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Questões Comentadas
Capítulo 1 - O Texto em Nosso Cotidiano
1 - São exemplos de linguagem não-verbal:
a) sinais de trânsito e uma conversa informal entre alunos e professores.
b) cores das bandeiras e dos semáforos.
c) cantigas infantis.
d) apitos e discursos políticos.
Comentário: Conforme dissemos no texto, a linguagem não verbal ocorre quanto
usamos imagens, figuras, símbolos, tom de voz, postura corporal, pintura, música,
mímica, escultura como meio de comunicação e não a língua. Isso ocorre na
alternativa B, pois as cores da bandeiras têm significados, assim como, as cores das
luzes dos semáforos que orientam o motorista no trânsito.
2 - Que tipo de linguagem encontramos no texto abaixo?
www.blu.com.br/blug/index.php?s=д
a) Verbal.
b) Não verbal.
c) Mista (verbal e não verbal).
d) A placa acima não é considerada texto.
Comentário: Observe que no “outdoor” temos o uso da escrita “ FESTIVAL DE
TEATRO DE CURITIBA. NÃO ADIANTA FUGIR” e da imagem de um rapaz saindo
2
de um buraco, além das logomarcas dos patrocinadores. Portanto, temos dois tipos
de linguagens.
3 - Considerando uma partida de futebol, podemos dizer que só não é texto não-
verbal:
a) os cartões amarelos e vermelhos do juiz.
b) as listras pretas das camisas dos bandeirinhas.
c) o som do apito do juiz.
d) os gritos de gol da torcida.
Comentários: Quando a torcida grita “Goooool”, ela utiliza-se da linguagem verbal
para expressar a sua euforia; isso ocorre porque o termo gol é uma expressão da
língua.
4 - Observe as indicações abaixo e assinale a alternativa correta:
1. Um bilhete escrito para um amigo.
2. Gesto de "Pare" da mão estendida do Guarda de Trânsito.
3. Conversa animada numa roda de amigos.
a) Linguagem não verbal – Linguagem não verbal – Linguagem verbal.
b) Linguagem mista – Linguagem verbal – Linguagem não verbal.
c) Linguagem verbal – Linguagem não verbal – Linguagem mista.
d) Linguagem não-verbal – Linguagem verbal – Linguagem mista.
Comentário: Ao escrever o bilhete, a pessoa usará a linguagem verbal porque ela
empregará termos da língua para transmitir o recado. Um guarda, ao fazer o gesto
“PARE”, está se utilizando da linguagem não verbal, pois é uma ação que tem
sentido mesmo se utilizando apenas da manifestação gestual. Numa conversa entre
amigos, nós usamos a linguagem mista, pois além da utilização da língua, nós nos
comunicamos também mediante gestos, olhares etc.
5 - Baseado na leitura do trecho assinale a alternativa correta quanto à sua principal
temática:
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“Na era da informação tudo é texto. Um slogan político ou publicitário, um anúncio
visual sem nenhuma palavra, uma canção, um filme, um gráfico, um discurso oral
que nunca foi escrito, enfim, os mais variados arranjos organizados para informar,
comunicar, veicular sentidos são texto. O texto não é, pois, exclusividade da palavra.
Para a consagrada bailarina e coreógrafa Martha Graham, a dança é uma forma de
comunicação, logo, é texto – ainda que o código do emissor e do receptor-
expectador não sejam os mesmos.”
(MACHADO, Irene A. Texto & Gêneros: fronteiras, publicado em Espaços da Linguagem na Educação).
a) O texto verbal.
b) O texto não verbal.
c) O texto verbal e o texto não verbal.
d) A dança em forma de texto.
Comentário: O fragmento acima analisa a utilização da linguagem verbal e da não
verbal como formas de comunicação. Os mais variados recursos, tais como
linguístico, imagético, sonoro e artístico, uma vez que estabelecem sentidos, são
considerados textos.
Observe atentamente a tira abaixo e responda as questões 6 e 7:
6 - A partir da observação da tira, podemos dizer que a composição textual da HQ
promove o encontro de duas linguagens, de modo a viabilizar:
a) Duas leituras diferenciadas: uma da imagem e a outra da palavra.
4
b) Uma complementaridade entre o verbal e o visual, produzindo uma
unidade de sentido.
c) Falas que, inscritas em balões à moda do discurso direto, tornam-se
sobrepostas às imagens que excluem dela a relevância necessária para o
entendimento da HQ.
d) Quadros em sequência linear, cuja ordenação pode ser alterada sem que
altere o sentido verbo-visual.
Comentário: Uma vez que o texto é uma unidade de sentido, devemos observar
todos os elementos que fazem parte dele para depreender tal sentido; portanto, não
podemos fazer uma leitura desassociando as linguagens.
7 - Para entender o contexto situacional é preciso:
a) Ativar o meu conhecimento de mundo para compreender que a nota
vermelha é algo ruim e que chuva, noite e vales estão em oposição a sol,
dia e cume caracterizando o que é ruim e bom.
b) Observar a fisionomia da personagem quando olha para a sua prova.
c) Ler somente o que está nos balões e verificar que um quadro é independente
do outro.
d) Saber que a tira trabalha com humor, por isso não há necessidade do
contexto situacional, pois somente o contexto imediato é suficiente para
depreensão de sentido.
