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O Homem, Deus e o Universo 7 – A MÔNADA E O LOGOS (Âtmâ e Paramâtmâ)

O Homem, Deus e o Universo Cap VII

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O Homem, Deus e o Universo

7 – A MÔNADA E O LOGOS (Âtmâ e Paramâtmâ)

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Introdução A relação entre Jīvātmā e Paramâtmâ não pode ser explicada, mas é possível percebê-la dentro das profundezas da consciência individual. Tal relação é o último segredo comunicado a um ser humano, liberando-o dos laços das limitações e ilusões humanas e fazendo dele um Jivanmukta. A relação do Logos com as Mônadas é comparada à do sol com seus raios. A falha dessa analogia reside no fato de que os raios, embora parte do sol do qual provêm, não tem potencialidade para se desenvolver num sol, tal como as Mônadas que têm a potencialidade de se desenvolver num Logos.

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Introdução Outra analogia é a do fogo e suas fagulhas. Ela mostra a identidade da natureza do Logos e da Mônada. E até certo ponto é possível converter uma fagulha num fogo crepitante. O defeito dessa analogia é que não mostra uma relação constante e contínua entre o Logos e a Mônada. Uma vez separada do fogo, a fagulha não mantém com ele uma relação que a faça crescer sem cessar. A Mônada, porém, é uma parte do Logos, inseparável Dele durante todo o curso de seu desenvolvimento no sistema solar, aparece com Ele no começo da manifestação e torna-se laya com ele na época do Pralaya.

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Introdução

A mais sugestiva analogia para a relação entre o Logos e a Mônada talvez seja a de uma árvore e suas sementes. As sementes crescem à semelhança da árvore que lhe deu origem, quando for semeada na terra. O mesmo acontece com a Mônada quando é semeada no solo de Prakriti ou matéria. A semente necessita da luz do sol físico para seu crescimento e a Mônada necessita de pressão interna da Vida Divina para desenvolver as suas Divinas possibilidades nos planos inferiores. Mas essa analogia também é falha no sentido de que a semente, como a fagulha, não mantém relação constante e contínua com a árvore da qual veio. Torna-se independente da árvore.

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Introdução

As várias analogias, vistas em conjunto, podem nos habilitar a estabelecer um conceito mais próximo da verdade da relação entre a Mônada e o Logos. A relação da Mônada com o Logos, importante do ponto de vista teórico, importa muito mais no campo do sâdhanâ, para a compreensão e organização eficiente da técnica de Autodescoberta, uma vez que a Realidade objeto dessa Autodescoberta está oculta no coração de cada aspirante e, antes que possa empreender a viagem de Autodescoberta, ele deve ter, pelo menos intelectualmente, um mapa do território que vai explorar.

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Introdução

O conjunto da Realidade com suas profundezas infinitas está oculto em sua plenitude e completo esplendor no interior de cada alma individual, razão pelo qual não há limite para o conhecimento que podemos adquirir, para o grau de desenvolvimento que podemos atingir. Se vamos entrar nesse reino de infinitas profundezas, cumpre-nos ter uma ideia clara e geral dos diversos níveis e das realidades que lhes correspondem. Uma perspectiva correta nos evitará conclusões apressadas e imaturas quando tivermos certas experiências e atingirmos certos níveis de consciência.

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Introdução

É verdade que as realidades que procuramos explorar estão além do alcance do intelecto; mas isso não significa que não possamos ter uma clara concepção intelectual de sua natureza, relações mútuas e estágios do progresso que correspondem a isso. Há almas maduras, que vêm com tremendo impulso trazido de vidas passadas, que começam sua procura e conseguem atingir seu objetivo de Autodescoberta sem fazer esforço para o lançamento da fundação do conhecimento intelectual, fazendo o mesmo parecer dispensável.

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Introdução

Mas para o Sādhaka comum, e mesmo para o razoavelmente avançado, parece ser necessária a fundação do conhecimento intelectual. De outra maneira, todo o problema da Autodescoberta permanece obscurecido por uma névoa de ideias vagas que, além de não dar ao aspirante qualquer inspiração ou encorajamento, impede-o de organizar eficientemente seus esforços.

