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MAURÍCIO AZEREDO: uma obra sem avesso

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Olga Egas

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmila Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Maurício Azeredo: uma obra sem avesso / Instituto Arte na Escola ; autoria

de Olga Egas ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São

Paulo : Instituto Arte na Escola, 2005.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 8)

Foco: LA-13/2005 Linguagens Artísticas

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-09-1

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes - Técnicas 3. Design 4. Mobiliário 5.

Azeredo, Maurício I. Egas, Olga II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque,

Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

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DVD

MAURÍCIO AZEREDO: uma obra sem avesso

Ficha técnica

Gênero: Documentário sobre Maurício Azeredo, em seu ate-liê e oficina de marcenaria.

Palavras-chave: Design; mobiliário; forma/função; cor; con-traste; cultura brasileira; heranças culturais.

Foco: Linguagens Artísticas.

Tema: O processo de trabalho e de criação do artista, focalizandoo projeto em design, a forma e a função dos objetos e a importânciade uma atitude ecologicamente responsável no uso da madeira.

Artistas abordados: Maurício Azeredo.

Indicação: 7ª a 8ª série do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Direção: Sarah Yakhni.

Realização/Produção: Rede SescSenac de Televisão, São Paulo.

Ano de produção: 2001.

Duração: 23’.

Coleção/Série: O mundo da arte.

Sinopse

O documentário, dividido em três blocos, apresenta o premia-do designer Maurício Azeredo e a produção de seu ateliê eoficina de marcenaria localizado na cidade colonial dePirenópolis, interior de Goiás, onde o artista vive. No primeirobloco, imagens de Pirenópolis e a voz da narradora nos trans-portam à cidade. Azeredo fala sobre sua ligação poética com amadeira, seu interesse na forma e função dos objetos, o cuida-do em todas as etapas de produção e o uso consciente damadeira, fatores que marcam sua trajetória profissional. Nosegundo bloco, o designer nos encanta com seu interesse peladiversidade de cores e texturas das madeiras brasileiras quesão exploradas numa dimensão plástica e artística na constru-

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ção de seus móveis. A preservação da natureza e o universomobiliário são o foco do terceiro bloco.

Trama inventiva

Falar sem palavras. Falar a si mesmo, ao outro. Arte, lingua-gem não-verbal de força estranha que ousa, se aventura a to-car assuntos que podem ser muitos, vários, infinitos, do mundodas coisas e das gentes. São invenções do persistente ato cri-ador que elabora e experimenta códigos imantados na articula-ção de significados. Sua riqueza: ultrapassar limites processu-ais, técnicos, formais, temáticos, poéticos. Sua ressonância:provocar, incomodar, abrir fissuras na percepção, arranhar a sen-sibilidade. A obra, o artista, a época geram linguagens ou cru-zamentos e hibridismo entre elas. Na cartografia, este documen-tário é impulsionado para o território das Linguagens Artísti-

cas com o intuito de desvendar como elas se produzem.

O passeio da câmera

A busca pelo ouro, em 1727, levou os bandeirantes até a Serrados Pirineus, em Goiás. Assim começa a história de Pirenópolis,cidade histórica, tombada como patrimônio nacional. Odocumentário apresenta a produção do designer MaurícioAzeredo, morador da cidade, um bandeirante contemporâneo,garimpando cuidadosamente formas, cores e texturas na natu-reza. Para ele a madeira é mais que uma matéria prima, é umaligação emocional com seu habitat.

Desde suas primeiras produções, Azeredo investiga a cor e aforma na construção de móveis em madeira. No documentário,as imagens de sua produção mostram a presença desses ele-mentos da visualidade. O seu trabalho meticuloso e atento àcomposição construtiva dos móveis e objetos deve-se à elabo-rada invenção dos encaixes. No segundo bloco, aborda-se adiversidade das cores da madeira brasileira, agrupadas porcontraste ou similaridade, que impõem a geometria presentena elaboração dos desenhos.

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material educativo para o professor-propositor

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No primeiro bloco, a preocupação do designer em relação àforma e à função é notada por sua necessidade de projetar,desenhando à mão livre, a peça em vários ângulos diferentes,considerando seus diversos usos e usuários. A cor é focaliza-da, no segundo bloco, como elemento visual de decodificaçãocultural do objeto e parte integrante de sua construção. Já arestauração arquitetônica como preservação da memória e aconstrução de caminhos para uma identidade brasileira sãoabordadas no terceiro bloco.

