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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Química 1 Bebidas Alcoólicas: uma abordagem de conceitos e experimentos ELABORAÇÃO: Emanueli J. Gama Maduro Lucas Fernando Silva Hess Mariana Romano ORIENTAÇÃO: Prof. Dr. Marcelo Giordan Prof a . Adriana da Silva Posso Aluno:

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Bebidas Alcoólicas: uma abordagem de conceitos e

experimentos

ELABORAÇÃO:

Emanueli J. Gama Maduro

Lucas Fernando Silva Hess

Mariana Romano

ORIENTAÇÃO:

Prof. Dr. Marcelo Giordan

Profa. Adriana da Silva Posso

Aluno:

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Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................................................... 3

OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................................... 3

CRONOGRAMA ....................................................................................................................................................... 3

AULA 1: O que nós sabemos sobre bebidas alcoólicas? ........................................................................................... 4

Para Refletir ........................................................................................................................................................ 4

Quais suas Opiniões? .......................................................................................................................................... 4

Leituras ............................................................................................................................................................... 4

Contextualização Histórica ................................................................................................................................. 5

AULA 2: Conhecendo o Bafômetro ........................................................................................................................... 6

Bafômetro descartável ......................................................................................................................................... 6

Bafômetro Tacuchi .............................................................................................................................................. 7

Atividade Experimental ...................................................................................................................................... 8

Objetivo .............................................................................................................................................................. 8

Materiais utilizados ............................................................................................................................................. 8

Procedimento ...................................................................................................................................................... 8

Análise do experimento....................................................................................................................................... 9

Como relacionar a intensidade na mudança de cor com o teor alcoólico? ........................................................... 9

AULA 3: E quando o Bafômetro não é o suficiente para nossas conclusões?........................................................... 12

Relação Concentração Sanguínea e Alveolar .................................................................................................... 16

Quantificando o Bafômetro: Densidade ............................................................................................................ 12

O que é densidade? ........................................................................................................................................... 12

Atividade Experimental .................................................................................................................................... 14

Objetivo ............................................................................................................................................................ 14

Materiais utilizados ........................................................................................................................................... 14

Procedimento .................................................................................................................................................... 14

AULA 4: Processo de Metabolização do Álcool ...................................................................................................... 18

Oxidação de Compostos Orgânicos................................................................................................................... 19

Como o organismo metaboliza o etanol? .......................................................................................................... 19

O que acontece quando ingerimos bebidas alcoólicas? ..................................................................................... 21

Os efeitos nos órgãos: ....................................................................................................................................... 21

Perigos do consumo de etanol: .......................................................................................................................... 21

ENCERRAMENTO ................................................................................................................................................. 24

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................... 24

ANEXO 01: .............................................................................................................................................................. 25

ANEXO 02: ............................................................................................................................................................. 28

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APRESENTAÇÃO

Pesquisas recentes indicam que 48% dos acidentes de trânsito, além de brigas, homicídios, crimes sexuais e

violência familiar estão associados aos efeitos do consumo de álcool (CHALUB, 2006). O Brasil é o terceiro maior

consumidor de cerveja no mundo e o consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes em eventos de integração

social demonstra-se em ascensão. Convém ressaltar que diversas culturas apresentam o consumo de álcool frequente

como algo positivo, que traz benefícios à saúde, quando consumido com moderação. Além disso, o consumo de álcool

como meio de socialização é algo construído culturalmente e historicamente aceito, também de acordo com as

pesquisas atuais que ressaltam a presença da cerveja na formulação do conceito de agricultura (TELLES, 2017). Para

tal, verifica-se a necessidade de discutir essa temática com os adolescentes, utilizando-se de conceitos químicos e

dados estatísticos como norteadores da discussão.

De acordo com essas informações, elaboramos essa atividade e esse material para debatermos um pouco mais

sobre esse assunto. Ao longo das aulas, você pode acompanhar o que será realizado através deste material, serão

propostos vários exercícios, realize-os sempre que possível afinal este material também servirá como forma de

avaliação da proposta didática. Além disso, você poderá levá-lo ao final de atividade, para que possa utilizá-lo sempre

que quiser.

Boa Aula!

OBJETIVO GERAL

Partindo de uma problemática que envolve o consumo de álcool, nós desenvolveremos atividades norteadas

por conceitos químicos e dados estatísticos que contribuirão para a resolução da questão inicial e para que se

interpelem sobre suas concepções prévias acerca do tema. Esperamos que nesse processo vocês, alunos, adquiram

ferramentas químicas e sociais importantes para refletirem sobre as principais consequências decorrentes do consumo

de bebidas alcoólicas e se tornarem mais críticos.

CRONOGRAMA

Horário Dia 25/10 Dia 27/10

14h às 15h40 Apresentação e Problematização Análise de Concentrações

15h40 às 16h Intervalo Intervalo

16h às 17h40 Experimento (execução e análise dos dados) Efeitos Metabólicos

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AULA 1: O QUE NÓS SABEMOS SOBRE BEBIDAS ALCOÓLICAS?

PARA REFLETIR

“Três amigas foram a uma festa na casa do Lucas. Na festa havia várias bebidas disponíveis. A amiga A

consumiu cinco latas de 350 mL de cerveja, a amiga B consumiu três caipirinhas de frutas, feitas com 50mL de

cachaça cada, e a amiga C seis taças de vinho branco de 100 mL. As três amigas foram de carro. Com qual das três

amigas você se sentiria confortável em pegar uma carona?”

Tendo em vista esse breve relato, qual a sua opinião? Você pegaria carona com alguma delas? Utilize o

quadro abaixo para justificar sua opinião.

QUAIS SUAS OPINIÕES?

Agora você já conhece os professores dessa atividade um pouco mais e já sabe que falaremos sobre bebidas

alcoólicas nesses dois dias de atividade, vamos iniciar nossas atividades. Mas primeiramente gostaríamos de saber o

que você pensa sobre o consumo de bebidas alcoólicas entre jovens? Qual sua opinião sobre esse assunto? Conte-nos

um pouco mais no espaço abaixo, em seguida compartilharemos essas informações com os demais alunos.

LEITURAS

Agora que tal buscarmos algumas informações sobre este assunto em outras fontes, por exemplo: jornais,

revistas, artigos científicos, entre outros? Vocês serão organizados em grupos, de acordo com o tamanho da turma e

cada um de vocês receberá um texto para leitura. Conte-nos abaixo quais as informações mais importantes que você

notou no texto e/ou nas charges. Boa Leitura!

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CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Você imagina desde quando as pessoas consomem bebidas alcoólicas? Na introdução nós citamos uma

referência sobre um texto jornalístico, “Os humanos inventaram a agricultura para fazer cerveja” que fala sobre

algumas pesquisas que indicam que aproximadamente há 55.000 anos, na Pré-História, o consumo dessas bebidas,

mais especificamente a cerveja, já era algo consagrado entre os Neandertais e os Homo sapiens. E confirme a

pesquisadora sueca Karin Bojs explica nessa matéria (BOJS, 2017), o consumo de cerveja foi fundamental para a

organização das primeiras comunidades e para a organização dos primeiros espaços que originaram o nosso conceito

de agricultura. Tudo isso para promover encontros entre grupos de pessoas e celebrações para o consumo de bebidas

alcoólicas.

A construção do conceito de agricultura levou os Homo sapiens a aprimorarem não só a produção de cerveja

como suas dietas, permitindo que ela fosse rica em diversos tipos de grãos. O que por sua vez permitiu que as

comunidades crescessem. Além disso, como eles precisavam de determinadas condições climáticas para esses

cultivos, isso fazia com que eles precisassem se locomover de um lugar para outro, o que deu origem às primeiras

migrações de povos, temática muito estudada em disciplinas de História. Posteriormente, essas migrações resultaram

nas concepções de povos que temos hoje em dia e na construção dos territórios.

E não é apenas isso. Dê uma olhada na linha do tempo a seguir e descubra algumas novas informações e

curiosidades, também colocamos a referência do site de onde essas informações foram encontradas, você pode visitar

o site e descobrir outras informações se quiser.

Figura 01: Infográfico com a cronologia do consumo de bebidas alcoólicas pelo mundo, fonte: https://super.abril.com.br/saude/dez-mil-anos-

de-pileque-a-historia-da-bebida/, acessado em setembro/2017.

Esse tipo de imagem é chamado de infográfico, ou seja, uma imagem com um formato diferente que contém

diversas informações tal qual o gráfico matemático, neste caso, temos algumas informações como, por exemplo: por

volta do ano 300 antes de Cristo, surgiram no Antigo Egito os primeiros “bares”, é claro que estes locais não eram

exatamente da mesma forma como conhecemos os bares hoje em dia, mas eram locais onde as pessoas se reuniam

para consumir bebidas alcoólicas diferenciadas, mas a preferida dos Egípcios era a cerveja.

