A Busca da Água no Sertão - Convivendo com o Semi-árido

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A BUSCA DA GUA NO SERTOCONVIVENDO COM O SEMI-RIDO

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COMO SURGIU ESTA APOSTILA?

Gnadlinger, Joo. A Busca da gua no Serto: Convivendo com o Semirido / Joo Gnadlinger. - Juazeiro, BA: IRPAA, 2001 84 p. ; 32 il. ; 21,5 x 32,5 cm. ISBN 85-88104-03-2 Inclui bibliografia 1. Recursos hdricos - Brasil, Nordeste; 2. Chuvas Brasil, Nordeste. 3. gua - Uso - Brasil, Nordeste. I. TtuloCDD-363.349209813

Nos cursos com lavradoras e lavradores usamos sempre cartazes grandes e coloridos, para tratar de cada assunto. As pessoas, ao retornarem s suas comunidades, queriam repassar os assuntos para a companheirada e sentiam falta do material visual. Da partimos para fazer cpias dos cartazes, fotocopiados e coloridos mo, para facilitar a continuidade dessas discusses. Com o crescimento do nmero dos cursos, procuramos sadas, at optamos, no final, por algo mais completo: uma apostila, com material visual, resumos dos assuntos e trechos da Bblia, que fundamentam nossas reflexes.

Assim, esta apostila um lembrete sintetizado e visualizado dos nossos cursos e no representa um tratado completo sobre os assuntos discutidos.

ESTA APOSTILA DESTINA-SE AOS LAVRADORAS E LAVRADORES QUE PARTICIPAM DOS CURSOS SOBRE A BUSCA DA GUA NO SERTO.

Nome:

Comunidade:

Municpio:

4 Edio, ampliada e revisada - 2001

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1 Reimpresso, com pequenas alteraes - 2003 Texto, mapas e grficos: Joo Gnadlinger. Desenhos: Ivomar de S Pereira Diagramao: Dio Fonseca

IRPAA Instituto Regional da Pequena Agropecuria ApropriadaAvenida das Naes, 04 - Bairro Castelo Branco Caixa Postal 21, 48900-000 Juazeiro - BA Tel: (0XX74)611-6481 Fax: (0XX74)611-5385 www.irpaa.org.br / e-mail: [email protected] Coordenao do IRPAA: Jos Moacir dos Santos, Ccero Flix dos Santos e Ana Maria Ferreira Dias

O contedo desta cartilha pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte. Pedimos tambm a remessa de um exemplar da reproduo para o endereo acima.

Apoio:

CARITAS ALEMCaritas Internacional

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Assunto Apresentando a quarta edio Introduo Como usar esta cartilha na comunidade? Salmo 104: Louvor a Deus, o Criador A origem da chuva Porque chove mais no litoral do que no Serto A distribuio da chuva no Nordeste Medindo a chuva A distribuio mensal da chuva em Juazeiro - BA A chuva anual em Juazeiro - BA A quantidade de chuva que cai no Semi-rido durante um ano Cada regio do Brasil tem um clima diferente Outras regies do mundo com um clima como no Serto A necessidade de captar gua de chuva no Semi-rido Canto: A triste partida A convivncia com o Semi-rido As secas so previsveis Mudanas do tempo durante El Nio Mudanas do tempo durante La Nia A perda de gua por causa da evaporao Necessidades de gua para o consumo De quanta gua precisa uma famlia durante a poca da seca A colheita de gua de chuva em cisternas A gua no subsolo de rocha cristalina A gua no subsolo de arenito A gua no subsolo de calcrio A gua embaixo da terra no Nordeste Como cuidar de uma cacimba A gua filtrada evita doenas As quatro linhas de luta pela gua Levantamento dos recursos de gua Canto: gua de chuva O abastecimento de gua de um municpio A terra do povo de Deus Gnesis 26, 15-22: A luta pela gua Nmeros 20, 1-13: Deus d gua at no deserto 1 Reis 17, 1-16: Elias e a viuva ensinam a conviver com a seca Canto: Procisso Jeremias 38, 1-13: Jeremias orienta o povo num tempo difcil Joo 4, 1-15: Jesus e a samaritana Nmeroe 13, 1-33: Coragem para tomar posse de uma terra rica e grandiosa Conviver com o Semi-rido - A vida no Serto vivel Bibliografia Onde fica a gua no nosso planeta? Canto: Planeta gua

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03 04 05 06 08 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 61 63 65 66 68 70 72 72 74 76 78 80 81 82 84

APRESENTANDO A QUARTA EDIOA BUSCA DA GUA NO SERTO Em janeiro 1996 o saudoso D. Mrio Zanetta apresentou amplamente a 3 edio desta cartilha. Neste primeiro ano do 3 milnio, quando o IRPAA celebra 10 anos de caminhada, sai a 4 edio: "A Busca da gua no Serto" continua! No sentido mais amplo do riqussimo contedo da cartilha e aprofundado pelas experincias nestes anos de caminhada! Sobre o momento atual do Pas podemos citar a Declarao da CNBB, Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil, na sua Assemblia Geral em Itaici de 12 a 21 de julho de 2001, "Brasil: Apreenses e Esperanas". "A exemplo do profeta Jeremias, denunciamos a violncia e a fome, no campo e nas cidades (Jr 14,18), solidrios com nosso povo em seus sofrimentos e esperanas, sobretudo na regio semi-rida que sofre na atualidade o impacto de mais uma grande seca, associada ao descaso dos governantes e falta de vontade poltica para aes estruturadoras. Outro sinal de esperana nos vem do semi-rido, pela constituio e fortalecimento de associaes comunitrias e pela articulao de outras numerosas entidades que atuam no programa de construo de um milho de cisternas, provando a viabilidade de projetos comunitrios no enfrentamento da seca e mostrando a possibilidade de convivncia com o clima." A f que vem de Deus Criador, os dons da natureza e da vida e que Ele confia humanidade os cuidados da terra e da gua, primeiras necessidades da vida, e a convico que o Nordeste a Terra Prometida para os Nordestinos e que o semi-rido vivel, continuam como fundamento e inspirao. A fora da mulher e do homem, da criana e do jovem sertanejos, sua coragem e insistncia garantem a perseverana nas dificuldades e o avano nas lutas para mais condies e dignidade de vida. O trabalho comunitrio, a solidariedade e a organizao popular so o caminho eficaz para enfrentar as dificuldades e conquistar polticas pblicas indispensveis. A cartilha entra em tudo isto como instrumento valioso, numa espiral crescente de conscincia profissional e cidad, que se ganha e partilha no dia-a-dia do trabalho e nas oportunidades de estudo e educao popular. Bom proveito e boa partilha! Ruy Barbosa - BA, 30 de agosto de 2001

+ Andr De Witte Bispo de Ruy Barbosa - BA e Presidente do IRPAA03cmyk

INTRODUO PARA A 1 EDIOEsta cartilha resultado de convivncia com a realidade e o povo do Nordeste, de modo especial de Encontros sobre a Busca da gua no Serto em vrios lugares do serto da Bahia (Pilo Arcado, Campo Alegre de Lourdes, Ccero Dantas e Baixa Grande) durante o ano de 1991. A se mostrou necessrio ter "Agentes da gua" nas comunidades, para discutir a questo da gua, do clima, da seca e descobrir, juntos com a comunidade, maneiras prprias de resolver o problema da gua no serto. Esta cartilha deve ser uma ferramenta nas mos de agentes da gua que ajudam o povo na Busca da gua no Serto. Ao mesmo tempo o povo toma conscincia das propriedades do clima e das condies do Nordeste para a criao de animais e para a lavoura do sequeiro. Assim, temos a esperana que o povo nordestino, um dia, possa defender uma poltica da gua que leve convivncia com o clima e superao da seca, substituindo assim uma politicagem da seca como est sendo feita at hoje. Juazeiro - BA, 24 de Janeiro de 1992

INTRODUO PARA A 4 EDIOPassaram-se quase dez anos desde a primeira edio da apostila A Busca da gua no Serto. Mudou muita coisa no semi-rido deste tempo para c, e mudou para melhor. Quando a gente falou na introduo para a 1a. edio em convivncia com o clima, isso era novidade, hoje com o slogan Convivncia com o Semi-rido resumese toda a viso e programa para o futuro sustentvel desta regio: ningum mais fala em combater a seca, falamos em conviver com o nosso clima, como as plantas e animais na caatinga nos ensinam. Dez anos atrs o STR de Campo Alegre de Lourdes comeou a construir as primeiras cisternas, hoje so mais de 2500 neste municpio e existe todo um programa de construir um milho de cisternas no semi-rido com dinheiro do governo (que do povo) para resolver o problema da gua de beber. o sinal de uma transformao mais profunda que est acontecendo. Para ns do IRPAA, uma satisfao poder ter contribudo para esta viso e mudana positiva do Serto. Hoje no so mais somente os (as) lavradores(as) que querem conhecer melhor o semi-rido, mas tambm professores(as), polticos(as), crianas e jovens, pessoas da cidade. Nesta nova edio ficou o contedo bsico. Introduzimos uma viso libertadora do gnero. Atualizamos em parte os desenhos e acrescentamos alguns temas novos, mas no mudamos a explicao simples e o mtodo didtico prtico, visto que as pessoas que criam e plantam no Serto continuam sendo as primeiras destinatrias. Juazeiro - BA, 04 de outubro de 2001 500 anos do Descobrimento do Rio So Francisco A eternidade do Rio Opara04cmyk

COMO USAR ESTA CARTILHA NA COMUNIDADE?As pessoas que so agentes da gua j devem ter participado, com outras pessoas da comunidade, de um encontro sobre a Busca da gua no Serto. A partir disso, elas tm condies de transmitir as experincias companheirada, na comunidade. Nas reunies, esta cartilha ajuda a passar o assunto s demais pessoas. Cada assunto tem duas pginas: 1. A pgina a transmitir, que deve ser mostrada ao grupo reunido. 2. A pgina com o texto, que ajuda a pessoa coordenadora a explicar o processo, a explicar o desenho, a ela deve fazer sempre estas trs perguntas: O que a gente est vendo? - O que significa isso? - O que a gente aprende disso? Os textos bblicos podem ser refletidos no comeo e no final da reunio. Eles ligam a luta pela gua do povo do Serto com a luta pela gua do povo de Deus. De antemo agradecemos por todas as indicaes que possam ajudar a melhorar esta cartilha. Um bom trabalho.Joo Gnadlinger

Drio Nunes dos Santos

Maria Oberhofer

Jos Carlos Santos Neri

AGRADECIMENTOSEsta apostilha foi preparada num mutiro. Agradecemos a valiosa contribuio dos autores que citamos na bibliografia. Recebemos muitas idias das experincias dos (das) participantes dos cursos que demos nestes anos sobre "A Busca da gua no Serto". Aprendemos muito nas visitas nas comunidades pelo Semi-rido. Agradecemos aos (s) colegas do IRPAA por valiosas sugestes. Agradecemos a Haroldo Schistek, Maria Sueli Rodrigues e Ivnia Paula Freitas de Souza pela reviso.

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Orao para dar incio ou encerrar um Encontro sobre a gua, a Natureza e o Serto.O Salmo 104 uma orao que o povo de Deus e Jesus rezavam. O texto um louvor a Deus Criador, mostra como Deus criou o mundo bem feito, tudo no seu lugar: a gua, o ar, as montanhas, o mato, os passarinhos e os animais. Cabe ao homem e mulher conviverem com a natureza e no a destruir. Assim a gente contribui para fazer a criao de Deus ainda mais bonita.

