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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA E INSPEÇÃO DOS ALIMENTOS
GRIPE AVIÁRIA: EPIDEMIOLOGIA
Georgia Rocha Falcão
São Paulo, 16 de Abril 2007.
Georgia Rocha Falcão
Aluna do Curso de Vigilância Sanitária e Inspeção dos alimentos
GRIPE AVIÁRIA: EPIDEMIOLOGIA
São Paulo, 16 de Abril 2007
GRIPE AVIÁRIA: EPIDEMIOLOGIA
Elaborado por Georgia Rocha Falcão Aluna do Curso de Vigilância Sanitária e Inspeção dos alimentos
Foi analisado e aprovado com grau:__________
São Paulo, 16 de Abril de 2007.
----------------------------------------------------------------------- Membro
---------------------------------------------------------------------- Membro
--------------------------------------------------------------------- Professor Orientador Presidente
São Paulo, 16 de Abril de 2007
Dedico,
Este trabalho aos meus pais. Por todo o apoio, afeto,
confiança, perseverança durante mais uma etapa da minha
caminhada e realização profissional.
Agradecimentos
A Deus,
por estar sempre presente em todos os momentos de
superação;
Aos meus pais Antônio e Marluce, pelo apoio, confiança
inabaláveis;
A todos os professores, deste curso de Inspeção de Produtos
de Origem Animal e Vigilância Sanitária, que participaram
nessa caminhada do aprendizado e do conhecimento.
RESUMO FALCAO, Georgia Rocha. Gripe aviária: Epidemiologia
A gripe aviária é uma doença contagiosa, causada por uma variante do vírus influenza tipo A. Especialistas acreditam que todas as aves são susceptíveis a essa infecção, mas algumas espécies são mais resistentes que outras. Até o momento, já foram encontrados 15 subtipos de vírus em aves. Todos os casos que foram detectados eram de vírus do tipo A, dos subtipos H5 e H7; Os vírus do tipo A são encontrados em ambos os tipos de gripe (comum e aviária) e apresentam freqüentes mutações. Assim, eles são bem adaptados para resistir ao sistema imunológico do hospedeiro (humano ou animal). A contaminação humana ocorre com o contato direto com aves infectadas ou com superfícies e objetos contaminados por excreções destas. Os surtos de gripe aviária mais recentes, causados pelo subtipo viral H5N1, já atingem vários paises, com um índice de mortalidade considerado alto em humanos e animais. A maior preocupação atual é a possibilidade de expansão para continentes ainda não atingidos, principalmente através de aves
migratórias. As vacinas produzidas atualmente para a prevenção da gripe no homem são de baixa eficiência, devido à facilidade de mutação do vírus da Influenza. Assim, para a Vigilância epidemiológica, as vacinas não representam uma solução, pois não interrompem a disseminação do vírus e nem podem ser produzidas em quantidade suficiente e custo viável para bilhões de aves.
ABSTRACT FALCAO, Georgia Rocha. Avian Influenza: Epidemiology The Avian Influenza is a contagious disease caused by the virus Influenza type A. Specialists believe that all birds are susceptible to this infection, but a few species are stronger than others. Until the present moment, fifteen subtypes of viruses have been found in birds. All the cases detected were from type A, subtypes H5 and H7. The type A virus is found in both types of flues (ordinary and avian) and present frequent mutations. Therefore, they are well adapted to resist the immunological system of their host (human or animal). The human contamination occurs with the direct contact with the infected birds or with surfaces and objects contaminated by their excretion. The most recent outbreaks, caused by the viral subtype H5N1, have reached many countries with a mortality rate considered high in humans and animals. The most recent worry is the possibility of an expansion of the disease in continents that haven’t been reached yet, especially through migratory birds. The vaccines produced recently for prevention of the flu in humans have low efficiency because the Influenza virus has a facility of mutation. For the epidemiological vigilance, the vaccines do not represent a solution because they do not interrupt the dissemination of the virus and they can not be produced in sufficient quantity and viable cost for billions of birds.
"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da
beleza, porém desviamo-nos dele.
A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou
no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a
passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a
época da produção veloz, mas nos sentimos enclausurados
dentro dela.
A máquina, que produz em grande escala,
tem provocado a escassez. Nossos conhecimentos fizeram-
nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que máquinas, precisamos de
humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de
afeição e doçura!
Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará
perdido."
Charles Chaplin
SUMÁRIO
Dedicatória.....................................................................................................................
iii
Agradecimentos............................................................................................................. iv
Resumo.......................................................................................................................... v
Abstract.......................................................................................................................... vi
Lista de
Tabelas...........................................................................................
..................
x
Lista de
Figuras............................................................................................
.................
xii
Lista de
Abreviaturas....................................................................................
................
xiv
1. Introdução...................................................................................................
01
2. Revisão de Literatura.................................................................................... 06
2.1. Conceito de Gripe aviária.............................................................. 06
2.2.O Vírus H5N1 características gerais............................................... 08
