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Coma epideóide da conjunva com met - lato de ca Conjuncval squous cell carcinoma mestasis - a case repo Sv ltl N de M,1 M R de Mor Sv8,1 N Me.1 M E. en Ml (I) Pf�ra S�nt� do am�nto d� al- mog � onongolog (2) �nt� d� 2* ano d� almolog - a- m�nto og � onolangog. (J) ofra �nt� utora do �nto og � orongog. (') ProfraS�nt� �ntod� Cnica Mica. fraS�nt�do �ntod� Patolo- g. ia: Facul Micina ucatu - SP. C 18610 - Rubião Júnior - tucatu - SP. 212 RESO latos b me de cainoma (Ca) epideóide pmáo da conjuntiva o vem um de pacnte com 74 an de idade com Ca epideóide da conjuntiva e que apntou me a enleao. T conside a פito do quad clínico, �im como b ast anatomopatológic. Palahave: noma njuna!; meses. DUO o cainoma (Ca) epideóide é - vel r 20% das l conjti- vais em n meio (Schellini ? aI., 1988), ndo 61,53% d tu- mo malign de lal (Ber Jr. et al., 1988). Gete a lo é פebidajá em u cio e a פlo ta- mto e favorer a cu. n- to, há algs de tumo que, r demo no diagnóco ou tamento, e mo r m mais agsiv, evoluem com invao ular e consüente פrda do glo ular (ok, 1980; Buen, 1982; Dey et al., 1983; WexIer & Wallow, 1985; Caval- cte & Monte, 1987). A sibilidade de ms, n ti de tumor, é mota (Cꝏk, 1 980; Apple & Rabb, 1985). Gonçalves ( 1 979) teve paciente, aim como Dey et aI. (1983). Erie et alo (1986), em levanmento de 63 anos lido na Clca Mayo encon aפnas 2 com mea. Nte lato, dvemos um de Ca epideóide conjtival com me cervicais. DEO ÊSO s.e., 74 an, feminina, nca, l- teira, ndas domicas, ente de lפtininga (SP), pu o Servi- de Oſtaologia da Facdade de Micina de tucatu, em maio de 1 985, com queixa de "e" ndo lentamen OD há is m, acomphada de do lal e lacri- mejamento. Exame ular: Acu l conta- d a 2 m em OD e 0,4 em OE. Biomicrcopia: inte plifeção cjtival em OD cido to lim, mais exte 3 e 9 hos, com suפcie papilomato e brilhante, avando a em de 4 . Tumor rico em va, algs פne- do o estroma como. Hor aquo lpido; íris m alteç; crisino com opacidade nu. OE m alteç. Fucopia de OD não foi sível devido à ocidade d meios; OE antava afia do epité- Q. BS. O. 55, (5), http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19920012

Carcinoma epidermóide da conjuntiva com metástases -relato de … · 2018. 10. 29. · Carcinoma epidermóide da conjuntiva com metástases -relato de um caso Conjunctival squamous

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Carcinoma epidermóide da conjuntivacom metástases - relato de um caso Conjunctival squamous cell carcinoma with metastasis - a case report

Silvana Artioli Schelliniltl Noé de Marcm121 Maria R.osa Bet de Moraes Silv8121 Ligia Niero Melo141Mari .... la E. Alencar MarqueslSl

(I) Prof�ssora ÁSSist�nt� do IMpartam�nto d� Oftal­mologia � Drorrinolaringologia.

(2) Resid�nt� d� 210 ano d� Oftalmologia - IMparta­m�nto th Oftnbnologia � Drorrinolaringologia.

(J) Professora Assist�nt� Doutora do IMpartam�nto d� Oftnbnologia � Drorrinolaringologia.

(') ProfessoraÁSSist�nt�do IMpartam�ntod� Clinica Médica.

fS) ProfessoraÁSSist�nt�do IMpartam�ntod� Patolo­gia.

Endereço para correspondência: Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. CEP 18610 - Rubião Júnior - Botucatu - SP.

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RESUMO Os relatos sobre metástases de carcinoma (Ca) epidennóide primário da

conjuntiva são raros. Descrevemos um caso de paciente com 74 anos de idade

com Ca epidennóide da conjuntiva e que apresentou metástases cerviam após

enucleação. Tecemos considerações a respeito do quadro clínico, �im como

sobre os aspectos anatomopatológicos.

Palavras-chave: carcinoma epidermóide conjuntiva!; metástases.

