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CIDADANIA E INTERCULTURALISMO

Cidadania e Interculturalismo T4

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CIDADANIA E INTERCULTURALISMO CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 2 IMES Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda. William Oliveira Presidente MATERIAL DIDTICO Produo Acadmica Produo Tcnica Adroaldo Belens | Autor Mrcio Magno Ribeiro de Melo | Reviso de Texto Equipe Ana Carolina Paschoal, Andrei Bittencourt, Augusto Sanso, Aurlio Corujeira, Fernando Fonseca,Joo Jacomel, Joo Paulo Neto, Jos Cupertino, Jlia Centurio, Lorena Porto Seres, Lus Alberto Bacelar,Paulo Vinicius Figueiredo e Roberto Ribeiro. Imagens Corbis/Image100/Imagemsource 2009 by IMES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzidaou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrnico ou mecnico, tampouco poder ser utilizadoqualquer tipo de sistema de armazenamento e transmisso de informao, sem a prvia autorizao, por escrito, doInstituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda. 2009 Direitos exclusivos cedidos ao Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda. www.ftc.br CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 3 SUMRIO 1TEMA 01 - A CIDADANIA E OS DIREITOS HUMANOS .............................................................................. 4 1.1A Cidadania: conceito e histrico...................................................................................................... 4 1.2Direitos Humanos e Justia Social .................................................................................................... 9 1.3A Incluso e Excluso Social no Contexto Urbano......................................................................... 17 1.4Movimentos Sociais e o Exerccio da Cidadania............................................................................. 21 2TEMA 02 - A CIDADANIA NO MUNDO CONTEMPORNEO.................................................................... 28 2.1A Globalizao, o Estado e o Terceiro Setor .................................................................................. 28 2.2tica e Moral na Sociedade Contempornea.................................................................................. 35 2.3Mundo Contemporneo 1: a cidadania e as emoes. ................................................................... 41 2.4Mundo Contemporneo 2: A Cidadania ea Indstria Cultural ....................................................... 44 3TEMA 03 - A FORMAOCULTURAL DO BRASIL ................................................................................ 50 3.1O Conceito Scio-Antropolgico de Cultura e Identidade............................................................... 50 3.2Cultura Brasileira: a multiplicidade de influncia............................................................................. 57 3.3Interculturalidade: Raa e Etnicidade um conceito hbrido no Brasil e as razes das cincias racialista......................................................................................................................................... 60 3.4Pluralidade religiosa: um dilogo permanente com o outro e a educao intercultural. ............... 67 4TEMA 04 A VIRTUALIDADE E A URBANIDADE.................................................................................... 75 4.1A Sociedade da Informao: a sociedade virtual ............................................................................ 75 4.2As Mdias Digitais: Das Comunidades Virtuais Aos Games............................................................ 81 4.3Construindo Comunidades Virtuais De Aprendizagem................................................................... 89 4.4Tribos Urbanas 1: Os Estilos Em Jogo. .......................................................................................... 90 5REFERNCIAS............................................................................................................................................ 93 CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 75 4TEMA 04TEMA 04TEMA 04TEMA 04 A VIRTUALIDADEA VIRTUALIDADEA VIRTUALIDADEA VIRTUALIDADE E AE AE AE A URBANIDADE URBANIDADE URBANIDADE URBANIDADE 4.1A SOCIEDADE DA INFOR A SOCIEDADE DA INFOR A SOCIEDADE DA INFOR A SOCIEDADE DA INFORMAO: A SOCIEDADE V MAO: A SOCIEDADE V MAO: A SOCIEDADE V MAO: A SOCIEDADE VIRTUAL IRTUAL IRTUAL IRTUAL DESAFIOS DA SOCIEDADE DA INFORMAO Entre as dcadas de 1950 e 1980, a cultura ocidental sofreu transformaes generalizadas, per-cebidas nas artes, cincias, na filosofia, economia, poltica e nas relaes sociais em geral, de tal sorte que o modo como entendemos e lidamos com o mundo e como nos relacionamos uns com os outros bastante ou totalmente diferente daquilo que prevalecia antes da Segunda Guerra Mundial. H tambm uma variedade de termos contemporneos, tais como: sociedade da informao, era do conhecimento, sociedade em rede, sociedade ps-industrial. A sociedade da informao traz novasresponsabilidadesparatodososatoressociaisnelainseridos.Aexpressosociedadeda informaotransformou-serapidamenteemjargonosmeiosdecomunicao,alcanando,de forma conceitualmente imprecisa, o universo vocabular do cidado. Asociedadedainformaopossuiimportantes ferramentas: Acomunicao eainformao emtemporeal,nasquaisasrelaesempresariaise pessoaissofacilitadaspelolivreeirrestritoacessoa internet.A vida diria encontra-se emum mundo digita-lizado, e isso fez com que muitos dos costumes e valo-res da sociedade fossem substitudos.Hoje,podemosdizerquesomosdependentes dasmquinas,principalmentedoscomputadores,da rede internet e da telefonia mvel. A expresso sociedade da informao passou a ser utilizada, nos ltimos anos desse scu-lo,comosubstitutaparaoconceitocomplexodesociedadeps-industrialecomoformade transmitir o contedo especfico do novo paradigma tcnico-econmico. A expresso sociedade da informao mais utilizada numa dimenso global (ou mundi-al), pois identifica os setores sociais, independentemente de sua implicao local, que participam a favordosatoresdeprocessosprodutivos,decomunicao,polticoseculturaisquetmcomo instrumentofundamentalasTIC[tecnologiasdeinformaoecomunicao]eseproduzemou tendem a produzir-se em mbito mundial (AGUDO GUEVARA, 2000 apud WERTHEIN, 2000). Um olhar sobre a experincia concreta das sociedades da informao permite revelar como a re-estruturaodocapitalismoeadifusodasnovastecnologiasdainformaolideradase/ou mediatizadas pelo Estado esto interagindo com as foras sociais locais e gerando um processo de transformao social. Asdesigualdadesderendaedesenvolvimentoindustrialentreospovosegruposdasocie-dade reproduzem-se no novo paradigma. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 76 Ainformatizaodeprocessossociaisaindatemqueincorporarasminoriassociaisquevi-vemnamaiorpartedospasesemdesenvolvimento.Entreessas,apopulaolatino-americana, compreendidapormdiosepequenosprodutoresecomerciantes,docenteseestudantesdarea rural e setores populares urbanos, adultos, jovens e crianas, alm dos marginalizados em situao de desemprego e os sem-teto, esto longe de integrar-se ao novo paradigma. Dessamaneira,formasorganizativasdasociedadecivilcomoONGs,movimentossociais, sindicatoseassociaesdebairropodemcontribuirparaqueoscidadosexeramsuacidadania mediante proviso de informaes relacionadas aos seus direitos polticos, civis e sociais conquis-tados historicamente. Antes de qualquer coisa, o Estado precisa encarar a informao como um recurso de gesto e desenvolvimento para o pas. Nessa tica, assim como se concebem polticas direcionadas para os setoresdehabitao,sade,educao,seguranapblica,geraodeempregoerenda,cabeaos governos dos trs entes federativos desenvolverem polticas de informao.Demaneiramaisprecisa,enquantooEstadopretendeacabarcomoanalfabetismodigital, condionecessriaparaainserodocidadonasociedadevirtualemrede,muitosbrasileiros ainda permanecem parte da produo e da compreenso da palavra escrita, a qual soa mais co-mo um privilgio de poucos, do que como um direito de todo cidado. O analfabetismo o maior desafio a ser enfrentado pelo Estado para a consolidao de uma sociedade da informao no Brasil, uma vez que, os estoques de informao disponveis na Internet encontram-se, emsuamaioria,sob aformadetextoescrito,inacessveis paracercade20milhes de brasileiros que no sabem ler e escrever. Paramuitostrabalhadoresassalariados,ocomputadoreaInternetaindasocategorizados comobensdeluxo,poisopreomdiodesseequipamentocorrespondeacercadeumteroda renda mdia anual per capita do Brasil. No que se refere Internet, cabe lembrar que ela apresenta muitas questes a serem conside-radas quanto democratizao da informao. A popularizao dessa rede mundial, por exemplo, trouxeconsigoumaquantidadeexpressivadeinformao,muitasvezesdequalidadeduvidosa, servindo mais para desinformar do que informar o cidado. A INTERNETO surgimento da Internet foi, sem dvida alguma, a matria mais vei-culadaemtodososmeiosdecomunicao,universitrioecientfico,na ltima dcada.No atual cenrio de desenvolvimento do processo de globalizao da economia,consolida-seumanovaformaderelaoentreasociedade,o Estado, as ONGs, a academia e especialmente os agentes econmicos.Num golpe de demolio soberania dos pases, por meio de um processo de internacionali-zao dos capitais e virtualizao das relaes econmicas, a prpria Sociedade se (re) organiza em Rede (CASTELLS, 2000, p. 2). Esse novo paradigma tem segundo Castells (2000) as seguintes caractersticas fundamentais: A informao sua matria-prima: as tecnologias se desenvolvem para permitir ao homem atu-arsobreainformaopropriamentedita,aocontrriodopassadoquandooobjetivodominante CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 77 era utilizar informao para agir sobre as tecnologias, criando implementos novos ou adaptando-os a novos usos. Osefeitosdasnovastecnologiastmaltapenetrabilidade:issoporqueainformaoparte integrantedetodaatividadehumana,individualoucoletiva,e,portanto,todasessasatividades tendem a ser afetadas diretamente pela nova tecnologia. Predomnio da lgica de redes: esta lgica, caracterstica de todo tipo de relao complexa, pode ser, graas s novas tecnologias, materialmente implementada em qualquer tipo de processo. Flexibilidade:atecnologiafavoreceprocessos reversveis,permitemodificaopor reorganiza-o de componentes e tem alta capacidade de reconfigurao. Crescenteconvergnciadetecnologias:principalmenteamicroeletrnica,telecomunicaes, optoeletrnica,computadores,mastambmecrescentemente,abiologia.Opontocentralaqui que trajetrias de desenvolvimento tecnolgico em diversas reas do saber tornam-se interligadas e transformam-se nas categorias segundo as quais pensamos todos os processos.Exageros especulativosparte, preciso reconhecer quemuitasdaspromessasdo novoparadig-matecnolgicoforameestosendorealizadas,particularmentenocampodasaplicaesdasno-vas tecnologias educao.Educao a distncia, bibliotecas digitais, videoconferncia, correio eletrnico, grupos de bate-papo,etambmvotoeletrnico,bancoon-line,video-on-demand,comrcioeletrnico,trabalhoa distncia, so hoje parte integrante da vida diria na maioria dos grandes centros urbanos no mundo. Atecnologia virtual acusadadedisseminarna sociedadeautilizaodeumsimulacrode relacionamento como substituto de interaes face a face e contra a alegada usurpao pelo capital do direito de definir a espcie de automao que desqualifica trabalhadores, amplia o controle ge-rencial sobre o trabalho, intensifica as atividades e corri a solidariedade. Osdadosaseguirilustramocontraste em relaoaoacesso informaopelaspopulaes de pases industrializados e em desenvolvimento. OsurgimentoeaampliaodaInternetforamarepresentaomaisqueempricadofen-menodesignadoporglobalizao,jquetalmeiodecomunicaopassouadesempenharum papel fundamental na sociedade mundial, pois vem mostrando que pode impedir qualquer tipo de barreira essa extraordinria amplitude e profundidade das interaes transnacionais. A sociedade globalizada, na qual se avana o novo paradigma, a emergncia de novas foras de excluso se d tanto no nvel local quanto global e requer esforos em ambos os nveis no senti-do de super-las. A INTERNET E O HIPERTEXTO As Primeiras Mquinas de Calcular A importncia da linguagem digital ou a sacralizao desta faz-se notar quando se tem dian-te de si a rede mundial de computadores, a Internet, alterando e interagindo no comportamento da sociedade e atuando diretamente na nossa cultura.Atualmente, v-se surgir uma nova concepo de leitura e leitor. A leitura que antes era feita no livro de forma linear, hoje se apresenta na forma de Hipertexto.CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 78 Atravs do hipertexto informatizado tem-se contato com o que existe de mais novo e atual, a velocidadedasinformaesseprocessaemumritmoqueexigedoprofissionalumaconstantee rpida de atualizao.Para evidenciar o significado dessas informaes, tentar-se- mostrar um pouco da dinmica da linguagem do hipertexto informatizado. Otermocomputadordefinidocomoaquelequefazcmputos,quecalcula.Entretanto,as operaesaseremrealizadasporumcomputadorvoalmdesimplescontasaritmticasque marcaramoseuincioequemotivaramsuaconstruo.FoiapartirdaIIGuerraMundialqueo desenvolvimentodoscomputadoreseletrnicosganhoumaisfora,poisointeressepelasmqui-nas aumentou em vrios Estados, visto o grande potencial estratgico que elas possibilitavam. Almdisso, buscava-se umaformade compartilhamentode informaesdeforma rpida e segura e mquinas capazes de executar clculos balsticos com rapidez e preciso para serem utili-zadas na indstria blica. O hipertexto abre caminho para um novo entendimento da leitura, e evidencia a linguagem quemarcaaeradainformao.Estamodalidadedotextoescritopropstransbordamentosere-formaes do espao de significaes, numa produo frentica que acelera os tempos do real para o virtual. Para Pierre Lvy (1999), as linguagens humanas virtualizam o tempo real, as coisas materiais, osacontecimentosatuaiseassituaesemcurso.Lvyatribuialinguagemresponsabilidadede