View
603
Download
1
Category
Preview:
Citation preview
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 1 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
___________________________
Artur Ramísio, aluno do Programa Doutoral em Multimédia em Educação, Universidade de Aveiro, 3770-059 Oiã, Portugal. E-
mail: artur.ramisio @ua.pt
Aldina Rodrigues, aluna do Programa Doutoral de Didática e Formação, Universidade de Aveiro, 3810-193, Aveiro, Portugal.
E-mail: aldinacrodriguesl@ua.pt
E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E
APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA Artur Ramísio, Aldina Rodrigues
Abstract: This study is an analysis of e-Portfolios for students and teachers of different educational levels, accessible
on the Internet in order to understand how they are used in teaching and learning of mathematics in the areas of
reflection, collaboration / cooperation and updating it over time. The results indicate that there are few online e-Portfolios
in Mathematics, which are reduced to reflect the practices and collaboration, and that in many cases their use is not
systematic and persistent. The study considers that there is more information and training leading to promotion of e-
Portfolios as a resource for teaching and learning in order to get more out of their educational potential. The study also
shows lines of research to be undertaken on the use of e-Portfolios as an educational resource of the future, particularly
in the areas of personalization, collaboration and learning throughout life.
Resumo: O presente estudo consiste numa análise de e-Portefólios de alunos e professores, de diferentes níveis de
ensino, acessíveis na Internet, tendo em vista compreender como estes são utilizados no âmbito do ensino e da
aprendizagem de Matemática, nos domínios da reflexão, da colaboração/cooperação e da sua atualização ao longo do
tempo. Os resultados indiciam que há poucos e-Portefólios online no âmbito da Matemática, que são reduzidas as
práticas de reflexão e de colaboração, e que em muitos casos a sua utilização não é sistemática e persistente. O
estudo considera necessário que haja mais informação e formação conducente à promoção dos e-Portefólios como
recurso de ensino e aprendizagem, de modo a obter mais proveito das suas potencialidades educativas. O estudo
aponta, ainda, linhas de investigação a desenvolver sobre a utilização dos e-Portefólios como recurso educativo do
futuro, nomeadamente nos domínios da personalização, da colaboração e da aprendizagem ao longo da vida.
Keywords: e-Portefólios, portefólios digitais, Webfólio, Matemática, ensino e aprendizagem da Matemática.
—————————— Ж ——————————
artindo da convicção de que a utilização de e-Portefólios é uma estratégia educativa com
grandes potencialidades ao nível do desenvolvimento de práticas reflexivas e
colaborativas, com o presente estudo pretende-se, a partir da averiguação sobre o modo
como os e-Portefólios online estão a ser utilizados por professores e por alunos no
ensino e aprendizagem de Matemática, contribuir para o aumento e melhoria da sua utilização
no âmbito dessas práticas. Simultaneamente, pretende-se ainda averiguar aspetos indiciadores
das motivações subjacentes à utilização dos e-Portefólios online.
Este estudo justifica-se pelo reconhecimento de que as potencialidades educativas dos e-
Portefólios podem ser aumentadas se estes estiverem online, sendo possível, desse modo, nos
processos de aprendizagem (formais, não formais ou informais), tirar melhor partido da
quantidade, sempre crescente, de informação e das suas fontes, disponibilizadas no
ciberespaço.
P
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 2 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
A UTILIZAÇÃO DOS E-PORTEFÓLIOS EM CONTEXTO EDUCACIONAL
O e O e-Portefólio1, tal como o portefólio tradicional que em que se baseia, é constituído
por um conjunto de trabalhos que fazem o registo de um determinado percurso do seu autor,
significando a letra “e” o facto de ser um artefacto eletrónico do âmbito das tecnologias digitais.
Em contexto educativo, como o define Barrete (2006), o e-Portefólio é uma seleção de
materiais que o aluno recolheu, selecionou e que sobre eles tem a possibilidade de refletir e de
transformar numa mostra da evolução dos seus conhecimentos.
De entre os vários tipos de portefólios/e-Portefólios, destacam-se os de apresentação,
pelo seu propósito de ilustrar competências através da evidenciação dos melhores trabalhos;
os de desenvolvimento, por permitirem o realce de evoluções, por exemplo, de aprendizagens;
os de avaliação formativa e/ou sumativa, através de artefactos demonstrativos de
competências, habilidades e reflexões. (Johnson e Doyle, 2006; Bernardes e Miranda, 2003).
