18

Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a
Page 2: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

GIRAMUNDO: uma história de títeres e marionetes

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Elaine Schmidlin

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Giramundo: uma história de títeres e marionetes / Instituto Arte na Escola ;

autoria de Elaine Schmidlin ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa

Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 121)

Foco: FE-A-2/2006 Formação: Processos de Ensinar e Aprender

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-7762-001-8

1. Artes - Estudo e ensino 2. Teatro de bonecos 3. Giramundo I. Schmidlin,

Elaine II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

Page 3: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

DVD

GIRAMUNDO: uma história de títeres e marionetes

Ficha técnicaGênero: Documentário apresentando o grupo mineiro GiramundoTeatro de Bonecos.

Palavras-chave: Educação estética; processo lúdico eparticipativo; teatro de bonecos; literatura; música; desenho;experimentação; imaginação criadora.

Foco: Formação: Processos de Ensinar e Aprender.

Tema: A história do grupo mineiro Giramundo, focalizando oteatro de bonecos, a experimentação e as inter-relações entreas linguagens artísticas.

Artistas abordados: Do grupo Giramundo: Álvaro Apocalypse(diretor), Adriana Apocalypse, Antonio Rodrigues, BeatrizApocalypse, entre outros, e os músicos: Sérgio Magnani, TimRescala e Lindembergue Cardoso.

Indicação: A partir da 1ª série do Ensino Fundamental.

Direção: Mariana Tavares.

Realização/Produção: C/Arte Projetos Culturais, Belo Horizonte.

Ano de produção: 2001.

Duração: 25’.

SinopseO documentário apresenta a história do grupo mineiro GiramundoTeatro de Bonecos. Os depoimentos do diretor-fundador ÁlvaroApocalypse e de seus colaboradores, além da divertida partici-pação dos próprios bonecos, revelam os projetos do grupo.Compreendidos em uma dimensão interdisciplinar, os espetácu-los envolvem a construção experimental de bonecos e de suamanipulação, do cenário e da música, em peças voltadas aopúblico infantil e adulto, nas quais questões formais, estéticas epolíticas traduzem poeticamente a cultura brasileira.

Page 4: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

2

Trama inventivaVida tão cheia de encontros! Vida de educador. Encontros coma arte, encontros com aprendizes de arte. Às vezes, o encon-tro é na sala de aula; outras, no mundo do lado de fora. O querepresenta para o educador o seu trabalho? Paixão? Diver-são? Meio ou fim? Para alguns, domina sua vida; para outros,confunde-se com ela. Seja deste ou daquele modo, todo edu-cador tem uma curiosa sensibilidade para o outro. Outro-obra,outro-gente. Assim, de forma muito pessoal, o educador vairenovando saberes, experiências, fazeres educativos em arte.Na cartografia, mirar este documentário no território Forma-ção: Processos de Ensinar e Aprender oferece ao olharpaisagens educativas pintadas com cores vivas por aquelesque, atuando como professor, mediador ou artista-educador,educam com arte para a arte.

O passeio da câmera

Personagens encantados vêm nos apresentar o mundo mágicodo grupo mineiro Giramundo e seu teatro de bonecos, narran-do o seu percurso. Os espetáculos se sucedem apresentandouma diversidade de temas e autores, de poemas a contos, decenas divertidas ou mais picantes, além de inventividade e cri-ação na construção dos bonecos que se apresentam ao longodo documentário.

Alocado em Formação: Processos de Ensinar e Aprender,este documentário possibilita a conexão com muitos outros ter-ritórios, como pode ser visualizado no mapa potencial.

Sobre o grupo GiramundoTeatro de BonecosA gente não leva o boneco. É o boneco que nos leva. Então, até o pró-prio nome do grupo Giramundo é isso, nós somos, vamos dizer, conde-nados, não é? A girar o mundo porque os bonecos nos carregam...