Comentário: O contexto imediato é quando o leitor consegue estabelecer relações
de sentido, utilizando apenas os elementos linguísticos que estão presentes no
texto. Já no contexto situacional, além dos aspectos linguísticos, é necessário
ativarmos o nosso conhecimento de mundo, ou seja, trazer para o texto situações
que nos ajudarão a compreender o que está sendo dito. Isto é o que acontece na
tira. O seu sentido está em saber que na nossa cultura a nota vermelha é sinônimo
de uma nota ruim e quando um termo é colocado em oposição ao outro está
estabelecendo duas ideias: o que é bom e o que é ruim.
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8 - Na primeira página da Folha de São Paulo de 22 de outubro de 2004,
encontramos a manchete, cujo título é: “A QUEDA DE FIDEL”. No texto da legenda,
o jornal explica:
O ditador cubano, Fidel Castro, 78, se desequilibra e cai após discursar em Praça de
Santa Clara (Cuba), em evento transmitido ao vivo pela TV; logo depois, ele disse
achar que havia quebrado o joelho e talvez um braço, mas que estava “inteiro”; mais
tarde, o governo divulgou que Fidel fraturou o joelho esquerdo e teve fissura do
braço direito.
Mediante a manchete e o enunciado, podemos depreender:
a) A manchete antecede a leitura do enunciado, sem qualquer outra
interpretação antecedente.
b) Se a manchete for lida sem o enunciado, a interpretação será clara e precisa.
c) O enunciado é o contexto imediato que nos permite compreender, de
forma clara e precisa, o que a manchete quer dizer.
d) É intenção do jornal provocar a possibilidade de outras leituras e o enunciado
apenas confirma essa duplicidade de leitura e não nos esclarece o que de
fato a manchete quer dizer.
Comentário: A manchete de um jornal é aquilo que está em destaque, neste
caso “A QUEDA DE FIDEL” e o enunciado, presente na alternativa C, é o que se
diz sobre a manchete. Mediante a leitura do enunciado, a ambiguidade existente
na manchete é retirada. Isso ocorre por meio do contexto imediato.
9 - Na coluna diária do jornal Folha de São Paulo de 17 de agosto de 2005, José
Simão escreve:
“No Brasil nem a esquerda é direita!”.
Este enunciado:
a) Não é considerado texto, pois não tem sentido uma vez que estão sendo
trabalhadas palavras opostas: esquerda e direita.
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b) Para ser compreendido seria necessário o contexto imediato, pois uma
oração somente tem sentido dentro de um parágrafo.
c) Para ser compreendido é necessário ativar o contexto situacional, a fim
de compreender o que é esquerda e o que é direita.
d) Significa que no Brasil há incoerência de ideias, pois José Simão é um crítico
literário que faz ironia em relação às questões políticas.
Comentário: Mediante o nosso conhecimento de mundo, nós sabemos que o
contexto político designa esquerda para quem é da oposição e direita para quem é
aliado ao governo. Todavia, o termo direita também significa que a pessoa é certa,
correta em suas atitudes. Dessa forma, José Simão se utiliza desses termos para
produzir, intencionalmente, um duplo sentido no enunciado.
10 - Observe as duas manchetes abaixo:
I – “Lula e Brizola: briga de foice pelo 2º lugar” (Notícias Populares, 1989)
II – “A esquerda sobe: Lula encosta em Brizola e entra na briga pelo segundo
turno” (Estado de São Paulo, 1989)
Essas manchetes remetem à disputa presidencial. Levando em consideração as
situações reais de interação: Por que escrevo? Para quem escrevo? De que lugar
social escrevo? Que efeitos de sentido quero provocar? Que efeitos de sentido NÃO
quero provocar? O que sei sobre o assunto de que vou tratar?, é certo dizer:
a) As duas manchetes têm sentidos diferentes porque estão em jornais
diferentes.
b) As duas manchetes, embora tenham o mesmo sentido, foram escritas de
forma diferenciadas porque os leitores dos dois jornais citados não são
os mesmos.
c) São duas manchetes inadequadas para estarem em jornais de circulação
nacional.
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d) Embora tenham sido escritas por jornalistas, as duas manchetes deveriam ter
uma linguagem mais atraente a fim de provocar efeitos de sentido no público
leitor.
Comentário: Quando produzimos um texto, temos que levar em conta quem irá lê-
lo, pois isso nos ajudará a definir a melhor forma de construí-lo. No jornal Notícias
Populares, o público leitor não é o mesmo do jornal Estado de São Paulo, por isso,
embora a manchete seja sobre o mesmo assunto, a forma e a linguagem são
diferenciadas com a clara intenção de atingir a esse público.
11 - Quando Koch e Elias (2007, 11) dizem que “a leitura de um texto exige do leitor
bem mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é
simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor
passivo.”, eles querem afirmar que:
a) não basta somente o leitor conhecer as letras, as imagens, os gestos ou
discernir os sons, pois a leitura é muito mais do que você, simplesmente,
identificar esses elementos. A leitura requer que o leitor, enquanto receptor,
atribua sentido ao texto, por isso, não é uma atividade passiva.
b) ao ler um texto, devemos nos ater ao que está escrito ou ao que está sendo
mostrado, pois não cabe ao leitor fazer inferências para não modificar o conteúdo do
texto.
c) a leitura requer uma amplidão de significados e sentidos. Cabe ao leitor, enquanto
receptor do texto, isolar termos e atribuir possibilidades de leituras e verificar qual a
diversidade de conhecimento que um texto traz.
d) o conhecimento de mundo é importante no momento da leitura, pois eles nos
ajudam a relacionarmos os termos e buscarmos novos significados, mesmo que não
haja sustentação no texto.