2.3. Vigilância Epidemiológica da Gripe aviária................................. 09
2.4. Sintomas....................................................................................... 10
2.5. Diagnóstico.................................................................................. 12
2.6. Prevenção e Controle.................................................................... 12
2.7. Vacinas......................................................................................... 16
2.7.1 Vacina no homem................................................................... 18
2.7.2 Vacina nas aves...................................................................... 20
3. Conclusão....................................................................................................
22
4. Referências Bibliográficas.......................................................................... 23
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
05
06
Aves importantes para monitoramento da Influenza aviária (suscetíveis de contraírem o vírus da Gripe aviária H5N1 sendo que a suscetibilidade pode ser maior ou menor). 1) Espécies de aves migratórias originárias de zonas infectadas (CANADA, E.U.A.). Charadrius semipalmatus Pluvialis squatarola Arenaria interpres Calidris pusilla Calidris fuscicollis Calidris canutus Calidris alba Tringa flavipis Limosa haemastica Numenius phaeopus Sterna hirundo 2) Espécies de aves migratórias com colônias de reprodução no Brasil e que em resultados laboratoriais foram positivas para influenza: Sterna eurygnata Sterna trudeaui Geloghelidon nilótica Rinchops niger
3) Espécies de aves residentes que visitam os aviários utilizando-os para alimentação, pouso e/ou pernoite: Columbina minuta Columbina picui Columbina talpacoti Troglodytes musculus Coereba flavoela Zonotrichia capensis Ammodramus humeralis Volantina jacarina Sporophila nigricolis Carduelis megellanicus Passer domesticus Estrilda astrild
07
4) Espécie de ave colonizadora que utiliza vegetação do entorno de alagados para pernoite e reprodução Bubulcus idis 5) Espécie de ave migratória que potencialmente predadora de culturas grãos (sorgo, milho, soja). Zenaida auriculata
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
O vírus Influenza pertence há ordem Mononegavirales, família Orthomyxoviridae, a
qual é composta por três principais géneros: Influenza A A, Influenza B e Influenza C.
06
07
05
Microfotografia do vírus da gripe, onde é notória a presença das proteínas de superfície. Retirada http://evunix.uevora.pt/~sinogas/TRABALHOS/2000/virol00_gripe.htm
Figura 2
As partículas virais de Influenza apresentam-se de forma esférica ou filamentosa,
com cerca de 80 a 120 nm de diâmetro no primeiro caso, e até 2000 nm de comprimento por
80 a 120 nm de diâmetro no segundo (16). Os viriões contém um genoma de RNA de cadeia
simples negativa, de simetria helicoidal com diâmetro da nucleocápside de cerca de 9 nm. A
superfície exterior do virião é protegido por um envelope lipídico.
Esquema representativo da estrutura do virião do vírus de Influenza A. Adaptado de Flint S. J. et al; Principles of Virology, 2000.
Retirada: http://evunix.uevora.pt/~sinogas/TRABALHOS/2000/virol00_gripe.htm
LISTA DE ABREVIATURAS
AGID – Imunodifusão em Agar -gel
IA – Influenza Aviária
IATA – Associação Internacional de Transportes Aéreos
HPAI – Vírus de alta patogenicidade
LPAI – Vírus de baixa patogenicidade
LANAGRO – Laboratório Nacional Agropecuário
06
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
OIE – Organização Internacional de Epizootias
OMS – Organização Mundial de Saúde
OPAS – Organização Pan-americana de Saúde
SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde
06
VN – Vírus neutralização 07
07
INTRODUÇÃO
A Influenza Aviária é uma das maiores preocupações mundiais da atualidade. As
variantes de alta patogenicidade causam diversos prejuízos relacionados à mortalidade nos
plantéis avícolas comerciais. A variante H5N1 do vírus pode infectar seres humanos, com curso
severo de infecção. Conhecida há mais de um século, a doença passou a se difundir com maior
rapidez a partir dos anos 50 (OPAS, 2006). Desde então, já dizimou plantéis de frangos em
países de todos os continentes, principalmente na Ásia. Por causa dos danos a saúde humana e
animal e das conseqüências econômicas e sociais, a prevenção e o combate à influenza aviária
são hoje prioridades globais.
No cenário epidemiológico mundial atual, o vírus da influenza aviária H5N1 representa a
ameaça de uma nova pandemia, uma vez que está circulando entre aves em 28 países e neles tem
provocado - de forma esporádica - casos entre seres humanos (AGROLINK, 2006). Há um risco
que este vírus H5N1 possa sofrer uma mutação (ou seja, alterações das suas características
genéticas atuais) e adquirir condições de ser transmitido diretamente entre os seres humanos,
iniciando-se assim uma nova pandemia. Não é possível prever exatamente se e quando isto vai
ocorrer, mas é possível que ocorra. Neste caso, todos os países serão afetados, em maior ou
menor intensidade, dependendo do tipo de mutação que ocorra no vírus e da capacidade de
resposta rápida das autoridades de saúde pública a nível mundial.
O primeiro caso de infecção humana foi em 1997, Hong Kong, variedade H5N1,
chamada de “gripe aviária”, na qual 20 pessoas foram infectadas e 7 morreram. Esse evento
coincidiu com uma epidemia de gripe em populações de frangos em Hong Kong (AGROLINK,
2006). A transmissão do vírus ocorreu após um contato próximo entre as aves vivas infectadas e
as pessoas. Em três dias, um milhão e meio de aves foram sacrificadas, o que levou ao fim da
epidemia.
Os surtos de influenza aviária altamente patogênica que surgiram no sudeste da Ásia em
meados de 2003, e que agora se disseminaram para algumas áreas da Europa, é o maior e mais
grave já registrado. Nove países asiáticos notificaram surtos (lista em ordem de notificação):
República da Coréia, Vietnã, Japão, Tailândia, Camboja, República Democrática do Laos,
Indonésia, China e Malásia. Destes, o Japão, a República da Coréia e a Malásia controlaram seus
surtos e agora são considerados livres da doença. Nos outros locais da Ásia o vírus se tornou
endêmico em muitos dos países inicialmente afetados (AGROLINK, 2006).
No mesmo ano, o continente europeu enfrentou uma desgastante batalha contra a
influenza, iniciada em 2 de março com a confirmação de casos em 6 aviários na Holanda, sendo
que 7 semanas depois o saldo era de 233 focos confirmados neste país, exigindo o sacrifício de
18 milhões de aves. Em 24 de abril autoridades holandesas decidiram sacrificar mais 6 milhões
de aves em áreas de erradicação. O governo estimou na época, perdas para o setor da ordem de
US$ 109 milhões, desconsiderando os gastos no combate à doença. Para a Bélgica, que
diagnosticou alguns focos de influenza nesta mesma época, os custos anunciados foram
próximos aos U$ 22 milhões, envolvendo gastos para controle da doença e danos ao mercado
(AGROLINK, 2006).
