei Joaquim que foi levado cativo para
Babilônia, receberam tal destaque porque ele foi o último descendente direto de Davi a ocupar o
trono de Judá, e por isso foi também poupado da
morte pela misericórdia do Senhor, mas foi
levado em cativeiro para Babilônia, e de lá nunca mais voltaria para Jerusalém, conforme
pronunciado contra ele pelo Senhor.
Como se vê em II Reis 25, Deus foi
misericordioso para com ele no final da sua vida, conforme podemos ver no registro dos
versos 27 a 30, nos quais é descrita a bondade
que o novo rei de Babilônia, Evil-Merodaque,
filho de Nabudodonosor, tivera para com o rei Joaquim que se encontrava no cativeiro há 37
anos, sendo libertado por este da sua prisão
domiciliar e sendo conduzido a uma posição de
honra no reino de Babilônia, recebeu um trono que estava acima de todos os demais tronos dos
reis vassalos das demais nações, que se
encontravam em Babilônia, e é dito que ele se sentou à mesa da corte real até o último dia da
sua vida.
Todavia, como enquanto reinava, tanto ele,
quanto seu pai Jeoaquim, antes dele, não andaram nos caminhos do Senhor, por isso lhes
sobreveio tal juízo da sua parte, sendo que em
relação a Jeoaquim, não foi permitido pelo
Senhor que tivesse um funeral honrado de um
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rei, e sequer deveria ser pranteado, e haver luta
em Judá por causa dele.
Da maldade de Jeoaquim, disse o Senhor:
“Falei contigo no tempo da tua prosperidade;
mas tu disseste: Não escutarei. Este tem sido o
teu caminho, desde a tua mocidade, o não
obedeceres à minha voz.” (v. 21)
Foi este rei que lançou o livro escrito por
Jeremias no fogo para ser queimado, depois de
tê-lo rasgado, tendo que ser reescrito por
Baruque (Jer 36.22-31).
De Joaquim, se diz que não teria sucessor no
trono de Judá, como de fato nunca mais ocorreu,
porque a linha sucessória de pai para filho ficara
interrompida a partir dele, de modo que Zedequias, seu tio paterno, seria o último rei de
Judá.
Ora, tudo isto deixaria os judeus que ainda
ficassem na terra de Judá, depois das assolações produzidas por Babilônia, e não somente eles,
como os que estavam no cativeiro, desolados,
porque já não haveria mais reis em Judá.
Todavia, para consolá-los, nós veremos no
capítulo seguinte (23,5,6) a promessa que Deus
lhes fizera de que seria levantado um Rei justo
sobre os judeus no futuro, que seria o Salvador deles, e sob o qual estariam seguros.
“1 Assim diz o Senhor: Desce à casa do rei de
Judá, e anuncia ali esta palavra.
2 E dize: Ouve a palavra do Senhor, ó rei de Judá,
que te assentas no trono de Davi; ouvi, tu, e os
teus servos, e o teu povo, que entrais por estas
portas.
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3 Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça,
e livrai o espoliado da mão do opressor. Não
façais nenhum mal ou violência ao estrangeiro,
nem ao órfão, nem a viúva; não derrameis sangue inocente neste lugar.
4 Pois se deveras cumprirdes esta palavra,
entrarão pelas portas desta casa reis que se
assentem sobre o trono de Davi, andando em
carros e montados em cavalos, eles, e os seus servos, e o seu povo.
5 Mas se não derdes ouvidos a estas palavras,
por mim mesmo tenho jurado, diz o Senhor, que
esta casa se tornará em assolação.
6 Pois assim diz o Senhor acerca da casa do rei
de Judá: Tu és para mim Gileade, e a cabeça do Líbano; todavia certamente farei de ti um
deserto e cidades desabitadas.
7 E prepararei contra ti destruidores, cada um
com as suas armas; os quais cortarão os teus
cedros escolhidos, e os lançarão no fogo.
8 E muitas nações passarão por esta cidade, e
dirá cada um ao seu companheiro: Por que procedeu o Senhor assim com esta grande
cidade?
9 Então responderão: Porque deixaram o pacto
do Senhor seu Deus, e adoraram a outros
deuses, e os serviram.
10 Não choreis o morto, nem o lastimeis; mas
chorai amargamente aquele que sai; porque não voltará mais, nem verá a terra onde nasceu.
