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IGARASSU – PE, FACULDADE DE TEOLOGIA INTEGRADA- FATIN CURSO DE POS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DENILSON ANDRÉ DA SILVA Cultura da Escola: saberes e competências

Cultura Da Escola _saberes e Competencias

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A internet é uma tecnologia que revolucionou o mundo moderno criando novas formas de diálogo entre as pessoas. Os gêneros digitais se destacam nessa vertente ao unir escola-professor-aluno. O objetivo do estudo é realizar uma análise bibliográfica acerca dos usos que os professores fazem sobre os gêneros Digitais, esta temática teve como origem numa inquietação crescente que surgia ao ensinar Gêneros Digitais, que eram, e ainda são, enfrentados como desafios constantes em sala de aula. Para isso estudaremos as temáticas: tics, gêneros digitais e saberes e competência. Essa análise inferencial nos mostrou um padrão diferenciado de uso e de domínio que os professores têm sobre gêneros digitais. Baseado na pesquisa são esboçadas algumas recomendações e implicações para futuras pesquisas.

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IGARASSU – PE,

FACULDADE DE TEOLOGIA INTEGRADA- FATIN CURSO DE POS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

DENILSON ANDRÉ DA SILVA

Cultura da Escola: saberes e competências

IGARASSU – PE,

DENILSON ANDRÉ DA SILVA

Cultura da Escola: saberes e competências

Monografia apresentada ao curso de Especialização em Gestão Escolar da Faculdade de Teologia Integrada-FATIN, para a obtenção do grau de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão Escolar.

Orientadora: Prof.ª Dra. Maria da Graças A.

Ataíde de Almeida

FACULDADE DE TEOLOGIA INTEGRADA- FATIN

SILVA, Denilson André da

Cultura da Escola: Saberes e Competências - Igarassu/PE: 2014.

Orientadora: Prof.ª Dra. Maria da Graças A. Ataíde de Almeida.

Monografia de Pós-Graduação em Gestão Escolar – FATIN - Faculdade De Teologia Integrada1 TIC; 2 Gêneros Digitais; 3 Saberes e Competências.

Denilson André da Silva

CULTURA DA ESCOLA: SABERES E COMPETÊNCIAS

DEFESA PÚBLICA EM:

Igarassu, 12 de Fevereiro de 2015

BANCA EXAMINADORA

1º Examinador: Prof.ª Drª Maria da Graças A. Ataíde de Almeida

IGARASSU-PE,

2015

DEDICATÓRIA

A Deus, a minha família e amigos e em especial a Francisco Costa com todo o meu

carinho e amor.

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

A esta universidade, corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela

que hoje vislumbro um horizonte superior eivando pela centrada confiança no mérito e

ética aqui presentes.

A minha orientadora Maria das Graças Andrade Ataíde de Almeida pelo suporte no

pouco tempo que me coube, pelas suas correções e incentivo.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

E a todos que direta e indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito

obrigado.

EPÍGRAFE

Todo o sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a

apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.

Michel Foucault

RESUMO

A internet é uma tecnologia que revolucionou o mundo moderno criando novas formas

de diálogo entre as pessoas. Os gêneros digitais se destacam nessa vertente ao unir

escola-professor-aluno. O objetivo do estudo é realizar uma análise bibliográfica acerca

dos usos que os professores fazem sobre os gêneros Digitais, esta temática teve como

origem numa inquietação crescente que surgia ao ensinar Gêneros Digitais, que eram, e

ainda são, enfrentados como desafios constantes em sala de aula. Para isso estudaremos

as temáticas: tics, gêneros digitais e saberes e competência. Essa análise inferencial nos

mostrou um padrão diferenciado de uso e de domínio que os professores têm sobre

gêneros digitais. Baseado na pesquisa são esboçadas algumas recomendações e

implicações para futuras pesquisas.

Palavras-chaves:

Tics. Gêneros Digitais. Saberes e Competências.

ABSTRACT

The internet is a technology that has revolutionized the modern world by creating new

forms of dialogue between people. Digital orders come up along these lines to join

school-teacher-student. The objective of the study is to conduct a literature review about

the uses that teachers do on Digital genres, this issue originated from a growing concern

that came to teach Music Genres, which were, and still are, faced as ongoing challenges

in room class. For this, study the themes: tics, digital genres, knowledge, and

competence. This inferential analysis showed us a different pattern of use and domain

that teachers have about digital genres. Based on research some recommendations and

implications for future research.

KEYWORDS:

Tics. Digital Genre. Knowledge and Competence.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................11REFERENCIAL TÉORICO ....................................................................................... 14III- CAPITULO: TICS ................................................................................................ 17IV CAPÍTULO :GÊNEROS DIGITAIS..................................................................... 20V CAPÍTULO : SABERES E COMPETÊNCIAS .................................................... 23CONSIDERAÇÕES ..................................................................................................... 26REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 27

1

INTRODUÇÃO

Este TCC tem como objetivo realizar uma análise bibliográfica acerca dos usos

que os professores fazem sobre os gêneros digitais, esta temática teve como origem

numa inquietação crescente que surgia ao ensinar Gêneros Digitais, que eram, e ainda

são, enfrentados como desafios constantes em sala de aula. Na perspectiva de motivar

os alunos no estudo desses conteúdos e torná-la uma experiência positiva, verificava-se

que a forma tradicional, que enfatiza a teoria do ensino de Gêneros não trazia resultados

satisfatórios e significativos, no sentido de envolvimento dos alunos com os conteúdos.

