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Expresses MdicasGlossrio de dvidas e dificuldades da linguagem mdica

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3UnB FACULDADE DE MEDICINA HOSPITAL UNIVERSITRIO DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA CENTRO DE PEDIATRIA CIRRGICA

Simnides BacelarMdico Assistente, Professor Voluntrio, Centro de Pediatria Cirrgica do Hospital Universitrio da Universidade de Braslia

Carmem Ceclia GalvoBacharel em Lngua Portuguesa, Mestre em Lingstica pela Universidade de Braslia

Elaine AlvesProfessora Adjunta, Cirurgia Peditrica, Universidade de Braslia

Paulo TubinoProfessor Emrito, Cirurgia Peditrica, Universidade de Braslia

Expresses MdicasGlossrio de dvidas e dificuldades da linguagem mdica Braslia, DF 2008

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2008 Simnides Bacelar, Carmem Ceclia Galvo, Elaine Alves, Paulo Tubino

Permitida a reproduo se mencionada a fonte. Livro para distribuio gratuita

Projeto grfico:

Simnides Bacelar, Carmem Ceclia Galvo, Elaine Alves, Paulo Tubino Expresses mdicas Glossrio de dvidas e dificuldades da linguagem mdica Braslia, DF 2008 1 Dicionro. 2 Medicina. 3 Linguagem mdica. 4 Redao e estilo. 5 Expresses mdicas

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Para o homem de cincia, to exato e preciso deve ser o raciocnio quanto exata e precisa a expresso falada ou escrita em que ele se exterioriza; o descuidado, o confuso e o imprprio significam o desconcerto e a confuso do pensamento. (Plcido Barbosa, dicionarista e mdico).

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Sumrio

Prefcio Introduo Glossrio Referncias

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Prefcio

Este modesto glossrio pequena amostra da ampla quantidade de defeitos existentes na linguagem mdica, pontos questionveis que podem levar um relator a situaes desconfortveis. Aborda uma rea em que h poucas pesquisas, raras publicaes e vasto campo para estudos, ainda desconhecido. construtivo desatender a imperfeio e escolher o melhor. Mesmo se censurveis, no errado usar as expresses correntes no mbito mdico se trazem comunicao clara. Mas cabe ressaltar que, se um mdico cuidadoso em seus procedimentos, diagnsticos, tratamentos, e elegante em seu desempenho profissional, congruente que se expresse em portugus de primeiro time.

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Introduo

Bons lingistas afirmam com razo que todas as formas existentes na linguagem so patrimnio do idioma. A lngua serve para a comunicao. O rigorismo gramatical assunto para profissionais das letras; no poderia ser aceito e aplicvel de forma geral. preciso ser flexvel, visto como o idioma apresenta constantes mutaes ao longo do tempo. Se olharmos os textos clssicos, por exemplo, de Machado de Assis, ou textos de revistas antigas veremos que muito do que foi escrito no mais usado atualmente. A imposio do registro culto normativo como forma nica vlida e existente , por lgica, muito injusta tendo em vista a realidade da existncia das formas populares de linguagem. Quem de fato forma uma lngua o povo. No entanto, so os profissionais de letras quem se incumbem de sua organizao normativa com base na forma culta do idioma, ou seja, a usada pela elite culta da comunidade. Os mdicos dispem de excelente cultura geral, adquirida desde os cursos escolares e universitrios. Contudo, muitas vezes questionam-se certos usos e s vezes de modo incmodo e em situaes inoportunas. Com o objetivo de evitar essas objees, entre outros propsitos, este trabalho foi feito para oferecer opes de usos no questionveis no auxlio daqueles que se pem diante de tarefas como elaborao de teses, dissertaes, artigos cientficos, textos de livros e discursos

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formais. apenas outra forma de contemplar e atenuar o problema. Apesar de tudo o que existe no idioma constituir fatos da lngua e, nesse contexto, no cabe a classificao de certo e errado, sabe-se que a linguagem mdica apresenta, de fato, muitas imperfeies, que requerem especial esforo para reconhecer e evitar. A cultura lingstica esperada como parte da formao mdica.Usar a linguagem com propriedade e destreza pode ser uma qualidade profissional, porquanto a lngua mais que um simples elemento de comunicao. tambm um instrumento de persuaso. Alm do mais, como estmulo ao estudo e aplicao das normas do padro culto, acrescenta-se que organizao e disciplina so valores amplamente tomados como sinnimos de sucesso, e o contrrio habitualmente indicador de falibilidade e declnio. Desse modo, um relato gramaticalmente bem feito inspira crdito e bom exemplo. Esquadrinhar o idioma busca de questes e esclareclas um favor expanso da linguagem. Muitos termos so rejeitados injustamente ou por haver dvidas sobre seu uso. As obras sobre metodologia cientfica poderiam dispor de um extenso captulo destinado exclusivamente orientao sobre linguagem verncula, especialmente em seu padro culto normativo aplicado linguagem cientfica e linguagem profissional, o que inclui a terminologia especfica, tendo em vista que as distores de entendimentos e conseqentes interpretaes desfavorveis dos enunciados decorrem, por sua vez, do uso ruim da linguagem. Os livros sobre metodologia cientfica poderiam dispor de um extenso captulo destinado exclusivamente orientao

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sobre linguagem verncula, especialmente em seu padro culto normativo aplicado linguagem cientfica e linguagem profissional o que inclui a terminologia especfica, tendo em vista que as distores de entendimentos e conseqentes ms interpretaes dos enunciados decorrem, por sua vez, do mau uso da linguagem. Os livros mdicos didticos tambm poderiam conter um tpico sobre terminologia mdica a respeito das doenas em que este calhasse, ao lado de histrico, etiologia, epidemiologia e outros tpicos descritivos das doenas. Os artigos cientficos tambm poderiam dispor desse tpico de acordo com sua indicao. As normas de instrues para autores nos peridicos mdicos poderiam dispor de um curto pargrafo com recomendaes simples como evitar: a) escrever nome de doenas, sinais, sintoma e substncias com iniciais maisculas; b) estrangeirismos desnecessrios; c) termos desgastados como devido a, entretanto, no sentido de faixa etria, fazer com que, principalmente, paciente nega, paciente refere e similares; d) uso repetido de nomes como aps, gerndios, metforas e outros exemplos. Pela ausncia de interesses profissionais e por sua intensa, sria e amorosa dedicao ao assunto como um fim, no como um meio de vida, podem os diletantes produzir pensamentos e aes originais que representem substancial e importante acrscimo ao desenvolvimento do objeto de estudos (Schopenhauer, 2005, p. 23). Assim, a dedicao do profissional mdico a respeito de sua linguagem, movido pela paixo de melhor-la, pode ser legtima e poderia ser contemplada com receptividade e ateno pelos meritrios profissionais da rea de letras. Nas apresentaes de artigos mdicos feitas por acadmicos de Medicina no Centro de Pediatria Cirrgica do Hospi-

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tal Universitrio, Universidade de Braslia, os comentrios dos membros docentes de Cirurgia Peditrica sobre os temas relatados tambm abrangem atitudes inadequadas na apresentao e defeitos de linguagem mdica. Como forma de apoio, foram elaboradas apostilas sobre esses itens. Uma pequena lista de expresses mdicas errneas foi organizada inicialmente. Anotaes subseqentes demonstraram que expresses errneas, na linguagem mdica, constituem vastssimo captulo da Medicina, embora pobremente conhecido e divulgado. Por serem motivos de obscuridades, ambigidades e de outros problemas de linguagem que dificultam a compreenso dos relatos, recomendvel conhecer e corrigir esses desalinhos. Denominar de errado ou certo determinados usos lingsticos costuma ser objeto de controvrsias. Todavia, de bom senso a escolha de nomes que no sejam criticveis e esta a principal proposta dos autores. Diante de vrias denominaes para indicar uma s coisa, pode-se escolher a que suscite menos ou nenhuma crtica dos leitores ou ouvintes. Freqentemente, acha-se estranha a forma culta e adequada de certos termos e prefere-se a forma popular. Unha encravada por onicocriptose, berne por miase furunculide, fecalito por coprlito, raio X por radiografia. preciso que as formas eruditas sejam conhecidas e usadas pelos melhores profissionais atitude construtiva uma vez que as formas populares so amide defeituosas e lamentvel que sejam ou se tornem as mais usadas em linguagem cientfica. As consideraes sobre os casos apresentados neste relato abiam-se no que recomenda a maioria dos conhecedores da lngua portuguesa e da terminologia mdica. De acordo com esses estudiosos e especialistas em letras so aconselhveis, dentre outros, os seguintes princpios: (1) em linguagem, no

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h o certo nem o errado, visto que existem distintos nveis de linguagem; h o adequado e o inadequado para cada um desses nveis; (2) em linguagem, de bom senso adotar a flexibilidade; (3) a linguagem cientfica deve ser: exata, para no propiciar equvocos; simples, para que seja bem compreendida; concisa, para economizar tempo de leitura e de espao nas publicaes. O cientista tem obrigao de se fazer bem entendido; (4) a gramtica normativa, por sua formao baseada no padro culto da lngua, a adequada linguagem cientfica formal; (5) recomendvel evitar termos criticados por bons lingistas e usar equivalentes no condenados; (6) em cincia, conveniente que haja um s nome para cada coisa; (7) em geral, seguir regras, isto , proceder de acordo com a maioria dos usos, prefervel s excees; (8) grias mdicas devem ser evitadas em relatos formais; (9) estrangeirismos so bem-vindos quando necessrios e se no houver termos equivalentes em portugus; (10) expresses telegrficas ou sintticas, em que vrios termos ficam subentendidos, so freqentemente anticientficas, por possibilitarem equvocos; (11) palavras inventadas (neologismos) desnecessariamente e inexistentes nos dicionrios devem ser desconsideradas. Alm de consultar o Aurlio, o Houaiss, o Michaelis e outros dicionrios, em caso de dvidas, indispensvel que o relator de trabalhos cientficos tambm consulte: (1) o Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa (VOLP), em que se registra a ortografia oficial do Brasil (com fulcro na Circular de 05.07.1946), elaborado pela Academia Brasileira de Letras, de acordo com a Lei n.o 5.765 de 18 de dezembro de 1971, disponvel no endereo eletrnico http://www.academia.org. br/ortogra.htm; (2) a Terminologia Anatmica, elaborada pela Sociedade Brasileira de Anatomia com base na Nomina Anatomica, publicao internacional editada em latim, em que

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se registram nomes das estruturas anatmicas humanas. Os epnimos esto ausentes nessa nomenclatura, mas seu uso tambm deve ser estimulado, como forma de justas homenagens; (3) os cadernos da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) e do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) entidades oficiais, isto , amparadas por lei para aferio de medidas, smbolos, abreviaes, bibliografias, normatizao de publicaes; e (4), sobretudo, revisores de redao, profissionais da rea de letras, antes de divulgar publicaes mdicas ou de fazer apresentaes nos encontros cientficos. Antes de divulgar textos de natureza mdica ou a ela relacionada (leis, normas, cdigos, artigos cientficos, teses, monografias, dissertaes de mestrado, comunicaes oficiais ou formais de toda ordem), constituiria atitude sadia e construtiva consulta prvia aos profissionais especialistas em letras, especialmente os estudiosos de em terminologia mdica. O Departamento de Lingstica da Universidade de Braslia (UnB) mantm o Servio de Atendimento ao Leitor (SAL) para desfazer dvidas de linguagem. Atende pelos telefones (061) 3340 61 62 e (061) 3307 27 41 ou pelo stio http://www.unb.br/il. utilidade.htm necessrio treino e dedicao para aprender a expressar-se em linguagem-padro. Configura-se como assimilar outra lngua. Mas, adquirida essa habilidade, tal linguagem tornase mais acessvel e prtica. H vantagens compensadoras. A inobservncia s regras elementares gramaticais e de estilo podem obstar a publicao de um relato cientfico. Como veculo de expresso cientfica, o padro culto permite: (1) enunciados claros, sem ambigidades, obscuridades, equvocos; (2) conciso ao texto, enuncia-se mais com menos palavras e em menos espao de publicao, porquanto no h prolixidades, ou

