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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel Proposta de um novo lobby para o Pestana Cascais Sofia Ramos Bazenga Fernandes Trabalho de Projeto Mestrado em Design de Equipamento Especialização em Design Urbano e de Interiores Trabalho de Projeto orientado pelo Prof. Doutor Raul Cunca 2020

A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Page 1: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES

A importância do lobby no espaço contemporâneo do

hotel

Proposta de um novo lobby para o Pestana Cascais

Sofia Ramos Bazenga Fernandes

Trabalho de Projeto

Mestrado em Design de Equipamento

Especialização em Design Urbano e de Interiores

Trabalho de Projeto orientado pelo Prof. Doutor Raul Cunca

2020

Page 2: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

2

DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu Sofia Ramos Bazenga Fernandes, declaro que o presente trabalho de projeto de mestrado

intitulado “A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel: Proposta de um

novo lobby para o Pestana Cascais”, é o resultado da minha investigação pessoal e

independente. O conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente

mencionadas na bibliografia ou outras listagens de fontes documentais, tal como todas as

citações diretas ou indiretas têm devida indicação ao longo do trabalho segundo as normas

académicas.

O Candidato

Lisboa, 13/8/2020

Page 3: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

3

RESUMO

A palavra lobby provém do latim LOBIUM e expressa, não só a associação a um espaço,

vestíbulo ou antecâmara, como também a prática de lobbying, que foi efetuada desde

épocas passadas, em diferentes espaços onde o diálogo procurava, persuadir os

interlocutores para promoção de ideias ou propagação de determinadas ações. Lugar,

portanto, de encontro e de diálogo.

O espaço do lobby, hoje, integrado nas unidades hoteleiras surge como a continuidade e

como uma memória dos encontros entre os primeiros viajantes, que instituem o conceito

da deslocação de um lugar para outro, assim como a necessidade de criar os primórdios

da hospedagem, acolhimento, alimentação, etc.

Com o aumento das viagens, do comércio e as necessidades dos hóspedes, a hotelaria

evoluiu, o que contribuiu para o aparecimento de novas e variadas tipologias de

hospedagem, tais como a boutique hotel, o resort, o casino hotel, as pousadas, etc.

O lobby de um hotel é, possivelmente, a zona com maior importância em todo o

estabelecimento, por ser o espaço não só mais exposto, como o primeiro com que se

confronta o viajante. É neste universo que se cria o maior e mais decisivo impacto para

as pessoas que o visitam ou que o atravessam. Deste modo, o lugar concedido ao lobby

pode ser utilizado, muitas vezes, como instrumento de persuasão e propagação da imagem

que o hotel pretende transmitir. É a partir desta ideia que se pretende refletir e intervir no

ambiente reservado ao lobby. Por esse motivo, neste projeto de design, optou-se por

selecionar um estabelecimento hoteleiro – Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference

Aparthotel (Pestana Hotel Group), expondo novas propostas para a disposição da área,

assim como recomendar novo equipamento, com o intuito de atualizar e revitalizar o

espaço adequando-o melhor ao tempo atual, ao local onde se insere e à atmosfera que

pretende difundir. Como material de apoio para este trabalho de projeto, realizou-se uma

pesquisa com incidência no lobby, de modo geral e nos lobbies da empresa Pestana Hotel

Group, em particular, contextualizando-os no plano histórico, e sublinhando a

importâncias de cada um deles, de modo a que se desenvolva melhor entendimento para

futuras projeções de lobbies em estabelecimentos hoteleiros.

Palavras-Chave:

Design; Lobbies; Hotelaria; Pestana Hotel Group: Hotel Pestana Cascais.

Page 4: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

4

ABSTRACT

The word lobby comes from LOBIUM in Latin and it conveys not only to a space, vestibule

or antechamber, but also to the practice of lobbying. This practice has been carried out for

decades in different spaces where dialogue searched to persuade communicators in the

promotion of ideas or propagation of given actions.

Currently, the lobby area integrated in hospitality emerges as a continuity and a memory of

the meetings between the first travelers, that established the notion of moving from one

place to the next, as well as the necessity of creating the early stages of hospitality, lodging,

etc.

As travels, commerce and guest needs have significantly increased, hotel management has

evolved which has helped creating new types of hospitality such as boutique hotels, resorts,

casino hotels, inns, etc.

The hotel lobby is quite possibly, the most important area in the facility as it is not only the

most exposed space as well as the first impression for a newly-arrived traveller. The major

impact for visitors and passers-by is created in this universe. This way, a lobby can be used

as a form of persuasion and an image propagation tool for the hotel. Starting from this idea,

this project aims to reflect and seek intervention in the environment that is reserved for

lobbies. For this reason and for this design project it was chosen a hotel – Hotel Pestana

Cascais – Ocean Conference Aparthotel (Pestana Hotel Group) bringing to light new space

dispositions, recommend new equipment with the intention of updating and revitalizing the

space as well as bringing it up to date and modernizing it to the place it is located in. A

research focusing on lobbies, in general as well as at the Pestana Hotel Group, was conducted

as supporting material in order to contextualize it in a historic plan, highlighting the

importance of each of them so they can develop a better understanding for future hotel lobby

projections and designs.

Keywords:

Design; Lobbies; Hospitality; Pestana Hotel Group: Hotel Pestana Cascais.

Page 5: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

5

Agradecimentos

Para a realização deste trabalho de projeto, tive o privilégio de contar com o apoio e com

ajuda de diversas pessoas para as quais não posso deixar de exprimir o meu mais profundo

agradecimento. Assim, gostaria de deixar aqui expressas algumas palavras de

reconhecimento pelo tempo que me concederam.

Em primeiro lugar, queria agradecer ao Professor, meu orientador, Prof. Doutor Raul

Cunca, por ter aceitado acompanhar-me na realização deste trabalho. Estou-lhe

profundamente reconhecida pela disponibilidade e pela paciência que sempre manifestou

ao longo de todo este processo.

Em segundo lugar, estou também agradecida à arquiteta Catarina Sequeira Silva que, não

só me sugeriu temáticas utilíssimas para este projeto, como me acompanhou na parte

inicial da pesquisa. Ao Pestana Hotel Group estou igualmente grata pelo apoio sempre

obtido, quer pelos arquitetos e engenheiros, quer pelos serviços administrativos.

Não posso deixar de agradecer à minha família pela tolerância expressa às minhas

ansiedades, pela ajuda e pelo apoio em todos os momentos.

Por fim, aos meus amigos que me muito me suportaram durante a elaboração deste

trabalho. Deles gostaria de mencionar particularmente as contribuições essenciais da

Matilde e da Filipa. Elas sabem como lhes estou reconhecida.

Page 6: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

6

Índice

Parte I 12

1. Introdução 12

1.1. Definição do tema 12

1.2. Objetivos 13

1.3. Estrutura da dissertação 14

1.4. Metodologia 15

2. O Lobby 16

2.1. O conceito e sua origem 16

2.2. Evolução do Lobby no espaço hoteleiro 18

2.3. A importância e o respetivo impacto do Lobby de hotel 28

2.3.1. Fatores caraterísticos e marcantes no lobby 28

2.4. Elementos constitutivos do Lobby 33

2.4.1. A receção 33

2.4.2. O bar 35

2.4.3. O lounge 37

2.5. Lobbies Internacionais Emblemáticos 38

2.5.1. Raffles Hotel Singapore (Singapura) 39

2.5.2. Mandarin Oriental (Barcelona, Espanha) 41

2.5.3. Four Seasons (Paris, França) 43

2.5.4. Four Seasons (Guangzhou, China) 44

2.5.5. Fairmont San Francisco (Califórnia) 45

2.6. Síntese 47

3. Pestana Hotel Group 48

3.1. Caracterização do Grupo Hoteleiro 48

3.2. História e percurso 48

3.3. Fundadores 64

3.3.1. Manuel Pestana 64

3.3.2. Dionísio Pestana 65

3.4. Características da Empresa 67

3.5. As marcas 71

3.5.1. Pestana Hotels & Resorts - Cosmopolitan Hotels & Paradise Resorts 71

3.5.2. Pestana Pousadas de Portugal Monument & Historic Hotels 72

3.5.3. Pestana Collection Hotels 74

3.5.4. Pestana CR7 Lifestyle Hotels 75

3.6. Valores da Marca 76

Page 7: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

7

3.7. Breve análise de lobbies das diversas marcas hoteleiras 80

3.7.1. Lobby da marca Pestana Hotels & Resorts 80

3.7.2. Lobby da marca Pestana Pousadas de Portugal 82

3.7.3. Lobby da marca Pestana Collection Hotels 83

3.7.4. Lobby da marca Pestana CR7 Lifestyle Hotels 85

3.8. Síntese 87

Parte II 88

1. Projeto para o Lobby do Hotel Pestana Cascais - Ocean Conference

Aparthotel 88

1.1. Apresentação programática 88

2. Contextualização do projeto 88

2.1. O espaço 88

2.1.1. Enquadramento Histórico 88

2.1.2. Análise do espaço 91

2.2. Equipamento 108

2.2.1. Equipamento - Zona de receção 108

2.2.2. Equipamento - Zona do bar 111

2.2.3. Equipamento – Zona do lounge 113

Desenhos técnicos 119

3. Síntese 120

Considerações finais 121

Bibliografia 124

Webgrafia 124

Anexos 130

Page 8: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

8

Índice de Figuras

Figura 1 - Hotel Willard durante a Guerra Cívil. Fonte: Brownstein. 2012 17

Figura 2 - Fachada do Hotel Ritz no ano 1898. Fonte: 21

Figura 3 -Lounge do Hotel Morgans, Manhattan. Fonte: Jetsetter, 2020. 26

Figura 4 - Fachada do hotel Stevens Chicago em 1922. Fonte: Chicagology, 2020. 23

Figura 5 - Fachada do Hotel Puerta América, em Madrid. Fonte: Hernandéz, 2020. 26

Figura 6 - Mapa dos principais fatores da importância do lobby. 29

Figura 7 – Fachada do Raffles Hotel Singapore. Fonte: CNN Travel, 2020. 40

Figura 8 - Lobby do Raffles Hotel Singapore. Fonte: Reid, 2019. 41

Figura 9 - Rampa da entrada do hotel Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno,

2019. 42

Figura 10 - Lobby do Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019. 43

Figura 11 - Lobby do Four Seasons Hotel George V em Paris. Fonte: Mattos, 2014. 43

Figura 12 - Lobby do Four Seasons em Guangzhou, na China. Fonte: ArchDaily, 2020.

44

Figura 13 - Lobby do Fairmont San Francisco. Fonte: Fairmont, 2020 46

Figura 14 - Tabela representativa da evolução história das cadeias hoteleiras Portuguesas

de 2008 a 2017. Fonte: Deloitte, 2018. 48

Figura 15 - Manuel Pestana e Mário Soares na inauguração do primeiro hotel do Grupo

Hoteleiro, em 1972. Fonte: Pestana Group, 2020. 49

Figura 16 - Dionísio Pestana a cumprimentar Mário Soares na cerimónia de abertura do

primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. Fonte: Pestana Group, 2020. 50

Figura 17 -O primeiro traço feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer do Pestana Casino Park.

Fonte: Wink, 2012. 52

Figura 18 - Prédio Funchal, Lourenço Marques. Fonte: The Delagoa Bay World, 2020.

53

Figura 19 - Pestana Rovuma Hotel, Moçambique. Fonte: House Of Maputo, 2020. 54

Figura 20 - Palácio Valle Flor em construção, publicado na Revista Lisboa Moderna.

Fonte: Olhai Lisboa, 2020. 56

Figura 21 – Edifício das Cocheiras do Palácio Valle Flor, publicado pela Revista Lisboa

Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020. 57

Figura 22 - Logotipos das três submarcas no início de 2015, ano do Rebranding da marca

Pestana. Fonte: Meios e Publicidade, 2020. 62

Page 9: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

9

Figura 23 - Gráfico representativo da posição do Pestana Hotel Group no Mundo. Fonte:

Pestana Group, 2020. 66

Figura 24 - Esquema das principais caraterísticas do Pestana Hotel Group, esquema

proposto pela autora. 68

Figura 25 - Gráfico do número de quartos pelo mundo e por segmento do Pestana Hotel

Group. Fonte: Pestana Group, 2020. 69

Figura 26 - Gráfico representativo do número de incidência em várias tipologias de

propriedade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020. 70

Figura 27 - Logotipo da submarca, Pestana Hotels & Resorts. Fonte: Jornal I, 2020. 71

Figura 28 - Logotipo da submarca, Pestana Pousadas de Portugal. Fonte: Pestana Group,

2020. 72

Figura 29 - Logotipo da submarca, Pestana Collection Hotels. Fonte: Banco Best, 2020.

74

Figura 30 - Logotipo da submarca, Pestana CR7 Lifestyle Hotels. Fonte: Pestana Group,

2020. 75

Figura 31 - Logotipo do Programa Planet Guest do Pestana Group Hotel. Fonte: Pestana

Group, 2020. 77

Figura 32 - Áreas de atuação estratégica do Programa Sustentabilidade do Pestana Hotel

Group. Fonte: Pestana Hotel Group, 2018. 78

Figura 33 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fonte: Sofia Fernandes, 2019. 80

Figura 34 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

81

Figura 35 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Lounge, bar e

receção, respetivamente. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019. 82

Figura 36 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Fotografia:

Sofia Fernandes, 2019. 83

Figura 37 - Lobby do Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018. 84

Figura 38 - Lobby do hotel Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018 85

Figura 39 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes,

2019. 85

Figura 40 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes,

2019. 86

Figura 41 - Registo antigo do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens. Fonte:

Tripadvisor, 2020. 89

Page 10: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

10

Figura 42 - Registo da versão visual do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens em 2012.

Fonte: Tripadvisor, 2020. 90

Figura 43 - Esboços realizados em 2002, altura que forem efetuadas alternações devido a

problemas de infiltrações. 91

Figura 44 - Render da zona da receção, sob o ponto de vista da porta de entrada do hotel.

101

Figura 45 - Renders da zona de receção, sob o ponto de vista do corredor de circulação.

102

Figura 46 - Render a partir da zona da receção. 102

Figura 47 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista da passagem entre o lobby e o

restaurante. 103

Figura 48 - Render da zona de circulação entre o bar e lounge. 104

Figura 49 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista do corredor de circulação. 104

Figura 50 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de descontração. 105

Figura 51 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista do corredor de circulação.

106

Figura 52 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de trabalho. 106

Figura 53 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona do bar. 107

Figura 54 - Render do lobby visto da porta de entrada. 107

Figura 55 – Render do balcão da receção, vista de frente. 108

Figura 56 - Render do balcão da receção, vista de trás. 109

Figura 57 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos. 109

Figura 58 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos, vista aproximada.

110

Figura 59 - Render da peça do sistema de arrumação 110

Figura 60 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos. 110

Figura 61 - Render do balcão do bar, vista de frente. 111

Figura 62 - Render do balcão do bar, vista de trás. 112

Figura 63 - Render da cadeira do bar. 113

Figura 64 - Renders da mesa da zona de apoio ao serviço de bar 114

Figura 65 - Render do sofá/banco da zona de descontração do lounge. 114

Figura 66 - Renders do segundo sofá mais pequeno da zona de descontração do lounge.

115

Page 11: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

11

Figura 67 - Render do sofá mais comprido, com fixação do sofá alto através do velcro.

115

Figura 68 - Render do sofá comprido, que serve de encosto e é fixado ao sofá comprimido

baixo, através do velcro. 116

Figura 69 - Render do balcão situado na zona de trabalho do lounge. 117

Figura 70 - Render do balcão da zona de trabalho do lounge. 117

Figura 71 - Renders do banco da zona de trabalho do lounge. 118

Page 12: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

12

Parte I

1. Introdução 1.1. Definição do tema

A evolução da hotelaria foi, naturalmente, exigindo ao longo do tempo, a forte

intervenção do Design como um aliado incontornável na sua conceção. O design de

interiores de um hotel reflete, muitas vezes, as tradições culturais dos locais, o ambiente

em que se envolve, e o mercado-alvo que pretende atingir.

Assim, se pode entender afirmações como esta: «Hotel design is influenced by many

factors: the functions of the hotel and the local cultural and physical environment.» 1(Yu,

1999)

No âmbito do conhecimento da área de Design de Interiores, este trabalho pretende

entender a relevância de um dos espaços de maior importância em um estabelecimento

hoteleiro – lobby –. É compreendido como o lugar de maior impacto em todo o

estabelecimento, sendo aquele onde se criam as primeiras impressões, onde se retêm

memórias, onde se revivem imagens. Na maioria das vezes é composto por elementos

indispensáveis como a receção, o bar ou até o lounge.

O lobby é ainda reconhecido como um ambiente que pode favorecer a escolha de um

hotel, podendo assim avaliarmos a importância que os lobbies mais emblemáticos podem

adquirir quer através da sua visibilidade, quer através da sua opulência ou simplicidade.

Assim se entende o reconhecimento dado a vários casos com a atribuição de prémios a

empresas de hotelaria, que, não poucas vezes, pode estender-se a toda a unidade hoteleira.

Uma recompensa ao lobby pode ser compreendida como uma distinção a toda a unidade

hoteleira.

No seguimento da abordagem ao tema, foi efetuada uma investigação sobre a empresa

Pestana Hotel Group, explicando o início e crescimento do Grupo, as principais

1 «O design de hotel é influenciado por muitos fatores: as funções do hotel, a cultura do local e o ambiente físico.» (Tradução livre pela autora)

Page 13: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

13

caraterísticas e de que forma os lobbies dos seus hotéis podem ou não ser relevantes para

hóspedes.

Com o desenvolvimento deste projeto, pretende-se demonstrar a importância do lobby em

um estabelecimento hoteleiro, tendo em conta os principais fatores deste espaço e da sua

atmosfera envolvente, apresentando uma proposta de renovação para um lobby

específico, tendo sido interpretado como pouco adequado para as necessidades dos seus

hóspedes e visitantes, pertencente à marca hoteleira, aqui selecionada.

1.2. Objetivos A presente investigação visa salientar e esclarecer a importância que adquire o primeiro

impacto, aplicado ao espaço dedicado ao ingresso e ao acolhimento em um hotel. Esta

proposta de projeto pretende renovar o espaço do lobby do Hotel Pestana Cascais, com

base em fatores de maior impacto e relevância, enquadrando-os e definindo-os no âmbito

da cultura de uma empresa com vários anos de experiência na prática hoteleira. Este

trabalho propõe também determinar e esclarecer as necessidades e exigências adequadas

ao lobby em cada espaço hoteleiro, pondo em evidência as condicionantes da marca e do

espaço onde se localiza o estabelecimento. Um hotel posicionado à beira mar não terá o

mesmo tipo de configuração que um hotel integrado em um edifício histórico.

Deste modo é possível estabelecer os seguintes objetivos gerais:

- (1) Requalificar o espaço com nova abordagem - (2) Caraterizar o lobby e os seus fatores; - (3) Caraterizar a empresa Pestana Hotel Group e definir a sua cultura e os seus valores; - (4) Verificar o crescimento e evolução histórica do lobby, no caso concreto de uma cadeia hoteleira -- da empresa Pestana Hotel Group; Objetivos específicos: - (1) Compreender a origem do lobby e sua importância na empresa Pestana Hotel Group; - (2) Determinar e definir os elementos constitutivos do lobby; - (3) Analisar o local e o espaço de intervenção e a atmosfera envolvente;

Page 14: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

14

- (4) Analisar os problemas e propor soluções na área de intervenção; - (5) Definir os principais fatores de impacto do lobby; - (6) Refletir sobre o reconhecimento dos lobbies mais emblemáticos a nível internacional; 1.3. Estrutura da dissertação

A estrutura do trabalho é composta fundamentalmente por uma componente teórica e por

uma componente prática, organizando-se da seguinte forma:

A componente teórica abrange a primeira parte que, por sua vez, inclui também dois

capítulos que complementam e fundamentam o desenvolvimento do projeto. No capítulo

2 desta primeira parte, focaliza-se no conceito de lobby, apresentando conceitos gerais

sobre a origem da palavra, sobre a evolução histórica da hotelaria e o sobre o surgimento

da nova perceção do lobby. É exposta uma definição e caraterização dos principais fatores

de impacto do lobby, assim como são definidos os elementos constitutivos. Por último,

são ainda analisados os casos de lobbies mais emblemáticos a nível internacional que

podem servir como referência para diversos projetos futuros, e também como fatores

atrativos para hóspedes ou visitantes.

No capítulo 3 deste setor, é analisada e aprofundada a cultura da empresa Pestana Hotel

Group, a instituição do grupo, a evolução histórica, o crescimento e a expansão hoteleira.

Neste capítulo, é feita uma contextualização das caraterísticas principais da empresa, os

valores éticos que pretende divulgar e ainda são definidas as submarcas hoteleiras,

distinguindo-as e realizando uma breve análise de um lobby de cada uma das submarcas.

A componente prática pretende, depois, fundamentar o resultado da reflexão, retirada a

partir da pesquisa temática realizada, através de uma proposta de trabalho de projeto para

o lobby do Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel. Nesta terceira parte,

são analisados vários dados, como a localização onde se insere o estabelecimento

hoteleiro, o próprio espaço do lobby e as diferentes intervenções já realizadas ao longo

dos anos precedentes. Neste âmbito, são definidas também as problemáticas do espaço,

através da apresentação do levantamento fotográfico e são apresentadas sugestões e

advertências para a resolução de alterações.

Page 15: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

15

Por fim, serão expostos modelos de equipamento e nova estrutura organizacional do

espaço, estabelecendo nova proposta renovada do lobby. Estes elementos finais,

imprescindíveis ao trabalho de projeto, também incluem desenhos técnicos, plantas,

cortes, esquemas percebidos pela autora e ficheiros complementares em anexo.

1.4. Metodologia

A metodologia utilizada para a concretização da presente investigação teve por base a

recolha de informação bibliográfica, maioritariamente no capítulo 2, sobre a evolução da

hotelaria e o surgimento e origem do lobby. Essa pesquisa bibliográfica procurou entender

e enquadrar a importância e o impacto do lobby como o primeiro espaço que mais

condiciona – positiva ou negativamente quem entra ou quem observa uma unidade

hoteleira.

Na pesquisa sobre os elementos constitutivos do lobby são definidos os conceitos e

principais caraterísticas, através de fundamentos teóricos, e como complemento a este

tema de investigação, são ainda analisados de forma breve os lobbies mais reconhecidos

internacionalmente.

Relativamente ao capítulo 3, é efetuado um processo de recolha de informação através

de artigos, publicações de revistas e notícias, e esta fase tem como propósito definir os

marcos históricos da empresa hoteleira em análise, registar a sua evolução e percurso, e

caraterizar o registo apresentado pela empresa, com apresentação de um levantamento

fotográfico da autoria da autora para uma melhor compreensão dos lobbies.

Esta metodologia contribui para um enquadramento completo e construtivo do tema

obtendo, desta forma, uma orientação para o desenvolvimento do trabalho de projeto.

Nesse último processo, são realizadas análises de dados recolhidos por levantamentos

fotográficos e de medidas do espaço, sugerindo outras formas de organização espacial e

estrutural, e apresentando novos modelos de equipamento e mobiliário, contribuindo

assim para a apresentação e renovação de um conceito mais adequado às necessidades

dos utilizadores do espaço, e do ambiente, do local e do tempo em que se insere.

Em conclusão, as soluções apresentadas poderão apresentar uma boa alternativa, apesar

da consciência de que tendências e necessidades estão em constante mutação.

Page 16: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

16

2. O Lobby

2.1. O conceito e sua origem Lobby2 é uma palavra de origem inglesa de proveniência latina (LOBIA ou LOBIUM)

que tem mais do que um significado. Em primeiro lugar, lobby exprime por um lado, o

acesso a um espaço (um vestíbulo, uma antecâmara, uma sala de espera, quer num hotel,

teatro, casa, ou apartamento...). Por outro lado, lobby pode também referir-se à ação

exercida por alguém sobre outro para obter um resultado favorável.

Hoje em dia, o termo Lobby é atribuído ao que antes era unicamente intitulado como

receção, como hall de entrada ou átrio em um espaço público. É entendido como primeiro

espaço para acolher utilizadores, e é, muitas vezes, o lugar comum que dá acesso a outras

salas, como, por exemplo, bar, quartos, elevador, etc., podendo chegar mesmo a ser

considerado como o espaço com maior fluxo de circulação.

O Lobby, em um determinado hotel, pode abrigar por vezes os visitantes para certos

eventos, nomeadamente encontros, reuniões, congressos, workshops, celebrações, ou

apenas encontros de lazer e descontração. Além disso, é uma zona que, pelas suas

caraterísticas em open space implica diversas responsabilidades, por se distinguir como

um espaço multifuncional.

