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Alfabetização ao longo da história 1 Alfabetização ao longo da história Professora Cristhiane de Souza

A função social de leitura e escrita.pdf

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    Alfabetizao ao longo da histria

    Professora Cristhiane de Souza

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    1. ALFABETIZAO AO LONGO DA HISTRIA 31.1 A construo da escrita 3

    2. OS MTODOS DE ALFABETIZAO 32.1 Mtodo Sinttico 4

    2.1.1 Mtodo da soletrao 5

    2.1.2 Mtodo da Silabao 5

    2.1.3 Mtodo Fnico 6

    2.2 Mtodo Analtico 6

    2.2.1 Mtodo dos Contos 6

    2.2.2 Mtodo ideovisual de Decroly 7

    2.2.3 Mtodo Natural - Freinet 7

    2.2.4 Mtodo Paulo Freire 7

    2.3 Mtodo Ecltico 9

    2.3.1 Mtodo da Abelhinha 9

    2.3.2 Mtodo da Casinha Feliz 9

    3. O SURGIMENTO DAS CARTILHAS 10

    5. ALFABETIZAO E LETRAMENTO 13

    6. A RESSIGNIFICAO DO CONCEITO DE ALFABETIZAO NOS CENSOS 14

    7. LETRAMENTO 18

    8. ALFABETIZAR EM CONTEXTOS DE LETRAMENTO 198.1 Organizao do trabalho de alfabetizao e letramento 21

    8.2 Organizao das atividades 22

    REFERNCIAS 27

    SUMRIO

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    1. ALFABETIZAO AO LONGO DA HISTRIA

    Como alfabetizar? Qual o mtodo de ensino mais adequado para alfabetizar os alunos?

    uma escolha difcil e que exige do professor um conhecimento de como o aluno aprende e de como se d a relao entre o ensino e a aprendizagem no processo de alfabetizao.

    A partir de agora propomos a voc conhecer como os mtodos de ensino vm se transformando ao longo da Histria.

    http://www.sempretops.com/diversao/tirinhas-da-mafalda/

    1.1 A construo da escrita

    A alfabetizao to antiga quanto os sistemas de escrita. A partir da inveno da escrita surgem regras de alfabetizao que permitem ao leitor decifrar o que est escrito, entender o funcionamento e fazer uso do sistema de representao da escrita.

    Na Antiguidade, os alunos alfabetizavam-se aprendendo a ler algo j escrito e depois copiando. Comeavam com palavras, depois estudavam os textos famosos para s depois escreverem seus prprios textos. O segredo da alfabetizao era o trabalho de leitura e cpia. Nessa poca iam para a escola apenas aqueles que queriam se tornar escribas. Os demais aprendiam a ler fora da escola com objetivos ligados aos negcios e ao comrcio.

    desta poca o surgimento do alfabeto, tal como o conhecemos hoje.

    Na Idade Mdia, a aprendizagem da leitura e da escrita ocorria por transmisso assistemtica no mbito privado do lar. As crianas eram educadas por seus pais, por algum da famlia ou por preceptores.

    Assista ao vdeos sobre a Histria da Escrita e seu desenvolvimento do mundo, para compreender a importncia que tm em nossa sociedade saber ler e escrever.

    Disponvel em: http://youtu.be/r7yeiRtc1fA (Parte 1)

    Disponvel em: http://youtu.be/Axx6lvjZdCQ (Parte 2)

    2. OS MTODOS DE ALFABETIZAO

    No Brasil, desde o incio do sculo XIX, h uma grande preocupao de tericos e educadores em buscar explicaes para um problema antigo e, ao mesmo tempo, atual a dificuldade das crianas em aprender a ler e escrever, especialmente na escola pblica. Buscando enfrentar esse problema, diferentes mtodos de alfabetizao foram propostos no decorrer desse perodo histrico at os dias atuais.

    Especialmente com a Proclamao da Repblica, a educao ganhou destaque e a

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    escola, por sua vez, consolidou-se como local institucionalizado para o preparo das novas geraes. No cerne dos ideais republicanos, saber ler e escrever era instrumento de aquisio de saberes e ascenso social.

    A leitura e a escrita que at ento eram prticas culturais restritas a poucos tornam-se objeto de aprendizagem, submetidas a um ensino organizado, sistemtico e intencional, exigindo a formao de professores para esse novo contexto.

    importante destacar que uma nova proposta pedaggica para desenvolver a aprendizagem da leitura e produo escrita no nasce do nada, de um dia para outro. Ela sempre resultado de uma tentativa de ruptura com o j estabelecido e, ao mesmo tempo, procura de uma continuidade, de uma ligao com o passado. Portanto, para entendermos as prticas pedaggicas atuais de alfabetizao necessrio adotarmos uma perspectiva histrica e examinar a histria das metodologias.

    Esse percurso permite constatar os avanos realizados e, ao mesmo tempo, explicar as resistncias a novos avanos possveis. Podemos perceber, no interior dos avanos, aquilo que permaneceu inerte e que, at hoje, coloca obstculos a uma mudana efetiva do modelo de aprendizagem de leitura e escrita.

    Podemos dividir a histria do ensino da leitura e escrita em trs perodos principais:

    - O primeiro, que vai da Antiguidade at meados do sculo XVIII, marcado pelo uso exclusivo do chamado mtodo sinttico.

    - O segundo, a partir do sculo XVIII, em que tem incio um processo de oposio terica ao mtodo sinttico pelos precursores do chamado mtodo analtico.

    - O terceiro, ultrapassando a batalha entre os defensores do mtodo sinttico e analtico, questiona

    os fundamentos dos dois mtodos, a correspondncia entre os signos da lngua escrita e os sons da lngua oral.

    2.1 Mtodo Sinttico

    O Mtodo Sinttico parte das unidades menores da lngua: da relao letra/som ou da slaba. So eles: mtodo da soletrao, mtodo da silabao e mtodo fnico.

    Considera a lngua escrita como objeto de conhecimento externo ao aprendiz, a partir da realiza uma anlise puramente racional de seus elementos. A instruo procede do simples para o complexo, racionalmente estabelecidos: num processo cumulativo, a criana aprende as letras, depois as slabas, as palavras, frases e, finalmente, o texto completo.

    Estabelece-se, como regra geral, que a instruo no deve avanar no processo sem que todas as dificuldades da fase precedente estejam dominadas, ou seja: o aprendiz deveria dominar o alfabeto, nomeando cada uma das letras, independentemente do seu valor fontico e da sua grafia. Esse era um mtodo que progredia lentamente.

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    2.1.1 Mtodo da soletrao

    - Apresenta os alfabetos de letras maisculas e minsculas de imprensa e letra cursiva;

    - No apresentam frases, s palavras;

    - O objetivo ensinar a combinatria de letras e sons;

    - Leitura propriamente dita fica para outra etapa;

    - Associao de estmulos visuais e auditivos, valendo-se da memorizao como recurso didtico o nome da letra associado forma visual, as slabas so aprendidas de cor e com elas se formam palavras isoladas.

    2.1.2 Mtodo da Silabao

    - Surge com a pretenso de ensinar ler bem num menor espao de tempo;

    - Neste mtodo j se introduzem as frases;

    - A princpio so apresentadas as vogais, na sequncia, os ditongos, em seguida as consoantes;

    - As slabas so apresentadas na ordem (ma, me, mi, mo, mu) e depois embaralhadas para identificao posterior;

    - Seguem-se palavras formadas por trs letras (amo, mia, mau) e, finalmente, onze vocbulos contendo as slabas estudadas;

    - Ordem do contedo:

    - cinco letras que representam as vogais;

    - os ditongos;

    - as slabas formadas com as letras v, p, b, f, d, t, j, m, l;

    - dificuldades ortogrficas aparecem do meio para o fim da cartilha: dgrafos, slabas travadas (terminadas por consoantes), as letras g, c, z, s, x;

    - leitura

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    2.1.3 Mtodo Fnico

    - Ressaltam a dimenso sonora da lngua, as palavras so formadas por sons, denominados de fonemas;

    - Ensina-se o aluno a produzir oralmente os sons representados pelas letras e uni-los para formar palavras;

    - Primeiro, combinam-se entre si as vogais. Ex: ai, eu, ou, aia, ei. Depois as combinaes com uma consoante. Ex: fi, fu, fui.

