Upload
dongoc
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E VALORIZAÇÃO DA CULTURA
RIBEIRINHA PARA O PROTAGONISMO LOCAL E A AUTO-GESTÃO DO
ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NO POLO TAPAJÓS, PARÁ
Marcio Halla ¹
Resumo
O Ecoturismo de Base Comunitária no Pólo Tapajós demanda hoje o
empoderamento de atores locais. São aqui discutidos aspectos de auto-gestão
da atividade, a partir do planejamento participativo junto às organizações
comunitárias e suas representações territoriais.
Planejamento participativo; Gestão comunitária; Ecoturismo de Base
Comunitária
Abstract
The Community Based Ecotourism nowadays demands the
empowerment of local stakeholders. Here are discussed aspects of local
management of the activity, based on the participatory planning close to
community organizations and their territory representatives.
Participatory planning; Community management; Community Based
Ecotourism
Resumo
El Ecoturismo de Base Comunitaria no Polo Tapajós demanda hoy el
fortalecimiento de atores locales. Aquí son discutidos aspectos de auto-gestión
de la actividad a partir del planeamiento participativo con organizaciones
comunitarias e representaciones territoriales.
Planeamiento participativo; Gestión comunitaria; Ecoturismo de Base
Comunitaria
¹ - Marcio Halla, agrônomo e diretor da Ecotoré Serviços Ambientais, realizou este trabalho
como Coordenador de Economia da Floresta do Projeto Saúde e Alegria, posição que ocupou
entre junho de 2004 e fevereiro de 2008.
Introdução
Contexto geral
O Ecoturismo diferenciou-se, entre as diferentes formas de se fazer
turismo, por se apoiar em princípios que reforçam o compromisso com a
conservação ambiental e o benefício comunitário. Hoje as estatísticas
demonstram que Ecoturismo cresce mais que a média do turismo convencional
no mundo todo (WTTC) e especialmente no Brasil (IEB).
Em maior ou menor parte, os princípios e critérios do Ecoturismo
poderiam ser estendidos e aplicados aos diferentes segmentos do turismo.
Seria uma guinada para a amplificação do conceito e o fortalecimento do
propósito do Turismo Sustentável se, inspiradores como são, viessem a ser
definitivamente incorporados pelos empreendimentos turísticos e atores de
todos os segmentos do turismo. A questão que se coloca é sobre o quanto está
acontecendo o contrário. Basta observar os impactos negativos do ecoturismo,
que hoje, em muito, reproduz a lógica convencional dos modos de se fazer
turismo, sem a devida valorização das práticas de responsabilidade social e
ambiental.
Na evolução dos conceitos – Turismo; Ecoturismo; Turismo
responsável; Ecoturismo de Base Comunitária, observamos a tendência que
vem permeando todos os processos de reflexão sobre o desenvolvimento, nas
suas mais variadas vertentes. É fundamental que se reconheça, valorize-se e
amplie-se cada vez mais a difusão, incorporação e integração dos valores e
princípios da ética e da solidariedade.
Neste processo de transição reside o desafio de serem estabelecidas
estratégias e consolidadas práticas que estimulem a valorização cultural, a
organização comunitária e a conservação ambiental. Práticas que assegurem o
acesso ao compartilhamento dos benefícios gerados pela atividade, com
estímulo ao empreendedorismo social e à criação de negócios inclusivos. E
que, finalmente, estabeleçam-se arranjos sustentáveis de interação social e
das populações com o território e o ambiente em que vivem.
Contexto local
A região dos Rios Tapajós e Arapiuns, com sua riquíssima diversidade
biológica e cultural, tem em seus rios, florestas e comunidades inúmeros
atrativos para o Ecoturismo. A floresta, no entanto, está ameaçada por
atividades econômicas insustentáveis, que avançam sobre a cultura tradicional.
O Ecoturismo de Base Comunitária pode representar uma estratégia de
desenvolvimento, com o protagonismo dos atores locais.
É necessário ser ressaltado um aspecto relevante da dinâmica turística
do Pólo Tapajós. O destino mais conhecido da região é Alter do Chão, onde o
turismo internacional já está estabelecido e alguns poucos equipamentos
turísticos estão estruturados. No entanto, antes ainda de serem otimizadas as
oportunidades abertas pelo pólo receptivo que passou a ser a Vila de Alter do
Chão, com a organização do acesso da comunidade aos potenciais benefícios,
a localidade passou a se caracterizar como um pólo emissivo para as
comunidades ribeirinhas tradicionais. Atualmente, com exceção de dois ou três
empreendimentos que buscam atuar no marco da organização e normatização
da atividade, o que se observa é a desorganização e desarticulação dos atores,
além do descontrole do fluxo de turistas para comunidades ainda pouco
estruturadas, social e fisicamente, para o protagonismo na operação do
receptivo.