No entanto, a palavra Lobby pode ser interpretada também com o sentido do verbo que

justifica a sua interpretação inicial. Em latim medieval, o termo Lobia significava claustro

de mosteiro, o que quer dizer que a palavra naquele momento estava associada ao

recolhimento, ao silêncio, ao falar em voz baixa, ao recolher-se com Deus, à serenidade

do murmúrio em diálogo divino com monges, freiras, frades. Os claustros em mosteiros,

conventos, igrejas, catedrais, abadias, etc. eram não apenas espaço de meditação, mas

espaço aberto, o que permitia contato com o ar livre e contemplação silenciosa do céu e

dos outros. Dava-se, por isso, a designação de clausura, à vivência nos claustros, à

atividade de sustentar entre os religiosos, ambiente de reflexão, de oração, e,

2 Segundo Mata (2000), a palavra lobby, é usada com o sentido de ilustrar um grupo ou uma pessoa que consegue favores dos políticos, nasceu no Hotel Willard da Cidade de Washington D.C., nos USA, pois nos finais do século passado as pessoas posicionavam-se estrategicamente no Lobby do hotel para comunicarem os congressistas que nele se hospedavam.

Page 17: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

17

principalmente, de união entre as mesmas crenças religiosas. Porém, e apesar da

desvinculação física com o mundo exterior fora do mosteiro, os monges pretendiam

manter a ligação com a Humanidade e com as suas respetivas dificuldades através da

oração. O recolhimento – o diálogo – com Deus poderia efetuar-se em qualquer lugar,

mas a igreja, as celas, os claustros favoreciam o isolamento, a reflexão e a observação do

outro que também se concentra na súplica.

Em Inglaterra, no entanto, as primeiras utilizações do termo remontam ao séc. XIX em

âmbito político Desde 1830, a expressão «the lobby of the House» designava os

‘corredores’ da Câmara dos Comuns, a ‘sala dos passos perdidos’, onde os membros dos

diferentes grupos de pressão podiam vir ‘fazer os corredores’, quer dizer, discutir com os

Members of Parliament (parlamentares).

Do mesmo modo, nos Estados Unidos, durante a Guerra da Secessão, o general Ulysses

S. Grant3, depois do incêndio da Casa Branca, instalou-se no Hotel Willard4, onde o rés-

do-chão (Lobby) foi invadido por grupos de interesse muito diferenciado. Historicamente,

várias decisões importantes foram resultantes de discussões no lobby, originando a prática

a expressão, que conhecemos, hoje como lobbying.

3 Ulysses S. Grant (1822-1885), militar e político americano, foi também o 18º Presidente dos Estados Unidos, entre 1869 e 1877. 4 O Hotel Willard é considerado o primeiro hotel a conhecer e receber a prática dos lobistas por volta de 1864-69, época que em Ulysses S. Grant governou o país e foi abordado no lobby deste hotel por uma série de pessoas que pediam ajuda com casos que envolviam o governo.

Figura 1 - Hotel Willard durante a Guerra Cívil. Fonte: Brownstein. 2012

Page 18: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

18

Significa esta evolução de sentido que a própria língua portuguesa, tendo utilizado as

formas hall, entrada ou receção5, se vai apropriar, mais recentemente, também da

denominação lobby para o ingresso hoteleiro, devido à proporção, à dimensão e à

simbologia que estes espaços adquiriram na hotelaria moderna.

2.2. Evolução do Lobby no espaço hoteleiro

Não podemos refletir sobre a evolução do Lobby sem mencionar, em primeiro lugar, o

próprio desenvolvimento do hotel, da hotelaria e do aparecimento destes espaços para o

público.

Segundo Quintas (1971), as origens da hotelaria, mais precisamente, a prática e a

sensibilidade da hospitalidade surgem nos primórdios da civilização.

«Hotel é o meio de hospedagem mais convencional e comummente encontrado em

centros urbanos. É o estabelecimento onde os turistas encontram acolhimento e

alimentação em troca de pagamento por esses serviços. Hotel é uma empresa pública que

visa obter lucro oferecendo ao hóspede alojamento, alimentação e entretenimento»

(Cândido e Viera, 2003, p. 24).

O primeiro contacto estabelece-se na primeira sala, ou no primeiro espaço que o utilizador

observa, independentemente do termo que lhe foi atribuído (hall, entrada, receção,

lobby). O conceito idealizado para receber o visitante ou hóspede surge nas primeiras

viagens que foram realizadas. Estas, como se sabe, tiveram origem na Grécia Antiga, com

os primeiros jogos Olímpicos, marcando o início da hospedagem e, por sua vez, o da

hotelaria.

Na Olímpia, os espetadores dos jogos pernoitavam durante vários dias numa hospedaria

com mais de 10 mil metros quadrados, sendo considerado por muitos estes tipos de

alojamento o primeiro hotel do mundo.

«As primeiras hospedagens devem ter ocorrido nos tempos de Olympia e Epidauro

quando os povos da época tinham necessidade de viajar muito, porque qualquer tipo de

comércio só podia ser praticado com o deslocamento de pessoas para vender e comprar

5 Mata (2000), considera que a receção é o local do hotel onde são recebidas e controladas todas as mercadorias que entram para o hotel, para uso ou consumo.

Page 19: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

19

produtos. Para isso deveriam existir locais para essas pessoas hospedarem-se» (Cândido

e Viera, 2003, p. 27).

Na época do Império Romano perdurava o designado hostellum, uma espécie de palacete,

que hospedava apenas pessoas de classe nobre, e que era conhecido pelo luxo e pelos

serviços oferecidos a seus clientes, infraestruturas, que variavam de hospedaria para

hospedaria.

Durante a Idade Média, surgiram os primeiros espaços da atividade hoteleira com fins

comerciais, e a religião e a hospitalidade aliaram-se, chegando a acolher peregrinos,

padres, missionários em mosteiros ou conventos que funcionavam como pousadas.

Algumas tabernas6, localizadas ao longo das estradas, ofereciam alimentação, serviços,

manutenção e mesmo alojamento e limpeza para as charretes7 ou outro tipo de veículos.

É assim que podemos recordar que «aos modestos refúgios, estabelecidos sob os pórticos

dos templos, onde os viajantes a pé ou a cavalo faziam breves altas, sucederam os

albergues e os cabarets, onde os peregrinos e os negociantes podiam pernoitar, mediante

pagamento» (Quintas, 1971, p. 8).

A estabilidade e preparação dos meios de hospedagem possibilitaram a existência de

cocheiras e estábulos para os cavalos, que puxavam as carruagens durante longos

percursos. Por volta do século XII, o desenvolvimento e frequência das viagens

aumentou, assim como a segurança, tendo obrigado vários países europeus a implementar

leis e regulamentações sobre a prática de hospedagem, como é o caso de França já no

século XIII e Inglaterra mais tarde no século XV:

Por volta de 1420, a lei francesa exige o cadastramento oficial dos

estabelecimentos destinados à hospedagem e reforça o cumprimento das leis em

vigor. Na Inglaterra, a lei estabelece os regulamentos internos para hospedarias, e

6 Conforme Cândido & Viera (2003), as tabernas e pousadas dispunham de empregados, que serviam os viajantes para qualquer necessidade, chegando a cuidar também dos animais, principalmente os cavalos, após viagens de longas distâncias. 7 As charretes eram veículos de tração animal, que se distinguiam da carroça por serem de uso quase exclusivo para passeio e viagens curtas, ao contrário das carroças que eram usadas para transportes diversos e habitualmente para trabalhos.

Page 20: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

20

o governo passa a exercer rigoroso controle no seu cumprimento (Cândido e

Viera, 2003, p. 31).

Em Londres, um século mais tarde, os termos também evoluíram, e a palavra hostelers,

que significava ‘hospedeiros’ influenciou então paralelamente a criação de innholders –

hoteleiros (Medlik & Ingram, 2002). Os primeiros servos, ‘criados’ que prestaram serviço

nestes espaços de pousada, foram naturalmente os sujeitos dependentes:

Nas grandes cidades do Império Romano surgiram, então, os primeiros hotéis de

vários andares, tendo como pessoal escravos rudemente dirigidos. (Quintas, 1971,

p.8).

Conforme afirma Penner (2001), os hotéis, como os conhecemos, com salas privativas,

instalações recreativas e componentes de retaguarda, não eram comuns até ao

aparecimento da sumptuosa Tremond House em Boston. A partir dela, a América do

Norte e a Europa marcaram o primeiro grande desenvolvimento de hotéis:

O que realmente caracterizou o ponto de partida da hotelaria de luxo que persiste

até os dias atuais foi a construção, em Boston, em 1829, do Hotel Tremont House,

hotel de luxo com oito banheiros dentro do prédio, UHs privativas com

fechaduras, serviço de recepção, mensageiros para carregar a bagagem (o hotel

tinha cinco andares e não possuía elevador) e menu à la carte em seu requintado

restaurante. Pela beleza, requinte e conforto, pessoas importantes da época

aderiram a nova proposta de hospedagem representada pelos hotéis e passaram a

freqüentá-los: eram artistas, autoridades, políticos, religiosos e isso deu fama e

prestígio a essa nova opção comercial. (Cândido & Viera, 2003, p. 34).

A Revolução Industrial8foi o acontecimento mais importante na evolução dos meios de

transporte e simultaneamente na hotelaria, pois a grande parte da população começou a

ter acesso às viagens, através das carruagens a vapor, que surgem por volta de 1840, e

que circulavam nas novas ferrovias, implementadas por esta transformação social,

8 A Revolução Industrial corresponde à transição para novos processos de manufatura no período compreendido entre 1760 e 1840. A mudança incluiu a alteração de métodos de produção artesanais para a mecanização da produção. A revolução ocorreu inicialmente na Inglaterra e rapidamente se exportou para a Europa e para os Estados Unidos.

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21

ocorrendo também, neste período, as viagens marítimas com os novos navios a vapor. Foi

em Inglaterra, em França e nos EUA que se notaram os avanços mais significativos. Os

albergues britânicos tornaram-se, assim, populares, pois foram os primeiros a obter

reconhecimento pelo seu acolhimento e pelos resultados alcançados.

Conforme Cândido e Viera (2003, p.34.) afirmam, a concorrência entre estes

estabelecimentos começou a aumentar e, poucos anos depois, o American Hotel de Nova

Iorque inseriu o sistema de iluminação a gás em todo o estabelecimento. O Holt’s Hotel,

também na América do Norte, implantou os elevadores exclusivos a bagagens e o New

York Hotel trouxe a novidade do sistema de banho privativo.

Um dos acontecimentos mais marcantes da história da hotelaria foi a construção do

primeiro Hotel Ritz9, em Paris em 1898. Foi César Ritz10, filho de camponeses franceses,

quem conduziu a hotelaria em França.

9 O primeiro Hotel Ritz, localizado na Place Vendôme, foi construído pelo arquiteto Hardouin-Mansart, e inaugurado em 1 de Junho de 1898. 10 César Ritz nasceu a 23 de Fevereiro de 1850, e era natural da cidade de Niederwald, localizada na Suíça-Alemã. Foi o terceiro filho de Anton Ritz, e o menos interessado na vida rural. Aos 15 anos de idade, iniciou os seus trabalhos no ramo hoteleiro, num hotel na cidade de Brig, na Suíça, com o cargo de auxiliar, encarregado de cuidar do depósito de vinhos.

Figura 2 - Fachada do Hotel Ritz no ano 1898. Fonte: Historic Hotel Of The World, 2020.

Page 22: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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«Esse hotel foi um marco na hotelaria pois foi o primeiro estabelecimento hoteleiro a ter

iluminação elétrica e a equipar todos os seus aposentos com banheiro privativo e

telefone.» (Cândido & Viera, 2003, p.41).

Segundo Cândido e Viera (2003), trata-se de um edifício que transmite uma sensação de

bem-estar, de luxo, de sofisticação e elegância, de higiene, modernismo e estética,

constituído por cerca de 135 apartamentos e de 40 suítes, com vista para a famosa Place

Vendôme11.

Caraterizado pela sua decoração própria, e com a subtileza do classicismo francês

tradicional, hospedou diversas personalidades e famosos de renomes como Coco Chanel,

Maria Callas, Chopin, etc., como se pode verificar pelo histórico disponível no próprio

website do Hotel.12

O século XX é marcado pelos grandes progressos a nível económico, social e político

trazendo, mais tarde, consequências positivas a nível do design e do lobby. A evolução

tecnológica influenciou também a evolução turística, a introdução do elevador, de

sistemas eletrónicos, de iluminação elétrica, o nascimento do computador, do telefone, o

aquecimento central, e a canalização da água, no entanto, apesar de todas estas invenções

serem do século XIX, foi no século XX que se tornaram mais populares:

Hotels in the late 1800s were marked by technological innovation: central

heating; indoor plumbing; gas, then electric, lighting; elevators; telephones; and

so on. Also, during this period, the hotel became the center of much of the social

life in cities, and grand hotel dining rooms and ballrooms were developed.

Resorts began to prosper as the industrial revolution created wealthy families

who moved from the cities to luxurious rural resorts for the summer. Hotel

segmentation had begun. The twentieth century, especially since World War II,

has seen immense growth in the hotel industry. Roadside motor inns were

11A praça Vendôme encontra-se localizada no 1º ‘arrondissement’ de Paris, entre o Jardim das Tulherias e a igreja da Madeleine. Deve-se a sua conceção arquitetónica Jules Hardousin-Mansart, em 1699.

12 Informação disponível em http://www.historichotelsthenandnow.com/ritzparis.html

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developed in the 1970s, and economy hotels, all-suite hotels, and “fantasy”

resorts in the 1980s.13 (Stipanuk & Roffman, 1996, p. 361).

Contudo, é difícil delinear uma evolução concisa especificamente do Lobby, porque

temos de a integrar na ideia de alojamento e do primeiro espaço que acolhe clientes, tendo

vindo a ser explorada e desenvolvida até chegarmos á planificação e estrutura que

conhecemos hoje.

Começando por ser o primeiro lugar, que acolhe o visitante ou o hóspede, é efetivamente

uma zona de receção, sem necessitar obrigatoriamente de um anfitrião que deva

rececionar as pessoas.

Alguns exemplos das fases importantes para a hotelaria ao longo deste século, situa-se

após a Primeira Guerra Mundial (1914 -1918), tendo sido considerado como o segundo

período de ouro para os investimentos e construções hoteleiras. Alguns dos hotéis com

maior importância deste período foram o Stevens Hotel, atual The Hilton Chicago, o Hotel

Pennsylvania, atual Statler Hotel, em Nova York, entre alguns outros.

O Stevens Hotel abriu em 1927 em Chicago, com cerca de 28 andares e 3.000 quartos foi

projetado para se adequar ao maior e ao mais exuberante hotel do mundo.

13 «Os hotéis no final do século XIX foram marcados por inovação tecnológica: aquecimento central; canalização interna; gás, depois elétrico, iluminação; elevadores; telefones; e assim por diante. Além disso, durante esse período, o hotel tornou-se no centro da grande parte da vida social nas cidades, e foram desenvolvidas salas de jantar e salões de grandes hotéis. Os resorts começaram a prosperar quando a revolução industrial gerou famílias ricas que se mudaram das cidades para luxuosos resorts rurais durante o verão. A segmentação de hotéis tinha começado. O século XX, especialmente desde a Segunda Guerra Mundial, registou um grande crescimento na indústria hoteleira. As pousadas ao longo da estrada foram desenvolvidas na década de 1970, assim como os hotéis económicos, e hotéis de suites e resorts de ‘fantasia’ na década de 1980.» (Tradução livre da autora)

Figura 3 - Fachada do hotel Stevens Chicago em 1922. Fonte: Chicagology, 2020.

Page 24: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Este hotel foi desenvolvido por James Stevens, pelo filho Ernest Stevens e pela família

que já administrava a companhia de seguros Illinois Life Insurance Company e o La Salle

Hotel. Esta unidade hoteleira era conhecida como uma ‘cidade dentro de uma cidade’,

por, para além de incluir lojas, salões para congressos, proporcionava um campo de

minigolfe no telhado, uma sala de cinema, uma barbearia, uma geladaria e até uma

farmácia. Teve a reputação de hospedar os Presidentes dos Estados Unidos da América

desde esta época, tendo sido Charles G. Dawes14, o primeiro convidado (30º Presidente

dos Estados Unidos entre 1925-1929).

Porém, a Grande Depressão trouxe falência a família Stevens, tendo sido acusada de

corrupção e desvios financeiros por parte do Estado de Illinois. Por volta de 1942, o

Exército dos EUA, durante a Segunda Guerra Mundial, comprou o Stevens Hotel, por

mais de metade do seu valor, com o intuito de abrigar os soldados, usando o

estabelecimento como quartéis e salas de aulas da Força Aérea. Poucos anos mais tarde,

a propriedade foi adquirida pelo empresário Conrad Hilton, tendo dado nome ao novo

hotel, que se mantém até aos dias de hoje. Desde a mudança de proprietários, este hotel

sofreu alguns danos, tanto por ir envelhecendo com o passar dos anos, como com a

Convenção Nacional Democrata de 1968 (Democratic National Convention), em que

dezenas de manifestantes se abrigaram neste mesmo edifício, deteriorando-o ainda mais.

Em outubro de 1985 e, após o encerramento e a requalificação das instalações, o hotel

abriu novamente ao público com uma redução significativa no número de quartos, que,

entretanto, se tornaram maiores e mais elegantes. A última reabilitação deste hotel data

de 2012 com a implementação de novos restaurantes, sobretudo com o objetivo de atrair

maior número de clientes.

Outros acontecimentos do século XX podem compreender-se, após as duas Guerras

Mundiais, pois a hotelaria passou períodos bastante irregulares, tendo momentos de

desenvolvimento e algumas fases de suspensão de atividade. Assim, com o surgimento

da grande depressão ocorrida na década de 1930, o desenvolvimento da hotelaria

14 Charles Gates Dawes foi o 30º vice-presidente dos Estados Unidos da América, entre 1925 e 1929. Charles foi premiado com o Nobel da Paz a 1925, pelo seu esforço e luta com o Plano Dawes, que pretendia viabilizar as indenizações da Guerra com a Alemanha.

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americana sofreu, dificuldades graves, conduzindo diversos estabelecimentos hoteleiros

ao encerramento. É apenas em 1950 que pode notar-se uma recuperação expressiva.

Até aos finais do século XX, surgiram novos e variados estilos artísticos, resultantes de

outras conceções e diretrizes, que se refletiram também na hotelaria e, neste caso, no

design de interiores. O design do lobby expandiu o conceito da sua configuração, sofrendo

alterações espaciais, relativas à evolução que ocorria na época. Os lobbies foram durante

os anos 50 e 60 projetados com base numa escala relativamente pequena, condicionados

principalmente por princípios económicos. No entanto, por volta de 1970, nos hotéis

sobretudo americanos a escala aumentou consideravelmente e a exuberância passou a ser

notável.

O Hotel Hyatt Regency no centro de Atlanta, na Geórgia, marcou o design do lobby, em

1967, com a implementação de um novo átrio. O arquiteto John Portman desenvolveu um

projeto totalmente inovador para a época, um edifício com 22 andares e com uma cúpula

de vidro que permitisse ver o céu.

The prestige of Atlanta, Georgia soared afters its first atrium hotel, the Hyatt

Regency Atlanta, triggered a wave of a new development and catapulted the city

into the city into the future, further defining its role as capital of “the new South.15

(Penner, Adams & Robson, 2013).

Mais tarde, surgiram novas tipologias para o ingresso no hotel, sendo um exemplo a

Boutique Hotel. Em 1980, o empreendedor Ian Schrager, e o seu colaborador Steve

Rubell, criaram esta nova configuração com o objetivo de transformar o Morgans Hotel

de Manhattan numa boutique hotel.

15 «O prestígio de Atlanta, na Geórgia, disparou após seu primeiro hotel no átrio, o Hyatt Regency Atlanta, provocou uma onda de um novo empreendimento e catapultou a cidade para a cidade no futuro, definindo ainda mais seu papel como capital do “novo sul”» (Tradução livre pela autora).

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Em conjunto com estes dois, trabalhou Andrée Putman, a arquiteta e designer de

interiores parisiense, acabando por marcar também a história do design de interiores.

Boutique hotels originated in marginal neighborhoods where inexpensive and

obsolete buildings were transformed into high-fashion lodgings. With their

explosive popularity and heavy investment from major chains, boutiques have

expanded to more central upscale locations in the city. Other markets that drive

location in the city are for the hotels located near major medical centers,

government centers, convention centers, financial markets, courts, universities,

and city halls.16 (Penner, Adams & Robson, 2013, p. 15).

No início do século XXI, surgiu um hotel que se destaca pela diferença e vigor, o Hotel

Puerta América, em Madrid, cujo estabelecimento é ainda hoje considerado como um dos

símbolos de modernidade. Qualificado com a categoria de luxo, este hotel representa um

espaço de união entre diferentes culturas e formas de interpretar o design e a arquitetura.

16 «As boutiques de hotel são originárias dos bairros marginais onde os edifícios baratos e obsoletos foram transformados em acomodações de alta costura. Com sua popularidade explosiva e um forte investimento de grandes redes, as boutiques expandiram-se para locais mais sofisticados da cidade. Outros mercados que conduzem a localização na cidade são para os hotéis localizados próximos aos principais centros médicos, centros governamentais, centros de convenções, mercados financeiros, tribunais, universidades e prefeituras» (Tradução livre pela autora).

Figura 4 -Lounge do Hotel Morgans, Manhattan. Fonte: Jetsetter, 2020.

Figura 5 - Fachada do Hotel Puerta América, em Madrid. Fonte: Hernandéz, 2020.

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27

Na sua construção, estiveram presentes cerca de dezanove dos melhores arquitetos e

designers do mundo, de treze nacionalidades, que possibilitaram uma aliança com vários

materiais, texturas, cores e formas, acabando por criar espaços diversificados, propondo

uma liberdade criativa e flexibilidade de escolha para melhor consenso por parte dos

hóspedes e consumidores.

A estrutura do edifício consiste num esqueleto de betão armado com duas grandes alas

laterais em um núcleo central constituído por um lobby em frente a um amplo elevador.

Cada ala lateral está ligada a um corredor com acessos aos quartos e suites de cada um

dos lados. Este hotel com 14 andares tem uma forma diedra, que constitui um ângulo de

150º e as cores da sua fachada alteram com a luz à medida que incide nos toldos coloridos,

criando deste modo certo movimento e dinamismo ao edifício.

O hotel Puerta América foi inaugurado em 2006, e a obra contou com a participação de

personalidades como Jean Nouvel17, arquiteto e designer responsável pelo último piso e

pelas 12 suites do 12º andar, mas também por Javier Mariscal, Ricard Gluckman,

Fernando Salas, Victorio & Lucchino, Norman Foster, entre outras, que deram também o

seu contributo ao desenvolvimento deste espaço. O objetivo primordial deste projeto era

refletir luxo, inovação, autonomia, singularidade, e liberdade formal num

estabelecimento hoteleiro, evidentemente eclético, possibilitando aos hóspedes o poder

de descoberta para um universo sempre diferente em cada uma das visitas.

Relativamente ao século XXI, era da tecnológica e da inovação, a evolução constante da

tecnologia, torna difícil uma caraterização deste início de século com um único registo,

pelo facto de nos depararmos com inúmeras variedades de estilos, de linguagens, e de

elementos capazes de formar um ambiente e delinear uma tipologia de design.

Documentam-se práticas de risco com novos materiais, texturas, cores, formas com a

filosofia de não existirem limites.

O design do século XXI carateriza-se fundamentalmente pelo rigor e pela atenção a cada

pormenor. Há maior cuidado com a consistência e com o equilíbrio de cada um dos

17 Jean Nouvel é um arquiteto francês de renome. Estudou na Escola de Belas-Artes de Paris e já foi distinguido com diversos prémios nas suas áreas, tais como o prémio Aga Khan, o Wolf Prize in Arts e o Pritzker.

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registos propostos. As formas geométricas voltam novamente a ter grande relevância de

modo mais sóbrio, e traduz-se, no geral, no design pensado na estética, mas também no

conforto, na ergonomia e principalmente nas exigências e necessidades do utilizador.

O lobby é a zona com maior importância e evidência em um hotel ou edifício, devido à

relevância que adquire a nível social, funcional, inclusivo, comunicativo e dinâmico. É

no lobby que se assume a linguagem respeitada em todas as outras salas e serviços, é no

lobby que se apresenta o conceito, do próprio hotel, pois a referência de acesso é dada por

arquitetos e designers de renome.