Álvaro Apocalypse (1937-2003)

Page 5: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

material educativo para o professor-propositor

GIRAMUNDO – UMA HISTÓRIA DE TÍTERES E MARIONETES

3

No fundo do quintal, como uma brincadeira, A bela adormecida

(em 1971 e ainda como repertório ativo) se torna um teatro debonecos, composto por Terezinha Veloso e Álvaro Apocalypseprofessores da Escola de Belas Artes da Universidade Federalde Minas Gerias/UFMG e pela aluna Maria do Carmo VivácquaMartins (Madu). Assim, em 1970 nasce o grupo Giramundo,num processo sempre lúdico e participativo.

O segundo espetáculo Aventuras no reino negro (1972), comtexto de Álvaro Apocalypse, traz uma preocupação incomumpara a época: a ecologia. No mesmo ano, a participação noFestival Internacional de Charleville Mézières, na França ofe-rece a experiência de contato com espetáculos de 33 países, oque amplia o repertório e incita o grupo a inovações experimen-tais que marcam toda a sua longa carreira.

A cultura e a história brasileira são valorizadas pelo gru-po, desde os primeiros espetáculos como Saci Pererê (1973)sobre o sertão de Minas Gerais, sua música regional, suas fes-tas e danças, ou Um baú de fundo fundo (1975), com lendas ehistórias da cultura mineira.

Essa valorização se estende, por exemplo, no espetáculo Co-

bra Norato (1979)1 , de Raul Bopp2 , que inserido nos ideaismodernistas, constrói uma estética propriamente brasileira. Aarte brasileira também anima a criação dos bonecos. CobraNorato é um boneco índio moldado e criado como se fosse umacerâmica carajá, o tatu, quando deixa o casco, é um bonecoafricano e a filha da rainha Luzia tem traços europeus. A histó-ria se desenvolve com a viagem de Cobra Norato e seu compa-nheiro, da Amazônia em direção ao leste brasileiro, se encon-trando com personagens derivados de bonecos de cerâmicapernambucana e do Vale do Jequitinhonha. O maestroLindembergue Cardoso, responsável pela trilha sonora, une ariqueza musical brasileira com sons de estalos, apitos, choca-lhos, sons da floresta, de animais, dos índios.

O sentido experimental das peças somado ao senso crítico epolítico do grupo transforma, por exemplo, a ópera O guarani

(1986) de Carlos Gomes, na comemoração dos 150 anos de

Page 6: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

4

seu nascimento, em depoimento severo ao processo de coloni-zação das Américas. Dez anos depois, em 1996, o espetáculorecupera a versão original do romance de José de Alencar ce-lebrando a história de amor entre Peri e Ceci.

O grupo Giramundo também monta espetáculos de autores es-trangeiros. El retablo de maese Pedro (1976), uma ópera parabonecos, escrita em 1919 pelo espanhol Manuel de Falla, é rea-lizada a convite do Festival de Inverno da UFMG, em comemo-ração aos 100 anos de sua morte. São criadas formas inusita-das: no centro do palco, os bonecos e os cantores nas laterais,com regência do maestro Sérgio Magnani. No bicentenário damorte de Mozart, o grupo apresenta A flauta mágica (1991),ópera em dois atos no Teatro Municipal de São Paulo, foi malrecebida pela crítica por ser encenada por bonecos em tamanhonatural e ambientados em uma fictícia Idade Média. O grupoadaptou para o teatro de bonecos: Pedro e o lobo (1993) de SergeiProkofiev, com cenários substituídos por um desenho em umquadro negro e uma estrutura móvel que pode ser levada paraonde quiser; Carnaval dos animais (1996) de Camille Saint-Saëns; Ubu rei (1995) de Alfred Jarry, entre outras adaptações.

A experimentação e inovação na divulgação de autores des-conhecidos do grande público e na criação e manipulaçãode bonecos dão ao grupo reconhecimento nacional, não sóno teatro infantil, mas também em teatro para adultos, emmuitos outros espetáculos aqui não comentados.