Observao 1: Pode-se rezar esta orao em voz alta, dois grupos ou duas pessoas se revezando. Num cochicho, pode-se conversar sobre as perguntas. Finalmente, quem quiser, pode louvar a Deus pela gua e pela natureza ou pedir perdo pela destruio da natureza. Observao 2: Durante o curso descobriremos que a terra do povo da Bblia se assemelha em muito ao Serto. Trazemos nas apostilas as experincias do povo de Israel no que se refere luta pela terra, providncia de gua para o tempo da seca, criao de cabras e ovelhas, lavoura de sequeiro. Assim o Serto, a terra onde vivemos, torna-se para ns tambm "uma terra onde corre leite e mel" que por um lado recebemos de Deus como presente, mas que deve ser conquistada, trabalhada e cuidada em cada momento.

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SALMO 104 LOUVOR A DEUS, O CRIADORO Senhor Deus tomou o homem e a mulher e os colocou no serto para que o cultivassem e guardassem (Gn 2,15) 1 - minha alma, louve ao Senhor! 2 - Senhor meu Deus, como s grande! 1 - Ests vestido de majestade e de glria, e te cobres de luz como num manto. 2 - Estendes os cus como se fossem uma barraca, e constris a tua casa sobre as guas de l de cima. 1 - Usas as nuvens como teu carro de guerra, e voas nas asas do vento. 2 - Fazes dos ventos os teus mensageiros, e dos relmpagos os teus servos. 1 - Tu puseste a terra bem firme sobre seus alicerces, assim ela nunca ser abalada. 2 - Cobriste a terra com o mar, como se ele fosse uma roupa, e as guas ficaram acima das montanhas. 1 - Porm, quando repreendeste as guas, elas fugiram; quando ouviram teu grito de comando, saram correndo. 2 - As guas correram pelos montes e desceram os vales, indo para o lugar que preparaste para elas. 1- Tu puseste um limite para as guas no passarem, para no cobrirem de novo a terra. 2 -Tu fazes surgirem nascentes, nos vales, e fazes a gua dos rios correr entre os montes. 1 - Dessa gua bebem todos os bichos do mato, e com ela os jumentos matam a sede. 2 - Nas margens dos rios, os pssaros fazem os seus ninhos, e cantam entre os galhos das rvores. 1 - Dos cus tu envias chuvas para os montes, e a terra fica cheia das tuas bnos. 2 - Fazes crescer capim para o gado, e verduras e legumes para o uso do homem, e assim ele tira da terra o seu alimento. 1 - Fazes a terra produzir o vinho, que deixa a gente feliz, o azeite que alegra e o po que d foras. 2 - Muita chuva cai sobre as rvores de Deus, sobre os cedros do Lbano, que ele plantou. 1 - Ali os pssaros fazem os seus ninhos, e as aves constrem as suas casas no seu topo. 2 - As cabras vivem no alto das montanhas, e os coelhos do mato se escondem nas grutas. 1 - Que os pecadores desapaream da terra, e os injustos nunca mais existam. Refro: O senhor Deus tomou o homem e a mulher e os colocou no serto para que o cultivassem e guardassem. Perguntas: 1 - Como est descrito o serto neste salmo? 2 - O que fala esta orao sobre a gua?07cmyk

Refro:

A ORIGEM DA CHUVA

O que a gente est vendo no cartaz? A gente est vendo uma paisagem com montanhas, um rio, rvores, o mar, o sol e nuvens. A gente v tambm vrias flechas que mostram um movimento, um caminho.

O que significa isso? O cartaz quer explicar de onde vem a chuva. A chuva vem, na sua maior parte, do mar. Pelo calor do sol e pela fora do vento, a gua vira vapor que sobe para o alto. Numa certa altura o vapor esfria e se transforma em pequenas gotas que todas juntas formam as nuvens. Pela ao do vento, estas nuvens so levadas para a terra firme. Quando a temperatura diminui bastante, as nuvens soltam a chuva. A chuva cai na terra. Uma parte da chuva corre para os rios e volta assim para o mar. A maior parte vira vapor que sobe de novo ( a evaporao). Outra parte bebida pelas plantas que depois transpiram (suam) a gua para o ar de novo ( a transpirao). Uma pequena parte da gua da chuva entra no solo ( a infiltrao). Se as gotas d'gua carem em terra nua, elas levam a terra embora (causam eroso), se elas carem em terra coberta com vegetao, elas so aproveitadas ou pelas plantas ou podem infiltrar no solo. As flechas mostram este giro da gua em nossa terra.

O que a gente aprende disso? Toda a gua que encontramos no serto, seja nos tanques, nos poos, nos riachos, no Rio So Francisco, caiu do cu, quer dizer que vem da chuva. E a chuva vem das nuvens e as nuvens vm do mar. A chuva a fonte de toda a gua no serto.

Observao No. 1: Voc pode mostrar s pessoas que participam da reunio como a gua vira vapor e depois se transforma em gotas, se voc tira, na cozinha, a tampa de uma panela com gua esquentada. Embaixo, a tampa est cheia de gotas d'gua.

Observao No. 2: Voc pode fazer uma brincadeira com as crianas, imitando com gestos com as mos e sons o caminho e o movimento que a gua faz do mar (imitar o barulho das ondas e fazer gestos com as mos, imitando as ondas), evaporao (em silncio, com as mos fazendo gestos de subir,) nuvens e vento (imitando o sopro do vento), chuva (imitar o barulho da chuva, batendo um dedo na palma da outra mo), rio (fazendo o barulho da gua de um riacho e imitando com as mos a correnteza da gua).

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A ORIGEM DA CHUVASOL NUVENS

TRANSPIRAO EVAPORAO

Desenho: Ivomar de S Pereira

CHUVA EVAPORAO

RIO

MAR

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PORQUE CHOVE MAIS NO LITORAL DO QUE NO SERTO?O que a gente est vendo?

Aqui a gente est vendo uma paisagem, com o mar, montanhas, nuvens e chuva. Na paisagem h partes verdes chuvosas e marrons secas. O que significa isso?

O desenho quer explicar esta chuva no Nordeste que cai durante os meses de maio a agosto e porque nestes meses chove mais no Litoral do que no Serto. A causa esta: Os ventos trazem o ar mido do mar para a terra firme. Logo no Litoral chove por causa da mudana da temperatura que fica mais fria. O ar no consegue mais carregar tanta umidade e por isso chove. O mesmo acontece quando os ventos empurram o ar para a Zona da Mata e para cima das montanhas da Chapada Diamantina na Bahia ou da Serra de Araripe em Pernambuco. Em todas estas regies chove. Quando os ventos levam este ar para o Serto, ele s tem pouca umidade. Assim no Serto chove menos do que em outras partes do Brasil e do Nordeste.

O que a gente aprende disso?

O clima do Serto diferente de outras regies do Brasil (como na Amaznia, em Gois, em So Paulo ou no Rio Grande do Sul). Cada regio tem seu clima especial. Por isso cada regio deve ter uma agropecuria e lavoura adequada a ela. Por isso ns, que vivemos no serto, devemos lutar pelas coisas prprias do nosso clima mais seco.

Observao: Os ventos alsios: so aqueles ventos que sopram na maior parte do ano sobre o Nordeste, vindos do sudeste. Eles causam chuvas no litoral e nas montanhas durante a poca mais fria do ano (de maio a agosto) As chuvas orogrficas: so chamadas tambm chuvas das montanhas e acontecem do lado das montanhas para onde os ventos trazem o ar mido. O outro lado da montanha fica na sombra da chuva, onde chove menos.

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PORQUE CHOVE MAIS NO LITORAL DO QUE NO SERTOVento mido

Vento seco

Chuva Evaporao

Chapada Diamantina Zona da Mata11

Mar Litoral

Serto

A DISTRIBUIO DA CHUVA NO NORDESTE:quais os meses mais chuvosos e de que lado do cu vem a chuva O que a gente est vendo? Aqui a gente est vendo um mapa do Nordeste, com os nove Estados (Maranho, Piau, Cear, Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia) mais o Norte de Minas Gerais. Ao mesmo tempo a gente v trs manchas de cores diferentes: marrom, laranja e verde. Embaixo, a gente v uma estrela, indicando as quatro direes ou lados do cu: Norte, Poente, Sul e Nascente. O que significa isso? As trs cores significam os trs regimes diferentes de chuva que existem no Nordeste. 1. A cor verde significa a chuva de dezembro at fevereiro que vem do Sul em forma de trovoadas (ocorrendo nos estados da Bahia, Sul do Maranho e Sul do Piau). (Chuva das frentes frias) 2. A cor laranja indica a chuva de maro e abril que vem do Norte (ocorrendo em partes dos estados do Maranho, Piau, Cear, Rio Grande do Norte, Paraiba, Pernambuco e Norte da Bahia). (Chuva da convergncia intertropical) 3. A cor marrom significa a chuva de maio a agosto que acontece do litoral at 200 quilmetros no interior e onde h serras. Esta chuva vem do Sul-Nascente e ocorre em partes dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. (Chuva dos ventos alsios) Em algumas regies do Nordeste, ocorre a influncia de vrios regimes de chuva durante o ano. O que a gente aprende disso? O Nordeste recebe a chuva de vrias direes. Isso uma vantagem. A dificuldade que nenhum desses trs regimes de chuva vem na poca certa e na quantidade esperada. E mais, a chuva diferente em cada regio do Nordeste. Disso a gente aprende que a lavoura sempre arriscada, porque pode faltar a chuva quando se dela precisa. Tudo isso deve ser discutido com os mais diversos segmentos da sociedade: poder pblico, associaes, sindicatos, cooperativas, partidos polticos para traar uma luta poltica que corresponda a esta realidade do Nordeste.Observaes: 1. Discutir, tambm, de que lado do cu vem a chuva na sua regio e quais so os meses que chove e que no chove. 2. a - Frente fria: uma massa de ar que sai do Plo Sul e, subindo o Continente da Amrica do Sul, causa chuva quando encontra ar mais quente. b - Ventos alsios: veja explicao no desenho anterior! c - Zona de convergncia intertropical: o encontro dos ventos alsios vindos da direo Sudeste com aqueles vindos da direo Nordeste. Onde eles se encontram causam chuva. 3. Trs pessoas diferentes podem apresentar os trs tipos de chuva, vindas de vrios lados.

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A DISTRIBUIO DA CHUVA NO NORDESTE

Maranho

CearPiau

Rio Grande do Norte Paraba

Pernambuco Alagoas SergipeI C O

BahiaA

Minas GeraisOS MESES MAIS CHUVOSOS:MARO - ABRIL MAIO - AGOSTO13

DE SUL A NORTE

DE NASCENTE A POENTE

O C E A

N

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DEZEMBRO - FEVEREIROcmyk

DE NORTE A SULDesenho: Gnadlinger, segundo Antunes

TDE POENTE A NASCENTE

L

N

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O que a gente est vendo? A gente est vendo um pau fincado no cho com uma lata amarrada. H tambm quatro pessoas com uma rgua. Esto medindo o que est dentro da lata. Ao lado, h uma folha onde se podem fazer anotaes.

O que significa isso? O que a gente quer mostrar aqui um medidor de chuva que chamado tambm de pluvimetro. A gente deve fincar um pau de mais ou menos um metro de comprimento no cho, no roado ou uns metros distante da casa e amarrar, em cima, uma lata de leo ou de leite com um barbante. A chuva cai dentro desta lata. Deve-se tirar a borda que segura a tampa da lata para que a largura da boca e da base fiquem iguais. Precisa tambm de uma rgua que comece no ponto zero. Depois de cada chuva coloque a rgua dentro da lata. Retire a rgua e observe a marca da gua na rgua. O nmero que a gua marcou significa a quantidade de milmetros que choveu no local. Anote este nmero na tabela ao lado, no ms e dia certos. Depois de medir, voc deve jogar a gua da lata fora. Ao final do ms, faa a soma e voc saber quanto choveu na sua roa ou na sua casa. No final da estao chuvosa, voc soma a quantidade da chuva dos meses anteriores e ter a chuva do ano inteiro.