11 Pois assim diz o Senhor acerca de Salum, filho
de Josias, rei de Judá, que reinou em lugar de
Josias seu pai, que saiu deste lugar: Nunca mais
voltará para cá,
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12 mas no lugar para onde o levaram cativo
morrerá, e nunca mais verá esta terra.
13 Ai daquele que edifica a sua casa com iniquidade, e os seus aposentos com injustiça;
que se serve do trabalho do seu próximo sem
remunerá-lo, e não lhe dá o salário;
14 que diz: Edificarei para mim uma casa espaçosa, e aposentos largos; e que lhe abre
janelas, forrando-a de cedro, e pintando-a de
vermelhão.
15 Acaso reinarás tu, porque procuras exceder no uso de cedro? O teu pai não comeu e bebeu,
e não exercitou o juízo e a justiça? Por isso lhe
sucedeu bem.
16 Julgou a causa do pobre e necessitado; então lhe sucedeu bem. Porventura não é isso
conhecer-me? diz o Senhor.
17 Mas os teus olhos e o teu coração não atentam
senão para a tua ganância, e para derramar sangue inocente, e para praticar a opressão e a
violência.
18 Portanto assim diz o Senhor acerca de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: Não o
lamentarão, dizendo: Ai, meu irmão! ou: Ai,
minha irmã! nem o lamentarão, dizendo: Ai,
Senhor! ou: Ai, sua majestade!
19 Com a sepultura de jumento será sepultado,
sendo arrastado e lançado fora das portas de
Jerusalém.
20 Sobe ao Líbano, e clama, e levanta a tua voz em Basã, e clama desde Abarim; porque são
destruídos todos os teus namorados.
21 Falei contigo no tempo da tua prosperidade;
mas tu disseste: Não escutarei. Este tem sido o
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teu caminho, desde a tua mocidade, o não
obedeceres à minha voz.
22 O vento apascentará todos os teus pastores, e
os teus namorados irão para o cativeiro;
certamente então te confundirás,
23 e tu, que habitas no Líbano, aninhada nos
cedros, como hás de gemer, quando te vierem as
dores, os ais como da que está de parto!
24 Vivo eu, diz o Senhor, ainda que Conias, filho
de Jeoaquim, rei de Judá, fosse o anel do selo da
minha mão direita, contudo eu dali te arrancaria;
25 e te entregaria na mão dos que procuram
tirar-te a vida, e na mão daqueles diante dos quais tu temes, a saber, na mão de
Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão dos
caldeus.
26 A ti e a tua mãe, que te deu à luz, lançar-vos-
ei para uma terra estranha, em que não
nascestes, e ali morrereis.
27 Mas à terra para a qual eles almejam voltar,
para lá não voltarão.
28 E este homem Conias algum vaso desprezado
e quebrado, um vaso de que ninguém se agrada?
Por que razão foram ele e a sua linhagem
arremessados e arrojados para uma terra que não conhecem?
29 Ó terra, terra, terra; ouve a palavra do Senhor.
30 Assim diz o Senhor: Escrevei que este homem
fica sem filhos, homem que não prosperará nos
seus dias; pois nenhum da sua linhagem prosperará para assentar-se sobre o trono de
Davi e reinar daqui em diante em Judá.”
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Jeremias 23
Senhor Justiça Nossa
No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende
a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e anciãos de Israel (pastores do povo naquela
dispensação) e os profetas que falavam em seu
nome sem terem sido levantados por Ele, os
quais haviam feito o seu povo se desviar da sua presença.
O protesto de Deus se fundamenta no fato deles nunca terem ensinado a sua Palavra, conforme
fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo
que eles afirmavam ser a sua Palavra, quando na
verdade, era a própria palavra deles, ensinada para atender aos seus propósitos cobiçosos,
interesseiros, carnais e egoístas.
Isto pode ser visto claramente nas palavras de
repreensão dirigidas contra eles como as da
seguinte passagem:
“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho;
e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo?
diz o Senhor.
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o
Senhor, e como um martelo que esmiúça a
pedra?
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas,
diz o Senhor, que furtam as minhas palavras,
cada um ao seu próximo.
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31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o
Senhor, que usam de sua própria linguagem, e
dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31).
O efeito que era produzido no povo, de andarem
contrariamente com o Senhor, era uma prova
evidente de que a vida e o ensino destes pastores e profetas não eram segundo a verdadeira
Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o
de produzir temor e santidade no seu povo,
como o próprio Senhor se expressou em relação a isto da seguinte maneira:
“21 Não mandei esses profetas, contudo eles
foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram.