O documentário nos convida a buscar proposições pedagógi-cas que focalizam: Conexões Transdisciplinares na convergên-cia entre as linguagens da arte, design e cotidiano, meio ambi-ente, reciclagem e ecologia; Saberes Estéticos e Culturais atra-vés do mobiliário, da arquitetura colonial e contemporânea, omodernismo e a abstração; Materialidade, tratando da poéticae dos procedimentos técnicos no uso da madeira; Processo de

Criação, atentando para o espaço do ateliê, os croquis e cuida-dos na produção final e Patrimônio Cultural, com uma fascinanteviagem de estudo à cidade de Pirenópolis, centro de tradiçõesculturais como a Cavalhada e a Festa do Divino. Entretanto,observar o design de móveis como Linguagem Artística, comsua especificidade e história, é o foco escolhido.

Sobre Maurício Azeredo(Macaé/RJ 1948)

A cor, o contraste, a vibração são parte da nossa cultura, principal-mente a chamada popular. E por trás dessa linguagem está o hu-mor, a irreverência (...) Isso é muito nítido até na natureza que nosrodeia e da qual somos indissociáveis. Basta sentar à beira-mar e,observando a luz do sol, a cor do mar, a mata que o tangencia, ospássaros que a habitam (...) Ver uma festa popular, suas fantasias,seu vestuário cerimonial, seus adornos e, até mesmo, o coloridodos doces e quitandas sobre a mesa. Entrar numa casa cabocla eobservar as prateleiras, as fotos e pequenos quadros às paredes,as colchas de retalho. (...) um prato de muqueca de peixe, o carna-val na avenida, as bandeirolas de São João, a plumária kamaiurá,(...) É um pouco o que procuro dizer em meu trabalho.

Maurício Azeredo

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Assim é o ofício de Maurício Azeredo: impregnar com cores eformas os móveis com características brasileiras. Como o Brasiljá tinha uma arquitetura brasileira, por que não um móvel tam-bém com a cara do país? Segundo Adélia Borges1 , autora de umlivro sobre o artista, essa preocupação o faz um dos mais respei-tados designers da atualidade, reconhecido internacionalmentepelos vários prêmios que conquista ao longo da carreira.

A paixão por construir, transformar e produzir com as pró-prias mãos leva Azeredo à graduação em arquitetura no iní-cio dos anos 70, em São Paulo. Enquanto desenvolve váriosprojetos arquitetônicos, mantém um ateliê de design e umapequena oficina de marcenaria para o desenvolvimento depesquisas sobre sistemas construtivos, mobiliário e madei-ras brasileiras.

Entre 77 e 89, leciona no Instituto de Arquitetura e Urbanismo,na Universidade de Brasília-UnB e tem acesso à pesquisa rea-lizada no Laboratório de Produtos Florestais do IBAMA. “Perce-bi que a diversidade de madeiras era desejável sob o ponto devista plástico, pois abria a possibilidade de fugir da cor única ede incorporar contrastes ao móvel, que assim, poderia se trans-formar num objeto cultural com maior expressividade”. O olharatento de Azeredo encontra, nas manifestações culturais, a di-versidade de cores que aplica em seus objetos e móveis. Há peçascom mais de vinte tonalidades de madeiras diferentes.

Em 1986, desliga-se da UnB e transfere-se para Pirenópolis, ondemantém sua oficina e o ateliê. Atua no Grupo de Compradores deMadeira Certificada, entidade ligada à ONG Amigos da Terra.

Suas peças recebem nomes que remetem à cultura brasilei-

ra: Águas de março, Reinado e Congada, Brasileirinho, Tra-vessia... Essa é a “forma de reconhecimento à cultura da

qual faço parte e que me permite chegar onde estou...” São

peças que não usam pregos ou parafusos, apenas encaixes

feitos com precisão absoluta, num sistema que lhe rendeu umapatente de invenção.

No cenário do design brasileiro, o trabalho de Maurício Azeredo édestacado pelo seu desejo de incorporar ao móvel, um objeto

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predominantemente funcional, uma dimensão plástica, artística,emocional que vai contra a globalização pasteurizada da cultura.Sua criação busca, nas nossas origens, a sua forma de expressão,como, por exemplo, a sua releitura contemporânea do banco,mobiliário presente na nossa história desde as ocas indígenas.

Pesquisar todas as formas de expressão que nos unam comopovo e que nos representem como cultura pode ser surpreen-dente e poético, assim como são os encaixes ou as combina-ções das madeiras na obra de Maurício Azeredo.

Os olhos da arteMadeira é muito mais do que matéria prima. É um material absoluta-mente extraordinário, com o qual tenho uma relação emocional muito forte.

Mauricio Azeredo

Talvez ainda não nos damos conta de que o design está empraticamente tudo que nos cerca: do carro ao chuveiro, da capade um livro às páginas da internet, da sinalização das ruas àsimagens em outdoor na cidade, da marca de perfume ao cartãoque se manda às pessoas queridas. Basta um olhar atento evisualizamos, nas ruas da cidade e no modo de vida contempo-râneo, a linguagem do design de objetos e das imagens2 quetraduzem comportamentos, visões de mundo, valores estéti-cos e estágios tecnológicos que nos possibilitam uma leiturada cultura em que estamos inseridos.

