141
ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING ESPM/RJ MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DA ECONOMIA CRIATIVA DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO A CHEGADA DO INBOUND MARKETING AO MERCADO BRASILEIRO Rio de Janeiro 2019

DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING – ESPM/RJ

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DA ECONOMIA CRIATIVA

DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO

A CHEGADA DO INBOUND MARKETING AO MERCADO BRASILEIRO

Rio de Janeiro

2019

Page 2: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO

A CHEGADA DO INBOUND MARKETING AO MERCADO BRASILEIRO

Dissertação apresentada como requisito final para obtenção do título de Mestre em Gestão da Economia Criativa pela Escola Superior de Propaganda e Marketing.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Marques de Abreu

Rio de Janeiro

2019

Page 3: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca

ESPM.

Braulio, Diogo Ferreira de Almeida A chegada do inbound marketing ao mercado brasileiro / Diogo

Ferreira de Almeida Braulio. – Rio de Janeiro, 2019. 145 f. : il., color.

Dissertação (mestrado) – Escola Superior de Propaganda e

Marketing, Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa, Rio de Janeiro, 2019.

Orientador: Leonardo Marques de Abreu

1. Inbound marketing. 2. Marketing de resultado. 3. Jornada. I. Abreu, Leonardo Marques de. II. Escola Superior de Propaganda e Marketing. III. Título.

Page 4: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO

A CHEGADA DO INBOUND MARKETING AO MERCADO BRASILEIRO

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Gestão da Economia Criativa pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM.

Rio de Janeiro, 11 de março de 2019.

__________________________________________ Prof. Leonardo Marques de Abreu – ESPM

Orientador

__________________________________________ Prof. Eduardo Ariel – ESPM

Avaliador 1

__________________________________________ Prof. Ronaldo Chataignier – UERJ

Avaliador 2

Page 5: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

Para Fabiano e Paula;

Ana Maria e Paulo;

Raphaela.

Page 6: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

AGRADECIMENTOS

Aos meus grandes incentivadores nesse passo acadêmico: Eduardo Ariel,

Luciana Cruz e Ronaldo Chataignier. Sem o seu apoio e incentivo, esse momento não

seria possível.

A meu mestre e orientador, Leonardo Marques, que me proporcionou uma rica

troca nos dois últimos anos de convivência.

Aos meus colegas de turma, que trouxeram mais conhecimento e amizade

durante o período em que estivemos juntos e ainda vamos estar.

A meus pais e avós, que como sempre apoiaram e possibilitaram mais um

avanço profissional.

E, por último mas não menos importante, àquela que se tornou minha esposa

durante o processo de mestrado.

Page 7: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

O objetivo do marketing é tornar supérfluo o esforço de venda. O objetivo do marketing é conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou o serviço seja adequado a ele e se venda sozinho. Idealmente, o marketing deveria resultar em um cliente disposto a comprar (DRUCKER, 1973, p. 64-65).

Page 8: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

RESUMO

Esta pesquisa tem como tema a chegada do inbound marketing ao mercado brasileiro, analisando o comportamento do mercado de comunicação no país, que perde sua força na aplicação de estratégias com resultados intangíveis e não numéricos, principalmente na atuação off-line, proporcionando a ascensão da atuação digital e da busca por resultados comprovados em números como uma necessidade de aplicação da metodologia. Assim, o objetivo geral deste estudo é analisar a introdução do inbound marketing no Brasil, buscando identificar as possíveis adaptações sofridas para a aplicação da metodologia no mercado nacional, além de apontar as variáveis de objetivos específicos, como descrever os pontos de envolvimento com a implementação estratégica da metodologia de inbound marketing na atuação de mercado no Brasil e analisar características do mercado brasileiro na busca por resultados e prazos. O referencial teórico tem como base principal a bibliografia de Brian Halligan e Dharmesh Shah, que fundamentam sua própria metodologia e reportam todo o embasamento para as fases de importância dentro do inbound marketing.

Palavras-chave: Inbound marketing. Marketing de resultado. Jornada do consumidor.

Page 9: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

ABSTRACT

This research has as its theme the arrival of inbound marketing to the Brazilian, analyzing the behavior of the communication market in the country, which loses its strength in the application of strategies with intangible and non-numeric results, mainly in off-line acting, providing the rise of digital performance and the search for proven results in numbers as a need to apply the methodology. Thus, the general objective of this study is to analyze the introduction of inbound marketing in Brazil, seeking to identify the possible adaptations undergone for the application of the methodology in the national market, besides pointing out the variables of specific objectives as, to describe the points of involvement with the strategic implementation of the inbound marketing methodology in the Brazilian market and analyze the characteristics of the Brazilian market in the search for results and deadlines. The theoretical framework is based on the bibliography of Brian Halligan and Dharmesh Shah, who base their own methodology and report all the bases for the phases of importance within inbound marketing.

Keywords: Inbound marketing. Performance. Buyer’s journey.

Page 10: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Principais indústrias criativas ................................................................... 19

Figura 2 – Metodologias-base do inbound marketing: jornada do consumidor × etapas

do inbound marketing ................................................................................................ 27

Figura 3 – Funil metodológico do inbound marketing na prática ............................... 29

Figura 4 – Jornada do consumidor ............................................................................ 30

Figura 5 – Estado do inbound ................................................................................... 32

Figura 6 – Resultado da pesquisa Estado do Inbound .............................................. 33

Figura 7 – Resultado do Censo Agências: posicionamento da empresa em relação ao

marketing digital ........................................................................................................ 35

Figura 8 – Resultado do Censo Agências 2018: área de atuação ............................ 35

Figura 9 – Resultado do Censo Agências 2018: novas áreas criadas ou desejadas na

agência ...................................................................................................................... 36

Figura 10 – Resultado do Censo agências 2018: serviços com melhor rentabilidade

financeira ................................................................................................................... 36

Figura 11 – Resultado do Censo agências 2018: serviços com melhor rentabilidade

financeira ................................................................................................................... 37

Figura 12 – Delineamento para obter respostas ao problema de pesquisa .............. 38

Page 11: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDA [conceito de vendas baseado em] atenção, interesse, desejo e ação

CAC customer acquisition cost

CCO chief communications officer

CEO chief executive officer

CRM customer relationship management

CTO chief technology officer

ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing

EUA Estados Unidos da América

FAAC-UNESP Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade

Estadual Paulista

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

GPS global positioning system

HUG HubSpot User Group

IAB Interactive Advertising Bureau

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBMEC Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais

KPI key performance indicator

MIT Instituto de Tecnologia de Massachusetts

PIB Produto Interno Bruto

ROI return over investment

SEO search engine optimization

SMART [metas] específicas, mensuráveis, atingíveis, relevantes e

temporais

UX design design da experiência do usuário

WWW world wide web

Page 12: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

2 ECONOMIA CRIATIVA COMO SETOR E MARKETING DIGITAL COMO

PARTE DELE ................................................................................................. 18

3 O MERCADO DE COMUNICAÇÃO NO MEIO DIGITAL ............................... 22

3.1 MOVIMENTO POR MEIO DA INTELIGÊNCIA DE DADOS ............................ 22

4 UMA NOVA METODOLOGIA PARA MUDAR O SETOR .............................. 26

4.1 AS FERRAMENTAS COMO ELO ................................................................... 30

5 CONSEQUÊNCIAS PARA O MODELO DE MERCADO DE COMUNICAÇÃO

NO BRASIL E NO MUNDO ............................................................................ 32

6 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA ...................................................... 38

6.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................. 38

6.2 PROBLEMA ................................................................................................... 39

6.3 HIPÓTESE ..................................................................................................... 39

6.4 OBJETIVOS ................................................................................................... 39

6.4.1 Geral ............................................................................................................... 39

6.4.2 Específicos ..................................................................................................... 39

6.5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 41

6.6 TÉCNICAS ..................................................................................................... 41

7 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................. 43

7.1 ANÁLISE DE DADOS DO FOCUS GROUP ................................................... 43

7.1.1 Participantes ................................................................................................... 43

7.1.2 Objetivos Específicos do Focus Group........................................................... 44

7.1.3 Roteiro Semiestruturado do Focus Group ...................................................... 44

7.1.4 Resultado Focus Group .................................................................................. 45

7.2 ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE ............................................................. 46

7.2.1 Participantes ................................................................................................... 46

7.2.2 Roteiro Semiestruturado ................................................................................. 47

7.2.3 Resultado das Entrevistas .............................................................................. 48

8 RESULTADOS ............................................................................................... 51

9 DESDOBRAMENTOS PRÁTICOS E PRODUTOS ORIUNDOS DA PESQUISA

........................................................................................................................ 59

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 60

Page 13: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 61

APÊNDICE A – TRANSCRIÇÃO DO FOCUS GROUP ................................. 65

APÊNDICE B – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA ...................................... 84

APÊNDICE C – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA .................................... 100

APÊNDICE D – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA .................................... 112

APÊNDICE E – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA .................................... 123

Page 14: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

13

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos últimos anos, a publicidade no Brasil vem sofrendo perdas

consideráveis em sua participação no mercado de comunicação e marketing, vendo a

fatia dos investimentos de seus clientes migrar para novas alternativas e tendo

diretamente a sua importância impactada. Este cenário afeta ainda mais o negócio

das agências publicitárias de mídias tradicionais,1 que só em 2016 assistiram ao

investimento das grandes empresas no mercado on-line crescer 26% (IAB, 2017) e

deslocar o destino das verbas de seus anunciantes.

Tal movimento e momento de mercado formam um dos objetivos deste estudo:

analisar se esse fenômeno está atrelado diretamente à mudança de cultura de

consumo, alterando o destino dos investimentos dos grandes anunciantes e clientes

das agências de publicidade e transformando a forma como estas entendem a sua

atividade.

O modelo de negócio das agências, baseado em grandes comissões,

resultados pouco precisos e apenas em insumos intangíveis, como a criatividade,

pode não fazer mais efeito em um mercado digitalizado, no qual qualquer clique pode

ser quantificado e até induzido. A necessidade de se trabalhar num novo mercado,

que exige comprovação de performance2 explícita e do retorno sobre todo e qualquer

investimento (ROI3), já não é uma variável optativa mas uma obrigação.

O Estado do Inbound 20174 (HUBSPOT, 2017), pesquisa realizada pela

empresa norte-americana HubSpot com o objetivo de atualizar seus leitores sobre

todas as mudanças de marketing e vendas do mercado corporativo, diz que

comprovar o ROI de ações de mídia off-line é o maior desafio dos profissionais de

comunicação e, mesmo para os profissionais que já trabalham com marketing de

performance, o marketing baseado em comprovação de resultados através de dados

ainda é uma questão. A pesquisa citada também mostra que a comprovação de ROI

só não é uma dificuldade maior do que a aquisição de novos clientes.

1Mídias tradicionais são os formatos convencionais estabelecidos como ferramentas de comunicação, isto é a TV, os jornais, os rádios, as revistas e até alguns modelos digitais, como banners e outros. 2Performance marketing é uma área do marketing digital totalmente voltada para o resultado e orientada por dados. 3ROI é uma sigla para a expressão return over investment ou, em português, retorno sobre investimento. 4O Estado do Inbound 2017 é um recurso abrangente sobre inbound marketing, estratégia de vendas e operações, além de ser um manual para dados estratégicos. Está disponível em: https://br.hubspot.com/blog/Marketing/estado-do-inbound-Marketing-e-vendas-pesquisa.

Page 15: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

14

O Censo Agências 20185 (OPERAND, 2018), estudo nacional sobre gestão

direcionado para agências de publicidade e marketing, apresenta como reflexo desse

momento de mercado o fato de 62% das 500 agências de publicidade brasileiras

envolvidas no censo afirmarem que estão se reposicionando e gerando

desenvolvimento de habilidades para que seus times atuem no marketing digital.

Segundo Kotler (2017), o marketing está longe de ser uma disciplina estática

e, por isso, a revolução digital traz impactos para o mercado mundial de comunicação.

Este fenômeno de mudança desencadeia naturalmente novos métodos e

metodologias de trabalho que se adequam ao novo cenário, como o marketing 4.0 de

Philip Kotler (2017) (aprofundamento e ampliação do marketing centrado no ser

humano para cobrir cada aspecto da jornada do cliente) e o inbound marketing, a parte

fundamental, impulsionadora e objeto deste estudo.

Desenvolvido pelo especialista em vendas americano Brian Halligan e pelo

também americano especialista em tecnologia Dharmesh Shah, o inbound marketing,

desde a sua nomenclatura, deixa claro o objetivo de contrapor a maneira tradicional

de se fazer marketing – digital ou não – também chamado de outbound.6 Sua

metodologia, exclusivamente digital, foi disseminada mundialmente a partir de 2010 e

questiona ponto a ponto a eficácia do modelo tradicional aplicado no mercado de

comunicação, principalmente no que diz respeito às entregas estratégicas do mercado

de agências de marketing e publicidade (SHAH; HALLIGAN, 2013).

Identificando as novas possibilidades, as agências tradicionais iniciam um novo

movimento de implementação e buscam por alternativas que as mantenham ou

recoloque-as de forma competitiva no mercado digital, seja com atuações de outbound

em mídias digitais como Facebook Ads e Google Ads,7 seja com metodologias de

performance, como o inbound marketing e as práticas de Search Engine Optimization

(SEO8) (OPERAND, 2018).

Esta pesquisa tem, portanto, a chegada do inbound marketing ao mercado

brasileiro como tema, analisando o comportamento do mercado de comunicação no

5O Censo Agências 2018 é a maior pesquisa nacional sobre gestão direcionada a agências de publicidade e marketing. Está disponível em: https://blog.operand.com.br/conteudos/censo2018/. 6Outbound marketing pode ser definido como a estratégia tradicional de marketing em que a marca é ativa no processo de prospecção de clientes. 7Facebook Ads e Google Ads são as ferramentas de vendas de mídia digital dentro das plataformas Facebook e Google, respectivamente. 8SEO é a estratégia de otimização de acessos em sites que permitem um melhor posicionamento nos resultados orgânicos dos mecanismos de busca como o Google.

Page 16: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

15

país, levando em consideração os impactos gerados pelo modelo de performance na

cultura das empresas e, além disso, avaliando as mudanças necessárias para a

implementação da nova metodologia de marketing digital no Brasil.

A hipótese em que se orienta esta pesquisa é o questionamento se o inbound

marketing, conforme o seu modelo original aplicado nos Estados Unidos, funciona no

mercado brasileiro, que busca por resultados de curto prazo, mesmo com a

implementação de adaptações da metodologia perante o comportamento do

consumidor e mercado.

Assim, o objetivo geral deste estudo é analisar a chegada do inbound marketing

ao Brasil, buscando identificar como foi aplicado e idealizado o uso da metodologia

para as empresas do mercado nacional, além de apontar as variáveis de objetivos

específicos como descrever os pontos de envolvimento com a implementação

estratégica da metodologia de inbound marketing na atuação de mercado no Brasil e

analisar as características do mercado brasileiro na busca por resultados e prazos.

A pesquisa será realizada com profissionais e consumidores participantes e

inseridos no mercado de publicidade e marketing atuantes no Brasil, com sede na

cidade do Rio de Janeiro. Como profissional certificado pela HubSpot9 em inbound

marketing, atuante e entusiasta do método, pude ter acesso a muitos outros

profissionais que vivem a metodologia no Brasil e entender as expectativas, desafios

e anseios que sua aplicação proporciona.

Quanto às seções que fazem parte desta dissertação, o segundo capítulo

aborda o histórico estratégico do mercado de comunicação e marketing pelo olhar de

Kotler (2017), além de identificar esse mercado como parte integrante das indústrias

criativas, através do entendimento de Howkins (2013), que relaciona a criatividade, o

simbólico e a economia como fundamentação da atividade criativa. Ainda segundo o

autor, a formação deste setor se dá a partir da união de segmentos dinâmicos,

gerando a diversidade econômica de comércio e inovação.

A partir do terceiro capítulo, inicia-se o entendimento do momento do marketing

digital, abordando as possibilidades que as metodologias digitais trazem como

benefício para a execução de estratégias eficazes e metrificadas, de acordo com o

melhor cenário mapeado em conjunto com os estágios da jornada do consumidor. A

9A HubSpot é desenvolvedora e comerciante de produtos de software para vendas e inbound marketing. Foi fundada por Brian Halligan e Dharmesh Shah em 2006. Seus produtos e serviços visam fornecer ferramentas para marketing de mídia social, gerenciamento de conteúdo, web analytics e SEO.

Page 17: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

16

captação de resultados durante a jornada do consumidor permite que as empresas

que detêm essa administração consigam otimizar seus resultados.

Para Kotler e Keller (2006, p. 4), “A Administração de Marketing acontece

quando pelo menos uma parte em uma relação de troca potencial procura maneiras

de obter as respostas desejadas das outras partes”. A análise de dados é parte

fundamental desse movimento, e neste capítulo introduzimos o histórico da relação

do estudo de dados com o marketing iniciando pelo database marketing, criado na

década de 70; passando pelo movimento de big data10 no século XXI, abordado por

Mayer-Schönenberg e Cukier (2013), com cinco v’s (volume, velocidade, variedade,

veracidade e valor); até chegar ao seu contraponto, o small data,11 trazido por

Lindstrom12 (2016).

No quarto capítulo o entendimento da metodologia que guia este estudo é

introduzido. O inbound marketing, sua história, seu formato e suas influências são

abordadas aqui. Com uma estrutura inspirada no conceito de vendas atenção,

interesse, desejo e ação (AIDA13) e no funil de vendas,14 o método desenvolvido por

Brian Halligan e Dharmesh Shah tem quatro etapas (atração, conversão, venda e

relacionamento) e deixa claro o seu objetivo de explorar a capacidade do digital em

obter resultados de negócios por meio da análise e inteligência de dados. Finalizando

com o momento no qual dois alunos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts

(MIT15) transformaram a disseminação da metodologia em ferramenta e criaram uma

gigante do mundo dos negócios digitais, a HubSpot.

O capítulo de número 5 faz uma reflexão sobre o resultado, o impacto e os

movimentos alcançados, gerados e feitos pelas agências inseridas nesse novo

ambiente digital do mercado publicitário do Brasil num período em que 102 milhões

de brasileiros estão conectados (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA, 2016) e identifica, mais uma vez, no decorrer do estudo a importância

10Refere-se a um grande conjunto de dados gerados e armazenados com os quais os aplicativos de processamento de dados tradicionais ainda não conseguem lidar em um tempo tolerável. 11Dados em um volume e formato que os tornam acessíveis, informativos e acionáveis. O termo big data refere-se a máquinas e small data a pessoas. 12Criador do termo ‘small data’. Sua biografia e trabalhos estão disponíveis em: https://www.martinlindstrom.com/. 13AIDA é um acrônimo que significa atenção, interesse, desejo e ação. O modelo AIDA é amplamente utilizado em marketing e publicidade para descrever as etapas do comportamento de consumo. 14Funil de vendas é uma representação das etapas que um potencial cliente passa até o fechamento de uma venda. 15MIT é uma renomada universidade de pesquisa localizada em Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos.

Page 18: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

17

de mensuração do ROI feito por uma empresa, seja em comunicação, seja de

qualquer outro segmento. Neste ponto da análise consideramos as observações de

Damasceno (2016), quando o autor afirma e convoca: “a publicidade sem ROI acaba

de morrer: adapte-se ou junte-se a ela”.

Nas considerações finais, além das conclusões e desdobramentos da

pesquisa, será abordada a autoanálise do projeto bem como nosso reconhecimento

diante do envolvimento com o tema.

Page 19: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

18

2 ECONOMIA CRIATIVA COMO SETOR E MARKETING DIGITAL COMO PARTE

DELE

Os famosos ‘negócios disruptivos’, como Uber e Netflix,16 traduzem muito bem

a essência da economia criativa com todo o seu potencial de impacto social,

diversidade econômica e geração de valor. Antes de voltarmos para o aspecto prático,

vamos entender como surgiu esse movimento de mercado e por que a noção de

economia criativa não é tão nova assim.

A primeira inspiração do conceito foi abordada em 1983, no relatório publicado

pela primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher. No texto, a líder reconhece

oficialmente a importância de áreas ligadas à tecnologia e à criatividade para o

crescimento econômico da nação. Em 1994, o primeiro-ministro australiano, Paul

Keating, publicou o documento Creative Nation,17 agora já abordando o termo

‘economia criativa’. Ele foi seguido pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que

utilizou a economia criativa como plataforma de sua campanha.

Mesmo com o histórico e reconhecimento político, foi só através do inglês John

Howkins, um dos principais estudiosos do assunto, que o tema foi difundido

mundialmente. O autor define a economia criativa como o conjunto de “Atividades nas

quais resultam em indivíduos exercitando a sua imaginação e explorando seu valor

econômico” (HOWKINS, 2013).

Olhando para os elementos que formam o setor, falamos sobre economia, que

universalmente é entendida como ciência e/ou ramo que envolve os relacionamentos

entre a obtenção e a utilização de recursos. Para Howkins (2013), a economia é

convencionalmente definida como um sistema para a produção, troca e consumo de

bens e serviços. Ao mesmo tempo, o autor indica a criatividade como não

necessariamente uma atividade econômica, mas que passa a se comportar tal qual

quando uma ideia possui valor econômico reconhecível e/ou gera um produto/serviço

comerciável.

16Uber Technologies Inc. é uma empresa multinacional americana, prestadora de serviços eletrônicos na área do transporte privado urbano, através de um aplicativo de transporte que permite a busca por motoristas baseada na localização (em inglês e-hailing), oferecendo um serviço semelhante ao tradicional táxi. Netflix é uma provedora global de filmes e séries de televisão via streaming, atualmente com mais de 100 milhões de assinantes. Fundada em 1997 nos Estados Unidos, a empresa surgiu como um serviço de entrega de DVD pelo correio. 17Lançado em 1994, este foi o primeiro conjunto de políticas públicas de um país com foco em cultura e arte. O documento cunhou o termo ‘economia criativa’.

Page 20: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

19

Ainda segundo Howkins (2013), a relação entre a criatividade, o simbólico e a

economia é a fundamentação de economia criativa. Ele descreve a formação deste

setor como uma união de segmentos dinâmicos que geram diversidade econômica de

comércio e inovação. Em suma, a economia criativa abrange os ciclos de criação,

produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade, cultura e capital

intelectual como insumos.

Com essa visão, podemos desdobrar o entendimento sobre a economia criativa

como a soma do valor econômico e do valor cultural, gerando lucro, impacto social e

diversificação. Os setores de mercado que possuem como principais matérias-primas

o capital intelectual e a criatividade fazem parte da economia criativa.

Para Ferreira (2017 apud FLORIDA, 2004, p. 3-19):

Os empreendedores criativos trabalham com um gama de profissões baseadas no conhecimento em setores de alta tecnologia, serviços financeiros, de saúde, gestão empresarial, design, entre outros, solucionando problemas específicos através de processos criativos. Geralmente, suas ideias são aplicadas ou combinadas com abordagens-padrões, porém de maneiras únicas para criar valor, experimentando de forma independente novas ideias e inovações.

Figura 1 – Principais indústrias criativas

Fonte: Adaptado de Observatório de Indústrias Criativas (2014).

Indústrias criativas

Locais culturaisMonumentos,

museus, bibliotecas e exposições Expressões

culturaisArtesanato, festivais e

celebrações

PerformanceMúsica, teatro,

dança, ópera e circo

AudiovisuaisFilmes, TV, rádio e

outros

Novas mídiasConteúdo digital, softwares e jogos

Serviços criativosArquitetura,

propaganda, P&D e serviços culturais

DesignInteriores, gráficos,

moda, joias e brinquedos

Edição e mídia impressa

Livros, jornais e outros

VisuaisPinturas,

esculturas, fotografia e antiquários

Page 21: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

20

Entendendo as indústrias que compõem esse mercado, a Federação das

Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) por meio de sua plataforma de

educação, o Sistema FIRJAN (2016), apresenta uma categorização dos setores da

economia criativa para auxiliar a divisão da área, mapeando-as através de três

categorias:

a) indústria criativa em si – é aquela em que as ideias criativas formam o

ramo principal das atividades desenvolvidas por um profissional ou

empresa;

b) atividades relacionadas – são aquelas atividades que fornecem algum

tipo de serviço ou material para determinada indústria criativa;

c) apoio – contribuem para a indústria criativa de maneira indireta.

Com este entendimento, empresas com características como as da Uber e da

Netflix são citadas como parte da indústria criativa não apenas por possuir um formato

inovador (diversificação), mas por também impactar os seus setores economicamente

(lucro) e alterar toda cultura de comportamento e consumo (impacto social),

mostrando-se um mercado sustentável até em momentos de crise, como evidenciou

o jornal O Globo (2016) numa comparação de nível nacional entre o Produto Interno

Bruto (PIB) geral do país e o PIB gerado pela indústria criativa considerando a inflação:

Se em 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter sofrido queda de 3,7%, com a inflação atingindo 10,7%, analistas estimam que a economia criativa está surfando no maremoto econômico. O PIB da indústria criativa brasileira chegou a R$ 126 bilhões no fim de 2013, ou o equivalente a 2,6% do total produzido no país naquele ano. Representa avanço de 69,8% em dez anos, acima dos 36,4% registrados pelo PIB nacional no mesmo período, mostra pesquisa da Firjan do fim de 2014. Não há dados mais recentes, mas especialistas afirmam que essa tendência se mantém.

O crescimento dessas indústrias é peça fundamental para abrir caminhos de

um mundo cada vez mais moderno, desenvolvido e em equilíbrio. Nesse contexto,

indústrias criativas, como o setor de comunicação e marketing, participam da evolução

do mercado de constante inovação que hoje vê as novas tecnologias como agentes

de mudança.

Olhando para a capacidade evolutiva do setor, esta passagem do capítulo

aborda especificamente o histórico e o desenvolvimento dos conceitos e atuação de

Page 22: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

21

marketing, com as características de evolução que demonstram a sua essência como

parte da indústria criativa.

Tal qual uma disciplina em desenvolvimento, Kotler (2016) introduz os

movimentos da atuação em marketing, desde o seu primeiro momento, quando

apoiado completamente no produto (1.0), passando pelas atuações orientadas para o

consumidor (2.0) e ser humano (3.0), até chegar ao momento em que vivemos hoje,

um mundo no qual os avanços tecnológicos afetam as práticas de marketing através

de novas tendências como a economia do “agora”, o marketing de conteúdo, o

customer relationship management (CRM18) social e outras, que acabarão levando à

convergência entre o marketing tradicional e o digital.

É exatamente nesta convergência que se insere o marketing 4.0 de Kotler

(2016): a união do marketing centrado no ser humano somado ao entendimento total

da jornada do consumidor,19 modificado pelos comportamentos que o digital traz

consigo, atendendo a um consumidor com exigências cada vez mais sob medida e

personalizadas. Essa ideia leva ao que se acredita ser a busca da atuação de

marketing atual, o resultado da equação: conteúdo/produto/abordagem correta +

usuário/consumidor/cliente + momento correto de abordagem.

18CRM ou customer relationship management é um termo em inglês que pode ser traduzido para a língua portuguesa como gestão de relacionamento com o cliente. Foi criado para definir toda classe de sistemas de informações ou ferramentas que automatizam as funções de contato com o cliente. 19A jornada do consumidor é uma ferramenta de mapeamento usada para aumentar a taxa de conversão de clientes de uma empresa. Entenda melhor o conceito visitando: https://mindminers.com/marketing/o-que-e-jornada-consumidor.

Page 23: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

22

3 O MERCADO DE COMUNICAÇÃO NO MEIO DIGITAL

Os setores de marketing, publicidade, propaganda e jornalismo convivem com

a realidade do digital desde o início do world wide web (WWW20) e sempre olharam

para as possibilidades desse universo como mais um meio de comunicação apenas.

As atuações estratégicas de comunicação empregadas no mercado até então, dentro

dos modelos de marketing já estabelecidos, traziam resultados significativos. Porém,

desde o início do século XXI, o comportamento de consumo mundial inicia uma

mudança de cultura que impactaria de forma significativa não só a realidade da

jornada do consumidor mas o mercado tradicional de comunicação.

Para Shah e Halligan (2009), a aplicação do modelo tradicional de propaganda

focado na busca por consumidores através de técnicas interruptivas (por exemplo, as

mídias tradicionais) e com o olhar para os anunciantes já não se mostra eficaz. Sem

falar em seus custos, elevados para a realidade de mercado atual. A estratégia de

expor os consumidores a uma enxurrada de esforços de comunicação nos momentos

e locais inadequados ou quando eles não desejam já não é mais bem-percebida ou

aceita. Falta a pertinência, a interação.

Wang (2016) lembra que uma economia de rede se utiliza do conceito de

cadeias ponto a ponto que conduzem a maneira como interagimos de forma

personalizada e em escala. Kotler (2006) afirma que a administração de marketing

acontece quando pelo menos uma parte em uma relação de troca potencial procura

maneiras de obter as respostas desejadas das outras partes.