Comentário: O código linguístico é aquilo que usamos para nos comunicar,
portanto, um código maior seria a língua e para o estabelecimento dessa
comunicação nós utilizamos os recursos gráficos e sonoros que são letras, imagens
e fonemas (unidades sonoras da língua). Na comunicação há o que diz (emissor) e o
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que ouve (receptor), e dessa forma o leitor se põe no papel de receptor. Na leitura, o
leitor não apenas lerá o código linguístico, mas deverá fazer a interpretação dessa
leitura, por isso ele terá um papel ativo diante do texto.
12 - Em 10 de dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU)
assinou a Declaração Universal dos Direitos dos Seres Humanos. Essa declaração é
composta por trinta (30) artigos que representam os desejos e anseios dos seres
humanos de viverem em igualdade, fraternidade e liberdade no planeta Terra.
Sobre o conceito de seres humanos contido na Declaração dos Direitos Humanos, é
correto afirmar:
a) Circunscreve-se aos cidadãos de um determinado país.
b) Corresponde aos indivíduos com poder de decisão em suas respectivas
comunidades.
c) Limita-se ao conjunto de indivíduos em pleno gozo do direito à liberdade.
d) Estabelece um critério universal para julgar as ações humanas.
Comentário: Para fazermos uma leitura é necessário acionarmos o nosso
conhecimento sociolinguístico, ou seja, o conhecimento de mundo. Para responder
essa questão, há necessidade de saber que a Declaração Universal dos Direitos dos
Seres Humanos tem um caráter mundial e não local.
13 - “[...] uma sociedade somente poderá existir plenamente se respeitar os anseios
de todos os seus cidadãos e respeitar seus direitos fundamentais, incluindo aí o
direito de se ter uma vida digna.”
(SANTOS, Antonio Silveira Ribeiro dos. Dignidade humana e reorganização social. Disponível em: . Acesso em
25 mar.2004).
Com base nos conhecimentos sobre dignidade, direitos e deveres fundamentais, é
correto afirmar:
a) O fato de a humanidade ter ingressado em um estágio de relações plenamente
mercantilizadas justifica a hierarquização na definição de direitos e deveres dos
seres humanos.
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b) O respeito devido a todo e qualquer indivíduo, em face de sua condição
humana, confere significado à dignidade.
c) Dignidade é sinônimo de complacência com os indivíduos cujas práticas
restringem direitos fundamentais.
d) O rol dos direitos fundamentais dos seres humanos deve ser diretamente
proporcional à satisfação incondicional dos anseios individuais.
Comentário: Quando falamos de respeito aos direitos e dignidade numa relação
social, pressupõe-se uma coletividade com as mesmas condições e não uma
individualidade sobreposta à outra.
14 - O poema “Morte no avião”, de Carlos Drummond de Andrade, descreve o último
dia de um homem marcado para morrer em um desastre aéreo.
Analise com atenção os comentários contidos nas opções e assinale aquele que
CONTRARIA a compreensão do segmento a que se reporta.
Acordo para a morte.
Barbeio-me, visto-me, calço-me. (...)
Tudo funciona como sempre.
Saio para a rua. Vou morrer.
Não morrerei agora. Um dia
inteiro se desata à minha frente. (...)
Visito o banco. (...)
Passo nos escritórios.(...)
Estou na cidade grande e sou um homem
na engrenagem. (...)
A fatura. A carta. Faço mil coisas
Que criarão outras mil, aqui, além, nos Estados Unidos.
[Comentário contido na letra a]
Tenho pressa. Compro um jornal. É pressa
embora vá morrer. (...)
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Comprometo-me ao extremo, combino encontros
a que nunca irei, pronuncio palavras vãs,
minto dizendo: até amanhã. Pois não haverá.
[Comentário contido na letra b]
Subo uma escada. Curvo-me. Penetro
no interior da morte.
A morte dispôs poltronas para o conforto
de espera. Aqui se encontram
os que vão morrer e não sabem.
[Comentário contido na letra c]
(...) golpe vibrado no ar, lâmina de vento
no pescoço, raio
choque estrondo fulguração
rolamos pulverizados
caio verticalmente e me transformo em notícia.
[Comentário contido na letra d]
(Baseado em artigo de Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 17/03/2006)
a) O narrador do poema tem plena consciência de que vai morrer dali a pouco, e, no
entanto, não deixa de cumprir os pequenos rituais da vida.
b) Postergando compromissos, o narrador resolve apressar seu embarque
para tornar menos dolorosa a angustiante espera do fim próximo.
c) Consciente de que a hora é chegada, o narrador entra no avião. Não há mais
como retroceder do salto para a morte.
d) A teia de pequenos movimentos cotidianos pulveriza-se no ar e desfaz-se em
tragédia.
