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,03$&726�'26�,19(67,0(1726�1$�&$'(,$�
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�� 6(&5(7$5,$�'2�3/$1(-$0(172�(�*(672�6HFUHWiULR��$ULRVWR�$QWXQHV�&XODX�������DIRETORIA 3UHVLGHQWH��Adelar Fochezatto 'LUHWRU�7pFQLFR��Octavio Augusto Camargo Conceição 'LUHWRU�$GPLQLVWUDWLYR��Nóra Angela Gundlach Kraemer CENTROS (VWXGRV�(FRQ{PLFRV�H�6RFLDLV��Roberto da Silva Wiltgen 3HVTXLVD�GH�(PSUHJR�H�'HVHPSUHJR� Míriam De Toni ,QIRUPDo}HV�(VWDWtVWLFDV� Adalberto Alves Maia Neto ,QIRUPiWLFD� Luciano Zanuz (GLWRUDomR� Valesca Casa Nova Nonnig 5HFXUVRV� Alfredo Crestani Impactos dos investimentos na cadeia florestal sobre a economia do Rio Grande do Sul/coordenação de: Marinês Zandavali Grando, Adelar Fochezatto; equipe técnica: Alexandre Alves Porsse... [et al.]; consultor Cristiano Ponzoni Ghinis – Porto Alegre: FEE, 2008. v.: tab.; Graf.; mapas. ISBN 978-85-7173-064-9 1. Desenvolvimento econômico regional – Rio Grande do Sul 2. Planejamento regional – Rio
Grande do Sul. 3. Celulose – Rio Grande do Sul. I. Grando, Marines Zandavali (Coord.); Fochezatto,
Adelar (Coord.). II. Porsse, Alexandre Alves. III. Ghinis, Cristiano Ponzoni (Cons.) IV. Rio Grande do
Sul. Secretaria do Planejamento e Gestão.
CDU 332.1(816.5)
CIP Ivete Lopes Figueiró CRB10/509 �http://www.fee.rs.gov.br/!�
�
2
3
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��&RRUGHQDomR��Marinês Zandavali Grando Adelar Fochezatto
(TXLSH�WpFQLFD��Alexandre Alves Porsse
André Luis Contri Carlos Águedo Paiva
Iván Gerardo Peyeré Tartaruga Maria Domingues Benetti
Rafael Bernardini Santos
�������&RQVXOWRU�H[WHUQR��Cristiano Ponzoni Ghinis
�����������������������������������������$SRLR��Doádi Antônio Brena (Sedai)
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3
4 5
4
� 680È5,2�SUMÁRIO EXECUTIVO............................................................................................................ 5
LISTAS DE FIGURAS, GRÁFICOS, MAPAS, TABELAS E QUADROS............................... 9
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................... 12
1 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DOS INVESTIMENTOS.............................................. 14
1.1 Indicadores econômicos......................................................................................................... 15
1.2 Indicadores sociais.................................................................................................................. 26
1.3 Infra-estrutura......................................................................................................................... 34
1.3.1 Transportes.................................................................................................................... 35
1.3.2 Energia elétrica.............................................................................................................. 38
2 CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DE BASE FLORESTAL NO RIO GRANDE DO SUL...................................................................................................................
40
2.1 Valor Adicionado................................................................................................................... 45
2.2 Emprego................................................................................................................................. 49
2.3 Produtividade.......................................................................................................................... 52
2.4 Interligações setoriais............................................................................................................. 54
3 ESTIMATIVAS DOS IMPACTOS DOS INVESTIMENTOS SOBRE A ECONOMIA GAÚCHA..................................................................................................................................
60
3.1 O projeto e os critérios de tratamento dos dados para a estimação........................................ 60
3.2 O modelo de insumo-produto e seus multiplicadores............................................................ 67
3.2.1 Modelo aberto de Leontief............................................................................................ 68
3.2.2 Modelo fechado de Leontief.......................................................................................... 68
3.2.3 Multiplicadores de impacto........................................................................................... 69
3.3 Resultados.............................................................................................................................. 71
3.4 Impactos regionalizados: região dos investimentos YHUVXV�Metade Norte............................. 79
CONCLUSÕES............................................................................................................................ 84
REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 87
ANEXOS...................................................................................................................................... 89
�
5
�
680È5,2�(;(&87,92�
Atendendo à demanda da Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais
(Sedai), a Fundação de Economia e Estatística (FEE) realizou este estudo com o objetivo de
analisar os impactos dos investimentos na produção de celulose sobre a economia do Rio Grande
do Sul, através da mensuração dos valores de geração da produção, do Valor Adicionado, do
emprego e do rendimento das famílias. A abordagem metodológica utilizada foi a da matriz de
insumo-produto, que permite a estimação dos impactos diretos, indiretos e induzidos sobre a
economia gaúcha. Isso possibilita uma avaliação ampliada do campo de influência dos
investimentos na expansão das atividades produtivas.
A região para a qual os investimentos são destinados está localizada, JURVVR�PRGR, na
denominada Metade Sul do Estado, cuja inserção econômica, social e de infra-estrutura no
contexto estadual se caracteriza por um menor desenvolvimento, quando comparada à da Metade
Norte. Como indicadores gerais, pode-se mencionar que a região em estudo:
- segue a tendência estadual de maior concentração espacial do PIB municipal em relação
à população;
- possui um PIB SHU�FDSLWD�inferior ao do Rio Grande do Sul;
- detém uma base produtiva com elevado grau de dependência da agropecuária;
- vem apresentando uma tendência crescente para o valor de produção da silvicultura;
- tem expandido, dentre as atividades praticadas na silvicultura, a produção de madeira
em tora, a ponto de possuir, comparativamente ao Estado, um maior grau de
especialização na produção desse produto;
- apresenta Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Ideses) menores do que os da
Metade Norte e do que os da totalidade do Estado;
- possui índices inferiores ao estadual e aos da Metade Norte para todos os blocos que
compõem o Idese, quais sejam, Educação, Renda, Saneamento e Domicílios e Saúde;
- detém uma infra-estrutura relativamente menos desenvolvida, quando analisados os
setores de transporte e de energia elétrica.
Com respeito à cadeia produtiva de base florestal no Rio Grande do Sul, para a qual os
investimentos serão direcionados, alguns indicadores como os coeficientes de importação e de
exportação, o Valor Adicionado, o emprego e a produtividade do trabalho indicam que:
6
- a atividade com um maior grau de desenvolvimento é a indústria de madeira e
mobiliário, sendo que o Rio Grande do Sul é, em termos de Valor Adicionado, mais
especializado na produção desse setor do que o Brasil;
- o setor de papel e gráfica é comparativamente menos desenvolvido e vem apresentando,
no Estado, taxas de crescimento inferiores às registradas pelo setor em nível nacional, o
que determinou a queda de representatividade dessa atividade na economia brasileira e,
até mesmo, na gaúcha;
- a atividade que apresenta maiores deficiências na cadeia produtiva instalada no Rio
Grande do Sul é exploração vegetal e silvicultura, com uma grande dependência
externa para suprir a demanda doméstica pelos produtos e com baixos níveis de
exportação.
Considerando-se os efeitos diretos, indiretos e induzidos dos investimentos sobre esses
setores nos anos de maior impacto, são feitas as estimativas apresentadas a seguir.
No setor de exploração vegetal e silvicultura:
- o nível de produção aumentará R$ 1,088 bilhão, ou seja, 286,8% dos valores de
produção atuais;
- o Valor Adicionado crescerá R$ 554 milhões, isto é, 257,7% dos valores atuais;
- serão criados 107.610 novos postos de trabalho, o que representa um crescimento de
141,4% no número atual de empregados;
- o rendimento das famílias elevar-se-á R$ 195 milhões, ou seja, 250,9% dos
rendimentos atuais.
No setor da indústria de papel e gráfica:
- o nível de produção aumentará R$ 3,224 bilhões, ou seja, 86,8% dos valores de
produção atuais;
- o Valor Adicionado crescerá R$ 1,145 bilhão, isto é, 86,8% dos valores atuais;
- serão criados 35.476 novos postos de trabalho, o que representa um crescimento de
83,3% no número atual de empregados;
- o rendimento das famílias elevar-se-á R$ 353 milhões, ou seja, 65,3% dos rendimentos
atuais.
Já os impactos diretos, indiretos e induzidos sobre o conjunto da economia gaúcha, na
média do período 2007-11, serão da ordem de:
- R$ 4,910 bilhões de geração de valor de produção, o que significa um crescimento de
1,41% do valor atual;
7
- R$ 2,146 bilhões de geração de Valor Adicionado, apresentando uma expansão de
1,43% do valor atual;
- 163.330 novos postos de trabalho, o que implica um acréscimo de 2,18% no número
atual de empregados;
- R$ 738 milhões de rendimento das famílias, ou seja, um incremento de
1,42% comparativamente ao rendimento atual.
Considerando-se o montante total do período 2007-11, os impactos sobre a economia do
Rio Grande do Sul são estimados em:
- R$ 24,552 bilhões de geração de valor de produção, implicando um aumento de 7,05%
do valor atual;
- R$ 10,731 bilhões de geração de Valor Adicionado, representando uma expansão de
7,14% do valor atual;
- 816.651 novos postos de trabalho, o que significa um acréscimo de 10,91% no número
atual de empregados;
- R$ 3,692 bilhões de rendimento das famílias, ou seja, um incremento de 7,12% em
relação ao atual.
A tabela abaixo apresenta um resumo dos principais resultados encontrados.
Impactos dos investimentos na produção de celulose sobre o Valor Bruto da Produção,
o Valor Adicionado, o emprego e o rendimento das famílias no Rio Grande do Sul — 2007-2011
IMPACTOS
Média anual Total VARIÁVEIS
VALORES ATUAIS
(R$ milhões) (A)
Valor (R$ milhões)
(B)
% B/A
Valor (R$ milhões)
(C)
% C/A
Valor Bruto da Produção 348 302 4 910 1,41 24 550 7,05
Valor Adicionado ........... 150 356 2 146 1,43 10 730 7,15
Emprego ......................... 7 484 433 163 330 2,18 816 650 10,90
Rendimento das famílias 51 829 738 1,42 3 690 7,10
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]���GH��,QVXPR�3URGXWR��GR��5LR���*UDQGH��GR����6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. Empresas investidoras.
NOTA: Em reais de 2007.
Em síntese, cada R$ 1,00 gasto pelas empresas na média do período 2007-11 gera um
impacto multiplicador de R$ 2,29 sobre a produção, de R$ 1,00 sobre o Valor Adicionado e de
8
R$ 0,34 sobre o rendimento das famílias. Quanto ao emprego, como a unidade monetária da
0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²����� está em milhões de reais, cada R$
1,00 milhão gasto pelas empresas gera um impacto multiplicador equivalente a 76 postos de
trabalho.
Provavelmente, esses efeitos não permanecerão totalmente na região dos investimentos,
uma vez que boa parte das indústrias sobre as quais eles serão propagados se localiza na Metade
Norte do Estado. Estima-se que cerca de 56% dos impactos ocorram dentro da região dos
investimentos, e, em conseqüência, poderá haver uma melhora dos indicadores econômicos,
sociais e de infra-estrutura dessa região.
9
/,67$6�'(�),*85$6��*5È),&26��0$3$6��7$%(/$6�(�48$'526�
/LVWD�GH�ILJXUDV�Figura 1 - Esboço da cadeia produtiva de base florestal.............................................................. 42
Figura 2 - Coeficientes de importação internacional e interestadual para a demanda total de produtos madeireiros no Rio Grande do Sul – 2003...............................................
43
Figura 3 - Cadeia produtiva de base florestal no Rio Grande do Sul – 2003............................... 56
/LVWD�GH�JUiILFRV� �Gráfico 1 - Curvas de concentração do PIB e da população no Rio Grande do Sul — 2004......� 16
Gráfico 2 - Curvas de concentração do PIB e da população na região dos investimentos — 2004...............................................................................................
16
Gráfico 3 - Taxas de crescimento nominais do PIB SHU�FDSLWD no Rio Grande do Sul e na região dos investimentos — 2001-04........................................................................
19
Gráfico 4 - Valor da produção dos principais produtos da silvicultura na região dos inves- timentos e na classe de municípios com PIB SHU��FDSLWD inferior ao estadual — 2001-05...................................................................................................
22
Gráfico 5 - Valor da produção de madeira em tora na região dos investimentos e na classe de municípios com PIB SHU�FDSLWD inferior ao estadual — 2001-05.........................
23
Gráfico 6 - Coeficientes de especialização para o valor da produção de madeira em tora e de lenha na região dos investimentos — 2001-05.....................................................
24
Gráfico 7 - Índices do bloco Educação do Idese na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2000-04.................................................................
29
Gráfico 8 - Índices do bloco Renda do Idese na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2000-04.............................................................................
30
Gráfico 9 - Índices do bloco Saneamento e Domicílios do Idese na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2000-04..............................................
30
Gráfico 10 - Índices do bloco Saúde do Idese na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2000-04.........................................................................
31
Gráfico 11 - Participação dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica no Valor Adicionado total do Rio Grande do Sul — 1998 e 2003..........................................
45
Gráfico 12 - Participação do Rio Grande do Sul no Valor Adicionado dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica do Brasil — 1998 e 2003.....................................
47
Gráfico 13 – Coeficientes de especialização para o Valor Adicionado dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica no Rio Grande do Sul — 1998 e 2003................
48
Gráfico 14 - Participação do setor de base florestal no emprego total do Rio Grande do Sul — 2003..............................................................................................................
50
Gráfico 15 - Participação do Rio Grande do Sul no emprego dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica do Brasil — 1998 e 2003......................................
51
Gráfico 16 - Produtividade média do trabalho da indústria de madeira e mobiliário no Rio Grande do Sul e no Brasil — 1998 e 2003...............................................................
52
10
Gráfico 17 - Produtividade média do trabalho da indústria de papel e gráfica no Rio Grande do Sul e no Brasil — 1998 e 2003............................................................................
53
Gráfico 18 - Consumo intermediário de máquinas e equipamentos, por unidade de produto, da indústria de papel e gráfica do Brasil — 1998 e 2003........................................
57
/LVWD�GH�PDSDV�
Mapa 1 - Municípios contemplados com os investimentos para a produção de celulose no Rio Grande do Sul.........................................................................................................
15
Mapa 2 - Municípios da região dos investimentos com PIB SHU�FDSLWD�� superior ao estadual — 2004............................................................................................................
18
Mapa 3 - Municípios da região dos investimentos com Idese superior ao estadual — 2004....... 33
/LVWD�GH�WDEHODV�
Tabela 1 - Índices de Gini para o PIB no Rio Grande do Sul e na região dos investimentos — 2001-04...........................................................................................
17
Tabela 2 - PIB SHU���FDSLWD����� no Rio Grande do Sul e na região dos investimentos — 2000-04............................................................................................
18
Tabela 3 - Composição setorial do Valor Adicionado de municípios selecionados e de classes de municípios, segundo o PIB SHU�FDSLWD, da região dos investimentos e do Rio Grande do Sul — 2004................................................................................................
20
Tabela 4 - Municípios com maior produção de madeira em tora na região dos investimentos — 2005................................................................................................
25
Tabela 5 - Idese da região dos investimentos, da Metade Norte e do Rio Grande do Sul — 2000-04............................................................................................................
28
Tabela 6 - Índices, por bloco do Idese, na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2004.........................................................................................
32
Tabela 7 - Idese total e por blocos de municípios selecionados da região dos investimentos, da Metade Norte e do Rio Grande do Sul — 2004......................................................
32
Tabela 8 - Densidade rodoviária e ferroviária dos Coredes do Rio Grande do Sul — 2004...... 36
Tabela 9 - Consumo de energia elétrica, por setor e empresas distribuidoras, em municípios selecionados da região dos investimentos — 2006.....................................................
39
Tabela 10 - Estrutura do consumo intermediário dos setores de base florestal, por origem, no Rio Grande do Sul — 2003..................................................................................
44
Tabela 11 - Valor Adicionado a preços básicos dos setores de base florestal no Rio Grande do Sul — 2003..........................................................................................................
46
Tabela 12 - Produção física dos segmentos produtores de celulose e papel por unidades da Federação — 2006.....................................................................................................
49
Tabela 13 - Número de empregados dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica, por classes de rendimento, no Rio Grande do Sul — 2003.......................................
51
Tabela 14 - Estrutura setorial do consumo intermediário das indústrias de madeira e mobiliário e de papel e gráfica no Rio Grande do Sul — 2003................................
57
Tabela 15 - Composição setorial das vendas (destino dos produtos) das indústrias de madeira e mobiliário e de papel e gráfica no Rio Grande do Sul — 2003.............................
58
11
Tabela 16 - Valores dos investimentos, por fases, das empresas na produção de celulose, no Rio Grande do Sul — 2007-11.................................................................................
62
Tabela 17 - Compatibilização dos investimentos da fase de formação de florestas com a abertura setorial da matriz de insumo-produto no Rio Grande do Sul — 2007-11...
64
Tabela 18 - Compatibilização dos investimentos da fase de instalação da indústria com a abertura setorial da matriz de insumo-produto no Rio Grande do Sul — 2007-10..
65
Tabela 19 - Compatibilização dos investimentos da fase de operação da indústria com a abertura setorial da matriz de insumo-produto, no Rio Grande do Sul — 2011.......
66
Tabela 20 - Impactos dos investimentos das empresas sobre o nível de produção do Rio Grande do Sul — 2007-11........................................................................................
72
Tabela 21 - Impactos dos investimentos das empresas sobre o Valor Adicionado do Rio Grande do Sul — 2007-11........................................................................................
73
Tabela 22 - Impactos dos investimentos das empresas sobre o emprego do Rio Grande do Sul — 2007-11..........................................................................................................
73
Tabela 23 - Impactos dos investimentos das empresas sobre o rendimento do trabalho do Rio Grande do Sul — 2007-11.........................................................................................
73
Tabela 24 - Impactos dos investimentos sobre os setores de exploração vegetal e silvicultura e de papel e gráfica no Rio Grande do Sul — 2008-11...............................................
75
Tabela 25 - Multiplicadores dos investimentos das empresas na produção, no Rio Grande do Sul — 2007-11..........................................................................................................
77
Tabela 26 - Multiplicadores dos investimentos das empresas no Valor Adicionado, no Rio Grande do Sul — 2007-11.........................................................................................
78
Tabela 27 - Multiplicadores dos investimentos das empresas no emprego, no Rio Grande do Sul — 2007-11..........................................................................................................
78
Tabela 28 - Multiplicadores dos investimentos das empresas no rendimento, no Rio Grande do Sul — 2007-11......................................................................................................
79
Tabela 29 - Coeficientes de especialização para o emprego, por setor de atividade econômica, da região dos investimentos e estrutura setorial dos impactos dos investimentos no Rio Grande do Sul — 2005.................................................................................
81
/LVWD�GH�TXDGURV
Quadro 1 - Blocos do Idese, índices componentes de cada bloco, pesos dos índices nos blocos e no Idese, limites dos índices e fontes dos dados brutos...............................
27
����
12
$35(6(17$d2�
Este estudo resulta de um contrato de trabalho firmado entre a Secretaria do
Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais e a Fundação de Economia e Estatística. Tem o
objetivo de avaliar os efeitos dos investimentos para expansão da produção de celulose sobre a
economia do Rio Grande do Sul, através da mensuração dos impactos sobre algumas variáveis
básicas, como a produção, o Valor Adicionado, o emprego e o nível de rendimento das famílias
gaúchas. A abordagem metodológica utilizada permitiu estimar os efeitos diretos e indiretos,
incluindo aqueles induzidos pela geração de renda após a realização dos investimentos. Para
tanto, procedeu-se a uma análise combinada dos dados fornecidos pelas três maiores empresas
investidoras, principalmente os de cunho monetário (isto é, gastos com investimentos florestais e
industriais), com os dados extraídos da 0DWUL]� GH� ,QVXPR�3URGXWR� GR�5LR�*UDQGH� GR� 6XO�(MIP-RS)* sobre os efeitos multiplicadores de cada atividade econômica ligada aos
investimentos. Com base nesse procedimento, foi possível dimensionar os impactos sobre a
economia gaúcha dos investimentos florestais e industriais para aumentar o nível de produção de
celulose.
O estudo está organizado em três seções. Na primeira, apresenta-se, com base em alguns
indicadores selecionados, uma caracterização da região em que foram feitos os investimentos
para a produção de celulose no RS (doravante, região dos investimentos), que abrange grande
parte da denominada Metade Sul do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma análise comparada da
região dos investimentos, em termos econômicos, sociais e de infra-estrutura, ora com o Estado
como um todo, ora com a Metade Norte do Rio Grande do Sul. Destarte, quanto aos aspectos
econômicos, é fornecido um diagnóstico inicial da inserção dessa região na economia gaúcha,
bem como de sua estrutura produtiva, enquadrando, no contexto, aqueles produtos que serão
gerados com os investimentos florestais.
Na segunda seção, apresenta-se uma caracterização da cadeia produtiva de base florestal,
fundamentada em alguns indicadores como Valor Adicionado, emprego, produtividade e suas
relações intersetoriais, analisando-se, assim, o perfil atual dessa cadeia no Rio Grande do Sul.
* A última edição da 0DWUL]�GH� ,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO� (Porsse, 2007),�calculada pela FEE, refere-se ao ano de 2003. Nela, as relações de produção e consumo para a economia gaúcha encontram-se desagregadas para 45 setores de atividade econômica e 80 produtos a eles vinculados. Maiores detalhes dessa matriz são demonstrados na terceira seção deste estudo, quando se abordam os aspectos teóricos do modelo de insumo-produto.
13
Na terceira seção, demonstram-se os critérios utilizados para mensurar os impactos dos
investimentos para a expansão da produção de celulose sobre a economia gaúcha, levando-se em
conta os efeitos diretos, indiretos e induzidos. Os resultados são reportados e analisados, e
procede-se, ademais, a uma breve análise descritiva sobre os efeitos que potencialmente poderão
permanecer na região dos investimentos, ou vazar para a Metade Norte do Rio Grande do Sul.
���&$5$&7(5,=$d2�'$�5(*,2�'26�,19(67,0(1726�
�O Rio Grande do Sul caracteriza-se por uma grande heterogeneidade econômica e social,
sendo constituído, JURVVR�PRGR, por três grandes regiões. A primeira, por ordem cronológica e
de formação, é a região sul, caracteristicamente agrária (aproximadamente, áreas ao sul dos rios
Jacuí e Ibicuí); a segunda é a norte, também com predominância agrária, que compreende
praticamente a área do planalto; e a última é a nordeste, que se caracteriza pela presença de
vários setores industriais, juntamente com grandes concentrações urbanas (eixo Porto Alegre—
—Caxias do Sul e algumas áreas no seu entorno). Essas duas regiões (norte e nordeste) se
enquadram na chamada Metade Norte do Estado, que ao longo do tempo, apresentou um
processo de crescimento e desenvolvimento econômico bem superior ao da média estadual.
Por sua vez, o desenvolvimento da Metade Sul delineou-se, historicamente, numa região
onde predominava a pecuária e, posteriormente, a lavoura, principalmente a do arroz. Ao longo
dos anos, a dependência dessa região em relação a essas atividades, com a falta de alternativa
para os produtores, determinou, em grande parte, a sua caracterização em termos econômicos e
sociais. Atualmente, encontra-se marcada por um profundo processo de estagnação.1 Os
municípios contemplados com os investimentos abrangem praticamente toda a denominada
Metade Sul do Estado, como se pode visualizar no Mapa 1.2
1 Para maiores detalhes sobre a constituição histórica e a dinâmica econômica do Rio Grande do Sul, ver Alonso,
Benetti e Bandeira (1994); Ilha, Alves e Saravia (2002). 2 A lista dos municípios que serão contemplados com os investimentos é apresentada no $QH[R��.
15
����,QGLFDGRUHV�HFRQ{PLFRV��
A atividade econômica no Rio Grande do Sul caracteriza-se, essencialmente, pelo
elevado nível de concentração espacial. Em 2004, seguindo a tendência estadual, a região dos
investimentos apresentou um perfil espacialmente mais concentrado do PIB em relação à
população (Gráficos 1 e 2). Contudo observou-se claramente uma melhor distribuição espacial
desses indicadores no conjunto dos municípios contemplados com os investimentos, conforme se
demonstra nas curvas de concentração do PIB e da população, as quais, quando comparadas
àquelas apresentadas para o Estado, ficaram bem mais próximas da reta de perfeita igualdade.4
3 Neste item, não foram considerados os Municípios Dilermando Aguiar, Taquari, Mata, Nova Esperança do Sul,
Santiago e São Pedro do Sul, porque uma das empresas investidoras, na ocasião da análise, não os havia informado.
4 As curvas de concentração são uma representação gráfica do Índice de Gini, indicador de distribuição que fica situado entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior o nível de concentração. Caso uma determinada variável estivesse concentrada em apenas um município, o Índice de Gini seria igual a 1, e o formato da curva de concentração seria um L invertido, formando um ângulo reto onde o acumulado dos municípios é igual a 100%. Por outro lado, a reta de perfeita igualdade é aquela na qual todos os municípios contêm a mesma quantidade de determinada variável, com inclinação de 45 graus, sendo que os níveis de concentração são dados pela área abaixo dessa reta e acima das curvas de concentração (quanto maior for a distância dessa reta, mais desigual será a distribuição).