O grupo continua seu percurso pesquisando muito, experimen-tando, testando, ativando culturalmente idéias de atores e com-positores, em um trabalho integrado e de muita busca paramanter o teatro de bonecos vivo... Vivo e renovado.

Os olhos da arteTeatro de animação, em geral, e, dentro dele, o teatro de formas anima-das, em particular, é a arte do irreal tornado real, é o invisível tornado vi-sível. É magia que surge da imitação e da repetição, “imagem e semelhan-ça”, energias que se desprendem do movimento, do fazer crer, sem ser,sendo. Arte ambígua, entre animado e inanimado, espírito e matéria.

Ana Maria Amaral3

Page 7: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

material educativo para o professor-propositor

GIRAMUNDO – UMA HISTÓRIA DE TÍTERES E MARIONETES

5

Animar o inanimado, fazer um boneco respirar e existir enquan-to movimento e não apenas forma vem sendo o trabalho dogrupo Giramundo, que mantém viva a fantasia do sonho deÁlvaro Apocalypse. Um sonho que começa na infância, com suamãe professora, e se consolida, especialmente a partir dos anosde 1990, como um centro de referência na área do teatro debonecos, implantando três eixos institucionais: o museu, o te-atro e a escola Giramundo.

Movidos sempre pela necessidade de gerar inovações, o grupotambém se amplia com o projeto Teatro Móvel Giramundo, ten-do sua primeira experiência com o espetáculo Pedro e o lobo

(1993). Hoje, o palco móvel consolida o conceito espetáculo-oficina-exposição, viajando pelo país e ao redor do mundo comum acervo que sai do Museu Giramundo, inaugurado em 2001,e mostra a maior coleção privada de marionetes da América: sãomais de 850 bonecos, centenas de projetos técnicos originais deÁlvaro Apocalypse, estudos de cenografia e figurino, e amploarquivo de documentos e livros sobre teatro de bonecos.

E, se cada boneco nasce do diálogo com o texto e a con-cepção cenográfica e sonora do espetáculo, sua criaçãocomeça pelo traço e com a definição da forma de esculpir,do material a ser utilizado: madeira, tecido, policarbonato,

Mãe d’água

Personagem do espetáculo Um baú de fundo fundo

Acervo Giramundo

Page 8: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

6

resinas, isopor, espu-ma, entre outros. Sãodeterminantes as des-cobertas das técnicasde manipulação atravésde pesquisas e experi-mentações partindo detécnicas tradicionaisde manipulação, comoa luva, o balcão, a varae o fio. Há tambémaquelas inventadaspelo grupo, como acatraca (uma misturado boneco de fio que é

articulado com o de balcão, manipulado com varetas sobre uma mesapor um ou mais marionetistas) e o hand-puppet (manipulado direta-mente com as mãos), até os bonecos de controle remoto.

Mas o que faz o teatro de bonecos ser provocador de um fas-cínio aos olhos de pequenos e grandes espectadores? O quecaracteriza o teatro de animação e, dentro dele, o teatro debonecos não é apenas o boneco em si, tampouco seu dese-nho, forma, peso, volume e o material de que é construído,embora esses elementos acabem sendo determinantes na suaanimação e no processo de encenação do espetáculo. É aanimação que dá sentido ao boneco e faz com que eleexista. Animar é transformar o boneco inerte em perso-nagem. E o que transforma o boneco é a ação e a inter-pretação diante do espectador.

