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RUA PERNAMBUCO - 1719
CENTRO - 45 3306.0434
CASCAVEL - PR
CEP - 85.810-021
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FM-0352-13 - Anc_Construarch_450x295mm.indd 3 10/9/13 12:06 PM
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Assessor JurídicoBruno Cesar de Oliveira
OAB/PR 57.172
centrAl de Atendimento45 3306 6336 - 3306 3663
redAçã[email protected]
impressãoGráfica Positiva
pApelKgepel
A revista ConstruARCH é uma publicação bimestral da DFP Editora Ltda.Rua Manoel Ribas, 2477 - Centro - Cascavel - PR - CEP 85801-230
www.editoradfp.com.brInscrita no ISSN sob o número 2317-403X
colABorAdores destA ediçãoCarlos Salamanca , Clarissa Donda, Sérgio Sanderson, Flavia Liz de Paolo
mArKetinG e comunicAção
diretoresdiretor Administrativo Douglas Popenga
[email protected] executivo Felipe Pedroso
[email protected] de projetos editoriais Julie Fank
diretora de redação Julie FankJornalista responsável Giovana Danquieli
Jornalistas Claudemir Hauptmann e Tátila Pereiradiretores de Arte Danny Fernandes e Fábio Bagatoli
Assistente de Arte Carolina Maffei Mincaroneexecutivos de negócios Renato do Prado Assis
Assessora executiva Patricia Velte MarcatoFotógrafo Rodrigo Vieira
estagiário de Jornalismo Ricardo Pohl
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Í N DICE
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WARM-UP
BE ON
As novidAdes mAis quentinhAs no mundo
dA ArquiteturA, Arte e design – Aqui e no
mundo
GARIMPO CIDADELA
Feitos PArA enFeitAr, meLhores nA suA CAsA
As meninas da Cidadela, cheias de bom gosto, elegem
as preferidas na temática da edição
ESTANTE
PArA Ler, PArA ir, PArA Assistir
IT
umA susPensÃo de CArro nAsCidA PArA
iLuminAr
Anglepoise: a estrela de cinema que ilumina seu dia a
dia
A todo vAPor
“A todo vapor” aqui significa estilo
PernAs FinAs ou PhYnAs PernAs
Pés palito: a contradição que venceu o tempo
GADGET
estiLo, em diFerentes PAssAdos
Os velhinhos voltaram cheios de tecnologia
A ArquiteturA ContemPorÂneA em 3 diCAs
Como adequar suas casa aos novos conceitos
arquitetônicos
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GArimpo22desgAste ProPositAL
Um seleto grupo de peças
com pegada industrial
cenÁriorecorte
6046
quAndo o menos É mAis... muito mAis
Lugar pequeno não é desculpa
não se trAtA de mero corporAtiVismo
Um escritório decorado com materiais bem inusitados
OU T U B RO / NOVE M B RO 2 0 1 3
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pulo-do-GAto
sKetcH mAp
mistureBA
hArmÔniCA
A arquiteta Carla
Veloso capricha
na escolha dos
revestimentos
voZ Ao grAFite
A guia paulistana Flávia Liz Di Paolo te
conta em quais grafiteiros brasileiros você
precisa ficar de olho
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NA BASE
o shoW nÃo Pode PArAr...
O palco da construção civil está à procura de mais
qualificação
CENÁRIO ESPECIAL – ESCRITÓRIOS CRIATIVOS
eXPLosÃo CriAtivA
Na Lapa, uma agência detona!
peGAdA drAmÁticA
Um laboratório criativo não poderia ter um décor
melhor
mAis interAção, por FAVor!
A filosofia da empresa de mãos dadas com a decora-
ção
interior cosmopolitA
Escritório com ideias e atmosfera de cidade grande
CENÁRIO COMERCIAL
reFormAr – dAr novA FormA
Despida de qualquer maquiagem, a alma da constru-
ção deu as caras por aqui
FASHION IN HOME
CuringA AtÉ no dÉCor
O jeans está sempre aí, bombando!
ESPELHO
quAndo o tALento estÁ Presente, os direitos
nÃo PreCisAm ser reservAdos
O designer Maurício Arruda mostra porque o reapro-
veitamento é o melhor caminho
COLABORADORES + PONTO.COM
os CúmPLiCes dA ediçÃo #005 + o que estAmos
AProntAndo net AForA
ONDE ENCONTRAR
Como, onde, Por quê?!
BATE-PAPO
ConstruçÃo Com Contêineres, A ConstruçÃo
CiviL A um PAsso dA industriALiZAçÃo
Construções em contêiner, por Carlos Salamanca
Í N DICE
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WAR M - U P
QuAndo eu erA criAnçA, minha mãe me convencia a arrumar a cama explicando que se, inesperadamente,
alguém nos fizesse uma visita, eu não passaria vergonha. Minha avó, apesar de guardar uma boa quantia de
coisas em casa, organizava-as impecavelmente – também para o caso de receber uma visita. Um tio, desses
ermitões, vive até hoje sozinho e nunca recebeu visitas. Deve ser porque não arruma a cama. Todos eles têm
lá sua parcela de significado na minha forma de morar: de vez em quando pronta e feliz em receber uma festa,
de vez em quando pronta para curtir a solidão e esquecer do mundo - sem necessariamente colocar tudo em
ordem.
As camas, arrumadas ou não, também fazem parte de um novo modelo de casa (como todo o resto, os sofás,
as pias) – a diferença é que agora moramos em uma casa que não está mais pronta para, impecavelmente
como faz minha avó, receber visitas. Acabou a ânsia por uma tripartição clássica – área íntima, área comum,
área de serviço. Os tempos mudaram e, com eles, o espaço sofreu uma nova configuração. A casa está pronta
para receber, para acolher e para se mostrar. É hora de deixar tudo à vista, porque é mais prático, porque é mais
barato, porque toma menos tempo. E o tempo, minha gente, é artigo de luxo – mais do que qualquer jogo de
louças.
É hora de deixar de estabelecer fronteiras entre um afazer e outro e fazer tudo junto, integrar para economizar
tempo, espaço, dinheiro – que também é tempo e vice-versa. E isso funciona no trabalho e na vida – mas será
que tem como separar nossa rotina assim também?!
Passamos tanto tempo dentro desses espaços que se eles não forem, ao menos, legais, a coisa fica um pouco
mais difícil. E quebrar paredes, descobrir o que há por trás da massa corrida, tirar a maquiagem e dar nova for-
ma à essência da construção passou a valer também para espaços de trabalho – que não são mais em tons de
bege e cinza. Por esse motivo, esta edição é um apanhado de escritórios-inspiração. No meio do caminho, um
projeto de uma loja que agrega tudo e mais um pouco de estilo numa reforma regida a notas impecáveis. Você
também encontrará um modelo de loft masculino súper bacana com alternativas mil para você economizar e
impressionar – o que antes era um pouco complicado. Para dar o tom de experiência à nossa conversa, dois ar-
quitetos que, inseridos nesse novo contexto, se propõem a discutir questões essenciais: o reaproveitamento,
a memória e a tão batida sustentabilidade.
Nesse novo espaço, vale a integração, já dissemos – mas vale, antes de tudo, a identidade, aquele glamour da
bagunça milimetricamente organizada que, ninguém mexa, senão não acho mais nada. Vale a gente chegar na
casa do outro e reconhecer o dono nas coisas e não as coisas no dono. Vale a gente visitar qualquer espaço, da
morada ou labuta, e se sentir em casa – à vontade, como a vida deve ser.
Que essa nova configuração dos tempos nos sirva para virar protagonistas do nosso próprio espaço. Fica o
desejo de quem nunca gostou muito de arrumar a cama.
Julie FAnKDiretora de Redaçã[email protected]
A CASA DEIxOU DE FAzER POSE
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TOUR ARqUITETôNICO
Os alunos e professores dos cursos de Arquitetura e Urbanismo da FAG e
Design de Interiores da Dom Bosco foram aprender sobre arquitetura mo-
derna e pós-moderna fora da sala de aula. Durante 10 dias, eles passaram por
diversas construções importantes dos Estados Unidos. Em Chicago, passa-
ram pela casa e estúdio do renomado arquiteto Frank Lloyd Wright, em Oak
Park. Conheceram o Jay Pritzker Pavillion, no Millennium Park; Farnsworth
House, projeto icônico de Mies Van Der Rohe, além da escultura de Alexan-
der Colder no Federal Plaza, projetada também por Mies Van Der Rohe. Em
Nova Iorque, o grupo visitou o Central Park, o prédio da ONU (Organização
das Nações Unidas), o Parque High Line e outros lugares, entre eles Museus
famosos.
TRABALHO ExPOSTO
Em outubro, você pode visitar a exposição "Ambiente Designers", no Cas-
cavel JL Shopping. A mostra é organizada pelos egressos de Design de In-
teriores da Dom Bosco e está localizada no piso L2. A exposição é fruto de
um projeto de extensão registrado na Coordenação de Pesquisa e Extensão
(Coopex) e visa a propagar a profissão de Design de Interiores. A exposição
deve ser itinerante.
MAIS UM DESAFIO
Está em fase de votação mais um concurso da plataforma Projetar.org –
ferramenta para conexão de estudantes de arquitetura do mundo inteiro por
meio de disputas. A proposta desta edição - que teve as inscrições encerra-
das em 30/09 - era que os estudantes projetassem a sede de uma escola
de artes performativas no Theatro Municipal no Rio de Janeiro, onde Teatro,
Dança e Música se tornam ofício de jovens aprendizes. 97 equipes se ins-
creveram. Há participantes de 17 estados brasileiros, a maioria de São Paulo.
Estão participando também universitários do Uruguai, Holanda e França. A
publicação dos resultados será feita no dia 21 de outubro no site www.pro-
jetar.org.
SUSTENTABILIDADE NA VEIA
Depois de passar anos transportando mercadorias, quatro contêineres en-
contraram uma nova finalidade em Cascavel. A Softpharma – negócio espe-
cializado no desenvolvimento de softwares para farmácias - está usando os
materiais como novas salas para realização de reuniões e para o descanso
de centenas de trabalhadores da empresa. Com o método, a construção é
mais limpa, livre de resíduos e altamente sustentável. A obra ecológica faz
parte do projeto Ecosoft. A partir dele, a intenção é trazer mais espaço e co-
modidade ao meio corporativo, aliando qualidade de vida e respeito com a
natureza.
B E ON
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A HISTÓRIA BRASILEIRA PEDE MAIS ESPAçO
A Fundação Casa de Rui Barbosa, responsável por um dos maiores acer-
vos da História do Brasil e do Rio de Janeiro, vai ampliar as instalações. Para
abrigar mais de 200 mil títulos e manuscritos importantes, um prédio ane-
xo será construído nos fundos do terreno, em Botafogo. O projeto para o
edifício será escolhido por concurso, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil
(IAB-RJ). A competição, aberta a profissionais de todo o Brasil, premiará o
vencedor com R$ 35 mil (adiantamento) e um contrato no valor de R$ 1 mi-
lhão. O segundo colocado receberá R$ 25 mil e, o terceiro, R$ 15 mil. O edital,
o termo de referência e anexos estão disponíveis aos interessados no site
www.concursoanexocasaruibarbosa.iabrj.org.br
TREINAMENTO DELIVERy
A Sika fez uma visitinha em Cascavel no início de outubro. A marca líder
mundial em impermeabilizantes realizou um treinamento na Casa das Tin-
tas – revendedora da marca em Cascavel – para habilitar os profissionais
da construção civil a evitar e resolver problemas relacionados à umidade
nas obras residenciais. Durante as palestras, os participantes foram orien-
tados sobre ações preventivas e a utilização de tecnologias de ponta da Sika
voltadas para preparação de argamassas, sistemas de impermeabilização
além da utilização de selantes, adesivos e espumas de preenchimento.
A CAPITAL SUSTENTÁVEL RECEBE
Não teria lugar melhor para ser realizada a IV Bienal de Sustentabilidade
José Lutzenberger, evento que acontece paralelamente ao Encontro Latino
Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis 2013. A capital
sustentável Curitiba será a anfitriã este ano, entre os dias 21 e 24 de outu-
bro. No evento, acontece também o Concurso Latino-Americano de Proje-
tos, Produtos e Processos para um Ambiente Construído Mais Sustentável,
aberto a profissionais e estudantes, cujo tema será: “Habitação Unifamiliar
Mais Sustentável”. As inscrições foram encerradas no dia 7 de outubro. Para
saber quais serão os profissionais que irão palestrar, acesse: www.ele-
cs2013.ufpr.br/evento.
CASA TOLEDO SÓ EM 2014
Quem aguardava visitar uma nova edição da Casa Toledo neste segundo
semestre vai ter que esperar um pouquinho. A organização do evento de-
finiu que o evento será bianual, então, ver as tendências e novidades esco-
lhidas por arquitetos e decoradores da região, só em 2014. A mudança tem
um motivo: agregar mais profissionais e ainda contar com um espaço maior
para a criação dos ambientes. E a expectativa é grande, já que a edição de
2012 fez o maior sucesso, movimentando alguns reais em negociações de
produtos. A Casa Toledo 2014 acontece no segundo semestre, ainda sem
data definida.