Ao integrar qualidades técnicas e construtivas com con-

ceitos estético-formais, o design3 – dos móveis à moda, da

marca à embalagem – se faz linguagem visual portadora

de qualidades informativas e de significados que vão aoencontro das necessidades das pessoas, seja por sua funcio-nalidade ou pela qualidade simbólica, como expressão de valo-res que fazem as pessoas se sentirem integrantes de um de-terminado grupo social.

Ao mesmo tempo, essa linguagem carrega as concepções e va-lores resultantes da leitura do designer sobre a cultura e a so-ciedade a que pertence. Segundo Bonfim4 , os objetos se reve-

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lam por meio de sua própriaconstituição (material, cor,textura, processo de fabri-cação, tecnologia); funçõespráticas (para que é usado);valores estéticos (percebi-dos sensorialmente e inter-pretados segundo juízo degosto ou da norma vigen-te); signos de uma gramá-tica visual culturalmenteestabelecida (uma figuraarredondada parece menos

agressiva do que outra com ângulos agudos); significados ideoló-gicos (ideais políticos e religiosos). O título dado ao banco criadopor Azeredo – Ressaquinha, por exemplo, parece conectar as sig-nificações do contraste das cores das madeiras brasileiras, daforma orgânica de seu assento, da sua função em lugares públi-cos, do certo despojamento da cultura brasileira.

Historicamente, o design nasce como uma utopia - unir arte

e indústria – quando, no decorrer do século 19, a produção

passa de um sistema artesanal para o industrial. Nesse novosistema, o design responde também às qualidades mercadológicascomo objeto de consumo, seja para os produtos feitos à mão, feitossob medida ou em escala industrial. Suas raízes poderiam serencontradas nas corporações de ofícios predominantes, até pelomenos o século 16, quando se separam as chamadas “belas-ar-tes” do artesanato. Movimentos como Arts and Crafts (1861-1914)sob a liderança de John Ruskin e William Morris e a famosa escolada Bauhaus, fundada na Alemanha, em 1919, por Walter Gropius,foram fundamentais na valorização do design. Ligada à pesquisade importantes artistas do construtivismo, a Bauhaus influencioua concepção do design, tendo em vista tornar melhor, mais racio-nal, eficiente e mais agradável o ambiente da vida cotidiana.

As preocupações modernistas, no Brasil dos anos 20, incluíramexperiências integradas em várias linguagens: literatura, dança,

Maurício Azeredo

Banco Ressaquinha, 1988

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material educativo para o professor-propositor

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pintura, arquitetura, música, cenografia e design. A linguagemdo desenho de mobiliário ganha “brasileirice” neste momento,se estendendo na moderna arquitetura nos anos 30. SegundoMaria Cecília Santos5 , o escritor Mario de Andrade, além dedesenhar móveis para sua casa, realizou, em 1936, o PrimeiroConcurso de Mobília Proletária do Brasil, em sua gestão noDepartamento de Cultura Municipal/SP. Artistas plásticos comoLasar Segall e John Graz e arquitetos como GregoriWarchavchick, criador da Casa Modernista, passaram a criarpeças com linhas da estética modernista que pedia interioreslivres dos excessos de ornamentação.

Joaquim Tenreiro, considerado o pai do mobiliário moderno noBrasil, ao criticar o provincianismo de uma sociedade coloniza-da que só via valor no que vinha de fora, propôs que a lingua-gem dos móveis brasileiros, adaptada ao calor tropical do país,deveria ter “uma leveza que nada tem a ver com o peso em si,mas com a graciosidade, a funcionalidade dentro de seus es-paços”. Assim, usou em abundância a palhinha, ao contrário dosveludos que até então imperavam.

De lá para cá, cada vez mais o design brasileiro foi se afastan-do de normas estéticas pré-concebidas. Nos dias de hoje, o

móvel brasileiro é plural,pois carrega desde a he-rança portuguesa dos tra-balhos em madeira até aexperimentação de novasmatérias-primas, das pe-ças seriadas às quase arte-sanais. E, se uma linha tê-nue sempre ligou as lingua-gens do design e das artesvisuais, hoje, quanto maistênue fica a fronteira, maisinterativas tornam-se aslinguagens nas mãos dosdesigners ao pesquisarem,Maurício Azeredo

Junta Tridimensional

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experimentarem e ousarem na criação de móveis que são verda-deiras surpresas visuais.

Pensar o design como linguagem visual é uma das possi-

bilidades de leitura da poética dos móveis que nos rodei-

am. Perscrutando as marcas de seu uso e significados,poetizando a polifonia dos materiais com quais são feitos,poderemos chegar mais perto da vida que há nos objetos e domodo como vivemos.