Seu aprendizado estava deslocado na forma de apresentação no ensino aprendizagem

tradicionalmente aplicado aos assuntos.

A interatividade em larga escala, propiciada pelas Tecnologias da Informação e

Comunicação (TICs), permite hoje a conexão de indivíduos dispersos em diferentes

pontos do planeta. As consequências desse fenômeno podem ser facilmente percebidas

em diferentes setores da sociedade contemporânea, a qual apresenta como principais

características a velocidade da informação, os saberes múltiplos e sua propagação em

rede (CASTELLS, 2008).

Especificamente na educação, novos discursos e práticas são incorporados,

provocando mudanças significativas no processo de ensino-aprendizagem e na

concepção de sistemas de avaliação pedagógica. Os métodos avaliativos tradicionais,

que enfatizam a supremacia do saber acumulado ao invés do conhecimento

(re)construído pelo aluno, são progressivamente substituídos por outras abordagens

mais focadas no desenvolvimento de habilidades e competências do aprendiz e do

mestre, mestre este que se reinventa a cada aula, a cada tentativa de acerto.

A problemática em questão perpassa as possíveis relações entre a inclusão

digital e a utilização de gêneros digitais, em um processo investigativo de letramento

digital por parte dos professores. Como esses profissionais estão lidando com essa

“nova” linguagem digital, quais propósitos comunicativos estabelecem com os gêneros

digitais. Os gêneros digitais estão em grande crescimento e com eles a dificuldades de

utilizá-los em prol da educação de qualidade. Esbarrando no uso formal da língua,

alguns deles deturpam a estrutura linguística.

É dentro da escola que as experiências relatadas em jornais e revistas e TV se

desenvolvem. Ela, a escola, está em busca de novas formas de como utilizar essas

1

tecnologias adequando as suas necessidades pedagógicas. O professor é o grande

mediador desse desafio, pois é ele que articula o ensino-aprendizagem. E é para essa

formação do conhecimento que nos deteremos ao ensino fundamental 2,

especificamente alunos do 6º ao 9º ano, essa escolha se dá devido ao maior contado que

esses alunos têm com as mídias. Em seus estudos Coscorel(2007) acredita que os

professores precisam se preparar para essa nova realidade, tendo que lidar e planejar

formas de uso dentro as salas de aula. (p.31).

Assim, refletir sobre a avaliação torna-se um dos aspectos mais pertinentes

relacionados à prática docente na atualidade, seja no ensino presencial, semipresencial

ou inteiramente a distância. Naturalmente, cada modalidade de ensino possui suas

características próprias e particularidades, embora o objetivo comum possa ser

considerado a aprendizagem dos educandos – ainda que em diferentes níveis e campos

do saber. Bakhtin (1997) acrescenta que:O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de

cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo

verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua — recursos

lexicais, fraseológicos e gramaticais —, mas também, e sobretudo, por sua

construção composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e

construção composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo do

enunciado, e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de

comunicação. (Bakhtin, p.279).

O uso da tecnologia em determinado momento pode ou não, ser uma faca de

dois gumes, tendo como exemplo, o grande o uso de smartphone dentro de sala de

aula. E para que os alunos não percam o foco os professores têm desenvolvido algumas

estratégias de ensino bastante interessante, o uso de novas tecnologias nas salas de aula,

aplicadas em algumas escolas públicas do Brasil. Que além das novas tecnologias faz-

se necessária que se faça uma remodelagem na estrutura física da escola, pois também

pode trazer alguns benefícios. Um dos projetos realizados na comunidade da Rocinha,

no Rio de Janeiro, é um exemplo pertinente e que deveria ser seguido para toda a rede

de ensino no Brasil.

Um projeto arquitetônico, revolucionou a forma como os professores trabalham

e como os alunos estudam em uma escola. Os móveis têm múltiplos usos; a cadeira

pode virar uma coluna, uma estante; banco vira material de exposição. O banco vira

1

uma estante, a estante vira banco. O projeto do ambiente da escola serve justamente a

esse propósito de autonomia, construção, desconstrução, pensar, repensar. Conjuntos de

cadeiras com formatos geométricos, unidas formam um hexágono. Mas na verdade, é

um círculo infinito de novas possibilidades para aprendizagem.

O uso de novas tecnologias para as salas de aula, é a principal forma de atrair e

despertar no aluno, o prazer em aprender. Em outra escola o aprendizado se faz com o

uso dos smartphones dos alunos. Nas aulas de idiomas (inglês / espanhol) usa-se uns

aplicativos de tradução para os exercícios, além de vídeos, filmes e trechos de textos.

Servindo também para compartilhar esses arquivos de forma didática.

Para Chervel(1990) essa nova forma de ensinar está muito ligada a cultura

escolar, haja visto que ela não forma somente os indivíduos que frequentam as escolas

mas também existe uma modificação global da cultura na sociedade.

[...]A cultura escola não forma somente os indivíduos que

frequentam a escola, mas também penetra, molda e modifica a cultura da

sociedade global. A escola não reproduz somente os conhecimentos

considerados de relevância para determinada sociedade, mas ela é criativa e

(re)elabora esses conhecimentos (p.222).