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seja, divagaes, muitas palavras longas, termos dispensveis; (3) entendimento fcil de um relato entre lusfonos de todo canto, porque habitualmente no traz grias, regionalismos, modismos, estrangeirismos suprfluos, termos rebuscados, desordens sintticas, palavras inventadas e neologismos desnecessrios; (4) fcil traduo para outras lnguas, visto que seus termos esto registrados em dicionrios e gramticas de uso corriqueiro; (5) aprendizado metdico, uma vez que linguagem formada dentro de preceitos organizados por profissionais e estudiosos de valor. A linguagem livre, pois o essencial a comunicao. Certo e errado so conceitos rejeitados por bons lingistas, e o que consta so faixas de linguagem popular e culta. Em linguagem cientfica e na linguagem oficial, convm adotar o padro culto gramatical normativo por sua disciplina, por sua estrutura, organizada por estudiosos profissionais ao longo de sculos. As imperfeies da linguagem mdica no poderiam ser consideradas apenas curiosidades mdicas. Por amor disciplina e seriedade cientfica muito importante desfaz-las. Configura bom gosto e sensatez desatender o desconhecimento e assistir a qualidade. Quando so usados elementos de linguagem nos quais no incidem objees, est-se diante de elementos de primeira qualidade. H profissionais esquivos ao esmero da linguagem, mas, em um mundo de intensas competies, preciso lembrar que nas olimpadas a diferena entre o primeiro lugar e o segundo ou mesmo o ltimo comumente de milmetros, de centsimos de segundo, de milsimos de ponto em uma nota, de um singelo gesto a mais ou a menos. Em seqncia, alguns casos de defeitos habituais de linguagem mdica e sugestes de correo.

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Expresses Mdicas ErrneasGlossrio de dvidas e dificuldades da linguagem mdica

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UnB FACULDADE DE MEDICINA HOSPITAL UNIVERSITRIO DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA CENTRO DE PEDIATRIA CIRRGICA

Simnides BacelarMdico Assistente, Professor Voluntrio, Centro de Pediatria Cirrgica do Hospital Universitrio da Universidade de Braslia

Carmem Ceclia GalvoBacharel em Lngua Portuguesa, Mestre em Lingstica pela Universidade de Braslia

Elaine AlvesProfessora Adjunta, Cirurgia Peditrica, Universidade de Braslia

Paulo TubinoProfessor Emrito, Cirurgia Peditrica, Universidade de Braslia

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Glossrio de dvidas e dificuldades da linguagem mdica

A nvel de. das expresses mais condenadas por muitos estudiosos da lngua portuguesa, designada como espanholismo, francesismo, modismo, cacoete, tragdia lingstica e outras ms qualificaes. recomendvel no us-la. Amide, expresso intil. Por exemplo, em lugar de dor a nvel de hipocndrio direito, pode-se dizer: dor no hipocndrio direito. Abcesso abscesso. Ambos so nomes corretos e abonados pela ortografia oficial (Academia, 2004). Segundo L. Victoria (1956), abcesso a forma correta. Em considerao, porm, etimologia e preferncia atual na comunidade mdica, recomendvel abscesso (Rezende, 1998). Do latim abscessus, matria que se afasta do organismo (Machado, 1977), particpio de abscedere, afastar-se, abandonar, de ab, afastamento, e cedere, andar, ir embora (Ferreira, 1996). No Vocabulrio Ortogrfico da Academia de Cincias de Lisboa, consta ab(s)cesso, que significa uso facultativo o uso do s (Oliveira, 1949). No dgrafo sc, a supresso do s justifica-se pela inutilidade fontica dessa letra (Barbosa, 1917), e foi a simplificao fator proeminente nas reformas ortogrficas j ocorridas, de modo que a escrita abcesso encontra-se averbada por excelentes vocabularistas como Cndido de

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Figueiredo, J. I. Roquete, Domingos Vieira, Silveira Bueno e Pedro Pinto, alm de ser encontrada na literatura mdica atual: Outros dois com abcesso plvico foram submetidos a drenagem (Ars Curandi, v. 30, p. 66, abr. 1997). Em muitos casos, por no ter pronncia em nosso falar, o s da forma latina desapareceu na forma verncula. Ex.: scientia > cincia; exscribere > escrever; exsultare > exultar; exstirpare > extirpar; exstinguire > extinguir; exsistire > existir. Mas o grupo sc, no interior do nome, em quase todos os casos, permaneceu at nossos dias: fascia > fscia; fascinare > fascinar; conscientia > conscincia; conscius > cnscio. O Dicionrio da Academia das Cincias de Lisboa (2001) averba as duas formas, mas, em abscesso, d remisso para abcesso, o que mostra preferncia por esta ltima forma. Convm frisar que os lusitanos pronunciam diferentemente os dois nomes, isto , abxesso em relao grafia abscesso e, em relao a abcesso, a dico semelhante brasileira. Por todo o exposto, ambas as formas so legtimas e usveis. Mas, nacionalmente, a preferncia est em abscesso. Abcissa abscissa. Abcissa forma no preferencial de abscissa, com sc. Ambos so nomes presentes no VOLP (2004), mas abcissa est ausente em bons dicionrios como o Houaiss (2001), o Michalis (1998), o Aulete (1980) e em outros. O Aurlio (2004) d abcissa com remisso para abscissa. Na literatura mdica, abcissa encontrvel em frases como: Na ordenada, o volume de ar respirado em cada minuto e na abcissa o tempo..., ...indicando na ordenada energia e na abcissa tempo de reao., a abcissa medida em anos, visto que tratamos de um vrus. Abscissa, forma preferencial, est amplamente dicionarizada e dispe-se em conformidade com o timo latino abscissa, particpio passado feminino de abscidere, cortar (Academia, 2001), de abs,

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junto, e caedere cortar (Ferreira, 1996). Ou do adjetivo feminino latino abscissus, a, um, separada em dois (Houaiss, 2001), talvez em referncia ao seu cruzamento (corte) com a coordenada.O antepositivo latino ab ou abs so ldimos e indicam afastamento, distanciamento. Mas, em latim, o prefixo abs usado antes de c, p e t (Ferreira, ob. cit.). Assim, a forma abcissa no est bem formada. Se for procedente de ab + caedere, deveria ser abs + caedere; se oriunda de ab + scindere, tambm o s deve estar presente. Desse modo, abcissa formao censurvel. A eliso do s conforma-se tendncia de bons lingistas em eliminar letras inteis nas grafias, como ocorre com abcesso e abscesso, em que, na primeira forma, elimina-se o s antes do c. Contudo, no tendncia geral, o que deixa crticas forma elptica. Pelo exposto, indica-se abscissa como forma no criticvel e, desse modo, a recomendvel para uso em relatos cientficos formais. Aborto abortamento Abortar o trabalho de parto. Em bons dicionrios, aborto e abortamento so sinnimos. Mas em medicina a sinonimia pode dar confuso. A frase Fazer um aborto pode ter dois significados: causar morte ao concepto ou retirar o concepto morto (ou mesmo vivo) do tero.Abortamento a produo do aborto, ou seja, a expulso do feto ou do embrio ou de qualquer produto de gestao at a vigsima semana de gestao (Rey, 2003). Aps esse perodo, parto prematuro a denominao usada, uma vez que, a partir da, possvel o feto sobreviver (Folha, 2001). Abortamento o ato de abortar ou a interrupo da gestao (Rey, ob. cit.). Aborto o produto do abortamento (Gonalves, s.d.) e Em questes jurdicas, considera-se aborto a perda do concepto em qualquer perodo (Folha, ob. cit.). Do latim abortre, nascer antes do tempo; de aboror, morrer, ex-

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tinguir (Ferreira, 1996), de ab, afastamento, e oriori, nascer, originar-se. Desse modo, a etimologia indica que abortus refere-se ao concepto no nascido, no sentido de vir luz na ocasio normal. Apenas nesse sentido aborto tambm definido por Faria (1849). Aborto legal questionvel; aborto o produto do abortamento. Portanto, abortamento legal. Moraes Silva (Silva, 1813) registra aborto nos dois sentidos: parto ou feto lanado antes de sua madurez. Lacerda (1878) consigna esta definio: parto antes do tempo, expulso do feto que no vivel. Abortar tem valor figurativo de malograr, interromper algo antes do perodo habitual de durao (Rey, ob. cit.). Abortus particpio de aborior (Ferreira, ob. cit.). De ab, afastamento, de ortus, nascimento, literalmente significa afastamento do nascimento ou seja, no nascimento (Pinto, 1958). Em traduo fiel e literal, abortus daria abortado em portugus, que logicamente se refere ao produto do aborto. Em caso de hesitao, podem-se fazer substituies Ex.: Interromper (melhor que abortar) o trabalho de parto. Em linguagem coloquial diz-se fazer curetagem.em lugar de fazer abortamento.Contudo, o uso popular consagrou aborto no sentido do ato de abortar e isso est registrado nos dicionrios apesar da impropriedade e assim existe h sculos como fato da lngua e da, ser de uso legtimo. Mas de bom estilo cientfico empregar as palavras em seu sentido exato (Barbosa, 1917; Rapoport, 1997). Abortamento legal (no aborto legal), abortamento provocado (no aborto induzido, traduo criticvel do ingls induced abortion). Tendo em vista o exposto, no errado usar aborto em referncia expulso do concepto em fase precoce ou em aluso ao prprio concepto. Contudo, para que se evitem ambigidades e crticas, e por apreo a uma linguagem cientfica acurada, recomenda-se usar abortamento em referncia morte do concepto e sua expulso do tero, e

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aborto em referncia ao concepto morto. Nesse ltimo caso, mais comum referir-se ao feto (feto morto) ou ao embrio, o que aconselhvel usar por motivo de clareza. Ex.: O abortamento foi feito hoje. O aborto (melhor: o feto ou o embrio a depender da idade gestacional) estava em estado de decomposio adiantada. Acidente incidente achado incidental achado acidental. Recomendvel: achado incidental. Melhor dizer: Cisto renal pode ser achado incidental (e no acidental) num exame ecogrfico abdominal. Opo: achado inadvertido. Muitos dicionrios do acidental e incidental como sinnimos, mas do acidente e incidente com significados prprios diferentes, o que mostra incoerncia. Acidente tem concepo de desastre, de grandes perdas ou de ferimentos graves, alguma ocorrncia infeliz (Cegalla, 1996). Exs.: acidente de trnsito, acidente de arma de fogo, acidente de queda, acidente ofdico. Incidente significa acontecimento desagradvel, mas de menor importncia, que aparece no decorrer de um procedimento paralelo (Cegalla, ob. cit.), fato secundrio que sobrevm no decurso de um fato principal (Larousse, 1992) equivale a circunstncias casuais. Exs.: discusses inesperadas numa conferncia; achados radiogrficos inesperados; sangramento brusco que dificulta uma operao cirrgica, perfurao uterina pela instalao de dispositivo intra-uterino e anlogos. irregular dizer descoberta de leses incidentais, quando se quer dizer descoberta incidental de leses. Em lugar de leso descoberta acidentalmente, pode-se dizer: leso descoberta incidentalmente. Tambm questionvel dizer: O diagnstico do tumor, numa radiografia de rotina, foi acidental (incidental). Em casos de dvidas sobre como classificar adequadamente um fato, pode-se dizer evento. Ex.: evento vascular cerebral. Fre-