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G AR I M P O
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G AR I M P O CI DADE L A
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MAUS – ART SPIEGELMAN
Criada por Art Spiegelman, cartunista de importância no cená-
rio underground, Maus é uma graphic novel que narra a vida de
seu pai Vladek, um sobrevivente do holocausto. A premissa já é
boa, agora, acrescente a isso o Prêmio Pulitzer concedido pela
primeira vez a uma história em quadrinhos. Spiegelman não re-
presenta seu pai como um santo, por se tratar de uma pessoa
que escapou de um genocídio, mas exibe a personalidade insu-
portável dele. Ele acredita que nem as pessoas ruins merecem
passar por condições cruéis.
BLADE RUNNER: O CAçADOR DE ANDRÓIDES
Ridley Scott materializa toda a arquitetura e tec-
nologias que imaginamos ao ler o livro de Philip K.
Dick de forma extraordinária! Porém, Blade Run-
ner: O Caçador de Andróides não deve ser consi-
derada uma adaptação, mas sim, uma produção
inspirada na obra do famoso escritor de ficção
científica. E você deve estar se perguntando se
isso é bom ou ruim, não é? Isso é ótimo! Na ver-
são do diretor (e, por favor, esqueça as outras!),
o filme termina com um desfecho simplesmente
genial. Sim, esse é um dos raros casos em que o
filme tem um final melhor que do que livro.
CASA FOz DESIGN
A Casa Foz Design abrirá suas portas no dia 16 de
outubro e este ano será norteada pela divulgação
de novos produtos, materiais e técnicas construti-
vas no que cerne soluções alternativas ecológicas e
inovadoras. O evento servirá também como espa-
ço educativo e didático, promovendo discussões e
debates sobre o tema e estará aberta de quartas a
sextas-feiras, das 17h às 22h, e sábados e domin-
gos, das 14h às 22h. Suas portas fecharão no dia 17
de novembro.
Mais informações você confere em:
www.casafozdesign.com.br
pAr
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erPo r r i ca rd o po h l fo to s d i v u l ga çã o
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...por laura rotter schmidt estudante de arquitetura e urbanismo
LIVRO
o GuiA do mocHileiro dAs GAlÁxiAs - douGlAs AdAms“Apesar de não ter nada a ver com arquitetura, é um livro que todo arquiteto (e qualquer outra pessoa) deveria ler. A obra de Douglas Adams apresenta uma visão ácida da sociedade e, ao mesmo tempo, estimula a criatividade por abordar uma narrativa totalmente fora do tradicional em meio a uma histó-ria de ficção fascinante.”
o mAnuAl do ArQuiteto descAlço - JoHAn VAn leGen“Com a importância de sustentabilidade ambiental e cons-trução verde, é imprescindível a qualquer arquiteto conhe-cer as técnicas construtivas abordadas neste livro. De fácil entendimento e explicação por meio de deliciosos croquis, o autor Johan Van Legen passa por toda história da construção apresentando diversas soluções relativamente simples para os mais variados problemas ambientais, climáticos e ecoló-gicos”.
ÁLBUM
A curA pelo som – FunK como le GustA“Inovar nas escolhas musicais é importante para dinamizar a rotina. Álbuns como este, que te botam pra cima, passam aquela ‘vibe’ de domingo ensolarado e sempre podem dar um ‘gás’ a mais na hora de trabalhar. Uma mistura pra lá de boa de soul, funk music e samba rock.”
FILME
o cAstelo AnimAdo – HAyAo miyAzAKi“De todos os maravilhosos filmes produzidos pela Ghibli, este, em minha opinião, é o melhor. Consiste em uma ani-mação japonesa meio ‘’lado B’’ dirigida pelo renomado Hayao Miyazaki. É um filme para todas as idades. Com personagens muito simpáticos e envolvidos por magia, é um filme de baixa complexidade, mas grande impacto, daqueles que tocam a alma”.
os melHores dA estAnte...
O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁxIAS – DOUGLAS ADAMS
Ao acordar, Arthur Dent descobre que sua
casa será destruída. Seu amigo Ford Prefect,
que na verdade é um extraterrestre fazendo
pesquisas para seu guia, aparece e... e daqui
pra frente a história se torna viciante! Douglas
Adams tem minha gratidão pelas incontáveis
risadas que me forneceu. O Guia do Mochileiro
das Galáxias é, antes de tudo, uma coleção de
devaneios do debochador-mor da sociedade!
Na certa, a mais cômica crítica à humanidade
que já tive o prazer de ler.
E STAN T E
UM CORPO qUE CAI
Falar em Hitchcock pressupõe Psicose. Mas
tenho razões para acreditar que Um Corpo Que
Cai será muito mais prazeroso a você, amigo
leitor, já que essa película apresenta duas coi-
sas das quais certamente lhe agradam: cinema
e arquitetura. Dentro do universo do Mestre do
Suspense, você encontrará... tcharãm! um sus-
pense ilustrado por uma fotografia que revela-
rá tudo de mais sofisticado do final da década
de 50.
51ª PREMIAçãO ANUAL E DO PRêMIO ARqUITETO DO AMANHã
As inscrições do Prêmio Anual e do Prêmio Arquiteto do
Amanhã foram abertas e se encerram no dia 14 de novem-
bro às 18h. Chegando à 51ª edição, com a finalidade de va-
lorizar a produção intelectual e profissional dos arquitetos
e urbanistas associados, o Prêmio Anual é aberto também
a profissionais filiados a outros departamentos estaduais.
O Prêmio Arquiteto do Amanhã tem o objetivo de valorizar
trabalhos acadêmicos nos cursos de arquitetura e urba-
nismo das instituições do Rio de Janeiro, podendo os alu-
nos se filliarem à entidade no ato da inscrição.
Mais informações você confere em: www.iabrj.org.br/
28
Ela bem que poderia estar dando suporte ao seu carro. Mas
está aí, iluminando o seu escritório. George Carwardine, um
designer britânico, estava desenvolvendo novos conceitos
para suspensão de carros quando teve a ideia de aplicar o
mesmo mecanismo em outros produtos. Nasceu a Angle-
poise, uma luminária constituída por mecanismos de molas
e articulações, que lhe possibilitam ser a luminária mais fle-
xível que se tem noticia na Via Láctea.
E l a p o d e r i a s e r a p re s e n t a d a , m a s co m ce r te z a vo cê j á co n h e ce e s s a f i g u ra f l ex í ve l !
UMA SUSPENSãO DE CARRO NASCIDA PARA ILUMINAR
I T
Po r r i ca rd o po h l fo to s d i v u l ga çã o
Além de ser ícone do design, a lâmpada é estrela de cinema.
Sim, isso que você leu! Ou vai dizer que você não se lembra
de uma simpática luminária que sempre aparece na abertura
dos filmes da Pixar? Pelo design fascinante e por sua fun-
cionalidade que lhe atribui o poder de acompanhar todos os
ângulos possíveis e inimagináveis, é que a Anglepoise tá aí,
fazendo pontinha no cinema. É, vale tê-la como figurante ou
quem sabe como protagonista de sua decoração!
CONFIRA UM DOS testes de elenco reali-
zados pela Anglepoise contracenando com
uma atriz infantil (Será que era para Toy
Story?):
30
NASCIDO NA LITERATURA e popularizado no cinema, o
Steampunk foi difundido na década de 1980 como um de-
rivado do cyberpunk. Esse variante da ficção cientifica é
ambientado na Era Vitoriana (1837 a 1901) com tecnologias
movidas a vapor, absurdamente avançadas e impossíveis
– já que são a vapor – para a época. Na literatura, um dos
seus principais idealizadores foi Júlio Verne, com suas obras
20.000 Léguas Submarinas, Volta ao Mundo em 80 dias e
Viagem ao Centro da Terra. Na 7ª Arte, filmes como As Aven-
turas de James West e a Liga Extraordinária roubam a cena.
E, na decoração, o casal Bruce e Melanie Rosenbaum orna-
mentam fielmente todas aquelas engrenagens futuristas
para o interior de uma casa. Os Rosenbaum devem ser aque-
O S te a m p u n k ca i m u i to b e m n a e ra d o Wi - Fi
A TODO VAPOR!
le tipo de pessoa que leva o hobbie tão a sério e com tama-
nha dedicação, que o que era uma diversão vira trabalho. Eles
são donos da ModVic, uma empresa de design especializada
em materializar cenários da tecnologia a vapor.
E o lar desses fanáticos é realmente uma viagem ao mundo
alternativo, que só poderia ter sido materializado por pes-
soas com uma imaginação que não conhece os limites da
lógica. Caso você, também apaixonado por essa estética,
queira que o seu cantinho se concretize num dos ambientes
imaginados por Júlio Verne, é só fazer um sinal de fumaça –
via wireless – para os Rosenbaum! Inspiração é o que não
falta por aí.
I T
32
O s p é s p a l i to e s t ã o d e vo l t a !
Pernas finas ou phynas Pernas?
I T
BALCãO LIVERPOOL
www.desmobilia.com.br
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ELEGâNCIA E CHARME têm for-
ma – e ela é cônica.
SURGIDOS NOS ANOS de 1950, com uma população espe-
rançosa por uma vida melhor – afinal de contas, a guerra ti-
nha acabado com os nazistas derrotados – e notavelmente
influenciados pelos avanços tecnológicos, principalmente o
espacial, os pés palito modernizaram a indústria moveleira
da época em que o homem marcou território na Lua.
As pernocas, que poderiam ter sido esquecidas na amnésia
do fracasso, resultaram num grande sucesso justamente
por serem assim, contraditórias, pois apoiavam os robustos
corpos dos móveis feitos de madeira de lei, em suas formas
franzinas. O êxito no design foi conquistado pela inovação,
que residia no contraste entre a separação do gabinete (cor-
po) dos alicerces da peça.
Muita coisa mudou de lá para cá: a Guerra do Iraque acabou
- com uma possível guerra na Síria... Bom, mas olha só, o
homem vai se mudar para Marte! – e trocar a Terra por um
planeta seco e sem graça... Tá, ok, nem tudo mudou de lá para
cá, só que o bom gosto faz parte desse “tudo” que persiste
no tempo, sustentando a sua principal característica, o fato
de ser “bom”, e garantindo a você que ter uma mobília de pés
palitos irá ser atemporalmente phyno!
34
G AD G E T
E l e s n e m p e r te n ce m à n o s s a d é ca d a . S ã o p e ça s d e a n o s a t rá s , e a té a n o s d e u m p a s s a d o q u e n e m ex i s t i u . D i v i r t a - s e co m o h u m o r d e s t a s p e ça s q u e o s c i l a m e n t re o s te a m p u n k e o re t rô !
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proVeniente de AlGum estúdio
AmBíGuo
cHAmAtiVo e erGonômico
Quem já jogou um sabe que qualquer gráfico por mais realista que seja não se equipara a diversão de ficar em pé, mexendo a
alavanca com uma mão suada de adrenalina e apertando freneticamente os botões de um arcade. Para quem quiser reviver
esses tempos, tem uma ótima opção, o iCade. Ele não exige moedas, apenas um iPad.
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Mas adoraria “re” viver os anos 60, não? Pois você e esta televisãozinha tem muito em comum! Ela adoraria estar aí, na sua
sala de estar, ao lado de alguém como você, que lhe entenderia, já que a pobrezinha vive reclamando que nasceu na década
errada. E bem que você poderia gravar a chegada do homem a lua e alguma das apresentações em programas de auditório
dos Beatles para assistir junto com essa simpática televisão.
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Suspeito de que Nixie Clock foi roubado de algum estúdio. Parece que foi elaborado para compor o cenário de al-
gum filme steampunk. Acho que até já o vi no último filme do Sherlock Holmes... Enfim, por pertencer à “época”
da tecnologia a vapor, o relógio (também despertador) precisa de um adaptador elétrico para ascender seus
dígitos que exibem o horário. Fascinante, diria Júlio Verne.
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O Auto Flip Clock concede à expressão “As horas passam depressa” duas definições. Porque ele é um
relógio (dãããã) e então dá sentido à expressão e porque ele se utiliza de plaquinhas para exibir o horário
fazendo horas (e minutos) passarem literalmente! Com essa aparência, ficará fácil você ficar admirando
seu funcionamento e nem perceber as horas passarem.
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O Pop Phone é uma extensão para smartphone e computadores. A melhor qualidade dos telefones de antigamen-
te agora está (literalmente) em suas mãos. Apesar da ergonomia que ele oferece, você precisa ter um pouco de
coragem para andar falando ao celular, com um adaptador desses, pois vai pagar uma de esquizofrênico para os
desavisados. Um esquizofrênico mais descolado, diga-se de passagem!
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36
O conceito de “arquitetura aberta” se popularizou e tem
agradado a todas as classes sociais. A cozinha gourmet,
o quarto e sala integrados e os lofts – tudo não passa de
moda ou vale a pena investir?
A “arquitetura aberta” (ou integração espacial) tornou-se
uma tendência devido à redução dos espaços das moradias,
estando agora ainda mais em evidência em revistas e ou-
tros meios de comunicação. É, de fato, uma excelente solu-
ção para compor ambientes pequenos, pois a integração dá
uma amplitude visual ao espaço, e ainda traz a integração de
convívio de quem o utiliza. Mas é importante, em cozinhas
integradas a outros ambientes, a utilização de equipamen-
tos como a coifa ou o exaustor, que filtram o ar oriundo da
cocção. Muitas vezes a opção de integração entre ambientes
é composta pela cozinha gourmet (integração cozinha-sa-
la), por não ser usada tanto no dia a dia. Quem cozinha to-
dos os dias, muitas vezes, acaba preferindo uma separação
mais nítida entre os ambientes. Uma solução para que a in-
tegração de ambientes não atrapalhe as atividades diárias é
a utilização de divisórias móveis (como grandes portas ou
janelas), que nos momentos nos quais há a possibilidade de
transtornos devido à abertura espacial, possibilitam dividir o
ambiente facilmente. É muito importante, antes de integrar
um espaço, que se analise os hábitos de quem irá utilizá-los,
para que o ambiente não seja causador de conflitos.