O que a gente aprende disso? Medir a chuva possvel tambm para lavradores(as) e escolas, no s para uma estao de meteorologia. Cada milmetro de gua significa um litro de gua em cada metro quadrado da roa ou no telhado da casa. Sabendo o quanto que chove, a gente conhece melhor o clima e descobre possibilidades de se adaptar melhor a ele. Podemos at calcular quanta gua cai em cima do telhado da nossa casa. Se voc por exemplo tiver uma casa de 42 metros quadrados e no ltimo inverno choveu 500 milmetros, voc pode colher 21.000 litros de gua para uma cisterna. Um outro exemplo: Se voc tem uma tarefa de roa que so 3.300 m2, com chuvas de 500 milmetros por ano, caem 1.650.000 litros de gua nela. Esta gua igual a 165 carros-pipa. E ainda tem gente que diz que no Nordeste no chove. Devemos achar um jeito como segurar essa gua para a roa, para os animais e para a casa.

Observao: Voc pode fazer este medidor de chuva simples, medir a chuva no lugar onde mora e anotar num xerox que tirou da folha ao lado. O ano na folha comea com o ms de novembro porque a estao chuvosa comea neste ms em Juazeiro-BA. Na sua regio talvez comece em outro ms. Assim deve adaptar a folha para sua regio.

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MEDINDO A CHUVAMs/Dia Nov. Set. Out. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago.

Para saber a quantidade da chuva do ano todo, voc precisa somar os 12 meses. A quantidade da chuva do ano 20____ de ______ milmetros.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31Chuva/Ms

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A DISTRIBUIO MENSAL DA CHUVA EM JUAZEIRO - BAO que a gente est vendo?

A gente v nove desenhos diferentes. Cada desenho est dividido em 12 letras. Em cima de cada letra, h uma coluna com um nmero. Esses desenhos parecem umas tabelas. O que significa isso?

Os desenhos mostram a chuva de cada ms durante nove anos: de 1992/1993 at 2000/2001. As letras em cada desenho indicam os meses (de novembro a outubro). A coluna em cima de cada ms indica quantos milmetros choveu este ms. Os meses sem coluna so meses sem chuva. Quando a gente compara a chuva entre estes anos, ento se descobre que em cada ano a chuva mensal muda. Por exemplo: No ms de maro de 1997 choveu 422 milmetros, o que muito, enquanto que, em 1998, no mesmo ms de maro, choveu somente 14 milmetros. Outro exemplo: No ms de janeiro de 2002, choveu 258 milmetros, enquanto em janeiro de 2001, choveu s 2,9 milmetros. Esta irregularidade da chuva muito grande e vale para o Serto todo. Mais um exemplo: As chuvas nos anos 1999/2000 e 2000/2001 ultrapassaram 500 mm, quer dizer foram acima da mdia: mas 1999/2000 era um ano bom para a lavoura e 2000/2001 era ruim. Isso porque a distribuio das chuvas em 1999/2000 era regular, enquanto em 2000/2001 no choveu nada no ms de janeiro 2001. Em 2001 houve pouca colheita na roa, mas no faltava gua nas cisternas. O que a gente aprende disso?

No se pode prever a quantidade de chuva para um ms. Por isto arriscado plantar culturas que precisam de chuva constante como o milho. Em Juazeiro - BA, s uma vez em dez anos a safra do milho satisfatria. Devemos plantar culturas resistentes seca. O pasto, porm, sente menos com a irregularidade da chuva. Todos e todas devem ter criatrio. Da mesma maneira, a luta do povo deve exigir recursos e projetos para o desenvolvimento de pastagens e do criatrio. Nas escolas, devemos explicar tudo isto s crianas e juventude e nas reunies companheirada.16

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A DISTRIBUIO MENSAL DA CHUVA EM JUAZEIRO - BADados fornecidos pela EMBRAPA Semi-rido422,3400 300 200 125,4 110,4Ano de 1995/1996 388,3 mm

400

Ano de 1994/95 570,2 mm

400 300 200 103,750,8 13 4,8 0,4 6,2 0 0 27,2

Ano de 1996/1997 738,8 mm

300

200100 47,3

192 201,8

93

100

00

21,6 3 0 02,8

100 19,8 39,2 30,6N D J F M A

84,1 17,1 7,8 2,4M J J

19,1 29,4 0,3 10

0A

0 11,8S O

0A S ON D J F M A M J J A S O

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N

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Ms

Ms

400300 200 100 71,2 20,3 0J F M A M A J J S O

400Ano de 1998/1999 394,9 mm

400 300 200Ano de 1999/2000 594,2 mm

300

Ano de 1997/1998 242,8 mm

200110,5 66,2 58,4 7,5 2,6 0 Ms 9,7 30,4 18,1

115,3 00A S ON D

100 39,5 43,9 0 0

27,7 14,9

100 0

152,9 125,5 78,8 70,3

91 50,1 9,5 2,8 2,1 0,5 3,7N D J F M A M J J A S

0,3 0

1,2 0

7O

0

N

D

J

F

M

A

M

J

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Ms

Ms

400

300

Ano de 2000/2001 512,8 mm

400 300 200 118,1 0 0A S O

400258,1Ano de 2001/2002 456,8 mm

300 200 173,2 97,3 100 79,71,4 0,4 0,1 0,7 0

Ano de 2002/2003 384,9 mm

174,2 200 137,5

100

55,1

80

2,9N D J F

14,3 11,9

36,9

100 8

3,1

34,3 19,3 16,4M A M

2,5 0J J A S O

5N D J F M

21,2A

0,8M

0J

5,2J A S O

0

N

D

J

F

M

A

M

J

J

Ms

Ms

Ms

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A CHUVA ANUAL EM JUAZEIRO - BA

O que a gente est vendo?

Aqui a gente v vrias colunas azuis de tamanho diferente. Tambm h anotaes de nmeros em baixo e no lado esquerdo. O que significa isso?

As colunas mostram a quantidade de chuva que caiu durante 20 anos em Juazeiro - BA. Os dados so de 1982 at 2001. A quantidade de chuva muda bastante de ano em ano: Por exemplo em 1985, um ano muito chuvoso, choveu 809 milmetros e em 1993, um ano de seca, choveu 185 milmetros. O que a gente aprende disso?

A gente aprende com esse desenho que cada ano chove no Serto, mas a quantidade de chuva varia muito. Deve-se colher a chuva que cai; quer dizer deve-se aproveitar a chuva que cai no telhado ou no cho e para isso, fazer cisternas ou tanques e cavar e limpar barreiros e caxios. Deve-se plantar em curvas de nvel, usar cobertura seca, evitar queimadas. Deve-se plantar sorgo, que se contenta com pouca chuva, plantar pasto de capim-bfalo, leucena, etc. Devemos captar gua de chuva e guardar em tanques, imitando as plantas da caatinga como o umbuzeiro, o mandacuru, a cabea de frade e outros que conseguem conviver com esta diferena de chuva a cada ano, reservando gua nas razes ou no tronco. No devemos dar ouvido quelas pessoas que declaram o serto como regio de calamidade e de grandes secas. Essas pessoas querem que a gente fique se lamentando e pedindo, em vez de exigirmos polticas prprias para o serto.

18

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A CHUVA ANUAL EM JUAZEIRO - BA (em mm por ano)Mximo: 809 mm (1985). Mnimo: 185 mm (1993)

900 738 624 609 584 570 487 444 388 242 185 394 525 467 416 594 512 456 385

809

800

700

641

600

500

Milmetros por ano

400

388

300 234

200

100

0

82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00. 01. 02. 03.

Ano19

IRPAA, dados da EMBRAPA Semi-rido

A QUANTIDADE DE CHUVA QUE CAI NO SEMI- RIDO DURANTE O ANOO que a gente est vendo? Aqui a gente est vendo um desenho com quatro cores diferentes: verde, laranja, vermelho e azul. O que significa isso? O desenho representa um mapa do Nordeste e parte do Sudeste do Brasil. O Nordeste abrange os seguintes estados: Maranho, Piau, Cear, Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia. Vemos tambm a rea do Norte de Minas Gerais, que j pertence ao Sudeste. Esta regio est cortada por um grande rio: o Rio So Francisco. A cor azul indica o mar que o Oceano Atlntico, no lado norte e leste. As cores diferentes se referem a quantidade de chuva que cai. A faixa verde significa os lugares onde chove mais do que um metro por ano. a parte do Litoral e a parte Oeste (ou Poente) do Nordeste. A faixa cor de laranja significa que chove entre 700 milmetros e um metro por ano. Esta faixa abrange grandes partes de todos os Estados do Nordeste e o Norte de Minas Gerais, menos o Maranho. A faixa vermelha indica os lugares onde chove menos do que 700 milmetros por ano. A faixa de cor laranja e a faixa vermelha cobrem esta parte que ns chamamos de Serto e os cientistas chamam de Semi-rido Brasileiro. O semi-rido brasileiro coincide mais ou menos com o Polgono da Seca. O tipo de vegetao predominante nesta regio a Caatinga. O que a gente aprende disso? A chuva que cai no igual. No Nordeste, h regies onde no se conhece seca (cor verde). H outras regies com uma seca de pelo menos seis meses por ano (cor de laranja). Nestas regies, a plantao de roa no segura. H ainda outras regies, com seca de pelo menos oito meses por ano (cor vermelha). A a atividade segura para viver a criao de cabras e ovelhas. A natureza, as plantas e os animais se adaptaram muito bem este clima: muitas plantas armazenam gua na poca da chuva nas razes ou troncos, para ter gua na seca, como o umbuzeiro, o mandacaru. Ns que vivemos neste clima devemos aprender a conviver com o nosso clima, como a natureza nos mostra. Damos esta atitude de vida o nome de Convivncia com o Semi-rido. Assim, como o Nordeste diferente das demais regies do Brasil, h diferenas tambm dentro do prprio Nordeste, o que deve ser levado em conta nos diversos planos e projetos

Observao 1: um palmo 220 milmetros, por isso 700 milmetros so um pouco mais de 3 palmos; 1000 milmetros so mais ou menos 4 palmos e meio. Observao 2: A rea do polgono da seca (com 936.993 km2) foi definida em 1936 atravs da Lei N 175 e revisado em 1951. Ela abrange a rea da atuao do DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra as Secas. Desde poca do Brasil Imprio, esta rea foi mudada pelo menos 10 vezes. Ainda hoje tem tentativas de mudar o tamanho da rea. Isso porque as regies dentro do polgono da seca recebem subsdios financeiros e polticos. A definio da rea uma questo poltica. A extinta SUDENE - Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste - atuava numa rea de 1.641.000 km2, que abrangia todos os estados do Nordeste mais a parte semi-rida do norte de Minas Gerais. 20cmyk

A QUANTIDADE DE CHUVA QUE CAI NO SEMI-RIDO DURANTE O ANO

Maranho

CearPiauPetrolina Juazeiro

Rio Grande do Norte Paraba

PernambucoI C O

Alagoas Sergipe

BahiaA T

Aqui chove mais que 1000 mm por ano Aqui chove entre 700 mm e 1000 mm por ano Aqui chove menos que 700 mm por anocmyk

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Desenho: Gnadlinger, segundo dados da ARIDAS

O C E A

Minas Gerais

N

O

L

N

T

CADA REGIO DO BRASIL TEM UM CLIMA DIFERENTE!