Para isso, o ator-bonequeiro cria a personagem e depois a“abandona” para coabitar harmoniosamente o boneco repre-sentado: a personagem, num espaço e tempo determinados.Por isso, é possível afirmar que o boneco é a extensão do corpodo ator-bonequeiro. A expressão do boneco - um dos aspec-tos indispensáveis para a compreensão da linguagem do tea-tro de formas animadas – nasce, então, da concepção de

Cena do espetáculo Cobra Norato - Acervo Giramundo

Page 9: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

material educativo para o professor-propositor

GIRAMUNDO – UMA HISTÓRIA DE TÍTERES E MARIONETES

7

movimento. A qualidade do movimento, da animação está in-trinsecamente relacionada com a simulação da vida. Assim, omovimento nunca é aleatório, mas sempre indica alguma in-tenção que se manifesta em gesto e ação cênica. Talvez, porisso, o teatro de animação seja visto como um teatro de alqui-mistas como é o do grupo Giramundo ou de poetas como IloKrugli, criador do Grupo VentoForte, ou os anônimos mamu-lengueiros destes brasis.

Não por acaso, então, é que focalizamos o documentário noterritório da Formação: Processos de Ensinar e Aprender,como modo de provocar o pensamento animista infantil. Afinal,não são as crianças que sabem a alquimia e a poética de tornaranimado aquilo que parece inerte?

Passeio dos olhos do professor

Antes de planejar a utilização do documentário, convidamos vocêa vê-lo e registrar suas impressões durante a exibição. Sugerimosa elaboração de um diário de bordo, como instrumento para o seupensar pedagógico, durante todo o processo de trabalho junto aosalunos-professores. Uma pauta do olhar pode ajudá-lo:

Como a experimentação e o processo lúdico e participativose tornam visíveis no documentário?

Quais os aspectos que chamam a sua atenção em relação àcultura brasileira valorizada pelo grupo?

Como as linguagens artísticas transitam e se articulam noteatro de bonecos?

Qual a contribuição interdisciplinar trazida pelo documentário?

Como a imaginação, a fantasia e a inventividade se apresen-tam no documentário?

O que você pode perceber quanto aos materiais utilizadosna confecção dos bonecos? Como são manipulados?

O que seus alunos-professores gostariam de ver no documentário?

Page 10: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

Zarpando

procedimentos

natureza da matéria

poéticas da materialidade

procedimentos técnicos inventivos, experimentação

madeira, matérias nãoconvencionais, resina,poliuretano, gesso

pesquisa de materiais

Materialidade

agentes

artista, ator, cenógrafo, diretor

formação de público

teatro, centros culturais,festivais, Museu Giramundo

espaços sociais do saber

provocar o espectador, público infantil

MediaçãoCultural

SaberesEstéticos eCulturais

sistema simbólico

práticas culturais

códigos de representação, intertextualidade

multiculturalidade, regionalismo, pluralidade cultural

Formação:Processos deEnsinar eAprender

educação estética, conviver com a arte,processo lúdico e participativo, escola de arte

ensino de arte

aprendiz de arteaprender com outros artistas,público infantil

Linguagens Artísticas

desenho, modelagem

figurino

teatro de bonecos, cenografia, dramatização

música

linguagensconvergentes

teatro

literatura

artesvisuais

meiostradicionais

personagens da literatura, heterônimo, romance, poema, contos

trilha sonora, ópera,música incidental

preservação ememória

bens simbólicos

cultura brasileira

heranças culturais, memória coletiva,estética do cotidiano

PatrimônioCultural

Processo deCriação

interpretação poética, busca constante,percurso de experimentação, esboços, projeto

oficina, viagens de estudo

percepção, repertório pessoal e cultural, atitude lúdica,imaginação criadora, invenção, memória de infância

ação criadora

potências criadoras

ambiência de trabalho

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciasda natureza

arte e ciênciashumanas

ecologia, meio ambiente

história do Brasil, América Latina

qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Page 11: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

10

A partir de suas anotações, quais questões você faria em umapauta do olhar para o passeio dos olhos dos colegas ou de seusalunos em formação? Você pode fazer um mapa do que consi-dera mais importante para suas proposições pedagógicas.

Percursos com desafios estéticosOs percursos sugeridos se apresentam como possíveis cami-nhos a serem trilhados e reinventados por você como formadorde educadores.