    - Parte-se de palavras curtas, formadas por apenas dois sons representados por duas letras, para depois estudar palavras de trs letras ou mais.

    - Prope associaes visuais e auditivas com a forma e os sons das letras e tem o mrito de recomendar a utilizao de histrias.

    - Parte-se, de unidades menores da lngua e a nfase recai na decodificao e na codificao.

    2.2 Mtodo Analtico

    O ensino da leitura inicia-se pelo todo, para depois se proceder anlise de suas partes constitutivas. Os modos de processar esse mtodo, no entanto, se diferiram dependendo do que seus defensores consideravam o todo: a palavra, a sentena ou a historieta. A alfabetizao deveria comear por unidades amplas como histrias ou frases para chegar em nvel de letra e som, mas sem perder de vista o texto original e seu significado.

    A nfase da discusso sobre mtodos continuou incidindo no ensino inicial da leitura, j que o ensino inicial da escrita era entendido como uma questo de caligrafia (vertical ou horizontal) e de tipo de letra a ser usada (manuscrita ou de imprensa, maiscula ou

    minscula), o que demandava especialmente treino, mediante exerccios de cpia e ditado.

    Imagem:http://3.bp.blogspot.com/_SEkFybrJ_FE/S8z2pUFnhzI/AAAAAAAABgw/Jjb9gLcGaYA/s1600/ANALITICA.jpg

    2.2.1 Mtodo dos Contos

    - O pressuposto explorar o prazer de ouvir histrias para introduzir ao conhecimento da base alfabtica.

    - As cartilhas so recusadas por seu artificialismo e falta de relao com as experincias da criana.

    - Ensino da leitura por meio de pequenas histrias, adaptadas ou criadas pelo professor, seguindo a ordem abaixo:

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    - fase do conto apresentam-se os personagens e a histria completa;

    - fase da sentenciao o texto desmembrado em frases ou oraes, leitura compassada pelo professor e os alunos acompanham mentalmente;

    - fase das pores de sentido diviso e reconhecimento das frases pela aparncia; pelo todo, a criana aprende a reconhecer globalmente;

    - fase da palavrao reconhecimento das palavras;

    - fase da silabao ou dos elementos fnicos diviso de palavras em slabas e composio de novas palavras e utilizao de vrios exerccios de fixao;

    2.2.2 Mtodo ideovisual de Decroly

    - Desenvolvido a partir do centro de interesse e no por matrias isoladas;

    - As primeiras experincias pedaggicas aconteceram com crianas com deficincia visual, auditiva e outras. Depois foi adaptado para escolas regulares;

    - A criana passa por trs fases de pensamento: observao, associao e expresso;

    - Os alunos reconhecem a forma, o desenho total, a imagem grfica da frase. Em seguida, aprendem a distinguir as palavras, por meio da observao de semelhanas e diferenas entre elas, em seguida, as slabas, depois as letras.

    - Utiliza jogos para alfabetizar.

    - As frases utilizadas como ponto de partida so retiradas de histrias, canes, parlendas e poesias, ou mesmo produzidas e ilustradas pelas crianas.

    - Consiste em estimular a reflexo, a criatividade, o trabalho, a cooperao e a solidariedade.

    - Acredita que a criana se familiariza com a escrita por imerso da escrita,

    2.2.3 Mtodo Natural - Freinet

    - A criana l e escreve textos relacionados com suas experincias;

    - Acredita-se que a criana se familiarize com a escrita por imerso na escrita, medida que interage com textos, ouve histrias, desenha, faz tentativas de escrita.

    - Ela aprende a ler lendo e a escrever escrevendo.

    - O material de trabalho so os textos lidos para os colegas, composio impressa pelas prprias crianas, textos relacionados experincia.

    - O ensino desenvolve-se em situaes de uso da leitura e da escrita.

    - Valoriza a inteligncia, os gestos e a sensibilidade. O desenvolvimento ocorre por meio da livre expresso, do trabalho manual, da experimentao.

    - Estimula a reflexo, a criatividade, o trabalho, a cooperao e a solidariedade.

    2.2.4 Mtodo Paulo Freire

    Etapas:

    1. Etapa de Investigao: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.

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    2. Etapa de Tematizao: momento da tomada de conscincia do mundo, atravs da anlise dos significados sociais dos temas e palavras.

    3. Etapa de Problematizao: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a viso mgica e acrtica do mundo, para uma postura

    conscientizada.

    O mtodo

    - As palavras geradoras: o processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo levantamento do universo vocabular dos alunos. Por meio de conversas informais, o educador observa os vocbulos mais usados pelos alunos e a comunidade, e assim seleciona as palavras que serviro de base para as lies. A quantidade de palavras geradoras pode variar entre 18 e 23 palavras, aproximadamente. Depois de composto o universo das palavras geradoras, elas so apresentadas em cartazes com imagens. Ento, nos crculos de cultura inicia-se uma discusso para signific-las na realidade daquela turma.

    - A silabao: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada atravs da diviso silbica, semelhantemente ao mtodo tradicional. Cada slaba se desdobra em sua respectiva famlia silbica, com a mudana da vogal. (i.e., BA-BE-BI-BO-BU).

    - As palavras novas: o passo seguinte a formao de palavras novas. Usando as famlias silbicas agora conhecidas, o grupo forma palavras novas.

    - A conscientizao: um ponto fundamental do mtodo a discusso sobre os diversos temas surgidos a partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire, alfabetizar no pode se restringir aos processos de codificao e decodificao. Dessa forma, o objetivo da alfabetizao de adultos promover a conscientizao acerca dos problemas cotidianos,

    a compreenso do mundo e o conhecimento da realidade social.

    As fases de aplicao do mtodo

    Freire prope a aplicao de seu mtodo nas cinco fases seguintes:

    - 1 fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as interaes de aproximao e conhecimento mtuo, bem como a anotao das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar tpico.

    - 2 fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critrios de riqueza fontica, dificuldades fonticas numa sequncia gradativa das mais simples para as mais complexas, do comprometimento pragmtico da palavra na realidade social, cultural, poltica do grupo e/ou sua comunidade.

    - 3 fase: Criao de situaes existenciais caractersticas do grupo. Trata-se de situaes inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a anlise crtica consciente de problemas locais, regionais e nacionais.

    - 4 fase: Criao das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os debates, as quais devero servir como subsdios, sem no entanto seguir uma prescrio rgida.

    - 5 fase: Criao de fichas de palavras para a decomposio das famlias fonticas correspondentes s palavras geradoras.

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    Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Method_Paulo_Freire.jpg

    2.3 Mtodo Ecltico

    aquele que utiliza a anlise e logo depois a sntese, mtodo analtico-sinttico ou misto, ganha rapidamente adeptos e se estende at nossos dias. Rene contribuies de vrios mtodos, conhecido tambm como mtodo global, pois os elementos fonticos so apresentados de maneira significativa, por meio de uma histria, mas continuam a apresentar limitaes como:

    - Histrias desvinculadas do conhecimento real da criana, os textos no possuem estrutura lingustica, apresentam dilogo artificial;

    - As atividades so baseadas em leitura e interpretao de textos, explorao de palavras e decomposio das famlias silbicas;

    - A criana no tem oportunidade de produzir o seu prprio texto, partindo de suas experincias e vivncias sociais.

    A importncia do mtodo de alfabetizao passou a ser relativizada, secundarizada e considerada tradicional. Observa-se, no entanto, embora com outras bases tericas, a permanncia da funo instrumental do ensino e aprendizagem da leitura, enfatizando-se a simultaneidade do ensino de ambas, as quais eram entendidas como habilidades visuais, auditivas e motoras.