Outro fato interessante que aparece nesse infográfico é o do ano de 1750, apesar de ser um ano bem distante

do que estamos, foi quando começaram a produzir as bebidas em largas escalas, ou seja, elas começaram a ser

produzidas em grandes fábricas, não apenas por pequenas famílias que viviam para aquele trabalho, e com isso, era

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possível produzir muitos litros de qualquer bebida de uma única vez, o que diminuía o tempo de produção e o seu

custo, resultado disso, as bebidas se tornaram mais barata e dessa forma mais pessoas poderiam comprá-las.

AULA 2: CONHECENDO O BAFÔMETRO

O consumo excessivo de álcool é um dos fatores de risco de maior impacto na saúde das pessoas, estando

ligado a cerca de 3,3 milhões de mortes por ano em todo o mundo. Em particular, os acidentes de trânsito que envolve

embriaguez implicam em um grande número de mortes e prejuízos, constituindo assim uma grande preocupação

mundial. Conforme descrito no texto 2, “Multas ajudam na prevenção de acidentes de trânsito e na redução do

consumo de álcool”, é possível perceber que os países apresentam diferentes parâmetros com relação ao consumo de

álcool no trânsito. Cada país apresenta diferentes limites de concentração máxima de álcool no sangue, há diferentes

valores para multa, podendo chegar até a prisão, porém a utilização do teste do bafômetro é algo comum na maior

parte países, por se tratar de um método rápido de identificação de teor alcoólico e de simples aplicação.

O Brasil tem buscado formas de tornar mais rigorosa as leis do trânsito, para isso, a lei 12.670 sancionada em

2012 estabeleceu o aumento do valor da multa administrativa em 100% (valor em 2016: R$ 1.915,40), podendo dobrar

em caso de reincidência no período de um ano. Além disso, ampliou as possibilidades de provas da infração de dirigir

alcoolizado. Nesse sentido, o bafômetro (ou etilômetro) é uma importante ferramenta empregada pela fiscalização.

O bafômetro é um equipamento que permite a determinação do teor de etanol no ar exalado dos pulmões de

uma pessoa. Há mais de um tipo de bafômetro, todos são baseados em reações químicas nas quais o etanol

(CH3CH2OH) sofre oxidação, ou pelo dicromato de potássio (K2Cr2O7) ou em uma célula combustível. Abaixo,

seguem exemplos de bafômetros utilizados.

BAFÔMETRO DESCARTÁVEL

Na figura 2, o bafômetro A mostra o tubo após o teste de uma pessoa que não ingeriu álcool. A foto B mostra

o tubo após o teste de uma pessoa alcoolizada e, consequentemente, sem condições para conduzir um veículo.

Figura 02. Bafômetros descartáveis fabricados pela companhia americana WNCK, Inc. Fonte: Hálito culpado, Química Nova na Escola,

http://www.qnesc.sbq.org.br/online/qnesc05/quimsoc.pdf, acessado em setembro/2017.

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BAFÔMETRO TACUCHI O equipamento da figura 3 foi desenvolvido no Japão e

consiste em um sensor semicondutor, seletivo para etanol,

constituído basicamente de óxido de estanho com várias impurezas

(principalmente terras raras). O sensor é aquecido a

aproximadamente 400oC, condições nas quais o mesmo se torna

‘ativo’. Quando o etanol entra em contato com esse sensor, é

imediatamente oxidado, ocorrendo uma mudança característica na

resistência/condutância do sensor. Esta é medida como voltagem,

novamente proporcional à concentração de álcool no ar expirado,

que por sua vez é proporcional à concentração de álcool no sangue.

A montadora japonesa Toyota criou em parceria com a empresa Hino um dispositivo que mede o teor

alcoólico do hálito do motorista e pode bloquear a partida do automóvel caso o limite tolerável seja ultrapassado. O

bafômetro transfere as informações para o computador de bordo do carro e impede que o motorista embriagado saia

dirigindo.

Em 2015 a empresa Fiat criou um protótipo de chave

que funciona como bafômetro. Batizada de Safe Key (chave

segura), o dispositivo consiste em uma chave-canivete

especial, com bafômetro integrado. Para liberar a parte

metálica da chave, o motorista deve soprar a Safe Key. O

sistema analisa as partículas do sopro em menos de um

segundo, e só permite o uso caso não sejam identificados

traços de álcool. Além de servir como alerta para o motorista,

o dispositivo vai além, ao constatar presença de álcool no

sopro do usuário, ele automaticamente se conecta ao

smartphone do motorista, abre um aplicativo de táxi e envia

mensagem SMS para um contato pré-cadastrado.

Agora que temos um panorama das

inúmeras possibilidades de equipamentos

desenvolvidos para o teste do bafômetro, vamos

simular esse teste através de um experimento?

Optamos por simular um mecanismo análogo ao

bafômetro descartável (Figura 02), por ser um teste

rápido e de fácil reprodução.

Figura 03: Bafômetro Tacuchi. Fonte: Hálito culpado, Química Nova na Escola,

http://www.qnesc.sbq.org.br/online/qnesc05/quimsoc.pdf,

acessado em setembro/2017.

Figura 04: Pessoa utilizando o Bafômetro acoplado ao carro.

Fonte: G1.Globo, http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL1286685-

9658,00.html, acessado em setembro/2017.

Figura 05: Pessoa utilizando o Bafômetro acoplado a chave. Fonte: G1.Globo, http://g1.globo.com/carros/noticia/2015/08/chave-com-

bafometro-deve-ser-lancada-em-2016-pela-fiat.html, acessado em

setembro/2017.

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ATIVIDADE EXPERIMENTAL1

OBJETIVO

Utilizar o princípio de funcionamento dos bafômetros para estimar o teor alcoólico de soluções.

MATERIAIS UTILIZADOS

4 balões de aniversário de cores diferentes;

4 tubos plásticos com algodão e rolha em uma das extremidades;

Giz escolar branco;

Espátula;

Caneta para marcar vidro;

Pipeta graduada de 10 mL;

Refrescante bucal;

Amostra de vinho;

Amostra de cachaça;

Amostra de cerveja;

Amostra de vodka;

Amostra de uísque;

Solução de dicromato de potássio em meio ácido;

Placa de Petri;

Fita adesiva.

Lembre-se de descartar os resíduos sólidos no lixo comum, lavar os materiais e deixar a bancada organizada,

do jeito que ela estava antes de realizar o experimento!

PROCEDIMENTO

Atenção: Tenham cuidado ao encher os balões de ar. Não manipulem o giz umedecido com a solução de

dicromato de potássio com as mãos, usem sempre a pinça.

1. Coloque um chumaço pequeno de algodão em cada um dos quatro tubos e a rolha do mesmo lado

em que se colocou o algodão (veja a figura).

2. Coloque os fragmentos de giz na placa de petri e molhe-os com a solução ácida de dicromato de

potássio, de modo que eles fiquem úmidos, mas não encharcados.

3. Com o auxílio da pinça, misture os fragmentos de giz pela solução de forma que o material fique

com uma cor homogênea.

4. Coloque aproximadamente a mesma quantidade de fragmentos de giz em cada um dos quatro

tubos.

5. Com o auxílio da pipeta, coloque 1 mL da solução A no balão 2, 1 mL da solução B no balão 3 e

1mL da solução C no balão 4. Registre as cores correspondentes à numeração de cada balão. No balão

1 coloque 1 mL de água.

6. Encha os quatro balões com aproximadamente as mesmas quantidades de ar e coloque-os nos

tubos plásticos previamente preparados, prendendo a ponta da bexiga com uma fita.

7. Começando pelo balão 1, solte o ar lentamente, soltando aos poucos a rolha. Proceda da mesma

forma com os balões restantes, utilizando sempre um tubo plástico novo.

8. Espere o ar escoar dos balões e, então, registre as cores do material dentro dos quatro tubos.

1 Nota: adaptada do artigo, Hálito Culpado, O princípio químico do bafômetro, Christian Braathen, Química Nova na Escola, n° 5, maio 1997.

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Figura 06: Esquema de montagem do modelo demonstrativo de bafômetro.

ANÁLISE DO EXPERIMENTO

Após a realização do experimento compare a tonalidade de cor do giz em todos os tubos plásticos. Se

necessário, troque informações com um grupo que tenha utilizado amostras de bebidas diferentes das que seu grupo

utilizou. Feito isso, ordene na lousa as bebidas por ordem crescente em intensidade de cor, isso será importante para

que todos os alunos da turma tenham acesso às conclusões do seu grupo.