INTRODUÇÃO

o carcinoma (Ca) epidennóideé res­ponsável por 20% das lesões conjunti­vais em nosso meio (Schellini et aI., 1988), representando 61 ,53% dos tu­mores malignos deste local (Burnier Jr. et al., 1988).

Geralmente a lesão é percebida já em seu início e a procura precoce pelo trata­mento pode favorecer a cura. Entretan­to, há alguns casos de tumores que, por demora no diagnóstico efou tratamento, e mesmo por serem mais agressivos, evoluem com invasão intra-ocular e conseqüente perda do globo ocular (Cook, 1980; Buen, 1982; Dermy et al., 1983; WexIer & Wallow, 1985; Caval­cante & Monte, 1987).

A possibilidade de metástases, neste tipo de tumor, é remota (Cook, 1980; Apple & Rabb, 1985). Gonçalves (1979) teve um paciente, assim como Denny et aI. (1983). Erie et alo (1986), em levantamento de 63 anos realizado na Clínica Mayo encontraram apenas 2 casos com metástases.

Neste relato, descrevemos um caso

de Ca epidennóide conjuntival com metástases cervicais.

DESCKIÇÃO DO CASO

s.e., 74 anos, feminina, branca, sol­teira, prendas domésticas, procedente de ltapetininga (SP), procurou o Servi­ço de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Botucatu, em maio de 1985, com queixa de "carne" crescendo lentamente sobre OD há seis meses, acompanhada de prurido local e lacri­mejamento. Exame ocular: Acuidade visual conta­dedos a 2 metros em OD e 0,4 em OE. Biomicroscopia: intensa proliferação conjuntival em OD circundando todo limbo, mais extensa às 3 e 9 horas, com superfície papilomatosa e brilhante, avançando sobre a córnea em cerca de 4 mm. Tumor rico em vasos, alguns pene­trando o estroma comeano. Humor aquoso límpido; íris sem alterações; cristalino com opacidade nuclear. OE sem alterações. Fundoscopia de OD não foi possível devido à opacidade dos meios; OE apresentava atrofia do epité-

ARQ. BRAS. OFrAL. 55, (5), 1992 http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19920012

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lio pigmentar. Tonometria de aplana­ção impossibilitada em OD; e de 15 mmHgem OE. Gonioscopiaimpossibi­litada em OD e nonnal em OE. Antecedentes: Perda de peso há 9 anos, com acentuação nos últimos 6 meses (perda de 8-10 kg neste período). Exame f'lSico: Paciente caquética. Au­sência de adenomegalias etou viscero­megalias. Citologia conjuntival: Células epite­liais escamosas com polimorfismo acentuado, núcleos grandes, hipercro­máticos,nucléolos proeminentes. Cera­tinização e necrose de células indivi­duais. Diagnóstico: Ca espinocelularceratini­zado; catarata senil OD. Conduta: Devido à extensão do tumor, procedemos a enucleação de OD em junho/1985. A conjuntiva foi removida com margem de segurança e recons­truída a porção anterior da cavidade através de enxerto de mucosa oral. Anatomopatológico: Oexamemicros­cópico mostrou neoplasia epitelial ma­ligna, constituída por células ceratiniza­das com nucléolos evidentes, citoplas­ma abundante e algumas figuras de mi­tose. A neoplasia, localizada no limbo corneoescleral, avançava sobre a cór­nea, restringindo-se ao epitélio cornea­no, exceto em pequenas áreas onde ha­via rotura da membrana de Bowman com infiltração do estroma superficial (Figura 1). No estroma, observou-se moderado infiltrado inflamatório linfo­plasmocitário, vasos congestos, macró­fagoscontendo hemossiderina e intensa elastose solar. Às margens de ressecção cinírgica da conjuntiva estavam livres da neoplasia.

O diagnóstico histopatológico foi de Ca &pinocelular conjuntival modera­damente diferenciado. Evolução: A paciente apresentou boa evolução no pós-operatório imediato. Após a alta, não mais compareceu aos retornos. Procurou o Serviço dez meses depois, apresentando massa cervical anterior direita há 20 dias. Não havia recidiva tumoral na cavidade orbitária.

A punção da massa cervical confir-

ARQ. BRAS. OFfAL. 55, (5), 1992

Carcinomn epidermóide da conjulIliva com metástases - relato de um caso

mou diagnóstico de metástase cervical de Ca espinocelular. Realizada radiote­rapia com 6.300 rads (cervical anterior direita). Após a radioterapia a paciente não retornou ao Serviço; posteriormen­te tivemos notícia do seu óbito.