    2.3.1 Mtodo da Abelhinha

    - Apresenta uma srie de histrias cujos personagens esto associados a letras e sons, sempre ligados ao interesse e necessidades dos alunos.

    - A histria no deve ser contada, mas lida com graa e expressividade. O alfabeto mural deve permanecer vista para que a criana se habitue a consult-lo sempre que tiver dvidas.

    - Durante a fase conhecida como Incio da Alfabetizao (apenas une sons), corresponde etapa de sntese e na fase seguinte, Completando a Alfabetizao (separa os sons das palavras), passa anlise.

    - H a associao de trs elementos: personagem forma da letra som da letra (fonema)

    Para conhecer toda a histria da abelhinha acesse:

    h t tp : / /espacoeducar - l i za .b logspot . com.br/2009/03/historia-da-abelhinha-original-em-7.html

    2.3.2 Mtodo da Casinha Feliz

    - A base do mtodo est na associao da letra (mtodo de fonao), como personagem de uma histria: papai (p), mame (m), nenm (n) e ratinho (r);

    - A aprendizagem acontece por meio do jogo, propondo que a sala de aula seja um espao para

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    a criatividade e a livre expresso das crianas, dispensando o esforo da memorizao;

    3. O SURGIMENTO DAS CARTILHAS

    Imagem: http://1.bp.blogspot.com/QnTslH8TL8/ToMbjDb4xzI/AAAAAAAAAdk/PAVseBjOPAE/s1600/living.jpg

    Cartilhas so livros didticos infantis destinados ao perodo da alfabetizao. Da seu carter transitrio, limitando-se seu uso etapa em que, na concepo tradicional da alfabetizao, a criana necessita dominar o mecanismo considerado de base na aprendizagem da leitura e escrita. Apresentam um universo de leitura bastante restrito, em funo de seu objetivo: trata-se de um pr-livro, destinado a um pr-leitor.

    A cartilha limita-se ento ao ensino de uma tcnica de leitura, entendendo-se essa tcnica como a decifrao de um elemento grfico em um elemento sonoro. a iniciao da criana no mundo da escrita e, nessa iniciao, ela deve aprender a identificar os sinais grficos (letras, slabas, palavras) e associ-los aos sons correspondentes. Coerente com os postulados das metodologias tradicionais, a cartilha parte da crena de que, ensinando-a a decodificar e codificar, a criana aprende a ler e a escrever.

    Apesar das diferenas e das divergncias entre os autores de cartilhas, existe um ponto que unifica todas elas, transformando-as em uma s: a dependncia do

    sistema de escrita em relao ao sistema oral. Todas as cartilhas partem do pressuposto de que, para aprender a ler, o aprendiz deve transformar o signo em signo oral, para depois chegar compreenso. O oral utilizado como mediador da compreenso. Negando o papel dos olhos num sistema grfico, o acesso compreenso do texto escrito passa pelos ouvidos.

    As cartilhas portuguesas marcam o incio da literatura didtica em nosso idioma. A Cartinha de Aprender a Ler, escrita por Joo de Barros uma das mais antigas cartilhas. Ela traz o alfabeto, depois tabelas, com todas as combinaes de letras, usadas para escrever todas as slabas das palavras da lngua portuguesa. Em seguida, havia uma lista de palavras, cada uma comeando com uma letra diferente do alfabeto e ilustrada com desenhos. Por ltimo, vinham os mandamentos de Deus e da Igreja e algumas oraes. No era um livro para ser usado na escola, uma vez que a escola daquela poca no alfabetizava. O livro servia igualmente para alunos e crianas. A Cartilha do ABC, tambm escrita por Joo de Barros podia ser comprada at em alguns supermercados ou certas lojas de estaes de trem.

    Imagem:http://www.livrariaresposta.com.br/v2/produto.php?id=5409

    Uma outra cartilha muito conhecida, produzida por Antnio Feliciano de Castilho (1850), em Lisboa, tambm foi utilizada no Brasil, chamada de o Mtodo Castilho para o Ensino Rpido e Aprazvel do Ler

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    Impresso, Manuscrito e Numerao do Escrever. Essa obra inclua abecedrio, silabrio e textos de leitura, sendo arcada por preocupaes fonticas. Apresentava textos narrativos para ensinar o uso das letras, fazendo uma lio para cada uma delas e para os dgrafos.

    Imagem:h t tp : / /3 .bp .b l ogspo t . com/_ IdRKoAd2Byo/S 1 7 Y H P l G h S I / A A A A A A A A A F c / u V Fa q 1 8 B _ F s / s 4 0 0 /Metodo+Castilho+2%C2%AA+ed.jpg

    Em 1876, surgiu o segundo texto portugus de importncia para o ensino da leitura no sculo passado: a Cartilha Maternal, do poeta Joo de Deus Ramos. Utilizava um modo de escrever letras com destaque dentro das palavras, desenhando-as com hachuras; dessa forma, o aprendiz se concentrava no que de novo era apresentado. Joo de Deus Ramos opunha-se aos mtodos de soletrao e silabao como pontos de partida para a aprendizagem da leitura. Esta obra marca a transio do abecedrio do b-a-b para os mtodos analticos, que sero difundidos no Brasil durante a Repblica.

    Imagem 1: http://www.bertrand.pt/ficha/cartilha-maternal?id=1956741Imagem 2: http://www.gomes-mota.nome.pt/joao/cartilha/cursivo/indice_cartilha.html

    Com o passar do tempo, apareceram mais obras, e comearam a se produzir os manuais do professor acompanhando as cartilhas que tanto poderiam servir para o ensino dos mtodos sintticos como dos analticos, um exemplo a Cartilha do Povo, escrita por Loureno Filho.

    guisa de apresentao, o autor expe, antes da 1 lio, alguns subsdios para uma melhor utilizao da cartilha como instrumento auxiliar do trabalho.

    As lies tanto podem servir ao ensino pela silabao como pela palavrao. Neste caso, o aprendizado deve ser iniciado na 4 lio. Recomenda-se a quem se encarregue do ensino, professor ou leigo, que desde logo leve os alunos a escrever, no quadro negro ou no caderno, mediante cpia de modelos que para isso prepare, e depois sob ditado. A escrita deve ser feita em letra manuscrita, sem que as slabas se apresentem separadas, como aparecem nas primeiras lies do livro. Desde o incio, se o ensino estiver sendo feito pela silabao, ou, quando julgado conveniente, se estiver sendo feito pela palavrao aconselha-se que os alunos organizem uma coleo de pequenos cartes ou pedacinhos de papel, em que eles prprios escrevam as slabas aprendidas. Com esse material, to fcil de obter-se, tero as crianas elementos de um jogo que lhes despertar grande interesse, e que servir tanto aos exerccios de verificao das palavras e slabas aprendidas como aos de inveno para a descoberta de novas palavras ou combinaes destas em sentenas. O aluno mais rapidamente compreender assim o mecanismo da leitura

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    e logo chegar s historietas apresentadas nas ltimas pginas, umas originais, outras adaptadas. (MORTATI, 2000 apud LOURENO FILHO, 1953, p. 2)

    Outras cartilhas que tambm merecem destaque pela influncia que exerceram na alfabetizao so a Caminho Suave, de Branca Alves de Lima, a Cartilha Sodr, que constam tambm na lista das dez mais utilizadas em grupos escolares.

    As lies tm a mesma estrutura: partem de uma palavra-chave, ilustrada com um desenho, e destacam a slaba geradora, que quase sempre a primeira slaba da palavra. Em seguida, apresenta-se a famlia silbica daquela slaba destacada; vm abaixo algumas palavras novas, escritas com elementos j dominados, mais elementos novos introduzidos na lio. Depois, aparecem os exerccios estruturais em que palavras so desmontadas e remontadas com elementos feitos de slabas geradoras ou de pedaos de palavras. Ou, ento, aparecem os exerccios de faa conforme o modelo. H, ainda, um pequeno texto para leitura, cpia e ditado, e que pode servir tambm para exerccio de interpretao de texto.