Algumas caraterísticas no design do século XXI passam também pelo uso de

determinados materiais e tecnologias, tais como: o PVC e a espuma; o uso comum de

plásticos e seus derivados; as cores vivas; alguma ousadia na idealização do projeto, mas

também certa liberdade; aplicação de couro ecológico; materiais recicláveis, e matérias-

primas ecológicas, em virtude da sustentabilidade; desenhos orgânicos; a valorização da

reflexão. No entanto, um fator importante era a consideração de um produto para

constituir um referencial em eficiência, passando a ser inovador, ter distinção estética,

funcionalidade e, cada vez mais, uma responsabilidade ética e preocupação ambiental.

2.3. A importância e o respetivo impacto do Lobby de hotel 2.3.1. Fatores caraterísticos e marcantes no lobby

O lobby é o primeiro espaço a acolher os hóspedes e/ou os visitantes, é o espaço que

introduz o tipo e a identidade do próprio hotel. É a partir do lobby que se transmite e se

traduz as primeiras intenções que possam atrair os clientes, ou apenas passar determinadas

mensagens a quem o visita, ou a quem vai permanecer durante algum tempo.

O lobby é o rosto do hotel, considerando-se um espaço apelativo que recebe quem chega

e que, ao mesmo tempo, transmite uma imagem de atendimento conforto, elegância ou

irreverência, entre tantos outros atributos materiais, que devem ser cuidadosamente

selecionados, de acordo com a imagem que o hotel ou grupo hoteleiro, procura pretender

transmitir aos seus utilizadores/clientes.

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As expetativas ligadas a um hotel são sempre elevadas, independentemente de o utilizador

ser apenas um hóspede ou visitante. Qualquer um deles tem consciência que o primeiro

impacto já introduz informação essencial para se poder especular a identidade, o conceito

e o grau de classificação das restantes divisões do hotel, podendo, por isso, ser

influenciado pela acomodação, pelo conforto, pelo serviço, e em geral, pela experiência

que pode vir a usufruir. Deste modo, não é surpreendente que haja sempre muita

curiosidade ao entrar primeiramente no lobby, pois é o espaço que apresenta o que se

poderá vir a suceder durante a estadia ou a visita.

A importância do lobby pode ser avaliada pela qualidade dos materiais, do

mobiliário e da decoração que é, normalmente, superior aos demais ambientes,

incluindo os apartamentos. O lobby é um ambiente que está em plena

movimentação em relação à sua atmosfera. O ambiente do lobby de hotel

dependerá também do momento do dia em que ele acolhe o visitante ou o futuro

hóspede. Neste momento, há pessoas a serem acolhidas e processos a ser

executados, o que pode perfeitamente modificar toda a intenção original de ‘fala’

por parte do ambiente. (Castro, Butuhy & Paim, 2008).

Figura 6 - Mapa dos principais fatores da importância do lobby.

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30

Considerado o espaço com maior impacto sobre os seus utilizadores, tanto a nível físico,

como a níveis de fatores sensoriais, através da ideia de receção que, na maioria das vezes,

pretende transmitir conforto, bem-estar, serenidade e tranquilidade e, principalmente, a

sensação de que se chega a um destino desejado. É necessário conseguir conceder ao

utilizador um espaço, um universo idealizado e surpreendente que faculte desejo não

apenas para permanecer, mas também para voltar. Deste modo, o lobby deve ser um

espaço único, individual, extravagante, acolhedor, excecional e inesquecível para que

consiga tornar a primeira impressão a mais importante e a mais perdurável.

Estes fatores, que influenciam um espaço, como o lobby, para a possibilidade de vir a

marcar a memória dos seus visitantes, passam também por cumprir as expetativas

lançadas e projetadas, pois, cada vez mais, a imagem que a entidade apresenta através da

internet ou de outros canais de informação, tem importância no ato de escolha e decisão.

Na maioria dos casos, as informações visuais e descritivas que o estabelecimento

disponibiliza sobre o estabelecimento, serviços, experiências, afeta a escolha do mesmo,

dado que o contacto com o espaço real pode potenciar ou desiludir a imagem proposta,

acabando por se tratar com o ambiente do lobby um compromisso por parte da unidade

hoteleira.

As sensações devem ser positivas, mas estas também estão pensadas em conjunto com o

conceito que integra o hotel. O projetista é o responsável por conceber o que se pretende

transmitir através do espaço. De acordo com isso, todos os fatores importam. Entre o

estilo mais informativo, mais extravagante ou exuberante para um hotel de categoria de

luxo, ou, por outro lado, mais sóbrio, com menos informação e menos rigidez, sendo que,

por entre estas oposições se possam encontrar variadíssimos registos e inúmeras formas

de apresentar e transmitir o que se quer exibir a quem o visita.

Todos os agentes relacionados com a dimensão e organização do espaço, com o estilo

decorativo, e com objetivos e função, têm uma grande influência sobre os consumidores

e, por sua vez, na avaliação e classificação. Por isso todos os pormenores são importantes.

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Ian Schrager18 defendia a convicção de que era necessário proporcionar uma experiência

hoteleira, que se compare à de uma peça de teatro, um espaço em exibição. Tal forma de

pensar acabou também por influenciar o design do lobby de hotel.

«Also similar design concepts are expressed differently in each hotel type. For example,

the social pastime of people-watching in the downtown or suburban hotel is

accommodated by its lobby or atrium space. » 19 (Penner, et al., 2003, p. 7).

Os critérios são os processos que mais influenciam a avaliação dos utilizadores, porque

são estes que qualificarão a qualidade dos serviços, da organização, da localização, da

dimensão dos espaços, mas, principalmente, pelo ambiente, estilo e design em que se

inserem.

Os projetos de design hoteleiros mais eficazes são aqueles que são organizados com

vários pontos-chave: o marketing com apelo ao mercado-alvo, projetando a imagem

desejada e comprovando o preço e a qualidade exigida; um ambiente interno e condições

que apoiam uma atmosfera social adequada e o tipo de serviço; as operações que atendem

as necessidades práticas para servir os clientes de forma eficiente e com o padrão exigido.

O aspeto passa também pela qualidade da manutenção. É uma das aparências que mais

pode condicionar a opinião do hóspede ou do visitante. De acordo com o padrão

adequado, as substituições exigidas, como por exemplo, uma carpete, azulejos raros,

vasos decorativos, etc. Deste modo, o design deve corresponder ao equilíbrio entre as

necessidades dos clientes e a conceção idealizada pelos proprietários e operadores.

Podemos classificar o lobby como uma zona ‘bi- funcional’, agrupando dois ambientes

em um único, aquele que se entende como um espaço aberto e convidativo à atividade

social, como, ao mesmo tempo, se equilibra como um espaço mais reservado e neutro.

Porém, são com os lobbies de maiores dimensões que, na maioria das vezes, é requerida

uma zona de estar que se adeque a estes dois ambientes para que possa encontrar respostas

para as diferentes necessidades das variadas faixas etárias, e interesses dos seus hóspedes.

Ao contrário dos estabelecimentos hoteleiros com lobbies de menor dimensão, em que os

18 Ian Schrager é um empresário americano, hoteleiro promotor imobiliário, conhecido também pela criação da categoria hoteleira de Boutique Hotel. 19 Alguns conceitos semelhantes de design também são expressos de formas diferentes em cada tipo de hotel. Por exemplo, o passatempo social de observar pessoas no hotel, no centro ou nos subúrbios é adequado ao lobby ou espaço no átrio (Tradução livre pela autora).

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hóspedes acabam por ficar alojados com uma duração mais curta e usufruir menos do

espaço do lobby. Numa ideia de lobby mais completo, o lounge incluiria uma zona

dedicada ao relaxamento, à leitura, ao uso de aparelhos eletrónicos, entre outras

possibilidades, mas também uma área de maior descontração, de socialização, e até ao

acesso ao próprio consumo de um aperitivo, de uma simples bebida. Podemos, neste

contexto, recordar a afirmação:

«Lobbies are where public and private worlds meet. »20 (Berens, 1996).

Segundo Berens (1996), é efetivamente no lobby onde se reúnem dois mundos, dois

registos para diferentes interesses. As taxas de sucesso dos projetos de design conciliam

as duas principais caraterísticas: o impacto visual e o funcional. O impacto é a impressão

que mais subsiste como marco na memória, pois, mais facilmente, um cliente recorda

uma má experiência a nível funcional, do que uma boa sensação. É, por isso que, o serviço

e a resposta aos interesses de quem chega, é fundamental para que as expetativas

correspondam ao que anteriormente se idealizava quando se procedeu à reserva. Os dois

fatores não resultam tão bem quando não estão associados. Na verdade, é sempre

necessário antecipar e analisar o perfil e o tipo de utilizador mais frequente para quem

concebeu consiga adequar o espaço, direcionando-o o melhor possível para os requisitos

pretendidos. Por exemplo, no caso de um casal mais idoso, que se encontre de férias, a

oferta concedida deveria ir ao encontro de um espaço calmo que transmita tranquilidade,

conforto e possa permitir naturalmente momentos de serenidade como ler um livro,

conversar, prevendo espaços de intimidade e de algum silêncio, mas que, ao mesmo

tempo, seja envolvente e social. Relembrando a opinião de Berens (1996):

«The lobby is a total design environment, engendering a sense of arrival socially and

physically. » 21 (Berens, 1996, apud Thapa, 2007).

Por outro lado, um lobby direcionado para um público mais jovem, mais descontraído, já

poderia propor espaços mais conviviais, mais ruidosos, com outro tipo de cores, etc.

Entre as inúmeras formas e caraterísticas para reconhecermos um lobby como espaço de

20 «Os lobbies são onde o mundo público e o privado se encontram.» (Tradução livre pela autora) 21 «O lobby é um espaço que, num todo cria uma sensação de chegada social e física.» (Tradução livre pela autora)

Page 33: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

33

fronteira e de acolhimento é aquela que propõe uma melhor separação entre o espaço

exterior do edifício e a sua relação com o acesso ao interior, e, por outro lado, a ligação

convidativa para as restantes divisões e serviços do hotel.

O lobby tem também a importante caraterística de ser o espaço com maior fluxo de

circulação, maior relevância e importância num hotel, podendo concentrar, na maioria

das vezes, outras funções hoteleiras, tais como a receção, zonas de check-in, check-out,

zona de espera ou lounge, espaço de encontro para reuniões formais ou informais, área

para recolha de informações, bar, por vezes, restaurante e é sempre, como sabemos,

uma área de acesso a outros espaços e serviços.

2.4. Elementos constitutivos do Lobby

2.4.1. A receção

A receção é o principal elemento constitutivo do lobby, por conseguir integrar uma maior

quantidade de soluções para as necessidades imediatas de cada um dos utilizadores.

A receção é, como o próprio nome indica, a secção do estabelecimento que tem por

principal objetivo o acolhimento dos hóspedes

Pode, naturalmente, variar em aspetos como a área ocupada em termos de dimensão, que

pode depender, por sua vez, do número de funcionários e colaboradores que nela prestam

serviços, da extensão de trabalhos visíveis a desempenhar, assim como o equipamento e

mobiliário previstos para o efeito. Assume-se como pouco linear o número preciso de

funções que o lobby pode exibir, dado que podem ser flexíveis as opções propostas.

Podemos pensar em lobbies que oferecem boutiques de luxo e lobbies unicamente

circunscritos aos serviços de apoio ao cliente (check-in, check-out, etc.)

Podemos assim considerar que são bastante variadas as funções exercidas pela receção e,

em geral, a diferenciação baseia-se ou está condicionada pela categoria hoteleira ou pela

capacidade económica do estabelecimento.

É na receção que se efetua, como se sabe, na maioria dos estabelecimentos hoteleiros, o

check-in e check-out dos hóspedes que disfrutam das suas estadias no hotel. Até que, com

Page 34: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

34

a evolução tecnológica, surgem novos serviços, como é o exemplo do Self-Check-In, um

serviço que oferece a possibilidade de efetuar o registo e entrada dos hóspedes sem se

dirigir fisicamente a uma receção, ou precisar necessariamente que o façam por nós.

Podemos comparar com os check-in para as viagens aéreas. O check-in tinha de ser

efetuado presencialmente nos aeroportos e há algum tempo, como sabemos, a maior parte

dos passageiros realiza o seu check-in antes de se dirigir ao aeroporto. A receção é

também a zona onde se procuram e onde se encontram informações indispensáveis sobre

visitas externas, excursões, estadias, serviços, etc.

Em resumo, a função mais específica da receção, consiste no acolhimento dos visitantes,

na distribuição dos quartos e no acompanhamento, em alguns casos, aos respetivos

aposentos. Deve também prestar todas as informações sobre disponibilidade de

alojamento, preços, etc.

Conforme Quintas (1988), a categoria e classificação do estabelecimento hoteleiro

também sofrem influência através das funções integrantes da própria receção, sendo

alguns trabalhos atribuídos ao próprio espaço conhecidos como: (1) realização de

reservas; (2) portaria; (3) cobrança de serviços prestados; (4) esclarecimento de dúvidas;

(5) centro de informações, atendimento de desejos e reclamações; (6) elaboração de

mapas e quadros estatísticos, entre outros.

A recepção de um hotel deve ter uma apresentação exemplar no aspecto

organização, decoração, iluminação e principalmente a condição de produzir, no

cliente, uma sensação de bem-estar e de aconchego, sendo que o ponto mais forte

e importante é que nunca ela deve ser supervalorizada e deixar de reflectir a

verdade sobre o conjunto de hotel, isto é, condicionar o hóspede a julgar o hotel

como um todo pelo impacto causado pela recepção. (Cândido & Viera, 2003).

É, muitas vezes, entendida e confundida a ideia de que a primeira impressão surge na

receção, quando na realidade é no lobby e no seu conjunto que se consolidam as primeiras

impressões e as imagens que perduram na memória dos clientes e que ajudam a pressupor

o que poderá surgir, tanto no registo presente nos restantes espaços e estabelecimentos

do edifício, como ao nível do atendimento e dos serviços prestados. É possível afirmar

então, que é na receção e com os funcionários, que a representam, que fica delineado o

tipo de experiência oferecido.

Page 35: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

35

Deste modo, diversos fatores contribuem para a perceção e avaliação do cliente, desde o

modo como a equipa de serviço se introduz, quais são os limites e liberdades que poderá

ter o cliente, que serviços oferecem e que imagem passam ou desejam passar, o cuidado

com que é feita a primeira abordagem, e se é ou não efetuado com simpatia,

disponibilidade e autenticidade.

«Se pretendêssemos comparar um hotel a uma máquina, diríamos que a recepção é o

motor e o recepcionista quem manobra essa máquina.» (Marques, 2006, p. 135).

Todavia, não são só os aspetos emocionais que importam, também os físicos auxiliam

uma boa perceção e para um primeiro impacto positivo, tais como, por exemplo, a

dimensão – tanto em termos de largura como de altura– do balcão de receção, a forma

como estão dispersos ‘os serviços’ (desde a campainha para chamar um funcionário se

for esse o caso, ao lugar propriamente dito, onde este se encontra, aos folhetos

informativos de livre aquisição, à entrega de chaves ou cartões dos quartos), das cores

escolhidas para o equipamento do próprio balcão, das paredes ou backgrounds, dos

materiais selecionados. Por exemplo, um balcão com uma pedra muito fria pode ser

desconfortável ao toque e, na colocação de objetos e documentos de ambos os lados. O

serviço e atendimento importam certamente, mas a conceção do design também é

fundamental.

A zona de receção é o cartão de visitas de um estabelecimento, impresso no

momento do primeiro contato. O pessoal responsável por esses serviços tem a

missão de criar um elo entre a marca, os princípios de gerência e os hóspedes do

hotel. E a receção tem papel fundamental nesse processo de interação. (Soares,

2008).

2.4.2. O bar

O bar é um dos espaços e serviços onde se produzem recursos económicos consideráveis

de um hotel. É no bar que se encontram margens de lucro extremamente altas. A sua

localização é bastante relevante para alcançar e atrair o maior número de clientes possível,

Page 36: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

36

devendo-se, em princípio, localizá-lo perto da entrada para que possa ser imediatamente

visível da receção, e posicionar-se para um acesso facilitado em diversos sentidos.

The lobby bar developed in the 1970s as a way to create activity and excitement

in the open atrium spaces in large hotels. After it proved itself as a popular

meeting place and revenue generator, the lobby bar become standard in most types

of hotels and locations. 22 (Penner, Adams & Robson, 2013).

A principal função do bar é a de propor grande variedade de bebidas, das mais simples

às mais complexas, mas também poder oferecer eventualmente refeições ligeiras ou

aperitivos de acompanhamento. No entanto, a competência do funcionário, ou

funcionários, do barman e colaboradores, que podem servir às mesas, deverá ser modelar,

detentores de postura cativante, refletindo no serviço e no atendimento aos seus clientes

a melhor imagem do espaço hoteleiro.

O espaço dedicado ao bar requer uma organização pensada de forma a incitar os hóspedes

e visitantes a usufruir ao máximo dos serviços de acolhimento. Neste sentido, existem

diversos fatores que contribuem para um bom resultado, como por exemplo, a dimensão,

o balcão onde são servidas as bebidas, a disposição das mesas, cadeiras, bancos,

banquetas maples, os suportes materiais atrativos para os menus, a iluminação, o

equipamento, a escolha dos materiais e das cores atrativas etc. Tudo isto deve incitar o

cliente ao consumo e à permanência neste espaço.

«As instalações do Bar deverão ser acolhedoras e confortáveis, tanto pela importância

dos espaços utilizados e carácter funcional do mobiliário adotado, como pelos cuidados

postos na sua iluminação e ventilação.» (Quintas, 1971).

Existem muitas vantagens em incluir o bar no lobby e, por sua vez, próximo do lounge,

pois, de certa forma, torna o ambiente mais descontraído e convidativo, onde os clientes

22 O bar integrado no lobby foi desenvolvido na década de 70 como uma maneira de criar atividade e emoção nos espaços abertos do átrio em grandes hotéis. Depois de se comprovar como um local popular de reunião e gerador de receita, o bar do lobby tornou-se padrão na maioria dos tipos de hotéis e localizações. (Tradução livre pela autora).

Page 37: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

37

podem relaxar, descansar, ou até viajar através das cores, das luzes, decoração e

disposição dos objetos em si, até por que a companhia de um cocktail favorecer um novo

universo de sabores e experiências. Atualmente, é possível encontrar situações em que o

lounge oferece uma separação física em relação ao bar, mas, na maioria das vezes, está

incluído no mesmo espaço, acabando oferecer permutas, auxílio mútuo entre os diversos

serviços.

É importante que o bar seja um espaço atrativo tanto na sua localização, como no

ambiente que oferece de modo a satisfazer o cliente. O bar precisa de ser um espaço

flexível, que se adapte, que possa acompanhar as tendências e que responda às

necessidades e procura dos clientes, para que, deste modo, os mantenha interessados e

atraídos pelo ambiente sugerido.

Segundo Marques (2007), a palavra bar tem origem no termo barra e era destinado não

só ao espaço onde eram servidas as bebidas, mas ao próprio balcão do estabelecimento,

pois era costume ter uma barra em todo o comprimento, onde os clientes se encostavam,

ou apoiavam. Assim, o termo era de tal forma conhecido que o cliente ao desejar consumir

bebidas dizia que se dirigia ‘à barra’23.

O trabalho do designer no bar de um lobby, passa por facultar uma área disponível, para

que seja facilmente visível e acessível tanto para os hóspedes como para os visitantes do

hotel.

2.4.3. O lounge

Este espaço tem de ser concebido de acordo com a intenção pretendida e a mensagem a

ser passada de forma clara, no que diz respeito à aliança entre o bar e o lounge num espaço

único. Pode também ser previsto como zona distinta e o lounge constituir uma área mais

distante, privada e silenciosa.

A iluminação dos espaços comuns tem de ser particularmente cuidada e

tecnicamente correta. O revestimento do pavimento deverá merecer igualmente

23 Nos dias de hoje ainda se utiliza este termo, em Espanha.

Page 38: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

38

grandes cuidados, sendo que a solução adotada, terá de ir de encontro as condições

de conforto e conceito estabelecidos para o espaço. (Quintas, 1971).

Sobre o lounge é necessário pensar como área mais especifica, simulando quase uma sala

com divisórias para reduzir os altos níveis de barulho, uma zona para a possível colocação

de um palco ou de um piano para as atividades com música ao vivo e entretenimento.

Este espaço deve apresentar mais baixos níveis de luz durante o período de atuações, mas

também, para o próprio relaxamento dos clientes. Os assentos devem ser poltronas ou

sofás e estar mais espaçados uns dos outros.

This facility is completely enclosed, and features lower light levels and more

tightly spaced seating. Depending on the theme, this lounge might have a distinct

section, including a sit-down bar, an entertainment area with a stage and dance

floor, a games area with billiards or backgammon, and quieter seating alcoves. 24

(Stipanuk & Roffman, 1996, p. 380).

As diferentes salas e zonas de estar variam bastante consoante os tipos de hotéis.

Variation among these active bars and lounges is usually based on the

opportunities of the local market and on the expected hotel clientele. Therefore, it

is especially important that the designer be given a clear set of a design objective

for each outlet.25 (Penner, Adams & Robson, 2013).

2.5. Lobbies Internacionais Emblemáticos

No contexto do desenvolvimento da pesquisa sobre o lobby, é significativo mencionar

alguns casos de construção de lobbies emblemáticos no âmbito da indústria hoteleira.

24 Esta instalação é completamente fechada e apresenta baixos níveis de luz e assentos mais espaçados. Independentemente do tema, o lounge pode ter seções distintas, incluindo um bar sentado, uma área de entretenimento com palco e pista de dança, uma área de jogos com bilhar ou gamão e alcovas mais silenciosas. (Tradução livre pela autora) 25 A variação entre esses bares e lounges ativos geralmente é baseada nas oportunidades do mercado local e na clientela esperada do hotel. Portanto, é especialmente importante que o designer receba um conjunto claro de objetivos de design para cada ponto de venda. (Tradução livre pela autora).

Page 39: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

39

Os lobbies mais reconhecidos internacionalmente têm uma importância acrescida, pois,

na maioria das vezes, servem como referência e inspiração para projetos futuros,

sugerindo por consequência a evolução do design de interiores, do espaço e de diversas

áreas envolvidas neste tipo de projetos.

Since each hotel type has a different goal as to the kind of guest it seeks, its

planning requirements will vary by the location selected, size, image, space,

standards, circulation, and other similar characteristics. For example, convention

hotels and conference centers require proximity to airports, while vacation

villages, and ski lodges do not. Airport hotels and roadside motels need high

visibility and signage, while conference centers, country inns, vacation villages

and ecotourist retreats seek seclusion. And while super-luxury hotels must be

small to create an intimate atmosphere, luxury and upscale hotels must be large

enough to justify the great number of restaurants, lounges, and banquet rooms

required by first-class or five-star international standards.26 (Rutes & Penner,

2001, p. 7).

A escolha dos lobbies dos seguintes hotéis foi feita com base em pesquisa eletrónica e em

concordância com opiniões convergentes, que sempre elegeram estes lobbies como os

mais significativos.

2.5.1. Raffles Hotel Singapore (Singapura) O Raffles Singapore encerrou em fevereiro de 2017 para um projeto de renovação dos

quartos e dos espaços públicos comuns e reabriu dois anos mais tarde, a 1 de Agosto de

2019.

Este hotel, que tinha sido inaugurado em 1887, um século mais tarde foi distinguido pelo

governo como monumento nacional pelo elevado êxito a nível mundial ao longo do século

26 Como cada tipologia de hotel tem uma meta diferente quanto ao tipo de hóspede que procura, os seus requisitos de planeamento variam de acordo com o local selecionado, tamanho, imagem, espaço, padrões, circulação e outras características semelhantes. Por exemplo, hotéis de convenções e centros de conferências requerem proximidade aos aeroportos, enquanto que as aldeias de férias e lojas de sky não o fazem. Hotéis de aeroporto e motéis na estrada precisam de alta visibilidade e sinalização, enquanto que os centros de conferências, pousadas de luxo, vilas de férias e retiros de ecoturismo procuram reclusão. E embora os hotéis de grande luxo devam ser pequenos para criar uma atmosfera íntima, os hotéis de luxo e devem ser grandes o suficiente para justificar o grande número de restaurantes, lounges e salas de banquetes exigidos pelos padrões internacionais de primeira classe ou cinco estrelas. (tradução livre pela autora)

Page 40: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

40

XX, tornando-se cada vez mais conhecido, passando a constituir um destino apenas pelas

suas características. Os mais recentes projetos de requalificações foram da

responsabilidade da designer de interiores Alexandra Champalimaud, pela empresa de

arquitetura e design Aedas.

Composto atualmente por 115 quartos, é caraterizado pela junção de luxo, história e

ambiente colonial, chegando a ser intitulado como um dos melhores e mais conhecidos

lobbies do mundo. Considerado o principal e primeiro hotel do luxuoso do grupo de hotéis

Raffles promete oferecer a estadia e o conforto ideal para explorar Singapura.