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qentemente, pode-se usar o termo substituto no intencional: injeo intravenosa no intencional. Achado acidental em lugar de achado incidental expresso comum na linguagem mdica, o que lhe d legitimidade de uso. Alguns dicionrios e outro tanto de usos na linguagem mdica do acidental como sinnimo de acidental. Contudo, em rigor, as conceituaes supracitadas mostram que h diferenas. Para evitar desentendimentos, sobretudo em textos formais cientficos, e se a qualidade de expresso for considerada, convm usar incidente e acidente conforme seus sentidos prprios acima relacionados. Adrenalina epinefrina. Ambos so constantes na linguagem mdica. Adrenalina parece ser o nome de predileo nacional a julgar por sua freqncia na literatura mdica, como se pode verificar nas pginas de busca da internet. Adrenalina designao inglesa da epinefrina, em que Adrenalin nome comercial da epinefrina (Duncan, 1995; Taber, 2000), afirmao que tambm consta no Houaiss (2001), com acrscimo de que "no plano cientfico internacional, o vocbulo (epinefrina), substitui adrenalina, marca registrada". Adrenalin marca comercial registrada do Laboratrio Parke-Davis Company de produto com epinefrina (Haubrich, 1977). Bons dicionrios do adrenalina com remisso para epinefrina ou apresentam verbete principal referente a esta, como o Dorland (1999), o Andrei (Duncan, ob. cit.), o Rey (2003), o Stedman (1996) e outros. Tambm se diz adnefrina, supra-renina. Alm de glndula adrenal (que deu adrenalina) supra-renal, epinefros e paranefros so nomes tambm usados para designar a glndula (Stedman, ob. cit.). De epinefros (do grego ep, sobre, em cima de, e nephrs, rim), procede epinefrina. Essa substncia foi isolada por John J. Abel, professor da Johns Hopkins University e por

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Jokishi Takamine, consultor da Parke-Davis, independentemente e simultaneamente. O Prof. Abel deu-lhe o nome de epinefrina em 1899. O nome adrenalina foi cunhado por J. Takamine em 1901 (Haubrich, ob.cit.), qumico japons, estabelecido em Nova York. Tendo em vista essas consideraes, embora por seu uso amplamente aceito na comunidade mdica, adrenalina seja nome ldimo e de bom uso, convm usar epinefrina como nome preferencial em relatos cientficos formais. Advrbios estranhos. So neologismos correntios no jargo profissional que devem ser evitados em textos formais (Spector, 1997, p. 62). Em lugar de paciente serologicamente positivo, pode-se dizer: paciente com positividade srica. Outros exemplos colhidos da literatura mdica: O diagnstico foi feito clinica e laboratorialmente.. A dosagem foi feita enzimaticamente.. A pea foi examinada histologicamente.. Pacientes seguidos ambulatorialmente.. Investigar molecularmente a substncia.. Leses detectadas mamograficamente.. Avaliou-se a anomalia fenotipicamente, hemodinamicamente estvel, operar videotoracoscopicamente, avaliar ultra-sonograficamente, examinar o paciente pr-operatoriamente, tratar operatoriamente, amostras caracterizadas isoenzimaticamente, dreno colocado transdiafragmaticamente, leses cutneas pigmentadas dermatoscopicamente benignas, materiais sintticos depositados intraluninalmente. Em seu livro Rplica, p. 55, Rui Barbosa comenta que muito da nossa lngua evitar largos advrbios em mente, substituindo-os pelos adjetivos adverbialmente empregados: Fcil se v, longo se discutiu, pssimo arrazoou. (Torres, 1973, p. 211). Afnico disfnico. Afnico significa sem voz ou desentoado; do grego phon, som, voz. Disfnico, voz alterada (rouquido, por exemplo). Pessoa com voz rouca est disfnica, e

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no afnica. Disfasia nominao usada para se referir a distrbios da fala por leso cerebral; do grego dys, distrbio, e phasis, fala. Disfemia dificuldade de pronunciar palavras (de phemi, eu falo). Embora os dicionrios tragam afonia como perda total ou parcial da voz, em rigor, a ausncia da voz harmoniza-se mais com o significado de a-, prefixo de origem grega, que quer dizer privao. Afonia vocal pode ser denominao mais exata, uma vez que o paciente pode emitir som gutural em forma de sussurro sem voz. Alternativas. Em rigor, significa opo entre duas coisas apenas. Embora aceitas por bons lingistas, muitos autores de nota, inclusive mdicos, questionam expresses do tipo: "H vrias alternativas.". "Procurar outras alternativas.". "Testes de cinco alternativas.". S h uma alternativa. Alternar significa mudar entre duas opes. Em latim, alter significa o outro, como em alter ego (o outro eu), por exemplo. Em razo da imperiosa Lei do Uso, o termo alternativas tem sido usado como sinnimo de opes e assim est registrado na ltima edio do Aurlio (2004). Apesar de no ser erro, configura desvio semntico desnecessrio. Em lugar de alternativas, pode-se dizer, em dependncia do contexto, opes, escolhas, recursos, possibilidades, sadas, maneiras, meios, expedientes, formas, modos, artifcios, mtodos, optaes, condutas, diversificaes, indicaes, predilees, preferncias, procedimentos, variaes, variveis, variantes e similares Alveolarizao. Neologismo desnecessrio. Tm ocorrido na linguagem mdica lanos como inibio do processo de alveolarizao, alterao no perodo de alveolarizao, A inflamao prejudica a alveolarizao e semelhantes. De alvolo, pode-se formar alveolizar como se v no Houaiss

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(2001) e alveolizao, nome existente no VOLP (Academia, 2004) e na literatura mdica. Alveolar um adjetivo, e seu derivado verbal alveolarizao formao um tanto forada, porquanto do nome bsico alvolo pode-se formar o verbo j dicionarizado e deste um substantivo que exprima formao de alvolos, fato comum na linguagem. A passagem por um adjetivo (alveolar) desnecessria e parece tecnicamente imperfeita no processo de formao vocabular. Notem-se as seguintes formaes regulares: alveolado, alveolectomia, alveoliforme, alveolismo, alvelise, alveolite, alveolito, alveoloplastia, alveolizvel em que na composio ajunta-se harmoniosamente a palavra bsica alvolo por meio de seu radical (alveol-) ou tema (alveolo-) com o sufixo adequado significao do nome formado. Por essa ptica, alveolizao melhor nome que alveolarizao, cujo uso o recomendvel nos relatos cientficos e formais. ambu. Mais formalmente adequado dizer reanimador manual ou ventilador manual, que consiste num balo de borracha e mscara com dispositivo valvular. Ambu marca registrada (Dic. md. enciclop. Taber, 2000) de produtos mdico-hospitalares. Pode ser escrita, portanto, com maisculas ou inicial maiscula (AMBU ou Ambu). Pode ser sigla de airway mantainance breathig unit, como afirmam alguns autores. Da empresa dinamarquesa Ambu International A/S, fundada pelo engenheiro alemo Holger Hesse em Copenhague. O reanimador manual foi inventado pelo anestesista dinamarqus Henning Ruben, scio de Hesse, em 1953. Em 1956, o primeiro reanimador manual auto-inflvel, noeltrico foi produzido pela companhia, que ainda o produz em muitas variedades de formas e tamanhos. Ambusar tem sido usado na linguagem oral: Paciente foi ambusado at chegar UTI. errnea a grafia amb, j que s se acentua

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a letra u final tnica quando precedida de vogal e no formam ditongo: ja, tei, Ipia. discutvel a expresso ressuscitador manual, uma vez que, em rigor, parada cardiorrespiratria no indica morte, e ressuscitar significa trazer um ser da morte vida, voltar vida. Reanimador manual nominao mais adequada. Em ingls: bag-valve-mask ventilation (BVM). Se Ambu designa todo o aparelho de ventilao, deve-se evitar dizer ambu com mscara. Amnitico mnico. De mnio o adjetivo mais adequado seria mnico, mais curto, mais expressivo, mas inexistente nos dicionrios em geral, apesar das notificaes de bons terminologista mdicos como Ramiz Galvo (Galvo,1909) e Pedro Pinto (Pinto, 1958). Mas est presente no VOLP (Academia, 2004), o que autoriza seu uso oficialmente. Em ingls, h amnic e em francs h amnique ao lado de amniotic e amniotique respectivamente. Amnitico procede do termo francs correspondente (Houaiss, 2001). Em medicina, existem adjetivos como acidtico, alcaltico, hipntico, mittico, antibitico, clortico, estentico, diagnstico, nefrtico, neurtico, amaurtico, ciantico, cujo sufixo -tico dado como contrao de ose com ico (Houaiss, 2001), o que no cabe a nomes como mnio. A partcula -tico tem conexo com termos gregos com essa terminao -tiko, como eksotiks (extico), phonetiks (fontico), grammatiks (gramtico) e outros, o que d a amnitico configurao verncula. Contudo, existem usos de mnico na linguagem mdica, o que lhe d legitimidade e at escolha de uso: reduo acentuada do fluido mnico; ndice de lquido mnico; diminuio do volume mnico; sistema mnico; volume mnico normal; citologia do lquido mnico; estudo dos anticorpos anti-Rh no lquido mnico. Talvez seja um exemplo de boa influncia do ingls amnic.

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Antomo-patolgico. Escreve-se anatomopatolgico, sem hfen, de acordo com a ortografia oficial, publicada no Vocabulrio Ortogrfico da Academia Brasileira de Letras (VOLP), que tem fora de lei. Ano-retal anorretal anoretal. No VOLP (Academia, 2004), todas as palavras com prefixo ano aparecem nohifenizadas, incluindo-se anorretal e anorrectal. Anoretal forma, no raramente, copiada do termo em ingls anorectal. Tambm se escrevem anorretoplastia, anorretomiotomia (no anoretomiotomia), anovestibular. Assim, a melhor forma anorretal. a nica forma que est registrada em bons dicionrios como o Aurlio, o Houaiss, o Michaelis e a que est na ortografia oficial (Academia, ob. cit.). So bem poucos os adjetivos nos verbetes dos dicionrios mdicos, mas encontra-se anorretal no Stedman (1996). A tendncia da ortografia oficial de eliminao do hfen nos termos compostos, como ocorre no castelhano. Muitos lingistas ensinam que se o termo existe na linguagem torna-se patrimnio do idioma. Desse modo, ano-retal e anorretal podem ser usados, j que existem na linguagem. Mas podese afirmar que a norma culta um padro disciplinado e mais adequado para usar em situaes formais e na linguagem cientfica. Nesse caso, anorretal a forma recomendvel. Antibitico. Nome criticvel. Do grego anti, contra, e biotos, meios de vida (Haubrich, 1997), literalmente significa contra a vida e nada indica acerca da especificidade de seu uso, ao contrrio de antimicrobiano, antibacteriano, antiviral, antifngico, anti-helmntico, antiparasitrio, microbicida entre outros termos mais ajustados. Assim, sempre que possvel,

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recomendvel usar antimicrobiano ou agente antimicrobiano, por serem nominaes mais precisas. Antirratizao. Forma inadequada por anti-ratizao. O prefixo anti- liga-se com hfen antes de elementos iniciados por H, R e S (anti-horrio, anti-raqutico, anti-reumtico). Podese prescindir da preposio de nas frases: Mantidas as prticas de anti-ratizao, Dedicar-se s medidas de antiratizao, As atividades de anti-ratizao e desratizao estavam paradas, Deve-se promover o envolvimento dos municpios nas aes de anti-ratizao e similares. O prefixo anti- tem funo prepositiva, portanto, substituvel por outros elementos com a mesma funo, como contra, em oposio a, em sentido oposto a. A presena de dois elementos juntos com a mesma funo (de/anti-) configura redundncia. Do mesmo modo, as expresso prticas de, medidas de, aes de freqentemente podem ser prescindveis, j que anti-ratizao j indica o ato, a prtica ou a medida para prevenir proliferao de ratos. As construes em questo so de uso comum na linguagem mdica e, por isso, constituem formas consagradas e fatos da lngua. Contudo, em linguagem mais cuidada, pode-se dizer: Mantida a antiratizao. Dedicar-se anti-ratizao. A anti-ratizao estava parada. Promover anti-ratizao. No confundir com desratizao. Anti-ratizao indica pratica de medidas preventivas contra o advento e a proliferao de ratos. Na desratizao o objetivo a eliminao de ratos. Antiratizao forma errnea. Antropnimos (aportuguesamento de). Aportuguesar nomes estranhos ao vernculo, s vezes, traz usos no convencionais. Em registros hospitalares, so encontrveis nomes como Allan Deron, Lindo Johnson, Ewler, Eric Dioson, Djo-