criar tempos, desintegrar ou reintegrar tempo e as situaes que surgem na criao deste. O hipertex-to mais uma forma de re-elaborao do tempo, pois ele muda o comportamento do leitor. H uma hibridez de pensamentos e recepes do hipertexto que inaugura uma forma nova de ser e estar no tempo. No mais existe o texto inicial, mas h multiplicidades dos textos, das reais idades e as infini-tudes das leituras e dos textos. A deslumbrante e libertadora abstrao que verticaliza o pensamento e impele o homem a continuar criando e redesenhando mundos em tempos diferentes. EDUCAO E SOCIEDADE INFORMACIONAL Aolongodahistriadahumanidade,osavanostecnolgicossempreforamresponsveis por transformaes nos mais diversos campos de atividade. Hoje, o desenvolvimento informacio-naletcnicoestmodificandoasociedadesobdiversosngulos,eaeducaonopoderiaficar alienada neste processo.As novas tecnologias da informao e da comunicao vm desafiando a humanidade pelas transformaeseconmicas,sociaisepolticasglobalizadas,emumprocessoirreversvelecada vez mais acelerado. Para melhor visualizarmos os impactos das tecnologias na cultura contempornea devemos di-rigir nosso olhar para a educao como um processo complexo, inacabado e em permanente evoluo. Para Lvy,estenovo meio tema vocaode colocar em sinergiae interfacear todos osdispositivosdecriaodeinformao,degravao,decomunicaoedesimulao.A perspectivadadigitalizaogeraldasinformaesprovavelmentetornarociberespaoo principal canal de comunicao e suporte de memria da humanidade a partir do incio do prximo sculo (LVY, 1999).CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 79 Para Castells (2000), a partir do rompimento dos padres espaciais em redes intera-tivas, o espao de fluxos passou a substituir o espao de lugares.Este espao imaterial de fluxos realiza um processo de desmaterializao das relaes sociais eeducacionaisconectadasemrede.Oqueanteseraconcretoepalpveladquireumadimenso imaterial na forma de impulsos eletrnicos. Ovirtualumanovamodalidadedeser,cujacompreensofacilitadaseconsiderarmoso processo que leva a ele: a virtualizao. O real seria da ordem do tenho, enquanto o virtual seria a ordem do ters, ou da iluso, o que permite geralmente o uso de uma ironia fcil para evocar as diversas formas de virtualizao (LVY, 1996, p. 15). O lugar virtual est apoiado em quatro eixos primordiais, que so: o tempo-real, a desterri-torialidade, imaterialidade e interatividade.Tais aspectos possibilitam relaes sociais simultneas e acesso imediato a qualquer parte do mundo, inaugurando uma nova percepo do tempo, do espao e das relaes sociais. Neste novo sculo,asociedadesecaracterizapelavasta quantidadedeinformao emfluxo eporseuconse-qenteacesso,bemcomoaaceleradaalteraoeatualizaodainformao.Aeducaocontem-pornea mostra que os atuais paradigmas no atendem mais o momento atual, visto a velocidade e quantidade de informaes.Comooconhecimentotornou-sedinmico,precisamosfazernovasconexesdefatosein-formaes,poistudo estsistematizado.Essa nova visomostraa necessidadedeumperfildife-renciado de cidado para conviver na sociedade da informao e da tecnologia.Torna-se importante, ento, distinguirmos informao e conhecimento. A informao a ma-tria-prima ainda no processada. Na segunda parte do sculo XX houve uma crescente especiali-zao nas escolas, fazendo com que os conhecimentos fossem menos amplos que no passado, mas com uma maior profundidade. Hoje,necessriaumamenorpreocupaocomaacumulaodoconhecimento,comsua construo a partir de informaes que devem ser pesquisadas dentro de contextos significativos e reflexes crticas. Atualmente,avelocidadecomquecirculamesoproduzidasasinformaes,osconheci-mentospassamaserconstantementerevistos,modificadosousistematizados.Assimainternet, conectada a outras possibilidades digitais permite o acesso a bancos de informao que se prolife-ram geometricamente no ciberespao. Nessecontexto,osprofessoresdevemassumirposturasnovasediferenciadas,ensinandoe levandooeducandoaaprendizagemdeformacolaborativa,nainvestigaoenapesquisasin-formaes existentes na rede.Aabordagempedaggicadaaprendizagemcolaborativaeadistnciavemganhandofora cada vez maior, constituindo-se na modalidade educacional apropriada, para atividades coletivas em redes de produo de conhecimento nos meios digitais de comunicao, como a Internet.O conhecimento visto como uma construo social, o processo educativo via ciberespao favorecidopelaparticipaosocialemumambientequepropiciaacolaborao,aavaliaoeo acesso a infinitos saberes universais. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 80 INTERNET E AFETIVIDADE Asdiscussessobreopapeldaafetividadenasubjetividadehumanavmsendotravadas desde a Antiguidade, mas como elemento dissocivel da cognio. A afetividade um estado psi-colgico do ser humano que pode ou no ser modificado a partir das situaes. Segundo Piaget, tal estado psicolgico de grande influncia no comportamento e no aprendizado das pessoas junta-mente com o desenvolvimento cognitivo.Faz-sepresenteemsentimentos,desejos,interesses,tendncias,valoreseemoes,ouseja, emtodososcamposdavida.Diretamenteligadaemoo,aafetividadeconseguedeterminaro modocomqueaspessoasvisualizamomundoetambmaformacomquesemanifestadentro dele. Todos os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz recordaes e experi-nciasportodaasuahistria.Dessaforma,apresenaouausnciadoafetodeterminaaforma com que um indivduo se desenvolver.Quando uma pessoa no consegue excluir a afetividade de sua vida, tornam-se incontinentes emocionais.Aafetividadeumasensaodeextremaimportnciaparaasadementaldetodos os seres humanos, por influenciar o desenvolvimento geral, o comportamento e o desenvolvimen-to cognitivo. a partir desse hipertexto que se desenvolve a virtualidade do momento, que de to envol-vente,poderamosdizerquequasesetornareal.Aproduodasimagensnoespaovirtualdes-territorializaolimitedeverdades,anteriormentesignificativadopensamentoepistemolgicoda modernidade. Nessa dimenso que as conversas nas salas de chat se tornam textos, constantemente costurados e recosturados.As conversas se passam sobre os mais variados assuntos que vosendodirecionadosconformeainteraodosescritorescomo tambm dos leitores que so escritores e vise versa. H a presena deumamobilidadetextuale,digamosassim,destanascosturas dasconversas.Osparticipantespodemintervirdiretamenteem todososnveisdeexploraodaconstruodaconversa,ecomo qualquer outro participante, em particular ou com o grupo. Nos grupos presenciais se ocorrem momentos nos quais no gostaramosde estarparticipandodaconversa,podemosnosreti-rar, pois o arsenal fsico nos ajuda a dizer o no.Eduranteessepercurso,vriasimagensqueconstituemas ideias do vida a emoes que so construdas, vividas com inten-sidadecomosefossempresenciais.Hmomentosemqueafala expressa felicidade ou raiva, momentos de carinho e afeio, momentos de excluso e descaso.Outro dado importante, e que se percebeu, na maioria dos jovens, que em conversas nas sa-las de chat, muitos j se conhecem, e o contato com a prpria turma