O aspecto central do desenvolvimento regional no campo do
Ecoturismo de Base Comunitária, no momento atual, deve estar centrado no
planejamento e aprimoramento da capacidade de auto-gestão. Para o
fortalecimento dos processos é necessária a proximidade entre os diversos
parceiros existentes e potenciais. O acesso ao segmento-chave de público-
alvo, os ecoturistas realmente comprometidos com questões socioambientais,
que valorizem a troca de conhecimentos e saberes com as comunidades, deve
ser implementado gradualmente, de acordo com a consolidação da apropriação
da atividade e do aprimoramento da capacidade gerencial das comunidades.
O desenvolvimento do protagonismo local e o empoderamento da
liderança comunitária representam um elemento-chave para a estruturação das
bases da economia da floresta. Assim, o acesso aos benefícios do Ecoturismo
pode ser democratizado e ampliado, consolidando o conceito do Ecoturismo de
Base Comunitária.
Objetivos
1. Levantar e sistematizar, de forma participativa, a percepção das
comunidades ribeirinhas locais sobre o ecoturismo, sistematizando
as bases fundamentais para o planejamento do desenvolvimento
ecoturístico de base comunitária nos Rios Tapajós e Arapiuns;
2. Desenvolver uma experiência demonstrativa de gestão da atividade
ecoturística, com o protagonismo das comunidades locais e o arranjo
de parcerias interinstitucionais e intersetoriais necessário para o
apoio ao desenvolvimento do Ecoturismo de Base Comunitária.
Metodologia
O histórico do Programa de Ecoturismo de Base Comunitária do
Projeto Saúde e Alegria
Desde 2001 o Projeto Saúde e Alegria - PSA vem estruturando, com
abordagem programática, sua ação no campo do Ecoturismo de Base
Comunitária. A experiência de facilitar e mediar a interação entre visitantes e
comunidades ribeirinhas, com as quais trabalha desde 1987, decorre da prática
constante de receber parceiros e financiadores para viagens de trabalho.
O que se apresenta a seguir está baseado no processo de 6 anos, até
o final de 2007. O autor conhece o histórico de sua primeira metade e
coordenou o processo em sua segunda metade.
Em 2001, por iniciativa de uma das fundadoras do Projeto Bagagem,
que na ocasião trabalhava com o PSA em um projeto de micro-crédito, foi
organizada a primeira expedição do Roteiro Amazônia Ribeirinha. Esta foi a
origem do Projeto Bagagem, do Programa de Ecoturismo de Base Comunitária
do PSA e, certamente, de uma longa história de aprendizado conjunto. O
Projeto Bagagem, desde então, vem seguindo uma trajetória ascendente, com
a diversificação de roteiros e parcerias e o reconhecimento como uma
experiência referencial de Ecoturismo de Base Comunitária. Da mesma forma,
mas na sua esfera de atuação, o Programa de Ecoturismo de Base
Comunitária do PSA vem ganhando escala e relevância, tanto do ponto de
vista do “projeto-piloto” quanto, especialmente, como alternativa concreta de
geração de renda para 11 comunidades ribeirinhas.
A partir da experiência com o Projeto Bagagem novas parcerias
passaram a se consolidar, tanto no campo da operacionalização das viagens
quanto no campo da mobilização, formação e políticas públicas. Com isso deve
ficar claro que, além de parcerias com instituições como Ibama e Instituto Chico
Mendes, SEBRAE, Universidades, PROECOTUR/Ministério do Meio Ambiente
e Ministério do Turismo, estabeleceram-se também parcerias para a operação
local do receptivo ecoturístico.
Ao mesmo tempo em que o planejamento e a formação das
comunidades avançava, promovia-se a abordagem do “aprender fazendo”. A
operacionalização das viagens abria a possibilidade das comunidades
planejarem e se organizarem em torno da recepção dos grupos, para então
avaliarem as experiências e replanejarem as próximas visitas.
A prática do PSA, brevemente resumida, consistia na estruturação e
apresentação da programação e do orçamento aos parceiros, na organização
logística e programática da viagem e na prestação de contas e procedimentos
administrativos envolvidos. Um técnico do PSA sempre acompanhava as
viagens. A partir da chegada dos grupos aos destinos, em média 4
comunidades por viagem, a coordenação da programação passava a ser dos
responsáveis por cada uma das atividades, definidos ao longo dos
planejamentos prévios. Com isso o técnico do PSA passava a ter uma função
de assistência à coordenação comunitária.
Abaixo se apresenta um resumo das principais parcerias no campo da
Operação Turística.