Os Estados Unidos no ano de 2002, sofreram com a presença de influenza aviária, o que
resultou em queda nas receitas anuais em U$ 56 milhões (AGROLINK, 2006).
O Canadá diagnosticou a existência de focos de influenza (LPAI, inicialmente, que por
meio de mutações, evolui para HPAI) na Colúmbia Britânica em fevereiro último, e está tendo
sérias dificuldades em controlar a epidemia, a previsão é de destruir 19 milhões de aves
(AGROLINK, 2006).
No início do mês fevereiro de 2006, 15 novos países em 3 diferentes continentes já
registraram surtos de Gripe aviária, são eles: Iraque, Nigéria, Azerbaijão, Bulgária, Grécia, Itália,
Eslovênia, Irã, Áustria, Alemanha, Egito, Índia, França, Bulgária e Romênia (AGROLINK,
2006).
Considera-se risco que para o Continente Americano, a ocorrência da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) na Ásia e outras regiões, seja pelos ciclos migratórios das aves procedentes dessas regiões, ou pela possibilidade do trânsito internacional de aves ou produtos de risco (OPAS, 2006).
A importância da avicultura traduz seus benefícios sociais em geração de empregos e de renda. Perda de competitividade decorrente da imposição de barreiras sanitárias nas exportações no caso de ocorrência da IAAP; com apenas um surto de IAAP em um centro de produção avícola de qualquer país do Continente,,representaria um risco para todos, o que afetaria severamente a economia e incidiria de forma negativa nos níveis de consumo de proteínas de alta qualidade e economicamente acessíveis para as populações. A Influenza Aviária de alta patogenicidade nunca foi diagnosticada no território brasileiro. E sendo hoje o maior exportador de carne de frango do mundo, para mais de 150 países, a precaução com a sanidade a aviária é conseqüência da importância da avicultura na economia brasileira (OPAS, 2006).
Observando o comportamento do mercado e seus reflexos sobre os paises que
recentemente se depararam com o flagelo da gripe aviária, coloca-se em pauta, uma estimativa
sobre o impacto decorrente de uma eventual presença de influenza no Brasil.
Primeiramente, a necessidade de diagnosticar, isolar e erradicar focos de influenza
aviária; segundo o reflexo social, a partir da dimensão do complexo avícola brasileiro, que hoje é
responsável por 4 milhões de empregos diretos e indiretos. A ocorrência da gripe aviária geraria
graves conseqüências para este contingente de trabalhadores; em terceiro, o impacto sobre as
exportações, das restrições impostas por muitos países, diante da comercialização dos produtos
originados pelo frango. É muito baixa a capacidade de absorção do mercado interno para
escoamento da produção que deixará de ser exportada. A demanda nacional de carne de frango é
inelástica, o que significa que para aumentar 1% na quantidade demandada, o preço deve cair
acima deste percentual (AGROLINK, 2006).
Para a saúde pública, a disseminação do vírus aviário influenza A/H5N1 para novas áreas, é preocupante, pois aumenta a possibilidade da ocorrência de novos casos em humanos. De todos os vírus influenza que circulam em aves, o vírus H5N1 é a grande preocupação atual para a saúde humana por duas razões principais. Em primeiro lugar, porque o vírus H5N1 causou o maior número de casos humanos de doença grave e o maior número de mortes. Ele cruzou a barreira inter-espécies para infectar humanos. A segunda implicação, ainda mais preocupante, é o risco de o vírus H5N1 – se tiver oportunidades suficientes – de desenvolver as características necessárias para começar uma outra pandemia de influenza. O vírus já encontrou quase todos os pré-requisitos necessários para dar início a uma pandemia, exceto um: a habilidade de se disseminar eficientemente e sustentavelmente entre humanos. Embora o vírus H5N1 seja atualmente a maior preocupação, a possibilidade de que um outro vírus da influenza aviária
possa infectar humanos, causando a pandemia, não pode ser descartada. Pois o vírus da Influenza aviária tem tendência à mutação (OPAS, 2006).
A OMS recomenda aos países que apresentam relato de surtos em aves domésticas, a
adoção das medidas de precaução e isolamento necessárias, principalmente, durante a operação
de abate dos animais e, que realizem uma vigilância de sintomas respiratórios e febre nas pessoas
com história de exposição. Os sintomas iniciais por vírus influenza A/H5N1 são similares aos de
outras infecções comuns. Como também o contato com animais vivos de mercados e granjas, e
com aves migratórias mortas e aves selvagens infectadas (MONDIAL-ASSISTANCE, 2006).
No Brasil, o Ministério da Saúde está finalizando o seu Plano de Contingência para a
próxima pandemia de influenza. Este Plano vem sendo discutido desde o início do ano passado,
após a constituição do Comitê Brasileiro de Preparação do Plano de Contingência para uma
pandemia de influenza Portaria N° 36, de 22/12/03, publicada no DOU de 23/12/03. Mais
recentemente, foi constituído um grupo de trabalho para acelerar a elaboração do Plano. Este
Plano prevê ações nas áreas da vigilância epidemiológica da influenza humana e animal,
organização da assistência, aquisição de um estoque estratégico de antivirais, investimentos para
a produção nacional de uma vacina específica, informação e comunicação, defesa civil, ações em
portos, aeroportos e fronteiras, dentre outros, e deve integrar um plano global do governo federal
para o enfrentamento de uma situação emergencial como esta, caso ela venha a ocorrer
(MONDIAL-ASSISTANCE, 2006).
Diante dos focos ocorridos de gripe aviária nos 26 países citados, é de grande relevância
um estudo sobre o vírus da gripe aviária, suas características, como pode ser feita a Vigilância no
Brasil e no Mundo para que ela não se alastre, e cause novos focos em paises ainda não afetados.