Mapa 1
Municípios contemplados com os investimentos para a produção de celulose no Rio Grande do Sul
16
Esse fato pode ser explicado principalmente pelo elevado nível de concentração da atividade
econômica no RS, onde 7,9% dos municípios, nesse ano, foram responsáveis por 63,7% do PIB
estadual. Além disso, a maior parte dos municípios da região, onde o PIB gerado foi
significativamente baixo, apresentou uma distribuição menos desigual desse indicador,
induzindo, desse modo, ao resultado encontrado. Cabe lembrar que os indicadores de
concentração calculados para a região têm como base um número menor de municípios
comparativamente ao total do Estado.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 4 7 10 14 17 21 24 28 31 34 38 41 45 48 52 55 58 62 65 69 72 76 79 82 86 89 93 96 100
PIB População Perfeita igualdade
Distribuição % acumulada do PIB
e da população
Legenda:
Curvas de concentração do PIB e da população do Rio Grande do Sul — 2004Gráfico 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
2 5 9 12 16 19 23 26 30 33 37 40 44 47 51 54 58 61 65 68 72 75 79 82 86 89 93 96 100
PIB População Perfeita igualdade
Distribuição % acumulada do PIB e da população
Curvas de concentração do PIB e da população na região dos investimentos — 2004Gráfico 2
Legenda:
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. Feedados. Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
Distribuição % acumulada dos municípios
Distribuição % acumulada dos municípios
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. Feedados. Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
17
Em verdade, desde 2001, a região em análise apresentou Índices de Gini para o PIB
substancialmente inferiores àqueles observados no Estado (Tabela 1). Já nesse ano, enquanto
esse indicador era 0,760 no RS, estabeleceu-se em 0,608 na região. Em 2004, os índices foram
0,753 e 0,600 no Estado e na região, respectivamente. Todavia, embora até 2004 o índice tenha
permanecido sempre inferior nessa região, não se pode observar, em ambos os casos, alguma
tendência bem definida da distribuição espacial do PIB municipal. No RS, houve um suave
processo de desconcentração até 2003, e, já no ano seguinte, o indicador elevou-se
significativamente. Na região, o índice manteve-se praticamente estável.
Tabela 1 Índices de Gini para o PIB no Rio Grande do Sul e na região dos investimentos — 2001-04
ESTADO E REGIÃO 2001 2002 2003 2004
Rio Grande do Sul ...................................... 0,760 0,759 0,739 0,753
Região dos investimentos ........................... 0,608 0,605 0,605 0,600
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. )HHGDGRV���Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
Apesar de representarem apenas 4,6% do PIB do RS, em 2004 12 dos 57 municípios
contemplados com os investimentos apresentaram PIB SHU� FDSLWD acima do estadual: Aceguá,
Camaquã, Candiota, Hulha Negra, Itaqui, Lavras do Sul, Maçambará, Pedras Altas, Rio Grande,
Santa Margarida do Sul, Vale Verde e Vera Cruz (Mapa 2). Dentre os 45 restantes, somente sete
permaneceram numa faixa com PIB SHU� FDSLWD até 20% inferior ao do RS: Passo do Sobrado,
Arroio Grande, São Sepé, Santa Vitória do Palmar, São Borja, Chuvisca e Pantano Grande. A
maior parte dos municípios estabeleceu-se na faixa entre 20% e 30% abaixo do do Estado. Cabe
salientar, ainda, que os 10 municípios dessa região com menor nível de PIB SHU� FDSLWD
permaneceram entre 41% e 58% inferiores àquele apresentado no RS.
18
Na realidade, no período 2000-04, o conjunto desses municípios apresentou PIB SHU�FDSLWD sempre menor que o do Estado (Tabela 2). Isto porque a região em estudo é relativamente
menos desenvolvida, com grande influência de atividades agrícolas e pecuárias, enquanto, no
Estado, prevalecem os setores industrial (região nordeste) e serviços. Em 2004, o PIB SHU�FDSLWD
dos municípios da região analisada, em conjunto, foi 23% inferior ao estadual. Entretanto, exceto
no último ano, essa diferença vem diminuindo relativamente.
Tabela 2
PIB SHU�FDSLWD no Rio Grande do Sul e na região dos investimentos – 2000-04
PIB 3(5�&$3,7$ 2000 2001 2002 2003 2004
A - Rio Grande do Sul (R$) .................................. 8 302 9 071 9 958 12 071 13 320
B - Região dos investimentos (R$) ....................... 5 917 6 700 7 392 9 330 10 257
Diferença�� (B/A) ...............................................� -28,7 -26,1 -25,8 -22,7 -23,0
FONTES DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. )HHGDGRV���Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
Mapa 2
Municípios da região dos investimentos com PIB SHU�FDSLWD superior ao estadual — 2004
19
No mesmo período, as taxas nominais de crescimento do PIB�SHU�FDSLWD na região dos
investimentos mantiveram-se quase sempre acima daquelas apresentadas no RS (Gráfico 3),
sinalizando que, nos últimos anos, pode ter ocorrido uma melhora no desempenho econômico
desses municípios, em relação ao Estado como um todo.5 Em 2003, enquanto a taxa de
crescimento nominal do PIB SHU�FDSLWD�no Estado foi 21,2% em relação ao ano anterior, a região
registrou uma taxa de 26,2%. Somente em 2004, foi um pouco inferior (9,9%) à estadual
(10,4%).6
9,8%9,3%
21,2%
10,4%
13,2%
10,3%
26,2%
9,9%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
2001 2002 2003 2004
RS Região dos investimentos
Taxas de crescimento nominais do PIB ������������ � no Rio Grande do Sul e na região dos investimentos — 2001-04
Gráfico 3
Legenda:
(%)
Entre os fatores que contribuíram para esse desempenho, está o aumento da produção de
arroz (que continua sendo o principal produto da lavoura na região), a qual cresceu, em valor, a
uma taxa anual média de 14,9% a.a. no período 2001-05. Além disso, houve uma expansão da
lavoura da soja, cujo valor de produção subiu, em média, 27,9% a.a. O ano de maior impacto
nesse resultado foi 2003 (ano extremamente positivo para a agricultura no Estado), quando o
valor de produção da soja, em relação ao ano anterior, mais do que dobrou na região. Justamente,
esse foi o ano em que a taxa de crescimento do PIB SHU�FDSLWD foi a mais elevada.
5 Essa constatação parte do princípio de que o PIB SHU�FDSLWD se elevou devido ao aumento do nível de produto e não pela redução da população dos municípios, a qual, aliás, apresentou uma taxa de crescimento anual média de aproximadamente 1% a.a. no período em análise. Cabe relembrar, todavia, que se trata de uma região historicamente menos desenvolvida do que a denominada Metade Norte do Estado.
6 Os dados de PIB e Valor Adicionado (que serão mencionados mais adiante) recentemente foram disponibilizados para o ano de 2005, com uma nova metodologia de cálculo adotada para o período 2002-05. A nova série é resultado do projeto Contas Regionais, com coordenação do IBGE e a participação dos órgãos estaduais de estatística, que objetiva mensurar o Produto Interno Bruto e o Valor Adicionado Bruto, por atividades, a preços correntes e constantes, de todas as unidades da Federação. Porém essas informações não foram disponibilizadas a tempo para a realização deste estudo.
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. ��� � ��������� . Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
20
Como já mencionado, a estrutura econômica da região dos investimentos caracteriza-se,
essencialmente, pela grande participação da atividade agropecuária na geração de renda.
Conforme demonstrado na Tabela 3, para o ano de 2004, mesmo nos municípios que compõem a
classe com nível de PIB SHU� FDSLWD superior ao do Estado, observa-se a maior participação do
Valor Adicionado7 da agropecuária no total das atividades produtivas, quando comparada à do
RS, ou, mais precisamente, 18,6% contra 16,3%. Essa condição se verifica na maioria dos
municípios, destacando-se Santa Margarida do Sul (79,4%), Maçambará (78,6), Pedras Altas
(77,3%), Vale Verde (75,2%), Aceguá (71,0%) e Lavras do Sul (70,6%). Já na classe de
municípios com nível de PIB SHU�FDSLWD�inferior ao do Estado, a representatividade da atividade
em questão é ainda maior, 32,5%. Ou seja, tanto nas duas classes de municípios quanto no total
da região dos investimentos, a participação da agropecuária no Valor Adicionado total superou à
do Estado, confirmando-se a importância dessa atividade na base produtiva da região em análise.
Tabela 3
Composição setorial do Valor Adicionado de municípios selecionados e de classes de municípios, segundo o PIB ������������� � , da região dos
investimentos e do Rio Grande do Sul — 2004
(%)
DISCRIMINAÇÃO AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS !#"%$�& '�( )�& *,+-'�*,.0/�1�243-5�6�7�893�: ; 8<+�"%)%=�>�& *,>�?,*@=�+9A ?,B%"%?DC
Maçambará .................................................................................... 78,6 1,6 19,8 Aceguá .......................................................................................... 71,0 9,2 19,7 Santa Margarida do Sul ................................................................. 79,4 1,1 19,5 Hulha Negra .................................................................................. 20,2 60,8 19,0 Candiota ........................................................................................ 14,7 65,0 20,3 Rio Grande .................................................................................... 2,9 64,7 32,4 Itaqui ............................................................................................. 42,4 31,0 26,6 Pedras Altas .................................................................................... 77,3 0,7 22,0 Vera Cruz ...................................................................................... 22,5 45,4 32,0 Vale Verde ..................................................................................... 75,2 2,3 22,5 Lavras do Sul ................................................................................. 70,6 2,3 27,0 Camaquã ........................................................................................ 26,2 36,6 37,2 E C ?,+�+�=�B%=�.F"%$�& '�( )�& *,+-'�*,.0/�1�243-5�6�7�893�: ; 8 +�"%)%=�>�& *,>�?,*@=�+9A ?,B%"%?DC 18,6 50,5 30,8 E C ?,+�+�=�B%=�.F"%$�& '�( )�& *,+-'�*,.0/�1�243-5�6�7�893�: ; 8@& $�GH=�>�& *,>�?,*@=�+9A ?,B%"%?DC 32,5 22,9 44,6 IJ=�K,& L,*@B%*,+�& $�M�=�+9A & .F=�$�A *,+
............................................................ 8,1 31,8 40,2 IN& *JO<>�?,$%B%=PB%*JQ%"�C....................................................................... 16,3 42,7 41,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. R =�=�B%?,B%*,+�SPorto Alegre. Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
De outra parte, na classe de PIB SHU� FDSLWD inferior ao do Estado, a participação da
agropecuária foi mais elevada também quando comparada ao total da região dos investimentos
7 O Valor Adicionado é a diferença entre o Valor Bruto de Produção e o consumo intermediário. Por exemplo, caso seja gerado, num setor produtivo, um valor bruto de produção de R$ 1 milhão, e, para produzir tal montante, o gasto com insumos seja de R$ 600 mil, o Valor Adicionado do setor será de R$ 400 mil. É importante ressaltar que o Valor Adicionado é uma aproximação do Produto Interno Bruto, pois nele não estão computados, apenas, os valores dos impostos indiretos (sobre produtos).
21
(28,1%), o que, no entanto, não se verificou na classe de PIB SHU�FDSLWD superior. Em verdade,
nos municípios com maior PIB SHU� FDSLWD�� prevaleceu a atividade industrial (50,5%), com
participação mais elevada, inclusive, do que o total da região dos investimentos (22,9%) e do
que a economia estadual (42,7%). No entanto, somente um município de grande base industrial
dessa classe (Rio Grande), foi responsável por 55% do Valor Adicionado gerado, determinando,
assim, a significativa participação da indústria no resultado em conjunto.
Nos municípios com menor PIB SHU� FDSLWD��prevaleceram a agropecuária (32,5%) e os
serviços (44,6%), sendo este último também superior à participação na região dos investimentos
(40,6%) e no Estado (41,0%). Contudo os municípios com maior impacto nesse resultado foram
Pelotas, Bagé, Cachoeira do Sul e Alegrete, nos quais o Setor Terciário colaborou com 60,5%,
56,8%, 48,7% e 39,5% no Valor Adicionado total, respectivamente.
O grau de dependência da dinâmica do setor agropecuário para a geração de renda nos
municípios da região, portanto, é maior do que aquele determinado em nível estadual, mesmo
nos municípios onde o PIB SHU� FDSLWD� supera o do Rio Grande do Sul. Todavia, na classe de
municípios com PIB SHU� FDSLWD� inferior ao do Estado, essa dependência encontra-se num
patamar ainda mais elevado.
As principais atividades produtivas dessa região continuam sendo a produção de arroz e,
atualmente, a da soja (a qual vem, de fato, se expandindo a taxas superiores àquelas apresentadas
pela lavoura do arroz), bem como a produção pecuária. Todavia, em termos de tendência, vem-se
destacando a produção da silvicultura, crescendo, em média, 33,2% a.a., no período 2001-05
(Gráfico 4). Os principais produtos gerados nessa atividade são a madeira em tora, a lenha, a
casca de acácia negra e o carvão vegetal (FEE, 2007). Estes se caracterizam, principalmente,
pelo nível de valor agregado relativamente baixo. Pode-se observar que tal movimento foi
determinado, em grande parte, pelos municípios com PIB SHU� FDSLWD� inferior� ao estadual, nos
quais, considerados em conjunto, o valor de produção da silvicultura cresceu, em média, 29,3%
a.a., nesse mesmo período.
22
0
50 000
100 000
150 000
200 000
250 000
2001 2002 2003 2004 2005
Região dos investimentos Município com PIBpc < RS
Valor da produção dos principais produtos da silvicultura na região dos investimentos e na classe de municípios com PIB TPU�V�W�X9TZY [ X inferior ao estadual — 2001-05
Gráfico 4
(R$ 1 000)
Legenda:
Ademais, os investimentos que serão efetuados na silvicultura da região contemplam a
produção de madeira em tora. Dos principais produtos da silvicultura, esse, precisamente, vem
ganhando grande importância relativa. Exceto em 2002, quando declinou -38,9% na região, em
relação ao ano anterior, seu valor de produção aumentou substancialmente até 2005, atingindo
uma taxa anual média de crescimento de 43,6% a.a. (Gráfico 5). Essa atividade foi impulsionada,
do mesmo modo, pelos municípios com menor nível de PIB SHU� FDSLWD, nos quais o valor de
produção da madeira em tora aumentou, em média, 34,6% a.a. Essas taxas foram superiores
àquelas apresentadas em nível estadual (27,3% a.a.), o que reforça a idéia da importância que
vem ganhando essa atividade na região em análise.8 Mais precisamente, a participação dessa
região na produção de madeira em tora, no RS, cresceu, no período 2001-05, a uma taxa anual
média de 10,2% a.a.
8 Observa-se, mais uma vez, que esse fenômeno é analisado em termos de tendência, pois a maior parte da produção,
em valores absolutos, é ainda gerada na lavoura e na pecuária.
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. )HHGDGRV���Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
23
20 000
40 000
60 000
80 000
100 000
120 000
2001 2002 2003 2004 2005
Região dos investimentos Município com PIBpc < RS
Valor da produção de madeira em tora na região dos investimentos e na classe de municípios com PIB SHU�FDSLWD inferior ao estadual — 2001-05
Gráfico 5
(R$ 1 000)
Legenda:
0
Embora a lenha também esteja entre os principais produtos da silvicultura praticada na
região dos investimentos, a produção de madeira em tora tem, efetivamente, apresentado ganhos
de participação relativa nos últimos anos, mesmo quando comparada à do Estado. Conforme os
coeficientes demonstrados no Gráfico 6, pode-se observar uma determinada mudança no padrão
de especialização da produção da silvicultura no período 2001-05. Já em 2003, essa região
tornou-se suavemente mais especializada na produção de madeira em tora, tendo o coeficiente
mais elevado em 2004 (1,45), e atingindo 1,21 em 2005.9 Neste último ano, portanto, apesar da
queda do coeficiente, a região ainda era mais especializada na produção de madeira em tora do
9 Por exemplo, o coeficiente de especialização para o valor de produção de madeira em tora na região dos
investimentos, relativamente ao Estado, é calculado pela seguinte expressão:
\^]]
\^]_a`
\�b]
\�b_a`
_a`
9393
9393
4 =
onde c�deaf93 é o valor de produção de madeira em tora na região dos investimentos;
g�hi93 é o valor de produção
total dos principais produtos da silvicultura na região dos investimentos; j^klam93 é o valor de produção de madeira
em tora no Rio Grande do Sul; en^oo93 é o valor de produção total dos principais produtos da silvicultura no Rio
Grande do Sul. Se 1>paq4 , o coeficiente indica que a região dos investimentos possui maior grau de
especialização da produção de madeira em tora do que o Estado. O inverso ocorre quando 1<paq4 . Quando
1=paq4 , não há diferença entre o grau de especialização na produção de madeira em tora na região dos investimentos e no Estado. O mesmo cálculo foi efetuado para todos os anos em análise e para o caso da produção de lenha.
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. )HHGDGRV���Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
24
que o Estado. Por seu turno, os coeficientes para a produção de lenha reduziram-se
substancialmente a partir de 2002, e, já em 2004, a região não era mais especializada na
produção desse produto comparativamente ao RS.
1,67
1,15
1,45
1,21
0,840,970,93
0,940,92
1,15
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2001 2002 2003 2004 2005
Madeira em tora Lenha
Coeficientes de especialização para o valor da produção de madeira em tora e de lenha na região dos investimentos — 2001-05
Gráfico 6
Legenda:
Em 2005, os municípios que mais contribuíram para a produção de madeira em tora, em
valor monetário, foram Rio Grande e Butiá, sendo responsáveis por 32,9% e 26,5% do valor de
produção total desse produto na região em estudo, respectivamente (Tabela 4). Em seguida, oito
municípios geraram, em conjunto, 35,4% desse valor: General Câmara (8,5%), Arroio dos Ratos
(6,7%), Guaíba (5,0%), Cachoeira do Sul (4,5%), São Jerônimo (3,9%), Encruzilhada do Sul
(2,8%), Pantano Grande (2,7%) e Piratini (1,3%). Finalmente, os demais municípios
contribuíram, na totalidade, com 5,2%, mas, individualmente, apresentaram participações
inferiores a 1%. Cabe salientar ainda que, dos maiores produtores de madeira em tora nesse ano,
somente Rio Grande se enquadra na classe de municípios com PIB SHU� FDSLWD superior ao
estadual, indicando que essa atividade se concentra, realmente, em municípios com menor PIB
SHU�FDSLWD.
A participação do valor de produção desse produto na silvicultura, por outro lado,
permaneceu elevada na maioria desses municípios, sendo que, em Rio Grande e Guaíba, cobria
praticamente a totalidade dos produtos gerados nesse setor. Considerando o total da região dos
investimentos, a madeira em tora colaborou com 47,1% do valor da produção gerado na
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. )HHGDGRV���Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
25
silvicultura. Analogamente, a participação foi elevada, quando comparada à produção estadual
(41,3%). Além disso, somente os Municípios de Rio Grande e Butiá foram responsáveis, em
2005, respectivamente, por 13,6% e 10,9% do valor de produção desse produto gerado no
Estado.
Tabela 4 Municípios com maior produção de madeira em tora na região dos investimentos — 2005
PARTICIPAÇÃO % NO VALOR DA PRODUÇÃO
MUNICÍPIOS E REGIÃO
VALOR DE PRODUÇÃO DE MADEIRAS EM
TORA (R$ mil)
Do Produto na Região
Do Produto na Silvicultura dos
Municípios
Do Produto no Estado
Rio Grande ....................................................... 34 200 32,9 99,7 13,6
Butiá ................................................................ 27 551 26,5 48,0 10,9 General Câmara ............................................... 8 812 8,5 49,1 3,5
Arroio dos Ratos ............................................. 7 009 6,7 62,6 2,8 Guaíba .............................................................. 5 193 5,0 100,0 2,1
Cachoeira do Sul .............................................. 4 648 4,5 69,6 1,8 São Jerônimo ................................................... 4 100 3,9 36,3 1,6
Encruzilhada do Sul ......................................... 2 887 2,8 20,0 1,1 Pantano Grande ............................................... 2 805 2,7 41,5 1,1
Piratini ............................................................. 1 370 1,3 19,5 0,5 Demais municípios .......................................... 5 456 5,2 11,3 2,2
727$/�'$�5(*,2�................................... 104 031 100,0 47,2 41,3
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. )HHGDGRV���Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
Por conclusão, como aspectos econômicos, pode-se constatar que a região dos
investimentos segue a tendência estadual de maior nível de concentração espacial do PIB
municipal em relação à população. Mesmo com taxas de crescimento superiores àquelas
apresentadas no RS, nos últimos anos, mantém níveis de PIB SHU�FDSLWD inferiores ao estadual na
maior parte dos municípios. Detém também uma estrutura produtiva na qual a agropecuária
determina grande parte da renda gerada nos municípios, inclusive naquela minoria onde o PIB
SHU� FDSLWD supera o estadual, sendo que, nos municípios com menor nível de renda, essa
dependência do Setor Primário é ainda maior. Dentre os setores agropecuários, a silvicultura
vem-se destacando, em termos de tendência, pela produção crescente nos últimos anos,
impulsionada, principalmente, pelos municípios onde o nível de PIB SHU� FDSLWD� é inferior ao
estadual. Finalmente, o produto que será gerado com os investimentos na silvicultura da re-
gião — a madeira em tora — vem, de forma análoga, aumentando substancialmente em valor de
produção. Embora a lenha tenha também grande participação relativa, a região vem alterando seu
26
padrão de produção da silvicultura em comparação ao Estado, tornando-se mais especializada
justamente na produção de madeira em tora.
����,QGLFDGRUHV�VRFLDLV�
Para analisar a região dos investimentos quanto aos aspectos sociais, será utilizado o
Idese, elaborado pela FEE e sob sua responsabilidade técnica. Embora contemple variáveis
econômicas na base de cálculo, o Índice é composto, na maior parte, por indicadores sociais.
O Idese é um índice sintético, composto por 12 indicadores divididos em quatro blocos:
Educação, Renda, Saneamento e Domicílios e Saúde. Esses indicadores são transformados em
índices e, posteriormente, agregados segundo os blocos aos quais pertencem, gerando, desse
modo, quatro novos índices (um para cada bloco). O Idese é o resultado da agregação dos índices
desses blocos.
Os indicadores que compõem o Idese são transformados em índices, como se demonstra a
seguir:
rr
rstrstr /,/6
/,<,−−
= ,,,,
onde uvw, ,, é o índice do indicador [ da unidade geográfica M no tempo W; uvw< ,, é o indicador [ da
unidade geográfica M no tempo W; x/, �é o limite inferior do indicador [; y/6 é o limite superior
do indicador ;.
Com o Idese, é possível classificar uma determinada região quanto ao nível de
desenvolvimento, porque a escolha dos limites é feita com base em parâmetros internacionais
(tal como adotado pela ONU no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)), permitindo, assim,
que as unidades geográficas às quais os índices se referem sejam classificadas quanto ao seu
nível de desenvolvimento em relação a qualquer localidade. Portanto, assim como no IDH, as
unidades geográficas podem ser classificadas pelos índices em três grupos: baixo
desenvolvimento (índices até 0,499), médio desenvolvimento (entre 0,500 e 0,799) e alto
desenvolvimento (maiores ou iguais a 0,800). Além disso, esses limites, após definidos, são
mantidos fixos ao longo do tempo, permitindo análises temporais.
Uma vez obtidos os índices dos 12 indicadores de uma determinada unidade geográfica,
os índices dos blocos do Idese dessa localidade serão gerados pela média aritmética ponderada
dos índices dos indicadores que compõem cada bloco, utilizando-se os pesos mostrados no
27
Quadro 1. E, finalmente, o Idese dessa região será obtido por média aritmética (com pesos iguais
de 0,25 para cada bloco) dos índices dos quatro blocos.10
Quadro 1 Blocos do Idese, índices componentes de cada bloco, pesos dos índices nos blocos e no Idese,
limites dos índices e fontes dos dados brutos
BLOCOS ÍNDICES PESO NO BLOCO
PESO NO Idese
LIMITE INFERIOR
LIMITE SUPERIOR
FONTE DOS DADOS BRUTOS
Taxa de abandono no ensino fundamental 0,25 0,0625 100% 0% Edudata do INEP, Ministério
da Educação
Taxa de reprovação no ensino fundamental 0,2 0,05 100% 0% Edudata do INEP, Ministério
da Educação
Taxa de atendimento no ensino médio 0,2 0,05 100% 0%
z@{ |�}�~@�4{ ��~��%�����9� � ~@�%����� do
IBGE; Edudata do INEP, Ministério da Educação; FEE
Educação
Taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos e mais
de idade 0,35 0,0875 100% 0%
z@{ |�}�~@�4{ ��~��%�����9� � ~@�%����� e
PNAD do IBGE
Geração de renda - PIBpc 0,5 0,125 100 ($ ppp)
40 000 ($ ppp) FEE
Renda Apropriação de renda - VABpc do comércio,
alojamento e alimentação 0,5 0,125 11,22
($ ppp) 4.486,64 ($ ppp) FEE
Percentual de domicílios abastecidos com água:
rede geral 0,5 0,125 0% 100%
z@{ |�}�~@�4{ ��~��%�����9� � ~@�%����� do
IBGE
Percentual de domicílios atendidos com esgoto
sanitário: rede geral de esgoto ou pluvial
0,4 0,1 0% 100% z@{ |�}�~@�4{ ��~��%�����9� � ~@�%�����
do IBGE
Saneamento e Domicílios
Média de moradores por domicílio 0,1 0,025 6 moradores 1 morador
z@{ |�}�~@�4{ ��~��%�����9� � ~@�%����� e
PNAD do IBGE; FEE
Percentual de crianças com baixo peso ao nascer 0,33 0,0833 30% 4% DATASUS do Ministério da
Saúde
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos 0,33 0,0833 316 por mil 4 por mil DATASUS do Ministério da
Saúde Saúde
Esperança de vida ao nascer 0,33 0,0833 25 anos 85 anos IDHM 2000 do PNUD, IPEA e
Fundação João Pinheiro
No período 2000-04, o comportamento desse indicador (construído através da
metodologia acima definida) manteve praticamente a mesma tendência na região dos
investimentos, no resto do Estado (conjunto dos demais municípios)11 e na totalidade do RS,
sofrendo uma queda somente em 2001 e crescendo nos três anos posteriores. Essa similaridade
10 O cálculo do Idese foi efetuado em quatro níveis de análise: municipal, estadual, para o total dos municípios que
compõem a região dos investimentos e para o total dos municípios que formam o resto do Estado (sendo que somente os dois primeiros estão disponíveis na base de dados da FEE aberta ao público).
11 O conjunto desses municípios que compõem o resto do Estado está localizado principalmente na já referida Metade Norte, enquanto a região dos investimentos compreende, como já mencionado, a Metade Sul.
28
do comportamento do índice ocorreu também quando analisados os blocos que o compõem.
Porém a região em estudo apresentou algumas particularidades que serão abordadas a seguir.
