Faculdade de Farmcia Ps-Graduao em Cincia de Medicamentos e Alimentos Disciplina de Toxicologia de Medicamentos e Alimentos

MICOTOXINAS EM ALIMENTOSJuliana Paulino VieiraNiteri 2011

INTRODUO 1960 surto de morte de aves no ReinoUnido; Rao produzida com amendoim oriundo do Brasil e da frica;

Substncia fluorescente produzida pelo fungo Aspergillusflavus Aspergillus flavus toxina aflatoxina.

MICOTOXINAS Toxinas produzidas por fungos filamentosos;

Metablitos secundrios, aparentemente sem qualquer

funo no metabolismo normal dos fungos. Estudos tm revelado a existncia de, pelo menos, cerca de 400 diferentes micotoxinas;

Afetam o agronegcio de muitos pases. Podem entrar nas cadeias alimentares humana e animal por meio de contaminao direta ou indireta.

MICOTOXINAS Micotoxinas teis: Penicilina Penicillium chrysogenum (ou P. notatum);

Cefalosporinas Cephalosporum acremonium;

Ergotaminas e alcalides Claviceps purpurea (esporo de centeio);

TIPOS DE MICOTOXINAS

AFLATOXINAS As principais so denominadas de B1, B2, G1 e G2, com basena fluorescncia delas sob luz ultravioleta (B=Blue, G=Green) e na sua mobilidade durante a realizao de cromatografia de camada delgada;

Produzidas por A. flavus, A. parasiticus, embora mais recentemente as espcies A. nomius, A. bombycis, A. pseudotamari e A. ochraceoroseus tenham tambm se mostrado aflatoxignicas;

AFLATOXINASsntese proteica, alm de contribuirem para a ocorrncia da aplasia tmica (ausncia congnita do timo e das paratireides, com conseqente deficincia da imunidade celular; tambm conhecida como sndrome de Di George); Propriedades oncognicas e imunosupressivas, induzindo infeces em pessoas contaminadas com essas substncias; Contribuem, para patologias em viciados em herona, bem como em recm-nascidos de mes viciadas;

Capacidade de se ligar ao DNA das clulas, afetando a

AFLATOXINAS Onde encontrar?

AFLATOXINAS Limites:FDA 0,5 ppb em leite e 20 ppb para alimentos, raes, nozes brasileiras, amendoins, produtos derivados de amendoins e pistaches; Codex Alimentarius 15g/kg em amendoins para processamento, 0,05g/kg em leite e etc; RDC 274 ANVISA estabelece os limites mximos de aflatoxinas admissveis no leite fludo, no leite em p, no amendoim, na pasta de amendoim, no milho em gro, na farinha ou smola de milho.

FUMOSINAS Constituem um grupo o qual engloba, at o momento, 16substncias denominadas de B1(FB1, FB2, FB3 e FB4), A1, A2,A3,AK1, C1, C3, C4, P1, P2, P3, PH1a e PH1b;

FUMOSINAS Produzidas por diversas espcies do gnero Fusarium, especialmente por Fusarium verticillioides (anteriormente classificado como Fusarium moniliforme), Fusarium proliferatum e Fusarium nygamai, alm da Alternaria alternata f. sp. lycopersici. Outras espcies, tais como F. anthophilum, F. dlamini, F. napiforme, F. subglutinans, F. polyphialidicum e Fusarium oxysporum tm, tambm, sido incluidos no grupo de produtores dessas micotoxinas;

FUMOSINAS Presena em gro de milho tem sido associada a casos decncer de esfago em habitantes das regies de Transkei (Sul da frica), China e nordeste da Itlia); Responsveis, tambm, pela leucoencefalomcia em

equinos e coelhos, edema pulmonar e hidrotrax em sunos e efeitos hepatotxicos, carcinognicos e apoptose (morte celular programada) em fgado de ratos.