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hanes, Jhonathas, Makesoell, Higo, Djhenyfer Felix, Maikon Douglas, Maico Jakson, Maicon, Ingred, Jonh, Jhorrany, Jhony, Rhuan, Ruan, Uxito, Daivid, Junio Augusto Filho, Ketlen, que merecem nosso respeito em grafia e pronncia, mas parece recomendvel que pediatras, clnicos, obstetras e outros profissionais que cuidam de gestantes e de recm-nascidos incluam tambm em seus cuidados a orientao na escolha de nomes para as crianas. No raramente, nomes prprios estrangeiros so escritos e pronunciados de modo irregular nos relatos mdicos. necessrio sempre verificar, em fontes credveis, a grafia e a pronncia corretas. Em citaes de vultos histricos nos informes cientficos, convm padronizar as citaes com o nome usual do citado com data de nascimento e morte. bom evitar uso de um dos sobrenomes apenas na primeira referncia. Podem ser pronunciados corretamente na prpria lngua estrangeira ou aportuguesados. Mas o aportuguesamento deve ser completo e no de uma parte da palavra. Em caso de hesitaes, aconselhvel referir-se a "estes autores" em vez de pronunciar seus nomes erroneamente ou empregar aportuguesamentos cmicos. Infelizmente, no h uniformizao dos critrios do aportuguesamento de nomes prprios de outros idiomas. A lngua portuguesa carece de vrios dos fonemas estrangeiros e, em geral, parece lgico aportugues-los conforme o que est escrito. Segue-se uma lista de nomes prprios estrangeiros para conferncia: abaixamento de clon Duhamel (de Bernard Duhamel, cirurgio francs, pronuncia-se diaml, no durramel); balo de SengstakenBlakemore (no, Sangstaken Blakemore); cateter de Tenckhoff; (no, Tenkoff ou Tenckof), clula de Niemann-Pick; clula de Reed-Sternberg (no Stenberg); cisto de Baker (no, Backer); dermatite herpetiforme de Duhring Brocq (no, During Brocq), doena de Crohn (no Chron ou

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Crhon); doena de Hirschsprung; doena de Menire; doena de Recklinghausen (no doena de Von ou Von Recklinghausen: von significa de, o que d redundncia em de von); dreno de Penrose (no, penrose, Pen Rose ou Penrose); dreno de Kehr (no, Kerh); esfago de Barrett (no, Barret ou Barett; de Norma Barrett, mdica inglesa); gastrostomia Stamm (no Stam ou Stan); hrnia de Morgagni; inciso de Pfannenstiel; neobexiga ileal de Bricker (no, Briker); operao de Denis Browne; operao de Kasai (no, Kassai); operao de Lich-Gregoir; operao de Ombredanne (no, Ombredane); operao de Wertheim-Meigs; pina de Halsted (no Halstead); piloroplastia de HeinekeMikulicz; piloromiotomia extramucosa de Ramstedt-Fredet; posio (radiografia) de Daudet; posio (radiografia) de Wangensteen-Rice; posio de Trendelenburg (no Trendelemburg); sndrome de Klippel-Trenaunay (pronuncia-se clipl-trenon, por serem ambos franceses, ou clpeltrenon, por Klippel ser nome germnico); sonda ou cateter uretral de Foley (no, Folley); tcnica de Anderson-Hynes; tcnica de Byars (no, Biers); tcnica de Livadittis; tcnica de Politano-Leadbetter; uretroplastia de Duckett. No h unanimidade entre os estudiosos de linguagem quanto passagem de nomes prprios estrangeiros para a forma verncula, mas parece ser de bom senso o respeito pelos nomes prprios de pessoas, nomes de famlia, em suas grafias e pronncias originais. Por isso, dizemos: Nova York, Nova Jersey (melhores nomes que Nova Iorque, Nova Jrsei). Ao dia por dia. Melhor opo, duas vezes por dia. So usuais prescries mdicas com expresses do teor uma injeo IM 3 vezes ao dia, 2 colheres ao dia, 10 gotas duas vezes ao dia. O Prof. Aires da Matta Machado Filho (Machado Filho, Coleo escrever certo, 1966, v. 3, 72)

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d um estudo cuidadoso sobre o assunto em que transparece a impropriedade da expresso ao dia em lugar da locuo verncula por dia. Acrescenta que esta ltima a encontrada em obras de eminentes autores mdicos como Miguel Couto, Pedro Pinto e Vieira Romero, e de proeminentes veterinrios. Relata que gramticos e dicionaristas, cujas obras pesquisara, guardam silncio quanto ao emprego da preposio a no sentido distributivo e menciona advertncia de Epifnio Dias (Sintaxe Histria Portuguesa, 2a ed., p. 156): Por emprega-se designando a unidade em combinaes como: dar lio duas vezes por semana; caminhar tantas lguas por dia; pagar tanto por cabea. Compara ao dia com a expresso viciosa morar rua em vez de morar na rua tal. Refere que no se diz uma injeo semana e que ao dia est pela analogia com s refeies, ao deitar, ao levantar e semelhantes. Sugere, assim, que essa expresso de uso exclusivamente profissional, no pertence ndole de nossa lngua. De fato, mais comum dizermos prestaes por ms, rotaes por minuto, quilmetros por hora, exerccios trs vezes por semana, viajar duas vezes por ano. Por essas consideraes, em relatos cientficos formais, convm usar por dia como forma preferencial, sem ser necessariamente a exclusiva. Tambm usuais, mas contestveis, prescries de receitas com uso de VO 3xd, IM 6/6h. Nem sempre esto claras para o doente. Escrever por cada dia, incorre-se em cacofonia (porcada). Apendectomia apendicectomia. Freqentemente, apendectomia aportuguesamento do ingls appendectomy (tambm h appendicectomy, melhor nome), que d a forma prefixal apend-, procedente do nominativo latino appendix, mais ectomy (Chambers, 2000). No Aurlio (2004), registra-se essa forma, e d-se a sua composio com a formao prefixal

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mutilada apend(ice) + ectomia. Mas, na ortografia oficial (Academia, 2004), registra-se apenas apendicectomia. Do latim appendix, appendicis, o prefixo regular apendic(i)-, que, em cultismos cientficos, d apendicite, apendicectomia, apendicismo, apendiculao, apendicular, apendicalgia, apendicectasia, apendicmico, apendiciforme, apendictico, apendicocele, apendicogstrico, apendicostomia, vesicoapendicostomia, apendiculao, apendicular e outros casos. O nominativo latino (appendix, no caso) d funo de sujeito: o apndice. O genitivo latino appendicis mais adequado, pois indica funo restritiva do apndice, de modo que os nomes assim compostos so mais expressivos: apencicectomia, significa literalmente condio (-ia) de exciso (-ectom-, do grego eks, fora, e tom, corte) do apndice (appendicis). Trata-se de um hibridismo (formao vocabular imperfeita) greco-latino, mas de uso consagrado. Apendectomia, literalmente condio de exciso apndice (sem a partcula restritiva do), expresso defeituosa. Aps depois. Na linguagem geral, so usados indiscriminadamente. Mas, em registros formais, convm adotar uma padronizao. Em rigor, aps se usa para posterioridade no espao (Sacconi, 2005): A secretaria fica aps o centro cirrgico. O hospital fica aps a prefeitura. O acidente ocorreu aps a curva. No bom portugus o uso de aps antes de formas nominais; prefere-se depois de (Sacconi, No erre mais, 2005, p. 118): "Examine o paciente aps (depois de) lavar as mos". "Deixou a sala aps (depois de) operar". Depois se usa para posteridade no tempo (Sacconi, ob. cit.): Tomar as cpsulas depois das refeies. Discutiremos o caso depois. Retornou depois da alta hospitalar. Aps no se usa com preposio a, como nos exemplos: "aps ao centro cirrgico", "aps ao corredor". encontradio na linguagem

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comum, exemplos como "aps ao jogo", "aps ao filme", "aps ao trmino", "aps ao bito", "aps ao nascimento". preciso lembrar que aps preposio e sua juno com outra preposio, no caso a preposio a, configura redundncia. Tambm til lembrar que depois advrbio de tempo e, assim, fica mais apropriado us-lo como elemento que modifica um verbo: Em lugar de "Almoaremos antes e caminharemos aps", melhor dizer: Almoaremos antes e caminharemos depois. No se usa aps com o particpio (Ledur-Sampaio, 1996, p. 84). Assim, so criticveis as frases: "O omeprazol no tem estabilidade aps (depois de) aberto", "Operaremos aps (depois de) realizados os exames". Apesar de haver usos adequados, aps aparece indiscriminadamente nos relatos mdicos e com repetio abusiva. Por amor ao estilo e organizao da lngua, convm observar essa questo. Apresentar. Integram o linguajar mdico construes como: "O paciente apresenta dor abdominal", "Doente apresentou azia" e semelhantes. Apresentar tem significado essencial de mostrar, exibir, expor, pr vista, Mesmo no sentido de explicar, expressar, tem o sentido de expor: apresentar a verdade, apresentar as razes. Assim, usar o verbo em relao a sintomas, especialmente os que no podem ser trazidos vista, no parece ser preferencial ou de regra. Frases como "Paciente apresenta geofagia", "Criana apresenta coprofagia" quando se refere apenas s queixas, pode constituir uso imprprio. Pode-se tambm dizer que o paciente apresenta queixas de geofagia, ou relato de coprofagia. Apresentar de uso mais adequado em relatos de sinais. O doente pode, de fato, aos olhos do examinador, apresentar ictercia, mucosas descoradas, deformidades visveis, sinais de dor abdominal, sinais de depresso e anlogos.