Além de anotar na lousa seus resultados, anote aqui também, use o quadro abaixo para isso, assim, nas

próximas aulas você poderá consultar isso, se necessário, lembre-se de seguir a seguinte ordem:

MENOR mudança de cor MAIOR mudança de cor

Agora que você possui os resultados do experimento, que tal compará-los com os rótulos das amostras

analisadas? Retorne para sua mesa e observe atentamente os valores dos teores alcoólicos presentes nos rótulos dos

produtos testados.

Há alguma relação entre a mudança de cor do sistema e os teores alcoólicos dos produtos analisados?

Escrevam no espaço abaixo quais suas opiniões e impressões sobre isso, depois não se esqueça de compartilhá-las

com o restante da turma.

COMO RELACIONAR A INTENSIDADE NA MUDANÇA DE COR COM O TEOR ALCOÓLICO?

O experimento realizado busca simular um motorista que ingeriu álcool ao expirar no bafômetro. Os

bafômetros mais simples são descartáveis e consistem em pequenos tubos contendo uma mistura sólida de solução

aquosa de dicromato de potássio e sílica, umedecida com ácido sulfúrico.

Quando ingerirmos bebida alcoólica, que é uma mistura de vários componentes, mas predominantemente de

água e etanol, o álcool que é transportado pelo sangue. O organismo busca vias de eliminação dessa substância, como,

pelo sistema urinário, pela metabolização no fígado ou pelos pulmões, onde por meio do ar alveolar ocorrem trocas

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gasosas. Por essa razão o ar exalado por uma pessoa que tenha ingerido bebida alcoólica terá uma concentração de

álcool proporcional à concentração presente na corrente sanguínea.

Ao realizarmos o experimento, observa-se mudança de cor (laranja para o cinza-esverdeado), onde é possível

observar pequenas variações na coloração dos testes com diferentes amostras. A mudança de cor é uma evidência de

ocorrência de transformação, assim como, mudança de temperatura, liberação de gás e formação de sólido.

Portanto, ao verificarmos mudança de cor em um sistema, é possível inferir que houve uma transformação

química, que consiste em uma reação entre os reagentes (substâncias colocadas em contato inicialmente) com a

formação dos produtos (novas substâncias formadas após a transformação química).

Agora que relembramos o conceito de transformação química, vamos analisar de que modo as mudanças

visuais do sistema estão relacionadas com as substâncias envolvidas no processo?

Seguindo a ordem de realização do experimento, você adicionou uma solução de dicromato de potássio

(K2Cr2O7) em meio ao ácido sulfúrico (H2SO4), que apresenta coloração laranja, no giz branco. Após inserir o giz

umedecido com essa solução na mangueira, acoplou uma bexiga cheia de ar com uma amostra de 1mL de uma

amostra contendo etanol (CH3CH2OH).

Ao retirar a rolha que impedia a saída do ar, a bexiga começa a esvaziar, simulando a expiração do condutor,

de modo que o etanol, por ser volátil (grande quantidade de fase gasosa na presença da fase líquida), atravessa a

mangueira entrando em contato com a amostra de dicromato de potássio (K2Cr2O7) em meio ao ácido sulfúrico

(H2SO4), ocorrendo uma transformação química evidenciada por mudança de cor, onde se forma sulfato de crômio

(Cr2(SO4)3) - coloração esverdeada. Além do sulfato de crômio (III), formaram-se água (H2O), acetaldeído (CH3CHO)

e sulfato de potássio (K2SO4), todos incolores.

O giz pertence à fase estacionária, ou seja, não participa de forma efetiva da transformação química, é o meio

de manter a solução de dicromato de potássio (K2Cr2O7) em meio ao ácido sulfúrico (H2SO4) retida na mangueira.

Outra forma de escrevermos essa transformação química é através de uma equação química, como as

presentes na figura a seguir, ambas as equações descrevem o mesmo fenômeno, ou seja, aquele que você acabou de

realizar.

Equação 1: Completa

K2Cr2O7(aq) + 4H2SO4(aq) + 3CH3CH2OH(g) ⭢ Cr2(SO4)3(aq) + 7H2O(l) + 3CH3CHO(g) + K2SO4(aq)

alaranjado verde

Equação 2: Iônica

Cr2O72-(aq) + 8H+(aq) + 3CH3CH2OH(g) ⭢ 2Cr3+(aq) + 7H2O(l) + 3CH3CHO

A equação completa (1) consiste na representação das fórmulas químicas de todas as substâncias presentes no

processo. Já a equação iônica (2), consiste em representar apenas os íons e moléculas que efetivamente participaram

do processo, ou seja, excluem-se os íons expectadores, espécies que não participam efetivamente da transformação

química.

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Em função da mudança de cor não ser tão efetiva no experimento, a ponto de percebermos com clareza a

mudança de cor em função da quantidade de etanol presente na amostra, preparamos amostras líquidas de dicromato

de potássio (K2Cr2O7) em meio de ácido (H2SO4) com amostras de diferentes concentrações de etanol.

Depois de analisarmos a reação química do processo, percebemos que o etanol (CH3CH2OH) é a substância

química contida nas bebidas. Por que usualmente percebemos o uso da palavra álcool e não etanol? Você consumiu

álcool? Bebidas alcoólicas?

A palavra álcool se refere à função orgânica a que o etanol pertence. Essa função tem como principal

característica o grupo hidroxila (OH) ligado a um carbono saturado.

Analise as semelhanças e diferenças das estruturas abaixo, todas pertencentes a função álcool.

Etanol Metanol Pentan-1-ol

Propen-1-ol Propen-2-ol Etinol

Relacione o nome das moléculas com sua estrutura e proponha o nome para as estruturas abaixo:

Nome:________________________ Nome:________________________

Nome:________________________ Nome:________________________

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Etanol (CH3 – CH2 – OH)

Álcool usado na limpeza doméstica, combustível automotivo e bebida alcoólica. No Brasil, a maior parte é

obtida da cana-de-açúcar e do processo de fermentação.

C6H12O6 → 2CH3CH2OH + 2CO2

Glicose → Etanol + Gás Carbônico

Pode também ser obtido através da ação do hidróxido de potássio sobre haletos de alquila:

CH3CH2Cℓ + KOH → KCℓ + CH3CH2OH

Cloro-Etano + Hidróxido de Potássio → Cloreto de Potássio + Etanol

Ou por hidratação dos alcenos:

2CH2CH2 + H2O → 2CH3CH2OH

Eteno + Água → Etanol

AULA 3: E QUANDO O BAFÔMETRO NÃO É O SUFICIENTE PARA NOSSAS CONCLUSÕES?

QUANTIFICANDO O BAFÔMETRO: DENSIDADE O objetivo dessa parte da aula de hoje é quantificar, ou seja, determinar numericamente quais os teores

alcoólicos das amostras analisadas no experimento? Para isso precisaremos realizar um novo experimento, esse

experimento utiliza um densímetro, que é um aparelho que mede a densidade de diversas soluções.

Figura 07: Diferentes formatos de densímetros, que podem ser utilizados para medir a densidade de amostras

líquidas. Fonte: https://ipemsp.wordpress.com/2015/11/09/o-densimetro-veja-para-que-serve/, acessado em setembro/2017.

O QUE É DENSIDADE?

Densidade é uma propriedade intrínseca dos materiais que relaciona massa e volume, essa propriedade é

quantificada, ou seja, é calculada, através de uma relação matemática entre essas grandezas, que serve para

caracterizar o que essa amostra contém, sendo assim, o densímetro contará para a gente qual a quantidade de etanol

que nossas amostras contêm.

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Mas você deve estar se pensando o que é um densímetro. Provavelmente você já o viu, pelo menos uma vez.

Já acompanhou alguém até um posto de gasolina e percebeu um equipamento semelhante com o da imagem abaixo

localizado ao lado da bomba de combustível?

Figura 08: Esquema ilustrativo de um densímetro localizado em um bomba de cmbustível. Fonte:

https://ipemsp.wordpress.com/2015/11/09/o-densimetro-veja-para-que-serve/, acessado em setembro/2017.