    Imagem 1: http://www.vassourando.com/2007/06/cartilha-caminho-suave.htmlImagem 2: http://www.ufrgs.br/faced/extensao/memoria/cartilhas_imagens/Cartilha_Sodre.jpgImagem 3:http://4.bp.blogspot.com/_0IOS5PczAMA/TA5HAbc22GI/AAAAAAAACJQ/HSsQSj1w-rs/s1600/A+PA+TA.jpg

    possvel concluir que as cartilhas, tanto as que apresentamos aqui, como as demais, apresentam textos completamente artificiais, elaborados apenas com o intuito de gerar unidades das lies com os

    elementos j dominados. Esses textos no lidam adequadamente com os elementos coesivos e, s vezes, nem com a coerncia discursiva, o que faz deles pssimos modelos para os alunos. O nico objetivo das cartilhas colocar em evidncia a estrutura da lngua escrita, tal como concebida pelos mtodos de alfabetizao. Por isso, as cartilhas tendem a apresentar uma escrita sem significado.

    Imagem: http://3.bp.blogspot.com/_mbLYbECcgPg/SK75VGsijSI/AAAAAAAADPw/TpVoIrAduD8/s320/Cartilha+para+alfabetiza%C3%A7%C3%A3o+de+Ademir+Pfiffer+05.jpg

    Sabe-se que a experincia escolar da alfabetizao com cartilhas foi desastrosa. Os dados estatsticos mostram que a escola no conseguia alfabetizar mais de 50% de seus alunos. A repetncia e a evaso escolar foram sempre um monstruoso fantasma para crianas, pais e professores.

    Vai-se, assim, constituindo um ecletismo processual e conceitual em alfabetizao, de acordo com o qual o aprendizado da leitura e escrita envolve obrigatoriamente uma questo de medida, e o mtodo de ensino se subordina ao nvel de maturidade das crianas em classes homogneas.

    A partir da dcada de 50, a escola tornou-se um bom laboratrio para pesquisadores da rea da psicologia. Com a necessidade de ampliar o trabalho desenvolvido com os mtodos e as cartilhas de alfabetizao, os psiclogos produziram livros de

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    exerccios de prontido, que se restringia ao aluno: fazer curvinhas, completar figuras, localizar animais, objetos direita e esquerda.

    A escrita continuou sendo entendida como uma questo de habilidade caligrfica e ortogrfica, que devia ser ensinada simultaneamente habilidade de leitura; o aprendizado de ambas demandava um perodo preparatrio, que consistia em exerccios de discriminao e coordenao viso-motora e auditivo-motora, posio de corpo e membros, dentre outros.

    Mas, claro que no com esses exerccios que se aprende a ler e a escrever. O professor pode propor inmeras atividades mais significativas que contribuam de fato para o processo de alfabetizao. Para aprender a ler preciso conhecer as letras e os sons que representam, mas tambm fundamental buscar o sentido, compreender o que est escrito.

    Em sntese, podemos concluir que as metodologias de alfabetizao evoluram no tempo, de acordo com novas necessidades sociais que a cada nova configurao exige um novo tipo de pessoa letrada; e, ao mesmo tempo, em funo do avano do conhecimento acumulado na rea da leitura e produo escrita e de seus processos de aquisio.

    A partir do incio da dcada de 1980, o ensino baseado em mtodos de alfabetizao passou a ser sistematicamente questionado, em decorrncia de novas urgncias polticas e sociais que se fizeram acompanhar de propostas de mudana na educao, a fim de se enfrentar o fracasso da escola na alfabetizao de crianas, conforme apontado anteriormente.

    Na busca de solues para esse problema, introduziu-se no Brasil o pensamento construtivista sobre alfabetizao, resultante das pesquisas desenvolvidas pela pesquisadora argentina Emlia Ferreiro e Ana Teberosky. Deslocando o eixo das discusses dos mtodos de ensino para o processo de

    aprendizagem da criana, que far parte de nossos estudos na prxima unidade.

    5. ALFABETIZAO E LETRAMENTONo tema anterior, Alfabetizao ao longo da

    Histria, abordamos a histria do ensino da leitura e da escrita na fase inicial de escolarizao de crianas no Brasil. Vimos tambm que as prticas sociais de leitura e escrita se tornaram prticas escolarizadas, submetidas organizao a partir de mtodos de ensino, sistemtica e intencional.

    De l para c, saber ler e escrever tornou-se uma grande preocupao social, cultural e poltica, principalmente porque a maioria da populao brasileira fracassava na escola e, tambm, porque havia um ndice de medida e testagem da eficincia da escola pblica, laica e gratuita, o que foi atribuindo diferentes sentidos ao ensino da leitura e escrita.

    A partir da dcada de 80, introduziu-se no Brasil perspectivas construtivistas e interacionistas em alfabetizao com os estudos da Psicognese da Lngua Escrita, de Emlia Ferreiro e Ana Teberosky, ideias, discusses e metodologias que sero aprofundadas no prximo tema.

    Neste mesmo perodo discutia-se no Brasil uma outra perspectiva que tratava da prtica social da escrita o Letramento apresentado pela primeira vez por Mary Kato e estudado por alguns autores brasileiros como Magda Soares, Angela B. Kleiman, entre outros.

    Embora motivados por constataes semelhantes e apresentando certos aspectos comuns entre si, trata-se de modelos explicativos diferentes, porque fundamentados em diferentes perspectivas tericas, formulados por diferentes sujeitos, com diferentes finalidades sociais e polticas e que tiveram ritmos de implantao, em diferentes modos e lugares de circulao. Deve-se considerar que so objetos

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    de apropriaes didtico-pedaggicas, tambm diferentes entre si, demandando pensarmos a respeito de construtivismos, interacionismos e letramentos.

    Com base na perspectiva interacionista, possvel pensar numa proximidade entre alfabetizao e letramento, porque o texto a concretude da lngua e a materializao do discurso. Ler e escrever, ensinar e aprender a ler e escrever demandam tomar o texto como unidade de sentido e, portanto, como objeto de ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo como mediador desse processo.

    O interacionismo propicia ousarmos pensar em ampliar as possibilidades de uso e funes sociais do ler e escrever, porque nos proporciona pensar em ampliar as possibilidades de uso e funes sociais e na contribuio dessas atividades especificamente humanas para o processo da constituio do sujeito que se constituem tambm como leitores e produtores de textos como quem busca atribuir sentidos para a vida.

    Vdeo: O que ser alfabetizado e letrado? Parte 1 - Salto para o futuro

    Disponvel em: http://youtu.be/DHBnZNflA98

    6. A RESSIGNIFICAO DO CONCEITO DE ALFABETIZAO NOS CENSOS

    Saber ler e escrever, saber utilizar a leitura e a escrita nas diferentes situaes do cotidiano so inquestionveis tanto para o exerccio pleno da cidadania, no plano individual, quanto para a medida de incluso no nvel sociocultural e poltico.

    Nos primeiros censos populacionais, j se buscava conhecer o nmero de pessoas que sabiam ou no ler e escrever, porm em razo das mudanas nas condies culturais, sociais e polticas do pas e, em decorrncia, nas definies de alfabetizao,

    foram mudando tambm os critrios que permitem considerar uma pessoa analfabeta ou alfabetizada.

    A partir da dcada de 1950, uma pessoa capaz de escrever apenas seu prprio nome era considerada analfabeta. No censo de 2000, considerou-se como alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever um bilhete simples, no idioma que conhecesse. Aquela que aprendeu a ler e escrever, mas esqueceu, e a que apenas assinava o prprio nome foram consideradas analfabetas (IBGE, 2000).

    Os critrios definidos a partir do censo de 1950 no Brasil passaram a se basear nas definies de alfabetizao/analfabetismo da Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura Unesco. Desde que essa organizao foi fundada, essas definies vm sendo elaboradas, revisadas e recomendadas, mudando indicadores relativos faixa etria, como se pode verificar no Quadro 1, como critrios internacionais de medio do analfabetismo/alfabetizao, a fim de propiciar comparaes entre diferentes pases.