As grandes caraterísticas deste estabelecimento hoteleiro e do seu lobby são o estilo,

articulado com a cultura, a combinação da grandeza, da história e do charme, elegância e

notável magnificência. Por esta razão, é considerado um dos lobbies de luxo mais

esplendorosos do mundo.

No novo projeto de renovação não há balcões na receção para realizar o check-in,

possibilitando desta forma aos hóspedes, que realizem processo de check-in, já no

conforto de suas suítes.

Figura 7 – Fachada do Raffles Hotel Singapore. Fonte: CNN Travel, 2020.

Page 41: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

41

Uma das principais particularidades deste lobby é a forma positiva como a sua

grandiosidade contribui para a melhor qualidade de estabelecimento hoteleiro – o

acolhimento. A nova imagem concilia sobriedade e boa iluminação, com o requinte e

luxo, conseguindo unir duas caraterísticas quase opostas num excelente resultado, através

da simplicidade na escolha de cores, com tons neutros, não muito garridos, nem

agressivos e a elegância e romantismo do sempre reconhecido Raffles Singapore.

2.5.2. Mandarin Oriental (Barcelona, Espanha) O Mandarin Oriental de Barcelona situa-se na avenida mais elegante da cidade, no

Passeig de Gràcia, perto da Casa Batlló de Gaudí, com a sua exuberante fachada. Foi

considerado exemplar na arquitetura e design de interiores com a transformação e

remodelação da antiga sede do Banco Hispano Americano espanhol do pós-guerra, do

séc. XIX, num estabelecimento hoteleiro reconhecido internacionalmente.

O acesso ao lobby é efetuado através de uma passagem inclinada, como um género de

rampa ou passarela flutuante, proporcionando assim, desde o ingresso, uma vista

panorâmica pela própria entrada. Este declive é formado por uma estrutura metálica que

Figura 8 - Lobby do Raffles Hotel Singapore. Fonte: Reid, 2019.

Page 42: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

42

integra as grades, substituindo a entrada original que era construída com o acesso por uma

escada.

A designer responsável pelo hotel foi a espanhola Patricia Urquiola27, que procurou

fundir o design contemporâneo em um ambiente intemporal, criando um hotel totalmente

exclusivo. O conceito projetado na organização espacial e decoração do hotel baseou-se

num reflexo das caraterísticas urbanas da cidade de Barcelona que consistiu em

interpretar o edifício como uma extensão da própria avenida em que se insere, como um

espaço público à semelhança de uma galeria coberta, mas mantendo a sua elegância em

fusão com a informalidade e simplicidade.

Urquiola proporcionou jogos de luz nas portas deslizantes com entradas para as divisórias

entre o lounge e o balcão de receção.

As cores dominantes são o dourado e o castanho-claro, e carateriza-se este lobby através

de um estilo ligeiramente minimalista, simples e descontraído, que muito se articula com

o ambiente urbano.

27 Patricia Urquiola nasceu em 1961 em Espanha e licenciou-se em arquitetura no Politécnico de Madrid. A sua tese de mestrado foi orientada e supervisionada pelo designer Achille Castiglioni, mas participou também em projetos de design industrial com alguns designers como Vico Magistretti, Piero Lissoni, Patrizia Moroso, entre outros.

Figura 9 - Rampa da entrada do hotel Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019.

Page 43: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

43

O lobby oferece visibilidade para o restaurante do hotel, também projetado e inspirado no

estilo escandinavo, simples, com cores neutras e sóbrias e planos verdes provenientes da

natureza.

Este hotel não deve ser considerado de luxo, mas sim de alta qualidade, que oferece ao

cliente uma sensação de grande conforto ambiental, ao pretender reproduzir e incorporar

tradição e atualidade, com materiais, jogos de texturas e procedimentos inovadores.

2.5.3. Four Seasons (Paris, França) O hotel parisiente, Four Seasons Hotel George V situa-se a poucos metros da avenida

com o mesmo nome, na capital de França, e ocupa um edifício histórico construído por

André Terrail e Georges Wybo em 1928. Este hotel é constituído por oito andares e

revestido por uma coleção de arte requintada e tapeçarias datadas do século XVIII.

Porém, a grande caraterística deste famoso lobby de Paris são os seus arranjos florais que

se destacam por se enquadrarem em um ambiente que pode envolver os próprios hóspedes

e visitantes, pela sua distribuição e disposição em diversos níveis, cores e tamanhos.

Figura 10 - Lobby do Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019.

Figura 11 - Lobby do Four Seasons Hotel George V em Paris. Fonte: Mattos, 2014.

Page 44: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

44

Jeff Leatham, de Los Angeles, foi o designer responsável, e é considerado um dos

melhores e mais aclamados designers de flores da atualidade. Leatham foi também quem

criou os ambientes e decorações de quartos, jardins e salões com cerca de 10.000 flores

que chegam todas as semanas da Holanda.

Este hotel é considerado um dos mais prestigiados e luxuosos de Paris e do mundo, tendo

ganho vários prémios, tanto a nível nacional, como internacional. O estilo romântico com

as esculturas de bronze e pormenores franceses ornamentados prevalecem neste

estabelecimento hoteleiro. Sugerem a sensação de um ambiente aristocrático e, ao mesmo

tempo, de relaxamento, levando o hóspede e o visitante para o um universo de natureza.

2.5.4. Four Seasons (Guangzhou, China) O Four Seasons Guangzhou, localizado na China, acima do Pearl River, e ocupando o

primeiro lugar do International Finance Center de Guangzhou, é um dos arranha-céus

mais altos do mundo. É um hotel de luxo de cinco estrelas, projetado elegantemente com

obras de arte de artistas locais e internacionais. O seu amplo e luxuoso lobby inclui duas

escadarias em espiral, entrelaçadas entre si, à esquerda da entrada e uma penetração de

luz natural pelo topo do edifício, provocando a sensação de aproximação ao céu. As

representações mais marcantes são os painéis vibrantes de tela cortada a laser e as

esculturas de bronze, da autoria Jennifer Marchant e de David Morris, respetivamente.

Figura 12 - Lobby do Four Seasons em Guangzhou, na China. Fonte: ArchDaily, 2020.

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45

A empresa responsável pela construção do edifício foi a WilkinsonEyre28, que trabalhou

também em parceria com a empresa internacional a Hirsch Bedner Associates (HBA)29 e

esta obra teve início em dezembro de 2005 e foi concluída cinco anos depois. A maioria

dos pisos deste hotel tem a finalidade de dar lugar a numerosas conferências, com alguns

escritórios para reuniões e só nos restantes pisos superiores se encontra instalado

efetivamente o hotel. Os pisos destinados ao Four Seasons são do 69º ao 98º e o lobby

situa-se no 70º.

A sua estrutura diagrid tubular e triangular, ou com a forma de um diamante, é construída

em tubos de aço preenchidos com betão que proporcionam uma boa rigidez e proteção

contra incêndios. Esta forma dá ao edifício um caráter único para o Pearl River e

desempenha também um papel de responsabilidade ambiental, pois o edifício foi

projetado de forma sustentável pelo uso baixo da taxa de carbono. Além das medidas

passivas fundamentais, como a orientação, sistemas de construção sustentáveis foram

incorporados ao projeto, que tiveram em linha de consideração questões como o conforto,

manutenção e custo, respeitando a sustentabilidade ambiental e a preservação de energia.

O Four Seasons Hotel Guangzhou, foi o vencedor do Prémio Lubetkin Riba em 2013 e

vencedor da classificação Cinco Estrelas da Forbes Travel Guide pelo quarto ano

consecutivo30.

2.5.5. Fairmont San Francisco (Califórnia) A reconstrução do The Fairmont Hotel em 1902, surgiu das cinzas de um incêndio.

Benjamin Swig, um homem de negócios da Costa Leste, era o proprietário deste edifício

e o seu filho Richard Swig, o presidente do grupo hoteleiro, The Fairmont Hotel

Company. Após a tragédia, Swig considerou que o interior do hotel requeria uma

remodelação e reestruturação do espaço interior e, por isso, contratou Dorothy Draper31,

28 WilkinsonEyre é uma empresa de arquitetura fundada por Chris Wilkinson desde 1983. No entanto só obteve este nome após uma parceria com Jim Eyre em 1987, pois anteriormente intitulava-se de Wilkinson Architects. 29 A Hirsch Bedner Associates (HBA) é a maior empresa de design de hotelaria internacional do mundo com sede em Santa Mónica, na Califórnia. 30 O Prémio Lubetkin Riba é concedido anualmente a arquitetos com o melhor edifício fora da União Europeia, e o Forbes Travel Guide é um serviço de classificação por estrelas e um guia de viagens on-line para hotéis, restaurantes e spas. 31 Dorothy Draper é uma designer de interiores reconhecida pelo registo em usar cores fortes e atrativas, padrões arrojados e exuberantes, tendo quase uma atitude anti-minimalista. Dorothy Draper & Company é a primeira e mais aclamada empresa de design dos Estados Unidos da América.

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46

a emblemática designer da época, que acabou por dar uma nova imagem ao lobby e aos

espaços públicos do edifício.

Draper, introduziu novas ideias na conceção do design, como, por exemplo, os tapetes

pretos e vermelhos, transferindo atmosferas selvagens e tropicais, em simultâneo com as

profundidades sedutoras com ouro lacagem preta. O registo de Draper foi essencial para

a época, tanto pelo cuidado em formas e fases novas após a guerra, como pela inspiração

e aprendizagem que distinguiram o hotel.

O Fairmont San Francisco representa um reflexo da história da cidade de São Francisco.

Considerado como um dos melhores hotéis da categoria de luxo no topo da Nob Hill32, é

conhecido pela sua grandeza, e reputação de um bom serviço, tendo sido palco de algumas

das reuniões e eventos mais influentes.

O lobby salienta-se pelos seus diversos pormenores marcantes, desde as grandes colunas

de mármores, aos veludos azuis, às paredes douradas e às cadeiras de couro. No entanto,

todo o design de interiores dado a este espaço pode ser considerado ligeiramente pesado,

se não fosse o equilíbrio concedido com pormenores verdes das grandes plantas,

proporcionando um clima tropical e californiano.

32 Nob Hill é um pequeno distrito da cidade de São Francisco, no estado da Califórnia.

Figura 13 - Lobby do Fairmont San Francisco. Fonte: Fairmont, 2020

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47

2.6. Síntese

Este capítulo permitiu definir e entender a localização e circunstâncias posicionais em

que o lobby tem vindo a ser inserido no desenvolvimento de um projeto de construção de

um hotel. À medida que as diversas áreas (arquitetura, engenharia, design, etc.), se foram

aperfeiçoando, a importância e impacto que este espaço pode vir a ter no ato de decisão

de uma unidade hoteleira acabando por influenciar positiva ou negativamente os

utilizadores na criação das suas perceções do restante hotel, ou até na difusão para

experiências futuras.

É possível enumerar os principais fatores que caraterizam este espaço, e que contribuem

para uma boa impressão, determinando o que fica na memória de quem visita ou de quem

passa por um lobby. Deste modo, é concluído que, na maioria das vezes, é mais difícil

esquecer uma experiência menos positiva do que uma muito boa impossibilitando

consequentemente o hóspede a voltar e repetir essa visita.

Compreende-se, por estes motivos, relevância dos elementos constitutivos do lobby, que

colaboram para melhor resultado e complementam, por vezes, em conjunto, na

composição do espaço de acordo com as necessidades envolventes do espaço, quer no

plano das dimensões como no dos conceitos. A recolha e análise dos aspetos mais

marcantes e significativos nos lobbies internacionais emblemáticos, servem de referência

para projetos futuros, focalizando-os na importância dos pormenores da estrutura e do

design.

Page 48: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

48

3. Pestana Hotel Group 3.1. Caracterização do Grupo Hoteleiro O Pestana Hotel Group, é a cadeia hoteleira portuguesa com a maior taxa de sucesso. As

cadeias hoteleiras são grupos de empresas do setor do alojamento, que trabalham de

acordo com regras e procedimentos comuns, estabelecidos previamente por uma entidade

titular de marca comercial. Estes grupos podem ser implantados a nível nacional ou

internacional, assumindo a dimensão de mega-cadeias.

O grupo Pestana é originário da Ilha da Madeira, Portugal, e iniciou a sua primeira

atividade no ramo hoteleiro num período em que no país se iniciava uma expansão com

diversos negócios turísticos, graças à maior produtividade agrícola e pecuária. A partir

dessa altura, o grupo esteve sempre em crescimento em diversas áreas, tendo alargado e

diversificado todos os anos os seus negócios.

3.2. História e percurso

O Pestana Hotel Group nasceu na Ilha da Madeira, região autónoma de Portugal, onde

deu início às suas primeiras atividades empreendedoras. Em 1966, Manuel Pestana o

primeiro fundador do grupo, considerou ter encontrado, no topo de uma falésia, na parte

oeste do Funchal, a localização adequada para o primeiro projeto da M. & J. Pestana –

Figura 14 - Tabela representativa da evolução história das cadeias hoteleiras Portuguesas de 2008 a 2017. Fonte: Deloitte, 2018.

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49

Sociedade de Turismo da Madeira, S.A., empresa cujos sócios com partes iguais foram

Manuel e José Pestana, seu irmão, que, mais tarde, vendeu a sua parte ao primeiro.

Surgiu então o investimento na ilha com a ajuda financeira do Fundo de Turismo

português, uma instituição estatal que emprestava metade do capital necessário para a

construção de hotéis de cinco estrelas, e assim foi adquirido o terreno de um pequeno

hotel de 20 quartos, o Hotel Atlântico.

A construção começou em 1968 e em 1972 inaugurou-se o primeiro hotel, o icónico e

atual Pestana Carlton Madeira, antigo Madeira Sheraton Hotel. Alguns conselheiros de

Manuel Pestana, alertaram-no para as dificuldades que poderia encontrar se entrasse

sozinho e sem experiência no ramo hoteleiro e foi por esse motivo que procuraram apoio,

enviando cartas a diversas empresas da área, ao qual só a cadeia Sheraton se posicionou33.

A empresa Sheraton ficou então responsável na altura pela exploração do hotel, sob o

qual também o filho de Manuel Pestana, Dionísio, também trabalhou e dirigiu durante

uma década, chegando a considerar mais tarde esta experiência “ter tido uma boa escola”

(Ornelas, 2008). A prática ao fazer parte da direção do Madeira Sheraton, permitiu a

Dionísio Pestana, assimilar alguns métodos de gestão hoteleira ao longo dos primeiros

anos, beneficiando assim da possibilidade de viajar e frequentar diversas conferências do

grupo.

33 Informação retirada da pág. 68 da Revista Wink, pertencente ao Pestana Hotel Group. Publicada a 7 de dezembro de 2012. https://issuu.com/laca-wink/docs/wink_4

Figura 15 - Manuel Pestana e Mário Soares no primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. s.d. Fonte: Pestana Group, 2020.

Page 50: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

50

Este primeiro estabelecimento hoteleiro foi objeto de uma remodelação iniciada em 2005

e só terminada em 2008, que envolveu investimentos globais de 15,5 milhões de euros.

As requalificações ocorreram em todas as áreas do hotel, incluindo a fachada, as áreas de

serviço, assim como a receção.

A nova imagem do hotel carateriza-se como um estilo moderno e leve, mantendo, porém,

o seu encanto e elegância, mundialmente famosos.

Algumas alterações levaram também à reconstrução de uma nova piscina, suites-spa,

oferecendo vários tratamentos de corpo, ginásio de pequena dimensão, serviços de

jacuzzi, banho turco, duche escocês, massagens, sauna, área de restauração, e o número

de quartos foi reduzido de 338 para 250. Esta intervenção visava reposicionar o hotel para

atrair um segmento de público mais elevado e elevar em 25% os preços médios por

quarto.

Atualmente, o hotel tem 541 quartos e cerca 1.100 camas e é considerado luxuoso e

sofisticado, na categoria de cinco estrelas com vistas privilegiadas para o mar. O Pestana

Carlton oferece o melhor de dois mundos, o ambiente sobre a montanha madeirenses,

transportando o hóspede para um espaço com um espírito desportista e aventureiro, mas,

ao mesmo tempo, possibilita constantemente a vista sobre o mar conduzindo-o para um

universo mais descontraído e repousante.

Figura 16 - Dionísio Pestana a cumprimentar Mário Soares na cerimónia de abertura do primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. Fonte: Pestana Group, 2020.

Page 51: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

51

Deste modo, a grande modernização do Pestana Carlton obteve um valor representativo,

por ter sido esta, a primeira obra do Grupo Pestana.

No ano de 1976, o grupo enfrentava a hipótese de perder tudo. Uma ilha, que atravessava

também o período do PREC34, após a Revolução de 74, encontrava-se em momentos

instáveis e pouco favoráveis ao investimento. Manuel Pestana decide então pedir ajuda e

colaboração ao filho Dionísio Pestana, que acabara de regressar de África do Sul, com

apenas 24 anos.

As boas-vindas a Dionísio Pestana eram compostas por dificuldades, juros, dívidas e

sindicatos que o receberam com indiferença. A recuperação do hotel e do negócio

revelou-se muito demorada. No entanto, serviu não só para ganhar confiança e interesse

pela atividade e pelo setor hoteleiro, como também para acalmar as tensões entre

empregados e patrões e, desse modo, reerguer o hotel. Os lucros voltaram a aumentar.

Poucos anos depois, e com o apoio do seu amigo de Joanesburgo, Peter Booth, apostaram

numa nova estratégia de venda, o time-share, ou venda de unidades de habitação

temporária, este negócio permitiu promover, evoluir e fazer crescer ainda mais a marca

Pestana.

Em 1985, o Grupo foi pioneiro e deu início ao conceito Pestana Vacation Club com a

abertura do Madeira Beach Club, sendo atualmente o terceiro maior do setor no mercado

europeu. Helder Valente é o atual gerente que mostra a sua lealdade à família há mais de

trinta anos. Este serviço é reconhecido como o de um aparthotel, oferecendo aos clientes

as cozinhas instaladas dentro dos apartamentos e a estadia a custo acessível. O Vacation

Club cresceu significativamente e obteve tal sucesso que de quatro em quatro anos, era

inaugurado novo hotel pertencente ao clube de férias, como é exemplo o Madeira Village,

Miramar Grand, e depois o Promenade Hotel e Resort.

Também na ilha da Madeira, surge, em 1986, o hotel Pestana Casino Park, que faz parte

do complexo que inclui o famoso Casino da Madeira e um centro com auditório para

conferências. Porém, este edifício foi, em 1976, encomendado pela Sociedade de

Investimentos Turísticos da Ilha da Madeira, propriedade da família de António Xavier

34 A sigla PREC representa Processo Revolucionário em Curso ou Período Revolucionário em Curso, e refere-se ao período de atividades e movimentos criados numa época revolucionária e marcante na História de Portugal. Este período ocorreu durante a Revolução dos Cravos iniciada com o golpe militar de 25 de Abril de 1974 e concluída dois anos mais tarde, na aprovação da Constituição Portuguesa.

Page 52: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

52

Barreto e presidida por José Jesus Barreto, com o objetivo de atribuir a responsabilidade

da construção e projeto ao arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer35. Contudo, o

compromisso que surgiu em 1966, só teve início com as obras do edifício seis anos depois,

tendo sido inaugurado a 3 de outubro de 1972.

A projeção inicial dos edifícios do hotel e do casino, são da autoria do conceituado

arquiteto Oscar Niemeyer, porém, quem deu seguimento ao projeto, alterando alguns

pormenores foi o veterano natural de Esposende, o arquiteto Alfredo Viana de Lima.

Os proprietários do espaço não puderam assumir meios para o concluir, o que levou à

intervenção do Governo Regional, que entrou no capital e financiou a conclusão. Mas o

complexo acabou por ser posto à venda, e o Grupo Pestana aproveitou, intitulando-o de

Pestana Carlton Park e, posteriormente como Pestana Casino Park. A compra do Casino

Park foi, além de um bom investimento, o motivo para a separação amigável com a cadeia

Sheraton. A ideia de contratar o arquiteto brasileiro surgiu através da sugestão de uma

amiga, tornando-se mais tarde a mulher de Dionísio Pestana. Margarida falou de

35 Oscar Niemeyer (1907-2012) era um arquiteto, natural do Rio de Janeiro, no Brasil. Reconhecido por ter tido um papel de elevada importância no desenvolvimento da arquitetura moderna principalmente no desenvolvimento da cidade e capital, Brasília.

Figura 17 -O primeiro traço feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer do Pestana Casino Park. Fonte: Wink, 2012.

Page 53: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

53

Nieyemer e do humanismo do seu trabalho ao ponto de convencer o presidente do grupo

a tomar a decisão final36.

De forma gradual, o grupo foi projetando uma estratégia de crescimento, sustentado com

base na diversificação para os serviços complementares. Como tal, pode exemplificar-se

com o investimento nas áreas de imobiliário turístico e no golfe.

No ano de 1992, estes novos serviços permitiram ao Grupo que não se apresentasse

apenas como Grupo empreendedor, mas também como Marca Pestana iniciando-se

assim a compra de nove hotéis no Algarve, território chave do turismo nacional,

mas também com a aquisição emblemática do Palácio Valle Flor, colocando o grupo em

primeiro lugar no domínio da área hoteleira em Portugal.

Dois anos depois, expande-se então o Pestana Vacation Club, no sul do país, usando a

mesma estratégia de integração de alojamento, já iniciado na ilha da Madeira, um clube

de férias num estabelecimento hoteleiro. Atualmente, o Algarve detém seis resorts como

parte de seu clube de férias.

O início da internacionalização do grupo, dá-se em 1998, com a abertura de

estabelecimentos em Moçambique e, no ano seguinte, com no Brasil com a compra do

Pestana Rio Atlântica no Rio de Janeiro, a que se juntaram gradualmente outras oito

unidades.

36 Informação retirada da pág. 71, da Revista Wink, pertencente ao Pestana Hotel Group. Publicada a 7 de dezembro de 2012. https://issuu.com/laca-wink/docs/wink_4

Figura 18 - Prédio Funchal, Lourenço Marques. Fonte: The Delagoa Bay World, 2020.

Page 54: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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O estabelecimento em Lourenço Marques, atual Maputo, em Moçambique, é também

uma recuperação de um anterior investimento do fundador Manuel Pestana. Em 1961, os

negócios na bolsa e os investimentos imobiliários na África do Sul e Moçambique,

culminaram na construção do Prédio Funchal, edifício situado no centro da cidade com

90 apartamentos para alugar.

Manuel Pestana, após algumas dificuldades, perdeu o Prédio Funchal, mas, anos mais

tarde, o grupo consegue reaver o edifício, que depois foi recuperado, adquirindo novo

nome ficou como Pestana Rovuma Hotel, uma unidade de quatro estrelas com 119

quartos.

O Pestana Rio Atlântica, em Copacabana no Rio de Janeiro, situado nas proximidades de

colinas e montanhas, foi fundado em 1999 e renovado em 2011, concluindo um processo

de modernização num projeto que priorizou elementos de competência energética e

arquitetura sustentável, evidenciando principalmente a leveza e o espírito casual carioca.

O arquiteto responsável pela obra foi Jaime Morais que optou pelo uso predominante de

tons neutros e claros, por retirar as alcatifas, e dispor o ambiente com alguns espelhos e

madeiras, dando também grande importância ao uso de materiais antialérgicos nos

quartos. O hotel ampliou o número de quartos de 216 para 247 com a transformação de

algumas suites em dois apartamentos.

Jaime Morais quis implementar algumas medidas ecológicas para um novo e melhor

funcionamento do layout. O sistema de reutilização de águas em circuito fechado, por

exemplo, que permite reaver um equivalente a 30% do consumo de água. O sistema

elétrico também foi igualmente modernizado, com o uso de lâmpadas LED, que

Figura 19 - Pestana Rovuma Hotel, Moçambique. Fonte: House Of Maputo, 2020.

Page 55: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

55

despendem 20% a menos em energia e têm uma duração muito mais longa. As zonas

dedicadas a reuniões e congressos também foram reestruturadas e organizadas para

acolher diversos tipos de eventos.

Em 2000, ainda no Brasil foram abertos mais dois hotéis em Angra dos Reis e em

Salvador. Todavia, o grupo já tinha estado presente em outras três cidades no Brasil,

Curitiba Natal e São Paulo.

Em 2001, é inaugurado em Portugal, após dez anos de dificuldades burocráticas, o

luxuoso Pestana Palace, um antigo palácio lisboeta de finais do século XIX.