Tm sido isoladas a partir de milho comercializado em supermercados de Charleston (Carolina do Sul), a cidade com o maior ndice de ocorrncia de cncer de esfago entre afro-americanos nos Estados Unidos;

TRICOTECENOS Os tricotecenos constituemum grupo de, aproximadamente 150 metablitos;

Produzidos

por fungos dos gneros Fusarium, Myrothecium, Phomopsis, Stachybotrys, Trichoderma, Trichotecium, Verticimonosporium e, possivelmente, outros fungos mais;

TRICOTECENOS O desoxinivalenol (DON) uma das micotoxinas maiscomumente encontradas em gros. Quando ingerido em doses elevadas por animais, ela causa nuseas, vmitos e diarria. Quando ingerida por porcos e por outros animais, em pequenas doses, pode provocar perda de peso e recusa alimentar. Por induzir esses sintomas conhecido como vomitotoxina ou fator de recusa de alimento. Embora menos txico que os outros tricotecenos, o DON mais comum em sementes de crtamo, cevada, centeio, trigo e em misturas de alimentos; estariam associados doena Aleuquia Txica Alimentar, que afetou milhares de pessoas em Orenburg, na antiga Unio Sovitica, durante a 2 Guerra Mundial. Os sintomas da doena incluem inflamao da pele, vmitos e danos aos tecidos hepticos.

Hiptese de que a toxina T2 e o diacetoxiscirpenol (DAS)

TRICOTECENOS DON e a toxina T2 tm sido detectadas, no Brasil,associadas a gros de milho, a farelo de trigo e a produtos de panificao;

ZEARALENONA Produzido, principalmente, por Fusarium graminearum.Outras espcies, tais como Fusarium culmorum, Fusarium equisetii e Fusarium crookwellense tambm produzem essa substncia e outras anlogas;

A denominao de toxina para a zearalenona

considerada inadequada uma vez que, embora biologicamente potente, ela raramente txica. Sua estrutura, na realidade, assemelha-se ao 7-estradiol, principal hormnio produzido no ovrio feminino humano;

ZEARALENONA A associao entre o consumo de gros mofados e ohiperestrogenismo em suinos tem sido observada desde 1920. Elevadas concentraes de zearalenona na alimentao de suinos pode provocar distrbios na concepo, aborto e outros problemas;

Tambm em vacas e ovinos tm sido observadosproblemas reprodutivos;

No Brasil, essa toxina j foi encontrada em cereais e emaveia em flocos;

CITRININA Primeiramente isolada a partir Penicillium citrinum, antes da 2 Guerra Mundial. Posteriormente, outras espcies de Penicillium (Penicillium expansum e Penicillium viridicatum) e at mesmo de Aspergillus (Aspergillus niveus e Aspergillus terreus) mostraram-se tambm capazes de produzir essa substncia;

queijo, e Aspergillus oryzae, empregados na produo de alimentos asiticos, tais como o sak, o miso e o molho de soja, podem igualmente produzir a citrinina;

Certos isolados de Penicillium camemberti, utilizados na produo de

CITRININA Associada sndrome do arroz amarelo no Japo, em 1971, em virtude da constante presena de Penicillium citrinum nesse alimento; Tem sido responsabilizada pela nefropatia suna e de outros animais, muito embora sua toxicidade aguda varie dependendo da espcie animal; Gros de aveia (mofados), de centeio, de cevada, de milho e de trigo so excelentes substratos para a formao de citrinina. No Brasil, a citrinina foi associada nefropatia suna, aps ingesto de gros de cevada mofada

PATULINAProduzida pelo fungo Penicillium expansum, considerado atualmente como o mais eficiente produtor de patulina na natureza. As espcies Aspergillus clavatus, Aspergillus giganteus e Aspergillus terreus, tambm so produtoras;

comumente encontrada em suco no fermentado de ma, muito embora no resista fermentao em produtos derivados de cidra, onde ela eficientemente metabolizada por leveduras;

PATULINA Encontrada em pes, linguias, frutas mofadas (banana, pera, abacaxi, uva, pssego e outras), tem sido identificada em produtos alimentcios mofados;

Causa aberraes cromossomais em clulas animais e vegetais, alm de ser carcinognica.