O densímetro é um instrumento que, conforme citado acima, mede a densidade dos líquidos, trata-se de um

tubo de vidro com uma determinada quantidade de chumbo ou mercúrio na base, geralmente este metal está na forma

de pequenas esferas, como no caso dos equipamentos que serão utilizados nesta aula, este metal é responsável pelo

peso do densímetro. Na parte de cima do tubo há uma escala desenhada, para a leitura da densidade da amostra

desejada, essa escala se assemelha com a existente nos antigos termômetros de mercúrio. Existem diversos conjuntos

de densímetros, capazes de medir a densidade dos mais variados líquidos, sendo assim, antes de utilizar um é

necessário realizar uma pesquisa sobre a densidade aproximada da amostra que se quer analisar, para então utilizar o

equipamento mais propício para tal medição. Ao mergulhar o densímetro em uma quantidade de líquido, ele afunda

até deslocar um volume de fluido cujo peso se iguale ao dele. A superfície do líquido indica determinado ponto de

escala, isto é, sua densidade. Esses instrumentos, como dito anteriormente, são muito usados em postos de gasolina

para verificar por meio da densidade o grau de pureza do álcool usado como combustível ou a quantidade de etanol

que foi acrescida à gasolina. Quanto mais denso o líquido que está sendo medido, mais o densímetro afundará e

quanto menos denso ele for, menos o densímetro afundará.

A título de curiosidade, convém ressaltar que o critério adotado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa), órgão que supervisiona a produção das bebidas alcoólicas, é bem simples: mede-se a

densidade da bebida. Densidade é a razão entre sua massa (medida em gramas) e o volume (o espaço que ela ocupa,

medido em centímetros cúbicos ou mililitros). Toda bebida alcoólica é uma mistura de água e álcool e, quanto mais

álcool tiver, menor será sua densidade, isso ocorre porque o álcool presente nas bebidas alcoólicas, ou seja, o etanol, é

menos denso que a água.

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ATIVIDADE EXPERIMENTAL

OBJETIVO

Avaliar o teor alcoólico das amostras usadas no experimento do bafômetro, através do uso do densímetro.

MATERIAIS UTILIZADOS

Proveta 250mL;

Proveta 100mL;

Densímetro;

Termômetro;

Amostra de vinho;

Amostra de cachaça;

Amostra de cerveja;

Amostra de vodka;

Amostra de uísque;

Água Destilada.

PROCEDIMENTO

1. Insira o Densímetro dentro da Proveta com cuidado, mergulhando-o no líquido.

2. Gire a parte superior do Densímetro e espere o equipamento estabilizar dentro da solução de modo que ele não

haja contato com as paredes da Proveta.

3. Faça a leitura da graduação coincidente com o menisco. O menisco deve ser observado na altura dos olhos

conforme a figura da página a seguir.

4. Preencha a tabela abaixo com as informações coletadas.

Do que as bebidas alcoólicas são feitas? Você concorda que cada

bebida possui uma infinidade de ingredientes? Basta olhar alguns dos rótulos

utilizados na aula anterior para ter-se uma ideia melhor sobre isso. Partindo

disso, sabemos que essas bebidas possuem ingredientes que em maiores ou

menores proporções podem afetar a densidade delas, porém, de forma a

facilitar os cálculos que iremos realizar para determinar a porcentagem de

etanol nessas bebidas, iremos considerar que as bebidas utilizadas são

misturas, contendo unicamente água e etanol.

Matematicamente iremos escrever essa composição da seguinte

maneira:

Damostra = Xágua * dágua + Yetanol * detanol

A soma de Xágua, fração de água, com Xetanol, fração de etanol, é 100%,

ou seja, constitui toda a nossa bebida alcoólica:

Xágua + Yetanol = 1

Amostras Resultado Densímetro

Água

Cachaça

Cerveja

Uísque

Vinho

Vodka

Figura 08: Formato do experimento para medição

de densidade das amostras analisadas no teste do

bafômetro. Fonte:

https://ipemsp.wordpress.com/2015/11/09/o-

densimetro-veja-para-que-serve/, acessado em

setembro/2017.

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Agora iremos realizar os cálculos de uma de nossas bebidas utilizadas

na aula anterior, no experimento do bafômetro. Que tal começarmos pela

cachaça?! Quais são as informações que sabemos sobre ela?

Medida da densidade de uma bebida = Damostra = 0,915g/ml;

Densidade da água pura = 1,00 g/ml;

Densidade do etanol absoluto = 0,800 g/ml;

Xágua = fração de água na mistura;

Yetanol = 1- Xágua = fração de etanol na mistura.

Vamos substituir essas informações na expressão matemática do início

da página onde explicitamos a composição da bebida alcoólica:

0,915 = Xágua * 1,00 + Yetanol * 0,800

0,915 = Xágua * 1,00 + (1- Xágua) * 0,800

0,915 = Xágua - 0,800 * Xágua + 0,800

0,915 – 0,800 = Xágua - 0,800 * Xágua

0,115 = 0,200 * Xágua

Xágua = 0,115/0,200

Xágua = 0,575

Xágua = 0,575 * 100

Xágua = 57,5% do volume

Portanto:

Yetanol = 1- Xágua

Yetanol = 1- 0,575

Yetanol = 0,425

Yetanol = 0,425 * 100

Yetanol = 42,5% do volume

Sendo assim, para uma bebida alcoólica com densidade de 0,915g/mL, temos 42,5% de álcool – que é o teor

alcoólico, e o restante, 57,5% do volume total, vamos considerar que seja apenas água. Apesar das nossas

aproximações matemáticas, será nessa porcentagem aquosa da bebida alcoólica que estarão todos os outros

componentes, como açúcares.

Agora, com os resultados obtidos através do densímetro, que tal calcularmos o teor alcoólico de todas nossas

amostras? Utilize o espaço a seguir para esses cálculos.

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CERVEJA:

UÍSQUE:

VINHO:

CACHAÇA:

Agora que sabemos o teor alcoólico de todas nossas amostras estudas e também os teores das amostras da

nossa pergunta inicial, retornemos a ela. E por falar nisso, você se recorda da nossa pergunta inicial?

“Três amigas foram a uma festa na casa do Lucas. Na festa havia várias bebidas disponíveis. A amiga A

consumiu cinco latas de 350 mL de cerveja, a amiga B consumiu três caipirinhas de frutas, feitas com 50mL de

cachaça cada, e a amiga C seis taças de vinho branco de 100 mL. As três amigas foram de carro. Com qual das três

amigas você se sentiria confortável em pegar uma carona?”

Vamos reformulá-la com os teores que calculamos.

“Três amigas foram a uma festa na casa do Lucas. Na festa havia várias bebidas disponíveis. A amiga A

consumiu cinco latas de 350 mL de cerveja, cujo teor alcoólico é de aproximadamente 5%. A amiga B consumiu três

caipirinhas de frutas, feitas com 50mL de cachaça cada, com 42% de teor, e a amiga C seis taças de vinho branco de

100 mL, 12%. As três amigas foram de carro. Com qual das três amigas você se sentiria confortável em pegar uma

carona?”

Diante dessas novas informações você mantém sua opinião inicial? Ou nesse momento você pegaria carona

com outra pessoa?

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RELAÇÃO CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA E ALVEOLAR

Antes de iniciarmos a próxima aula, precisamos discutir um aspecto interessante do bafômetro. Nós

realizamos duas atividades experimentais que permitiram que determinássemos as quantidades de álcool presente em

diversas bebidas, o teor alcoólico como estávamos chamando. Essas atividades foram realizadas simulando o

funcionamento do aparelho do bafômetro. Mas esse aparelho utiliza o álcool presente no ar, ou mais especificamente,

o ar exalado dos nossos pulmões supondo que seriamos submetidos a este processo. E o álcool presente nesse ar revela

qual a quantidade de álcool líquido está presente em nosso organismo. Como é feito isso?

Existe uma proporção matemática entre esses dois lugares do corpo humano, e essa proporção corresponde a

1/2000, significando que 1mL de sangue possui exatamente a mesma quantidade de álcool de 2000mL de ar alveolar,

que é o ar expulso dos nossos pulmões pelos alvéolos. Ou seja, cada vez que você expira sai um tanto de ar dos seus

pulmões, se essa quantidade de ar corresponde a 2000mL, a partir disso poderemos ter informações sobre o seu

sangue, e é exatamente isso que o aparelho do bafômetro calcula.

1mL de sangue equivale a 2000mL de ar alveolar

1mL sangue = 2000mL ar

Porém nem todas as pessoas expiram a mesma quantidade de ar, por isso o aparelho considera essa relação

matemática de 1/2000 como um padrão e a partir dele calculam-se outras quantidades de ar. Convém lembrar que há

mais uma informação que o aparelho precisa para considerar uma pessoa embriagada, e essa informação é a seguinte:

uma pessoa será considerada embriagada quando sua quantidade de etanol no sangue for maior ou igual a

0,1mg de etanol/mL de sangue. E será configurado crime se o motorista apresentar concentração igual ou superior a

0,6mg de etanol/mL de sangue, estando sujeito à detenção de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de se

obter carteira de motorista.

Há alguma razão para que essa relação matemática seja verdadeira? Observe as imagens a seguir.