Este grande marco do grupo, resultante da restauração do Palácio de Valle Flor e dos

seus jardins, tendo sido considerados um e outro Monumentos Nacionais. Note-se como

se assinalou a inauguração com o seu flagship hotel em Lisboa, o Pestana Palace Hotel

& National Monument, primeiro hotel de luxo a se tornar membro privilegiado do grupo

The Leading Hotels of the World37. As principais razões derivam da qualidade, da

localização, dos padrões e do serviço prestado pela equipa responsável, tornando deste

modo o Hotel Pestana Palace no mais premiado pelo seu prestígio.

Este palácio, está localizado numa área residencial no Alto de Santo Amaro e revela

caraterísticas próprias na sua arquitetura relativamente ao que era habitual para a época,

demonstrando influências de França, Itália e mesmo de África. Na área envolvente deste

palácio, está situado um exuberante parque privado, com variadas plantas e árvores

subtropicais, que se podem encontrar em climas como os e África, Brasil e América, em

uma espécie de memória colonial, apresentando uma vista panorâmica sobre a capital.

José Luís Constantino foi o responsável pela ordem de construção do palácio, um

emigrante transmontano que viveu em S. Tomé e Príncipe e que enriqueceu na exploração

agrícola. J. L. Constantino foi defensor desta colónia, tendo ocupado diversos cargos ao

serviço do Reino e a sua ação ter-lhe-á valido o título de Marquês de Valle Flor, concedido

pelo rei D. Carlos em 1906.

37 A The Leading Hotels of the World, Ltda. é uma organização de hospitalidade que patenteia mais de 380 dos melhores hotéis, resorts e spas do mundo, localizados em mais de 80 países.

Page 56: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

56

Marquês de Valle Flor era, portanto, um homem com posses financeiras acumuladas em

África, e assim se compreende a construção do palácio para o tornar na sua residência.

Diversos arquitetos contribuíram para o projeto, como por exemplo, entre 1905 e 1906 o

italiano Nicola Bigaglia38 responsável por uma grande parte delas. No entanto, quatros

anos mais tarde, o acompanhamento final ficou sob a responsabilidade do arquiteto José

Ferreira da Costa39, encarregue pelas as novas alas, e para as Cocheiras. Alguns

pormenores menos significativos do palácio são da autoria do arquiteto Miguel Ventura

Terra40. Por fim, o Palácio Valle Flor acabou por sofrer influências nas opções no design

dos seus interiores, como o mobiliário e o estilo pomposo inspirado em modelos europeus,

devido ao facto de os marqueses terem relações próximas sobretudo com França.

38 Nicola Bigaglia (1841-1908), era arquiteto, modelador italiano que se radicou em Portugal em 1888. 39 José Ferreira da Costa (1879-1919), arquiteto português, que se distinguia no registo estilístico eclético, estudou em Paris, era também dotado para pintura. 40 Miguel Ventura Terra (1866-1919), arquiteto de formação portuguesa e francesa, e autor de diversos projetos como teatros, liceus, hospitais, etc.

Figura 20 - Palácio Valle Flor em construção, publicado na Revista Lisboa Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020.

Page 57: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

57

Em 1932, após a morte do Marquês, o edifício perdeu algum do seu prestígio, tendo-se

danificado bastante. Foi, por isso, necessário solicitar outros especialistas, alguns deles

com trabalho efetuado anteriormente no Vaticano. Assim, se observam os frescos, as

esculturas e alguns vitrais que, embora originários de oficinas portuguesas do século XIX,

precisaram de ser transportados para Florença e Milão para um melhor acabamento e

recuperação.

Desde que o Pestana Hotel Group se apossou do Palácio, em 1992 e, após as obras de

restauro e adaptação, de acordo com o projeto de Manuel Tainha, o edifício adquiriu nova

imagem, novo conceito e nova grandeza, podendo ser requalificado como um todo e como

novo estabelecimento hoteleiro. Em 1997, o Palácio Valle Flor recebeu a classificação

de Monumento Nacional, confirmando o seu valor patrimonial e histórico.

Figura 21 – Edifício das Cocheiras do Palácio Valle Flor, publicado pela Revista Lisboa Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020.

Page 58: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

58

No ano de 2002, o Pestana Hotel Group obtém o número emblemático de 5.000 quartos

no seu percurso, incluindo todos os subgrupos.

Em agosto de 2003, por decisão do Governo Português, o Pestana Hotel Group obtém a

cedência da exploração das Pousadas de Portugal, após concurso internacional. O

Pestana Hotel Group aproveitou a oportunidade para gerir mais um importante negócio,

tornando-se responsável pela exploração e expansão do prestígio das Pousadas de

Portugal.

No decorrer da primeira década do século XXI, o Pestana Hotel Group expandiu-se ainda

por diversos países com diferentes culturas, começando pela África do Sul com o Pestana

Kruger Lodge Safari Resort, junto ao Kruger Park. Este hotel fora aberto ao público em

1997, mas foi, entretanto, remodelado e voltou a reabrir em 2004.

No seguimento da internacionalização, ergueu-se na América do Sul, o Pestana Buenos

Aires que está presente na Argentina desde 2004, e que se mantém até aos dias de hoje.

Em São Tomé e Príncipe, estão presentes três hotéis pertencentes ao Pestana Hotel

Group. O primeiro foi o Pestana Equador que foi inaugurado em 2004 no Ilhéu das

Rolas, ocupando uma área de 250 hectares e com 70 quartos e alguns bungalows pequenos

de madeira. No entanto, este Resort suspendeu o seu contrato de gestão em novembro de

2008 devido a um prejuízo causado por informações “falsas” por parte da comunicação

social41. Em 2012, a direção foi passada a Francesco Raneri 42.

O Pestana São Tomé foi aberto em maio de 2008 e foi o primeiro hotel de 5 estrelas na

cidade. No verão desse mesmo ano, o Pestana Hotel Group investiu ainda em S. Tomé e

Príncipe, onde já geria dois hotéis, com o Hotel Miramar e o Resort Pestana Equador, e

para garantir maior taxa de sucesso, criou as operações de voos charter (com a companhia

aérea Air Madeira, a EuroAtlantic Airways, a Intervisa Travel Solutions, e a Atlantic

Holidays) com 190 lugares para posicionar São Tomé e Príncipe nas principais rotas

mundiais de turismo.

41 Segundo o jornal Público, o Pestana Hotel Group suspende o contrato de gestão em 2009. Disponível em: https://www.publico.pt/2009/07/17/economia/noticia/grupo-pestana-suspende-contrato-de-gestao-de-resort-em-sao-tome-e-principe-1392126 42 Notícia publicada no jornal Sábado em 2017. Disponível em: https://www.sabado.pt/dinheiro/detalhe/o-hotel-pestana-onde-a-horta-foi-plantada-pelo-director

Page 59: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

59

Essa operação foi anunciada na bolsa de turismo de Lisboa, no final de janeiro de 2007 e

decorreu em parceria com diversas empresas (TerraAfrica, Abreu, Mundo Vip, Soltropico

e Entremares). Esses voos iriam estender-se entre junho e setembro com o objetivo de

transportar cerca de dois mil turistas por ano para São Tomé. No entanto, as expectativas

foram ultrapassadas nesse mesmo ano. O Pestana São Tomé oferece 115 quartos (todos

com varanda privativa), um restaurante, um bar, salas para conferências, um ginásio, salas

para tratamentos com massagens, sauna, banho turco e ainda no mesmo anexo ao hotel,

ergueram-se um casino e uma discoteca.

A Venezuela, também em 2008, passou a fazer parte do portfólio, com um hotel em

Caracas, que abrange cerca de 195 quartos. O investimento custou cerca de 13 milhões

de euros para a construção do Pestana Caracas Hotel, o primeiro hotel do grupo na

Venezuela. A inauguração, que ocorreu em 14 de maio, contou com a presença do ex-

primeiro-ministro português, José Sócrates.

O Pestana Caracas é um hotel com a classificação de 5 estrelas, localizado no bairro

Sucre, junto ao Parque de Leste. A assinatura do projeto foi de Jaime Morais, arquiteto já

conhecido na empresa, tendo realizado anteriormente outros projetos também bem-

sucedidos43. O registo deste arquiteto é identificado pelos seus ambientes

contemporâneos que valorizam a luminosidade natural e artificial, tornando o ambiente

envolvente, através de um recurso mais sustentável, como é exemplo a utilização das

luzes LED. Nesta unidade hoteleira da América do Sul, prevaleceram também alguns

móveis de designers conceituados do séc. XX nas zonas públicas, o uso abundante do

branco e de cores primárias e críticas.

O Pestana Hotel Group consegue em sete anos atingir um número significativo de quartos

de hotel, relativamente ao seu desenvolvimento, e em 2009 passou a gerir diretamente

10.000 quartos.

A abertura do Pestana Chelsea Bridge, em Londres em 2010, dá início a uma nova linha

de crescimento do Grupo, para as capitais europeias e, de seguida, em 2011, é na capital

alemã, que se inaugura o Pestana Berlim Tiergarten. O Chelsea Brigde foi primeiro hotel

43 Exemplo disso é o Pestana Rio Atlantica, em Copacabana no Brasil.

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60

português a abrir em Inglaterra, é um hotel de quatro estrelas e está localizado na margem

sul do Rio Tamisa, entre o Battersea Park e Battersea Power Station. Inaugurado a 1 de

março, contém duzentos e dezasseis quartos, e seis salas de reuniões com capacidade para

quinhentas pessoas.

Em Berlim, Dionísio Pestana investiu 23 milhões de euros e o Pestana Berlim Tiergarten

iniciou a sua atividade em 2011. Este hotel de quatro estrelas localizado próximo da Praça

Ku’Dam e do Parque Tiergaen, oferece cento e trinta e sete quartos, cinco suites, um SPA,

um restaurante e seis salas de conferências. O ambiente do hotel destaca-se pelo seu

design moderno que representa o conceito do mar, de poetas e escritores que constituíram

motivo de inspiração.

O Pestana Trópico Hotel, na Ilha de Santiago, cidade da Praia, foi adquirido em 2003

pelo Pestana Hotel Group. No entanto o seu impacto turístico foi apenas reconhecido

dois anos mais tarde. Já em 2013, este hotel beneficiou de uma importante ampliação,

acompanhada por várias reestruturações, passando de cinquenta e um quartos para

noventa e dois.

A 20 de novembro de 2012 o Pestana Hotel Group comemorou quatro décadas de

existência, gerindo mais de 90 estabelecimentos hoteleiros em Portugal e no estrangeiro,

seis campos de golfe, dois casinos, três empreendimentos de imobiliário turístico, doze

empreendimentos de Timeshare, um operador turístico e uma companhia de aviação

charter, constituindo cerca de nove áreas de atividade. Para além destes negócios, o grupo

contribui também para a empresa de cervejas e para a Sociedade de Desenvolvimento da

Madeira, gestora do Centro Internacional de Negócios da Madeira.

Ser um grupo nascido em Portugal influenciou a nossa identidade e a forma como

estamos no Mundo, onde nos 3 continentes em que nos encontramos, com mais

de 90 unidades Pestana Hotels & Resorts, deixamos sempre marcas de respeito

pelo próximo e de gentileza, capazes de nos aproximar de qualquer cultura. Foram

quatro décadas que não se esquecem, feitas de bons encontros com pessoas únicas

que trouxeram para o Grupo Pestana o seu carácter, a sua inteligência,

profissionalismo e criatividade. Sem todas elas, muitas das quais me orgulho de

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ser amigo, esta viagem teria sido muito mais difícil, senão mesmo impossível.

(Pestana, 2012)

No ano da celebração dos 40 anos, as apostas incidiram no território nacional e no

internacional novamente, com a inauguração da Pousada de Cascais, Cidadela Historic

Hotel, os novos Pestana Tróia Eco-Resort & Residences, no mercado sul-americano, e a

presença estende-se até à Colômbia, com o Pestana Bogotá. Poucos meses mais tarde, a

abertura do Pestana South Beach Art Deco, em Miami, o Pestana Casablanca em

Marrocos, e ainda o Pestana Cayo Coco Beach Resort em Cuba, seguindo-se ainda

apostas em Espanha, com o Pestana Arena Barcelona.

No dia 1 de agosto de 2013, o Pestana Hotel Group chega a Cuba, onde foi construído o

Pestana Cayo Coco Beach Resort, o primeiro hotel nas Caraíbas. Este hotel surge no meio

de um contrato entre o Pestana Hotel Group e a empresa cubana de turismo Gaviota. Esta

unidade hoteleira oferece cerca de quinhentos e oito quartos repartidos por onze

apartamentos posicionados para valorizar a paisagem natural da cidade.

Este Resort está localizado numa das mais conhecidas praias de Cuba voltado para o mar,

com uma avaliação de quatro estrelas. Uma das principais caraterísticas do Pestana Cayo

Coco Beach Resort são os seus restaurantes, que se apresentam com um design moderno

e colorido, inspirado nas cores típicas de Cuba, remetendo-as aos sabores e essências

específicas dos cubanos. Um dos responsáveis pela partilha de sabores diferentes é o

Chefe Pedro Relvas, já reconhecido pelo seu trabalho nas Pousadas de Portugal, tendo

levado alguns pratos portugueses para a atmosfera cubanos.

Ainda em 2013, o grupo inaugurou o Pestana South Beach Art Deco Hotel em Miami,

situado na zona histórica da cidade, unidade hoteleira classificada com quatro estrelas,

que esteve planeada para ser inaugurada dois anos antes. Porém, o incêndio acidental de

2011 em um dos edifícios atrasou o processo de iniciação do projeto. No entanto, a

compra do terreno tinha sido efetuada já em 2009. As expectativas com o primeiro

negócio na América do Norte eram altas, devido à sua capacidade de atração de novos

clientes viajantes, tanto em lazer como em negócios.

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62

Em 2015, o grupo atinge 25 milhões de roomnights desde o início da sua atividade. A 19

de maio do mesmo ano, o Grupo desenvolveu nova identidade gráfica, o Rebranding e a

nova segmentação das marcas do Pestana Hotel Group – Pestana Hotels & Resorts,

Pestana Pousadas de Portugal e Pestana Collection Hotels. A autoria da nova imagem

do grupo é de Ogilyy, uma agência criativa, de publicidade e marketing originária do

Reino Unido e, segundo Theotónio (2015) esta mudança resulta de uma necessidade do

Pestana Hotel Group se apresentar ao mercado de uma forma mais clara para que quem

não conhecia tão bem a marca Pestana. Deste modo seriam mais facilmente reconhecidos.

A nova assinatura The Time Of Your Life pretende transmitir a ideia da importância do

tempo que os clientes despendem numa experiência, que deve ser insubstituível. O novo

“P”, além de fazer referência à palavra e ao nome da família – Pestana -, simboliza

também com os dois traços, a pausa no tempo que os hóspedes devem fazer durante a sua

estadia em uma das unidades do Pestana Hotel Group. De acordo com Nuno Ferreira

Pires, responsável pela área de Global Marketing & Sales do grupo, a mensagem que se

deseja passar é a da possibilidade da maximização de um tempo que se quer repetir.

A marca gere 45 hotéis, incluindo 10 na ilha da Madeira, 9 no Algarve, 3 em

Lisboa/Cascais/Sintra, 1 no Porto, 1 em Inglaterra, 1 na Alemanha, 9 no Brasil, 3 em

Moçambique, 1 na África do Sul, 1 em Cabo Verde, 1 na Argentina, 1 na Venezuela, 1

na Colômbia e 3 em S. Tomé e Príncipe e 37 Pousadas de Portugal em todo o país. No

total mais de nove mil quartos disponíveis pela Europa, em África e na América Latina,

em 2011.

No ano seguinte, em 2016 o Grupo realizou uma parceria com o jogador de futebol

Cristiano Ronaldo, uma Joint Venture de 75 milhões de euros que deu corpo ao

lançamento da quarta marca do grupo, intitulada de Pestana CR7 Lifestyle Hotels e

iniciando as suas atividades com a abertura dos dois primeiros hotéis da marca no Funchal

e em Lisboa, projetando também um para Madrid e um para Nova Iorque.

Figura 22 - Logotipos das três submarcas no início de 2015, ano do Rebranding da marca Pestana. Fonte: Meios e Publicidade, 2020.

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Ainda nesse ano, o Pestana Hotel Group passou por uma fase menos positiva, devido

a dificuldades económicas no Brasil, dois hotéis foram encerrados por tempo

indeterminado, o Pestana Bahia em Salvador e o Pestana Angra Beach Bungalows, em

Angra dos Reis no Rio de Janeiro. No mesmo ano, a GJP Hotels & Resorts Hotels,

cadeia de hotéis brasileira, anunciou a compra do Pestana Natal All Inclusive Beach

& Resort, mudando de nome para Prodigy Beach Resort Natal.

Tal como José Roquette afirmou numa conferência de imprensa a 24 de janeiro de

2018, o ano de 2017 foi o melhor ano de sempre de acordo com os dados estatísticos.

A estimativa supera o resultado de 2015 em 24 milhões de euros. O sucesso da marca

confirma-se com um total de 20 hotéis inaugurados nos últimos seis anos a nível nacional

e internacional, ainda assim o Pestana Hotel Group previa abrir 20 novos hotéis nos

próximos 3 anos.

Foi neste ano que o Pestana Hotel Group fez 45 anos de história e sucesso gerindo cerca

de 90 hotéis em 15 países, mais de 11 000 quartos com um total de 7 000 colaboradores.

Conforme afirmou o administrador responsável pelo desenvolvimento do Pestana Hotel

Group, estava previsto em 2018 o grupo investir 44 milhões de euros na abertura de cinco

novos hotéis em Lisboa e no Porto. Uma das projeções deste ano foi a abertura de uma

unidade com a classificação de quatro estrelas para a Rua Braamcamp, em Lisboa, e tal

como Dionísio Pestana afirmou à Revista EXAME44 a 1 de outubro de 2018, este negócio

foi resultante de um investimento com um grupo chinês que alugou um imóvel e pretende

que o grupo realize a sua gestão hoteleira. A abertura está prevista para 2020, junto ao

Arco da Rua Augusta, também na capital, com 89 quartos e com a mesma classificação e

nasce de uma parceria com o investidor Manuel Rebelo, que adquiriu o edifício, a antiga

sede do Banco Popular.

Adquiriu também a principal indústria de bebidas da Madeira, diversas agências de

viagem, além de ser proprietário de 49% da Enatur45. Diante de um alargado número de

44 A Revista brasileira EXAME é especializada em economia, negócios, tecnologia, e faz publicações quinzenalmente pela Editora Abril. Esta revista inclui, além da revista, plataformas online e aplicações para smartphones e tablets. 45 A Enatur é a única entidade que, por lei, dispõe do uso da marca Pousada como estabelecimento hoteleiro. Esta empresa tem atualmente, a concessão à iniciativa privada e a supervisão da exploração dos estabelecimentos hoteleiros da Rede de Pousadas de Portugal, tal como definidas na legislação aplicável.

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64

negócios, o grupo está organizado basicamente em dois grandes blocos de atividades

autónomas, mas que respondem aos interesses do grupo: Pestana Turismo e Pestana

Investimentos.

Toda a evolução desta cadeia hoteleira tem sido espelhada para cada um dos novos

projetos. À medida que a empresa se expandiu para novos continentes, países e até com

o surgimento de novas marcas e submarcas, o Pestana Hotel Group tornou-se

naturalmente mais experiente quanto ao cuidado e à atenção concedida às necessidades

básicas e complementares dos seus utilizadores. Pode considerar-se que essa experiência

é refletida na conceção dos projetos dos lobbies, assim como em todo o estabelecimento,

passando cada vez mais a adotar tendências às necessidades e preocupações atuais,

procurando ir ao encontro do local onde se integra e das exigências de quem o escolhe.

Ainda assim, nota-se que alguns lobbies do Pestana Hotel Group podem ter sido

remodelados, muitas vezes, pelo surgimento de problemas técnicos, mas também por

exigências de maior visibilidade, concedendo maior volume ao espaço em geral como, o

aumento do número quartos. No entanto, e apesar de diversas unidades não terem a

possibilidade de serem alteradas, por se tratar de património nacional, podemos

considerar que a exigência da expansão, menoriza a exigência da manutenção e

desenvolvimento nas unidades já existentes.

3.3. Fundadores 3.3.1. Manuel Pestana

Manuel Pestana, natural da Ribeira Brava, um concelho rural no Oeste da ilha da Madeira,

iniciou a sua carreira profissional por volta de 1941, numa mercearia própria no mesmo

lugar onde nasceu. No início da Segunda-Guerra, Manuel sente dificuldades e falta de

condições para o desenvolvimento e evolução do seu negócio e como os seus projetos e

ideias eram bastante ambiciosos, em 1946 dá o primeiro passo ao sair da ilha em direção

à África do Sul.

Assim que chega ao extremo sul de África, consegue trabalho e torna-se sócio de uma

cooperativa agrícola, a Ranavalt Farm, explorada por 10 pessoas, também madeirenses,

e onde eram produzidos e distribuídos legumes, frutos, entre outros produtos.

Page 65: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

65

Ao fim de seis anos, Manuel Pestana conseguiu poupar algum capital para investir no seu

primeiro negócio, uma loja de bebidas em Joanesburgo, aberta em 1951 e chamada Bottle

Store. Já nos anos 60, poupado e com capacidade para o investimento, Manuel adquire

em Moçambique, na cidade de Lourenço Marques, atual Maputo, um imóvel de

apartamentos, intitulado o Prédio Funchal.

Tudo o que ganhara com o negócio de venda de bebidas, investia em ações referentes às

minas de ouro, que só comprava quando se encontravam em preços muito baixos. O

emigrante português soube assim tirar proveito da crise bolsista da década de sessenta.

Com valores irrisórios, adquiriu milhares de ações das minas de ouro. Aguardou que a

economia recuperasse e Manuel Pestana, ao perceber que tinha feito uma pequena

fortuna, decide investi-la. Foi com parte desse dinheiro que mandou construir, por volta

de 1968, o Hotel Sheraton, no Funchal, num terreno que tinha adquirido pouco tempo

antes. (Camacho, 2011).

Deste modo, Manuel Pestana pode ser considerado como o primeiro visionário e fundador

do Pestana Hotel Group, que, a 20 de novembro de 1972, abriu o primeiro hotel na Ilha

da Madeira. Praticamente, desde essa altura, e em conjunto com o seu filho, Dionísio,

atual acionista e presidente, expandiu a marca ano após ano.

O seu hobby era maioritariamente o trabalho, dedicando o resto tempo ao convívio

familiar. As viagens ocorriam, em geral, em contexto de trabalho.

3.3.2. Dionísio Pestana

Dionísio Pestana nasceu em 1952, em Joanesburgo, na África do Sul e estudou nos

maristas, um colégio católico convicto, nessa mesma cidade, onde surgiu a alcunha

“Dennis” criada pelos amigos e colegas de escola. Mais tarde formou-se em Gestão e

Administração de Empresas, Business Economics, na Universidade de KwaZulu em

Pieter Maritzburg, na província de Natal.

Filho de Manuel Pestana e de Caridade Fernandes, Dionísio Pestana era bom aluno,

aplicado e focalizado nos estudos, tendo sempre valorizado o trabalho desde a

adolescência, alternando a escolaridade com trabalho aos fins-de-semana, na loja de

Page 66: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

66

bebidas, recrutado por seu pai. Esta foi uma das experiências que permitiram ao

presidente do grupo atual a consciência da humilde e o valor do dinheiro.

Assim que acaba o curso, sente a necessidade de viajar e aos 24 anos aterra na Madeira

para estagiar e pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do seu percurso de

estudante. A sua primeira experiência decorre num investimento de seu pai, o Sheraton

Madeira, onde trabalhou com uma equipa, que lhe concedeu diversas lições e que,

naturalmente, o preparou para uma futura forma de gerir a indústria hoteleira, de modo a

conseguir recuperar das fases menos positivas, afetadas por crises económicas, sociais e

políticas da época. Ainda em tempos difíceis, Dionísio Pestana criou um gosto especial

pela ilha que viu nascer o seu pai, e deixou de parte a ideia de regressar a Joanesburgo,

possuindo hoje dupla nacionalidade, a portuguesa e a sul-africana. Ao longo do

desenvolvimento de seus negócios, desafia e convida um amigo da África do Sul para o

acompanhar na aventura, e é então que Peter Booth46, se tornou o principal responsável

pela área do timesharing.

Dionísio Pestana teve uma educação baseada no regime anglo-saxónico, com muita

disciplina, organização, métodos de estudo e de trabalho. Para além da importância da

escola, o desporto teve também muito impacto na vida do presidente do grupo, tendo

praticado râguebi durante vários anos.

46 Peter Booth é amigo da família e o Vice-Presidente de Negócios do Pestana Hotel Group.

Figura 23 - Gráfico representativo da posição do Pestana Hotel Group no Mundo. Fonte: Pestana Group, 2020.