Conforme se demonstra na Tabela 5, a região dos investimentos possuiu, em todo o
período 2000-04, índices inferiores, tanto comparativamente à Metade Norte quanto em relação
ao RS. Por seu turno, a Metade Norte apresentou indicadores sempre superiores, inclusive aos
estaduais. Assim, esses índices apontam que, embora tenha apresentado uma relativa melhora no
desempenho econômico, em termos de crescimento, a região dos investimentos permanece ainda
menos desenvolvida em relação à Metade Norte e ao Estado como um todo. Além disso, nos três
casos, os indicadores sempre se enquadraram na classificação médio desenvolvimento,
enfatizando-se, no entanto, que a Metade Norte do Estado já apresentou, principalmente em
2004, um índice mais próximo de alto desenvolvimento.
A evolução do Idese nesse período caracterizou-se, mesmo que com taxas de crescimento
relativamente baixas, pela trajetória crescente nos três níveis de análise (exceto em 2001), sendo
que, no conjunto de municípios contemplados com os investimentos, a média dessas taxas foi
suavemente superior à daquelas registradas na Metade Norte e no RS (0,27% contra 0,24% e
0,25% respectivamente). A melhora do indicador na região em estudo, entretanto, pode ter
ocorrido devido à variável geração de renda (que utiliza como SUR[\ o PIB SHU�FDSLWD), com peso
elevado em relação às demais variáveis, no cálculo do Idese. Como foi demonstrado no item
anterior, o PIB SHU�FDSLWD�da região em análise cresceu a taxas superiores àquelas apresentadas
no Estado, no período estudado. Torna-se necessária, assim, uma abordagem mais detalhada do
desempenho dos blocos caracteristicamente sociais que compõem o indicador (mesmo do bloco
Renda, pois 50% dele é determinado pela variável apropriação da renda).
Tabela 5
Idese da região dos investimentos, da Metade Norte e do Rio Grande do Sul — 2000-04
UNIDADES GEOGRÁFICAS 2000 2001 2002 2003 2004
Região dos investimentos ............... 0,726 0,725 0,727 0,731 0,733
Metade Norte .................................. 0,757 0,756 0,758 0,762 0,764
Rio Grande do Sul ........................... 0,752 0,751 0,753 0,757 0,760
FONTE: FEE/Centro de Informações Estatísticas.
Os índices do bloco Educação do Idese configuram, tanto na região dos investimentos
quanto na Metade Norte e no total do RS, uma melhora significativa do nível educacional no
período 2000-04 (Gráfico 7). Entretanto observa-se que, de um lado, a região em análise
permaneceu com índices inferiores em todos os anos e, de outro, a Metade Norte superou
29
suavemente até mesmo o RS. Cabe mencionar, porém, que a região em estudo vem diminuindo a
distância entre os índices em relação a ambos os casos. Enquanto essa diferença era de
aproximadamente -1,5%, tanto em relação ao resto do Estado quanto comparativamente ao RS,
em 2000, estabeleceu-se em -1,0% em 2004. Portanto, apesar de essa região manter-se ainda
com indicadores abaixo daqueles apresentados na Metade Norte e no RS, esses índices sinalizam
uma relativa melhora na média do nível educacional municipal. Além disso, nos três casos, o
indicador do bloco Educação enquadrou-se na categoria de alto desenvolvimento, em todo o
período.
0,8250,828
0,835
0,843 0,845
0,8410,843
0,8500,8560,855
0,838 0,841
0,8470,853 0,854
0,800
0,810
0,820
0,830
0,840
0,850
0,860
0,870
2000 2001 2002 2003 2004
Região dos investimentos Metade Norte Rio Grande do Sul
Índices do bloco Educação do Idese na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2000-04
Gráfico 7
Legenda:
0
Os índices do bloco Renda, por sua vez, mesmo que em ritmo lento, entraram em
processo de crescimento somente em 2002, sendo que 2003 foi o ano que registrou a maior taxa
de crescimento do indicador: 1,58%, 1,40% e 1,45%, respectivamente, na região dos
investimentos, na Metade Norte e no RS (Gráfico 8). Destaca-se novamente que esse foi um ano
de grande produção agrícola no Estado, o que impulsionou o maior crescimento do índice na
região em estudo, dada a elevada participação da agricultura na base produtiva. Contudo a
distância do indicador dessa região em relação ao da Metade Norte e ao do Estado como um todo
permaneceu estável, pois a diferença, que era, respectivamente, de -11,4% e -9,8% em 2000, se
manteve praticamente nesse patamar até 2004. Como o PIB SHU� FDSLWD da região dos
investimentos cresceu a taxas superiores às estaduais nesse período, a variável que determinou
esse movimento foi, fundamentalmente, a apropriação da renda. Desse modo, constata-se que,
mesmo havendo um significativo aumento da renda gerada, não houve, em contrapartida, uma
melhora expressiva da apropriação desta no conjunto de municípios da região em estudo.
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEE/Centro de Informações Estatísticas.
30
Finalmente, em todos os anos, os indicadores permaneceram na categoria de médio
desenvolvimento para os três casos, tendo a Metade Norte apresentado os índices mais elevados.
0,683 0,682 0,6810,692 0,696
0,770 0,766 0,771
0,757 0,753 0,7580,769 0,773
0,7860,782
0,610
0,630
0,650
0,670
0,690
0,710
0,730
0,750
0,770
0,790
0,810
2000 2001 2002 2003 2004
Região dos investimentos Metade Norte Rio Grande do Sul
Índices do bloco Renda do Idese na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2000-04
Gráfico 8
Legenda:
Já os índices do bloco Saneamento e Domicílios mantiveram um suave crescimento nos
três níveis de análise desde 2000, apresentando, do mesmo modo, os menores indicadores em
todo o período para a região dos investimentos (Gráfico 9). Entretanto, independentemente do
nível analisado, esse bloco apresentou os menores índices comparativamente àqueles registrados
pelos demais blocos em todo o período investigado, revelando a carência do Estado nesse
aspecto, principalmente na região em estudo. Apesar disso, tanto essa região quanto a Metade
Norte e a totalidade do RS permaneceram enquadrados na faixa de médio desenvolvimento.
0,555
0,5580,560
0,561 0,562
0,5620,564 0,565 0,566 0,567
0,5610,563 0,564
0,565 0,566
0,542
0,547
0,552
0,557
0,562
0,567
0,572
2000 2001 2002 2003 2004
Região dos investimentos Metade Norte Rio Grande do Sul
Índices do bloco Saneamento e Domicílios do Idese na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2000-04
Gráfico 9
Legenda:
0=
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEE/Centro de Informações Estatísticas.
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEE/Centro de Informações Estatísticas.
31
Os índices do bloco Saúde, todavia, em relação aos demais, foram os mais elevados, nos
três casos, até 2001, mas, já no ano seguinte, foram superados pelos do bloco Educação.
Analogamente aos outros indicadores, os índices da região dos investimentos permaneceram
abaixo daqueles observados para a Metade Norte e para o total do Estado em todo o período
2000-04 (Gráfico 10). Somente em 2002, a diferença diminuiu, estabelecendo-se,
respectivamente, em -1,8% e -1,5% na comparação com a Metade Norte e com o RS, ao passo
que, em 2001, era de -2,2% e -1,8%. Salienta-se que, no período analisado, os indicadores da
Metade Norte, como em todos os demais blocos que compõem o Idese, foram superiores mesmo
aos do RS. Contudo, nos três níveis de análise, os índices apresentaram uma tendência de queda
até 2003, elevando-se somente em 2004, porém a um nível ainda abaixo do dos indicadores
registrados no ano inicial (2000), enquadrando-se, em todo o período, na categoria de alto
desenvolvimento.
0,8390,833 0,832
0,8270,831
0,8560,852
0,847 0,8450,850
0,8520,848
0,844 0,8410,846
0,795
0,805
0,815
0,825
0,835
0,845
0,855
0,865
0,875
2000 2001 2002 2003 2004
Região dos investimentos Metade Norte Rio Grande do Sul
Índices do bloco Saúde do Idese na região dos investimentos, na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2000-04
Gráfico 10
Legenda:
0
De acordo com o Idese de 2004, considerando-se que é o último ano de que se dispõe,
pode-se dizer que a região dos investimentos sustenta indicadores comparativamente inferiores.
A maior diferença dessa região com a Metade Norte e com o Estado concentra-se no bloco
Renda e, em seguida, no bloco Saúde (Tabela 6). No primeiro bloco, apesar do substancial
crescimento supracitado, o PIB SHU� FDSLWD� da região em análise foi 23% inferior ao estadual
(como demonstrado na Tabela 2), situação agravada pelo mencionado desempenho da variável
apropriação da renda. Quanto à Saúde, cabe observar novamente que, mesmo com índices
relativamente inferiores, a região em estudo se enquadra na categoria de alto desenvolvimento
pelos intervalos de classificação do Idese.
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEE/Centro de Informações Estatísticas.
32
Tabela 6 Índices, por bloco do Idese, na região dos investimentos,
na Metade Norte e no Rio Grande do Sul — 2004
UNIDADES GEOGRÁFICAS EDUCAÇÃO RENDA SANEAMENTO E DOMICÍLIOS SAÚDE
Região dos investimentos ........... 0,845 0,696 0,562 0,831
Metade Norte .............................. 0,856 0,786 0,567 0,850
Rio Grande do Sul ...................... 0,854 0,773 0,566 0,846
FONTE: FEE/Centro de Informações Estatísticas. Dos 63 municípios contemplados com os investimentos, 14 apresentaram, no ano de
2004, indicadores superiores aos calculados para a totalidade da região em análise (Tabela 7).
Dentre esses, seis registraram índices maiores do que os estaduais, sendo eles os seguintes,
ordenados de forma decrescente: Rio Grande, Camaquã, Santiago, Bagé, Candiota e São Sepé
(Mapa 3). Os três primeiros figuram com indicadores superiores até mesmo aos da Metade
Norte.
Tabela 7 Idese total e por blocos de municípios selecionados da região dos investimentos,
na Metade Norte e do Rio Grande do Sul — 2004
BLOCOS MUNICÍPIOS, REGIÕES E
ESTADO IDESE TOTAL Educação Renda Saneamento e
Domicílios Saúde
Rio Grande ....................................... 0,780 0,868 0,813 0,634 0,803 Camaquã .......................................... 0,773 0,832 0,769 0,656 0,836 Santiago ........................................... 0,768 0,901 0,649 0,648 0,874 Bagé ................................................. 0,763 0,858 0,682 0,710 0,802 Candiota ........................................... 0,762 0,851 0,671 0,675 0,853 São Sepé ........................................... 0,761 0,833 0,709 0,658 0,845 Pelotas ............................................. 0,758 0,844 0,679 0,688 0,820 Itaqui ................................................. 0,755 0,834 0,734 0,570 0,882 São Borja .......................................... 0,745 0,855 0,711 0,581 0,832 Alegrete ............................................ 0,743 0,868 0,703 0,570 0,829 Tapes ............................................... 0,742 0,798 0,644 0,691 0,834 Lavras do Sul ................................... 0,738 0,861 0,653 0,628 0,811 Arroio dos Ratos .............................. 0,736 0,857 0,588 0,647 0,851 São Gabriel ....................................... 0,735 0,865 0,682 0,566 0,826 5HJLmR�GRV�LQYHVWLPHQWRV�.............. 0,733 0,845 0,696 0,562 0,831 0HWDGH�1RUWH�.................................. 0,764 0,856 0,786 0,567 0,850 5LR�*UDQGH�GR�6XO�......................... 0,760 0,854 0,773 0,566 0,846
FONTE: FEE/Centro de Informações Estatísticas.
�
33
Considerando-se os blocos Educação, Renda, Saneamento e Domicílios e Saúde, os
municípios com maiores índices em 2004 foram, respectivamente, Santiago (0,901), Rio Grande
(0,813), Bagé (0,710) e Itaqui (0,882), todos com indicadores superiores também quando
comparados com os da Metade Norte (Tabela 8). Ademais, o indicador para o bloco Renda de
Rio Grande enquadrou o município na categoria de alto desenvolvimento, enquanto a região dos
investimentos, a Metade Norte e o RS ficaram classificados como sendo de médio
desenvolvimento.12 Cabe salientar, por fim, que os municípios da região dos investimentos com
menores indicadores para o Idese total e para os blocos Educação, Renda, Saneamento e
Domicílios e Saúde foram: Chuvisca (0,561), Dom Feliciano (0,746), Cerrito (0,428), Chuvisca
(novamente, com 0,054) e Rio Pardo (0,798).
Portanto, pode-se concluir que a região dos investimentos apresenta indicadores
inferiores, tanto em relação à Metade Norte quanto ao Estado como um todo, para Educação,
Renda, Saneamento e Domicílios e Saúde. Observa-se que, na comparação, a região analisada
vem diminuindo a diferença do nível educacional, que ficou classificado como de alto
desenvolvimento no período 2000-04. Mas, no aspecto renda, apesar do elevado crescimento do
12 Como já mencionado, dentre os municípios em análise, Rio Grande caracteriza-se pela grande base industrial em
atividade.
Municípios da região dos investimentos com Idese superior ao estadual — 2004
Mapa 3
34
PIB SHU� FDSLWD, essa região não diminuiu a diferença em relação à Metade Norte e ao Estado,
uma vez que não apresentou uma melhora relativamente expressiva na apropriação da renda
gerada e vem se mantendo com PIB SHU� FDSLWD inferior ao estadual. No que diz respeito a
Saneamento e Domicílios, à semelhança do Estado, a região apresenta elevadas deficiências; na
própria Metade Norte, esses índices são significativamente baixos. Com respeito à Saúde, houve
uma tendência à queda dos indicadores dessa região, assim como na Metade Norte e no RS, a
qual se reverteu em 2004. Finalmente, observa-se que a região analisada, apesar de os índices
serem relativamente inferiores em todos os aspectos, se manteve nas mesmas categorias de
classificação da Metade Norte e do Estado, em todos os blocos do Idese (dados os intervalos de
classificação para os índices). Ou seja, em Educação e Saúde, enquadra-se na categoria de alto
desenvolvimento; em Saneamento e Domicílios e em Renda, na de médio desenvolvimento.
Todavia esses resultados foram induzidos pelos de 22% dos municípios, pois o restante
apresentou indicadores inferiores, mesmo comparativamente ao total da própria região em
análise.
O Idese total da região, por sua vez, seguindo a tendência estadual e da Metade Norte,
classificou-a como sendo de médio desenvolvimento, ficando distante -8,3% do indicador que a
enquadraria na categoria de alto desenvolvimento, em 2004.
����,QIUD�HVWUXWXUD�
Para uma breve análise da infra-estrutura da região dos investimentos, são abordados,
nesta seção, os setores de transportes e de energia, os quais têm grande importância tanto para o
produto gerado com os investimentos florestais quanto para a instalação e a operação da
indústria de celulose.13 Os dados de infra-estrutura dessa região, tal como apontam os
indicadores econômicos e sociais, a caracterizam como sendo relativamente menos
desenvolvida, o que poderá ser atenuado, em certa medida, pelos investimentos a serem
efetuados. Neste item, são analisados os dados principalmente em nível de Conselhos Regionais
de Desenvolvimento (Coredes), sendo que os municípios da região em estudo se localizam nos
Coredes Sul (25%), Centro-Sul (16%), Central (16%), Vale do Rio Pardo (13%), Fronteira Oeste
(13%), Campanha (10%), Jacuí-Centro (6%) e Metropolitano Delta do Jacuí (2%). Os
indicadores são também abordados em nível municipal.
13 A análise tem como referência o estudo 5XPRV� ������ XP� 3ODQR� GH� 'HVHQYROYLPHQWR� 3DUD� R� (VWDGR (Rio
Grande do Sul, 2007), desenvolvido por iniciativa e sob a supervisão da Secretaria do Planejamento e Gestão do RS, tendo o apoio de um consórcio privado e de vários órgãos do Governo do Estado.
35
������7UDQVSRUWHV� �
Em relação aos transportes, no período recente, há uma grande heterogeneidade das
densidades rodoviárias e ferroviárias entre os Coredes. Conforme se observa na Tabela 8,
aqueles onde a maior parte dos municípios da região dos investimentos (79% dos municípios) se
localiza apresentam os menores níveis de densidade, quais sejam: Central, Campanha, Sul,
Fronteira Oeste e Centro-Sul. Por um lado, o Vale do Rio dos Sinos chega a ter densidade de
quase cinco vezes o valor do Centro-Sul, onde 16% dos municípios estudados estão localizados;
por outro, somente o Município de Guaíba, situado no Metropolitano Delta do Jacuí, apresenta a
quarta maior densidade. No Corede Jacuí Centro, com densidade de 0,043 km/km2, estão os
Municípios de Cachoeira do Sul, Cerro Branco, São Sepé e Vila Nova do Sul. E, no Vale do Rio
Pardo, com 0,040 km/km2, localizam-se Candelária, Encruzilhada do Sul, General Câmara,
Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Vale Verde e Vera Cruz. Finalmente, o
Município de Rio Grande encontra-se no Corede Sul, o qual se enquadra no grupo de menor
densidade.
De outra parte, a acessibilidade rodoviária, definida em função da distância existente
entre concentrações populacionais em relação ao sistema rodoviário do Estado, também revela
que os maiores vazios de infra-estrutura estão localizados nos Coredes Fronteira Oeste,
Campanha, Sul e Centro-Sul, ou seja, nas regiões de menor densidade populacional. Entre os
municípios que se encontram a uma distância superior a 20km das principais rodovias
pavimentadas, estão Dom Feliciano, na Região Centro-Sul, e Amaral Ferrador, na Região Sul.
Esta última região possui também o pior indicador para a acessibilidade rodoviária aos terminais
ferroviários. Cabe observar, ademais, que esses fatores são responsáveis pela pior acessibilidade
dos produtos agropecuários em relação aos industriais, em função da elevada dispersão da
atividade agropecuária e pelo fato de que, nos Coredes pior atendidos (formados por um grande
número de municípios da região em estudo), a produção agropecuária é significativa. Dentre
esses, o pior indicador é apresentado no Fronteira Oeste, onde a área que fica a até 60 minutos
do terminal ferroviário mais próximo concentra apenas 35% do Valor Adicionado gerado pela
agropecuária. Dos municípios em análise, fazem parte desse Corede: Alegrete, Itaqui,
Maçambará, Manoel Viana, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, São Borja e São Gabriel.
36
Tabela 8
Densidade rodoviária e ferroviária dos Coredes do Rio Grande do Sul — 2004
COREDES ÁREA (km2) EXTENSÃO (km) DENSIDADE (km/km2)
Vale do Rio dos Sinos ........................ 1 475 161 0,109
Vale do Caí ......................................... 1 944 209 0,107
Vale do Taquari .................................. 4 824 392 0,081
Metropolitano Delta do Jacuí ............. 5 705 452 0,079
Paranhana-Encosta da Serra ............... 1 578 115 0,073
Litoral ................................................. 7 113 515 0,072
Serra .................................................... 8 056 563 0,070
Fronteira Noroeste .............................. 4 520 315 0,070
Produção ............................................. 10 436 711 0,068
Noroeste Colonial ................................ 10 009 596 0,060
Médio Alto Uruguai ............................ 5 165 306 0,059
Norte ................................................... 5 915 286 0,048
Alto Jacuí ............................................ 7 008 301 0,043
Jacuí Centro ........................................ 8 066 344 0,043
Missões ............................................... 12 999 527 0,041
Vale do Rio Pardo ............................... 13 199 525 0,040
Alto da Serra do Botucaraí .................. 5 572 221 0,040
Hortências ........................................... 12 718 475 0,037
Nordeste .............................................. 9 086 329 0,036
Central ................................................. 23 655 681 0,029
Campanha ............................................ 18 257 513 0,028
Sul ........................................................ 35 267 978 0,028
Fronteira Oeste .................................... 46 171 1 091 0,024
Centro-Sul ............................................ 10 362 237 0,023 �P�@���N�............................................... 269 100 10 843 0,040
FONTE: RIO GRANDE DO SUL. SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E GESTÃO. �J�%�F�,�����%���^��� m plano de desenvolvimento para o Estado. Porto Alegre: SEPLAG, 2005. Disponível em: <http://ww w.scp.rs.gov.br/principal.asp?conteudo=texto&cod_texto=1895&cod_menu=597>. Acesso em: set. 2007. v. 1, p. 240 NOTA: Foram analisadas somente as rodovias pavimentadas que pertencem à malha principal, a qual foi estabelecida em 2004 para o Plano Estratégico de Transportes (PET) e definida em função da importância das ligações da rede e dos fluxos de veículos observados naquele ano.�
Quanto à rede hidroviária, a navegação comercial concentra-se na bacia do Sudeste, e os
principais portos do Estado, todos localizados nessa bacia, estão em Cachoeira do Sul, Estrela,
Charqueadas, Pelotas, Porto Alegre e Rio Grande (tendo este último papel principal no
escoamento das exportações). Analogamente à acessibilidade ao terminal ferroviário, a produção
agropecuária (principal atividade econômica da região em análise) está relativamente afastada
dos portos. Apenas 16% dessa produção se concentram em áreas que ficam a menos de 60
minutos de um porto, e em torno de 40% encontram-se a mais de 180 minutos do porto mais
próximo.14 Em relação ao porto de Rio Grande isoladamente, tanto os centros industriais quanto
os agropecuários ficam relativamente afastados, pois ele se localiza no sudeste do Estado. Nesse
aspecto, apenas o Corede Sul apresenta bons índices de acessibilidade. Do mesmo modo, esses
14 O indicador de acessibilidade, como no caso anterior dos terminais ferroviários, é dado em função do tempo de
viagem por rodovias.
37
índices para a agropecuária são ainda piores que os industriais, pois mais de 50% da produção do
Estado estão concentrados em regiões que estão a mais de 6 horas do porto de Rio Grande. Isso
ocorre porque, além do Corede Fronteira Noroeste, o Fronteira Oeste, com grande produção
agropecuária e composto por 13% dos municípios em estudo, está entre os mais distantes. Cabe
salientar, por fim, focando no produto gerado pelos investimentos florestais, que a exportação de
madeira em tora pode ser (e estar sendo) amplamente favorecida pelo porto de Rio Grande, pois
o Município já detém grande parcela, em valor monetário, da produção desse produto (como
abordado no item 1.1).
Já em relação ao sistema aeroportuário, o RS possui apenas o Aeroporto Internacional
Salgado Filho com transporte de carga significativo. De qualquer forma, o transporte de produtos
do setor agropecuário restringe-se a flores e frutas especiais, tendo menor participação relativa
na base produtiva da maioria dos municípios da região estudada.
Entretanto, com respeito à armazenagem, os armazéns de uso público são de grande
importância para as cadeias logísticas, pois são intermediários de movimentação, processamento
e/ou regulação de estoques de produtos. Os armazéns no Estado estão sob gestão direta e indireta
de três organizações: Companhia Estadual de Silos e Armazéns (CESA), Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab) e Banrisul Armazéns Gerais (Bagergs). Como os armazéns da CESA
também fazem parte dos armazéns da Conab e a Bagergs possui somente um entreposto
localizado em Canoas, a análise compreende apenas os armazéns da Conab, tendo como unidade
de medida a capacidade de armazenagem em milhões de toneladas. Nesse âmbito, os Coredes
onde se localizam os municípios da região em análise são também desfavorecidos, uma vez que
grande parte da capacidade de armazenagem graneleira e/ou dos silos se concentra no Missões,
no Produção, no Alto Jacuí e no Fronteira Noroeste, no Central e no Litoral. Merece destaque,
além destes, a elevada capacidade de armazenagem de vinhos da região serrana. Assim, da
região em estudo, somente 10 municípios possuem silos com grande capacidade de
armazenagem: Cacequi, Dilermando de Aguiar, Jaguari, Mata, Nova Esperança do Sul, Santiago,
São Francisco de Assis, São Pedro do Sul, São Vicente do Sul e Unistalda. Mais
especificamente, estes se enquadram na faixa de capacidade de armazenagem entre um milhão e
dois milhões de toneladas.
Outro ponto importante para aumentar a competitividade do setor de logística de
transporte e estimular o crescimento de uma determinada região é a redução dos custos
logísticos, o que pode ser obtido pelo incremento da intermodalidade no transporte de cargas. No
RS, os principais sistemas multimodais estão relacionados com a exportação. Assim, servem de
exemplo de intermodalidade as integrações do sistema ferroviário e rodoviário com o porto de
38
Rio Grande. Tal município é, portanto, o principal ponto de integração entre as modalidades
rodoviária e hidroviária e as modalidades ferroviária e hidroviária. Dos demais municípios em
análise, somente Cacequi é um ponto de integração rodoferroviária. Entretanto a existência
desses pontos não implica que estejam ocorrendo integrações intermodais completas nesses
locais.
������(QHUJLD�HOpWULFD�
A geração hídrica (usinas hidrelétricas) é a principal fonte de energia do RS (61% do
total), seguida pela térmica (termelétricas, responsáveis por 39% do total) e, com menor
participação, pelas pequenas hidrelétricas, com 5%, sendo as outras praticamente nulas em
relação ao total. Em primeiro lugar, nenhum dos municípios da região em análise possui alguma
usina hidrelétrica15. Em segundo, registra-se que os Municípios de Candiota, São Jerônimo e
Alegrete possuem usinas termelétricas, cuja propriedade, nos dois primeiros, é da Companhia de
Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), com usinas a carvão, e, no último, da Tractebel,
com a termelétrica a óleo. Essas três usinas são responsáveis por 38% da potência nominal
instalada no Estado, sendo que somente Candiota responde por 32% desse valor. Em relação às
fontes de energia alternativa, já se encontra instalada no Município de Piratini uma usina
termelétrica à biomassa que utiliza resíduos de madeira como combustível, a qual poderá ser
favorecida, futuramente, com o aumento de resíduos produzidos em função dos investimentos
florestais que serão realizados no Município.
Pelo lado da demanda, em 2006, os municípios da região dos investimentos com maior
consumo de energia elétrica estão na Tabela 9. Observa-se que esses 14 municípios participaram,
no referido ano, com 75% do consumo total de energia elétrica dessa região. Além disso, a
proporção do consumo industrial foi maior em relação ao consumo rural fundamentalmente em
Pelotas, Rio Grande, Guaíba, Camaquã e Bagé. Por seu turno, o inverso ocorreu nos demais
municípios, onde o setor industrial tem menor participação nas atividades produtivas. Cabe
enfatizar, ademais, a importância do consumo residencial, o qual superou, respectivamente, em
27,7% e 29,1% o consumo rural e o industrial. Para os municípios com maior consumo, a
principal distribuidora é a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). A AES Sul atende
aproximadamente a 48% dos municípios da região dos investimentos, concentrando-se naqueles
com menor consumo.