- Projeto Bagagem: 2 expedições por ano, desde 2001, com 13 a 15
turistas por grupo. Os “bagageiros” são pessoas de diferentes faixas etárias,
comprometidas com questões sociais e ambientais e dispostas a vivenciar o
intenso intercâmbio cultural com as comunidades. Na programação são
organizadas oficinas e noites culturais, apresentadas tanto pelas comunidades
quanto pelos visitantes, além de todas as atividades no ambiente natural;
- World Learning Brazil: 2 a 3 visitas por ano, desde 2003, com 15
estudantes universitários estadunidenses por grupo. Os estudantes viajam por
diferentes regiões do Pará durante 1 mês e meio e desenvolvem uma
monografia em uma das localidades visitadas, junto a uma das organizações
parceiras. Durante 3 a 4 dias 5 estudantes permanecem em cada uma das 3
comunidades, cada um na casa de uma família, onde participam da rotina
diária familiar;
- Ambiental Expedições: única agência de viagens e turismo envolvida,
a parceria teve início em 2006, com a recepção experimental de um grupo de
44 estudantes o primeiro ano do ensino médio do Colégio Santa Cruz, de São
Paulo. Neste ano deverá acontecer a terceira expedição, que acontece no
âmbito das disciplinas de meio-ambiente e ética e cidadania. Além da
consolidação da parceria no campo dos projetos pedagógicos de estudo do
meio, teve início em 2007 a parceria no campo do turismo internacional. Os
grupos, 2 em 2007 com cerca de 15 turistas cada um, foram mobilizados a
partir da percepção da Ambiental sobre agências européias diferenciadas, que
trabalham com os segmentos estratégicos de público-alvo buscados pela
iniciativa.
- I-To-I / IkoPoram: duas viagens experimentais até o momento, uma
em 2006 com 6 voluntários e outra em 2007 com 8 voluntários europeus. Com
experiência há algum tempo neste tipo de turismo de voluntariado,
particularmente em cidades como o Rio de Janeiro e Salvador, as empresas
operadoras estão estruturando a perspectiva de regularizar as viagens para a
Amazônia. Os voluntários permanecem 1 semana em cada comunidade
colaborando nos trabalhos comunitários, como construção e reforma de
escolas, implantação de postes e instalação elétrica, etc.
- Viagens avulsas / espontâneas: esporadicamente são demandadas
organizações de viagens para grupos avulsos, principalmente a partir de
parceiros do PSA. Entre 2005 e 2007 aconteceram 5 viagens desta natureza,
com 6 a 12 turistas, geralmente grupos familiares, que representam também
um segmento de público interessante para a experiência das comunidades.
Metodologia de mobilização social e planejamento participativo
Houve um avanço importante na concepção metodológica, superando-
se a fase do processo quando o avanço no planejamento e na articulação das
comunidades acontecia em função das próximas viagens.
Ao longo de 1 ano, entre junho de 2006 e maio de 2007, foram
realizadas oficinas comunitárias em 11 comunidades, promovendo-se o debate
baseado na percepção das comunidades sobre o Ecoturismo. Neste grupo de
comunidades havia desde aquelas onde a atividade já estava mais estruturada,
a menor parte, quanto aquelas que tinham passado apenas por uma
experiência de recepção de grupos de visitantes.
O eixo central da metodologia partiu do propósito de ser gerada a
reflexão coletiva sobre a disposição ou não ao aprofundamento e envolvimento
com a proposta do Ecoturismo de Base Comunitária. Para tanto, considerou-se
que se devia partir de uma atividade que promovesse a reflexão sobre as
ameaças e oportunidades oriundas do fomento à atividade. Acima de tudo,
incitando a ampla participação da comunidade por meio de uma dinâmica de
trabalho agradável e lúdica, que detectasse os anseios e incertezas das
comunidades, reforçando-se o princípio da precaução e o compromisso com a
incorporação dos limites da atividade. Além disso, a metodologia procurou
motivar a manifestação de pessoas que pudessem vir a liderar as iniciativas
comunitárias.
As oficinas tiveram como atividade inicial a dinâmica do boneco, com a
reprodução e adaptação da metodologia que já havia sido desenvolvida pelo
próprio autor 4 anos antes, junto às Comunidades Remanescentes de
Quilombos do Vale do Ribeira, SP. Os participantes foram divididos em grupos
respeitando-se a proporcionalidade de gênero e geração. Em alguns casos,
dependendo do número de participantes, a atividade foi realizada
individualmente.
A cada grupo foram entregues dois papéis, onde foram estimulados a
desenharem partes de corpos: um para compor um turista e um para compor
alguém da comunidade. Com os desenhos prontos os bonecos passaram a ser
montados.
O conteúdo da discussão, sobre cada personagem e sobre a relação
entre os dois, foi registrado em tarjetas. Após o estímulo ao imaginário pessoal
e coletivo, tiramos os bonecos “de cena” e passamos a analisar cada
consideração, registrada em cada tarjeta, enfocando-as no plano da realidade.
Quando a análise lúdica, dos bonecos, foi antagônica à realidade, a negação
foi ressaltada e a tarjeta foi separada do bloco. Toda a discussão, na sua mais
absoluta integridade, foi registrada nas tarjetas e preservada para o relato de
cada uma das oficinas.