A a rq u i te t a e u r b a n i s t a , e s p e c i a l i z a d a e m D e s i g n d e I n -te r i o re s , L u i z a S ca p i n e l l o B ro c h te d e i xa p o r d e n t ro d a s te n d ê n c i a s e e n s i n a co m o a d a p t a r a s u a ca s a a o s n ovo s co n ce i to s a rq u i te tô n i co s
A ARQUITETURA contemporâneA EM 3 DICAS
luizA scApinello BrocHArquiteta e Urbanista
INTEGRAR SALA E COzINHA é tendência. O conceito de cozinha gourmet possibilita
uma maior visibilidade dos dois espaços. Nessa cozinha gourmet, a saída encontrada
para captar o ar “com gordura” foi além: a coifa de ilha instalada em cima da bancada
soluciona o problema da gordura, sem ser um instrumento inoportuno. Resolve e ain-
da complementa a decoração.
MAI L
37
O concreto aparente, tanto no piso quanto no teto, é uma
tendência contemporânea em interiores. O aspecto rústico
dá um ar “cult” e a decoração permite experimentação. Em
termos de manutenção, há dificuldades?
Depende. Se o piso for de cimento queimado, você terá uma
superfície mais áspera – é uma superfície à qual a sujeira vai
aderir com facilidade. O interessante é impermeabilizar esse
piso para que seja reduzida a quantidade de partículas que
se agreguem ao piso. Já a utilização do concreto aparente
na parede e no teto, porém, não causa tantos problemas em
termos de manutenção diária, mas é necessário tomar muito
cuidado na execução – não adianta economizar. Quem for
executar deve ser uma equipe que entenda desse tipo de
serviço, porque qualquer correção feita vai ficar aparente.
Importante também, quando esse material for utilizado em
áreas externas, é a impermeabilização. Infiltrações danificam
o concreto, assim como a sua estrutura.
Outra tendência quando se fala em ambientes contempo-
râneos são as estruturas de apoio (como, por exemplo, du-
tos para passagem de fiação elétrica, dutos de calefação) à
mostra. qual a solução para que o moderno não pareça des-
leixo ou falta de acabamento?
Utilizar-se de dutos e ou canaletas para fiação aparente,
ou dutos de calefação à mostra, é uma técnica que facilita a
manutenção desses equipamentos e pode também ser uma
saída para facilitar a execução de uma reforma. Mas, para que
a casa não fique com cara de desleixo, é importante que, no
momento de escolha dos materiais, seja feita a opção por
um bom acabamento que possa ficar aparente e se integrar
à decoração sem disparidade. O aspecto contemporâneo e
a cara de desleixo, no entanto, estão muito próximas. Para
que a decoração do seu loft ou da sua casa não transmita a
sensação errada, você tem que caracterizar o ambiente com
alguma coisa com que você se identifique. Quando a casa
identifica o dono, ela deixa de ser um ambiente bagunçado e
passa a caracterizar quem mora ali, com suas particularida-
des. Criar uma ambientação para uma fotografia é diferente
de criar um ambiente para um morador – mesmo que esse
ambiente reflita modismos, ele tem que ser adaptado ao jei-
to de viver do proprietário. Você não pode criar um ambiente
com cara de galpão, loft, se você não se sente à vontade em
um ambiente totalmente integrado. Às vezes, parece, em re-
vistas e telenovelas, que o estilo de viver do loft é mais vol-
tado para quem é da área de criação, quem é da área artísti-
ca, mas acredito que isso tenha muito mais a ver com o jeito
de viver/lifestyle, muito mais do que workstyle – até por-
que o ambiente de casa é um refúgio, que às vezes deve ser
A LINHA ENTRE o
moderno e o desleixa-
do fica cada vez mais
tênue. A saída para
seguir a tendência de
deixar estruturas à
vista sem perder em
sofisticação é apostar
em elementos que de-
monstrem identidade,
como nesse espaço. A
estrutura à mostra nas
paredes e teto foram
“abraçadas” por prote-
ções que mantiveram
a identidade do décor.
decoração.
O ASPECTO “MAL ACABADO” é bem visto hoje. Concreto é uma mistura específica
de areia, pedra e cimento, feito com diferentes traços para diferentes usos. Um proble-
ma do concreto aparente é a dificuldade obter um resultado final sutil. Para tanto se
faz necessário um pedreiro experiente e um bom carpinteiro.
totalmente diferente do que é vivenciado no ambiente cor-
porativo. Normalmente, quem tem um ambiente muito rígido
de trabalho quer chegar em casa e se portar de uma maneira
totalmente oposta. Nós não podemos pensar em uma casa
com um ambiente 100% mutável. A gente tem que pensar
que, sim, os móveis mudam, a decoração muda, mas se a
gente tentar se adaptar sempre ao novo, à moda – a gente
vai sempre perder nossa história, que hoje a gente está ten-
tando resgatar, como os móveis antigos, por exemplo.
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N o s ú l t i m o s a n o s , a co n s t r u çã o c i v i l e s t á s e n d o p a l co d e u m a p e ça m ov i -m e n t a d í s s i m a , d i g n a d e p re m i a çã o . E h aj a co r re r i a . E n q u a n to re a l i z a m e s s e a to , n o s b a s t i d o re s , to d o s j á p re p a ra m o s e g u n d o a to d e s s a o b ra
o sHow não pode pArAr...
Po r c l a u d e m i r H a u p t m a n n fo to s s h u t te r s to c k
NA BASE
39
O PALCO DA CONSTRUçãO civil bombou nos últimos qua-
tro anos e está fazendo bonito. O setor deu conta de aten-
der a uma demanda crescente, estimulada por uma gama de
investidores ávidos por um porto seguro em termos de in-
vestimentos. E agora o setor está aproveitando o momento
para se aperfeiçoar em busca de inovação e produtividade.
Mas o fato de o segmento ter virado estrela da economia nos
últimos anos, como o cenário que encontramos em cidades
como Cascavel e Toledo, por exemplo, não quer dizer que to-
dos os atores estejam parados, em êxtase, diante dos aplau-
sos de públicos para lá de agradecidos. Os governos adoram
por conta dos impostos arrecadados. Os consumidores
finais amam por conta de preços competitivos e obras de
qualidade. Os empreendedores sorriem porque o caixa tem
girado rápido. Quem corria atrás de uma vaga na compa-
nhia, conseguiu. Quem já tinha o papel assegurado, teve um
aumento salarial. Mesmo diante de números e indicadores
bastante positivos, nos bastidores, empresários, sindicalis-
tas, investidores, enfim, líderes setoriais se articulam para
garantir a continuidade do espetáculo. Com mais qualidade.
Um segundo ato dessa obra passa, necessariamente, por
conceitos como o de inovação, produtividade. E isso vai exi-
gir ainda mais de todos os envolvidos.
Tanto em Cascavel quanto em Toledo, o setor tem consegui-
do atender a toda a demanda, sem criar estoques. Ou seja,
tudo que é construído é proporcional ao que é demandado.
Já em Foz do Iguaçu, construiu-se mais do que se demandou
e o setor está em transição. Assim que o estoque for comer-
cializado, o setor volta a funcionar em ritmo normal, segun-
do avaliam os especialistas. Em Cascavel, por exemplo, na
área de incorporação, há uma demanda anual que hoje é de
aproximadamente 3 mil unidades residenciais. É exatamente
o que o setor tem entregue a cada ano.
Mas construção civil não é só incorporação. Existem ainda
as obras públicas, as obras de infraestrutura, enfim, o setor
vai muito além da vitrine dos empreendimentos residenciais
que normalmente são os que chamam mais a atenção por
conta dos prédios novos que se multiplicam nas áreas cen-
trais e outras áreas nobres das cidades.
Uma rápida passada pelo setor de Aprovação de Alvarás de
Construção, na Secretaria de Planejamento de Cascavel,
revela alguns números bem interessantes. Desde 2009 dá
para perceber um crescimento considerável na quantidade
de alvarás de construção liberados. Foram 2.161 em 2009,
2.551 em 2010, 2.904 em 2011, 2.956 em 2012 e, em 2.013,
considerando o movimento só até setembro, já se tem nú-
meros superiores a 2009 inteiro: são mais 2.173 alvarás libe-
rados.
E dá para entender porque os envolvidos na construção civil
estão correndo de um lado para o outro nesse palco quan-
do se olha para a quantidade de metros quadrados erguida
a cada ano. Foram 592 mil m2 em 2009, 618 mil em 2010 e
chegou ao pico em 2011, com 771 mil metros quadrados de
construção. Em 2012, foram 618 mil e, em 2013, ainda em
andamento, já são mais de 400 mil metros quadrados em
alvarás de construção liberados. A área residencial é sempre
a de maior demanda, ficando historicamente acima dos 300
mil metros quadrados a cada ano. O pico foi em 2012 quando
teve pouco mais de 400 mil metros quadrados construídos.
E qUE VENHA O SEGUNDO ATO DESSA OBRA
Mas nem tudo são aplausos. Na prática, há pouco tempo para
comemorações. É como se o sorriso pelos cumprimentos
dados pela plateia viesse acompanhado daquele friozinho
na barriga de quando se sabe que vai entrar no palco nova-
mente para protagonizar o restante da peça. Afinal, ninguém
quer que o espetáculo pare.
Os indicadores positivos vistos até também disparam uma
espécie de sinal de alerta. É que ninguém pode se perder no
roteiro para que a peça em cartaz continue fazendo sucesso.
E quando se olha para as possibilidades do segundo ato, per-
cebe-se logo que não há figurantes. Todos são protagonis-
tas e vão ter que dividir responsabilidades no palco.
Patrões e empregados parecem ter plena consciência dis-
so, mesmo sabendo que estão em lados opostos. E não
tem como negar isso: o que um lado comemora é motivo de
preocupação do outro lado desse cenário.
No lado dos trabalhadores, os líderes sindicais, por exemplo,
não conseguem disfarçar um certo brilho nos olhos, decor-
rente dos resultados obtidos nos últimos anos com o avanço
salarial. Desde 2010, os pisos salariais de serventes, meio
oficiais, oficiais, contra mestres e mestres de obras (essa
é a hierarquia que encontramos no pátio de uma obra) vem
aumentando bem acima da inflação, com alguns números
pontuais bastante expressivos. Algumas dessas profissões
estão muito valorizadas e provocam uma correria nos basti-
dores dessa produção. Um mestre de obras experimentado
no mercado hoje pode ter salários compatíveis ou até mes-
mo superiores que alguns profissionais qualificados. Não é
raro encontrar mestre de obras com salário superior ao de
um engenheiro, por exemplo. E se juntar salário base mais
o tradicional vale mercado – que já é incorporado nos cálcu-
los das categorias – o profissional menos qualificado nessa
escala, o servente, já tem rendimentos médios de quase R$
40
1.200,00.
Segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil
do Oeste do Paraná (Sintrivel), o piso salarial de um servente,
teve um reajuste de 14,1% em 2010, chegando a R$ 873 (R$
693 de salário base mais R$ 180 de Vale Mercado). Em 2011
foi reajustado acima de 9% e chegou a R$ 957 (R$ 765 mais
R$ 192). Em 2012 o reajuste foi de 11% e chegou a R$ 1.067
(R$847 mais R$ 220) e em 2013com mais 11% de ajuste, já
está em R$ 1.185 (R$932 mais R$ 253).
No lado oposto dessa escala hierárquica no pátio das obras,
o mestre de obras é a profissão que exerce, no momento, o
papel de estrela da companhia. O piso era de R$ 1.478, mais o
vale mercado de R$ 180, totalizando R$ 1.658 de salário, em
2010, a partir de um reajuste que foi de 17%. No ano seguinte,
2011, reajuste de 9% e o piso foi para R$ 1.813 (R$ 1.621 mais
R$ 192) e, em 2012 o salário chegou a R$ 2.345 (R$ 2.125
mais R$ 220), com reajuste de 29%. Nesse ano, na conven-
ção coletiva, o reajuste dessa categoria chegou a 19% e o sa-
lário foi a R$ 2.802 (R$ 2.549 mais R$ 253).
O resultado desse ajuste de salários nos últimos anos, se-
gundo o Sintrivel, foi uma correria. Tem muita gente queren-
do fazer cursos para pegar uma vaga dessas. O presidente do
sindicato Roberto Leal Americano diz que a instituição vem
oferecendo cursos de qualificação, inclusive com a contrata-
ção de empresas terceirizadas e tem consideráveis listas de
espera. “Nós trabalhamos para qualificar e formalizar a mão
de obra”, afirma. Segundo ele, só em Cascavel existem perto
de 4 mil trabalhadores formais no setor. Mas levantamentos
indicam que a informalidade pode ser até maior do que isso.
“Precisamos formalizar para assegurar os direitos dos tra-
balhadores”, explica.
O Sintrivel está formando sua primeira turma de mestre de
obras. São 42 alunos que têm aulas duas vezes por semana,
no próprio sindicato. Uma empresa foi contratada para isso.