O passeio dos olhos do professor

Seu olhar já está preparado para a viagem... Mas ser leitor dodocumentário pode ajudar a planejar sua utilização. Ficandoatento aos detalhes, cena por cena, você vai descobrir sabo-res, aromas e as cores de Pirenópolis e desfrutar das sutilezasna obra de Maurício Azeredo... Um modo de aquecer é regis-trar suas impressões durante a exibição, iniciando um diário debordo, com suas anotações pessoais, para orientar seu pensarpedagógico, durante o processo de trabalho junto aos alunos.Essa é uma possibilidade de relembrar a viagem por meio dosseus registros, tornando-a uma experiência enriquecedora.

A seguir, uma pauta do olhar que poderá ajudá-lo.

O que o documentário desperta em você?

Como e em quais momentos você percebe a relação entre aslinguagens da arte e do design inserida na obra de Azeredo?

Como as circunstâncias da vida de Maurício Azeredo enca-minharam o desenvolvimento de sua obra? É possível perce-ber um percurso? Coerente ou repleto de rupturas?

Sobre o DVD: de que modo os cortes do documentário po-deriam ser aproveitados na sala de aula?

Qual seria a justificativa para o título: uma obra sem avesso?

O documentário lhe faz perguntas? Quais?

O que você imagina que os alunos gostariam de ver? O quecausaria atração ou estranhamento?

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material educativo para o professor-propositor

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Revendo suas anotações, o que elas revelam de possibilidadessingulares? Enquanto você escolhe um foco de trabalho e pre-para seu roteiro de viagem, é possível criar provocações paraos estudantes, elaborando uma pauta para o passeio dos olhosdos seus alunos sobre o documentário. Quais questões provo-cadoras podem ser feitas para seus companheiros de viagem?

Percursos com desafios estéticosNo mapa apresentamos diferentes encaminhamentos para ofoco Linguagens Artísticas porque consideramos importanteabordar o design como linguagem visual. Porém, agora, é vocêque vai conduzir seus alunos para um encontro com MaurícioAzeredo... Descubra qual a motivação que o documentário podegerar na turma e convide-a para a viagem em busca de novossaberes. A seguir, sugerimos possíveis percursos para os pro-jetos de aprender-ensinar arte.

O passeio dos olhos dos alunos

Possibilidades:

A observação de uma simples cadeira pode ser a brecha deacesso ao documentário. Observação e a descrição da va-riedade de modelos das cadeiras encontradas na sala de aulae/ou na escola, ou recortadas de jornais e revistas, com com-parações entre os diferentes materiais (tecido, madeira, me-tal, plástico, etc.) poderá preparar o olhar para novas aná-lises. Atentar, por exemplo, para os diferentes processosconstrutivos (encaixe, solda, colagem, prego, etc.) das ca-deiras; as proporções entre assento e encosto, a maciez doestofamento ou outros acessórios (braço, rodízios, etc.); ouso simbólico que as cadeiras carregam, já que as relaçõesde poder e status andam juntas: o rei afirmava sua sobera-nia sentando-se no trono... Você pode perguntar aos alunoscomo deve ser a cadeira do prefeito de sua cidade? Ondesenta o sapateiro diariamente? Como é a cadeira do paci-ente que vai ao dentista? Quais os outros modelos, indus-

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpandoprocedimentos

natureza da matéria

poética da materialidade

poéticas dos procedimentos,vitalidade da matéria

tradicionais, transformação de técnicas

matéria orgânica,fabricação artesanal

Materialidade

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade

forma/função, forma orgânica,forma geométrica; cor, relações, tom

relações entre elementosda visualidade contraste

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte arquitetura colonial e contemporânea,história do mobiliário, modernismo brasileiro,artes aplicadas, art and crafts, Bauhaus

políticas culturais políticas públicas, leis ambientais

Linguagens Artísticas

design, mobiliário

linguagensconvergentes

preservação ememória

bens simbólicos

cultura brasileira

educaçãopatrimonial

conservação, restauro, estética do cotidiano,heranças culturais

IPHAN , educação ambiental

PatrimônioCultural

Processo deCriação

ação criadora poética pessoal

ateliê, acervo pessoalambiência do trabalho

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

arte e ciênciasda natureza

meio ambiente, ecologia, reciclagem

antropologia, ética

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triais e artesanais, que conhecem? Que cadeiras têm emcasa? É interessante finalizar com o desenho da própriacadeira com giz de cera ou canetas hidrográficas. Depois,peça que desenhem um cenário ao redor dela. Ao expor todasas produções, investigue os atributos pessoais que estãorepresentados. Problematize com os alunos se tais proje-tos poderiam ser executados em série ou peça única. A partirdaí, a turma envolvida estará com o olhar sensível para aprodução das peças apresentadas no primeiro bloco.