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Arsenal teraputico. Expresso figurativa demasiadamente desgastada, lugar-comum. Bons gramticos e cultores do bom estilo de linguagem reprimem expresses usadssimas por denotarem insuficincia vocabular. Costumam apontar tais usos de lugar-comum, pssimo recurso e mesmo de mau-gosto. Arsenal est mal empregado no sentido de arma/s ou de conjunto de armas. Do rabe dar as-sinaa(t), casa da indstria, oficina, arsenal o lugar, uma edificao, por exemplo, onde fabricam ou guardam armas (Ferreira, 1999), no as prprias armas. Mesmo em portugus, arsenal guarda esse sentido como seu significado prprio. Por extenso ou sentido figurativo, arsenal usado como conjunto, srie, poro (Ferreira, idem). Em um texto mdico, por exemplo, encontra-se, impropriamente, arsenal diagnstico no sentido de exames ou mtodos para diagnstico de uma doena. Arsenal pode ser adequadamente substitudo por recursos, expedientes, meios, auxlio: recursos teraputicos, meios de tratamento. Artelho pododctilo. Artelho, como sinnimo de dedo do p, de uso imprprio, embora tradicionalmente usado no idioma portugus, com registros no sculo XV. Artelho indica adequadamente articulao (v. adiante) e, especialmente, o tornozelo. O nome pododctilo adequado. Do grego podos, do p, e daktylos, dedo, passou para o latim cientfico como pododactylus. Contudo, a Terminologia Anatmica, da Sociedade Brasileira de Anatomia (2001) indica apenas as denominaes hlux, segundo dedo, terceiro dedo, quarto dedo e dedo mnimo e dedos do p, de acordo com os respectivos nomes traduzidos do latim, idioma usado na Terminologia Anatmica Internacional.Em bons dicionrios de portugus, artelho designao do tornozelo ou dos malolos ou de dedo do p. O Houaiss (2001) d artelho como ar-

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ticulao, junta de ossos como caput de verbete, o que indica sentido preferencial ou principal. Termo originrio do castelhano artejo, que designa as articulaes dos dedos (pedartculos), corruptela do latim articulo (articulao; n das rvores), diminutivo de artus, articulaes, juntas. O sentido de dedo do p deve-se influncia do francs orteil, do francs antigo arteil, dedo do p (Houaiss, ob. cit.). Inicialmente na lngua portuguesa, artelho referia-se ao astrgalo, e tornozelo equivalia regio maleolar (Barbosa, 1917; Melo, 1943). Roquete (1848) registra artelho como junta por onde o p prende com a perna. Considerando-se esses aspectos, melhor deixar de parte a meno de artelho como dedo do p nos textos mdicos. Pododctilo termo correto para qualquer dos dedos do p, mas, por motivo de padronizao internacional, nos relatos mdicos formais, indica-se o uso da nomenclatura constante na Terminologia Anatmica supracitada. Aspecto anatmico. Expresses encontradas nos laudos mdicos, como hilo pulmonar de aspecto anatmico, hilo com dimenses anatmicas, antro gstrico de configurao anatmica, no esto exatas: precisam ser complementadas. O aspecto anatmico pode ser normal ou anormal, este estudado como anatomia patolgica. Ser cientificamente mais adequado dizer, por exemplo, aspecto anatmico normal ou dimenses anatmicas normais (ou anormais). Atentrio atentatrio. Na literatura mdica, aparecem formaes como: ato atentrio ao Cdigo de tica Mdica, atentrio moral e sade do doente, atitude atentria aos direitos e liberdade. Contudo, atentrio considerado barbarismo por atentatrio. No lxico e no registro culto, no existe a forma atentrio (Cipro Neto P. Ao p da letra.

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O Globo, 6.2.00) . No VOLP (Academia, 2004), consigna-se apenas atentatrio. Do verbo atentar, procede o adjetivo atentatrio, com o acrscimo do sufixo -(t)rio, como ocorre em outros casos: atestar, atestatrio (no atestrio); captar, captatrio (no captrio); citar, citatrio (no citrio); decretar, decretatrio (no decretrio); ditar, ditatrio (no ditrio); exortar, exortatrio (no exortrio); gestar, gestatrio (no gestrio), ostentar, ostentatrio (no ostentrio); protestar, protestatrio (no protestrio); refutar, refutatrio (no refutrio); transplantar, transplantatrio (no transplantrio) e outros casos. Existem formas ldimas de eliso silbica na formao de alguns vocbulos (haplologia). Talvez ocorram essas transformaes para facilitar e amenizar a pronncia. De gratuito, deriva-se normalmente gratuitidade, nome presente em bons dicionrios. Sem embargo, gratuidade, forma em que h eliso da slaba ti, que ficou consagrada pelo uso. Essa reduo aparece em bondoso por bondadoso, amalgamento por amalgamamento, apiedar-se por apiedadar-se, estaturio por estatutrio, idololatria por idolatria (Nogueira, 1995) Outros casos: tragicmico por trgico-cmico, explendssimo e candssimo por explendidssimo e candidssimo, caridoso por caridadoso, perdas por prdidas (Barreto, 1982, pp. 107, 108), idoso por idadoso. Como, em linguagem, certas inverdades, quando muito repetidas, podem virar verdades (fatos da lngua), pode ocorrer que, com o uso constante, atentrio passe a constar dos dicionrios. Contudo, como neologismo desnecessrio e mal formado, convm evit-lo nos usos da linguagem padro. Atravs. Conceituados lingistas repelem o uso de atravs como est nas seguintes frases: "Conheci-o atravs de um amigo.". "Fiz o diagnstico atravs da radiografia.". "O doente foi curado atravs de quimioterapia.". "Fui nomeado a-

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travs de concurso.". "Soube atravs de um artigo". Atravs tem sentido de atravessar algo no espao ou no tempo. No atravessamos uma radiografia para chegar a um diagnstico, nem sabemos de algo atravessando um artigo publicado. Podemos, com acerto, usar por intermdio de, por meio de, por, com. Ex.: Foi curado por (ou com) quimioterapia. Diagnosticar por meio de radiografias. Nomeado por meio de concurso. Operado pela tcnica de Thal. Avaliao avaliado avaliar. Termos extremamente desgastados pelo seu uso muito freqente na linguagem mdica, o que pode parecer insuficincia vocabular. Comparam-se a devido a. aps, paciente nega, paciente refere, paciente apresenta e outros termos muito gastos. Em dependncia do contexto, pode-se variar com uso verbos e respectivos derivados como analisar, apurar, estudar, observar, investigar, pesquisar, estimar, observar, aquilatar, apreciar, considerar. Em rigor, avaliar estabelecer a valia, o preo, o custo. Procede de valia, aquilo que uma coisa vale, preo, valor. De valer, corresponder em valor a, ter o preo, custar. Do latim valere, ser forte, vigoroso, ter um valor monetrio. Nos dicionrios de sinnimos, avaliar equivale essencialmente a orar, calcular, estimar, aprear, cotar, computar, aquilatar. Desse modo, parece lgico que avaliar no sentido de estudar, pesquisar, investigar configura conotao, ou seja, sentido por extenso ou mesmo figurativo, o que desabona o termo para uso preferencial com tais acepes, como parece denotar pelo seu uso constante, em lugar de nomes mais exatos. AVC. Sigla de acidente vascular cerebral. imprpria sua utilizao para designar leses ocorrentes fora do crebro, como na expresso Paciente com AVC cerebelar e bulbar.

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Em registro popular, AVC tem abrangncia enceflica. Em rigor, AVC indica leso restrita ao crebro. Assim, AVC cerebral expresso redundante. Como forma de generalizao, atualmente mais aceite a designao acidente vascular enceflico (AVE). Em situaes formais, melhor mencionar especificamente: Paciente com isquemia (ou hemorragia) cerebral, cerebelar ou bulbar. Uma sigla pode ter significados divergentes do original e isso vir a ser at consagrao, mas constituem atitudes meritrias seu uso correto e evitar utilizao desnecessria de incorrees. Bala de oxignio torpedo de oxignio balo de oxignio. Denominaes coloquiais imprprias em relatos cientficos formais. Configuram gria mdica. O dicionrio Aurlio registra balo de oxignio como expresso de uso popular. A expresso recomendvel como termo tcnico cilindro de oxignio, como consta da literatura mdica. Tambm se diz fonte mvel de oxignio. O tamanho expresso pela capacidade em metros cbicos e varia entre os fabricantes e distribuidores. Por exemplo: os maiores so de 10 m3, 7 m3 , 6,20 m3 e os menores, de 3,5 m3, 1 m3 , 0,6 m3 (padres White Martins). Bala e torpedo so designaes de peas militares que podem ter efeito mortfero, nesse caso, sentido contrrio dos cilindros de oxignio. Pelo mesmo motivo, convm evitar as expresses bala de CO2 e bala de gasognio. Em referncia a recipentes pequenos com cerca de dois litros de capacidade, pode-se dizer garrafa de oxignio, como aparece na literatura mdica. Bastante grave. recomendvel dizer que o paciente se apresenta em estado muito grave, visto que no se adoece at bastar.

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Bexigoma. Inexiste nos dicionrios. Configura gria mdica para indicar repleo, globo, distenso vesical ou, simplesmente, bexiga cheia, expresses cientificamente mais adequadas. Por ser de vasto uso na comunidade mdica, "bexigoma" constitui fato da lngua e, assim, no pode ser considerado erro o seu uso, particularmente no registro coloquial. Contudo, parece bom senso fugir a crticas e eleger, para nosso uso, opes no-censurveis. Bexiga neurognica. Nome desadequado para a doena a que se refere, porquanto, ao p da letra, significa bexiga produtora de nervo ou bexiga de origem nervosa (de neuro-, referente a nervo, e -gnica, relativa a origem, nascimento). As expresses bexiga neuroptica ou cistopatia neurognica aproximam-se mais da definio fisiopatolgica dessa disfuno vesical. No errado o uso de nomes imperfeitos do ponto de vista da lgica ou da correo gramatical se houver clara comunicao e se seu uso for generalizado. Torna-se, assim, o nome da doena, assim como h nome de pessoas, que pode ser estranho, graficamente desalinhado ou com outros defeitos, mas o nome do indivduo, sua marca registrada. No entanto, se houver melhores opes, isto , se a doena tiver outro(s) nome(s) no criticvel(is), haver mais vantagem em seu uso. Bipsia biopsia. Bipsia e biopsia so formas existentes na linguagem mdica e dicionarizadas, de modo que podem ser de livre uso. Em modelo erudito, palavra paroxtona. Assim aparece em quase todos os dicionrios de portugus e s vezes na literatura mdica: Biopsia heptica define sinais de colestase (Arq. Gastroenterol., v. 35, n.4, out./dez. 1998, p. 268). As palavras com sufixo ia, sufixo tnico na lngua grega (Aurlio, 1999), so paroxtonas, quando no foram

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usadas na lngua latina (Bergo, 1942; Bueno, 1963): anemia, disfasia, dislalia, geografia, lipotimia, sinequia. Algumas palavras esto erroneamente consagradas na forma proparoxtona: necrpsia, bipsia, hemcia, e outras. Em grego, a terminao ia era tnica, em latim, tona. Da as divergncias e variaes em portugus (Amaral, 1976). A acentuao grega nem sempre passou para o portugus, mesmo em palavras recm-formadas (Amaral, ob. cit.). Ex.: diafragma, em grego diphragma, prstata, em grego prosttes, hemorridas: haimorrhos, edema: odema, diagnose: dignosis e muitas outras. Quando a palavra provm do grego sem passar pelo latim, a pronncia grega haver de ser atendida. Mas se a passagem pelo latim deslocou-lhe a tnica, essa alterao dever ser preservada em portugus (Sousa, s.d., Barreto, 1980; Arajo 1981).Pelo visto, bipsia e biopsia so pronncias aceitveis. Ambas esto registradas na ortografia oficial (Academia, 2004). Contudo, o uso coloquial da forma paroxtona (biopsia) poderia passar a impresso de pedantismo. Mas seu uso em situaes formais, especialmente em relatos cientficos escritos, poderia ser aconselhvel, ao menos para difundir a forma culta, desconhecida de alguns mdicos e muitos gostariam de saber desse detalhe. Boca da colostomia boca distal ou proximal da colostomia. Pleonasmos. Do grego stma, boca, colostomia significa boca ou estoma do colo. Entretanto, colostomia distal e colostomia proximal so termos aceitos por se referirem a uma parte especfica da abertura. Termos tcnicos: estoma distal, estoma proximal, duplo estoma ou dupla estomia. Bolsa escrotal. Redundncia. Escroto o mesmo que bolsa. como dissssemos bolsa bolsal. Do latim scrotum, bolsa. Termos adequados: escroto, bolsa, bolsa dos testculos, bol-