O que a gente est vendo? Este desenho tem os contornos do Brasil. O Brasil est dividido em vrias manchas com cores diferentes. O que significa isso? Cada mancha, neste mapa do Brasil significa uma regio com um clima prprio. A mancha azul no Norte o clima mido da Amaznia; a mancha amarela o clima semimido do Brasil central; a mancha marrom significa o clima semi-rido; a mancha verde significa o clima mido do Litoral do Brasil; a mancha cinza significa o clima semi-mido de alturas no Interior de Minas Gerais e So Paulo e a mancha rosa significa o clima temperado do Sul do Brasil. No clima mido da Amaznia, a maneira apropriada de viver tirar a borracha e os frutos da floresta como a castanha-do-Par como propunha Chico Mendes. A regio, com o clima mido do litoral, chamada a Zona da Mata, onde tinha antigamente a Mata Atlntica que hoje est quase totalmente devastada. Era a regio dos engenhos de acar. No clima semi-mido, com uma seca de apenas 4 meses, do Brasil central, pode-se criar gado e plantar soja e milho. O clima semi-mido das alturas serve para plantar caf. O clima moderado do Sul parece com o clima da Europa que tem quatro estaes. E o clima semi-rido brasileiro com somente duas estaes (inverno e vero) e com 6 a 8 meses de estiagem serve melhor para criar cabras e ovelhas e plantar culturas adaptadas a um clima mais seco. O que a gente aprende disso? Cada clima tem uma chuva diferente. A natureza de cada regio igualmente diferente. Desta maneira, existe tambm uma agropecuria e atividade produtiva apropriadas para cada regio. No semi-rido brasileiro, no devemos imitar outras regies do Brasil em nosso trabalho, mas procurar um caminho prprio para a criao e a lavoura.

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TIPOS DE CLIMA NO BRASIL

N O STipo de Clima:mido da Amaznia

L

Semi-mido do Brasil CentralSemi-rido brasileiro

Semi-mido das alturasmido da Zona da Mata

Temperado do sulDesenho: Gnadlinger, segundo Antunes

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OUTRAS REGIES DO MUNDO COM UM CLIMA COMO NO SERTOO que a gente est vendo?

A gente v, neste desenho, que representa o mapa do mundo, vrias manchas de cores. Quando se olha mais de perto, a gente descobre que o desenho o mapa do mundo, onde se destacam os mares (com cor azul) e os continentes frica, Europa, sia, Austrlia e Amrica (com cor amarelo e vermelho). Na Amrica do Sul descobrimos tambm o nome do Brasil. O que significa isso?

Com este mapa, a gente quer explicar que existem outros lugares no mundo que tem um clima semelhante ao Semi-rido Brasileiro. Este mapa mostra a terra em duas cores: vermelho e amarela. A cor vermelha indica todos os lugares que tem um clima semi-rido quente, semelhante ao nosso serto: Na Amrica, este clima, encontra-se em partes do Mxico, da Bolvia, do Peru, da Venezuela e no Nordeste do Brasil. Na frica, este clima, est presente, em pases como o Senegal, o Sudo, o Qunia, a Tanznia e a Nambia, entre outros. Na sia, o clima semi-rido encontramos na Arbia Saudita , na ndia, na Birmnia, na Tailndia entre outros. Ainda h grandes partes da Austrlia com este tipo de clima. O que a gente aprende disso?

Ns no estamos sozinhos no mundo, em relao ao nosso clima. Em muitos outros pases do mundo existe o clima quente semi-rido tambm. Isso quer dizer que todos estes lugares tm uma estao de seca de 6 a 10 meses, chuvas irregulares, secas grandes e uma evaporao muito alta. Nestes pases, vivem povos com uma experincia muito grande de como conviver com este clima. Por isso, ns no Nordeste devemos conhecer estes lugares e estes povos para aprender melhor como conviver com o nosso clima do Serto. Observao:

No mapa foram desenhadas as regies do mundo que tm um clima semi-rido quente. Estas so as regies que tm de 6 a 10 meses secos (em que a evaporao maior do que a chuva) e onde a temperatura mdia do ms mais frio no menos do que 18 graus. Existem regies no mundo onde chove bem menos que no serto, que so os desertos. Os desertos no foram desenhados no mapa. Se no nosso semi-rido aparece um deserto, conseqncia da m influncia humana (queimadas, eroso, sobre-pastoreio, salinizao), que tem o nome de deserto artificial ou desertificao. Existem ainda outras regies do mundo que tm um clima semi-rido, que tambm no foram desenhadas no mapa, como em Israel ou na China. A diferena que no to quente como o clima nosso, este clima chamado clima semirido moderado. Este clima tem a mesma irregularidade da chuva, mas uma evaporao menor.

Dados: dtv-Atlas zur kologie

Se no disperdiarmos a nossa riqueza e energia, o nosso clima e os nossos recursos naturais so to favorveis que podemo-nos tornar o povo mais feliz do mundo. (Mahatma Gandhi sobre a ndia que um pas com clima semi-rido) 24

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OUTRAS REGIES DO MUNDO COM UM CLIMA COMO NO SERTO

Amrica do Norte Europa sia

frica

S ul r ic a d o

Brasil Austrlia

Mar Terra

Am

Regies com um clima como no Serto25

Desenho: Gnadlinger, segundo dtv-Atlas zur lologie

A NECESSIDADE DE CAPTAR GUA DE CHUVA NO NORDESTE

O que a gente est vendo? A gente est vendo um desenho com muitas manchas de cores. Parece com um dos mapas que j vimos antes, mas as cores so diferentes.

O que significa isso? Este um mapa do Nordeste e uma parte de Minas Gerais. As cores so realmente diferentes dos outros mapas, elas representam aqui os vrios graus de necessidade de captar gua de chuva no Semi rido Brasileiro. As cores roxo e lils (5 e 4)representam as regies onde o meio mais seguro para ter gua, seja para o consumo humano, seja para a produo a captao de gua de chuva. Nos lugares onde encontramos a cor abbara existe uma prioridade mdia (3) para a captao de gua de chuva e nas regies de cor amarela e verde (2 e 1), muito bom captar a gua da chuva, para ter a gua de graa e perto da casa, mas existem outras fontes acessveis, como gua da superfcie e gua subterrnea.

O que a gente aprende disso? Exitem trs maneiras para abastecimento de gua: atravs da captao gua de chuva, atravs de gua de superfcie (fontes e rios permanentes) e atravs da gua subterrnea (poos). Na maior parte do Semi-rido Brasileiro, muitas vezes, a nica soluo para ter gua, a captao de gua da chuva, pois no existe gua de superfcie permanente e embaixo do solo tambm no tem gua. E se encontrar, muito pouca ou to salobra que no d para beber. Isto muito importante saber, quando queremos fazer uma planejamento de abastecimento de gua para comunidades ou para um municpio inteiro. No adianta apelar para empreses de perfurao de poos, ou comprar at uma perfuratriz prpria. A soluo indicada , fazer um planejamento perfeito, como de aproveitar ao mximo a gua da chuva que Deus nos manda todo ano.Observao: O mapa ao lado baseado na quantidade de chuva que cai por ano (veja pgina 21) e a gua embaixo da terra (veja pgina 53).

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A NECESSIDADE DE CAPTAR GUA DE CHUVA NO NORDESTE

Maranho

CearPiauPetrolina Juazeiro

Rio Grande do Norte Paraba

PernambucoI C O

Alagoas Sergipe

BahiaA T

1

Baixa2 3 4cmyk

Mdia Alta27Desenho: Gnadlinger

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O C E A

Necessidade de captar gua de chuva

Minas Gerais

N

O

L

N

T

A TRISTE PARTIDA

O texto deste poema de Patativa de Assar e a msica de Luiz Gonzaga. Ambos como nordestinos ficaram impressionados pela

seca do serto uns trinta anos atrs. Naquela poca, uma sada para a problemtica da seca, era ir para So Paulo. Foi o tempo em

que chegou a indstria automobilstica para o Brasil e quando era ainda mais fcil de achar emprego. Mas o canto nos fala do sofrimento de muitas pessoas, conterrneas nossas, que foram obrigadas a sair da sua terra.

Hoje em dia, a seca no Nordeste continua, mas ns nordestinos j reagimos diferente, ns j estamos descobrindo como conviver com o nosso clima e como nos prevenir, para enfrentar at uma seca grande.

melhor primeiro ouvir a msica numa fita, cantar ou ler.

Depois pode-se fazer as seguintes perguntas: 1. Quem de vocs j teve que sair para So Paulo ou outra cidade grande? - Conte-nos a sua experincia! 2. Ser que para ns, a melhor soluo mesmo sair da nossa terra? - Justifique a sua resposta! 3. Quais so os caminhos hoje para enfrentar a seca?

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A TRISTE PARTIDATexto de Patativa de Assar e msica de Luiz Gonzaga 5. Apela para maro Que ms preferido Do santo querido Sinh So Jos Mais nada de chuva Ta tudo sem jeito Lhe foge do peito O resto da f. 6. Agora pensando Ele segue outra tria Chamando a famia Cumea a diz Eu vendo meu burro Meu jegue e o cavalo Nis vamo a So Palo Viv ou morr. 7. Nis vamo a So Palo Qui a coisa t feia Por terras alia Nis vamo vag Se o nosso destino Num f to mesquinho Pro mesmo cantinho Nis torna a vort. 8. E vende seu burro O jumento e o cavalo Int mesmo o galo Venderam tambm Pois logo aparece Feliz fazendro Por pco dinheiro Lhe compra o que tem. 12. De pena e sardade Papai sei que morro Meu pobre cachorro Quem d de com J outro pergunta Mizinha e meu gato Cum fome sem trato Mimi vai morr 11. No dia seguinte J tudo infadado O carro imbalado Veloz a corr To triste, coitado Falando saudoso Um seu fio choroso Cumea a diz. 15. Chegou em So Palo Sem cobre, quebrado E o pobre acanhado Procura um patro S v cara estranha De estranha gente Tudo diferente Do caro torro. 16. Trabaia dois ano Tris ano mais ano E sempre nos prano De um dia vort Mais nunca ele pode S vive devendo E assim vai sofrendo sofr sem par. 10. O carro j corre No topo da serra Oiando pra terra Seu bero, seu l Aquele nortista Partido de pena De longe inda acena Adeus, meu lug. 14. E assim vo deixando Com choro e gemido Do bero querido O cu lindo e azu O pai pesaroso Nos fio pensando E o carro rolando Na estrada do Su. 18. Do mundo afastado Ali vive preso Sofrendo o desprezo Devendo ao patro O tempo rolando Vai dia e vem dia E aquela fama Num vorta mais no. 19. Distante da terra To seca mais boa Exposto garoa lama e ao pa Faz pena o nortista To forte e to bravo Viv cumo escravo No Norte e no Su. 9. Em um caminho Ele joga a fama Cheg o triste dia J vai viaj A seca terrive Qui tudo devora Lhe bota pra fora Da terra nat. 13. E a linda pequena Tremendo de medo Mame meu brinquedo Meu p de ful Meu p de roseira Coitado, ele seca E a minha boneca Tambm l fic. 17. Se arguma notcia Das bandas do Norte Tem ele por sorte O gosto de ouvi Lhe bate no peito Saudade de mio E a gua nos io Comea a ca.

1. Setembro passou Cum oitubro e novembro J tamo em dezembro Meu Deus, qui de ns Assim fala o pobre Do seco Nordeste Cum medo da peste Da fome feroz.

2. A treze do ms Ele fez experiena Perdeu sua crena Nas pedras de s Mas noutra esperana Com gosto se agarra Pensando na barra Do alegre Nat.

3. Rompeu-se o Nat Porm a barra num vio O sol bem vermio Nasceu muito alm Na copa da mata Buzina a cigarra Ningum v a barra Pois barra num tem.

4. Sem chuva na terra Descamba janeiro Depois fevereiro E o mesmo vero Entonce o nortista Pensando consigo Diz isso castigo Num chove mais no.