15 As usinas hidrelétricas do Estado estão localizadas nos seguintes municípios: Aratiba, Maximiliano de Almeida,
Pinhal Grande, Entre Rios do Sul, Salto do Jacuí, Agudo, Canela e Veranópolis.
39
Tabela 9
Consumo de energia elétrica, por setor e empresas distribuidoras, em municípios selecionados da região dos investimentos — 2006
(MWh)
MUNICÍPIOS TOTAL RESIDENCIAL INDUSTRIAL RURAL DISTRIBUIDORAS
Pelotas ...................................... 444 223 182 781 113 369 20 657 CEEE Rio Grande ............................... 419 768 104 246 88 394 18 163 CEEE Guaíba ...................................... 349 367 44 889 66 855 2 047 CEEE Alegrete .................................... 179 290 39 251 33 545 79 778 AES Itaqui ........................................ 152 490 19 143 26 890 93 411 AES São Borja .................................. 142 889 32 599 34 812 54 036 AES Camaquã ................................... 128 081 26 107 61 108 19 656 CEEE Bagé .......................................... 122 220 56 705 24 305 5 855 CEEE Cachoeira do Sul ...................... 116 690 41 605 15 515 30 009 AES Santa Vitória do Palmar ........... 87 663 11 925 2 152 66 842 CEEE São Gabriel ............................... 65 524 28 024 9 761 8 428 AES Candiota ................................... 54 838 3 355 7 868 588 CEEE Capão do Leão .......................... 50 547 8 493 27 948 8 295 CEEE Santiago .................................... 50 323 24 281 2 505 4 122 AES Demais municípios ................... 800 222 231 603 147 417 257 590 - 727$/�....................................� 3 164 134 855 007 662 444 669 475 - FONTE: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER — FEE. )HHGDGRV�����������������������Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual>. Acesso em: set. 2007.
Quanto ao balanço entre oferta e demanda referentes às redes de distribuição, os maiores
déficits de atendimento na zona rural estão localizados precisamente na eletrificação dos
domicílios nos Coredes Sul e Fronteira Oeste, onde se encontram aproximadamente 38% dos
municípios da região em análise. De outra parte, no aspecto transmissão, os gargalos de infra-
-estrutura de energia são analisados com base na estrutura de transmissão disponível no Estado,
que se divide em rede básica (acima de 230kV) e rede de subtransmissão (entre 69kV e 230kV),
não compreendendo, desse modo, as linhas de baixa tensão, pois essas fazem a distribuição
domiciliar. Nesse âmbito, as principais linhas de transmissão com possíveis gargalos estão
localizadas nas áreas e nos centros urbanos mais industrializados, quase totalmente situados nas
regiões norte e nordeste do Estado, não abrangendo, assim, a região em estudo.
��&$5$&7(5,=$d2�'$�&$'(,$�352'87,9$�'(�%$6(�)/25(67$/�12�5,2�*5$1'(�'2�68/�
A produção da cadeia produtiva de base florestal subdivide-se em produtos madeireiros e
não madeireiros, originados, na maior parte, de florestas, plantadas e naturais, com espécies
coníferas (pinho) e não coníferas (eucalipto). Os produtos de maior importância econômica são
os madeireiros, constituídos por lenha, carvão vegetal, madeira em tora, produtos de madeira
sólida e de madeira processada na forma, por exemplo, de painéis reconstituídos de madeira e
compensados. Por seu turno, esses produtos constituem a matéria-prima básica para as indústrias
siderúrgica a carvão vegetal, de energia industrial, de celulose e papel, de painéis de madeira, de
produtos sólidos de madeira e de móveis. De outra parte, os produtos não madeireiros (como
resinas e óleos) são utilizados como insumos para as indústrias farmacêutica e química, dentre
outras. Um esboço da cadeia produtiva de base florestal pode ser visualizado na Figura 1, na qual
são demonstradas suas subcadeias, bem como suas relações intersetoriais.
De modo mais agregado, pode-se obter a mensuração do significado econômico dessa
cadeia no Estado a partir das tabelas de recursos e usos da economia gaúcha apresentadas na
0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²������(Porsse, 2007), elaborada pela FEE
e sob sua responsabilidade técnica. Mais precisamente, a análise está focada nos produtos
madeireiros, produzidos pelos setores de exploração vegetal e silvicultura, madeira e mobiliário
e papel e gráfica. Para avaliar a evolução desses setores, é utilizada também a 0DWUL]� GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²����� (Maia Neto, 2002), igualmente elaborada pela
FEE e sob sua responsabilidade técnica.
É importante ressaltar desde já que os investimentos contemplam, diretamente, apenas a
cadeia produtiva que se estende da atividade de exploração vegetal e silvicultura ao setor de
papel e gráfica, sendo este último impulsionado pela expansão da produção de celulose.
Entretanto, nesta seção, busca-se caracterizar a cadeia produtiva de base florestal no Rio Grande
do Sul de forma ampla, enquadrando-se nesse contexto a cadeia restrita para a qual os
investimentos serão direcionados. Quando possível, serão analisadas as atividades com maior
nível de abertura, podendo-se situar também nesse quadro o segmento produtor de celulose.
Um indicador geral do grau de desenvolvimento da produção estadual desses setores de
base florestal pode ser estabelecido através dos coeficientes de importação internacional e
interestadual, os quais indicam quanto o Estado necessita importar de outros países e do resto do
Brasil para satisfazer a demanda doméstica total pelos produtos, isto é, tanto para o consumo
intermediário dos setores produtivos quanto para os componentes da demanda final (no caso da
41
produção interestadual e internacional dos produtos analisados, principalmente para o consumo
das famílias).16
Como se pode visualizar na Figura 2, a atividade menos desenvolvida no Rio Grande do
Sul é a exploração vegetal e silvicultura, cuja parcela importada para atender à demanda
doméstica estadual em 2003 foi a mais elevada dentre os produtos madeireiros (52,8% da
demanda total dos produtos desse setor no Estado, somadas as importações internacionais e
interestaduais). Já a indústria de papel e gráfica apresenta menor dependência externa, com
coeficientes que se estabeleceram, nesse ano, em 3,5% e 37,5%, para a quantidade importada de
outros países e do resto do Brasil, respectivamente. Porém os melhores indicadores são
observados para os produtos de madeira e mobiliário (17,2%, considerando-se o total de
importações desses produtos).
Essa hierarquia das atividades também pode ser constatada quando analisadas as parcelas
de importação destinadas ao consumo intermediário dos setores, indicando, de modo geral, a
dependência externa determinada por deficiências da cadeia produtiva no Estado. Por exemplo,
enquanto 36,9% da importação interestadual de madeira e mobiliário foi destinada aos insumos
para os setores em 2003, nos produtos de papel e gráfica e da silvicultura e exploração vegetal,
essa parcela correspondeu, respectivamente, a 76,9% e 80,8%. As mesmas posições podem ser
encontradas em relação à importação internacional (30,7%, 67,1% e 80,7% na mesma ordem
definida das atividades). Cabe salientar, ademais, a grande quantidade importada para suprir o
consumo das famílias, principalmente de produtos de madeira e mobiliário (22,9% e 27,6% da
importação internacional e interestadual respectivamente). Esse indicador reforça a idéia de a
cadeia produtiva desse setor já possuir, em relação aos demais em análise, um maior nível de
desenvolvimento na economia do Rio Grande do Sul, pois grande parte da importação dos
produtos é destinada ao consumo das famílias, enquanto, nos demais, se destacam as proporções
destinadas ao consumo intermediário dos setores.
16 Outro indicador é o coeficiente de exportação dos produtos dos setores, que será abordado mais adiante (no item
3.4), quando será apresentado um esboço da cadeia produtiva de base florestal no Estado, com o destino da demanda final da produção doméstica.
42
Sementes e mudas
Fertilizantes
Agroquímicos
Máquinas e equipamentos
Indústria química, farmacêutica, automobilística, alimentícia, etc.
352'8d2�)/25(67$/�
Produtos não madeireiros
Borracha
Gomas
Cêras
Aromáticos, medicinais e corantes
Serrarias
Celulose
Madeira processada
Produtos de madeira sólida
Produtos madeireiros Lenha Consumo industrial
Consumo doméstico
Carvão vegetal
Siderurgia
Forjas artesanais
Consumo doméstico
Indústria de móveis
Indústria de papel
Outros usos
Madeira imunizada
Madeira serrada
Painéis de madeira reconstituídos
Compensado
Usinas integradas
Produtos de ferro-gusa
Produtos de ferro liga
MDF
Aglomerado
Chapa de fibra
OSB
Mercados Interno e E
xterno
Figura 1 Esboço da cadeia produtiva de base florestal
FONTE: ANUÁRIO ESTATÍSTICO. Brasília: ABRAF, 2006-2007. Disponível em: <http://www.abraflor.org.br/estatisticas/anuario-ABRAF-2007.pdf>. Acesso em: out. 2007.
43
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
Produtos madeireiros
Produtos da silvicultura e
exploração vegetal
Madeira e mobiliário
Papel e gráfica
Importação internacional (4,6%)
Importação interestadual (48,2%)
Importação internacional (1,2%)
Importação interestadual (15,9%)
Importação internacional (3,5%)
Importação interestadual (37,5%)
Consumo das famílias (16,6%)
Consumo intermediário (80,7%)
Consumo das famílias (16,6%)
Consumo das famílias (22,9%)
Consumo das famílias (13,4%)
Consumo das famílias (15,3%)
Consumo intermediário (67,1%)
Consumo intermediário (30,7%)
Consumo intermediário (80,8%)
Consumo das famílias (27,6%)
Consumo intermediário (76,9%) 9%)
Consumo intermediário (36,9%)
Figura 2
Coeficientes de importação internacional e interestadual para a demanda total de produtos madeireiros no Rio Grande do Sul — 2003
44
A dependência externa, que é determinada em função das deficiências da cadeia
produtiva das atividades no Estado, pode ser estabelecida, mais especificamente, pela estrutura
do consumo intermediário dos setores por origem, isto é, pela identificação das parcelas de
insumos utilizados em cada setor, cuja produção é realizada no Estado, no resto do Brasil e no
exterior. Conforme se observa na Tabela 10, a atividade que apresentou a maior necessidade de
insumos importados em 2003 foi exploração vegetal e silvicultura: 51,8% do total do consumo
intermediário do setor foram de insumos importados do resto do Brasil, e 4,9%, de outros países.
O consumo intermediário do setor papel e gráfica, por sua vez, apresentou uma importação
interestadual de 49,9% do total de insumos utilizados e internacional de 4,0%. Na indústria de
madeira e mobiliário, esses indicadores foram 28,1% e 1,8% para a importação interestadual e
para a internacional respectivamente. De outra parte, apenas 43,3% do total de insumos da
atividade de exploração vegetal e silvicultura foram produzidos no Estado, enquanto, nos setores
papel e gráfica e madeira e mobiliário, esses percentuais foram, respectivamente, 46,1% e
70,1%.
Esses resultados indicam que, de fato, as maiores deficiências da cadeia produtiva no Rio
Grande do Sul se localizam na exploração vegetal e silvicultura. Logo após, segue o setor de
papel e gráfica, porém já com um maior grau de desenvolvimento. A indústria de madeira e
mobiliário, ao contrário, apresenta relativamente menor dependência externa.
Estrutura do consumo intermediário dos setores de base florestal, por origem,
no Rio Grande do Sul — 2003 (%)
ESTRUTURA DO CONSUMO INTERMEDIÁRIO
EXPLORAÇÃO VEGETAL E
SILVICULTURA
MADEIRA E MOBILIÁRIO PAPEL E GRÁFICA
Insumos estaduais ................... 43,3 70,1 46,1 Insumos interestaduais ............ 51,8 28,1 49,9 Insumos internacionais ........... 4,9 1,8 4,0 727$/�.................................. 100,0 100,0 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]���GH��,QVXPR�3URGXWR��GR��5LR�*UDQGH�GR�6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
Todavia outros indicadores devem ser abordados para dar consistência a essa visão geral,
bem como para mensurar a dimensão das atividades em nível estadual e sua representatividade
nacional.
Tabela 10
45
����9DORU�$GLFLRQDGR�
A cadeia de base florestal representou 2,1% do Valor Adicionado total da economia
gaúcha em 2003, tendo as indústrias de papel e gráfica e de madeira e mobiliário como
responsáveis por praticamente a totalidade desse valor (aproximadamente 2%).17 Como se pode
observar no Gráfico 11, esses setores perderam participação relativa em comparação ao ano de
1998, principalmente a indústria de papel e gráfica: enquanto a atividade foi responsável por
1,6% do Valor Adicionado total da economia estadual em 1998, representou apenas 0,9% em
2003. Por seu turno, a queda do setor de madeira e mobiliário foi mais suave, de 1,2% para
1,1%, obtendo, neste último ano, uma maior participação relativa no Valor Adicionado do Rio
Grande do Sul. Apesar dessa tendência, o nível de renda gerado pelos setores continua sendo
expressivo no Estado.
Participação dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica no Valor Adicionado total do Rio Grande do Sul — 1998 e 2003
1,2%1,1%
1,6%
0,9%
0,0%0,2%0,4%0,6%0,8%1,0%1,2%1,4%1,6%1,8%2,0%
1998 2003
Madeira e mobiliário Papel e gráfica
(%)
Gráfico 11
Legenda:
FONTE DOS DADOS BRUTOS: MAIA NETO, A. A. (Coord.). 0DWUL]��GH��,QVXPR�3URGXWR�GR��5LR�������*UDQGH�GR�6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2002. (Documentos FEE, n. 49). Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH��������GR�6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
NOTA: A abertura setorial da matriz de 1998 não disponibiliza o Valor Adicionado do setor de exploração vegetal e silvicultura que está agregado à agropecuária.
17 Cabe relembrar, como definido anteriormente, que essa cadeia compreende as atividades de exploração vegetal e
silvicultura, de madeira e mobiliário e de papel e gráfica. Ademais, todas as variáveis analisadas nesta seção correspondem aos valores totais somente desses setores. Caso fosse adotada a análise de complexos produtivos, seriam computados na cadeia também os valores definidos pelas relações a montante (das atividades fornecedoras de insumos) e a jusante (do destino dos produtos) desses setores.
Gráfico 11
46
A atividade produtiva que menos contribuiu para a geração de renda no Rio Grande do
Sul, em 2003, foi, de fato, a exploração vegetal e silvicultura, com participação de apenas 6,9%
no total do Valor adicionado do setor de base florestal (Tabela 11). Deve-se levar em conta
também que os produtos gerados nessa atividade têm valor agregado significativamente baixo,
quando comparados àqueles produzidos na indústria. As atividades de madeira e mobiliário e de
papel e gráfica, em contraste, participaram, respectivamente, com 50,8% e 42,4% do Valor
Adicionado desse setor. No primeiro, foram mais representativos os produtos de madeira e os
móveis com predominância de madeira (21,4% e 23% respectivamente), ao passo que, no
segundo, destacaram-se a fabricação de papel, papelão e artefatos (13,6%) e, principalmente, a
produção de material gráfico (21,5%). Ademais, a produção de celulose foi responsável por 7,2%
do Valor Adicionado do setor em análise.
Valor Adicionado a preços básicos dos setores de base florestal no Rio Grande do Sul — 2003
SETORES VALOR
ADICIONADO (R$ milhões)
PARTICIPAÇÃO NO VALOR ADICIONADO
TOTAL (%) ([SORUDomR�YHJHWDO�H�VLOYLFXOWXUD�............................. 171 6,9 0DGHLUD�H�PRELOLiULR�................................................ 1 257 50,8 Produtos de madeira - exclusive móveis .................... 531 21,4 Móveis com predominância de madeira ..................... 570 23,0
Móveis com predominância de metal, móveis de ou- tros materiais e colchões ............................................. 156 6,3 3DSHO�H�JUiILFD�........................................................... 1 049 42,4 Celulose ...................................................................... 179 7,2 Papel, papelão e artefatos ........................................... 338 13,6 Material Gráfico ......................................................... 533 21,5 727$/��..................................................................... 2 477 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]��GH��,QVXPR�3URGXWR��GR��5LR��*UDQGH��GR��6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
No Brasil, a indústria de madeira e mobiliário já participava, em 1998, com 8,3% do
Valor Adicionado gerado pelo setor no País, contribuição que, em 2003, se elevou para 8,9%
(Gráfico 12). A indústria de papel e gráfica, por sua vez, perdeu substancialmente
representatividade nacional, uma vez que a participação de 11,2% em 1998 caiu para 4,6% em
Tabela 11
47
2003. Nesse ano, o percentual permaneceu praticamente o mesmo, quando se considera somente
o Valor Adicionado do setor de celulose e papel.18
As opostas tendências dos setores no Rio Grande do Sul foram determinadas,
fundamentalmente, pelo movimento em âmbito nacional, no período 1998-03: enquanto o Valor
Adicionado da indústria de madeira e mobiliário cresceu a uma taxa anual média de 12,4% a.a.
no Brasil, o setor registrou, no Rio Grande Sul, crescimento médio de 15,8% a.a. Por seu turno, a
indústria de papel e gráfica cresceu nacionalmente, em média, 33,7% a.a., ao passo que, no
Estado, essa taxa foi de apenas 2,3% a.a.19 No período em análise, portanto, esta última atividade
permaneceu relativamente estável no Rio Grande do Sul, o que determinou a queda de
representatividade em âmbito tanto nacional quanto estadual.
Participação do Rio Grande do Sul no Valor Adicionado dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica do Brasil — 1998 e 2003
8,3% 8,9%
11,2%
4,6%
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
1998 2003
Madeira e mobiliário Papel e gráfica
(%)
Gráfico 12
Legenda:
FONTE DOS DADOS BRUTOS: MAIA NETO, A. A. (Coord.). 0DWUL]���GH��,QVXPR�3URGXWR���GR��5LR��*UDQGH�������������������������������������������������������������������������������GR�6XO�²�����.��Porto Alegre: FEE, 2002. (Documentos FEE, n. 49). Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR��GR��5LR�*UDQGH��GR��6XO�²����������������������.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. IBGE. 6LVWHPD�GH�FRQWDV�QDFLRQDLV�GR�%UDVLO, 1998/2003��Rio de Janeiro: IBGE; Departamento de Contas Nacionais. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/referencia1985/2003/default.shtm>. Acesso em: out. 2007.
Esses fatores podem explicar uma determinada mudança no padrão de especialização
produtiva do setor de papel e gráfica no Estado, se comparado ao do País. Conforme os
18 Além disso, em 2005, a silvicultura do Estado participou com 9,3% no valor da produção nacional (Prod.
Extração Veg. Silvic., 2005). Contudo, como mencionado no item 1.1, a produção desse setor vem crescendo substancialmente no Rio Grande do Sul, principalmente na região dos investimentos. Nesse ano, a produção da silvicultura já havia crescido, em termos nominais, aproximadamente 56% em relação a 2003.
19 As taxas de crescimento do Valor Adicionado foram calculadas em termos nominais.
48
coeficientes de especialização apresentados no Gráfico 13, observa-se que, em 1998, o Rio
Grande do Sul era mais especializado na produção de papel e gráfica do que o Brasil. Contudo
esse quadro foi revertido em 2003, quando o coeficiente de 1,60 registrado naquele ano caiu para
0,57. Já no caso da madeira e mobiliário, o Estado permaneceu sendo mais especializado do que
o País, pois, mesmo caindo no período em análise, o indicador permaneceu em 1,09.20
Coeficientes de especialização para o Valor Adicionado dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica no Rio Grande do Sul — 1998 e 2003
1,201,09
0,57
1,60
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
1998 2003
Madeira e mobiliário Papel e gráfica
Gráfico 13
Legenda:
FONTE DOS DADOS BRUTOS: MAIA NETO, A. A. (Coord.).
����� ��� ���� ������������ ���������� �������� �� !��������"���#���$&%('*)�)�+. Porto
Alegre: FEE, 2002. (Documentos FEE, n. 49). Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. PORSSE, A. A. (Coord.).
�,�-� �*� �./�0 ��/�1�/�2�-� �3�&��/�4� �5/�.�.� �5 ��&���//��/�5#/�4$�%76�8�8-9. Porto Ale-
gre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. IBGE.
#4� ��� �&�2�5/��:&���4� ���3�/��:*� ���/�-� ��/�.;0�&����� $, 1998/2003 < Rio de Janeiro: IBGE; Departamento de
Contas Nacionais. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/referencia1985/2003/default.shtm>. Acesso em: out. 2007.
Cabe observar, ainda, que essa queda do coeficiente de especialização da indústria de
papel e gráfica no Rio Grande do Sul se torna evidente, quando são analisados os dados mais
recentes de produção física do setor por unidades da Federação. Desagregando-se a análise para
a celulose, em 2006 o Estado deteve apenas 4,4% do volume de produção desse setor no Brasil,
podendo ser considerado, comparativamente aos demais, um produtor marginal (Benetti, 2007).
São Paulo e Espírito Santo concentraram pouco mais da metade da produção (52,6%); e Bahia,
Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina participaram, individualmente, com uma média de 10%,
totalizando, quando somados aos dois estados líderes, 92,3% do volume de pasta celulósica
(Tabela 12). Quando considerada a produção física de papel, a participação do Rio Grande do
Sul ficou ainda menor, contribuindo apenas com 2,4% da produção nacional no ano em análise.
20 Os coeficientes de especialização, nesse caso, foram calculados de forma análoga à apresentada no item 1.1,
considerando-se o Valor Adicionado dos setores no total das economias estadual e nacional.
49
Nesse caso, São Paulo continuou sendo o maior produtor, com participação de 45,4% na
produção do País, seguido por Paraná (20,1%) e Santa Catarina (19,0%).
Produção física dos segmentos produtores de celulose e papel por unidades da Federação – 2006
PRODUÇÃO (1000 t) PARTICIPAÇÃO % ESTADOS
Celulose Papel Celulose Papel São Paulo ............................. 3 443 3 964 32,2 45,4 Espírito Santo ...................... 2 180 0 20,4 0,0 Bahia ................................... 1 585 307 14,8 3,5 Minas Gerais ....................... 936 403 8,8 4,6 Santa Catarina ..................... 881 1 654 8,2 19,0 Paraná .................................. 832 1 752 7,8 20,1 Rio Grande do Sul .............. 468 206 4,4 2,4 Pará ...................................... 358 34 3,4 0,4 Amazonas ............................ 0 33 0,0 0,4 Rio de Janeiro ...................... 0 203 0,0 2,3 Maranhão ............................. 0 5 0,0 0,1 Pernambuco ......................... 0 104 0,0 1,2 Paraíba ................................. 0 32 0,0 0,4 Ceará ................................... 0 9 0,0 0,1 Sergipe ................................ 0 8 0,0 0,1 Goiás ................................... 0 8 0,0 0,1 Rio Grande do Norte ........... 0 2 0,0 0,0 727$/�............................... 10 683 8 725 100,0 100,0
FONTE: Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).
����(PSUHJR�
A participação da cadeia de base florestal no total de postos de trabalho do Rio Grande
Sul, em 2003, foi mais elevada do que em termos de Valor Adicionado, qual seja, 3,4% (Gráfico
14). Nesse indicador, a atividade de exploração vegetal e silvicultura ganhou destaque (1,2%),
incrementando a abrangência do setor de base florestal no Estado, pois se trata de um setor cujo
processo produtivo é mais intensivo em trabalho relativamente aos setores industriais. De outra
parte, perdeu expressão a indústria de papel e gráfica, a qual utiliza, por unidade de produto, uma
maior quantidade de capital (máquinas e equipamentos), mesmo quando comparada à indústria
de madeira e mobiliário. Na verdade, determinados elos da cadeia produtiva deste último setor se
caracterizam pela menor utilização de máquinas e equipamentos, em função do melhor
tratamento da madeira nobre, principalmente na produção de móveis. Assim, essa indústria
representou 1,6% do total do emprego gerado no Estado, em 2003, enquanto o setor de papel e
gráfica participou com apenas 0,6% desse total.
Tabela 12
50
1,2%
1,6%
0,6%
0,0%
0,2%
0,4%
0,6%
0,8%
1,0%
1,2%
1,4%
1,6%
1,8%
2,0%
2003
Exploração vegetal e silvicultura M adeira e mobiliário Papel e gráficaLegenda:
(% )
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO��²�������������������.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
Comparativamente ao Brasil, o Estado manteve a mesma trajetória crescente na
participação do emprego de madeira e mobiliário, passando de 9,0% em 1998 para 9,4% em
2003 (Gráfico 15). Contudo chama atenção o comportamento do indicador na indústria de papel
e gráfica, o qual, em oposição ao Valor Adicionado, cresceu de 5,3% em 1998 para 6,8% em
2003. Em realidade, o número de empregados do setor, no Brasil, sofreu uma queda de 1,8%
nesse período.
Quanto à remuneração dos empregados no Estado, conforme demonstrado na Tabela 13,
o setor de madeira e mobiliário concentrou, em 2003, a maior parcela nas classes de rendimento
entre um e três salários mínimos (69,9%). Na classe entre cinco e 10 salários mínimos,
permaneceram 13,3%, e, nas categorias de rendimento acima desta, situaram-se 5,2%. Na
indústria de papel e gráfica, o número de empregados das classes entre dois e 10 salários
mínimos ficou mais disperso, indicando que, nesse setor, há uma melhor distribuição das
remunerações nas classes de rendimento mais elevado (até 10 salários mínimos). Assim,
enquanto no setor de madeira e mobiliário apenas 2,6% dos empregados se concentraram na
classe de cinco a 10 salários mínimos, na indústria de papel e gráfica, esse percentual foi de
13,3%. Esse fato pode ser explicado em função de o setor ser mais intensivo em capital,
exigindo dos empregados no processo produtivo uma maior especialização na operação de
máquinas e equipamentos, o que eleva, em contrapartida, os salários do pessoal ocupado.
Gráfico 14
Participação do setor de base florestal no emprego total do Rio Grande do Sul — 2003
Legenda:
51
FONTE DOS DADOS BRUTOS: MAIA NETO, A. A. (Coord.). 0DWUL]��GH�,QVXPR�3URGXWR��GR�5LR�*UDQGH��GR���������������������������������������������������������������������������������6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2002. (Documentos FEE, n. 49). Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]���GH���,QVXPR�3URGXWR���GR��5LR��*UDQGH��GR�����������������������6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. IBGE. 6LVWHPD�GH�FRQWDV�QDFLRQDLV�GR�%UDVLO, 1998/2003��Rio de Janeiro: IBGE; Departamento de Contas Nacionais. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/referencia1985/2003/default.shtm>. Acesso em: out. 2007.