Em contexto educacional, os e-Portefólios podem ser focados na escola, com o objetivo
de apresentar e divulgar a própria instituição, nos alunos, como estratégia promotora de
aprendizagens e da sua avaliação, e nos professores, como instrumento ou processo de
desenvolvimento profissional e/ou da avaliação do seu desempenho (Lorenzo e Ittelson, 2005).
Podendo ser uma coleção em diferentes formatos (gráfico, vídeo, áudio e hipermédia),
os e-Portefólios educativos possibilitam que “os alunos, à medida que constroem a sua
colecção, tenham a oportunidade em analisarem o seu trabalho e de porem em prática, com a
ajuda do feedback fornecido pelo professor, as suas capacidades (…), tornando-se estudantes
mais autónomos e responsáveis quer pela sua aprendizagem quer pela sua avaliação” (Alves &
Maria João, 2007, p. 2).
Para Scallon (2003, apud Alves, 2007), os portefólios são instrumentos de aprendizagem
e de avaliação que se fundamentam na capacidade metacognitiva e de autorregulação,
expressas no envolvimento do aluno na reflexão e autoavaliação da sua aprendizagem,
produzindo o desenvolvimento de ações visando a sua melhoria.
Além disso, o portefólio/e-Portefólio facilita a regulação das atividades de ensino e de
aprendizagem entre professor e aluno, dado que através do seu exame regular é possível fazer
os ajustes que em cada momento são vistos como necessários (Asturias, 1994, Garrison
(1999). Esta faculdade é acrescida quando os e-Portefólios se apoiam na Web e as condições
de acesso à tecnologia são adequadas, refletindo-se, por exemplo, na “possibilidade de um
muito frequente e célere feedback entre o professor e o aluno”, em “momentos de partilha e
colaboração entre (…) alunos (…) ou entre uma comunidade de aprendizagem mais alargada,
privilegiando a motivação do aluno e o seu envolvimento na construção do seu conhecimento”
(Barca et al., 2007, p. 1036-1037).
A utilização dos e-Portefólios na Internet leva a que possam ser descritos como
documentos digitais “com caraterísticas fluidas e multimodais” (Barbas, 2010, p. 17), por um
lado porque passam a fazer parte dos fluxos de informação “que navegam pelas redes e nós
que compõem a geografia do espaço Internet” (Barbas, 2010, p. 25) e, por outro lado, porque
os diferentes formatos através dos quais é possível interagir (síncrono, assíncrono e híbrido)
1 Passamos a adotar o termo e-Portefólio para todas as situações que o conceito abarque.
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 3 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
facilitam modos de aprendizagem que tanto podem ser formais como não formais (Barbas,
2010, apud Ferrão Tavares, 2005).
Neste contexto em que a aprendizagem “não depende unicamente da perícia
tecnológica”, mas também da capacidade para “aprender a aprender, já que a maior parte da
informação se encontra online, e do que realmente se necessita é de habilidade para decidir o
que queremos procurar” (Castells, 2004, p. 299-300), os e-Portefólios, pelo conjunto de
caraterísticas que lhe são intrínsecas, entre as quais a de reflexão, é um instrumento
privilegiado para desenvolver uma “nova aprendizagem (…) orientada para o desenvolvimento
da capacidade educativa que permite transformar a informação em conhecimento e o
conhecimento em acção” (Dutton, 1999, apud Castells, 2004, p. 300).
Os e-Portefólios podem, assim, influenciar positivamente as formas como se ensina, se
aprende e se avalia, dando origem a uma outra visão dos processos de aprendizagem, na qual
os conhecimentos se vão construindo individualmente ao ritmo de cada um e ao mesmo tempo
em conjunto, valorizando experiências, intuições e saberes de cada aluno e superando
dificuldades através de uma maior motivação. Deste modo, os e-Portefólios, além de
instrumentos de aprendizagem que potenciam a construção de conhecimento, são também
uma estratégia de avaliação de caráter formativo, dada a possibilidade de, através deles, cada
indivíduo se poder apropriar de modo próprio da informação e dessa forma reconstruir os seus
conhecimentos prévios (Sá-Chaves, 2005).