    Os dados so obtidos por meio de pesquisas por amostragem de domiclio e tambm pelas avaliaes do sistema educativo e das competncias dos estudantes Programa Internacional de Avaliao de Estudantes (Pisa) e, no Brasil, do Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (Inaf), a partir de 2000, Sistema Nacional de Avaliao da Educao (Saeb), do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) para o Ensino Superior, e do Exame Nacional do Ensino Mdio (Enem), a partir da dcada de 1990.

    QUADRO 1

    EVOLUO DO CONCEITO DE ALFABETIZAO, SEGUNDO A UNESCO

    1951: a capacidade de uma pessoa que sabe ler e escrever uma declarao curta e simples no seu dia a dia e entende aquilo que leu e escreveu.

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    1957: um continuum de habilidades, inclusive de leitura e escrita, aplicadas a um contexto social.

    1962: o fato de um indivduo possuir o conhecimento e as habilidades essenciais que o capacitam a engajar-se em todas aquelas atividades necessrias para que ele tenha um funcionamento efetivo em seu grupo e em sua comunidade, e cujas conquistas em leitura, escrita e aritmtica tornam-lhe possvel fazer uso dessas habilidades em prol de seu prprio desenvolvimento de sua comunidade.

    1978: a capacidade que uma pessoa tem para engajar-se em todas aquelas atividades em que [o letramento] necessrio para que ela funcione de modo efetivo dentro de seu grupo e comunidade, e tambm para capacit-la a continuar usando a leitura, a escrita e o clculo matemtico em prol de seu prprio desenvolvimento e do desenvolvimento de sua comunidade. Fonte: HARRIS, T. L; HODGES, R. E. Dicionrio de alfabetizao: vocabulrio de leitura e escrita. Trad. Beatriz Vigas-Faria. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul, 1999.

    O Quadro 2 trata da evoluo das taxas de escolarizao da populao de 7 a 14 anos, entre 1950 e 2000, e o Quadro 3 trata da evoluo das taxas de escolaridade mdia por faixa etria, entre 1970 e 2001.

    Pode-se verificar analisando os dados dos quadros 2 e 3 que ainda alto o nmero de analfabetos no pas, apesar de ter havido uma leve queda nesse nmero a partir dos anos 80, e apesar de ter havido, ao longo desse perodo, uma progressiva queda nas taxas percentuais de analfabetismo e um significativo aumento das taxas percentuais de escolaridade e de escolarizao.

    QUADRO 2 - TAXAS DE ESCOLARIZAO DA POPULAO DE 7 A 14 ANOS, ENTRE 1950 E 2000, NO BRASILANO TAXA DE ESCOLARIZAO

    (POPULAO DOS 7 A 14 ANOS

    1950 361970 672000 97

    Fonte: http:// www.camara.gov.br/internet.

    QUADRO 3 - TAXAS DE ANALFABETISMO E DE ESCOLARIDADE MDIA POR FAIXA ETRIA, NO BRASIL, ENTRE 1970 E 2001

    FAIXA ETRIA ANO

    TAXA DE ANALFABE-

    TISMO

    ESCOLARIDADE MDIA(sries

    concludas)

    15 19 anos

    1970 24,0 4,0

    2001 3,0 6,0

    45 49 anos

    1970 43,2 _____

    2001 17,6 5,6

    Fonte: http://inep.gov.br

    Apesar dos avanos obtidos, segundo estudo da Unesco, comparado com outros pases em desenvolvimento da Amrica Latina, o Brasil tem uma das maiores taxas de analfabetismo da populao com mais de 15 anos, que esto dispostos no Quadro 4. Este fato compromete o futuro do Brasil e exige polticas pblicas para melhorar os ndices tanto quantitativos como qualitativos.

    QUADRO 4 TAXAS DE ANALFABETISMO NA POPULAO DE MAIS DE 15 ANOS EM

    PASES SELECIONADOSPAS TAXA DE ANALFABETISMOBrasil 13,6

    Colmbia 8,4Chile 4,2

    Argentina 3,2

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    Desde 2001, o INAF mensura os nveis de alfabetismo funcional da populao brasileira entre 15 e 64 anos de idade, classificando-os de acordo com suas habilidades de leitura/escrita (letramento) e em matemtica (numeramento), como est disposto no quadro 5.

    QUADRO 5

    Analfabetos Funcionais

    Analfabetismo - Corresponde condio dos que no conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler nmeros familiares (nmeros de telefone, preos etc.).

    Alfabetismo rudimentar - Corresponde capacidade de localizar uma informao explcita em textos curtos e familiares (como um anncio ou pequena carta), ler e escrever nmeros usuais e realizar operaes simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias ou fazer medidas de comprimento usando a fita mtrica.

    Alfabetizados Funcionalmente

    Alfabetismo bsico - As pessoas classificadas neste nvel podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois j leem e compreendem textos de mdia extenso, localizam informaes, mesmo que seja necessrio realizar pequenas inferncias, leem nmeros na casa dos milhes, resolvem problemas envolvendo uma sequncia simples de operaes e tm noo de proporcionalidade. Mostram, no entanto, limitaes quando as operaes requeridas envolvem maior nmero de elementos, etapas ou relaes.

    Alfabetismo pleno - Classificadas neste nvel esto as pessoas cujas habilidades no mais impem restries para compreender e interpretar elementos usuais da sociedade letrada: leem textos mais longos, relacionando suas partes, comparam e interpretam informaes, distinguem fato de opinio, realizam inferncias e snteses. Quanto matemtica, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, propores e clculo de rea, alm de interpretar tabelas de dupla entrada mapas e grficos.Texto retirado: http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=4.02.00.00.00&ver=por

    Os resultados de 2009 revelam importantes avanos no alfabetismo funcional dos brasileiros entre 15 e 64 anos: uma reduo na proporo dos chamados analfabetos absolutos de 9% para 7% entre 2007 e 2009, acompanhada por uma queda ainda mais expressiva, de cinco pontos percentuais no nvel rudimentar amplia consideravelmente a proporo de brasileiros adultos classificados como funcionalmente alfabetizados. O nvel bsico continua apresentando um contnuo crescimento, passando de 34% em 2001-2002 para 46% em 2009. J o nvel pleno de alfabetismo no mostra crescimento, oscilando dentro da margem de erro da pesquisa e mantendo-se em, aproximadamente, um quarto do total de brasileiros, conforme a tabela abaixo:

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    Inaf / BRASIL - Evoluo do Indicador de Alfabetismo Populao de 15 a 64 anos (%) 2001-2002 2002-2003 2003-2004 2004-2005 2007 2009 Analfabeto 12 13 12 11 9 7Rudimentar 27 26 26 26 25 20Bsico 34 36 37 38 38 46Pleno 26 25 25 26 28 27

    De acordo com o Inaf, chama a ateno o fato de 52% dos brasileiros que estudaram at a 4 srie atingirem, no mximo, o grau rudimentar de alfabetismo. Mais grave ainda o fato de que 9% destes podem ser considerados analfabetos absolutos, apesar de terem cursado de um a quatro anos do ensino fundamental.

    Dentre os que cursam ou cursaram da 5 a 8 srie, apenas 17% podem ser considerados plenamente alfabetizados. Alm disso, 24% dos que completaram entre 5 e 8 sries do ensino fundamental ainda permanecem no nvel rudimentar. Dos que cursaram alguma srie ou completaram o ensino mdio, apenas 41% atingem o nvel pleno de alfabetismo (que seria esperado para 100% deste grupo). Somente entre os que chegaram ao ensino superior que prevalecem (71%) os indivduos com pleno domnio das habilidades de leitura/escrita e das habilidades matemticas.

    Trata-se, portanto, de um problema que acompanha a histria do pas. A educao escolar se tornou, assim, um meio privilegiado de aquisio de saber. Ler e escrever se tornou objeto de ensino, utilizar a leitura e a escrita nas diferentes situaes do cotidiano continua sendo necessidades inquestionveis tanto para o exerccio pleno da cidadania quanto para a medida do nvel de desenvolvimento de uma nao.