E o próprio Sintrivel fez uma seleção dos alunos. Pegou gen-
te que já tem conhecimentos sobre construção civil, como
oficiais e contra mestres, basicamente. Todos os alunos pre-
cisavam ter carteiras assinadas em empresas do ramo. O
curso, que custaria R$ 290 mensais, é subsidiado em mais
de 70% pelo sindicato. E a duração, que seria de um ano, por
conta da seleção de uma turma de alunos com experiência,
pode ser reduzido para seis meses.
O Sintrivel já tem uma fila de espera para o curso de mestre
de obras e para outros cursos que serão ofertados em breve,
como de encanadores, eletricistas prediais. A seleção dos
cursos, diz o presidente, vem de uma sondagem feita junto
às empresas construtoras.
NA BASE
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DESAFIO SETORIAL é A PRODUTIVIDADE
Pelo lado do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon), que
é a organização patronal do setor, também são evidentes os
esforços no sentido de manter essa obra em cartaz. Como
o sindicato dos trabalhadores, o Sinduscon também diz que
um dos problemas do setor é a qualificação da mão de obra.
E a profissionalização depende, antes, da própria educação
básica mínima. O setor é onde se encontra o maior nível de
analfabetismo e semianalfabetismo, complicando bastante
a gestão de processos quando se depara com essa realidade
no pátio das obras.
O novo presidente do Sinduscon em Cascavel Edson Vas-
concelos destaca que o setor quer aumentar sua produti-
vidade, o que significa dizer que precisa inovar, com novos
modelos de gestão e de processos construtivos. “Nós ainda
vemos obras em que se usam madeira para fazer escoras.
Uma prova de que temos processos artesanais de constru-
ção. Precisamos vencer essa barreira com novos processos.
Basicamente, precisamos entrar de vez na fase industrial da
construção”, diz.
E a preocupação com produtividade faz sentido. O Brasil caiu
recentemente da 48ª posição no ranking mundial da produ-
tividade para o 56º lugar. “Isso significa que nosso custo, o
chamado custo Brasil, só aumenta”, avalia.
O Sinduscon destaca que como o setor é, na verdade, uma
indústria itinerante (o grosso do pessoal da empresa está no
canteiro de obras e muda toda a estrutura ao final de cada
obra) a solução para a qualificação da mão de obra é a rea-
lização de cursos in company. Assim, dentro desses can-
teiros, ocorrem constantemente cursos para formação de
azulejistas, carpinteiros, eletricistas, encanadores, pintores.
Até o programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) está
dentro dos canteiros de obras, com turmas de educação bá-
sica e ensino médio para os operários.
E a mão de obra é determinante para se alcançar a meta de
produtividade que a classe patronal vem repetindo como um
mantra no mercado. É simples: a mão de obra interfere de
forma determinante na produtividade. E não se trata apenas
de uma mão de obra formada. É preciso buscar uma mão de
obra qualificada.
O Sinduscon acompanha de perto o trabalho de parceiros
estratégicos, como o Senai e o Sesi, que tem em seus cur-
sos regulares grades curriculares que contemplam ques-
tões como produtividade e gestão da produtividade. “É um
esforço para formar mão de obra transformadora do setor”,
resume Vasconcelos.
Vasconcelos volta a frisar que só treinar mão de obra não
basta para os setor. “Treinar o trabalhador altera pouco o
índice de produtividade”, assinala. Para ele, é preciso mexer
no processo produtivo, na cultura de produção. “Precisamos
inovar nos processos e colocar os trabalhadores dentro des-
se novo processo. O arquiteto, por exemplo, faz isso em seus
projetos, buscando novidades em termos de sustentabilida-
de, inovando. Nós precisamos ampliar a habilidade para pro-
duzir mais, em menos tempo com menos custos, inclusive
com menos custos com mão de obra, industrializando nos-
sas práticas. Temos que trabalhar simultaneamente cultura
e processo”.
E não se trata de ficar de um ou de outro lado. Mas o fato é
que patrões e empregados estarão sempre de lados opos-
tos nesse roteiro. Se não, vejamos: o que os trabalhadores
comemoram como vitórias, o aumento salarial médio, pro-
voca reações na classe patronal. E números importantes
justificam suas reações. Segundo o Sinduscon, há 10 anos,
o custo da mão de obra na construção civil na região ficava
entre 8% e 12% do total de uma obra, por exemplo. Hoje, esse
mesmo custo da mão de obra não sai por menos do que 50%
do chamado combo total de uma obra, que é a soma de to-
dos os investimentos necessários, como projetos, materiais,
equipamentos e mão de obra.
Se para conseguir inovação e produtividade, as empresas
buscam novas técnicas e novos equipamentos, capazes, por
exemplo, de fazer mais em menos tempo, para a classe ope-
rária isso quer dizer um sinal de alerta. Numa visão industrial,
a tendência é que se acelere a substituição da mão de obra
desqualificada na medida em que os processos produtivos
são tecnificados, com a adoção de novas técnicas e novos
equipamentos. É um ciclo que diz basicamente a mesma
coisa para os dois lados desse palco: o espetáculo não pode
parar. No teatro, diz-se que dá azar desejar boa sorte a quem
entra em cena. Então, é comum desejar que se “quebre a
perna”. Nesse cenário da construção civil, façamos de conta
de essas pernas sejam os recordes. De competência. Para
atores e diretores. A plateia agradece!
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P U LO - D O - G AT O
ELA NUNCA SOUBE muito bem o que queria, mas sempre
soube muito bem o que não queria. A área biológica e de
exatas não era com ela. Mesmo assim, passeou por várias
esferas antes de montar um escritório e carregar uma fita
métrica por aí. Foi vendedora de joias, trabalhou em ban-
co e até como secretaria de um escritório de arquitetura.
Engana-se quem pensa que foi daí que surgiu a arquiteta
empreendedora que figura como administradora da Casa
Toledo, evento que movimenta a cidade a cada dois anos.
A graduação em Secretariado Executivo e a experiência
na área em um frigorífico durante anos foram o ponto de
ignição para que ela adquirisse noções de gestão e em-
preendimentos.
Hoje, reconhecida pelo seu trabalho nas regiões de Cas-
cavel e Toledo, continua sabendo muito bem o que não
quer: na hora de projetar os acabamentos de uma casa,
o óbvio não faz parte de seu vocabulário. Gosta mesmo é
de garimpar peças exclusivas e dar visibilidade a artistas
e artesãos de fundo de quintal. Coloca essas peças em
equivalência a revestimentos sofisticados produzidos em
larga escala – tudo num ecletismo afinado, como o bom
gosto manda.
Ec l é t i ca , a a rq u i te t a Ca r l a Ve l o s o go s t a m e s m o é d e m i s -t u ra r . Aq u i , e l a m o s t ra a s e l e çã o d e reve s t i m e n to s p a ra ve s t i r a ca s a co m p e r s o n a l i d a d e
MISTUREBA HARMôNICA
Po r J u l i e Fa n k fo to s ro d r i go Vi e i ra
cArlA VelosoArquiteta e organizadora da Casa Toledo
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pApel de pArede
com textura metalizada da Wallpaper. Loja M2 Empório do Arquiteto
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Beraldin. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.
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plAcA de reVestimento Linha Fortune – Tartus: pedra de ferro,
travertino romano liso e texturizado, pintado de dourado, prata e bronze.
Neo reveste [Toledo]. R$275/ peça.
plAcA em osso para revestimento em móveis e/ ou parede da Empório
Beraldin. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.
plAcAs de Vidro em fusing. Thais Pontes [Toledo]. R$450/ m2.
plAcAs de couro para revestimento em móveis e/ou parede da Empório
Beraldin com desenho de couro peixe. Loja M2 Empório do Arquiteto
[Cascavel]. Preço sob consulta.
ArAnHA – recorte em chapa de ferro – com pintura. AGF Máquinas
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cAntoneirA – recorte em placa de MDF cru. AGF Máquinas [Toledo].
Trabalho personalizado – preço sob consulta.
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M e s m o n u m e s p a ço p e q u e n o é p o s s í ve l s e c h e ga r a u m a m b i e n te a co n c h e ga n te e e l e -ga n te . E u t i l i z a n d o - s e m a te r i a i s d i fe re n te s , d á p a ra co n s e g u i r i s s o d e fo r m a s u s te n -t áve l e a b a i xo c u s to
QUANDO O menos É mAis... muito mAis!
Po r c l a u d e m i r H a u p t m a n n fo to s d i v u l ga çã o
R E CORT E
47
o pendente usAdo sobre a bancada/cabeceira da cama é, na
verdade, um conjunto de fios e lâmpadas, comprados separada-
mente e arrumados displicentemente ao longo da calha metálica no
teto. Caso não se tenha uma estrutura de calha, pode conseguir o
efeito “emaranhado” usando desviadores fixados no teto.
QuAse todos os móveis foram escolhi-
dos em ponta de estoque de showroom
(Lider Interiores), para se obter preços
mais baixos para os interessados na com-
pra das peças. Além disso, essa escolha
evitou gasto com transporte e embala-
gens, contribuindo para a sustentabilidade
do planeta. A cadeira de escritório, da Her-
man Miller, tem em quase toda sua compo-
sição material reciclável.
ONDE FALTA ESPAçO, como nas grandes cidades, haja téc-
nica e conhecimento para se conseguir, mesmo num am-
biente pequeno, um resultado de bom gosto e com baixo
custo. Morar Mais é muito melhor quando se consegue com
menos.
Os arquitetos Filipe Monte Serrat, Manuela Dantas e Virginia
Manfrinato, da Esquadra Arquitetos, de Brasília, se colocaram
diante deste desafio: conseguir o mais por menos. Na co-
nhecida mostra de mesmo nome, a Morar mais por menos,
edição Brasília, o trio se propôs a, num lugar pequeno, con-
seguir espaços generosos e, mesmo com um investimento
baixo, proporcionar conforto e qualidade.
O grupo de arquitetos aplicou o conceito nesse projeto de
Quarto do Hotel, com 45m2. A Esquadra queria, num espaço
minimalista, um resultado conceitual e elegante. Como é um
quarto de hotel, era importante que o ambiente fosse mais
neutro, mas ao mesmo tempo, confortável e acolhedor.
Os arquitetos criaram um projeto que priorizou o uso racional
do espaço de forma a dar ideia de amplitude, deixando áreas
de circulação mais generosas. A primeira solução foi soltar
os móveis das paredes, ganhando assim a possibilidade de
um projeto de iluminação linear e indireta, voltada para o piso
e não para o teto, como seria o óbvio.
A segunda solução seria desenvolver ou utilizar móveis mul-
titarefas, como a peça escolhida para cabeceira da cama, sob
medida para abrigar o frigobar. O móvel ainda separa o am-
biente e, do outro lado, faz as vezes de bancada de trabalho.
Outra estrela desse projeto segue a proposta de móveis lon-
ge da parede, multiuso e de baixo custo, atendendo também
ao conceito de sustentabilidade. Isso tudo pode ser visto na
configuração do espaço do closet. É uma estrutura de metal,
sob encomenda, revestida com telhas translúcidas, confe-
rindo leveza e transparência no ambiente reduzido. Um pe-
queno gaveteiro em MDF garante a funcionalidade do móvel.
O aspecto curioso e inovador desse móvel é que, com um
sistema interno de iluminação, ele funciona também como
uma grande luminária. Para isso, foram instaladas lâmpadas
fluorescentes revestidas com gelatinas coloridas, o que pro-
vocou o efeito azulado.
A Esquadra Arquitetos buscou soluções sustentáveis para
todo o projeto. A preocupação foi tamanha que os arquite-
tos optaram pelo uso de painéis de madeira que podem ser
removidos e reaproveitados em outros ambientes e esco-
lheram mobiliário de showroom, evitando transporte e em-
balagem de produtos entre estados. Para a iluminação, es-
colheram lâmpadas fluorescentes, mais econômicas. E, para
reduzir custos com entulhos, evitaram modificações mais
radicais de obra. O piso, por exemplo, é um tipo flutuante
48
no cHão, a opção foi pelo uso de um piso flutuante por
permitir a redução de custos da obra, uma vez que pode ser
instalado sobre o piso original sem a necessidade de demo-
lição e geração de entulho.
As cAlHAs metÁlicAs, pintadas de preto, servem de conduite
para passagem de fiação e de suporte para as luminárias. Com esse
sistema, novos pontos de iluminação podem ser facilmente retira-
dos ou inseridos e a manutenção dos fios é facilitada.
no centro do es-
pAço projetado, a
cama tradicional foi
eliminada com a ins-
talação de uma base
de alvenaria.
A estuturA do closet foi enco-
mendada a um serralheiro que, depois
de pronta, foi revestida com telhas
translúcidas. Em MDF branco, foram
executados apenas o gaveteiro/nicho
e o suporte superior para as lâmpadas.
A arara para cabides foi customizada.
simulAndo umA JAnelA, de onde
são vistas as copas das árvores, sa-
mambaias e colmeias humanizam
o ambiente. Elas são simplesmente
apoiadas no nicho preto feito em MDF,
ou suspensas em suportes comuns.
Uma boa ideia para uma parede verde
barata.
49
que pode se aplicado sobre a base antiga, economizando em
mão de obra e tempo.