Costuma-se dizer que os professores são avessos às mudanças, que insistem na

reprodução de velhas práticas pedagógicas e que, por isto, são os grandes responsáveis

pelo fracasso das reformas educacionais implementadas nas redes públicas de ensino,

essa imagem bilateral tantas vezes atribuída aos professores e às suas práticas faz-se

presente nos discursos educacionais ora enfatizando a indisposição que o magistério

teria para as inovações, ora ressaltando sua capacidade para acompanhá-la. Será isto

mesmo a realidade?

Para muitos professores essa dica pode parecer completamente fora de

realidade, mas em muitos casos o celular tem se mostrado uma ótima ferramenta de

incentivo de participação em sala, especialmente com alunos mais tímidos e

introvertidos. Além de continuar a discussão depois de sala nas redes sociais, eles

podem interagir nos fóruns organizados pelos professores, seja em sites especializados

ou em grupos do em redes sociais por exemplo. No entanto, até que ponto isso pode ser

benéfico para os estudantes, como separar o entretenimento das obrigações escolares?

Alguns autores entram em consonância a respeito do preparo dos professores

1

para essa nova realidade tecnológica, Coscarelli (2007), Moreira e Kramer (2007)

compartilham da mesma opinião, observam que um mundo globalizado e conectado

onde o professor, a escola e as políticas educacionais se apresentam em constantes

evolução.

Na procura de novos olhares a respeito da pesquisa nos debruçamos sobre a

ótica de dissertações e teses, contribuindo em muito para o estudo. Destacamos: Silva

(2013, ESEJD), Sousa(2013DEED), Veloso (2010, PUCMG), Amorim (2012, UFC),

Martins (2006, UBRA), Souza (2009, UBRA), Matias (2012, UFV) e Araújo(PUMG).

As categorias eleitas para essa presente investigação são TICs, Gêneros Digitais

e os Saberes e competências. Fundamentando pelos teóricos: Lévy(1999); Marcuschi

(2012); Bakhtin(2000) dentre outros.

REFERENCIAL TÉORICO

Para iniciarmos nossa investigação traremos à tona, definições sobre Gêneros

Digitais e letramento digital o que esses dois conceitos se alinham ou se afastam. Em

seu livro Hipertexto E Gêneros Digitais, Novas Formas De Sentido, Marcuski (2010)

sintetiza o conceito afirmando que Gêneros Digitais são gêneros textuais que emergem

no contexto da tecnologia digital em ambientes virtuais, comumente classificados como

gêneros emergentes.” (P.15), Muitos deles possuem similares em outros ambientes,

tanto em oralidade quanto na escrita. Importante frisar aqui que esses Gêneros já estão

causando polêmicas tanto no uso da área da linguagem quanto na vida social, esses

ambientes (virtuais) são extremamente versáteis competindo em importância

comunicativa com o papel e o som.

O impacto das tecnologias digitais na vida contemporânea está apenas se

fazendo sentir, mas já mostrou com força suficiente e tem enorme poder tanto para

construir como para devastar, observação feita por Crystal (2001, p169) apud

Marcuschi (2007) “enorme jogo maluco sem fim, para onde levaremos nossa língua??

(p.16).

O letramento digital é a capacidade de ler e escrever através da tela do

computador, adquirindo habilidades para manuseá-lo de acordo com as necessidades do

momento e desta forma apropriar-se da nova tecnologia digital. Além de desenvolver

raciocínio específico e comportamento propício, possibilitando que o indivíduo através

1

da utilização de tal ferramenta construa e adquira novos conhecimentos que ajudem a

desenvolver o senso crítico. Um professor que dá aulas no quadro-negro pode dinamizá-

las muito mais, criando situações de construção do saber, do que um professor que leva

os alunos ao laboratório de informática e fica apresentando slides. Percebe-se assim que

o fato de haver um laboratório de informática na escola e dos professores o estarem

utilizando, não significa que a concepção de ensino e aprendizagem será diferente, o

que deve mudar é a postura do professor.

A aprendizagem não ocorre através de apenas um método, e sim através de uma

série de estratégias de ensino, o computador poderá fazer partes de várias dessas

estratégias, basta que o professor elabore as atividades da aula de acordo com cada

objetivo a ser estabelecido. É importante salientar que utilizar a informática como

recurso para contribuir com a aprendizagem, não significa que os alunos deverão ficar o

tempo todo na frente do computador. Em projetos, os computadores, geralmente, são

utilizados como fonte de pesquisas, formatação e apresentação de dados, bem como seu

resultado final. Outros aspectos como análise, discussão, organização de dados não

precisam ativamente do computador. Segundo Coscarelli (Coscarelli, 2005):

Com a Internet os alunos podem ter acesso a muitos jornais, revistas, museus, galerias, parques, zoológicos, podem conhecer muitas cidades do mundo inteiro, podem entrar em contato com autores, visitar fábricas, ouvir músicas, ter acesso a livros, pesquisas, e mais um monte de outras coisas que não vou listar, por serem infinitas as possibilidades (p.28).

Buscando contribuir com embasamentos coerentes a respeito das categorias:

TICs, Gêneros Digitais e Saberes e Competências, destacamos: Silva (2013, ESEJD),

Sousa (2013, DEED), Velosso (2010, PUCMG), Amorim (2012, UFSC), Martins (2006,

UBRA), Souza (2009, UBRA) Matias (2012, UFV), Araújo (2004, PUCMG), Pineda

(2007, PUCSP) que desenvolvem pesquisa nas áreas de gêneros emergentes, tecnologia,

e letramento.

