Causas Da Decadencia Dos Povos Peninsulares - Antero de Quental - Iba Mendes

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     Antero de QuentalCausas da Decadência dos Povos Peninsulares

    Discurso proferido por Antero de Quental, em Lisboa, no dia 27

    de Maio de 1871.

    Antero Tarquínio de Quental(1842 — 1891)

     “Projeto Liro Lire!

    Livro 685

    Poeteiro Editor Digital

    São Paulo - 2015www.poeteiro.com 

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    PROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVRE

    Oh! Bendito o que semeiaLivros... livros à mão cheia...

    E manda o ovo ensar!O livro caindo nalma

    " #erme $ que %a& a alma'" chuva $ que %a& o mar.

    (astro )lves 

    O “Projeto Livro Livre” é uma iniciativa que propõe o compartilhamento, deforma livre e gratuita, de obras literárias já em domnio p!blico ou que tenham

    a sua divulga"#o devidamente autori$ada, especialmente o livro em seu formato%igital&

    'o (rasil, segundo a Lei n) *&+-, no seu artigo ., os direitos patrimoniais doautor perduram por setenta anos contados de / de janeiro do ano subsequenteao de seu falecimento& O mesmo se observa em Portugal& 0egundo o 12digo dos%ireitos de 3utor e dos %ireitos 1one4os, em seu captulo 56 e artigo 7), odireito de autor caduca, na falta de disposi"#o especial, 8- anos ap2s a mortedo criador intelectual, mesmo que a obra s2 tenha sido publicada ou divulgadapostumamente&

    O nosso Projeto, que tem por !nico e e4clusivo objetivo colaborar em prol dadivulga"#o do bom conhecimento na 5nternet, busca assim n#o violar nenhumdireito autoral& 9odavia, caso seja encontrado algum livro que, por algumara$#o, esteja ferindo os direitos do autor, pedimos a gentile$a que nos informe,a fim de que seja devidamente suprimido de nosso acervo&

    :speramos um dia, quem sabe, que as leis que regem os direitos do autor sejamrepensadas e reformuladas, tornando a prote"#o da propriedade intelectualuma ferramenta para promover o conhecimento, em ve$ de um temvel inibidor

    ao livre acesso aos bens culturais& 3ssim esperamos;

    3té lá, daremos nossa pequena contribui"#o para o desenvolvimento daeduca"#o e da cultura, mediante o compartilhamento livre e gratuito de obrasem domnio p!blico, como esta, do escritor portugu“Causas da Decadência dos Povos Peninsulares”. 

    ? isso;Iba Mendes

    [email protected]

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    CAUSAS DA DECADÊNCIA

    DOS POVOS PENINSULARESNOS ÚLTIMOS TRÊS SÉCULOS

    Meus Senhores:

    A decadência dos povos da Península nos três últimos séculos é um dos fatos maisincontestáveis, mais evidentes da nossa história: pode até dizerse !ue essadecadência, se"uindose !uase sem transi#$o a um período de for#a "loriosa e derica ori"inalidade, é o único "rande fato evidente e incontestável !ue nessa históriaaparece aos olhos do historiador filósofo% &omo peninsular, sinto profundamenteter de afirmar, numa assem'leia de peninsulares, esta desalentadora evidência%Mas, se n$o reconhecermos e confessarmos francamente os nossos errospassados, como poderemos aspirar a uma emenda sincera e definitiva( ) pecadorhumilhase diante do seu *eus, num sentido ato de contri#$o, e só assim éperdoado% +a#amos nós tam'ém, diante do espírito de verdade, o ato de contri#$o

    pelos nossos pecados históricos, por!ue só assim nos poderemos emendar ere"enerar%

    &onhe#o !uanto é delicado este assunto, e sei !ue por isso do'rados deveres seimpem - minha crítica% Para uma assem'leia de estran"eiros n$o passara estaduma tese histórica, curiosa sim para as inteli"ências, mas fria e indiferente para ossentimentos pessoais de cada um% .um auditório de peninsulares, n$o é porémassim% A história dos últimos três séculos perpetuase ainda ho/e entre nós emopinies, em cren#as, em interesses, em tradi#es, !ue a representam na nossasociedade, e a tornam dal"um modo atual% 0á em nós todos uma voz íntima !ueprotesta em favor do passado, !uando al"uém o ataca: a raz$o pode condenálo: ocora#$o tenta ainda a'solvêlo% 1 !ue nada há no homem mais delicado, maismelindroso do !ue as iluses: e s$o as nossas iluses o !ue a raz$o crítica,discutindo o passado, ofende so'retudo em nós%

    .$o posso pois apelar para a fraternidade das ideias: conhecem !ue as minhaspalavras n$o devem ser 'em aceitas por todos% As ideias, porém, n$o s$ofelizmente o único la#o com !ue se li"am entre si os espíritos dos homens%2ndependente delas, sen$o acima delas, e3iste para todas as consciências retas,

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    sinceras, leais, no meio da maior diver"ência de opinies, uma fraternidade moral,fundada na mútua toler4ncia e no mútuo respeito, !ue une todos os espíritos

    numa mesma comunh$o 5 o amor e a procura desinteressada da verdade% 6ueseria dos homens se, acima dos ímpetos da pai3$o e dos desvarios da inteli"ência,n$o e3istisse essa re"i$o serena da concórdia na 'oafé e na toler4ncia recíproca7uma re"i$o onde os pensamentos mais hostis se podem encontrar, estendendoselealmente a m$o, e dizendo uns para os outros com um sentimento humano epacífico: és uma consciência convicta7 1 para essa comunh$o moral !ue eu apelo% 8apelo para ela confiadamente, por!ue sentindome dominado por esse sentimentode respeito e caridade universal, n$o posso crer !ue ha/a a!ui al"uém !ue duvideda minha 'oafé, e se recuse a acompanharme neste caminho de lealdade etoler4ncia%

    9á o disse há dias, inau"urando e e3plicando o pensamento destas &onferências:n$o pretendemos impor   as nossas opinies, mas simplesmente expô-las: n$opedimos a ades$o das pessoas !ue nos escutam pedimos só a discuss$o: essadiscuss$o lon"e de nos assustar, é o !ue mais dese/amos por!ue, ainda !ue delaresultasse a condena#$o das nossas ideias, contanto !ue essa condena#$o fosse

     /usta e inteli"ente, ficaríamos contentes, tendo contri'uído, posto !ueindiretamente, para a pu'lica#$o de al"umas verdades% S$o prova da sinceridadedeste dese/o a!ueles lu"ares e a!uelas mesas, destinadas particularmente aos

     /ornalistas, onde podem tomar nota das nossas palavras, tornandolhes nós assim

    franca e fácil a contradi#$o%

    Meus Senhores: a Península, durante os séculos ;