Outra possibilidade: aguçar a sensibilidade dos alunos paraa cor. Trabalhar com cores é perceber relações. Relações entrecores, entre a cor e a forma, entre cor e matéria. A experi-mentação pode ser uma composição não figurativa, utilizan-do guache com as cores preferidas. A mesma composiçãopode ser repetida com colagem de papéis diversos (textura,brilho e transparência) e com lápis de cor, variando apenas otamanho do papel e a cor de fundo. Ao exibir os trabalhos,investigue como seus alunos construíram a não-figuração (foidifícil sair do mundo reconhecível? O que norteou o traba-lho?), quais são as possibilidades da cor em cada materialutilizado (em que a própria materialidade do trabalho interfe-re? O tamanho muda a intensidade das formas e das cores?),busque notar as três qualidades cromáticas: tom, saturação(pureza da cor) e brilho (luminosidade). Não se preocupe emjá fornecer informações a respeito da cor, mas em proble-matizá-la, instigando para o seu aprofundamento, após aexibição do primeiro bloco do documentário.

Um outro modo de iniciar o trabalho é começar pelo segun-do bloco do documentário, depois de oferecer uma pautado olhar, preparada por você e que inclua, entre outras ques-tões, as destacadas abaixo:

O que Azeredo comenta sobre a cor?

Qual o diferencial da composição construtiva dos móveisdo artista?

Como o artista busca a identidade brasileira em seu trabalho?

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O que você compreendeu sobre o uso consciente da madeira?

Afinal, o que faz um designer?

Após a discussão em pequenos grupos, as respostas de cadaequipe podem ser analisadas e confrontadas.

A escuta atenta das hipóteses e dúvidas, apresentadas nessassugestões, fornecerá pistas para as necessidades dos alunos eos ajustes na rota até Pirenópolis. O importante é convidar seusalunos para saborearem o documentário, inteiro ou em partes,desvelando novos fatos, idéias e sentidos para a reflexão so-bre a linguagem do design de móveis. Após a exibição, é inte-ressante uma conversa sobre a apreciação do documentário,relacionando-a a ações expressivas anteriores.

Ampliando o olharOlhar e reolhar é importante para que possamos percebero que passou e não foi visto. A sugestão é uma pauta doolhar que seja respondida com desenhos. Peça para que osalunos registrem os objetos interessantes e os desenhos queviram no documentário. Será que repararam nos objetos in-dígenas que estão na parede do ateliê do artista? Serão osmóveis, os desenhos das madeiras ou os encaixes que cha-maram mais a atenção dos alunos? Essas e outras ques-tões alimentam a discussão após a exibição do documentárioe frente às produções realizadas.

A estrutura das formas abstratas encontradas, por exem-plo, no trajeto para a escola nem sempre estão visíveis paraolhos desatentos. Recolher materiais como folhas, gravetos,latinhas, pedaços de plástico, etc., acorda o olhar e pode setornar o ponto de partida para a elaboração de “móveismalucos”, com funções a serem definidas no projeto. Osalunos podem se divertir com isso e dar asas à imaginação.

Pode ser interessante a seleção de vários objetos escola-res e outros, que estejam presentes na sala de aula, para aconstrução de uma composição visual. Os alunos poderãocolocar os objetos, cuidadosamente, sobre a superfície do

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vidro da máquina fotocopiadora e fazer duas ou três cópiasiguais, em preto e branco, que serão coloridas, posterior-mente, com caneta hidrográfica ou lápis de cor, modifican-do as cores dos objetos. Uma das cópias deve ser colorida,próxima às cores reais. Como a cor pode interferir em nos-sa percepção do espaço e do objeto? Essa pode ser aproblematização a ser realizada.

A visita a exposições virtuais, como a Exposição Design 500anos, ou a museus de arte, especialmente os dedicados aomobiliário, como o Museu da Casa Brasileira, podem favo-recer a percepção e a análise da linguagem do design. A pes-quisa na internet dos artistas-designers, como JoaquimTenreiro, Flávio de Carvalho, Lina Bo Bardi, Mario CravoJúnior, Sérgio Rodrigues, Jacqueline Terpins, DanielaThomas, Guto Lacaz, os irmãos Campana e o próprio Mau-rício Azeredo, pode oferecer aos alunos um caminho para ainvestigação sobre as diferentes formas, funções e materi-ais presentes no design brasileiro.