ALCALIDES ERGTICOS Produo ocorre nos esclerdios de diversas espcies do gnero Claviceps; Os efeitos desses alcalides sobre o homem so conhecidos desde a Idade Mdia, perodo em que alguns sintomas foram denominados de fogo-sagrado ou fogo-de-santo-antnio . No ano de 994, no sul da Frana, milhares de pessoas morreram aps a ingesto de gros de cereais infectados por Claviceps purpurea; Tambm denominada de ergotismo, essa intoxicao ocorre aps a ingesto de po ou de outros produtos preparados a partir de farinha de gros de centeio infectados pelo fungo;

ALCALIDES ERGTICOSO ergotismo apresenta duas formas clssicas: a gangrenosa e a convulsiva. A forma gangrenosa afeta o suprimento de sangue para as extremidades do corpo, enquanto a convulsiva age diretamente sobre o sistema nervoso central;

Ameaa sob o aspecto veterinrio. Dentre os animais suscetveis de intoxicao, incluem-se o gado, os ovinos, os porcos e as aves. Os sintomas nesses animais se manifestam na forma de gangrena, aborto, convulses, supresso da lactao, hipersensibilidade e ataxia (perda da coordenao dos movimentos musculares voluntrios);

OCRATOXINA AA ocratoxina A foi descoberta em 1965 como um metablito de Aspergillus ochraceus durante estudos que objetivavam descobrir novas molculas de micotoxinas;

Nem todos os isolados de Aspergillus ochraceus so capazes de produzir ocratoxina A. Alm dessa espcie, tambm Aspergillus alliaceus, Aspergillus auricomus, Aspergillus carbonarius, Aspergillus glaucus, Aspergillus meleus e Aspergillus niger, alm de Penicillium nordicum e Penicillium verrucosum, so produtores de ocratoxina;

OCRATOXINA AAspergillus niger uma espcie utilizada amplamente na indstria, para a produo de enzimas e cido ctrico para o consumo humano, importante se certificar que os isolados industriais no sejam produtores de ocratoxina A; Tem sido encontrada em aveia, cevada, centeio, trigo, gros de caf e em outros produtos para consumo humano e animal. Existe a preocupao de que essa micotoxina possa ocorrer tambm em vinhos, quando os frutos da videira estejam infectados por Aspergillus carbonarius;

OCRATOXINA AEst associada a nefropatias em todos os animais estudados at o momento. no ser humano, entretanto, onde essa substncia tem a mais longa meia-vida para sua eliminao; Alm de ser reconhecidamente nefrotxica, a ocratoxina A comporta-se, tambm, como hepatxica, imuno-supressora, teratognica e cancergena; Ela tem sido encontrada no sangue e em outros tecidos animais e no leite, inclusive em leite humano, bem como em carne suna para consumo humano. Tem sido responsabilizada pela nefropatia suna, amplamente estudada em pases escandinavos.;

OCRATOXINA AA Agncia Internacional para Pesquisa do Cncer classificou a ocratoxina A como um possvel cancergeno humano; No Brasil, encontrada em:

CONSIDERAES FINAISA contaminao de alimentos e raes por micotoxinas representa um srio problema de sade para humanos e animais, alm de se constituir em considervel obstculo economia de pases da frica, sia e da Amrica Latina, nos quais a balana comercial se baseia nas exportaes; O reconhecimento dos problemas causados pelas micotoxinas nos alimentos e raes , sem dvida, o primeiro passo para a implementao de programas que permitam a adoo de medidas apropriadas para a preveno e a reduo do problema; Nossa legislao (RDC 274) contempla apenas as aflatoxinas.