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    as &omunas, os +orais, localizam ainda mais os direitos, e manifestam e firmamcom um sem número de institui#es, o espírito independente e auton?mico das

    popula#es% 8 esse espírito n$o é só independente: é, !uanto a época ocomportava, sin"ularmente democrático% 8ntre todos os povos da 8uropa &entral e)cidental, somente os da Península escaparam ao /u"o de ferro do feudalismo% )espectro torvo do castelo feudal n$o assom'rava os nossos vales, n$o se inclinava,como uma amea#a, so're a mar"em dos nossos rios, n$o entristecia os nossoshorizontes com o seu perfil duro e sinistro% 83istia, certamente, a no'reza, comouma ordem distinta% Mas o foro no'iliário "eneralizarase tanto, e tornarase det$o fácil acesso, na!ueles séculos heróicos de "uerra incessante, !ue n$o ée3a"erada a e3press$o da!uele poeta !ue nos chamou, a nós espanhóis, um  povode nobres% .o'res e populares uniamse por interesses e sentimentos, e diante

    deles a coroa dos reis era mais um sím'olo 'rilhante do !ue uma realidadepoderosa% Se nessas idades i"norantes a ideia do *ireito era o'scura e maldefinida, o instinto do *ireito a"itavase enér"ico nas consciências, e as a#essur"iam viris como os caracteres%

    A tais homens n$o convinha mais o despotismo reli"ioso do !ue o despotismopolítico: a opress$o espiritual repu"navalhes tanto como a su/ei#$o civil% )s povospeninsulares s$o naturalmente reli"iosos: s$ono até duma maneira ardente,e3altada e e3clusiva, e é esse um dos seus caracteres mais pronunciados% Mas s$oao mesmo tempo inventivos e independentes: adoram com pai3$o: mas só adoram

    a!uilo !ue eles mesmos criam, n$o a!uilo !ue se lhes impe% +azem a reli"i$o, n$oa aceitam feita% Ainda ho/e duas ter#as partes da popula#$o espanhola i"noramcompletamente os do"mas, a teolo"ia e os mistérios crist$os: mas adoramfielmente os santos padroeiros das suas cidades: por !uê( por!ue os conhece,por!ue os fez% ) nosso "ênio é criador e individualista: precisa reverse nas suascria#es% 2sto @/unto - falta de coes$o do ma!uinismo católico da 2dade Média,ainda mal definido e pouco disciplinado pela ine3orável escola de =oma e3plicasuficientemente a independência das i"re/as peninsulares, e a atitude altiva dascoroas da Península diante da &úria romana% )s Papas eram /á muito: mas os'ispos e as cortes eram ainda 'astante% Para as pretenses italianas havia um não muito franco e muito firme% 8 essa resistência n$o saía apenas da vontade e dointeresse de al"uns: saía do impulso incontrastável do "ênio popular% 8sse "êniocriador viase no aparecimento de rituais indí"enas, numa sin"ular li'erdade depensamento e interpreta#$o, e em mil ori"inalidades de disciplina% 8ra osentimento crist$o, na sua e3press$o viva e humana, n$o formal e ininteli"ente: acaridade e a toler4ncia tinham um lu"ar mais alto do !ue a teolo"ia do"mática%8ssa toler4ncia pelos Mouros e 9udeus, ra#as infelizes e t$o meritórias, será sempreuma das "lórias do sentimento crist$o da Península na 2dade Média% A caridadetriunfava das repu"n4ncias e preconceitos de ra#a e de cren#a% Por isso o seio do

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    povo era fecundo saíam dele Santos, individualidades - uma in"ênuas e su'limes,sím'olos vivos da alma popular, e cu/as sin"elas histórias ainda ho/e n$o podemos

    ler sem enternecimento%

    .o mundo da inteli"ência n$o é menos notável a e3pans$o do espírito peninsulardurante a 2dade Média% ) "rande movimento intelectual da 8uropa medievalcompreende a +ilosofia escolástica e a Beolo"ia, as cria#es nacionais dos &iclosépicos, e a Ar!uitetura% 8m nada disto se mostrou a Península inferior -s "randesna#es cultas, !ue haviam rece'ido a heran#a da civiliza#$o romana% *emos -8scola filósofos como =aimundo >úlio - 2"re/a, teólo"os e papas, um destesportu"uês, 9o$o ;;2% As escolas de &oim'ra e Salamanca tinham uma cele'ridadeeuropeia: nas suas aulas viamse estran"eiros de distin#$o, atraídos pela fama dos

    seus doutores% 8ntre os primeiros homens do século ;222 está um monarcaespanhol, Afonso, o Sá'io, espírito universal, filósofo, político e le"islador% .emposso tam'ém dei3ar es!uecidos os Mouros e 9udeus, por!ue foram uma das"lórias da Península% A reforma da 8scolástica, nos séculos ;222 e ;2

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    um rei de &astela, Afonso, o Sá'io% .o século ;

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    .o princípio do século ;uís ;2

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    al"uns pontos e3cepcionais, en!uanto a miséria se alar"a pelo resto do país: apopula#$o, decimada pela "uerra, pela emi"ra#$o, pela miséria, diminui duma

    maneira assustadora% .unca povo al"um a'sorveu tantos tesouros, ficando aomesmo tempo t$o po're7 .o meio dessa po'reza e dessa atonia, o espíritonacional desanimado e sem estímulos, devia cair naturalmente num estado detorpor e de indiferen#a% 1 o !ue nos mostra claramente esse salto mortal dado pelainteli"ência dos povos peninsulares, passando da =enascen#a para os séculos ;

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    a!uela época de verdadeira morte moral% 8ssa morte moral n$o invadira só osentimento, a ima"ina#$o, o "osto: invadira tam'ém, invadira so'retudo a

    inteli"ência% .os últimos dois séculos n$o produziu a Península um único homemsuperior, !ue se possa p?r ao lado dos "randes criadores da ciência moderna: n$osaiu da Península uma só das "randes desco'ertas intelectuais, !ue s$o a maioro'ra e a maior honra do espírito moderno% *urante OKK anos de fecundaela'ora#$o, reforma a 8uropa culta as ciências anti"as, cria seis ou sete ciênciasnovas, a anatomia, a fisiolo"ia, a !uímica, a mec4nica celeste, o cálculo diferencial,a crítica histórica, a "eolo"ia: aparecem os .eton, os *escartes, os Dacon, os>ei'niz, os 0arveI, os Duffon, os *ucan"e, os >avoisier, os

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    predile#$o, !uase com amor, a!uele mont$o "raveolente de a'/e#es% Bodas essasmisérias íntimas refletemse fielmente na literatura% ) !ue era no século ;