Conhecendo pela pesquisa

Conexões entre o design e o nosso dia-a-dia: a reflexão sobreo ato de sentar justifica por que esse é o tema preferidoentre os designers e os artesãos. Leia para os alunos o tex-to de Adélia Borges6 :

É enorme o número de expressões ligadas ao ato de sentar. Assentara vida, assentar a cabeça, assentar a pedra fundamental, sentar nodinheiro remetem à estabilidade. Pode esperar sentado, ao repouso eà paciência. Mulher brasileira que se preze tem que saber mexer ascadeiras. Que pena a gente tem do descadeirado! Falar de cadeira ésinônimo, segundo o Aurélio, de falar em posição privilegiada, comautoridade. A mesma autoridade implícita na cátedra do professor ouna Catedral, assim chamada porque ali está a cadeira do bispo. (...)Mas, cadeira também está ligada à reflexão - do Pensador de Rodin àcriança que estréia nos bancos escolares, é muitas vezes necessáriosentar para pensar; e é imprescindível sentar para escrever. O primeirogesto de gentileza para uma pessoa que chega à nossa casa é convidarpara sentar. Receber de pé é manifestação de grosseria. A gente sen-ta para comer, para descansar, para ver televisão, para namorar. Acadeira é tão importante em nosso dia-a-dia que até o astronauta tema sua, embora precise dela apenas como referência psicológica.

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Nos móveis de Azeredo, a funcionalidade está aliada à di-mensão artística? Quais os aspectos de nossa identidadecultural que estão presentes em sua forma de expressão?As conexões desveladas poderão ser concretizadas por meiode registros gráficos, implicando na exposição comentadadesse material.

Em nosso cotidiano, estamos cercados por objetos e arte-fatos que são indispensáveis, outros que nos proporcionamconforto e ainda, os supérfluos. Quais as relações possíveisentre forma e função, tanto no design quanto na arte? Essarelação está mais presente em qual categoria de objeto? Apesquisa dos alunos poderia impulsionar uma boa discus-são sobre as qualidades técnicas-construtivas e os concei-tos estético-formais.

Muirapiranga, jacarandá, roxinho, tatajuba, faeira, louro-faia,marupá, jatobá, andiroba, cambará, tamboril e tantas ou-tras espécies corporificam a forma e a cor na obra de Aze-redo que enfatiza o uso consciente da madeira. Será queoutros artistas e designers compartilham das mesmas pre-ocupações? Valorizam a cor e a forma com a mesma sensi-bilidade do nosso artista? A arte deve refletir sobre as ques-tões do meio ambiente? Além dessas questões, a pesquisapoderia contar com a coleta de cores das madeiras em suacomunidade, por meio de fragmentos ou pinturas de obser-vação das cores dos troncos, por exemplo.

Há arquitetos, designers, marceneiros, carpinteiros e arte-sãos na sua cidade? Um modo de pesquisa é investigar sobrea formação profissional, os processos de criação, as dificul-dades de produção, o uso de madeiras certificadas. Seráque esses profissionais mantêm um ateliê em paralelo paradesenvolver projetos pessoais?

A Festa do Divino e a Cavalhada são tradicionais festejospopulares que chegam a durar mais de 20 dias emPirenópolis. Quais são as festas populares da sua região?Como você reconhece as características regionais dessasmanifestações? Como as cores e formas, sonoridades e

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movimentos dessas manifestações podem ser inseridas nocotidiano da sala de aula?

A marchetaria é uma antiga tradição na arte em madeira ehá refinadas criações de móveis que se utilizam da aplica-ção dessa técnica. Na série Reinado & Congada, Azeredorealiza móveis que são como painéis feitos à semelhançade mosaicos, empregando cerca de vinte tipos de madei-ras. O que diferencia a marchetaria dos painéis realizadospelo artista? Esta pesquisa poderia motivar os alunos paratambém criarem marchetarias.

As sugestões de percursos podem ser utilizadas alternadas ousimultaneamente. Essa é uma exploração para enriquecer e co-lorir ainda mais sua viagem pelos caminhos do design e da arte.

Desvelando a poética pessoal

Seu aluno está desbravando o mundo da arte e do design cri-ando com formas e cores. Nesse percurso, é importante agu-çar a curiosidade e a atitude investigativa do aluno sobre seumodo singular de expressão na linguagem visual.

A possibilidade da descoberta de uma poética pessoal, suasescolhas e singularidades estão na essência das sugestõesindicadas a seguir. As propostas não se completam na realiza-ção de um único trabalho, mas na elaboração de uma série quepossa ser colecionada, apreciada e discutida sob os olhos sen-síveis de um aprendiz e seu guia.

A proposta é instigar os alunos a desenvolverem um proje-to de criação de móveis. Para mover idéias novas, algumasquestões podem ser interessantes: qual móvel você gosta-ria de ter em seu quarto ou em outro espaço de sua casa?Por que você sente necessidade de ter esse móvel? O mó-vel teria uma única função ou seria adaptável a várias fun-ções? Seria um móvel fixo ou desmontável? Que forma te-ria? Qual material você usaria? Teria cor, estampa? Além devocê, quem mais seria o usuário? Quanto deveria custar?