De modo que possam ser criadas medidas de prevenção, controle, a fim de monitorar os riscos de
uma pandemia, e conseqüências desastrosas para a saúde humana, animal e desordem no setor
industrial de carne de aves no Brasil e no mundo.
REVISAO DE LITERATURA
1- Conceito de Gripe Aviária
A gripe aviária é resultado da infecção das aves pelo vírus da família Orthomyxoviridae,
gênero Influenzavirus A, B, cujas cepas são classificadas ou de baixa ou de alta patogenicidade,
de acordo com a capacidade de provocarem doença leve ou grave nesses animais. A influenza
aviária é uma doença altamente contagiosa, que ocorre menos comumente em suínos. Em raras
ocasiões atravessou a barreira entre as espécies e infectou a população humana. ( MAPA, 2006;
AGROLINK, 2006)
Em aves domésticas, as infecções pelo vírus da IA são classificadas como de alto e baixo
extremos de patogenia, relacionada à capacidade de provocar sintomatologia clínica severa em
aves. As variantes ou cepas chamadas de baixa patogenicidade causam sintomas brandos, que
podem passar facilmente despercebidos. As formas altamente patogênicas são mais marcantes de
observação. As formas altamente patogênicas são mais marcantes de observação. Sua
disseminação no lote de aves ocorre rapidamente, causando síndrome que afeta múltiplos órgãos
internos e a mortalidade pode atingir 100% das aves afetadas, em menos de 48 horas. Espécies
de aves selvagens, principalmente as aquáticas, como patos e marrecos, albergam cepas do vírus
de altas e baixas patogenicidade, sem apresentação obrigatória dos sintomas clínicos. O contato
entre aves domésticas e migratórias tem sido a origem de muitos surtos epidêmicos. A IA pode
ocasionalmente ser disseminada para a população humana e animal, após contato direto dessas
espécies com aves infectadas. ( MAPA, 2006).
A IA é uma doença classificada na lista A da O.I. E, isto é, de notificação compulsória. É
uma doença transmissível com grande poder de difusão e gravidade, podendo se estender às
fronteiras, causando prejuízos sócio-econômicos e sanitários, gerando bloqueio de animais e seus
subprodutos.
A cepa que está circulando de forma epidêmica atualmente entre as aves domésticas da
Ásia e Europa é altamente contagiosa e grave, provocando a dizimação de milhares desses
animais. A exposição direta a aves infectadas ou a suas fezes (ou à terra contaminada com fezes)
pode resultar na infecção humana. (OPAS, 2006)
A influenza aviária é uma doença infecciosa de aves causada por cepas tipo A dos vírus
influenza. A doença ocorre em todo o mundo. Embora todas as aves sejam suscetíveis à infecção
pelos vírus da influenza aviária, muitas espécies de aves selvagens carregam os vírus e não
apresentam sintomas da doença. (BEER, 1999)
Outras espécies de aves, como aves de criatório domésticas, desenvolvem a doença
quando infectadas pelos vírus da influenza aviária. Nas aves de criatório os vírus causam duas
formas distintas de doença, sendo uma mais comum e branda e outra rara e altamente letal. Na
forma branda os sinais da doença podem ser apenas a presença de “penas enrugadas”, redução da
produção de ovos ou leves alterações no sistema respiratório. Os surtos podem ser tão leves que
podem passar despercebidos sem um teste para pesquisa do vírus. (AGROLINK, 2006)
Ao contrário da primeira forma, a segunda é muito menos comum e altamente
patogênica, passando dificilmente despercebida. Primeiramente identificada na Itália em 1878, a
influenza aviária altamente patogênica caracteriza-se por uma doença grave de início abrupto,
altamente contagiosa e com uma taxa de mortalidade de quase 100% em 48 horas. Nessa forma
da doença, o vírus não afeta somente o sistema respiratório como na forma branda, mas também
afeta múltiplos órgãos e tecidos. Como resultado ocorre uma hemorragia interna maciça à qual se
deu o nome de “Ebola dos frangos”. (AGROLINK, 2006)
2- Vírus H5N1: características gerais
Há uma série de variantes do vírus da IA. Essa variação esta relacionada à caracterização
de antígenos de superfície da cepa: hemaglutinina(H) e neuraminidase(N). Aves selvagens são os
hospedeiros naturais da variante H5N1. Esta variante é muito contagiosa entre aves e pode levá-
las a morte, particularmente se ocorrer contato entre espécies migratórias ou selvagens
contaminadas e aves de criação industrial (MAPA, 2006).
O vírus não afeta regularmente a população humana, porém em 1997 ocorreu a primeira
detecção de transmissão entre aves e humanos da cepa H5N1, durante um surto em Hong Kong.
O vírus causou doença respiratória severa em 18 pessoas, com 6 mortes. Desde então, outros
incidentes com H5N1 têm ocorrido com população humana. Contudo, o vírus de IA H5N1 não é
capaz de transmitir-se entre humanos. A disseminação do vírus entre aves ocorre pela saliva,
secreções nasais e fezes. A disseminação para aves susceptíveis ocorre quando elas têm contato
com excretas contaminadas. Os casos na população humana de H5N1 são resultados de contato
com aves ou fômites infectados. ( MAPA, 2006).
O vírus da influenza aviária foi descrito por Beach, em 1926, e isolado, em ave, em 1934,
por Burnet. Apresenta alta transmissibilidade, podendo a ave infectada morrer em torno de
quatro dias. Mas a maior parte pode permanecer como portadora sã. Os vírus de IA possuem 16
subtipos de H e 9 subtipos de N. Apenas os subtipos H5N1, H7N7 e H9N2 são conhecidos por
causar a forma altamente patogênica da doença, contudo nem todos os vírus H5, H7 ou H9 são
altamente patogênicos e irão necessariamente causar doença severa nas aves. ( MAPA, 2006).