O passeio dos olhos dos alunos

Algumas possibilidades:

A criação de fantoches pode ser o início de um projeto, prepa-rando os alunos-professores para apreciarem o documentário.Com um pé de meia, um frasco vazio de leite fermentado, umafita adesiva e botões, eles podem inventar fantoches. O fras-co, que deve ser usado com a parte aberta para baixo, recebeos botões para os olhos, o nariz e a boca. Para fazer o corpo,a meia é enfiada na mão. A cabeça do boneco fica apoiada noindicador levantado. Mexendo o polegar e o dedo médio, épossível fazer os braços do fantoche. Quais cenas eles inven-tam com esses personagens assim criados? A discussão so-bre a criação e a manipulação dos fantoches pode ser amplia-da a partir do documentário. Você pode iniciar a exibição pelotrecho em que os desenhos do neto de Álvaro Apocalypse sãoutilizados como ponto de partida para a criação dos bonecosde um espetáculo infantil, em 1999.

Quais as memórias que os alunos-professores contam emrelação ao teatro de bonecos, às marionetes e fantoches?As histórias compartilhadas podem relembrar o fascínio doteatro quando os alunos-professores eram crianças? A par-tir daí, você pode mostrar o início do documentário, paran-do para ouvir os comentários do grupo.

Com lápis e papel na mão, você pode preparar os alunos-professores para ver o trecho do documentário que apre-

Page 12: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

material educativo para o professor-propositor

GIRAMUNDO – UMA HISTÓRIA DE TÍTERES E MARIONETES

11

senta os espetáculos O guarani e Giz, solicitando que ano-tem tudo o que chama a atenção. A partir das anotações,quais as problematizações que eles apontam? O que gosta-riam de saber mais sobre o grupo Giramundo?

Animados pelo documentário sobre a história do grupoGiramundo, convide os alunos-professores para uma reflexãogeradora de propostas que podem apontar outras questões nomapa de desafios estéticos deste documentário.

Ampliando o olharA criação de bonecos e fantoches por crianças menores já é,em si mesma, uma ação que os envolve na criação de cenas,de histórias, de muitas narrativas, sem uma preocupação maisformalizada de palco e platéia. Convide os alunos-professoresa oferecer espaços para esta criação, a partir dos procedimen-tos aqui apresentados e de outros, e a observar atentamentea atitude na criação tanto dos bonecos como das cenas. O quepodem descobrir sobre a linguagem teatral das crianças?

Simples bonecos de vara podem gerar boas idéias. Bastaque os desenhos das crianças, dobraduras, formas de pás-saros, bichos, pipas, flores, etc. sejam recortados e cola-dos em palitos de churrasco.

A adaptação de um conto, poema ou peça para uma propos-ta de teatro de bonecos exige muita imaginação. Partir daleitura de um texto para crianças para a posterior construçãode bonecos oferece a oportunidade da experiência da lingua-gem do teatro. Os bonecos podem ser feitos com uma meiade nylon recheada de papel jornal, com papelagem, colandopequenos pedaços de jornal sobre uma estrutura feita comrolos de papel ou experimentar a técnica do papel machê4 .Pinturas e adereços podem enriquecer os personagens, maseste é apenas o início do trabalho, pois a adaptação exigerecriações do texto, cenário, trilha sonora e muitos ensaiospara que a experiência da linguagem teatral possa ser vivida.

O aproveitamento de sucatas pode resultar em bonecos inte-ressantes para encenações, encapando ou pintando caixas e

Page 13: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

12

outros materiais. Podem ser criados modos diversos para a suamanipulação. A exibição do documentário com uma pauta doolhar centrada nesse aspecto, pode ampliar as possibilidades.

Que histórias podem alimentar a produção de um espetáculo?Histórias contadas pelas crianças, pelas avós, pais ou outrosparentes, assim como lendas e contos populares podem mo-ver a criação de pequenas cenas ou de histórias em vários atos.