Movidos por essas questões, os alunos podem desenvolver

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material educativo para o professor-propositor

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diferentes desenhos à procura da idéia que têm do móvel, atéchegar numa solução satisfatória. A construção de um protóti-po do móvel em papelão, por exemplo, pode ser uma forma deexperimentação, de ver a idéia sair do papel. Não se esqueçade solicitar que, como os bons designers, elaborem por escritoa justificativa de seu projeto.

Amarrações de sentidos: portfólioOrganizar o que estudamos é reolhar o processo vivido... Esse é oportfólio! Desse modo, o aluno tem em suas mãos o diário da via-gem, contendo os registros iniciais, cheios de hesitação e mudan-ças de percurso, essenciais para conhecer. Como disse Azeredo, “aansiedade implica na perda de qualidade e das sutilezas.”.

Na produção, o aluno imprime sua marca pessoal na apresentaçãoestética do portfólio. Que cara tem seu portfólio? Qual o formato,a cor, o papel, a dimensão, as dobras e o fechamento? Como umdesigner gráfico, o aluno precisa solucionar alguns pontos: os tra-balhos precisam estar protegidos? Estarão presos ou apenas acon-dicionados? Com alça ou recorte anatômico para as mãos? Visualdiscreto ou extravagante? Onde colocar sua identificação? O ladoexterno do portfólio terá uma exploração estética? Assim como umaluno-designer deverá haver uma apresentação da justificativa deseu projeto, num texto síntese que conte sua trajetória de estudo,os novos saberes e a criação de sua poética pessoal.

Valorizando a processualidade

Onde houve transformações? O que os alunos percebemque estudaram?

A apresentação e discussão dos portfólios podem desencade-ar boas reflexões de avaliação sobre o processo vivenciado,possibilitando aos alunos falar sobre si e seus projetos, ampli-ando os saberes uns com os outros. O que foi mais importante,o que sabem agora que não sabiam antes, quais as facilidadese dificuldades do projeto? Como podem utilizar o novo conhe-cimento no dia-a-dia?

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Agora, como professor-pesquisador, olhando seu próprio diá-rio de bordo, você poderá perceber quais os tesouros encon-trados nessa expedição pedagógica? Quais as alterações derota? O projeto fez brotar novas idéias em você? Como umastuto bandeirante, você já pode preparar a próxima viagem...

GlossárioArtes aplicadas – modalidades da produção artística que se orientam parao mundo cotidiano, na criação de objetos de uso comum, além de peças e/ou construções úteis ao homem em sua vida diária: arquitetura, decora-ção, design, artes gráficas, mobiliário, etc. Ao longo do tempo, constata-mos as aproximações e afastamentos entre belas-artes e artes aplicadas,inclusive na arte moderna, quando a industrialização e as novas tecnologiaslançam o artesanato numa crise inédita, fazendo do artista um intelectualapartado da produção industrial. Fonte:< www.itaucultural.org.br.>.

Arts and Crafts – também conhecido como Movimento Artes e Ofícios, foiliderado, na Inglaterra, no século 19, pelo designer, pintor e poeta WilliamMorris. Reafirmando a importância do trabalho artesanal diante da mecani-zação industrial e da produção em massa, Morris fundamentava suas idéiase modelos de produção na integração entre projeto e execução; na qualidadedos materiais e acabamento e, também, na valorização do status do artista-artesão, buscando a síntese entre arte e artesanato. Fontes: CARDOSO,Rafael. Uma introdução à historia do design, 2004, p.71-73. e AMY, Dempsey.Estilos, escolas e movimentos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, p. 19.

Bauhaus – fundada pelo arquiteto Walter Gropius, em Weimar, em 1919, foisucessivamente transferida para Dessau e Berlim, onde foi fechada a mandode Hitler, em 1933. A Bauhaus - “casa (haus) para construir (bauen)” - dirigidapor arquitetos, mas dominada pelos pintores, criou um estilo que valorizava aintegração arte/indústria. Do corpo docente fizeram parte: Gropius, JohannesItten, Mies van der Rohe, Hannes Mayer, Paul Klee, Wassily Kandinsky, LaszloMaholy-Nagy, Joseph Albers entre outros. Fonte: MORAIS, Frederico Pano-

rama das artes plásticas, séculos XIX e XX. São Paulo: Instituto Cultural Itaú,1991, p. 33.

Cultura – Edgar Morin define três sentidos principais para a palavra cul-tura. O primeiro é antropológico: a cultura acumula em si aquilo que é trans-mitido e aprendido através dos princípios, da aquisição e da ação. O se-gundo é social e histórico: as culturas são constituídas pelo conjunto dehábitos, costumes, saberes, regras, normas, proibições, idéias, crenças,mitos e valores eternizados entre gerações, mantendo a complexidadesocial. O terceiro sentido relaciona-se à cultura das “humanidades”, comouma discussão fundamentada nos problemas globais, éticos e existenci-

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ais aliados à cultura científica, transformadora do saber em disciplinasdesvinculadas e fragmentadas. Fonte: MORIN, Edgar. Os sete saberes

necessário à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília, DF:UNESCO, 2002.