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas
palavras, e o teriam desviado do seu mau
caminho, e da maldade das suas ações.” (v.
21,22).
O que eles ensinavam e profetizavam não
provinha do céu senão dos seus próprios corações enganosos e corrompidos:
“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas
que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.
26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que
profetizam do engano do seu próprio coração?
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que
cada um conta ao seu próximo, assim como seus
pais se esqueceram do meu nome por causa de
Baal.”
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Isto é um grande alerta para os ministros do
evangelho, para que não incorram no mesmo
erro deles, deixando de pregar a genuína
Palavra do Senhor, no poder do Espírito.
Quando se desvia deste rumo os resultados sempre serão funestos.
Há muitos sonhadores que desejam conduzir a
Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio
coração, afirmando que são revelações
recebidas da parte de Deus.
Se estas visões não estiverem de acordo com a
Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e grau, em vez de serem proclamadas, devem ser
esquecidas e abominadas, porque não será
apenas o povo que será prejudicado por elas,
mas o próprio Deus terá a sua ira despertada contra tais pastores ou profetas, como se vê
neste capítulo de Jeremias.
Como o quadro que havia prevalecido em Israel
por séculos, sempre foi este de o povo não
receber a devida instrução por parte da grande maioria de seus pastores e profetas, então o
Senhor mesmo seria o Pastor do seu povo, e o
faria através de pastores que estariam debaixo
da justiça de um Rei justo que procederia da descendência de Davi, nosso Senhor Jesus
Cristo, e estando assim justificados por Ele,
tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de
Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam conhecidos pelo nome de O SENHOR JUSTIÇA
NOSSA.
Este Rei justo viria então a se manifestar em dias
futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa
de Israel que haviam sido dispersadas por todos
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os maus pastores e profetas que haviam
presidido sobre elas.
“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas
ovelhas de todas as terras para onde as tiver
afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e
frutificarão, e se multiplicarão.
4 E levantarei sobre elas pastores que as
apascentem, e nunca mais temerão, nem se
assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor.
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei,
reinará e procederá sabiamente, executando o
juízo e a justiça na terra.
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará
seguro; e este é o nome de que será chamado: O
SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6).
Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança,
constante do capítulo 31.
“1 Ai dos pastores que destroem e dispersam as
ovelhas do meu pasto, diz o Senhor.
2 Portanto assim diz o Senhor, o Deus de Israel,
acerca dos pastores que apascentam o meu
povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes. Eis que visitarei
sobre vós a maldade das vossas ações, diz o
Senhor.
3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas
ovelhas de todas as terras para onde as tiver
afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão.
4 E levantarei sobre elas pastores que as
apascentem, e nunca mais temerão, nem se
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assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o
Senhor.
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que
levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei,
reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra.
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará
seguro; e este é o nome de que será chamado: O
SENHOR JUSTIÇA NOSSA.
7 Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em
que nunca mais dirão: Vive o Senhor, que tirou
os filhos de Israel da terra do Egito;
8 mas: Vive o Senhor, que tirou e que trouxe a linhagem da casa de Israel da terra do norte, e
de todas as terras para onde os tinha arrojado; e
eles habitarão na sua terra.
9 Quanto aos profetas. O meu coração está
quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem
embriagado, e como um homem vencido do
vinho, por causa do Senhor, e por causa das suas
santas palavras.
10 Pois a terra está cheia de adúlteros; por causa da maldição a terra chora, e os pastos do deserto
se secam. A sua carreira é má, e a sua força não
é reta.
11 Porque tanto o profeta como o sacerdote são
profanos; até na minha casa achei a sua
maldade, diz o Senhor.
12 Portanto o seu caminho lhes será como veredas escorregadias na escuridão; serão
empurrados e cairão nele; porque trarei sobre
eles mal, o ano mesmo da sua punição, diz o
Senhor.
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13 Nos profetas de Samaria bem vi eu insensatez;
profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o
meu povo Israel.
14 Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa
horrenda: cometem adultérios, e andam com
falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, de sorte que não se convertam da sua maldade;
eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e
os moradores dela como Gomorra.
15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos
acerca dos profetas: Eis que lhes darei a comer
losna, e lhes farei beber águas de fel; porque dos
profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a terra.