Silva(2013) em sua dissertação “Utilização de recursos TIC, por parte dos

professores do 1º ciclo, em crianças com dificuldades na aprendizagem da leitura e

escrita”, As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são as ferramentas chaves

da sociedade em que hoje vivemos, a Sociedade de Informação. A necessidade de

atender novas populações de alunos com características diferentes coloca um desafio

permanente a toda a comunidade educativa, exigindo o alargamento das suas funções

1

em especial aos professores do ensino regular.

Pineda (2007) em sua dissertação “investiga as possíveis relações entre inclusão

digital e gêneros digitais, em um processo de aprendizagem digital, o estudo é dirigido a

professores da rede estadual, que participam de cursos a distância, promovidos pela

PUC/SP.

Sousa(2013) descreve em sua dissertação: Aprendizagem com base na resolução

de problemas através de recursos educativos digitais propõe uma análise e uma

compreensão as implicações na aprendizagem e no auto eficiência dos alunos e o uso de

recursos educativos digitais na placa branca numa perspectiva de ensino orientada para

resolução de problemas, como nunca tivera sido aplicado antes a autora o considera

inovador.

Nas pesquisas de Velloso(2010) “Letramento Digital Na Escola: Um Estudo

Sobre A Apropriação Das Interfaces Da Web 2.0”, investigar se o processo de

apropriação de interfaces da Web 2.0, orientado pela escola, confere habilidades para o

letramento digital de alunos do Ensino Fundamental.

Amorim(2012) em sua dissertação “O Perfil Do Aluno Na Educação A

Distância: Um, estudo Sobre A Inclusão Digital Na Polícia, militar De Santa Catarina.

“As tecnologias da informação e comunicação deram um novo patamar aos processos

da educação a distância. As várias possibilidades de aplicação dessas ferramentas,

valendo-se dos ambientes virtuais de aprendizagem, requerem cada vez mais que o

corpo discente esteja preparado para utilizá-las visando a eficácia no processo ensino

aprendizagem.

Em sua dissertação Martins (2007) “Educação A Distância Na Universidade De

Brasília. Uma Trajetória de Janeiro de 1979 A Junho de 2006”, Esse estudo de caso

reuniu as diferentes iniciativas em uma escala temporal e permitiu apreciar criticamente

as mudanças implementadas. Buscou analisar o processo de institucionalização da EaD

na concepção neoinstitucional com base na dimensão tecnológica.

Nos estudos de Souza (2009) “As Representações Sociais Dos Professores E

Alunos Sobre A Relação Ensino E Aprendizagem Em Educação A Distância Na Unitins

Brasília”. A Educação a Distância, considerada uma modalidade de ensino

contemporânea, é alvo de muitas discussões teóricas e metodológicas. Ganhou

visibilidade no âmbito educacional por oportunizar formação a muitos cidadãos de

modo democrático, devido à acessibilidade proporcionada por ela.

1

Matias (2012) em sua dissertação “Narrativas De Professoras: Análise Da

Construção Dos Saberes Da Prática De Profissionais Com Experiência Reconhecida”. O

trabalho dos professores se mostra como uma prática em que incide um alto nível de

responsabilidade social. Nesse sentido, procuramos com esta pesquisa evidenciar as

vozes de professoras experientes, que atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental,

do município de Viçosa (MG), consideradas referência em seu contexto de atuação.

Araújo (2004) “UM Olhar Docente Sobre As Tecnologias Digitais Na Formação

Inicial Do Pedagogo”. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo analisar a inclusão

das tecnologias digitais no contexto de formação inicial do pedagogo. Trata-se de um

estudo feito no curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Minas Gerais, campus

de Belo Horizonte.

Diante destes trabalhos observamos que a pesquisa de Pineda (2007) apresenta

estudos que nos inquieta poligonalmente, mostrando todas as nuances necessárias. O

nosso recorte se refere a tentar entender como esses professores de ensino municipal se

comportam com a chegada de novos gêneros Digitais, e como conseguem utilizá-los em

sala de aula através da língua e escrita.

Nos próximos capítulos detalharemos um pouco mais sobre essas categorias que

permeiam o universo dos gêneros.

III- CAPITULO: TICS

Nos últimos anos temos assistido a uma constante evolução das tecnologias de

informação e comunicação, que se tem repercutido nos domínios: econômico, social,

cultural, político, e também educacional. Foi durante a década de oitenta que as novas

tecnologias começaram a evidenciar para a população em geral, muito por causa do

aparecimento e generalização dos computadores pessoais. Assim, deparamo-nos

atualmente com o desenvolvimento de uma geração completamente distinta das que a

precederam, que de acordo com Silva (2013 apud Tapscott 2007), é o resultado da

convivência estreita com a tecnologia que deu origem a uma outra forma de aprender,

de raciocinar, de percepcionar a existência.

A geração net é produto de uma convivência quotidiana com a tecnologia que

possibilita uma outra forma de aprender e de ver a vida. Neste sentido, as atuais

características dos discentes colocam novos desafios à escola.

1

As TICs são em revelia segundo Sousa(2013) reconhecida como a rápida

transformação da sociedade e respetivas implicações na educação: “uma sociedade em

constante mudança coloca um permanente desafio ao sistema educativo. Elas são um

dos fatores mais salientes dessa mudança acelerada, a que este sistema educativo tem de

ser capaz de responder rapidamente, antecipar e mesmo promover”, fala-se ainda do

papel da escola e dos professores, que passa por “fornecer aos alunos as chaves para

uma compreensão verdadeira da sociedade de informação” A educação deve facultar a

todos a possibilidade de terem ao seu dispor a informação, “recolherem, selecionarem,

ordenarem, gerirem e utilizarem essa mesma informação” (p.44).