COMENTÁRIOS

A conjuntiva está sujeita a agressões externas (inflamações crônicas, produ­tos químicos, poeira, vento, radiação ionizante e não ionizante etc.) que p0-dem levar a alterações na sua estrutura celular, taiscomo leucoplasia, papiloma ou doença de Bowen. Estas alterações podem precederoCaespinocelular (Re­ese, 1976) ou este podesurgir'·denovo" (Cook, 1980; Apple & Rabb, 1985).

O Ca espinoceJular conjuntival é observado mais freqüentemente em pa­cientes idosos. No presente caso, a paci­ente estava na 8ªdécada da vida, quando nos procurou com queixa de �carne crescida" no olho direito há 6 meses.

Figura 1 - Carcinoma espino· celular comprometendo o epité­lio comeano. Notar �ueno bloco de células neoplasicas no estroma (HE 1 00X).

Todo o limbo era circundado pela lesão, que se mostrava mais volumosa às 3 e 9 horas, coincidindo com a fenda palpe­bral, local este mais exposto aos possí­veis agentes causais. A determinação do sítio ocular onde, possivelmente, a lesão teria se iniciado foi dificultada pela ex­tensão do tumor, bem como pelo envol­vimentosimultâneo da córnea econjun­tiva. Entretanto, o limbo é o sítio primá­rio mais freqüente (Erie et al, 1986).

o ca epidermóide é tumor que inva­de mais a superfície do que a profundi­dade do tecido de origem (Dermy et aI., 1983; Burnier Jr. et aI., 1988), sendo infreqüente a invasão intra-ocular. A membrana de Bowman funciona como "barreira" à invasão neoplásica de cór­nea (Reese, 1976). A maioria das inva­sões oco�anível do limbo (Françoiset aI. , 1967), nos locais de descontinuida­de tecidual, de destruição escleral (ca­valcante & Monte, 1987) ou, ainda, após biópsia excisional incompleta (Magalhães et aI., 1986; Cavalcante & Monte, 1987). Ocorre também em tu-

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mores de longa evolução (Buen, 1982; Castafios 1985), embora haja descrição de caso com 6 semanas de história já apresentando invasão intra ocular (Wex­ler & Wallow, 1985). Em nosso caso, encontramos rotura da membrana de Bowman com infiltração apenas do es­troma corneano superficial. Não havia invasão intra-ocular, apesar do exube­rante crescimento exofitico.

Mais raras do que a invasão local, são asmetástases do tumor primário ocular. Gonçalves (1979) apenas cita ter tido um caso de Ca epidermóide conjuntival com recidiva e morte por metástases. Dermy etal. (1983) tiveram um pacien­te, de 74 anos, portador de Ca espinoce­lulardotipomucoepidennóidequereci­divou 3 vezes; tendo sido feita enuclea­ção houve recidiva orbitária,metástases para gânglios pré-auriculareS e subma­xilares e óbito. Erie et alo (1986) encon­traramapenas2 casosdemetástases pré­auncularesentre 1 15 lesõesespinocelu­lares da conjuntiva.

Após tennos feito o diagnóstico clí­nico, optamos pela enucleação, tendo em vista a grande extensão do tumor e a presença de infiltração corneana, uma vez que a não r�moção completa do mesmo implicaria em risco de recidiva local oumetástases (Denny et al., 1983; Erie et al., 1986) que, mesmo assim não foram evitadas.

Diferentemente de outras localiza­ções, o Ca epidennóide da conjuntiva tem bom prognóstico. Sua agressivida­de local ou a produção de metástases

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Carcinoma epidermóide da conjuntiva com metástases - relato de um caso

parecem não estar diretamente relacio­nadas com a aparência clínica ou com o grau de diferenciação histológica do tumor (Buen, 1982; Erie et al., 1986). Segundo alguns autores (Dermy et al., 1986), o Ca espinocelulardo tipomuco­epidennóide é mais agressivo e tem pior prognóstico.

Em reswno, o presente relato docu­menta um caso raro de extenso Ca espi­nocelular da conjuntiva commetástases cervicais. Dificilmente observamos ca­sos semelhantes, uma vez que as lesões conjuntivais são facilmente evidencia­das, favorecendo a procura precoce do tratamehto.

AGRADECIMENTO

Ao dr. Julio Defaveri pela revisão do texto.

SUMMARY

A 74-year o/d woman underwent an enuc1eation for conjuntival squamous cell carcinoma and presented cervical adenopathy by tumor metastasis. ln this report, we comment the clinical and histophatological findings of this case.

REFERtNCIAS BmUOGRÁFICAs

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