Figuras 09 e 10: À esquerda, uma representação gráfica do sistema respiratório humano com a localização dos alvéolos, e à direita, a

representação dos vasos sanguíneos localizados nos alvéolos. Fonte: http://dirceufp.wixsite.com/educacaofisica/sistemarespiratrio, acessado

em setembro/2017.

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Os pulmões, mais especificamente os alvéolos, essas pequenas regiões que se assemelham à árvores, são

muito vascularizadas, ou seja, possuem muitos vasos sanguíneos, isso porque todo o sangue do nosso organismo passa

por essa região para filtrar o sangue, retirando o gás carbônico, (CO2) presente nele e que sairá do organismo pela

expiração, e “abastecendo” com oxigênio (O2) que será enviado para os outros órgãos, lembrando que o oxigênio entra

no organismo pela inspiração.

O etanol, o álcool presente nas bebidas alcoólicas, como discutido na aula anterior é uma substância muito

volátil, ou seja, ele vaporiza com grande facilidade à pressão e temperatura ambiente, por isso ele pode sair do corpo

no momento da expiração e ser detectado pelo bafômetro.

Voltando para as regras matemáticas apresentadas e para os limites estipulados pela Lei Brasileira, pode-se

calcular qualquer quantidade de álcool em qualquer quantidade de ar expulso dos alvéolos. Vamos tentar?

Se um condutor apresentar em 200mL de ar alveolar uma quantidade de álcool igual a 0,04mg, ele estará

embriagado conforme a legislação? Use o espaço a seguir para realizar seus cálculos e expressar seus resultados.

Mas será que absolutamente todo o álcool presente em alguma bebida que tenhamos ingerido estará em nosso

sangue? Ou ele estará em outras partes do nosso organismo também? Iremos discutir isso na próxima aula através do

processo de metabolização do nosso organismo.

AULA 4: PROCESSO DE METABOLIZAÇÃO DO ÁLCOOL

Várias substâncias em nosso organismo são oxidadas para a produção de energia. A glicose (C6H12O6)

constituinte de grande parte dos alimentos, por exemplo, sofre um processo de oxidação e é convertida, em última

análise, a gás carbônico (CO2) que expelimos na respiração. O organismo, portanto, possui mecanismos de trabalho

que convertem as substâncias de forma a aproveitá-las. A esse processo damos o nome de metabolismo. Em outras

palavras, metabolismo é a “soma total de todas as mudanças químicas e físicas que ocorrem em um sistema vivo (...)”

(SETENECH, 1989).

O metabolismo é um processo complexo do nosso organismo que envolve enzimas – catalisadoras dos

organismos vivos. Entretanto, o ser humano não possui enzimas digestivas que auxiliam no processo de metabolização

do etanol. Isso faz com que seu processo seja mais lento que os demais e torna-se, em níveis altos, tóxico ao

organismo.

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OXIDAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

Antes de começarmos a estudar como o álcool circula em nosso organismo, vamos entender o processo de

oxidação mencionado no início desse texto.

Reações de oxirredução – ou simplesmente reações redox – são reações que envolvem transferência de

elétrons nas diferentes substâncias. Isto é, os elétrons são perdidos ou recebidos em substâncias diferentes. Em termos

gerais:

Oxidação: perda de elétrons

Redução: ganho de elétrons

Há de se concordar, portanto, que sempre que houver uma oxidação, haverá uma redução por consequência.

Observe como o etanol sofre oxidação (nesse caso pelo próprio oxigênio que respiramos):

Figura 11: Esquemas de transformações químicas ilustrativas do processo de oxirredução do etanol. Fonte: FELTRE, 2012.

Repare que o número de oxidação do carbono em destaque vai aumentando conforme as moléculas vão se

transformando. É a esse processo de aumento do Número de Oxidação (Nox) do carbono, nesse caso, que damos o

nome de oxidação do etanol.

Precisamos lembrar por hora que o álcool é ingerido como uma substância menos oxidada no organismo e que

existem processos que fazem com que esse carbono perca elétrons, sofrendo o que chamamos de oxidação. A

oxidação final do etanol leva à formação de gás carbônico.

COMO O ORGANISMO METABOLIZA O ETANOL?

Quando começamos a ingerir bebidas alcoólicas, o etanol não é imediatamente absorvido. Cerca de 80 a 90%

do etanol é absorvido pelo intestino. O restante é distribuído entre os tecidos do nosso organismo. Além desses, de 2 a

10% é excretado via respiração ou até mesmo juntamente com a urina. É do primeiro que o bafômetro, mencionado

anteriormente se apropria para detectar a presença de etanol.

O fígado é o responsável por metabolizar o etanol absorvido no intestino. A metabolização do etanol produz

energia! Cada 1 grama de etanol, ou 1,27 mililitro, metabolizado produz cerca de 7 kcal de energia! Uma lata de

cerveja equivale a 122 kcal.

O etanol é oxidado primeiramente a acetaldeído. Para isso, ele usa uma coenzima que possuímos, NADH,

catalisada pela enzima álcool desidrogenase. Após a oxidação de etanol à aldeído, acontece também a via de oxidação

para a transformação desse último em acetato (H3CCOO- - ácido carboxílico sem o H). O esquema é ilustrado abaixo.

O acetato produzido é ligado à Coenzima A para entrar no ciclo de Krebs. Acetil é então transformado em

acetil-CoA e entra na conhecida via metabólica do ciclo de Krebs:

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Figura 12: Esquema de transformação química ilustrativa do processo de metabolização do etanol. Fonte:

https://themedicalbiochemistrypage.org/ethanol-metabolism.php, acesso em setembro/2017. Figura 13: Ciclo de Krebs. Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bioquimica/bioquimica6.php, acessado em setembro de 2017.

Dessa parte em diante, a oxidação é conectada ao ciclo de Krebs e sofre a mesma oxidação das vias de glicose.

Pode parecer pouca energia. Mas comparada a uma dieta de 2000 kcal, uma lata de cerveja de 350 mL possui 122

kcal, que corresponde a 6,1% do se consome em uma dieta diária regular.

Por produzir uma determinada quantidade de energia no organismo, há rompimento de impulsos nervosos para

a quebra de glicose. Consequentemente sua concentração no sangue diminui. Caso haja insistência no consumo de

álcool, ocorre a inibição de vias importantes, levando ao que se conhece por coma alcoólico. É por isso que quando as

pessoas bebem acima da média recomendada e saturam o sangue de etanol há a necessidade de tomarem glicose na

veia para reposição de açúcar no sangue.

Figura 13: Tela de início do vídeo “O que acontece quando bebemos álcool?”. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=xUT5Clcbbc8,

acessado em setembro/2017.

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O QUE ACONTECE QUANDO INGERIMOS BEBIDAS ALCOÓLICAS?

Assim que a pessoa toma um gole, uma pequena parte dessas moléculas já começa a entrar na corrente

sanguínea pela mucosa da boca. Pelo esôfago, a bebida chega ao estômago. Até deixar esse órgão só 25% do etanol

entrou no sangue. O resto só cai na corrente sanguínea quando a bebida chega ao intestino delgado - órgão cheio de

vasos e membranas permeáveis.

É necessário de 15 a 60 minutos para todas as moléculas de etanol entrar na circulação e se espalharem pelo corpo.

Esse tempo depende de fatores como a presença de comida no estômago e a velocidade com que a pessoa bebeu.

Quando o álcool entra na corrente sanguínea, as moléculas de etanol são transportadas para todos os tecidos

que têm células com alta concentração de água - órgãos como cérebro, fígado, coração e rins. No fígado, 90% das

moléculas de etanol são metabolizadas - quebradas em partes menores para facilitar sua eliminação. Ele processa por

hora o equivalente a uma lata de cerveja.

OS EFEITOS NOS ÓRGÃOS:

No cérebro - quando o etanol carregado pelo sangue chega ao cérebro, ele estimula os neurônios a liberar uma

quantidade extra de serotonina. Essa substância atua como neurotransmissor, e leva mensagens entre as células, serve

para regular o prazer, o humor e a ansiedade. Por isso, um dos primeiros efeitos do álcool é deixar a pessoa desinibida

e eufórica. Se a pessoa segue bebendo, outros dois neurotransmissores são afetados. O etanol inibe a liberação do

glutamato, que por sua vez regula o GABA. Sem o controle do glutamato, mais GABA é liberado no cérebro. Como

esse neurotransmissor faz os neurônios trabalhar menos, a pessoa perde desde a coordenação até o autocontrole.