Para Sousa (2013) Geralmente, na resolução de problemas, aparecem novas

ideias que podem levar a novas descobertas as quais podem ser usadas quer no

problema em causa quer noutros. Deste modo, a aprendizagem baseada na resolução de

problemas promove o desenvolvimento de competências intrínsecas à própria resolução

de problemas, mas também de outras competências transversais com relevância para o

exercício da cidadania. Também são conhecidas algumas fragilidades que se prendem

com as dificuldades que os alunos apresentam na adaptação a esta modelo face ao

ensino tradicional. Por outro lado, os professores também evidenciam algum

desconforto na monitorização da investigação em torno da resolução de problemas.

Mesmo assim, assiste-se a uma generalização de um ensino mais orientado para

a aprendizagem baseada na resolução de problemas, apesar de se recorrer a exercícios e

a problemas no final do processo de ensino para se promover a aplicação de

conhecimentos adquiridos ou para se avaliar as aprendizagens (Freitas, Jiménez &

Mellado, 2004). No entanto, perante as mutações laborais e sociais, aumentaram os

desafios a que a escola tem de dar resposta, de modo a preparar os alunos para a vida

ativa através da aquisição de competências.

Velloso(2010) acredita que a internet, a partir da segunda metade dos anos

noventa do século passado, transformou-se num sistema mundial público de redes de

computadores, uma rede de redes, a qual qualquer pessoa ou computador, previamente

autorizado, pode conectar-se. Ali tudo é digitalizado. As imagens, os textos, os sons, são

transformados em bits.

O suporte de informação torna-se infinitamente leve, móvel, flexível, não

amarrotável. Partilhar a informação de milhares de computadores, espalhados pelos

cinco continentes.

1

O ensino e a aprendizagem estão cada vez mais ligados ao processo de

comunicação. Há uma mutação pedagógica no processo educacional influenciando

profundamente a relação aluno – professor-instituição de ensino. O que antes era

acessório para o desenvolvimento profissional e educacional.

No atual período permeado pela intervenção tecnológica, a internet e as

ferramentas da TIC tem sido postos-chave de transformação, enquanto processo

inovador e capaz de estabelecer novos conceitos de interação social. Elas trouxeram a

organização social uma maior liberdade, em que o sincronismo e tempo real

substituíram o espaço e a interconexão substituiu praticamente a questão de

tempo(Levy,1999).

É neste contexto que surge a educação superior além do uso da educação a

distância, fazendo uso dos mais variados recursos das TICs.

Maia (2003) salienta que o principal desafio da gestão das TICs, é o

desenvolvimento de linguagem pedagógica apropriada para a aprendizagem/ensino por

meio do uso das TICs. A tutoria deve desenvolver mais o papel de facilitador do que de

especialista. É preciso ter uma equipe especializada de apoio, que saiba usar as TICs e a

pedagogia de ensino. Para Maia e Meirelles (2003), esses desafios são: manter os alunos

motivados; incentivar a interação entre os alunos e entre alunos e professores; as

avaliações devem ser constantes e não estanques somente; ao professor compete o ponto

central e mais importante do processo; metodologia deve basear-se no lema “aprender a

aprender”. Os autores reforçam que “o gerador do conhecimento, o professor, talvez

seja um dos maiores dificultadores no processo do ensino” (MAIA; MEIRELLES,

2003, p.8). Já para Perry, Timm e Ferreira (2006), os desafios da gestão consistem em

compreender adequadamente a oposição que existe entre a transmissão e a construção

de conhecimento. Isso pode auxiliar para o desenvolvimento de estratégias didáticas e

pedagógicas condizentes com a educação.

Esses desafios voltam-se à profissionalização da gestão como um todo: “além

de infraestrutura tecnológica, um planejamento eficaz, dinâmico e adequado frente às

demandas de atendimento, não só dos alunos, mas também frente à satisfação da equipe

da instituição”. Não é somente uma questão de ter infraestrutura e pedagogia adequadas,

mas ter critérios claros de planejamento e gestão, bem como de uma capacidade de

acompanhar e coordenar eficientemente cada etapa do trabalho. No entanto, “cada

instituição de ensino deve desenvolver seus próprios profissionais”, admitem Ribeiro,

2

Timm e Zaro (2007 p.3,7). Para Pozo (2008), as contendas principais na educação

consistem na capacidade que as instituições precisam desenvolver para converter

informação em domínio. Para isso, é necessário modificar a concepção de ensino e

desenvolver novos caminhos, “muito além de uma simples mudança de tecnologias e de

comunicação e informação” (p.2).

Azzolino e Nabarretti (2008) comentam que esses desafios estão relacionados ao

fato de que as IES precisam se redesenhar frente às TICs na Educação. Elas necessitam

desenvolver métodos, técnicas e educadores capazes de preparar os alunos para absorver

e filtrar tanta informação. Além disso, é necessário acompanhar o surgimento de novas

TICs na EAD, aprimorando seus recursos humanos e, principalmente, pela readaptação

de seus professores frente ao ambiente virtual. Nas palavras dos autores: “grande parte

dos atuais professores ainda estão acostumados/acomodados com seus livros marcados

e remarcados, suas fichas e cadernos de anotações de aula que às vezes utilizam há

anos” (p.16).