Comentário: A opção B não se sustenta no texto, pois o eu-lírico, mesmo ciente da
morte, marca compromissos e procura agir como alguém que, simplesmente, iria
entrar num avião para fazer uma viagem. Confrontada com a realidade, a fantasia do
poeta revela-se poderosamente verdadeira. É fruto da fantasia imaginar alguém que
11
tenha cabal consciência de que dali a pouco embarcará para a morte (como um
terrorista). Mas, por trás da fantasia, esconde-se a poderosa verdade de quão
distraídos nos arrastamos em direção a ela. No poema, a morte naquele dia mesmo,
no avião, funciona como metáfora para a morte em geral. Os seres humanos sabem
que vão morrer. Têm plena consciência disso. E, no entanto, vão tocando como se
não tivessem um encontro marcado com a morte – e se vestem, calçam-se, vão ao
banco, compram o jornal. Chegam a dizer "até amanhã" quando amanhã não há.
15 - Leia o texto abaixo e responda a questão:
SERMÃO DO BOM LADRÃO
“Não são só ladrões, diz o Santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que vão se
banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente
merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos, ou o
governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já
com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem,
estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem
temor nem perigo; os outros, se furtam são enforcados, estes furtam e enforcam.”
(Padre Antônio Vieira)
De acordo com o texto lido, assinale a alternativa CORRETA:
a) O autor critica os ladrões porque eles invadem a propriedade alheia.
b) Vieira acha que a propriedade privada deve ser defendida a qualquer custo,
mesmo que para isso inocentes sejam confundidos com criminosos.
c) O autor distingue dois tipos de ladrões: os que estão no poder e roubam os
povos e os outros comuns que roubam e são enforcados.
d) De acordo com o texto, o autor acha que apesar de haver dois tipos de ladrões,
ambos devem ser enforcados, pois ladrão é sempre ladrão.
Comentário: O Padre Antonio Vieira quando inicia dizendo “Não são só ladrões os
que cortam bolsas...” começa a estabelecer uma comparação, ou seja, existem
outros ladrões. Os outros ladrões são aqueles que investidos de autoridades
despojam os povos sem medo e enforcam àqueles que, apenas, roubam a bolsa.
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Leia o poema Mar Português de Fernando Pessoa e responda as questões 16, 17 e
18.
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu"
16 - Quanto ao poema Mar Português é correto afirmar que:
a) O povo Português é extremamente religioso.
b) Grande parte do sal existente no mar é resultado das lágrimas de Portugal
ou do povo Português.
c) O homem não pode ficar preso às pequenas coisas, uma vez que ele tem ao seu
redor o mundo para conquistar.
d) Há uma descrição das belezas existentes em Portugal e das suas grandes
conquistas.
Comentário: Uma vez que enfatizamos na teoria, que o texto é produto de um
diálogo estabelecido com a história, ou seja, os textos trazem na sua superfície
marcas que apontam as questões ideológicas daquele que os produz, podemos
observar que no poema de Fernando Pessoa, há uma busca do resgate histórico do
período colonizador do povo português. Nesse poema, ele procura retratar que
mediante a dor, tanto dos marinheiros quanto de seus familiares, houve a grandeza
13
da conquista. Na questão acima, os primeiros versos falam, justamente, a respeito
da dor dos familiares que choraram a despedida e a saudade.
17 – Em relação aos versos “Por te cruzarmos, quantas mães choraram, / Quantos
filhos em vão rezaram! / Quantas noivas ficaram por casar / Para que fosses nosso,
ó mar!”, pode-se dizer que:
a) Portugal, para entrar na posse do mar – que representa a ampliação do
espaço do território português – teve necessidade de passar pelo
sofrimento e pela dor, representados pelo choro das mães, a prece dos
filhos e as privações das noivas.
b) Enfrentar a dor e o sofrimento era um precedente para a conquista marítima.
c) O poema quer traduzir a dor inconsolável da despedida daqueles que foram
escolhidos para estar nas embarcações marítimas, na época da colonização
brasileira.
d) O desejo de conquista dos portugueses foi maior que os valores familiares, por
isso, Portugal sofre até hoje as consequências desse ato.
Comentário: Esses versos destacados dão sustentação à temática do poema,
estabelecendo uma relação de sentido com o que o poeta está dizendo, por isso, há
a ênfase ainda da dor que proporcionou as grandes conquistas portuguesas.
18 - Sobre os dois últimos versos “Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele
é que espelhou o céu", podemos afirmar que eles enfatizam:
a) Os perigos existentes no mar, enfrentados pelos marinheiros, são reflexos das
tempestades que caem do céu.
b) Se o mar é perigoso, na mesma medida, ele é o espelho da grandeza e da
sublimidade, já que é nele que se reflete o céu.
c) As profundezas do mar são inatingíveis, por serem perigosas, mas a beleza do
céu é reluzente.
d) Embora os marinheiros enfrentem os grandes perigos das navegações, eles são
guardados por Deus.
14
Comentário: O primeiro verso enfatiza a ideia do perigo que o mar representa,
todavia, mediante a conjunção “mas”, ocorre uma oposição de ideias, mostrando
não mais o perigo, mas sim a sublimidade que o céu representa.
15
Leia o texto abaixo para responder as questões 19 e 20.
Divã
Martha Medeiros
Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma
mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e
liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá
de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço.
Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive
medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na
rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém
desconfia do meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto cor-
de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima
de nada. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para
eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos. Nossa,
pareço uma metralhadora disparando informações como se estivesse preenchendo
um cadastro para arranjar marido. Ponha na conta da ansiedade. A propósito, tenho
marido e tenho três filhos.
Sou professora, lecionei por muitos anos em duas escolas, mas depois passei
a me dedicar apenas às aulas particulares, ganho melhor e sobra tempo para me
dedicar à minha verdadeira vocação, que são as artes plásticas. Gosto muito de
pintar, montei um pequeno ateliê dentro do meu apartamento, ali eu me tranco e é
onde eu consigo me encontrar. Vivo cercada de pessoas, mas nunca somos nós
mesmos na presença de testemunhas.
Às vezes me sinto uma mulher mascarada, como se desempenhasse um
papel em sociedade só para se sentir integrada, fazendo parte do mundo. Outras
vezes acho que não é nada disso, hospedo em mim uma natureza contestadora e
aonde quer que eu vá ela está comigo, só que sou bem-educada e não compro briga
à toa. Enfim, parece tudo muito normal, mas há uma voz interna que anda me
dizendo: "Você não perde por esperar, Mercedes." É como se eu tivesse, além de
uma consciência oficial, também uma consciência paralela, e ela soubesse que não
vou segurar minhas ambiguidades por muito tempo.
16
Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na
minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me
deixa com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope.
Faz eu dizer tudo ao contrário do que penso: nessa horas não sei aonde vão parar
minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar
pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.
Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora,
porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou
promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também.
Prepare-se para uma terapia de grupo.
(http://fernandachaves.blogspot.com/2009/06/diva-martha-medeiros-sou-eu-que-comeco.html)
19 - Nesse primeiro capítulo do romance Divã, de Martha Medeiros, a personagem
Mercedes conversa com seu analista. Levando em conta os aspectos ideológicos,
podemos afirmar que:
a) O problema que atormenta Mercedes é o mesmo que atormentaria uma mulher
na década de 1940.
b) Os valores sociais sugeridos nesse texto são os mesmos valores almejados pelas
mulheres em todo o século XX.
c) Não haveria possibilidade de esse texto ser publicado no século XIX, pois as
concepções ideológicas sócio-históricas não permitiriam, normalmente, a
formação dessas ideias.
d) Esse texto marca concepções correntes ideológicas de uma época atual e essas
concepções só são possíveis, porque elas são uma reprodução de aspectos
ideológicos cristãos.
Comentário: Conforme comentamos no texto no material de estudo “não há
nenhuma ordem social que opere exclusivamente pela força, mas procura o
assentimento daqueles que são governados por essa ordem social. É desse
assentimento que resulta a ideologia configurada como legitimação da realidade,
como reflexo das estruturas sociais. Essas estruturas passam a impor aos sujeitos
sentidos institucionalizados, tomados como naturais. Dá-se aí a inserção histórica, o
assujeitamento ideológico do falante. O sujeito leva à concepção da ideologia como
“integração”, ou seja, como um fato cuja natureza congrega indivíduos em torno de
17
determinadas crenças, de determinados propósitos ou ideais.”, percebemos que é
justamente essa questão que ocorre no trecho citado para análise. A visão de
mulher mostrada no texto não reflete a mesma visão do século XIX. É certo que
existiram algumas mulheres que procuraram romper com alguns modelos sociais e
agiram à frente de seu tempo, todavia, não chegaram a tecer o mesmo padrão de
“mulher moderna” proposta pela personagem Mercedes.
20 - Ao longo do texto, Mercedes nega uma série de valores tradicionalmente
associados à imagem de mulher como esposa e mãe. Qual trecho sustenta essa
afirmação?
a) “odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações”
b) “brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo”
c) “Sou professora, lecionei por muitos anos em duas escolas, mas depois passei a
me dedicar apenas às aulas particulares, ganho melhor e sobra tempo para me
dedicar à minha verdadeira vocação, que são as artes plásticas”
d) “Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos
fico terna, delicada. Acho que sou promíscua...”
Comentário: A personagem procura desconstruir o papel sacramentado de mulher,
ou seja, a sociedade ainda a vê como “a dona do lar”, “a mãe modelo”, “esposa
perfeita” etc. Quando ela diz “odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações”,
ela se coloca em oposição ao papel esperado da mulher.
21 - Leia e observe, atentamente, os textos abaixo:
Texto 1
Mário Chamie. Lavra-lavra.
18
Texto 2
“O texto da literatura é um objeto de linguagem ao qual se associa uma
representação de realidades físicas, sociais e emocionais mediatizadas pelas
palavras da língua na configuração de um objeto estético”
(Proença Filho, 2004, p. 8)
a) O primeiro texto é construído predominantemente por elementos abstratos, por
isso é considerado um texto temático. O segundo foi composto basicamente por
termos concretos, dessa forma é considerado texto figurativo.
b) O primeiro é composto basicamente por termos concretos, dessa forma é
considerado texto figurativo. O segundo é formado predominantemente por
elementos abstratos, por isso é considerado um texto temático.
c) O primeiro é construído predominantemente por elementos abstratos, por isso é
considerado um texto figurativo. O segundo é formado basicamente por termos
concretos, dessa forma é considerado texto temático.
d) O primeiro é composto basicamente por termos concretos, dessa forma é
considerado texto temático. O segundo é formado predominantemente por
elementos abstratos, por isso é considerado um texto figurativo.
