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A Interpretação

das Escrituras

A. W. Pink

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Traduzido do original em Inglês

Interpretation of the Scriptures

By A. W. Pink

Este e-book consiste apenas no Cap. 6 da obra supracitada.

Via: PBMinistries.org

(Providence Baptist Ministries)

Tradução por Cesare Turazzi

Revisão por William Teixeira

Capa por William Teixeira

1ª Edição: Fevereiro de 2017

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida

permissão do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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A Interpretação das Escrituras

Por A. W. Pink

Capítulo 6

________________________________________

A palavra “interpretação” tem, nesse contexto, tanto um significado mais rigoroso (ou

estrito) como mais amplo (ou livre). No primeiro sentido, significa extrair a força gramatical

da passagem; no segundo, explicar seu significado espiritual. Se o expositor se limitar de

forma rígida às regras técnicas de exegese, ainda que tenha serventia para o acadêmico,

ele será de pouco proveito para o povo simples de Deus. Dissertar a respeito das proprie-

dades químicas de um alimento não saciará a fome do homem faminto, nem tampouco

traçar a raiz das palavras no grego e hebraico (algo necessário, mas precisa estar em seu

devido lugar) deixará o cristão melhor habilitado a combater o bom combate da fé. Isso, por

um lado, não quer dizer que desprezamos o conhecimento acadêmico, nem, por outro, que

apoiamos aqueles que dão lugar à imaginação ao manusearem a Palavra de Deus. Em vez

disso, queremos dizer que o principal objetivo do expositor deve ser o de unir a verdade

aos corações de seus ouvintes ou leitores — ele deve demonstrar que o primeiro sentido

pode ter um poder vivificante, transformador e edificante sobre o segundo.

Em artigos anteriores dessa série, tem-se explicado que a tarefa do intérprete é agir

conforme Neemias 8:8, em que é dito: “E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e

explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse”; para tanto, o pregador precisa,

semanalmente, investir horas em estudo particular. Cada palavra do texto — a menos que

usá-la de forma contrária esteja claro na passagem analisada — deve receber seu significa-

do exato e preciso, de acordo com seu uso em toda a Escritura. De outro modo, o expositor

estaria sendo descompromissado, e exporia os oráculos de Deus não por seus próprios

termos, mas com ideias vãs e imaginações criadas pelo homem. As leis da linguagem não

devem ser violadas ou o significado das palavras alterado para atender nossos propósitos.

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Não iremos diminuir o verdadeiro poder e significado de quaisquer termos, mas explicá-los

através de princípios íntegros, e não por construções forçadas ou evasões jesuíticas.

A tarefa do intérprete é determinar, por rigorosa investigação exegética, o sentido

exato das palavras usadas pelo Espírito Santo e, na medida do possível, transmitir os

pensamentos de Deus em Sua própria linguagem. É também verificar e determinar o

significado exato dos termos utilizados na Sagrada Escritura e cuidadosamente evitar que

opiniões pessoais interfiram em seu dever. O intérprete não pode inserir nada que é seu,

mas ele deve, simplesmente, empenhar-se diligentemente para dar o verdadeiro sentido de

cada passagem analisada. Por um lado, ele não deve ignorar, ocultar ou reter nada do

texto; por outro, não deve acrescentar ou manipular algo para atender aos seus próprios

caprichos. A Escritura deve ser exposta a fim de falar por si mesma, e isso ocorre somente

à medida que o pregador anuncia seu real significado. Ele não deve somente explicar seus

termos, mas também a natureza das ideias que eles expressam; caso contrário, ele seria

capaz de fazer uso dos termos bíblicos e ainda assim dar-lhes um sentido antibíblico. Pode-

se descobrir com precisão o significado de cada palavra em uma passagem e, no entanto,

por algum erro contextual ou por qualquer inclinação do próprio autor, ter um entendimento

errado a respeito do que a passagem realmente ensina.

Um descuido que não seria tolerado em qualquer outra circunstância, infelizmente, é

livremente permitido quando cometido em relação à Bíblia. Artistas que são muito minuci-

osos na escolha de suas cores ao pintar um objeto natural são muitas vezes muito negli-

gentes quando buscam fazer um retrato santo. Assim, a arca de Noé é representada como

tendo uma série de janelas em seus lados, enquanto tinha apenas uma, e no topo! A pomba

que veio a ele depois do dilúvio ter diminuído é retratada com um ramo de oliveira em seu

bico, em vez de uma “folha” (Gênesis 8:11)! O bebê Moisés na arca de juncos é descrito

com um sorriso encantador em seu rosto, em vez de lágrimas (Êxodo 2:6)! Que nenhum tal

desrespeito criminoso pelos detalhes da Sagrada Escritura caracterizem o expositor. Em

vez disso, deixe o máximo cuidado e dores serem tidos para garantir a precisão, por exami-

narem cada detalhe, pesando cada jota e til. A palavra usada em “examinai as escrituras”

(João 5:39) significa diligentemente rastrear, como o caçador faz com o rastro dos animais.