Número de empregados dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica, por classes de rendimento, no Rio Grande do Sul — 2003
�
MADEIRA E MOBILIÁRIO PAPEL E GRÁFICA
SALÁRIO MÍNIMO (SM) Número de Empregados
Participação no Total %
Número de Empregados
Participação no Total %
Até ½ SM ........................................... 2 715 2,9 1 468 4,3
De ½ a 1 SMs ..................................... 7 957 8,6 2 653 7,8
De 1 a 2 SMs ...................................... 36 643 39,7 12 983 38,4
De 2 a 3 SMs ...................................... 27 935 30,2 6 087 18,0
De 3 a 5 SMs ...................................... 12 317 13,3 5 540 16,4
De 5 a 10 SMs .................................... 2 399 2,6 4 493 13,3
De 10 a 20 SMs .................................. 800 0,9 210 0,6
Mais de 20 SMs ................................. 1 599 1,7 419 1,2
727$/�............................................. 92 365 100,0 33 854 100,0
Tabela 13
Participação do Rio Grande do Sul no emprego dos setores de madeira e mobiliário e de papel e gráfica do Brasil — 1998 e 2003
9,4%9,0
6,8
5,3
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
1998 2003
Madeira e mobiliário Papel e gráficaLegenda:
(%)
Gráfico 15
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH��GR��������������������������������������������������������6XO�²�����. Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
52
����3URGXWLYLGDGH� Por tratar-se de um setor muito mais intensivo em mão-de-obra do que os industriais, a
atividade de exploração vegetal e silvicultura apresentou, naturalmente, o menor indicador de
produtividade média do trabalho em 2003: aproximadamente R$ 2,8 mil.21
Já a indústria de madeira e mobiliário, no Rio Grande do Sul, alcançou R$ 11,5 mil,
crescendo significativamente em relação a 1998 (Gráfico 16). No Brasil, esse indicador foi um
pouco mais elevado (R$ 12,1 mil) e manteve, do mesmo modo, trajetória de crescimento. O JDS
de produtividade do setor entre o Estado e o País deve-se principalmente à especialização
produtiva dessa indústria no Rio Grande Sul, pois se trata de um setor mais intensivo em
trabalho, em alguns elos da cadeia produtiva, do que em capital. Ou seja, maior volume de
produção requer, proporcionalmente, mais empregados no processo produtivo do que máquinas e
equipamentos, o que diminui a produtividade média do trabalho.
8,8
11,5
9,5
12,1
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
1998 2003
Rio Grande do Sul Brasil
(R$ 1 000)
Legenda:
FONTE DOS DADOS BRUTOS: MAIA NETO, A. A. (Coord.). 0DWUL]���GH�,QVXPR�3URGXWR���GR���
����������������������5LR�*UDQGH�GR�6XO�²�����.��Porto Alegre: FEE, 2002. (Documen- tos FEE, n. 49). Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]���GH��,QVXPR�3URGXWR��GR��5LR������������������������*UDQGH��GR��6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. IBGE. 6LVWHPD�GH�FRQWDV�QDFLRQDLV�GR�%UDVLO, 1998/2003��Rio de Janeiro: IBGE; Departamento de Contas Nacionais. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/referencia1985/2003/>. Acesso em: out. 2007.
NOTA: O Valor Adicionado de 2003 foi deflacionado pelo Índice de Preço por Atacado-Oferta Glo- bal (IPA-OG) do setor de madeira e mobiliário (publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)). 21 O indicador de produtividade média do trabalho é dado pela relação entre o Valor Adicionado e o
emprego dos setores, representando o Valor Adicionado gerado por empregado ao ano.
Gráfico 16
Produtividade média do trabalho da indústria de madeira e mobiliário no Rio Grande do Sul — 1998 e 2003
53
Por sua vez, o Valor Adicionado por empregado da indústria de papel e gráfica foi
substancialmente maior (R$ 24,2 mil em 2003), se comparado ao indicador da de madeira e
mobiliário, pois se trata de um setor mais intensivo em capital (Gráfico 17). A produtividade
média do trabalho na indústria de papel e gráfica, em oposição à tendência crescente do setor de
madeira e mobiliário, caiu no Estado, em relação a 1998 (de R$ 35,2 para R$ 16,7). No Brasil,
ao contrário, esta cresceu substancialmente, atingindo a cifra de R$ 35,7 mil em 2003, ou seja,
um patamar de produtividade que o Rio Grande do Sul alcançara em 1998, quando o Estado era
mais especializado do que o País na produção desse setor. É importante ressaltar, mais uma vez,
que a expansão desse setor no Brasil não foi acompanhada pelo crescimento da produção no Rio
Grande do Sul.
Produtividade média do trabalho da indústria de papel e gráfica no Rio Grande do Sul e no Brasil — 1998 e 2003
35,2
24,2
16,7
35,7
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
1998 2003
Rio Grande do Sul Brasil
(R$ 1 000)
Legenda:
FONTE DOS DADOS BRUTOS: MAIA NETO, A. A. (Coord.). 0DWUL]��GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²�������������������������������������������������������������������������������.�Porto Alegre: FEE, 2002. (Documentos FEE, n. 49). Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]��GH��,QVXPR�3URGXWR��GR��5LR��*UDQGH��GR��6XO�²��������������������.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007. IBGE. 6LVWHPD�GH�FRQWDV�QDFLRQDLV�GR�%UDVLO, 1998/2003��Rio de Janeiro: IBGE; De- partamento de Contas Nacionais. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/referencia1985/2003/default.shtm>. Acesso em: out. 2007.
NOTA: O Valor Adicionado de 2003 foi deflacionado pelo Índice de Preço por Atacado-Oferta Global (IPA-OG) do setor de papel, papelão e artefatos (publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)).
Outro indicador da referida expansão nacional e que também pode explicar o significativo aumento da produtividade do trabalho da indústria de papel e gráfica no Brasil é o aumento do consumo intermediário de máquinas e equipamentos por unidade de produto do setor, o qual cresceu 12,7% no período em análise. Conforme se observa no Gráfico 18, em
Gráfico 17
54
1998, o consumo intermediário de máquinas e equipamentos representava 1,2% do valor de produção desse setor, ao passo que, em 2003, essa proporção passou para 1,4%. O comportamento desse indicador aponta, desse modo, que esse setor vem se tornando relativamente mais intensivo em capital, no País.
Consumo intermediário de máquinas e equipamentos, por unidade de produto, da indústria de papel e gráfica do Brasil — 1998 e 2003
1,41,2
0,0%
0,2%
0,4%
0,6%
0,8%
1,0%
1,2%
1,4%
1,6%
1998 2003
(%)
FONTE DOS DADOS BRUTOS: IBGE. 6LVWHPD��GH��FRQWDV�QDFLRQDLV�GR�%UDVLO, 1998/2003.��Rio de Janeiro: IBGE; Departamento de Contas Nacionais. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/referencia1985/2003/>. Acesso em: out. 2007.
�����,QWHUOLJDo}HV�VHWRULDLV�
A Figura 3 apresenta um esboço da cadeia produtiva de base florestal no Rio Grande do
Sul com seus encadeamentos setoriais, obtidos a partir da Matriz de Insumo-Produto do Estado
de 2003. O princípio da cadeia estabelece-se na silvicultura e exploração vegetal, que utilizou, na
sua estrutura de insumos principais em 2003, 32,2% de produtos do próprio setor, 14,1% de
óleos combustíveis, 4,3% de adubos, 14,3% de outros produtos químicos, 4,6% de serviços
industriais de utilidade pública, 14,3% de margem de transporte, 2,5% de seguros e serviços
financeiros e 3,9% de serviços prestados às empresas. Dos produtos gerados nesse setor, a maior
parte foi destinada aos setores de produtos madeireiros (85,9%), sendo 4,5% para produtos do
próprio setor, 72,9% para madeira e mobiliário e 8,2% para papel e gráfica. Ou seja, a maior
parcela dos produtos madeireiros gerados no Estado foi destinada à indústria de madeira e
mobiliário.
Torna-se necessário destacar que, no Brasil, em 2003, apenas 31,2% da produção da
exploração vegetal e silvicultura foram destinados à madeira e mobiliário, enquanto 44,8%
Gráfico 18
55
estavam ligados à indústria de papel e gráfica, o que reforça novamente a idéia de que o Estado
detém, em relação ao País, um padrão de produção mais especializado na indústria de madeira e
mobiliário. Cabe mencionar ainda que a parcela do valor de produção da silvicultura destinada à
produção de celulose e papel já aumentou para 10,1% no Rio Grande do Sul, em 2005, e,
considerando-se somente a madeira em tora, 24,7% foram direcionados à produção desse setor.
No Brasil, entretanto, esses percentuais continuaram mais elevados, com 35,3% dos produtos da
silvicultura e 47,1% da madeira em tora (Prod. Extração Veg. Silvic., 2005).
Nesse sentido, também a maior parcela dos produtos madeireiros direcionada à
exportação do Rio Grande do Sul foi, em 2003, da indústria de madeira e mobiliário (51,9%,
somadas as exportações internacionais e interestaduais). No setor de papel e gráfica, esse
indicador ficou estabelecido em 37,9% e, na exploração vegetal e silvicultura, foi somente 1,6%.
Por fim, embora o consumo intermediário tenha sido expressivo nos três setores (principalmente
na exploração vegetal e silvicultura), considerando-se apenas a demanda final pelos produtos, as
parcelas mais significativas foram destinadas ao consumo interno das famílias. Desse modo,
praticamente se esgota a cadeia produtiva de base florestal no Estado (desde a aquisição de
insumos pela exploração vegetal e silvicultura até o destino dos produtos desse setor para
consumo intermediário dos demais e, finalmente, a demanda final pelos produtos madeireiros).
Contudo a Figura 3 demonstra apenas as ligações setoriais a montante (principais
insumos utilizados para a produção) e a jusante (principais destinos dos produtos do setor para
consumo intermediário dos demais) da exploração vegetal e silvicultura, sendo necessário
destacar ainda essas relações intersetoriais para os setores de madeira e mobiliário e de papel e
gráfica. Destes últimos, somente foram demonstrados os principais destinos da demanda final.
Conforme se observa na Tabela 14, a maior parcela de insumos utilizados concentrou-se,
em 2003, na produção dos próprios setores (28,5% e 45,4% do total de insumos utilizados pelos
setores de madeira e mobiliário e papel e gráfica foram originados por eles próprios
respectivamente). Todavia a proporção de insumos da exploração vegetal e silvicultura para
madeira e mobiliário foi, de fato, substancialmente superior àquela destinada à indústria de papel
e gráfica. Esta última apresentou, inclusive, participações mais elevadas para óleos combustíveis
(5,1%), tintas (5,1%), serviços industriais de utilidade pública (5,2%) e margem de comércio (5,6%).
56
Cadeia produtiva de base florestal no Rio Grande do Sul — 2003 Principais insumos Destino dos produtos Demanda total da produção estadual
� FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
Produtos da silvicultura e
exploração vegetal (32,3%)
Óleos combustíveis (14,1%)
Adubos (4,3%)
Outros produtos químicos (14,3%)
Serviços industriais de utilidade pública
(4,6%)
Margem de transporte (14,3%)
Seguros e serviços financeiros (2,5%)
Serviços prestados às empresas (3,9%)
Exploração vegetal e silvicultura
Produtos madeireiros
(85,9%)
Produtos não madeireiros
(14,1%)
Madeira e mobiliário (72,9%)
Produtos da silvicultura e
exploração vegetal (4,9%)
Papel e gráfica (8,2%)
Indústria da borracha (13,5%)
Demais indústrias (0,6%)
Exportação internacional (0,5%)
Exportação interestadual (1,1%)
Consumo (interno) das famílias (16,3%)
Formação de capital + ∆ estoques (2,1%)
Consumo intermediário (79,8%)
Exportação internacional (14,9%)
Exportação interestadual (37,0%)
Consumo (interno) das famílias (17,0%)
Formação de capital + ∆ estoques (8,2%)
Consumo intermediário (22,9%)
Exportação internacional (6,2%)
Exportação interestadual (31,7%)
Consumo (interno) das famílias (10,3%)
Formação de capital + ∆ estoques (-0,2%)
Consumo intermediário (51,9%)
Figura 3
57
Analogamente, a composição setorial das vendas da indústria de papel e gráfica
caracterizou-se pela forte ligação com um maior número de setores, comparativamente à
estrutura da indústria da madeira e mobiliário (Tabela 15). Nesta última, a maior parcela dos
produtos (além do próprio setor) foi destinada à construção civil (20,9%).
Tabela 14
Estrutura setorial do consumo intermediário das indústrias de madeira e mobiliário e e papel e gráfica no Rio Grande do Sul – 2003
(%)
INSUMOS MADEIRA E MOBILIÁRIO
PAPEL E GRÁFICA
Produtos da Silvicultura e da exploração vegetal ......................................... 24,1 3,7
Outros produtos metalúrgicos ....................................................................... 3,8 -
Fabricação e manutenção de máquinas e equipamentos ............................... 1,2 3,5
Madeira e mobiliário ..................................................................................... 28,5 1,1
Papel, celulose, papelão e artefatos ............................................................... 1,5 45,4
Elementos químicos não-petroquímicos e álcool .......................................... - 3,7
Óleos combustíveis ....................................................................................... 4,8 5,1
Produtos petroquímicos básicos .................................................................... 1,8 -
Resinas .......................................................................................................... 1,7 1,6
Tintas ............................................................................................................. 3,5 5,1
Outros produtos químicos ............................................................................. 2,2 2,0
Artigos de plástico ......................................................................................... 5,1 -
Produtos diversos .......................................................................................... - 2,5
Serviços industriais de utilidade pública ....................................................... 3,8 5,2
Margem de comércio .................................................................................... 3,7 5,6
Margem de transporte .................................................................................... 1,6 1,5
Comunicações ............................................................................................... 2,8 3,2
Seguros e serviços financeiros ...................................................................... - 1,6
Serviços prestados às empresas ..................................................................... 1,6 2,8
Aluguel de imóveis ........................................................................................ 1,1 1,4
Demais insumos ............................................................................................ 7,2 4,9
727$/�.........................................................................................................� 100,0 100,0 � FONTE: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]��GH��,QVXPR�3URGXWR��GR�5LR�*UDQGH��GR��6XO�²�����. Porto Alegre FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Aces- so em: set. 2007.
58
Tabela 15
Composição setorial das vendas (destino dos produtos) das indústrias de madeira e mobiliário e de papel e gráfica no Rio Grande do Sul — 2003
(%)
SETORES MADEIRA E MOBILIÁRIO PAPEL E GRÁFICA
Outros produtos metalúrgicos ............................. - 1,4 Máquinas e tratores ............................................. 3,7 3,6 Material elétrico .................................................. - 1,2 Equipamentos eletrônicos ................................... 3,4 - Automóveis, caminhões e ônibus ....................... 2,2 - Outros veículos e peças ...................................... 2,8 1,4 Madeira e mobiliário .......................................... 48,6 1,1 Papel e gráfica .................................................... 1,3 23,7 Indústria da borracha .......................................... - - Refino do petróleo .............................................. - 3,9 Produtos químicos diversos ................................ 1,2 1,9 Artigos de plástico .............................................. - 1,0 Fabricação de calçados ....................................... 3,2 5,6 Beneficiamento de produtos vegetais ................. - 1,7 Indústria do fumo ................................................ - 2,5 Abate de animais ................................................ - 2,0 Outros produtos alimentares ............................... - 4,2 Indústrias diversas .............................................. 1,3 1,4 Construção civil .................................................. 20,9 - Comércio ............................................................ 1,4 6,9 Transporte ........................................................... - 1,1 Comunicações ..................................................... - 2,1 Instituições financeiras ....................................... - 1,8 Serviços prestados às famílias ............................ 3,3 2,9 Serviços prestados às empresas .......................... 1,0 12,2 Administração pública ........................................ - 8,9 Demais setores .................................................... 5,8 7,5 727$/�.............................................................. 100,0 100,0
FONTE: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]��GH�,QVXPR�3URGXWR��GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²�����.�Por- to Alegre: FEE, 2007. Disponível em:
<http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
Essas relações intersetoriais implicam que os impactos de uma variação na demanda final
por produtos do setor de papel e gráfica sejam mais distribuídos indiretamente entre os setores,
quando comparados aos gerados por um estímulo à produção da indústria de madeira e
mobiliário. A exceção nos setores a montante, isto é, que produzem insumos para a indústria em
questão, é o próprio setor de papel e gráfica, o qual concentraria os maiores impactos.
59
Os investimentos que serão efetuados no Rio Grande do Sul serão direcionados à
produção de celulose, bem como à produção de energia elétrica, afetando, portanto, a indústria
de papel e gráfica, como será abordado na próxima seção.
��(67,0$7,9$6�'26�,03$&726�'26�,19(67,0(1726��62%5(�$�(&2120,$�*$Ò&+$�
Há evidências de que o valor da produção dos principais produtos da silvicultura segue
em tendência crescente na região dos investimentos, impulsionado principalmente pelos
municípios mais pobres, com PIB SHU�FDSLWD inferior ao estadual. Dos produtos dessa atividade,
vem ganhando destaque a produção de madeira em tora, a ponto de determinar, inclusive, uma
certa mudança no padrão de produção da silvicultura, em 2004. Como foi observado, a partir
desse ano, a região dos investimentos tornou-se mais especializada na produção de madeira em
tora do que o Estado, enquanto, nos anos anteriores, se destacava a produção de lenha. Contudo
o setor de exploração vegetal e silvicultura é ainda pouco desenvolvido no Estado, com um
elevado nível de importação para satisfazer a demanda doméstica pelos produtos, principalmente
com respeito ao consumo intermediário. Por seu turno, o setor de papel e gráfica já se encontra
num patamar mais desenvolvido, perdendo, no entanto, representatividade nacional e estadual
em relação a 1998, uma vez que as taxas de crescimento do Valor Adicionado do setor, no Rio
Grande do Sul, foram substancialmente inferiores às do Brasil em 2003. Em verdade, o setor da
cadeia de base florestal no qual o Estado possui um padrão, em relação ao Valor Adicionado,
mais especializado do que o nacional é o de madeira e mobiliário. Os investimentos que serão
realizados se concentram, todavia, na subcadeia da celulose, podendo alterar, portanto, o
contexto atual dos setores de exploração vegetal e silvicultura e de papel e gráfica no Rio Grande
do Sul.
������2�SURMHWR�H�RV�FULWpULRV�GH�WUDWDPHQWR�GRV�GDGRV�SDUD�D�HVWLPDomR�
O novo ciclo de investimentos associados à expansão e/ou à instalação de um grupo
particular de indústrias de papel e celulose no Rio Grande Sul será efetuado em três fases:
formação de florestas, instalação da indústria de celulose (compreendendo, essas duas, o período
pré-operacional do projeto) e operação da indústria (período operacional).22
Para a primeira fase, estão previstos investimentos florestais da ordem de
aproximadamente R$ 2,41 bilhões, considerando-se o total do período 2007-11. Por conseguinte,
será gerada, em média, uma produção de 13,7 milhões de metros cúbicos de madeira ao ano, em
toras de seis metros de comprimento, com diâmetros entre 4cm e 40cm, com e sem casca,
destinada à fabricação de celulose de fibra curta (derivada da madeira de eucalipto). Na verdade,
22 Cabe ressaltar, novamente, que, neste trabalho, estão sendo consideradas as três maiores empresas investidoras.
61
estão previstos dois ciclos de rotação de aproximadamente sete anos cada (até meados de 2021),
com manejos florestais aplicados de talhardia simples e/ou corte raso. Para tanto, a área de
efetivo plantio será de aproximadamente 360.000 hectares, atingindo uma produtividade média
esperada de 41 m³/ha/ano. Na média dos anos 2005/06, a área relacionada ao plantio de florestas
de eucalipto no Estado foi de 182.000 hectares (Anu. Estat. ABRAF, 2007). Assim, a estimativa
das empresas é praticamente dobrar essa área.
Para a segunda, conforme informações de uma das empresas investidoras, estão previstos
os seguintes investimentos no período 2007-11: R$ 636,23 milhões em obras de engenharia, R$
127,71 milhões em instalações elétricas, R$ 2.171,06 milhões em máquinas e equipamentos, R$
604,30 milhões em licenças e administração e R$ 31,93 milhões em treinamento. Desses, a
maior parte será realizada no Rio Grande do Sul, exceto no caso de máquinas e equipamentos,
pois 79,5% dos produtos serão adquiridos fora do Estado.
Na terceira fase, a meta é atingir uma produção adicional de aproximadamente 3,8
milhões de toneladas ao ano de celulose. Além disso, será gerada uma produção de
aproximadamente 1.000 GWh/ano de energia elétrica. Em valores monetários, a produção
corresponde a R$ 2,8 bilhões/ano de celulose e R$ 302,8 milhões/ano de energia.23
Em síntese, os investimentos de cada fase, que serão realizados pelas três empresas, no
período 2007-11, são apresentados na Tabela 1624. Observa-se que, além dos R$ 2,41 bilhões a
serem investidos para a formação de florestas no total do período analisado, serão efetuados
investimentos da ordem de R$ 5,2 bilhões e R$ 3,1 bilhões para a instalação e a operação da
indústria, respectivamente, totalizando R$ 10,7 bilhões.
23 Convém deixar claro que as empresas investidoras forneceram dados para a fase de formação de florestas. Nas
fases de instalação e operação da indústria, somente uma delas informou seus investimentos. Os valores correspondentes à produção de celulose das empresas não informantes foram estimados a partir da relação (calculada com base na empresa informante):
�������������
����� 3;;93 =
onde ����; é a produção física de celulose (em toneladas), ��; é a produção física de madeira em tora (em
metros cúbicos) e �� ��3 é o preço da celulose (em reais por tonelada). Assim, foi estabelecido um coeficiente
�����93 , o qual, aplicado à produção física de madeira em tora das empresas não informantes, gerou a estimativa do valor de produção de celulose dessas empresas. Embora seja uma estimativa, a relativa homogeneidade do processo produtivo dessa cadeia permite afirmar que esses resultados serão consistentes com os valores ainda não anunciados pelas empresas.
24 Como a proporção dos gastos totais a serem realizados e o cronograma dos investimentos são semelhantes entre as três empresas, também se procedeu à estimativa dos gastos para a instalação da indústria das empresas não informantes a partir dos valores da informante.
62
Tabela 16 Valores dos investimentos, por fases, das empresas na produção
de celulose, no Rio Grande do Sul — 2007-11 (R$ 1 000)
ANOS FORMAÇÃO DE FLORESTAS
INSTALAÇÃO DA
INDÚSTRIA
OPERAÇÃO DA
INDÚSTRIA
TOTAL DAS TRÊS FASES
2007 447 442 185 075 - 632 517 2008 618 624 1 783 160 - 2 401 784 2009 310 774 2 939 874 - 3 250 648 2010 416 265 295 435 - 711 700 2011 616 633 - 3 108 701 3 725 334
727$/� 2 409 737 5 203 544 3 108 701 10 721 982 FONTE DOS DADOS BRUTOS: Empresas investidoras. NOTA: Os valores informados incluem os salários a serem pagos aos futuros empregados, segundo os dados fornecidos pelas empresas.
Para estimar os efeitos desses investimentos sobre a economia gaúcha, foi realizada, num
primeiro momento, a identificação dos setores diretamente ligados às atividades econômicas, a
partir das informações obtidas nas empresas. Os dados foram informados para intervalos
distintos, de acordo com as fases dos investimentos, abrangendo, na totalidade, o período 2007-
-21. Todas as informações dos gastos que serão efetuados para a aquisição de bens e serviços
utilizados na formação de florestas e na instalação da indústria (bem como os demais
investimentos florestais) foram classificadas de acordo com a estrutura de 46 setores de atividade
econômica que compõem a 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²�����25.
Além disso, as empresas informaram os gastos discriminados por origem, isto é, se os
insumos serão adquiridos no Rio Grande do Sul, em outros estados ou no exterior. Desse modo,
foi possível considerar especificamente os gastos em âmbito estadual, pois os demais afetam a
economia de outros estados e do exterior, podendo-se mensurar os impactos que efetivamente
afetarão o Rio Grande do Sul.
Os valores desembolsados para pagamento de salários do pessoal ocupado que será
contratado foram convertidos em gastos de consumo pessoal por setor, utilizando-se como SUR[\
a estrutura de consumo das famílias gaúchas, bem como sua propensão média a consumir. Nesse
caso, observou-se uma tendência de aumento dos salários médios, em função do término do ciclo
de rotação na fase de formação de florestas (isto porque, no final do ciclo, aumentará a
25 A 0DWUL]� GH� ,QVXPR�3URGXWR� GR� 5LR� *UDQGH� GR� 6XO�²� ���� (Porsse, 2007), tal como publicada, contém
apenas 44 setores, sendo o setor de exploração vegetal e silvicultura agregado à agricultura. Porém foram utilizados arquivos de trabalho nos quais as informações desse setor estavam abertas, bem como seus multiplicadores de impacto.
63
proporção de serviços utilizados, como os de dendrometria e de transporte, o que eleva o valor
médio dos salários). Além disso, segundo as estimativas das empresas, os salários médios do
pessoal ocupado na indústria serão mais altos comparativamente aos dos empregados da
silvicultura. Sendo assim, utilizou-se a estrutura de consumo das famílias por classes de
rendimento, considerando-se as mudanças estruturais de consumo em função das remunerações,
bem como as alterações nas propensões médias a consumir, pois estas são negativamente
influenciadas pelos salários (quanto maior o salário, menor a propensão média a consumir). Por
exemplo, na classe de rendimento entre um e dois salários mínimos, a propensão utilizada foi de
98% (ou seja, a quase-totalidade dos salários), ao passo que, na classe de rendimento entre três e
cinco salários mínimos, foi de 79%.26 Quanto às mudanças estruturais de consumo em função
dos salários, por exemplo, enquanto na classe de rendimento de um a dois salários mínimos
apenas 1,0% do consumo total das famílias gaúchas é destinado à aquisição de produtos do setor
de automóveis, caminhões e ônibus (nesse caso, é claro, sendo a maior parte para o consumo de
automóveis), na classe de três a cinco salários mínimos esse percentual é de 3,1%. Ademais, os
gastos referentes ao arrendamento de terras receberam o mesmo tratamento, uma vez que
representam apenas transferências de renda das empresas investidoras para os proprietários.