Criatividade combinada ao que é bom e barato pode ser per-
cebido nesse quarto de hotel quando se olha para cima. No
acabamento da laje, o forro foi dispensado e tudo se resolveu
com uma pintura com tinta preta, cor que facilmente disfarça
imperfeições. Com isso, a iluminação precisou também de
uma boa solução que ainda mantivesse o custo baixo. Assim,
foram escolhidas as calhas metálicas como elemento lumi-
notécnico fundamental. Também multiuso, elas servem para
direcionamento, acabamento e passagem da fiação, suporte
para os spots e pendentes. Com esse sistema, novos pontos
de iluminação são facilmente retirados ou inseridos e a ma-
nutenção dos fios é facilitada.
Ah! E não pense que a luminária que está sob a bancada fuja
ao padrão da obra. Aquilo que parece uma peça de grife, na
verdade é apenas um “bem bolado” em que o pendente é
um simples conjunto de fios com lâmpadas ao longo da ca-
lha. Tudo dentro da mesma proposta. Faltou espaço? O orça-
mento é apertado? Conhecimento técnico e criatividade são
a alternativa para fazer do menos, muito mais!
ESPECIFICAçõES TéCNICAS
PENDENTE
Montado com fios e lâmpadas. Lâmpada Baloon, da
Xelux. Com dimmer eletrônico para regular intensi-
dade de luz e gerar economia de energia
PAREDES
Painéis em MDF branco (reutilizáveis)Iluminação de
teto
Suportes em calhas metálicas, pintadas de preto
TETO
Laje pintada com tinta acrílica preta, acabamento
fosco
RODAPé
Em piso flutuante – Durafloor Teca Brasil
PISO
Flutuante – Durafloor Teca Brasil
nAs pAredes, o char-
me com custo baixo foi
garantido com o uso de
fotografias no lugar de
telas. É uma tendência
na decoração porque são
muito mais baratas do
que as obras de arte.
53
E SP E CIAL E SCR I TÓR IOS CR IAT IVOS
Chega de ESCrItórIO CHATO!A ge n te s e l e c i o n o u 5 e s c r i tó r i o s q u e vã o fa z e r vo cê q u e re r m a n d a r o h o m e o f f i ce p a s t a r
ALBERT EINSTEIN e várias camisetas e perfis de facebook alertam: “A criatividade é a
inteligência se divertindo”. A prova disso é nosso novo modelo de escritório, descolado e,
se possível, integrado, lúdico – na tentativa de dar um pouco de alegria para o que antes
era tão chato: trabalhar. Hoje, os escritórios, principalmente, o das áreas de criação, como
vocês poderão conferir agora, são verdadeiros complexos planejados para dar aquele
descanso à mente quando o negócio aperta ou quando a ideia foge. Se o ambiente antes
prezava pela seriedade, agora ela foi expulsa a pontapés.
54
CE NÁR IO
ExPLOSãO CRIATIVA!
Po r c l a u d e m i r H a u p t m a n n fo to s Fa b r i z i a G ra n a t i e r i
E s c r i tó r i o p o d e s e r m u i to m a i s d o q u e u m l u ga r d e t ra b a l h o . Po d e s e r u m l u ga r o n d e a ge n -te d e to n a ! U m p roj e to c u s to m i z a d o ge ra u m a m b i e n te f u n c i o n a l e d i ve r t i d o .
55
LUMINÁRIA ENGARRAFADA: A Luminária é feita com garrafas velhas sortidas pen-
duradas e com iluminação interna. A ideia surgiu a partir do múltiplo uso de garrafas
como objetos de decoração.
Conceito: Sustentabilidade, reaproveitamento de materiais.
Materiais: Garrafas velhas, fio e madeira.
é O CENÁRIO DE UMA explosão! Uma explosão criativa que
deixou marcas em cada cantinho, do piso ao teto. Quando a
gente entra na agência digital AM4, no coração boêmio do
Rio de Janeiro, no bairro da Lapa, dá de cara com um ambien-
te incrível: integrado, prático, inusitado. E como não poderia
deixar de ser – afinal é uma agência criativa, localizada na
Lapa -, o ambiente é divertidíssimo!
“Aos pés de Santa Tereza
A um passo da Glória
Eu vou pra Lapa
Porque Lapa tem história”
Assim canta Alcione no pagode “Eu vou pra Lapa”. Então va-
mos ver um pouco dessa história de abuso da criatividade
que tem como testemunha o Aqueduto da Carioca, ou os Ar-
cos da Lapa, como é mais conhecido aquele símbolo do Rio
antigo.
Os arquitetos Marcos Husky e Renato Catta-Preta não eco-
nomizaram criatividade nesse projeto que segue o que há de
mais atual quando se fala em escritórios. E eles detonaram!
A inspiração é a própria cidade do Rio de Janeiro ou, mais
precisamente, a Lapa, ponto central da cidade, de grande im-
portância histórica e que vem passando por uma ampla re-
novação nos últimos anos. Como o bairro, o escritório é aco-
lhedor, estimulando a interação entre funcionários, diretores,
proprietários e clientes.
É um estouro! O escritório combina elementos rústicos,
como madeira reaproveitada de obras, pisos de cimento, a
uma arquitetura contemporânea. Paredes de pedra bruta e
piso de tábuas envelhecidas contrastam com paredes com
elementos gráficos cariocas e piso de resina artisticamente
desenhado, além de elementos e peças de design marcante
espalhados por todo o ambiente. Aliás, as peças também le-
vam a assinatura dos arquitetos desse projeto.
A sede da agência no Rio, que ocupa o segundo andar do
prédio histórico da Fundição Progresso, na Rua dos Arcos,
tem pouco mais de 250 metros quadrados de puro design.
O conceito dos arquitetos era chegar a um ambiente que
integrasse trabalho, convivência e lazer. E não deixaram es-
capar nenhum detalhe. O escritório foi desenvolvido como
um grande salão com pé direito duplo, onde tudo acontece.
Os ambientes se delimitam por divisões sutis, porém signi-
ficativas, como diferenciação do piso, mezanino, elementos
vazados e panos de vidro.
MESA DE CENTRO HK01: Caixotes de feira reaproveitados e reformados com forro
interno de sobras de tecido e tampo de vidro. A ideia era reutilizar caixotes de feira
com um toque de requinte, forrando seu interior com sobras de tecido.
Conceito: Sustentabilidade, reaproveitamento de materiais.
Materiais: caixotes de feira reaproveitados, sobras de tecido e vidro.
O MEzANINO é A área de lazer do escritório, com sofá e a mesa de
sinuca. Destaque para a mesa de centro que aproveita caixotes de
feira e para o piso, que é de madeira reutilizada de construções.
56
LUMINÁRIA OCTOPUS: Luminária com 8 braços de ferro retorcido com
esferas de vidro nas pontas que ocupa toda área de produção. Seguindo
a linha orgânica desenvolvida para o escritório, esta luminária foi pensada
com linhas finas e onduladas visando criar um grande elemento de des-
taque mas com leveza, com o intuito de não criar barreiras para o grande
espaço integrado do escritório.
Conceito: Elemento orgânico, braços, tentáculos.
Materiais: Ferro e vidro.
Para entrar no escritório, é preciso passar por uma varanda,
que fica de frente para os Arcos da Lapa. É um lounge ex-
terno, com bancos onde o usuário pode desfrutar da vista
valorizada por uma fachada de vidro. Se precisar de privaci-
dade, persianas de madeira resolvem o problema. A porta de
entrada é um destaque pela amplitude, com mais de 3m de
altura e material reutilizado: madeira de demolição.
A recepção tem um balcão, que funciona também como um
centro de controle do ambiente. E é delimitada por uma cor-
tina de toras de eucalipto certificado, inspirado em um ele-
mento clássico da arquitetura moderna, o Cobogó. Esse é o
nome dado a esse tipo de elemento vazado utilizado para
evitar o superaquecimento do ambiente por permitir a pas-
sagem filtrada da luz exterior e a ventilação natural. O nome
Cobogó vem das iniciais dos sobrenomes dos três engenhei-
ros que idealizaram a solução, Amadeu Oliveira Coimbra, Er-
nest August Boeckmann e Antônio de Góis.
Ao lado da recepção encontra-se o lounge café, um ambien-
te que funciona tanto como espera para clientes ou para um
cafezinho durante o expediente, que é composto por sofá,
poltronas, mesa de centro (feita de toras de eucalipto) e bar/
café.
“Um convite a quem tá de rolê
Reduto de bambas, poetas”
E a música, que inspira a Lapa, também serve para ir falando
desse escritório. Reduto de bambas e poetas bem poderia
definir como é o mezanino desse escritório. O acesso se dá
por uma escada curva de ferro que se destaca pelo volume e
leveza. Aquela parte que ficaria inutilizada pela escada tam-
bém acaba sendo muito bem aproveitada e compõe a beleza
do ambiente. O piso é forrado por pedras portuguesas soltas
e sobrepostas. Bromélias e palmeiras terminam de compor o
jardim de pedras.
Mais detalhes? Pois bem, na hora de descer do mezanino o
usuário tradicional pode usar a escada. Mas também dá para
descer deslizando pelo tubo de bombeiro posicionado no
meio da escada ou pelo escorrega em volta dela.
O mezanino, todo aberto para o salão, é a área de lazer do
escritório. Nele se encontram um lounge com sofá, pufe
e mesinha de centro (feita com caixotes de feira), mesa de
bar/café, sinuca e a copa.
“E toda a vez que a noite cai
A luz se acende e uma vontade me arrebata
Eu vou pra lá”
57
CE NÁR IO
MESA DE CENTRO TORAS: To-
ras de eucalipto certificado com
tampo de vidro. A ideia vem do
reaproveitamento de materiais
descartados em obras, como a
madeira de vigas e escoras. Daí
surgiram a mesa de centro Toras
e a Cortina Cobogó.
Conceito: Sustentabilidade, rea-
proveitamento de materiais.
Materiais: Eucalipto certifica-
do reaproveitado, vidro, cinto de
lona.
LUMINÁRIA LINA: Luminária de pé, composta por uma base esfé-
rica de cimento, haste curva de ferro e cúpula de tecido. O interes-
sante desta luminária é a base esférica. Daí surgiu a ideia: uma bola
segurando uma haste com uma cúpula na ponta.
Conceito: Simplicidade, minimalismo, materiais brutos.
Materiais: Cimento, ferro e tecido.
CORTINA COBOGÓ: Cortina/divisória feita de discos de toras de
eucalipto certificado. O cobogó e um elemento fantástico e muito
bem explorado principalmente pelo arquitetos modernistas de onde
vem a inspiração para esta peça. Usando um material reaproveitado,
as toras de eucalipto descartadas das obras de construção civil, foi
criada esta cortina que funciona com divisória, mas sem fechar to-
talmente o espaço.
Conceito: Sustentabilidade, reaproveitamento de materiais.
Materiais: Eucalipto certificado reaproveitado.
58
CE NÁR IO
BALCãO DE RECEPçãO: Balcão de MDF com revestimento de madeira certificada
e tampo e rodapé de vidro. A ideia era criar um balcão para a recepção funcional e
que não ocupasse muito espaço. Usar madeira rústica com vidro, criando um ele-
mento sofisticado.
Conceito: Funcional, rústico com sofisticação.
Materiais: MDF, madeira certificada reaproveitada e vidro.
LUMINÁRIA ANzOL:
Gambiarra inusitada!
Usando elementos
simples: fios, bocais e
lâmpadas, foi criada a
luminária Anzol. Os fios
curvam-se para cima
criando um aspecto de
lustre. A ideia foi fazer
de simples gambiarras,
um lustre.
Conceito: Usar mate-
riais e formas simples
de um jeito inusitado.
Materiais: Fio.
59
A MESA DE REUNIõES colocada num dos
cantos do escritório, emoldurada por uma
parede de pedras brutas. Como em todo o
escritório, o destaque é a iluminação. Aqui
é sortida no teto e com fotos de luz na pa-
rede.
ÁREA DE PRODUçãO da agência, com destaque para o design grá-
fico no piso de resina. O desenho artístico com formas orgânicas
delimita a circulação do espaço. As paredes laterais e algumas pe-
ças do mobiliário receberam um tratamento gráfico usando imagens
inspiradas nos desenhos de Roberto Burle Marx que são ícones do
Rio de Janeiro.
Outra estrofe da música de Alcione parece sob medida para
nos chamar a atenção para um dos destaques desse escri-
tório. A iluminação é um caso à parte nessa criatividade toda.
Ela não convida. Ela intima. A área que ocupa grande parte do
salão é composta por duas grandes mesas de trabalho. Uma
grande luminária com 8 braços de ferro retorcido produzida
especialmente para o local, a luminária Octopus, é uma das
estrelas.
Em frente às estações de trabalho encontra-se a mesa para
reuniões rápidas, internas ou de grupos de trabalho. É ilumi-
nada por uma luminária de pé, feita sob medida. É a luminária
Lina, que se insinua sobre a mesa de trabalho.
No fundo do salão, sob o mezanino, estão localizadas as
duas salas de reuniões protegidas por panos de vidro. A ilu-
minação sortida no teto e os focos de luz na parede de pedra
bruta dão um charme especial aos ambientes.
A copa é delimitada por panos de vidro e composta por ban-
ca de pia com armários, bancada de madeira e mesa de al-
moço para 6 pessoas. O destaque da copa é a luminária En-
garrafada, feita com garrafas reaproveitadas. Toda a parede
do fundo é de pedras brutas com iluminação direcionada.