O trabalho do intérprete é anunciar o sentido e não apenas o som da Palavra.

Ao enumerar, descrever e ilustrar algumas das leis ou regras que devem reger o

intérprete, nós já consideramos: Em primeiro lugar, a necessidade de reconhecer e ser

regulado pela interrelação e interdependência entre o Antigo e o Novo Testamentos. Em

segundo lugar, a importância e a utilidade de observar como as citações a partir do Antigo

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Testamento são feitas no Novo: a maneira pela qual e fins para os quais são citadas. Em

terceiro lugar, a absoluta necessidade de conformar estritamente todas as nossas

interpretações à analogia geral da fé, ou seja, cada verso deve ser explicado em plena

harmonia com esse sistema da Verdade que Deus nos revelou e que qualquer exposição

é inválida se se opõe o que é ensinado em outras partes da Bíblia. Em quarto lugar, a

necessidade de prestar muita atenção a todo o contexto de qualquer passagem sob

consideração. Em quinto lugar, a importância de determinação do escopo de cada

passagem, e o aspecto particular da verdade aí apresentada.

Há muito no Sermão do Monte que ilustra a força dessa regra, pois muitas das suas

demonstrações foram gravemente mal interpretadas pela falha em perceber o seu alcance

ou propósito. Assim, quando o nosso Senhor declarou: “Ouvistes que foi dito aos antigos:

Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para

a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mateus 5:27-28); tem sido suposto

que Ele estava estabelecendo um padrão mais elevado de pureza moral que o enunciado

no Sinai. Mas um tal conceito está em desacordo direto com seu propósito. Após

solenemente afirmar (v. 17) que, longe de seu ser sua missão destruir a lei ou os profetas,

Ele tinha vindo para cumpri-los (ou seja, aplicar e realizar as suas exigências), e por certo

Ele não se colocaria imediatamente contra o seu ensino. Não, a partir do verso 21 em diante

Ele estava empenhado em anunciar a justiça que Ele exigia dos cidadãos do Seu reino,

que ultrapassava a justiça “dos escribas e fariseus”, que defendiam os dogmas dos rabinos,

os quais tinham “invalidado o mandamento de Deus” por suas tradições (Mateus 15:6).

Cristo não disse: “Ouvistes que Deus disse dito no Sinai”, mas “Ouvistes que foi dito

aos antigos”, o que torna inequivocamente claro que Ele estava se opondo ao ensinamento

dos anciãos, que haviam restringido o Sétimo Mandamento do Decálogo ao ato de relações

sexuais ilegais com uma mulher casada; insistindo que isso exigia conformidade das

afeições internas, proibindo todos os pensamentos e desejos impuros do coração. Há muito

em Mateus 5-7 que não pode ser corretamente entendido a menos que o principal objetivo

e propósito do nosso Senhor nesse discurso sejam claramente percebidos; caso não seja

assim, as suas demonstrações mais claras se tornam mais ou menos obscuras e suas

ilustrações mais pertinentes parecem irrelevantes. Não era o ensino real da lei e dos

profetas, que Cristo refutou aqui, mas as conclusões errôneas que os mestres religiosos

tinham extraído e as falsas noções que foram formadas com base nelas, e que eram tão

dogmaticamente anunciadas naquele tempo. O gume afiado da espada do Espírito tinha

sido anulado pelo fato dos rabinos haverem rebaixado Seus preceitos, impondo sobre eles

sua própria interpretação o que os tornava desagradáveis para os não-regenerados.

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“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não

resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra” (vv.

38-39) fornece outro exemplo da necessidade de determinar a abrangência de uma

passagem antes de tentar explicá-la. Pela falha em fazer assim, muitos têm perdido a força

desse contraste. Tem sido suposto que o nosso Senhor estava aqui ordenando uma norma

de conduta mais misericordiosa do que era exigido sob a economia mosaica; no entanto,

se o leitor voltar para Deuteronômio 19:17-21, encontrará que esses versos davam

instruções aos “juízes” de Israel; essas instruções não deviam ser regidas pelo sentimento,

mas para administrar a justiça estrita ao malfeitor: “olho por olho “, etc. Mas esse estatuto,

que pertence apenas ao magistrado impor como penalidade judicial, havia sido pervertido

pelos fariseus, dando-lhe um carácter geral, ensinando assim, que cada homem deveria

fazer cumprir a lei com suas próprias mãos. Nosso Senhor aqui proibiu a prática da

vingança pessoal, e ao fazê-lo manteve o claro ensino do Antigo Testamento (veja Êxodo

23:4-5; Levítico 19:18 e Provérbios 24:29, 25:21-22, que proibiam expressamente o

exercício de malícia e retaliação pessoal).