Design (pronuncia-se “dizáin”) – o design, originado do latim “de +

signare”, e este de signum, sinal, símbolo e em inglês, “projeto” e/ou“esboço” está inserido no que se convencionou chamar de artes aplica-das, conectadas diretamente com o mundo cotidiano. É o termo utilizadopara definir genericamente a atividade de planejamento e projeto em suasvárias habilitações: design de produto, design gráfico, webdesign, designde moda, entre outros. Fonte: www.itaucultural.org.br.>.

Forma – tudo o que pode ser visto e/ou tocado, que ocupe espaço e quetenha formato, tamanho, cor, textura e direção; maneira pela qual as coi-sas do mundo se apresentam à percepção humana. Geralmente, é reco-nhecida como um elemento que visualmente, se distingue de um fundo.Fonte: Glossário de termos e verbetes utilizados em design gráfico. SãoPaulo: ADG, 1998.

Marchetaria – técnica de incrustar, embutir ou aplicar formas recortadasde madeira, marfim, metal, palha, madrepérola, ossos e outros materiaisde diferentes cores e texturas sobre uma peça de marcenaria, formandodesenhos variados. Entre os múltiplos processos de produção, dois sãomais utilizados: a marchetaria de topo, que utiliza lâminas de madeira muitofinas cortadas e coladas sobre o topo das peças e a marchetaria maciça,que utiliza filetes de diferentes madeiras, colados um a um, construindo aprópria superfície da peça. Fonte: disponível em: <www.oela.org.br/port_cursos.htm>. Acesso em: 5 mar. 2005.

BibliografiaAZEVEDO, Wilton. O que é design? São Paulo: Brasiliense, 1991. (Cole-

ção primeiros passos).

BORGES, Adélia. Maurício Azeredo: a construção da identidade brasilei-ra no mobiliário. São Paulo: Instituto Lina e P.M. Bardi, 1999.

CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo, Ed-gar Blücher, 2004.

MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

SANTANA, Pedro Ariel (org.) O design no Brasil: móveis, objetos e ilumi-nação. São Paulo: Casa Claudia: Ed. Abril: Ediouro, 2004.

SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Móvel moderno no Brasil. São Pau-lo: Studio Nobel: Fapesp: Edusp, 1995.

TAMBINI, Michael. O design do século. São Paulo: Ática, 1999.

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Seleção de endereços sobre design e arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 25 fev. 2005.

ÁRVORES, Guia de espécies. Disponível em: <www.arvore.com.br/>.

AZEREDO, Maurício. Disponível em: < www.mauricioazeredo.com.br>.

____. <www.ucg.br/design/down/MauricioAzereco_QuestaoIdentidade.doc>.

DESIGNERS DE MÓVEIS. Disponível em: <www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/artecult/design/moveis/>.

EXPOSIÇÃO Objeto Brasil: Design nos 500 anos. Disponível em:<www.objetobrasil.com.br/exposicao.htm>.

ECO DESIGN. Disponível em: <www.hugofranca.com.br>.

HISTÓRIA DO SENTAR. Disponível em: <www.arcoweb.com.br/design/design54.asp>.

MARCHETARIA. Manual de produção de pequenos objetos. Disponívelem:<www.oela.org.br/port_cursos.htm>.

MUSEU DA CASA BRASILEIRA. Disponível em: <www.mcb.sp.gov.br/>.

PIRENÓPOLIS. Disponível em: <www.pirenopolis.tur.br/site/index.php?id=arte>.

TENREIRO, Joaquim. Disponível em: <www.macniteroi.com/expoanteriores/joaquimtenreiro/fotos.htm>.

Notas1 Adélia BORGES. Maurício Azeredo: a construção da identidade brasi-leira no mobiliário.2 Para se aprofundar mais no assunto, veja ARGAN, Giulio Carlo. A crisedo Design. In: História da arte como história da cidade. São Paulo: MartinsFontes, 1998, p. 251-267.3 Para saber mais sobre o assunto, veja Bruno MUNARI, Das coisas nas-

cem coisas.4 BONFIM, Gustavo A. Design e Informação. In: Design & Interiores no

49. São Paulo: Arco Editorial, 1995, p.88-89.5 Maria Cecília SANTOS, Móvel moderno no Brasil, p.19.6 Texto de apresentação do catálogo da exposição Cadeiras Brasileiras,Museu da Casa Brasileira/SP, 1994.

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