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A CONVIVNCIA COM O SEMI-RIDO

O que a gente est vendo? A gente est vendo a fotografia de uma rvore na caatinga. A caatinga est totalmente seca, mas a rvore j est brotando folhas e flores. Estamos tambm vendo as razes descobertas desta rvore, que normalmente ficam embaixo da terra. O que significa isso? A rvore o umbuzeiro. Ainda antes da chuva ele bota as folhas e comea a florar. Isso porque tem razes-batatas que depositam gua e alimento na poca da chuva para passar toda a poca da seca. As batatas de um umbuzeiro adulto pesavam at 2500 kg. Isso quer dizer que cada umbuzeiro um grande depsito de gua de chuva. As batatas servem de cisternas. O umbuzeiro est prevenido, no lhe falta gua na seca. Alm disso, ele alimenta o bode, o porco e o ser humano. Dele se aproveita tudo. Sem adubar, ele produz gratuitamente 200 quilos de frutas durante 200 anos. Hoje em dia no se tira mais as razes-batatas para fazer doce, porque isso enfraquece a rvore na resistncia contra a seca. O que a gente aprende disso? Para poder viver bem no semi-rido, necessrio se adaptar ao clima e seca. O umbuzeiro com suas batatas-cisternas pode ser o smbolo da convivncia com o semi-rido. Euclides da Cunha chamou-o de rvore sagrada do serto. Cada planta achou seu jeito de convivncia. O mandacaru, o xique-xique e a coroa-de-frade depositam a gua no tronco. O juazeiro e o aroeira procuram a gua do subsolo nas fendas da rocha cristalina. Ns homens e mulheres que vivemos no semi-rido precisamos aprender da natureza esta convivncia: providenciar gua para a seca, plantar culturas apropriadas ao clima, criar animais que esto acostumados com a seca como cabras e ovelhas. A caatinga a melhor expresso da vida do semi-rido e ns homens e mulheres podemos viver bem se a respeitamos e dela zelamos. Existem pessoas que nos ensinaram na histria esta convivncia como Antnio Conselheiro, Pe. Ibiapina, Padre Ccero, Lampio e Maria Bonita entre outros.

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A CONVIVNCIA COM O SEMI-RIDO

Foto: Joo Gnadlinger / Joo Paulo Pereira dos Santos

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AS SECAS SO PREVISVEISO que a gente est vendo?

Aqui a gente v duas linhas e um bocado de nmeros. Uma das linhas reta e a outra curva, tipo cobra. Na parte superior, h desenhos de sol e nuvens com chuva. O que significa isso?

Este cartaz uma continuao do cartaz que mostrava a quantidade de chuva em Juazeiro - BA. S que este cartaz agora vale para todo o Nordeste e mostra a chuva entre os anos 1850 e 2010. A linha reta a linha dos anos: ela indica o decorrer dos anos de 1850 at 2010. A linha tipo cobra a linha da chuva no Nordeste. Esta linha passando para cima, significa anos de chuva e ela passando para baixo, significa anos de seca. Os desenhos de sol e nuvens no cartaz indicam a alternncia entre anos secos e anos mais chuvosos.. Os anos de seca que atingem o Nordeste todo voltam num ritmo de 26 em 26 anos. Anos de seca houve assim de 1849 a 1855, de 1875 a 1881, de 1901 a 1907, de 1927 a 1933, de 1953 a 1959, de 1979 a 1985 e vai ter uma seca grande novamente de 2005 a 2011. Aqui dentro caem as grandes secas como de 1877 (quando o Imperador D. Pedro II prometeu oferecer as pedras preciosas da sua coroa para o povo do Nordeste), 1906 (quando foi fundada a instituio que precedeu o DNOCS), 1932 (quando migraram povoados inteiros do Semi-rido para regies mais chuvosas), 1958 (quando foi fundada a SUDENE) e 1982 (a primeira seca que foi prevista por cientistas, sem o governo depois tomar providncias) . Observao: No meio destas secas grandes de 26 anos, podem ocorrer secas menores e mais localizadas. O que a gente aprende disso?

A gente aprende disso que as secas no Nordeste voltam num ritmo de aproximadamente 26 anos. Assim possvel ver com antecedncia as secas grandes no futuro. A prxima seca grande ser entre 2005 e 2011. Devemos enfrentar esta seca j a partir de agora. Como? - Construindo cisternas para cada casa, aprender como plantar a roa com pouca chuva, criar os animais adaptados ao semi-rido e melhorando as aguadas; os sindicatos, os municpios, as comunidades, estudando a situao da gua e sobretudo o povo se organizando para poder exigir do governo o direito para ter gua. O governo deve usar o dinheiro para resolver o problema da gua no Nordeste (fazendo audes, tanques, poos), em vez de gastar com carro pipa e campanha poltica. No devemos deixar o governo construir audes e poos para os fazendeiros porque a gua no pode ser de domnio particular. A gua um bem-comum como o ar que respiramos.

Observao: Surge a pergunta, se hoje em dia tem mais secas do que antigamente. O clima do semi-rido existe h pelo menos 9 000 anos, com as secas peridicas. A natureza aprendeu a conviver com elas. Se ns sentimos mais a seca do que os nossos pais, porque as terras melhores do semirido hoje esto nas mos dos fazendeiros, e tambm porque j maltratamos bastante as terras do semi-rido (por queimadas, mono-cultura, plantio morro a baixo, plantio de culturas no apropriadas, sobre-pastoreio, no captamos a gua de chuva quando cai). Este tipo de seca no existe pela natureza, mas por nossa causa. 32

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AS SECAS SO PREVISVEIS!

Milmetros de chuva por ano

1000

750

500

250 1875 1881 1901 1907 1927 1933 1953 1959 1979 1985 2005 2011

1849 1855

0 1880 1890 1900 1910 1920

SECAS GRANDES 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Desenho: Gnadlinger

1850

1860

1870

33

34

MUDANAS DO TEMPO DURANTE "EL NIOO que a gente est vendo?

A gente v neste desenho vrias manchas de cores. Quando se olha mais de perto, a gente descobre que o desenho o mapa do mundo, onde se destacam os mares e os continentes (frica, Europa, sia, Austrlia e as Amricas). Na Amrica do Sul a gente descobre tambm o nome do Brasil. O que significa isso?

Com este mapa, a gente quer explicar uma coisa que influencia o clima do mundo inteiro, em determinados anos, tambm o clima no Nordeste. Os pescadores do Peru, um pas da Amrica do Sul, descobriram que s vezes h anos em que o mar na costa do Peru esquentava mais do que em outros e por isso que diminui a pesca do mar. Os pescadores deram a este fenmeno extraordinrio o nome de "El Nio", quer dizer "Menino Jesus", por costumar aparecer antes da festa de Natal. Agora veja no desenho onde fica o Peru e onde aparece "El Nio"! Um tempo atrs descobriu-se uma coisa importante: nos anos em que aparece "El Nio", o clima em vrias partes do mundo muda. As manchas coloridas do desenho mostram isso. As manchas vermelhas mostram os lugares do mundo que ficam mais quentes, como a Coria e o Japo, na sia, e partes da Alasca e do Canad, na Amrica do Norte. As manchas verdes mostram os lugares que ficam mais chuvosos, como a frica Central e o Sul da ndia, na sia, e partes dos Estados Unidos, o Peru e o Sul do Brasil, nas Amricas. As manchas marrons mostram os lugares que ficam mais secos, como Moambique e Madagascar, na frica, o Norte da ndia, a Indonsia e o Sul das Filipinas, na sia, a Nova Guin, a Austrlia e o Nordeste no Brasil. O que a gente aprende disso?

A gente aprende disso que os vrios climas do mundo esto ligados entre si e se influenciam um ao outro. Uma coisa que acontece longe do Brasil, em frente a costa do Peru, influencia o clima do Brasil, causa enchente no Sul e seca no Nordeste. Os anos de 1982/83, quando houve uma grande seca no Nordeste e enchentes no Sul do Brasil, eram anos de "El Nio". Tambm se descobriu que em todos os anos em que houve "El Nio" no ms de dezembro, choveu pouco no Nordeste nos meses de fevereiro e maro seguintes. Hoje em dia, possvel fazer a previso de uma seca no Nordeste: ela aparece quando surge

Observao: O Servio Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos elabora mensalmente a previso de El Nio. A sua entidade pode dar o nome e endereo para receber uma traduo desta previso em portugus pelo IRPAA.

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MUDANAS DO TEMPO DURANTE EL NIO

Amrica do Norte

Europa sia

Peru

fricaOceano ndico

Pac fic ano o

S ul r ic a d oNordeste

Brasil

A t l n t ic o

El NioAm

O

ce

Mar Terra

O ceano

Desenho: Gnadlinger, segundo NOAA

Austrlia

Chuva35

Calor

Seca

MUDANAS DO TEMPO DURANTE "LA NIAO que a gente est vendo? A gente v neste desenho o mapa do mundo, semelhante ao desenho anterior. O que significa isso?

Com este mapa, a gente quer explicar mais um fenmeno que influencia o clima do mundo inteiro, em determinados anos, tambm o clima semi-rido brasileiro. H anos em que o mar no litoral do Peru esfria mais do que em outros. A este acontecimento extraordinrio deu-se o nome de La Nia, quer dizer "Menina" em portugus. Agora veja no desenho onde fica o Peru e onde aparece La Nia! Nos anos em que aparece La Nia, o tempo em vrias partes do mundo muda, mas de maneira diferente dos anos em que h El Nio. As manchas coloridas do desenho mostram isso. As manchas verdes mostram os lugares do mundo que ficam mais chuvosos, como a parte sudeste da frica, a Indonsia, umas partes dos Estados Unidos, uma parte da Austrlia e a parte Norte e Nordeste do Brasil, onde fica tambm o semi-rido brasileiro. As manchas de azul lils mostram os lugares que ficam mais frios, como o Japo, a parte oeste dos Estados Unidos e o Canad, a parte oeste da frica e a parte sul do Brasil. A manchas marrons mostram lugares que ficam mais secos, no centro da frica, no Peru, em uma parte do Oceano Pacfico e no Sul dos Estados Unidos e no norte do Mxico. O que a gente aprende disso?

A gente aprende disso que os vrios climas do mundo esto ligados entre si e se influenciam um ao outro. Uma coisa que acontece longe do Brasil, em frente a costa do Peru, influencia o clima do Brasil, causa chuva no norte e nordeste e frio no sul do Brasil. Os anos de 1999/2000 com mais chuva do que normal eram anos de La Nia. Hoje em dia, como possvel fazer a previso de uma seca no nordeste do Brasil possvel prever tambm quando vai chover mais do que o normal. Mas ateno, mais chuva no quer dizer que a chuva mais regular.

Observao: Em anos de La Nia devem ter os seguintes cuidados: - Aproveitem as chuvas para plantar pasto como leucena, algaroba, palma e capim-bfalo! Plantem guandu, sorgo e feijo da ndia! - Guardem forragem, feno e silagem, pois pode vir um ano mais seco depois! - Elaborem um plano de gua na sua comunidade e no municpio! - No esqueam de construir cisternas e arrumar as aguadas para colher a gua que cai do cu! 36

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MUDANA DE TEMPO DURANTE LA NIA

Amrica do Norte

Europa sia

fricaOceano ndico

an o P a cfico

Sul r ic a d oBrasil

La Nia

ce

Austrlia

Am

Desenho: Gnadlinger, segundo NOAA

O

Mar Terra

t l n t ic o O ceano A

Chuva37

Frio

Seca

A PERDA DE GUA POR CAUSA DA EVAPORAOO que a gente est vendo?

A gente v trs desenhos diferentes: um barreiro ou tanque sem gua, um caxio cheio at mais da metade e duas cisternas cobertas que pegam gua de chuva do telhado. O que significa isso?