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei

ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram

rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada

sobre a rocha” (Mateus 7:24-25). Quantos sermões foram lidos nesses versos, os quais

não estavam lá, e falharam tristemente em anunciar o que está neles, por não compreen-

derem o seu escopo. Ali, Cristo não estava envolvido no anúncio do Evangelho da graça

de Deus e revelando a Si mesmo como o único fundamento da aceitação do pecador, mas

estava fazendo uma aplicação prática e perscrutadora do sermão que Ele estava aqui

concluindo.

O “pois” no início indica que Ele estava extraindo uma conclusão de tudo o que havia

dito anteriormente. Nos versos precedentes, Cristo não estava descrevendo negociantes

de méritos ou falando contra aqueles que confiavam em boas obras e realizações religiosas

para a sua salvação, mas estava exortando seus ouvintes a entrarem pela porta estreita

(vv. 13-14), alertando contra os falsos profetas (vv. 15-20), denunciando uma profissão de

fé vazia. No verso imediatamente anterior (v. 23), longe de se apresentar como o Redentor,

ternamente atraindo os pecadores, Ele é visto como o Juiz, dizendo aos hipócritas: “Apartai-

vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.

Em vista do que acaba de ser ressaltado, esse seria, no mínimo, um lugar estranho

para Cristo introduzir o Evangelho e anunciar que Sua própria obra consumada era o único

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fundamento de salvação sobre o qual os pecadores deveriam descansar as suas almas.

Isso não somente não daria nenhum significado ao “pois” introdutório, mas não seria

coerente com o que se segue imediatamente, onde, em vez de apontar para a necessidade

de confiar em Seu sangue expiatório, Cristo mostrou quão indispensável é que nós

obedeçamos aos Seus preceitos. Verdadeiramente não há redenção para qualquer alma,

senão por meio da “fé no seu sangue” (Romanos 3:25), mas isso não é sobre o que Ele

estava aqui tratando. Antes, Ele estava insistindo que nem todos os que lhe dizem: “Senhor,

Senhor”, entrarão em Seu reino, mas “aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos

céus” (v. 21). Em outras palavras, Ele estava testando a profissão de fé, exigindo a

realidade de que a fé genuína produzirá boas obras. Aqueles que se julgam estar confiando

salvificamente no sangue do Cordeiro enquanto ignoram os Seus mandamentos estão

fatalmente enganados sobre si mesmos. Aqui, Cristo não compara o que ouviu e creu em

Sua palavra a um homem prudente que construiu a sua casa seguramente sobre uma

rocha, mas sim aquele que “ouve e as cumpre” — como no verso 26, o que constrói sobre

a areia é aquele que ouve suas palavras “e não as cumpre”.

“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Romanos

3:28); “Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé” (Tiago

2:24). A menos que o propósito de cada escritor seja claramente apreendido, essas duas

declarações contradizem uma a outra. Romanos 3:28 é uma conclusão do que tinha sido

anunciado nos versos 21-27, a saber, toda vanglória diante de Deus se torna impossível

pelo método divino da salvação. Pela própria natureza do caso, se a justificação diante de

Deus é pela fé, então deve ser somente pela fé, sem a mistura de qualquer mérito nosso.

Tiago 2:24 como é claro a partir dos versos 17, 18 e 26, não está tratando de como o

pecador obtém a aceitação diante de Deus, mas como tal pecado evidencia a sua

aceitação. Paulo estava refutando aquela tendência legalista que leva os homens confiarem

em e “estabelecerem a sua própria justiça” pelas obras; Tiago estava lutando contra esse

espírito de Antinomianismo licencioso que faz com que outros pervertam o Evangelho e

insistam que as boas obras não sejam essenciais para qualquer finalidade. Paulo estava

refutando negociadores de méritos, que repudiavam a salvação somente pela graça; Tiago

afirmou que a graça opera pela justiça e transforma as pessoas, mostrando a inutilidade de

uma fé morta que nada produz além de uma profissão jactanciosa. O fiel servo de Deus

sempre alternará em advertir os seus ouvintes contra o legalismo por um lado, e contra a

licenciosidade, por outro.