Os e-Portefólios propiciam ainda a aplicação de práticas de avaliação baseadas em
fontes mais diversificadas, ou seja, podem servir como instrumentos de aprendizagem e
simultaneamente de avaliação, evitando que esta se cinja apenas aos testes que
tradicionalmente se efetuam no final de cada matéria lecionada (Barca, 2007). Estas
potencialidades fazem com que sejam cada vez mais utilizados em diversos níveis de ensino
como estratégia de aprendizagem e instrumento de avaliação, bem como “no desenvolvimento
profissional dos professores, especialmente como actividade reflexiva da prática pedagógica”
(Barca et al., 2007, p. 1036).
O conceito de reflexão associado ao e-Portefólio é uma das suas mais importantes
componentes, devendo “acompanhar os trabalhos ou realizações produzidas pelo seu autor”
na medida em que é através dela que efetua a seleção dos seus conteúdos e, no caso de ser
aluno, que “toma consciência dos seus progressos” (Monteiro, 2008, p. 67). Ou seja, para que
o e-Portefólio seja uma seleção criteriosa de conteúdos, é necessário que haja um processo
de permanente autorreflexão e tomada de decisão relativamente aos critérios e à
seleção a proceder.
OBJETIVOS DO ESTUDO E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO
Como contributo para a melhoria da qualificação tecnológica escolar e profissional de
alunos e de professores, este estudo está em correspondência com as orientações
preconizadas pela “Agenda Digital 2015” que, entre outros aspetos, tem por objetivos promover
o acesso e desenvolvimento de competências para o uso das tecnologias digitais. Tal como se
enquadra, igualmente, numa perspetiva de desenvolvimento de processos de aprendizagem,
de modo a que respondam de forma adequada às alterações que ocorrem no mundo e às
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 4 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
exigências do futuro, as quais se preveem pautadas pela omnipresença das tecnologias digitais
e pela visão da aprendizagem como um processo a ser desenvolvido ao longo da vida de
forma personalizada, colaborativa e informalizada (Redecker et al., 2011). Para esta
aprendizagem do futuro, o e-Portefólio é considerado como uma das ferramentas tecnológicas
que reúne as caraterísticas mais adequadas.
Neste contexto, o estudo tem como objetivo explorar e descrever o modo como os e-
Portefólios online estão a ser utilizados relativamente às suas caraterísticas reflexivas e
colaborativas, por professores e por alunos no ensino e na aprendizagem de Matemática, e
procura ainda identificar aspetos relacionados com o interesse e a motivação subjacentes à
criação e utilização dos e-Portefólios estudados.
Pretende-se, com este conhecimento, contribuir para o incremento de medidas que
possam estimular a utilização de e-Portefólios nos processos de ensino e aprendizagem, bem
como apontar linhas de investigação futura.
A escolha, para tema de estudo, dos e-Portefólios online no âmbito do ensino e
aprendizagem de Matemática, corresponde, por um lado, a interesses e motivações
relacionados com as áreas de ensino dos autores (Informática e Matemática) e, por outro lado,
à convicção de que os e-Portefólios possuem potencialidades pedagógicas que justificam a
promoção da sua utilização em processos educativos e formativos.
Definido o problema de investigação, “primeiro e vital passo” para tornar “explícita a área
de investigação” (Souza & Souza, 2011, p. 2), bem como a metodologia a seguir, tivemos em
consideração que, em investigações qualitativas, parte do seu planeamento deve ser destinado
a tentar perceber quais as questões mais importantes a que a investigação deve responder,
sem presumir que à partida já se sabe o suficiente para identificar as que são mais importantes
(Bogdan, 1994).
Assim, no sentido de definirmos “a abrangência do corpus de dados” para dar resposta
ao problema sem que a investigação se perca “com «acessórios»” (Souza & Souza, 2011, p.
2), partimos para a realização de um primeiro levantamento de e-Portefólios alojados na
Internet, com a finalidade de, através do contato com os e-Portefólios encontrados nessa
navegação, recolhermos a informação necessária para a definição das questões pertinentes
para a investigação.
Nesse sentido, atendendo a que os dados disponíveis no corpus latente na Internet
constituem por natureza uma potencial fonte de informação para a formulação das questões de
investigação, realizámos “leituras flutuantes” (Souza & Souza, 2011, p. 3) por um alargado
número de locais da Web, na procura de maior massa crítica de e-Portefólios relacionados com
a Matemática.