Os trs desenhos representam trs tipos de tanques. Em cada um cabe o mesmo tanto de gua que devia ser bastante para passar o perodo da seca. Vamos imaginar que uma famlia quer providenciar a gua para dez pessoas durante oito meses. Ento ela precisa de 10 vezes 3.360 litros que d 33.600 litros de gua. Armazenando a gua da chuva, ela consegue 35.000 litros de gua. Mas, se for colocada essa gua num barreiro raso, depois de quatro meses esta gua toda virou vapor e acabou a gua para a famlia. No caxio, que mais fundo e mais estreito, sobram, depois de quatro meses, ainda 22.500 litros, quer dizer que evaporou uma parte. Se ele cobrir o caxio com um telhado ou construir cisternas, a evaporao vai ser mnima. A sua famlia ter os 33.600 litros de gua para beber, para cozinhar e para banhar o rosto. O que a gente aprende disso?

A gente aprende disso que quanto maior a largura de uma aguada, maior a evaporao e quanto mais fundo uma aguada, menor a evaporao. Quando uma aguada est coberta, a evaporao mnima. importante fazer barreiros fundos, com boca estreita. Na poca da poltica, h muito trator cavando aguadas e tanques. Quanta gente j no deu seu voto em troca de uma aguada rasa que no segura a gua. Se o trator vem, a escavao deve ser feita bem profunda, de quatro metros, em forma de valeta e no de prato

Observao: A evaporao elevada uma propriedade do clima semi-rido quente. Segundo dados da EMBRAPA Semi-rido, a evaporao potencial de uma superfcie aberta de gua de mais de 3000 mm por ano. Isso so quase 10 mm por dia.

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A PERDA DE GUA POR CAUSA DA EVAPORAO

Perda total

Perda pequena

Sem perda

Em oito meses, dez pessoas precisam de 33.600 litros de gua. No barreiro, no caxio e nas duas cisternas cabem 35.000 litros de gua. Depois de quatro meses sobram: - No barreiro raso feito pelo trator: nada, secou totalmente - No caxio; 22.500 litros - Nas cisternas: 33.600 litros39

NECESSIDADES DE GUA PARA O CONSUMOO que a gente est vendo? A gente est vendo uma tabela com desenhos de bichos: vaca, jumento, cabra, galinha e uma famlia. Tambm se v um bocado de nmeros. E embaixo vem dois clculos. O que significa isso? Esta tabela mostra a quantidade de gua que os animais e as pessoas consomem por dia. Uma vaca bebe, por dia, 53 litros de gua, isso so 12.720 litros em oito meses de seca. Cabras e ovelhas bebem menos: seis litros por dia, isso so 1.440 litros em oito meses de seca. Uma vaca precisa beber quase nove vezes mais gua do que uma cabra. Uma pessoa precisa de 14 litros de gua por dia (incluindo gua para beber, cozinhar e lavar o rosto, menos a gua para lavar roupa e tomar banho). Assim uma pessoa gasta em oito meses 3.360 litros de gua. O que a gente aprende disso? Com esta tabela, a gente pode calcular a necessidade de gua para seres humanos e animais. muito importante fazer este clculo em nosso clima, que passa vrios meses por ano sem chover. Por exemplo, uma famlia de dez pessoas, quanta gua precisa em oito meses? O clculo apode ser feito assim: uma pessoa em oito meses precisa de 3.360 litros. Este valor vezes 10 d 33.600 litros. Dez pessoas gastam em oito meses, no mnimo, 33.600 litros de gua. Se esta quantidade de gua cai no telhado da casa desta famlia em forma de chuva, pode-se colher esta gua em duas cisternas com 16.800 litros cada um. Assim as dez pessoas tm a gua garantida para passar uma seca de oito meses.

Observao 1: Para descobrir o consumo de gua de cada famlia da comunidade, use o texto: De quanta gua precisa uma famlia durante a poca da seca, nas pginas seguintes. Observao 2: A tabela de consumo de gua (valor mnimo) foi elaborada pela EMBRAPA Semi-rido, Petrolina - PE. Observao 3: Se houver uma cisterna na escola da sua comunidade, precisa calcular pelo menos 2 litros de gua para beber por criana por turno. Assim 50 crianas em 180 dias letivos precisam de 18 000 litros de gua (ainda no contando a gua para preparar a merenda).

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NECESSIDADE MNIMA DE GUA PARA O CONSUMOLitros por dia Litros Litros por por ms 8 meses

GADO

53

1.590

12.720

CAVALO JUMENTO

41

1.230

9.840

CABRA OVELHA PORCO

6

180

1.440

GALINHA

0,2

6

48

CRIANA HOMEM MULHER

14

420

3.360

Exemplo 1: Qual a necessidade de gua para suprir durante oito meses uma casa com oito pessoas, mais um rebanho com vinte cabras, dez ovelhas, um burro e quinze galinhas? Oito pessoas precisam, em oito meses..................... 8 x 3.360 =............26.880 litros Vinte cabras precisam, em oito meses.....................20 x 1.440 =............28.800 litros Dez ovelhas precisam, em oito meses..................... 10 x 1.440 =...........14.400 litros Um burro precisa, em oito meses...............................1 x 9.840 =..............9.840 litros Quinze galinhas, precisam em oito meses................... 15 x 48 =.................720 litros___________________

80.640 litros ========== Exemplo 2: Quantos litros de gua uma familia de dez pessoas precisa, no mnimo, em oito meses? Dez pessoas precisam de 10 x 3.360 litros, o que d 33.600 litros de gua.

A famlia mais o rebanho precisam em oito meses

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DE QUANTA GUA PRECISA UMA FAMLIA DURANTE A POCA DA SECA?Antes de fazer uma cisterna, voc precisa fazer os clculos de quanta gua sua famlia precisa. 1. Qual a necessidade de gua que uma pessoa precisa por dia? - As pesquisas dizem que so aproximadamente 14 litros por pessoa (incluindo a gua de beber, de cozinhar, de lavar o rosto e as mos). 14 litros 2. Quanto tempo dura a seca na sua regio? - Na regio de Juazeiro - BA, ela de mais ou menos 8 meses (ou 8 vezes 30 = 240 dias). Assim deve multiplicar 240 vezes 14 que d 3.360 litros de gua por pessoa (Se na sua regio por exemplo a seca dura mais ou menos 6 meses: 6 vezes 30 = 180 dias; voc deve multiplicar 14 litros por 180 dias que d 2.520 litros por pessoa). Agora voc sabe quanta gua uma pessoa precisa durante a seca. 8 x 30 = 240 240 x 14 = 3.360 3. Para saber de quanta gua precisa sua famlia toda, voc deve multiplicar o resultado anterior com o nmero das pessoas que vivem na sua casa. Suponhamos que na sua casa vivem 5 pessoas. Ento o clculo : 3.360 vezes 5, que d 16.800 litros. Uma famlia de cinco pessoas em Juazeiro - BA precisa de aproximadamente 16.800 litros de gua por seca. 3.360 x 5 = 16.800 4. Depois de saber de quanta gua precisa para sua famlia na seca, deve descobrir se esta quantidade de chuva cai realmente no telhado de sua casa. Para isso, voc deve saber quanto chove normalmente na sua regio. Em Juazeiro - BA a chuva d uma mdia de 500 milmetros por ano (Em outras regies esta mdia pode ser diferente). Isso quer dizer que em Juazeiro - BA em cada metro quadrado chove 500 milmetros ou 500 litros por ano. 500 mm ou 500 litros por metro quadrado 5. Agora voc vai tomar as medidas de sua casa para saber a rea da casa. Vamos supor que a metragem da casa so 9 metros de comprimento por 5 metros de largura, o que d 9 vezes 5 igual 45 metros quadrados. 9 x 5 = 45 6. Para saber quanta gua de chuva cai na sua casa, voc deve multiplicar o tamanho da casa vezes os litros de chuva por metro quadrado. Isso, neste caso, 45 vezes 500 que d 22.500 litros. 45 x 500 = 22.500 7. Para saber se gua que cai na sua casa, d realmente para a sua famlia, voc deve tirar da quantidade de chuva na sua casa a quantidade de gua que sua famlia precisa. Em nosso caso deve tirar de 22.500 litros que caem na sua casa como chuva os 16.800 litros que sua famlia precisa para beber. Nesse caso, a gua de chuva enche um tanque de 16.800 litros e vo sobrar 5.700 litros, quer dizer o telhado de sua casa produz gua de sobra. 22.500 - 16.800 = 5.70042cmyk

AGORA FAA SEU CLCULO: QUANTA GUA PRECISA SUA FAMLIA?

1. J sabemos que so 14 litros de que uma pessoa precisa por dia. 2. Agora voc multiplica os meses de seca na sua regio vezes 30, depois multiplica com 14 ! O resultado indica a necessidade de gua para uma pessoa durante a seca toda. 3. Para saber a necessidade de gua no s de uma pessoa, mas da sua famlia toda, multiplique o resultado pelo nmero das pessoas de sua casa. O resultado agora a quantidade da gua de que sua famlia precisa durante a seca 4. Para saber se o telhado de sua casa produz esta quantidade necessria para sua famlia passar a estao seca, voc deve procurar primeiro a mdia da chuva que cai na sua regio por ano. 5. Agora tome as medidas ou a metragem de sua casa e multiplique o comprimento com a largura para receber a rea. 6. Para saber a quantidade da chuva que cai na sua casa multiplique o resultado de nmero 4 com o resultado de nmero 5. 7. Para terminar, tire do resultado de nmero 6 (a gua que a sua casa produz) o resultado de nmero 3 (a gua de que sua famlia precisa). O resultado a gua de sobra que sua famlia tem. Se o saldo for negativo, a sua casa no produz bastante gua.

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A COLHEITA DA GUA DA CHUVA EM CISTERNASO que a gente est vendo?

A gente est vendo uma casa, uma casa da roa. H uma cerca, vrias rvores, palma, umas cabras e um homem e uma mulher cuidando de animais. Ao lado da casa, h um tanque de gua que capta a gua da chuva. O que significa isso?

A famlia que mora nesta casa est prevenida contra a seca. Esta famlia construiu um tanque ou cisterna que capta a gua da chuva. Na poca do inverno, chove. Se a gua for colhida do telhado por calhas e bicas e guardada no tanque, no falta gua de beber para esta famlia na seca. As pessoas no precisam buscar a gua de longe, nem apelar para o carro-pipa em troca de votos. O que a gente aprende disso?

Cada famlia deve resolver o problema da sua gua de beber. Uma maneira segura construir uma cisterna. Ela um investimento que resolve o problema da gua de beber de maneira segura para o futuro. As cisternas so redondas, porque assim so mais resistentes contra rachaduras. As cisternas mais difundidas no semi-rido brasileiro so as seguintes: Cisterna de tijolos, cimento e cal: a se usa principalmente tijolos, massa de cal e cimento; este tipo de cisterna exige bastante trabalho, mas a maneira mais simples e mais barata de fazer uma cisterna. Cisterna de placas de cimento: esta cisterna composta de placas de cimento, arame de ferro e reboco de cimento; este tipo de cisterna j foi bastante divulgado. Cisterna de tela-cimento (a cisterna desenhada no desenho): para este tipo, usa-se uma forma para montar a tela de arame e o reboco de cimento; esta cisterna a maneira mais rpida para construir e hoje est sendo o tipo mais divulgado no mundo por causa de sua grande resistncia contra rachaduras.

Observaes: - A construo de cisternas exige certos conhecimentos e cuidados. O IRPAA dispe de apostilas com indicaes para a construo. - A cisterna deve ficar ligada com o telhado com calhas e a bica para captar a gua das chuvas. - A gua da primeira chuva deve ser desviada para evitar que lixo e sujeira entrem para a cisterna. - A tampa deve fechar bem, na bica deve ter um coador e no sangrador deve ter uma tela para evitar a entrada de bichos. - A luz do sol no deve entrar na cisterna para evitar o desenvolvimento de bactrias. - Uma manuteno e limpeza da cisterna deve ser feita a cada ano. - A gua da cisterna deve ser filtrada ou tratada antes do consumo. 44

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A COLHEITA DA GUA DA CHUVA EM CISTERNAS

Desenho: Ivomar de S Pereira

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A GUA NO SUBSOLO DE ROCHA CRISTALINAO que a gente est vendo?