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    reis, até ao dia em !ue os destronou: a ind#stria, finalmente, verdadeirofundamento do mundo atual, !ue veio dar -s na#es uma concep#$o nova do

    *ireito, su'stituindo o tra'alho - for#a, e o comércio - "uerra de con!uista% )ra, aliberdade moral , apelando para o e3ame e a consciência individual, éri"orosamente o oposto do &atolicismo do &oncílio de Brento, para !uem a raz$ohumana e o pensamento livre s$o um crime contra *eus: a classe média, impondoaos reis os seus interesses, e muitas vezes o seu espírito, é o oposto doA'solutismo, esteado na aristocracia e só em proveito dela "overnando: aind#stria, finalmente, é o oposto do 8spírito de con!uista, antipático ao tra'alho eao comércio%

    Assim, en!uanto as outras na#es su'iam, nós 'ai3ávamos% Su'iam elas pelas

    virtudes modernas nós descíamos pelos vícios anti"os, concentrados, levados aosumo "rau de desenvolvimento e aplica#$o% Dai3ávamos pela indústria, pelapolítica% Dai3ávamos, so'retudo, pela reli"i$o%

    *a decadência moral é esta a causa culminante7 ) &atolicismo do &oncílio deBrento n$o inau"urou certamente no mundo o despotismo reli"ioso: masor"anizouo duma maneira completa, poderosa, formidável, e até ent$odesconhecida% .este sentido, pode dizerse !ue o &atolicismo, na sua formadefinitiva, imo'ilizado e intolerante, data do século ;

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    Média é o período da transi#$o: há ainda um, e o outro aparece /á% 8!uili'ramse% Aunidade vêse, fazse sentir, mas n$o che"a ainda a sufocar a vida local e

    auton?mica% Por isso é tam'ém esse o período das 2"re/as nacionais% As daPenínsula, como todas as outras, tiveram, durante a 2dade Média, li'erdades einiciativa, concílios nacionais, disciplina própria, e uma maneira sua de sentir epraticar a reli"i$o% *a!ui, dois "randes resultados, fecundos em conse!uências'enéficas% ) do"ma, em vez de ser imposto, era aceito, e, num certo sentido,criado: ora, !uando a 'ase da moral é o do"ma, só pode haver 'oa moraldeduzindoa dum do"ma aceito, e até certo ponto criado, e nunca imposto%Primeira conse!uência, de incalculável alcance% ) sentimento do dever, em vez deser contradito pela reli"i$o, apoiavase nela% *a!ui a for#a dos caracteres, aeleva#$o dos costumes% 8m se"undo lu"ar, essas 2"re/as nacionais, por isso mesmo

    !ue eram independentes, n$o precisavam oprimir% 8ram tolerantes% N som'radelas, muito na som'ra é verdade, mas tolerados em todo o caso, viviam 9udeus eMoiros, ra#as inteli"entes, industriosas, a !uem a indústria e o pensamentopeninsulares tanto deveram, e cu/a e3puls$o tem !uase as propor#es dumacalamidade nacional% Se"unda conse!uência, de n$o menor alcance do !ue aprimeira% Se a Península n$o era ent$o t$o católica como o foi depois, !uando!ueimava os 9udeus e rece'ia do Ceral dos 9esuítas o santo e a senha da suapolítica, era se"uramente muito mais crist$, isto é, mais caridosa e moral, comoestes fatos o provam%

    =as"ase porém o século ;

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    Ma!uiavel7%%% 8u n$o di"o !ue =oma usasse deli'erada e conscientemente dumapolítica ma!uiavélica: n$o posso avaliar as inten#es% *i"o simplesmente !ue o

    parece e !ue, perante a história, a política romana em toda esta !uest$o do&oncílio de Brento aparece com um notável caráter de ha'ilidade e cálculo%%% muitopouco evan"élicos7 =oma, n$o podendo resistir mais - ideia do concílio, e3ploraessa ideia em proveito próprio% *um instrumento de paz e pro"resso, faz uma armade "uerra e domina#$o confisca o "rande impulso reformador, e fálo conver"irem proveito do Gltramontanismo% &omo( *uma maneira simples: HR, dando só aosle"ados do Papa o direito de propor reformas OR, su'stituindo, ao anti"o modo devotar  por na%'es, o voto  por cabe%as, !ue lhe dá com os seus cardeais e 'ispositalianos, criaturas suas, uma maioria compacta e resolvida sempre a esma"ar, aaba&ar  os votos das outras na#es% Dasta dizer !ue a +ran#a, a 8spanha, Portu"al e

    os 8stados católicos da Alemanha nunca tiveram, /untos, número de votos superiora LK, en!uanto os italianos contavam HK, e mais7 .estas condi#es, o concíliodei3ava de ser universal: era simplesmente italiano nem italiano, romano apenas7*esde o primeiro dia se p?de ver !ue a causa da reforma li'eral estava perdida%Provocado para essa reforma, o concílio só serviu contra ela, para a sofismar eanular7

    &omposta e armada assim a má!uina, ve/amola tra'alhar% Para su/eitar na terra ohomem, era necessário fazêlo condenar primeiro no céu: por isso o concíliocome#a por esta'elecer do"maticamente, na sess$o JT, o  pecado oriinal , com

    todas as suas conse!uências, a condena#$o hereditária da humanidade, e aincapacidade de o homem se salvar por seus merecimentos, mas só por o'ra e"ra#a de 9% &risto% Muitos teólo"os e al"uns poucos sínodos particulares se haviam

     /á ocupado desta matéria: nenhum concílio ecumênico a definira ainda% Gmconcílio verdadeiramente li'eral dei3ava essa !uest$o na som'ra, no indefinido,n$o prendia a li'erdade e a di"nidade humanas com essa al"ema: o &oncílio deBrento fez dessa defini#$o o prólo"o dos seus tra'alhos% &onvinhalhe, lo"o nocome#o, condenar sem apela#$o a =az$o humana, e dar essa 'ase ao seu edifício%Assim o fez% *e ent$o para cá, ficou do"maticamente esta'elecido no mundocatólico !ue o homem deve ser um corpo sem alma, !ue a vontade individual éuma su"est$o dia'ólica, e !ue para nos diri"ir 'asta o Papa em =oma e o confessor- ca'eceira% (erinde ac cadaver , dizem os estatutos da &ompanhia de 9esus%

    .a sess$o HFT confirmase e precisase o do"ma da 8ucaristia, /á definido, ainda!ue va"amente, no ER &oncílio de >atr$o, e vi'rase o anátema so're !uem n$ocrer na presen%a real  de &risto no p$o e no vinho depois da consa"ra#$o% 1 mais umpasso @e este decisivo para fazer entrar o cristianismo no caminho da idolatria,para colocar o divino no a'surdo% Poucos do"mas contri'uíram tanto como estematerialismo da  presen%a real   para em'rutecer o novo povo, para fazer reviver