Os dados referentes à fase operacional da indústria receberam um tratamento
diferenciado. Essa distinção é importante, porque os efeitos durante a operação da planta
industrial se darão integralmente dentro da cadeia da celulose: diretamente, no setor de papel e
gráfica e, indiretamente, devido aos seus encadeamentos setoriais. Assim, procedeu-se à
aplicação dos valores estimados da produção anual de celulose nesse setor.27
A aplicação desses procedimentos permitiu construírem-se os vetores de choque com
valores discriminados para os 46 setores de atividade econômica, em cada fase dos investimentos
e em cada ano para o qual os investimentos estão previstos (Tabelas 17, 18 e 19 ). Para a
estimação dos impactos econômicos, esses valores representam uma expansão da demanda dos
respectivos setores da economia gaúcha que ali foram identificados. Por conseguinte, uma série
de efeitos indiretos e induzidos tende a se propagar sobre a economia, ampliando o campo de
influência dos investimentos para a expansão das atividades das empresas.
26 As propensões médias a consumir foram obtidas da 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²�����
(Porsse, 2007) e do Sistema de Contas Nacionais do IBGE (2007). 27 A mesma metodologia foi adotada para a produção de energia elétrica.
64
Tabela 17
Compatibilização dos investimentos da fase de formação de florestas com a abertura setorial da matriz de insumo-produto no Rio Grande do Sul — 2007-11
(R$ 1 000)
SETORES 2007 2008 2009 2010 2011
01 Agricultura .......................................................... 647 1 008 1 407 1 757 2 272 02 Pecuária ............................................................... 153 252 350 440 603 03 Exploração vegetal e silvicultura ......................... 340 244 453 204 234 224 292 279 176 598 04 Pesca e aqüicultura .............................................. 0 0 0 0 0 05 Extrativa mineral ................................................. 0 0 0 0 0 06 Extração de petróleo e gás ................................... 0 0 0 0 0 07 Minerais não-metálicos ....................................... 175 259 367 454 616 08 Siderurgia ............................................................ 0 0 0 0 0 09 Produtos metalúrgicos não ferrosos .................... 0 0 0 0 0 10 Outros produtos metalúrgicos ............................. 92 137 193 239 318 11 Máquinas e tratores ............................................. 4 506 6 150 6 025 5 490 34 040 12 Material elétrico .................................................. 228 413 564 718 1 033 13 Equipamentos eletrônicos ................................... 184 324 445 564 823 14 Automóveis, caminhões e ônibus ........................ 162 441 615 796 1 484 15 Outros veículos e peças ....................................... 160 244 343 426 515 16 Madeira e mobiliário ........................................... 314 498 695 869 1 202 17 Papel e gráfica ..................................................... 127 228 314 398 590 18 Indústria da borracha ........................................... 21 51 67 88 173 19 Elementos químicos ............................................. 2 11 14 20 30 20 Refino do petróleo ............................................... 4 128 4 429 4 547 4 748 5 865 21 Químicos diversos ............................................... 82 239 126 985 29 575 29 329 24 299 22 Indústria farmacêutica e de perfumaria ............... 558 1 119 1 502 1 938 3 004 23 Artigos de plástico ............................................... 5 11 15 20 41 24 Indústria têxtil ..................................................... 88 172 232 298 450 25 Artigos do vestuário ............................................ 484 819 1 133 1 429 2 013 26 Fabricação de calçados ........................................ 255 425 590 742 1 053 27 Indústria do café .................................................. 95 132 187 230 266 28 Beneficiamento de produtos vegetais .................. 726 1 065 1 492 1 851 2 049 29 Indústria do fumo ................................................ 419 614 863 1 069 1 255 30 Abate de animais ................................................. 1 208 2 090 2 847 3 616 5 026 31 Indústria de laticínios .......................................... 345 653 879 1 129 1 648 32 Indústria do açúcar .............................................. 149 234 320 403 508 33 Fabricação de óleos vegetais ............................... 191 274 387 477 575 34 Outros produtos alimentares, inclusive rações .... 1 448 2 471 3 394 4 293 5 967 35 Indústrias diversas ............................................... 116 260 347 451 725 36 Serviços industriais de utilidade pública ............. 786 1 374 1 874 2 381 3 210 37 Construção civil ................................................... 3 604 4 915 4 806 44 329 319 994 38 Comércio ............................................................. 39 211 315 406 445 39 Transporte ............................................................ 463 723 1 013 1 263 1 768 40 Comunicações ..................................................... 351 739 1 002 1 292 2 114 41 Instituições financeiras ........................................ 72 257 338 452 777 42 Serviços prestados às famílias ............................. 1 448 2 935 3 998 5 134 7 599 43 Serviços prestados às empresas ........................... 7 30 40 54 101 44 Aluguel de imóveis .............................................. 671 1 736 2 389 3 097 4 154 45 Administração pública ......................................... 24 42 59 74 111 46 Serviços privados não mercantis ......................... 506 688 1 007 1 222 1 316 ��������� ............................................................... 447 442 618 624 310 774 416 265 616 633 ����� ��� �!�#"!$&%(' �)�!� ................................................ 2 409 737 FONTE: FEE.
65
Tabela 18
Compatibilização dos investimentos da fase de instalação da indústria com a abertura setorial da matriz de insumo-produto no Rio Grande do Sul — 2007-10
(R$ 1 000)
SETORES 2007 2008 2009 2010
01 Agricultura ........................................................ 202 7 069 8 433 505 02 Pecuária ............................................................ 56 1 956 2 334 140 03 Exploração vegetal e silvicultura ...................... 24 846 1 009 60 04 Pesca e aqüicultura ........................................... 0 0 0 0 05 Extrativa mineral .............................................. 0 0 0 0 06 Extração de petróleo e gás ................................ 0 0 0 0 07 Minerais não-metálicos .................................... 62 2 174 2 593 155 08 Siderurgia ......................................................... 0 0 0 0 09 Produtos metalúrgicos não ferrosos ................. 0 0 0 0 10 Outros produtos metalúrgicos ........................... 31 1 090 1 300 78 11 Máquinas e tratores ........................................... 11 226 356 1 056 810 52 911 12 Material elétrico ................................................ 95 3 323 3 963 237 13 Equipamentos eletrônicos ................................. 79 2 778 3 314 198 14 Automóveis, caminhões e ônibus ..................... 162 5 671 6 765 405 15 Outros veículos e peças .................................... 41 1 449 1 729 104 16 Madeira e mobiliário ........................................ 117 4 083 4 870 292 17 Papel e gráfica .................................................. 57 2 000 2 386 143 18 Indústria da borracha ........................................ 20 698 832 50 19 Elementos químicos .......................................... 2 60 71 4 20 Refino do petróleo ............................................ 253 8 844 10 550 632 21 Químicos diversos ............................................ 56 1 947 2 323 139 22 Indústria farmacêutica e de perfumaria ............ 287 10 059 11 999 719 23 Artigos de plástico ............................................ 5 176 209 13 24 Indústria têxtil .................................................. 42 1 478 1 763 106 25 Artigos do vestuário ......................................... 190 6 652 7 934 475 26 Fabricação de calçados ..................................... 102 3 563 4 250 255 27 Indústria do café ............................................... 22 783 934 56 28 Beneficiamento de produtos vegetais ............... 144 5 054 6 029 361 29 Indústria do fumo ............................................. 101 3 533 4 215 252 30 Abate de animais .............................................. 452 15 833 18 886 1 131 31 Indústria de laticínios ....................................... 149 5 224 6 232 373 32 Indústria do açúcar ........................................... 43 1 490 1 777 106 33 Fabricação de óleos vegetais ............................ 50 1 741 2 077 124 34 Outros produtos alimentares, inclusive rações 546 19 107 22 791 1 365 35 Indústrias diversas ............................................ 69 2 406 2 870 172 36 Serviços industriais de utilidade pública .......... 272 9 530 11 368 681 37 Construção civil ................................................ 179 820 1 373 259 1 664 121 133 623 38 Comércio .......................................................... 0 0 0 0 39 Transporte ......................................................... 177 6 189 7 383 442 40 Comunicações .................................................. 214 7 481 8 924 534 41 Instituições financeiras ..................................... 68 2 370 2 827 169 42 Serviços prestados às famílias .......................... 677 23 709 28 282 97 484 43 Serviços prestados às empresas ........................ 10 343 409 24 44 Aluguel de imóveis ........................................... 254 8 891 10 606 635 45 Administração pública ...................................... 12 406 484 29 46 Serviços privados não mercantis ...................... 101 3 538 4 220 253 ��������� ............................................................ 185 075 1 783 160 2 939 874 295 435 ����� ���!�!��"!$&%(' �)�!� ............................................. 5 203 544
FONTE: FEE.
66
Tabela 19
Compatibilização dos investimentos da fase de operação da indústria com a abertura setorial da matriz de insumo-produto no Rio Grande do Sul — 2011
(R$ 1 000)
SETORES 2011
01 Agricultura ............................................................................................. 0 02 Pecuária .................................................................................................. 0 03 Exploração vegetal e silvicultura ........................................................... 0 04 Pesca e aqüicultura ................................................................................. 0 05 Extrativa mineral .................................................................................... 0 06 Extração de petróleo e gás ..................................................................... 0 07 Minerais não-metálicos .......................................................................... 0 08 Siderurgia ............................................................................................... 0 09 Produtos metalúrgicos não ferrosos ....................................................... 0 10 Outros produtos metalúrgicos ................................................................ 0 11 Máquinas e tratores ................................................................................ 0 12 Material elétrico ..................................................................................... 0 13 Equipamentos eletrônicos ...................................................................... 0 14 Automóveis, caminhões e ônibus ........................................................... 0 15 Outros veículos e peças .......................................................................... 0 16 Madeira e mobiliário .............................................................................. 0 17 Papel e gráfica ........................................................................................ 2 805 901 18 Indústria da borracha .............................................................................. 0 19 Elementos químicos ............................................................................... 0 20 Refino do petróleo .................................................................................. 0 21 Químicos diversos .................................................................................. 0 22 Indústria farmacêutica e de perfumaria .................................................. 0 23 Artigos de plástico ................................................................................. 0 24 Indústria têxtil ........................................................................................ 0 25 Artigos do vestuário ............................................................................... 0 26 Fabricação de calçados ........................................................................... 0 27 Indústria do café ..................................................................................... 0 28 Beneficiamento de produtos vegetais .................................................... 0 29 Indústria do fumo ................................................................................... 0 30 Abate de animais .................................................................................... 0 31 Indústria de laticínios ............................................................................. 0 32 Indústria do açúcar ................................................................................. 0 33 Fabricação de óleos vegetais .................................................................. 0 34 Outros produtos alimentares, inclusive rações ....................................... 0 35 Indústrias diversas .................................................................................. 0 36 Serviços industriais de utilidade pública ................................................ 302 800 37 Construção civil ..................................................................................... 0 38 Comércio ................................................................................................ 0 39 Transporte .............................................................................................. 0 40 Comunicações ........................................................................................ 0 41 Instituições financeiras ........................................................................... 0 42 Serviços prestados às famílias ................................................................ 0 43 Serviços prestados às empresas .............................................................. 0 44 Aluguel de imóveis ................................................................................ 0 45 Administração pública ........................................................................... 0 46 Serviços privados não mercantis ............................................................ 0 ��������� .................................................................................................. 3 108 701
FONTE: FEE. NOTA: Na estimativa dos impactos, esses valores serão propagados para as demais atividades, em função das relações indiretas dos setores dadas na MIP-RS 2003 (Porsse, 2007).
67
Todos esses efeitos são mensurados através dos multiplicadores setoriais da 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�²������(Porsse, 2007), cuja metodologia de cálculo
será apresentada a seguir.
����2�PRGHOR�GH�LQVXPR�SURGXWR�H�VHXV�PXOWLSOLFDGRUHV�O modelo de insumo-produto foi desenvolvido por Wassily Leontief e publicado em
1936, com o objetivo de fornecer mecanismos para analisar as relações produtivas intersetoriais,
tendo, até os dias de hoje, grande utilidade no apoio à formulação de políticas público-setoriais.
Esse modelo é denominado fechado, quando alguns componentes da demanda final são
considerados variáveis endógenas ao modelo, e aberto, quando esses componentes são
entendidos como variáveis exógenas ao sistema. Uma característica do modelo aberto é que ele
identifica somente as relações setoriais diretas e indiretas do sistema econômico, enquanto o
modelo fechado permite identificar também os efeitos induzidos pelo incremento no nível de
renda, quando há uma variação na demanda final.
O modelo é de grande importância para o planejamento econômico, pois possibilita, por
exemplo, comparar as estruturas econômicas de produção ou a produtividade entre um país ou
uma região. Ele também possibilita a comparação entre os impactos que a adoção de certas
políticas teriam em diferentes regiões. Além disso, torna possível verificar que repercussões
ocorreriam em diferentes setores, caso houvesse alterações na demanda final de um deles. Ou
seja, dado o encadeamento dos setores da economia em questão, esse modelo permite analisar
quais são impactados e em que grau a produção de um determinado setor se eleva ou se reduz,
quando estimulada por uma variação na demanda final.
Os multiplicadores utilizados neste trabalho são derivados do modelo insumo-produto
fechado, no qual a variável consumo das famílias é considerada endógena no sistema econômico.
Nessa especificação, é possível avaliar os efeitos diretos, indiretos e o efeito-renda (induzido)
decorrentes de variações na demanda final dos setores. Tais efeitos são mensurados através de
multiplicadores de impacto intersetorial, os quais podem ser calculados para a produção, o Valor
Adicionado, o emprego e o rendimento das famílias. Os dois itens a seguir apresentam uma
breve introdução aos modelos de insumo-produto aberto e fechado. Posteriormente, faz-se uma
apresentação do mecanismo de cálculo dos multiplicadores de impacto, e seus resultados são
reportados.
68
������0RGHOR�DEHUWR�GH�/HRQWLHI� O modelo aberto de Leontief considera os componentes da demanda final elementos
exógenos ao sistema, avaliando somente os efeitos setoriais diretos e indiretos no sistema
econômico. Dessa forma, as remunerações dos agentes fornecedores dos insumos primários do
sistema, as quais têm impactos na aquisição de produtos através das atividades de consumo
pessoal, não são consideradas nas relações intersetoriais da economia.
O modelo de insumo-produto aberto de Leontief é derivado de uma relação de equilíbrio
entre oferta agregada e demanda agregada. Nessa relação, considera-se que a oferta de bens e
serviços de cada setor tem como destino o consumo intermediário ou a demanda final
(exportações, consumo das famílias, formação bruta de capital, consumo do governo e variação
de estoques). Logo, pode-se definir:
<&,; += � � � � � � ��������������������������������������������������������(1)
onde� ; é o vetor coluna da oferta (produção doméstica); &, � é o vetor coluna do consumo
intermediário; e < �é o vetor coluna da demanda final.
Conforme definido por Leontief, as aquisições de bens e serviços para consumo
intermediário de determinado setor podem ser avaliadas como uma proporção fixa do nível de
produção desse setor. Essa hipótese é a base da função de produção de Leontief. Assim,
considerando que $ � é uma matriz cujos elementos representam os coeficientes de insumo-
-produto (de proporção fixa), a equação 1 pode ser reescrita como:
<$;; += � ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ (2)
Como, no modelo aberto, o vetor da demanda final é considerado uma variável exógena,
pode-se resolver o sistema com a equação:
%<<$,; =−= −1)( ��� ��������������������������������������������������������������������������������������������(3)
onde % �é a matriz dos coeficientes técnicos intersetoriais, mais conhecida como matriz inversa
de Leontief. Os multiplicadores de impacto setorial direto e indireto são, portanto, calculados a
partir dos elementos da matriz % .
������0RGHOR�IHFKDGR�GH�/HRQWLHI�
O modelo fechado de Leontief considera que um choque exógeno de demanda final, além
dos efeitos diretos e indiretos, também gera um ciclo adicional de efeitos induzidos, que são
decorrentes do fato de que o emprego e a renda aumentam no sistema econômico. O aumento do
69
emprego e da renda, por sua vez, pressiona a produção das atividades econômicas através dos
estímulos propagados pelo aumento do consumo de bens e serviços pelas famílias.
Usualmente, para calcular o modelo fechado de Leontief e obter multiplicadores que
capturam o efeito-renda, considera-se o consumo das famílias como uma variável endógena no
sistema econômico. Nesse caso, em síntese, transporta-se o consumo das famílias para dentro da
matriz de relações intersetorias )($ , através da criação de uma nova linha e de uma nova coluna
nessa matriz. A linha expressará a relação entre o Valor Adicionado do setor M com o Valor Bruto
da Produção do setor M. A nova coluna representará a propensão média do consumo familiar,
obtida através da relação entre o consumo setorial das famílias e o Valor Adicionado (renda) da
economia. Essa endogeneização se dá a partir do pressuposto de que o consumo das famílias é
determinado endogenamente, como função homogênea e linear da renda da economia.
Dessa forma, o modelo fechado de Leontief é descrito por:��<%<$,; =−= −1)( � � � � � � ���������������������������������(4)�
onde % �representa a matriz de coeficientes técnicos intersetoriais, considerando o consumo das
famílias endógeno. Os multiplicadores de impacto setorial direto, indireto e induzido (efeito-
-renda) são, portanto, calculados a partir dos elementos da matriz % .
������0XOWLSOLFDGRUHV�GH�LPSDFWR�
O modelo de insumo-produto permite quantificar os efeitos multiplicadores de cada setor
de atividade econômica, sendo essa informação fundamental para a avaliação de impactos de
políticas públicas, ou, no presente caso, para a avaliação dos impactos dos investimentos para a
expansão da produção de celulose decorrentes de seus encadeamentos setoriais na matriz
produtiva gaúcha.
Um multiplicador de impacto setorial consiste numa expressão numérica dos efeitos
diretos, indiretos e induzidos propagados sobre o sistema econômico, quando uma determinada
atividade apresenta incremento de demanda final. O multiplicador direto expressa o impacto de
variações na demanda final do j-ésimo setor, quando são consideradas apenas as atividades que
fornecem insumos diretos ao setor em questão. Já o multiplicador indireto mede o impacto de
variações na demanda final do j-ésimo setor, quando se consideram apenas as atividades
fornecedoras de insumos indiretos ao setor analisado. Por fim, o multiplicador induzido fornece
o impacto de variações na demanda final do j-ésimo setor, considerando a variação adicional da
demanda ocasionada pelo incremento no nível de rendimento da economia, quando se estimula
determinado setor.
70
Tomando como referência a variável emprego, o multiplicador direto da variável é
definido como o valor do emprego requerido por unidade de produto para cada setor:
*
*+* ;
(H = (5)
onde ,( é a quantidade de emprego do setor M; e -; é o valor da produção do setor M. Já o multiplicador direto e indireto do emprego mostra o impacto ocasionado pelo
aumento na demanda final do setor M sobre o emprego total, dado todo o encadeamento
intersetorial do modelo aberto de Leontief. Esse multiplicador pode ser derivado da combinação
do vetor de multiplicadores diretos com a matriz de impacto intersetorial do modelo aberto de
Leontief, que incorpora os efeitos indiretos. Logo,
%HH ..0/= (6)
onde 102H é o vetor do multiplicador direto e indireto do emprego;
1H é o vetor dos coeficientes
do emprego, ou seja, emprego por unidade de produto em cada setor; e % é a matriz dos
coeficientes técnicos do modelo aberto de Leontief.
O multiplicador total do emprego (direto, indireto e induzido) fornece o impacto
ocasionado pelo aumento da demanda do setor M sobre o emprego total, dado o encadeamento
intersetorial do modelo fechado de Leontief. Assim:
%HH 3304 5= (7)
onde 607 8H é o vetor do multiplicador direto, indireto e induzido do emprego; e % é a matriz dos
coeficientes técnicos do modelo fechado de Leontief.
A decomposição da parcela do multiplicador total associada aos efeitos indiretos (9H ) e
induzidos (:H ) pode ser obtida pelas seguintes expressões:
;;0<< HHH −= ��� � � � � � � ���������������������������������(8) =0>=0> ?=>=0> ?? HHHHHH −=−−= (9)
Aplicando procedimentos semelhantes para as variáveis produção, Valor Adicionado e
rendimento das famílias, podem-se obter os multiplicadores setoriais diretos, indiretos e
induzidos para cada uma dessas variáveis. Os $QH[RV � a � apresentam as tabelas com os valores
dos multiplicadores setoriais para cada variável, calculados com base na MIP-RS 2003, os quais
serão utilizados para a obtenção das estimativas de impacto dos investimentos sobre a economia
gaúcha.
É importante ressaltar que, no caso dos multiplicadores de emprego, os dados se referem
a gastos monetários medidos em milhões de reais, pois essa é a unidade monetária da MIP-RS.
Dessa forma, os valores expressos para o multiplicador representam a quantidade de
71
trabalhadores necessários para atender a um aumento de demanda final equivalente a R$ 1,00
milhão.
Ademais, embora os investimentos contemplem o aumento da produção de celulose, a
estimativa dos impactos a partir da MIP-RS 2003 possibilita apenas a mensuração com um maior
nível de agregação, dada a sua abertura setorial. Assim, os impactos avaliados referem-se à
expansão, em média, do setor de papel e gráfica, em função da variação da demanda final
ocasionada pelo aumento da produção de celulose. Cabe observar, no entanto, que, mesmo tendo
a abertura para o segmento produtor de celulose, grande parte dos efeitos seriam propagados
indiretamente para o setor de papel e gráfica, pois há um forte encadeamento setorial entre essas
atividades. ������5HVXOWDGRV�
Com base nas informações monetárias fornecidas pelas empresas (a partir das quais
foram construídos os vetores de choque apresentados anteriormente nas Tabelas 17, 18 e 19) e
nos multiplicadores de impacto derivados do modelo fechado de Leontief, foram estimados os
efeitos dos investimentos para a expansão da produção de celulose sobre a economia gaúcha. As
variáveis de análise são a produção, o Valor Adicionado, o emprego e o rendimento em cada fase
dos investimentos. Além disso, as estimativas dos impactos são analisadas para cada ano até
2011, quando a produção de madeira em tora já terá sido gerada e as indústrias passarão a operar
para a produção anual adicional de celulose.28 Os impactos levam em conta, desse modo, os
efeitos gerados pelo início da operação das indústrias, desde a fase de formação de florestas até o
primeiro ano de produção de celulose. A partir desse ano, essa cadeia expandida já estará
instalada no Rio Grande do Sul, tornando-se parte integrante do sistema econômico estadual.
Como conseqüência, os impactos passarão a ser relativamente menores, quando comparados
àqueles gerados na instalação e no início da operação.
Cabe observar, ademais, que este estudo se refere à análise dos impactos brutos, isto é,
seus resultados não levam em conta os efeitos de substituição do uso da terra, e não simula o
impacto com possíveis usos diversificados da mesma. De qualquer modo, os efeitos mais
significativos serão provocados nas fases de instalação e de operação das plantas industriais.
Deve-se destacar também que alguns estudos recentes defendem o estímulo ao desenvolvimento
28 Os investimentos florestais e, por conseguinte, os plantios já vêm sendo realizados desde meados de 2004, o que
possibilita a produção adicional de celulose já em 2011, dado o período do ciclo de rotação florestal de aproximadamente sete anos. Todavia, nas informações fornecidas pelas empresas, estavam disponíveis somente os investimentos a partir do ano de 2007.
72
de sistemas silvipastoris na região em análise, apontando a fragilidade natural e a baixa
capacidade de uso de extensas áreas dos seus solos.29
A seguir, as Tabelas 20 a 23 apresentam os resultados quantificados dos impactos dos
investimentos florestais e industriais para a expansão da produção de celulose sobre,
respectivamente, as variáveis produção, Valor Adicionado, emprego e rendimento da economia
do Rio Grande do Sul. Os resultados são apresentados em valores monetários para as três fases,
isto é, formação de florestas, instalação e operação das indústrias, as quais, somadas em cada
ano, são comparadas com os valores atuais (obtidos da 0DWUL]� GH� ,QVXPR�3URGXWR� GR� 5LR�*UDQGH�GR�6XO�²����� (Porsse, 2007)) de cada variável, tendo-se, desse modo, uma idéia das
proporções dos impactos gerados nesses indicadores da economia do Estado.30 Alem disso,
busca-se situar os setores de exploração vegetal e silvicultura e de papel e gráfica nesse contexto.
Tabela 20 Impactos dos investimentos das empresas sobre o nível de produção
do Rio Grande do Sul — 2007-11
ANOS
FASE 1 (formação de
florestas) (R$ milhões)
FASE 2 (instalação da
indústria) (R$ milhões)
FASE 3 (operação da
indústria) (R$ milhões)
TOTAL (R$ milhões)
IMPACTOS (1) (%)
2007 1 075 423 0 1 498 0,43 2008 1 487 4 073 0 5 560 1,60 2009 746 6 598 0 7 344 2,11 2010 995 677 0 1 672 0,48 2011 1 438 0 7 040 8 478 2,43
FONTE: FEE. (1) Referem-se aos impactos em termos reais, considerando-se o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado do IBGE (IPCA-IBGE).
29 Para maiores detalhes, ver Ribaski HW�DO� (2005). 30 A análise não necessariamente se refere às taxas de crescimento das variáveis na economia gaúcha, em relação aos
valores atuais, as quais dependem, naturalmente, de diversos outros fatores. Ela se restringe apenas à parcela do crescimento associado aos investimentos florestais e industriais para a expansão da produção de celulose no Estado.