Vieira (2011) comenta que os desafios na gestão das TICs no ensino presencial

ou a distância são a potencialização do uso das TICs para enriquecer e facilitar o

processo de ensino e aprendizagem e a capacitação de pessoas para utilizarem-na. No

entanto, o ensino deve fazer uso contínuo da interatividade entre todos os integrantes.

Por fim, Fernandes e Fernandes (2012) salientam que esses desafios são: além do

domínio dos recursos tecnológicos, capacidade do educador em prender a atenção do

aluno por meio de interação constante entre todos. etc. Para manter a atenção dos

estudantes, é preciso: interfaces de fáceis manuseios; ambiente atrativo; ofertas de

recursos para aprendizagem individual e em grupo; acessos a fontes bibliográficas;

comunicação interativa; apresentações pessoais; opções avaliativas diversificadas.

IV CAPÍTULO :GÊNEROS DIGITAIS

Para que possamos entender o estudo de gênero, temos que fazer diferenciação

entre os gêneros textuais e suas tipologias. Marcuschi (2010) explica que o “estudo dos

gêneros textuais não é novo”. Começou com Platão, na Grécia e esteve presente

inicialmente ligado aos gêneros literários” (P.19) que eram estruturados da seguinte

forma: épico, narrativa com tema principal envolvendo história e que contava os feitos

2

de um povo ou de alguém; o dramático, diretamente representada por atores e por fim o

gênero Lírico que era direcionado à poesia. Outros filósofos também inquietaram-se

com as questões que envolviam os gêneros textuais e essas inquietações se perpetua até

hoje.

A noção de gênero hoje, já não mais se vincula apenas à literatura, Marcuschi

(2006) diz que a “noção de gênero ampliou-se para toda produção textual” (linguística

de texto, a análise conversacional e a análise do discurso) (p.23). O tratamento dos

gêneros diz respeito ao tratamento da língua em seu dia a dia e de diversas formas, eles

são importantes como parte integrante da estrutura comunicativa de nossa sociedade. Os

gêneros variam como as línguas, ajustam-se, reiteram-se e proliferam-se. Hoje a voga é

observar os gêneros pelo seu lado dinâmico, social, processual e interativo. É o que

afirma o autor quando diz “Gêneros são formas culturais e cognitivas de ação social. Ele

é essencialmente flexível e variável.” (Marcuschi, 2006 p.23).

Podemos citar aqui alguns gêneros textuais: telefonema, sermão, carta

social/comercial, noticia jornalística, instruções de uso, edital de concurso, lenda,

fábula, lista de compras, etc. Que são tipos específicos de textos de qualquer natureza,

literária ou não, e que são usadas como formas de organização da linguagem. Após essa

breve revisão sobre gênero, deslocamos para estudo da tipologia. De acordo com

Travaglia (1991 p.39-61) “a tipologia é considerada como a possibilidade de

particularização, de singularização dos discursos, e, ao mesmo tempo, de sistematização

e análise”.

Tipologicamente podemos apresentar a seguinte formatação: textos narrativos,

que em sua essencial possuem a intenção de narrar fatos que ocorrem com pessoas em

algum momento, exemplo: Em um dia de sol no mês de Janeiro, Francisco e Geane

caminhavam pela rua deserta rumo à casa de Denílson quando subitamente algo

inesperado aconteceu. Foram abordados por uma repórter do Jornal de Notícias

querendo fazer uma pesquisa de opinião. Os textos descritivos possuem uma

característica peculiar, preocupam-se com os detalhes daquilo que se escreve: Francisco

era alto, branco, porte atlético, com forte grau nós óculos, cabelos pretos e lisos. A cor

branca em seus dentes refletia a luz do sol, ele era delicado como uma flor, porém

perigoso como os espinhos.

Nos textos dissertativos temos afligimentos com a análise crítica, a

argumentação é seu ponto chave, a prioridade para essa tipologia, é a fundamentação

2

cientifica, filosófica, citando autores, livros, etc. Como exemplo, temos esse

enunciando: os avanços da Internet, organizando as informações em rede, e a televisão,

dedicando-se à lavagem cerebral acerca da moda e do politicamente correto, os

indivíduos caminham para uma perda da identidade.

Em suma Koch (2003 p.53) diz que:A competência sociocomunicativa dos falantes/ ouvintes leva-os à detecção do que é adequado ou inadequado em cada uma das práticas sociais. Essa competência leva ainda à diferenciação de determinados gêneros de textos, como saber se se perante a uma anedota, poema, enigma, uma explicação, uma conversa telefônica etc. Há o conhecimento, pelo menos intuitivo, de estratégia de construção e de interpretação de um texto. A competência textual de um falante permite-lhe, ainda, averiguar se um texto predomina sequencias de caráter narrativo, descritivo, expositivo e / ou argumentativo. Não se torna difícil, na maior parte dos casos, distinguir um horoscopo de uma anedota ou uma carta familiar, bem como, por outro lado, um texto real de um texto fabricado, um texto de opinião de um texto predominantemente informativo e assim por diante.

Koch (2003) e Bakhtin (1953) acreditam “que todas as esferas da atividade humana por

mais variadas que sejam, estão relacionadas com a utilização da língua”. Não dá para

falar de gêneros digitais sem antes adentrarmos no surgimento da internet.