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    nele os instintos pa"$os, para lhe sofismar a raz$o natural7 Parece !ue era isto o!ue o concílio dese/ava7

    .a sess$o HET tratase detidamente da &onfiss$o% A confiss$o e3istia há muito na2"re/a, mas comparativamente livre e facultativa% .o ER &oncílio de >atr$orestrin"irase /á 'astante essa li'erdade% .a sess$o HET de Brento é a consciênciacrist$ definitivamente encarcerada% Sem confiss$o n$o há remiss$o de pecados7 Aalma é incapaz de comunicar com *eus, sen$o por intermédio do padre78sta'elecese a o'ri"a#$o de os fiéis se confessarem em épocas certas, ee3ortamse a !ue se confessem o mais !ue possam% +undase a!ui o poder, t$otemível !uanto misterioso, do confessionário% Aparece um tipo sin"ular: o diretorespiritual % *aí por diante há sempre na família, imóvel - ca'eceira, invisível mas

    sempre presente, um vulto ne"ro !ue separa o marido da mulher, uma vontadeoculta !ue "overna a casa, um intruso !ue manda mais do !ue o dono% 6uem háa!ui, espanhol ou portu"uês, !ue n$o conhe#a este estado deplorável da família,com um chefe secreto, em re"ra, hostil ao chefe visível( !uem n$o conhece asdesordens, os esc4ndalos, as misérias introduzidas no lar doméstico pela porta doconfessionário( ) concílio n$o !ueria isto, decerto: mas fez tudo !uando eranecessário para !ue isto acontecesse%

    .a parte disciplinar e nas rela#es da 2"re/a com o 8stado, predomina o mesmoespírito de a'solutismo, de concentra#$o, de invas$o de todos os direitos% .a

    sess$o JT, tornamse as )rdens re"ulares independentes dos Dispos, e !uasee3clusivamente dependentes de =oma% 6ue arma esta na m$o do Papado, !ue /áde si n$o era mais do !ue uma arma na m$o do 9esuitismo7 .a sess$o HFT só oPapa, pelos seus comissários, pode /ul"ar os 'ispos e os padres% 1 a impunidadepara o clero7 .a sess$o ET pemse restri#es - leitura da Dí'lia pelos seculares,restri#es tais !ue e!uivalem a uma verdadeira proi'i#$o% )ra, o !ue é isto sen$o asuspei#$o da =az$o humana, condenada a pensar e a ler pelo pensamento e pelosolhos de meia dúzia de eleitos( .as sesses U%T, V%T, H%T e OET, esta'elecemsei"ualmente disposi#es tendentes todas a su/eitar os "overnos, a impor aos povos apolícia romana, apa"ando implacavelmente por toda a parte os últimos vestí"ios

    das 2"re/as nacionais% +inalmente, a superioridade do Papa so're os &oncíliostriunfa nas sesses OFT e OJT, pela 'oca do /esuíta >ainez, inspirador e alma doconcílio%%% se é permitido, ainda metaforicamente, falando dum /esuíta, empre"ar apalavra alma%%% A reda#$o dum &atecismo vem coroar esta o'ra de alta política%&om esse &atecismo, imposto por toda a parte e por todos os modos aos espíritosmo#os e simples, tratouse de matar a li'erdade no seu "érmen, de a'sorver as"era#es nascentes, de as deformar e torturar, comprimindoas nos moldesestreitos duma doutrina seca, formal, escolástica e sutilmente ininteli"ível% Se seconse"uiu ou n$o esse resultado funesto, respondam umas poucas de na#es

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    mori'undas, enfermas da pior das enfermidades, a atrofia moral7

    Sim, meus senhores7 essa má!uina temerosa de compress$o, !ue foi o catolicismodepois do &oncílio de Brento, !ue podia ela oferecer aos povos( A intoler4ncia, oem'rutecimento, e depois a morte7 Bomo três e3emplos% Se/a o primeiro a Cuerrados Brinta Anos, a mais cruel, mais friamente encarni#ada, mais sistematicamentedestruidora de !uantas têm visto os tempos modernos, e !ue por pouco n$oani!uila a Alemanha% 8ssa "uerra, provocada pelo partido católico, e por elediri"ida com uma perseveran#a infernal, mostrou 'em ao mundo !ue a'ismos deódio podem ocultar palavras de paz e reli"i$o% ) padre n$o diri"ia somente, assistia- e3ecu#$o% &ada "eneral trazia sempre consi"o um diretor  /esuíta: e esses "eneraischamavamse BillI, Picolomini, os mais endurecidos dos verdu"os7 Salvou ent$o a

    Alemanha e a 8uropa a firmeza indomável dum cora#$o t$o "rande !uanto puro,sereno em face dessas hordas fanáticas% ) verdadeiro herói @e único tam'émdessa "uerra maldita, o verdadeiro santo desse período tene'roso, é umprotestante, Custavo Adolfo% 8n!uanto ao Papa, esse aplaudia a matan#a7 )se"undo e3emplo é a 2tália% ) terror !ue inspirava ao Papado a cria#$o em 2táliadum 8stado forte, !ue lhe pusesse uma 'arreira - am'i#$o crescente de dia paradia, tornouo o maior inimi"o da unidade italiana% 1 o Papado !uem semeia adiscórdia entre as cidades e os príncipes italianos, sempre !ue tentam li"arse% 1 oPapado !uem convida os estran"eiros a descerem os Alpes, na cruzada contra asfor#as nacionais, cada vez !ue parecem !uerer or"anizarse% W) PapadoX, diz

    8d"ard 6uinet, Wtem sido um ferro sa"rado na ferida da 2tália, !ue a n$o dei3asarar%X 0o/e mesmo, se essa suspirada unidade se consumou, n$o foi no meio dasmaldi#es e cóleras do clero e de =oma( ) único pensamento, !ue ho/e a'sorve oPapado, é desmanchar a!uela o'ra nacional, chamar so're ela os ódios do mundo,o ferro estran"eiro, podendo ser é assassinar a 2tália ressuscitada7 8stes fatos s$opor todos sa'idos% ) !ue talvez nem todos sai'am é o papel !ue o catolicismorepresentou no assassinato da Pol?nia% WA intoler4ncia dos /esuítas eultramontanosX, diz 8mílio de >avelaIe, Wfoi a causa primária do desmem'ramentoe !ueda da Pol?nia%X 8sta na#$o heróica, mas pouco or"anizada, ou antes, poucounificada, era uma espécie de federa#$o de pe!uenas nacionalidades, comcostumes e reli"ies diferentes% 8ncravada entre monar!uias poderosas eam'iciosas, como a Yustria, a =ússia e a Bur!uia de ent$o, a Pol?nia só podia viverpela li'erdade política, e so'retudo pela toler4ncia reli"iosa, !ue conservasseami"os e unidos contra o inimi"o comum os "rupos auton?micos de !ue secompunha% A essa toler4ncia deveu ela, com efeito, a for#a e import4ncia !ue tevena história da 8uropa até ao século ;