Com a estruturação das idéias em torno das questões “O que é
ecoturismo?”; “Quem é o ecoturista”; “Quem é o comunitário com quem ele vai
se relacionar?”, os resultados foram organizados em pontos fortes e pontos
fracos da comunidade, oportunidades e ameaças da atividade ecoturística.
Os resultados das 11 oficinas foram sistematizados com o apoio de
Ândrea Colares, bióloga e Técnica de Produção Comunitária do Projeto Saúde
e Alegria. Ao longo deste processo várias viagens aconteceram e, nas reuniões
de planejamento e avaliação, diferentes elementos discutidos nas oficinas
auxiliaram na abordagem e nos encaminhamentos, legitimando o produto do
processo participativo e gerando reflexões sobre o enfrentamento dos desafios.
Em junho de 2007, logo após o término da rodada de oficinas, o PSA
promoveu em Jamaraquá, Belterra, na Floresta Nacional do Tapajós, o 1º
Seminário de Ecoturismo de Base Comunitária Tapajós – Arapiuns, reunindo
representantes de 13 comunidades e líderes de Federações de 3 territórios
(Flona Tapajós, Resex Tapajós-Arapiuns e Assentamento Agroextrativista),
além das instituições parceiras dos governos municipal e federal, ONGs e
empresas.
Inicialmente apresentaram-se as instituições parceiras presentes, com
ênfase a suas ações que dialogam com aquele público. Duas pessoas falaram
especificamente sobre Ecoturismo de Base Comunitária, o que gerou um
amplo debate sobre os princípios que devem guiar a atividade (resultado 1). A
formulação de princípios e critérios de base local é, inclusive, um dos princípios
do Ecoturismo de Base Comunitária (Rede TURISOL, 2005).
Foi então apresentada uma síntese da sistematização dos resultados
das oficinas (resultado 2), que guiou, a seguir, uma série de relatos de líderes
comunitários envolvidos com a implementação das atividades de Ecoturismo
de Base Comunitária em suas respectivas comunidades (resultado 3)
A partir do debate sobre os princípios e os aspectos importantes e da
apresentação das experiências comunitárias, foi estimulada a dinâmica
participativa fundamentada nos aspectos de gestão e operação do Ecoturismo
de Base Comunitária. Inicialmente os participantes foram divididos em 4
grupos, com a missão de prepararem 1 esquete de circo cada um, a serem
apresentados à noite, no Circo Mocorongo, sobre os temas organização;
capacitação, gestão e operação turística.
Na manhã do dia seguinte foram sistematizadas as idéias-chaves
captadas das apresentações circenses organizadas em dois blocos: gestão e
operação (resultado 4). Alguns aspectos foram também organizados como um
conjunto de valores fundamentais para a atividade (resultado 5). Foi motivada,
então, a definição de perguntas geradoras que guiaram o debate concentrado
em dois momentos: gestão e operação (resultado 6).
A metodologia participativa utilizada foi a do Carrossel. Os participantes
foram divididos no número de grupos correspondente ao número de perguntas
em cada um dos momentos – 4 em gestão e 6 em operação. Cada pergunta,
escrita em um grande papel, ficou em uma base, onde um facilitador /
contextualizador permaneceu até o fim. Cada grupo teve um relator
responsável por seguir adiante com sua caneta colorida e registrar as
contribuições de seu grupo a cada uma das bases. Cada grupo tinha uma
caneta de cor diferente. A cada 10 a 15 minutos era dado um sinal para que
todos os grupos parassem a discussão onde estivessem e se deslocassem
para a próxima base, ao mesmo tempo. Por isso o nome Carrossel.
Em plenária foi estimulado um amplo debate sobre os resultados,
compondo um conjunto de elementos que devem servir como referencial para a
auto-gestão da atividade e para que a operação do Ecoturismo seja, de fato, de
Base Comunitária.
Metodologia de implementação do sistema de gestão
A evolução do processo facilitado pelo PSA na área de Ecoturismo de
Base Comunitária acontecia bilateralmente, ou seja, envolvendo-se com cada
uma das comunidades paralelamente. A intenção de promover o encontro das
comunidades e suas representações territoriais, bem como o cruzamento de
suas experiências, foi o que moveu o desencadeamento do processo que é
apresentado neste artigo. O propósito principal foi o estabelecimento de novos
arranjos que assegurem a gestão política adequada do processo.
Em relação à gestão financeira, deve ser ressaltado que
estrategicamente, para o PSA, a atividade representa um componente da
matriz de geração de recursos próprios. A diversificação de fontes de receita,
especialmente aquelas que não dependam da mobilização de recursos
financeiros a fundo perdido, é um desafio sempre presente nos planejamentos
estratégico das Organizações Não Governamentais.
Uma premissa para o arranjo financeiro que foi implementado a partir
de janeiro de 2005 foi a segurança de que, em hipótese alguma, o PSA não
viesse ter receita maior que a das comunidades.