O palco para o teatro de bonecos pode ser uma porta ouuma janela ou qualquer armação improvisada de mesas ecobertores. O importante é ter uma boca de cena para es-conder os artistas que manipulam os bonecos. Cenáriospodem ser criados também com temas urbanos. A obser-vação do bairro, a sua arquitetura, as fachadas, comerciaise residenciais, pessoas que transitam pela rua podem gerardesenhos e gravações da paisagem sonora. Como essasobservações e anotações podem se transformar em cenas?

Personagens podem ser inventados a partir do próprio corpo.Seja desenhando nas mãos, que se transformam, ou mesmo apartir da escolha de uma posição expressiva, copiada sobre papelkraft. Esta cópia pode ser feita em dupla, provocando a percep-ção de diferenças e semelhanças, enfatizando a expressividadedo personagem com a escolha de materiais, como lã, fios, bo-tões, papéis coloridos, jornal, entre outros possíveis. Lembre que,a materialidade também expressa significados.

O teatro de sombras pode ser o início de um processo inventivo.Uma lâmpada num spot ou abajur sem cúpula, ou mesmo oretroprojetor numa sala escurecida com o anteparo de um panobranco, pode dar suporte às cenas experimentais. Com asmãos, o movimento do corpo ou com imagens recortadas deobjetos e figuras em papelão, com trilhas sonoras e improvisa-ções, podem nascer idéias para pequenos espetáculos.

Conhecendo pela pesquisaA problematização sobre a passagem do jogo de faz-de-conta para a representação teatral pode levar a observa-

Page 14: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

material educativo para o professor-propositor

GIRAMUNDO – UMA HISTÓRIA DE TÍTERES E MARIONETES

13

ções e pesquisas que seriam suscitadas pelo texto de VeraLúcia Bertoni dos Santos5 :

... elaborar um projeto pedagógico que inclua a prática dramática comcrianças pequenas implica, além do domínio dos elementos que com-põem o teatro (sistema de cognição a ser construído), um profundoconhecimento sobre o desenvolvimento intelectual das crianças e umapermanente busca de superação dos preconceitos e limitações impos-tas pela estrutura do sistema escolar (...) Esses momentos de acom-panhamento criterioso dos jogos das crianças constituem, também,ocasião importante para que o professor conheça melhor o grupo eestabeleça com ele vínculos afetivos e relações de confiança, sendo,inclusive, convidado a desempenhar papéis nas brincadeiras (atuandocomo coadjuvante nas dramatizações das crianças) ou participando coma função de espectador nas representações mais teatralizadas (quesolicitam a existência de uma platéia). Partindo de temas ou das situ-ações surgidas no decorrer de brincadeiras, é possível constituir inter-venções pedagógicas que venham ao encontro dos interesses e dosdesejos das crianças e possam significar aprendizagem.

O documentário apresenta uma variedade expressiva debonecos, contudo uma pesquisa em livros e na internet am-pliará o repertório.

Há, em sua cidade, algum grupo que trabalhe com teatro debonecos? O que se pode investigar sobre as suas criações?É interessante perceber como os bonecos envolvem aspessoas, como testemunha o sucesso do “louro José” noprograma de Ana Maria Braga.

A pesquisa sonora também é parte integrante do processocenográfico do teatro de bonecos. Uma pesquisa sobremúsica incidental, trilhas sonoras, as paisagens sonoras e ogrupo O Grivo que participou com o grupo Giramundo emalguns espetáculos, podem não apenas ampliar o repertó-rio sonoro dos alunos-professores, mas impulsionar novascriações a partir de trilhas sonoras experimentais.

No documentário, vemos que o grupo Giramundo trabalhacom textos de autores nacionais. O romantismo do século19 e o modernismo do início do século 20 podem serpesquisados e comparados com textos contemporâneos.