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    era efetivamente um esc4ndalo para os 'ons padres% Banto intri"aram, !ue emHJUK tinham /á lo"rado introduzirse na Pol?nia: o rei 8stev$o DathorI

    concedelhes, com uma culpável imprudência, a universidade de

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    seus casuístas, com as suas restri#es mentais, as suas su'tilezas, os seuse!uívocos, as suas condescendências, infiltrase por toda a parte, como um veneno

    lento, desor"aniza moralmente a sociedade, desfaz o espírito de família, corrompeas consciências com a oscila#$o contínua da no#$o do dever, e ani!uila oscaracteres, sofismandoos, amolecendoos: o ideal da educa#$o /esuítica é umpovo de crian#as mudas, o'edientes e im'ecis realizouo nas famosas Misses doPara"uai o Para"uai foi o reino dos céus da &ompanhia de 9esus perfeita ordem,perfeita devo#$o uma coisa só faltava, a alma, isto é, a di"nidade e a vontade, o!ue distin"ue o homem da animalidade7 8ram estes os 'enefícios !ue levávamos-s ra#as selva"ens da América, pelas m$os civilizadoras dos padres da &ompanhia7Por isso o "ênio livre popular decaiu, adormeceu por toda a parte: na arte, naliteratura, na reli"i$o% )s santos da época /á n$o têm a!uele caráter simples,

    in"ênuo dos verdadeiros santos populares: s$o frades 'eatos, s$o /esuítas há'eis%)s sermonários e mais livros de devo#$o, n$o sei por !ue lado se/am maisver"onhosos se pela nulidade das ideias, pela 'ai3eza do sentimento, ou pelapuerilidade ridícula do estilo% 8n!uanto - arte e literatura, mostravase 'em clara adecadência na!uelas massas estúpidas de pedra da ar!uitetura /esuítica, e napoesia convencional das academias, ou nas odes ao divino e /aculatórias fradescas%) "ênio popular, esse morrera -s m$os do clero, como com tanta evidência odei3ou demonstrado nos seus recentes livros, t$o cheios de novidades, so're a>iteratura portu"uesa, o Sr% Beófilo Dra"a% )s costumes saídos desta escolasa'emos nós o !ue foram% 9á citei a  Arte de Furtar , os Romances picarescos, asFarsas populares, o )eatro espanol , os escritos de *% +rancisco Manuel e do&avaleiro de )liveira% .a falta destes documentos, 'astavanos a tradi#$o, !ueainda ho/e reza dos esc4ndalos dessa sociedade aristocrática e clerical7 8ssafunesta influência da dire#$o católica n$o é menos visível no mundo político% &omoé !ue o a'solutismo espiritual podia dei3ar de rea"ir so're o espírito do podercivil( ) e3emplo do despotismo vinha de t$o alto7 os reis eram t$o reli"iosos7 8rampor e3celência os reis cat$licos,  &idelíssimos% .ada forneceu pelo e3emplo, pelaautoridade, pela doutrina, pela insti"a#$o, um tamanho ponto de apoio ao podera'soluto como o espírito católico e a influência /esuítica% .esses tempos santos, os

    verdadeiros ministros eram os confessores dos reis% A escolha do confessor erauma !uest$o de 8stado% A pai3$o de dominar, e o or"ulho criminoso de umhomem, apoiavamse na palavra divina% A teocracia dava a m$o ao despotismo%8ssa dire#$o viase claramente na política e3terna% A política, em vez de curar dosinteresses verdadeiros do povo, de se inspirar dum pensamento nacional, traía asua miss$o, fazendose instrumento da  política cat$lica romana, isto é, dosinteresses, das am'i#es dum estran"eiro% *% Se'asti$o, o discípulo dos /esuítas, vaimorrer nos areais de Yfrica  pela &é cat$lica, n$o pela na#$o portu"uesa% &arlos

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    "randeza de 8spanha( .$o: pela "randeza e pelos interesses de =oma7 *urantemais de UK anos, a 8spanha, dominada por estes dois in!uisidores coroados, dá o

    melhor do seu san"ue, da sua ri!ueza, da sua atividade, para !ue o Papa desseoutra vez leis - 2n"laterra e - Alemanha% 8ra essa a  política nacional   desses reisfamosos: eu chamo a isto simplesmente trair as na#es%

    Bal é uma das causas, sen$o a principal, da decadência dos povos peninsulares% *asinfluências deletérias nenhuma foi t$o universal, nenhuma lan#ou t$o fundasraízes% +eriu o homem no !ue há de mais íntimo, nos pontos mais essenciais davida moral, no crer, no sentir Z no ser : envenenou a vida nas suas fontes maissecretas% 8ssa transforma#$o da alma peninsular fezse em t$o íntimasprofundidades, !ue tem escapado -s maiores revolu#es passam por cima dessa

    re"i$o !uase inacessível, superficialmente, e dei3amna na sua inércia secular% 0áem todos nós, por mais modernos !ue !ueiramos ser, há lá oculto, dissimulado,mas n$o inteiramente morto, um 'eato, um fanático ou um /esuíta7 8ssemori'undo !ue se er"ue dentro em nós é o inimi"o, é o passado% 1 precisoenterrálo por uma vez, e com ele o espírito sinistro do catolicismo de Brento%

    8sta causa atuou principalmente so're a vida moral: a se"unda, o A'solutismo,apesar de se refletir no estado dos espíritos, atuou principalmente na vida políticae social% A história da transforma#$o das monar!uias peninsulares é lon"a, e, paraa minha pouca ciência, o'scura e até certo ponto desconhecida: n$o a poderia eu

    fazer a!ui% Dasta dizer !ue o caráter dessas monar!uias durante a 2dade Médiacontrasta sin"ularmente com o !ue lhe encontramos no século ;