3.1 MOVIMENTO POR MEIO DA INTELIGÊNCIA DE DADOS

As pessoas mudam a forma como se conectam e se relacionam, logo uma nova

maneira de entregar comunicação surge, trazendo uma também nova forma de

gerenciar conhecimentos acumulados, porém, agora, utilizando a análise de dados

como motor de uma estratégia. Há 150 anos, a individualidade caracterizou o

comércio de produtos e serviços, sendo promovido de pessoa a pessoa e somente

nos últimos anos, em decorrência da propagação das metrópoles, abandonou-se o

20World wide web é um termo técnico que foi traduzido para a língua portuguesa como rede mundial de computadores, também conhecida apenas como web.

Page 24: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

23

relacionamento um a um, até então fundamental para a conquista e retenção do

cliente (GOSDEN JR., 1991).

O database marketing21 foi criado na década de 70 e ascendeu como

ferramenta de marketing para promover o gerenciamento de comunicação através dos

bancos de dados. O banco de dados é uma memória virtual na qual se armazena tudo

o que for possível e importante acerca dos clientes e sobre prospects22 para se

estabelecer relações rentáveis com eles (KOBS, 1993). Com isso, através do

armazenamento de informações internas e externas, desenvolve-se o planejamento

de vendas inteligentes, com a geração de mensagens personalizadas de

comunicação e a otimização do life time value23 (valor na longevidade de

relacionamento) do cliente.

A partir do século XXI, o modelo de banco de dados passa a ser alimentado

por um grande volume de dados, conhecido por big data, gerado por diferentes tipos

de fontes e com grande velocidade de atualização. O filtro da veracidade desses

dados gera o valor da informação produzida por eles.

Segundo Mayer-Schönenberg e Cukier (2013), estes conceitos geram os cinco

v’s do big data, que são: 1) volume, pois estima-se que atualmente o volume total de

dados que circulam na internet é de 250 exabytes (1.018 bytes) por ano (NETTO;

MORO; FERREIRA, 2019); 2) velocidade – noção em que a importância de

assimilação e reação depende da geração de dados em tempo real, como o fluxo de

informação de uma rede social, ou o comportamento de dados gerados pelo aplicativo

de navegação Waze;24 3) variedade, existindo um enorme cenário de origem para a

geração de dados gerados, estruturados ou não, sendo redes sociais, e-mails,

mensagens instantâneas, ligações telefônicas e muitas outras; 4) veracidade – como

necessidade de avaliação da relevância de toda informação gerada pelo grande

21Database é uma ferramenta do marketing que se utiliza das tecnologias da informática para a segmentação de grupos de consumidores através da análise do seu perfil e do desenvolvimento de ações dirigidas, permitindo a melhor exploração do público e a descoberta de novos nichos de mercado. 22Prospects, em tradução para a linguagem do marketing, são os clientes em potencial. Na metodologia do inbound, prospect é aquele que está em busca de informações sobre temas relacionados ao seu negócio. Assim, após essa pesquisa ele acaba conhecendo e entrando em contato com a sua marca em determinado momento, tornando-se um lead. 23Em português, valor da longevidade de relacionamento é uma métrica de marketing e vendas que estima a potencial receita e lucro futuros gerados por um cliente. Este cálculo leva em consideração o valor e recorrência de compras, incluindo aí produtos e serviços derivados. 24Waze é um app de navegação por GPS baseado na comunidade. Tornou-se um dos maiores aplicativos de trânsito e navegação do mundo ao propor, grosso modo, que motoristas da mesma área compartilhem informações de tráfego das vias em tempo real, buscando economizar tempo e combustível em seus deslocamentos diários.

Page 25: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

24

volume de dados; 5) valor, consolidando toda a importância dos tópicos citados e

revertendo-os em resultados relevantes para consolidar a estratégia.

Um erro pode ocorrer em vários pontos, que devem ser considerados na

consecução de um projeto de informatização ou de database marketing. Contudo,

nenhum é tão grave quanto esquecer que as informações é que cumprem o principal

papel nos processos (VAVRA, 1992).

O olhar macro para as informações em larga escala do big data já não se

mostra mais suficiente perante o comportamento de mercado atual e a jornada do

consumidor, dentro do ambiente digital ou não.

Lindstrom (2016) diz que ninguém é o real espelho de si mesmo no ambiente

digital, questionando a efetividade geral das informações geradas pelo big data. Ele

introduz a ideia de que só existem 500 mil tipos de pessoas diferentes no mundo,

abordando a necessidade de não só olhar para o todo, mas pensar nos pequenos

detalhes de comportamento e rastros deixados pelas relações, como uma pesquisa

qualitativa. Este conceito coloca em voga a aplicação de agrupamento por padrões de

similaridade de dados, para a criação de personas,25 representação fictícia de uma

base de clientes reais, que podem se comportar de maneira similar.

Uma análise de persona baseia-se em informações reais de comportamento e

características demográficas dos seus clientes e/ou potenciais clientes assim como

motivações, objetivos, desafios e preocupações. Diferente do conceito de público-

alvo, que representa uma parcela abrangente da sociedade para quem se vende

produtos ou serviços, o conceito de persona cria a representação do seu cliente ideal,

de forma mais humanizada e personalizada.

Em suma, as informações geradas pelo big data permitem o desenvolvimento

de mecanismos de recomendações de produtos e serviços, oferecendo à pessoa certa

o produto certo. O olhar do small data acrescenta uma possibilidade fundamental para

a base de relacionamento em marketing com a utilização de dados, o tempo correto.

Sendo assim, a união dos conceitos permite que uma empresa forneça o conteúdo

exato para a pessoa certa na hora correta, potencializando assim a capacidade de

conversão.

25Personagens fictícios criados para representar os diferentes tipos de usuário dentro de um alvo demográfico, atitude e/ou comportamento definido que poderia utilizar um site, uma marca ou produto de um modo similar. Personas são uma ferramenta ou método de segmentação de mercado.

Page 26: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

25

Esta é a base da metodologia de marketing digital que, olhando para essas

oportunidades, em 2006, foi desenvolvida nos EUA e revolucionaria o mercado de

comunicação no mundo, o inbound marketing.

Page 27: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

26

4 UMA NOVA METODOLOGIA PARA MUDAR O SETOR

O americano e especialista em vendas Brian Halligan e o também americano e

especialista em tecnologia Dharmesh Shah desenvolveram uma nova metodologia

baseada e derivada de diferentes conceitos, como atenção, interesse, desejo e ação

(AIDA), UX design26 e funil de vendas, idealizados em 1898 e basilares para o

marketing moderno. Com essas influências, nascia o inbound marketing. Desde a sua

nomenclatura, o inbound deixa claro o seu objetivo de contrapor a maneira tradicional

de se fazer marketing, digital ou não, chamado de outbound.

A metodologia exclusivamente digital, disseminada mundialmente a partir de

2010, questiona ponto a ponto a eficácia do modelo tradicional aplicado em

comunicação, principalmente no que corresponde às entregas estratégicas do

mercado de agências de marketing e publicidade.

Regina (2014) define que as atuações tradicionais não são mais adequadas

para os modelos de negócio e mercado atuais, pois, além de deixar o custo de

aquisição por cliente (CAC27) muito alto, as atuações estratégicas, como o modelo de

compra de mídias e a centralização de comunicação no seller através de métodos

interruptivos, gera uma comunicação em sentido único, sem interação e com pouco

valor agregado.

Em contraponto, ainda segundo Regina (2014), o processo do inbound

marketing propõe a criação de conteúdos de qualidade e a análise do contexto exato

para a interação com o potencial consumidor, idealizando a experiência como forma

de atrair novos usuários ao ambiente de uma empresa e/ou produto. Ao alinhar o

conteúdo publicado no ambiente digital de uma empresa com os interesses

comportamentais e experiências de seus potenciais clientes e usuários, criando

contexto e usabilidade, os métodos e ações do inbound marketing objetivamente

atraem os possíveis consumidores para as suas jornadas dentro do que foi mapeado

26Experiência do usuário – do inglês user experience – é o conjunto de elementos e fatores relativos à interação do usuário com um determinado produto, sistema ou serviço cujo resultado gera uma percepção positiva ou negativa. O termo foi utilizado pela primeira vez por Donald Norman na década de 1990. 27Em inglês, customer acquisition cost é um indicador que aponta o quanto uma empresa investe para atrair potenciais clientes e transformá-los em compradores efetivos. Ou seja, é o cálculo de todos os investimentos feitos em marketing e vendas para gerar receitas com os produtos ou serviços de um negócio.

Page 28: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

27

nos processos da metodologia inbound que são: atração, conversão, relacionamento

e fechamento.

A metodologia inbound consiste no entendimento da jornada do consumidor em

paralelo e seu comportamento dentro dela com as etapas desenhadas pelo modelo,

que funcionam em formato de funil e trabalham em proporção, com desdobramentos

de inteligência, estratégia e distribuição de conteúdo. Neste formato, avalia-se o

volume de pessoas que são impactadas pela execução de uma estratégia, o quanto

desse número realmente é atraído e inicia um relacionamento com a ação e, destes,

quem são os potenciais clientes e que universo será trabalhado e extraído como

consumidores finais, entendendo como interagir em cada momento.

Figura 2 – Metodologias-base do inbound marketing: jornada do consumidor × etapas do inbound marketing

Fonte: Conquist (2016).

As etapas da metodologia trabalham da seguinte maneira:

a) atração – momento em que todos os esforços de execução da estratégia

estão em criar mecanismos e conteúdo que atraiam pessoas com

características pré-estabelecidas, prospects, para dentro do processo,

diferentemente do modelo tradicional no qual uma empresa se lança ao

mercado com atuações que focam na procura pelo consumidor e não na

atratividade;

b) conversão – completa o estágio anterior e se dá quando parte da base

de pessoas atraídas escolhe estar inserida no processo no qual foi

Page 29: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

28

impactada. Neste momento, elas ainda não se qualificaram como

potenciais clientes e sim em leads;28

c) relacionamento – é nesta fase que os leads se tornam potenciais

clientes. Aqui eles já possuem um período pré-determinado de

envolvimento dentro do objetivo de comunicação e respondem através

de seus comportamentos às metas estabelecidas (leadscore29) para se

classificar como potencial. Os estágios de atração, conversão e

relacionamento possuem um único objetivo específico: produzir

demanda para gerar novos negócios para a empresa. Atuam para

aumentar o conhecimento do potencial cliente para com o

produto/serviço que está sendo ofertado, diminuindo o esforço de

convencimento na etapa seguinte;

d) fechamento – quando o contato de venda é efetivamente convertido.

Em paralelo à visão da metodologia inbound, no que tange ao estágio de

fechamento, Peter Drucker (1973, p. 64-65) diz que:

O objetivo do Marketing é tornar supérfluo o esforço de venda. O objetivo do Marketing é conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou o serviço seja adequado a ele e se venda sozinho. Idealmente, o Marketing deveria resultar em um cliente disposto a comprar.

A relação com o cliente jamais é interrompida e após o processo de fechamento

ele pode retornar para um novo funil na etapa de relacionamento, no caso de bens,

ou para uma outra etapa de existência e atendimento, no caso de serviços.

Funcionando como uma quinta etapa, a análise de dados é a principal

responsável por alimentar todo o processo do inbound marketing, avaliando índices

de indicadores-chaves (KPIs30) e comprovando os ROIs em cada fase, com base nos

resultados. Isso possibilita qualquer manobra para chegar à efetividade necessária

em cada estágio e objetivo final.

28O lead é um cliente em potencial que já demonstra interesse por uma empresa e se enquadra como perfil de cliente. Assim, o lead é alguém que representa um verdadeiro potencial de compra. Essa é uma pessoa que já está mais apta e próxima de concluir uma compra com uma empresa e estabeleceu algum tipo de contato. 29Em português, pontuação de leads é uma metodologia usada para classificar as perspectivas em relação a uma escala que representa o valor percebido que cada lead representa para a organização. 30Em português, indicadores-chave de desempenho são ferramentas de gestão para se realizar a medição e o consequente nível de desempenho e sucesso de uma organização ou de um determinado processo, focando no ‘como’ e indicando quão bem os processos dessa empresa estão, permitindo que seus objetivos sejam alcançados.

Page 30: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

29

Figura 3 – Funil metodológico do inbound marketing na prática

Fonte: Conquist (2016).

Como uma técnica orientada para a construção de projetos adaptáveis, com

objetivos, mensuráveis e documentados, e baseadas na experiência do indivíduo com

uma empresa (TENENBAUM, 2016), o UX design é parte fundamental para a

aplicação da estratégia e metodologia do inbound marketing, em toda a fase e

processo de relacionamento com o usuário durante a sua experiência de consumo

dentro da jornada.

Russ Unger e Carolyn Chandler (2009, p. 3, Grifo nosso) alertam que:

O design da experiência do usuário é a criação e a sincronização dos elementos que afetam a experiência dos usuários em uma empresa em particular, com a intenção de influenciar as suas percepções e seu comportamento. Esses elementos incluem as coisas que um usuário pode tocar (tais como produtos e pacotes tangíveis), ouvir (assinaturas comerciais e de áudio) e, até mesmo, sentir (o aroma do pão assado e fresco em uma loja da sanduíches). Isso inclui as coisas com o que os usuários podem interagir de forma que vão além do físico, como as interfaces digitais (sites na web, aplicações em telefone celular) e, é claro, pessoas (representantes de serviço ao cliente, vendedores e amigos de família).

Para Barazzetti (2014 apud UNGER; CHANDLER, 2009, p. 4),

Deve-se desconsiderar o aspecto tangível na hora de projetar algo para o ambiente virtual. O ambiente onde o usuário se encontra, assim como os periféricos que utiliza para a interação, fazem parte da experiência que ele terá na utilização de um produto digital. Os autores também ressaltam que a experiência precisa ser analisada como um todo, pois um site bem projetado não garante uma experiência positiva para uma empresa ou marca, visto que não pode garantir a entrega de uma embalagem de produto bem desenhado, ou um atendimento atencioso de pós-vendas.

Assim, a importância do mapeamento da experiência em cada ponto de contato

da empresa com o usuário/potencial consumidor em toda a jornada se dá e é

Page 31: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

30

reforçado por Unger e Chandler (2009) quando afirmam que o design da experiência

com o usuário deve compreender os objetivos de negócio versus sua necessidade.

Tendo em mente essas características, processos e metodologias,

compreende-se então que no inbound as estratégias e técnicas de marketing são

identificadas e otimizadas a cada etapa da jornada do consumidor, como podemos

ver na figura 4, sendo as etapas de atração e conversão alimentadas principalmente

por dados de big data e com os momentos de fechamento e relacionamento,

possuindo a oportunidade de buscar informações small data, além do UX design

sendo parte fundamental em todos os momentos de relacionamento e contato.

Figura 4 – Jornada do consumidor

Fonte: HubSpot Academy (2016).

4.1 AS FERRAMENTAS COMO ELO

Segundo Shah e Halligan (2014), as definições de objetivos do inbound são

metas específicas, mensuráveis, atingíveis, relevantes e temporais (SMART), para

que toda a estratégia responda por uma conjuntura de viabilidade. Wang (2016) afirma

que são amplificadas a velocidade, a intensidade e a influência de uma pessoa ou

organização dentro de uma rede quando existem multiplicadores de força como

ferramentas e metodologias.

Com este cenário, para alavancar e dar sentido à estratégia do inbound

marketing, Brian Halligan e Dharmesh Shah, ambos alunos do MIT, fundaram a sua

própria empresa de automação de marketing que responderia pela viabilidade de

execução da nova estratégia e suas etapas, através de diferentes ferramentas em

uma única plataforma. Foi assim que nasceu em Boston a HubSpot, um conjunto de

Page 32: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

31

aplicativos poderosos e integrados que facilitaria às empresas atrair, envolver e

encantar seus clientes, oferecendo experiências de atração relevantes, úteis e

personalizadas.

A criação da HubSpot foi um marco no mercado de marketing digital, trazendo

para este uma nova solução de automação e um novo cenário de concorrência.

Page 33: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

32

5 CONSEQUÊNCIAS PARA O MODELO DE MERCADO DE COMUNICAÇÃO NO

BRASIL E NO MUNDO

Identificada toda a mudança de cenário no mercado de comunicação,

impulsionada pelo comportamento do consumidor, o modelo de atuação das agências

de marketing e publicidade parece não fazer mais sentido, embora se mantenha, e

começa a ser questionado. Neste padrão, a principal receita das agências de

comunicação no Brasil e no mundo advém de comissões em compras de mídias que

vão desde espaços em TV até banners em sites.

Num momento em que 102 milhões de brasileiros estão conectados

(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2016), o

comportamento de consumo muda, assim como a forma de impactar o consumidor

através da comunicação. Agora, as maiores possibilidades de impactar um potencial

cliente e extrair resultado tendem a estar no digital, podendo fazer o mercado buscar

por uma comprovação real de ROI. O investimento em mídias outbound eleva o custo

de CAC e traz questionamentos sobre a ausência de comprovação real de retorno.

O Estado do Inbound 2017 (HUBSPOT, 2017), pesquisa aplicada pela principal

fornecedora de ferramentas de automação de marketing para inbound do mundo, diz

que comprovar o ROI de ações de mídia off-line é o maior desafio dos profissionais

de comunicação, sendo apontado como 25% das respostas apresentados no gráfico

abaixo.

Figura 5 – Estado do inbound

Fonte: HubSpot (2017).

QU

AL

É A

EST

RA

TÉG

IA D

E MARKETING

MA

IS S

UP

ERES

TIM

AD

A

EM S

UA

EM

PR

ESA

?

Page 34: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

33

Ainda de acordo com o Estado do Inbound (HUBSPOT, 2017), mesmo para os

profissionais que já trabalham com marketing de performance, o marketing baseado

em comprovação de resultados através de dados é um desafio no qual, aponta a

pesquisa, a comprovação de ROI só não é uma dificuldade maior do que aquisição de

novos clientes, registrando 37% das respostas.

Figura 6 – Resultado da pesquisa Estado do Inbound

Fonte: HubSpot (2017).

Para as pequenas e médias empresas, o investimento em estratégias de

outbound parece não fazer mais sentido quando ao mesmo tempo o investimento em

menor escala nas mídias on-line aumenta o ROI de qualquer cliente/campanha.

Observa-se que o mercado não tende a acabar, mas devido ao cenário citado não se

vê apenas a manobra de investimentos das empresas mudando de sentido; vê-se todo

e qualquer tipo de empresa aprimorando a sua estratégia digital e identificando ali o

seu maior potencial de conversão.

O mercado do marketing digital não é uma novidade, ele apenas está deixando

de ser mais uma opção para ser a principal opção. O mercado brasileiro é favorável a

esse movimento e foi apontado como polo de atração para investimentos em mídias

digitais, segundo a eMarketer (MEIO & MENSAGEM, 2013).

Mudanças serão necessárias; o uso do meio digital somente para compra de

mídia, por exemplo, é um equívoco. Pode ser fraca a estratégia de simplesmente

acessar uma plataforma como o Google e apenas fazer a compra de palavras-chaves;

inteligência de planejamento, estratégias e desenvolvimento de interfaces estão por

QU

AIS

O O

S P

RIN

CIP

AIS

DES

AFI

OS

DE MARKETING

DA

SU

A E

MP

RES

A?

Page 35: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

34

trás do alcance de resultados. Empresas como Netshoes, Itaú e Magazine Luiza31

parecem ter entendido isso e apontam seus crescimentos a partir de manobras de

investimentos. A decisão estratégica do McDonald’s32 – que optou por substituir sua

agência de publicidade, saindo de um modelo tradicional e entrando em um modelo

de remuneração por performance – é derradeira para a comprovação desse cenário.

As características disruptivas33 intrínsecas nos novos modelos de negócios

demonstram a capacidade de inovação e mudanças, como o inbound, trazem para o

setor de marketing no Brasil, mesmo que necessite de adaptações para a aplicação à

realidade e necessidade do mercado nacional, como o uso de métodos outbound de

maneira complementar, convergindo as atuações do Marketing digital com o

tradicional, abordado por Kolter (2016). As influências desta chegada formam um novo

modelo de atuação, que vai da entrega final em produtos/projetos ao modelo de

relacionamento com stakeholders.34 O marketing, como setor ativo na economia

criativa, tem a sua cadeia de relacionamento impactada pelo novo formato de

mercado.

O Censo Agências 2018 (OPERAND, 2018) apresenta alguns reflexos desse

movimento, como o fato de que 62% das 500 agências de publicidade brasileiras

afirmarem que estão se reposicionando e gerando desenvolvimento de habilidades

para que seus times atuem no marketing digital, como identificado na imagem.

31Netshoes é um comércio eletrônico brasileiro de artigos esportivos fundado em fevereiro de 2000 por Marcio Kumruian e Hagop Chabab. Itaú é um ex-banco brasileiro que se uniu ao Unibanco em 4 de novembro de 2008 para formar o Itaú Unibanco. Magazine Luiza S/A é uma rede varejista de eletrônicos e móveis, fundada em 1957 na cidade de Franca, interior de São Paulo, por Luiza Trajano Donato e Pelegrino José Donato. 32McDonald's Corporation é a maior cadeia mundial de restaurantes de fast-food de hambúrguer, servindo cerca de 68 milhões de clientes por dia em 119 países através de 37 mil pontos de venda. Com sede nos Estados Unidos, a empresa começou em 1940 como uma churrascaria operada por Richard e Maurice McDonald. 33Termo que descreve a inovação tecnológica, produto, ou serviço, com características que provocam uma ruptura com os padrões, modelos ou tecnologias já estabelecidos no mercado. 34Stakeholder significa público estratégico e é um termo utilizado em diversas áreas para se referir às partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança corporativa executadas por uma empresa.

Page 36: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

35

Figura 7 – Resultado do Censo Agências: posicionamento da empresa em relação ao marketing digital

Fonte: Operand (2018).

Modificando a forma como classificam sua área de atuação, 61% das agências

definiram-se como full service,35 ou seja, de especialidade multidisciplinar, atuante nos

mercados tradicional e digital, deixando para trás o estigma da nomenclatura de

agência off-line (OPERAND, 2018) (Figura 8) e até buscando alternativas que as

mantenham ou recoloque-as de forma competitiva no mercado digital (Figura 9).

Figura 8 – Resultado do Censo Agências 2018: área de atuação

Fonte: Operand (2018).

35Uma agência full service tem expertise e equipe para planejar, implementar e mensurar os resultados de campanhas on-line e off-line de forma ampla e integrada. É como também se denominam as agências 360 graus.

Page 37: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

36

Figura 9 – Resultado do Censo Agências 2018: novas áreas criadas ou desejadas na agência

Fonte: Operand (2018). Nota: Questão múltipla escolha.

Nota-se que a aplicabilidade e a manobra da fonte de rentabilidade para o

digital ainda é realidade apenas para pequenas empresas/agências de publicidade,

que possuem maior mobilidade para mudanças de estratégia de negócios. Agências

de publicidade de grande porte dependem majoritariamente de suas receitas de

comissionamento de mídia e criação, como apontam as figuras 10 e 11 (OPERAND,

2018).

Figura 10 – Resultado do Censo agências 2018: serviços com melhor rentabilidade financeira

Fonte: Operand (2018). Nota: Questão múltipla escolha.

Page 38: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

37

Figura 11 – Resultado do Censo agências 2018: serviços com melhor rentabilidade financeira

Fonte: Operand (2018). Nota: Questão múltipla escolha.

Nesse cenário, as agências que já nasceram no novo modelo ou se

anteciparam perante a nova realidade estão evoluindo e vivendo momentos de

crescimento ou retomada, mesmo com a atual recessão no país. A realidade de

mercado é simples: a publicidade sem ROI acabou, cabe às empresas adaptar-se ou

juntar-se a ela (DAMASCENO, 2016).

Page 39: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

38

6 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

Nesta seção trataremos de como a pesquisa foi delineada, de seus objetivos,

justificativa e discussão a partir do problema e da hipótese levantados, além de incluir

as técnicas utilizadas.

6.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Segundo Kerlinger (1980), o delineamento de pesquisa entende a concepção

do problema de pesquisa, estruturando um guia de experimentação, coleta de dados

e análise.

O problema que este estudo busca compreender é a chegada do inbound

marketing ao mercado brasileiro, a partir do qual será analisado o comportamento do

mercado de comunicação no país, levando em consideração as principais mudanças

e impactos gerados pelo modelo de performance na cultura das empresas

(DAMASCENO, 2016).

Procuraremos, ademais, avaliar a necessidade de mudanças para a

implementação da nova metodologia de marketing digital no Brasil. As buscas por

essas respostas estarão apoiadas na coleta de dados e metodologias de pesquisa

aplicadas para atender a característica descritiva deste estudo, atendendo ao

processo completo de pesquisa (Figura 12).

Figura 12 – Delineamento para obter respostas ao problema de pesquisa

Fonte: Beuren (2006).

Esta é uma pesquisa de natureza descritiva que, segundo Gil (1999), tem como

objetivo descrever as principais características de uma amostra populacional, como

no caso deste estudo. Para Beuren (2006), como uma metodologia que possui

estrutura intermediária entre a pesquisa exploratória e a explicativa – não tão

preliminar como a primeira e não tão aprofundada como a segunda –, a pesquisa

Page 40: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

39

descritiva será aplicada para que o resultado atinja os objetivos de descrever,

identificar, relatar e comparar cenários.

Com esse entendimento, esta pesquisa descritiva busca conhecer e interpretar

a realidade do mercado de marketing no Brasil. Além de escrever, classificar e

interpretar os fenômenos envolvidos na análise através da coleta de opinião ou

atitude, estudos de casos, análises de trabalhos e pesquisas documentais.

6.2 PROBLEMA

A aplicação do inbound marketing em seu modelo pleno funciona no Brasil?

6.3 HIPÓTESE

O inbound marketing, conforme o seu modelo original aplicado nos Estados

Unidos, não funcionou no Brasil por características específicas do mercado cliente das

agências de comunicação do país, que busca por resultados de curto prazo.

6.4 OBJETIVOS

A presente seção tem como intuito apresentar o objetivo geral e os objetivos

específicos propostos para o estudo.

6.4.1 Geral

Esta pesquisa analisa a chegada do inbound marketing ao Brasil, buscando

identificar como foi aplicado e idealizado o uso da metodologia para as empresas do

mercado nacional.

6.4.2 Específicos

São objetivos específicos desta pesquisa:

a) descrever os pontos de envolvimento com a implementação estratégica

da metodologia de inbound marketing na atuação de mercado no Brasil;

Page 41: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

40

b) analisar características do mercado brasileiro na busca por resultados e

prazos.

Page 42: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

41

6.5 JUSTIFICATIVA

Uma metodologia promissora pode mudar a maneira como é feito o marketing

digital no país. Entender a nova metodologia, a cultura de consumo, de mercado e do

consumidor brasileiro para então unir as informações e analisar a eficácia e possíveis

adaptações para alcançá-las é o que torna esta pesquisa relevante.

As respostas obtidas neste estudo serão dadas para um importante passo aos

especialistas e executores da área. O material produzido neste estudo será de total

relevância sobre os esclarecimentos para novos e antigos adeptos da metodologia no

mercado.

6.6 TÉCNICAS

No sentido de buscar responder à pergunta do problema e testar a hipótese

formulada, foram escolhidas as técnicas de pesquisa descritas a seguir.

A técnica de entrevista em profundidade ou semiestruturada é entendida como

parte da pesquisa qualitativa, trazendo instrumentos de coleta de dados que

possibilitam o levantamento de informações de diferentes ângulos de contexto e

investigação, permitindo melhor compreensão e análise (MORÉ, 2015). Desse modo,

as entrevistas em profundidade serão aplicadas aos profissionais do mercado

publicitário com vivência e contato com a ferramenta de inbound marketing.

Além da técnica de entrevista em profundidade, este estudo utilizará a técnica

de focus group ou grupo focal. Teixeira (2018, p. 3) afirma que ela é amplamente

utilizada na área de marketing e a define como uma entrevista realizada por

moderador treinado e de maneira natural, com um pequeno grupo de participantes,

capturando os comentários desses indivíduos, avaliando suas considerações,

percepções, atitudes, sentimentos e motivações.

Para Richardson (1999, p. 80), “Os estudos que empregam uma metodologia

qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a

interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos

por grupos sociais”. Já Bauren (2006, p. 92) afirma que “Na pesquisa qualitativa

concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo

estudado” e que “A abordagem qualitativa visa destacar características que não

Page 43: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

42

seriam observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade

deste último”.

A necessidade deste tipo de pesquisa vai ao encontro de ideias ou soluções

para um problema de marketing através da discussão do tema. Para o estudo em

questão, utiliza-se da técnica de minigrupo focal em busca de interpretar as

informações colhidas a fim de produzir resultados não quantificáveis.

Page 44: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

43

7 ANÁLISE DOS DADOS

Foram realizadas apurações através dos métodos de focus group e entrevista

em profundidade com o objetivo de alcançar dados e insumos para o embasamento

deste estudo.

Os participantes da amostra foram definidos por critérios de acessibilidade: os

participantes do focus group e parte dos entrevistados fazem parte do HubSpot User

Group (HUG36), grupo de usuários e entusiastas da metodologia inbound – mais

especificamente da HubSpot –, do qual o pesquisador faz parte.