Uma pesquisa sobre a criação dos bonecos do grupoGiramundo pode ser desencadeada partindo dos espetáculos

Page 15: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

14

Cobra Norato – pesquisando a cerâmica marajoara, carajá,pernambucana e do Vale do Jequitinhonha; ou Relações natu-

rais (1983) na qual o autor, José Joaquim de Campos Leão,Qorpo Santo, um dramaturgo excêntrico e mal compreendido,se transforma em um boneco em tamanho natural que interagecom os outros personagens. Na concepção desses bonecos, éaplicada a regra de que cada deformação moral do indivíduocorresponde uma deformação física no personagem, caracte-rizando, nos bonecos, o grotesco em formas expressionistas.

Desvelando a poética pessoal

A poética pessoal de um professor se revela pelos projetos queinventa. Quais pré-projetos os alunos-professores podem criarpara oferecer aos seus alunos oportunidades de vivenciar a lin-guagem do teatro de bonecos?

Amarrações de sentidos: portfólioCom seus alunos-professores, mapeie os sentidos e caminhospercorridos a partir deste documentário. Para isso, um portfóliopode ser iniciado desde as primeiras ações, somando projetos,pesquisas, estudos. É possível evidenciar esse percurso em umamontagem de teatro de bonecos, revelando as produções desentidos e conhecimentos aguçados por este documentário,além de sistematizar o que foi estudado.

Valorizando a processualidade

A avaliação sobre a escolha deste documentário, e as questõesque foram problematizadas podem ser o início de uma boa con-versa com seus alunos-professores na percepção de alguns ca-minhos compartilhados por vocês. Com eles, levante os aspec-tos que foram mais significativos e o que poderia ter sido reali-zado de outro modo. As respostas a essas questões serão obtidasnas produções e pesquisas realizadas. Entretanto, um espaçoespecial para ouvir as considerações dos alunos sobre suasvivências e experiências com a arte também é importante.

Page 16: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

material educativo para o professor-propositor

GIRAMUNDO – UMA HISTÓRIA DE TÍTERES E MARIONETES

15

Você pode, ainda, encontrar na DVDteca Arte na Escola outrosdocumentários para ampliar algumas questões abordadas nes-te projeto. Fica o convite!

GlossárioBonecos – de haste: é bastante popularizado na Europa. Tem todos osmembros do corpo humano e é manipulado de pé através de uma haste demadeira ou arame grosso, fixada na sua cabeça; de luva: os dedos e as mãossão revestidos por um fantoche, cuja parte inferior é um saco de tecido oumesmo de papel; planos: são bonecos confeccionados em uma superfícieplana, papel, tecido ou outro tipo de material similar, sustentado na parte detrás por uma vara ou na parte superior por cordões. Para melhor efeito vi-sual, os bonecos devem ser trabalhados com um fundo preto; de vara ou

varetas: um dos tipos mais conhecidos é o “marote” que teve sua origemna Indonésia. É um boneco confeccionado apenas com uma vara central,com os braços soltos. Outro tipo de boneco de vara é formado por uma hastecentral, pela qual atravessa, em sua parte superior, uma outra vara forman-do os braços, de onde saem dois arames que permitem a manipulação dosmesmos. Fonte: DA NOVA, Elza Bonassis. Teatro vida e movimento.Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1990.Formas animadas – fusão de teatro de bonecos, máscaras e objetos.Mãos animadas - técnica criativa de representar figuras utilizando asmãos com pinturas e adereços. Fonte: AMARAL, Ana Maria. Teatro de

formas animadas: máscaras, bonecos, objetos. São Paulo: Edusp, 1991.(Coleção texto e arte).Marionetes – palavra de origem francesa marion ou mariette, é um tipo deboneco da Idade Média, movimentado por fios. Em sua maioria, têm seusfios presos a sua cabeça, peito do pé e mãos, que por sua vez se unem emuma armação de madeira para serem manipulados. Títeres – palavra espa-nhola que também quer dizer boneco. Como os mamulengos, os títerestambém são manipulados para representar. O titereiro é aquele que mani-pula os bonecos. Escondido, os espectadores verão somente os bonecosna parte superior. Fonte: DA NOVA, Elza Bonassis. Teatro vida e movi-

mento. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1990.