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    a'dica#es sucessivas da vontade nacional nas m$os dum homem, as resistênciasinfelizes, a lon"a e cruel história do desaparecimento dos foros populares( 1 uma

    história t$o triste !uanto o'scura, !ue nin"uém fez nem fará /amais7

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    anulouse a classe dos pe!uenos proprietários a "rande cultura sendo ent$oimpossível, e desaparecendo "radualmente a pe!uena, a a"ricultura caiu metade

    da Península transformouse numa charneca: a popula#$o decresceu, sem !ue porisso se aliviasse a miséria% Por outro lado, o espírito aristocrático da monar!uia,opondose naturalmente aos pro"ressos da classe média, impediu odesenvolvimento da buruesia, a classe moderna por e3celência, civilizadora einiciadora, /á na indústria, /á nas ciências, /á no comércio% Sem ela, o !ue podíamosnós ser nos "randes tra'alhos com !ue o espírito moderno tem transformado asociedade, a inteli"ência e a natureza( ) !ue realmente fomos nulos, "ra#as -monar!uia aristocrática7 8ssa monar!uia, acostumando o povo a servir,ha'ituandoo - inércia de !uem espera tudo de cima, o'literou o sentimentoinstintivo da li'erdade, !ue'rou a ener"ia das vontades, adormeceu a iniciativa

    !uando mais tarde lhe deram a li'erdade, n$o a compreendeu ainda ho/e a n$ocompreende, nem sa'e usar dela% As revolu#es podem chamar por ele, sacudilocom for#a: continua dormindo sempre o seu sono secular7 A estas influênciasdeletérias, a estas duas causas principais de decadência, uma moral e outrapolítica, /untase uma terceira, de caráter so'retudo econ?mico: as Con"uistas% 0ádois séculos !ue os livros, as tradi#es e a memória dos homens, andam cheiosdessa epopeia "uerreira, !ue os povos peninsulares, atravessando oceanosdesconhecidos, dei3aram escrita por todas as partes do mundo% 8m'alaramnoscom essas histórias: atacálas é !uase um sacrilé"io% 8 todavia esse 'rilhantepoema em a#$o foi uma das maiores causas da nossa decadência% 1 necessáriodizêlo, em !ue pese aos nossos sentimentos mais caros de patriotismo tradicional%Banto mais !ue um erro econ?mico n$o é necessariamente uma ver"onhanacional% .o ponto de vista heróico, !uem pode ne"álo( foi esse movimento dascon!uistas espanholas e portu"uesas um rel4mpa"o 'rilhante, e por certos ladossu'lime, da alma intrépida peninsular% A moralidade su'/etiva desse movimento éindiscutível perante a história: s$o do domínio da poesia, e sêlo$o sempre,acontecimentos !ue puderam inspirar a "rande alma de &ames% A des"ra#a é !ueesse espírito "uerreiro estava deslocado nos tempos modernos: as na#esmodernas est$o condenadas a n$o fazerem poesia, mas ciência% 6uem domina n$o

    é /á a musa heróica da epopéia: é a 8conomia Política, &alíope dum mundo novo,sen$o t$o 'elo, pelo menos mais /usto e ló"ico do !ue o anti"o% )ra, é - luz da8conomia Política !ue eu condeno as &on!uistas e o espírito "uerreiro% 6uisemosrefazer os tempos heróicos na idade moderna: en"anamonos n$o era possívelcaímos% 6ual é, com efeito, o espírito da idade moderna( é o espírito de trabalo ede ind#stria: a ri!ueza e a vida das na#es têm de se tirar da atividade produtora, en$o /á da "uerra esterilizadora% ) !ue sai da "uerra n$o só aca'a cedo, mas é alémdisso um capital morto, consumido sem resultado% 1 necessário !ue o tra'alho,so'retudo a indústria a"rícola, o fecunde, lhe dê vida% *omina todo este assunto

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    uma lei econ?mica, formulada por Ad$o Smith, um dos pais da ciência, nasse"uintes palavras: Wo capital ad!uirido pelo comércio e pela "uerra só se torna

    real e produtivo !uando se fi3a na cultura da terra e nas outras indústrias%X

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    de coisas criado pelas con!uistas% ) proprietário, o a"ricultor, dei3am a charrua efazemse soldados, aventureiros: atravessam o oceano, - procura de "lória, de

    posi#$o mais 'rilhante ou mais rendosa% Atraída pelas ri!uezas acumuladas nos"randes centros, a popula#$o rural aflui para ali, a'andona os campos, e vemaumentar nas capitais o contin"ente da miséria, da domesticidade ou do vício% Acultura diminui "radualmente% &om essa diminui#$o, e com a deprecia#$o relativados metais preciosos pela afluência dos tesouros do )riente e América, os cereaische"am a pre#os fa'ulosos% ) tri"o, !ue em HELK valia HK réis por al!ueire, temsu'ido, em HJOK, a OK réis, FK e FJ7 Por isso o pre#o nos mercados estran"eirosnem se!uer pode co'rir o custo ori"inário: a concorrência doutras na#es, !ueproduziam mais 'arato, esma"anos% .$o só dei3amos de e3portar, mas passamosa importar: Wdo reinado de *% Manuel em dianteX, diz Ale3andre de Cusm$o,

    Wsomos sustentados pelos estran"eiros%X 8sse sustento podiamno pa"ar os"randes, !ue a ndia e o Drasil enri!ueciam% A multid$o, porém, morria de fome% Amiséria popular era "rande% A esmola - portaria dos conventos e casas fidal"aspassou a ser uma institui#$o% Mendi"avam aos 'andos pelas estradas% A tradi#$o,num sím'olo terrivelmente e3pressivo, apresentanos &ames, o cantor dessas"lórias !ue nos empo'reciam, mendi"ando para sustentar a velhice triste edesalentada% 1 uma ima"em da na#$o% As cr?nicas falamnos de "randes fomes% Portudo isto, decrescia a olhos vistos a popula#$o% 6ue remédio se procura a este mal(um mal incomparavelmente maior: a escravid$o7 Bentase introduzir o tra'alhoservil nas culturas, com escravos vindos da Yfrica7 +elizmente, n$o passou detentativa% 8ra a transforma#$o dum país livre e civilizado, numa coisa monstruosa,uma oli"ar!uia de senores de ro%a7 a 'ar'aridade dos devastadores da América,transportada para o meio da 8uropa7 &om estes elementos o !ue se podia esperarda indústria( uma decadência total% .$o se fa'rica, n$o se cria: 'asta o ouro do)riente para pa"ar a indústria dos outros, enri!uecendoos, insti"andoos aotra'alho produtivo, e ficando nós cada vez mais po'res, com as m$os cheias detesouros7 2mportávamos tudo: de 2tália, sedas, veludos, 'rocados, massas: daAlemanha, vidro: de +ran#a, panos: de 2n"laterra e 0olanda, cereais, l$s, tecidos%0avia ent$o uma única indústria nacional%%% a ndia7

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    amorosas, -s aventuras, ao adultério, e arruinava a família% >is'oa era uma capitalde fidal"os ociosos, de ple'eus mendi"os, e de rufies%