presencial j determina as re-grasdogrupoaoqualsepertence.Issofacilitaparaojovemaquestodaintervenodiretaem seus conceitos pessoais. Acontece tambm do jovem no querer que o amigo o descubra, e se torna uma brincadeira ou uma conquista sensual, no caso de namoros. Os participantes da rede inscrevem nos hipertextos suas identidades a partir do momento em que tecem a seleo, a articulao e a reapropriao de novos pensamentos nas reas dos sentidos.CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 81 A construo da identidade fundamental para a da subjetividade. O indivduo necessita de bases, as quais possam recorrer quando preciso, para expor-se a internalizao das regras de con-vvio social, e a partir da constituir a subjetividade. Abordamosasduasdimensesnaformaodoserhumanoporentenderqueasduastm bases de formao advindas do mesmo contexto as experincias tecidas durante sua vida, porm so conceitos diferenciados.Quando falamos de identidade, nos referimos quilo que prprio/particular e que somente o indivduo poder vivenciar consigo mesmo a partir da base em que foi se formando. Os papis que os jovens representam esto presentes pelas relaes sociais, conscientes ou inconscientes, que vivenciam em variadas situaes.Assim, criam-se mscaras, nas quais pensamos ser ns mesmos.Essa vivncia constantemente experimentada nas salas de chat a partir do momento em que esses jovens criam esteretipos para si prprios e para os outros. 4.2A AA AS SS S M MM MDIAS DIAS DIAS DIAS D DD DIGITAIS IGITAIS IGITAIS IGITAIS: D : D : D : DAS AS AS AS C CC COMUNIDADES OMUNIDADES OMUNIDADES OMUNIDADES V VV VIRTUAIS IRTUAIS IRTUAIS IRTUAIS A AA AOS OS OS OS G GG GAMES AMES AMES AMES. .. . AS MDIAS DIGITAIS Neste texto refletiremos sobre o mundo virtu-al, especialmentesobre asmdiasdigitais,ascomu-nidades virtuais e os games. Essa tem sido uma rea-lidadenavidademuitaspessoasquetmodireito deexercerplenamenteacidadania.Mas,temosa obrigaodedestacarquealgunsqueestonarua, em regies, que sequer experimentaram a luz eltri-ca,nadaouquasenadasabemsobreesseuniverso prpriodasociedadedainformao.Emoutras palavras, o tempo histrico nem sempre igual para todas as sociedades. A rede mundial de computadores fornece uma infinidade de espaos e possibilidades de in-terao,produodesabe-resesocializaodeinfor-maes. Porisso aIncluso DigitalDEVESERpara todososcidados,sem distino,paraquepossam manterassuasinteraes comomundocontempor-neo. Ainda que saibamos que nem todos participam das mudanas deste mundo em que a interao face a face deixa de ser prioridade mxima.Segundo Lucia Santaella (2004), o ser humano tem duas necessidades bsicas, cuja sua sobre-vivncia depende: necessidade fsica e necessidade psquica. Para a autora, a necessidade fsica a CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 82 mais fcilde explicar por que est no campotangvel,palpvel emuito presente nasobrevivncia entre os animais reproduo, comer, beber, consumo de energia. Enquanto a psquica depende da fala, considerada por ela, mais complexa. Nesta est cifrado o enigma da condio humana em cujo seio se aloja um milagre at hoje to inexplicvel quanto vida. Diramos que a partir desta segunda necessidade que se manifesta a virtualidade.Oswald de Andrade, poeticamente disse em seus escritos que o ser humano um animal que vive entre dois grandes brinquedos: o amor que tudo ganha e a morte que tudo perde. Para preen-cher essa lacuna inventou as artes, o jogo e as tecnologias. As tecnologias da comunicao facilitaram viver, para aqueles que tm acesso, esse universo de projeo das nossas lacunas, deixadas pelos nossos desejos e aspiraes. Avirtualidadeoconceitoqueexplicitaessalacuna,poisessaferramentadereinvenoda identidade, de simulao das intenes, de encontro de pessoas distantes, de disseminao das ide-ologias, em fim, de inmeros comportamentos que revelam a riqueza do nosso potencial criador. Aculturadaatualidadeestintimamenteligadaideiadeinteratividade,deinterconexo, deinter-relaoentrehomens,informaeseimagensdosmaisvariadosgneros.Estaintercone-xo diversa e crescente devida, sobretudo, enorme expanso das tecnologias digitais na ltima dcada. Essa conexo se discute sob uma perspectiva pblica do lugar que cada pessoa est man-tendo a interao. Para Habermas (1968), o espao pblico refere-se geografia da esfera pblica, isto , ao lu-gar em que as pessoas se renem para dar voz e discutir assuntos de interesse pblico. Richard Sennett (1998) demonstra como o espao pblico se descaracterizou. Segundo ele, o espao pblico, que caracterizou o incio do modernismo, foi substitudo por um recolhimento ao espao privado. O que vem a ser isto? Sennett (1998) analisa como os espaos abertos e de encontro com pessoas face a face e com pessoas estranhas ao seu meio teriam passado por um processo de maior controle, no espao pri-vado.Oespaofsicoseexplicitatantodeno-lugares,asaber,espaosdestitudosdehistriae vida social, entre-lugares de trnsito e ocupaes provisrias: aeroportos, hotis, trens etc., quanto delugaresdeconsumo,comocafs,shoppings,pontostursticos,concertos,exibies,reasde esportes, em que as pessoas meramente se cruzam sem interagir. H um tipo distinto de espao: o espao informacional e abstrato, batizado de ciberespao. umespaovirtualdeconexesplanetriasditasimateriais.Esseparaleloopositivoentreofsico, esvaziadodeinteraessociaisvivas,eocibernticodespertoumuitosdiscursoscrticoscom prognsticos sobre a perda da escala humana do tempo e do espao, apontando a gerao de mo-delos de realidade sem origem e sem destino, sobre a ausncia do corpo fsico, apenas interconec-tado e inerte enquanto a mente navega pelos espaos da virtualidade. ParaCastells(2000),pensarasociedadeemredeimplicaconceberociberespaotambm comoparteintegrantedeumespaodefluxos.Estesecaracteriza,antesdetudo,pelasprticas sociaisquedominamedefinemasociedadeemrede,ouseja,aorganizaomaterialdeprticas sociais temporalmentecompartilhadasque funcionamatravsdefluxos.Issonos levaa constatar que, na realidade, as comunidades virtuais eletrnicas nunca deixaram de viver nas reas limtro-fes entre a cultura fsica e a virtual. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 83 Para Santaella (2004), no importa qual forma o corpo virtual possa adquirir, sempre haver um corpo biolgico junto, ambos inseparavelmente atados. O virtual pode estar em outro lugar e o outro lugar ser um ponto de vista privilegiado mas a conscincia permanece firmemente arrai-gada no fsico.Historicamente,ocorpo,atecnologiaeacomunidadeseconstituemmutuamente.Acomu-nicaomediadaporcomputadorvia internetdeslocouospontosde encontrosfsicosparaos en-contros virtuais.Astecnologiascomooscomputadorespessoais,ainternet,ostelefonescelulares,palmtops, TVdigital,brinquedoseletrnicoseconsolesdevideogamespodemsercaracterizadascomom-dias digitais, pois a interatividade o fio condutor das novas mdias. O hipertexto o novo paradigma tecnolgico, pois democratiza a relao do sujeito com a in-formao, possibilitando que este ultrapasse a condio de consumidor, expectador passivo, para a condio de sujeito operativo, participativo e criativo. Deste modo, estas novas mdias digitais tm causado modificaes na maneira como os indi-vduos se comunicam, se relacionam e, inclusive, aprendem. Espaos de escrita colaborativa so comuns na internet. Um destes, que pode se utilizado co-mo fonte de pesquisa e produo textual a Wikipdia, uma enciclopdia digital, livre e gratuita em forma de hipertexto. A internet atua mediando construo de novos saberes, bem como, resignifica e reconstri conhecimentos j assegurados, pois na perspectiva sciointeracionista, o meio social e cultural so as bases para que os indivduos elaborem o conhecimento. Asnovasmdiaspodemserelementospedaggicosepertencentesprticadocente.um desafioindispensvelnasociedadecontempornea,dainformaoedasrepresentaesdeuma cultura digital. O JOGO COMO INVENO HUMANA E REINVENO DA REALIDADE Pelo grau de influncia que os games tm na vida das pessoas comearei esse texto discutin-do o tema das mdias digitais pelos jogos. Astecnologiasdainformaoajudaramparaquenostornsse-mosmaisdistantesdooutrodopontodevistafsicoenosaproximou dooutro,pelovisdavirtualidadeexpressanaimagem,navoz,naa-nimao, na musicalidade, nas artes e nos jogos. O jogo uma atividade cultural, mas que tambm est no campo social. O ldico mais antigo que a cultura, pois o animal no-humano sempre brincou: cachorro, gato, golfinhos, macacos. Oserhumano,almdisso, anica espcie capaz de ri,chorar e de transmutar a brincadeira em jogo, em arte, em musica, em poesia que, CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 84 em razo disto, definida como brincadeira com regras Santaella (2004). As formas do jogo so mltiplas ao longo da histria humana, exibindo desde a crueldade e violncia do circo romano at os jogos como a gude ou o domin. Os jogos eletrnicos esto desempenhando na sociedade contempornea forte influncia so-brepessoasdediversasidadesesexo.Aindstriadestesetortemumamovimentaofinanceira queultrapassaacasade20bilhesnomundoe500milhesnoBrasil,faturamentomaiorqueo cinema. Esta movimentao lhe d o status de primeira atividade no ramo de entretenimento. O jogo eletrnico, assim como o jogo tradicional, promove o desenvolvimento cognitivo, na medida em que possibilita a aquisio de informaes, transformando o contedo do pensamento infanto-juvenil. Desenvolvendo,destaforma,habilidadesdossujeitos,quepoderoserreelaboradasere-construdas.Nohumconsensoentreosestudiosossobreosgamescomoelementodeentrete-nimento. Humaconvicode queosgames estimulama violncia entreosjovens eascrianas, quando estes so produzidos sob temticas de guerras. Assim como outros estudiosos que argumentam que os mesmos devem ser julgados confor-me o seu contedo e v nos games um gnero artstico e um campo esttico de rica possibilidade. Os games possuem vrios gneros, entre esses de atirar, de esporte,educativos,deexploraodelutas,osjogosdeestrat-giaemtemporeal.Enele,ojogadoreojogosoinseparveis, umexercendocontrolesobreooutro.Neleojogadorinterage e aprende as regras especficas de cada jogo. Asmdiascomogames,internet,aparelhoscelulares, en-treoutros,despertamointeresseeacendemodesejonosado-lescentes,jquetaismdiasfornecempossibilidadesdecomu-nicao e favorecem sociabilidades. Domesmomodoosfilmeseprogramastelevisivos,osjogoseletrnicosso,hoje,umdos principaisveculosderepresentaodaviolncia.Soinmerososttulosdejogos,cujoenredo envolve situaes de violncia. Nessa perspectiva, os jogos eletrnicos, muito mais do que gerado-res so catalisadores, de uma violncia individual e social e assumem um papel positivo na regula-o da sociedade atual.Estes jogos se constituem em espaos de aprendizagem, na medida em que possvel exerci-tardiferentesemoesinerentesaossereshumanos:omedo,aalegriaeaclera,sem,contudo, provocar danos fsicos, sociais e afetivos.O jogo sempre esteve presente no cotidiano dos indivduos, desde os tempos primitivos at os dias atuais, proporcionando o prazer, despertando a criatividade e possibilitando interao en-tre os sujeitos aprendentes.Neste contexto, destaco a interao dos jovens com os games. Interao esta que aponta a exis-tncia de uma forma diferente de aprender na relao dessa nova gerao com os jogos eletrnicos.Os jovens simultaneamente que navegam em vrios sites, falam ao celular, comunicam-se em chats,ouvemmsica.Estesjovensparecempensar e aprenderdeforma hipertextual eno-linear por nascerem imersos nessas novas mdias.Ojogoumaarenaprivilegiadaondesodesenvolvidasasrelaesinterpessoais,porm, nem todo jogo, bem como nem todo ensino contribui para o desenvolvimento pessoal. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 85 Jogoseletrnicosconstituem-seemumaferramentadeaprendizagens,possibilitandoqueo ensino-aprendizagemnosejamaisconcebidocomoumprocessoisoladodetransmissodein-formaes,No game o jogador no espectador e sim participante ativo, escolhendo, alterando, criando caminhos para o conhecimento, alm de ressignific-lo. O jogo est sendo ressignificado pelas m-dias digitais e, por conseguinte, surgiram ambientes de aprendizagem. A VIOLNCIA NOS JOGOS ELETRNICOS Apesardeosjogosseremcaracterizadoscomo ummeiodeentretenimentohoutravertentedos mesmos que no se pode esquecer: a violncia. Paradiscutiressatemtica,escolhiumtextode Lynn Alves (2003) para a anlise e pelo fato dele ser um dos maiores estudiosos no assunto. Segundoele,asrepresentaesdaviolnciasem-pre fizeram parte do cotidiano das sociedades organiza-das,sejasobaformaderituais(religiosos,familiares, militares etc.), dos jogos ou da arte. Essasrepresentaesdespontamcomomecanismossociaisdecontroledosinstintosdea-gressividades quevosendosublimadoscoma entradadohomem nasinstnciasdalei,trazidas pelas necessidades de organizao social. Aoladode filmes eprogramastelevisivos,os jogoseletrnicosso, hoje,umdosprincipais veculos de representao da violncia.Aproblemticada violnciadeve seranalisada comoumfenmenosocial eafetivo que en-volve questes ligadas s perspectivas scio-econmicas, culturais, polticas e familiares suscitadas pela vida urbana contempornea, assim como o papel e significao das representaes violentas. Estas so efeitos de uma sociedade que gera uma violncia e uma agressividade que se mani-festamdediversasformas:nasguerras,naviolnciaurbana,noscomportamentosagressivos,no consumo das representaes simblicas. Os jogos eletrnicos, muito mais do que geradores so catalisadores, de uma violncia indi-vidualesocialeassumemumpapelpositivonaregulaodasociedadeatual.Nouniversodos jovens,osgames(incluindoosviolentos)ocupamumlugardeconstruosimblica,namedida que aos sujeitos imersos nesse mundo, tem o prazer de ver, sentir e agir, ao mesmo tempo em que mobilizamodesejodearriscarconstantemente,devencerdesafios,alcanarobjetivos,abrindo simultaneamente vrias janelas cognitivas. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos revelam que: (1) facilita o comportamento agressivo e anti-social,(2) dessensibiliza os espectadores para a violncia(3) aumenta as percepes dos espectadores de estarem vivendo em um mundo mau e perigoso. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 86 Os estudos realizados na Inglaterra mostra que h um nmero crescente de evidncias suge-rindoaexistnciadeumarelaoentrejogosdecomputadoreagressividade,considerandoque esta aparentemente aumentou em rapazes com muito tempo de exposio a tais jogos. H que se pontuar ainda um aspecto que no pode ser esquecido: a violncia vende. A violncia vende por favorecer um efeito teraputico, possibilitando aos sujeitos uma catar-se,namedidaemquecanalizamosseusmedos,desejosefrustraesnoOutro,identificando-se ora com o vencedor ou perdedor das batalhas.Vistodestaforma,aviolnciapassaaserconsideradadeformaconstrutiva,comomotor propulsor do desenvolvimento.Nesse sentido, os jogos se constituem em espaos de elaborao de conflitos, medos e angs-tias.Osadolescentestornam-seconsumidoresempotencialdasimagensdeviolnciaesocons-tantemente seduzidos pelas grandes empresas que investem em um marketing pesado, ao comprar verses diferenciadas dos jogos considerados violentos.O adolescente um sujeito capaz, instrudo e treinado por mil caminhos pela escola, pelos pais, pela mdia para adotar os ideais da comunidade. Aviolnciadeveseranalisadacomoumproblemasocialehistrico.Aideiadequenose pode estudar a violncia fora da sociedade que a produziu. Eelasenutredefatospolticos,econmicoseculturaistraduzidosnasrelaescotidianas que, por serem construdos por determinada sociedade, e sob determinadas circunstncias, podem ser por ela desconstrudos e superados. As famlias de classe mdia ausentam-se cada vez mais dos seus lares, deixando os filhos sob a responsabilidade da escola, de outras instituies que os mantm ocupadosduranteoturnoopostosaulas(cursosdeingls,com-putador, bal, etc.), da empregada, da mdia (TV, jogos eletrnicos, Internet, etc.), de outros familiares. Ainteraocomesteselementostecnolgicospodepromo-ver,assim,umefeitocatrticoparaaagressividadeexistenteem todos ns, ocupando as horas de prazer e lazer como um mero pas-satempo, no sendo, portanto, encarados como uma compulso. A Internet abre novas potencialidades de criao de vnculos sociais e de representao soci-al da realidade, que so apropriadas pelos usurios e teorizadas pelos intelectuais a partir relaes e usos de mdias anteriores, j estabelecidas culturalmente AS COMUNIDADES VIRTUAIS Neste trataremos de entender sobre as comunidades virtuais. No ciberespao, trocam-se idias e assumem personalidades reinventadas conforme a inten-o do interlocutor. Temos a oportunidade de construir novos tipos de comunidades virtuais, nas quaispessoasdomundotodoparticipamconversamdiariamentemantmrelaesntimas,mas que provavelmente jamais se encontraro fisicamente. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 87 claroquenodamesmaformaqueestasinteraesa-contecemnasrelaesfaceaface.Essesentimentofoipossvel percebercomutilizaodotelefonenosculoXXnumestudo realizadosobreacidadedoSalvador.Comportamentoscomo galanteios, trotes etc., foram sendo institudos pela invisibilidade do rosto dos interlocutores (BELENS, 2002). Com as novas tecno-logiasdigitais,asimagensdeixaramdesermentalparaserem visveismesmoquesejamreinventadasconformeodesejodos interlocutores. O webcam uma forma que os interlocutores mais se aproximam fisicamente um do outro, quando esses ganham um nvel de confiana para se exporem como os so na realidade. Para Juciano de Souza Lacerda (2004), compreender os modos de reconhecimento e apropri-ao das especificidades das novas tecnologias digitais e o seu papel na produo de vnculos soci-ais entre os usurios constitui-se numa perspectiva que nos afasta do risco do reducionismo. Quanto s comunidades virtuais que caracterizam o mundo contemporneo: AInternetpodedarpossibilidadedeoindivduoexperimentar,inclusive,umeufantasioso, mas presente em seu imaginrio que jamais tentaria na vida real, como o caso da mudana de sexo Em muitos casos h um jogo que se estabelece entre os participantes da sala de bate papo. E depender das estratgias de seduo nessa mudana de identidade sexual, os envolvidos na sedu-o buscam efetivar o caso amoroso. Essa experincia, eu pude observar na minha pesquisa sobre a Telefonia na cidade do Salva-dor no sculo XIX e incio do sculo XX. Muitas telefonistas eram paqueradas pelos usurios das linhas telefnicas e muitos mentiam sobre a sua identidade a fim de ser bem sucedido na sua investida. Enquanto modos de se comunicar e se expressar, os usurios fazem diferentes tipos de apre-ciaes da comunicao digital (aqui correio eletrnico e chat), do telefone e da comunicao face a face em ambientes comunicacionais diversos.Muitas vezes assumir uma identidade que no a sua seria muito difcil face a face. Por isso na relao entre os usurios das salas h uma preocupao de logo apresentar uma imagem facial e que em muitos casos definem a continuidade da comunicao entre os mesmos. Nasinteraes,mesmo asefmerasdosambientesdigitais,oscontratos, normas eritosvo sendoconstrudossimultaneamente,eumnovoparticipantepodesetornarinconveniente,eser desconectado. nainternetquepessoalmente,queaspessoasbuscamdizeraquiloquemaislheinteressa pelofatodevisibilidadedafaceestescondidonainternet,nocorreioEletrnicoumagrande possibilidade de manifestao dos desejos. comumpensarmosqueaInternetpodeenganarmaisqueotelefone,pelofatodeaco-municao se dar na forma escrita e abrir muitas possibilidades de representao, de criao.O Internauta tambm pode sair de um canal de chat e voltar com outra identidade sem que os demais participantes saibam disso, embora corra o risco de continuar a no ser aceito. Masavoznotelefone,aexemplodordio,umpoderosoconstrutorderepresentaesa-brindo margem para muitas interpretaes por parte do receptor.CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 88 Pelo telefone, as pessoas que o acessam para bater papo tambm informam outras identida-des, preservam os seus dados reais e, somente, quando ganham confiana, arriscam-se a dar o seu nmero do telefone. Do mesmo modo o MSN as pessoas entram numa sala de bate papo e trocam os endereos a fim de continuidade a aquela conversa que s vezes podem ser com inteno amorosa ou de amizade. Uma das caractersticas das relaes nos chats a transitoriedade, a exemplo das salas de ae-roporto, em que duas pessoas que nunca se viram comeam a conversar, partilham algumas afini-dades e interesses, mas pode ser que nunca mais se encontrem. Naatmosferadeumchat-roomnoexisteosentimentodepermannciaexperimentado quando se assume um papel, tornando-se parte da vida de outro, o que tpico da comunidade Nas relaes em ambientes digitais so marcados pela transitoriedade chats, por exemplo, so os efeitos de identidade que produzem. Contudo,mesmooschatspodem deixardesertransitrios,poisnosim-plesmente o meio que determina o carter detransitoriedadedarelao,masasin-tenes dos participantes da interao. Hmodosdecomunicaoemam-bientes digitais que fazem com que pesso-asqueusamaInternetpossamsesentir membrosdeumacomunidade:aperma-nnciaeapossibilidadedeconstruirnor-mas