No estômago - o etanol das bebidas irrita a mucosa do estômago, dificultando a digestão e aumentando a

produção de ácido gástrico no órgão. Isso gera aquela sensação de enjoo e mal-estar, prestes a chamar o “Hugo”. O

vômito funciona como um mecanismo de autodefesa, comandado pelo cérebro, contra a ação agressiva do álcool no

estômago. A pessoa se sente mais aliviada após vomitar porque termina a irritação da mucosa pelas moléculas do

etanol.

Nos rins - quem bebe tem mais vontade de urinar. E isso não acontece só pela quantidade de líquido ingerido.

O etanol age na hipófise, uma glândula no cérebro. Lá, ele inibe a produção de um hormônio que controla a absorção

de água pelos rins. Com menos líquido absorvido, mais urina é eliminada, como mostra a comparação ao lado.

No coração - na ação do álcool nos rins a gente explica por que quem bebe urina excessivamente. E um efeito

colateral do excesso de urina acaba atingindo o coração. É que pela urina são eliminados minerais como magnésio e

potássio que ajudam a manter o batimento cardíaco. Durante e após uma bebedeira o ritmo do coração pode apresentar

alterações.

PERIGOS DO CONSUMO DE ETANOL:

Podemos relacionar a quantidade de álcool presente no sangue com os sintomas que seriam desencadeados

pelos processos no corpo. A tabela abaixo correlaciona os níveis de concentração de álcool no sangue (CAS) e os

sintomas clínicos correspondentes.

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Tabela 01: Efeitos da alcoolemia (CAS) e o desempenho. Fonte: http://www.cisa.org. br/artigo/233/efeitos-alcool.php, acessado em

setembro/2017.

CAS (mg etanol / mL

sangue) Efeitos sobre o corpo

0,1 - 0,5

Aumento do ritmo cardíaco e respiratório;

Diminuição das funções de vários centros nervosos;

Comportamento incoerente ao executar tarefas;

Diminuição da capacidade de discernimento e perda da inibição;

Leve sensação de euforia, relaxamento e prazer.

0,6 – 1,0

Entorpecimento fisiológico de quase todos os sistemas;

Diminuição da atenção e da vigilância, reflexos mais lentos, dificuldade de coordenação e

redução da força muscular;

Redução da capacidade de tomar decisões racionais ou de discernimento;

Sensação crescente de ansiedade e depressão;

Diminuição da paciência.

1,0 - 1,5

Reflexos consideravelmente mais lentos;

Problemas de equilíbrio e de movimento;

Alteração de algumas funções visuais;

Fala arrastada;

Vômito, sobretudo se esta alcoolemia for atingida rapidamente.

1,6 - 2,9 Transtornos graves dos sentidos, inclusive consciência reduzida dos estímulos externos;

Alterações graves da coordenação motora, com tendência a cambalear e a cair frequentemente;

3,0 - 3,9

Letargia profunda.

Perda da consciência;

Estado de sedação comparável ao de uma anestesia cirúrgica;

Morte (em muitos casos).

A partir de 4,0

Inconsciência;

Parada respiratória;

Morte, em geral provocada por insuficiência respiratória.

Retornando a nossa pergunta inicial, modificada ao longo das nossas aulas.

“Três amigas foram a uma festa na casa do Lucas. Na festa havia várias bebidas disponíveis. A amiga A

consumiu cinco latas de 350 mL de cerveja, cujo teor alcoólico é de aproximadamente 5%. A amiga B consumiu três

caipirinhas de frutas, feitas com 50mL de cachaça cada, com 42% de teor, e a amiga C seis taças de vinho branco de

100 mL, 12%. As três amigas foram de carro. Com qual das três amigas você se sentiria confortável em pegar uma

carona?”

Com todas as informações apreendidas até agora, conseguimos identificar se alguma das amigas estaria apta a

dirigir? Considere que as três amigas pesam 75 kg, cada uma. Elas possuem, portanto, cerca de cinco litros de sangue

no organismo. Nós vamos:

a) Calcular a quantidade aproximada de álcool, em g/ml, no sangue e compará-la com a Tabela 01;

b) Calcular também a quantidade de álcool exalada no ar pelo pulmão.

* Lembre-se que o organismo absorve no sangue cerca de 10% de álcool ingerido e que a densidade do álcool é

aproximadamente 0,800 g mL-1.

** Os valores desse exercício são hipotéticos e aproximados, uma vez que deve se levar em conta o metabolismo

individual, o gênero e a massa corporal de cada pessoa.

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Cinco latas de cerveja com 350mL cada (aproximadamente 5% v/v):

Três caipirinhas com 50mL de cachaça cada (aproximadamente 40% v/v):

Seis taças de vinho branco com 100 mL cada (aproximadamente 12% v/v):

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ENCERRAMENTO

Essa sequência didática tentou expressar, de maneiras descritivas e práticas, como o álcool foi e é entendido

no decorrer da história. Vimos que o álcool é benéfico na sua função social, como em confraternizações, por exemplo;

e também o é, se usado com moderação, para a saúde.

Com experimentos, pudemos perceber que existem métodos para identificar a presença de álcool no

organismo. Assim, com relações, podíamos estabelecer a quantidade de álcool expelida pelos pulmões e a quantidade

de álcool presente no sangue. Também fizemos aferições que nos permitem calcular a quantidade de álcool em

determinada amostra, apenas pela densidade da substância.

Através dos estudos de metabolização, nós percebemos que o álcool também pode ser aproveitado

energeticamente no nosso organismo. Discutimos o porquê de algumas atitudes que sabíamos, mas sem muitas

explicações, como: tomar glicose após o consumo excessivo de álcool, desgaste do fígado de pessoas com alto

consumo de bebidas, dentre outros.

Todas essas informações, contidas aqui, são necessárias para nossa reflexão crítica sobre o consumo de álcool.

A química como uma ciência nos permite pensar de maneira mais crítica e incisiva sobre atitudes que podem

beneficiar nosso organismo; e também, atitudes que podem prejudica-lo. Torna-se desse modo, conhecer para que

tomemos decisões corretas e conscientes. A química nos ajuda nesse sentido!

Esperamos assim que, cônscios de nossas ações, possamos usar a química para o nosso bem e para o bem de

todos!

REFERÊNCIAS

AGUIAR, R. M. P.; MARIA, L. C. S.; RODRIGUES, J. R.; SANTOS, Z. A. M. Uma abordagem alternativa para o

ensino da função álcool. Revista Química Nova na Escola, n. 12, novembro/2000.

ATKINS, P. W; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna o meio ambiente. Terceira edição,

Guanabara Koogan, 2006.

BRAATHEN, C. Hálito culpado - o princípio químico do bafômetro. Revista Química Nova na Escola, n. 5,

maio/1997.

BROWN, T.; LEMAY, H. E; BURSTEN, B. E. Química: a ciência central. Nona edição, Prentice-Hall, 2005.

FELTRE, R; Química 1. Editora Moderna, 6ª ed., São Paulo, 2004.

FERREIRA, G. A. L.; MÓL, G. S.; SILVA, R. R. Bafômetro - um modelo demonstrativo. Revista Química Nova na

Escola, n. 5, maio/1997.

GIORDAN, M.; GUIMARÃES, Y. A. F. Estudo Dirigido de Iniciação à Sequência Didática. In: Curso de

Especialização em Ensino de Ciências da FEUSP, Programa REDEFOR. São Paulo, 2012.

MARTINS, A. B.; SANTA, L. C.; AGUIAR, M. R. M. P. As drogas no ensino de química, n. 18, novembro/2003.

MARZZOCO, A; TORRES, B. B.; Bioquímica Básica. Editora Guanabara, 1ª ed., Rio de Janeiro, 1990.

NELSON, D. L.; COX, M. Lehninger – Princípios de Bioquímica. 3ed. São Paulo: Sarvier, 2002.

PINHEIRO, P. C.; ARAÚJO, D. A.; LEAL, M. C. Alcoolismo e Educação. Revista Química Nova na Escola, n. 34,

maio/2012.

STENESH, J. Dictionary of biochemistry and molecular biology, 2ed. New York, 1989

Texto “Como o álcool age no corpo – parte I e II”: http://mundoestranho.ab ril.com.br/materia/como-o-alcool-age-no-

corpo, acessado em junho/2017.