No passo seguinte, com o objetivo de obtermos respostas esclarecedoras e importantes
para o estudo, a partir da informação recolhida elencámos um conjunto alargado de perguntas
possíveis de serem formuladas no âmbito da investigação. Deste conjunto alargado de
hipóteses, selecionámos as seguintes questões respeitantes aos e-Portefólios online de
professores e de alunos, no âmbito do ensino e da aprendizagem de Matemática:
1. Os e-Portefólios online dos alunos e dos professores são reflexivos?
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 5 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
2. Os e-Portefólios online dos alunos e dos professores são colaborativos ou
manifestam essa intenção?
3. Os e-Portefólios online dos alunos e dos professores revelam interesse e
motivação na sua utilização?
METODOLOGIA
Nos estudos de natureza qualitativa, as preocupações da investigação são orientadas
para a procura de significados pessoais, para o estudo das interações entre indivíduos e entre
estes e os contextos, assim como para a compreensão de formas de pensar, atitudes e
perceções. Implica, por isso, que o investigador tenha uma visão holística que favoreça a
obtenção dos dados necessários para fundamentar a narrativa relacionada com o fenómeno
em estudo (Denzin e Lincoln, 2000, Bogdan & Bilken, 1994).
Neste sentido, o paradigma escolhido para o presente estudo é qualitativo ou
interpretativo, na medida em que, como define Coutinho (2011), procura obter a compreensão
e o significado do fenómeno que é estudado, para, de forma indutiva, construir uma teoria que
o explique, num processo que conduz “à produção de um ‘outro’ tipo de conhecimento” (Shaw,
1999, apud Coutinho, 2011, p. 17).
A utilização, a nível conceptual, do método indutivo para responder às questões de
investigação em torno da utilização de e-Portefólios online de professores e alunos, insere-se
na perspetiva de tentar “compreender a situação sem impor expectativas prévias ao fenómeno
estudado” (Mertens, 1997, apud Coutinho, 2011, p. 26).
No início do estudo optámos por efetuar uma revisão de literatura, com o objetivo de
munir a investigação com uma teoria prévia para “fornecer a direcção ao estudo” (Meirinhos &
Osório, 2010, p 7), ao mesmo tempo que realizávamos uma pesquisa alargada de dados com
vista a fornecer a informação necessária à construção das questões de investigação.
Elaboradas as questões de investigação, demos início a uma nova fase de pesquisa
direcionada para a recolha de dados, orientada pelas questões de investigação entretanto
definidas.
Durante o processo de recolha de dados a par das nossas interpretações dos e-
Portefólios analisados, procurámos registar diversos pormenores observáveis, como, por
exemplo, indícios que pudessem revelar o interesses e motivações subjacentes a cada e-
Portefólio, com a finalidade de tornar mais rigorosa e rica a análise dos dados e “ilustrar e
substanciar” (Rausch, 2007) a sua posterior apresentação.
O procedimento de recolha de dados adotado na investigação foi o da análise, na
medida em que, mais do que notações e descrições dos objetos alvo da investigação, os
investigadores procuraram “…inferir traços, significados e relações” (Charles, 1998, apud
Coutinho, 2011, p. 100), orientados pelos objetivos específicos traçados para o estudo. Estes
dados foram primeiramente registados numa grelha criada para o efeito numa folha de cálculo
e, posteriormente, foram transpostos para o programa WebQDA, software de apoio à análise
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 6 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
de dados qualitativos, "desde a fase da recolha de dados, até à fase da escrita das conclusões”
(Souza, Costa, & Moreira, 2011, p. 2).
ANÁLISE DOS DADOS
Foram analisados 30 e-Portefólios, 19 de alunos e 11 de professores, tendo os dados
recolhidos sido registados numa tabela onde constavam as referências definidas para guiar a
investigação, tais como, os sujeitos da investigação (alunos e professores), evidências de
atividades reflexivas e de colaboração/cooperação e, ainda, aspetos indiciadores do interesse
e da motivação colocados na utilização dos e-Portefólios estudados, como, por exemplo, se
são ou não utilizados de forma sistemática e persistente.
A população alvo do estudo é constituída pelos alunos e professores que, em Portugal,
utilizam e-Portefólios online no ensino e aprendizagem de Matemática.
O corpus de dados é probabilístico, sendo constituído pelo conjunto de indivíduos/e-
Portefólios que, de uma forma aleatória, foram localizados na navegação efetuada na Internet.