Sempre foi praticado, no âmbito desta pareceria, o pagamento e uma
taxa de visitação correspondente a R$10,00 (dez reais) por pessoa por dia, que
é de 50% a 100% maior que as taxas definidas e praticadas pelas 4
comunidades da região que recebem turistas regularmente, em caráter
comercial.
Como parte do novo sistema de gestão financeira foi criado um Fundo
Comunitário, para onde vem sendo destinada a proporção da receita
correspondente à diferença entre o repasse direto para as comunidades, a
título de taxa de visitação, e a metade da receita líquida (exemplo ilustrativo no
resultado 7).
Ao longo do ano de 2007, quando o sistema de gestão teve seu maior
avanço em estruturação e prática, foram realizadas 12 viagens. Em 2006 foram
9 viagens e no interior, 2005, aconteceram 7 viagens. A ampliação gradual do
número de viagens faz parte da abordagem metodológica, em que a prática
leva ao aprimoramento das capacidades e, com a intensificação das
experiências, o sistema de gestão passe a se estruturar para poder dar
resposta a uma demanda crescente.
Outro aspecto relevante é o da concentração de viagens no tempo e no
espaço. Todos os anos a maior parte concentra-se em janeiro e julho, e as
demais são dispersas ao longo do ano, especialmente em março, outubro e
dezembro.
Para que se respeite um dos estabelecidos, a valorização e
fortalecimento cultural, é importante que, desde a abordagem estratégica de
planejamento da atividade seja respeitado o ritmo da vida ribeirinha. O
cruzamento de dois fatores - o tempo de processamento das experiências e a
demanda de mobilização para a recepção de qualidade de grupos de
visitantes, foi estabelecido como um dos limites para assegurar a ampliação
gradual da freqüência de viagens. Em janeiro e julho, quando a intensidade de
visitação é maior, trabalhou-se para garantir que dois grupos não viessem a se
encontrar na mesma comunidade.
O princípio de se trabalhar baseado nos limites da visitação é
permeado também pelo esforço de se acessar os segmentos certos de público-
alvo. As “oportunidades” de divulgação da experiência sempre foram tratadas
com cautela para que não viessem a se caracterizar como divulgação do
destino ou publicidade do roteiro. A dinâmica de divulgação “boca-a-boca”, a
rede de contatos e a capacidade de alcance dos parceiros vêm se
demonstrando adequadas para o crescimento da atividade.
Retomando-se a dimensão econômica da atividade, paralelamente à
estruturação da capacidade de gestão da atividade ecoturística, esforços foram
alocados também para a dinamização econômica e o estímulo aos grupos
produtivos. A dinamização da economia local é promovida pelo Ecoturismo de
Base Comunitária por meio de estratégias variadas. Um bom exemplo disso é a
experiência do grupo TucumArte (resultado 8). O grupo de artesãs e artesãos
da Comunidade de Urucureá definiu, inclusive, uma estratégia específica no
seu sistema de manejo e certificação florestal FSC, baseada no atendimento à
demanda de cestaria de palha de Tucumã pelos grupos de visitantes.
Finalmente, a transparência do sistema de gestão teve um avanço
entre os encaminhamentos do Seminário de junho de 2007, quando foram
estabelecidos alguns procedimentos a serem instalados no âmbito de cada
comunidade, na relação entre os presidentes e coordenadores e os
comunitários em geral.
Além disso, na relação do PSA com as comunidades também se tratou
de encaminhamentos para a gestão do Fundo Comunitário. O Fundo foi gerado
e vem sendo alimentado pela dinâmica de visitação no conjunto das
comunidades. Ele transcende a escala comunitária e até mesmo a territorial,
visto que as visitas geralmente acontecem nos dois rios e, no mínimo, em dois
territórios (Floresta Nacional e Assentamento Agroextrativista, por exemplo). A
estruturação do Fundo aconteceu por iniciativa própria do PSA, mediante a
constatação da necessidade de nivelamento da receita sem aumento do valor
da taxa de visitação (na última expedição do Projeto Bagagem já teve início o
exercício da taxa de R$15,00 por dia, seguindo a mesma lógica de aumento
gradual). Por não haver ainda uma instância de gestão representativa o PSA se
colocou como o “fiel depositário” do fundo, com o compromisso de não utilizar o
recurso. Ou seja, entre janeiro de 2005 e dezembro de 2007 o Fundo foi
incrementado e só teve aumentado o valor depositado. A partir do primeiro
encontro, no seminário de junho, teve início o delineamento da estratégia com
o estímulo ao debate entre as comunidades. Até o final de 2007, quando foi
apresentado um balanço parcial aos parceiros, ainda não se havia estabelecido
a primeira deliberação de investimento do recurso do Fundo (resultado 9).