E no final dessa história, dá para imaginar todo mundo can-
tarolando “Eu vou prá lá”. Do lado de fora, a Lapa de tantos
janeiros, sorri malandra. “É a nova Lapa das tribos, dos bits,
dos hits e do tamborzão...Seu bonde é ruim de segurar”.
61
NãO SE TRATA DE MERO CORPORATIVISMO
Po r tá t i l a pe re i ra fo to s d i v u l ga çã o
É u m a e m p re s a , s i m ! M a s co m o a a l a d o s c r i a t i vo s é ca d a ve z m a i s fa r t a , o a m b i e n te d e t ra b a l h o to r n o u - s e u m a ag ra d áve l m i s t u -ra d e m a te r i a i s . O re s u l t a d o n ã o p o d e r i a s e r m e l h o r : u m a o b ra q u e re f l e t i u a i d e n t i d a d e i n s t i t u c i o n a l - u m e s p e t á c u l o à p a r te
62
O ASPECTO FUNCIONAL não deveria ser o único quesito le-
vado em consideração na concepção de uma empresa. Ok,
essa é uma parte importante, mas o apelo visual também
merece um cuidado especial. Ainda bem que tem mais gen-
te que pensa assim, como o escritório FGMF Arquitetos, por
exemplo. Mostrando tudo o que sabem sobre interação ur-
banística, os profissionais surpreenderam no efeito estético
dado à Casa Rex, escritório de design gráfico, localizado na
capital paulista.
O estúdio ocupa uma casa antiga, que tinha três necessi-
dades de mudança: a fachada, o estúdio e a exposição dos
trabalhos. Para dar a cara nova, primeiro, parte da residência
foi despida: a massa que revestia as paredes foi retirada, re-
velando a estrutura e os diversos tipos de tijolos. A escada
também perdeu o revestimento e ganhou um toque rústico
nas laterais. Paredes foram demolidas e um percurso interno
foi criado. O material da fachada é inusitado. O gabião - ma-
lha de fios de aço utilizada para contenção de terra nas es-
tradas - foi preenchido com pedras arenito vermelho e brita
cinza, o que deu o charme pré-histórico à construção.
Na área de trabalho, um pé direito duplo, encabeçado pela
sala da diretoria, e uma estante feita de pré-moldados para
canalização de córregos. Ali, 50 funcionários podem botar a
cuca para funcionar e deixar o lado criativo fluir, inspirados
por uma chuva de pendentes. Na recepção, a área de expo-
sição aproveita a o trecho demolido e expõe os elementos
construtivos originais do prédio. São 600 m2 usados como
cartão de visitas do estúdio. A brancura também reside na
Casa REX. Caminhos com pintura epóxi branca foram deixa-
dos ao longo de todo o estúdio. As pedras nas bordas finali-
zaram a composição.
Para Fernando Forte, sócio e arquiteto do FGMF, o projeto
permitiu o discurso do reuso. “O projeto da Casa REX foi uma
excelente oportunidade para testar em escala interessante o
uso de materiais e técnicas normalmente utilizadas na infra
estrutura. O aspecto robusto dos materiais, aliados a uma
estética particular desse projeto, teve excelente custo be-
nefício e um resultado de personalidade forte, expressando
a identidade do escritório de design gráfico”.
A inovação e a arquitetura autoral deram a identidade que a
empresa já expressava nos trabalhos. A partir do contras-
te e com a escolha de técnicas e materiais que não se veem
em larga escala por aí, o que se viu depois de pronta foi uma
obra que valoriza o existente e não deixa que a funcionalida-
de atropele a estética. Os dois pontos trabalharam juntinhos.o Que JÁ existiA, mas estava escondido, foi colocado às
claras. A escada e as paredes da área de entrada foram despi-
das, deixando os tijolos à vista.
CE NÁR IO
63
A FAcHAdA JÁ
mostra a que o
projeto se propõe,
com a alternância
de dois tipos de
pedra, sustentadas
por fios de aço.
o pé-direito duplo deixa espaço
de sobra para as cabeças pensarem.
Por falar em espaço, dá para guardar
tudo nesta estante - são 60 m2.
os cAminHos leVAm
ao suprassumo da
ousadia. A brancura do
piso em contraste com a
rusticidade das pedras.
PEGADA DRAMÁTICA
Po r tá t i l a pe re i ra fo to s d i v u l ga çã o
La b o ra tó r i o c r i a t i vo s e a p ro p r i a d e l e ga d o d e A l exa n d e r M c Q u e e n e d e i xa a i m ag i n a çã o f l u i r p o r
to d o s o s ca n to s d o d é co r
66
ALExANDER MCqUEEN INSPIRA. Aliás, sempre inspirou.
Ousado, gostava de causar e, com esse ímpeto que desa-
fiava o já existente, ele marcou época. Mesmo não estando
mais vivo, não é difícil encontrar suas ideias “contaminan-
do” – positivamente, é claro – o universo criativo. A Scho-
ol/SS99 surgiu com essa pegada e até o nome vem de Mc-
Queen: os fundadores basearam-se no memorável desfile
Spring/Summer de 1999 do estilista, no qual moda, tecnolo-
gia, direção de arte, design se fundiram numa batida perfeita
e trouxeram essa filosofia para “dentro de casa”.
A School/SS99 é uma laboratório criativo multidisciplinar
que reúne Direção de Arte, Design Digital, Fashion Photo-
graphy e Design de Interiores e os profissionais imprimiram
uma decoração estilosa e cheia de conceito. Contradizendo
o famoso ditado popular, naquela casa de ferreiro, o espeto
não é de pau. Prova disso é que os serviços oferecidos aos
clientes se refletem na própria decoração do lugar e, detalhe,
os próprios sócios assinaram o projeto.
Com a ajuda de pastilhas, o chão ficou pixelizado. E é do piso
que vem uma combinação usada por todo o canto: o imba-
tível P&B. Pontos dourados dos objetos de decoração e até
no cartão do estúdio completaram o composé estiloso. A
casa de década de 50 tornou-se uma opulenta mansão, or-
namentada com o luxo em suas mais variadas formas – do
tradicional ao contemporâneo. A partir da tela branca, foram
acrescentadas pinceladas ecléticas.
Os proprietários não quiseram fazer nada pela metade, por
isso, foi preciso garimpar mundo afora. Muitas das preferên-
cias dos donos não existiam no Brasil e o jeito foi buscá-las
CE NÁR IO
não esQuecerAm nem dos cartões! Luxo em forma
de ouro até no papel.
no locAl de trABAlHo, inspiração para todo o lado com as revistas dos segmentos
do laboratório expostas. E até sentar tem que ser com estilo: as mentes criativas têm
cadeiras Louis Ghost, de Philippe Starck. A mesa não fica atrás: é uma antiga Luís XV.
lá fora. Itens como torneiras, maçanetas e até chaves de ouro
foram importados de Londres. O escritório desenvolveu pe-
ças exclusivas para o projeto que conta também com objetos
de design assinados, como as cadeiras Eames, Philippe Star-
ck, Studio Badini, Selab e outras mobílias de outros países.
A visão cosmopolita não se restringe aos materiais e pe-
ças decorativas. Ela também se aplica às ideias. Viajados e
com um conhecimento global, os responsáveis pelo projeto
trouxeram um tiquim do mundo para o espaço do escritório.
No hall principal, por exemplo, tijolos com padrão de azulejos
brancos cobrem uma parede, uma ideia captada de uma es-
tação de metrô de Nova York. Mais uma encomenda especial
que precisou ser importada. Como resposta, um cliente já
pediu a mesma aplicação em seu escritório.
Clássico e moderno passeiam juntos, cada um em doses
perfeitas. E aquela pitada vintage também diz “presente”!.
Por isso, não se surpreenda ao encontrar uma vitrola anti-
gona, um telefone – daqueles que tinha que dar uma voltinha
até o número, lembra?! –, um simpático armário de farmácia
repaginado, ou, ainda, uma geladeira arredondada – preta!
– lá das décadas de 50 e 60. Tudo com a companhia de um
piano branco para não destoar a combinação.
A dramaticidade percebida lá no épico desfile de McQue-
en caiu como uma luva em toda a proposta, da filosofia da
empresa ao que foi apresentado no décor do escritório. Com
o resultado final, a genialidade fica por conta da decisão de
usar a própria sede da empresa como um cartão de visitas,
muito pomposo, por sinal.
67
o piAno de cAudA, um Diederichs & Freres da Rússia criou um estilo de intencional extravagância, ajudado por tapetes de pele. As pastilhas no piso
parece que foram colocadas intuitivamente. A opulência segue pelo mobiliário. O sofá Chesterfield em capitonê é casado com a mesa de café com aquela
pitada chique: as pernas são de ouro!
o BAnHeiro não poderia fugir da temática. Só que o pano de fundo foi inverso:
no lugar da predominância do branco, vem o preto, sem perder o encanto. E olha o
ouro ali, na maçaneta, nas torneiras, nos detalhes.
A entrAdA JÁ é convidativa. Iluminação
intimista já mostram aos clientes – ou
meros admiradores – o que vão encon-
trar lá dentro.
68
MAIS INTERAçãO, POR FAVOR!
Po r tá t i l a pe re i ra fo to s An a G a l a n te
N u m a o l h a d a p e l o p o r t fó l i o d a Agê n c i a WE , vo cê e n te n d e rá p o rq u e a e s t r u t u ra f í s i ca d o e s c r i tó r i o é a s s i m
CE NÁR IO
69
ELES qUERIAM qUE a parte física fosse condizente com a
filosofia da empresa, o que era difícil antes: o trabalho de criar
era feito em um pavimento de um edifício comercial, aquele
aperto só. Agora, a casa nova tem espaço, funciona em um
galpão de uma antiga escola, na Vila Olímpia, São Paulo. O
projeto é da Mila Strauss Arquitetura e, em apenas 3 meses,
apresentou as soluções que os proprietários da Agência WE
precisavam.
À disposição estão 1500 m² de área, divididos em três pa-
vimentos, distribuídos conforme a necessidade do trabalho.
As salas de reunião e o financeiro ficam no térreo e para os
minutinhos de descanso, no mesmo local, fica um café com
um lounge, integrado ao jardim. Por ali, é possível receber
clientes e realizar eventos.
O primeiro andar é para o trabalho duro, onde ficam as salas
dos sócios, de reunião e a mina de ideias, ou melhor, o espa-
ço de criação – com uma equipe de 100 pessoas. A inspira-
ção industrial está ali, presente. Em alusão a isso, duas das
salas de reunião ficaram suspensas, como contêineres – o
que dá ajuda no apelo visual do galpão. O topo do prédio foi
definido como sala vip com área externa.
A mudança estrutural possibilitou também uma alteração na
forma de trabalho. Na antiga agência, os funcionários preci-
savam se espremer em salas fechadas e aí o entrosamento
e a interação não eram quesitos levados muito ao pé da letra.
O conceito open space abriu essa janela para que o contato
também se transformasse em uma ferramenta criativa.As escAdAriAs mArcArAm pontos de cor na agência. Mesmo com a predominância do
branco e do cinza, esses tons básicos serviram de pano de fundo para cores fortes
A pArte externA é bem convidativa: bastante verde e peças
estilosas para admirar
70
Nem tudo o que era escola antes foi desfeito. A cobertura
original, estruturas e paredes são os mesmos. A iluminação
do open space também, mas foi complementada com pen-
dentes. Lâmpadas fluorescentes presas em eletrocalhas de-
ram luz aos demais ambientes. Os móveis, em sua maioria,
não são novos: foram reaproveitados ou reformados.
A definição da paleta de cores partiu de um ponto bem in-
teressante: os tons escolhidos vieram direto do portfólio da
agência – para que o cliente já entenda o que a empresa faz
ao botar o pé para dentro. A liberdade espacial aumentou a
metragem e tirou de trás da cortina a personalidade da WE.
nA sAlA de reuniÕes, as cadeiras Bertoia foram as eleitas para
acomodar os convidados. Para iluminar, lâmpadas fluorescentes
CE NÁR IO
no térreo, o piso é de grama sintética – uma extensão da parte
externa da agência
71
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S ej a b e m v i n d o à re s i d ê n c i a d a c r i a t i v i d a d e . Co n h e ça a m u s a i n s p i ra d o ra , o u m e l h o r , ca s a i n s p i ra d o ra d o s p a l a d i n o s d a c r i a çã o
74
CE NÁR IO
IRREVERENTE, SEM DEIxAR de ser sério. Além do papel de
parede de uma das maiores cidades do mundo, Nova York,
ali fica estampado o esforço de gente que trabalha, mas não
deixa de se divertir. E já que estamos falando na metrópole,
muitas são as semelhanças entre a cidade que nunca dorme
e o QG da Editora DFP.
A decoração idealizada por eles e condensada por ela, a ar-
quiteta Andrea Coelho, representa todos os estilos dos pro-
fissionais que ali trabalham, como se fosse uma capital que
abriga povos distintos, mas cidadãos fiéis a uma mesma
cidade. “Essa faixa contínua que passa, integrando todos os
espaços apesar de eles serem completamente diferentes,
dá uma unidade visual, então você enxerga uma empresa in-
teira, trabalhando com módulos separados”, explica Andrea.
O cinza, que compõe a faixa e se dispõe por toda a área, não
é chato como se imagina, e desempenha papel importante
para os colaboradores: Quando estão apilhados de jobs ou
reportagens, é na sua serena tonalidade que encontram o
equilíbrio. O contraponto fica por conta das cores primárias
que estabelecem pontos de cor estratégicos no grande cin-
za do espaço.