73
Tabela 21
Impactos dos investimentos das empresas sobre o Valor Adicionado do Rio Grande do Sul — 2007-11
ANOS
FASE 1 (formação de
florestas) (R$ milhões)
FASE 2 (instalação da
indústria) (R$ milhões)
FASE 3 (operação da
indústria) (R$ milhões)
TOTAL (R$ milhões)
IMPACTOS (1) (%)
2007 504 191 0 696 0,46 2008 692 1 792 0 2 485 1,65 2009 357 2 785 0 3 142 2,09 2010 478 307 0 784 0,52 2011 658 0 2 966 3 624 2,41
FONTE: FEE. (1) Referem-se aos impactos em termos reais, considerando-se o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado do IBGE (IPCA-IBGE). Tabela 22
Impactos dos investimentos das empresas sobre o emprego do Rio Grande do Sul — 2007-11
ANOS
FASE 1 (formação de
florestas) (R$ milhões)
FASE 2 (instalação da
indústria) (R$ milhões)
FASE 3 (operação da
indústria) (R$ milhões)
TOTAL DE
IMPACTOS (1) (%)
2007 83 858 12 886 0 96 744 1,29 2008 112 432 112 672 0 225 104 3,01 2009 58 723 157 467 0 216 190 2,89 2010 75 737 18 520 0 94 257 1,26 2011 69 149 0 115 207 184 356 2,46
FONTE: FEE. (1) Referem-se aos impactos em relação ao número de empregados. Tabela 23
Impactos dos investimentos das empresas sobre o rendimento do trabalho do Rio Grande do Sul — 2007-11
ANOS
FASE 1 (formação de
florestas) (R$ milhões)
FASE 2 (instalação da
indústria) (R$ milhões)
FASE 3 (operação da
indústria) (R$ milhões)
TOTAL (R$ milhões)
IMPACTOS (1) (%)
2007 173 67 0 240 0,46 2008 236 626 0 862 1,66 2009 123 956 0 1 079 2,08 2010 166 132 0 298 0,57 2011 229 0 984 1 213 2,34
FONTE: FEE. (1) Referem-se aos impactos em termos reais, considerando-se o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado do IBGE (IPCA-IBGE).
EMPREGADOS
74
Em 2007, os efeitos diretos, indiretos e induzidos dos investimentos sobre o nível de
produção e de Valor Adicionado da economia gaúcha seriam da ordem de R$ 1.498 milhões e de
R$ 696 milhões respectivamente, constituindo-se, assim, no ano de menor impacto (Tabelas 20 e
21). Esses valores corresponderiam a um crescimento de 0,43% da produção e de 0,46% do
Valor Adicionado da economia estadual, comparativamente aos valores atuais. Considerando-se
somente o período pré-operacional (formação de florestas e instalação da indústria), 2009 será o
ano de maior impacto na produção, com um crescimento de 2,11% em relação à atual, enquanto
o Valor Adicionado crescerá à taxa de 2,09%. Já em 2011, quando iniciará a operação da
indústria para a produção adicional de celulose, os efeitos passarão a ser mais representativos:
2,43% e 2,41% de crescimento da produção e do Valor Adicionado respectivamente, registrando
acréscimos da ordem de R$ 8.478 milhões e de R$ 3.624 milhões.
Por seu turno, os efeitos totais sobre o emprego serão mais elevados, impulsionados
principalmente pela fase de formação de florestas — silvicultura, uma vez que a estrutura
produtiva do setor é, em relação aos setores industriais, mais intensiva em trabalho (Tabela 22).31
Nesse caso, seriam gerados 96.744 novos postos de trabalho em 2007, representando um
crescimento de 1,29% do emprego no Rio Grande do Sul, quando comparado ao número atual de
empregados. O ano de maior impacto será 2008 (3,01%), no qual se concentrará a maior parte
dos investimentos florestais. Logo após, seguirá o ano de 2009 (2,89%), quando o maior volume
de investimentos para a instalação da indústria será efetuado. Em 2011, no período operacional
da indústria, o efeito sobre o emprego será menor do que o desses dois anos destacados,
crescendo a uma taxa de 2,46%, porém representando, ainda, a geração de 184.356 postos de
trabalho no Rio Grande do Sul.
Já os impactos sobre o rendimento das famílias gaúchas serão inicialmente menores do
que aqueles sobre o emprego, determinados, de forma análoga, pela fase de formação das
florestas — silvicultura, pois os salários da mão-de-obra contratada no setor são relativamente
inferiores (Tabela 23). De qualquer modo, em 2007, o efeito dos investimentos sobre o
rendimento da economia gaúcha seria de R$ 240 milhões, significando um aumento de 0,46% do
total de rendimentos atuais das famílias do Rio Grande do Sul. Os anos de maior impacto no
período pré-operacional, do mesmo modo, serão 2008 e 2009, nos quais (como já mencionado)
se concentrarão os maiores volumes em investimentos florestais e em instalações industriais,
representando impactos de, respectivamente, 1,66% e 2,08% em relação ao total de rendimentos
31 Essa constatação é possível, pois, embora os efeitos indiretos e induzidos dos investimentos florestais sejam
propagados para diversos outros setores da economia, a maior parcela se concentra no próprio setor (como foi demonstrado na Figura 3, onde se observa que 32,2% dos insumos utilizados na sua matriz produtiva são fornecidos pela própria exploração vegetal e silvicultura).
75
atuais no Estado. Todavia o efeito, em 2011 (no período operacional), será o mais elevado (R$
1.213 milhões), atingindo um crescimento de 2,34%.
Com respeito aos setores de exploração vegetal e silvicultura e de papel e gráfica, os anos
de maior impacto sobre a produção dessas atividades serão 2008 e 2011 respectivamente.
Em 2008, considerando-se os efeitos diretos, indiretos e induzidos sobre o setor, a
atividade de exploração vegetal e silvicultura corresponderá a aproximadamente 2,9 vezes o
valor de produção atual da atividade no Estado,32 2,6 vezes o Valor Adicionado, 1,4 vez o
número de empregados e 2,5 vezes o rendimento (Tabela 24). Tabela 24
Impactos dos investimentos sobre os setores de exploração vegetal e silvicultura e de papel e gráfica no Rio Grande do Sul — 2008 e 2011
VARIÁVEIS VALORES ATUAIS (1)
(R$ milhões de 2007) (A)
IMPACTOS (2) (R$ milhões)
(B)
IMPACTOS (2) (%)
(B/A) @�ACB D E)F&G)H&I)E�J#K(LCK(M G�D!KON P D Q)P R&S D M S!F&GUTWVCX)X)YProdução .......................................................................... 379 1 088 286,8 Valor Adicionado ............................................................. 215 554 257,7 Emprego ........................................................................... 76 101 107 610 141,4 Rendimento ...................................................................... 78 195 250,9 Z�G)B!K(D!K�LCF&[�\ P R&GUTWVCX!])]Produção .......................................................................... 3 716 3 224 86,8 Valor Adicionado ............................................................. 1 319 1 145 86,8 Emprego ........................................................................... 42 565 35 476 83,3 Rendimento ...................................................................... 540 353 65,3 ^ E)_�`�S!_ M E�a!G�K&R&E)_!E)bcP G#LCG)d!R&e!GUTWVCX!])]
Produção .......................................................................... 348 302 8 478 2,43 Valor Adicionado ............................................................. 150 356 3 624 2,41 Emprego ........................................................................... 7 484 433 184 356 2,46 Rendimento ...................................................................... 51 829 1 213 2,34
FONTE: FEE. NOTA: Foram considerados os anos de 2008 e 2011, por serem os anos de maior impacto. (1) Valores ajustados pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado do IBGE (IPCA-IBGE). (2) Impactos em termos reais.
Esses impactos serão reflexos de uma abrupta mudança na matriz produtiva do setor, no
Rio Grande do Sul, uma vez que, em 2008, ano de maior impacto, os investimentos que forem
realizados representarão um crescimento no consumo intermediário (em valores monetários) de
8,5 vezes os produtos do próprio setor, 4,0 vezes os produtos da indústria de máquinas e tratores
e 4,2 vezes os produtos químicos diversos. Em síntese, o valor total do consumo intermediário
do setor, em 2008, será 3,8 vezes o valor total atual.33
É importante ressaltar também os efeitos significativos que poderão concentrar-se na
região dos investimentos florestais, em termos de produção. Conforme demonstrado no item 1.1,
o coeficiente de especialização para o valor da produção da madeira em tora na região dos
32 Cabe registrar, nesse caso, que o valor de produção da silvicultura e exploração vegetal já aumentou para cerca de
R$ 648 milhões em 2005 (FEE, 2007), e, tomando-se esse ano como referência, o crescimento será da proporção de 1,7 vez esse valor mais recente.
33 Os valores absolutos mais expressivos são para os produtos do próprio setor e para produtos químicos diversos.
76
investimentos, em relação ao Estado, era 1,21 em 2005. Ou seja, naquele ano, essa região já era
mais especializada na produção desse produto do que o Rio Grande do Sul. Considerando-se que
a produção adicional estimada será realizada nessa região, onde serão efetuados os plantios, e
tendo como referência o valor de produção anual médio da madeira em tora informado pelas três
empresas (aproximadamente, R$ 406 milhões, valor equivalente apenas aos efeitos diretos sobre
a produção), estima-se que o coeficiente de especialização para o valor da produção da madeira
em tora dessa região, relativamente ao Estado, aumentará para 1,46 em 2008.34
Quanto à indústria de papel e gráfica, embora proporcionalmente menores, os impactos
também serão significativos. Em 2011, considerando-se os efeitos diretos, indiretos e induzidos,
o valor da produção e o Valor Adicionado do setor aumentarão aproximadamente 86,8% sobre
os valores atuais, representando um crescimento da ordem de R$ 3.224 milhões na produção e de
R$ 1.145 milhões no Valor Adicionado. Nesse caso, chama atenção que os impactos totais sobre
o valor da produção e o Valor Adicionado da economia gaúcha serão significativamente maiores:
R$ 8.478 milhões e de R$ 3.624 milhões respectivamente. Conforme mencionado no item 2.4, as
relações intersetoriais da indústria de papel e gráfica caracterizam-se pelo encadeamento
com um grande número de setores da economia, o que faz com que os efeitos indiretos e
induzidos sejam menos concentrados no próprio setor. De qualquer forma, o rendimento do
trabalho na indústria crescerá 65,3% do valor atual, constituindo-se num acréscimo de R$ 353
milhões; e o emprego, 83,3% do número atual de empregados, consolidando 35.476 novos
postos de trabalho no setor.
Esses efeitos menores, comparados àqueles que incidem sobre a silvicultura e exploração
vegetal, de um lado, reforçam a idéia de o setor de papel e gráfica já ser mais desenvolvido no
Estado (tanto que, em 1998, o Rio Grande do Sul era mais especializado na produção dessa
indústria do que o Brasil) e, de outro, refletem uma matriz produtiva menos concentrada no
próprio setor, implicando impactos significativos nos demais setores de atividade econômica.
Ademais, como observado no item 2.1, a expansão do setor em nível nacional e a
estagnação de sua produção no Estado determinaram uma queda do coeficiente de especialização
(com respeito ao Valor Adicionado), de 1,60 em 1998 para 0,57 em 2003. Isto é, o Rio Grande
do Sul tornou-se menos especializado na produção da indústria de papel e gráfica do que o
34 Tal estimativa é calculada sob a hipótese de que os demais produtos da silvicultura e exploração vegetal crescerão
às mesmas taxas anuais médias registradas no período 2001-05, na região dos investimentos e no Rio Grande do Sul, até o final do ciclo de maturação dos investimentos florestais. Além disso, considera-se somente a parcela de crescimento da produção atribuída à expansão desses investimentos, tanto nessa região quanto no Estado. Embora aparentemente fraca, esta última hipótese ganha consistência em função da elevada proporção dos investimentos, constituindo-se, assim, no principal fator de crescimento da produção de madeira em tora no Rio Grande do Sul.
77
Brasil. Todavia, com os efeitos diretos, indiretos e induzidos dos investimentos sobre o Valor
Adicionado do setor no Estado, estima-se que, em 2011, esse coeficiente se elevará para 0,93.35
Por fim, em relação aos impactos totais dos investimentos sobre a economia gaúcha,
comparando-se os resultados estimados para os efeitos com os gastos totais que serão realizados,
podem-se definir os multiplicadores dos investimentos das empresas. As Tabelas 25 a 28
apresentam os resultados dos cálculos dos multiplicadores dos gastos totais para cada variável
(produção, Valor Adicionado, emprego e rendimento respectivamente). Considerando-se a média
dos gastos totais e do valor que será gerado para as variáveis no período 2007-11, constata-se
que, para cada R$ 1,00 gasto pelas empresas, ocorrerá um impacto de geração de R$ 2,29 de
produção, R$ 1,00 de Valor Adicionado e R$ 0,34 de rendimento para as famílias. Como a
unidade monetária da Matriz de Insumo-Produto do Rio Grande do Sul é milhões de reais, para
cada R$ 1,00 milhão gasto pelas empresas ocorrerá um impacto de geração de emprego
equivalente a 76 postos de trabalho.
Tabela 25
Multiplicadores dos investimentos das empresas na produção, no Rio Grande do Sul — 2007-11
ANOS E
MÉDIA
GASTOS TOTAIS (1) (R$ milhões)
(A)
PRODUÇÃO GERADA (R$ milhões)
(B)
MULTIPLICADORES (B/A)
2007 633 1 498 2,369 2008 2 402 5 560 2,315 2009 3 251 7 344 2,259 2010 712 1 672 2,349 2011 3 725 8 478 2,276 0pGLD� 2 144 4 910 2,290 727$/� 10 723 24 552 2,290
FONTE: FEE. (1) Correspondem aos gastos totais das três fases nas quais os investimentos serão realizados (formação de florestas, instalação e operação da indústria).
35 Nesse caso, considera-se a hipótese de que o Valor Adicionado crescerá às mesmas taxas anuais médias do
período 1998-03, nas economias gaúcha e brasileira, até a fase operacional da indústria. Também se atribui, nessa estimativa, somente a parcela do crescimento do setor de papel e gráfica associada aos investimentos para expansão da produção de celulose no Estado, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil. Como a análise se refere a somente um ano, que corresponde a um grande volume de investimentos, pode-se considerar que o principal fator de crescimento do setor, em nível nacional, será associado à expansão dessa indústria na economia gaúcha.
78
Tabela 26
Multiplicadores dos investimentos das empresas no Valor Adicionado, no Rio Grande do Sul — 2007-11
ANOS E
MÉDIA
GASTOS TOTAIS (1) (R$ milhões)
(A)
VALOR ADICIONADO GERADO
(R$ milhões) (B)
MULTIPLICADORES (B/A)
2007 633 696 1,100 2008 2 402 2 485 1,034 2009 3 251 3 142 0,967 2010 712 784 1,102 2011 3 725 3 624 0,973 0pGLD� 2 144 2 146 1,001 727$/� 10 723 10 731 1,001
FONTE: FEE. (1) Correspondem aos gastos totais das três fases nas quais os investimentos serão realizados (formação de florestas, instalação e operação da indústria). Tabela 27
Multiplicadores dos investimentos das empresas no emprego, no Rio Grande do Sul — 2007-11
ANOS E
MÉDIA
GASTOS TOTAIS (1) (R$ milhões)
(A)
EMPREGO GERADO (número de empregos)
(B)
MULTIPLICADORES (B/A)
2007 633 96 744 153 2008 2 402 225 104 94 2009 3 251 216 190 67 2010 712 94 257 132 2011 3 725 184 356 49 0pGLD� 2 144 163 330 76 727$/� 10 723 816 651 76
FONTE: FEE. (1) Correspondem aos gastos totais das três fases nas quais os investimentos serão realizados (formação de florestas, instalação e operação da indústria).
79
Tabela 28
Multiplicadores dos investimentos das empresas no rendimento, no Rio Grande do Sul — 2007-11
ANOS E
MÉDIA
GASTOS TOTAIS (1) (R$ milhões)
(A)
RENDIMENTO GERADO (R$ milhões)
(B)
MULTIPLICADORES (B/A)
2007 633 240 0,380 2008 2 402 862 0,359 2009 3 251 1 079 0,332 2010 712 298 0,418 2011 3 725 1 213 0,326 0pGLD� 2 144 738 0,344 727$/� 10 723 3 692 0,344
FONTE: FEE. (1) Correspondem aos gastos totais das três fases nas quais os investimentos serão realizados (formação de florestas, instalação e operação da indústria).
Esses efeitos, no entanto, não permanecerão totalmente na região dos investimentos, pois
alguns setores fornecedores de insumos podem estar localizados em outras áreas do Estado,
havendo, por conseqüência, um vazamento dos impactos para o resto do Rio Grande do Sul,
mais especificamente, para a Metade Norte.
�����,PSDFWRV�UHJLRQDOL]DGRV��UHJLmR�GRV�LQYHVWLPHQWRV�YHUVXV�0HWDGH�1RUWH��
Os efeitos indiretos e induzidos desses investimentos, mesmo que em proporções
menores do que os efeitos diretos (isto é, sobre as próprias atividades de exploração vegetal e
silvicultura e de papel e gráfica), na maior parte dos casos, propagar-se-ão para diversos setores
da economia gaúcha. Principalmente com respeito aos setores da indústria de transformação, os
impactos poderão vazar, em grande parte, para a Metade Norte do Estado, não permanecendo na
região em análise. Isto porque essas atividades econômicas são historicamente mais
desenvolvidas na Metade Norte do Rio Grande do Sul, mais precisamente na região nordeste,
que se caracteriza pela presença de vários setores industriais, juntamente com grandes
concentrações urbanas (eixo Porto Alegre— Caxias do Sul e algumas áreas no seu entorno).
Para se estabelecer uma visão geral dos impactos que poderão permanecer na região dos
investimentos e/ou vazar para a Metade Norte do Estado, foram coletados os dados de emprego
da 5HODomR $QXDO�GH�,QIRUPDo}HV�6RFLDLV (RAIS, 2005) do Ministério do Trabalho e Emprego.
As informações foram obtidas para todos os municípios gaúchos no último ano de publicação da
base de dados (2005), pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE
a três dígitos e, quando necessário, a cinco dígitos. Assim, foram obtidos 136.227 resultados, os
80
quais, em seguida, foram compatibilizados com os 46 setores da 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR�6XO�±������(Porsse, 2007). Como resultado final, obteve-se uma listagem�com o
número de empregados, por município, para cada setor de atividade econômica dos respectivos
46 setores dessa matriz. Agregando-se por setor de atividade econômica o emprego dos
municípios que serão contemplados com os investimentos, elaborou-se a Tabela 29. Nela, são
apresentados os coeficientes de especialização para o emprego dos 46 setores na região dos
investimentos, o que possibilita a identificação das atividades nas quais a região é mais
especializada, em termos de emprego, do que o Estado. Por fim, demonstra-se a estrutura de
participação média dos impactos totais dos investimentos por atividade econômica, que,
comparada aos coeficientes de especialização do emprego por setor, indica se os principais
efeitos poderão, potencialmente, permanecer, ou não, na região em estudo.36
Conforme se observa na Tabela 29, a região em análise é mais especializada do que o Rio
Grande do Sul, no emprego, em setores agropecuários (01 a 04) e na indústria extrativa (05 a
07). Os setores da indústria de transformação nos quais a região apresenta maior especialização
para o emprego do que o Estado são: indústria farmacêutica e perfumaria, beneficiamento de
produtos vegetais, fabricação de óleos vegetais, outros produtos alimentares inclusive rações e
serviços industriais de utilidade pública, sendo que, nos dois últimos, os coeficientes de
especialização são significativamente baixos.
36 Embora se utilize somente a variável emprego, este já é um indicador consistente para ser utilizado como SUR[\
para os níveis das demais variáveis, uma vez que mantém relações positivas com a produção e o Valor Adicionado. Esses indicadores não foram utilizados devido à dificuldade de se obterem estimativas em nível de municípios para os 46 setores de atividade econômica.
81
Tabela 29
Coeficientes de especialização para o emprego, por setor de atividade econômica, da região dos investimentos e estrutura setorial dos impactos dos investimentos no Rio Grande do Sul – 2005
ESTRUTURA SETORIAL DOS IMPACTOS SETORES CE
(1) Produção VA Emprego Rendimento Média (2)
01 Agicultura ........................................................... 3,2 0,9 1,5 1,4 0,3 1,0 02 Pecuária .............................................................. 3,0 0,5 0,6 1,0 0,3 0,6 03 Exploração vegetal e silvicultura ....................... 4,6 16,1 18,5 50,8 19,5 26,2 04 Pesca e aqüicultura ............................................. 6,5 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 05 Extrativa mineral ................................................ 2,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 06 Extração de petróleo e gás .................................. 7,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 07 Minerais não-metálicos ...................................... 1,1 0,2 0,2 0,1 0,2 0,2 08 Siderurgia ........................................................... 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 09 Produtos metalúrgicos não ferrosos ................... 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10 Outros produtos metalúrgicos ............................ 0,2 0,2 0,2 0,1 0,2 0,2 11 Máquinas e tratores ............................................ 0,5 4,7 3,8 1,8 3,6 3,5 12 Material elétrico ................................................. 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 13 Equipamentos eletrônicos .................................. 0,7 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 14 Automóveis, caminhões e ônibus ....................... 0,3 0,4 0,2 0,1 0,2 0,2 15 Outros veículos e peças ...................................... 0,1 0,3 0,2 0,1 0,2 0,2 16 Madeira e mobiliário .......................................... 0,5 0,4 0,3 0,3 0,4 0,3 17 Papel e gráfica .................................................... 0,6 21,5 17,3 7,5 15,9 15,5 18 Indústria da borracha .......................................... 0,1 0,2 0,1 0,0 0,0 0,1 19 Elementos químicos ........................................... 1,0 0,3 0,1 0,0 0,1 0,1 20 Refino do petróleo............................................... 0,6 3,7 1,6 0,1 0,3 1,4 21 Químicos diversos .............................................. 0,9 4,2 2,9 1,1 2,3 2,6 22 Indústria farmacêutica e de perfumaria .............. 1,7 0,2 0,2 0,1 0,2 0,2 23 Artigos de plástico .............................................. 0,2 0,1 0,1 0,0 0,1 0,1 24 Indústria têxtil .................................................... 0,3 0,2 0,1 0,1 0,2 0,1 25 Artigos do vestuário ........................................... 0,5 0,2 0,2 0,3 0,3 0,3 26 Fabricação de calçados 0,2 0,3 0,2 0,3 0,2 0,2 27 Indústria do café ................................................. 0,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 28 Beneficiamento de produtos vegetais ................. 4,4 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 29 Indústria do fumo ............................................... 0,6 0,2 0,2 0,1 0,1 0,2 30 Abate de animais ................................................ 0,8 1,0 0,6 0,4 0,4 0,6 31 Indústria de laticínios ......................................... 0,8 0,3 0,2 0,1 0,2 0,2 32 Indústria do açúcar ............................................. 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 33 Fabricação de óleos vegetais .............................. 2,1 0,3 0,1 0,0 0,0 0,1 34 Outros produtos alimentares, inclusive rações ... 1,1 1,4 0,9 0,5 0,8 0,9 35 Indústrias diversas ............................................. 0,3 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 36 Serviços industriais de utilidade pública ............ 1,2 8,5 9,1 1,4 5,7 6,2 37 Construção civil .................................................. 0,8 17,4 17,8 17,0 18,8 17,7 38 Comércio ............................................................ 1,3 3,0 3,7 3,8 7,3 4,4 39 Transporte ........................................................... 1,1 1,3 1,1 0,8 2,3 1,4 40 Comunicações .................................................... 0,7 1,3 1,2 0,2 1,0 0,9 41 Instituições financeiras ....................................... 0,9 1,1 1,7 0,3 1,3 1,1 42 Serviços prestados às famílias ............................ 0,9 3,4 4,1 4,3 9,6 5,3 43 Serviços prestados às empresas .......................... 0,6 1,1 1,8 1,5 3,5 2,0 44 Aluguel de imóveis ............................................. 0,8 3,7 7,3 0,3 0,7 3,0 45 Administração pública ........................................ 1,1 0,0 0,1 0,0 0,1 0,1 46 Serviços privados não mercantis ........................ 1,4 0,6 1,2 3,6 2,9 2,1 f�g�f�h�i .............................................................. - 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
FONTE: RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS-RAIS. Brasília: MTE, 2005. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/pdet/Acesso/RaisOnLine.asp>. Acesso em: nov. 2007. (1) Corresponde ao coeficiente de especialização para o emprego dos setores na região dos investimentos, em relação ao Estado. Analogamente às seções anteriores, quando > 1, o coeficiente indica que essa região é mais especializada no emprego de determinado setor do que o Rio Grande do Sul. (2) Corresponde a estrutura de participação média considerando os efeitos sobre a produção, o Valor Adicionado, o emprego e o rendimento no impacto total do período 2007-11.
82
De outra parte, os setores para os quais se estimam os maiores impactos dos
investimentos, além das próprias atividades de exploração vegetal e silvicultura e de papel e
gráfica, são: construção civil, serviços industriais de utilidade pública, serviços prestados às
famílias, comércio, máquinas e tratores, aluguel de imóveis, químicos diversos, serviços
privados não mercantis, serviços prestados às empresas, refino do petróleo, transporte,
instituições financeiras e agricultura.37
Dentre as atividades agropecuárias e industriais com maior impacto, tendo como
parâmetro os coeficientes de especialização para o emprego, os efeitos que poderão,
potencialmente, permanecer na região dos investimentos são aqueles que recaem sobre as
atividades de exploração vegetal e silvicultura, agricultura e serviços industriais de utilidade
pública. Cabe observar que esses setores absorverão aproximadamente 33,4% dos impactos. De
outra parte, em relação ao Setor Terciário, geralmente há uma tendência de os serviços serem
prestados por empresas locais. Assim, principalmente nos setores de comércio, transporte,
administração pública e serviços privados não mercantis, cujos coeficientes são maiores do que a
unidade, os efeitos poderão permanecer na região em estudo. Estima-se que essas atividades
absorverão cerca de 8% dos impactos. Com respeito ao setor de papel e gráfica, responsável por
15,5% dos efeitos, a parcela referente à fabricação de celulose concentrar-se-á na região em
análise, onde serão expandidas (e/ou instaladas) as indústrias de celulose.
Finalmente, considerando-se todos os setores nos quais a região dos investimentos é mais
especializada em termos de emprego do que o Rio Grande do Sul, estima-se que eles
absorveriam aproximadamente 43,6% dos impactos. Deve-se levar em conta, ainda, que, mesmo
naquelas atividades nas quais essa região não é especializada, a demanda poderá ser suprida, em
parte, na própria região (principalmente no setor de serviços). Pode-se supor, por exemplo, que,
somente após o esgotamento da oferta nessa região, haveria um vazamento da demanda e, por
conseguinte, dos efeitos para a Metade Norte. Como são responsáveis também por uma elevada
parcela dos impactos, os efeitos que ainda poderão ser agregados nessa região são significativos.