Page 67: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

67

Considerou sempre como imprescindíveis os valores que essa experiência lhe trouxe,

adaptando-os sempre à sua vida profissional e pessoal. Um dos desafios deste desporto é

como é conhecido, o controlo de frustrações e de emoções, assim como a obrigação de

trabalhar em equipa, sendo nesta última aquela em que mais se evidencia tentando aplica-

la regularmente e tornando-o num lema.

Dionísio Pestana reconhece que em uma empresa de sucesso, o trabalho de equipa, o

espírito de entreajuda, a ambição, e a persistência são valores principais, têm de ser

mantidos. A habilidade e a paixão pelos negócios e gestão hoteleira foi certamente

herdada pela família, em particular, pelos investimentos na bolsa.

Uma das medidas ainda presentes do presidente do grupo é a necessidade de investir em

projetos de hotelaria a longo prazo, pois considera importante fazer um cálculo de sete a

dez anos para um sucesso efetivo.

Dionísio Pestana é um gestor conhecido por ser discreto e cujo low profile marca a sua

personalidade. O empresário há vários anos que tem a seu lado uma equipa eficaz, à

medida que o grupo vai crescendo. José Theotónio é o gestor das finanças e José

Roquette, o administrador para a expansão e desenvolvimento. Luigi Valle foi o ex-vice-

presidente do grupo e Castelão Costa o rosto das Pousadas de Portugal, tendo ambos saído

da equipa em 2015.

A nossa jornada de 45 anos tem sido extraordinária. Tudo começou com uma

visão e um sentido profundo de trabalho árduo e responsabilidade iniciados pelo

meu pai que criaram as bases do PHG. Tive a sorte de ter nos meus pais os meus

mentores que, durante a minha juventude, me orientaram na procura de uma vida

melhor. Ao longo dos anos houve muitas mudanças, mas a fórmula tem sido

sempre a mesma: valores familiares, empreendedorismo, resiliência, trabalho

árduo, inovação e sustentabilidade. Com a ajuda das nossas maravilhosas equipas

multinacionais, procurei honrar o legado do meu pai e preparar a próxima geração

para os desafios e oportunidades do futuro. (Pestana, 2012).

3.4. Características da Empresa

Uma das principais caraterísticas do grupo associa-se à mensagem que pretendem passar

com a palavra change -- a mudança -- que representa para eles a adaptação e flexibilidade.

Page 68: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

68

Ao longo de quase 50 anos de história, de conquistas e de sucesso, a mudança tem feito

inevitavelmente parte do seu percurso.

Se assim não fosse, não teriam superado e transformado as crises em oportunidades.

Seguir as tendências é imprescindível para qualquer negócio e o Pestana Hotel Group

tem também seguido o mesmo raciocínio.

Alguns exemplos da sua flexibilidade e adaptação são os diversos negócios da marca

Pestana. A mudança constante em cada um deles, principalmente no ramo hoteleiro, é um

bom exemplo, com a constante procura e vontade para a conquista de novos destinos, ao

procurar atingir novos mercados, ao surpreender sem nunca perder a essência e a

humildade.

Ambição é outra das caraterísticas subjacentes à marca Pestana, ao apresentar-se como

nunca regozijados com as aquisições ou vitórias. Por isso, têm demonstrado a incessante

vontade de crescer. O Pestana Hotel Group continua a estudar novas formas de

desenvolvimento, dentro e fora do país. Nos próximos anos, as principais apostas são, a

nível do setor urbano, as grandes cidades europeias, como é o exemplo a Cidade-Luz e

capital francesa, Paris. No entanto, a sua presença em destinos paradisíacos em forma de

Resorts é igualmente significativa, centrando maior incidência na América do Sul, ainda

que atualmente o número superior de quartos se encontre situado em Portugal.

Figura 24 - Esquema das principais caraterísticas do Pestana Hotel Group, esquema proposto pela autora.

Page 69: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

69

Relativamente aos vários modelos de negócio geridos pelo Pestana Hotel Group,

Dionísio Pestana, na entrevista à EXAME, afirma que se não tivessem conquistado

diversas áreas não tinham progredido como progrediram. Inicialmente, o grupo era

apenas proprietário, projetava, construía e geria as suas próprias unidades.

No entanto, com o tempo, o contexto foi-se transformando e foi necessário aceitar a

mudança e aí se justifica o termo e o conceito change do Pestana Hotel Group. A

expansão e crescimento no decorrer do seu percurso são o reflexo da postura e

flexibilidade de Dionísio Pestana que demonstra a sua compreensão e perceção

relativamente às alterações que os negócios em qualquer âmbito sofrem e, deste modo,

foram-se apresentando através da forma de parcerias, joint ventures, alugueres, etc.

Figura 25 - Gráfico do número de quartos pelo mundo e por segmento do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020.

Page 70: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

70

Esta necessidade originou então a segmentação em diversas áreas do negócio e o

Rebranding da marca, em 2015.

Atualmente, no segmento hoteleiro, o Pestana Hotel Group é constituído por quatro

submarcas sob sua gestão: a Pestana Hotel & Resorts, compostos por unidades de 4 e 5

estrelas a nível nacional, Europeu, em África e na América; da submarca Pestana

Collection Hotels, as sete unidades de luxo integradas em icónicos edifícios classificando-

se no produto mais premium do grupo; os Pestana CR7 Lifestyle Hotels, com um conceito

muito próprio e destinados a um público mais jovem e urbano e por último as Pousadas

de Portugal, que inclui 34 unidades.

Crescer e investir de forma sustentada fez sempre parte da cultura desta empresa. Desde

2003, o Pestana Hotel Group gere a rede Pousadas de Portugal, sob o qual pratica a

atividade sustentável de dar novas imagens a edifícios e monumentos históricos com o

intuito de promover, não apenas a história, como a sua marca e o seu serviço.

Localizadas em locais exclusivos, esta rede possui caraterísticas únicas e distintivas uma

vez que muitas das suas unidades estão localizadas em Castelos, Conventos e Palácios

recuperados especificamente para este fim.

Segundo o presidente do grupo, a opção é sempre a de reutilizar, relacionando-se não só

com várias associações de âmbito social e ambiental, como no que diz respeito ao

equipamento, material e espaço utilizados para as práticas dos seus serviços e negócios.

Figura 26 - Gráfico representativo do número de incidência em várias tipologias de propriedade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020.

Page 71: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

71

Outra grande caraterística do grupo é mensagem que a sua assinatura pretende pôr a

circular: a da importância do tempo, como é precioso, e como deve ser despendido da

melhor forma possível. A filosofia e método empregues tem sido consistente ao longo da

evolução do grupo, começando pela escolha das melhores localizações para os seus

hotéis, procurando maximizar a experiência humana, e proporcionando a cada hóspede

os melhores momentos das suas vidas.

Entre 4 e 5 estrelas, todos os hotéis Pestana partilham os mesmos elevados padrões de

qualidade, serviços de excelência, formando o seu Staff e muito insistindo na formação

dos seus colaboradores. O reconhecimento do público e os resultados apresentados,

revelam que estes argumentos são a melhor prova da excelência do Pestana Hotel Group.

«Não tinha qualquer consciência desta necessidade de confiar nas pessoas no início da

minha carreira. Ganhar a confiança, e ter confiança nela, era uma necessidade para

conseguir fazer as coisas.» (Pestana, 2018).

Para além da contínua aposta na segurança, na inovação e na qualidade dos serviços, que

envolve todos os colaboradores, clientes e comunidades, o Pestana Hotel Group tem

alcançado excelentes resultados no que se relaciona com as taxas de ocupação e,

inclusivamente, aumentar o número de clientes e o de room-nights comercializadas todos

os anos.

3.5. As marcas 3.5.1. Pestana Hotels & Resorts - Cosmopolitan Hotels & Paradise Resorts

Nesta submarca, insere-se o registo mais diversificado do grupo no que se relaciona com

os destinos. Apresentam um portfólio com mais de trinta e cinco hotéis e Resorts em

quatro continentes: Europa, África, América do Norte e América do Sul, desde cidades

Figura 27 - Logotipo da submarca, Pestana Hotels & Resorts. Fonte: Jornal I, 2020.

Page 72: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

72

emblemáticas a destinos de férias para viajantes globais, negócios ou lazer, para estadias

individuais ou familiares.

Esta submarca ainda inclui o setor Pestana Hotels & Resorts Premium que oferece uma

seleção de 12 hotéis de luxo em Portugal e no estrangeiro, situados em locais privilegiados

e cosmopolitas. Estes hotéis exclusivos distinguem-se pelas suas caraterísticas únicas e

fornecem serviços prestados por equipas dedicadas e lideradas por supervisores seniores.

No entanto, esta foi a primeira submarca a ser criada pelo grupo pois insere os primeiros

hotéis construídos e adquiridos desde 1972 até aos dias de hoje.

3.5.2. Pestana Pousadas de Portugal Monument & Historic Hotels

As Pousadas de Portugal, nasceram em maio de 1941, por decisão de António Ferro um

escritor, jornalista e político português deste período salazarista. O surgimento do

primeiro estabelecimento hoteleiro da rede ocorreu em Elvas, no Alentejo, e é datado em

abril de 1942.

Esta zona de Portugal é ainda atualmente a que concentra maior número de pousadas,

devido à sua história, às paisagens e a todo o enquadramento que favorece este tipo de

unidade hoteleira.

Este conceito foi de tal forma um sucesso que, uma década mais tarde, o nome transforma-

se em Pousadas Históricas, sempre situadas em edifícios e monumentos

históricos, mosteiros, castelos, conventos e alguns abandonados ou em estado de

deterioração, sendo então ideais para as recuperações e reestruturações que se realizaram.

Figura 28 - Logotipo da submarca, Pestana Pousadas de Portugal. Fonte: Pestana Group, 2020.

Page 73: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

73

No início do mês de agosto de 2003, devido a uma circunstância de acumulação de

resultados líquidos negativos durante mais de dez anos, e com um elevado prejuízo só do

ano anterior, o Governo Português resolveu privatizar em 49% o capital da ENATUR,

bem como ceder a exploração das Pousadas de Portugal ao grupo que ganhasse esse

acesso à privatização. Após concurso internacional, o Pestana Hotel Group destaca-se

como vencedor com cerca de 59,8%, o Grupo CGD com um resultado de 25%, e a

Fundação Oriente com 15% e as duas restantes empresas, Portimar e Abreu com 0,2%.

(ENATUR, 2020).

Desta forma, em 1 de setembro desse mesmo ano, o Pestana Hotel Group tornou-se

responsável pela exploração das Pousadas de Portugal por um período de vinte anos,

assim como ficou responsável pela sua eventual expansão. No entanto, em 2015, o Grupo

Pestana conseguiu ainda aumentar mais a sua participação nas Pousadas e comprou a

parte correspondente ao Grupo CGD, cerca de 25%, passando assim a deter 85% do

capital, pertencendo os restantes 15% à Fundação Oriente. (ENATUR, 2020).

Anos mais tarde, depois da inauguração da primeira Pousada de Portugal, a Madeira

também acolheu ainda este ano um hotel, já pertencente à marca Pousadas de Portugal da

submarca Pestana Hotel Group. Situado na baía de Câmara de Lobos, o hotel Pestana

Churchill Bay, ao homenagear a estadia do antigo primeiro-ministro britânico, inclui

através do próprio design de interiores, pinturas nos cinquenta e sete quartos, inspiradas

na altura em que Winston Churchill esteva de férias na ilha. Câmara de Lobos é uma vila

agrícola e piscatória situada a 8 km do Funchal e desde a abertura deste primeiro hotel do

grupo, que se carateriza como uma zona cada vez mais atrativa e de interesse turístico.

Este hotel custou cerca de 4 milhões de euros ao Pestana Hotel Group e gerou cerca de

quarenta novos postos de trabalho. Este foi um dos últimos projetos da submarca

Pousadas de Portugal, embora o grupo ambicione expandi-la internacionalmente com a

abertura de cinco estabelecimentos hoteleiros até 2023 (Coelho, 2019), aliados sempre à

promoção e apoio ao património cultural português, procurando manter sempre as

caraterísticas como o apelo aos sentidos de cada época, mas com os padrões de exigência,

conforto e qualidade.

Page 74: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

74

3.5.3. Pestana Collection Hotels

O Pestana Hotels Collection é a submarca de hotéis exclusivos de luxo do Pestana Hotel

Group, cinco dos quais são membros ilustres da organização hoteleira, The Leading

Hotels of the World, que é representada por mais de 380 dos melhores hotéis, Resorts e

Spas do mundo, situados em mais de oitenta países no mundo e da empresa Preferred

Hotels & Resorts que é também representada por mais de seiscentos e cinquenta hotéis,

Resorts, grupos e residências em oitenta e cinco países.

Estas unidades icónicas estão situadas em locais Premium com padrões de serviço e

qualidade de destaque, personalizado e de alto nível. São referências em destinos

turísticos, ou em cidades onde se situam, tanto em termos de sofisticação como de

competitividade. Atualmente, já se encontram em Lisboa, Cascais, Porto e até

Amesterdão e Madrid, e todas estas propriedades estão inseridas em luxuosos edifícios

ou monumentos.

Na totalidade, esta submarca agrupa sete unidades hoteleiras, localizando-se no Porto três,

datando a última inauguração de 2018. As restantes, pertencentes às empresas The

Leadings Hotels of The World e a Preferred Hotels & Resorts, têm os nomes, Pestana

Palácio do Freixo Pousada & National Monument e o Pestana Vintage Porto Hotel &

World Heritage Site, respetivamente. Em Lisboa, encontra-se o grande e mais

reconhecido Pestana Palace Lisboa Hotel & National Monument, ratificado pela The

Leading Hotels of The World e a cerca de 30km, o Pestana Cidadela Cascais Pousada &

Art District, pela Preferred Hotels & Resorts.

Internacionalmente, a primeira aquisição foi na Holanda, em Amesterdão, e a

transformação de dois edifícios do século XIX, do estilo neorrenascentista, resultou no

hotel de luxo Pestana Amsterdam Riverside Hotel & National Monument. Inaugurado em

Figura 29 - Logotipo da submarca, Pestana Collection Hotels. Fonte: Banco Best, 2020.

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75

janeiro de 2018, e derivado de um investimento de 40 milhões de euros, este hotel,

classificado com cinco estrelas, é membro da prestigiada empresa Preferred Hotels &

Resorts Luxury Collection e conta com cento e cinquenta e quatro quartos, hotel que fora

adquirido pelo grupo em 2014. Em 2019, foi comprada a segunda unidade hoteleira

internacional pertencente a esta submarca de categoria de magnificência, o Pestana Plaza

Mayor Madrid. Trata-se do segundo projeto do Pestana Hotel Group em Espanha e conta

com 89 quartos e suites com um design contemporâneo e elegante, e com peças

decorativas, inspiradas em pintores expressionistas e nas cores e padrões da Plaza Mayor.

A sua localização traduz uma reinterpretação da história e da cultura, através da

arquitetura dos edifícios, que enquadram o hotel, assim como o seu estilo marcado pela

sensibilidade para com as tradições, criatividade e vida urbana presente na capital

espanhola.

3.5.4. Pestana CR7 Lifestyle Hotels Este marca resulta da união entre a experiência hoteleira, que o grupo oferece, e a imagem

do estilo de vida do futebolista Cristiano Ronaldo (CR7), procurando direcionar-se para

quem gosta de futebol, mesmo não aprecie o jogador, mas também para quem tem em

consideração o desporto em geral ou simplesmente se identifica com um conceito

moderno de vida que transmite energia, foco e determinação.

Esta dinâmica é percetível ao longo de todo o espaço de cada uma das unidades hoteleiras

desta marca. Esta convenção foi assinalada em dezembro de 2015, porém foi apenas em

julho de 2016 que se inaugurou a primeira unidade desta submarca, no Funchal, na ilha

da Madeira, local de origem do emblemático jogador e, logo de seguida, após um mês

depois inaugura-se o CR7 na capital, em Lisboa.

Esta Joint Venture possibilitou novamente ao grupo expandir os seus horizontes para

outros territórios, nomeadamente os do desporto e os do próprio aproveitamento da

simbologia associada a um jogador de sucesso, que certamente atrai grandes massas de

faixas etárias muito diferenciadas, englobando neste conceito um marketing entre a

Figura 30 - Logotipo da submarca, Pestana CR7 Lifestyle Hotels. Fonte: Pestana Group, 2020.

Page 76: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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hotelaria e a sigla com o nome do jogador. Essas duas partes são beneficiadas de igual

forma, mas é a entidade hoteleira que assume a responsabilidade pela totalidade da gestão

operacional do negócio.

O objetivo foi posicionar a área hoteleira do Pestana Hotel Group como trendsetters em

cada cidade, concentrando-se sempre em conceitos temáticos situados em zonas urbanas

que promovem preferências por um design conceptual e consegue traduzir a vontade de

vencer, a paixão pela vitória, a obsessão pela competitividade, o trabalho em equipa e o

fair play, de maneira a introduzir na hotelaria e à realidade empresarial, social e pessoal

aquilo que se passa no mundo do desporto. Estiveram também previstas aberturas de

hotéis pertencentes à marca em Madrid e em Nova Iorque para o ano seguinte. No entanto,

por enquanto, só se mantêm ativas estas duas primeiras unidades abertas – Funchal e

Lisboa -- até aos dias de hoje.

3.6. Valores da Marca

Alguns dos valores acima enunciados da marca Pestana, podem também mencionar-se

preocupações pelo desenvolvimento sustentável, o respeito pelo ambiente é um dos

princípios e uma das prioridades estratégicas do Pestana Hotel Group, que se materializa

no programa Planet Guest. O grupo assume-se como agente responsável pela melhoria

das comunidades, onde atua, com a assinatura: Somos apenas hóspedes do Planeta.

Nesta área ambiental, os seus compromissos passam pela preservação e valorização dos

recursos naturais, através da redução de consumos, mas tem também passando pela

inovação, com o desenvolvimento de produtos mais adaptados ao ambiente e ao mercado,

como é o caso do Pestana Tróia Eco-Resort & Residences. O Pestana Hotel Group

apresenta anualmente um Relatório de Sustentabilidade onde são apresentados os dados

relativos ao programa de sustentabilidade.

Page 77: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Este programa Planet Guest, Pestana Sustainability Program, é um conceito agregador,

que procura transmitir a posição do Pestana Hotel Group como uma organização e como

um coletivo de pessoas que respeita e valoriza o ambiente, a sociedade, a ética corporativa

e, para além da consciência que este programa pretende, proporcionar uma imagem

positiva da marca.

O turismo tem vindo a alcançar importância significativa nos mercados onde o Pestana

Hotel Group está presente e, no que diz respeito ao impacto ambiental, isso acaba por

transformar este programa de sustentabilidade num protótipo, que orienta para aquilo que

deve ser expectável de um grupo hoteleiro responsável e comprometido com o ambiente,

procurando demonstrar como os seus consumos são de forma sustentável. Além desta

responsabilidade e tomada de consciência, o Pestana Hotel Group tem procurado aliar-

se à responsabilidade económica, com a criação de empregos e promovendo a economia

local.

O Planet Guest, para além de colaborar com medidas ambientais, ainda inclui atividades

de apoio a comunidades locais, promoção de educação e cultura, responsabilidade social

interna, apoio ao empreendedorismo e recuperação e preservação do património.

Figura 31 - Logotipo do Programa Planet Guest do Pestana Group Hotel. Fonte: Pestana Group, 2020.

Page 78: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Esta realização anual ocorre desde 2009, mas é só do ano 2018, que o Pestana Hotel

Group realizou o seu 6º relatório de sustentabilidade, reformulando as áreas de atuação e

adicionando os dois novos eixos de intervenção, a responsabilidade social interna e o

apoio a projetos de empreendedorismo.

Segundo este gráfico, na primeira área de intervenção, o Pestana Hotel Group

responsabiliza-se pelo bem-estar e pela qualidade de vida das comunidades locais onde

estão situados alguns dos seus hotéis com o objetivo também de promover progresso e

igualdade social. O programa inserido neste parâmetro é denominado de Obrigado Por

Ajudar e é coparticipado pelos hóspedes em que o Pestana Hotel Group duplica todas as

doações de 1€ e o apoio anual a várias instituições locais de solidariedade social tais

como: Acreditar em Lisboa, Crescer Ser no Porto, Lar Bom Samaritano no Algarve,

Criamar na ilha da Madeira (Associação de Solidariedade Social para o

Desenvolvimento e Apoio a Crianças e Jovens) e ainda desde 2018 foi alargado para

mais duas instituições, a Afacidase em Manteigas e Santa Casa da Misericórdia em Vila

Franca do Campo, Açores. (Pestana Hotel Group, 2018)

Para além do auxílio a estas instituições, o Pestana Hotel Group também se agrega a

programas de voluntariado como é exemplo o da Comunidade Vida e Paz, realizado em

2018, a recuperação da sede da Associação Os Francisquinhos em 2019, o Natal

Solidário por parte dos hotéis da Madeira e da Serra da Estrela, a doação de brinquedos

no dia da criança, doação de produtos inutilizados, corridas solidárias na celebração dos

seiscentos anos da Madeira, entre muitos outros. (Pestana Hotel Group, 2018).

No campo da educação e cultura, a contribuição passa pela valorização da identidade

cultural das regiões e na educação académica como um direito de todos os cidadãos. Neste

sentido, surgem parcerias e eventos com entidades e oficiais portuguesas como, por

Figura 32 - Áreas de atuação estratégica do Programa Sustentabilidade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Hotel Group, 2018.

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exemplo, Artforyou e Artmach. As contribuições nesta matéria também ocorrem com o

Projeto Comunitário Tilizinwe Bazaruto, com a APPT21 (Associação Portuguesa de

Portadores de Trissomia 21) na integração de jovens proporcionando-lhes estágios

profissionais. (Pestana Hotel Group, 2018)

Na questão da responsabilidade social interna, o Pestana Hotel Group apresenta um plano

de apoio à família, recolhendo material escolar que visa também o reaproveitamento de

livros para filhos dos seus colaboradores. A iniciativa do “Empregado do Mês/Trimestre”,

pretende classificar e recompensar o trabalho dos seus colaboradores.

Quanto à recuperação e preservação do património, o grupo tem intenções de continuar a

desempenhar o papel de reabilitação de edifícios históricos, favorecendo e contribuindo

para a manutenção do património e da história das regiões. Alguns exemplos destas

atividades são o hotel Pestana Plaza Mayor Madrid, construído após uma recuperação de

dois edifícios históricos com mais de 400 anos, o hotel Pestana Amsterdam Riverside,

edifício que pertenceu ao município de Nieuwer Amstel, a Pousada de Óbidos, o hotel

Pestana Churchill Bay, entre outros.

Relativamente ao apreço que o Pestana Hotel Group demonstra pelo meio-ambiente,

algumas medidas foram implementadas para uma redução da utilização de produtos com

forte impacto ambiental, como por exemplo o uso de objetos de plástico, substituindo por

objetos em papel reciclável, substituindo as esferográficas, que eram disponibilizadas aos

hóspedes, por lápis, e também com oferta de uma caneca em inox personalizada a cada

colaborador. Alguns movimentos adotados foram, o Dia da Árvore, plantando uma árvore

com auxílio de alguns clientes, a Limpeza de Calhau, a Brigada Verde, a Dê Uma Tampa

à Indiferença e também a medida Menos Água Mais Ambiente, que visa a redução do

consumo de água na reposição dos lençóis de cama, toalhas entre muitos outros atos

ligados a esta causa.

Por último, em 2018 o Pestana Hotel Group juntou-se a outras ações, não menos

importantes, valorizando o empreendedorismo, que, por sua vez, se associa a outras

movimentos, tais como o apoio a refugiados, revertendo cerca de 50.000€ para o

BlueCrow Dynamic Fund, e também contribuiu para a realização de protocolos de

estágios com a Casa dos Rapazes, e ainda estabeleceu parceria com a REFUJOBS, que

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tem como principal propósito valorizar as habilitações profissionais de refugiados,

considerando as oportunidades de emprego Pestana Hotel Group tem manifestado

bastante preocupação nesta sua implicação social.

3.7. Breve análise de lobbies das diversas marcas hoteleiras 3.7.1. Lobby da marca Pestana Hotels & Resorts O hotel Pestana Carlton Madeira, situado no topo de uma falésia, como já descrito

anteriormente, foi o primeiro estabelecimento hoteleiro do Pestana Hotel Group. Como

tal, as suas instalações, assim como o estilo decorativo e equipamento nele inserido

necessitavam de forte remodelação, quando o Pestana Hotel Group adquiriu o

estabelecimento.

Em 2005, deu-se início a uma requalificação total do hotel, incluindo todas as áreas, desde

o lobby, aos quartos, às áreas de serviço e à própria fachada.