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ANEXO 01:

Texto 1: Álcool e trânsito: pesquisadora analisa o consumo de bebida entre motoristas

O Carnaval acabou e, com ele, 140 vidas se foram. Segundo os dados da Polícia Rodoviária Federal para a

campanha Operação Carnaval 2017, apesar de o número de acidentes ter caído 5,3% (de 1.791 acidentes em 2016 para

1.696 acidentes em 2017), a quantidade de vítimas fatais aumentou 23,9% em relação a 2016 (113 óbitos). Segundo a

PRF, os acidentes com múltiplos óbitos contribuíram com esse acréscimo. Mas, a nota divulgada pelo órgão informa

que onze acidentes foram responsáveis por 44 mortes, ou seja, menos de 1% dos acidentes causaram 31,4% de todas

as mortes registradas pela PRF em todo o país. A nota também explica que desses onze acidentes, dez foram

registrados como colisão frontal, motivados por ultrapassagens indevidas e excesso de velocidade. A Polícia

Rodoviária Federal afirma que as principais causas dos acidentes com mortes durante o período de Carnaval deste ano

foram a falta de atenção, o excesso de velocidade e a embriaguez ao volante. Só esses dados já mostram que álcool e

direção de fato não combinam.

A pesquisadora Giseli Damacena do grupo ICICT (Instituto de Comunicação e Informação Científica e

Tecnológica em Saúde) e da UFMG alega que os mais jovens são os que apresentam maior prevalência de

envolvimento em acidentes de trânsito, tanto na população em geral, quanto entre aqueles que consomem álcool

abusivamente com frequência.

Silva (nome fictício) tem 28 anos e é graduando de Direito. Pelo menos, três vezes por semana – em especial,

nos finais de semana – ele sai para beber. Gosta de cerveja, tequila, uisque e vodka – ele não faz distinção em

consumir bebidas fermentadas ou destiladas. Pedro admite que “muitas vezes” já dirigiu tendo ingerido bebidas

alcóolicas antes, mas explica os motivos: “Ah, falta opção de transporte para voltar para casa. Eu me sinto mais seguro

para retornar à noite de alguma festa”. A insegurança da cidade pesa, mas ele admite também que não viu ainda

necessidade de voltar para casa de táxi, ônibus ou de carona com amigos, pois se sentia bem para dirigir”. E parece ser

a mesma opinião de outros jovens. Segundo Pedro, a maioria justifica da mesma forma que ele.

Sono é a única coisa que ele admite sentir no volante após beber, mas Pedro diz que já colidiu com outro carro e que já

se sentiu mais confiante para pegar o veículo após beber, correndo mais ou arriscando-se em ultrapassagens – porém,

“foram pouquíssimas vezes”.

“A inconseqüência e efemeridade dos comportamentos da juventude, aliados à glamorização do consumo

abusivo de álcool presentes, atualmente, na cultura brasileira, também podem explicar um pouco essa o consumo

abusivo de álcool”, explica Giseli Damacena. Para ela, a falta de transporte público e o estímulo à compra de veículos

automotores estão diretamente relacionados com essa questão, principalmente, quando a sociabilidade do consumo de

álcool ocorre, na maioria das vezes no período noturno. “É necessária a compreensão dessa problemática, através de

uma ótica interdisciplinar, no sentido de desestimular e despersuadir a população a esses comportamentos tão

perniciosos a saúde e a sociedade brasileira, através de campanhas que eduquem e conscientizem as pessoas de

maneira cidadã”, diz.

Fonte: https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/pesquisadora-analisa-o-consumo-de-alcool-entre-motoristas

Texto 2: Multas ajudam na prevenção de acidentes de trânsito e na redução do consumo de álcool

Segundo a OMS, medidas como o uso do bafômetro são eficazes não só para reduzir colisões, mas também

diminuem o consumo de álcool entre motoristas. Em 2008, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 11.705 (de

19/06/2008), sobre o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), que já punia motoristas e motociclistas pegos dirigindo sob

o efeito de álcool e drogas lícitas ou não. Em 2012, por meio da Lei nº 12.760, de 2012, a chamada 'Lei Seca',

condutores passaram a ser penalizados com mais rigor, com a elevação das multas e a perda de habilitação.

A fiscalização também passou a contar com uma campanha específica, que visa – simultaneamente – inibir e

conscientizar os condutores de veículos motorizados sobre os riscos de dirigir alcoolizado.

É possível perceber que o Rio de Janeiro é o estado onde o número de punições é maior a quem dirige

alcoolizado (10.757 multas), seguido de São Paulo (9.941 multas), Minas Gerais (8.573 multas) e Goiás (6.122

multas). No outro extremo, os estados com menos multas – Amapá (345 multas), Roraima (246 multas), Amazonas

(146 multas) e o Piauí (85 multas).

Em fevereiro de 2015, o jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS) fez um levantamento sobre quais as sanções

que alguns países adotam para quem dirigir embriagado. Veja abaixo:

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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Química

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Colômbia - Além do cancelamento da carteira, a lei que rege "a condução sob uso de álcool e de outras

substâncias psicoativas" prevê multa equivalente a R$ 34 mil;

Espanha - Além da possibilidade de ir preso, o condutor flagrado com taxa de 1,2 gramas ou mais de álcool

por litro de sangue tem suspenso por até quatro anos o direito de dirigir. Rejeitar o bafômetro ou exame de sangue

resulta em prisão de seis meses a um ano;

Estados Unidos - Ao envolver-se em um acidente, o motorista embriagado é identificado como alcoólatra e

recebe duas alternativas: fazer tratamento ou ir para a cadeia. Durante o tratamento, a pessoa é submetida a exames de

urina para avaliar se permanece "limpa" ou se teve alguma recaída;

França - Em caso de acidente, o motorista embriagado pode ter a licença para dirigir suspensa por 10 anos, ser

preso por cinco anos e pagar multa de R$ 200 mil;

Japão - Um motorista embriagado que atropela e mata uma pessoa pode ser condenado à prisão perpétua.

Embora recursos possam reduzir a condenação, o impacto da pena inicial costuma inibir a imprudência;

Suécia - Como um pedágio, barreiras eletrônicas testam instantaneamente se os condutores consumiram

álcool. Quando o resultado indica níveis acima do permitido, as cancelas não se abrem, e o motorista é retido até a

chegada da polícia. Fonte: http://painelacademico.uol.com.br/painel-academico/8603-multas-ajudam-na-prevencao-de-acidentes-de-transito-e-na-reducao-do-

consumo-de-alcool

Texto 3: A bebida como meio de interação social

Buenos Aires, 31 de dezembro de 2005.

Com 15 anos de vida e uma cabeça bastante fechada, o jovem Lucas define que jamais irá ingerir uma gota de

álcool. Péssima decisão. Decisão que influenciaria diretamente o rumo dos acontecimentos nos anos seguintes.

Decisão que só seria revertida de forma totalmente involuntária pelo seu padrinho, que já estava cansado de tanto

insistir para que seu afilhado experimentasse qualquer tipo de bebida alcoólica e deixasse de ser tão teimoso.

Enfrentando problemas de saúde, comentava em um almoço de família que daria sequência ao tratamento, mas que

não deixaria de fazer as coisas de que gostava, tais como caminhar e tomar um cálice de vinho. Uma frase simples e

despretensiosa, que mexeu com a cabeça do Lucas de 20 anos e que o fez refletir sobre a decisão tomada lá atrás. Por

qual motivo ser tão radical, sem nunca ter experimentado a bebida e sem ter noção das vantagens e desvantagens que a

mesma poderia ocasionar?

Porto Alegre, março de 2011.

Comemorando o aniversário de um amigo da faculdade, o já não tão jovem Lucas aceita um copo de cerveja

oferecido pelo garçom e ouve exclamações de alegria dos demais convidados, surpresos com a iniciativa e incrédulos

com o evento ocorrido (não foram poucas às vezes em que eles, também, incentivaram que isso acontecesse). Algo

semelhante se passa nos demais ambientes em que Lucas convive tanto na família quanto junto aos amigos do colégio,

e até mesmo na empresa em que trabalha, na medida em que todos se sentem felizes que ele passa a participar dos

brindes realizados em virtude do fechamento de novos negócios, fato inédito até então.

É certo que a ingestão de bebidas alcoólicas por qualquer indivíduo é um assunto delicado, que deve ser

tratado com certo cuidado. As consequências de um consumo excessivo podem ser desastrosas, principalmente

quando combinado com doses significativas de imaturidade e/ou de irresponsabilidade. Passar mal fisicamente em

decorrência do volume ingerido ou das misturas realizadas, perturbar o sossego das pessoas que estão por perto e

causar acidentes de trânsito são alguns exemplos dos efeitos que o álcool pode gerar. Isso sem mencionar tantos outros

acontecimentos, tais como o comércio de bebidas alcoólicas para menores de idade, as propagandas abusivas

veiculadas nos meios de comunicação, as brigas entre torcedores de clubes de futebol (comumente associadas ao

consumo de mercadorias do gênero) e o alcoolismo, que afeta diretamente os demais aspectos da vida do indivíduo e

de seus familiares.