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Introdução Ainda que todos os estados de consciência até a Realidade Suprema estejam ocultos, camada após camada, por trás do Centro de nossa consciência e possam ser atingidos teoricamente, o problema não é tão fácil e natural como parece superficialmente, porque nele está envolvido todo o processo de desenvolvimento da consciência e evolução dos veículos. Tais estados de consciência não estão distantes no sentido físico da palavra, mas em virtude de suas sutilezas.

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Introdução

Um estado de consciência ou realidade pode estar muito próximo da acepção de que reside no próprio âmago ou Centro de nosso ser e, entretanto, estar infinitamente distante por sua extrema sutileza, além do alcance de nossa consciência mais elevada. Há muitos tipos de distâncias, a física, a emocional (falta de simpatia, por exemplo), a mental (falta de correspondência ou dificuldade de responder a um pensamento ou ideia) e a do reino da consciência, a mais sutil das distâncias, porque para ser vencida, depende da supressão de todos os níveis intermediários de ação mental e fusão de nossa consciência com a realidade que desejamos conhecer pela percepção direta.

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Introdução

Para um Adepto, o nível de consciência Átmico pode ser acessado instantaneamente, após cessar as atividades de todos os níveis intermediários. Nesse caso, o nível Átmico pode ser considerado muito próximo de sua consciência física. O arranjo e a relação dos diversos corpos e seus níveis correspondentes de consciência são exatamente os mesmos no caso de um homem comum que tenta meditar. Mas os níveis interferentes da mente desse último são barreiras insuperáveis em seu caso e, portanto, a Consciência Átmica está muito distante de sua personalidade.

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Introdução Esse tipo de distância é o que nos separa das Expressões da Realidade Una que chamamos Logos Solar, Logos Cósmico, Shiva-Shakti etc. que ainda que estando no mais profundo da consciência de todas as almas, mas por sua extrema sutileza, encontram-se muito distantes quando comparadas com outras expressões da Realidade com as quais estamos familiarizados. Quão próximo está o aspirante de sua meta, a Realidade? Somente a poucos é dada conhecer a potencialidade oculta em si mesmo, frutos de vidas passadas.

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Introdução Patañjali dá no sūtra I.21 o critério para determinar quão próximo alguém está da meta que tem ante si no reino do seu ser interior: “Está mais próximo para aquele cujo desejo é intensamente forte” Pela intensidade do desejo podemos medir, em certo grau, a distância que nos separa do nosso objetivo e, muito provavelmente, nossa capacidade para atingi-lo.

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Introdução Desejo nesse caso é equivalente a potencial interno, do qual depende nosso progresso, e quando o potencial atinge um certo nível de intensidade, todas as barreiras são demolidas. A descoberta da Realidade dentro de nós é o aspecto mais importante da relação entre a Mônada e o Logos.

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Introdução Apesar da multiplicidade de planos e estados de consciência e mente, há, na verdade, somente três mundos existindo lado a lado e interpenetrando-se. Há (1) o mundo da matéria, (2) o mundo da mente e (3) o mundo da consciência pura. Os mundos da matéria e da mente existem em vários estados de densidade ou sutileza, como as cores das luzes diferenciadas a partir da luz branca, enquanto o mundo da consciência pura é uma Realidade homogênea e não-diferenciada, como a luz branca.

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Introdução O mundo da matéria fornece estimulo e mecanismo para a mente operar e é, por conseguinte, a base real do universo objetivo. O mundo da consciência fornece o próprio substrato de todo o universo manifesto e é também a base suprema do lado subjetivo da manifestação. O mundo da mente brota da interação de dois mundos: o da consciência e o da matéria. Sendo derivado desses dois mundos, ele partilha da natureza de ambos, sendo assim, de caráter dual e agindo ora como sujeito, ora como objeto.

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Introdução

À medida que o centro da consciência se recolhe para o interior, o limite entre o subjetivo e o objetivo faz o mesmo em direção ao Centro, e o que era subjetivo por sua vez torna-se objetivo, até que somente o Subjetivo permanece. Nesse tríplice mundo de matéria, mente e consciência estão espalhadas todas as Mônadas, enraizadas no mundo da consciência e funcionando no mundo da matéria, equipadas com veículos apropriados para cada plano. O mundo mental de cada Mônada é assim produzido pela interação entre sua consciência básica e o mundo da matéria que o rodeia, com o auxílio dos corpos nos diversos planos.