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sa testicular. Cabe acrescentar que bons anatomistas denominam bolsa testicular cada uma das duas divises do escroto: bolsas testiculares, direita e esquerda; cada testculo abriga-se em uma delas (Di Dio, 1999). Escroto o nome recomendvel por ser o que consta na Terminologia Anatmica (Sociedade, 2001). Bolsa reservatrio. Forma ortogrfica recomendada: bolsareservatrio. Unem-se com hfen, j que os dois elementos juntos tm significado nico. Opo bolsa coletora. Borda contramesenterial ou antimesentrica do jejuno. Em anatomia, o tubo intestinal no tem borda. Os intestinos constituem um tubo cilndrico, como est definido nos livros de anatomia, e cilindro no provido de bordas. Equivaleria a dizer, grosso modo, ponta da esfera, calota do cubo, ngulo do crculo e arco do quadrado. Pode-se dizer regio, parede, faixa ou rea contramesentrica ou mesmo lado contramesentrico ou antimesentrico. Mesenterial nome ingls (anglicismo desnecessrio) por mesentrico em portugus. Concebe-se que, em uma interveno cirrgica, pode-se esvaziar ou comprimir uma ala intestinal e esta tomar uma forma achatada e assim formar bordas (duas ou at mais). Nesse caso, pode-se formar uma "borda mesentrica" na qual se insere o mesentrio e "borda contramesentrica" no lado oposto insero mesentrica. Mas "borda" pode ser moldada em quaisquer outros sentidos, o que torna inconsistente o conceito anatmico de borda em relao ao intestino. Diz-se tambm "margem contramesenterial". Tambm impropriamente se diz "borda do esfago". um linguajar especialmente cirrgico e amplamente usado, o que lhe d legitimidade.Em alguns aspectos, a anatomia cirrgica parece estar em conflito com a anatomia humana estudada no curso

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mdico bsico. Por motivos de praticidade ou talvez sem motivo aparentemente justificvel, muitos nomes so acrescentados nomenclatura anatmica, como uretra posterior, brnquio fonte, ponta do bao e outros. Mas, por amor rigorosidade em relatos cientficos, disciplina e organizao cientfica, freqentemente possvel considerar a nomenclatura anatmica, organizada por abonados anatomistas que constituem as sociedades de especialistas nessa rea. Botriides Sarcoma botriides expresso existente na literatura mdica o que a torna um fato da lngua. Contudo, no parece haver razes que justifiquem a forma "botriides" seno no plural sarcomas botriides, tendo-se o cuidado, no contexto, de discriminar bem qua no se trata de vrios tipos de sarcomas botriides, o que no est correto. O nome mais comumente usado sarcoma botriide. Do grego btrys, cacho (de qualquer formao racemosa, no especificamente de uvas, como costume dizer em relao a brotriide) e de eidos, aspecto forma, que passa para portugus como -ide com a vogal de ligao o prpria dos prefixos de origem grega (Houaiss, 2001). No latim cientfico, toma-se a forma -ides o que forma brotrioides (sem acento), mas no se justifica esse latinismo. Brnquio fonte. Recomendvel: brnquio primrio ou principal, como est registrado na Terminologia Anatmica (Sociedade, 2001) e nos compndios de anatomia. Braquio estilo radial brquio-estilo-radial braquioestilorradial. Todas so formas existentes na linguagem mdica. Melhor braquioestilorradial. O VOLP (Academia, 2004) traz vrios termos com o prefixo braquio, nenhum com hfen. Vrios termos com o prefixo estilo, nenhum com h-

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fen. Observe-se que na literatura mdica existe braquioestilorradial: ... entre os msculos bceps braquial e o braquial e o nervo radial entre os msculos braquial e o braquioestilorradial no tero distal do brao. As formas sem hfen so as mais presentes no VOLP, da Academia Brasileira de Letras. O Prof. Celso Pedro Luft, em seu Grande Manual de Ortografia Globo (1989), recomenda no usar hifenizao nos compostos com os afixos acro, adeno, aero, ambi, amino, andro, anfi, angio, ano, arterio, artro, audio, auri, auro, bacterio, bi, bio, bradi, braqui, cefalo, ciclo, cine, cis, cisto, cito, cloro, cripto, cromo, crono, cerebro, cervico, cis, dorso, eco, ecto, endo, epi, esfero, espleno, estafilo, estereo, estilo, etno, ego, eletro, faringo, fibro, filo, fisio, foto, gastro, glosso, grafo, halo, hemi (opcional antes de H), hemo, hetero, hidro, hipo, homeo, homo, ideo, idio, intro, justa, labio, laringo, leuco, linfo, linguo, lito, macro, maxi (exceto antes de h), medio (h muitas excees: v. dicionrios), mega, megalo, meso, meta, micro, mini, mio, mono, morfo, moto, multi, narco, naso, necro, nefro, neuro, nitro, noso, novi, octo, odonto, oftalmo, oligo, omo, oni, organo, orto, osteo, oto, oxi, para, penta, per, peri, piro, plano, plati, pleuro, pluri, pneumo, poli, psico, quadri, quilo, radio, retro, rino, sacro, sarco, sidero, socio, sulfo, tecno, tele, termo, tetra, tri, trans, traqueo, tras, tri, turbo, uni, uretro, vaso, video, xanto, xilo, zinco, zoo. No VOLP, no encontrei nenhuma palavra com esses afixos com duas hifenizaes. Todas esto sem hfen. Por exemplo: faringorrinoscopia, laringotraqueobroncoscopia, gastroenteroanastomose, pneumoidopericardia e muitos outros casos. O Houaiss (2001) traz pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconitico, nome extensssimo sem hfen. Tendo em vista essas consideraes, brquio-estilo-radial forma aceitvel, mas se questiona se a de melhor qualidade, j que est desconforme

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com as condutas ortogrficas existentes no VOLP, recomendadas e usadas por bons profissionais de letras. A escrita braquio estilo radial bem questionvel, pois os afixos no so, de regra, nomes autnomos. Os termos com hfen so tambm formas portuguesas e mesmo constituem patrimnio do idioma. So fatos da lnguagem. Todavia, se os afixos so elementos formadores de termos compostos e se estes representam termos autnomos com significado prprio, desnecessrio usar hfen como regra. Hifenizao configura exceo. Quase todos os nomes compostos da lngua portuguesa prescindem do hfen. Assim, os hifenizados constituem excees. Usar exceo em lugar da norma para criar nomes compostos pode dar questionamentos. Observese que em castelhano, praticamente escreve-se tudo sem hfen. Na lngua alem so muito comuns nomes extensos e eles entendem bem e acham normal (pode ser que haja crticos, mas o alemo).

Bruxismo. Transliterao errnea do grego brykhein, ranger de dentes. Deveria ser briquismo. Em grego , em que o (psilon) tem som de i e o , de qui. Outrora, a transliterao do , (qui) fazia-se com ch (atualmente, kh) e o por vezes em som de u (como em glucose) outras vezes i (glicose), e a transliterao irregular produziu bruchein, da bruchismo (o ditongo ei soa como i) e bruxismo. A transmudao regular brykhein e, da, briquismo, no bruxismo (pronncia: bruchismo). Bruxismo procede do ingls bruxism (pronncia: brucsism) que poderia dar bruxismo em portugus com pronncia brucsismo, que est mais prximo do timo grego e donde se deriva (Cipro Neto, 2003, p. 204; Haubrich, 1997). O Houaiss (2001) traz a duas formas prosdicas: bruxismo (ch), forma de demonismo ligado a bru-

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xas, cujo antepositivo brux de origem desconhecida, e bruxismo (cs), forma no preferencial de briquismo, do ingls, bruxism, do grego brkhin, ranger os dentes. A forma prosdica errnea est consagrada. Contudo, a forma regular est dicionarizada, aparece na linguagem mdica e poder servir aos usurios exigentes que apreciam a disciplina normativa. Bumbum plstica de bumbum. Plstica de bumbum expresso existente na literatura mdica. Contudo, imprpria para uso em relatos formais. Pode-se dizer gluteoplastia (termo mais usado) ou pigoplastia. Bumbum elemento da linguagem infantil, equivalente a xixi (urina), coc (fezes), papar (comer, ingerir), nenm (criana recm-nascida, criana lactente), au-au (co), coc (galinha) e similares. Bunda configura-se como elemento de linguagem chula. Diz-se ndegas (nalgas em castelhano). Do latim vulgar natica, ndega (Houaiss, 2001). Em linguagem mdica, usa-se dizer regies glteas. Do grego glouts, ndega, formam-se glteo, gluteofemoral, gluteoinguinal, gluteoperineal, fenda intergltea. Lifting de glteos termo inadequado pelo anglicismo e, ainda, pelo nome glteo apresentar ambigidade em seu uso. Ora aparece em referncia aos msculos glteos, ora em referncia s ndegas ou regies glteas e, s vezes, no apresenta a indicao clara do seu significado. extensamente utilizado em frases como: O implante de prtese de silicone de glteo uma cirurgia dolorosa. Falta projeo dos glteos em alguns casos de flacidez. Foi premiada pela natureza com glteos cheios. H ambigidade nesses casos, pois no indicam claramente se a referncia aos msculos ou s ndegas. Em outros usos, a referncia s ndegas lgica: A fim de dar forma, volume e beleza aos glteos, existe a cirurgia de implante de prtese de sili-

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cone na regio gltea. ...gordura aspirada em outras partes do corpo, como rosto, coxa, glteos e joelhos. feita uma inciso no sulco entre os glteos. Na linguagem profissional, glteo tem sido amplamente usado como substantivo, sinnimo de ndega, o que concordante com o timo grego. O Aulete (1980), o Michaelis (1968) e o UNESP (2004) do glteo tambm como substantivo, referente a msculo glteo. Dos registros histricos, consta elevado nmero de adjetivos que passaram a ser substantivos, o que legitima esse uso.Entretanto, necessrio ressaltar que glteo em portugus essencialmente um adjetivo, o que se v em dies como regies glteas, msculos glteos, reflexo glteo. O VOLP o traz apenas como adjetivo e assim est em bons dicionrios como o Aurlio (2004), o Houaiss (2001), o Universal (1999) e outros. Em geral, os dicionaristas mdicos omitem adjetivos em seus vocabulrios e, assim, glteo aparece apenas em raros dicionrios mdicos, quando tomado como substantivo, o que demonstra ser esse uso nopreferencial. Importa acrescentar que regio gltea a denominao que consta na Terminologia Anatmica (2001), nos livros de Anatomia Humana, que tem conceito definido e divulgado nos ensinamentos de Anatomia, o que lhe confere preferncia em relatos mdicos formais. H outra opo. Do grego pyg, pygs, ndega, traseiro, ocorrem formaes como: pigalgia (dor nas regies glteas), pgeo (relativo a regio gltea), pigomelia, pigmelo (concepto monstruoso com um ou mais membros suplementares fixados regio sacral), pigopagia (condio de gmeos fixos nas regies glteas), pigpago, pigoamorfo (monstruosidade em que o concepto apresenta deformao nas regies glteas, um embrioma), pigoddimo (monstruosidade em que o concepto tem pelve dupla) calipgio, esteatopigia (desenvolvimento das regies glteas por acmulo de gordura), urop-

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gio (mamilo fixo s vrtebras inferiores nas aves em que se implantam as penas da cauda). Bottons buttons. Buttons o termo correto e nunca bottons: O partido distribuiu milhares de buttons do candidato. (Eduardo Martins. De palavra em palavra. O Estado de So Paulo, 10.7.99). Botton inexiste em ingls, exceto como sobrenome. H bottom, que significa fundo (the bottom of the sea) e buttom, boto, emblema em portugus (s vezes, melhor que usar um anglicismo), abotoadura de punho. Em medicina, por analogia a boto, com o, ocorrem na literatura passos como botton gstrico, botton anatmico Cartazes, bottons e adesivos tambm sero disponibilizados, botons da campanha anti-tabagismo, Equipe de Nefrologia trabalhar com as camisetas e bottons da Campanha e outros. Convm corrigir. Ca. Abreviao de cncer. No h de constar em relatos formais. A formao normal de abreviaes com uso de letras minsculas, terminao em uma consoante seguida de um ponto (art., tel., mx.). No presente caso, seria cn. Afastam-se dessa norma os smbolos (Na, Fe) e as siglas (BA, NE, INPS, FEPASA). Existem na literatura mdica ca, Ca e CA, todas sem o ponto abreviativo. Apesar do uso consagrado, convm omiti-las, por sua formao irregular, em relatos formais. Canulizar canulizao. No so palavras pertencentes ao lxico do idioma. O dicionrio Blakiston, em edio traduzida para o portugus, registra canulizao correspondente ao termo ingls cannulization. O VOLP (Academia, 2004), Fortes & Pacheco, o Michaelis e o Houaiss registram cnula e canulado (apenas na acepo de que tem forma de cnula