Esta navegação foi realizada através do motor de pesquisa Google e orientada pelas palavras-
chave: “e-Portefólio”, “portefólio”, “portefólios digital” e “Webfólio”, conjugadas com a palavra
“Matemática”. Na dimensão do corpus de dados procurou-se atingir o número e-Portefólios
considerado necessário para credibilizar os resultados da investigação2.
Com a “leitura flutuante”3 dos dados recolhidos e da sua codificação no programa
informático WebQDA, sobressaiu informação que considerámos relevante para descrever o
fenómeno em estudo, da qual, em conformidade com as questões de investigação, resultou a
definição das seguintes categorias de análise:
Os e-Portefólios dos alunos são utilizados de forma reflexiva ou somente como
repositórios de conteúdos?
Os e-Portefólios dos professores são utilizados de forma reflexiva ou somente
como repositórios de conteúdos?
Os e-Portefólios dos alunos são utilizados de forma colaborativa ou manifestam
esse propósito?
Os e-Portefólios dos professores são utilizados de forma colaborativa ou
manifestam esse propósito?
Os e-Portefólios dos alunos são utilizados de forma sistemática e persistente
revelando interesse e motivação dos seus autores?
2 Coutinho (2011, p. 93) refere que “amostras inferiores a 30” podem “comprometer os
resultados da investigação.”
3 Nome dado às primeiras leituras dos materiais recolhidos durante o processo de recolha de
dados com a finalidade de fazer emergir as primeiras explicações do fenómeno observado
(Bardin, 1997, apud Coutinho, 2011).
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 7 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
Os e-Portefólios dos professores são utilizados de forma sistemática e
persistente revelando interesse e motivação dos seus autores?
Na definição das categorias procurámos assegurar que estas possuem as qualidades de
exclusão mútua, homogeneidade, pertinência e objetividade/fidelidade.
Assim, cada um dos três elementos associados aos sujeitos da investigação (alunos e
professores) só existe numa categoria; cada categoria só contém uma das caraterísticas:
reflexividade, colaboração e utilização sistemática e persistente dos e-Portefólios; as categorias
são pertinentes dado que correspondem aos objetivos da pesquisa de conhecer o modo como
os e-Portefólios são utilizados por professores e por alunos no ensino e aprendizagem de
Matemática no que concerne à reflexão, à colaboração e à sua utilização regular e sistemática;
a objetividade e fidelidade na definição das categorias é de modo a que outros pesquisadores
possam chegar aos mesmos resultados.
RESULTADOS
Como é salientado por Amado (2009), na investigação interpretativa, mais do que
“generalizar”, o principal interesse é o de “particularizar” (p. 73), sendo nesse sentido que
procuramos interpretar os dados, procurando encontrar a sua relação com os sujeitos da
investigação e com cada uma das dimensões de análise.
Deste modo, a interpretação dos dados referentes à questão: “Os e-Portefólios online
dos alunos e dos professores são reflexivos?”, permite chegar aos seguintes resultados nas
respetivas categorias de análise:
Na resposta à pergunta: “Os e-Portefólios dos alunos são utilizados de forma reflexiva ou
somente como repositórios de conteúdos?”, verificamos que só menos de metade dos alunos
(42%) efetua algum tipo de reflexão e que a maioria apenas utiliza os e-Portefólios como
repositórios de conteúdos. Alguns exemplos: “O plano de trabalho proposto para esta sessão
consistia na aplicação de um programa, que bem explorado, tem potencialidades para tornar
mais agradável a interiorização de alguns temas da Matemática” (formando em curso de
formação); “Este primeiro período correu bem (…). Penso que a maneira como são lecionadas
as aulas facilitam a aprendizagem dos conteúdos (…), uma vez que não há nada melhor do
que a resolução de exercícios para pôr os conhecimentos adquiridos em prática” (aluna do
Ensino Secundário); “A minha disciplina preferida é Matemática. O meu jogo favorito agora é a
macaca" (aluna do 1º Ciclo).