    Como vimos, preciso saber utilizar a leitura e a escrita de acordo com as exigncias sociais que vem sendo designado letramento.

    Assista ao vdeo sobre o Analfabetismo Funcional. O Ibope mostra que, apesar de ter cado, a taxa de analfabetos funcionais ainda de 28%. Mesmo sabendo ler e escrever, as pessoas no conseguem interpretar textos. Mais de 36% dos jovens que concluem o Ensino Fundamental tm o problema, dados de 2011.

    Vdeo: Analfabetismo funcional cai, mas ainda atinge 28% dos brasileiros

    Disponvel em: http://youtu.be/OaHYqe4XT_8

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    7. LETRAMENTO

    Atualmente, letramento a palavra mais recorrentemente utilizada na maioria dos textos acadmicos sobre o tema e se encontra tambm em alguns dicionrios tcnicos e de alfabetizao.

    O termo letramento foi utilizado pela primeira vez por Mary Kato, na apresentao de seu livro: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingustica, e traz uma definio indireta de letramento relacionado com a funo da escola de formar cidados funcionalmente letrados, do ponto de vista tanto do crescimento cognitivo individual quanto do atendimento a demandas de uma sociedade que prestigia a lngua padro ou norma culta da lngua.

    Leda V. Tfouni em seu livro: Adultos no alfabetizados: o avesso do avesso evidencia as relaes entre escrita, alfabetizao e letramento e o conceitua como um termo centrado nas prticas sociais de leitura e escrita e nas mudanas por elas geradas em uma sociedade. Em Letramento e Alfabetizao, Tfouni constata que falta, em nossa lngua, uma palavra para designar o processo de estar exposto aos usos sociais da escrita, sem, no entanto, saber ler nem escrever.

    Magda Soares tambm publicou alguns livros e muitos artigos discutindo o termo letramento, especialmente em Letramento: um tema em trs gneros. A autora referncia constante nos estudos sobre este tema. A definio de letramento assim sintetizada:

    - Resultado da ao de ensinar e aprender as prticas sociais da leitura e escrita.

    - O estado ou condio que adquire um grupo social ou um indivduo como consequncia de ter-se apropriado da escrita e de suas prticas sociais.

    Assista ao vdeo: O que Letramento, que procura mostrar por meio de um poema de Kate M. Chong o significado to complexo desta palavra.

    Vdeo: O que letramento. Disponvel em: http://youtu.be/K8RHXK0eTQQ

    Partindo dessas definies possvel dizer que letramento est diretamente relacionado com a lngua escrita e seu lugar, suas funes e seus usos nas sociedades letradas. a insero na cultura escrita que valoriza o ler e o escrever do modo mais efetivo, no apenas o acesso a ela, mas tambm a participao efetiva na cultura escrita.

    Etimologicamente, a palavra literacy, palavra da inglesa, vem do latim littera (letra), com o sufixo cy, que denota qualidade, condio, estado, fato de ser (como, por exemplo, em innocency, a qualidade ou condio de ser inocente). No Websters Dictionary, literacy tem a acepo de the condition of being literate , e literate definido como educated; especially able to read and write, educado, especialmente capaz de ler e escrever.

    Ou seja: literacy o estado ou condio que assume aquele que aprende a ler e a escrever. Implcita nesse conceito est a ideia de que a escrita traz consequncias sociais, culturais, polticas, econmicas, cognitivas, lingusticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o indivduo que aprenda a us-la.

    Em outras palavras: do ponto de vista individual, aprender a ler e escrever alfabetizar-se, deixar de ser analfabeto, tornar-se alfabetizado, adquirir a tecnologia do ler e escrever e envolver-se nas prticas sociais de leitura e de escrita tem consequncias sobre o indivduo, e altera seu estado ou condio em aspectos sociais, psquicos, culturais, polticos, cognitivos, lingusticos e at mesmo econmicos; do ponto de vista social, cultural, poltico, econmico, lingustico. O estado ou a condio que o indivduo ou o grupo social passam a ter, sob

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    o impacto dessas mudanas, que designado por literacy. (SOARES, 2004, p.18).

    As prticas de letramento envolvem diferentes tipos de material escrito, eventos e prticas que fazem parte naturalmente das experincias vividas pelas pessoas e grupos sociais em sociedades letradas. Considera-se, ento, a existncia de diferentes nveis de letramento. Mesmo adultos e crianas analfabetas podem ser considerados letrados em certo nvel, porque podem utilizar no discurso oral caractersticas apontadas como exclusivas do discurso escrito.

    Ou, ainda, pode ocorrer que pessoas alfabetizadas tenham um baixo nvel de letramento, podendo ser consideradas iletradas, j que o letramento no consequncia natural da alfabetizao. Nesse sentido, a leitura e a escrita precisam ser ensinadas e aprendidas, e a escola continua sendo uma das agncias privilegiadas para o processo de aquisio da leitura e da escrita, e para a promoo do letramento.

    Animao: As prticas de leitura e produo de textos implicam uma situao social. Na vida cotidiana, um mesmo sujeito realiza diferentes aes de leitura e escrita. Por exemplo, imaginemos uma pessoa que, pela manh, l jornal, ouve o noticirio do rdio ou assiste ao jornal da TV; em seguida, faz uma lista de compras e escreve um bilhete para algum que vai chegar durante sua ausncia; depois, vai ao mercado, l os folhetos de ofertas e localiza nos rtulos das embalagens a composio do produto e a data de validade; ao voltar para casa, encontra uma carta na caixa de correio e a l; prepara uma comida lendo uma receita escrita; conversa com o(a) vizinho(a); l e responde mensagens do correio eletrnico; noite, l um romance para se descontrair etc. So diferentes formas de ler e produzir textos.

    8. ALFABETIZAR EM CONTEXTOS DE LETRAMENTO

    Atualmente, as pesquisas e prticas pedaggicas de alfabetizao vm evidenciando duas questes: a primeira que no basta ensinar aos alunos as caractersticas e funcionamento da escrita, pois esse tipo de conhecimento no os habilita para o uso da linguagem em diferentes situaes comunicativas; a segunda que no basta colocar os alunos na condio de protagonistas das mais variadas situaes de uso da linguagem, pois o conhecimento sobre as caractersticas e o funcionamento da escrita no decorre naturalmente desse processo.

    preciso planejar o trabalho pedaggico de alfabetizao, articulando as atividades de uso da linguagem com as atividades de reflexo sobre a escrita. Isso significa dizer que a alfabetizao, tomada como aprendizagem inicial da leitura e da escrita, no pode se dar fora de contextos de letramento que potencializem o domnio da linguagem.

    O trabalho com a Lngua Portuguesa deve-se dar por meio de prticas sociais de leitura e escrita, formando alunos que saibam produzir e interpretar textos de uso social, tanto orais como escritos e que estejam inseridos em vrias situaes comunicativas que permitem a plena participao no mundo letrado.

    Para isso imprescindvel colocar o aluno em contato sistemtico com o papel de leitor e escritor, compartilhando a multiplicidade de propsitos que a leitura e a escrita possuem: ler por prazer, ler para se divertir, para buscar alguma informao especfica, para partilhar emoes com os outros, para contar para os outros o que leu, para recomend-la aos outros; escrever para expressar as ideias, para organizar os pensamentos, para aprender mais, para registrar e conservar como memria, para informar, para expressar sentimentos, para se comunicar a distncia, para influenciar os outros.

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    preciso que o aluno ocupe sistematicamente a posio de leitor e escritor. Criar um contexto de letramento desde a Educao Infantil necessrio, pois representa uma abertura de possibilidades, um exerccio do direito de aprender na escola, as prticas de leitura e escrita tal como acontecem na vida. desta forma que se pode favorecer a plena participao dos alunos no mundo da cultura escrita.