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ou de canudo, sinnimo de acanulado), ao passo que vrios outros to-s averbam cnula. Assim, dizer veia canulada configura pleonasmo. No h registro de canulao, nem de canular. Entretanto, aparecem na literatura mdica formaes como: A puno transeptica do fgado, na tentativa de canulizar a veia porta, se associa freqentemente perfurao da cpsula heptica. ...necessidade de experincia para canulizar um pequeno, por vezes edemaciado, orifcio ductal. ...uso de retalho para canulizar a veia cava inferior ao orifcio da veia cava superior.. A canulizao carotdea minimizou em muito o grau de leso isqumica neuronal. Procedimento de canulizao umbilical.. Cateter para canulizao umbilical duplo lmen. Canulizao de artria radial para obteno de sangue. Canulizar e canulizao esto por cateterizao, cateterizar; sondagem, sondar; insero, introduo ou instalao de cateter (ou de sonda); inserir, instalar, introduzir cateter ou sonda e similares, recursos preferenciais para os que fogem a neologismos. Tendo em vista a existncia de tantos recursos, canular, canulao, canulizar e canulizao tornam-se usos dispensveis. Todavia, canular e canulao, canulizar e canulizao so nomes bem formados, j que procedem de cnula (diminutivo de cano) mais os sufixos -ar, -o, e -izar e -izao (sufixao dupla: -izar e -o) respectivamente e, pela sua participao generalizada na linguagem mdica, podero proximamente vir a ser dicionarizados. Imprprio em linguagem de melhor padro dizer colocao de cateter... Caquechia. Forma indesejvel de pronncia. Caquexia, pelas normas oficiais, pronuncia-se caquecsia (Academia, 1999), prosdia indicada tambm no Aurlio (1999), no Michaelis (1998) e em outros bem conceituados dicionrios, como o da Academia das Cincias de Lisboa (2001) e o Vocabulrio

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Ortogrfico da Lngua Portuguesa (1940), tambm elaborado por essa Academia. Do grego , cakecsia; de cacs, mau, e csa, estado; a letra (csi ou xi) obvia o som cs. Esse nome tambm transitou na lngua latina, cachexia, sade estragada (Houaiss, 2001), lngua em que o x tem som de ks. Casustica. Significa estudo, discusso e anlise de casos particulares em que ocorrem dilemas morais, em geral relacionados a doutrinas religiosas ou filosficas (Houaiss, 2001), parte da teologia que trata dos casos de conscincia. Mas, em medicina, adota-se outro sentido especial: registro de casos clnicos ou cirrgicos, como est no Aurlio (Ferreira, 2004), ou ainda: relativo ao nmero de casos estudados, o mesmo que amostra em um trabalho cientfico. Talvez por analogia com caso e a terminao -stico(a), relativo a, como em cabalstica, logstica, estatstico, jornalstico e semelhantes. Em geral, -stico(a) unio de -ista e -ico(a). Casustico significa, em sentido prprio, relativo ao casusta, isto , o que aceita o casusmo, ou seja, a aceitao passiva de idias, doutrinas, princpios, da, obedincia letra da lei, como se diz no meio jurdico. Por ser, na linguagem profissional, um desvio do sentido prprio da palavra, em lugar de casustica, em dies como trabalho com uma grande casustica. O artigo tem uma casustica convincente, casustica e mtodos , por exemplo, pode-se dizer amostra, nmero de casos, nmero de pacientes, grupo de pacientes, quantidade de doentes ou sujeitos e similares. O uso de casustica como indicao de amostra, nmero de sujeitos ou subconjunto populacional em uma pesquisa muito comum em medicina, de modo que se tornou um fato da lngua e, assim, no se pode tomar esse uso como erro, uma vez que bem compreendido entre os mdicos. Todavia, em linguagem cientfica formal mais elaborada, convm, como seleo pes-

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soal, buscar e usar os nomes em seu sentido exato, prprio, por apreo melhor estrutura redacional. Cateter cateter. A forma regular: cateter, palavra oxtona, por ser a forma oficial, constante no VOLP (Academia, 2004), e pela etimologia. Do grego kathetr, fao entrar, mergulhar. Consoante gramticos e lxicos de valor, o termo correto oxtono sem acento cateter , como em ureter, halter e clister, mister. Cateter paroxtono, um exemplo de silabada. Cateter, sim, com fora na ltima slaba, como mulher, talher, qualquer. Apesar de ser pronunciada freqentemente como paroxtona, cateter s aparece nos dicionrios e no Vocabulrio Ortogrfico como oxtona (Cipro Neto P. Ao p da letra. O Globo, 4.6.00). Em considerao origem grega desses substantivos, a pronunciao erudita catetr (Galvo, 1909.), como pode ser encontrada na literatura mdica atual. Ex.: ... estavam relacionados a cateteres venosos (Ars Curandi, v. 30, p. 66, abr. 1997). Na ndia antiga, cateteres de junco lubrificados com manteiga eram utilizados em dilataes uretrais (Miguel Srougi, Urologia Diagnstico e Tratamento, 1998, p. 199). Todavia, catheter palavra paroxtona no latim tardio (Cunha, 1982) e, dessa forma, consagrou-se na linguagem mdica em portugus. Usa-se com acento grfico, porm (catter). Em apresentaes, incoerente escrever cateter no diapositivo, por exemplo, mas pronunciar catter durante a fala. Em portugus, as palavras paroxtonas terminadas com r (sejam ar, er, ir, or, ur) devem ser acentuadas: dlar, ncar, vmer, suter, ter, Vlter, ortoter, cremster, sror, jnior. A forma catter, embora seja quase exclusivamente assim usada no mbito mdico, no consta nos dicionrios. No Houaiss (2001), observa-se que a pronncia postulada pelo timo oxtona, usada pelos mdicos mais cultos, mas a predomi-

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nante, pelo menos no Brasil, a paroxtona. Mas, no pode ser considerada insubordinao, tendo em vista os numerosos vocbulos cuja prosdia grega no a vigente na lngua portuguesa e que constituem fatos da lngua: alopcia, necrpsia, eutansia e outras. Contudo, necessrio tambm considerar os registros cultos por representarem forma disciplinada do idioma. Cateter sonda. Dicionrios por excelncia do esses nomes por sinnimos e o mesmo ocorre no mbito mdico. Tanto se diz cateter, como sonda vesical ou urinria. Criaram razes as expresses sonda nasogstrica, sonda traqueal, cateter de dilise, cateter intravenoso, sonda ou cateter uretral, sonda de Malecot, sonda de Pezzer, sonda de Foley, sonda retal, sonda de Nelaton, sonda de Miller-Abbot; no se h de classific-las como certas ou erradas, pois so fatos da lngua, cristalizados pelo amplo uso. No entanto, pode-se extrair algumas distines lgicas entre os dois nomes. Cateter designa tubo, instrumento tubular (com uma luz), ordinariamente de calibre pequeno, para extrao ou injeo de lquidos ou de gases. Sonda perfaz o sentido de instrumento de sondagem, do verbo sondar que indica explorao em profundidade ou do interior de algo. Sondar ficaria mais apropriado para o uso de sondas com o objetivo de verificao de trajetos, localizao de corpos estranhos e usos similares, donde o nome sondagem. Em medicina, entre muitos outros exemplos, h sonda de Hegar e sonda de Beniqu, instrumentos metlicos desprovidos de luz, usados para dilataes de orifcios e canais orgnicos com estenose, e outras utilizaes. Da etimologia no provm socorro suficiente. Sonda procede do francs sonde, de sonder, explorar, do nglosaxnico sund, canal do mar, presente em sundyard, vara para medir profundidade, para sondar, tambm em sundrap, corda para sondar, em que o elemento sund- indica mar

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(Houaiss, 2001). Cateter procede do grego katheter, o que se deixa ir para baixo, o que se afunda, sonda cirrgica, com este nome j usado por Galeno; do verbo kathienai, fazer descer, lanar para baixo, de kat, para baixo e hinai, mandar, de onde sonda de cirurgio; ou kthetos, abaixado, descido, que desce, sondado latim catheter, sonda, instrumento cirrgico (Houaiss, ob. cit.). Bons dicionrios mdicos tambm do registro de sonda e cateter com o mesmo sentido. L. Rey (2003), indica sonda como haste cilndrica provida de canalizao interna. No entanto, respeitvel a recomendao dos que condenam a expresso sonda vesical, sondar a bexiga e similares em lugar de cateter vesical, cateterizar a bexiga, por exemplo. J se diz comumente cateterizao vesical em vez de sondagem vesical. Vale considerar que sonda, por suas numerosas acepes, tornou-se nome esprio, ou seja, de muitos sentidos, o que pode ocasionar ambigidade, evento inconveniente num texto cientfico, ao passo que cateter tem sentido seletivo, quase nico, bem definido no Aurlio: instrumento tubular, feito de material apropriado a fins diversos, o qual introduzido no corpo com o fim colimado de retirar lquido, introduzir sangue, soros, medicamentos, efetuar investigaes para diagnsticos, cateterizao cardaca, por exemplo. Assim, sondar a bexiga pode ter vrios significados, mas cateterizar a bexiga no traz dvidas sobre o que seja. Recomenda-se, por essas razes, usar as nominaes cateter, cateterizar ou cateterizao sempre que for possvel substituir sonda, sondar e sondagem respectivamente. Chance. Galicismo. Substituvel por oportunidade, possibilidade, ocasio, vez, perigo, risco, em dependncia do contexto. Como termo estatstico, tem definio e utilizao prprias, como razo entre probabilidade de ocorrer e probabilidade

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de no ocorrer em relao a determinado evento. Embora em francs chance possa se referir a sentidos positivos e negativos, em portugus, tem bom sentido. Desse modo, de boa norma evitar sentidos negativos, como em Teve chance (risco) de ter enfarto, Os alcolatras tm maior chance ( risco) de morrer de cirrose. Paciente com muita chance (possibilidade) de complicaes, A chance da (possibilidade de a) cirurgia no dar certo grande. Sem diagnstico prvio, a chance (o perigo) de um paciente ser mal operado grande. Chance nome consagrado na linguagem portuguesa, mas boa norma evitar estrangeirismos em relatos cientficos formais quando existirem opes equivalentes no idioma de casa (Fontes: Srgio Nogueira Duarte Silva, O portugus do dia-a-dia, 2004, p. 29; Eduardo Martins Filho, De palavra em palavra. O Estado de So Paulo, 19.6.99). Citico isquitico isquidico. A Terminologia Anatmica (2001, p. 169), d como correto nervo isquitico (nervus ischiadicus, com d) do latim sciaticus, do grego iskhiadiks, de skhis, dor citica, de iskhion, osso da bacia, em que se articula o fmur (Houaiss, 2001). Skhia plural neutro de skhion, significa ossos da bacia; passou para o latim vulgar como scia, sciae (em latim, o c tem som de k), da procedem citico, conexo com a cadeira, e dor citica. Assim, pela etimologia: isquitico, nervo isquitico, dor isquitica. O latim vulgar a base da lngua portuguesa, mas os termos cientficos em geral procedem do latim padro culto, e consta manter a norma. Em considerao ao timo (iskhiadiks), deveria ser isquidico, como s vezes se encontra na literatura mdica. Mas isquitico a forma adotada e registrada pela Sociedade Brasileira de Anatomia: tber isquitico, espinha isquitica, incisura isquitica. Por amor organizao