Única e suficiente é a parede amarela que promove a alegria
em complemento com a calmaria. O efeito que o amarelo
provoca nos mais desmotivados, se estende mais forte, mas
ainda divertido, nos criados-mudos agachados embaixo de
algumas mesas, em pontos estratégicos. “Eu gosto muito da
ideia, eu acho que tem tudo a ver com criação, essa questão
do espaço jovem”, legitima a arquiteta.
Não é só nos trabalhos de publicitários, jornalistas e direto-
res que a ousadia é presente. É na cozinha, e em forma de
geladeira, que o vermelho contrapõe toda a responsável
obrigação de lavar uma louça que o preto do mármore dita.
É nos aéreos que o charme fica, junto com cereiais, armaze-
nado para ser descoberto num abrir de portas estiloso, mas
discreto, como o cinza que predomina.
Apesar de estarem abaixo, os aparadores não são menos
importantes. Eles guardam tudo, desde clipes até influên-
cias, demonstrando sua seriedade na forma de pegadores
de alumínio. E se formamos uma metrópole no interior de
uma Editora, temos uma prefeitura, certo? Errado, o lugar
onde decidimos o futuro de textos e logotipos é uma mesa
redonda e azulada de credibilidade, sem essa besteira de
hierarquias e formalidade. Aqui, a única ditadura é a da cria-
tividade!
76
ALMA ExPOSTA Po r J u l i e Fa n k fo to s s é r g i o s a n d e r s o n
D e s ca s ca r e d e s co b r i r é a o rd e m – va l o r i z a r o q u e h á p o r t rá s d a s e s -t r u t u ra s p o d e reve l a r e l e m e n to s q u e rev i go ra m u m p roj e to
77
CE NÁR IO COM E RCIAL
TIRAR A CASCA AqUI exige mais do que ferramentas. Exi-
ge sensibilidade e paciência muita. Uma obra que pede olhar
apurado para prever problemas antes que eles possam sur-
gir exige experiência – e experiência muita também. Os
quesitos não são problemas para Andrea Coelho, arquiteta
responsável por dar nova forma a uma loja de móveis no co-
ração de Cascavel. O prédio, que hoje divide espaço com uma
farmácia, já foi um restaurante e ficou abandonado por um
tempo. Hoje, empresta sua antiga estrutura de madeira para
um projeto que encanta corpo e alma.
E por falar em corpo – se a estrutura pronta precisava de
uma nova cara, antes, era necessário despi-la para saber o
que de fato se tornaria material para o projeto: “Quando nós
chegamos lá, havia quase uma estrutura hospitalar: forro
de pvc, azulejo branco, paredes revestidas. A gente não ti-
nha exatamente noção do que tinha ali atrás. Ele foi locado
porque o ponto era bom.”, conta a arquiteta. Depois do “des-
manche”, é que foi possível impulsionar o projeto, a partir
do que o prédio oferecia. O desafio era não demolir nada de
estrutura – para não afetar o vizinho. Daí, vieram as solu-
ções que ambientariam o espaço posterior com a estrutu-
ra pronta: um piso de concreto queimado, manutenção das
tesouras em madeira (pintadas de branco) e uma fachada
independente para tampar o barracão anterior.
O prédio, que veio sofrendo intervenções, mesclava estru-
turas de diferentes tempos: a de madeira inicial permaneceu,
na entrada e na garagem, outros dois tipos de estruturas
metálicas tiveram que ser mantidas. A questão é: não se-
ria mais fácil demolir? A coerência responde essa questão:
“Para mim, seria muito mais conveniente, porque eu faria
tudo do meu jeito. Tem coisas que, como arquiteta, me inco-
modam profundamente, mas talvez essa não fosse a melhor
solução para o meu cliente. O bom profissional consegue
se adaptar a diferentes situações. Você não mede um pro-
fissional pela quantidade de problemas que aparecem, mas
pela quantidade de problemas resolvidos.”, reflete a arquite-
ta. Há ainda um fator determinante: a relação custo-tempo –
“principalmente quando um imóvel não é próprio – o que se
vê em grande parte das situações de arquitetura comercial”,
explica Andrea. O tempo, nesses casos, é fator preponde-
rante e somente as decisões rápidas podem economizá-lo:
“São decisões simultâneas, faz isso, faz aquilo, muda aqui,
vai lá. Esse projeto foi sendo mudado constantemente até a
o BAnHeiro púBlico é pautado nas ques-
tões de acessibilidade. Apesar da pia aberta,
a exposição não é agressiva.
79
é qUEM DECIDE POR LIVRAR espaços dessas
máscaras e maquiagens só poderia ser autêntica.
Andrea Coelho é curitibana de nascimento e for-
mação, mas escolheu a cidade de Cascavel para
se firmar no mercado de arquitetura. Com uma
graduação na UFPR e pós-graduação em História
da Arte, Crítica e Estética, saiu da capital para pro-
tagonizar obras e feitos por aqui. Além de ter lecio-
nado nos cursos de design e arquitetura da FAG, foi
sócio-fundadora da extinta FENARC e da, também
extinta, Sociedade de Arquitetura de Cascavel.
Quando chegou à cidade, havia, no máximo, uns 4
escritórios de arquitetura. Hoje, no turbilhão de es-
critórios e da leva recheada de profissionais recém
formados, identifica um mercado fértil, com pontos
saturados, mas uma fatia inteira carente: “Quando
as pessoas se formam, todo mundo quer fazer a
mesma coisa. A gente tem um segmento inteiro aí
para ser preenchido e esse pessoal tem que ser di-
luído por todo o setor. A área de urbanismo aqui, por
exemplo, é uma página em branco. Faltam escritó-
rios atuando fortemente na área de planejamento
urbano, soluções urbanísticas. Paisagismo é outro
setor tímido.”, observa. Interiores e empresas dão
mais visibilidade ao portfólio e, há mais de 20 anos,
quando não existiam fornecedores e soluções ade-
quadas, era hora de fazer bonito em casas e lojas. O
sucesso da arquiteta, queridinha entre exigentes e
antenados, é explicado por esse trabalho de formi-
guinha, feito ao longo de todo esse tempo. Mesmo
sem ter uma área de atuação predileta, é, sim, no
hall de casas de pompa e empresas dos melhores
pontos, que encontramos sua assinatura – sinal de
que quem ainda estiver disposto a preencher essa
fatia de mercado tem um longo trabalho pela frente
e uma competidora de nome e muito bom gosto.
A ARTISTA POR TRÁS DA NOVA FORMA
gente conclui-lo. Não houve um projeto. Tem um projeto ini-
cial e um produto final – ele foi sendo adaptado.”, comenta.
Em uma situação do passado, o dono demoliria a constru-
ção e aproveitaria o terreno, mas a proposta de reaprovei-
tamento e conscientização tem atraído adeptos. Para os
arquitetos, um desafio: na arquitetura comercial, é o produto
que tem que aparecer, não a loja. “E aí entra uma questão
de ego, um problema para todo profissional da criação.”,
provoca Andrea. E por falar em ego, há aquele projeto que-
ridinho que, de alguma forma, reflete a identidade artística
do profissional? “O último projeto é sempre o mais queri-
do, talvez por ainda estar na memória.”, tangencia Andrea.
Conhecer projetos que, de tão sensivelmente executados,
refletem necessidade do cliente e perfil do arquiteto na pro-
porção ideal faz a gente pensar que arquitetura é coisa de
alma mesmo – quase um bater de santos, muito antes do
primeiro martelo.
CE NÁR IO COM E RCIAL
As tesourAs não po-
deriam ser tiradas por se
conectarem ao outro lado e
segurarem todo o telhado.
A opção foi fazer gesso e
deixá-las aparentes.
82
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8
84
“nos próximos Anos vamos ver acon-
tecer com o design o que aconteceu com a
indústria da música.”
85
A falta de alternativas criativas transformou o arquiteto em
designer. Maurício Arruda talvez tenha levado em considera-
ção o ditado popular de Se quer bem feito, faça você mesmo.
E ele fez. Fez tão bem feito que, hoje, o paranaense – e um tal
de José – tem reconhecimento internacional. Recebeu convi-
tes da Bélgica, para expor no Flanders Gallery, e da Inglaterra,
para mostrar irreverência no The Gallery at the civic. Pauta
com prioridade a sustentabilidade na agenda e carimba sua
marca registrada com humor. Por vezes, com o selo copyleft.
Copy o quê?
Selo Copyleft. Quer dizer que a peça não possui direitos auto-
rais reservados e suas cópias – sem fins lucrativos, que fique
avisado aos espertalhões – é estimulada. E o que isso tem
a ver com pirataria? Tudo. “Nos próximos anos vamos ver
acontecer com o design o que aconteceu com a indústria da
música”, justifica Maurício. Segundo o designer, com a aces-
sibilidade das impressoras 3D, “poderemos fazer download
de design e, além disso, remixá-lo”. Maurício também atribui
a isso uma mudança de paradigma que estamos sofrendo: o
consumidor participa mais do resultado final da peça, se tor-
nando o que ele denominou de “prosumidor”.
E se a questão ambiental é tratada com espirituosidade nas
peças de Maurício, é porque não se trata de tendência, mas
ideologia. Além da especialização em Construções Susten-
táveis, Maurício colaborou com a Agenda 21, um instrumento
para o planejamento do desenvolvimento sustentável, justo
e, ao mesmo tempo, econômico da sociedade. “Acho que
essa capacidade de transformar o ordinário em extraordi-
nário é uma característica do meu trabalho e do design bra-
sileiro contemporâneo”, caracteriza Maurício, voltando-se
principalmente à escolha dos materiais de reuso, que confe-
rem significado ao seu trabalho e foram impulsionados pela
industrialização atrasada no país. As características desfa-
voráveis da nossa indústria também o motivaram a pôr as
mãos na massa, ou melhor, a adotar as técnicas manuais de
produção.
E aquela carência, a criativa, ainda existe? De tal maneira,
que o designer de produto se tornou tão importante quanto
a arquitetura no estúdio de Maurício “tamanha a demanda
do mercado”. Mas não é a demanda que mantém o nome do
londrinense no mercado, ou melhor, na feira. Já que foi lá, nas
feiras mesmo, que ele se inspirou para criar a Linha José, uma
série de móveis ícones de seu trabalho, feitos com caixas
coloridas de plástico e muito talento. José é uma espécie de
porta-voz de seu criador, que em seus “pronunciamentos”,
em salas de estar, promove a sustentabilidade em discursos
bem humorados e descontraídos.
A brasilidade é expressa de tal forma nas criações de Maurí-
cio, que sua reação de identificação será instantânea quando
bater os olhos numa delas, como a Poltrona Rede ou a pró-
qUANDO O TALENTO ESTÁ PRESENTE, OS DIREITOS NãO PRECISAM SER RESERVADOS E n te n d a o t ra b a l h o d e M a u r í c i o Ar r u d a , s a i b a o p o rq u ê e l e p ro -m ove a có p i a d e s e u s p ro d u to s e d e s c u b ra q u e m é J o s é
Po r r i ca rd o po h l fo to s Fra n pa re n te
E SP E L HO
“ N ã o s o u co n t ra a i n d u s t r i a l i -
z a çã o . Po r o u t ro l a d o , o p ro -
ce s s o d e co l e t a r e re u t i l i z a r
m a té r i a n ã o - p r i m a fa z p a r te
d a i d e n t i d a d e d o m e u e s t ú d i o
e i n d u s t r i a l i z a r e s s e p ro ce s s o
é co m p l exo . ”
86
pria Linha José. Criar uma identidade cultural num país do
tamanho do nosso não foi nada fácil, mas Maurício obteve
tamanho sucesso que suas peças expressariam brasilida-
de até numa residência da República Tcheca. Falando nisso,
não estranhe caso aviste uma peça dele por aí, tipo, em Pra-
ga, porque esse tal de José representou tão bem o Maurício,
que agora ele vai desenhar para a Ikea, um grupo presente
em mais de 30 países e conhecido por comercializar móveis
funcionais, com um design bacanudo a preços xuxu beleza.
Com relação à produção de larga escala, Maurício faz ques-
tão de enfatizar “Não sou contra a industrialização. Por ou-
tro lado, o processo de coletar e reutilizar matéria não-prima
faz parte da identidade do meu estúdio e industrializar esse
processo é complexo”. Porém, nesse mundo, ele se sai muito
bem. Prova disso, é a Flúor, luminária com estrutura fabrica-
da pela indústria e finalizada pelo consumidor, que a com-
pleta com lâmpadas fluorescentes queimadas, se tornando
agente reciclador e prosumidor.
E se você come no quarto e dorme na cozinha, não se preo-
cupe. Essa situação, em que as atividades estão se mes-
clando em todos os ambientes, faz parte do contemporâneo,
e segundo Maurício, por essa razão “A casa de hoje deve ser
organizada por atividades e não por áreas”. Isso que dizer
que posso comprar aquele rack de passar roupa na cor mog-
no com rodinhas súper prático? Não, amigo leitor, por favor,
não. Isso pressupõe, nas palavras de Arruda “espaços e mó-
veis interativos, nos quais o usuário define onde e como irá
usar”.