Resultados
Resultado 1
A sistematização dos resultados das 11 oficinas foi feito com o
propósito de agregação dos pontos-chave. Foi escolhido arbitrariamente uma
das idéias para expressar a idéia-central do conjunto:
Pontos fortes e Oportunidades – Ecoturista
- Tem compromiso e respeito
- Incentiva e ajuda
- Quer saber do cotidiano
- Gosta de falar e escuta o que falamos
- Pode trazer informação
- Tem dinheiro e quer comprar
- Observa o que acontece na amazônia
- Quer conhecer e admirar a natureza
Pontos fortes e oportunidades - Comunitário / comunidade
- Gera atrativos
- Relata o imaginário amazônico
- Tem conhecimento tradicional
- É artista, faz arte e artesanato
- Faz comidas e bebidas típicas, óleos comestíveis e medicinais
- Sabe andar na floresta
- Conhece as árvores
- Sabe pescar
- É um cientista da natureza
- Tem capacidade de organização
- É trabalhador
- Atividade turística é trabalho comunitário
- Casas podem ser usadas para receber
- Estabelece limites para a visitação
- Remuneração por receber o turista
- Tem harmonia e paz
- Tem alegria em receber o turista
Ameaças e pontos fracos – Comunitário
- tem que saber quem é e a finalidade
- o comunitário pode não ver quando levam a riqueza
- cuidado com a idéia de levar
- condições de segurança em trilhas longas
- não há estrutura física (pousada, etc)
- dificuldade de comunicação
- lixo na comunidade
- necessita de intérprete
- precisa de informações sobre dst/aids
Ameaças e pontos fracos - ecoturista
- fotos
- tem tecnologia para levar algo e reproduzir em seu país
- pode prejudicar a comunidade
- turistas sem autorização
- turismo sexual
- ameaça do alcool e drogas
Resultado 2
Princípios
- Conservação Ambiental
- Ordenamento territorial
- Estímulo a outras atividades econômicas / produtos
- Organização comunitária
- O negócio do turismo é coletivo
- Troca cultural
- Promoção da cultura da paz
- Valorização do modo de vida tradicional
- Gestão financeira transparente
Aspectos Importantes
- Manejo sustentável de recursos naturais
- Gestão sustentável dos resíduos (lixo)
- Oportunidades de formação e qualificação
- Serviço de qualidade
- Benefício econômico para as comunidades
- Planejamento participativo
- Segurança
- Estímulo a outros projetos comunitários (sociais, educacionais,
culturais)
- Acesso a financiamento
- Fixação na comunidade, com geração de emprego e renda
Resultado 3
Os relatos a seguir registram opiniões pessoais e apresentam aspectos
importantes para balizar o processo de planejamento participativo.
Miguel Silva– Suruacá (RESEX Tapajós/Arapiuns)
Os comunitários não querem ser empregados, querem ser donos do
“negócio”, das viagens de ecoturismo, podendo ganhar dinheiro.
João Pedro Oliveira – Pedreira (Floresta Nacional do Tapajós)
Para eles é uma coisa nova conhecer a comunidade. Os alunos da
comunidade se sentiram satisfeitos com o intercâmbio com os alunos do
colégio Santa Cruz. Tem que haver responsabilidade com o turista, conduzir da
melhor forma possível.
Waldenezes Andrade (Assentamento Agroextrativista Lago Grande)
A visão do turista sobre a Amazônia é diferente de antes e depois da
visitação. Passam a divulgar a comunidade. Experiência boa e louvável.
Edinelson Fonseca – Jamaraquá (Floresta Nacional do Tapajós).
Para os condutores e os próprios comunitários é preciso haver
responsabilidade, treinamentos e multiplicação do conhecimento referente ao
Ecoturismo de Base Comunitária. A segurança para o turista é muito
importante, o condutor deve orientar durante a caminhada. Para nós, nada aqui
é diferente. Pra eles tudo é novidade; os turistas são diferentes. O regimento
tem que contemplar soluções para o problema do lixo. Há a preocupação com
alguns comunitários, eles podem prejudicar o turismo, pela falta de
conscientização.
Abílio Alves– Maguari (Floresta Nacional do Tapajós).
Sou responsável pelos condutores. A autorização do IBAMA para a visitação é
importante, isso dá credibilidade ao condutor, já que está respaldado pelo
órgão. Para as taxas recebidas durante a visita, é feita a prestação de contas
para a Associação de Moradores. Sinto-me feliz quando recebo os visitantes.