Comentário: No primeiro texto, observamos que o autor Mário Chamie trabalha com
elementos concretos, figuras, ou seja, termos que remetem a algo presente no
mundo natural, tais como, “chuva, pedra, calçada, palavra etc”, por isso, designamos
como texto figurativo. Já no segundo texto, Proença Filho faz a definição de texto
literário, para isso, ela trabalha com elementos abstratos, isto é, a palavra que não
indica algo presente no mundo natural, mas é uma categoria que ordena o que está
nele manifesto; isto significa que os termos são apenas conceituais, tais como,
“linguagem, representação, emocionais, objetos estéticos etc.”
19
22 - Leia a fábula a seguir:
A FORMIGA E A POMBA
Uma Formiga foi à margem do rio para beber água e, sendo arrastada pela
forte correnteza, estava prestes a se afogar.
Uma Pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha e a
deixou cair na correnteza perto dela. A Formiga subiu na folha e flutuou em
segurança até a margem.
Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se
preparava para colocar varas com visgo perto da Pomba que repousava nos galhos
alheia ao perigo.
A Formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele
repentinamente deixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a Pomba
voasse para longe a salvo.
De acordo com a temática desenvolvida nessa fábula, qual poderia ser a moral da
história?
a) Quem é grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar
sua gratidão.
b) Os preguiçosos colhem o que merece.
c) Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
d) Quem com ferro fere com ferro será ferido.
Comentário: A Formiga e a Pomba são personificadas na fábula, tanto que esses
termos aparecem com iniciais em maiúscula. Quando depreendemos a moral,
achamos a temática que é desenvolvida nela. No início da fábula, a Formiga estava
em apuros e foi ajudada pela Pomba, que, por conseguinte, obteve a ajuda da
Formiga, quando o caçador iria capturá-la. Isso é uma demonstração de gratidão.
20
É muito comum, nos vestibulares, termos dois ou mais textos para que o candidato
depreenda a temática de cada um a fim de desenvolver a sua redação. Muitas
vezes, o aluno não consegue entender qual é o assunto principal que está sendo
tratado, o que acaba prejudicando-o na avaliação. A seguir, nas questões 32 a 35,
temos alguns modelos que foram elaborados nos vestibulares da FUVEST.
Procurem ler os textos com atenção para fazer os exercícios.
23 - (Adaptado da FUVEST 94)
"Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje o mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena parabolicamará"
(Gilberto Gil)
"Como democratizar a TV, o rádio, a imprensa, que são o oxigênio e a fumaça que a
nossa imaginação respira? Como seria uma TV sem manipulação? São perguntas
difíceis, mas a luta social efetiva e, sobretudo, um projeto de futuro, são impossíveis
sem entrar nesse terreno."
(Roberto Schwarz)
"Tevê colorida
fará azul-rósea
a cor da vida?"
(Carlos Drummond de Andrade)
De acordo com os textos acima, a melhor temática a ser desenvolvida numa
redação seria:
a) A televisão como símbolo da globalização.
b) Os meios de comunicação como fontes de sobrevivência.
c) A televisão como meio de influência e aproximação dos povos.
d) A televisão como contaminação do mundo colorido.
21
Comentário: Na canção de Gilberto Gil, o autor trabalha com a oposição grande /
pequeno e mundo / Terra, dizendo que hoje a Terra se torna pequena pela facilidade
de comunicação que há mediante “a antena parabólica”. No segundo texto, Roberto
Schwarz diz que aquilo que imaginamos é fruto dos meios de comunicação e a TV
exerce um poder grande de manipulação. No poema de Carlos Drummond de
Andrade, há o questionamento se a TV, sendo colorida, torna colorida a vida das
pessoas. Diante disso, vemos que os três textos falam sobre a TV e como ela
influencia e ao mesmo tempo torna rápida a notícia entre os povos.
24 - (Adaptado FUVEST 95)
Em muitas pessoas já é um descaramento dizerem "Eu".
T.W. Adorno
Não há sempre sujeito, ou sujeitos. (...)
22
Digamos que o sujeito é raro, tão raro quanto as
verdades.
A. Badiou
Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a
neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma
das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a
coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o
que é sempre a mesma coisa.
T.W. Adorno
Relacionando os textos, qual é a temática comum entre eles?
a) A relevância dos pop-stars para a formação de opinião na sociedade.
b) A liberdade adquirida pelo sujeito na sociedade.
c) A padronização dos indivíduos nas sociedades de massas.
d) A vida de mentira vivida pelos grandes cineastas.
Comentário: Os fragmentos de texto e reprodução da obra de Warhol remetem à
ideia da padronização dos indivíduos nas sociedades de massas. As pessoas,
nessas sociedades, são controladas por um programa ideológico que interessa aos
donos do poder. Na obra de Warhol, temos a mesma imagem reproduzida diversas
vezes, dando a ideia de homogeneização. Nos segundo e terceiros fragmentos, o
conceito de sujeito é desconstruído. E o quarto reafirma essas ideias, quando diz
que o individuo mesmo tendo o direito de escolha a faz mediante as imposições
sociais e econômicas.