7.1 ANÁLISE DE DADOS DO FOCUS GROUP

O focus group ocorreu através de videoconferência com três profissionais do

mercado de publicidade e marketing do Brasil e o objetivo de propor as perguntas que

seguiram o roteiro semiestruturado presente no item 7.1.3 e com transcrição de

diálogo presente nos apêndices desta dissertação, sendo auxiliar na definição do

questionário semiestruturado para as entrevistas em profundidade, além de contribuir

com a análise geral desta pesquisa.

7.1.1 Participantes

O focus group foi realizado por videoconferência em 5 de dezembro de 2017,

integrado por três profissionais do mercado de publicidade e marketing do Brasil,

sendo cada um deles atuante numa empresa diferente e com o perfil profissional: 1)

gerente de projetos digitais37 – especialista inbound (mercado: LATAM); 2) gerente de

projetos digitais (mercado: Rio de Janeiro); 3) analista de produtos sênior38 –

estudante de inbound (mercado: Rio de Janeiro e São Paulo).

36O HUG tem como objetivo reunir profissionais ávidos por inovação, tecnologia, marketing e vendas e através do diálogo e compartilhamento de experiências e informações, além de fortalecer e inspirar o ecossistema inbound e HubSpot no Brasil. 37Cabe ao gerente de projetos planejar, organizar e controlar tanto os recursos humanos a atuarem no projeto quanto os recursos financeiros e informacionais, visando garantir o cumprimento do escopo com qualidade e prazo. 38Profissional responsável por atuar com elaboração, manutenção de normas técnicas dos produtos, elaborando projetos de desenvolvimento de novos produtos, buscando atingir os objetivos de tempo, custos e desempenho, dentro das premissas estabelecidas.

Page 45: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

44

7.1.2 Objetivos Específicos do Focus Group

Foram objetivos específicos do focus group de trabalho:

a) analisar os processos da jornada do consumidor digital no Brasil;

b) descrever os passos de implementação estratégica para cada etapa da

metodologia de inbound marketing na atuação de mercado no Brasil;

c) medir a influência de compra de mídia como motor estratégico para o

início da jornada usando o outbound para impulsionar o inbound;

d) analisar a chegada do inbound marketing ao Brasil, buscando identificar

possíveis adaptações necessárias para a aplicação da metodologia no

mercado nacional.

7.1.3 Roteiro Semiestruturado do Focus Group

Avisos – por favor: avise em caso de pausa para banheiro; seu celular deve

estar desligado ou no modo vibracall; a conversa está sendo gravada; comida à

vontade; evitem falar junto; não deve haver vergonha, receio, nem obrigação de

concordar ou discordar do que for dito.

Introdução – 1) Boa noite, vamos começar nosso focus group sobre a

aplicação das estratégias de inbound marketing no mercado brasileiro. Sobre este

método, qual e como foi o seu primeiro contato? 2) Onde vocês se atualizam e

consomem conteúdo sobre o inbound? Sentem falta de pontos de ensino sobre? 3)

Existe dificuldade no convencimento e na venda pelo uso do inbound ao cliente? 4)

Vocês acreditam que a demanda por performance é predominante? No seu cenário,

qual a proporção para as estratégias de branding e outbound? Como vocês veem o

mercado vivendo esta mudança? Isso afeta o formato de negócio das agências

tradicionais? 5) O quanto o inbound se sobrepõe ao seu uso e venda para os clientes?

Isso está relacionado à eficácia?

Transição – 6) Você acredita que o inbound natural da HubSpot é o método

mais eficaz para as estratégias dos seus clientes no Brasil? 7) Mudanças seriam

interessantes para a aplicação da estratégia no Brasil?

Chave – 8) Que tipo de mudanças vocês identificam como essenciais? 9) A

compra de mídia na fase de atração, não recomendada pela HubSpot, é um diferencial

no Brasil? 10) Quais tipos de mídia são mais eficazes para essa aplicação? 11) Vocês

Page 46: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

45

identificam alguma outra fase que possua uma mudança radical, de acordo com a

jornada do consumidor? Quais são os principais desafios para a implementação de

cada uma delas? 12) Usam outros métodos e estratégias para aplicar o marketing de

performance? Ou alguma vem despertando os seus interesses? 13) A ferramenta é

indispensável? Quais a principais ferramentas para aplicação? Concentram em

apenas uma ou usam vários para diferentes fins? HubSpot é unanimidade?

Resumo – 14) Para vocês, quais seriam as principais e possíveis adaptações

necessárias para o melhor funcionamento do inbound marketing na cultura de

mercado do Brasil?

Questão final – 15) Mais algum comentário, alguma informação relevante, algo

que gostariam de acrescentar?

7.1.4 Resultado Focus Group

Os profissionais presentes no grupo focal contaram que, em diferentes

ocasiões, o primeiro contato com a metodologia do inbound marketing veio através de

uma demanda profissional interna, originada por uma decisão top down de dentro das

empresas das quais compunham a força de trabalho.

Os relatos apontam para a compra de mídia digital paga – como o Google

AdWords, Google Display, mídia programática e outros formatos – como um ponto de

mudança com relação ao método aplicado no mercado americano, comparado com a

necessidade de adaptação da metodologia para atender e performar com resultados

relevantes na cultura de mercado no Brasil. Essa necessidade ocorre principalmente

na fase de atração dentro da jornada do consumidor.

A metodologia inbound, no formato idealizado e difundido pela HubSpot é

completamente dependente de ferramentas de automação, gestão de leads e

processo de vendas. Os participantes do grupo focal apontaram diferentes

fornecedores do mercado brasileiro e internacional que oferecem ferramentas para

que o inbound seja usual. Eles ressaltaram que os próprios fornecedores acabam se

tornando os principais influenciadores e propagadores de conhecimento da

metodologia.

Ressaltou-se diversas vezes durante o processo de grupo focal a característica

do mercado brasileiro pela ansiedade por resultados de curto prazo por parte dos

clientes das agências de publicidade e marketing. Os participantes destacaram que

Page 47: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

46

os momentos de crise vividos no país nos últimos anos podem aumentar essa

expectativa e necessidade. Ao constatar a ansiedade de seus clientes, os

participantes atestam o quanto esta ansiedade dificulta e atrapalha a aplicação de

uma estratégia de médio/longo prazo, o cenário recomendado pela HubSpot como

ideal para a eficácia da metodologia.

Outro método, propagado como essencial para a aplicação da estratégia de

inbound marketing, em seu modelo original, é a utilização de disparos de e-mail

marketing, o que foi reforçado pelos profissionais presentes como uma ferramenta que

não funcionou em suas experiências no mercado brasileiro.

Através da experiência vivida pelos participantes, eles ressaltam que já

aplicaram algum tipo de adaptação ao método para o desdobramento prático da

estratégia no uso com seus clientes no Brasil.

7.2 ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE

Aqui serão apresentados os entrevistados, roteiro e resultados específicos do

método.

7.2.1 Participantes

Entrevista com CHIEF EXECUTIVE OFFICER/CHIEF COMMUNICATIONS OFFICER

(CEO39/CCO40) DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING brasileira, há mais de dez

anos no mercado digital. Carreira orientada para estratégia de negócio e vendas.

Local: Barra da Tijuca, escritório particular. Data: 3 de fevereiro de 2019. Perfil do

participante: especialista/fornecedor de inbound.

Entrevista com CEO/CHIEF TECHNOLOGY OFFICER (CTO41) DE EMPRESA DE

CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA, a da mesma do primeiro participante, sendo

este com carreira baseada no desenvolvimento tecnológico e empreendedorismo.

Carreira orientada para desenvolvimento tecnológico. Local: Barra da Tijuca, escritório

39Diretor executivo, diretor-geral ou chief executive officer é o cargo que está no topo da hierarquia operacional de uma empresa. 40Diretor de comunicação (chief communications officer) é o líder de comunicação corporativa e responsável pelas relações da empresa com a imprensa, os clientes e a comunidade. 41Diretor-técnico ou chief technology officer: profissional responsável por cuidar de todas as ações que dizem respeito à infraestrutura tecnológica da empresa.

Page 48: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

47

particular. Data: 3 de fevereiro de 2019. Perfil do participante: especialista/fornecedor

de inbound.

Entrevista com GERENTE DE NOVOS NEGÓCIOS42 DE EMPRESA MULTINACIONAL DO

RAMO DE TECNOLOGIA. Local: Barra da Tijuca, escritório particular. Data: 16 de janeiro

de 2019. Perfil do participante: cliente de agência de inbound.

Entrevista com GERENTE DE COMUNICAÇÃO E MARKETING43 DE GRANDE EMPRESA DO

RAMO DE SAÚDE NO BRASIL. Local: Barra da Tijuca, escritório particular. Data: 16 de

janeiro de 2019. Perfil do participante: estudante/entusiasta de inbound/novo cliente.

7.2.2 Roteiro Semiestruturado

Avisos – Por favor: avise em caso de pausa para banheiro; seu celular deve

estar desligado ou no modo vibracall; a conversa está sendo gravada; comida à

vontade; não deve haver vergonha, receio, nem obrigação de concordar ou discordar

do que for dito.

O início – Qual/como foi seu primeiro contato com o inbound? O que motivou?

Como essa escolha afeta a sua carreira? Como o inbound impactou o resultado do

seu negócio?

Dificuldades – Quais as dificuldades para implementar a ferramenta? Educar

o colaborador e o cliente foi uma delas? Como foi o processo para cada um? Você

acredita que o inbound está sendo aplicado da forma correta no país? Como isso

prejudica o amadurecimento de mercado?

Educação – O quanto o volume de conteúdo e conhecimento sobre a

metodologia no país é suficiente? Quais são os principais ou melhores meios de

acesso ao conhecimento do inbound? Que forma você acredita ser a mais eficaz para

disseminar esse conhecimento? Acredita nos influenciadores locais? E na vocação

das universidades que já possuem cursos de inbound? Dê sua opinião sobre elas. A

metodologia ensinada ainda é uma metodologia crua ou original do que é aplicado

nos EUA? É necessária uma adaptação? Qual?

42É parte central da área comercial de uma empresa. É ele quem constrói relacionamentos com potenciais clientes, reforça laços e fideliza outros, identifica oportunidades no mercado (e até em novos mercados), gera leads, compreende e monitora o negócio. 43Responsável por elaborar planos estratégicos das áreas de comercialização, marketing e comunicação para as empresas.

Page 49: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

48

Adaptação – Como você imagina o ‘melhor’ inbound para ser aplicado no

Brasil? Que principais adaptações você imagina serem eficazes? As etapas do

inbound precisam ser revistas? Os formatos de conteúdo são eficazes? Qual sua

opinião sobre a efetividade do e-book, por exemplo? Quanto o modelo tradicional de

marketing pode influenciar no processo? Acredita que a compra de mídia funciona? A

HubSpot incentiva o orgânico; o quanto isso funciona?

Jornada do consumidor – No que o comportamento do consumidor brasileiro

se diferencia do americano? O que já evoluiu da jornada do consumidor de e-

commerce no Brasil?

Mercado – O que o cliente espera em uma primeira reunião sobre a estratégia

de inbound? E na espera por resultado durante a execução? O que a busca por

performance impactou o mercado de publicidade e marketing? Que movimento você

vê nesse mercado?

7.2.3 Resultado das Entrevistas

Para os diferentes perfis de profissionais entrevistados, a semelhança no

contato com o inbound se destaca: ele sempre foi incentivado por necessidade

profissional e momento de mercado.

Através do contato e conhecimento com os ensinamentos e fundamentos da

metodologia, todos os entrevistados passaram a ter um novo olhar, estratégico, e em

alguns casos estar à frente das necessidades, avançando com as demandas de

mercado. Isso impactou diretamente seus resultados, suas possibilidades e até a

criação de novos negócios.

Educar o cliente brasileiro foi e ainda é a principal dificuldade de implementação

do inbound marketing no Brasil. Alguns apontamentos direcionam-se para o fato de a

gestão financeira das empresas não suportar a necessidade de um período de

execução dos fundamentos da estratégia para só após iniciar o período de resultados.

Este aspecto está também atrelado diretamente ao momento de dificuldade financeira

iniciado no fim de 2015 e corrente no país até os dias de hoje.

A presença de agências no mercado que se vendem como fornecedores

inbound mas entregam parte da cadeia da metodologia, como o SEO, dificulta o

processo de aculturação. O cliente não tem competência para avaliar se aquele

Page 50: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

49

fornecedor é bom ou especialista, o que dificulta seu entendimento, pois ainda existem

aventureiros vendendo-se como tal.

Os entrevistados relataram que a melhor forma de se aproximar da metodologia

é através da presença em eventos no tema. Reconhecem que as principais

propagadoras de conhecimento no país são os fornecedores, seja de serviço, seja de

ferramentas, por meio de conteúdo de vídeo e exibição de cases de sucesso no

mercado. A empresa de software especializado em inbound, RD, foi citada pelos

participantes. Eles lembraram ainda que não adianta ter conteúdo disponível se os

profissionais não estão prontos, que as universidades estão longe do conteúdo

desejado para o ensinamento da prática do inbound e acreditam que estas precisam

se aproximar da prática para isso, estando hoje defasadas para o mercado do

marketing digital como um todo.

Questionados sobre a diferença da metodologia aplicada no Brasil e a utilizada

nos EUA, os entrevistados destacaram que a grande diferença é que a metodologia

utilizada no Brasil está aquém de sua origem americana muito pela adaptação à

necessidade de resultados rápidos do mercado nacional, principalmente quando a

metodologia chegou ao país, num momento de início de crise financeira em que as

empresas investiam menos e buscavam resultados mais comprovados.

Em suma, fica evidente que a metodologia nos EUA avança para outro patamar

enquanto no Brasil ainda estabiliza suas bases. A visão comum é de que para a

adaptação total do mercado ao inbound é preciso conectar todos os métodos do

conceito, como SEO, CRM, automação e outros.

A forma como o cliente que busca pela contratação do inbound faz vendas é

apontada como umas das adaptações necessárias ao mercado. Os fornecedores

ressaltam que o primeiro questionamento dos clientes às agências de inbound é o

valor do investimento e o do retorno.

Destaque-se o entendimento para a não necessidade de mudança das etapas

do inbound para que este funcione no mercado brasileiro. Os entrevistados não veem

diferença do comportamento do consumidor americano para o consumidor brasileiro.

Acreditam que a metodologia é uma só.

Um dos tópicos mais sublinhados é que os respondentes acreditam na

integração das formas de fazer marketing, isto é, que o entendimento de toda a

jornada do consumidor e do funil, mapeando os seus momentos off-line e on-line,

Page 51: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

50

permitem ao inbound fazer parte de um todo numa atuação omnichannel,44 gerando

a otimização da estratégia de comunicação.

A compra de mídia, não recomendada na origem da metodologia do inbound,

é vista com sentido pelos participantes. Eles ressaltam que até a presença digital de

uma empresa ganhar corpo, ela precisa desse incentivo para que em algum momento

o resultado orgânico tome força e inverta a proporção de resultado.

44É uma estratégia de conteúdo entre canais que as organizações usam para melhorar a experiência do usuário. Em vez de trabalhar em paralelo, os canais de comunicação e seus recursos de suporte são projetados e orquestrados para cooperar.

Page 52: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

51

8 RESULTADOS

Em diferentes abordagens, o referencial teórico de Lindsay Regina, Dharmesh

Shah e Brian Halligan, ligados diretamente à HubSpot, mostraram a importância da

aplicabilidade da ferramenta para um alcance integral dos resultados idealizados pela

metodologia do inbound marketing. Reforçado pela visão de Kotler (2017), a total

compreensão e gestão da jornada do consumidor é essencial para qualquer estratégia

de marketing aplicada ao mundo digital.

Durante todo o estudo, foram apresentados o cenário e a sua construção até o

momento de mercado de comunicação em que vivemos no Brasil hoje através da

bibliografia utilizada, da experiência do autor e das pesquisas com os profissionais

inseridos no mercado. Isso para que o leitor deste estudo receba um conteúdo que o

conduza até o entendimento do momento do mercado brasileiro, que busca pela

performance e por respostas sobre como o inbound marketing faz parte desse

movimento.

Com o embasamento teórico e por meio da experiência no mercado de

comunicação atestada pelos profissionais entrevistados tenho, como autor desta

pesquisa, o convencimento de que o mercado de publicidade e marketing de fato viveu

um grande momento de ruptura, quando o modelo de resultados pouco mensurados

colocado em prática pelo off-line já não agradava mais aos clientes.

Este movimento é visto por Shah e Halligan (2009) como o período em que as

empresas pararam de abordar (ou deveriam) diretamente não clientes de seu

mercado-alvo, interrompendo-as, e em vez disso passaram a ser encontradas por

essas pessoas.

A metodologia surge, então, como possibilidade num mercado americano que

vivenciava a conjuntura e os reflexos da crise financeira ianque de 2008 envolvendo

o mercado imobiliário, de empréstimos e financiamentos pessoais.

Inserido na necessidade e atrelado ao momento em que Brasil vivenciava o

início de sua crise, em 2015, o inbound também despontou como opção de método

para atender às expectativas desse novo mercado, mas, devido ao comportamento

dos clientes das agências nacionais, o método desta vez teve resistência de

aceitação, principalmente pela obrigação de investimento de tempo/longo prazo, em

um momento no qual as empresas e empresários busc(av)am resultados de curto

prazo.

Page 53: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

52

Assim, a hipótese levantada neste projeto questiona a funcionalidade do

inbound marketing no Brasil, conforme o seu modelo original aplicado nos Estados

Unidos, destacando principalmente as possíveis divergências de características de

mercado, que por aqui busca culturalmente por resultados rápidos. Nosso

pressuposto se confirma parcialmente, pois, considerando a dimensão continental

brasileira em contraponto ao tamanho da amostra representativa desta pesquisa, o

resultado avaliado é limitado.

Para determinar esta avaliação, leva-se em consideração a aproximação de

fronteiras, fruto da digitalização, em que o alcance de mercado de uma empresa

fornecedora de inbound marketing não depende da aproximação física e atende a

todo o mercado nacional, como é o caso dos participantes da amostra, levantando a

consideração de um padrão de repetição desses perfis buscados para a pesquisa.

A confirmação ocorre quando identificamos nas respostas dos entrevistados

um padrão de comportamento de mercado, que, aglutinado, mostra a não completa

absorção pelo mercado brasileiro do funcionamento da metodologia. Os fatores que

confirmam parcialmente a hipótese desta pesquisa serão apresentados a seguir.

Para os profissionais com perfil de fornecedores de inbound entrevistados, o

problema está na visão de necessidade dos clientes de agências de publicidade e

marketing, quando estes buscam por novas soluções para os seus negócios, mas não

estão realmente abertos para novos meios, principalmente os que possuem

necessidade de longo prazo de aplicação, como o inbound, conforme explicitado pelo

entrevistado CEO/CCO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING (2019): “A principal

dificuldade é fazer o cliente entender que existe um ‘vale da morte’. Esse ‘vale da

morte’ começa no aceite da proposta e termina entre três e quatro meses depois do

aceite da proposta”.

A falta de entendimento desse cliente é reafirmada como o maior dificultador,

pois ele identifica o custo financeiro aplicado em marketing como gasto e não

investimento, e este se torna o principal desafio do profissional que trabalha com

inbound no Brasil e da amplificação da atuação da metodologia no país, como citado

pelo entrevistado CEO/CTO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA

(2019):

O cliente precisa perceber que ele não está comprando mídia, ele não está comprando postagem na rede social, ele está comprando um negócio que vai ajudar ele na camada de negócio. Então mudar esse mindset da cabeça dos

Page 54: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

53

nossos clientes também é muito difícil… O processo começa a ser difícil desde a venda. Como é que eu vou vender isso para o meu potencial cliente? Ele não está acostumado, ele não sabe o que que é, o cliente vai precisar dar um passo atrás […]. Isso tudo envolve o trabalho árduo de se fazer inbound marketing, desde a concepção da venda, até a implementação do on board no cliente, para fazer com que ele entenda o que ele está comprando, para fazer com que ele entenda que existe um tempo de maturação para que o resultado comece a chegar, e muitas das vezes o cliente é muito ansioso, muitas das vezes o cliente com aquele dinheiro apertado para o investimento de marketing, e a gente tendo que driblar essas situações do dia a dia, para que a gente consiga entregar resultado. Obviamente, com isso vêm grandes desafios da agência para fazer com que o resultado apareça para o cliente. Como o inbound marketing é muito focado em performance, muito focado em ROI, uma das premissas é que a gente entenda o negócio, para que o cliente entenda que o investimento que ele vai desenvolvendo com a gente é apenas um percentual mínimo para que ele consiga chegar onde ele precisa.

Como os profissionais afirmaram, o inbound é uma metodologia com

necessidade de um período entre três a quatro meses para desenvolvimento e início

da maturação de resultados, tempo não compreendido na prática pelo cliente, mesmo

que alinhado anteriormente, como trouxe o entrevistado CEO/CCO DE EMPRESA DE

CONSULTORIA DE MARKETING (2019):

Tem empresas que em dois meses desistem, porque elas não têm fôlego. Apesar do cliente falar isso muito no nosso processo de venda, sobre o ‘vale da morte’, sobre os processos, o tempo, a expectativa de prazo dado, muitas empresas no segundo mês, elas já não aguentam. Enfim, é um investimento grande entre prestador de serviço, mídia e ferramentas sem ter o resultado ainda. Então, no meu ponto de vista, há uma miopia, porque o processo de inbound marketing é corrigir a estratégia de marketing dentro das empresas. Então, se ele não espera aquilo maturar, ele não vai corrigir nunca. Ele tem que entender que faz parte do processo passar por esse ‘vale da morte’, ser visitado com um custo inicialmente sem ter receita.

No cenário de contexto desta pesquisa, atesta-se que poucas agências no

Brasil conseguem aplicar o modelo original do inbound marketing, surgido nos

Estados Unidos, em sua plenitude, mesmo com os esforços de propagação de

conhecimento, como eventos, feitos através do mercado fornecedor de ferramentas

inbound, citados como unanimidade, vide o comentário do entrevistado GERENTE DE

COMUNICAÇÃO E MARKETING DE GRANDE EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE (2019):45 “Onde eu

mais me conectei com o tema foi realmente no último ano [2018], em que eu estudei

um pouco sobre o assunto e participei de um evento, o RD Summit, que é basicamente

um evento de inbound, feito por uma empresa de inbound”.

45Conhecido como o maior evento de marketing digital e vendas da América Latina, é realizado pela fornecedora de tecnologia Resultados Digitais, por sua vez conhecida por seu produto de automação digital, o RD Station.

Page 55: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

54

Os participantes abordaram a necessidade de uma agência se vender como

inovadora, oferecendo inbound marketing para os seus clientes e para o mercado

quando, na verdade, ela apenas possui o domínio de uma das ferramentas da

metodologia, como citado pelo entrevistado CEO/CCO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE

MARKETING (2019):

O que a gente percebe é que as empresas continuam falando que vendem inbound marketing mas continuam sendo especialistas no seu quinhão. Então, a grande dificuldade do mercado é as empresas de fato implementarem o inbound marketing; primeiro elas têm que entender o processo como todo, então elas ficam na zona de conforto delas, acham que são especialistas em SEO, eu digo que vendo inbound, mas eu sou focado aqui no SEO. Então, o maior problema das empresas que deveriam estar no mercado, que estão inseridas no mercado como um todo é porque eles ainda vendem algo que não entregam e se entregam, menos, eles entregam o que eles gostam, no que eles são familiarizados, onde eles de alguma maneira performam melhor.

E pelo entrevistado CEO/CTO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING

BRASILEIRA (2019), quando relata que:

O que que aconteceu com o inbound marketing, ele é muito apoiado no marketing de conteúdo, e aí muitas agências vieram da assessoria de imprensa, então muitos jornalistas começaram a se vender como inbound marketing, não é? Mas muito apoiado nesse pilar de conteúdo, então por muito tempo, isso o que é a gente vem tentando quebrar no mercado, principalmente dos clientes, é que eles imaginam, eles pensam que o inbound marketing é apenas marketing de conteúdo, o marketing com um pilar muito forte em conteúdo e a tecnologia, a segmentação, toda a inteligência da camada de negócio acaba ficando em segundo plano, e aí a gente precisa quebrar isso e eu acredito que talvez 60, 70% das agências ainda não consigam implementar o inbound marketing nessa amplitude. Pega apenas o pedaço, ou alguém muito bom em conteúdo, outras pessoas são muito boas de estratégia, de mídia, mas, assim, a implementação full do inbound marketing, acredito que ainda está muito primária para o mercado brasileiro.

Este comportamento foi identificado pelo outro lado do mercado, o cliente,

quando o GERENTE DE COMUNICAÇÃO E MARKETING DE GRANDE EMPRESA DO RAMO DE

SAÚDE (2019) entrevistado descreveu o formato de atendimento da sua agência

fornecedora de publicidade e marketing, tendo o inbound como ‘parte’ do escopo,

relatando assim: “Eu contratei uma agência, que parte do escopo dela é inbound. A

gente não tinha isso antes, era só um modelo tradicional de publicidade, e agora isso

está dentro do escopo acordado, definido, com pessoas alocadas no fee para produzir

conteúdo pro inbound”.

Page 56: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

55

Este aspecto influencia negativamente a educação de todo o mercado de

clientes, dificultando o avanço tecnológico do setor e da metodologia do inbound,

conforme observado pelo entrevistado CEO/CCO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE

MARKETING (2019):

Cliente não sabe balizar o que que é um bom fornecedor de um fornecedor mediano para baixo – esse é primeiro problema. Como todo mundo faz inbound, o cliente não sabe, ele não tem as valências, as competências para diferenciar se de fato aquela empresa está mais habilitada do que a empresa A ou B para fazer o inbound. Então, como todo mundo diz que faz inbound, é muito difícil ele ter um diagnóstico de qual empresa vai conseguir oferecer o resultado que ele estima, certo? Então, a gente consegue validar o mercado, mas os clientes e as próprias agências, muitas das vezes não conseguem.

A afirmação de Damasceno (2016) traz preocupação com este tipo de

comportamento do mercado de comunicação no Brasil:

Inevitavelmente, muitas agências ficarão pelo caminho. Afinal, além de não terem o domínio técnico para isso, há algo ainda mais sério: elas não têm a cultura. O mercado de comunicação brasileiro é perigosamente ‘colado’ aos aspectos puramente criativos da publicidade.

As entrevistas ainda mostram que em relação ao conhecimento da metodologia

e técnicas de marketing digital o mercado acadêmico foi descrito como uma grande

lacuna do ensinamento dessa disciplina de forma geral, pois pouco produz e propaga

a aculturação desse conhecimento, como frisou o entrevistado GERENTE DE

COMUNICAÇÃO E MARKETING DE GRANDE EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE (2019): “Talvez seja

muito mais fácil você conseguir algum tipo de educação e formação sobre isso em um

curso de educação continuada, de extensão, do que propriamente na faculdade ou

até em uma pós-graduação”.

A mesma visão foi reportada pelo entrevistado CEO/CTO DE EMPRESA DE

CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA (2019):

Infelizmente o marketing digital nas universidades ainda está muito aquém. A gente já acompanhou um pouco disso porque a gente tem algumas pessoas que ainda estão na faculdade e que chegam para a gente e falam: ‘Cara, eu não aprendo nada disso na faculdade, o que eu tenho é o básico do básico’. Coisas que a gente aprendeu há anos atrás, quando a gente estava falando de internet e tecnologia, a gente tem que estar na vanguarda. […] As faculdades ainda não conseguiram atender à velocidade da informação e isso acaba sendo normal, então para você que quer aprender mais sobre inbound marketing, sobre o marketing digital, eu acho que você tem que fazer um curso de extensão. Existe a referência para mim, nesse caso é a Udacity.

Page 57: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

56

Os eventos especializados e fornecedores da cadeia produtiva do marketing

são apontados como os grandes meios de propagação de conhecimento do inbound,

também pela visão do entrevistado GERENTE DE COMUNICAÇÃO E MARKETING DE GRANDE

EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE (2019): “Onde eu mais me conectei com o tema foi

realmente no último ano, em que eu estudei um pouco sobre o assunto e participei de

um evento, o RD Summit. Que é basicamente um evento de inbound, feito por uma

empresa de inbound”.

O entrevistado CEO/CTO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA

(2019) concorda:

Eu acredito muito no trabalho da RD Station. Eles herdaram essa pegada da HubSpot aqui no Brasil, de um trabalho mesmo de consultoria, de fazer a disseminação desse tipo de conteúdo. Então existe hoje conteúdo muito acessível no mercado e para quem quiser aprender. Eu acho que tem um caminho que, não vou dizer que é fácil, mas é um conteúdo que está na mão, é um conteúdo traduzido em português para o mercado brasileiro, e basta realmente meter a cara que consegue aprender, sim.