O designer que já lecionou em instituições como Instituo
Europeo di Design (IED) e na Escola Panamericana de Arte
aconselha: “Precisamos nos cercar de nossos objetos pes-
soais, nossas memórias para construir uma casa que conte
nossa historia. Essa relação mais subjetiva com a casa é que
faz dela nosso lar, nosso ninho. E não a configuração de sua
planta. Não acho que essa integração que vivemos hoje te-
nha a ver com modismo. Acho um caminho sem volta”. Ainda
que a condição de realizar várias atividades em vários luga-
res da casa pareça muito estressante para alguns, para ou-
tros, isso é produtivo de tal forma, que conseguem unir duas
coisas gostosas numa melhor ainda: como sentar no sofá
e fazer companhia para quem, antes, cozinhava sozinho. É
nessa proposta que Maurício não só no design, mas também
na arquitetura, propõe integração – o que faz parte de uma
nova comunicação do morar – do Maurício e de todo mundo.
Colocar em xeque questões tão simples de uma maneira tão
bonita implica que Maurício e toda leva seleta de sua gera-
ção conseguem assimilar como uma sociedade, carregada
de questões cruciais, se relaciona com os espaços, trans-
formando esses entendimentos em símbolos de reconhe-
cimento de Josés, Joãos, Marias e tantos outros brasileiros.
E SP E L HO
“ A ca s a d e h oj e d eve s e r o r ga -
n i z a d a p o r a t i v i d a d e s e n ã o
p o r á re a s . ”
A mesA House of Cards, desenhada por
Maurício Arruda, em projeto também dele.
88
A g u i a s ú p e r d e s co l a d a F l av i a L i z D i Pa o l o co n t a p a ra a ge n te q u e m s ã o o s a r t i s t a s d e r u a q u e vã o b o m b a r o u j á e s t ã o b o m b a n d o l á p a ra a s b a n -d a s d e s a m p a
VOz AO GRAFITE
SK E TCH MAP
BioFA
A arquitetura das cida-
des, as cores, as for-
mas geométricas, os
desenhos animados e
o grafismo em si são as
referências-base para
criação de seus per-
sonagens. Ilustrador,
publicitário, artista grá-
fico e plástico nascido
na zona norte, berço do
grafite contemporâneo,
Biofa começou aos 15
anos e não parou mais.
BoletA
Ele é o grafiteiro que tem mais obras no
Beco do Batman (referência do grafite
na Vila Madalena em São Paulo). É um
artista que vem da pichação e começou
em 1994, no bairro da Moca. Tem como
principais influências a tatuagem e a
psicodelia e usa como principais temas
a espiritualidade e a natureza. Foi o
primeiro grafiteiro do Brasil a pintar com
estilo orgânico e a o primeiro a retratar
a floresta amazônica.
Confira o vídeo
sobre o livros “Co-
res e formas do
meu Brasil” produ-
zido por Biofa:
89
rui AmArAl Criador do Bicudo, personagem que está no painel permanente no Túnel
da Paulista. Criou também os ETs, os híbridos, os seres do espaço e os
seres terrestres. Recentemente tem se apropriado do espaço de uma
forma mais lúdica no olhar, a exemplo de uma empena grafitada num
prédio da Paulista. É artista plástico multimídia, ativista cultural, tem 51
anos e é paulista. É um dos pioneiros do movimento do grafite brasileiro.
Formou um dos grupos que mais agitou o circuito artístico paulista, o
Tupinãodá, cujos integrantes foram os primeiros a grafitar à luz do dia.
Sofreu perseguições da polícia, chegando a ser preso várias vezes e
processado criminalmente pela prefeitura de São Paulo.
Trabalha com desenho animado, pintura, webart, instalações. Já expôs
na Pinacoteca do Estado, MAC, MIS , Funarte, MAP, Paço das Artes. Par-
ticipou da Trama do Gosto e de três mostras paralelas na Bienal Interna-
cional de São Paulo. Possui trabalho no acervo do MASP. Formado pela
FAAP em artes plásticas, fez parte de uma época denominada geração
80, considerada um dos maiores expoentes do grafite brasileiro, que co-
meçava a invadir Bienais, museus importantes e galerias. Atualmente
tem se dedicado à sua produtora multimídia, a Artbr, pioneira em con-
teúdo para banda larga no país, coordena projetos de arte e educação
voltados a valorização da cidadania junto às comunidades carentes das
periferias das grandes cidades.
mundAno
Conhecido por ser ativista do grafite e da reciclagem, imprime
suas marcas em São Paulo e no mundo por meio de manifesta-
ções criativas que borram as fronteiras da tradicional intervenção
artística urbana para ações coletivas de engajamento social. É re-
conhecido por seu grafite “papo reto”, no qual o impacto dos con-
teúdos propagados é latente e ao qual se soma uma certa autori-
dade estética – o que o transforma em porta-voz da sociedade.
JAime prAdes
Um dos precursores do Beco do Batman, criado em 1983. Tem 55 anos,
fazia parte do grupo Tupinãodá e criou vários personagens que vende no
formato de escultura a preços variáveis. Ultimamente, tem trabalhado com
material reciclado, tanto madeira como ferro e plástico. Tem um livro publi-
cado com sua obra.
90
Sua empresa bem orientada por quem conhece do assunto
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CASCAVEL -PRAvenida FAG, 205 | Bairro FAGCEP 85806-096 | Fone (45) 3222 7860
MARINGÁ - PRAvenida Duque de Caxias, 882 - 8º Andar | Novo CentroCEP 87020-025 | Fone (44) 3262 1595
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AN
CO
LIM
A
91
F L ÁV I A L I z
Ninguém fica
perdido perto
da personal
guide Flávia
Liz. A viaja-
da paulista
oferece um
turismo de
ex p e r i ê n c i a
singular em
lugares onde poucos passaram em São Pau-
lo. Ela apresenta ao visitante a arte contem-
porânea, arquitetura, moda, design, arte de
rua e favelas da cidade, tudo de forma per-
sonalizada. Além dos lugares inusitados, os
passeios reservam um conteúdo multicul-
tural – cheio de gostosas surpresas no ca-
minho. É dela o dedo que aponta para 5 dos
artistas de rua que você tem que conhecer.
P ON TO . COM + COL ABOR AD OR E S
P ro f i s s i o n a i s a n te n a d o s q u e d e ra m a q u e l a m ã o z i n h a n a Co n s t r u ArCH # 0 0 5
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NÃo É sÓ de ReVIsTa Que VIVe a ReVIsTa
C L A U D E M I R
H AU P T M A N N
O jornalis-
ta Claudemir
H a u p t m a n n
acabou de en-
trar para o time
– e trouxe con-
sigo uma ampla
bagagem. Ele
atua no jorna-
lismo desde os anos 80, passando por jor-
nais, revistas, portais de notícias, TV e rádio.
Veio escrever sobre o que, para ele, é a arte
de humanizar espaços: a arquitetura. Com as
palavras, quer transmitir o aconchego que
uma casa precisa ter. É dele a matéria sobre a
mão de obra na construção civil, entre outras
reportagens.
C A R L O S
SA L A M A N C A
O arquiteto e
urbanista Car-
los Salamanca
tem sede pelo
diferente. E é
assim desde
sempre. Com
um detalhe
aqui, outro ali
ele deixa as obras nas quais se envolve com
a cara do dono, mas com sua assinatura im-
plícita. Ligado em tudo o que surge de novo
na área mundo afora, ele traz para o interior
métodos construtivos sustentáveis e, claro,
bonitos que só. Conhecido na região por tra-
zer os contêineres para a cidade, foi ele quem
explicou a tendência na seção Bate-papo.
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1. Baixe o aplicativo (QR DROID para Androids e QR READER para apple);
2. Abra o aplicativo e aponte a câmera para o QR CODE;
3. Você será redirecionado para a página com o conteúdo.
4. Leia, assista ou veja e divirta-se!
Se você viu um monte de escritórios criativos por aqui, espere só para
ver o que você vai encontrar no nosso site. Garimpamos entre os me-
lhores projetos, aqui e no mundo, escritórios para deixar a parte chata
da vida de lado. Confira lá!
Nos bastidores da produção da revista, rolam várias surpresas e ideias
paralelas. Você não pode deixar de nos acompanhar! Dá uma olhada no
que temos feito!
Confessa para a gente! Você não passa um turno sem bisbilhotar o
que anda acontecendo nas redes sociais, né?! A gente sabe! E por isso
preparamos com todo o cuidado um conteúdo exclusivo para você nos
acompanhar por lá!
@construarch
/revistaconstruarch
Para quem viu em algumas matérias um quadradinho branco para ser
“decifrado” pelo celular e não sabe o que é, a dica: eles são chamados de
QR CODEs e, ao serem identificados pelo leitor do celular, te direcionam
para o conteúdo online complementar à matéria. Tudo para deixar sua
leitura ainda mais dinâmica.
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R. São Paulo, 735
Cascavel - PR
(45) 3038-3234
www.decoracoesmarisa.
com.br
desmoBíliA
Avenida São Gabriel, 481
Curitiba - PR
(41) 3072 6827
www.desmobilia.com.br
eduArdo pArAnHos ArQuiteturA e cons-trução
Rua Antonina, 2027
Cascavel - PR
(45) 3306 0353
www.eduardoparanhos.
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estAr móVeis
Rua Jurubatuba, 362
São Bernardo do Campo
– SP
(11) 4125 7743
www.estarmoveis.com.
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Brasília, DF
(61) 3347 4327
www.esquadra.arq.bretnA
www.etna.com.br
eVViVA Bertolini
Rua Minas Gerais, 2296
Cascavel – PR
(45) 3038 9001
www.evviva.com.br
FAculdAde Assis GurGAcz
Avenida das Torres, 500
(45) 3321 3900
www.fag.edu.br
FernAndA scHerei-Ber JoiAs AlternA-tiVAs
Rua Riachuelo, 1949
Cascavel – PR
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FinGer
Rua Pernambuco, 1719
Cascavel - PR
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Rua Mourato Coelho, 923
São Paulo - SP
(11) 3032 2826
www.fgmf.com.br
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(11) 2626 0495
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Rua Afonso Pena, 1854
Cascavel – Paraná
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Cascavel - PR
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BAT E - PAP O
U m p a s s o p a ra a i n d u s t r i a l i z a çã o d a co n s t r u çã o c i v i l
contêiner, Volume, caixa metálica e, até mesmo, equipamento. São inúmeras as descrições para este recipiente
conhecido popularmente por transportar cargas pelo mundo todo. Essa caixa foi criada em 1937 pelo caminhoneiro
Malcon Mclean e considerada por muitos estudiosos e economistas a maior inovação ocorrida no comércio mun-
dial, por se tornar um facilitador do transporte de produtos e cargas. Ela é eficiente por se adequar aos diferentes
modais de transporte e se torna mais uma vez vanguardista na exploração de seus usos: ela deixou de ser vista
somente nos portos e navios.
O contêiner passou a ser destinado aos mais diversos fins e ganhando força na área da construção civil. Um exem-
plo claro é o projeto denominado de Container City, criado e iniciado em 2000 na Inglaterra: levou cinco meses
de obra utilizando 20 contêineres. O resultado foi um complexo criado para promover o comércio e diluir o tempo
da construção, hoje, é espelho para outros países. Tanto o uso quanto a tipologia são diferenciais desse projeto, o
que o caracteriza como uma solução tecnológica para se promover uma habitação e comércio acessível, de design
moderno e porta-voz da sustentabilidade para problemas sociais e ecológicos. Outros exemplos figuram nesse
conceito: desde abrigos, sejam eles improvisados, para suprir a demanda de habitações em países que sofreram
desastres naturais, seja na utilização para museus itinerantes. O que já foi popularizado nos outros países está to-
mando força no Brasil, numa espécie de industrialização da construção civil.
Com o expoente crescimento do mercado da construção civil e com a busca de novos materiais e tecnologias, o
contêiner vem se destacando, não somente pelo conceito, mas também pelas possibilidades da utilização das es-
truturas com base nas estruturas metálicas. Em uma época na qual tempo significa dinheiro, e os construtores/
incorporadores estão reféns de mão de obra, a busca por materiais e serviços industrializados reforça a ideia de se
diluir o tempo da construção, buscando recursos e tecnologias para se promover obras melhores e mais susten-
táveis. Entre as vantagens da utilização desse recurso, estão, além do baixo custo, do fácil transporte e do curto
prazo, uma diminuição dos resíduos, do custo de mão de obra bruta e uma flexibilidade construtiva. A reutilização
de contêineres em desuso, a valorização do design e a utilização de estruturas sólidas tornam sua utilização ainda
mais atrativa.
Todos estes itens são importantes, e visa promover ainda mais discussões sobre compatibilização de projetos e
engenharia simultânea, fazendo com que cada vez mais projetos bem elaborados façam a diferença na hora da
construção, economizando tempo e recurso. Tais projetos se tornam fundamentais para se resolver e promover
soluções técnicas e práticas para garantir conforto térmico, acústico e estrutural nessas edificações.
De maneira geral, essa popularização dos contêineres na construção civil e no mercado brasileiro visam a promover
o uso, mas também a necessidade de novas modalidades construtivas, na busca por obras mais inteligentes, que
reflitam o pensamento atual, da busca por tendências inovadoras e de produtos melhores, não somente para os
usuários, mas para a cidade em geral.
cArlos sAlAmAncAé arquiteto na Salamanca Arquitetura. Conhecido na região por protagonizar obras utilizando contêineres, recentemente foi responsável pelo projeto arquitetônico da Casa Foz Design.
Po r ca r l o s s a l a m a n ca
CONSTRUçõES EM CONTêINER