    Uma criana que j conhece vrias funes da escrita, que j desenvolveu o gosto pela leitura de histrias, que j se arrisca a ler e a escrever, por conviver com pessoas que usam a escrita, certamente ao entrar na escola no ter dificuldade de compreender o funcionamento do cdigo alfabtico, seja qual for o mtodo utilizado. No entanto, para uma criana que no teve esta oportunidade, a entrada no mundo da escrita pela alfabetizao desvinculada do letramento resulta, em geral, em fracasso na aprendizagem.

    O processo de letramento pode proceder alfabetizao. Os alunos, muito antes de adquirirem a habilidade para ler e escrever convencionalmente, j so capazes de produzir linguagem escrita e atribuir sentido aos textos lidos. Sem ainda saber ler, podem recontar histrias em linguagem literria, como se estivessem lendo, ditar informaes sobre um assunto estudado na classe para que a professora redija um relatrio, produzir oralmente uma carta para um colega alfabetizado fazer o papel de escriba.

    A leitura em voz alta tem sido uma das estratgias mais eficientes para favorecer esse processo, para aproximar os alunos do mundo letrado, mesmo quando ainda no sabem ler. A leitura contribui para ampliar a viso de mundo, estimular o desejo de outras leituras, exercitar a fantasia e a imaginao, compreender o funcionamento comunicativo da escrita, compreender a relao fala/escrita, desenvolver estratgias de leitura, ampliar a familiaridade com os textos, desenvolver a capacidade de aprender, aprimorar o repertrio textual e de contedos para a produo dos prprios textos, conhecer as especificidades dos diferentes tipos de texto, favorecer a aprendizagem

    das convenes da escrita, s para citar algumas possibilidades.

    Para experiment-las, no preciso ler por si mesmo. possvel ler atravs do professor. Portanto, na rotina da sala de aula, seja qual for a idade dos alunos, fundamental que sejam garantidos momentos dirios de leitura pelo professor e pelos alunos.

    Fonte: http://livroparacrianca.files.wordpress.com/2011/06/crianc3a7as-lendo1.jpg

    Por fim, importante afirmar que a simples exposio dos alunos escrita de aula no suficiente para que eles se alfabetizem. Salas de aula cheias de escritas afixadas nas paredes no se constituem, por si s, em ambientes alfabetizadores, no se constituem contextos de letramento. Isso algo que depende da criao do maior nmero possvel de situaes de uso real da escrita na escola.

    A aprendizagem da escrita est relacionada reflexo que os alunos podem fazer sobre ela suas caractersticas, seu modo de funcionamento, suas regras de gerao. Para que eles aprendam a ler e escrever preciso, portanto, planejar situaes didticas especficas destinadas a essa finalidade, no basta inund-los de letras escritas.

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    8.1 Organizao do trabalho de alfabetizao e letramento

    A organizao do trabalho de leitura e escrita para crianas de seis anos precisa considerar a faixa etria, os conhecimentos prvios e ser significativo para elas, partindo de temas de interesse delas com o intuito de ampliar o mundo da escrita, desafiando-as a lidar com a diversidade de textos que elas conhecem e de outros que precisam conhecer, sem perder de vista os contedos que se pretende atingir.

    Para isso, o professor dever lidar com dois desafios: aproveitar a experincia que as crianas j tm com a cultura escrita, as necessidades de ler e escrever de cada turma e, tambm, saber que pode se organizar como professor, estabelecendo um conjunto de procedimentos que pode ser adaptado a cada contexto.

    Para criar contextos significativos importante ouvir o que os alunos tm a dizer e observar em que situaes eles se mobilizam para realizar com entusiasmo as atividades. Alm disso, podem ser criadas estratgias especficas como assembleias de turma em momentos de conversa espontnea, como, por exemplo, roda de casos ou de tomadas de decises coletivas sobre a organizao do trabalho. Uma outra estratgia a discusso sobre programas vistos na TV, livros lidos, brincadeiras, viagens, cultura e hbitos das famlias e acontecimentos que mobilizam a cidade, o pas e o mundo.

    necessrio tambm favorecer o contato com os textos, com seu uso efetivo e com a anlise de seus aspectos formais para que as relaes em que a escrita e a leitura se faam presentes de maneira significativa para os alunos. Situaes como aviso aos alunos, a comunicao entre as turmas, as pesquisas e seus registros, os cartazes relacionados vida escolar so ricas em potencial educativo.

    Para entrar no mundo da escrita, importante que as crianas interajam com uma grande diversidade de

    textos, j que so capazes de produzir e reproduzir textos narrativos, descritivos, de fico, cartazes e textos de jornais.

    Assista ao vdeo Alfabetizao em contextos letrados do Programa de Formao de Professores Alfabetizadores (Profa), realizado pelo MEC em 2001. Nesta parte voc vai ver prticas de letramento dentro e fora da escola e depoimentos de famlias de diversas classes sociais sobre a relao dos filhos com a leitura.

    Vdeo: disponvel em: http://youtu.be/f9yimX5eDDc

    A seleo de diferentes tipos de escritos responde ao objetivo de favorecer a permeabilidade entre o ambiente social e a escola. A iniciativa de deixar entrar os escritos no escolares facilita no apenas a contextualizao da aprendizagem, mas favorece um movimento inverso: a participao infantil, fora da escola, no mundo da escrita. Os bilhetes para a famlia, as cartas ao leitor, os cartazes no bairro, a visita biblioteca so possveis exemplos de tal participao.

    http://hypescience.com

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    http://thamisales.files.wordpress.com/2010/12/lista.jpg

    http://4.bp.blogspot.com/_YVpQO-LYxYU/SSHXEsgCa1I/AAAAAAAAAOM/1GqjC_5m_-8/s400/2+parte+interna.jpg

  • Alfabetizao ao longo da histria

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    8.2 Organizao das atividades

    Tipos de organizao:

    a) Atividades especficas que podem ser desenvolvidas durante todo o perodo

    Faremos algumas sugestes de atividades que podero ser desenvolvidas durante todo o ano considerando as experincias e o diagnstico da turma.

    Curto (2000) apresenta algumas sugestes gerais para a organizao por atividades, que o professor pode ter como parmetros durante a alfabetizao, reproduzidas a seguir:

    Atividades sobre as relaes entre a lngua oral e a lngua escrita:

    - Explicao de textos;

    - Leitura de textos pelo professor;

    - Reconstruo oral de contos e narrativas;

    - Ditado para o professor;

    - Memorizao de textos (canes, poemas, refres);

    - Declamao e dramatizao;

    - Tomar notas (para alunos que j dominam o sistema alfabtico);

    - Preparar debates;

    Atividades para o aprendizado do sistema alfabtico:

    - Diferenciao entre letras, desenhos e nmeros;

    - Escrita e reconhecimento do nome prprio;

    - Escrita coletiva de palavras e textos;

    - Completar palavras escritas;

    - Confeccionar palavras com letras mveis, mquinas de escrever, computadores etc.;

    - Interpretao da prpria escrita;

    - Interpretao de textos com imagens;

    - Leitura de textos memorizados;

    - Interpretao de textos a partir de (localizar, completar, escolher).

    http://4.bp.blogspot.com/_nxuzjaActrs/S1Sw7YlwlgI/AAAAAAAAAAs/ekxiUIbssFU/S660/DSC00916.JPG

    http:/ /www.pedagog iaaopeda let ra .com/wp-content/uploads/2010/12/letramento1.jpg

  • Alfabetizao ao longo da histria

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    Atividades de produo de textos:

    - Cpia de textos;

    - Ditados o aluno dita ao professor, um aluno dita a outro(s), o professor dita aos alunos;

    - Escrita de textos memorizados;

    - Reescrita de textos conhecidos (repetir, fazer alteraes, escrever diferentes verses do texto);

    - Completar textos incompletos, com lacunas etc.;

    - Escrever textos originais;

    - Atividades de edio, reprografia e impresso.