Vale ressaltar a visão inconclusiva trazida pelas entrevistas e autores, sobre a

importância da completude e coexistência na aplicação dos diferentes métodos de

marketing, como o inbound e o outbound. O entrevistado GERENTE DE COMUNICAÇÃO E

MARKETING DE GRANDE EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE (2019) citou:

Ele [o inbound] modifica um pouco a visão que você tem de negócio. Existe a publicidade tradicional, o outbound marketing, onde a mídia é toda comprada e etc. E você passa a olhar toda a estratégia de marketing por um outro ângulo também, que você tá presente pro prospect pro cliente, de uma forma menos intrusiva, no momento certo, na hora em que ele realmente no momento dele ao longo da jornada. São duas técnicas, complementares, importantes e que eu comecei a considerar como, isso tem que fazer parte do escopo, da estratégia de negócio da empresa.

A visão trazida pelo entrevistado conversa com a afirmação de Damasceno

(2016): “Era previsível que a publicidade ‘de massa’, mais cedo ou mais tarde,

precisaria começar a prestar contas. A internet mudou radicalmente o nível de

exigência de CEOs sobre os resultados práticos de seus investimentos em marketing”.

Esse movimento promove uma migração de atuação do off-line tradicional e

outbound alimentados pelo comportamento on-line, orientada pelo mapeamento total

da jornada do consumidor, hoje entendido como a importância de omnichannel,

Page 58: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

57

definido por Kotler (2017) como o foco na integração do consumidor, que nos tempos

atuais transita naturalmente entre os mundos digital e real. Porém, para o entrevistado

CEO/CTO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA (2019):

O marketing tradicional pensa muito na própria empresa – ‘E como que eu estou me vendendo?’ ‘E como que está o meu produto?’ –, então esse tipo de marketing está cada vez mais caído, não é? Hoje a gente está falando de marketing de informação. Os usuários de internet estão buscando informação, estão buscando aprender, para que eles consigam consumir determinado produto ou serviço. E a forma tradicional de marketing para esse produto, que fala somente de ninho, o marketing eccentrico está cada vez mais defasado, não é? O marketing que conversa com todo mundo, que não tem segmentação, que não consegue entender em qual fase que ele está no momento de compra é um marketing totalmente falido. Então, o marketing tradicional cada vez mais está com os seus dias contados, na minha opinião.

Para ele, o marketing tradicional está mais fragilizado. Ele aborda os aspectos

estratégicos da metodologia, que não cabem nos dias de hoje, com uma visão mais

voltada para o negócio, do que de fato à essência da estratégia, como citou

anteriormente o entrevistado GERENTE DE COMUNICAÇÃO E MARKETING DE GRANDE

EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE (2019), conversando com Kolter (2016).

As duas metodologias foram relatadas como opostas pelo entrevistado CEO/CTO

DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA, com o inbound sobrepondo o

outbound, indo ao encontro do que diz Shah e Halligan (2009) quando reforçam as

características interruptivas da comunicação tradicional, outbound. Damasceno

(2016) também é enfático neste ponto e afirma que as empresas não vão mais investir

em marketing, especialmente em publicidade, que não traga resultados diretos para o

negócio.

É importante pontuar que mesmo com todo este cenário identificado na

pesquisa confirmando nossa hipótese, para os respondentes, a metodologia do

inbound marketing no modelo original americano não precisa de alteração ou

adaptação ao Brasil, conforme aponta a opinião do entrevistado CEO/CCO DE EMPRESA

DE CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA (2019), quando perguntado sobre a

possibilidade de adaptação da metodologia do inbound originado nos EUA,

comparado com o Brasil:

Não acho, porque na verdade seria o nosso jeitinho brasileiro, não; não acho. Eu acho que se você for fiel às práticas da metodologia, você vai manobrar isso. A gente vê pequenas empresas que agarraram a metodologia mudando a sua parte de matrícula e a de faturamento porque fizeram o dever de casa.

Page 59: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

58

Os entrevistados afirmam que o comportamento do consumidor não muda em

um ambiente digital globalizado, como declarou o entrevistado CEO/CTO DE EMPRESA

DE CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA (2019): “Isso não é um processo do

comportamento do brasileiro ou do americano, é um comportamento do processo de

consumo das pessoas, certo?”

Essa noção também é comum ao entrevistado GERENTE DE NOVOS NEGÓCIOS DE

EMPRESA MULTINACIONAL DO RAMO DE TECNOLOGIA (2019): “Metodologia é metodologia.

O inbound aplicado nos Estados Unidos vai ser o mesmo aqui no Brasil, na China,

nos Emirados Árabes e por aí vai”.

Com essas evidências, entende-se que para os profissionais fornecedores e

clientes do mercado de comunicação e marketing do Brasil não há necessidade de

mudança. No entanto, vale reforçar que a hipótese buscava o entendimento das

necessidades de mudanças – ou não – da metodologia influenciado pelo olhar e

demanda das empresas que compõem o mercado de clientes das agências de

publicidade e marketing, e não o seu consumidor final, para quem a metodologia é

desenhada.

Page 60: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

59

9 DESDOBRAMENTOS PRÁTICOS E PRODUTOS ORIUNDOS DA PESQUISA

O resultado desta pesquisa poderá possibilitar o acesso a mais informações,

entendimento e comportamento sobre a metodologia no Brasil para todos a quem

possa interessar este objeto de estudo e explorar novos caminhos. Como prescritor,

a possibilidade de desdobramentos possíveis com o material colhido é vasta.

Será o principal objetivo e aderente a características pessoais que o material

seja alimento para a criação de um blog sobre o tema, a inauguração de um canal no

YouTube46 (o vídeo foi o material mais ressaltado como formato de conteúdo para

conhecimento do tema) e possivelmente a criação de uma associação brasileira de

inbound marketing, ainda inexistente, que promoverá eventos – visto através das

entrevistas como a principal forma de propagação e aprofundamento da metodologia

e todas as estratégias de performance que formam a sua cadeia.

46Plataforma de compartilhamento de vídeos.

Page 61: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

60

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como autor, acredito que este estudo pode incentivar novas linhas de pesquisa,

em busca do entendimento do mercado cliente de publicidade e marketing no Brasil e

como este nicho poderá mudar o seu comportamento para entender as possibilidades

de novas maneiras de atuação, guiado pela hipótese do momento financeiro do país

como motriz de desaceleração dessa mudança de mentalidade para o ‘futuro’ da

prestação de serviço de publicidade e marketing em sua totalidade.

Como parte do mercado de marketing nacional, entender em profundidade os

desafios para a implementação de resultados é gratificante e abre horizontes para a

atuação profissional, promovendo a reflexão e o debate em torno do tema e atacando

o comportamento.

Este estudo pode contribuir com a academia – parte fundamental nesse

diagnóstico – para o avanço desse conhecimento, além de auxiliar o mercado no

entendimento da necessidade de propagação da matéria.

Page 62: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

61

REFERÊNCIAS

ABREU, Leonardo Marques de; TEIXEIRA, Eduardo Ariel de Souza. Técnicas de pesquisa para Design. Rio de Janeiro: TopBooks, 2018. ALONSO, Guiomar. Creatividad, cultura y desarrollo económico. Observatório de Indústrias Criativas, 2014. Disponível em: https://www2.faac.unesp.br/lecotec/projetos/oicriativas/index.php/2014/10/16/creatividad-cultura-y-desarrollo-economico/. Acesso em: 24 out. 2018. ANDERSON, Chris. A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. Rio de Janeiro: Campus, 2006. BARAZZETTI, Igor. A relevância do design de UX na qualificação da relação do usuário com interfaces web. Orientadora: Marlene Branca Sólio. 2014. 176 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda) – Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2014. Disponível em: http://www.frispit.com.br/site/wp-content/uploads/2014/09/IGOR- BARAZZETTI.pdf. Acesso em: 23 fev. 2019. BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2006. CAVALCANTI, Glauce. Economia criativa avança mesmo durante a recessão. O Globo, Rio de Janeiro, 3 jan. 2016. Economia. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/economia-criativa-avanca-mesmo-durante-recessao-18399357. Acesso: 24 out. 2018. CONQUIST. 3 mar. 2016. Rio de Janeiro. Anais […]. Rio de Janeiro: Conquist, 2016. DAMASCENO, Rafael. A publicidade sem ROI acaba de morrer: adapte-se ou junte-se a ela. Meio & Mensagem, 14 out. 2016. Opinião. Disponível em: http://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2016/10/14/a-publicidade-sem-roi-acaba-de-morrer-adapte-se-ou-junte-se-a-ela.html. Acesso em: 19 out. 2016. DRUCKER, Peter. Management: tasks, responsibilities, practices. New York: Harper and Row, 1973. FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Estudos e pesquisas: mapeamento da indústria criativa no Brasil. Rio de Janeiro: Firjan Senai, 2019. Disponível em: https://www.firjan.com.br/economiacriativa. Acesso em: 21 jun. 2017. FERREIRA, Maria Carolina Zanini; TEIXEIRA, Clarissa Stefani; GASPAR, Jadhi Vincki; GOMEZ, Luiz Salomão Ribas. Economia criativa e novos negócios: o caso da pré-incubadora. Conferência Anprotec 2017. Disponível em: http://via.ufsc.br/wp-content/uploads/2017/11/Economia-criativa-e-novos-neg%C3%B3cios.pdf. Acesso em: 20 fev. 2019.

Page 63: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

62

FLORIDA, Richard. Cities and the creative class. Londres: Routledge, 2004. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GOSDEN JR., Freeman F. Marketing direto: o que funciona e por quê. São Paulo: Makron Books, 1991. HORTON JR., Forest W. Information resources management: concept and cases. Cleveland: Association for Systems Management, 1979. HOWKINS, John. Economia criativa: como ganhar dinheiro com ideias criativas. São Paulo: MBooks, 2013. HUBSPOT ACADEMY. Inbound Marketing. 2016. Available from: https://academy.hubspot.com/courses/inbound-marketing?library=true. Accessed on: Apr 19, 2019. HUBSPOT. Estado do Inbound 2017. Disponível em: https://www.stateofinbound.com/america-latina-pt. Acesso em: 10 jun. 2018. INTERACTIVE ADVERTISING BUREAU. Pesquisa IAB Brasil – Digital Adspend 2017. Disponível em: https://iabbrasil.com.br/pesquisa-iab-brasil-digital-adspend-2017/. Acesso em: 10 jun. 2018. KERLINGER, Fred N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais. São Paulo: E.P.U., 1980. KLAUS, Vivian Sabrine; PINHEIRO, Cristiano Max Pereira; BESSI, Vânia Gisele. Economia criativa e gestão da criatividade: o processo criativo nas comunidades de prática. Temática, v. 11, n. 6, jun. 2015, p. 153-69. Disponível em: http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/tematica/article/view/24622. Acesso em: 20 fev. 2019. KOBS, Jim. Do marketing direto ao database marketing. São Paulo: Makron Books, 1993. KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson, 2006. LINDSTROM, Martin. Small data: como poucas pistas indicam grandes tendências. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2016.

Page 64: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

63

MAYER-SCHÖNENBERG, Viktor; CUKIER, Kenneth. Big data: como extrair volume, variedade, velocidade e valor da avalanche de informação cotidiana. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. MEIO & MENSAGEM. eMarketer prevê aumento de 2,8% do mercado. 26 set. 2013. Mídia. Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2013/09/26/emarketer-preve-aumento-de-2-8-do-mercado.html. Acesso em: 15 abr. 2019. MORÉ, Carmen Leontina Ojeda Ocampo. A “entrevista em profundidade” ou “semiestruturada” no contexto da saúde: dilemas epistemológicos e desafios de sua construção e aplicação. Atlas – Investigação Qualitativa em Ciências Sociais, v. 3, jul. 2015, p. 126-31. Disponível em: https://proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2015/article/download/158/154. Acesso em: 13 jun. 2018. NETTO, Adriana Sodré Del Prá; MORO, Evandro Pioli; FERREIRA, Fernanda Folly. Big data e suas influências sobre a estratégia das empresas. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.gta.ufrj.br/grad/15_1/bigdata/intro.html. Acesso em: 15 abr. 2019. OBSERVATÓRIO DE INDÚSTRIAS CRIATIVAS. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista. A cadeia da indústria criativa no Brasil. FAAC-UNESP, 2014. Disponível em: https://www2.faac.unesp.br/lecotec/projetos/oicriativas/index.php/2014/10/15/a-cadeia-da-industria-criativa-no-brasil/. Acesso em: 10 abr. 2019. OPERAND. Censo Agências 2018. Disponível em: https://blog.operand.com.br/conteudos/censo2018/?utm_source=blog&utm_medium=bannerinfografico&utm_campaign=Censo2018B1. Acesso em: 13 jun. 2018. REGINA, Lindsay Regina. Inbound metodology. HubSpot Academy, Inbound Certified, 2014. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. SHAH, Dharmesh. On startups: advice and insights for entrepreneurs. Boston: Hyperink, 2012. SHAH, Dharmesh; HALLIGAN, Brian. Inbound marketing: attract, engage, and delight customers online. Boston: Wiley, 2014. SHAH, Dharmesh; HALLIGAN, Brian. Inbound marketing: get found using Google, social media, and blogs. Boston: Wiley, 2009. TEIXEIRA, Eduardo Ariel de Souza. Interfaces com o design de interação. Rio de Janeiro: e-Papers, 2016.

Page 65: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

64

TENENBAUM, André. UX design e inbound marketing: entenda a relação. 360DBI, 2016. Disponível em: https://360dbi.com/blog/ux-design-e-inbound-marketing/. Acesso em: 23 fev. 2019. UNGER, Russ; CHANDLER, Carolyn. A project guide to UX design: for user experience designers in the field or in the making. California: New Riders, 2009. VAVRA, Terry G. Marketing de relacionamento (aftermarketing): como usar o database marketing para a retenção de clientes ou consumidores e obter a recompensa continuada de seus produtos ou serviços. São Paulo: Atlas, 1992. VIANNA, Maurício; VIANNA, Ysmar; ADLER Isabel K.; LUCENA, Brenda F.; RUSSO, Beatriz. Design thinking: inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2012. WANG, R. Ray. Disrupting digital business: create an authentic experience in the peer-to-peer economy. Boston: Harvard Business Review Press, 2015.

Page 66: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

65

APÊNDICE A – TRANSCRIÇÃO DO FOCUS GROUP

3/12/2017

ORADORES

TEMPO DE GRAVAÇÃO

49 minutos e 15 segundos

MODALIDADE DE TRANSCRIÇÃO

Literal

[00:00:01] Tempo de início da gravação

Diogo: Pronto. Se vocês precisarem também sair para ir no banheiro, falar no

telefone, se quiser comer alguma coisa, fica à vontade. E aí, só como a gente está

cada um em uma plataforma diferente, a gente só… Tomar cuidado de falar junto,

para conseguir captar e gravar tudo direitinho. Sem vergonha, sem obrigação de

concordar ou discordar, cada emitindo a opinião. A gente já está gravando a conversa.

Participante 1: Tá bom.

Diogo: Então, vamos lá. Está começando o nosso focus group sobre a aplicação da

técnica de inbound marketing no mercado brasileiro. Eu queria, para começar, que

vocês falassem um pouco da experiência de vocês com o inbound, na verdade, qual

foi o primeiro contato de vocês com o inbound marketing? Como foi?

Participante 2: Vamos criar uma ordem, para a gente ir falando, acho que vai ficar

mais…

Diogo: Vamos. Quer começar? Pode começar, Ingrid.

Participante 2: Pode. Então, o meu primeiro contato foi exatamente quando eu entrei

na Casa da Criação. Em um primeiro momento, nos primeiros dois anos, quando eu

estava procurando emprego, fui fazer entrevista lá, eu já estava estudando um pouco

a questão de conteúdo, marketing de conteúdo. Eu não sabia que era para fazer

inbound marketing nem nada disso. E isso lá eles acabaram perguntando, e com as

minhas respostas de marketing de conteúdo, foi o que fez exatamente eu passar na

entrevista lá. Porque era exatamente esse combinado que eles estavam arrumando a

própria empresa. Então, esse foi o primeiro contato, a partir de lá, que eu entrei.

Comecei a estudar, a me aprofundar, pegar o conhecimento com todo mundo que

Page 67: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

66

trabalhava lá e decidi ficar, com tudo que eu podia para poder estar aplicando.

Diogo: Beleza. Débora, vou passar para você, porque eu acredito que vai ficar mais

fácil para a gente… Na sequência… Por conta do celular.

Participante 3: Tá. Eu trabalhei com SEO durante muito tempo e de certa forma está

muito ligado ao inbound marketing, não é? O trabalho do SEO… Eu trabalhei com

SEO durante uns dez anos, e em 2015, 2016, eu comecei a ter contato com inbound

marketing, fui em uma entrevista em uma agência que estava oferecendo uma vaga

com a especialidade, e aí eu comecei a estudar um pouco mais sobre isso, cheguei a

tirar certificação do HubSpot e participar de alguns grupos. Efetivamente trabalhar, no

dia a dia, eu não cheguei a trabalhar não, mas eu tenho bastante experiência nessa

produção de conteúdo de SEO, e também um pouquinho de links patrocinados, então

esse foi o primeiro contato assim direto com inbound marketing.

Diogo: A agência é aqui no Rio?

Participante 3: Era a do André.

Diogo: A do Tenenbaum?

Participante 3: É.

Diogo: Legal. Rebeca?

Participante 1: Então, a minha experiência foi… É porque eu sempre fui uma pessoa

muito curiosa, na verdade. Eu sempre estudei bastante, muito pela internet, e acabei

encontrando a RD Station, já há bastante tempo atrás. E eu trabalhava numa agência

que eles não tinham essa cabeça de métricas, de digital, e eu sempre fui uma pessoa

que sempre coloquei, até mesmo no meu dia a dia, é métricas, entendeu? Eu apliquei

em tudo que eu sempre fiz, eu sempre gostei dessa parte, e meu primeiro contato

assim, de trabalhar mesmo, foi na Casa da Criação, onde eu trabalhei um pouco mais

com inbound, mas também trabalhei na agência do Orlando Werner? ((04:08)), que

ela atua na internet. A gente também pegava algumas coisas sobre inbound

marketing, e na CLIMB, com os meninos. Aí, foi basicamente isso.

Diogo: Legal. Então, a gente tem pontos de interseção, eu e você e Ingrid, na CLIMB

e na Casa da Criação e você com a Débora, em contato com o André, da zona internet.

E o primeiro contato das três foi basicamente por uma demanda de trabalho, com o

inbound?

Participante 3: Exato.

Participante 2: É.

Participante 1: Foi.

Page 68: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

67

Diogo: Legal. E tanto para a época, para esse conhecimento de vocês, vocês já

falaram algumas coisas, tanto para hoje, onde vocês se atualizam e consomem mais

conteúdo sobre o inbound? Se especializam mais no inbound? Vocês podem agora

começar a falar, trocar entre vocês também, fiquem à vontade.

Participante 2: Bom, eu tenho pesquisado durante esse tempo, como hoje, não é. Eu

tenho frequentado geralmente uns cursos da RD mesmo, mais em Florianópolis, lá

também acho que é o melhor… Em custo benefício, é o melhor lugar para se atualizar,

das novidades que tem tido. Além disso, muito também na internet, de ler,

acompanhar blogs e as experiências também, com experiências que a gente aprende,

campanhas passadas e coisas de atualmente. Então, isso tudo entra como um

histórico, um estudo para a gente. Toda a experiência que a gente vive, pelo menos

em todas empresas, convidam muito para isso e até a troca, conversar, igual eu que

por exemplo falo muito com a Rebeca, e conversando com outras pessoas, até da

minha cidade também, que a troca foi ajudando muito no crescimento, talvez não por

ele… Você não tinha tanto blog, antes uma pessoa, e aí você começa a testar depois

no dia a dia, nas suas próximas estratégias.

Diogo: Então, para você hoje o principal ponto de atualização é a RD?

Participante 2: Eu não acho que, assim… O principal ponto na verdade que eu tenho

tido mais é em relação as experiências mesmo. Eu não fico buscando tanta

informação no blog da RD, hoje em dia. É mais um evento, quando eu participo, ou

alguma coisa do tipo. É mais a troca de experiência com outras pessoas, e com as

experiências eu vou vivendo mesmo, entendeu?

Diogo: Ingrid?

Participante 2: Oi?

Participante 3: Ah, não sumiu.

Diogo: É, achei que ela tivesse sumido. Rebeca?

Participante 1: Oi.

Diogo: Para você, o que que você acha?

Participante 1: É, eu concordo 80% com a Ingrid. Porque eu acho que é muito

experiência também com cada cliente, quando ele passa uma diferença, é diferente

para a gente, então a gente conversa mais sobre isso também. Sobre algumas coisas,

eu concordo com ela. E também assim, eu já busco mais assim na internet. Hoje, a

principal fonte é a RD mesmo, entendeu? Porque eles consomem bastante, igual a

Page 69: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

68

HubSpot, não é? Não vejo assim, as outras funções como uma fonte assim forte,

entendeu? Mas eu concordo que é mais experiência.

Diogo: Débora?

Participante 3: Eu vejo muito blog do HubSpot, eu não tenho o costume de entrar na

RD Station, embora eu saiba que exista. Eu acompanho às vezes, no grupo do

Linkedin, que eu faço parte, do HubSpot. E já tentei ir duas vezes no encontro que

tem, que é feito pelo pessoal do André, para tentar me atualizar, mas é mais para a

internet também, e como eu não trabalho no dia a dia, direto com isso, acabo não

tendo muito contato com pessoas que trabalham, não é? Eu não sei você Diogo, mas

aí eu fico muito só no blog, nos sites mesmo.

Diogo: Legal. Mas é interessante que a experiência com o trabalho traz esse

conhecimento do inbound. Mas vocês sentem falta de mais influenciadores, ou

especialistas sobre o inbound aqui no Brasil? Ou até universidades, propaganda, esse

tipo de conhecimento?

Participante 2: Olha, eu acho que…

Participante 3: Eu sinto que…

Participante 2: Como passou a ficar mais conhecido isso, tem muita gente fazendo e

muita gente fazendo da forma errada. Todo mundo agora está falando, ah eu trabalho

com isso. Com várias pessoas que eu conversei, você vê que a pessoa não sabe o

que realmente está falando, ou então faz muito da forma errada, só para falar que faz.

Talvez até entenda como funciona, mas não aplica da forma correta, entendeu? Eu

acho que aqui no Brasil, não sei como seria a forma de difundir isso melhor… Porque

é muito complicado, o pessoal fala, ah eu fiz a certificação lá na RD, tirei certificado.

Mas na prática, não está entregando o resultado que deveria empregar, que a

metodologia propõe, entendeu?

Participante 3: A prática, ela é muito complicada, do inbound. Ainda mais que é muito

material, é muita coisa, se você não entender o processo direito, você não consegue

executar direito, entendeu? Então isso também não tem um resultado bacana.

Participante 2: É, se não estiver muito bem estruturado, muito bem feito, cuidado.

Você está perdendo basicamente tempo, porque é muito tempo que gasta fazendo

isso. Eu acho que a melhor forma, talvez, seria a gente aprender justamente com a

galera que criou, que é lá de fora, mas como trazer isso para cá? Não sei se uma

faculdade seria o correto, entendeu?

Diogo: Débora quer falar.

Page 70: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

69

Participante 3: Não, sabe o que é engraçado? Vocês estavam falando isso e eu acho

que tem muita semelhança com o começo de search, lá atrás, quando chegou no

Brasil. Também tinha essa deficiência, porque tinha poucas pessoas no mercado, era

muita informação vinda de fora, e muita gente aqui fazendo, achando que estava

fazendo, e fazendo errado. E eu ainda acho que a melhor informação vem de fora

mesmo. E eu acho que o problema do inbound também é que, até onde eu sei, ele é

comprado muito por clientes pequenos, os clientes médios e grandes às vezes não

apostam. E eu acho que isso às vezes… Fica difícil de defender, sabe? Para os outros.

Mas eu acho que a melhor forma seria tenta profissionalizar, mas profissionalizar de

verdade, com pessoas que entendam disso, sabe? Não pegando qualquer um que

faz, e criando um curso. Porque, fazendo um paralelo com SEO, curso de SEO tem

aos montes mas também tem muita gente fazendo errado, que faz por fazer, não é?

Diogo: Certo.

Participante 3: Eu acho que seriam profissionais mesmo, pessoal de fora, mas aí é

mais difícil. De repente, agora com cursos online, talvez fique mais fácil. Pelo menos

você ter o respaldo desses caras, de quem criou mesmo.

Diogo: É, vocês três falaram… As três tem a certificação da HubSpot, não é?

Participante 2: Sim, eu fiz.

Diogo: Débora também?

Participante 3: Não, eu não cheguei a finalizar não.

Diogo: Ah, mas você fez o curso de capacitação?

Participante 3: Fiz, eu fiz, fiz o curso.

Diogo: Legal. E aí, para vocês, o que que vocês acham que é a essência do inbound

no mercado? Débora falou sobre os clientes pequenos estarem comprando a

estratégia como um todo, mas para um cliente grande, qual é o argumento assim?

Para você, o convencimento final para o uso da estratégia do inbound. Que tipo de

estratégia a gente consegue vender, usar para vender o inbound?

Participante 2: Eu acho que o mais difícil é fazer o cliente entender que não é tão

rápido o retorno assim. Isso sim gera realmente, na empresa grande principalmente,

torcer para um resultado mais rápido mesmo, eles exigem muito mais isso. Então,

acho que o argumento mais difícil de convencer é essa parte, até mesmo porque tem

que ser um trabalho contínuo, e que ninguém faz isso, a pessoa acaba desistindo no

meio do caminho. Por experiências de clientes, tanto grandes quanto médio, pequeno,

ninguém de fato espera para ver. Quando o resultado começa a aparecer, a pessoa

Page 71: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

70

acaba desistindo porque as pessoas talvez estejam vendendo isso de forma errada,

falando como fórmula milagrosa. Vou aumentar a sua receita em tantos por cento,

mas não é um processo tão rápido assim, entendeu? Então, o argumento para isso é

complicado.

Participante 3: Eu ia falar justamente isso, as pessoas hoje não tem paciência de ver

realmente um resultado gradativo, elas querem umas coisas muito rápido e às vezes

não entendem, sabe? Que tem todo um processo ali atrás para você fazer. E às vezes

você também tende a pular um processo, porque às vezes o cliente quer alguma coisa,

e às vezes você apresenta, faz alguma coisa assim, que você pula, sabe? Por a

pessoa não ter paciência, entendeu? Eu acho muito também difícil… Os clientes, eles

terem essa paciência para a gente poder apresentar realmente um resultado, sabe?

Participante 1: Talvez uma estratégia interessante seria, para cliente grande, pegar

um produto ou serviço que ele não tenha tanta expectativa dessa liquidez, dessa

rapidez toda, para mostrar para ele que gera resultado no médio prazo, e que

compensa a espera. Eu acho que talvez com grandes clientes não seja, ficar

pensando muito alto e gerar muitos resultados para um produto muito forte, talvez não

seja um caminho. Mas de repente, você pegar um produto menor, que não tenha tanta

evidência, você consiga trabalhar nesse médio prazo.

Participante 2: É, mas é difícil. Hoje em dia as pessoas não esperam, sabe?

Participante 1: É.

Participante 2: É muito complicado, entendeu?

Participante 1: Entendi.

Participante 2: Até mesmo o seguinte, o seu cliente, ele vai querer um resultado de

alguma forma ou de outra. Não adianta, entendeu? Então, às vezes ele não consegue

entender, um pouco mais do que a gente estava falando, as agências também vendem

de uma maneira errada. De repente, até a gente é acostumada a receber informação

tão rápida, a gente vê as coisas acontecendo no online rápido, sabe? O inbound tem

que trabalhar também essa entrega… O cliente está te acompanhando direto, tudo é

muito rápido, entendeu? Então, quando você vai lançar alguma coisa, por exemplo

uma postagem, sei lá, alguma coisa assim, para ele aprovar, para colocar ela no ar,

entendeu? Você tem um espaço muito curto de prazo, entendeu? Para também uma

entrega muito grande de material, sabe? E ele quer resultado, quer tudo ali e como

ele aprovou uma coisa ontem, vamos dizer assim, entendeu? E às vezes não é assim,

Page 72: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

71

às vezes tem uma série de fatores, muitas vezes não está legal aquele mercado, não

sei. Algumas coisas também ficam muito ((16:27)), sabe?

Participante 1: Entendi.

Participante 2: Mas a gente tem que reverter isso na hora, e já pensar em outras

estratégias, e não é muito rápido. Às vezes não consegue também acompanhar isso,

a comunicação é um pouco difícil, ((16:43 - 16:46)) do processo, também, não é. Tem

uma série de coisas.

Diogo: E pensando no que o cliente quer, e falando de mercado, o anseio principal

do cliente para ele ter essa pressa toda é performance, não é? Vocês acham que hoje

no mercado, a performance é predominante? O querer do cliente está voltado para

performance?

Participante 1: Como assim, performance?