A gente est vendo rvores pequenas em cima e depois manchas de vrias cores em baixo. Parece que a gente est vendo tambm uns poos e cacimbas, uns com gua, outros sem gua. No canto embaixo direita se v uma pessoa com duas varinhas na mo. O que significa isso?

Neste desenho, a cor amarelo-escuro mostra a rocha de granito embaixo da terra, que se encontra em partes dos Estados da Bahia, Pernambuco, Paraba, Rio Grande do Norte, Cear, Sergipe e Alagoas. Esta rocha no deixa a gua passar, por isso no tem gua embaixo onde tem rocha de granito, a no ser que esta rocha tenha fendas, enchidas de areia e pedra, onde a gua fica depositada. Muitas vezes, esta gua salobra. As fendas tem o nome popular de veios. Pessoas que possuem a sensibilidade detectam esta gua atravs vara indicadora. A gua pode-se aproveitar atravs de cacimbas onde mais rasa, mas estas cacimbas podem secar na seca. Nos lugares mais fundos, a gua aproveitada atravs de poos perfurados. importante perfurar exatamente em cima do veio, com cuidado para a perfurao no sair do prumo; s assim consegue-se gua na rocha cristalina. O que a gente aprende disso?

importante saber como o subsolo onde a gente mora, para saber se tem gua embaixo da terra ou no, e como esta gua pode ser aproveitada. Antes de perfurar um poo, deve-se estudar o subsolo, a qualidade da gua que pode-se esperar e tambm os custos, manuteno e o conserto do poo. Quem paga o combustvel e qual a pessoa que cuida do poo. Poos artesianos podem ser uma boa opo para se prevenir de anos de secas grandes.

Observao: Para localizar a fenda ou o veio certo com gua doce, evitando cavaes e perfuraes secas ou com gua salobra, existe um mtodo que se chama hidroestesia. Atravs da hidroestesia, pessoas sensveis, chamdas buscadores/as de gau, podem locar fendas com gua doce e em quantidade onde vale a pena fazer investimentos para a cavao de cacimbas ou a perfurao de poos. O IRPAA tem experincia em detectar, preparar e acompanhar buscadores/as de gua. Um/a buscador/a com sensibilidade e bem treinada faz um grande benefcio para as comunidades no semi-rido. No aconselhamos locar poos ou cacimbas sem ter sensibilidade para isso e sem ter recebido a devida orientao. 46

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A GUA NO SUBSOLO DE ROCHA CRISTALINAPoo artesiano em cima de veio forte Cacimba com gua temporria Poo sem gua

Cacimba seca

0m

10 m

20 m

30 m

40 m

Rocha Cristalina

50 m

Desenho: Gnadlinger

60 m

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A GUA NO SUBSOLO DE ARENITOO que a gente est vendo?

A gente est vendo novamente rvores em cima e manchas de vrias cores em baixo. uma rea de terra com trs poos de profundidade diferente, dois com gua e um sem gua. O que significa isso?

Este desenho mostra o subsolo de uma grande parte do Piau, do Maranho e da Bahia (por exemplo Ccero Dantas ou Barreiras). Este subsolo de arenito (que areia petrificada). No desenho ele tem a cor cinza e verde, pontilhada de azul. Exitem dois tipos de arenito: aquele que no deixa passar gua (cor cinza) e o que deixa passar e deposita a gua (cor verde, pontilhada de azul). Embaixo de tudo tem a rocha cristalina (cor amarela). A gua de chuva infiltra e passa at achar uma camada impermevel, como o arenito impermevel. Esta gua pode ser aproveitada atravs de cacimbas e bate-estacas. Embaixo pode ter mais uma outra camada que deixa a gua passar at encontrar a rocha cristalina. A se junta gua em grande quantidade, que pode ser aproveitada atravs de poos tubulares e artesianos, s vezes de grande profundidade. Esta gua normalmente de boa qualidade. Uma pessoa com sensibilidade pode marcar um poo. O que a gente aprende disso?

importante saber como o subsolo onde a gente mora, para saber se tem gua embaixo da terra ou no e como esta gua pode ser aproveitada. As pessoas que procuram gua podem indicar lugares para poos nas comunidades. Se sabemos o lugar onde tem gua, temos tambm mais fora de exigir do governo, que perfure poos para o povo e no para fazendeiros ou polticos.

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A GUA NO SUBSOLO DE ARENITOPOO TUBULAR SECO POO BATE-ESTACA COM GUA POO TUBULAR COM GUALEITO DE RIO SECO

0Arenito

500

1000

1500

Rocha cristalina

2000Rocha Cristalina Arenito Impermevel49

Arenito com gua Solo

Desenho: Gnadlinger

A GUA NO SUBSOLO DE CALCRIOO que a gente est vendo?

A gente est vendo novamente rvores em cima, rochas e gua em baixo. uma rea de terra com um poo de profundidade e com gua. O que significa isso?

Este desenho mostra o subsolo de uma parte do semi-rido sobretudo da Bahia (como Chapada Diamantina, Bom Jesus da Lapa, etc.). Este subsolo de calcrio. No desenho ele tem a cor rosa. Embaixo h grutas com dentes de cal em cima e canais onde passa gua. A gua de chuva passa pelos buracos maiores no solo, fica embaixo nos canais e lagoas. Embaixo do calcrio e das grutas a rocha cristalina. A gua no calcrio pode ser aproveitada atravs de poos tubulares. Esta gua, normalmente, dura e no de to boa qualidade. O calcrio no filtra to bem como o arenito, por isso esta gua mais sensvel poluio. O que a gente aprende disso?

importante saber como o subsolo onde a gente mora, para saber se tem gua embaixo da terra ou no e como esta gua pode ser aproveitada. Vimos que em cada tipo de subsolo, a gua se comporta de maneira diferente.

Esta gua pode-se detectar atravs da hidroestesia. As pessoas sensveis que procuram gua podem indicar lugares para poos nas comunidades.

Observao: Muitas vezes, os poos no calcrio esto interligados por canais subterrneos. Assim cada perfurao de um poo novo diminui a quantidade de gua nos outros poos. Para evitar super-explorao, deve ter um planejamento da rea toda sobre o nmero de poos a perfurar. 50

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A GUA NO SUBSOLO DE CALCRIO

POO COM GUA

Gruta

Rio Subterrneo

Lagoa

Desenho: Gnadlinger

Rocha Cristalina51

A GUA EMBAIXO DA TERRA NO SEMI-RIDOO que a gente est vendo? A gente v novamente um mapa do Nordeste do Brasil e parte do Sudeste, dividido nos nove estados (Maranho, Piau, Cear, Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia), mais a parte semi-rida de Minas Gerais. O mapa est dividido em manchas de quatro cores diferentes. O que significa isso? Este mapa mostra a gua no subsolo do Nordeste, quer dizer a gua debaixo do cho. A cor amarelo indica um subsolo cristalino que no deixa a gua passar. Nas fendas que esto cheias de pedras e areia, pode ter gua, mas que muitas vezes salobra. O povo chama as fendas tambm de veios d'gua. O subsolo de rocha serve para fazer tanques e audes. A cor verde oliva indica um subsolo de arenito (que areia endurecida). O arenito absorve a gua como uma esponja. Neste terreno pode-se perfurar poos artesianos e poos bate-estaca. No serve para fazer audes, tanques e caxios. A cor laranja indica um subsolo de areia onde pode-se cavar cacimbas. Areia existe tambm perto dos rios e riachos (que se chama aluvio) onde podem ser cavadas cacimbas de areia. A cor rosa indica subsolo de cal com grutas embaixo da terra onde circula gua que depois nasce em olhos d'gua. Este terreno no serve para fazer audes e tanques. O que a gente aprende disso? A gente precisa conhecer o tipo do subsolo da regio onde vive. Assim sabe-se melhor se possvel haver gua debaixo do cho, de que tipo esta gua , e como pode ser aproveitada. Esse assunto deve ser do conhecimento tambm das comunidades, sindicatos, municpios para poder lutar por uma poltica de gua adequada para cada regio.

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A GUA EMBAIXO DA TERRA NO SEMI-RIDO

Maranho

CearPiauPetrolina Juazeiro

Rio Grande do Norte Paraba

Pernambuco Alagoas SergipeI C O

BahiaA

Minas GeraisALUVIO E AREIA COM GUA EMBAIXO ARENITO COM GUA EM GRANDES PROFUNDIDADES CALCRIO COM GRUTAS SUBTERRNEOS POR ONDE CORRE GUA ROCHA DE GRANITO,COM GUA SOMENTE EM FENDAS 53cmyk

Desenho: Gnadlinger, conforme dados da SUDENE

O C E A

N

200 km

O

T

L

N

T

COMO CUIDAR DE UMA CACIMBAO que a gente est vendo? Neste desenho a gente v uma cacimba ou um poo raso. Um menino est tirando gua com um balde num carretel de bog. Uma menina d gua aos animais, botando num bebedouro. O poo est cercado para que os bichos fiquem fora. O que significa isso? A cacimba uma fonte de gua importante no Semi-rido brasileiro para ter gua de beber (se a gua no for salobra) e para os animais. A cacimba precisa ser bem construda e protegida para poder fornecer sempre gua limpa e saudvel. O que se aprende disso? Veja os cuidados que precisamos ter: - Manter a distncia mnima de 15 metros das fossas e construir acima destas, para que a gua no seja contaminada por fezes. - Precisa estar longe de chiqueiros, galinheiros ou estbulos e em lugar que no seja atingida por enxurradas e enchentes. - Precisa ter revestimento. O revestimento protege as paredes em toda a volta do buraco e isso evita a contaminao da gua por micrbios que vivem na terra. Para revestir uma cacimba podem ser usados madeira, tijolos ou manilhas (anis feitos de cimento). - importante que a cacimba seja coberta para evitar que caia sujeira, ratos e outros animais que podem contaminar a gua. importante tambm fazer um piso cimentado em torno da cacimba. - A melhor maneira de retirar a gua atravs de bomba manual. Assim, o poo ficar sempre coberto e no haver necessidade de corda e balde. - Caso no haja bomba, observe sempre se o balde usado para retirar a gua est limpo e no deixe que seja colocado na terra, antes de entrar na cacimba. Um balde sujo pode contaminar a gua. - A rea da cacimba deve ser cercada para evitar que animais cheguem perto da gua e sujem ou contaminem a gua com as fezes. Para que os animais possam beber gua, preciso fazer um bebedouro, fora da cerca. O texto tirado do livro: Maria Oberhofer, Cada gota importante

Observao: Existem vrias maneiras de tirar manualmente gua de um poo raso: bog, sonda para poo bate-estaca, bomba Volanta, bomba-flex, bomba papagua.