A rede mundial de computadores, ou internet, surgiu na guerra fria precisamente

nos anos 1971, foi criada exclusivamente com objetivos militares, seria uma forma das

forças armadas norte-americanas de manter as comunicações em caso de ataques

inimigos que destruíssem os meios convencionais de comunicação.

O e-mail foi o primeiro gênero textual digital que surgiu, fruto da mente

brilhante de Ray Tomlinson, que trocou mensagens testes sem um significado

linguísticos para outros computadores. Segundo Paiva (2010 apud Cambell, 1998) “foi

também Tomlinson quem escolheu o símbolo @ para sinalizar a localização do

endereço de cada usuário”. Atualmente ele trabalha para a BBN (Bolt Beranek and

Newman), impossível encontrar alguém que não tenha um endereço de e-mail

cadastrado em seu nome. Ainda de acordo com Paiva (2010 p.87) “As mensagens

eletrônicas são hoje, possivelmente o tipo de texto mais produzido na sociedade

letrada”.

A pluralidade de gêneros emergiu no decorrer dos tempos, hoje podemos citar

outros; quem nunca ouviu os termos: bate-papo (chats), redes sociais, fórum, vídeo-

aula, listas de discursão, fotoblogs, blogs entre outros, com características originais ou

aprimoradas, visto que antes de serem criados no mundo digital, alguns gêneros já

existiam no contexto real e concreto. Essa originalidade é indagada por Marcuschi

2

(2010 p.16) “qual a originalidade desses gêneros em relação ao que existe?”

acreditamos em conformidade com o autor supracitado que a tecnologia (internet) pode

reunir em uns só meio vários tipos de gêneros os verbais/escritos e não verbais/imagens,

som, gestos. O autor sintetiza ao dizer que:

[...] dá mobilidade para incorporação simultânea de múltiplos semioses, interferindo na natureza dos recursos linguísticos utilizados. A par disso, a rapidez da veiculação e sua flexibilidade linguística aceleram a penetração entre demais práticas sociais. (Marcuschi. 2010 p.16)

A tecnologia digital pode ser uma faca de dois “gumes” nesse tempo, principalmente naescrita, em relação aos erros de grafia coesão e coerência, alguns autores reagem a isso:

A propósito da participação indefinida nos bate-papos, em salas abertas, a atividade se parece com “um enorme jogo maluco sem fim” ou, então, assemelha-se a uma “festa linguística” (linguistic party) para onde levamos nossa “língua” ao invés de nossa “bebida”. Marcuschi (2010 apud David Crystal, 2001 p.169).

Embarcamos segundo Marcuschi (2010) em alguns aspectos, relevantes sobre

esses gêneros, uma delas é o desenvolvimento que em seu modo se torna fraco, as

peculiaridades podem ser formais e informais, e as possibilidades de visão em repensar

a relação entre escrita e oralidade. “Diante disso o próprio autor afirma” que “esse”

discurso eletrônico” constitui um bom momento para se analisar o efeito de novas

tecnologias na linguagem e o papel da linguagem nessas tecnologias”.

V CAPÍTULO: SABERES E COMPETÊNCIAS

Em 1973, McClelland publicou o paper Testing for Competence rather than

Intelligence, que de certa forma iniciou o debate sobre competência entre os psicólogos

e os administradores nos Estados Unidos. A competência, segundo este autor, é uma

característica subjacente a uma pessoa que é casualmente relacionada com desempenho

superior na realização de uma tarefa ou em determinada situação. Diferenciava assim

competência de aptidões: talento natural da pessoa, o qual pode vir a ser aprimorado, de

habilidades, demonstração de um talento particular na prática e conhecimentos: o que as

pessoas precisam saber para desempenhar uma tarefa. Durante a década de 80, Richard

2

Boyatzis, reanalisando os dados de estudos realizados sobre as competências gerenciais,

identificou um conjunto de características e traços que, em sua opinião, definem um

desempenho superior. Esses trabalhos marcaram significativamente a literatura

americana a respeito do tema competência (Spencer e Spencer, 1993).

Os professores que hoje estão em média na faixa etária dos 30 aos 50 anos se

enquadram em uma geração de “imigrantes digitais”, que estão contemporaneamente

aprendendo a lidar com a tecnologia. Ela já está presente em suas vidas seja através de

diversas obrigações que hoje são basicamente virtuais, utilizado a internet, como a

declaração do imposto de renda, a inscrição em concursos, o uso de redes sociais e e-

mails, entre outros.

Apesar de esta realidade já estar presente na sociedade e afetar a escola deste o

final do século passado, ao analisarmos os cursos de formação de professores,

verificamos as fragilidades de uma estrutura curricular que não privilegia a formação

didática adequada aos desafios sociais contemporâneos, nem a inovação didática em

sala de aula. Como novos docentes estariam aptos a trabalhar com os “nativos digitais”.

Portanto, identifica-se que o desafio aos professores é uma realidade imposta desde sua

formação inicial, tendo-se em vista a atual estrutura das licenciaturas. Não se espanta

observar de outro lado a relutância de muitos colegas docentes frente a inovação

pedagógica e uso de tecnologias, mesmo depois eventuais formações continuadas sobre

o tema. Questiona-se até que ponto a dificuldade na inovação didática se insere em um

contexto mais amplo de precarização da carreira docente e de sua formação.