É preciso considerar os benefícios que a bebida alcoólica pode oferecer. A começar pelo sabor

(independentemente do tipo), apreciado especialmente por aqueles que a consomem com certa regularidade. Outra

vantagem é o efeito físico gerado pelo álcool, que auxilia no processo de desinibição e no próprio relaxamento do

indivíduo, tantas vezes necessário diante de um dia estressante de trabalho. O mais importante, contudo, são as portas

que se abrem no âmbito social, principalmente para aqueles que não estão dispostos a “encher a cara”, mas que

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EDM0432 - Metodologia do Ensino de Química

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desejam compartilhar momentos de alegria com seus amigos, sempre de forma consciente e responsável. Afinal, os

principais ambientes em que as pessoas interagem estão associados à bebida, dentre os quais é possível mencionar

bares, boates, festas e churrascos.

Não se pode atribuir qualquer uma das mudanças ocorridas na vida do Lucas diretamente ao fato de ele ter

revertido sua decisão. Também não se pode dizer que a interação social é dependente da ingestão de bebidas

alcoólicas. O fato é que seguir uma linha radical e se recusar a consumir tal produto em qualquer situação pode

dificultar o convívio de um indivíduo com seus pares, dado que tal diferença acaba pesando na hora de determinar os

convidados para um programa, ainda que isso não seja feito de maneira consciente. Em suma, é preciso entender o

potencial (positivo ou negativo) do álcool para aceitá-lo ou rejeitá-lo, lembrando que o consumo deve estar

acompanhado por uma postura responsável e pelo respeito a determinados limites, garantindo que a atividade seja

fonte de momentos de alegria e evitando qualquer consequência prejudicial ao indivíduo e àqueles que o cercam.

Fonte: https://deumamaneirageral.wordpress.com/2014/10/22/a-bebida-como-meio-de-interacao-social/

Texto 4: Mito ou realidade: vinho tinto faz bem à saúde?

Há alguns anos se divulga que uma dose moderada de vinho tinto todos os dias faz bem à saúde. Não só para

combater o câncer, mas também para reduzir o colesterol e evitar coágulos nos vasos sanguíneos.

Mas estudos recentes questionam as evidências destes benefícios e apontam que eles podem estar restritos a

vinhos caseiros ou fabricados seguindo um modo de produção tradicional.

Embora os cientistas concordem que o consumo moderado de vinho tinto possa ajudar a proteger o coração,

reduzir o colesterol "ruim" e prevenir o entupimento das veias e artérias, há divergências sobre o que está por trás

desses benefícios.

Recentemente, um grupo de cientistas tentou descobrir por que o vinho tinto caseiro feito no Uruguai é tão saudável e

chegou a sequenciar o código genético da uva Tannat, usado na produção do vinho.

Os especialistas identificaram uma alta quantidade de procianidina, uma classe de flavonoide, compostos

químicos encontrados em frutas, vegetais, chás, cereais, cacau e soja com benefícios antioxidantes e para prevenção ao

câncer que vêm sendo estudados há anos.

Roger Corder, professor de terapias experimentais da Universidade Queen Mary, de Londres, é autor do livro

The Red Wine Diet (A Dieta do Vinho Tinto, em tradução livre) e esteve por trás do estudo que pesquisou o vinho

tinto uruguaio. Ele confirma que a uva Tannat contém um nível três ou quatro vezes maior de procianidina do que a

uva Cabernet Sauvignon.

O pesquisador diz que estes compostos, aliados aos taninos (que combatem o envelhecimento das células e

também são encontrados no vinho) seriam os grandes responsáveis pelos efeitos positivos do vinho tinto sobre a

saúde. Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/09/130910_vinho_tinto_mito_realidade_jp

Texto 5: Lei Seca

A Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008, também chamada de Lei Seca, é conhecida pelo seu rigor no que diz

respeito ao consumo de álcool por motoristas. Ela foi aprovada com o intuito de diminuir os acidentes de trânsito

causados por condutores alcoolizados. Além de proibir qualquer consumo de álcool, essa lei também proíbe a venda

de bebidas alcoólicas ao longo de rodovias federais.

Antes da criação da Lei Seca, a ingestão de álcool permitida era de até 6 decigramas por litro de sangue, o que

equivale a dois copos de cerveja, por exemplo. Quando foi sancionada, a Lei permitia 0,1 mg/L de álcool por litro de

sangue, mas, atualmente, a tolerância é de 0,05 mg/L. Em relação aos exames de sangue, eles poderiam acusar até 2

decigramas de álcool, mas agora nenhuma quantidade é tolerada.

Há nove anos em vigor, a Lei foi ficando mais rígida ao logo do tempo, incluindo a atualização do valor da

multa e de outras penalidades. Hoje, o condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à

fiscalização de trânsito está sujeito à multa, considerada gravíssima, no valor de R$ 2.934,70, terá o carro apreendido e

a suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência, o valor da multa é dobrado. Quando o

condutor estiver realmente embriagado, com níveis de álcool acima de 0,3 mg/L de ar alveolar, o motorista corre o

risco de ser preso, por um período de detenção de 6 meses a 1 ano.

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Para saber se há vestígios de álcool no sangue do condutor do veículo, é utilizado um aparelho chamado

bafômetro, o qual mede toda e qualquer concentração de álcool no sangue do motorista. A margem de erro do

bafômetro, segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) é de apenas 1%.

Alguns alimentos, como o bombom de licor, sempre foram motivos de polêmica na Lei Seca, pela

possibilidade de poderem alterar o resultado do bafômetro. No entanto, a quantidade de álcool presente no doce deixa

de ser acusada no equipamento entre 10 e 20 minutos após o consumo. O teor de álcool contido também não causa

alterações no organismo, já que é rapidamente absorvida e não afeta o funcionamento das células nervosas.

Outro item bastante questionado é o enxaguante bucal. Realmente, ele pode acusar alguma alteração no

bafômetro, mas apenas se o equipamento for utilizado pouco tempo após o uso do produto, assim como acontece com

o bombom.

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/curiosidades/lei-seca.htm

Texto 6: Cerveja e sociedade

As origens da cerveja. Ao observar o processo de fabricação da cerveja, acredita-se ter sido descoberta por

acaso. Por conterem os mesmos ingredientes, existe uma forte relação entre a história do pão e da cerveja, e em

determinada época da evolução das civilizações esses eram produtos que faziam parte da alimentação e da cultura de

vários povos. Registros anteriores à escrita, como desenhos rupestres e símbolos primitivos, remetem à produção de

uma bebida semelhante à cerveja.

Documentos antigos, encontrados em cidades construídas em 6000 a.C., estão repletos de símbolos que

remetem a cerveja como moeda de troca. Para reforçar essa teoria, escavações arqueológicas do século XIX

encontraram resquícios de cevada em vasos localizados no interior de tumbas de faraós, tal fato leva algumas pessoas

a crerem que a cerveja tenha se originado no Oriente Médio ou no Egito. Bedrich Hrozny, arqueólogo linguista,

decifrou algumas tábuas que comprovaram a existência de uma bebida baseada em cereais, que era consumida na

região dos Tigres e Eufrates e era utilizada como remédio, salário e oferenda aos deuses (MORADO, 2011).

Segundo o portal Cervesia (2015), que traz soluções em tecnologia cervejeira e gestão de processos, a ligação

com a bebida no código de Hamurabi, legislação vigente do império mesopotâmico, de 1770 A.C., consta que poderia

ser aplicada pena de morte para o cervejeiro que fraudava seu produto para venda. O cervejeiro a partir dessa época se

tornou um membro importante na sociedade.

Na Idade Média, as mulheres assumiram a responsabilidade pela produção caseira da cerveja, que era servida

para toda família, inclusive no desjejum. Era uma opção barata e acessível, diferente do vinho, que era caro e de difícil

acesso para os menos afortunados. Nesta época, os mosteiros do século VI tiveram uma importância fundamental no

desenvolvimento de técnicas e receitas que melhoraram muito a qualidade da cerveja. Por dominarem a leitura, os

monges podem ser considerados os primeiros pesquisadores da bebida e sua produção foi à primeira em grande escala,

sendo doada ou vendida para a população.

Com o passar dos tempos, a Igreja Católica sempre esteve ligada à história da cerveja. O imperador Carlos

Magno contribuiu bastante para consolidação da cerveja como mercadoria e obteve importância na economia da

época. Ao decretar um conjunto de regras, o Capitular de Villis, reconhece os cervejeiros como artesãos

especializados, e ocupantes de uma posição de destaque entre a organização dos vilarejos (MORADO, 2011).

Fonte: http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistacontextos/wp-content/uploads/2016/03/73_CA_artigo_revisado.pdf.