16 Assim diz o Senhor dos exércitos: Não deis ouvidos as palavras dos profetas, que vos
profetizam a vós, ensinando-vos vaidades; falam
da visão do seu coração, não da boca do Senhor.
17 Dizem continuamente aos que desprezam a
palavra do Senhor: Paz tereis; e a todo o que anda
na teimosia do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós.
18 Pois quem dentre eles esteve no concílio do
Senhor, para que percebesse e ouvisse a sua palavra, ou quem esteve atento e escutou a sua
palavra?
19 Eis a tempestade do Senhor! A sua
indignação, qual tempestade devastadora, já
saiu; descarregar-se-á sobre a cabeça dos
ímpios.
20 Não retrocederá a ira do Senhor, até que ele
tenha executado e cumprido os seus desígnios.
Nos últimos dias entendereis isso claramente.
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21 Não mandei esses profetas, contudo eles
foram correndo; não lhes falei a eles, todavia
eles profetizaram.
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho,
então teriam feito o meu povo ouvir as minhas
palavras, e o teriam desviado do seu mau
caminho, e da maldade das suas ações.
23 Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e
não também Deus de longe?
24 Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de
modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu o céu e a terra? diz o
Senhor.
25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas que
profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.
26 Até quando se achará isso no coração dos
profetas que profetizam mentiras, e que
profetizam do engano do seu próprio coração?
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se
esqueça do meu nome pelos seus sonhos que
cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de
Baal.
28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e
aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo?
diz o Senhor.
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o
Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra?
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas,
diz o Senhor, que furtam as minhas palavras,
cada um ao seu próximo.
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31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o
Senhor, que usam de sua própria linguagem, e
dizem: Ele disse.
32 Eis que eu sou contra os que profetizam
sonhos mentirosos, diz o Senhor, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e
com a sua vã jactância; pois eu não os enviei,
nem lhes dei ordem; e eles não trazem proveito
algum a este povo, diz o Senhor.
33 Quando pois te perguntar este povo, ou um profeta, ou um sacerdote, dizendo: Qual é a
profecia do Senhor? Então lhes dirás: Qual a
profecia! que eu vos arrojarei, diz o Senhor.
34 E, quanto ao profeta, e ao sacerdote, e ao
povo, que disser: A profecia do Senhor; eu castigarei aquele homem e a sua casa.
35 Assim direis, cada um ao seu próximo, e cada um ao seu irmão: Que respondeu o Senhor? e:
Que falou o Senhor?
36 Mas nunca mais fareis menção da profecia do
Senhor, porque a cada um lhe servirá de
profecia a sua própria palavra; pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos exércitos,
o nosso Deus.
37 Assim dirás ao profeta: Que te respondeu o
Senhor? e: Que falou o Senhor?
38 Se, porém, disserdes: A profecia do Senhor;
assim diz o Senhor: Porque dizeis esta palavra: A
profecia do Senhor, quando eu mandei dizer-vos: Não direis: A profecia do Senhor;
39 por isso, eis que certamente eu vos
levantarei, e vos lançarei fora da minha
presença, a vós e a cidade que vos dei a vós e a
vossos pais;
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40 e porei sobre vós perpétuo opróbrio, e eterna
vergonha, que não será esquecida.” (Jeremias
23.1-40)
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Jeremias 24
Obedecer a Deus é Vida
A visão e profecia de Jeremias 24 foi dada por
Deus ao profeta quando Zedequias começou a
reinar no lugar de Joaquim, seu sobrinho, que havia sido levado preso para Babilônia.
Destas se aprende que há vida quando se
obedece a Deus mesmo na terra do cativeiro e da provação, e que há morte quando se lhe
desobedece, ainda que se esteja liberdade na
sua própria terra.
Deus mostrou em visão a Jeremias, dois cestos
de figos bem à frente do templo de Jerusalém,
sendo que um deles continha figos bons para
serem consumidos, e o outro figos completamente estragados.
E o Senhor disse ao profeta que o cesto com os figos bons representava o povo que se
encontrava no cativeiro em Babilônia, porque
alguns entre eles, e toda a sua descendência
seria poupada e retornariam a habitar em Judá, depois de passados os setenta anos de cativeiro.