Hoje, o vírus da influenza aviária H5N1 permanece sendo uma doença de aves. A
barreira entre as espécies é significante, pois o vírus não transita facilmente entre aves e
humanos. Apesar da infecção de 10 milhões de aves de criatório em grandes áreas geográficas
por mais de 2 anos, menos de 200 casos humanos foram confirmados por laboratório. Por razões
desconhecidas, a maior parte desses casos ocorreu em domicílios rurais e peri-urbanos onde
pequenos bandos de aves de criatório são mantidos. Novamente por razões desconhecidas,
poucos casos foram detectados em grupos considerados de alto risco, como avicultores,
vendedores de aves, abatedores, veterinários e a equipe de profissionais da saúde que cuida dos
pacientes sem o equipamento de proteção adequado. Também inexistente é a explicação para que
a maior concentração de casos, ocorra em crianças e adultos jovens previamente saudáveis. São
urgentemente necessárias pesquisas para se determinar as circunstâncias da exposição,
comportamentos e possíveis fatores genéticos ou imunológicos que favoreçam a infecção
humana.
O agente H5N1 provou ser bastante perigoso, desde 2003, quando se iniciaram
focos de alta patogenicidade no sudoeste asiático. Verificou-se o sacrifício e morte de 150
milhões de aves. O vírus é considerado endêmico em muitos paises da Ásia. O controle da
doença nas aves levara muitos anos.
3- Vigilância epidemiológica da gripe aviária
O Ministério da Saúde está finalizando o seu Plano de Contingência para a próxima
pandemia de influenza. Este Plano vem sendo discutido desde o início do ano passado, após a
constituição do Comitê Brasileiro de Preparação do Plano de Contingência para uma pandemia
de influenza [Portaria N° 36, de 22/12/03, publicada no DOU de 23/12/03]. Mais recentemente,
foi constituído um grupo de trabalho para acelerar a elaboração do Plano, cuja versão preliminar
encontra-se disponível no sítio da SVS. Este Plano prevê ações nas áreas da vigilância
epidemiológica da influenza humana e animal, organização da assistência, aquisição de um
estoque estratégico de antivirais, investimentos para a produção nacional de uma vacina
específica, informação e comunicação, defesa civil, ações em portos, aeroportos e fronteiras,
dentre outros, e deve integrar um plano global do governo federal para o enfrentamento de uma
situação emergencial como esta, caso ela venha a ocorrer (AGROLINK, 2006). (tabela 1)
Para a construção deste Plano tomou-se como referência as orientações da Organização
Mundial de Saúde, as discussões acumuladas até o momento no âmbito do Comitê, a bibliografia
disponível sobre a situação mundial da influenza e a consulta a planos de contingência de outros
países. O seu lançamento foi em novembro de 2005 durante um Seminário Internacional que a
SVS organizou, que contou com a participação de representantes da Organização Mundial de
Saúde, da Organização Pan Americana de Saúde, da Organização Internacional de Saúde Animal
e de países que estão mais adiantados no seu processo de preparação interna, para a troca de
experiências.
O Brasil possui o Programa Nacional de Sanidade Avícola desde 1994 e elabora
constante vigilância nas doenças de aves. O Departamento de Saúde Animal, da Secretaria de
Defesa Agropecuária, é o órgão do MAPA responsável pela edição de políticas e fiscalização das
atividades de prevenção à influenza aviária. Foram realizadas reuniões com o setor produtivo
para formulação das políticas de prevenção da doença no território nacional. O Brasil está
localizado numa posição geográfica distante dos principais focos da doença, porém preparou um
plano de resposta a uma eventual detecção de infecção no plantel avícola nacional. A equipe da
Coordenação de Sanidade avícola, do Departamento de Saúde animal, está elaborando as ações
para manter sistema ativo de vigilância a IA. A vigilância contínua e a rápida detecção inicial do
vírus de baixa patogenicidade em aves industriais, de subsistência e migratórias é um fator de
prevenção da ocorrência de formas de alta patogenicidade da doença nas aves (MAPA, 2006).
Pode-se propor que o Ministério da Agricultura em convênios com as Secretárias
Estaduais de Saúde e Agricultura, Federações de agricultura, Universidades, Cooperativas e
Meios de Comunicação, agilize o fornecimento de materiais e meios para a vigilância
epidemiológica, principalmente de aves migratórias que migrem para o território nacional (testes
sorológicos), trânsito interno e externo de aves e subprodutos, orientação aos agricultores e
consumidores, entre outras medidas.
4- Sintomas Os vírus da Influenza aviária causam problemas respiratórios (tosse, espirros, corrimento
nasal), fraqueza e complicações como pneumonia e ainda podem ser acompanhados de diarréia.
(MACEDO, 2006). Podem passar despercebidos, no caso de vírus de baixa patogenicidade, até
causar sintomas severos, como no caso de IA de alta patogenicidade (causados pelos subtipos H5
e H7) que vão de manifestações neurológicas: dificuldade de locomoção, até quadros como
depressão, inapetência, edema facial com crista e barbela inchada e com coloração arroxeada,
dificuldade respiratória com descarga nasal, queda severa na postura de ovos, mortalidade igual
ou superior a 1%, diminuição do consumo de água e ração (igual ou superior a 20%), morte
súbita, que pode chegar até 100% do plantel, num período de 48 horas. (MAPA, 2006).
O tempo de aparecimento de sintomas após a infecção pelo vírus da influenza depende do
subtipo do vírus. Em geral, os sintomas aparecem 3 dias após a infecção pelo vírus da influenza,
podendo ocorrer à morte da ave. Em alguns casos, esse tempo é menor que 24 horas e em outros
pode chegar a 14 dias. Após a infecção, as galinhas eliminam o vírus nas fezes por cerca de 30
dias. Depois desse período, as aves que não morreram pela infecção podem desenvolver
imunidade contra a doença.
As lesões são mais severas em galinhas que em perus, e aves aquáticas podem não
apresentar nenhum sinal clínico. (CBMVHA, 2007).