Diogo: Pensando… Vamos comparar então na proporção de estratégia, do que

hoje… Quando a gente conversa com o cliente, às vezes o anseio do cliente por

resultado nem sempre é o resultado de performance, está muito preso ou similar ao

do inbound. Mas por exemplo, às vezes o cliente quer o resultado de uma campanha

dele de outbound, ou de branding, um simples alcance, impacto de uma campanha

de branding na web, está satisfazendo ele. E ele não consegue entender isso, pode

dificultar o entendimento dele sobre um simples resultado de alcance, quando a gente

apresenta uma estratégia inteira de inbound, que na primeira fase do inbound, ele

pode ter um resultado de alcance mas como ele já sabe o que vai acontecer no

restante do funil, ele vai esperar pelo resultado final, e não pelo inicial. Se fosse uma

campanha dele de outbound ou só de branding, para ele estava satisfazendo. Vocês

acham que o cliente hoje, ele anseia mais por essa campanha de outbound ou pela

campanha de performance?

Participante 1: Performance.

Diogo: Pela campanha de performance?

Participante 1: Sim.

Participante 2: Eu acho que ele gostaria da performance, mas é difícil você… Como

a gente estava falando agora, do cliente ter essa paciência, entendeu? Ele ver

realmente o resultado final.

Diogo: E essa paciência não é suprida pelos primeiros resultados do inbound?

Participante 2: Ah… Mais ou menos. Não sei. Eu acho que na atualidade, isso está

gerando um grande problema, por que? Quando a gente apresenta um plano para o

Page 73: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

72

cliente, e a gente tem lá o funil, exatamente. O primeiro objetivo nosso do funil é x, o

segundo é y, o terceiro, sei lá, é w. O cara mostra que ele quer chegar já logo nas

vendas, buscando resultado que dá retorno para ele ali. Mesmo que a gente tenha

atingido o primeiro objetivo, a primeira etapa, toda certinha, deu certo, a gente atingiu

o primeiro objetivo, o cara começa a ficar ansioso. Ele começa a cobrar e você acaba

saindo da sua estratégia inicial para poder atender as demandas dele, para tentar

chegar na meta que ele quer antes da hora. Então, isso que eu vejo, é o que mais tem

acontecido. Então, acaba que o que você planejou lá atrás, acaba se perdendo no

meio desse processo, para começar a atender a atender as demandas. Então você

começa a obedecer o cliente ao invés de você fazer o que você tinha criado, o que

você tinha montado e estruturado. Então isso tem acontecido muito, que eu vejo.

Então assim, isso eu acho que talvez seja até um erro nosso, do trabalho, porque a

gente acaba obedecendo o cliente, sendo que o cliente não tem conhecimento nessa

estratégia, não tem conhecimento nessa metodologia. Eu vou seguindo ele para

atender mesmo, como é que fala…

Participante 1: Atender a demanda dele, não é.

Participante 2: Suprir a necessidade dele, entendeu? Exatamente.

Diogo: E manter o relacionamento, não é?

Participante 2: Isso vira uma bola de neve. É, e quando você vê, já passou um ano e

o que você planejou lá atrás, você não cumpriu dentro de um ano, e já era para estar

cumprindo, entendeu? Com a falta de paciência do cara, você fez um milhão de outras

coisas para tentar alcançar o objetivo, e não alcançou. Do seu primeiro projeto.

Diogo: Então, a questão, aquilo que a gente viu há algum tempo atrás, da briga entre,

a disputa de clientes do inbound e da performance, vocês acham que o cliente hoje

está procurando muito mais um agência para vender performance do que no

outbound, perdão.

Participante 1: Eu acho que sim.

Diogo: E como é que você… Fala, pode falar.

Participante 2: Eu… Pode falar. Eu tenho muita dúvida ainda.

Participante 1: Eu também tenho.

Diogo: Essa era a pergunta para vocês agora, como é que vocês estão vendo o

mercado vivendo essa mudança, se ele está vivendo essa mudança, e como que isso

afeta até as agências? As tradicionais, que viviam basicamente de branding e

outbound.

Page 74: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

73

Participante 2: Então, isso é fato que já está afetando muito, não é? Mas da forma

que estamos nos posicionando também, não está sendo legal, entendeu? Então

parece que não está fluindo muito, da mesma forma, entende? Está confuso para mim,

na verdade.

Diogo: É? Vocês acham que o mercado de outbound ainda tem força?

Participante 2: Não, eu acho que não tem força.

Diogo: Não tem? Débora?

Participante 3: Eu também acho que não tem não. Sabe por que? Porque eu acho

que essa falta de paciência do mercado por resultado, ela vai aumentar, entendeu?

Cada vez mais a gente vai ter que mostrar resultado no curto prazo e o inbound, ele

é demorado mais, eu acho que ele tem que ser mais uma estratégia de suporte do

que uma estratégia principal, sabe? E aí ele fica mais como uma bengala, uma muleta,

do que como a principal, talvez ele funcione melhor dessa maneira.

Diogo: Entendo. E como é que vocês estão vendo isso afetar o mercado de

publicidade? O mercado das agências tradicionais, como é que vocês estão vendo as

agências vivendo esse momento?

Participante 3: Olha, eu vou ser bem honesta, assim… Eu vejo agência que antes

vendia mídia, não fazer mais isso, ela se posiciona como outra forma de branding,

para desenvolver marcas, campanhas mais macro, não se preocupando com isso e

essa parte de inbound, de SEO, indo para agências menores, trabalhar com esse

portfólio, sabe? Como uma coisa meio de estepe. Eu não sei se essas agências

grandes estão tão preocupadas assim, sabe? Talvez ela vá mais para mídia

programática, e tente colocar mais dinheiro nisso do que de repente, em uma

campanha de inbound.

Participante 2: Bom, eu já… Assim, na verdade, eu tenho visto que algumas agências

tradicionais que tem a mente fechada dentro da estratégia que eles usavam, já não

atende mais muitas vezes. Os clientes estão buscando resultado, porque resultados

também são números, não é? Que é muito melhor do que ela financiar de uma forma

que ela não vai ter retorno, que ela não vai saber se deu certo, se está dando

realmente o que ela quer. Então assim, hoje eu acho que as pessoas estão mais

voltadas para a parte de resultado, sim. E é por isso que eu acho que as agências

tradicionais têm perdido um pouco de espaço na realidade do mercado, por conta

disso.

Participante 1: ((24:49 - 24:53))

Page 75: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

74

Participante 2: Exatamente. Muitas das agências agora estão conversando para

pegar mais essa parte também. E agora sim, talvez seja por isso, por essa massa

toda estar fazendo isso também, que parece que está tudo muito desorganizado,

ninguém fazendo de fato da forma 100% certa, que vai fazer dar certo, e não dá para

saber o que isso vai gerar lá na frente, talvez um problema ou se vai ser bom, com a

evolução. Essa questão é uma preocupação na atualidade.

Diogo: É, aproveitando que você falou isso… A gente falou também bastante aqui

sobre como as pessoas estão fazendo o inbound, não é? Vocês acreditam que o

inbound natural da HubSpot, aquele que eles passam pela certificação, aquele

conhecimento que eles passam pela certificação, é o método mais eficaz como

estratégia no Brasil? Por exemplo, pensando nos clientes de vocês, que estão

aplicando o inbound, vocês acham que esses seus clientes, aquela estratégia crua do

inbound é eficaz no Brasil? Ou tem algum… Vocês mesmas já aplicam algum tipo de

adaptação, ou no caso da Débora, enxerga que esse método precisa ou não de

alguma adaptação para a realidade cultural do mercado brasileiro?

Participante 2: Bom, eu acho que 100% igual ao que eles façam, para o mercado

brasileiro não tem como. Primeiro que na parte de conteúdo, eu digo que brasileiro

tem pavor de ler e você vai gerar um e-book para a pessoa nem ler, essa estratégia

para mim já não funciona mais, em e-book. Acho que para mim, resultado disso não

funciona mais. Tudo bem, se você fizer umas outras ferramentas para colocar como

conteúdo em vídeo, vai funcionar muito mais do que um e-book. Porque lá eles frisam

muito o e-book, porque lá isso funciona muito bem. Mas eu acho que aqui no Brasil o

que falta para essa estratégia de inbound marketing realmente dar certo é ter aquele

estudo realmente antes, e você montar uma estratégia, porque geralmente quando

você chega em um cliente, não deu tempo nem de estudar ele, não deu tempo de ver

o histórico dele e você acaba acreditando nas coisas que o cliente fala. Então, se ele

fala que ele está precisando no momento vender, você já vai começar com uma

estratégia de fundo de funil, sendo que na verdade, o cara não tem lead. Então assim,

não tem nada, você não tem ninguém para a gente poder descer o funil, entendeu? E

ele já quer que a pessoa esteja lá embaixo, só no momento de compra. Então, essa

pauta também de estudo, eu acho que tem afetado bastante. E lá na HubSpot, tudo

eles frisam muito o e-book como a parte mais importante, para você fazer esse

planejamento e estruturar para dar certo, e aqui eles pulam muito isso. Mas com

relação à estratégia em si, eu acho que nessa parte eu gosto de mudar o conteúdo

Page 76: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

75

sim, porque algumas coisas que não funcionam aqui no Brasil, você acaba se

submetendo a ajustes e eu acho que a estratégia funciona.

Participante 3: Eu acho que falta muito alguém assim… Para ajudar realmente na

prática, entendeu? Para as coisas começarem a ficar mais certas, como a gente

estava conversando, de repente em uma escola, ou em uma faculdade, e não a

faculdade, entendeu? Um curso mais presencial, não sei, entendeu? Muita prática,

também. É legal, bacana, sabe? Tem bastante conhecimento, mas na prática não é,

entendeu? Um curso é necessário.

Participante 1: Eu concordo com essa estratégia do e-book, também eu acho que

para a realidade brasileira não funciona. Primeiro, que as pessoas não tem o costume

de leitura, segundo que as pessoas tem um pouco de aversão nesse negócio de

cadastro, as pessoas não gostam de se logar, ainda mais para receber um e-book, eu

acho que poderia se adaptar mais a realidade do gosto do internauta brasileiro, eu

não sei… Eu acho também que aquela certificação passa por muitas etapas, e muitas

etapas decorebas, sabe? E não necessariamente significa que porque você passou

ali, você é um especialista. Quer dizer, tem gente que é especialista e não entrega,

não é? Então, eu acho que talvez uma coisa mais certa de educar as pessoas e

adaptar o mercado brasileiro seja o melhor caminho, que não seja isso do e-book, é

uma coisa que me incomoda também. Eles ficam muito nisso de, ah faça o download,

pega os dados, e vamos trabalhar em cima. Acho que não corresponde a nossa

realidade aqui.

Diogo: E vocês acreditam então que mudanças seriam interessantes para a aplicação

da estratégia no Brasil?

Participante 1: Eu acho.

Participante 2: Sim, eu acho que tem que ter uma adaptação de algumas coisas. É a

mesma coisa com relação a parte de email. Tudo bem, hoje em dia o brasileiro tem

muito costume de ler o email, mas é mais durante o trabalho, para uso pessoal talvez

nem tanto. Às vezes ((30:21 - 30:23)) dependendo, ela nem é tão eficaz. Então, tem

que ser muito delicado com essa parte na verdade, da nutrição. E o que tem

funcionado, que eu vejo, é muita ferramenta. Então, a gente fez um quiz, que a

pessoa... Na parte de recrutamento, para ver se a empresa tinha problema na parte

lá do recrutamento, e deu super certo. As pessoas elegeram muito mais estar

respondendo um quiz, que depois tinha uma nota final do recrutamento da empresa

Page 77: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

76

dela, do que ela ter baixado um e-book e ficar lendo lá, porque ela não ia ler,

entendeu? Então, é uma coisa muito mais interativa, que eu acho que o brasileiro está

muito mais apto. Então, o e-book e coisas do tipo. Tem que ser alguma coisa que ele

realmente vá usar, talvez no dia a dia dele, alguma coisa de fato assim, sem ser

alguma coisa massante.

Diogo: Entendi. Que tipos de mudanças que vocês identificam como essencial? O

que que vocês imaginam? A Ingrid acho que já citou… Aproveitando o exemplo que a

Ingrid citou agora, sobre ferramentas.

Participante 3: Olha, eu acho que ferramentas, Webinar funciona muito bem também.

Eu acho que se realmente você quer, você vai parar, você vai assistir. Hoje mesmo,

antes de a gente falar aqui, eu estava assistindo um. E era sobre um assunto que eu

gosto e eu acabei me inscrevendo e gostei muito, sai um pouquinho até antes dele.

Mas acho que é muito bom, talvez dependendo da área da pessoa, ((32:05 - 32:10)).

Participante 2: Acho que um conteúdo que a pessoa vá usar de fato, não um e-book,

que vai baixar e vai ficar no computador dela, para ele nunca mais ver, entendeu?

Participante 1: Até mesmo um vídeo. Eu não tenho mais saco de ficar lendo, é muita

coisa para ler.

Participante 2: Exatamente.

Participante 1: É, não, chega a ser muito chato, eu concordo.

Participante 2: Até porque todo mundo começou a usar o e-book, não é? Tem até

para sei lá, aprender a pintar parede. Para trocar uma lâmpada, olha esse e-book aqui.

Ninguém vai ler tanto e-book, para começar.

Participante 1: Nem tem espaço para isso.

Participante 2: Então assim, tem que ser alguma outra forma para essas coisas que

são mais educativas, para poder estar atingindo o público. Porque as pessoas ainda

batem muito na tecla do e-book.

Diogo: Débora, o que que você acha?

Participante 3: Eu não sei exatamente como não, assim. Ouvindo vocês, eu não sei

exatamente qual é a melhor estratégia não. Não sei mesmo, Diogo.

Diogo: Sem problemas.

Participante 3: Você me pegou, teria que pensar mais.

Diogo: Mas vocês, por exemplo, a gente estava falando das fases do inbound e que

tipo de mudanças vocês identificariam. Vocês acham que a compra de mídia, que é

uma coisa que a HubSpot também bate muito contra, vocês acham que a compra de

Page 78: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

77

mídia para o Brasil, para o método e para a metodologia do inbound fazer efeito, ela

faz sentido? É um diferencial para o Brasil?

Participante 2: Eu acho que vai ser… Tem casos e casos, vai depender do cliente,

vai depender… Porque isso tudo depende de como que o cliente está na jornada dele,

de como que já estruturado isso tudo no site dele. Porque se for um cara que está

começando agora, com um produto ((33:53)) eu acho que essa parte de mídia é muito

importante, nesse ponto. Agora, se for um cara já conhecido no mercado, que já tem

a parte de SEO muito boa e você começa a trabalhar com inbound marketing, talvez

ele até invista em mídia no início ((34:07 - 34:11)) então depende disso.

Diogo: Você acha que no início então, na fase de atração, ainda vale a pena?

Participante 2: Dependendo do caso, sim. Igual a gente já fez… A gente até colocou

uma campanha no ar agora, que no início rendeu, e a gente não fez exatamente nada,

foi somente orgânico do cliente. A gente fez um post nas mídias sociais e esse post

gerou mais de 120 leads em um dia. Então, eu fiquei assustada, porque quando eu fui

fazer o skype e o cliente perguntou o número de leads sendo que ele nem entrou com

mídia paga. Então sim, 120 leads em um dia, 120 em um post só é, um resultado já

muito bom, de início para um dia de post, entendeu? E agora nessa semana, a gente

vai implementar a mídia paga, mas já foi um resultado muito bom, talvez porque a isca

era boa também. Então assim, tudo vai depender da isca que você tem, do cliente, se

ele já tem a parte de SEO bom, se já tem um público bom na internet. Então assim,

tudo deve ser experimentado, não descartar ((35:19 - 35:21)) seria interessante.

Diogo: Legal.

Participante 3: Eu acho que vale a pena sim a compra de mídia. Para o mercado

brasileiro, eu acho que ela é bastante certeira, mas para mim, o futuro está na

segmentação. Acho que quanto mais a campanha for segmentada, mais sucesso ela

vai ter. Eu não acredito muito mais em banner, acho que não atinge tanto, e a

tendência é atingir cada vez menos. Mas uma campanha bem feita, bem segmentada,

pensando em redes sociais e outras plataformas, ela pode funcionar sim. Talvez na

parte de aquisição, de atrair as pessoas, mas também uma campanha, por exemplo,

bem segmentada de newsletter, pode funcionar. Eu mesma sou uma vítima de

newsletter para alguns sites, que funciona bastante assim. Quando você sabe

exatamente o que a pessoa quer, eu acho tem grandes chances de sucesso. Eu acho

que o segredo está na segmentação.

Diogo: Rebeca? Tá aí?

Page 79: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

78

Participante 1: Estou. Eu concordo mais assim, no que a Ingrid está falando.

Depende muito realmente do cliente, entendeu? De gastar com uma mídia paga, se

não tem essa força de SEO, ou de repente estar em outros lugares, por ser mais

conhecido, entendeu? Para mim, por eu trabalhar com isso, então eu concordo um

pouco mais ela. Eu acho que a segmentação, ela faz parte também desse gap.

Diogo: Legal. A Débora já falou alguns exemplos aqui também, mas que tipo de mídia

vocês acreditam que sejam mais eficazes para uma estratégia de inbound, para

trabalhar junto com uma estratégia de inbound?

Participante 2: É exatamente, que você já vai eleger o seu público ali, a segmentação

para você estar nutrindo ele para depois converter, é ele também estar promovendo,

alguma coisa assim. ((37:36 - 37:40)) aí vai depender exatamente do que eu falei.

Diogo: Mas vocês pensam em algum tipo de mídia específico, que seja mais eficaz,

para o inbound, ou não?

((37:52 - 37:54))

Diogo: É.

Participante 1: Porque assim, às vezes ele pode ter uma performance boa no

adwords, no Facebook, aí depende também muito. Às vezes eu vejo o Instagram

sendo o maior tráfego de e-commerce, entendeu? Acho que depende muito do nicho,

aí no caso entra a segmentação também, que se você olhar em detalhes, o meu nicho

está ali, não está ali, entendeu? É você descobrir através das métricas, não é? ((38:21

- 38:24)) das coisas mais assertivas, não é?

Participante 2: É, isso vai depender muito mesmo, porque ((38:31 - 38:34)) e o mais

engraçado ((38:36 - 38:39)) empresas. Então, anunciou, a gente fez o anúncio tanto

no Facebook, tanto no adwords e tanto no LinkedIn, a gente estava postando muito

no LinkedIn, que ali você vai falar direto com empresas, ainda mais na parte de RH.

A gente postou muito no LinkedIn e ali foi o pior resultado para a gente, e para você

ter ideia, o melhor resultado foi no adwords, entendeu? A gente nem imagina... Assim,

lógico, ainda esperava um pouco ((39:08 - 39:09)) então assim, ((39:11)) quando a

pessoa não tem nenhum histórico com que você vai trabalhar, o ideal é você fazer

teste ((39:21 - 39:22)) para ser o melhor conteúdo ((39:25))

Diogo: Débora? Se quiser falar.

Participante 3: Eu… Não, não, é que ela falou do LinkedIn, e não é a primeira pessoa

que fala isso assim, que esperava mais do LinkedIn e não foi. Eu gosto da newsletter,

mas eu acho que não funciona para todo mundo, acho que tem que ser bem feita. Eu

Page 80: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

79

acho que de repente nas redes sociais a gente consegue uma segmentação melhor.

Acho que são essas, assim, o que me vem na cabeça são esses dois.

Diogo: É, então a gente acaba… Quando a gente falou de compra de mídia, pensando

muito na fase de atração, na verdade a gente viu que não, não é? Que a compra de

mídia pode permear por outras fases também, mudando radicalmente o que é a

essência do que a HubSpot vende, da rede orgânica. E dependendo também, claro,

caso a caso. Foi o que a gente conseguiu ver até aqui. Tirando o inbound, hoje vocês

usam outras estratégias ou métodos para aplicar o marketing de performance? Porque

o inbound é uma delas, não é? Ou alguma nova metodologia vêm despertando

interesse para esse objetivo de performance?

Participante 2: Olha, eu trabalho em uma empresa em que é só voltada para isso. A

estratégia que a gente faz é basicamente com base na metodologia no inbound. Mas,

não sei. Deixa eu pensar um pouco mais sobre a outra pergunta.

Diogo: Tá. Rebeca, alguma metodologia de performance tem despertado o seu

interesse? Débora?

Participante 1: É porque eu acho que o inbound envolve muita coisa, não é? Acho

que não precisa separar realmente. Mas eu não sei se faz parte, sei lá, se a

experiência do usuário vai fazer parte.

Diogo: É um método redondo, que já traz tudo.

Participante 3: Eu acho que… Não sei, Diogo…

Participante 1: É, já tem mais ou menos tudo englobado, sabe?

Diogo: Certo.

Participante 1: Não tem muito o que pensar também.

Diogo: Débora, quer falar?

Participante 3: Eu não sei Diogo, não sei não.

Diogo: Também não? Tudo bem, sem problema.

Participante 3: Não sei, não consigo te responder.

Diogo: Sem problemas. Mas para aplicar a estratégia, para você, a ferramenta é

realmente indispensável? As ferramentas.

Participante 2: Não tenho dúvidas, com certeza. Com certeza.

Diogo: Quais são as ferramentas que você mais usa? Pode falar.

Participante 2: Principalmente a parte de automação ali, dos emails, e da parte de

segmentação depois, que eu faço a análise toda segmentada. Para mim, essas são

as principais coisas, assim, as mais importantes. Porque tudo que você pode fazer

Page 81: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

80

inbound marketing usando várias outras ferramentas ((42:32 - 42:35)) mas eu acho

que uma ferramenta completa é a RD, a HubSpot, não tem o que falar. Por custo

benefício, a gente acaba usando mais a RD, porque é muito mais acessível e ela

acaba cobrindo tudo hoje em dia, então ela está atendendo bem às nossas demandas.

Diogo: Débora e Rebeca?

Participante 1: Eu também concordo. Também tem a questão de ter muito material

que a gente tem que produzir, então quanto mais automatizada… Não que seja uma

coisa mecânica, tá? Muito também para a gente em marketing é essencial, é

indispensável.

Diogo: Débora?

Participante 3: Eu acho que toda ferramenta que consegue dar o máximo de

informações para você e para a gente, é um bom caminho. Para ser honesta, eu nunca

tive o dia a dia de trabalhar, nem com a RD nem com a HubSpot, embora eu já escutei

isso, que a RD é bem mais em conta. Pelo o que eu já pude ver, facilita bastante,

porque se tem muita coisa para ver e quase humanamente impossível fazer na mão.

Acho sim que vale a pena, mas também acho que é muito cara para a nossa realidade.

Acho que inclusive a HubSpot tem esse problema não é, porque a cotação é em dólar.

Então, também não atende às nossas necessidades. Isso também teria que se

adaptar ao nosso mercado, acho que é um dos talvez… Tendo essa abertura, as

pessoas podem aderir mais também, não é?

Diogo: E você, Débora, não trabalhando com inbound, você usa ferramentas no dia

a dia que te ajudam em performance, certo?

Participante 3: Sim.

Diogo: Tá. E vocês, tanto Débora com os objetivos de performance, e vocês nos de

inbound, vocês acreditam que é melhor concentrar em uma ferramenta só, como por

exemplo a HubSpot ou a RD, ou dividir em diferentes ferramentas? Como

SurveyMonkey, etc?

Participante 2: Eu acho sempre bom mudar de plataforma. Tem toda uma análise de

dados que, por exemplo, na RD é muito ruim, então você acaba analisando e faz tudo

pela…

Diogo: Opa, Débora?

Participante 3: Eu acho que para quem está ali operando, e justamente também

porque fica tudo em uma plataforma só, fica muito mais... Você depois buscar produto

ou uma ação que você queria, e tudo. A não ser a parte de análise de dados, porque

Page 82: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

81

a análise de dados nessas ferramentas é muito ruim. Então a gente acaba vendo toda

essa parte pelo Analytics.

Participante 1: Eu concordo, eu concordo. Acho que quando você tem várias coisas

no mesmo lugar, você não precisa ficar… Fica mais fácil, mais ágil, para quem está

fazendo a performance. Eu só fico um pouco preocupada da dependência, sabe? É

muito ruim quando você fica dependendo, não é? Só de um lugar só. Mas, é o melhor

caminho mesmo.

Diogo: E a HubSpot é unanimidade? Como ferramenta.

Participante 1: Não, deixa só eu falar rapidinho. O que acontece, é igual a parte de

blog, a parte de blog para essas ferramentas não é tão legal, então a gente acaba

usando o WordPress. Mas, muito ruim também dessas ferramentas é que você acaba

fazendo tudo ((46:20)) por algum motivo. Se você tem que encerrar o plano, parar de

pagar, essas coisas assim, vai te dar um trabalhinho maior, porque está tudo ali dentro

dela. Então, tudo bem que vai estar tudo organizado, você vai tirar e depois vai ter que

reestruturar de alguma maneira, mas isso acaba sendo ruim também dependendo do

((46:43)). E qual que era a outra pergunta?

Diogo: Se vocês acham que a HubSpot é uma unanimidade como ferramenta.

Participante 3: Não.

Participante 1: Por mim, sim. Mas enfim, em relação à custo benefício, para o

mercado brasileiro, não.

Participante 3: É, concordo.

Diogo: Bom, mas chegando aqui próximo do encerramento do nosso papo. Para

vocês, quais seriam as principais e possíveis adaptações para melhorar o

funcionamento do inbound na cultura do mercado brasileiro? E pode responder uma

de cada vez.

Participante 1: Deixa eu pensar, não é assim… Como é que é? Repete aí para mim.

Diogo: As principais e possíveis adaptações necessárias para o melhor

funcionamento do inbound na cultura do mercado brasileiro.

Participante 1: Paciência.

Diogo: Também é uma boa resposta.

Participante 2: Afinal, para o cliente ou para quem está contratando?

Diogo: Para a metodologia. Pensando na metodologia.

Participante 2: Então, eu acho que cada lado tem o seu problema. Primeiro do cliente,

a parte de espera, assim como a Rebeca falou. Segundo, para quem está criando a

Page 83: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

82

estratégia, ver o que que realmente se adapta ao mercado brasileiro, igual a gente já

tinha falado, da parte de conteúdo em vídeo. Hoje ainda não está impactando tanto

para o público brasileiro, então tentar sair disso, buscar novas ideias para atingir o

público brasileiro.

Participante 1: Eu acho que adquirir conhecimento também, não só tipo online, sabe?

Para a gente, para quem quer começar, para a pessoa encontrar de alguma outra

forma, e conseguir entender o inbound de uma maneira diferente, da maneira certa, o

que a gente estava conversando antes.

Participante 2: Eu não sei também como é para o público final, porque eu estou tão

envolvida nesse mundo, que eu abro cadastro em várias coisas, que eu não tenho

mais paciência para olhar meu email. Eu preencho muita coisa, todo mundo me manda

email. E é tudo automação, então isso hoje em dia têm me incomodado como

consumidora final. Mas tudo bem, que algumas coisas eu me cadastro para olhar os

meus concorrentes, ver o que eles estão fazendo, ou às vezes é por um interesse

meu mesmo. E essas coisas que são do meu interesse, eu acabo nem olhando, por

ser tanta coisa, eu acabo apagando tudo. Não tem tantos emails na minha caixa,

entendeu? Então, eu acho que para um consumidor final, eu acho que quem está

criando estratégia, tem que pensar um pouco nisso para não cair nesse ciclo que eu

vejo como consumidora final, entendeu?

Diogo: Entendi. Débora?

Participante 3: Eu concordo com esse negócio do email, também tenho 10 milhões

de email que eu não leio a maior parte. Porque eu justamente vou me cadastrando,

mas em determinadas lojas que eu me cadastro, eu vejo. Talvez porque eu esteja

mais… Que eu tenha um interesse maior, assim. A Amazon, por exemplo, é um… As

notícias que a Netflix me manda é outro. Eu acho que, eu não sei se eu… Eu não

sei… O que me incomoda no inbound é aquela metodologia super… Quase que

quadradinha demais, que a gente tem que seguir e essa questão do e-book também,

para a nossa realidade não funciona. Não sei também qual seria a melhor parte, qual

seria o melhor caminho. Mas, como o brasileiro gosta muito de rede social, talvez seria

esse o caminho. Não sei Diogo, não sei mesmo. Eu acho às vezes muito engessado

aquilo ali, sabe? Essa metodologia. E quando eu fiz até o curso, tinha muita

nomenclatura, muito decorebinha, sabe? Para você seguir e parecia muito que era só

blablabla para você enrolar o cliente, sabe? E talvez por isso que gere até essa

impaciência para ele, porque parece que é muito aquele papo de marqueteiro, sabe?

Page 84: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

83

E eu, como já trabalhei com SEO, sei que eles têm um pouco de impaciência com

esse negócio de espera e tal. Mas, talvez reduzir um pouco o blablabla, sabe? Ir mais

para o foco, a questão da ferramenta só, ela é muito boa, eu gosto da ideia, mas

também já ouvi cliente reclamando que é obrigado a ter, obrigado entre aspas a ter,

que não quer colocar tudo em uma ferramenta só. É delicado, é um pouco delicado,

assim.

Diogo: É, são pontos… Pode falar, Ingrid.