BibliografiaAMARAL, Ana Maria. O ator e seus duplos: máscaras, bonecos e objetos.

São Paulo: Edusp: Senac São Paulo, 2002.___. Teatro de formas animadas: máscaras, bonecos, objetos. São Paulo:

Edusp, 1991. (Coleção texto e arte).BEYER, Esther (org.). Idéias em educação musical. Porto Alegre: Mediação, 2004.

Page 17: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a

16

CUNHA, Susana Rangel Vieira da (org.). Cor, som e movimento: a expressão plás-tica, musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 1999.

DA NOVA, Elza Bonassis. Teatro vida e movimento. Florianópolis: Funda-ção Catarinense de Cultura, 1990.

SANTOS, Vera Lúcia Bertoni dos. Brincadeira e conhecimento: do faz-de-conta à representação teatral. 2.ed. Porto Alegre: Mediação, 2002. (Co-leção educação e arte).

Bibliografia de arte para criançasCAPELLA, Vladimir; ROCHA, José Geraldo. Panos e lendas. São Paulo:

Letras & Letras, 2003.KRUGLI, Ilo. A história do barquinho. São Paulo: Ática, 2003. (Coleção boi voador).___; ROCHA, José Geraldo. História de lenços e ventos. São Paulo: Nova

Fronteira, 1996.MACHADO, Ana Maria. Hoje tem espetáculo: no país dos prequetés. São

Paulo: Nova Fronteira, 2001.

Seleção de endereços sobre arte na rede internetOs sites abaixo foram acessados em 19 nov. 2005.

COBRA NORATO. Disponível em: <www.mec.gov.br/seed/tvescola/cobranorato/apresentacao.asp>.

FANTOCHES e TÍTERES. Disponível em: <www.tvcultura.com.br/x-tudo/arte/13/fantoche.htm>.

GIRAMUNDO TEATRO DE BONECOS. Disponível em: <www.giramundo.org>.KRUGLI, Ilo. Disponível em: <www.cbtij.org.br/pesquisa>.

Notas1 O espetáculo ganhou dois troféus: “Mambembe” e o “Grande Prêmio da As-sociação Paulista de Críticos de Arte” e foi filmado em projeto com a TV Escola.2 Raul Bopp (1898-1984) participou da Semana de Arte Moderna em 1922.Amigo pessoal de Tarsila do Amaral e de Oswald de Andrade, juntamentecom Oswald, nomeou o quadro Abaporu (Antropófago), em 1928.3 Ana Maria AMARAL, Teatro de formas animadas: máscaras, bonecos,objetos, p. 22.4 Para o papier mâché é preciso picar um rolo de papel higiênico ou jornale bater no liquidificador com água; levar ao fogo até ferver; tirar o excessode água e colocar a massa numa tigela, adicionando seis colheres de fa-rinha de trigo e duas colheres de cola ou grude (feito com polvilho e água).Depois, é preciso levar novamente ao fogo para engrossar, acrescentandoo suco de um limão pequeno. Ao tirar do fogo, juntar um pouco de farinhade trigo e mexer até soltar das mãos para a construção dos bonecos. Depoisda secagem, pinturas e adereços podem enriquecer o personagem. Fonte:Elza Bonassis DA NOVA, Teatro vida e movimento.5 Vera Lúcia Bertoni dos SANTOS, Brincadeira e conhecimento: do faz-de-conta à representação teatral, p. 115.

Page 18: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/giramundo_uma_historia_de... · educam com arte para a arte. O passeio da câmera ... para a época: a