Os sinais clínicos podem ser confundidos com os da Doença de Newcastle, Bronquite
Infecciosa das Galinhas, Síndrome da Cabeça Inchada, Coriza Infecciosa das Galinhas e Cólera
Aviária. (CBMVHA, 2007).
5- Diagnóstico
O isolamento, a identificação e a tipificação do agente etiológico são as únicas formas de
diagnóstico definitivo da doença. O isolamento é realizado em ovos embrionados com 9 a 11
dias de idade. É feita a prova de hemaglutinação para determinar a característica hemaglutinante
do vírus e a imunodifusão em Agar - gel (AGID) para identificação. (MDA, 2006)
A classificação dos subtipos é feita em laboratório de Referências pela prova de
imunodifusão com soros mono específicos. No Brasil, o laboratório de referência é o
LANAGRO-Campinas. (MDA, 2006)
• Sorologia:
A sorologia é um importante instrumento no monitoramento de aves domésticas ou de
vida livre, e um grande indicativo no diagnóstico presuntivo. As provas mais indicadas são as
inibições da hemaglutinação (HI) e (AGID) com soros imunoespecíficos; vírus neutralização
(VN); fixação do complemento; e ELISA. (MDA, 2006).
6 - Prevenção e Controle
Todas as evidências até hoje indicam que o contato próximo com aves mortas ou
doentes é a principal fonte de infecção humana para o vírus H5N1. Os comportamentos de maior
risco incluem o abate, a depena e a preparação para o consumo das aves infectadas. Embora
observada em poucos casos, a exposição às fezes de frangos quando crianças brincam em áreas
de livre acesso para as aves de criatório também é considerada uma fonte de infecção. Nadar em
coleções de água, onde as carcaças das aves infectadas foram descartadas ou que podem estar
contaminadas por fezes de patos infectados ou outras aves, pode ser uma outra fonte de infecção.
Em alguns casos, as investigações foram insuficientes para identificar a fonte de exposição,
sugerindo que ainda há fatores ambientais desconhecidos que podem envolver a contaminação
pelo vírus em um pequeno número de casos. Algumas proposições adicionais incluem o
comportamento das aves ‘peri-domésticas’, como pombos, ou o uso de fezes de aves não tratadas
como fertilizante. (MONDIAL-ASSISTANCE, 2006).
6.1.Avaliação de casos possíveis.
As investigações de todos os recentes casos humanos confirmados na China, Indonésia e
Turquia, identificaram que o contato direto com aves infectadas é a fonte mais comum de
infecção. Quando diante de possíveis casos, o nível de suspeita clínica deve ser maior em
pessoas apresentando sinais de doença semelhante à influenza, especialmente com febre e
sintomas no trato respiratório inferior, e com história de contato próximo com aves em áreas com
surto confirmado de influenza aviária altamente patogênica H5N1. Exposição a ambientes que
podem estar contaminados com fezes de aves infectadas é a segunda, embora menos comum,
fonte de infecção humana. (MONDIAL-ASSISTANCE, 2006)
Até hoje, nem todos os casos humanos surgiram da exposição a aves domésticas mortas
ou visivelmente doentes. Pesquisas publicadas em 2005 mostraram que patos domésticos podem
excretar grandes quantidades de vírus altamente patogênico sem aparentar sinais de doença. A
história de consumo de aves de criatório em países afetados não é um fator de risco, desde que a
comida tenha sido bem cozida e a pessoa não estivesse envolvida na preparação da comida.
(MONDIAL-ASSISTANCE, 2006).
Dessa forma, as medidas de prevenção hoje são:
- Cozinhar os alimentos, o vírus não resiste a altas temperaturas;
- Alguns médicos aconselham tomar a vacina disponível contra a gripe aviária;
- Não é necessário estocar remédios anti-gripe, pois eles podem ser ineficazes ao novo
vírus;
Às pessoas que viajam, elas devem fugir de destinos onde há aves e humanos
contaminados e lavar as mãos com freqüência;
Em caso de pandemia, devem-se evitar aglomerações; caso aja o contato com gente
contaminada, deve ficar atento para ocorrência de febre ou dor muscular; e na presença de algum
sinal, ir a o médico imediatamente. (ISTO É, 2006).
Organização Mundial de Saúde (OMS, 2006) recomenda aos países afetados pela
influenza humana e aviária as seguintes medidas:
1 - Utilização de equipamento adequado para proteção pessoal dos abatedores e
transportadores de aves:
- roupas de proteção, de preferência macacões e aventais impermeáveis ou roupas
cirúrgicas com mangas longas e aventais impermeáveis;
- luvas de borracha, que possam ser desinfetadas;
- máscaras N95 de preferência 1 ou máscaras cirúrgicas 2;
- óculos de proteção;
- botas de borracha ou de poliuretano que possam ser desinfetadas ou proteção
descartável para os pés.
2 - Lavagem freqüente das mãos com água e sabão. Os abatedores e transportadores
devem desinfetar suas mãos depois de cada operação.
3 - A limpeza do ambiente deve ser realizada nas áreas de abate, usando EPI
(equipamentos de proteção individual) descritos anteriormente.
4 - Todas as pessoas expostas a aves infectadas ou a fazendas sob suspeita devem ser
monitoradas pelas autoridades sanitárias locais e recomenda-se, além da vacina contra a
influenza, o uso de antivirais para o tratamento de suspeitas de infecções respiratórias causadas
pelo vírus.
5 - É importante que comuniquem imediatamente ao serviço de saúde o aparecimento de
sintomas tais como dificuldade de respirar, conjuntivite, febre, dor no corpo ou outros sintomas
de gripe. Pessoas com alto risco de complicações graves de influenza (imunodeprimidos, com 60
anos e mais de idade, com doenças crônicas de coração ou pulmões) devem evitar trabalhar com
aves infectadas.