Participante 2: Uma coisa que acabou de vir na minha cabeça aqui, nessas coisas

que a Débora falou, foi justamente que quando eles falam a metodologia para a gente,

quando você está estudando tudo, ninguém nunca falou que uma nutrição de emails

têm que ter x emails, sabe? Então assim, realmente as pessoas têm feito a parte de

nutrição, pelo o que eu venho recebendo em tudo, muito extenso, então acaba até

ficando um pouco cansativo no final.

Participante 3: Exato.

Participante 2: Talvez precise de mais pautas, tem que ser um conteúdo mais unido

ou alguma forma de você estar convertendo a pessoa, seja com desconto, ou alguma

coisa. Até porque você converte ela na função, até a próxima estar ali no funil, eu acho

que talvez aí que as pessoas tenham pecado bastante. Porque tem uma sequência

até a conversão, então talvez isso esteja ficando um pouco cansativo e desgastante.

E na metodologia, eles não colocam a quantidade, então talvez o erro tenha sido

nosso.

Diogo: Legal. Bom, vocês tem mais algum comentário, alguma informação relevante,

algo que vocês gostariam de acrescentar e trazer para a conversa?

Participante 3: Não, eu não tenho mais nada para acrescentar.

Diogo: Sem a obrigação de colaborar, só para a gente fechar, encerrar.

Participante 2: Eu não estou com nada na cabeça agora.

Participante 3: Também não.

Diogo: Então tá, vou agradecer vocês antes de encerrar a gravação e depois a gente

fala, deixa eu só encerrar a gravação aqui, só um minuto.

Page 85: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

84

APÊNDICE B – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA

CEO/CCO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA – ESPECIALISTA EM

INBOUND MARKETING

3/2/2019

ORADORES

TEMPO DE GRAVAÇÃO

49 minutos e 15 segundos

MODALIDADE DE TRANSCRIÇÃO

Literal

[00:00:01] Tempo de início da gravação

Diogo: Daniel, vou te passar aqui então alguns avisos, se você precisar ir no banheiro,

a gente pode fazer uma pausa, você me avisa. Se você puder colocar o celular para

vibrar e precisar atender, você também me avisa. Eu estou gravando a conversa, tá?

Entrevistado: Excelente.

Diogo: E se você quiser comer alguma coisa, fica à vontade, beber alguma coisa, fica

à vontade. A ideia é que você fale sem vergonha, sem receio e nem com a obrigação

de concordar, discordar ou até responder, tá?

Entrevistado: Certo.

Diogo: Então vamos lá. Como que foi o seu primeiro contato com o inbound

marketing?

Entrevistado: Em 2013, mais ou menos, eu estava vendo uma forma de me

enquadrar no mercado. Eu era sócio de uma agência chamada Casa da Criação, era

sócio minoritário e nesse processo de reinventar a roda, de buscar novas alternativas,

um dos meus sócios, Daniel Limeira, já tinha tido contato com a matéria em algum

outro momento e começou a dividir um pouco dessa metodologia comigo e aí eu fui

cada vez mais me aprofundando até o ponto em que de fato eu consegui driblar todo

o meu conhecimento para aplicar dentro do inbound. Então basicamente foi assim que

começou, esse foi o meu primeiro contato, através do reposicionamento de mercado

da agência, que era uma agência especialmente offline e estava querendo buscar

Page 86: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

85

uma forma de se reinventar junto com o mercado, e esse meu sócio, que é o Daniel

Limeira, acabou sendo a grande motriz, o contato ao inbound.

Diogo: Legal. Aí você já acabou respondendo o que seria a segunda pergunta, que é

o que motivou, não é?

Entrevistado: Sim.

Diogo: Tá. Como essa escolha de conhecimento e contato com inbound afetou a tua

carreira?

Entrevistado: Bom, eu posso afirmar que ela foi preponderante, porque… Só um

minutinho, posso dar uma pausa?

Diogo: Pode.

Diogo: Como a escolha de entrar e ter contato com a metodologia do inbound afetou

a sua carreira?

Entrevistado: Então, basicamente eu entendo que mudou de forma definitiva e foi

preponderante o contato, porque o que acontece… Primeiro ponto, justificar o

inbound, com o inbound criou-se uma categoria, porque existia especialista em várias

áreas, existia o cara que era especialista em SEO, existia o cara que era especialista

em mídia, existia o cara que era especialista em conteúdo e eu estou falando de

agência de marketing digital, as agências foram se especializando tanto que elas

desaprenderam como fazer o marketing digital. E aí o inbound veio como um meio de

trazer todo mundo para o cerne da questão de novo, trazer todo mundo de volta para

o senso comum, porque não adianta você ser especialista em SEO, se todo o resto

do seu cliente não souber trabalhar, não adianta você ser especialista em mídia, se

todo o resto também não trabalhar. Então, desmistificando um pouco o inbound, o

inbound é nada mais, nada menos do que o marketing como deve ser feito dentro do

ambiente digital. Você só consegue eficiência no processo se todos os canais

estiverem conectados, então, se eu tiver um cara de SEO, se eu tiver cara de mídia,

se eu tiver um cara de conteúdo, se eu tiver um cara de CRM, se eu tiver um cara de

venda, se eu tiver… Então, se eu tiver a cadeia toda conectada, prestando o mesmo

serviço de forma equilibrada, com os mesmos skills, com a mesma senioridade, aí

você consegue ter êxito no inbound. Então, o inbound driblou muito o mercado… Eu

tive a sorte de estar no início dessa onda, porque tão logo a gente começou a

desbravar esse mercado, a gente buscou se especializar demais e eu de alguma

maneira, junto com um potpourri de pessoas de máximo respeito… Uma delas é o

Daniel Limeira, que é o meu sócio, o André Tenenbaum, o próprio Diogo Ferreira, que

Page 87: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

86

é um querido nosso no mercado, Matthew e outros caras que eu respeito muito, o

Bruno Ribeiro que chegou a ser nosso sócio também... De alguma maneira a gente

pegou quase que o nascedouro da metodologia no Brasil. Então, a gente foi lá fora

buscar algumas especializações, e a gente começou a pegar de fato o mercado, e a

conquistar novas contas porque a gente dominava, não só uma especialidade, mas a

gente dominava a cadeia completa. Então, hoje a gente pode afirmar que a gente é

uma empresa que entrega especialistas de CRM, especialistas de SEO, especialistas

de conteúdo. É realmente um grande conjunto de especialistas para fazer o inbound

dar certo, e o fato de a gente reconhecer isso de uma maneira muito rápida fez com

que a gente contasse com um time capaz de entregar todas essas valências, e de fato

oferecer esse resultado para o cliente. Então, não é uma coisa distante e avulsa, é um

processo de cadência e você tem que respeitar dentro da metodologia.

Diogo: Maravilha. Como é que você identificou que o inbound impactou no seu

resultado de negócio?

Entrevistado: Bom, hoje eu posso dizer que o inbound representa 90% da minha

carteira de clientes. Eu tenho clientes pequenos, médios e grandes, só um minuto. Ter

filho em casa é isso, perdão. Refaz a pergunta, por favor.

Diogo: Como o inbound impactou no seu resultado de negócio? Como você identifica

isso?

Entrevistado: Então, hoje eu afirmo que em média, entre 80 e 90 por cento do nosso

negócio está baseado em inbound. A gente, de alguma maneira, conseguiu de fato

dominar a metodologia, criar alguns gatilhos de controle para garantir o resultado dos

clientes e a excelência na execução do nosso trabalho. Então, não é um trabalho

estranho, hoje a gente atende quinhentos clientes e grandes contas e dentro desse

contexto eu posso dizer que até hoje tudo na ação conta, praticamente. A gente, de

alguma maneira, a gente contribui, continua contribuindo e ainda vai contribuir com

outros estudantes no mercado porque a gente conseguiu amarrar o processo

relativamente de Crtl+C, Ctrl+V, e a única coisa que muda dentro dos clientes são as

metas, as metas smart, e a gente muda de cliente para cliente. Mas a metodologia, o

processo, a execução do desenvolvimento, da parte tecnológica, tudo isso é meio que

Crtl+C, Ctrl+V, o que muda é o esforço de se conquistar aquela determinada meta.

Então, isso acabou sendo um modelo muito bem amarrado aqui dentro de casa.

Então, há o que a gente goste de fazer e faz bem então me sinto confortável em cada

vez mais entrar nesse mercado. Surtiu tantos efeitos positivos que a gente, além de

Page 88: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

87

ter aberto a Casa nos Estados Unidos, a gente além de ter a Casa no Brasil, a gente

abriu a Casa nos Estados Unidos e recentemente agora no início de fevereiro, a gente

fez a aquisição de uma outra empresa de gestão aqui no Rio de Janeiro. O que mostra

que a gente de fato quer aumentar o nosso marketing externo e agir com o inbound

marketing.

Diogo: Maravilha. E sobre as dificuldades com a ferramenta, que tipo de dificuldades

vocês tiveram para implementar a metodologia, na verdade?

Entrevistado: Bom, a principal dificuldade é fazer o cliente entender que existe um

vale da morte. Esse vale da morte começa no aceite da proposta e termina entre três

e quatro meses depois do aceite da proposta. Só que o que que significa isso?

Significa que ele vai ter que fazer um investimento full em serviço, ele vai ter que fazer

um investimento em ferramenta e ele tem que fazer investimento em mídia sem ter o

resultado ainda durante esse volume ((9:24)). Então, esse vale da morte costuma ser

((9:38)) entre as empresas. Então tem empresas que em dois meses desistem, porque

elas não têm fôlego… Apesar do cliente falar isso muito no nosso processo de venda,

sobre o vale da morte, sobre os processos, o tempo, a expectativa de prazo dado,

muitas empresas no segundo mês, elas já não aguentam. Enfim, é um investimento

grande entre prestador de serviço, mídia e ferramentas sem ter o resultado ainda.

Então, no meu ponto de vista, há uma miopia porque o processo de inbound marketing

é corrigir a estratégia de marketing dentro das empresas. Então, se ele não espera

aquilo maturar, ele não vai corrigir nunca. Ele tem que entender que faz parte do

processo passar por esse vale da morte, ser visitado com um custo inicialmente sem

ter receita. Mas, os estudos são bons, são globais, a literatura está farta desse tipo de

conteúdo, então é uma crescente exponencial porque você começa dois, quatro, oito

dezesseis, mas no início da equação até ganhar liga, o cara sofre, o cara arde com

um recurso. Então, esse é o maior desafio porque adquirir o conhecimento não é o

maior desafio, o conhecimento é público, é disponível em larga escala, tanto conteúdo

em inglês quanto em português. Você tem o mercado que já entendeu a importância

disso, então você também pode estudar o mercado. Então hoje a maior dificuldade é

o cliente passar pelo vale da morte, eu posso afirmar isso, a gente não é contundente

nisso, já tem algum tempo que a gente peleja no inbound, então a maior dificuldade

de se implementar a metodologia dentro das empresas é a empresa passar pelo vale

da morte, ela entender que ela vai ter um período sem faturamento expressivo, sem

receita expressiva e que não vai ter uma curva para que isso de fato dê resultados.

Page 89: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

88

Diogo: Entendi. Você acredita que o inbound está sendo aplicado da forma correta

aqui no Brasil?

Entrevistado: Não. O que que eu percebi em palestras que a gente vai, em palestras

de benchmarking que a gente vai, o que que a gente percebe, que as empresas

continuam falando que vendem inbound marketing mas continuam sendo

especialistas no seu quinhão. Então, a grande dificuldade do mercado é as empresas

de fato implementarem o inbound marketing, primeiro elas têm que entender o

processo como todo, então elas ficam na zona de conforto delas, acham que são

especialistas em SEO, eu digo que vendo inbound, mas eu sou focado aqui no SEO.

Então, o maior problema das empresas que deveriam estar no mercado, que estão

inseridas no mercado como um todo é porque eles ainda vendem algo com o qual eles

não entregam, e se entregam, menos, eles entregam o que eles gostam, no que eles

são familiarizados, onde eles de alguma maneira performam melhor.

Diogo: Como é que você acha que isso prejudica o amadurecimento do mercado,

pensando no cliente?

Entrevistado: Bom, de várias maneiras. Primeiro porque o cliente não sabe balizar o

que que é um bom fornecedor de um fornecedor mediano para baixo, esse é primeiro

problema. Como todo mundo faz o inbound, o cliente não sabe, ele não tem as

valências, as competências para diferenciar se de fato aquela empresa está mais

habilitada do que a empresa A ou B para fazer o inbound. Então, como todo mundo

diz que faz inbound, é muito difícil ele ter um diagnóstico, de qual empresa vai

conseguir oferecer o resultado que ele estima, certo? Então, a gente consegue validar

o mercado, mas os clientes e as próprias agências, muitas das vezes não conseguem,

entendeu?

Diogo: Beleza. Agora olhando um pouco mais para a parte de educação da

metodologia para disseminar esse conhecimento. Quanto é que você acha que o

volume de conteúdo e conhecimento sobre a metodologia é o suficiente aqui no

Brasil?

Entrevistado: Eu acho que tem muita coisa boa. A RD é uma empresa séria e muito

compromissada com a divulgação dessa metodologia no Brasil. Recentemente, ela

adquiriu um CRM próprio para poder fazer o ciclo inteiro dentro da plataforma, porque

até então era só uma parte do processo. Então, eu parto do princípio que as empresas

têm se munido de conteúdo cada vez mais para potencializar a metodologia,

entendeu? Mas, não adianta ter o conteúdo disponível se você não tem um

Page 90: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

89

profissional adequado na outra ponta para poder digerir essa metodologia e

implementar ela, entendeu?

Diogo: Certo. É, você acabou de dar um dos exemplos, mas quais são as principais,

ou melhores meios de acesso ao conhecimento do inbound? Você citou a RD, que é

a fornecedora…

Entrevistado: Acho que palestras e eventos do segmento são importantes. Quando

você se inserir de fato dentro dos eventos. Rola multicases, grandes exemplos, alguns

problemas que já foram passados por algumas empresas e pessoas. Então, a melhor

coisa no meu ponto de vista são os eventos, nacionais e internacionais. Depois disso,

você tem vasto conteúdo em vídeo e textos para que você possa se preencher de

conteúdo. As empresas estão cada vez mais disponibilizando esse tipo de conteúdo,

então acho que é fácil você adquirir. Mas se eu fosse categorizar por nível de

prioridade, a primeira coisa no meu ponto de vista, é participar das palestras, dos

workshops, dos grandes eventos e na sequência disso, você complementar com

vídeos e textos sobre o tema.

Diogo: Maravilha. Muito bom. Você já deu um exemplo também, das melhores formas

de disseminar esse conhecimento, já está respondido. O quanto você, também parte

já está respondido… Mas o quanto você ainda acredita nos influenciadores locais?

Principalmente falando da vocação das universidades que já possuem cursos de

inbound, a opinião sobre elas. Por exemplo, a ESPM tem cursos de extensão sobre o

inbound, o quanto você acredita que isso é uma especialização, ou o quanto ainda

tem para caminhar nesse mercado, de conhecimento?

Entrevistado: Então, eu acho que as universidades estão dando o primeiro passo

para democratizar o conteúdo do inbound, certo? Mas ainda está longe, ao meu ponto

de vista, de um conteúdo mais disciplinado, mais desejado. Muito mais do que só o

conteúdo, a gente tem que criar artifícios que tenha a prática, para que de alguma

maneira ou os clientes ou as agências dos profissionais do mercado possam viver a

experiência do inbound. Porque hoje eles só vivem as suas experiências individuais,

então é muito difícil você ver a estratégia 360 do inbound. Então, eu acho

preponderante que em faculdades com a ESPM ou outras, se eu não engano a PUC

do Rio Grande do Sul também tem um módulo de especialização do inbound. Eu acho

que as faculdades estão dando o primeiro grande passo. É uma área muito desejada

que ainda está aquecida no que tange dinheiro mas ela só é aquecida no que tange

dinheiro para as empresas que estão de fato operando resultado. Então, quanto mais

Page 91: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

90

você se especializar, quanto mais as empresas fornecerem esse tipo de

especialização, melhor. Então, você tem desde as grandes universidades até grandes

operadores de cursos, como a Agência Mestre, que é uma especialista no mercado

também, que não chega a ser uma faculdade mas é uma grande especializada em

cursos de inbound também. Então, esse mercado de alguma maneira tenta se

amadurecer, mas eu ainda acho que as pessoas, infelizmente, digo os profissionais,

eles ainda tem uma visao muito míope sobre as faculdades, com a especialização que

as faculdades geram, por quê? Porque como eles têm dificuldades para analisar qual

é o melhor tipo de conteúdo, eles vão no conteúdo prioritariamente mais barato, e nem

sempre o conteúdo mais barato está nas universidades, ele está dentro de uma vídeo-

aula que o cara comprou em um site de conteúdo qualquer e que tenha um conteúdo

de pior qualidade. Então eu acho que as boas universidades fornecendo um conteúdo

de mais qualidade com o aval do mercado, eu acho que é o primeiro grande passo

para você elitizar o conteúdo que você disponibiliza.

Diogo: Maravilha. Você acha que, espera aí… Você acha que a metodologia

ensinada, tanto pelas universidades tanto pelos influenciadores, pelas empresas que

propagam o inbound, ela é ainda é a metodologia crua, ou seja, aquela original

aplicada nos Estados Unidos?

Entrevistado: Bom, eu acho que ela ainda está aquém da que de fato está nos

Estados Unidos de hoje em 2019, mas eu acho que ela já deu grandes passos. Se

você olhar, se você selecionar ((19:48)) mais ricos e mais detalhados e mais

profundos e mais compromissados com resultados dos clientes, do que as do Rio. Eu

sinto que o Rio, ou do Brasil como um todo, ainda é muito filosófico, ainda é muito

teórico, falta entrar um pouco mais na carne, na prática, falta entrar um pouco mais

no visual do negócio, entendeu? Então, a forma que eu vejo, seja dos influenciadores,

seja das universidades, seja dos profissionais, é de fato buscar conteúdo cada vez

mais vanguarda, cada vez mais atualizado lá fora. A HubSpot, por exemplo, atualizou

a metodologia dela, já não fala mais inbound marketing como falava, agora se chama

flywheel. E no Brasil, eu não vi ninguém falando de flywheel até agora, então passou-

se seis meses e eu não vi nenhuma empresa, nem uma empresa aqui no Brasil

falando de flywheel, por exemplo. Que é a nova metodologia global da HubSpot, que

é a empresa que tem o domínio da metodologia inbound no mundo, entendeu? Então,

há seis meses, ela mudou a metodologia dela para flywheel, e a gente aqui ainda está

falando de inbound marketing.

Page 92: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

91

Diogo: E ainda não entrou, não é?

Entrevistado: Eu acho que o mercado ainda precisa conquistar algumas coisas,

inspirar cada vez mais, trazer mais coisas de vanguarda, entendeu?

Diogo: Certo. Você acha que, é um pouco do que você falou, é necessária então uma

adaptação da forma como eles aplicam lá fora para a forma como a gente aplica aqui

no Brasil?

Entrevistado: Não uma forma, mas... A forma é exatamente a mesma, acho que eu

posso afirmar porque a gente tem clientes fora do Brasil e a forma é exatamente a

mesma, a diferença está no modelo, o modelo mudou. O modelo, em meados do ano

passado, mudou, globalmente falando e o Brasil ainda não se adaptou a isso, ele mal

digeriu o que que é inbound e veio uma nova metodologia, veio um novo processo.

Então, é muito difícil para o mercado se adaptar nessa velocidade, acho que a grande

vantagem dos Estados Unidos ou outros país desenvolvido, vamos dizer assim, é a

velocidade de se adequar a uma nova metodologia, entendeu? Rapidamente o

mercado dissipou lá, se inseriu o inbound e rapidamente veio uma outra metodologia

para dar sequência a esse processo do inbound. Então, e aqui no Brasil a gente ainda

demora para implementar isso. Recentemente, eu fui em uma reunião de um cliente

gigante, onde eu falei de flywheel e o pessoal ficou assim, tipo, cara do que você

estava falando? Porque o mercado não está preparado para isso, então o mercado…

Eu não posso chegar em um ponto de venda, em um processo de venda meu e falar

algo que o mercado mal ainda acabou de digerir a metodologia anterior e eu já estar

querendo vender uma coisa superior, entendeu? Então, reza com a política de venda

de carros, não é? Você poderia pegar um carro que é um conceito e trazer para a rua

hoje? Não. Entendeu? Ele é maravilhoso, ele é lindo, ele é mais sofisticado, ele é mais

rápido, o coeficiente de economia dele é mais aprimorado que os carros da atualidade,

ele tem tudo para entrar na atualidade hoje, já tem fábrica, já tem tudo, mas ele entra

na atualidade? Não. Existem alguns degraus que você precisa fazer para esse carro

entrar, e a mesma coisa serve para a atualização da tecnologia ou da metodologia

dentro do mercado, entendeu?

Diogo: Certo. Mas como é que você imagina que seria o melhor, e aí o melhor entre

aspas, inbound para ser aplicado aqui no Brasil?

Entrevistado: O melhor inbound... Primeiro, um que de fato você conecte todos os

ativos que o inbound precisa para funcionar, e aí eu digo, desde o SEO, tagueamento

que é fundamental, análise de dados, a numeração dos dados, conteúdo, então você

Page 93: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

92

pega todo esse bloco, que é o bloco que faz a coisa acontecer e implementa eles. A

dificuldade hoje é você dominar o bloco inteiro, certo? Um outro passo que a gente

adotou é que em alguns casos, a venda do cliente derruba o processo do inbound. O

cliente não sabe vender uma mão de obra, a mão de obra de vendedor no Brasil, em

alguns segmentos, é muito ruim. Então, um outro ponto que a gente têm feito é o

outsourcing do processo de vendas. O cliente abre mão dos contratados dele e bota

profissionais que são treinados e capacitados por nós para concluir o processo de

venda. Então, eu de fato faço um outsourcing no processo de venda. E aí você garante

o processo do início ao fim, você tem a certeza de que aquele lead gerado, atraído

por aquele canal tal, foi nutrido pela ferramenta de automação, aquecido por ela, e

entra dentro de um CRM, que um profissional treinado, dedicado àquele negócio, que

é terceirizado às empresas, para concluir o processo de venda. Então, hoje eu consigo

não trackear só como forma de atração, mas eu consigo trackear até o porquê que

não foi vendido. Por que que aquele profissional de venda não conseguiu fechar e

outro conseguiu? Então você começa a fazer uma análise do pitch de venda do

profissional, você começa a fazer retoques que até então você não tem como mexer

quando o processo de venda não é seu.

Diogo: Certo. Então você acha que é no processo de venda que estariam as principais

adaptações que você imagina para o inbound?

Entrevistado: Sim.

Diogo: Legal.

Entrevistado: Hoje, o processo de venda, ele tem que ser de domínio da empresa

que cuida do marketing e se o marketing é terceirizado, venda tem que ser terceirizada

também.

Diogo: Excelente. Vamos lá. Você acha que as etapas do inbound precisam ser

revistas para aplicar aqui no Brasil ou não? Da forma como ela é conceituada lá pela

HubSpot.

Entrevistado: Não, não acho, porque na verdade seria o nosso jeitinho brasileiro,

não, não acho. Eu acho que se você for fiel às práticas da metodologia, você vai

manobrar isso. A gente vê pequenas empresas que agarraram a metodologia,

mudando a sua parte de matrícula e a de faturamento porque fizeram o dever de casa.

Um grande exemplo disso é a Empiricus, que é uma empresa que veio do nada, que

há 3 anos atrás não existia no mercado… Eu digo, no share of mind das pessoas e

Page 94: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

93

hoje é uma potência, hoje ela briga com as grandes empresas no setor de finanças, e

ela abraçou o inbound, ela de fato fez tudo que precisava ser feito.

Diogo: Beleza. Sobre os formatos de conteúdo que a própria HubSpot propaga, e aí

no antigo, o que vamos chamar agora de antigo inbound, você acredita por exemplo

na efetividade do e-book, no uso do email marketing da forma como eles propagavam?

Entrevistado: Eu acho que existem pesos, não é? No início, quando a metodologia

chegou ao Brasil, a internet passava por uma transformação muito grande, que era a

chegada dos vídeos, certo? Então, até aquele ponto, o conteúdo textual tinha um peso

muito grande, certo? Hoje, eu entendo que o peso do vídeo, ele é maior que o peso

do texto, mas eu acho que uma coisa complementa a outra, eu acho que o vídeo

passou a ser um ambiente quase prioritário das empresas de se comunicar com a sua

audiência, com o seu potencial cliente, e o email, o e-book e outros canais de texto

passaram a ser complementos desse conteúdo. Então, eu vejo um vídeo e eu me

complemento, porque o vídeo dispara um ambiente sensorial na cabeça do indivíduo,

que dá o desejo de ele se munir de algum conteúdo textual para complementar aquela

informação, ou dar veracidade àquela informação que ele assistiu no vídeo. Então,

acho que o vídeo passou a ser a grande isca e os conteúdos de texto passaram a ser

conteúdos complementares. É muito comum o cara ver um vídeo, depois ler um texto

para validar aquilo que o vídeo acabou de passar para ele.

Diogo: Legal. Você acredita, por exemplo, que a compra de mídia funciona? Porque

a HubSpot incentiva o orgânico, não é?

Entrevistado: Ela incentiva o orgânico, mas o que acontece, de novo os pesos. No

início, quando você tem menos tração orgânica, é preponderante você ter

investimento de mídia, porque se não, eu não consigo aparecer para ninguém. Então,

o dinheiro de mídia no início, ele é não só desejado como necessário, acima de tudo.

Conforme a metodologia é implementada e os resultados começam a aparecer, você

vai tirando o pé desse acelerador que se chama mídia e vai começando a viver do que

o tráfego orgânico é capaz de fornecer para você. Mas isso é uma balança, ela precisa

mudar de peso no meio desse processo. Eu não tenho como começar, quer dizer, ter

tem, poder a gente pode tudo, mas não é recomendado que você não comece com

dinheiro de mídia, porque aí sim o seu tracionamento no orgânico vai levar muito, mas

muito mais tempo, entendeu? Até porque o orgânico, ele se divide a um milhão de

outras empresas, ou bilhão de outras empresas que começaram a fazer o seu

Page 95: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

94

processo de inbound organicamente. Então, você é mais um no meio da multidão, o

seu conteúdo dificilmente é tão exclusivo assim para você ganhar tanta notoriedade

rápido, entendeu? Então, é muito comum você usar a mídia como forma de ganhar

alcance de forma mais rápida.

Diogo: Beleza. Vamos lá, a compra de mídia é um modelo tradicional, vamos botar

que é um modelo outbound…

Entrevistado: Não, depende.

Diogo: Diga.

Entrevistado: A mídia ainda é um modelo inbound, e o outbound seria a mídia offline.

Diogo: Certo.

Entrevistado: Tudo que tange o outbound não é porque está fora do processo de

inbound, mas é tudo que é do meio convencional não digital. Então, só fazendo uma

pequena… Não digo correção, mas uma leitura talvez um pouco mais alinhada, seria

a mídia… A mídia inbound, ela é importante em um primeiro momento, a mídia

outbound, offline, ela também é importante para outros aspectos, mas no processo do

inbound, ela tem pouca aderência.

Diogo: Mas a compra de mídia não deixa de ser o modelo tradicional, concorda?

Mesmo que não seja outbound.

Entrevistado: Ela é tradicional, porque ela tem que existir, ponto.

Diogo: Beleza, isso. E quanto você acha que o modelo tradicional de marketing pode

influenciar no processo do inbound? E aí não pensando só na compra de mídia,

pensando em branding...

Entrevistado: Bom, eu acho que ela pode trazer ganhos significativos para o cliente.

Pode-se trazer desde a economia de mídia até receita efetiva, otimização de recursos,

diminuição de passivo, porque ele contrata menos gente para dentro da empresa e

bota tudo no lado de fora. Então, fazendo direito, você entrega vários ativos para o

cliente. O marketing de vendas feito da maneira correta dentro do inbound reduz o

passivo do cliente, porque ele bota toda a parte do marketing de vendas, ou uma

grande parte dela no lado de fora, certo? Eu gero um faturamento, receita limpa para

ele, eu otimizo o processo da empresa e o que é ganho de produtividade, então se eu

somar isso tudo, ao final de uma temporada, o inbound é capaz de salvar um negócio

ou matar ele, dependendo de como você faz.

Diogo: Beleza, vamos lá. Sobre jornada do consumidor, como é que você, ainda mais

que você trabalha com os dois mercados, como é que você enxerga que o

Page 96: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

95

comportamento do consumidor brasileiro se diferencia do consumidor americano? E

aí pensando que a metodologia foi criada olhando para o mercado americano e a

adaptação feita no mercado brasileiro.

Entrevistado: Eu costumo dizer, que há um tempo atrás, tem um ano mais ou menos,

eu criei um processo. Foi criado por nós de fato, e a gente começa a ver a jornada do

consumidor como se fosse uma baleia de lado, eu vou até, talvez, vou te mandar uma

imagem que representa muito bem isso.

Diogo: Beleza.