25 - (Adaptado FUVEST 97)
Texto 1
Na prova de Redação dos vestibulares, talvez a verdadeira questão seja sempre a
mesma: "Conseguirei?". Cada candidato aplica-se às reflexões e às frases na difícil
tarefa de falar de um tema A proposto, com a preocupação em B – "Conseguirei?" –,
para convencer um leitor X.
23
Texto 2
Ao escrever "Lutar com palavras / é a luta mais vã. / Entanto lutamos / mal rompe a
manhã", Carlos Drummond de Andrade já era um poeta maior da nossa língua.
Texto 3
É difícil defender,
só com palavras, a vida
[João Cabral de Melo Neto]
A temática central dos três textos seria:
a) A difícil tarefa de escrever uma redação de vestibular.
b) A dificuldade de se atingir um objetivo, apenas pelas palavras.
c) A dificuldade que os poetas consagrados têm em lidar com as palavras.
d) A luta da vida mediante a poesia.
Comentário: O texto I trata da ansiedade que tem o candidato diante da prova de
Redação: trabalhar um tema imposto a fim de conseguir sua aprovação, mediante o
convencimento de um leitor dele desconhecido. Os versos de Drummond revelam
essa luta com as palavras, conquanto tenha sido poeta maior. João Cabral confirma
essa dificuldade: a de defender algo apenas através de palavras. Portanto, os textos
II e III complementam o tema central do texto I: a dificuldade de se atingir um
objetivo, apenas pelas palavras.
26- (Adaptado FUVEST 2000)
Recentemente, o Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B – SP), visando
proteger a identidade cultural da língua portuguesa, apresentou um projeto de lei
que prevê sanções contra o emprego abusivo de estrangeirismos. Mais que isso,
declarou o Deputado, interessa-lhe incentivar a criação de um "Movimento Nacional
de Defesa da Língua Portuguesa".
Leia alguns dos argumentos que ele apresenta para justificar o projeto, bem
como os textos subsequentes, relacionados ao mesmo tema.
24
"A História nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre
outro se dá pela imposição da língua. (...)"
"...estamos a assistir a uma verdadeira descaracterização da Língua
Portuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária de estrangeirismos –
como ‘holding’, ‘recall’, ‘franchise’, ‘coffee-break’, ‘self-service’ – (...). E isso vem
ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não é exagero supor que
estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar, a comunicação oral
e escrita com o nosso homem simples do campo, não afeito às palavras e
expressões importadas, em geral do inglês norte-americano, que dominam o nosso
cotidiano (...)"
"Como explicar esse fenômeno indesejável, ameaçador de um dos elementos
mais vitais do nosso patrimônio cultural – a língua materna –, que vem ocorrendo
com intensidade crescente ao longo dos últimos 10 a 20 anos? (...)"
"Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha
complacência cultural, e, assim, conscientizar a nação de que é preciso agir em prol
da língua pátria, mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma espécie. (...)"
(Dep. Fed. Aldo Rebelo, 1999)
"Na realidade, o problema do empréstimo linguístico não se resolve com
atitudes reacionárias, como estabelecer barreiras ou cordões de isolamento à
entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo
cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de
criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não
queiram os seus gramáticos, à condição de mero usuário de criações alheias."
(Celso Cunha, 1968)
"Um país como a Alemanha, menos vulnerável à influência da colonização da
língua inglesa, discute hoje uma reforma ortográfica para ‘germanizar’ expressões
estrangeiras, o que já é regra na França. O risco de se cair no nacionalismo tosco e
na xenofobia é evidente. Não é preciso, porém, agir como Policarpo Quaresma,
personagem de Lima Barreto, que queria transformar o tupi em língua oficial do
Brasil para recuperar o instinto de nacionalidade. No Brasil de hoje já seria um
avanço se as pessoas passassem a usar, entre outros exemplos, a palavra ‘entrega’
em vez de ‘delivery’.”
25
(Folha de S. Paulo, 20/10/98)
Levando em conta as temáticas dos textos acima, qual seria o tema comum entre
eles?
a) A preservação da língua portuguesa diante da questão dos estrangeirismos
e dos empréstimos linguísticos.
b) Os portugueses e os alemães como defensores de suas línguas.
c) A influência da colonização na implantação da língua.
d) A preservação da pureza de uma língua, principalmente, a Língua Portuguesa.
Comentário: O tema exigiu que se abordasse a questão da preservação da língua
portuguesa diante da questão dos estrangeirismos e dos empréstimos linguísticos.
Nos três textos de apoio, há alusões ao uso da língua como instrumento de
dominação cultural: no primeiro, o deputado Aldo Rebelo afirma que "a dominação
de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua"; Celso Cunha diz que um
povo não-criativo está condenado "à condição de mero usuário de criações alheias"
e o texto da Folha de S. Paulo exemplifica os alemães (e os franceses) como um
povo "menos vulnerável à influência", mas que corre o risco de radicalizar suas
posições. Seria importante ressaltar que a própria língua portuguesa, como outras
línguas modernas, não são "puras" e as trocas linguísticas podem e devem ser
pensadas, mas sem o caráter de aculturação que tendem a assumir e/ou,
principalmente, sem a perda da identidade cultural.
27 - Leia, a seguir, o depoimento de dois escritores famosos sobre seu fazer.