6 - Devem ser coletados, para investigação do vírus da influenza, os seguintes espécimes
clínicos de animais (inclusive suínos): sangue e post mortem (conteúdo intestinal, swab anal e
oro - nasal, traquéia, pulmão, intestino, baço, rins, fígado e coração).
O controle da doença é realizado pelo monitoramento de aves migratórias que adentram o
território nacional (captura, colheita do soro sanguíneo, anilhagem e soltura, após resultado
negativo), por amostragem, segundo os pontos épocas da respectiva rota, dados que podem ser
obtidos junto ao IBAMA. Aves importadas devem, na medida do possível, ser acompanhadas se
atestados negativos e permanecer em quarentena, no ponto de desembarque, retestadas após esse
prazo e, se negativas, enviadas ao destino. (MACHADO, 2006)
É incluso ainda, a notificação rápida de toda suspeita de caso humano e animal, caso
confirmado, abate e destruição de todo o lote (vazio sanitário), não somente as aves infectadas,
como também as expostas; o descarte adequado das carcaças, quarentena e desinfecção rigorosa
das granjas. Além de restrições ao transporte de aves domésticas vivas, tanto no próprio país
como entre países. Os trabalhadores que lidam com aves devem ser mantidos sob observação e
enviados ao serviço médico assim que apresentarem qualquer quadro gripal, por brando que seja.
(MACHADO, 2006)
7- Vacinas
As vacinas são uma intervenção importante para a prevenção da influenza e a redução de
suas conseqüências para a saúde durante uma pandemia. Desde 2004, a OMS tem trabalhado
com vários parceiros para encontrar meios para aperfeiçoar e promover o desenvolvimento e a
produção de vacinas pandêmicas, a fim de tornar tais vacinas disponíveis rapidamente e na maior
quantidade possível. (OPAS, 2007)
Como parte dessa atividade, a OMS, em colaboração com a Organização Mundial para a
Saúde Animal (OIE), tem investigado como apressar a disponibilidade de uma vacina contra
influenza pandêmica fazendo vírus de vacina pandêmica, necessários para a produção de vacinas
de influenza pandêmica, disponíveis para os produtores de vacina antes do que se costuma
atualmente. (OPAS, 2007).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define quatro níveis de biossegurança no que
diz respeito aos laboratórios que trabalham com agentes infecciosos. Quanto maior o nível, mais
seguro é o laboratório. Isto envolve desde a infra-estrutura do laboratório até os equipamentos e
procedimentos de segurança adotados pelos pesquisadores. (TRABUCO, 2007).
Os experimentos com o vírus de 1918 foram realizados em um laboratório com nível 3 de
biossegurança. Na verdade, devido a algumas medidas de segurança adicionais, o laboratório
utilizado é de nível 3 "melhorado", uma nomenclatura informalmente utilizada entre os
cientistas. (TRABUCO, 2007)
Como vacinas e medicamentos disponíveis funcionam pelo menos parcialmente contra o
vírus em camundongos, a recomendação do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA é de
que um nível 3 de biossegurança seja utilizado. (TRABUCO, 2007)
Contudo, muitos especialistas dizem que estas recomendações estão ultrapassadas, além
de questionarem a eficácia de vacinas e antivirais atuais contra este vírus, caso ele venha a
escapar. Além disso, recentemente vírus perigosos escaparam de laboratórios de nível 3 em
Singapura e Pequim. (TRABUCO, 2007)
Portanto, vários pesquisadores defendem que estudos com este vírus deveriam ser feitos
com um nível 4 de biossegurança, o mais restritivo. (TRABUCO, 2007)
Após uma análise de riscos de biossegurança, a OMS e a OIE concordaram que caso a
fase de alerta pandêmico atinja o nível 4 ou acima, os vírus de vacina de influenza pandêmica
que foram desenvolvidos usando genética reversa pelos Centros de Colaboração da OMS podem
ser disponibilizados para os fabricantes de vacinas antes do término de todos os testes de
segurança in vivo, incluindo testes em galinhas e furões. (OPAS, 2007)
Antecipa-se que esse procedimento acelerado irá reduzir o tempo necessário para o
desenvolvimento de vacinas pandêmicas em aproximadamente 14 dias. O procedimento revisado
descrito abaixo será implementado apenas nas seguintes condições:
1. Que o período de alerta pandêmico da OMS esteja na fase 4 ou acima;
2. Qualquer vírus de vacina liberado para fabricantes de vacina antes do término de todos
os testes de segurança in vivo será classificado como uma substância infecciosa, de acordo com
as definições da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), e assim permanecerá
até que a OMS anuncie que todos os testes relevantes tenham sido completados pelo Centro de
Colaboração da OMS;
3. O recebimento de qualquer vírus classificado como substância infecciosa será sujeito a:
Todos os regulamentos nacionais de importação e exportação referentes a substâncias infecciosas
classificadas pela IATA; todos os regulamentos relevantes da IATA referentes a transporte de
substâncias infecciosas; todas as instruções nacionais de biossegurança no manejo de substâncias
infecciosas. (OPAS, 2007)
A OMS anunciará a disponibilidade, por parte do Centro de Colaboração da OMS, de
qualquer vírus de vacina pandêmica feito por genética reversa para o desenvolvimento de vacina,
e também anunciará a finalização dos testes de segurança in vivo subseqüentes. Recomendam-se
aos Estados Membros que desejarem receber tais vírus de vacina, adiantar as providências
necessárias junto às autoridades aduaneiras, companhias de transporte, agências regulatórias
nacionais e outras autoridades nacionais relevantes. (OPAS, 2007)
• Vacina em humanos.
Não há vacinas contra a influenza aviária disponível comercialmente. Estudos mostram
que as vacinas iniciais contra o H5 eram muito pouco imunogênicas e havia a necessidade da
aplicação de duas doses com conteúdo elevado da hemaglutinina. Outros protótipos da vacina
estão em desenvolvimento, assim, é pouco provável que se tenha uma vacina em quantidade
adequada para vacinar a população, em particular na primeira onda pandêmica. (VRANJAC,
2006).