Resultado 4
Idéias-chaves – Gestão
- Regulamentação clara e detalhada
- Estabelecimento de espaços de participação
- Planejar – avaliar - replanejar
- Avaliação constante da própria comunidade
- Controle 100% comunitário
- Estabelecimento de limites
- Postura positiva e construtiva
- Gestão financeira definida
- Acesso de todos aos benefícios
- Ecoturismo é um complemento de renda
- Transparência
Idéias-chaves - Operação
- Estrutura de comunicação
- Formação não só técnica, também política
- Valorizar o acesso aos atrativos também como atrativo
- Logística eficiente
- Garantir a segurança
- Soluções e gestão do lixo
- Infra-estrutura (hospedagem e alimentação)
- Qualidade do serviço
Resultado 5
Conjunto de valores
- Valorização e fortalecimento cultural
- Construir uma convivência harmoniosa
- Valorizar o que somos mais do que o que mostramos
- Agradar tanto o comunitário quanto o turista
- Comunidade feliz é o objetivo principal
Resultado 6
Perguntas geradoras – Operação
- Base 1: Como operacionalizar o EBC hoje?
- Base 2: Quais os investimentos em infra-estrutura necessários para o
Ecoturismo de Base Comunitária que queremos?
- Base 3: Quais os investimentos em formação e qualificação
necessários para o Ecoturismo de Base Comunitária que queremos?
- Base 4: Quais os investimentos em segurança necessários para o
Ecoturismo de Base Comunitária que queremos?
Perguntas Geradoras – Gestão
- Base 1: Como fazer a gestão e o planejamento participativo do EBC
e de seus resultados econômicos?
- Base 2: O que considerar no termo de conduta dos visitantes?
- Base 3: O que considerar no regimento interno?
- Base 4: Como garantir a sustentabilidade ambiental para a operação
do ecoturismo de base comunitária?
- Base 5: O que fazer para valorizar e fortalecer a cultura nas
comunidades?
- Base 6: Como garantir que os resultados econômicos sejam
revertidos para o benefício comunitário?
Obs: A transcrição das respostas, ou seja, o resultado objetivo da dinâmica
está contido em 10 páginas. Na sua sistematização concluiu-se ser impossível
resumi-los, o que inviabilizou sua apresentação neste artigo. Este produto é
público e deve ser disponibilizado, a quem se interessar, entrando-se em
contato com o Programa de Economia da Floresta do Projeto Saúde e Alegria
(website ao final do artigo).
Resultado 7
A título de ilustração do critério utilizado para a destinação das receita
geradas pelas viagens apresenta-se o caso da expedição do Colégio Santa
Cruz de 2006, operada em parceria com a Ambiental Expedições. É necessário
ressaltar que nem sempre o valor destinado ao fundo é exatamente o mesmo
destinado a título de taxa comunitária.
- Taxa Comunitária= 46 estudantes x 10,00/dia x 6 dias = R$2.760,00
- Fundo Comunitário = mesmo valor da taxa comunitária = R$2.760,00
- PSA = mesmo valor destinado para as comunidades = R$5.520,00
Resultado 8
O caso do Grupo TucumArte, de Urucureá, ilustra o potencial de
dinamização da economia local e a relevância da receita gerada pelo
Ecoturismo de Base Comunitária. As expedições do Projeto Bagagem geram,
em média, R$1.200,00 de receita com a venda de cestaria de palha de
Tucumã. Na expedição de janeiro de 2007 foram R$1.600,00 vendidos no
momento da exposição e R$2.400,00 em encomendas para o envio posterior.
Resultado 9
Seguindo a mesma lógica apresentada no resultado 7, demonstra-se a
seguir um balanço geral das receitas geradas entre janeiro de 2005 e
dezembro de 2007.
- Taxa Comunitária= R$20.065,00
- Fundo Comunitário = R$23.347,00
- PSA = R$43.251,00
Dos R$43.412,00 destinados para as comunidades ao longo de três
anos, 56% foram gerados em 2007, correspondentes ao valor de R$24.359,00.
Em diferentes proporções, 11 comunidades participaram da geração desta
receita. Não há ainda capacidade instalada nem estrutura de gestão para
afirmar quantas pessoas ou famílias foram beneficiadas por esta receita.
Para se fazer uma análise superficial do rendimento, no entanto, e da
incipiência do grau de consolidação do empreendimento, é possível traçar um
paralelo em caráter comparativo. O grupo TucumArte teve uma receita de
aproximadamente R$36.000 no mesmo período, ao longo de 2007, envolvendo
43 artesãs e artesãos da Comunidade de Urucureá, Rio Arapiuns.
Obs: O destino dos R$23.347 depositados no Fundo e fielmente
confiados ao PSA está ainda em fase de definição. As respostas às questões
apresentadas no resultado 6 são um bom indicativo para a alocação do
recurso, mas todo um processo de priorização e fortalecimento da gestão
intercomunitária e interterritorial ainda é necessário.
Conclusões
A experiência de planejamento participativo do Ecoturismo de Base
Comunitário junto às comunidades ribeirinhas da região dos Rios Tapajós e
Arapiuns, apesar de estar em sei início, tem se demonstrado promissora. Ao
pensar qual ecoturismo querem as comunidades remetem-se a casos
próximos, que vem experimentando aspectos negativos e demonstrando, de
fato, quais são os impactos e ameaças da atividade.