    Ao lon"e, fora do país, foram outras as conse!uências do espírito de con!uista,mas i"ualmente funestas% A escravatura @além de todas as suas deploráveisconse!uências morais esterilizou pelo tra'alho servil% Só o tra'alho livre éfecundo: só os resultados do tra'alho livre s$o duradoiros% *as col?nias, !ue os8uropeus fundaram no .ovo Mundo, !uais prosperaram( !uais ficaramestacionárias( Prosperaram na raz$o direta do tra'alho livre: o .orte dos 8stadosGnidos mais do !ue o Sul: os 8stados Gnidos mais do !ue o Drasil%

    8 essa /ovem Austrália, cu/a popula#$o duplica todos os HK anos, !ue /á e3portapara a 8uropa os seus produtos, cu/as institui#es s$o /á ho/e modelo e inve/a paraos povos civilizados, e !ue será antes de um século uma das maiores na#es domundo, a !ue deve ela essa prosperidade fenomenal, sen$o ao influ3o maravilhosodo tra'alho livre, numa terra !ue ainda n$o pisou o pé dum homem, !ue se n$odissesse livre( A Austrália tem feito em menos de HKK anos de li'erdade o !ue oDrasil n$o alcan#ou com mais de três séculos de escravatura7 +omos nós, foram osresultados do nosso espírito "uerreiro, !uem condenou o Drasil aoestacionamento, !uem condenou - nulidade toda essa costa de Yfrica, em !ueoutras m$os podiam ter talhado - lar"a uns poucos de impérios7 8sse espírito"uerreiro, com os olhos fitos na luz de uma falsa "lória, desdenha, desacredita,

    envilece o tra'alho manual Z o tra'alho manual, a for#a das sociedades modernas,a salva#$o e a "lória das futuras%%% Mas um fantástico idealismo pertur'a a alma do"uerreiro: n$o distin"ue entre interesse honroso e interesse vil: só as "randesa#es de esfor#o heróico s$o 'elas a seus olhos: para ele a indústria pacífica é sóprópria de m$os servis% A tradi#$o, !ue nos apresenta *% 9o$o de &astro, depoisduma campanha em Yfrica, retirandose - sua !uinta de Sintra, onde se dava-!uela estrana e nova aricultura de cortar as árvores de fruto, e plantar em lu"ardelas árvores silvestres, essa tradi#$o deunos um perfeito sím'olo do espírito"uerreiro no seu desprezo pela indústria% Portu"al, o Portu"al das con!uistas, éesse "uerreiro altivo, no're e fantástico, !ue voluntariamente arruína as suas

    propriedades, para maior "lória do seu a'surdo idealismo% 8 /á !ue falei em *% 9o$ode &astro, direi !ue poucos livros têm feito tanto mal ao espírito portu"uês, comoa!uela 'io"rafia do herói escrita por 9acinto +reire% 9% +reire, !ue era padre, !uenunca vira a ndia, e !ue i"norava t$o profundamente a política como a economiapolítica, fez da vida e feitos de *% 9% de &astro, n$o um estudo de ciência social, masum discurso acadêmico, literário e muito elo!uente, se"uramente, mas enfático,sem crítica, e animado por um falso ideal de "lória - anti"a, l$ria cl*ssica, atravésdo !ual nos faz ver continuamente as a#es do seu herói% 0á dois séculos !uelemos todos o *% 9o$o de &astro, de 9acinto +reire, e acostumamonos a tomar

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    a!uela fantasia de retórico pelo tipo do verdadeiro herói nacional% +alseamos comisto o nosso /uízo, e a crítica duma época importante% 1 preciso !ue se sai'a !ue a

    verdadeira "lória moderna n$o é a!uela: é e3atamente o contrário da!uela% Gmasó coisa há ali a aproveitar como e3emplo: é a no'reza de alma da!uele homemma"n4nimo: mas essa no'reza de alma deve ser aplicada pelos homens modernosa outros cometimentos, e dum modo muito diverso% +oi a!uele "ênero deheroísmo, t$o apre"oado por 9% +reire, !ue nos arruinou7

    &omo era possível, com as m$os cheias de san"ue, e os cora#es cheios de or"ulho,iniciar na civiliza#$o a!ueles povos atrasados, unir por interesses e sentimentos osvencedores e os vencidos, cruzar as ra#as, e fundar assim, depois do domíniomoment4neo da violência, o domínio duradoiro e /usto da superioridade moral e

    do pro"resso( As con!uistas so're as na#es atrasadas, por via de re"ra, n$o s$o /ustas nem in/ustas% 9ustificamnas ou condenamnas os resultados, o uso !ue maistarde se faz do domínio esta'elecido pela for#a% As con!uistas romanas s$o ho/e

     /ustificadas pela filosofia da história, por!ue criaram uma civiliza#$o superior-!uela de !ue viviam os povos con!uistados% A con!uista da ndia pelos 2n"leses é

     /usta, por!ue é civilizadora% A con!uista da ndia pelos Portu"ueses, da Américapelos 8spanhóis, foi in/usta, por!ue n$o civilizou% Ainda !uando fossem semprevitoriosas as nossas armas, a ndia ternosia escapado, por!ue sistematicamentealheávamos os espíritos, aterrávamos as popula#es, cavávamos pelo espíritoreli"ioso e aristocrático um a'ismo entre a minoria dos con!uistadores e a maioria

    dos vencidos% Gm dos primeiros bene&ícios, !ue levamos -!ueles povos, foi a2n!uisi#$o: os 8spanhóis fizeram o mesmo na América% As reli"ies indí"enas n$oeram só escarnecidas, vilipendiadas: eram atrozmente perse"uidas% ) efeito moraldos tra'alhos dos missionários @tantos deles santamente heróicos7 eracompletamente anulado por a!uela amea#a constante do terror reli"ioso: nin"uémse dei3a converter por uma caridade, !ue tem atrás de si uma fo"ueira7 Aferocidade dos espanhóis na América é uma coisa sem nome, sem paralelo nosanais da 'estialidade humana% *ois impérios florescentes desaparecem em menosde LK anos7 8m menos de LK anos s$o destruídos dez milhes de homens7 dezmilhes7 8stes al"arismos s$o trá"icos: n$o precisam de comentários% 8 todavia,poucas ra#as se têm apresentado aos con!uistadores t$o 'randas, in"ênuas,dóceis, prontas a rece'erem com o cora#$o a civiliza#$o !ue se lhes impunha comas armas7 Dartolomeu de las &asas, 'ispo de &hiapa, um verdadeiro santo,protestou em v$o contra a!uelas atrocidades: consa"rou a sua vida evan"élica -causa da!ueles milhes de infelizes: por duas vezes passou - 8uropa, para advo"arsolenemente a causa deles perante &arlos