As vacinas existentes, desenvolvidas para proteger os humanos durante epidemias
sazonais, não seriam eficazes contra um vírus influenza completamente novo. Se o vírus novo
contiver genes da influenza humana, pode ocorrer a transmissão direta de pessoa a pessoa (e não
apenas de aves para o homem). Quando isto acontecer, estarão reunidas as condições para o
início de uma nova pandemia de Influenza. Isso foi observado durante a grande pandemia de
influenza de 1918-1919(Gripe Espanhola), quando um subtipo novo do vírus influenza se
espalhou mundialmente, com morte estimada de 40 a 50 milhões de pessoas. (ANVISA, 2006)
A composição da vacina varia a cada ano, de acordo com os tipos de vírus da influenza
que estão circulando de forma predominante em ambos nos hemisférios Norte e Sul. As vacinas
disponíveis atualmente não são úteis para prevenir uma pandemia de influenza. Só será possível
produzir uma vacina contra uma pandemia de influenza quando efetivamente surgir uma nova
cepa do vírus que tenha capacidade de transmissão pessoa a pessoa. No entanto, o Ministério da
Saúde vem aumentando os investimentos no Instituto Butantã/SP - que já vinha sendo preparado
para a produção nacional de vacinas contra as cepas epidêmicas anuais de influenza - para que
também seja possível a produção emergencial de vacinas contra uma cepa pandêmica. Os
ensaios de produção desta nova vacina começaram a ser feitos em 2006, utilizando-se como
modelo a atual cepa H5N1, que foi recebida pela OMS. (UOL, 2007)
O laboratório-piloto terá capacidade para produzir 20 mil doses de vacina contra a gripe
aviária. A quantidade seria suficiente para imunizar todos os brasileiros que tiverem contato com
pessoas contaminadas em outros países. O Instituto Butantan será um dos poucos locais do
mundo a abrigar uma fábrica de vacinas. E, por enquanto, o Brasil é único país em
desenvolvimento capaz de produzir em escala industrial a vacina da gripe aviária. Haverá a
capacidade de fabricar 60 milhões de doses por ano. Isso é muito importante tanto para a saúde
pública como para a economia do Brasil.
Segundo Isaias Raw, presidente da Fundação Butantan, não há a possibilidade de se
fabricar doses de vacina em grande escala neste momento, pois o vírus H5N1 pode se modificar
antes de causar uma pandemia. "As mutações acontecem muito rápido". (UOL, 2007)
• Vacina nas aves
A vacinação preventiva nas aves não é indicada pelo MAPA. Ela reduz o aparecimento
de sinais clínicos de doença e mortalidade, mas não necessariamente interrompe ou previne o
processo de disseminação do agente infeccioso. Desta forma, o sistema de vigilância à doença
poderia não estar alerta ao aparecimento dos primeiros sinais clínicos da doença e assim não
desencadearia as ações para contenção primária. (MAPA, 2006).
O uso de vacinação preventiva requereria a adoção de medidas particulares de vigilância
e controle, de forma a prevenir a possibilidade de persistência da doença em sua forma endêmica
na população de aves. Essa atividade não seria passível de realização em caso de atividade
generalizada da vacinação de bilhões de aves, que são mantidas para finalidades industriais no
país. (MAPA, 2006).
Além disso, restrições comerciais são impostas quando da utilização de vacinação,
afetando a exportação de produtos da indústria avícola. Em momentos futuros esta posição
poderá ser revisada. (MAPA, 2006).
A vacinação contra gripe aviária está proibida na Europa, salvo na França e na Holanda
onde é obrigatória para aves não confinadas, em razão do risco de introdução do vírus por aves
silvestres. Para a Comissão Européia, a vacinação é um complemento eficaz das medidas de
higiene que permite evitar o abate maciço de aves. Isso justifica a formação de estoques
holandeses e franceses. (CHEUICHE, 2006).
A vacinação de urgência (ou focal) pode ser decidida quando um foco é identificado no
próprio país ou em um país próximo. Segundo a agência francesa de segurança sanitária
alimentar (AFSSA), a vacinação de urgência de aves domésticas só será considerada se surgirem
focos em áreas de alta densidade avícola e se as medidas sanitárias forem insuficientes para
evitar a multiplicação dos focos no tempo e no espaço. Segundo a AFSSA, o número mínimo de
focos que justificaria essa vacinação necessita de um estudo custo/beneficio global sobre as
conseqüências econômicas da vacinação. (CHEUICHE, 2006).
CONCLUSÃO
As recentes epidemias causadas pelo vírus Influenza A aviário, causadas pelo subtipo
H5N1, demonstraram a capacidade desse agente em causar doença grave em humanos, sem
qualquer recombinação entre vírus humanos e aviários e sem qualquer hospedeiro mamífero
intermediário como o porco. Dessa forma, qualquer subtipo de influenza A pode cruzar a
barreira entre espécies e ser uma cepa pandêmica latente. O homem pode funcionar como um
hospedeiro intermediário, no qual vírus aviários recombinam-se com vírus humanos, já que se
sabe que esses vírus são passíveis de mutação.
Existe a possibilidade de infecção leve ou assintomática em pessoas expostas tanto a aves
quanto a humanos infectados. Por outro lado, ainda não há como avaliar a real importância da
condição de “portador” para o risco de transmissibilidade e surgimento de novas pandemias.
Presentemente, reitera-se a intensificação da Vigilância epidemiológica e laboratorial da
Influenza em todos os níveis (regional e municípios de abrangência). A identificação, notificação
e investigação oportunas de surtos de doença respiratória e com detecção rápida do agente causal
possibilitarão a adoção de medidas efetivas de prevenção e controle deste agravo. Mesmo no
Brasil onde, felizmente, não ocorreram casos da doença, as medidas efetivas devem ser
observadas e colocadas em prática, já que são poucos os recursos para o setor da saúde no país.
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