Entrevistado: Uma baleia, se você olhar ela de lado, deixa ver se eu consigo pegar

alguma referência para te mandar de alguma maneira, mas você olhando a baleia de

lado, ela tem a causa que é pequeninha, uma baleia que eu digo é uma baleia de

desenho animado, ela tem uma cauda pequenininha e geralmente ela tem aquele duto

que fica do lado de fora da água, certo? Então você vislumbra ela sempre assim, você

tem uma parte pequeninha e você tem… É como se fosse um símbolo do infinito, onde

o rabo seria a parte menor e o corpo da baleia seria a parte maior. Eu costumo dizer

que na jornada do consumidor, esses pesos mudaram também. O offline seria essa

parte maior, certo? E o online seria o rabinho, ok? Então, na jornada do consumidor,

ele fazia o trajeto dele em volta dessa baleia, esse símbolo do infinito, onde ele

passava pouquíssimo tempo dentro do digital, para formar a opinião dele, ele passa

pouquíssimo tempo dentro do digital e ele se munia de conteúdo fora do digital, depois

ia para o digital de novo um pouquinho e depois ia lá para fora do digital. Então, esse

peso de uns cinco anos para cá mudou drasticamente, agora é de fato o contrário.

Hoje, 80% desse processo, desse braço é feito dentro do ambiente digital e fora do

ambiente offline. Então, eu tenho ali o rabinho da baleia sendo o offline, mas eu parto

do princípio que não é uma ciência exata, o cara entrou e saiu cliente, é um símbolo

do infinito, ele fica circundando entre os dois universos, entre o meio digital e o meio

offline, se munindo de conteúdo, entrando em contato com a marca em diversos

pontos, certo? Mas eu não posso nunca anular a força do que o offline ainda também

tem nos pontos de contato dele. Então, eu entendo dessa maneira, os pesos, eu

entendo que na jornada do consumidor, ele não é uma linha reta de aprendizado,

consideração, reconhecimento e compra, ele é um círculo, onde ele ora está se

munindo dessa linha dentro do digital, e ora ele está se munindo dessa mesma linha

dentro de uma ambiente real, buscando informações, indicações para os seus amigos,

certo? Então, o inbound, ele é um ecossistema próprio, mas que ele tem outros

Page 97: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

96

orbitantes em volta dele. Eu não posso dizer que é um sistema que vive sozinho, ele

tem orbitantes, que no caso seria o offline, eu tenho pontos de contato ainda com a

minha audiência. O ideal olímpico é a gente poder cruzar esses canais, e hoje a gente

ainda faz isso de forma muito imatura, muito embrionária, entendeu? Então, o ideal

olímpico é a gente entender que o inbound, ele não vive sem o mundo real e vice

versa. Hoje, ele é dominante dentro do processo, não tenho dúvidas disso, mas a

jornada do consumidor, ela não é só no mundo digital, ela também é no mundo físico.

Então, é nessa baleia que a gente deu o nome, essa whale, a gente tem aqui, ele

passando a maior parte do tempo dele dentro do digital, se munindo dentro dessa

vertical que é aprendizado, é conhecimento, consideração e venda, e depois indo para

o offline, vivendo toda essa mesma experiência, dentro do mundo físico, também

vivendo essa experiência do aprendizado, do conhecimento. Quando ele chega no

ponto de venda, ele ainda aprende mais conteúdo, que ainda pode ajudar no auxílio

da compra, coisas que também acontecem dentro do inbound, certo? Então, eu sinto

que é um processo infinito, ele sempre vai ficar fazendo isso, vai e vem, vai e vem,

entre o digital e o offline. Essa, para mim, é a grande mudança na jornada do

consumidor, não existe uma linha reta.

Diogo: Mas isso, você vê tanto para o mercado brasileiro quanto americano, ou você

vê uma diferença no comportamento desses dois consumidores?

Entrevistado: A gente vê nos dois. Porque isso não é um processo do comportamento

do brasileiro ou do americano, é um comportamento do processo de consumo das

pessoas, certo? Então, se você pegar o cara que é mais jovem, onde ele se nutre a

maior parte do tempo dentro do digital mas às vezes ele pode ainda buscar opinião

com um amigo na vida real, isso é a realidade do mundo, só mudaram os pesos.

Então, desde o senhor que busca talvez a informação a maior parte do tempo offline,

e se tiver um compra no online, mas o ponto não é esse, o ponto é que não existe

uma jornada que é só do digital. Eu acho que essa é a releitura que a gente tem que

ter, dentro da nossa empresa, e o que a gente tem oferecido ao mercado e o mercado

tem aderido bem à isso. É porque, eu não posso dizer que só o digital é responsável

por aquela venda, seria uma miopia muito grande da minha parte, principalmente em

marketing de médias e grandes, marketings que não vendem só para a venda na

internet, que tem pontos de venda. Seria muita miopia da minha parte afirmar que só

o inbound é responsável pelo faturamento da empresa a nível global ou a nível

nacional, não é isso. As empresas que tem ponto de venda, ela ainda tem que contato

Page 98: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

97

com o TDD, ela ainda tem o estoque, ela ainda tem a prateleira, ainda tem a vitrine,

ainda tem o amigo, ainda tem a indicação, isso tudo não morre no processo do

inbound, muito pelo contrário, insisto, a gente tem que saber coletar esses ativos para

ser cada vez mais eficiente no digital. Por exemplo, vou dar algumas informações

novas, a gente usa muito ((40:20 - 40:24)) que são ações em bluetooth pelos

estabelecimentos para cruzar com informações, camadas de negócio no digital.

Recentemente, a gente começou a botar câmeras dentro de lojas e pontos de venda,

para fazer reconhecimento facial de clientes para cruzar com comportamento online

deles. E aí sim você começa a fazer ((40:48)) de mercado. Porque até então, é só um

processo de vendas pela internet, resumidamente o inbound seria o processo de

vendas que só respeita o ambiente digital. Só que venda, o cliente já não é só isso.

Diogo: Beleza. Tá, estou só anotando aqui. E aí, olhando para o mercado Dani… O

que que um cliente espera em uma primeira reunião para escutar sobre a estratégia

do inbound? O que que ele espera de resultado durante e execução, para esse

primeiro contato?

Entrevistado: Primeira coisa que ele espera é o seguinte, quanto que eu estou

investindo e quanto que eu vou ganhar investindo isso em você. Porque qualquer ação

de marketing que não contribua com vendas, é custo. Então, o cliente ele quer saber

o seguinte, tá eu vou botar aqui 150 mil, 200 mil, 1 milhão de reais na tua mão, quanto

que isso vai voltar de dinheiro para o meu bolso? Eu preciso apresentar um plano de

vôo para ele, eu preciso dar a segurança para ele, que eu sou fiel a correr atrás desse

resultado. Porque se eu não estiver alinhado com o resultado dele, eu só sou custo.

Se eu não estiver influenciando no resultado do cliente, eu sou custo. Então, a primeiro

coisa, e eu digo de forma muito clara, é exatamente isso, a gente abre as nossas

reuniões perguntando o seguinte, qual é o teu ticket médio, qual é o teu volume de

vendas, qual foi teu realizado do ano na última temporada, e qual a tua meta para a

próxima temporada? Ele me dá quatro informações, eu tenho que criar um plano que

isso sustente, porque se eu não for fiel ao resultado do cliente, eu não entrego o valor

para ele. Você não entrega o custo. E é muito comum os clientes se decepcionarem

com agências, logo no início ou no meio do caminho, porque eles não entenderam o

real valor delas, eles não entenderam como é que eles vão ganhar dinheiro com elas,

entendeu?

Diogo: Certo.

Page 99: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

98

Entrevistado: Então, se você não consegue fazer o cara enxergar como que ele vai

ganhar dinheiro comigo, é só dinheiro saindo pelo ralo. Se eu apresento uma conta

de 9, 10, 20, 30 mil de fee para ele ao mês, ele só está vendo o dinheiro sair. Agora,

o meu papel como gestor é fazer o seguinte, você botou 10, 5, 20, 30 mil reais na

minha empresa, mas a projeção de faturamento baseada em estudos globais,

literaturas e experiências reais dentro do meu segmento, é que você alcance esse

resultado. Aí começa a fazer mais sentido, tem um plano e um goal. Eu uso uma

máxima, que o piloto de avião, ali do Santos Dumont, que é um aeroporto doméstico,

ele faz Rio-São Paulo todo dia, o piloto. Faz Rio-São Paulo todo santo dia. Mas ele

não tira o avião do chão, se ele não tiver o plano de voar sentado. O avião pode até

cair, mas não costuma cair, porque são inúmeros fatores que contribuem para o avião

cair, não é um erro, porque a ciência tem que fazer aquilo, e a lógica do inbound é

exatamente a mesma, criar um plano de vôo eficiente.

Diogo: Daniel? Daniel?

Entrevistado: Ouviu?

Diogo: Ouvi, ouvi. É que você ficou mudo… Beleza. Vamos lá, última pergunta. Você

que já fez parte dessas duas realidades, o que que você acredita que a busca por

performance, que foi exatamente tudo isso que você falou, impactou no mercado de

publicidade e de marketing? E que movimento você vê no mercado depois desse

impacto?

Entrevistado: Bom, insisto, eu acho que, por exemplo, eu conto nos dedos de uma

mão só as empresas que de fato eu posso confiar para fazer uma estratégia de

resultado para os clientes, resultado de fato. Não estou falando em ser especialista

em uma área, especialista em várias. Estou falando em gerar resultado para o cliente.

Eu posso contar nos dedos de uma mão só, as empresas com as quais eu já tive

contato, tá? Pode até algum desconhecido fabuloso que eu não tive contato nenhum.

Mas eu conheço muita empresa que não conseguiu oferecer resultado. O primeiro

grande item é saber que isso não é para todo mundo, saber que o inbound não é uma

disciplina para todo mundo, porque não é todo mundo que vai conseguir ser

especialista em tantas frentes assim. Então, o inbound não é para todo mundo. Quem

ousa de fato mexer com inbound à risca, ela tem que de fato dominar várias valências,

várias competências e ter um histórico de resultados juntos com o mercado. Não dá

para ser aventureiro nisso, porque ser aventureiro, muito pelo contrário, só queima o

mercado, que é o que aconteceu durante muito tempo, e o que eu acho que ainda tem

Page 100: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

99

um residual disso para ser eliminado. Primeiro ponto, é você colecionar coisas boas

de verdade dos seus clientes, indicadores de performance de verdade junto ao cliente,

porque isso baliza e nivela o mercado. Recentemente, eu tive contato com n empresas

que se estipulam empresas de inbound, em que quando você vai olhar no cerne, na

essência da empresa, elas não operam o inbound nem para elas, muitas das vezes.

Elas têm dificuldades básicas de execução. Eu digo isso porque eu vivi isso muitos

anos, no início. Até essa chave virar, a gente levou um tempo. Então, a empresa

precisa adquirir conhecimento, adquirir habilidades, adquirir resultados para se

intitular uma empresa de inbound no mercado. Ela precisa nivelar o mercado por cima,

e o mercado hoje não está nivelado por cima, ele está nivelado com uma média baixa.

Qualquer três caras se uniram, e resolveram abrir uma agência, com seus cases

individuais. Que ao menos, alerta os seus potenciais clientes sobre os riscos do

inbound. Ao menos, consegue fazer um plano de defesa dos seus custos, junto ao

processo do inbound. Então, o inbound não é só uma jornada do consumidor, um

conjunto de ferramentas, um processo. Com o inbound, você está entrando na

camada do negócio do cliente. Você operar mal o inbound dentro do cliente, você

quebra a empresa do cliente, é uma responsabilidade enorme. As certificações de

inbound para agências, elas deveriam ter muito mais peso do que as certificações

profissionais de inbound, por exemplo. Porque a partir do momento que eu estou

entrando na camada de negócio do cliente, definindo a vida do cara. Ele me deu uma

responsabilidade a mão e eu estou entrando lá dentro do negócio dele. Incidindo

diretamente ou indiretamente o negócio do caro. Catastrófico ou não.

Diogo: Maravilha. Fechamos. Foi bom. Foi bom e foi rápido, achei que fosse demorar,

que eu fosse te prender mais. Mas é um cara que fala muito bem.

Page 101: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

100

APÊNDICE C – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA

CTO/CCO DE EMPRESA DE CONSULTORIA DE MARKETING BRASILEIRA – ESPECIALISTA EM

INBOUND MARKETING

3/2/2019

ORADORES

TEMPO DE GRAVAÇÃO

32 minutos e 34 segundos

MODALIDADE DE TRANSCRIÇÃO

Literal

[00:00:01] Tempo de início da gravação

Diogo: Daniel, tudo bem?

Entrevistado: Tudo bem?

Diogo: Tudo bom. Vou só passar alguns avisos aqui antes da gente começar. Se você

precisar ir no banheiro, ou precisar de algum tipo de pausa, fica à vontade. Em

qualquer momento, sem problemas, só avisar. Só um aconselhamento de deixar o

celular no vibracall, não precisa desligar. Se você precisar atender, também não tem

problema nenhum, a gente pode parar a qualquer momento. Eu estou gravando a

conversa, tá? Se você precisar também comer alguma coisa, beber, fica à vontade,

não tem problema nenhum. Sobre as perguntas, sem vergonha de resposta, receio, e

também não tem obrigação de responder, nem de concordar ou discordar, vai da

maneira que você se sentir mais à vontade.

Entrevistado: Beleza.

Diogo: Tá. Então, começando aqui. Como é que foi o seu primeiro contato com o

inbound?

Entrevistado: Bom, meu primeiro contato com o inbound marketing foi através de

uma palestra que eu fui na ((1:08)), onde eu… Observando palestras naquele

momento, me despertou muito a minha atenção, porque como eu venho do digital, eu

vinha muito acostumado com o modo tradicional de fazer marketing digital. E aí o meu

primeiro contato foi em uma palestra, onde eu aprendi, despertou a curiosidade, e

Page 102: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

101

desde então eu comecei a estudar e a aprender cada vez mais. Então, veio de um

palestrante, que estava palestrando sobre o inbound marketing para várias pessoas.

Diogo: E depois, o que te motivou a aprofundar o seu conhecimento de inbound?

Entrevistado: A minha motivação maior foi ver que o inbound marketing é uma

metodologia completa, que vai desde datação do potencial cliente até a venda de fato,

e é uma metodologia que me encantou por realmente conseguir mapear e fasear cada

momento da jornada de compra na jornada do consumidor, fazendo com que o

marketing digital seja um marketing inteligente, não é? Principalmente entregando o

tipo de mensagem correta em um momento correto, para o nosso consumidor. E cara,

o inbound marketing e marketing digital, para mim, é a mesma coisa. É um chapéu

que envolve várias habilidades, várias áreas. Estou falando de tecnologia, mídia,

conteúdo, estratégia, automação, então acaba envolvendo todos os conceitos.

Diogo: Boa. Estou anotando aqui. O que que esse conhecimento, essa introdução ao

inbound marketing na sua vida afetou a sua carreira?

Entrevistado: Cara, eu tomo isso como um modelo amplo para o que eu já

desenvolvi. Então, o meu primeiro impacto com o inbound marketing teve um estalo

de configuração do meu mindset, para que eu começasse a entender que eu precisava

aplicar mais conhecimento. Então, como era uma metodologia vinda dos Estados

Unidos, então é uma metodologia consolidada, principalmente capitaneada pela

HubSpot, então eu não desconfiei, pelo contrário, eu vi que era um conteúdo muito

bem feito, tudo fazia muito sentido para mim, era tudo que eu estava buscando no

marketing digital e acabou que isso driblou o meu conceito de marketing digital,

fazendo com que eu quisesse aprender cada vez mais, com que eu dominasse a

técnica, que eu dominasse a parte da tecnologia, que eu conseguisse entender a

jornada de compra, que eu conseguisse aplicar isso dentro de um projeto digital, com

todas as valências do digital analytics, do web analytics, para que a gente conseguisse

fazer um trabalho rico e que a gente conseguisse entregar resultados de performance

de fato para os nosso clientes. Então, foi isso que me fez avançar cada vez mais no

inbound marketing.

Diogo: Beleza. Como é que o inbound impactou o resultado do seu negócio?

Entrevistado: Então, quando eu comecei a ter os primeiros contatos com inbound

marketing, eu vi que realmente era o caminho do marketing digital, vamos chamar do

novo marketing, como ele é conhecido no mercado. Eu vinha de uma agência, estava

em um momento em que eu conheci o inbound marketing, eu estava em uma agência

Page 103: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

102

on e off, onde o on era um marketing tradicional, por mais que seja digital, mas era

um marketing tradicional, aquele marketing onde a gente administrava mídia, fazia o

banner, muitas campanhas focadas somente no fundo de funil, para as pessoas que

já estavam no momento de compra. E a gente começou a observar que o marketing

não era só isso, e a partir daquele momento eu tomei a decisão, comecei a perceber

que realmente não era aquilo que eu queria para a minha vida profissional, e a gente

tomou a decisão de encerrar essa operação e partir para um novo desafio, que era

uma agência focada em resultado, uma agência que vendia o inbound marketing para

os clientes. Até então, acabava sendo uma certa novidade, não é? A gente tinha um

compromisso com os nossos potenciais clientes de evangelização, e aí tudo isso fez

com que a gente transformasse o nosso negócio em cem por cento inbound marketing,

porque o inbound marketing, como eu falei, são todas as valências de um negócio

onde tem que envolver tecnologia, marketing e criatividade. E era isso que eu buscava

para um negócio próprio, era isso que eu enxergava como um diferencial para tomar

vanguarda aí dos negócios, falando de digital.

Diogo: Boa. Tá. E quais foram as principais dificuldades que você teve para implantar

as ferramentas do inbound? Pensando na metodologia como ferramenta, tá?

Entrevistado: Beleza. Então cara, a implementação do inbound marketing, colocar o

inbound marketing na prática, aplicando metodologia, falando de ferramenta,

pensando na jornada de consumidor, desenvolvendo persona, pensando em cada

conteúdo para cada fase na jornada, é uma missão muito difícil cara. São poucas

agências que conseguem implementar e gerar resultado com inbound marketing,

aplicando conhecimento de fato, a metodologia no dia a dia. Então foi uma barreira

muito grande, primeiramente fazer com que o cliente entender que existe uma curva,

é o que a gente chama de vale da morte, onde a gente começa… Nos três primeiros

meses, são meses difíceis para o cliente entender…

Entrevistado: Então a curva para aplicar, para dominar o inbound marketing, para

dominar o processo, desde a prospecção, o inbound marketing é tão complexo que a

gente tem todo um processo de prospecção de venda da agência com o cliente,

porque o cliente precisa perceber que ele não está comprando mídia, ele não está

comprando postagem na rede social, ele está comprando um negócio que vai ajudar

ele na camada de negócio. Então mudar esse mindset da cabeça dos nossos clientes

também era muito difícil, então o processo começa a ser difícil desde a venda. Como

é que eu vou vender isso para o meu potencial cliente, ele não está acostumado com

Page 104: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

103

isso, ele não sabe o que que é, o cliente vai precisar dar um passo atrás, se tornar

evangelizador mesmo do inbound para os nossos clientes, então começamos a

desenvolver palestras, começamos a dar treinamentos gratuitos e aí isso tudo envolve

o trabalho árduo de se fazer inbound marketing, desde a concepção da venda, até a

implementação do on board no cliente, para fazer com que ele entenda o que ele está

comprando, para fazer com que ele entenda que existe um tempo de maturação para

que o resultado comece a chegar, e muita das vezes o cliente é muito ansioso, muita

das vezes o cliente com aquele dinheiro apertado pro investimento de marketing, e a

gente tendo que driblar essas situações do dia a dia, para que a gente conseguisse

entregar resultado. Obviamente, com isso vêm grandes desafios da agência para

fazer com que o resultado apareça para o cliente. Como o inbound marketing é muito

focado em performance, muito focado em ROI, uma das premissas é que a gente

entenda o negócio, para que o cliente entenda que o investimento que ele vai

desenvolvendo com a gente é apenas um percentual mínimo para que ele consiga

chegar onde ele precisa. Quais são as metas, quais são os goals que a gente precisa

atingir e como o inbound marketing vai ajudar a atingir esse resultado. Então assim,

muito trabalho, muito desafio, existem várias ferramentas de mercado que dão suporte

para o inbound marketing. Atualmente, a RD Station é a que mais se destaca aqui no

Brasil, e falando de mercado afora, a gente tem a HubSpot e por exemplo a

SharpSpring para aplicar a metodologia. E aí a gente está falando de automação, a

gente está falando de segmentação, estamos falando de clusterização e de leads, é

um trabalho muita das vezes novo para o cliente, o cliente não entende muito, e aí a

gente tem essa missão de orientar e de construir cada fase de acordo com o objetivo

de cada estratégia.

Diogo: Boa. Você acredita que o inbound que está sendo aplicado aqui no Brasil está

sendo aplicado da forma correta?

Entrevistado: Cara, eu tenho como falar um pouco do mercado, eu participo de vários

grupos de parceiros que implementam o inbound marketing. Atualmente, está um

pouco melhor mas assim, o que que aconteceu com o inbound marketing, ele é muito

apoiado no marketing de conteúdo, e aí muitas agências vieram da assessoria de

imprensa, então muitos jornalistas começaram a se vender como inbound marketing,

não é? Mas muito apoiado nesse pilar de conteúdo, então por muito tempo, isso o que

é a gente vêm tentando quebrar no mercado, principalmente dos clientes, é que eles

imaginam, eles pensam que o inbound marketing é apenas marketing de conteúdo, o

Page 105: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

104

marketing com um pilar muito forte em conteúdo e a tecnologia, a segmentação, toda

a inteligência da camada de negócio acaba ficando em segundo plano, e aí a gente

precisa quebrar isso e eu acredito que talvez sessenta, setenta por cento das agências

ainda não consigam implementar o inbound marketing nessa amplitude. Pega apenas

o pedaço, ou alguém muito bom em conteúdo, outras pessoas são muito boas de

estratégia, de mídia, mas assim, a implementação full do inbound marketing, acredito

que ainda está muito primária para o mercado brasileiro.

Diogo: Então, o marketing de conteúdo é uma das ferramentas do inbound, não é?

Entrevistado: É um dos pilares do inbound, exatamente.

Diogo: Beleza. Quanto é que você acha que o volume de conteúdo e conhecimento

sobre a metodologia aqui no Brasil é o suficiente?

Entrevistado: Não entendi, foi mal cara.

Diogo: Quanto você acha que a gente já tem aqui no Brasil de bons conteúdos e

conhecimento de inbound para ser disseminado?

Entrevistado: Tá falando conteúdo para as pessoas aprenderem…

Diogo: Para conhecer o inbound, isso.

Entrevistado: Para aprender sobre inbound marketing?

Diogo: É.

Entrevistado: Cara, eu acredito muito no trabalho da RD Station, eles herdaram essa

pegada da HubSpot aqui no Brasil, de um trabalho mesmo de consultoria, de fazer a

disseminação desse tipo de conteúdo, então existe hoje conteúdo muito acessível no

mercado e para quem quiser aprender, eu acho que tem um caminho que, não vou

dizer que é fácil, mas é um conteúdo que está na mão, é um conteúdo traduzido em

português para o mercado brasileiro, e basta realmente meter a cara que consegue

aprender sim. Agora, veemente nessa de teoria que se vive uma agência, quem está

entrando no mercado vai pegar uma teoria muito boa, mas vai ter muito desafio de

como começar e como aplicar esse conhecimento na prática.

Diogo: Tirando o conhecimento que a RD propaga, você vê outros meios de acesso

ao conhecimento do inbound aqui no Brasil?

Entrevistado: Então, a própria HubSpot vem desenvolvendo um academy muito legal

e interessante, então tem n cursos lá dentro, que você pode estar aprendendo

também, mas assim, eu vejo eles dois como uma fonte segura de aprendizado. Existe

a Rock Content, que é muito focada somente em conteúdo, então para mim não é

muito bem… Eles vendem conteúdo então eles puxam todo esse trabalho do inbound

Page 106: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

105

marketing para o conteúdo, e acaba não desenvolvendo a pessoa que está

aprendendo ali com as outras áreas. Então, o que eu aconselho, quem quiser

aprender na qualidade do conteúdo que a gente precisa, é a HubSpot em primeiro

lugar e a RD Station em segundo. O resto é mais conteúdo para ser de suporte, para

ser mais um, mas com premissa, ainda mais para quem está entrando no mundo

inbound marketing, acho que tem que seguir por quem difundiu, por quem criou a

categoria no mundo que é a HubSpot.

Diogo: Legal. E você acha que essa é a forma mais eficaz de disseminar conteúdo,

esse conhecimento, ou você vê uma outra forma de disseminar esse conhecimento?

Entrevistado: Não, para disseminar o conhecimento, existem agências que têm

expertise já de mercado, de prática, que aprenderam com a HubSpot, aprenderam

com a RD Station, porque isso é um trabalho contínuo, cíclico, a gente está o tempo

inteiro melhorando, a gente está o tempo inteiro inovando. Acho que para disseminar

o conteúdo, existem já evangelizadores, donos de agência que tem know-how para

fazer isso sim. Obviamente, sabendo filtrar, tentando enxergar quais são os cases que

o cara tem para ver se realmente não é só o cara que está ali de palco, para saber de

fato o que ele empreendeu, quais são os cases que ele desenvolveu para estar ali na

ponta ensinando para esse mercado que é gigantesco.

Diogo: Boa. E você acha que as universidades hoje já tem algum curso de inbound

que você confie e acredite em um bom conteúdo, ou isso ainda está longe?

Entrevistado: Infelizmente o marketing digital nas universidades ainda está muito

aquém. A gente já acompanhou um pouco disso, porque a gente tem algumas

pessoas que ainda estão na faculdade, e que chegam para a gente e falam, cara eu

não aprendo nada disso na faculdade, o que eu tenho é o basico do basico. Coisas

que a gente aprendeu há anos atrás, quando a gente estava falando de internet e

tecnologia, a gente tem que estar na vanguarda. Então, as faculdades ainda não

conseguiram atender à velocidade da informação e isso acaba sendo normal, então

para você que quer aprender mais sobre inbound marketing, sobre o marketing digital,

eu acho que você tem que fazer um curso de extensão. Existe a referência para mim

nesse caso, é a Udacity, que vem com aqueles conceitos de cursos de nanodegree,

que são cursos que duram entre três e seis meses, que são cursos dos melhores

profissionais do mercado global. Então, existe esse ponto aí, existe esse canal para

que a gente consiga melhorar e aperfeiçoar o marketing digital como todo. E quando

eu falo marketing digital, obviamente estou falando de inbound marketing.

Page 107: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

106

Diogo: Legal. E você acha que a metodologia ensinada ainda é a metodologia original

americana, aquela que é aplicada nos Estados Unidos ou já teve ou é necessária uma

adaptação aqui para o Brasil:

Entrevistado: Da metodologia inicial, existe uma metodologia que nasceu da origem

da HubSpot, que principalmente a RD Station fez isso aqui, por exemplo, ela criou

alguns passos a mais, existe algumas formas diferentes que elas adaptaram

justamente para o mercado brasileiro. Então, existe uma leve diferença aí por exemplo

da metodologia que é aplicada no internacional e o que é aplicada aqui no Brasil. Vejo

isso com bons olhos, porque foi uma coisa adaptada para o mercado, não vejo isso

como problema, e sim como… Eu acho que um complementa o outro, se a gente aferir

o conceito do global, a gente consegue implementar aqui no Brasil. E obviamente, eu

vou pegar o que já tem pronto, e entender o motivo dessa adaptação para o mercado

brasileiro. Então hoje, existem sim uma pequena diferença aí do mercado brasileiro,

falando da fase na jornada do consumidor, por exemplo, a RD Station implementou

uma fase a mais. Na HubSpot a gente tem a fase de awareness, de consideração e

de decisão. Na RD Station a gente tem um passo a mais, mas tudo acaba sendo a

mesma coisa e obviamente, a gente acaba absorvendo um pouco de cada para

implementação aqui de clientes do Brasil.

Diogo: Legal. E como é que você imagina o melhor inbound para ser aplicado no

Brasil?

Entrevistado: O melhor inbound para ser aplicado aqui no Brasil é o inbound que

consegue entender principalmente quais são os problemas e desafios do cliente e que

você consiga adaptar para a sua necessidade. Então, o melhor inbound é a forma

mais certa de se fazer para conquistar o resultado do cliente, então, existem clientes

que a gente pode estar… Por isso que é fundamental essa questão da venda

consultiva para você entender o mercado em que o cliente está inserido, quais são as

suas dores, quais são os seus desafios, e que você consiga de fato implementar

assim… Existem momentos que você não precisa aplicar todos os conceitos porque

pode ser que o cliente precise somente de uma fase, pode ser por exemplo, o cliente

tem muito tráfego no site, a atração dele está boa, mas a fase de conversão está ruim,

então você tem que ter a expertise de entender qual é a solução que você vai estar

vendendo para o seu cliente. Então o melhor inbound marketing é o inbound que é

totalmente customizado pro teu cliente, naquele momento que ele está vivendo ali.