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COMO CUIDAR DE UMA CACIMBA

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Desenho: Ivomar de S Pereira

A GUA FILTRADA EVITA DOENASO que a gente est vendo? A gente est vendo um pote cheio de vrios tipos de material. O que significa isso? Este pote representa um filtro de gua caseiro que cada um de ns pode fazer. A vantagem disso que voc consegue gua limpa e saudvel para a sua famlia beber. O filtro de gua caseiro pode ser feito de vrias maneiras, uma esta: Voc toma um pote de barro grande comum e fura um buraco embaixo para a gua poder sair. Dentro, arruma cascalho, carvo pisado em p, areia fina e areia grossa nesta ordem: !Uma camada de dez centmetros de seixos ou cascalho (de tamanho de dois centmetros). !Uma camada de dois centmetros de areia grossa para segurar o carvo. !Uma camada de carvo vegetal pisado em p, igualmente de 10 centmetros. O carvo retira da gua os micrbios que causam doenas. !Um camada de dez centmetros de areia fina. A areia fina tira da gua os ovos dos vermes e o barro. !Por fim, uma camada de dez centmetros de areia grossa e umas pedrinhas em cima. Mantenha o filtro tampado e renove pelo menos de trs em trs meses as camadas. O que a gente aprende disso? No basta somente ter gua, necessrio tomar gua de boa qualidade. Todas as pessoas devem beber somente gua fervida ou filtrada. Quem usa gua de cisterna para beber, o filtro de vela suficiente. Quem usa gua de aguadas abertas, deve usar o filtro de carvo e de areia. A gua sem filtrar traz doenas como vermes, diarria, infeo intestinal, clera, tifo, febre e outras. Se voc ainda no tem filtro em casa, faa um para ter mais sade na sua famlia. O uso de filtro faz parte da Sade Preventiva e deve ser preocupao especial de todas as famlias, como tambm da Pastoral da Criana. Leia mais sobre o assunto no livro de: Drio Nunes dos Santos, Tratamento da guaJesus disse (Mt 10,42):Quem der um copo de gua limpa a um destes pequeninos, eu garanto a vocs: no perder sua recompensa. 56cmyk

A GUA FILTRADA EVITA DOENAS

GUA

AREIA GROSSA 10 cm

AREIA FINA 10 cm

CARVO VEGETAL PISADO A P 10 cm AREIA 2 cm

SEIXOS OU CASCALHO

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Desenho: IRPAA, seg. Almanaque do Pequeno Produtor

AS QUATRO LINHAS DE LUTA PELA GUAComo o povo deve se preparar para Conviver com a seca? Bem, a primeira coisa a providenciar gua. Existem quatro linhas de luta pela gua: Ns distinguimos a luta pela gua para cada famlia. Cada famlia deve providenciar gua boa para o seu consumo. Depois tem a luta pela gua da comunidade; em cada comunidade deve ter barreiro, cacimba, barragem ou poo para os animais terem onde beber, para o pessoal tomar banho e lavar roupa. Tem mais a luta pela gua na lavoura; devemos preparar e plantar a roa de tal maneira a assegurar a gua para as plantas. E h ainda a luta pela gua de emergncia, que so obras maiores como um aude ou um poo artesiano para segurar a gua numa seca grande. 1. Fale mais sobre a gua para cada famlia!

A gua boa para beber deve ser orgulho de cada famlia. Deve-se captar a gua da chuva que cai no telhado da casa. No existe casa em que no caiam vinte mil litros de gua de chuva num ano. Captando esta gua por calhas e levando-a por uma bica a um tanque ou cisterna, a gente consegue bastante gua para seis pessoas, ter gua para beber, cozinhar, lavar o rosto e dar banho em bebs durante um ano. Em outros lugares, pode-se cavar caxios que pegam a gua de chuva que corre pelo cho. J em outros lugares, h a possibilidade de perfurar poos bate-estaca que fornecem a gua para as necessidades da casa. Para melhorar a qualidade da gua, devemos filtr-la em filtros de areia e carvo, usando um pote grande. Assim melhora tambm a sade das famlias. Tudo isso s tem sentido se cada casa da comunidade providencia a sua prpria gua. Assim a gua no vai faltar para ningum na seca e as pessoas no Nordeste vo ficar livres do carro-pipa e da explorao dos coronis. 2. E como a gua da comunidade?

Certo, alm da gua para beber e cozinhar, precisa-se ainda da gua para tomar banho e para lavar a loua; tambm para os animais. Para isso, a comunidade deve providenciar a sua gua comunitria. Esta gua pode ser fornecida por tanques, barreiros, cacimbas ou poos, dependendo de cada local. Este tipo de gua s conquistado numa comunidade organizada e unida, visto que precisa de cuidados coletivos: cercar para proteger dos animais, limpar os tanques uma vez por ano ou cavar barreiro novo. Isso s possvel com a participao de todas as pessoas da comunidade. Pode at ser preciso defender a gua da comunidade da grilagem da gua. Existem tantos audes no Nordeste, feitos com o suor do povo nas frentes de trabalho, que agora s servem a fazendeiros 58cmyk

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AS QUATRO LINHAS DE LUTA PELA GUA

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Desenho: Ivomar de S Pereira

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3. E como a gua da lavoura? Bem, sobre isso voc vai ouvir muito na apostila da roa no sequeiro. Voc guarda a umidade da terra e a aumenta, quando evita queimadas, usando cobertura seca e composto. Muitas plantas da caatinga como o umbuzeiro ou o mandacaru captam a gua da chuva e a retm a nas razes-batatas ou no tronco. Um exemplo para ter gua para o plantio a barragem subterrnea que uma barragem enterrada que no deixa a gua escoar por baixo do cho. Uma barragem subterrnea em um suave declive produz tudo que a famlia precisa para comer. O barreiro de salvao armazena a gua numa pequena barragem para fazer uma irrigao rpida nos dias de estiagem entre uma chuva e outra. Barragens subterrneas e barreiros de salvao podem ser construdos em muitas partes do Semi-rido, onde h subsolo cristalino, mas no em cima de arenito ou calcrio. Uma outra opo arar a terra em sulcos nivelados que seguram a gua da chuva e fazem inflitrar no cho. Outros exemplos so o uso do esterco na roa e de plantas com razes fortes que conseguem puxar a gua de maior profundidade. 4. Falta ainda falar sobre a gua de emergncia!

Voc tem razo. Outras secas viro pela frente. Est prevista j uma seca grande entre os anos 2005 at 2011. Hoje em dia, possvel prever estas secas e por isso temos a obrigao de nos preparar e nos defender delas com antecedncia. Aqui, faz-se necessrio um levantamento e a elaborao de um plano de gua para o municpio, a partir da organizao das comunidades a nvel dos municpios que inclui tambm o sindicato, as escolas, os polticos e as igrejas, o que chamamos de sociedade civil. Assim todos e todas podem descobrir onde necessria a construo de um aude, de uma barragem ou a perfurao de um poo artesiano ou poo tubular que seguram a gua numa seca grande para o povo no passar sede. Depois devem ser envolvidas tambm entidades estaduais e federais e exigir do governo os meios financeiros. Quando vem por exemplo uma frente de trabalho, o povo da regio j sabe onde e como fazer uma barragem porque o problema da gua j foi discutido antes por ele. Se lutarmos pela gua no Nordeste nestas quatro linhas, a seca no vai mais nos assustar.

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LEVANTAMENTO DOS RECURSOS DE GUAMUNICPIO:__________________________________________________ COMUNIDADE:_______________________________________________ 1 - Pessoal: a - A comunidade formada de quantas famlias? ______ b - Quantas pessoas moram na comunidade? ______ 2 - Animais: Quantos animais tem na sua comunidade? Burros Jumentos Cavalos Vacas Cabras Ovelhas Porcos Aves

3. - Fruteiras: Que tipo de fruteiras existem na sua comunidade? Quantas de cada espcie? ____________________________________________________________________________ __________________________________________________________ 4. gua: a. - Que tipos de aguadas existem na sua comunidade para juntar gua? Quantas?

Poo comum Poo Amazonas Poo bate-estaca Poo artesiano Cacimba comum Cacimba de areia Barreiro raso Barreiro fundo

Caxio Caldeiro Tanque de tijolos e cal Tanque de placas e cimento Tanque de tijolos e cimento Tanque de telacimento Barragem Outra aguada

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b. - Na seca, onde que a comunidade -consegue gua para as fruteiras, para os animais e para as pessoas? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ c. - A que distncia procura gua? ____________________________________________________________________ d. - O que dever ser feito na sua comunidade para que no falte gua na seca? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ E. - A comunidade tem terreno comunitrio? ____________________________________________________________________ Caso no tenha, ela tem condies de conseguir um local que seja doado comunidade para nele construir a obra comunitria (p. ex. barragem, poo, horta, etc.)? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Observaes: ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________

____________________________ Local e data

Assinatura dos/das representantes da comunidade: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

Observao: Este levantamento deve ser feito em todas as comunidades de um municpio. O resultado ajuda a conhecer a situao da gua do muncipio e elaborar um plano de gua para o municpio.

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gua de ChuvaRoberto Malvezzi - Gog

Refro: Colher a gua Reter a gua Guardar a gua Quando a chuva cai do cu Guardar em casa Tambm no cho E ter a gua Se vier a preciso. 1. No p da casa voc faz sua cisterna E guarda a gua que o cu lhe enviou dom de Deus, gua limpa, coisa linda Todo idoso, o menino e a menina Podem beber que gua pura e cristalina. 2. Voc ainda vai lembrar dos passarinhos E dos bichinhos que precisam de beber So dons de Deus, nossos irmos, nossos vizinhos Fazendo isso honrar a S. Francisco A Ibiapina, Conselheiro e Pe. Ccero. 3. Voc ainda vai lembrar que a seca volta E vai lembrar do velho dito popular " bem melhor se prevenir que remediar!" Zele os barreiros, os audes e as aguadas No desperdice nem sequer uma gota d'gua! Perguntas: 1. O que lhe chamou ateno neste canto? 2. O que este canto fala sobre a chuva, a cisterna e a gua? 3. Como contriburam Pe. Ibiapina, Antnio Conselheiro e Pe. Ccero para uma Convivncia com o Semi-rido? 4. Como resolvem as plantas e os animais da Caatinga o problema da gua?

Observao : Ao lado estamos vendo duas marcas de entidades que se preocupam com a captao de gua de chuva: A IRCSA - Associao Internacional de Sistemas de Captao de gua de Chuva - promove a captao de gua de chuva no mundo inteiro. www.irsca.org ; www.irsca.org.br A ABCMAC - Associao Brasileira de Captao e Manejo de gua de chuva - reune pesquisadores, universitrios, tcnicos nacionais e internacionais, dirigentes, lideranas comunitrias, polticos, homens e mulheres comprometidos com o semi-rido brasileiro e a captao de gua de chuva no Brasil. www.abcmac.com.br

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O ABASTECIMENTO DE GUA DE UM MUNICPIOO que a gente est vendo? Aqui a gente est vendo o mapa de um municpio. Vemos a sede do municpio, os nomes de todas as comunidades, as estradas e as divisas com os municpios vizinhos. As partes coloridas representam audes, poos e cisternas que se encontram no municpio. O que significa isso? O desenho mostra o mapa do Municpio Coronel Jos Dias, no Piau, e o abastecimento dos recursos hdricos do municpio, em 2001. Foi possvel elaborar este mapa porque foi feito um levantamento de gua nas comunidades do municpio: a identificao, a localizao e potencial de barragens, poos e cisternas e a populao humana e os animais a serem atendidos. Depois disso, foi elaborado um plano de abastecimento de gua de todo o municpio (rea rural e cidade) com a participao das lideranas comunitrias e do poder pblico. Muitas aes concretas j foram realizadas para a melhorar o abastecimento de gua: 400 cisternas foram construdas pelo poder pblico e 60 pela Critas, alm de outras obras, barragens foram limpadas e poos instalados. O plano inclui entre outras coisas o seguinte: !Realizar um diagnstico antes das aes, envolvendo toda a populao !Dar prioridade construo de cisternas familiares - Critas e Prefeitura !Perfurar e instalar dois poos tubulares - Prefeitura !Capacitar professores(as) para fazer tratamento de gua nas escolas Comunidade e Secretaria de Educao !Cercar, limpar e cuidar das aguadas - Comunidade !Cuidar do lixo - Comunidade, Escolas e Prefeitura !Limpar e ampliar seis audes e barragens - Prefeitura e Comunidade !A Prefeitura se compromete ainda mais: para captar recursos para construir duas adutoras, perfurar poos, fazer estao de tratamento, construir chafariz em comunidade rural, construir 150 cisternas, estudar a viabilidade de barragens. O que a gent