Logo, questões se impõem: como organizar didaticamente a construção do

conhecimento na Era da Informação? O que é uma aula instigante a estes alunos

familiarizados com a tecnologia? Como utilizar a tecnologia a favor do ensino

reflexivo? Como estabelecer parcerias produtivas com a avalanche de informações que

os alunos têm acesso fora da sala de aula? Qual a postura e o papel do professor neste

contexto educacional? Tais questões se tornam ainda mais relevantes diante da

discrepância crescente que se observa entre estas duas gerações.

Nagoya (2012) disserta sobre as mudanças culturais e sociais que ocorreram nos

últimos anos (a partir da década de 1990) com a utilização crescente de dispositivos

virtuais e afirma que esta mudança na matriz cultural também modificou o

comportamento das novas gerações. Sua hipótese baseia-se no argumento de Goffman

(2012), segundo a qual “quem nasceu de 1980 para cá é um nativo digital, então lida

2

com essas mídias de forma muito naturalizada, enquanto que as pessoas que aprenderam

a lidar com elas depois de alfabetizadas, os imigrantes digitais, têm mais cautela, tanto

que são os jovens que introduzem tecnologia em casa”. Goffman (2012) alerta, ainda,

que o sistema educacional tem que levar em conta esta nova realidade e novo perfil de

jovem:As crianças hoje conseguem fazer mais coisas ao mesmo tempo e a escola precisa aproveitar isso no ensino. E isso confunde a sociedade, muitos dizem„essas crianças não conseguem prestar atenção em nada ‟, quando na verdade elas prestam atenção em muitas coisas ao mesmo tempo (NOGOYA, 2012, p.10).

Tem que se levar em consideração que a escola, pela primeira vez em sua

história, não está isolada; ela pode estar conectada a outros centros, outras fontes de

informação que estão além das paredes da sala de aula, dos livros, dos textos. Isso tudo

leva a uma alteração da vida escolar que, entretanto, se faz de forma muito lenta, pois a

cultura escolar, presa em seus ritos e posicionamentos seculares de autoridade, tem

dificuldades de se adaptar e acolher o novo.

E esta resistência é muito forte, principalmente em relação à Internet, que

embora esteja presente na maioria das escolas, é subaproveitada. Além disso, no que se

refere à formação inicial e continuada dos professores, seria positiva a introdução de

‘configuração social típica da contemporaneidade: os professores devem ser preparados

para utilizar as tecnologias muito precocemente em sua formação docente e, além disso,

deve-se priorizar um novo perfil didático-metodológico durante a formação de

professores, que valorize elementos como a colaboração e a construção coletiva de

conhecimentos.

É fundamental que estas mudanças ocorram nos Institutos Superiores de

Educação, nas Faculdades de Educação, nos cursos de licenciatura, desde as primeiras

disciplinas. Quem forma o professor deve questionar suas práticas e refletir melhor

sobre a Educação Básica no Brasil. É importante levarmos em conta que os autores que

se debruçam sobre o tema da educação na contemporaneidade – independente de

analisar a relação TICs e sua utilização nas aulas ou a nova reconfiguração de papeis

dos agentes envolvidos – tendem a concordar num crescente consenso acerca da

importância da prática didática reflexiva, muito mais do que a defesa da simples

incorporação de tecnologia.

2

CONSIDERAÇÕES

Considerando as possibilidades de ensino-aprendizagem não existe uma formula

perfeita para os docentes encararem os gêneros digitais.

Diante desse questionamento, acredita-se que, fundamentalmente, o papel do

professor permanece central na organização e produção do conhecimento, na realização

da aprendizagem, na atuação enquanto “um agente altamente estratégico na cultura

humana” (FELIX e BARBOSA, 2001, p 3). Seu papel é ainda mais decisivo e

estratégico no mundo de hoje, em que há o acesso facilitado às informações, já que deve

auxiliar o educando a aprender a selecionar e planejar melhor suas alternativas e

recursos de acesso ao mundo da informação. Como vimos, a difusão massiva de

informações através de diversos suportes, produz questionamentos à aula tradicional,

focada na disponibilização de informações, na transmissão de conteúdo.

Tais informações estão disponíveis também em outros meios. É preciso mais. É

possível ao professor se mobilizar para empreender novas buscas e novos aprendizados,

com o intuito de realizar um novo fazer pedagógico. É possível produzir uma nova

relação com a tecnologia. Não basta mais recorrer somente às antigas fontes (livros,

materiais didáticos, jornais, revista etc.; há que ser usuário sistemático da rede.

É a sociedade que demanda reflexões sobre como deve ser a adequada formação

de cidadãos plenos, preparados para inserção no mundo cada vez mais tecnológico. As

relações sociais baseadas também no universo virtual, nas redes sociais e nos contatos à

distância, nas relações políticas globais, na pluralidade e multiculturalismo, carecem de

um contraponto à vulgarização do saber em tempestades de informações. A escola

permanece lócus privilegiado do conhecimento, de produção de saber, de organização

da vida social em latência, da aprendizagem.

Pode-se avançar sem medo em direção à inclusão nesta realidade tal como ela se

apresenta, e para a qual a escola não precisa ter receio de se desinsular, rumo a uma

nova inserção epistemológica na Sociedade do Conhecimento.

Não existem “fórmulas perfeitas” quando se trata de avaliar, mas é importante

refletir sobre como é possível oferecer uma aprendizagem significativa aos alunos sem

frustrar as suas expectativas. Cabe ao educador, por meio da sua sensibilidade e

experiência, perceber quais são elas.

2

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