6. A necessidade de interpretação da Escritura pela Escritura. O princípio geral é

expresso nas palavras bem conhecidas: “comparando as coisas espirituais com as espiri-

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tuais” (1 Coríntios 2:13), pois enquanto a afirmativa anterior se refere mais especificamente

à inspiração divina pela qual o apóstolo ensinou, como o porta-voz autoritativo do Senhor,

ainda assim, os dois versos 12 e 14 tratam da compreensão das coisas espirituais, e,

portanto, nós consideramos que a última afirmativa do verso 13 tem uma força dupla. A

palavra grega traduzida como “comparando” é usada na tradução da Septuaginta do Velho

Testamento usualmente para expressar o ato de interpretar sonhos e enigmas, e C. Hodge

parafraseia: “comparando as coisas espirituais com as espirituais” por “explicando as coisas

do espírito nas palavras do espírito”, indicando que a palavra “espiritual” não tem

substantivo relacionado com ela, e, portanto, mais naturalmente concorda com o termo

“palavras” da frase anterior. Por estas razões, consideramos que 1 Coríntios 2:13 enuncia

uma regra muito valiosa e importante para a compreensão e interpretação da Palavra de

Deus, ou seja, que uma parte dela deve ser explicada por outra, pois a comparação das

coisas espirituais serve para iluminar e ilustrar uma e outra, e, assim, a sua perfeita

harmonia é demonstrada. Algo mais do que um conhecimento confuso ou vago das

Escrituras deve ser buscado: a verificação de que uma parte da verdade está em pleno

acordo com outras partes torna manifesta a sua unidade — como as cortinas do tabernáculo

eram ligadas entre si por laçadas.

Muitíssimo mais do que qualquer livro não-inspirado, a Bíblia é um volume

autoexplicativo, não só porque registra a realização de suas promessas e o cumprimento

de suas profecias, não só porque seus tipos e antítipos mutuamente revelam uns aos

outros, mas, porque todas as suas verdades fundamentais podem ser descobertas por meio

dos seus próprios conteúdos, sem referência a qualquer coisa ab extra ou fora de si mesma.

Quando uma dificuldade for experimentada em uma passagem, ela pode ser resolvida por

uma comparação e análise das outras passagens, onde as mesmas palavras ou outras

semelhantes ocorrem ou onde os mesmos assuntos, ou semelhantes, são tratados de

forma muito detalhada ou explicada da forma mais clara. Por exemplo, aquela expressão

de vital importância “a justiça de Deus” em Romanos 1:17 — todos os outros lugares onde

ela ocorre nas epístolas de Paulo devem ser cuidadosamente ponderadas antes que

possamos ter certeza de seu significado exato, e tendo feito isso, não há necessidade de

consultar autores pagãos. Isso não deve ser feito somente por observar cada palavra, mas

as suas partes e derivados, adjuntos e cognatos, devem ser examinados em todos os

casos, pois, com frequência, assim uma luz será lançada sobre a mesma. Que Deus

demanda que estudemos a Sua Palavra dessa forma, é evidente a partir fato de que

nenhum sistema de classificação ou arranjo de informação foram fornecidos a nós sobre

qualquer de seus temas.

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Os principais temas tratados nas Escrituras são apresentados a nós mais ou menos

fragmentados, sendo espalhados por suas páginas e revelados sob diversos aspectos,

alguns clara e completamente, outros mais remota e laconicamente: em conexões

diferentes e com diferentes adições nas diversas passagens onde elas ocorrem. Isto foi

designado por Deus em Sua multiforme sabedoria para nos fazer examinar a Sua Palavra.

É evidente que se quisermos apreender totalmente a Sua mente revelada sobre qualquer

assunto particular, devemos coletar e reunir todas as passagens em que tal assunto é

advertido, ou em que um pensamento ou sentimento similar é expresso; e por esse método,

podemos ter a certeza de que se nós conduzirmos a nossa investigação num espírito reto,

e com diligência e perseverança, chegaremos a um conhecimento claro da Sua vontade

revelada. A Bíblia é um pouco como um mosaico, cujos fragmentos estão espalhados aqui

e ali através da Palavra, e esses fragmentos devem ser reunidos por nós e cuidadosamente

montados, se quisermos obter a imagem completa de qualquer um dos seus inúmeros

temas. Há muitas passagens nas Escrituras que podem ser compreendidas apenas pelos

esclarecimentos e amplificações fornecidas por outras passagens.

Sola Scriptura! Sola Gratia! Sola Fide!

Solus Christus! Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.