Na resposta à pergunta: “Os e-Portefólios dos professores são utilizados de forma
reflexiva ou somente como repositórios de conteúdos?”, constatamos que um pouco mais de
metade (54,5%) contêm registos de reflexão sobre conteúdos relacionados não só com a
Matemática mas também sobre outros assuntos, como, por exemplo, a lecionação de aulas e o
próprio meio onde estão a exercer a docência. Alguns exemplos: “…penso ser importante a
abordagem de aspetos relacionados com a História da Matemática, de modo a evidenciar a
construção da Matemática ao longo dos tempos”; “…um dos meus maiores receios na prática
do ensino, centrava-se no controlo da turma, quanto à disciplina a ser mantida na sala de aula.
Julgo ser importante a existência de normas e regras, como o respeito pelo próximo, sendo a
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 8 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
base para que exista um bom funcionamento numa aula”; “a minha personalidade não se
adapta à rigidez, à máscara de um general que tem de comandar com pulso firme as suas
tropas. Prefiro dar valor às relações humanas que se estabelecem no dia-a-dia (…) e que
podem conduzir à resolução pacífica de pequenos problemas que vão surgindo”; “Fiz pesquiza
na internet de sites sobre temas específicos dos programas de matemática do secundário,
nomeadamente, probabilidades, poliedros, funções logarítmicas e números complexos”.
TABELA 1 REFLEXIBILIDADE DOS E-PORTEFÓLIOS
A interpretação dos dados referentes à questão: “Os e-Portefólios online dos alunos e
dos professores são colaborativos ou manifestam essa intenção?”, permite chegar nas
respetivas categorias de análise:
Na resposta à pergunta: “Os e-Portefólios dos alunos são utilizados de forma
colaborativa ou manifestam esse propósito?”, constatamos que somente dois alunos os
utilizam desse modo ou que manifestam esse propósito, como é exemplo a seguinte
mensagem de um aluno aos visitantes do seu e-Portefólio: "Aqui poderá conhecer um pouco do
meu trabalho (…). Se necessitar de alguma informação (…) basta (…) seguir o link (…), assim
todos poderão dar a sua opinião".
Na resposta à pergunta: “Os e-Portefólios dos professores são utilizados de forma
colaborativa ou manifestam esse propósito?”, verificamos que menos de metade (45,5%)
evidencia atividades ou propósitos nessa perspetiva. Num destes casos o professor descreve a
página online como sendo para “apoio aos meus alunos de Matemática (principalmente) ”, e
interagecom estes: “Cá estão duas fichas de avaliação de 12º ano. A primeira só foca o tema
Probabilidades (…). Bom trabalho!”
TABELA 2 A COLABORAÇÃO NOS E-PORTEFÓLIOS
A interpretação dos dados referentes à questão: “Os e-Portefólios online dos alunos e
dos professores revelam interesse e motivação na sua utilização?”, permite chegar aos
seguintes resultados em cada uma das categorias de análise:
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 9 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
Na resposta pergunta: “Os e-Portefólios dos alunos são utilizados de forma sistemática e
persistente revelando interesse e motivação dos seus autores?”, verificamos, através das datas
dos registos online, que somente 47% os utilizam regularmente e até data recente4, e que a
maior parte destes são de alunos do ensino superior. Este resultado pode indiciar falta de
interesse e de motivação em relação aos e-Portefólios.
Na resposta à pergunta: “Os e-Portefólios dos professores são utilizados de forma
sistemática e persistente revelando interesse e motivação dos seus autores?, constatamos que
em nenhum caso e-Portefólio dos professores é utilizado regularmente. Em vários e-Portefólios
identificam-se -se coincidências entre a sua criação e utilização e a frequência de
cursos/formações, expressando a ideia de que os e-Portefólios terão sido criados nesse
contexto e deixados de serem utilizados quando as ações formativas terminaram.
TABELA 3 REGULARIDADE DA UTILIZAÇÃO DOS E-PORTEFÓLIOS
CONCLUSÕES
Movidos pela nossa convicção de que a utilização de e-Portefólios é vantajosa tanto para
alunos como para professores nas suas atividades educativas/formativas, com este estudo
procurámos conhecer melhor o modo como se perceciona a sua adoção no âmbito da
Matemática, tomando como alvo do estudo os e-Portefólios colocados online. Apesar de não
pretendermos generalizar os resultados a que chegámos, entendemos, contudo, que estes
contribuem para se ter uma perceção mais próxima da realidade acerca dos domínios
estudados, permitindo-nos chegar às seguintes conclusões:
Que a dificuldade em pesquisar e-Portefólios na Internet com conteúdos relacionados
com a Matemática indicia que a sua utilização online é diminuta, tanto por alunos como por
professores. Atendendo a que são cada vez mais os alunos e os professores que recorrem às
tecnologias para os mais diversos fins do dia a dia, incluindo para as atividades educativas, a
reduzida utilização pode também significar o desaproveitamento de competências tecnológicas
de que estes já são possuidores.