Após estas obras, que duraram cerca de três anos, encontra-se o hotel praticamente com

a mesma configuração, com o mesmo estilo e registo decorativo e espacial.

Figura 33 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fonte: Sofia Fernandes, 2019.

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Deste modo, e tratando-se de um hotel dos anos 70, o seu lobby é caraterizado como um

espaço amplo, com um estilo clássico e sofisticado, com base em tons neutros e quentes,

desde a sua iluminação amarelada, às cores escolhidas para o equipamento, nos remates

e revestimentos nas paredes e no pavimento.

Por outro lado, o lobby deste hotel com o seu estilo requintado e aprimorado, mas, ao

mesmo tempo, simples e cuidado, transporta, a quem lá entra uma sensação de conforto

e bem-estar e vontade em usufruir de uma experiência compensadora para, por exemplo,

oferecer um plano de um dia de passeio pela ilha com as vistas para o oceano pelas arribas

e falésias diversas.

No entanto, este lobby já não corresponde totalmente ao que cada vez é mais procurado.

Os pormenores sofisticados e de estilo clássico remontam a um espaço mais conservador,

servindo de exemplo o grande candeeiro de cristal no centro do lobby, o balcão de receção

de madeira escura e pedra, o jogo de espelhos entre as colunas, as poltronas de grande

volume aveludadas, etc. Assim sendo, seu estilo não reflete na integridade, uma ilha com

clima tropical e ambiente de praia, deveria deste modo, focalizar-se num estilo mais

moderno com paletas de cores mais claras e sóbrias e remeter para um universo mais leve

Figura 34 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

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e mais primaveril e fresco. A sensação que este lobby transmite é, todavia, de acolhimento

e boa receção para uma estação mais fria e para uma época de outono, pois transmite

segurança e conforto térmico pelo conjunto de cores e texturas escolhidas. Porém existe

falta de coerência na linguagem usada e uma mistura de registos diferentes, acabando por

causa um certo desconforto e confusão visual.

3.7.2. Lobby da marca Pestana Pousadas de Portugal O primeiro estabelecimento hoteleiro pertencente à marca Pestana Pousadas de Portugal,

aberto na ilha da Madeira, foi o Pestana Churchill Bay, e este trouxe à ilha o conceito já

conhecido da marca, destinada a homenagear e a proporcionar experiências diferentes,

criando uma união entre a história da ilha e o conforto que se pretende para uma estadia

em um hotel.

A localização desta Pousada, também acaba por se alinhar com o conceito, situado em

Câmara de Lobos, a vila madeirense com menos população estrangeira e, até há pouco

tempo, das menos desenvolvidas da ilha, mantendo-se leal aos costumes e tradições

antigas da região. Contudo o conceito deste estabelecimento deve-se à visita que o

político britânico fez à ilha em 1950 em que deixou marcas importantes para o turismo

da região, desde a realização de umas das suas pinturas à vista da baía como o próprio

momento imortalizado pelo fotógrafo Raul Perestrelo, tornando-se esse local mais num

miradouro com o seu nome.

Figura 35 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Lounge, bar e receção, respetivamente. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

Page 83: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

83

O lobby do Pestana Churchill Bay, carateriza-se como um ambiente que relembra a

personalidade e trata de forma inspiradora a marca que Winston Churchill47 deixou, desde

pormenores como citações textuais conhecidas do político, à sua silhueta caraterística

pelos corredores, como pelo estilo decorativo, que invoca à sua postura e caráter, pois

Churchill era um homem conservador, mas visionário e esse aspeto é percetível na

escolha de equipamento, na paleta de cores, nos padrões geométricos e nas texturas que

ajudam a recuar no tempo.

Apesar de este lobby seguir o conceito do hotel e se encontrar com um registo mais

conservador, e tradicional indo de encontro ao que caraterizava Winston Churchill, a

sensação que dá é que se entra num espaço antigo e desatualizado, podendo estar

associado à falta de manutenção e cuidado entregues a este mesmo lobby.

3.7.3. Lobby da marca Pestana Collection Hotels

O primeiro lobby da marca de luxo Pestana Collection Hotels é o do Pestana Palace em

Lisboa, no Alto de Santo Amaro. Este edifício adquirido pelo grupo em 1992 e aberto

quase cinco anos mais tarde foi classificado como Monumento Nacional desde 1997. É

um hotel que se manifesta como categoria de luxo por diversas razões, quer seja pelos

47 Winston Churchill (1874-1965), foi político conservador e primeiro-ministro britânico. Churchill foi também artista, historiador, escritor e oficial do Exército Britânico, em 1953 recebeu o Prémio Nobel da Literatura.

Figura 36 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

Page 84: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

84

seus serviços o, como pelo seu enquadramento histórico, associado, como pelas suas

instalações de requinte e extravagância.

O lobby deste hotel insere apenas a receção, pois quanto aos outros possíveis elementos

constituintes, encontram-se no piso superior com o bar e o lounge. As caraterísticas mais

relevantes são também muito próprias e devem-se à arquitetura do palácio. O elemento

mais atrativo é provavelmente a escadaria em pedra lioz, ao criar um jogo de padrões com

diversas cores, possíveis de se encontrar no pavimento e no revestimento de parede.

Porém, a entrada deste hotel é atrativa pelas suas importantes particularidades tais como:

os vitrais coloridos nos grandes janelões; os candeeiros clássicos e arrojados, refletindo

iluminação amarelada e um ambiente quente e acolhedor; o bouquet de flores em cada

extremidade do corrimão também em pedra, com a sua simetria e equilíbrio; o balcão da

receção esculpido em madeira com o tampo em pedra; o banco em madeira escura

também talhada e com uma forma única; o expositor tipo mupi, que projeta imagens que

promovem e dão a conhecer o hotel, pois também este equipamento tem a sua definição

referente a uma determinada época e ao estilo clássico. Todos estes pormenores

demonstram influências maioritariamente francesas e italianas, uma vez que o

responsável pela construção deste palácio, Marquês de Valle Flor, tinha tido acesso a

influências internacionais.

Figura 37 - Lobby do Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018.

Page 85: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

85

O lobby deste hotel, acaba por não realçar as caraterísticas indispensáveis para um

primeiro espaço de acolhimento, ainda que seja indispensável respeitar a época e os

materiais nobres, é necessário transmitir a sensação de conforto e bem-estar.

3.7.4. Lobby da marca Pestana CR7 Lifestyle Hotels Este hotel foi o primeiro a pertencer à marca mais recente do grupo hoteleiro, inaugurado

em 2016 na ilha da Madeira, com o nome de Pestana CR7 Funchal. Dedicado também a

homenagear uma personalidade inspiradora para muitos adeptos do desporto, Cristiano

Ronaldo, a quem se destina esta consagração, figura emblemática no mundo desportivo

Figura 38 - Lobby do hotel Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018

Figura 39 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

Page 86: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

86

– futebol--, é natural esperar sucesso nesta associação, sobretudo na ilha da Madeira, local

de origem do jogador.

As palavras de ordem, e mensagens que se pretendem passar são as mesmas que o jogador

emprega no seu quotidiano, como a determinação, a resistência, a persistência, a coragem,

a disciplina, a ambição e agora, e cada vez mais, a capacidade empreendedora.

O lobby deste hotel é, como a marca em si, uma novidade para o Pestana Hotel Group

pelo seu registo visual e espacial utilizado. O design escolhido é moderno, desportivo e

simples tal como o espírito do jogador, direcionado para um público-alvo mais jovem e

com predisposição para cores e formas novas. O seu design é caraterístico de um estilo

inspirado na Art Déco com formas geométricas e orgânicas, cores atrativas e jogo de

texturas de materiais. Trata-se de um estilo muito heterogéneo, requintado, exótico e

eclético e que, por fim, mistura as principais caraterísticas, entre tradição e inovação.

Ainda que o conceito destes lobbies se relacione e se distinga muito com uma linguagem

excêntrica e exuberante, acaba por se torna num exagero de informação, dificultando o

reconhecimento de um registo próprio, podendo criar algum cansaço visual e exaustivo.

Deste modo, em alguns casos, os lobbies das unidades hoteleiras do Pestana Hotel Group,

não se adequam ao registo, conceito, localização e necessidades que deveriam constar

acabando por não valorizar significativamente as suas qualidades. No entanto,

prevalecem os projetos bem concebidos e enquadrados às necessidades e exigências, pois,

na maioria das vezes, a importância procurada encontra-se num espaço como os lobbies

desta cadeira hoteleira. As caraterísticas mais comuns são as sensações transmitidas por

entrar num espaço acolhedor e convidativo, apropriado e envolvente, procurando criar

expetativas através de sugestões feitas por plataformas online, ou por outras pessoas.

Figura 40 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

Page 87: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

87

3.8. Síntese De um modo geral, o Pestana Hotel Group consegue, muitas vezes, adaptar-se às

tendências, priorizando o bem-estar dos seus clientes, e mantendo consciência e empenho

na gestão da empresa. Tem, por isso, obtido a realização dos seus lobbies, de acordo com

as necessidades dos seus utilizadores e com as caraterísticas de cada um dos tipos de

hotel, sustentando e aumentando as taxas de sucesso, ano após ano.

No entanto, e apesar do empenho, do Pestana Hotel Group, na sustentabilidade, nos

serviços, no bem-estar dos hóspedes, e no desenvolvimento da economia local com a

contratação de pessoas naturais do espaço onde se instalam, pode notar-se que a vontade

e entusiamo expansionista é tal forma significativo que efetivamente menoriza o cuidado

que poderíamos esperar quer na manutenção, quer na atualização dos estabelecimentos

hoteleiros já existentes. Lobbies de unidades mais antigas não sofreram modificações e

não se adaptaram, por conseguinte, a exigências mais contemporâneas.

Desta maneira, analisando esta recolha, permito-me selecionar um caso bastante

significativo de um hotel em Cascais, o Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference

Aparthotel, cuja disposição e caraterísticas do lobby não se adequam às exigências atuais

de um hóspede que procura instalar-se perto da cidade de Lisboa ou da cosmopolita

Cascais. A intenção do novo projeto é evidentemente manter o bem-estar dos hóspedes,

mas propor-lhes uma nova dinâmica apelativa que os leve, não apenas a optar por esta

unidade hoteleira, mas que se sintam atraídos a aí permanecer, quer para um repouso

pontual, quer para um aperitivo ou digestivo, quer ainda para um diálogo que se poderá

estabelecer entre amigos, familiares ou outros hóspedes que compartilham deste novo

espaço mais acolhedor.

Page 88: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

88

Parte II

1. Projeto para o Lobby do Hotel Pestana Cascais - Ocean

Conference Aparthotel 1.1. Apresentação programática O trabalho de projeto pretende a reabilitação e será aplicado ao Hotel Pestana Cascais.

Esta proposta visa a criação de um novo espaço, dedicado ao bem-estar dos hóspedes.

Uma vez compreendido no enquadramento teórico, anteriormente realizado, acabando

por fundamentar e apoiar o projeto, este lobby inclui também uma zona de receção, que

acolhe, em primeiro plano, os hóspedes e visitantes, uma zona de lazer, e uma de

descontração e convívio no lounge, associadas também ao próprio bar, que oferece

serviço de venda de bebidas e refeições ligeiras.

A análise crítica inicia-se com o detetar das principais problemáticas do espaço e com o

que o circunda, apresentando, de seguida soluções alternativas e práticas para melhor

funcionamento e visibilidade deste lobby. Tendo em consideração os fatores implicados

num projeto de design, o desafio passa por responder às necessidades requeridas,

respeitando naturalmente o registo e a linguagem visual, de acordo com o conceito

predefinido pelo hotel em geral. Assim se apresentam novas intenções dando resposta aos

problemas identificados.

Esta proposta deve expressar a identidade da marca Pestana e deve ainda contemplar,

além dos revestimentos de pavimentos e paredes, soluções para o equipamento,

iluminação, climatização e as especificidades regulamentares em termos de caraterísticas

de resistência ao fogo e instalações especiais para o combate e prevenção de incêndio.

2. Contextualização do projeto 2.1. O espaço 2.1.1. Enquadramento Histórico

Ao longo das últimas duas décadas, o Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference

Aparthotel sofreu diversas alterações em áreas como a arquitetura, engenharia e design,

tendo apresentado ao longo deste tempo diferentes conceitos e imagens. O edifício

Page 89: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Atlantic Gardens foi construído entre 1989 e 1992, tendo sido da responsabilidade do

grupo de construção civil a engenharia Soares da Costa48.

Segundo David John Sinclair, um dos arquitetos que já efetuou diferentes trabalhos de

projeto para o Pestana Hotel Group, a obra passou depois para a responsabilidade da

empresa Soconstroi, tendo sido o único trabalho realizado para o grupo hoteleiro49.

O requerente do projeto foi a Guiatur50, e os arquitetos responsáveis, Castelo Branco e

Peixoto, pertenciam à antiga empresa Compave - Projectos De Arquitectura E

Engenharia, S.A. e que, na altura, geria todo o património do BPA - Banco Português do

Atlântico, especialmente alguns ativos com desenvolvimento mais lento. O design de

interiores de todo o projeto do Hotel foi da responsabilidade da empresa Hans Maden,

atual Geplan Design.

A inauguração do hotel Pestana Atlantic Gardens Ocean & Conference Aparthotel,

ocorreu em 1994. No entanto, ao fim de seis anos, surgiu a necessidade de intervir

48 Informação proporcionada por mensagem eletrónica de 04.12.2019 pelo Arquiteto David John Sinclair, um dos colaboradores do Pestana Hotel Group. 49 A obra foi efetuada por Soconstroi - Sociedade de Construções SA. Esta empresa foi fundada a partir de A Santo em 1980/1981 (https://www.asantomediacao.pt/engb/) pela equipa técnica chefiada pelo Engº Godinho Lopes. A Soconstroi foi vendida a uma empresa francesa, Bouygues (https://www.bouygues.com/en/), e revendida depois à Somague SA ( https://www.sacyrinfraestructuras.com/en/somague) que, atualmente, faz parte de Sacyr (https://www.sacyrinfraestructuras.com/pt). Portanto, trata-se de uma empresa que ainda existe de certa maneira. 50 A Guiatur é uma empresa de empreendimentos turísticos, cujo capital maioritário pertence ao Pestana Hotel Group.

Figura 41 - Registo antigo do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens. Fonte: Tripadvisor, 2020.

Page 90: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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novamente nesta unidade hoteleira, devido a problemas de infiltrações, tendo assim sido

reorganizada a estrutura arquitetónica, e a renovação do design do espaço.

Assim, realizaram-se algumas alterações dando tendo sido concluídas as obras em 2003.

As mudanças realizadas no lobby e na zona do buffet implicavam o aumento do espaço,

para, pelo menos, cinquenta e oito novos lugares sentados na zona de refeições.

As últimas alterações, realizadas no hotel datam de 2017, e são da autoria do Atelier da

Cristina Matos e do Dr. Miguel Metello, diretor geral do Pestana Hotel Group, e contou

com o apoio de uma antiga arquiteta do grupo hoteleiro, Arquiteta Catarina Sequeira

Silva. Estas alterações tiveram maior incidência nos quartos, já que no lobby se limitaram

à modificação de algumas pinturas, ao forro de cadeiras e sofás com tecidos diferentes. O

mobiliário não se alterou51.

51 Informação fornecida pelo um dos membros da equipa do Pestana Hotel Group, Engenheiro Diogo Tamen.

Figura 42 - Registo da versão visual do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens em 2012. Fonte: Tripadvisor, 2020.

Page 91: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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2.1.2. Análise do espaço

O edifício está localizado a 35 km do Aeroporto de Lisboa, a 10 km do Estoril e a 19 km

de Sintra, na Avenida Manuel Júlio Carvalho e Costa, em Cascais. A envolvente espaço

circundante do edifício é reconhecido por ser uma zona serena, composta por edifícios e

apartamentos de habitação e hotelaria: frente, encontra-se a pastelaria de renome

Sacolinha52.

Cascais é, como se sabe, uma localidade com forte impacto turístico, situada a pouca

distância de Lisboa, de Sintra, à beira do Atlântico, com um clima e enquadramento

favoráveis ao lazer e à tranquilidade. O turismo de elite (casas reais, estadias aristocratas,

por exemplo) sempre privilegiou esta região. Assim se entende que o próprio Pestana

52 A pastelaria Sacolinha, completou o seu 30º aniversário de existência em 2016. Sacolinha (2020). Consultado a 15.01.2020. Disponível em http://www.sacolinha.pt/

Figura 43 - Esboços realizados em 2002, altura que forem efetuadas alternações devido a problemas de infiltrações.

Page 92: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Hotel Group ofereça na mesma localidade o Pestana Cidadela Cascais – Pousada & Art

District53.

O Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel, pelo contrário, procura alvejar

um público menos exigente, mais jovem, mais dinâmico e, sobretudo, um público com

estadias breves, como congressistas, empresários, que, normalmente, nunca exigem

permanências prolongadas. Desta forma, um hotel desta natureza, deve proporcionar um

espaço, por certo, acolhedor, mas não obrigatoriamente previsto para permanências

demoradas, que se adequam mais a faixas etárias mais altas e mais abastadas.

É um hotel com a classificação de quatro estrelas, integrado na submarca Pestana Hotels

& Resorts, dispõe de 142 quartos compostos por kitchenette, sete suítes, uma piscina

exterior e um interior com banheira de hidromassagem, sauna e banho turco, além de um

restaurante.

53 Pestana Cidadela Cascais – Pousada & Art District faz parte da submarca Pestana Collection Hotels ratificado pela The Leading Hotels of The World, que ocupam edifícios classificados como património nacional.

Page 93: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Levantamento fotográfico54

Zona da receção

54 As fotografias foram efetuadas pela autora; E todas as plantas aqui integradas foram facultadas gentilmente pela arquiteta Catarina Silva Sequeira. A inserção numérica é da responsabilidade da autora.

Page 94: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Zona do bar

Page 95: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Zona do lounge

Page 96: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Análise SWOT Forças e oportunidades:

- Localização junto à praia;

- Hotel de tipologia aparthotel, o que possibilita autonomia e disponibilidade por parte

dos hóspedes;

- Vãos de grande dimensão junto à piscina interior, que oferece a cómoda ligação ao

restaurante, permitindo entradas de luz natural.

Fraquezas e riscos:

- Layout pouco organizado na zona do lounge;

- Espaço desatualizado e com falta de coerência na sua linguagem;

- Hotel de tipologia aparthotel, implica que o hóspede é normalmente menos

acompanhado, o que naturalmente em alguns casos pode surtir efeitos negativos;

- A luz natural não incide suficientemente sobre o lobby e a zona do lounge. Mesmo

durante o dia, é uma zona pouco iluminada.

Proposta de intenções

Após a análise do espaço e detetada a problemática, foi reunido um conjunto de soluções

que pretendem dar resposta à necessidade de mudança. Foi importante perceber o impacto

que o lobby pode vir a ter para quem o visita e compreender as prioridades que o Pestana

Hotel Group concede a este tipo de projetos, conseguindo, deste modo, recolher e propor

alguns propósitos favoráveis, tais como:

- Respeitar o conceito espacial – mar, praia e natureza circundante;

- Remeter para temáticas da natureza (uso de materiais naturais e padrões alusivos);

- Conceber uma ligação entre as obras efetuadas recentemente, respeitando o registo e o

estilo atuais;

- Criar uma ligação com o local envolvente e com a conotação dada a aparthotel;

- Reorganizar e criar uma ligação entre as três diferentes zonas, incluídas no lobby

(receção, bar e lounge)

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- Criar equipamento e estruturas multifuncionais para a exposição de artigos para venda;

- Criar mobiliário modular para o lounge;

- Potenciar a iluminação zenital;

- Corrigir elementos de incoerência no conjunto dos registos estilísticos presentes;

- Prever divisórias entre a zona de buffet/restaurante e o lobby, de modo a diferenciar

funcionalidades e privacidade, não impedindo a penetração da luz natural;

Moodboard

Page 98: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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Proposta para o espaço

Esta proposta visa apresentar uma solução que crie uma nova dinâmica no espaço, de

acordo com um conjunto de orientações necessário, que deverá corresponder aos

requisitos necessários para um lobby de hotel desta tipologia. Pretende-se implementar

um conceito que se caraterize como minimalista, simples e organizado, que transmita

conforto e bem-estar, convidando os hóspedes a desejar usufruir do espaço e recordá-lo

como uma boa experiência, de modo a que se torne, também por isso, um lobby

intemporal. Mas, ao mesmo tempo, poder propor uma aliança entre as tendências e as

necessidades. Assim, este espaço deve procurar ser interpretado como funcional e

concetual.

Esta solução, tendo em conta, a informação estudada no Capítulo 2, insere no espaço

dedicado ao lobby as três zonas constitutivas, a receção, o bar e o lounge. Todas estas

áreas foram projetadas em concordância com os sentidos funcional, coerente e formal,

pois, ao longo de todo o desenvolvimento do projeto, a preocupação foi a de renovar a

imagem e adaptá-la às tendências, atualizando a função de acordo com a

contemporaneidade, mas também não perdendo de vista o mercado-alvo deste

estabelecimento hoteleiro. Desta forma o resultado que se expõe, proporciona uma

experiência memorável, que pode ser marcada pelo impacto positivo, de modo a que o

hóspede seja incentivado à repetição da estadia, ou à revisita, podendo até – ambição de

qualquer grupo hoteleiro – também recomendar a outros visitantes.

São vários os fatores contributivos para a organização espacial de um lobby de hotel, a

dimensão, a categoria, a duração das estadias no estabelecimento, a classificação do hotel,

etc. Uma das maiores e mais frequentes dificuldades no momento de entrada num espaço,

como o lobby, é o reconhecimento da zona de receção. Por isso é tão importante a

organização espacial focalizar-se em diversos aspetos constitutivos deste espaço

primordial. Portanto, e relembrando que o lobby é a zona de maior fluxo de um hotel, é

indispensável dedicar determinado espaço para minimizar a aglomeração de pessoas e

bagagens, assim como instituir zonas de circulação com extensão suficiente para o fluxo

distinto entre funcionário(s), hóspede(s) e visitante(s).

A iluminação de um espaço multifuncional como o lobby, deverá ser projetada para os

diferentes ambientes nele inseridos. As diversidades luminosas, hoje, devem assegurar

Page 99: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

99

comodidade e segurança, aproveitando áreas com maior incidência de luz natural, pois o

melhor uso de diversos tipos de iluminação deve cooperar no resultado de um lobby mais

dinâmico, mas sobretudo, muito mais funcional. Os principais tipos de iluminação

optados para esta proposição distinguem-se do espaço atual, no sentido de idealizar um

ambiente mais convidativo, tirando proveito da incidência de luz natural, presente através

das grandes janelas junto ao buffet, com a instalação de painéis de madeira maciça, faia,

com 4x9cm de espessura, e dando uso à única janela inserida no lobby, junto do lounge,

colocando também um espelho ao lado para melhor reflexo e repercussão da luz natural.

Quanto à luz artificial, as tipologias podem variar entre iluminação direcionada e

iluminação difusa. Para a iluminação direcionada é colocada uma luminária de teto de

alumínio, com 7 centímetros de diâmetro.

Devido ao grande fluxo de circulação, existente no espaço como o lobby, o pavimento

deve estar preparado para este tráfego intenso, assim como considerar outros aspetos

como a durabilidade dos materiais, a segurança, o conforto térmico e acústico, a facilidade

na limpeza e na manutenção. A proposta, aqui recomendada para o pavimento, apesar de

manter a alcatifa, como solução existente atualmente, inscreve, no entanto, caraterísticas

melhoradas como homogeneidade cromática, para combater a falta de coerência e

continuidade da linguagem visual, entre o equipamento instalado e o solo.

Este pavimento deverá ajudar a refletir no conceito pretendido, através da opção pelo uso

em toda a área abrangente do lobby, incluindo a receção, o bar e o lounge, pois a intenção

é também a de interpretar a integralidade do espaço como um todo, não invalidando a

subdivisão destas áreas, que podem ser diferenciadas de acordo com as suas diversas

funcionalidades. A opção em manter o pavimento coberto por alcatifa, deve-se

principalmente pelos atributos que permitem isolamento acústico e térmico, e também

eficácia que evita a suspensão de partículas de poeira. Assim, a colocação da alcatifa

deverá será executada em módulos pelas vantagens que antecipam uma possível

substituição. Além disso, este sistema modular facilita a alteração entre várias cores,

sendo possível criar padrões policromáticos com alcatifas modulares. A escolha da cor

beige reflete o caráter minimalista, projetado para todo o espaço.

Para o revestimento das paredes e tetos, será utilizada a aplicação de tinta de água branca,

que ao conter vinil lhe dá durabilidade, com um acabamento mate, proporcionando um

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aspeto suave e aveludado às paredes. Excecionalmente, na zona do lounge, junto à janela,

serão colocadas, do chão ao teto, umas calhas/placas de gesso, como perfis comuns com

espessura de 48 milímetros, e revestidas pela mesma tinta.