    Atividades de interpretao e compreenso de textos:

    - Leitura por parte do professor;

    - Leitura em voz alta ou silenciosa;

    - Leitura de textos com lacunas, incompletos;

    - Reconstruo de textos fragmentados e desordenados;

    - Relacionar e classificar textos distintos;

    - Resumo e identificao da ideia principal;

    - Atividades de biblioteca e de gosto pela leitura;

    - Atividades de arquivo e classificao de textos.

    http://4.bp.blogspot.com/NxSYiXv6FVI/TV16XwPN8jI/AAAAAAAAAFo/GpSyRsEy4Q/s1600/IMG_0029http://www.solostocks.com.br/img/jogos-ensino-fundamental-bingo-de-comidas-640906z0.jpg

    b) Jogos e desafios

    Os jogos possibilitam que determinadas abordagens do sistema de representao da escrita alfabtica como as relaes entre sons e letras e o reconhecimento do alfabeto, ou mesmo de palavras, sejam trabalhadas em situaes desafiadoras e ldicas, sem recorrer a exerccios repetitivos de memorizao e anlise. Por exemplo, um jogo de bingo, em que a professora dita letras do alfabeto e quem completar primeiro a cartela ganha o jogo. Este um jogo aparentemente simples, que contm diversos aspectos organizadores e se presta a uma infinidade de alfabetizao e de capacidades exigidas. H inmeras possibilidades e preciso que o professor saiba qual o contedo e quais as

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    capacidades so exigidas em cada modalidade que escolhe.

    Possveis situaes para o jogo de bingo

    * Os alunos recebem apenas a cartela sem as letras e consultam o alfabeto da sala de aula para escolher quais letras colocar; preenchendo a cartela sua escolha. medida que a professora sorteia, os alunos vo marcando (isso exige conhecimento do alfabeto, habilidade de grafar as letras e reconhecimento da letra ditada);

    * A professora fornece a cartela preenchida com palavras conhecidas e dita as palavras que sero marcadas na cartela (isso exige identificao e reconhecimento global de palavras ditadas). Se a professora apresenta a palavra ao ditar, exige-se a habilidade de comparao, se no a apresenta, exige-se memorizao. Se a professora ao apresentar apenas mostra a palavra sorteada, os alunos exercitam a leitura quando tm de descobrir qual a palavra;

    * A professora preenche a cartela com letras e sorteia palavras para os alunos identificarem a letra inicial. Nesse caso, se a professora dita e mostra a palavra, os alunos vo identificar a letra, mas se a professora no a mostra, os alunos tm de selecionar, na cadeia sonora, o primeiro fonema e descobrir a letra correta que lhe corresponde na cartela.

    c) Trabalho com temas

    O trabalho partindo da organizao por temas favorece a leitura e o registro de textos relacionados ao tema escolhido. O tema pode ser eleito ou proposto, como brincadeiras, cinema ou esportes. Cabe ressaltar que so as atividades de leitura e escrita em torno do tema que contribuem para o processo de alfabetizao.

    Se, por exemplo, o grupo estiver estudando o tema com brincadeiras de nosso tempo e do tempo de nossos avs, vai precisar registrar; por escrito, listas de nomes de brincadeiras, fazer esquemas comparativos entre as brincadeiras de outros tempos, mas que ainda permanecem e as mais desconhecidas, vai poder produzir um convite para os avs, criar legendas para exposio de brinquedos, entre vrias outras coisas.

    Todas essas atividades vo exigir que o professor apresente exemplos de tipos de textos, e que solicite s crianas que tentem escrever, com sua ajuda, uma carta convite ou um cartaz. Exigem, tambm, que ele proponha jogos e desafios para a escrita, ou para o reconhecimento de nomes de brincadeiras, que indague dos alunos e tambm informe sobre o alfabeto, sobre os sons iniciais e finais de palavras que eles j conhecem, sobre pedaos de palavras que ajudam a escrever outras, sempre coordenando as necessidades do estudo de um tema com as necessidades de ensinar a ler e a escrever. Em todas as situaes, necessrio rever o planejamento geral do tema, para pensar especificamente nas necessidades de escrita e leitura que o trabalho com o tema exige.

    d) trabalho a partir da necessidade de ler ou escrever determinado tipo de texto

    Para este trabalho, escolhe-se um texto, que pode ser um conto, uma receita, uma lista que tenha uma situao sociocomunicativa apresentada como, por exemplo, a elaborao de um cartaz por crianas de 4 a 6 anos.

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    Desenvolvimento da atividade:

    - Anlise das caractersticas da situao que d a oportunidade de elaborar o cartaz.

    - Anlise da funo do cartaz. A necessidade de que seja compreendido pelos destinatrios, suas caractersticas, informao que deve conter mecanismos que estimulem o pblico para a atividade etc.

    - Lembrana das caractersticas dos cartazes;

    - Elaborao coletiva do pr-texto;

    - Elaborao do esboo do cartaz;

    Escrita do rascunho, correo e edio

    Contedos especficos:

    - Caractersticas dos cartazes;

    - Procedimentos e escrita dos cartazes;

    - Correo completa;

    - Articulao de mensagens verbais com imagens, recursos plsticos e tipogrficos etc.;

    - Edio com materiais adequados;

    - Reproduo, se for o caso.

    Material

    - Papel de tamanho A3;

    - Rotuladores, pinturas, carimbos etc.

    Orientaes didticas

    A tarefa pode ser feita em duplas ou grupos muito reduzidos. Conforme a inteno de difuso do cartaz pode ser feitos vrios exemplares na aula, ou ento,

    possvel que o grupo opte por um cartaz vencedor que dever ser reproduzido posteriormente. A atividade requer que se tenha visto, previamente, vrios modelos de cartazes.

    Ainda no mesmo texto referido (p. 43), h a proposta de uma sequncia de planejamento para a leitura de um cartaz. Isto demonstra que as atividades de leitura e escrita, embora ligadas, exigem estratgias diferenciadas.

    e) organizao dos espaos de leitura e escrita na sala de aula e na escola

    A rotina da sala de aula precisa ser um ambiente rico em situaes em que a leitura e a escrita so necessrias e fazem sentido. Sugerimos algumas propostas, que fazem parte do cotidiano da escola e podem ser aproveitadas tanto para apropriao do sistema de representao de escrita alfabtica como para avanar no nvel de letramento. So elas:

    - Chamada;

    - Organizao da agenda do dia e da semana (momentos de contar e de ler histrias, roda de conversa, trabalho com o alfabeto);

    - Utilizao do calendrio, com datas, dias da semana e horrios para marcar tempo entre uma atividade e outra;

    - Agenda dos alunos, com pequenos lembretes sobre tarefas e materiais a serem utilizados, assim como correspondncia entre as famlias;

    - Listas de materiais a serem trazidos, de livros lidos, de personagens de histrias com suas caractersticas;

    - Registro em caderno, de palavras aprendidas;

    - Horrios e dias de organizao e frequncia a bibliotecas ou de atividades extraclasse;

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    - Pequenos relatrios de atividades realizadas.

    g) organizao por projetos de trabalho

    Os projetos de trabalho se relacionam ao estudo do assunto abordado em sala de aula, como a produo de um evento e de um material como um brinquedo, um mural, um jornal falado, um livro ou feiras de cultura e peas de teatro. Estas situaes podem necessitar de algumas situaes de leitura e registros escritos e cabe ao professor explor-las intencional e sistematicamente, aspectos da cultura escrita, do sistema, da leitura e da produo de textos.

    importante destacar que existem inmeras estratgias de organizao que podem ser desenvolvidas pelo professor, o importante variar a organizao, para que no fique cansativo para as crianas. Para isso, cabe ao professor planejar a organizao do trabalho durante o ano, registrando e observando as melhores estratgias de trabalho, preocupando-se sempre em garantir uma aprendizagem significativa e contextualizada da leitura e da escrita.

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    REFERNCIASAZENHA, M. G. Construtivismo: de Piaget a

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    SOARES, M. Letramento: um tema em trs gneros. Belo Horizonte: Autntica, 2004.

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