Para mim, o ato de escrever é muito difícil e penoso; tenho sempre que corrigir e
reescrever várias vezes. Basta dizer, como exemplo, que escrevi 1.100 páginas
datilografadas para fazer um romance no qual aproveitei pouco mais de 300.
(Fernando Sabino)
Quando escrevo para mim mesmo, costumo ficar corrigindo dias e dias – uma
curtição. Corrigir é estar vivo.
(Paulo Mendes Campos)
26
A comparação dos dois pontos de vista expressos acima permite concluir que:
a) ambos os escritores tomam a correção como algo inerente à escrita, embora
experimentem sentimentos opostos quando a realizam.
b) tanto Fernando Sabino quanto Paulo Mendes Campos consideram a (re)escrita
de textos como um trabalho árduo, que exige dedicação e esforço.
c) somente Paulo Mendes Campos aproveita tudo o que escreve para compor suas
obras.
d) o fato de Fernando Sabino apontar a escrita como um ato “difícil e penoso“ indica,
claramente, que ele não se reconhece como um escritor competente
Comentários: Os dois escritores declaram que corrigem os seus escritos, todavia,
para Fernando Sabino, essa correção faz que ele aproveite somente 30% do que ele
havia escrito; já para Paulo Mendes, esse ato de correção é uma curtição.
Para depreendermos o assunto do texto temático, devemos enquadrar todos os
temas disseminados ao longo do texto e englobá-los dentro de um tema geral que
sintetize de maneira ampla todo o conjunto. Leia o texto abaixo, intitulado
“Consumismo” e responda as questões 38 a 40, as quais trabalharão com os
subtemas.
CONSUMISMO
Os homens, através da tecnologia, inventam a cada dia novas formas de
conforto e lazer. E objetos que possam atender à demanda do consumo.
Uma das formas de convencer o consumidor a comprar os novos produtos é a
publicidade. A publicidade é feita das formas mais variadas. Vai de um simples
folheto distribuído nas ruas, ou pelos correios, até sofisticados filmes, que custam
muito caro e que os anunciantes passam nas principais emissoras de televisão ou
nos cinemas.
Nós falamos em televisão, mas é bom lembrar que outros veículos de
comunicação – rádios e jornais – também vivem do que cobram pelos anúncios.
27
Toda essa carga é jogada em cima das pessoas e fica difícil resistir à vontade
de comprar. E comprar cada vez mais, mesmo que não se necessite deste ou
daquele brinquedo, ou eletrodoméstico.
Isto é consumismo. Ele atinge mais diretamente as crianças, que acabam
sempre desejando tudo o que é anunciado. Até por que não têm a noção real do
valor do dinheiro e a dificuldade que seus pais enfrentam para consegui-los.
O consumismo é um mal que deve ser combatido em todas as idades. Mas é
difícil acabar com ele, porque as crianças veem, nas ruas e em suas escolas, os
colegas com um tênis da moda ou uma mochila nova e logo querem ter essas
novidades.
Esse espírito de competição também leva os adultos à compra de objetos que
são absolutamente desnecessários. Se nosso vizinho compra um carro novo, logo
queremos trocar o nosso.
A necessidade da conscientização do que é consumismo é uma busca
constante das famílias hoje em dia. Também de uma grande parte da sociedade. E
todos reconhecem que é preciso resistir ao consumismo.
(André Carvalho e Alencar Abujamra. Consumidor e consumismo. Coleção “Pegante ao José”. Lê. 1993.)
28 - Segundo o texto, o que é consumismo:
a) É o espírito de competição.
b) É um mal que deve ser combatido.
c) É comprar cada vez mais, mesmo que não necessite.
d) É uma necessidade de conscientização.
Comentário: A definição é dada no 4º parágrafo, todavia, ela é só identificada
mediante o pronome “isto” iniciado no 5º parágrafo. “E comprar cada vez mais,
mesmo que não se necessite deste ou daquele brinquedo, ou eletrodoméstico./ Isto
é consumismo.” Embora no texto seja dito que o consumismo é um mal que deve
combatido, isso não é a definição, mas apenas um ponto de vista dado pelo autor.
29 - De acordo com o texto, quem é diretamente mais atingido pelo consumismo?
a) Os jovens pelo excesso de vaidade.
b) Os mais velhos pelo desejo de consumir.
c) As crianças por não terem noção do valor do dinheiro.
28
d) Todas as idades.
Comentário: O texto fala que o consumismo “atinge mais diretamente as crianças,
que acabam sempre desejando tudo o que é anunciado.”, “é um mal que deve ser
combatido em todas as idades”, “leva os adultos à compra de objetos que são
absolutamente desnecessários”, portanto, o consumismo atinge todas as idades.
30 - “Toda essa carga é jogada em cima das pessoas...”. Isso significa que:
a) As pessoas não precisam consumir.
b) Todos esses estímulos ao consumo são dirigidos com insistência às
pessoas.
c) O consumo fica a bel-prazer das pessoas.
d) Só quem tem poder de compra, consome.
Comentário: Esses dizeres retomam o parágrafo anterior que diz “Nós falamos em
televisão, mas é bom lembrar que outros veículos de comunicação – rádios e jornais
– também vivem do que cobram pelos anúncios.”, assim, está se tratando das
propagandas, as quais são atrativos persuasivos para que as pessoas consumam.
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