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e padronizao, convm adotar as determinaes contidas na Terminologia Anatmica. CID. incorreto dizer "o CID da doena", "o nmero do CID". A sigla significa Classificao Internacional de Doenas, no Cdigo Internacional de Doenas. Se classificao do gnero feminino, diz-se, ento, a CID. Alm disso, atualmente a Classificao expressa em sistema que inclui letras e nmeros, o que caracteriza cdigo, no nmero. Desse modo, mais adequado referir-se ao cdigo da CID, no ao nmero da CID. Em referncia exata, atualmente existe a Classificao Estatstica Internacional de Doenas e Problemas Relacionados Sade, cuja sigla CEIDPRS, mas CID a usada por consagrao. Cintigrafia cintilografia. Ambas so formas admitidas. Do latim scintilla, centelha e do grego, graphein, escrever. No VOLP (Academia, 2004), esto registradas cintilografia, cintilograma, cintigrafia e cintigrama. Todas tm o mesmo valor (Rezende, 1992). Cintilografia ou cintilograma so termos mais acordes com a etimologia. As outras so formas sincopadas. Quando h uma ou mais formas com o mesmo significado, recomenda-se usar as grafias mais usadas, mais familiares (Rapoport, 1997). O leitor poder no acreditar na legitimidade de expresses pouco usadas. Consultar o dicionrio, se tiver tempo, ou andar com certa desconfiana, o que militar contra ambos, leitor e escritor. Pelo visto, embora todos sejam bons nomes, o mais aconselhvel cintilografia. Circuncidado circuncisado. Circuncidado e circunciso so termos constantes da ortografia oficial (Academia, 2004) e nos dicionrios em geral. Nas edies anteriores do VOLP

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(1971, 1998, 1999), h registro de circuncisado, mas este foi suprimido na edio de 2004, o que indica ser forma no preferencial. Tambm no aparece em outros dicionrios; nem h circuncisar. H circuncidar e circuncidado. A etimologia traz explicao: do latim circumcidere (Ferreira, 1999), cortar em volta; de circum, em volta, e caedere, cortar (Ferreira, 1996). Circuncisar e circuncisado aparecem na literatura mdica, o que, por ser fato da lngua, torna seu uso permitido. Mas circuncidar e circuncidado so os termos aconselhveis para uso em circunstncias que exigirem linguagem mais bem cuidada. Tambm por seu amplo uso. timos: circumcisus, circumcisione (Ferreira, ob. cit.). Convm acrescentar que circuncisado e circuncisar podem freqentemente ser tradues mal cuidadas do ingls circumcised (no circuncised) e circumcise. Circunferncia da cintura. Melhor expresso: permetro da cintura, assim como se diz permetro ceflico, torcico, braquial. Ambos so termos usveis e existentes na linguagem mdica. mas, em rigor geomtrico, visto que se trata de uma medida, circunferncia adapta-se melhor a referncias da esfera ou de um crculo, j que, por definio no mbito da geometria, significa linha fechada e traada com distncia constante desde um ponto central, ou lugar geomtrico dos pontos de um plano eqidistante de um ponto fixo, como atestam os dicionrios. Do latim circunferentia, crculo, de circum, em volta, e ferre, levar. Por sua etimologia, justifica-se circunferncia como trajeto ou linha em volta, com pontos equidistantes ou no de um ponto central. Circumferre significa mover-se em volta. Permetro o comprimento da linha que delimita contornos de uma superfcie, ou linha de contorno de uma figura geomtrica. Do grego perimetros, composio de peri, em volta, e metros, medida. Assim, pe-

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rmetro, como termo tcnico designativo de medida da cintura, afigura-se como expresso mais adequada. Cirurgia. Em linguagem culta, refere-se disciplina que trata das intervenes cirrgicas ou operaes. recomendvel dizer, por exemplo: operao de Duhamel, operao de Pea, operao de Thal. Cirurgio peditrico cirurgio-pediatra. Ambos so termos aceitos e existentes na linguagem mdica. No entanto, apresentam problemas em seu uso e no possvel ser intransigente sobre qual deles seja o correto ou o incorreto. Cirurgio peditrico expresso dbia por permitir interpretaes cmicas, isto , de criana cirurgi ou de cirurgio-criana, ou seja, que peditrico, ou que no cresceu, como se diz tambm por ironia. Comparvel a cirurgio infantil. Pelo mesmo motivo, pode ser inconveniente dizer mdico psiquitrico por mdico psiquiatra ou mdico geritrico por mdico geriatra e similares. O termo cirurgio-pediatra parece indicar erroneamente que o cirurgio tambm um pediatra clnico. Do ponto de vista semntico, em rigor, pediatra o mdico (iatros em grego) que trata crianas (paidos em grego; de paidos e iatros formou-se pediatra em portugus), seja qual for sua especialidade na rea, seja cirrgica seja no-cirrgica ou at ambas. Na linguagem mdica, existe um desvio desse significado exato, pois o pediatra tomado como mdico clnico de criana. Em gramtica, dois nomes de sentidos diferentes, quando unidos por hfen, tornam-se um nome composto de significado nico. Astro-rei, por exemplo, significa astro de maior importncia, no um astro e um rei ou que seja de fato um rei. Frasco-ampola no informa que o frasco seja uma ampola, mas que tem essa funo. Mdico-residente refere-se

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a um tipo de regime intensivo de aprendizado, no necessariamente ao mdico que reside no local de suas atividades. A forma ortogrfica recomendvel cirurgio-pediatra ou cirurgi-pediatra (assim, com hfen), existentes na literatura, tendo em vista compostos anlogos, cuja forma ortogrfica oficialmente hifenizada, como: cirurgi(o)-dentista, cirurgio-barbeiro, cirurgio-parteiro, mdico-legista, e, por comparao: mdicocirurgio, mdico-dentista, mdico-residente ( Academia, 2004). O Houaiss (2001) traz mdico-veterinrio e outros casos. Sem o hfen (cirurgio pediatra), a expresso perde um pouco as caractersticas de composio com sentido nico, alm de desviar-se das normas ortogrficas. Pelo exposto, recomendvel tambm escrever: gastroenterologista-pediatra, urologista-pediatra, cardiologista-pediatra e outros casos. Como informao adicional, h, na literatura mdica, nomes de boa formao, indicativos de especialidade : endocrinopediatria, endocrinopediatra, cardiopediatria, cardiopediatra, neuropediatria, neuropediatra, nefropediatria, nefropediatra, uropediatria, uropediatra. Desse modo, em rigor, do ponto de vista semntico normativo, cirurgio-pediatra (necessariamente com hfen) indica com preciso um mdico que cirurgio e que se dedica a operar exclusivamente crianas. Para comparao, existem na linguagem mdica: dentistapediatra (aqui, o dentista um mdico especialista em dentes de crianas), ortopedista-pediatra, uropediatra, neurocirurgiopediatra e semelhantes. Por essas razes, embora cirurgio peditrico seja bom termo, legtimo por seu amplo uso, cirurgiopediatra pode freqentemente ser melhor opo. Cisto quisto. Melhor escolha: cisto. Do grego kystis, bexiga, passou para o latim como cystis (pronuncia-se quistis). Da para o francs kyste, e para o portugus kysto, na forma atual - quisto. No obstante, passou para o ingls como cyst e, talvez por causa da atual influncia da lngua inglesa, no mbi-

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to mdico tem sido modernamente mais usada a forma cisto. Entre os gramticos no h unanimidade quanto forma correta, mas as duas esto dicionarizadas. No dizer de Cndido de Figueiredo (Figueiredo, 1922, p. 150), o grupo grego ki representa-se por ci em portugus, como vulgar e sabido, e cita polaciria, que procede do grego pollakis, freqentemente, e ourein, urinar. Menciona tambm cognatos como cistite, cistocele, cistide, cistoplegia, cistostomia e pergunta por que ser que, em todas elas, perdeu o k, menos em kisto ?(id., p. 143). Em grego, kystis inicia-se com a letra kappa que, com algumas excees, evolui para c qualquer que seja a vogal seguinte, como em carpo, cefalia, cifose, cirrose (Rezende, 2004). Cisto a forma de mais uso na literatura mdica brasileira. Nos ltimos vinte anos, foram indexados pela BIREME 284 artigos com a palavra cisto no ttulo e, em apenas dois, com a forma quisto, o que demonstra inquestionavelmente a preferncia da classe mdica brasileira pela forma cisto (id.ib.). Cimes. Existe como plural de cime (Sacconi, 2005, p. 104). Em registro culto, no se diz que algum tem ou est com cimes de outro, que sente cimes do marido, h cimes entre irmos, tem um cimes exagerado. Em medicina e em psicologia, ocorrem passos como: Trata-se de um paciente do sexo masculino, 57 anos, que iniciou com ansiedade, cimes e agressividade sem propsito h cerca de 2 anos... O psico-oncologista para oferecer uma srie de benefcios ao paciente com recente [...] sendo comum o aparecimento de cimes por parte de outros membros da famlia... Dito de outra forma, a fala do paciente atravessada por teorias e diagnsticos [...] sentem cimes da relao por elas estabelecida com seus filhos.. Em psiquiatria, usam-se as expresses cime obsessivo, cime patolgico, delrio de cime.

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Importa que, em registros cientficos formais, no se use a forma plural como singular. Clinico-epidemiolgico clinico epidemiolgico clinicoepidemiolgico. Como critrio usado pelos lexicgrafos da ABL, os prefixos, por norma, ligam-se sem hfen ao elemento seguinte, considerando-se as excees. O VOLP (Academia, 2004) d o padro a seguir: clinicopatolgico. Nesse caso, clinico- torna-se um elemento de composio e, por isso, podem ser tambm escritos clinicolaboratorial, clinicorradiolgico, clinicoepidemiolgico, clinicoepidmico, clinicossocial, clinicocientfico, clinicocirrgico e similares. A dicionarizao de muitos nomes cientficos causaria grande aumento do volume dos dicionrios. Se uma forma foi dicionarizada, pode servir, por coerncia, como modelo para formar nomes da mesma famlia. Um artigo da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical traz o ttulo "Caractersticas clnicoepidemiolgicas dos acidentes ofdicos em Rio Branco, Acre" (vol.38 no.1, jan./fev. 2005). No ttulo em ingls, escreveu-se "Clinical and epidemiological characteristics of snakebites in Rio Branco, Acre". Isso lembra que se pode, freqentemente, mencionar caractersticas clinicas e epidemiolgicas em lugar de caractersticas clinicoepidemiolgicas. outra opo. Clinico epidemiolgico ou clnico-epidemiolgico so formas questionveis. Contudo, existem na linguagem mdica e constituem fatos da lngua. As formas elaboradas por profissionais de letras, que so especialistas nesse campo, precisam ser apoiadas, pois a estruturao da linguagem culta normativa constitui o trabalho em que passam a vida, tambm com mestrados, doutorados, congressos, pesquisas, ensino, artigos e livros publicados e por a alm.

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Colher gasometria colher hemograma colher os exames laboratoriais. So registros coloquiais sintticos comumente usados informalmente. Mas, em registros formais, gasometria, hemograma, ionograma, leucograma e demais exames laboratoriais podem ser solicitados. Colhe-se o material para exames, como sangue, lquor, secrees. Por possibilitarem questionamentos, recomenda-se que essas expresses sejam evitadas em comunicaes cientficas formais (congressos, artigos, aulas, palestras, conferncias), documentos (pronturio, relatrios mdicos, pareceres de especialistas, relatrios periciais) em que a linguagem, como regra, precisa ser exata. Colostograma. Nome que ora inexiste nos dicionrios. Indica estudo radiogrfico contrastado do clon