Que o exercício de atividades reflexivas nos e-Portefólios é igualmente diminuta,
funcionando estes, na maior parte dos caos, apenas como repositórios de conteúdos. Apesar
disso, alguns dos e-Portefólios analisados contêm exemplos significativos de autoavaliação e
de reflexão sobre experiências.
4 Adotámos como critério de data recente os que fizeram atualizações em 2012.
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 10 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
Que é reduzida a colaboração verificada nos e-Portefólios, sobretudo nos dos alunos.
Dadas as potencialidades de comunicação/feedback e entreajuda que os e-Portefólios
proporcionam, bem como o facto de a sua utilização na Internet permitir “recorrer à inteligência
coletiva e beneficiar com ela” (Barbas, 2010, p. 26), é importante que alunos e professores
sejam incentivados a usarem este artefacto, bem como a sua partilha na Web.
Que uma grande parte dos e-Portefólios que deixaram de ser utilizados terão sido
gerados em contextos de cursos e formações, e que apesar das causas para a sua não
utilização poderem ser diversas (domínio das tecnologias, falta de tempo, etc.), uma das
principais razões poderá ser a insuficiente informação, ou mesmo desconhecimento, sobre os
benefícios que os e-Portefólios podem proporcionar aos seus utilizadores. Mais informação e
formação poderão ser medidas importantes a tomar para que as vantagens que os e-
Portefólios têm para oferecer sejam melhor percecionadas.
Acreditamos que os resultados deste estudo contribuem não só para uma visão mais
real sobre o modo como os e-Portefólios estão a ser utilizados no nosso país, como também
para perspetivar medidas adequadas para superar atrasos e dificuldades, bem como para
promover a adoção e o bom uso dos e-Portefólios no ensino e na aprendizagem de
Matemática, bem como na educação/formação em geral.
Os resultados realçam, também, a necessidade de serem prosseguidas linhas futuras de
investigação, nomeadamente em torno de domínios como a personalização, a colaboração e a
aprendizagem ao longo da vida, de forma a contribuir para o conhecimento e a implementação
de ferramentas digitais que serão fundamentais nos processos de aprendizagem do futuro,
entre as quais se situa o e-Portefólo.
LIMITAÇÕES
Como limitações ao desenvolvimento deste estudo destacamos, em primeiro lugar, a
grande dificuldade em localizar e-Potefólios na Internet, devido à sua notória escassez
revelada durante a pesquisa.
Com o decorrer da investigação constatámos a necessidade de um maior detalhe
relativamente aos diferentes tipos de reflexividade e de colaboração que podem ser apreciados
nos e-Portefólios. Os resultados, nesses domínios, refletem, por isso, uma interpretação
genérica dos dados recolhidos. Ainda assim, consideramos que respondem aos objetivos
fundamentais da investigação: conhecer melhor o modo como os e-Portefólios online estão a
ser utilizados para, em função desse conhecimento, contribuir para estimular e melhorar a
utilização de e-Portefólios online nos processos de ensino e aprendizagem. As medidas que
propomos e as ideias para investigação futura, vão nesse sentido.
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 11 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alves, A. P. G., & Maria João. (2007). Desenvolvimento de portefólios electrónicos no ensino da Matemática. Paper presented at the Congresso ProfMat-07, Lisboa.
Amado, J. (2009). Introdução à Investigação Qualitativa em Educação (Faculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação ed., pp. 334).
Asturias, H. (1994). Using Students’ Portfolios to Assess Mathematical Understanding. The Mathematics Teacher, 87
(9), 698-701.
Barbas, M. (2010). E-PORTEFÓLIO 2.0: instrumento pedagógico de inclusão social e empregabilidade. Chamusca:
Edições Cosmos.
Barca, A., Peralbo, M., Porto, A., Duarte da Silva, & B. e Almeida, L. (2007). E-PORTEFÓLIOS: UM ESTUDO DE
CASO NO ENSINO DA MATEMÁTICA. Paper presented at the Congreso Internacional Galego-Portugués de
Psicopedagoxía, Coruña.