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    política, e na decadência !ue os colheu, al"uma coisa de fatal: é a lei de evolu#$ohistórica, !ue infle3ível e impassivelmente tira as conse!uências dos princípios uma

    vez introduzidos na sociedade% *ado o catolicismo a'soluto, era impossível !ue selhe n$o se"uisse, deduzindose dele, o a'solutismo monár!uico% *ado oa'solutismo, vinha necessariamente o espírito aristocrático, com o seu corte/o deprivilé"ios, de in/usti#as, com o predomínio das tendências "uerreiras so're asindustriais% )s erros políticos e econ?micos saíam da!ui naturalmente e de tudoisto, pela trans"ress$o das leis da vida social, saía naturalmente tam'ém adecadência so' todas as formas%

    8 essas falsas condi#es sociais n$o produziram somente os efeitos !ue apontei%Produziram um outro, !ue por ser invisível e insensível, nem por isso dei3a de ser o

    mais fatal% 1 o a'atimento, a prostra#$o do espírito nacional, pervertido e atrofiadopor uns poucos de séculos da mais nociva educa#$o% As causas, !ue indi!uei,cessaram em "rande parte: mas os efeitos morais persistem, e é a eles !uedevemos atri'uir a incerteza, o des4nimo, o malestar da nossa sociedadecontempor4nea% N influência do espírito católico, no seu pesado do"matismo, deveser atri'uída esta indiferen#a universal pela filosofia, pela ciência, pelo movimentomoral e social moderno, este adormecimento sonam'ulesco em face da revolu#$odo século ;2; !ue é !uase a nossa fei#$o característica e nacional entre os povos da8uropa% 9á n$o cremos, certamente, com o ardor apai3onado e ce"o de nossosavós, nos do"mas católicos: mas continuamos a fechar os olhos -s verdades

    desco'ertas pelo pensamento livre%

    Se a 2"re/a nos incomoda com as suas e3i"ências, n$o dei3a por isso tam'ém de nosincomodar a =evolu#$o com as lutas% +omos os portu"ueses intolerantes efanáticos dos séculos ;

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    nacionais est$o nas m$os dos estran"eiros, !ue com elas se enri!uecem, e se riemdas nossas pretenses% &ontra o tra'alho manual, so'retudo, é !ue é universal o

    preconceito: parecenos um sím'olo servil7 Por ele so'em as classes democráticasem todo o mundo, e se en"randecem as na#es: nós preferimos ser umaaristocracia de po'res ociosos, a ser uma democracia próspera de tra'alhadores% 1o fruto !ue colhemos duma educa#$o secular de tradi#es "uerreiras e enfáticas7

    *essa educa#$o, !ue a nós mesmos demos durante três séculos, provêm todos osnossos males presentes% As raízes do passado re'entam por todos os lados nonosso solo: re'entam so' forma de sentimentos, de há'itos, de preconceitos%Cememos so' o peso dos erros históricos% A nossa fatalidade a nossa história%

    6ue é pois necessário para read!uirirmos o nosso lu"ar na civiliza#$o( paraentrarmos outra vez na comunh$o da 8uropa culta( 1 necessário um esfor#o viril,um esfor#o supremo: !ue'rar resolutamente com o passado% =espeitemos amemória dos nossos avós: memoremos piedosamente os atos deles: mas n$o osimitemos% .$o se/amos, - luz do século ;2;, espectros a !ue dá uma vidaemprestada o espírito do século ;on"e de apelar para a insurrei#$o, pretendeprevenila, tornála impossível: só os seus inimi"os, desesperandoa, a podemo'ri"ar a lan#ar m$o das armas% 8m si, é um ver'o de paz por!ue é o ver'ohumano por e3celência%

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    Meus senhores: há HKK anos apresentava o mundo romano um sin"ularespetáculo% Gma sociedade "asta, !ue se aluía, mas !ue, no seu aluirse, se

    de'atia, lutava, perse"uia, para conservar os seus privilé"ios, os seus preconceitos,os seus vícios, a sua podrid$o: ao lado dela, no meio dela, uma sociedade nova,em'rionária, só rica de ideias, aspira#es e /ustos sentimentos, sofrendo,padecendo, mas crescendo por entre os padecimentos% A ideia desse mundo novoimpese "radualmente ao mundo velho, converteo, transformao: che"a um diaem !ue o elimina, e a humanidade conta mais uma "rande civiliza#$o%

    &hamouse a isto o &ristianismo%

    Pois 'em, meus senhores: o &ristianismo foi a =evolu#$o do mundo anti"o: a=evolu#$o n$o é mais do !ue o &ristianismo do mundo moderno%

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  • 8/17/2019 Causas Da Decadencia Dos Povos Peninsulares - Antero de Quental - Iba Mendes

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    BIOGRAFIA

    Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 — Ponta

    Delgada, 11 de setembro de 18911 )

    !as"ido na #l$a de %&o 'iguel (Aores), 18 de abril de 1842 *il$o do

    "ombatente liberal *ernando de Quental e de sua mul$er Ana +uil$ermina da

    'aia

    m toda a sua -ida, Antero de Quental dedi"ou.se / 0oesia, / ilosoia e /

    0olíti"a #ni"iou seus estudos na "idade natal, mudando 0ara oimbra aos 1

    anos, ali estudando Direito e maniestando as 0rimeiras ideias so"ialistas

    *undou em oimbra a %o"iedade do 3aio, "om a qual 0retendia reno-ar o 0aís

    0ela literatura

    m 181, 0ubli"ou seus 0rimeiros sonetos Quatro anos de0ois, 0ubli"ou as

    Odes Modernas, inluen"iadas 0elo so"ialismo e0erimental de Proud$on,

    enalte"endo a re-olu&o !esse mesmo ano ini"iou a Quest&o oimbr&, em que

    Antero e outros 0oetas oram ata"ados 0or Ant5nio *eli"iano de astil$o, 0or

    instigarem a re-olu&o intele"tual omo res0osta, Antero 0ubli"ou os

    o06s"ulos Bom Senso  e Bom Gosto, "arta ao mo %r Ant5nio *eli"iano de

    astil$o, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais

    Ainda em 18 oi -i-er em 7isboa, onde e0erimentou a -ida de o0errio,

    trabal$ando "omo ti0grao, 0roiss&o que eer"eu tamb:m em Paris, entre

     ;aneiro e e-ereiro de 18unqueiro e 3amal$o ?rtig&o

    *oi um dos undadores do Partido %o"ialista Portugu@s

    m 189, undou o ;ornal A República, "om ?li-eira 'artins

    m 18

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