Desta forma, conseguir-se-á entender este novo espaço, tal como foi concebido na

componente teórica, com a distinção das três zonas principais com ambientes e objetivos

distintos:

Page 101: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

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No seguimento da estrutura tripartida, representada pelas três áreas diferenciadas, é bem

conhecido que o primeiro contacto do visitante neste espaço é com a receção. Esta zona

irá manter a sua organização espacial, à exceção do teto falso, atualmente existente, que

será retirado, e das substituições dos dando lugar a equipamentos funcionais, o balcão e

o móvel dedicado aos cartões magnéticos. A nova proposta para a receção será então

constituída pelo balcão da receção e por um sistema fixo que possa permitir a arrumação

dos cartões de cada um dos quartos do hotel, sustentando deste modo a privacidade dos

hóspedes. A iluminação eleita é direcionada e as luminárias escolhidas têm 1 metro de

comprimento do cabo e 20 centímetros de diâmetro.

Para um hotel residencial ou que atenda na maioria das vezes a executivos, com

permanência média de três dias, e que não receba excursões de massa, a

configuração da recepção será outra. O hotel não necessita de uma recepção tão

grande, porém tem de ser prática e eficiente. (Cândido & Viera, 2003, p. 81).

Figura 44 - Render da zona da receção, sob o ponto de vista da porta de entrada do hotel.

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Figura 46 - Render a partir da zona da receção.

Figura 45 - Renders da zona de receção, sob o ponto de vista do corredor de circulação.

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Ao lado direito da receção, de quem entra, encontra-se o bar e este, assim como as

restantes zonas, são visíveis desde a porta de entrada do lobby. O bar disponibiliza o

consumo de bebidas, entre aperitivos, cocktails, vinhos, etc., sabendo que o convívio

partilhado de um bar pode ser um dos trunfos do hotel. Relativamente ao espaço atual,

contrariamente à receção, manter-se-á o teto rebaixado, por desempenhar um papel

importante para a criação de uma sensação de maior privacidade e acolhimento,

permitindo, por isso, que o espaço se caraterize como mais intimista e confortável.

Figura 47 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista da passagem entre o lobby e o restaurante.

As substituições correspondem ao balcão do bar, às cadeiras e à estrutura de apoio e

exposição de garrafas, copos e outros objetos requeridos para a caraterização deste espaço

convivial, sendo por isso, retiradas as atuais estantes. Como alternativa, será construída

uma parede falsa de gesso cartonado, estruturada por guias (perfis de aço em forma de

U), fixadas no teto e no chão, nas quais serão encaixados montantes de metal, formando

a estrutura da parede. Esta mesma parede, também será recolhida de 17 em 17 centímetros

entre si, e a 80 cm do chão, para que se obtenha a criação de uma ilusão de prateleiras

embutidas, com o objetivo de colocar e expor objetos de apoio ao serviço do bar. A

iluminação será suave e uniforme. No entanto, junto ao teto rebaixado, a iluminação será

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direcionada, com luminárias encastradas com 7 centímetros de diâmetro, possibilitando

uma boa perceção das formas, das estruturas e das texturas materiais.

Figura 49 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista do corredor de circulação.

Figura 48 - Render da zona de circulação entre o bar e lounge.

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A zona do lounge, é considerada como a de maior multifuncionalidade,

comparativamente às que descrevemos anteriormente, receção e bar. conseguindo

agrupar todos os ambientes em um único. Começando por inserir uma área de apoio, que

acompanha o serviço de bar disponibiliza, ao mesmo tempo, a colocação de mesas e

cadeiras para o consumo de bebidas e/ou aperitivos, possibilitando maior privacidade do

que aquela que se pode encontrar apenas num balcão do bar. Esta zona é também

composta por outros dois ambientes distintos e com funcionalidades dissemelhantes. Uma

zona de descontração, de tranquilidade com a disposição de sofás modulares, com

volumes diferentes, admitindo diversas disposições e interpretações. E, por se tratar de

uma zona, dedicada ao uso de aparelhos eletrónicos (como por exemplo, computadores,

tablets, telefones, etc), e sabendo que grande parte dos hóspedes deste hotel são

congressistas e jovens que estudam e/ou trabalham, este espaço deverá permitir não

apenas tomadas, simples e duplas, como entradas USB e oferecer um bom acesso à

internet

Figura 50 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de descontração.

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Figura 51 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista do corredor de circulação.

Figura 52 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de trabalho.

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Figura 54 - Render do lobby visto da porta de entrada.

Figura 53 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona do bar.

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2.2. Equipamento O equipamento no espaço necessita prestar utilidade de cumprir os princípios da

ergonomia com o objetivo de oferecer conforto, descontração e bem-estar aos seus

utilizadores, por isso têm tanta importância as dimensões do equipamento, a disposição

e os materiais que o envolvem.

2.2.1. Equipamento - Zona de receção

Para a zona de receção foi projetado um balcão com duas alturas desiguais evidenciando

funcionalidades distintas. A altura com maior dimensão é apresentada com uma estrutura

de contraplacado de faia com 30 milímetros de espessura, em forma “L”, que viabiliza

um melhor contato e troca de objetos entre o hóspede e o funcionário, não só no lado

frontal, para quem entra no lobby, como no lateral para a entrega dos cartões para cada

quarto do hotel. A zona, onde o funcionário poderá trabalhar, e guardar documentação

e/ou objetos, terá uma altura de 85 centímetros a partir do solo, e a 25 centímetros abaixo

da estrutura do contraplacado de madeira. É produzida com placas de mármore com 30

milímetros de espessura e apoiada na estrutura do contraplacado de madeira, e em um

móvel também produzido em contraplacado, com gavetas e prateleiras nas mesmas

espessuras. Este móvel terá 1,30 metros de comprimento e 75 centímetros de

profundidade, e está fixado ao chão. No entanto, tanto as gavetas, como as prateleiras,

apenas medem 45 centímetros de profundidade.

Figura 55 – Render do balcão da receção, vista de frente.

Page 109: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

109

Ainda na zona de receção, é instalado um sistema que permite maior segurança e

privacidade para os hóspedes do estabelecimento, por impossibilitar a visibilidade do

cartão magnético na receção, indicando a presença do hóspede no quarto.

Este sistema consiste em uma estrutura de madeira maciça, faia, fixada na parede por um

suporte de apoio e um eixo de aço com acabamento mate, com a funcionalidade de inserir,

a partir de uma ranhura, os cartões magnéticos que dão acesso à entrada para os quartos

do hotel.

Figura 56 - Render do balcão da receção, vista de trás.

Figura 57 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos.

Page 110: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

110

O procedimento é intuitivo e manual, pois existe uma margem de 2 centímetros que

permitirá puxar a placa de madeira, recortada para a introdução do cartão. A travagem da

rotação sobre o eixo de aço é feita na coligação desta placa contra uma ripa de madeira,

também fixada à parede, sobre suportes metálicos. Este último – o eixo de aço -- está

colocado com distância suficiente da parede determinando que a sua forma fechada fique

inclinada, impedindo a rotação.

Figura 58 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos, vista aproximada.

Figura 60 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos.

Figura 59 - Render da peça do sistema de arrumação

Page 111: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

111

2.2.2. Equipamento - Zona do bar

O bar insere no seu espaço dois equipamentos indispensáveis, o balcão e as cadeiras que

o acompanham. O balcão do bar utiliza os mesmos materiais de produção que o balcão

da receção. Este é constituído por cinco placas de mármore com 30 milímetros de

espessura; os tampos do balcão e as laterais, unidas por ângulos de 45 graus, que se

apoiam na estrutura de contraplacado de madeira de faia com 30 milímetros de espessura,

que será, por sua vez, fixada ao solo. Esta estrutura de contraplacado de faia, dá forma e

lugar à colocação de gavetas, prateleiras e compartimentos para a colocação de garrafas,

copos, etc, assim como toda a arrumação da estrutura terá a finalidade de dispensar apoio

ao serviço de bar.

Figura 61 - Render do balcão do bar, vista de frente.

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112

Figura 62 - Render do balcão do bar, vista de trás.

A cadeira do bar é constituída por quatro pés de barra de aço, quinada, contendo um

eixo com maior diâmetro na parte superior, onde é suportada a estrutura do assento e do

encosto. Essa estrutura é composta por duas placas de MDF hidrófobo de 16mm de

espessura e é fixada aos pés através de um suporte soldado e perfurado para a introdução

de parafusos. A união entre as duas placas é feita através de um esquadro de aço com um

ângulo de 90 graus com dimensões de 80x80 milímetros e com dois milímetros de

espessura. Para o revestimento, serão usadas duas placas de espuma de poliuretano com

duas densidades e duas espessuras diferentes respetivamente. A placa de espuma interior

tem 10 milímetros de espessura e densidade 30, e a placa exterior tem 20 milímetros de

espessura e densidade 23. Por fim, estas placas são revestidas com um tecido retardante

de fogo de algodão para estofo, resistente a chamas e líquidos, com a cor beige, mantendo

o mesmo registo e linguagem formal, tornando o espaço mais uniforme.

Page 113: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

113

2.2.3. Equipamento – Zona do lounge

O equipamento projetado para o lounge foi planificado, consoante as funcionalidades e

necessidades adjacentes que cada zona, deste mesmo espaço, dispõe. O lounge pode ser

interpretado em três área distintas, (1) uma zona de apoio ao serviço de bar; (2) uma zona

de descontração e (3) uma zona de trabalho.

A zona de apoio ao serviço de bar, localiza-se do lado oposto a este, atravessando a

zona de circulação que estabelece a ligação entre o lobby e o restaurante/buffet, e

apresenta mesas e cadeiras idênticas às do bar. Esta área pretende oferecer maior

privacidade e intimidade aos hóspedes ou visitantes, para o consumo de bebidas, ou

aperitivos. As mesas são formadas pelo tampo, com cerca de 70 centímetros de cada lado,

e o material utilizado é Corian55, e a sua cor tem o nome de Antarctica, e tem uma mistura

entre o tom beige, com pequenas pedras brancas. Esta placa tem 30 milímetros de

espessura, que é cortada nas arestas da face inferior. A fixação desta placa com a perna é

feita através de um suporte soldado em aço quinado, com acabamento mate.

55 DuPont™ é a única empresa americana que fabrica Corian®. Este é um material sólido, homogéneo e não poroso que consiste na junção de resina acrílica e trihidrato de alumínio.

Figura 63 - Render da cadeira do bar.

Page 114: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

114

Também no lado inferior da perna é colocado um suporte soldado em aço, com cerca de

10 milímetros de espessura, para uma melhor estabilidade da mesa.

A zona de descontração é constituída por seis sofás modulares diferentes, porém são

todos construídos com o mesmos método e estrutura, alternando apenas as medidas. O

sofá de menor dimensão tem também a função de apoio para a colocação de objetos

(exemplo: objetos pessoais, bolsas, carteiras, pastas, etc.) e é estruturado por uma placa

de MDF hidrófobo com 16 milímetros de espessura e assente em adesivos de feltro com

2 milímetros de espessura. O seu revestimento é feito com duas placas de espuma de

poliuretano com 40 milímetros de espessura, sendo que a placa interior é de densidade 30

e a exterior de densidade 23.

Figura 64 - Renders da mesa da zona de apoio ao serviço de bar

Figura 65 - Render do sofá/banco da zona de descontração do lounge.

Page 115: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

115

Por fim, é cosido um tecido retardante de fogo de algodão para estofo, com a cor beige.

A altura deste sofá é de 51 centímetros e a largura de 60 centímetros é equivalente para

todos os seus lados.

Todos os restantes sofás modulares têm a mesma conceção, distinguindo-se apenas nas

suas dimensões. O segundo sofá, com menor dimensão, tem capacidade para duas a três

pessoas, ou apenas uma se pretender maior descanso, para entender as pernas por

exemplo. Este sofá tem 70 centímetros de largura, e 1,04 metros de comprimento. A sua

altura é de 43 centímetros, contando com os pés de faia maciça com acabamento

nitrocelulósico, que por sua vez são aparafusados à placa de MDF hidrófobo, com 18

milímetros de espessura, através de um suporte perfurado.

No sofá mais comprido, são usados os mesmos métodos de fabrico que o anterior, e as

suas dimensões são de 2 metros de comprimento e 70 centímetros de largura e a altura é

igualmente de 43 centímetros. Num dos seus lados é colocado velcro até pouco mais de

metade do comprimento, com 1,10 metros. Este velcro fica em contacto com o sofá alto

Figura 66 - Renders do segundo sofá mais pequeno da zona de descontração do lounge.

Figura 67 - Render do sofá mais comprido, com fixação do sofá alto através do velcro.

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116

que serve encosto para todos os que desempenham o papel de assento, desta forma, é

possível fixar e manter a ligação entre cada unidade.

No entanto é colocado só em 6 unidades de 7 sofás deste tipo. O sofá alto que serve de

encosto é fabricado com o mesmo método, à exceção da variação da espessura da placa

de espume de poliuretano, que neste caso, tem apenas 20 milímetros.

A zona do lounge é ainda constituída por uma área dedicada ao trabalho e a utilização de

computadores, tablets, ou qualquer outro aparelho eletrónico, ou para qualquer tipo de

leitura. Esta localiza-se no extremo oposto da receção, junto à única janela do lobby, o

que oferece particular visibilidade, não só para quem ali trabalha, mas também para a área

circundante. Esta zona consiste num balcão corrido, com cerca de 6,82 metros de

comprimento e o tampo terá 56 centímetros de largura. Este balcão é fixo ao chão e na

face junto à parede, e tem 90 centímetros de altura. Por consequência, o lado oposto, com

cerca de 20 centímetros, não assenta no solo para proporcionar a aproximação das pernas.

A constituição deste balcão é de contraplacado de faia, com 40 milímetros de espessura,

encontrados no corte com ângulo de 45º graus e é através de uns perfis, também em

contraplacado, espaçados por cada 94 centímetros.

O tampo deste balcão insere ainda uns espaçamentos, cortados em máquina de corte a

laser (CNC), com o fim de dar passagem a cabos de carregamentos dos aparelhos

eletrônicos.

Figura 68 - Render do sofá comprido, que serve de encosto e é fixado ao sofá comprimido baixo, através do velcro.

Page 117: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

117

Por último, esta zona de trabalho insere no seu ambiente os bancos para os utilizadores

deste espaço se sentarem para uso dos aparelhos eletrônicos. Estes bancos usam modos

de construção semelhantes aos das cadeiras e dos sofás modulares, sendo constituídos

pelo seu tampo em placa de MDF hidrófobo com 16 milímetros de espessura e para a

revestir, e duas placas de espuma de poliuretano, em que a interior tem 10 milímetros de

espessura e 30 de densidade, e exterior também com 10 milímetros de espessura, tem 23

de densidade, que permite disfrutar de maior conforto.

O revestimento do assento é feito com o mesmo material usado nos outros equipamentos,

o tecido retardante de fogo de algodão para estofo, com a cor beige. As pernas do banco

Figura 69 - Render do balcão situado na zona de trabalho do lounge.

Figura 70 - Render do balcão da zona de trabalho do lounge.

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118

são de aço quinado com acabamento mate, a sua forma é em cone, pois o diâmetro em

contato com o solo é de 20 milímetros e o diâmetro na extremidade superior, cujas arestas

são soldadas ao suporte perfurado, tem cerca de 36 milímetros. Este suporte de aço é, por

sua vez, encastrado na placa de MDF hidrófobo.

Figura 71 - Renders do banco da zona de trabalho do lounge.

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119

Desenhos técnicos

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A

B

C

D

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3. Síntese

Ao longo da elaboração deste projeto é possível reter, nas suas linhas gerais, que os

conceitos de design de lobbies de hotel, se encontram em constante mudança. Os diversos

fatores de influência partem de conceções globais para mais particularizadas, podendo ser

eleita como base a cultura do país, ou da região, ou da própria área geográfica onde se

localiza o estabelecimento hoteleiro. Os hábitos e as rotinas das pessoas destes lugares,

assim como as tendências e necessidades existentes nesses espaços podem inspirar a

configuração de um lobby.

É de realçar a importância que um conjunto de elementos tem na conceção de um projeto

de design de interiores e, particularmente, no espaço do lobby, pela primeira impressão

que faculta a quem o observa. Alguns desses elementos podem corresponder à

organização e à disposição do layout por zonas (neste caso concreto, receção, bar e

lounge), que, por consequência, poderem alterar as funcionalidades do espaço.

As opções propostas, no que diz respeito à iluminação, têm similarmente forte efeito, pois

irão propiciar um ambiente mais acolhedor, mais íntimo, e, por consequência, mais

confortável, atraindo e convidando o visitante a maior atividade e uso do espaço.

A coerência da linguagem formal, principalmente através da paleta cromática

selecionada, do equipamento projetado, e das correspondências estabelecidas,

desempenha um papel fundamental para o cumprimento do objetivo exigidos por todos

os espaços desta tipologia. Em uma palavra, atrair e surpreender ao máximo hóspedes e

visitantes.

Desta forma, este projeto procurou expor soluções que pudessem corresponder a todos os

parâmetros, acima assinalados, sublinhando a importância da manutenção, atualizando-

se e adaptando-se às necessidades e organização espacial.

Page 135: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

121

Considerações finais

A vocação da autora nesta área do design tem vindo a desenvolver, cada vez mais, um

particular interesse pelo design de interiores, sobretudo no âmbito da hotelaria. Como

consequência a este interesse, elaborou-se uma proposta, que teve como objetivo propor

um novo plano em parceria entre a Faculdade de Belas-Artes e o Pestana Hotel Group,

para as “Cocheiras” do Hotel Pestana Palace, realizada em 2018. Este trabalho,

apresentado e discutido no âmbito da disciplina de Design Urbano e Interiores II,

aumentou a curiosidade da autora e o interesse por uma exploração, bem como por uma

pesquisa mais aprofundada sobre este tema – as implicações do design em ambientes

hoteleiros –.

Após um primeiro contato com a arquiteta Catarina Sequeira Silva, que na altura tinha

responsabilidades no Pestana Group Hotel, este trabalho de projeto, surgiu em contexto

de diálogo inicial sobre a possibilidade de renovar um espaço, que necessitaria de uma

intervenção, quer mais atualizada, quer mais adaptada às mínimas exigências que um

lobby de hotel daquela tipologia requer.

Para tal desenvolvimento, foi assim necessário definir e pesquisar algumas bases para a

investigação, aprofundando os conhecimentos sobre a área do lobby. Sobre a sua

importância no contexto do hotel, em concordância com o seu enquadramento histórico,

desde a origem do conceito até à contemporaneidade.

O crescimento da hotelaria foi, por certo, o principal fio condutor para a expansão do

lobby, principalmente no século XVIII, com o aumento e frequência das viagens. Porém,

o auge do design do lobby, ocorre, naturalmente no século XX, com o surgimento do bar

e de espaços de lazer nesta área, de acordo com as diversificadas tipologias hoteleiras.

Deste modo, foi efetuada uma análise dos fatores mais preponderantes pela valorização

do lobby, e a importância do impacto transmitido aos hóspedes e visitantes, tendo em

consideração as suas configurações, tais como: a dimensão do hotel, a sua tipologia, o seu

mercado-alvo, a sua localização, etc.

Page 136: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

122

Assumiu-se o lobby como um espaço claramente determinante e influenciador na

estrutura hoteleira, através da expetativa criada com as restantes instalações do hotel.

Podemos assim afirmar que quem vê o lobby, verá todo o hotel. É a imagem e o “rosto do

hotel”, podendo, portanto, ser considerado mais do que uma fronteira, um vínculo de

ligação para as áreas envolventes, confirmando-se deste modo que o lobby é a zona de

maior fluxo de circulação e visibilidade de um estabelecimento hoteleiro

Para além deste aspeto, é fácil concluir que os lobbies são interpretados como um espaço

próprio e até autónomo – visitar apenas o lobby sem qualquer permanência no hotel – O

bom lobby pela sua linguagem formal, pela sua inovação, pela sua audácia, conquistará

visitantes. Indiscutivelmente, esta experiência da visita efémera ao hotel -- apenas ao

lobby – implicará, por certo uma tal curiosidade que o visitante poderá no futuro se tornar

hóspede. O bom lobby terá de ter a importância de colocar ao visitante uma pergunta: Se

este espaço tem estas magníficas caraterísticas, como não serão os quartos deste hotel?

Para uma investigação mais completa e consistente, de modo a compor o suporte para a

proposta de um novo espaço, foram estudados e inquiridos os principais parâmetros do

grupo hoteleiro em análise – Pestana Hotel Group –. Após a realização do enquadramento

evolutivo desta empresa, fundada na ilha da Madeira, e ao examinar as variadas fases de

estabilidade e instabilidade, foi entendido que, ao longo dos anos, o seu principal objetivo

tem sido quase sempre o da expansão. Esta expansão tem sido efetuada através de

diferentes tipologias de negócio, de comércio, de rentabilidade, não apenas no âmbito da

hotelaria, como em outros domínios que, de algum modo, podem a ela estar associadas,

como o timesharing, o imobiliário turístico, o golfe, os casinos, a aviação, indústria do

lazer, etc. Talvez seja por estes motivos que não tem havido – ou não tem sido constatado

– o cuidado, o investimento na manutenção, na atualização e na adaptação de alguns dos

seus estabelecimentos mais antigos. Assim se compreende que a (re)atualização de

algumas unidades hoteleiras que, há muito tempo, fazem parte do grupo, não têm sido

restauradas, nem renovadas.

A caraterização feita a empresa, esclareceu que os seus valores e preocupações com a

sustentabilidade e desigualdades sociais, tem, de algum modo, estado presente nos ideais

do Grupo. No entanto, como a principal ambição tem sido o crescimento, nota-se que,

embora essas preocupações sejam percetíveis, a qualidade das instalações e dos serviços

Page 137: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

123

oferecidos, pode nem sempre corresponder ao que se esperaria das unidades hoteleiras

com estes perfis.

Foram observados e analisados presencialmente quatro lobbies de cada uma das

submarcas desta cadeia hoteleira e, ainda que não assumam um registo e uma linguagem

formal própria e identificadora da marca, confirmam-se que os conceitos de cada

estabelecimento se distinguem de acordo com o público e com o ideal que pretendem

transmitir. Contudo, a ideia de que a imagem apresentada através do lobby poderia

identificar a marca não se verifica, nem para hóspedes, nem para visitantes de cada um

dos estabelecimentos. Tem havido mais a preocupação de adaptar o lobby ao espaço e ao

perfil do hotel do que procurar identificá-lo com as diferentes tipologias da marca.

Decorrentes desta constatação, surgiu a possibilidade de projetar um novo espaço para

um dos lobbies do Pestana Hotel Group, localizado em Cascais (Portugal). Após o estudo

dos espaços circundantes, reuniu-se o material necessário para a concretização e

fundamentação, propondo a remodelação de um espaço adaptado ao local, ao mercado-

alvo, e às necessidades, caraterizando-se, sobretudo como um lugar de convívio,

funcional e convidativo.

Por fim, a articulação entre as componentes teóricas e práticas, pretendeu conceber um

conjunto de materiais, de eventual referência, para a conceção de projetos futuros,

dedicados particularmente ao lobby, em âmbito hoteleiro em geral, colocando a questão:

– que força tem um lobby para um hotel? – E como é que um grande grupo – Pestana

Hotel Group – entende o(s) seu(s) lobbies. Um projeto particularizado para cada um dos

seus hotéis e tipologia? Ou um ingresso, de tal modo, identificador que um visitante ou

um hóspede, ao entrar em um dos hotéis do grupo, reconheceria de imediato a marca

Pestana.

Page 138: A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel

124

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Anexos

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2870-121 Montijo

Fax: 210846482Email: [email protected]

Telefone: 210840824 Movel: 913599165

R. Dr. Manuel da Cruz Junior, nº 28 A

Desenho: Briscad V12 Pro 2012 ( Licença n.º 136928 )Este desenho é Propriedade de Riscos & Rascunhos - Estudos e Projectos, Lda. pelo que não pode ser produzido, divulgado ou copiado, no todo ou em parte, sem autorização expressa (Dec. Lei n.º 45/85 de 17 de Setembro)

PROFISSIONAL O.E. Nº 25669

TÉCNICO C/ CÉDULA

GUIATUR ATLANTIC GARDENS

TELAS FINAIS

PROJECTO DE REDE DE ÁGUAS

GUIA - CASCAIS

12/xx

HOTEL PESTANA CASCAIS - BLOCO C

LOCAL:

REQUERENTE:

PROC.:

JUL. 2012DATA:

DESENHO Nº.

ESCALA:

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