Todavia, o cesto com os figos ruins representava
o rei Zedequias, os seus príncipes e o povo que ainda havia ficado em Jerusalém, porque o
Senhor os rejeitaria de todo, tal como se faz com
figos estragados, que para nada servem, e que
por isso são lançados fora.
A providência de Deus havia agido para que
houvesse uma primeira leva de cativos para
Babilônia em 605 a. C., para que pessoas retas
172
como Daniel e seus três amigos, Mesaque,
Sadraque e Abdnego, bem como Ezequiel e
tantos outros que se encontravam com eles, e
que descenderiam deles, fossem poupados para retornarem para Judá, quando Babilônia caísse
debaixo do poder dos medos e dos persas em 537
a. C.
Todavia, os que haviam ficado em Jerusalém,
era a pior parte da nação, os que haviam
conspirado com Zedequias, para permanecerem em Judá e em Jerusalém,
pensando que estariam em segurança e debaixo
do favor do rei de Babilônia.
Contudo, eles haviam caído com as suas
próprias artimanhas políticas e insídias na
armadilha que o Senhor havia preparado para
eles, porque ficariam sitiados e não somente viriam a ser mortos pela espada dos babilônios,
como também passariam fome, sede, comeriam
a seus próprios filhos para sobreviverem e
também morreriam pela peste que tomaria conta da cidade de Jerusalém, que ficaria por
longo tempo cercada pelos babilônios.
Mas dos que seriam poupados pela misericórdia
do Senhor, no cativeiro em Babilônia, é dito o
seguinte:
“6 Porei os meus olhos sobre eles, para seu bem,
e os farei voltar a esta terra. Edifica-los-ei, e não
os demolirei; e planta-los-ei, e não os arrancarei.
7 E dar-lhes-ei coração para que me conheçam,
que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e
eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de
todo o seu coração.”
173
O Senhor havia prometido que faria o bem a
todos que se submetessem ao rei de Babilônia,
se sujeitando ao juízo do cativeiro, que Ele havia
determinado.
Desta forma, aqueles que agissem contra esta vontade específica do Senhor, por procurarem
fazer a própria vontade, tentando manter o
status quo de suas vidas, não poderiam portanto,
esperar o bem, senão males.
Por isso nosso Senhor Jesus Cristo disse que
aquele que estiver apegado à sua vida neste mundo, e por conseguinte, rejeitar a vida do céu
por não amar o estilo de vida celestial, senão o
mundano, há de perdê-la, mas todo aquele que
desprezar este estilo de vida mundano, reconhecendo que convém se sujeitar ao que
vem de Deus, que é puro e santo, há de preservar
a sua vida.
“1 Fez-me o Senhor ver, e vi dois cestos de figos,
postos diante do templo do Senhor. Sucedeu
isso depois que Nabucodonosor, rei de Babilônia, levara em cativeiro a Jeconias, filho
de Jeoaquim, rei de Judá, e os príncipes de Judá,
e os carpinteiros, e os ferreiros de Jerusalém, e
os trouxera a Babilônia.
2 Um cesto tinha figos muito bons, como os figos
temporãos; mas o outro cesto tinha figos muito ruins, que não se podiam comer, de ruins que
eram.
3 E perguntou-me o Senhor: Que vês tu,
Jeremias? E eu respondi: Figos; os figos bons,
muito bons, e os ruins, muito ruins, que não se
podem comer, de ruins que são.
174
4 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
5 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Como a
estes bons figos, assim atentarei com favor para
os exilados de Judá, os quais eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus.
6 Porei os meus olhos sobre eles, para seu bem,
e os farei voltar a esta terra. Edifica-los-ei, e não
os demolirei; e planta-los-ei, e não os arrancarei.
7 E dar-lhes-ei coração para que me conheçam,
que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e
eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de
todo o seu coração.
8 E como os figos ruins, que não se podem
comer, de ruins que são, certamente assim diz o
Senhor: Do mesmo modo entregarei Zedequias,
rei de Judá, e os seus príncipes, e o resto de Jerusalém, que ficou de resto nesta terra, e os
que habitam na terra do Egito;
9 eu farei que sejam espetáculo horrendo, uma
ofensa para todos os reinos da terra, um opróbrio e provérbio, um escárnio, e uma
maldição em todos os lugares para onde os
arrojarei.
10 E enviarei entre eles a espada, a fome e a peste, até que sejam consumidos de sobre a
terra que lhes dei a eles e a seus pais.” (Jeremias
24.1-10)