sociais, rituais e sentido Podemos definir que os grupos de discusso na Internet em que seus membros cruzam experi-ncias on line com o resto da vida, so umas entre outras possibilidades de constituir comunidades. Os chats tambm devem ser includos como possibilidade de gerar laos menos dbeis.Essascomunidadesmidiatizadasconstituemvnculospelosentidodepertencimentomo-tivado por objetivos, aes e temas de interesse comuns, que ficam num lugar entre os fortes laos coesivos. O fascnio pela comunidade on-line reside na suposio de que as pessoas esto ali para nos responder. um elemento do poder atrativo da comunidade on-line difcil de ser comparado com experincias off-line.Ecomumacrscimo:asreaesdosinterlocutores,noschats,somuitomaisrpidasque naslistasdediscussopore-mailporexemplo.Eaindahvriasoutraspossibilidadesdecriar vnculos slidos no chat.Ousuriogeralmenteselecionaumasalabuscandoalgumaafinidade(idade,lugar,gostos, temas, etc.). Procuracriarvnculoscomoutrosparticipantesdasalaselecionadalogo noprimeiro contato: quem voc? O que faz? Qual a sua idade? Onde mora?So algumas perguntas bsicas. E se o nvel de interao aumentar os interlocutores desejar se encontrar na mesma sala no-vamente.Essaprticapode renderatum encontropresencial.Mesmo utilizandooutraidentida-de,geralmenteointernautadeixapassarumafacetadesiprprio,atsentir-seseguroepropor encontrar-se. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 89 A permeabilidade entre as identidades construdas em ambientes digitais e a vida real se d de vrias formas, de acordo com as ofertas de sentido e os contratos estabelecidos entre os partici-pantesdainterao.AsidentidadescriadasnaInternetpodemteralgumarelaocomnossoeu, no sendo contraditrias, mas complementares, psicoteraputicas, expansivas.s vezes nos ajuda a conviver com vrias carncias afetivas ligadas a relacionamentos amo-rosos e familiares difceis. 4.3C CC CO OO ONSTRUINDO NSTRUINDO NSTRUINDO NSTRUINDO C CC COMUNIDADES OMUNIDADES OMUNIDADES OMUNIDADES V VV VIRTUAIS IRTUAIS IRTUAIS IRTUAIS D DD DE EE E A AA APRENDIZAGEM PRENDIZAGEM PRENDIZAGEM PRENDIZAGEM Faremos agora um esforo para compreender pelo menos algumas abordagens do que seja ovirtual,naatualidade,paraentramosnumsearadediscussosobrecomunidadesvirtuaisde aprendizagem. Otemaqueaquipropomosdiscutirtemsuarelevnciabaseadanodesenvolvimentoenas prticasdasComunidadesVirtuaisdeAprendizagem,viabilizadaspelasnovastecnologiasda informaoedacomunicaoqueproporcionamaformaodeeducadoreson-lineparaatuar numasociedadealtamentetecnologizadaecaracterizadapornovosespaosdesociabilidadese subjetividades. Segundo Andr Parente (1999), pelo menos existem trs abordagens de virtualidade. Umaprimeirapropequeosurgimentodeumatecnologiadovirtual,queproporcionaas imagens de sntese digitais, fez a imagem, na cultura contempornea, romper com os modelos de representao, tornando-se auto-referente. Asegundatendncia,defendidapor JeanBaudrillard ePaulVirilio,apontao virtual tecno-lgico como sintoma e no como causa das mudanas culturais, pois toda imagem contempornea ou ps-moderna virtual, um significante sem referente social; A terceira tendncia estabelece o virtual como uma funo da imaginao criadora, fruto de agenciamentos os mais variados entre a arte, a tecnologia e a cincia, capazes de criar novas condi-es de modelagem do sujeito e do mundo (Idem). Ascomunidadesvirtuaisvmganhandoespaonocenriopedaggico,constituindo-seem lcusdeaprendizagemesociabilidade.Conceitualmente,ascomunidadessoagregaessociais quesurgemnaInternetformadaporinterlocutoresinvisveiscominteressesquevodesdeoco-nhecimento cientfico ao conhecimento espontneo, utilizando esses espaos para trocas intelectu-ais, sociais, afetivas e culturais, permitindo aflorar os seus sentimentos, estabelecendo teias de rela-cionamentos, mediadas pelo computador, conectados na rede. Os jovens que interagem com estas tecnologias no tm a princpio nenhum interesse peda-ggico, querem construir vnculos, fazer amigos que talvez nunca encontrem presencialmente.Entram em diferentes salas de bate-papo, produzem dirios on-line, criam fruns e listas de discussesinstigandoosparesaparticiparemeacompartilharemcomelespontosdevistaque envolvem desde questes polticas at as ligadas a dor e a delcia de adolescer. A interatividade e a interconectividade, favorecidas pelas tecnologias digitais, pela cultura da simulao, vm tambm contribuindo para a instaurao de outra lgica que caracteriza um pensa-mentohipertextual,oquepodelevaremergnciadenovashabilidadescognitivas,taiscomo,a CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 90 rapidez no processamento de informaes imagticas; disseminao mais gil de ideias e dados, com a participao ativa no processo, interagindo com vrias janelas cognitivas ao mesmo tempo.Ascomunidadesvirtuaisdeaprendizagemtmseufuncionamentoligado,numprimeiro momento,sredesdeconexesproporcionadaspelastecnologiasdeinformaoecomunicao. As comunidades virtuais so espaos formados por agrupamentos humanos no ciberespao. Seu funcionamento est diretamente ligado, num primeiro momento, s redes de conexes proporcionadas pelas tecnologias de informao e comunicao e, num segundo momento, pos-sibilidade de, neste espao, pessoas com objetivos comuns, se encontrarem, estabelecerem relaes, e desenvolverem novas subjetividades. Neste espao h possibilidade de as pessoas com objetivos comuns, se encontrarem e estabe-lecerem relaes. O ambiente utilizado para a criao da comunidade em 2004 foi o Moodle. OMoodlecontmvriosmdulosdeatividadesquepodemserusadosparaproduode conhecimentoeinterao(como:FrunsdeDiscusso,Chat,Dirios,PesquisadeOpinio),bem como para armazenamento de dados (como: Materiais, Tarefas entre outros). A aprendizagem est mais independente da sala de aula, mas a socializao necessita cada vez mais de espaos possibili-tadores deste fenmeno. Comunidadesvirtuaissoespaosqueoportunizamagrupamentoshumanosquepropor-cionamodesenvolvimentodenovassocialidadesesubjetividades,portantodecultura,assimco-moaaprendizagem,atravsdeseusdispositivosde comunicao einformao,soespaosque, ao proporcionar aprendizagem, fomentam o imaginrio. 4.4T TT TR RR RIBOS IBOS IBOS IBOS U UU URBANAS RBANAS RBANAS RBANAS 1: O 1: O 1: O 1: OS SS S E EE ESTILOS STILOS STILOS STILOS E EE EM MM M J JJ JOGO OGO OGO OGO. .. . OS JOVENS E O TRIBALISMO Neste texto refletiremos sobre a os estilos de vida nas cidades, em especial das tribos juvenis. Maffesoli(2000)definetribosurbanascomoagrupamentossemi-estruturados,constitudospre-dominantemente de pessoas que se aproximam pela identificao comum a rituais e elementos da cultura que expressam valores e estilos de vida, moda, msica e lazer tpicos de um espao-tempo. Ao mesmo tempo, seu carter dinmico e em constante transformao lhe confere um poten-cial criativo, inovador, que no pode ser desprezado. Osindivduosseunemporinteressescomunspara,emgrupo,obteremmaisforaeuma maior representao perante a sociedade.Na contemporaneidade, essa unio, portanto, se tornou mais evidente e necessria; o indivi-dualismo continua a existir, claro, mas de forma paradoxal. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 91 A formao de tribos se tornou mais complexa na sociedade contempornea, e foi favorecida pelo intenso e acelerado desenvolvimento de tecnolgico de comunicao com a multiplicidade de interesses e assuntos e a constante influncia da mdia na formao e reafirmao dos sujeitos. O tribalismo contemporneo e a cultura jovem so propulsores de fases socialmente distintas e dispostas criao e negao de valores. Ainda mais se tratando da sociedade atual em que a juven-tuderecebeumarededepoderesaindamaior,pordiversosmeios:mdia,moda,esttica,campos que focam na juventude e adolescncia as estratgias consumo e isso aumenta sua visibilidade social. Segundo Giselle Godoi Vieira (2007): Osjovenstmuminstintodeliberdade,queremseorientarpornovosvalores,no mais os familiares, precisam formar uma identidade prpria, e para isso, compem novas re-des sociais por uma associao de valores, atitudes, comportamentos e esttica, buscando es-tilos de vida expressivos e visveis, introduzindo novas maneiras de pensar e agir, formando tribos que constroem cultura, determinam poca, marcam histria. A crise de identidade comum na fase juvenil caracteriza um perfil nmade. Para representar a cultura vigente, os jovens se unem conforme os valores mais interessantes do momento que vari-amaformadepercepodecorrentedeumaintensavidacotidianaeurbanaligadacidade,s tradies e s mdias. Os jovens tendem a curtir o momento, no se apega ao passado e nem tem planos para o fu-turo,o quelhe importa omomento.Este comportamento renovaoconceitode tribalismo,onde os sujeitos eram estveis em suas identidades e os grupos tambm garantiam uma estabilidade aos sujeitos pertencentes. O interesse na atualidade o elemento mais importante da ps-modernidade. Saliente-se que com a globalizao, inmeros assuntos procuram ganhar visibilidade e, para que tudo fosse visto, aindaquesuperficialmente,asapariestornaram-semomentneas.Comissosurgiuumnovo tipodeidentidade,pautadamaisnaintensidadedoquenalongevidadedastradiesouimpor-tncia das experincias passadas.As novas identidades se formam por identificao, o que implica a convivncia de uma srie devaloresopostosunsaosoutros.Otribalismopodeserconsideradoumaresistnciasideias homogneas sugeridas pelo mundo globalizado, por isso as identidades so partilhadas em comu-nidades que representam formas de resistncia coletiva. Os smbolos so elementos essenciais na recriao dos signos de identificao das tribos. Paraisso,astribosrejeitamasinstituiesfundamentaisdasociedadecomo:igreja,poder poltico,militarecriamosseusprpriossmbolos.Ospoderesnoimpemidentidadessobos indivduos porque eles j so fortemente identificados dentro de suas prprias tribos.Asrecentesevoluesdasrelaesinterculturaispodemcontribuirparadespertarmeca-nismos de resistncia e para exacerbar a virulncia de sua fora. Sejam as tribos conservadoras ou revolucionriaselaspossuemideaisderesistncia,mesmosedeformainconscientepelosatores sociais (VIEIRA, 2007). Osjovensurbanosseunememtribos,partilhamlinguagem,sentimento,vesturio,pensa-mento, costume, agregam caractersticas por interesses comuns inseridos na estrutura cotidiana. Todavia,humainstabilidadedossentimentosedosinteressesparticularesdessesindiv-duos, isso porque as tribos se constituem por laos sociais bastante slidos que fazem parte da ti-ca de cada tribo, resultante dos sentimentos vividos em comum. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 92 Cada grupo sustenta a si mesmo e se interliga por redes sociais apoiadas na integrao e na recusa afetiva de valores, resignificando a cultura localizada. A superioridade de cada grupo em relao aos demais resulta basicamente dos segredos par-tilhadosentreosseusmembros.Algunsindivduosaoviveremamesmaideologia,osmesmos costumes,hbitos,rituaisdesignosdereconhecimentosespecficos,fortalecemopequenogrupo contra a sociedade. Semanecessidadedeumcontratooualgoracionaldotipo,semverbalizaesouformalis-mos, o costume primordial para o indivduo que pretenda entrar e permanecer no grupo.Sooscostumesqueindicamaosobservadoresexternosaimagemqueumdeterminado grupo pretende mostrar pelos meios de comunicao ou no. Na vida social contempornea ningum escapa do jogo das aparncias, pois o estilo de vida escolhidopelaspessoasumamaneirademarcarterritrio,emespao,tempoelugar,almde garantir o pertencimento a um grupo.Aadequaoaosevestirdamesmamaneiraemumgrupoumademonstraodapessoa emfazer-sepertenceraele,orespeitosnormasdogrupo,eissofazcomqueapessoanoseja marginalizada por tal grupo.A apropriao de apenas um dos costumes de um grupo preenche a necessidade do indivi-duo de se sentir parte, essa relativa participao a algum grupo coloca-o tambm como pertencen-te da rede social. O tribalismo e a massificao caminham lado a lado, a moda e seus apelos pressionam os in-divduos a agregarem-se, todos tm de pertencer, ainda que de maneira diferente.A estetizao e a imagem, como elementos predominantes, nos quais as minorias se reconhe-cem e a no realizao pessoal levam o indivduo a depresso, a fuga para o mundo das drogas e a violncia dos excludos. Asociedadeatualsearticulanamovimentaoeexacerbaodasimagens.Aglobalizao envolveu asligaessociais emumavelocidade to rpida, quesmesmoaimagemparapassar tanta informao em to pouco tempo.As imagens projetadas servem de agregao as diversas tribos que transitam nas megalpo-les contemporneas. comum ver as imagens, as formas ou as figuras como coisas estticas, mas, na verdade, neste contexto, no deixam de estar em ao na evoluo social. Se a mdia cumprir seu papel como formadora de identidades, simultaneamente, ser produ-tora tambm do sujeito-objeto de consumo. Alguns elementos contribuem para definir a imagem social de cada tribo ao compartilharem: 1. Cdigos - grias, jarges, msicas, pautas comportamentais; 2. Elementos estticos - estilos de vestir, adornar e expressar-se por meio do corpo; 3. Prticas sociais - relativas ao comportamento poltico e s formas de lazer, de circulao e apropriao do espao urbano e da cultura.As tribos, portanto, so comunidades organizadas em torno do compartilhamento de gostos e formas de lazer. Os vnculos comunitrios perduram enquanto se mantm o interesse pela ativi-dade, como por exemplo, uma apresentao musical, uma festa ou manifestao poltica. CIDADANIA E INTERCULTURALISMO 93 5REFERNCIAS REFERNCIAS REFERNCIAS REFERNCIAS AGUDOGUEVARA, Alvaro.Eticaen laSociedaddelaInformacion: reflexionesdesdeAmerica Latina. In: SEMINARIO INFOETICA, 2000, Rio de Janeiro. [s. l.: s. n., 2000?]. ALVES, Lynn. Matar ou morrer. Desejo e agressividade nos jogos eletrnicos. INTERCOM Belo Horizonte, 2 a 6 de setembro de 2003. Disponvel em: < http://intercom.org.br/papers/nacionais/2003/www/pdf/2003_NP08_alves.pdf >. Acessado em: 13 de setembro de 2008. ALVES, Lynn. Matar ou morrer. Game Over: Jogos eletrnicos e violncia. So Paulo: Futura, 2005. BARBALET, J.M. 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