Ainda que, em termos de empregos, essa região não seja mais especializada do que o Estado,
supõe-se que, em alguns serviços ainda não contabilizados, a produção seja capaz de absorver a
totalidade da demanda adicional ocasionada pelos investimentos. Somente os efeitos dessas
37 Nesta análise, consideram-se somente os setores com estrutura de participação média dos impactos (ou seja, a
média de participação da produção, do Valor Adicionado, do emprego e do rendimento por setor) igual ou superior a 1%, totalizando 93,5% dos impactos. Isto porque os efeitos ficarão demasiadamente distribuídos nas demais atividades, cujas participações individuais se tornam praticamente não significativas.
83
atividades representariam um acréscimo de 12,3% dos efeitos totais.38 Assim, considerando-se os
impactos totais dos setores nos quais a região é mais especializada, em termos de emprego, do
que o Estado e os efeitos totais do setor de serviços, pode-se estimar que pelo menos 55,9% dos
impactos permanecerão na região em estudo. A tendência, nesse caso (com base nas informações
da RAIS, 2005), é de que esse percentual esteja subestimado, uma vez que não estão incluídos os
setores industriais nos quais a região dos investimentos é menos especializada, e certamente
parte da demanda desses setores será suprida localmente.39
Por conseqüência, o PIB SHU�FDSLWD�da região dos investimentos que, já vinha diminuindo
a diferença em relação ao Estado até 2004, tenderá a se elevar. Pode-se esperar, também, um
aumento do Idese no bloco Renda, e a diferença, que permaneceu estável, comparativamente ao
Estado e à Metade Norte, até 2004, poderá diminuir. Será possível, inclusive, observar uma
melhora na variável apropriação da renda, dado que, entre os indicadores utilizados como SUR[\,
está o Valor Adicionado do comércio, setor no qual a região é mais especializada em termos de
emprego do que o Rio Grande do Sul e que absorverá um impacto, em média, relativamente
elevado (4,4% dos efeitos totais). Em relação aos demais blocos do Idese, no entanto, o
desempenho depende dos níveis de investimento em Educação, Saneamento e Domicílios e
Saúde, nos municípios da região em estudo. Com respeito à infra-estrutura, os investimentos
realizados pelas empresas poderão atenuar o quadro relativamente desfavorável observado até o
período recente, devido, principalmente, à construção de estradas e aos investimentos para a
instalação da indústria de celulose, em grande parte, no Município de Guaíba. Contudo a
evolução da infra-estrutura é dependente também dos demais investimentos nessa área, nos
próximos anos.
38 É importante observar que, na maior parte desses setores de serviços que sofrerão maiores impactos, os
coeficientes já se encontram entre 0,8 e 0,9, indicando que, de fato, uma grande parte desses efeitos permanecerá na região em estudo (Tabela 29).
39 Cabe destacar que, para alguns setores industriais, a região em análise já apresenta coeficientes de 0,9 (Tabela 23).
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Apresenta-se, a seguir, uma síntese dos principais resultados encontrados neste estudo.
Primeiramente, a caracterização da região dos investimentos, com base na evolução
recente de alguns indicadores econômicos, sociais e de infra-estrutura, aponta as conclusões
apresentadas abaixo.
Em termos econômicos:
- a região segue a tendência estadual de maior concentração espacial do PIB municipal
em relação à população;
- o PIB�SHU�FDSLWD na região teve relativa melhora nos últimos anos, contudo mantém-se
em um nível inferior ao estadual;
- a base produtiva da região tem uma grande dependência da agropecuária, inclusive em
um número minoritário de municípios com PIB SHU�FDSLWD superior ao do Estado;
- dentre as atividades agropecuárias da região, a silvicultura vem-se destacando em
termos de tendência, com produção crescente até 2005, principalmente na classe de
municípios com PIB SHU� FDSLWD� inferior ao estadual. Ela gera valores de produção
analogamente crescentes de madeira em tora — produto a ser expandido na primeira
fase dos investimentos, isto é, na fase de formação de florestas. Por conseqüência, a
região detém o maior grau de especialização na produção de madeira em tora,
comparativamente ao Rio Grande do Sul.
A análise dos aspectos sociais, baseada no Idese, mostra que a região dos investimentos:
- detém indicadores inferiores, tanto em relação à Metade Norte do Rio Grande do Sul
quanto à totalidade do Estado, em Educação, Renda, Saneamento e Domicílios e Saúde,
tendo diminuído a diferença, comparativamente, em relação ao nível educacional;
- de acordo com o Idese de 2004, a região classificou-se como sendo de médio
desenvolvimento, ficando distante -8,3% do indicador que a enquadraria na categoria
de alto desenvolvimento.
Em termos de infra-estrutura:
- os dados dos setores de transportes e de energia elétrica também caracterizam a região
dos investimentos como sendo relativamente menos desenvolvida.
Na seqüência, foi feita uma caracterização da cadeia produtiva de base florestal no Rio
Grande do Sul, fundamentada nos indicadores de Valor Adicionado, emprego, produtividade e
suas interligações setoriais, assim como nos coeficientes de exportação e importação. Desse
modo, observou-se que o setor com maior nível de desenvolvimento dessa cadeia, no Estado, é o
85
de madeira e mobiliário, que apresenta os menores coeficientes de importação e os maiores
coeficientes de exportação, bem como as maiores participações no Valor Adicionado e no
emprego. Convém salientar que, do ponto de vista do Valor Adicionado, o Rio Grande do Sul
detém, nessa atividade, um maior nível de especialização do que o Brasil. A seguir, posiciona-se
o setor de papel e gráfica, relativamente desenvolvido no Estado, mas que vem perdendo
representatividade nacional e estadual, principalmente devido à expansão alcançada no Brasil,
não acompanhada pelo Rio Grande do Sul. Por seu turno, o setor de exploração vegetal e
silvicultura é o menos desenvolvido no Estado e, em conseqüência, é o que apresenta maior
necessidade de importação para fazer face à demanda doméstica, tendo como agravante o fato de
que a maior parte dos insumos utilizados nessa atividade são importados, indicando que,
efetivamente, há deficiências significativas nessa cadeia produtiva da economia gaúcha.
Para estimar os impactos dos investimentos para a expansão da produção de celulose
sobre a economia do Rio Grande do Sul, buscou-se medir os valores de geração da produção, do
Valor Adicionado, do emprego e do rendimento através da abordagem metodológica
fundamentada na 0DWUL]� ,QVXPR�3URGXWR� GR� 5LR� *UDQGH� GR� 6XO�²� ���� (Porsse, 2007).
Dessa forma, foi possível mensurar a extensão dos efeitos dos investimentos sobre a economia
estadual, considerando-se os encadeamentos setoriais das atividades ligadas aos gastos
monetários informados pelas empresas.
Uma observação derivada das relações intersetoriais obtidas da Matriz de
Insumo-Produto indica que uma importante parcela dos impactos dos investimentos deverá
permanecer justamente nos setores de papel e gráfica e de exploração vegetal e silvicultura, o
que deverá alterar a configuração dessa cadeia no Estado.
Efetivamente, com base nos multiplicadores setoriais derivados da Matriz de
Insumo-Produto e na identificação dos setores ligados aos investimentos, procedeu-se às
estimativas, que apontam os seguintes resultados:
- em 2008, a atividade de exploração vegetal e silvicultura poderá apresentar um
crescimento de 2,9 vezes o valor da produção atual da atividade no Estado, 2,6 vezes o
Valor Adicionado, 1,4 vez o número de empregados e 2,5 vezes o rendimento;
- em 2011, o valor da produção e o Valor Adicionado do setor de papel e gráfica deverão
aumentar aproximadamente 86,8% em relação aos valores atuais, o rendimento poderá
crescer 65,3%, e o emprego, em 83,3%.
No que diz respeito à economia gaúcha, os impactos dos investimentos na média do
período 2007-11, comparativamente aos valores atuais, poderão gerar um aumento de 1,41% na
produção e de 1,43% no Valor Adicionado, expansão de 2,18% do emprego e elevação do
86
rendimento das famílias em 1,42%. Em resumo, considerando-se essas variáveis básicas de
análise, os principais resultados estimados para o Estado, em média, no período, foram os
seguintes:
- cada R$ 1,00 gasto pelas empresas gera um impacto multiplicador de R$ 2,29 sobre a
produção;
- cada R$ 1,00 gasto pelas empresas gera um impacto multiplicador de R$ 1,00 sobre o
Valor Adicionado;
- cada R$ 1,00 gasto pelas empresas gera um impacto multiplicador de R$ 0,34 de
rendimento para as famílias;
- cada R$ 1,00 milhão gasto pelas empresas gera um impacto multiplicador sobre o
emprego equivalente a 76 postos de trabalho.
Uma vez que grande parte do parque industrial gaúcho se localiza na Metade Norte do
Estado, supõe-se que para lá serão propagadas importantes parcelas dos efeitos estimados e que
estes, portanto, não permanecerão integralmente na região dos investimentos. Com base nas
informações de emprego da RAIS (2005), do Ministério do Trabalho e Emprego, pode-se estimar
que uma parcela de 55,9% dos impactos poderão vir a permanecer na região em estudo.
Impactos dessa ordem provavelmente provocarão uma tendência à melhora dos
indicadores econômicos, sociais e de infra-estrutura da região. Ou seja, conseqüentemente, deverá
elevar-se o PIB SHU�FDSLWD, ocorrer um aumento do Idese no bloco Renda e, inclusive, melhorar a
apropriação da renda. Quanto ao desempenho dos demais blocos do Idese, deve ser levado em
conta que isso vai depender dos níveis de investimento em Educação, Saneamento e Domicílios e
Saúde nos municípios da região em estudo.
Finalmente, com respeito à infra-estrutura, supõe-se que os investimentos das empresas
destinados à construção de estradas e à instalação da indústria de celulose poderão atenuar o
quadro relativamente desfavorável observado até recentemente. Contudo a evolução da
infra-estrutura fica dependente também de outros investimentos nessa área.
5()(5Ç1&,$6�
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RIO GRANDE DO SUL. SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E GESTÃO. 5XPRV�����:�um plano de desenvolvimento para o Estado.� Porto Alegre: SEPLAG, 2005. Disponível em:�<http://www.scp.rs.gov.br/principal.asp?conteudo=texto&cod_texto=1895&cod_menu=597>. Acesso em:�set. 2007.��
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Municípios contemplados com os investimentos, segundo as empresas investidoras, no Rio Grande do Sul
MUNICÍPIOS Aceguá Mata Alegrete Minas do Leão
Amaral Ferrador Nova Esperança do Sul Arroio dos Ratos Pantano Grande Arroio Grande Passo do Sobrado
Bagé Pedras Altas Butiá Pedro Osório
Caçapava do Sul Pelotas Cacequi Pinheiro Machado
Cachoeira do Sul Piratini Camaquã Rio Grande
Candelária Rio Pardo Candiota Rosário do Sul Canguçu Santa Margarida do Sul
Capão do Leão Santa Vitória do Palmar Cerrito Santana da Boa Vista
Cerro Branco Santiago Chuvisca São Borja
Cristal São Francisco de Assis Dilermando de Aguiar São Gabriel
Dom Feliciano São Jerônimo Encruzilhada do Sul São Lourenço do Sul
General Câmara São Pedro do Sul Guaíba São Sepé Herval São Vicente do Sul
Hulha Negra Sentinela do Sul Itaqui Tapes
Jaguari Unistalda Jaguarão Vale Verde
Lavras do Sul Vera Cruz Maçambará Vila Nova do Sul
Manoel Viana
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90
Multiplicadores de impacto na produção, por setor de atividade econômica, do Rio Grande do Sul — 2003
SETORES DIRETO INDIRETO EFEITO- -RENDA TOTAL
01 Agricultura ................................................ 1,000 0,372 1,020 2,392 02 Pecuária .................................................... 1,000 0,692 0,905 2,597 03 Exploração vegetal e silvicultura .............. 1,000 0,497 0,898 2,395 04 Pesca e aqüicultura ................................... 1,000 0,329 1,007 2,336 05 Extrativa mineral ...................................... 1,000 0,502 0,825 2,327 06 Extração de petróleo e gás ........................ 1,000 0,197 0,666 1,863 07 Minerais não-metálicos ............................ 1,000 0,547 0,763 2,310 08 Siderurgia .................................................. 1,000 0,356 0,514 1,870 09 Produtos metalúrgicos não ferrosos .......... 1,000 0,385 0,480 1,865 10 Outros produtos metalúrgicos ................... 1,000 0,431 0,537 1,969 11 Máquinas e tratores ................................... 1,000 0,555 0,580 2,136 12 Material elétrico ........................................ 1,000 0,562 0,604 2,166 13 Equipamentos eletrônicos ......................... 1,000 0,589 0,490 2,079 14 Automóveis, caminhões e ônibus ............. 1,000 0,741 0,558 2,300 15 Outros veículos e peças ............................ 1,000 0,557 0,634 2,191 16 Madeira e mobiliário ................................ 1,000 0,684 0,702 2,386 17 Papel e gráfica .......................................... 1,000 0,572 0,690 2,261 18 Indústria da borracha ................................ 1,000 0,721 0,652 2,373 19 Elementos químicos ................................. 1,000 0,466 0,485 1,951 20 Refino do petróleo .................................... 1,000 0,751 0,457 2,208 21 Químicos diversos .................................... 1,000 0,859 0,587 2,446 22 Indústria farmacêutica e de perfumaria .... 1,000 0,788 0,629 2,417 23 Artigos de plástico .................................... 1,000 0,877 0,625 2,502 24 Indústria têxtil ........................................... 1,000 0,705 0,655 2,359 25 Artigos do vestuário .................................. 1,000 0,441 0,516 1,957 26 Fabricação de calçados ............................. 1,000 0,977 0,711 2,688 27 Indústria do café ....................................... 1,000 0,452 0,679 2,131 28 Beneficiamento de produtos vegetais ....... 1,000 0,996 0,884 2,880 29 Indústria do fumo ...................................... 1,000 0,930 0,950 2,880 30 Abate de animais ...................................... 1,000 1,195 0,851 3,046 31 Indústria de laticínios ............................... 1,000 1,182 0,737 2,919 32 Indústria do açúcar ................................... 1,000 0,551 0,535 2,086 33 Fabricação de óleos vegetais .................... 1,000 1,216 0,934 3,150 34 Outros produtos alimentares ..................... 1,000 0,926 0,729 2,655 35 Indústrias diversas .................................... 1,000 0,632 0,716 2,348 36 Serviços industriais de utilidade pública .. 1,000 0,469 0,826 2,295 37 Construção civil ........................................ 1,000 0,521 0,761 2,283 38 Comércio .................................................. 1,000 0,535 0,886 2,421 39 Transporte ................................................. 1,000 0,840 0,758 2,598 40 Comunicações ........................................... 1,000 0,620 0,886 2,506 41 Instituições financeiras ............................. 1,000 0,352 1,099 2,451 42 Serviços prestados às famílias .................. 1,000 0,491 0,869 2,360 43 Serviços prestados às empresas ................ 1,000 0,247 1,029 2,275 44 Aluguel de imóveis ................................... 1,000 0,149 1,139 2,288 45 Administração pública .............................. 1,000 0,331 1,049 2,380 46 Serviços privados não mercantis .............. 1,000 0,087 1,137 2,224
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH��,QVXPR�3URGXWR��GR��5LR��*UDQGH��GR�����������6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
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Multiplicadores de impacto no Valor Adicionado, por setor de atividade econômica,
do Rio Grande do Sul — 2003
SETORES DIRETO INDIRETO EFEITO- -RENDA TOTAL
01 Agricultura ................................................ 0,722 0,138 0,525 1,384 02 Pecuária .................................................... 0,493 0,269 0,466 1,229 03 Exploração vegetal e silvicultura .............. 0,567 0,190 0,463 1,220 04 Pesca e aqüicultura ................................... 0,715 0,133 0,519 1,367 05 Extrativa mineral ...................................... 0,494 0,200 0,425 1,119 06 Extração de petróleo e gás ........................ 0,466 0,095 0,343 0,904 07 Minerais não-metálicos ............................ 0,439 0,204 0,393 1,035 08 Siderurgia ................................................. 0,296 0,137 0,265 0,697 09 Produtos metalúrgicos não ferrosos ......... 0,253 0,151 0,247 0,651 10 Outros produtos metalúrgicos .................. 0,296 0,156 0,277 0,729 11 Máquinas e tratores ................................... 0,283 0,206 0,299 0,788 12 Material elétrico ........................................ 0,298 0,211 0,311 0,820 13 Equipamentos eletrônicos ........................ 0,180 0,232 0,252 0,665 14 Automóveis, caminhões e ônibus ............. 0,191 0,280 0,287 0,758 15 Outros veículos e peças ............................ 0,330 0,204 0,326 0,860 16 Madeira e mobiliário ................................ 0,324 0,268 0,362 0,953 17 Papel e gráfica .......................................... 0,355 0,226 0,355 0,936 18 Indústria da borracha ................................ 0,320 0,229 0,336 0,885 19 Elementos químicos .................................. 0,250 0,159 0,250 0,659 20 Refino do petróleo .................................... 0,181 0,204 0,235 0,620 21 Químicos diversos .................................... 0,239 0,255 0,302 0,797 22 Indústria farmacêutica e de perfumaria .... 0,232 0,298 0,324 0,854 23 Artigos de plástico .................................... 0,288 0,238 0,322 0,848 24 Indústria têxtil ........................................... 0,284 0,268 0,337 0,889 25 Artigos do vestuário .................................. 0,272 0,163 0,266 0,700 26 Fabricação de calçados ............................. 0,272 0,327 0,366 0,966 27 Indústria do café ....................................... 0,339 0,233 0,350 0,922 28 Beneficiamento de produtos vegetais ....... 0,170 0,575 0,455 1,200 29 Indústria do fumo ...................................... 0,304 0,497 0,489 1,289 30 Abate de animais ...................................... 0,184 0,533 0,438 1,155 31 Indústria de laticínios ................................ 0,124 0,497 0,379 1,000 32 Indústria do açúcar ................................... 0,179 0,272 0,275 0,726 33 Fabricação de óleos vegetais .................... 0,177 0,611 0,481 1,269 34 Outros produtos alimentares ..................... 0,224 0,391 0,376 0,990 35 Indústrias diversas .................................... 0,322 0,281 0,369 0,972 36 Serviços industriais de utilidade pública .. 0,475 0,221 0,425 1,122 37 Construção civil ........................................ 0,440 0,201 0,392 1,033 38 Comércio .................................................. 0,545 0,201 0,456 1,203 39 Transporte ................................................. 0,377 0,261 0,390 1,028 40 Comunicações .......................................... 0,425 0,321 0,456 1,202 41 Instituições financeiras ............................. 0,707 0,219 0,566 1,492 42 Serviços prestados às famílias .................. 0,536 0,196 0,447 1,180 43 Serviços prestados às empresas ................ 0,741 0,126 0,530 1,397 44 Aluguel de imóveis ................................... 0,894 0,065 0,586 1,546 45 Administração pública .............................. 0,711 0,173 0,540 1,424 46 Serviços privados não mercantis .............. 0,916 0,042 0,586 1,543
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR��5LR�*UDQGH�GR����������6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>.
Acesso em: set. 2007.
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Multiplicadores de impacto no emprego, por setor de atividade econômica, do Rio Grande do Sul — 2003
SETORES DIRETO INDIRETO EFEITO- -RENDA TOTAL
01 Agricultura ................................................ 48 6 26 80 02 Pecuária .................................................... 66 16 23 105 03 Exploração vegetal e silvicultura .............. 201 13 23 237 04 Pesca e aqüicultura ................................... 2 472 39 26 2 537 05 Extrativa mineral ...................................... 54 7 21 82 06 Extração de petróleo e gás ........................ 6 4 17 27 07 Minerais não-metálicos ............................. 12 7 19 38 08 Siderurgia .................................................. 2 4 13 19 09 Produtos metalúrgicos não ferrosos .......... 9 6 12 27 10 Outros produtos metalúrgicos ................... 14 5 14 33 11 Máquinas e tratores ................................... 5 7 15 27 12 Material elétrico ........................................ 7 7 15 29 13 Equipamentos eletrônicos ......................... 2 9 12 23 14 Automóveis, caminhões e ônibus ............. 5 9 14 28 15 Outros veículos e peças ............................ 5 7 16 28 16 Madeira e mobiliário ................................ 24 20 18 62 17 Papel e gráfica .......................................... 11 9 18 38 18 Indústria da borracha ................................ 2 9 17 28 19 Elementos químicos ................................. 2 5 12 19 20 Refino do petróleo .................................... 0 5 12 17 21 Químicos diversos .................................... 2 7 15 24 22 Indústria farmacêutica e de perfumaria .... 5 12 16 33 23 Artigos de plástico .................................... 8 5 16 29 24 Indústria têxtil ........................................... 31 17 17 65 25 Artigos do vestuário .................................. 50 13 13 76 26 Fabricação de calçados ............................. 30 19 18 67 27 Indústria do café ....................................... 7 13 17 37 28 Beneficiamento de produtos vegetais ....... 13 36 22 71 29 Indústria do fumo ...................................... 1 26 24 51 30 Abate de animais ...................................... 5 45 22 72 31 Indústria de laticínios ................................ 5 38 19 62 32 Indústria do açúcar .................................... 76 16 14 106 33 Fabricação de óleos vegetais .................... 1 35 24 60 34 Outros produtos alimentares ..................... 9 22 19 50 35 Indústrias diversas .................................... 25 13 18 56 36 Serviços industriais de utilidade pública .. 5 5 21 31 37 Construção civil ........................................ 42 9 19 70 38 Comércio .................................................. 40 5 23 68 39 Transporte ................................................. 18 8 19 45 40 Comunicações ........................................... 5 11 23 39 41 Instituições financeiras ............................. 8 8 28 44 42 Serviços prestados às famílias .................. 42 9 22 73 43 Serviços prestados às empresas ................ 44 5 26 75 44 Aluguel de imóveis ................................... 2 5 29 36 45 Administração pública .............................. 24 9 27 60 46 Serviços privados não mercantis .............. 196 2 29 227
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR��GR�5LR�*UDQGH�GR����������6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>.
Acesso em: set. 2007.
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Multiplicadores de impacto no rendimento, por setor de atividade econômica, do Rio Grande do Sul — 2003
SETORES DIRETO INDIRETO EFEITO- -RENDA TOTAL
01 Agricultura ................................................ 0,037 0,035 0,188 0,260 02 Pecuária .................................................... 0,080 0,074 0,167 0,321 03 Exploração vegetal e silvicultura .............. 0,194 0,070 0,165 0,429 04 Pesca e aqüicultura ................................... 0,562 0,040 0,185 0,788 05 Extrativa mineral ...................................... 0,145 0,070 0,152 0,367 06 Extração de petróleo e gás ........................ 0,180 0,040 0,122 0,342 07 Minerais não-metálicos ............................. 0,126 0,066 0,140 0,332 08 Siderurgia .................................................. 0,039 0,037 0,095 0,170 09 Produtos metalúrgicos não ferrosos .......... 0,061 0,050 0,088 0,199 10 Outros produtos metalúrgicos ................... 0,143 0,050 0,099 0,291 11 Máquinas e tratores ................................... 0,072 0,075 0,107 0,253 12 Material elétrico ........................................ 0,089 0,077 0,111 0,277 13 Equipamentos eletrônicos ......................... 0,026 0,090 0,090 0,207 14 Automóveis, caminhões e ônibus ............. 0,074 0,109 0,103 0,286 15 Outros veículos e peças ............................ 0,120 0,077 0,117 0,313 16 Madeira e mobiliário ................................ 0,177 0,103 0,129 0,410 17 Papel e gráfica .......................................... 0,109 0,081 0,127 0,317 18 Indústria da borracha ................................ 0,029 0,061 0,120 0,210 19 Elementos químicos .................................. 0,043 0,045 0,089 0,177 20 Refino do petróleo .................................... 0,004 0,054 0,084 0,142 21 Químicos diversos..................................... 0,048 0,070 0,108 0,227 22 Indústria farmacêutica e de perfumaria .... 0,079 0,102 0,116 0,296 23 Artigos de plástico .................................... 0,108 0,060 0,115 0,284 24 Indústria têxtil ........................................... 0,174 0,092 0,120 0,387 25 Artigos do vestuário .................................. 0,216 0,080 0,095 0,391 26 Fabricação de calçados ............................. 0,109 0,111 0,131 0,351 27 Indústria do café ....................................... 0,100 0,055 0,125 0,280 28 Beneficiamento de produtos vegetais ....... 0,055 0,089 0,163 0,307 29 Indústria do fumo ...................................... 0,069 0,113 0,175 0,357 30 Abate de animais ...................................... 0,038 0,126 0,157 0,321 31 Indústria de laticínios ................................ 0,053 0,112 0,136 0,300 32 Indústria do açúcar .................................... 0,075 0,058 0,098 0,232 33 Fabricação de óleos vegetais .................... 0,011 0,090 0,172 0,273 34 Outros produtos alimentares ..................... 0,079 0,092 0,134 0,305 35 Indústrias diversas .................................... 0,103 0,123 0,132 0,357 36 Serviços industriais de utilidade pública .. 0,098 0,064 0,152 0,314 37 Construção civil ........................................ 0,148 0,076 0,140 0,364 38 Comércio .................................................. 0,361 0,049 0,163 0,574 39 Transporte ................................................. 0,263 0,087 0,139 0,489 40 Comunicações ........................................... 0,114 0,128 0,163 0,405 41 Instituições financeiras ............................. 0,178 0,092 0,202 0,472 42 Serviços prestados às famílias .................. 0,451 0,065 0,160 0,676 43 Serviços prestados às empresas ................ 0,479 0,051 0,189 0,719 44 Aluguel de imóveis ................................... 0,021 0,022 0,209 0,253 45 Administração pública .............................. 0,257 0,089 0,193 0,540 46 Serviços privados não mercantis .............. 0,726 0,011 0,209 0,946
FONTE DOS DADOS BRUTOS: PORSSE, A. A. (Coord.). 0DWUL]�GH�,QVXPR�3URGXWR�GR�5LR�*UDQGH�GR����������6XO�²�����.�Porto Alegre: FEE, 2007. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_mip.php>. Acesso em: set. 2007.
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