Barrett, C. (2005). The Research on Portfolios in Education. Disponível em: http://electronicportfolios.org/ALI/research.html. Acedido em Maio de 2012.
Barret, H. (2006). Using Electronic Portfolios For Formative/ Classrom-based assessment. Disponível em:
http://electronicportfolios.com/portfolios/ConnectedNewsletter.pdf. Acedido em Dezembro de 2011.
Barret, H. (2006). Using Electronic Portfolios For Formative/ Classrom-based assessment. Disponível em:
http://electronicportfolios.com/portfolios/ConnectedNewsletter.pdf. Acedido em Dezembro de 2011.
Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Bogdan, R., & Bilken, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora.
Booth, W., Colomb, G., e Williams, J. (2008). A arte da pesquisa. São Paulo: Martins Fontes. Castells, M. (2004). A Galáxia Internet. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Coutinho, C. (2011). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. Coimbra: Almedina. Denzin, N. e Lincoln, Y. (2000). Handbook of qualitative research. Thousand Oaks, CA: Sage.
Erikson, F. (1986). Qualitative methods in research on teaching. In M. Wittrock (Ed.), Handbook of research on teaching
(pp. 195-302). New York: Macmillan.
Garrison, L. (1999). Mathematical Portfolio: Using Mathematics Portfolios with Latino Students. In Walter G. Secada;
Luis Ortiz-Franco; Norma G. Hernandez; Yolanda De la Cruz (editores). Changing the Faces of Mathematics, Perspectives on Latinos. Reston: National Council of Teachers of Mathematics, p. 85-97.
Gouveia, C. R. F. G. (2011). O e-portefólio como instrumento de avaliação e aprendizagem no contexto de cursos
online: A perspectiva dos estudantes. Mestrado, Universidade Aberta. Retrieved from http://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1997/1/O_eportefolio_como_inst_de_aval_e_aprend_no_contexto_de_cursos_online.pdf.
Guba, E. e Lincoln, Y. (1994). Competing paradigms in qualitative research. In: Denzin N. e Lincoln Y. (Eds.). Handbook
of Qualitative Research (pp. 105-117). Thousand Oaks, CA: Sage Publications. Johnson, R., e Doyle, A. (2006). Developing portfolios in education: a guide to reflection, inquiry, and assessment.
Thousand Oaks, California: Sage Publications, Inc.
Lorenzo, G. e Ittelson, J. (2005). An Overview of E-Portfolios. Educause: Educause Learning Initiative, edited by Diana
Oblinger. Disponível em: http://educause.edu/ir/library/pdf/ELI3001.pdf. Acedido em Novembro de 2008.
Meirinhos, M. e Osório, A. (2010). O estudo de caso como estratégia de investigação em educação. EDUSER: revista
de educação, 2(2), 17.
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL vol. X N. X (2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.ua.pt//index.php/ilcj/index
- 12 – E-PORTEFÓLIOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ARTUR RAMÍSIO, ALDINA RODRIGUES
Monteiro, M. M. (2008). Área de Projecto. Porto: Porto Editora.
Patton, M. (2002). Qualitative research e evaluation methods. Thousand Oaks, California: Sage Publications.
Rausch, R. B. (2007). A reflexibilidade promovida pela pesquisa na formação inicial de professores. Disponível em:
http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT08-5113--Int.pdf. Acedido em Maio de 2012. Redecker, C., Leedertse, M., Punie, Y., Gijsbers, G., Kirschner, P., Stoyanov, S., & Hoogveld, B. (2011). The Future of
Learning: Preparing for Change. Luxembourg: Publications Office of the European Union.
Sá-Chaves, I. (2005). Os "Portfolios" Reflexivos (Também) Trazem Gente Dentro. Porto: Porto Editora.
Scallon, G. (2003). Le Portfolio ou Dossier D’apprentissage. Guide Abrégé.
Souza, F. N., Costa, A., & Moreira, A. (2011). Questionamento no Processo de Análise de Dados Qualitativos com
apoio do software WebQDA. EDUSER: revista de educação, Vol 3(1).
Souza, F. N., & Souza, D. N. (2011). Editorial - Formular Questões de Investigação no Contexto do Corpus Latente na
Internet. Internet Latent Corpus Journal, 2, N. 1, 5.
Recommended