O fato já constatado por elas é que, mais cedo ou mais tarde, o
ecoturismo chega. Diante da carência de oportunidades e alternativas de
renda, a perspectiva financeira coloca num plano distante a possibilidade de
determinada comunidade decidir-se por “fechar as portas” ao ecoturismo.
Assim sendo, é positivo o fato de um conjunto de atores locais da
região de Santarém, em parceria com vários atores intervenientes, todos
comprometidos com a sustentabilidade do desenvolvimento, estarem
desencadeando este processo endógeno de se pensar o desenvolvimento
ecoturístico de base comunitária.
Os resultados referentes ao primeiro objetivo deste trabalho estão pré-
estruturados e são um elemento estratégico para a elaboração dos futuros
projetos de operacionalização da atividade e dos instrumentos de gestão.
Em relação ao segundo objetivo, a experiência de gestão começa a dar
indícios para que se apresentem duas conclusões parciais, não definitivas.
Um dos pontos é que, ainda que incipiente, a geração de receitas já
motiva as comunidades a se dedicarem ao processo de pensar a atividade.
Este é um indício de maturidade e visão de futuro, em que o entendimento de
uma potencialidade envolve os protagonistas em uma atitude responsável de
se esforçarem para o planejamento integrado, ainda que além de seus
territórios onde os processos de gestão costumam ser estruturados.
A gradual intensificação da operacionalização da atividade, entendida
aqui como o número de grupos recebidos por período, demonstra ser uma
condição “sine qua non” para o desenvolvimento do turismo responsável. O
eixo prioritário de ação deve ser, nesta fase de estruturação e aprimoramento
das capacidades de gestão, menos econômico e mais social.
Entra aqui uma questão muito relevante, relacionada ao
posicionamento do PSA neste arranjo institucional. É interessante que uma
ONG reconhecida pelas comunidades seja a facilitadora e articuladora do
processo. É necessário também que a atividade seja auto-gerida e auto-
sustentável e aceitável que a organização enxergue a possibilidade de geração
de recursos próprios, ou seja, que pense na sustentabilidade institucional.
No entanto, é fundamental que o limite à ação institucional nesta área
seja estabelecido e controlado no âmbito das parcerias, com o protagonismo
dos atores principais, as comunidades. A escala comercial que deve ser
atingida pelo empreendimento não cabe na natureza ou na missão institucional
de uma ONG. O profissionalismo cada vez mais exigido pelo setor turístico e a
qualidade e segurança necessárias para o desenvolvimento do ecoturismo
demandam que os papéis dos diferentes atores sociais sejam
proporcionalmente incorporados. Este deve ser um estímulo ao arranjo de
parcerias baseadas nos princípios da economia solidária, avançando-se ao
longo deste processo até que sejam construídas capacidades e constituídos
arranjos institucionais adequados, com ênfase ao protagonismo e o
empreendedorismo comunitários.
Está colocado o desafio de serem estabelecidas estratégias e
consolidadas práticas que estimulem a valorização cultural, a organização
comunitária e a conservação ambiental. Práticas que assegurem o acesso ao
compartilhamento dos benefícios gerados pela atividade, com estímulo ao
empreendedorismo social e à criação de negócios inclusivos. E que,
finalmente, estabeleçam arranjos sustentáveis de interação social e das
populações com o território e o ambiente em que vivem.
Referências Bibliográficas
BORN, RubensH. & TALOCCHI, Sergio. Proteção do capital social e
ecológico por meio de compensações por serviços ambientais. São Paulo:
Peirópolis, 2002.
INSKEEP,E. Tourism Planning: An integrated and sustainable
development approach. New York: Van Nostrand Reinhold, 1991.
PETROCCHI, Mario. Turismo: planejamento e gestão. São Paulo:
Futura, 1998
SALVATTI, S.S. In: BORN, Rubens (org.) Diálogos entre a esfera
global e local.. São Paulo: Peirópolis, 2002.
SILVA, SANDRA DA. Ecoturismo em comunidades tradicionais da
Floresta Nacional do Tapajós: o caso de Maguari e Jamaraquá. Manaus: 2005.
VITAE CIVILIS e WWF-BRASIL. Sociedade e ecoturismo: na trilha do
desenvolvimento sustentável. São Paulo: Peirópolis, 2003.
WORLD TRAVEL AND TOURISM COUNCIL (WTTC), WORLD
TOURISM ORGANIZATION (WTO), EARTH COUNCIL, AGENDA 21 FOR
TRAVEL AND TOURISM INDUSTRY. Towards environmentally sustainable
development. London: WTTC,1995.
Sites na internet:
Ambiental Expedições online. www.ambiental.tur.br
Projeto Bagagem online. www.projetobagagem.org.br
Projeto Saude Alegria online. www.projetosaudeealegria.org.br