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Introdução Assim, a relação do Logos coma Mônada pode ser estudada do ponto de vista dos veículos, do ponto de vista da consciência e do ponto de vista da mente. Vamos nos limitar aqui à relação entre o Logos e a Mônada no que diz respeito ao fenômeno mental, com “mente” em seu mais amplo sentido, incluindo todos os graus de sutileza em que a mente pode existir, abaixo do reino da Consciência pura.

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Introdução O mundo da mente é o único mundo que o homem comum realmente conhece e é o único mundo em que nossa relação com o Logos é diretamente vivenciada. Conhecemos os outros dois mundos apenas por inferência e intuição, até que estejamos no reino da Luz branca da Realidade e possamos vê-la como a fonte da mente e da matéria. O ponto importante a ser notado é que o mundo da mente, o único que podemos perceber diretamente, resulta da combinação de dois grupos de fenômenos entrelaçados.

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Introdução Um grupo é produzido em nossa mente pelo impacto do mundo em torno de nós e o outro pela atividade da própria mente. Os fenômenos do mundo material produzem uma série de imagens mentais independentes da atividade de nossa mente. Mas essas imagens estão misturadas com imagens produzidas por nossa própria mente, independentemente do mundo externo. Os dois grupos de imagens, cada um com sua fonte diferente, combinam-se para formar o total de nosso mundo mental sem que, geralmente , percebamos tal fato.

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Introdução A fonte do primeiro grupo, o das imagens mentais formadas a partir do mundo exterior, é a consciência do próprio Logos que, através da mente universal, produziu o mundo manifesto, causador de um constante impacto em todas as mentes individuais. A fonte do segundo grupo é a consciência da Mônada que tem um grupo de veículos funcionando em todos os planos. Essas duas correntes de luz branca passando pelo prisma da manifestação produzem no outro lado seus respectivos raios de luz colorida, ou seja, nosso complexo mundo mental.

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Introdução Imaginemos dois raios de luz branca de diferentes fontes e intensidades atravessando simultaneamente um prisma e emergindo do outro lado como uma mistura de dois raios de luz coloridos. O raio de luz colorida derivado da fonte infinitamente maior é a Mente Universal; o raio de luz colorida derivado da fonte mais fraca é a mente individual da Mônada operando nos diferentes planos.

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Introdução

Suponhamos que o raio de luz colorida originário da fonte mais fraca, representando a Mônada, é suprimido em qualquer reino da manifestação. O que acontecerá nesse caso? Somente o raio de luz colorida derivado da fonte mais forte, representando a Mente Universal, permanecerá em sua pureza, não maculado pelo outro raio de luz. Isto é Sabîja Samâdhi, por meio do qual compreendemos a realidade de qualquer objeto no mundo da Relatividade. Apenas permanece a Mente Universal, que contém todas essas realidades relativas e o iogue, cujas modificações individuais da mente ou Citta-Vrittis foram suprimidos, conhece diretamente a realidade de um determinado objeto tal como existe na Mente Universal.

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Introdução Dando um passo mais adiante, imaginemos o centro da consciência passando pelo prisma e emergindo do outro lado, onde só há luz branca não-diferenciada. O que acontecerá então? Nesse caso só há luz branca. E a luz branca da fonte fraca pode misturar-se com a luz branca da fonte forte sem produzir poluição ou degradação. Não é possível haver duas variedades de luz branca, embora possa haver duas intensidades. Assim, a concepção da Mônada em seu próprio plano de pura consciência, que está acima do plano da mente, é direta, não obscurecida e pura, mesmo havendo duas fontes de luz branca existindo lado a lado.

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Introdução A consciência da Mônada mistura-se com a do Logos e, entretanto, está separada e temos dualidade na unidade. Isto é o Nirbîja Samâdhi que leva à Kaivalya ou Libertação.

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Introdução

FIM