Lembrando que eu enxergo a vida de um cliente com a gente, eu enxergo que o

Page 108: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

107

marketing é progressivo, no momento eu estou encontrando soluções para aquele tipo

de dor que ele está vivendo naquele momento, a partir do momento que o meu cliente

começa a crescer e começa a enxergar, ele começa a viver para outros problemas e

outros desafios, que eu vou ter outras ferramentas, eu vou ter outras soluções para

aquele momento que ele está vivendo. Então, resumindo, o melhor inbound é o

inbound que o cliente precisa naquele momento.

Diogo: Legal. Você acha que os formatos de conteúdo que, por exemplo, são

propagados pela HubSpot são eficazes? Por exemplo, email, e-book…

Entrevistado: Sim, eu acho que eles conseguiram desenvolver um produto muito

assertivo para quem quer aprender o inbound marketing, então não tenho nada do

que reclamar na metodologia, na forma que eles passam o conhecimento, das

ferramentas que eles utilizam, como email, como e-books, como os apps que eles

apresentam para a gente também. Então assim, em relação a isso, eu não tenho nada

do que reclamar, eu acho que está tudo dentro da excelência que eles buscam o

tempo inteiro nesse mercado.

Diogo: Beleza. Quanto você acha que o modelo tradicional de marketing, que você já

até deu exemplo, pode influenciar no processo do inbound?

Entrevistado: Bom, eu acho que o processo tradicional de marketing, ele está com

validade já e já está praticamente morto, não é? O marketing que pensa somente

em… O marketing tradicional pensa muito na própria empresa, e como que eu estou

me vendendo, e como que está o meu produto, então esse tipo de marketing está

cada vez mais caído, não é? Hoje a gente está falando de marketing de informação,

os usuários de internet estão buscando informação, estão buscando aprender, para

que eles consigam consumir determinado produto ou serviço. E a forma tradicional de

marketing para esse produto, que fala somente de ninho, o marketing eccentrico está

cada vez mais defasado, não é? O marketing que conversa com todo mundo, que não

tem segmentação, que não consegue entender em qual fase que ele está no momento

de compra, é um marketing totalmente falido. Então, o marketing tradicional cada vez

mais está com os seus dias contados, na minha opinião.

Diogo: Beleza. Você acredita que a compra de mídia no inbound funciona? Por

exemplo, a HubSpot incentiva o orgânico mas existe a possibilidade de você comprar

mídia para acelerar as fases de cada etapa.

Entrevistado: Eu acho que eu discordo um pouco dessa afirmação, isso aí eu acho

que é uma miopia que existe no mercado em relação ao inbound marketing. Lá no

Page 109: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

108

começo, eu lembro muito, quando vendiam inbound marketing… "Não, mas o inbound

marketing é orgânico", não tem como a gente trabalhar somente com orgânico. No

inbound marketing, é orgânico sim e tem um motivo para que isso aconteça. O

orgânico é uma fonte muito confiável de tráfego, existem estudos que dependendo do

tipo de negócio, o canal orgânico ele gera muito mais funcionalidade pro teu usuário

comprar um produto do que por exemplo patrocinado. Mas, o inbound marketing

envolve mídia, envolve canal de mídia e mídia paga. Então, a mídia paga serve

justamente para isso, para impulsionar o tipo de conteúdo que eu estou

desenvolvendo ou o tipo de estratégia que eu preciso para aumentar o meu tráfego, e

consequentemente aumentar a quantidade de leads que eu estou convertendo, e

aumentando a quantidade de leads, obviamente eu vou aumentar a minha capacidade

de nutrição desses leads para converter esses leads em clientes. Então, a mídia

sempre vai estar presente, a compra de mídia e a gestão da mídia paga sempre vai

estar presente em todas as fases do inbound, justamente para me dar esse gás que

eu preciso, porque o orgânico, eu não consigo chegar organicamente em todos os

meus potenciais clientes. Então, eu preciso da mídia paga para que eu consiga utilizar

as redes sociais em sua plenitude, para que eu consiga chegar no cliente que eu

preciso. O nível de segmentação que eu tenho nos canais de mídia paga são

infinitamente melhores para eu configurar e atingir o meu persona ideal. Então, a mídia

sempre vai fazer parte do inbound marketing.

Diogo: Legal. Vamos lá. O que você identifica no comportamento do consumidor

brasileiro que se diferencia do consumidor americano?

Entrevistado: Cara, eu acho que uma das principais diferenças do mercado brasileiro

para o mercado americano é que eles estão realmente muito mais evoluídos, não é?

Eles estão muito mais evoluídos com essa questão… Por exemplo, hoje a gente não…

Está cada vez mais difícil vender pela internet, porque não é, como é que eu posso

falar aqui… Se eu apresentar para o meu potencial cliente somente o produto, por

exemplo, preço e produto, serviço e produto, sem existir… Sendo a informação

suficiente para que o próprio usuário, lembra que a gente está na fase que o usuário

está no poder de tudo, é ele quem decide. Então, ele quem decide quando ele quer

aprender, ele quem decide quando ele buscar informação, então esse conceito de

buscar informação começa a vir agora… Começa a vir agora não, porque já shift de

comportamento do usuário, ele já está mais presente no Brasil. Mas eu acho que o

mercado americano, ele é mais evoluído falando de tecnologia, falando de ferramenta,

Page 110: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

109

eu acho que ele consegue entregar a mensagem mais assertiva, eu acho que é um

mercado mais maduro, principalmente das empresas, onde eles conseguem fazer

esse tagueamento, e essa cancerização muito mais assertiva do que aqui no Brasil.

No Brasil a gente ainda tem certas barreiras tecnológicas, principalmente em

investimento, onde eu não consigo ainda por conta de investimento, principalmente

dos clientes, aplicar cem por cento desse conceito, da mensagem certa no momento

certo. Porque isso dá muito trabalho, tem que ter a ferramenta correta, tem que ter

muita estratégia e tem que ter muito investimento para que isso aconteça de uma

maneira cem por cento. Então eu acho que a maior diferença entre o mercado

brasileiro e o mercado americano é que as empresas americanas conseguem se

preparar muito melhor com essa questão de clusterização, de segmentação, do que

aqui no Brasil.

Diogo: Legal. O que o cliente espera em uma primeira reunião sobre uma estratégia

de inbound marketing com vocês?

Entrevistado: Primeiro passo, o cliente chega muito ansioso porque como ele não

entende muito bem da metodologia e do processo, por mais que a gente tenha

explicado na fase de prospecção, ele ainda chega com muitas dúvidas, não é? Então

o primeiro passo quando você vende um projeto de inbound marketing é explicar como

que vai funcionar, o que a gente vai desenvolver, como que funciona a fase de

planejamento, o que vai ter na reunião de kick-off, como que vai ser o seu on board,

o cliente tem que se sentir muito confortável e obviamente, a gente tem que deixar

muito claro quais são os principais marcos e as primeiras conquistas, para que o

cliente enxergue o valor do que ele contratou. Então é muito importante no primeiro

mês, a gente criar alguns indicadores e já trazer algum valor para o cliente, porque é

muito frustrante quando o cliente chega com a gente, e a gente sabe que a curva do

inbound marketing demora um pouco para acontecer, e pensando nisso, a gente

começa a nossa primeira conversa, o nosso primeiro alinhamento. A gente já tenta

trazer algumas campanhas de fundo de funil para que o cliente comece a ver, não

tinha isso e agora o meu ambiente digital está estruturado, agora tenho uma rede

social que conversa com o meu site, eu tenho um blog que gera tráfego. Então a gente

começa a trazer os primeiros indicadores, e esses indicadores muitas das vezes não

são indicadores de venda, nem de resultado de dinheiro diretamente. Agora o seu

orgânico está estruturado, agora você teve um crescimento de tráfego, agora você

está oferecendo uma landing page para o seu consumidor, ele já pode baixar um

Page 111: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

110

conteúdo, o seu time de vendas já começa a gerar uma quantidade de leads que não

gerava antigamente, antes de dar mais atenção para o inbound. Então o primeiro

contato com o cliente, é para a gente fazer esse alinhamento e ensinar como é que

vai ser o processo, da porta para dentro, como é que a agência vai atender ele, quais

são as expectativas, o alinhamento de expectativa é fundamental nesse primeiro

momento, para que o cliente não se frustre e não cancele o contrato, por exemplo.

Então é muito importante que esse on board seja conduzido pela questão da conta e

a gente explicar que existe um atendimento ali que vai garantir o sucesso dele dentro

da nossa agência e para com o mercado, para que ele se sinta confortável com o

investimento que ele está fazendo com a gente. Então esse é o primeiro passo que

existe, a partir do momento que o cliente contrata o serviço de inbound marketing.

Diogo: Legal. Como você vê a busca por performance no mercado de publicidade e

marketing, como você vê essa busca impactando esse mercado? Qual movimento

você vê nesse mercado depois disso?

Entrevistado: Qual movimento que eu vejo das agências de publicidade em relação

a performance?

Diogo: Na verdade, o mercado está buscando por performance, não é? E aí essa é

uma grande mudança, como é que você vê essa busca impactando o mercado de

publicidade e marketing?

Entrevistado: Cara, essa é uma pergunta bem legal, porque essa busca por

performance na verdade, ela vem para trazer uma disrupção do mercado publicitário.

O mercado publicitário por muitos anos surfou uma onda de que eu estou muito

preocupado em conceituar, eu estou muito preocupado em fazer branding, eu estou

muito preocupado em desenvolver conceitos e estratégias que não são mensuráveis.

Então existe uma máxima no mercado de publicidade que cinquenta por cento do

dinheiro que o cliente investe, ele não sabe para onde vai, cinquenta por cento dá

resultado e cinquenta por cento, ele não sabe o que que acontece com o dinheiro.

Então ele não sabe, agora que está acontecendo um shift de mudança no mercado

publicitário, porque o cliente agora quer saber para onde é que vai o dinheiro dele, ele

quer saber o ROI, ele quer saber o retorno do investimento. Então assim, pro mercado

tradicional de publicidade, como é que eu vou mensurar um outdoor? Como é que eu

vou mensurar o canal de TV? Como é que eu vou mensurar a rádio? Como é que eu

vou mensurar uma panfletagem? Obviamente existem algumas técnicas que fazem

com que a gente consiga esses indicadores, mas por muito tempo a publicidade

Page 112: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

111

tradicional não pensava em métrica, não pensava em trazer, a única coisa que existia

era um canal de mídia que falava com toda a massa, não existia classificação e

obviamente, eu estaria conversando ali com uma parcela mínima que estaria

interessada no meu produto. Então realmente ficava muito difícil essa mensuração

para o mercado publicitário, e aí veio essa questão de performance, do mercado

começar a aprender que existe sim como cobrar um resultado, e as agências de

publicidade estão driblando para essa conversa, então não existia departamento de

business intelligence focado em métricas, o que existia era uma relação frágil do

veículo, que o próprio veículo interessado em vender mídia, era o próprio veículo que

passa o relatório, um relatório muito superficial, e que aquilo ali era suficiente para

aquele momento. Então agora as agências se preocupam cada vez mais em ter áreas

específicas para BI, áreas específicas para o cara de número, as agências não tinham

muito essa questão de número, era tudo muito conceitual e muita criatividade. Essa

questão de performance, se vendeu, vendeu. As agências muito preocupadas em

desenvolver campanhas que ganham prêmios mas o prêmio era um prêmio fictício, o

prêmio era de criatividade, não era prêmio de resultado de negócio e hoje os

momentos que as empresas vivem, ninguém vive mais de prêmio, ninguém vive mais

de branding, todo mundo precisa de resultado. Então isso está crescendo cada vez

mais dentro do mercado de publicidade em geral, tanto é que hoje existem

departamentos específicos para que isso aconteça dentro de uma agência de

publicidade tradicional.

Diogo: Legal. É isso, fechamos.

Entrevistado: Foi?

Diogo: Foi.

Page 113: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

112

APÊNDICE D – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA

GERENTE DE COMUNICAÇÃO E MARKETING DE GRANDE EMPRESA DO RAMO DE SAÚDE NO

BRASIL – ESTUDANTE/ENTUSIASTA DE INBOUND MARKETING

16/1/2019

ORADORES

TEMPO DE GRAVAÇÃO

34 minutos e 39 segundos

MODALIDADE DE TRANSCRIÇÃO

Literal

[00:00:01] Tempo de início da gravação

Diogo: Rafael, tudo bem?

Entrevistado: Tudo bom?

Diogo: Tudo bom. Vou fazer só alguns avisos aqui antes da gente começar, só para

registro e você fica à vontade caso você precise de alguma coisa, tá? Se precisar ir

no banheiro, você me avisa, não tem problema nenhum. A hora que você quiser, a

gente faz uma pausa. Se você precisar comer alguma coisa durante a entrevista,

também não tem problema nenhum, fique à vontade. O celular, se você precisar

atender, também me avisa... Mas eu sugiro que você deixe no vibracall, não precisa

nem desligar. Eu estou gravando essa conversa, tá? Nossa conversa está sendo

gravada. Sobre as perguntas, sem vergonha para responder, algum tipo de receio…

Não tem obrigação de responder, nem concordar ou discordar com alguma pergunta,

ou com algo do gênero, fica super à vontade.

Entrevistado: Ok.

Diogo: Tá bom?

Entrevistado: O que pode acontecer só é… O meu filho tá em casa, não é? Então

pode acontecer dele sair e chegar correndo aqui no meio do nada, apesar de estar

tudo combinado.

Diogo: Sem problema, sem problema. Eu já fiz a entrevista com outro pai também,

que a gente pausou algumas vezes.

Page 114: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

113

Entrevistado: Então, vamos lá.

Diogo: Vamos lá. Então, primeira pergunta acho que é a pergunta mais, a clássica,

não é. Como é que foi o seu primeiro contato com o inbound marketing?

Entrevistado: É… Olha, eu não consigo lembrar ao certo. Diante de tantas

nomenclaturas que surgem no marketing, não é… Pouco a pouco, a gente vai sendo

apresentado, leitura, evento, palestra, curso… Não consigo lembrar, especificar

diretamente. Mas, deve ter mais ou menos uns dois, três anos. Que eu comecei a

ouvir falar disso aqui e ainda um pouco, bem incipiente, não é. Ao longo dos últimos

dois anos, é que realmente comecei a me aprofundar um pouco mais, entender um

pouco melhor. Mas, é aquela coisa meio que de momento, não é? A coisa vai

ganhando força, vai tomando corpo, então você começa a ouvir falar pelos amigos,

colegas de mercado, agências, todo mundo… leituras, tudo começa a aparecer. Mas

onde eu mais me conectei com o tema, foi realmente no último ano, em que eu estudei

um pouco sobre o assunto e participei de um evento, o RD Summit. Que é

basicamente um evento de… Feito por uma empresa de inbound, então… Teve muito

foco nisso.

Diogo: Legal. Mas, então, você acredita que esse evento foi a sua principal motivação

para aprofundar ou ter mais contato com o inbound?

Entrevistado: Não. A principal motivação é o meu trabalho.

Diogo: Ta.

Entrevistado: Eu sou gestor de uma área de comunicação e marketing. Acho que

não tem problema dizer o nome, não é?

Diogo: Não.

Entrevistado: Eu sou gestor da Unimed Rio. Na minha posição, não dá para não

considerar todas as ferramentas disponíveis hoje. Então, o inbound, a partir do

momento em que eu comecei a ter o entendimento, eu comecei a partir de demandas

do meu trabalho, a pesquisar um pouco mais, entender um pouco mais, conversar

com pessoas, frequentar eventos, ler, para que eu conseguisse entender como é que

ele se aplicaria dentro da estratégia de comunicação e marketing dentro da empresa.

Diogo: Legal.

Entrevistado: Essa é a grande motivação para eu saber mais do assunto.

Diogo: Legal. E como essa escolha por ter esse conhecimento, ou se aprofundar um

pouco mais no conhecimento do inbound afetou a sua carreira? Já teve algum efeito?

Entrevistado: Afetou a minha carreira…

Page 115: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

114

Diogo: Se já teve algum efeito também, não é.

Entrevistado: É, a minha carreira especificamente, não. Mas, o desempenho do

trabalho, acho que… Ele modifica um pouco a visão que você tem de negócio, não é?

Existe a publicidade tradicional, não é. O outbound marketing. Onde a mídia é toda

comprada e tal. E você passa a olhar toda a estratégia de marketing por um outro

ângulo também, que você tá presente pro prospect pro cliente, de uma forma menos

intrusiva, no momento certo, na hora em que ele realmente está entendendo a jornada

dele ao longo da… O momento dele ao longo da jornada, então são outros tipos de…

São duas técnicas, complementares, importantes e que eu comecei a considerar

como, isso tem que fazer parte do escopo, da estratégia de negócio da empresa.

Diogo: Legal. E você chegou a aplicar o inbound de alguma forma? Conseguiu ver

algum resultado para o negócio?

Entrevistado: É, a gente tem, em termos de… No escopo do marketing digital, desde

o ano passado a gente já vê trabalhando com o funil, que acho que é a base do

inbound, não é. Então, e aí você tem na verdade, quase que um cruzamento da

publicidade tradicional com o inbound, não é. Então assim, você começa a segmentar,

você cria peças para topo de funil, para meio de funil, para o fundo de funil. São

comunicações diferentes para o momento em que o usuário tá na sua jornada. Isso já

é uma modificação, não é. Até então, você fazia uma peça pra Facebook, jogava lá e

tinha sorte ou azar de encontrar o cara no momento certo, de alguém estar

interessado. Agora você começa a entender o cara… É óbvio que em mídias de

massa, você continua tendo esse comportamento, mas também eu acho que é uma

verdade hoje, que a mídia de massa, ela desperta uma… A mídia de massa, na

verdade, ela fala com todo mundo do todo do funil, e qualquer pessoa que se interesse

por algum produto, hoje ela vai no Google, não é. Então, ela vai na internet, ela navega

nas redes sociais. Então, o que acontece, são estratégias importantes,

complementares, e à medida que você faz a publicidade em massa, mas você

consegue alcançar, atingir a pessoa… Vamos supor, estou aqui vendo um comercial

de carro, eu não vou hoje na concessionária direto, eu vou para a internet, começar a

procurar carro. E é aí que eu posso ter um conteúdo que ajude… Na verdade, o topo

de funil, então o conteúdo que me ajuda a escolher o carro, independente da marca,

que me fala sobre preço, que me enfim… Que me ajuda enquanto usuário interessado

em carros, e aí isso vai sendo… Esse namoro vai acontecendo, não é? Até que você

realmente faça a compra. Faça a conversão. Então assim, respondendo à tua

Page 116: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

115

pergunta diretamente agora, essa inclusão… Isso não existia no meu trabalho, por

exemplo, então a gente fez toda uma estratégia, e mais do que isso, esse ano a gente

tá… Acabei de fechar uma concorrência, onde eu contratei uma agência, que parte

do escopo dela é inbound. A gente não tinha isso antes, era só um modelo tradicional

de publicidade, e agora isso está dentro do escopo acordado, definido, com pessoas

alocadas no fee para produzir conteúdo pro inbound.

Diogo: Legal. E você hoje trabalha com alguma ferramenta de inbound, ou de

performance? E você sente alguma dificuldade para implementar a ferramenta?

Entrevistado: É, esse processo… Ele é todo suportado pela agência, não é. então as

ferramentas ficam com a agência. Algumas eu sei dizer mais facilmente, tipo a RD.

Mas a gestão disso, a operação disso fica toda externa, com a agência. Eu monitoro

estratégia e resultado.

Diogo: Legal. É, no seu caso, como cliente, não é uma… Não foi uma questão

específica, mas eu posso até… É porque a pergunta seguinte seria, educar

colaborador e o cliente, foi uma das dificuldades? Mas só que no seu caso, você é o

cliente, não é. Então, adaptando a pergunta, você acha que do call seu colaborador

vai pensar como inbound, é um problema, uma dificuldade para você?

Entrevistado: Então, acho que eu posso responder essa pergunta com esse prisma

e com o outro também.

Diogo: Tá.

Entrevistado: Primeiro, internamente, não vi muita dificuldade, tá? Porque quando

você mostra a metodologia e explica, ela é uma metodologia com muita lógica por

trás, não é? Então, acho que a equipe, ela absorve bem, ela entende e fica até

entusiasmada, no sentido de tentar aplicar e ver os resultados. Agora, uma coisa que

eu acho interessante é porque existem agências muito específicas, mesmo as

agências focadas no digital, algumas não estão… A minha grande dificuldade como

cliente, na verdade, é conseguir convencer a minha agência de fazer isso.

Diogo: Entendi, é o inverso.

Entrevistado: Ou seja, existem agências no modelo tradicional, mais para

tradicionais, que estão um pouco atrasadas em relação às questões mais atuais no

digital, no próprio inbound. Então assim, no meu caso, acabou sendo quase uma

demanda minha para a agência e não uma proposta da agência para mim.

Diogo: Legal. Deixa eu só anotar aqui… E pelo o que você entende, nos seus estudos,

você acha que o inbound está sendo aplicado da forma correta no Brasil?

Page 117: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

116

Entrevistado: Olha, essa pergunta eu não sei se eu tenho propriedade para

responder.

Diogo: Sem problemas.

Entrevistado: Eu não tenho tanta noção do que é o inbound fora do Brasil.

Diogo: Tá. Legal.

Entrevistado: O que eu tenho conhecimento é exatamente do que me é apresentado

e discutido aqui. Então pode ser que tenha algum tipo de particularidade, de métrica,

de conteúdo, sei lá, que… Mas o que eu vejo aqui, é mesmo entendendo que sempre

há uma perda quando a coisa vem lá de fora para cá, não só de conteúdo, mas

também de timing, não é. As coisas aqui chegam dois, três anos pelo menos depois.

Mas assim, nesse caso, acho que o que chega faz sentido, sabe? A lógica do funil…

Pode ser que seja mais completa ainda. Uma coisa que eu vi recentemente nesse

evento, no RD, foi um funil que agora chama-se funil pirata.

Diogo: O que seria o funil pirata?

Entrevistado: É porque o nome… Essas coisas de marketing, não é? O funil é… São

várias, são três letras A's, um R e um G, eu acho. Forma a palavra "aaarg", que é uma

expressão dos piratas. Mas enfim, é na verdade, um nível a mais, são cinco níveis de

funil que eu não vou saber lembrar de cabeça agora aqui, mas é atenção, e aí ele é

todo acho que inglês, não é? Então, assim, eu vi em um evento um funil que têm cinco

níveis e não quatro, como o tradicional. Não sei se isso é o que é lá fora, se não é…

Mas assim, talvez por desconhecimento, não fico frustrado com o que a gente, com o

que é apresentado aqui no Brasil. Acho que, minimamente faz sentido e dá para ter

bons resultados com esse modelo.

Diogo: Legal. E, vamos lá. Sobre a parte mais da educação, do entendimento, a forma

como a metodologia é disseminada. O quanto que você acredita que o volume de

conteúdo e conhecimento sobre a metodologia no país é o suficiente?

Entrevistado: Atualmente eu acho que ainda não é. Acho que, como qualquer coisa

nova, se é que a gente pode chamar isso, o inbound de novo ainda, a gente não tem

pessoas formadas nisso em quantidade, não é. E talvez nem em qualidade. As

pessoas foram descobrindo isso e aplicando diretamente. Então assim, eu acho que

eles identificaram um problema que é crônico das grades das universidades e tal.

Então assim, talvez seja muito mais fácil você conseguir algum tipo de educação e

formação sobre isso em um curso de educação continuada, de extensão, do que

propriamente na faculdade ou até em uma pós-graduação. São grades que a gente

Page 118: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

117

conhece, são rígidas, tem que ser estabelecidas no MEC, mudar não é fácil, e tal.

Então, todas essas novidades, tem outro termo da moda, não vou fugir do assunto,

mas growth hacking, que também, assim, você não vê discutindo isso nas

universidades e tal. Então, são coisas muitos de mercado, e aí é o que eu acho, são

as próprias pessoas de mercado, que começam a trabalhar com isso e que acabam

se treinando, treinando os outros profissionais do mercado, e criando um nicho que

não existe na verdade. Acho que a formação é fraca ainda, tem poucas… Não

conheço, quer dizer não conheço, mas não tem um curso estabelecido que você faz

assim… Cara, é o que você faz quando você conhece alguém de inbound, você segue

três ou quatro pessoas ou empresas que são referência nisso, e são eles que te

ensinam na verdade, não é.

Diogo: E qual forma você acredita ser mais eficaz para disseminar esse

conhecimento?

Entrevistado: Eu acho que ainda é presencial, com demonstração de cases, com

teoria, é uma coisa ainda nova, recente, para a maioria do mercado. Acho que

presencial e talvez em vídeos, também, explicativos, com demonstrações e tal.

Também é por aí.

Diogo: Legal. Bom, acho que você já respondeu a parte em que eu ia perguntar sobre

o quanto as universidades têm vocação hoje para o curso de inbound, mas você já

deixou isso muito claro. Também, comparar metodologia que a gente usa aqui no

Brasil em comparação com o que é aplicado nos Estados Unidos, você também não

se sentiu tão à vontade por não conhecer a metodologia crua americana, não é. Então,

vamos lá. Pulando aqui, vou dar um exemplo à contextualizar, porque isso é meio que

uma comparação com a metodologia americana. A metodologia da HubSpot, que é a

metodologia original, a mais crua, digamos assim, ela incentiva muito a não compra

de mídia digital online para auxiliar na estratégia no inbound. Ela acredita muito em

uma eficácia do desempenho orgânico. Esse é um exemplo. Você acha que para o

Brasil, a gente precisa de algumas adaptações, como uma compra de mídia, ou outras

adaptações, para que a metodologia do inbound funcione?

Entrevistado: Acho que não é a questão do Brasil, acho que é a questão de timing

do trabalho estar sendo feito. Vou usar o meu exemplo, no plano de saúde. Eu não

tenho conteúdo suficiente produzido para conquistar o cliente em todos os momentos

da jornada em que ele esteja procurando sobre um plano de saúde, sobre como é que

contrata, sobre qual é a melhor forma, quanto custa… Isso não tem, sabe? Então, se

Page 119: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

118

não tiver mídia para conquistar ele de alguma forma, então assim… Pode ser que

daqui a cinco, seis anos, com um trabalho muito bem estabelecido sabe, que a gente

realmente tenha uma presença orgânica bastante parruda, isso possa começar a ser

possível. E aí eu acredito que isso é independente de Brasil e Estados Unidos, é

porque lá começou primeiro, não é. E tem empresas, que são empresas, em geral,

quem faz isso com muita consistência são as empresas de tecnologia. As grandes

empresas do mercado não têm esse trabalho ainda desenvolvido. Empresas de

serviço talvez algumas, acho que o segmento que eu sempre ouvi falar bem e já

pesquisei alguma coisa, por exemplo, segmento de cosmético, acho que está bem

adiantado nisso, não é. Se você vai buscar qualquer coisa sobre cabelo, você acha

conteúdo de todo jeito e tal. No caso da indústria de serviço, que é a que eu estou

inserido, isso ainda não é uma realidade. Então, acho que é uma questão de timing

mesmo. Você estar pronto para impactar o cliente no momento certo na jornada dele

sem compra de mídia. No momento, na maioria dos casos da empresa e das

empresas do Brasil, isso ainda não é uma possibilidade de ser assumida

exclusivamente.

Diogo: Legal. Você como cliente, se você hoje tem a entrada de um fornecedor de

inbound que te mostre um plano com o que o teu investimento inicial precise ser um

fee que você não veja nenhum retorno dentro dos seis primeiros meses, por exemplo,

ele te comprova que ele está fazendo uma estruturação do teu fundamento, para você

depois de seis meses começar a identificar um retorno, mas que ele precisa desse

tempo para fazer você maturar. Isso faz sentido para você, como cliente? Justificando

que você está migrando para uma nova estratégia, principalmente do digital.

Entrevistado: Faz, se eu tiver a compreensão do trabalho, do que é, dos objetivos,

sim. Para mim hoje está claro, você não tem esse resultado em curto prazo, mas em

médio e longo prazo, ele tende a somar muito em relação a todas as outras estratégias

que a gente tem. Assim, eu acho que hoje, para o profissional de marketing, é uma

obrigação investir em inbound, em conteúdo, onde você possa colher os resultados,

é isso. É o tipo de coisa, se você não aceita essa proposta, você não entendeu a

metodologia.

Diogo: Legal, legal.

Entrevistado: Então não tem porque não, sabe? É claro e é compreensível que o

resultado… Do porquê o resultado não vem de cara. Aí o que a gente faz é, beleza…

Page 120: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

119

Eu não posso deixar os seis meses sem ter resultado, então eu vou investir em mídia

paga para ter esse resultado enquanto esse trabalho vai amadurecendo.

Diogo: Legal. Você falou de conteúdo, você acredita que os formatos de conteúdo

que a gente tem hoje, principalmente os formatos mais datados do inbound, como

disparo de email, ou até o e-book, eles ainda fazem sentido?

Entrevistado: É, vamos lá… Tenho muitas coisas a falar sobre isso. Alguns, cara,

sim. É porque eu não sei… Talvez eu não seja a pessoa correta para dar esse

depoimento, porque eu estou inserido em um negócio, então eu já estou contaminado,

mas assim… Eu já nem leio mais esses emails que eu recebo de inbound… Cara,

assim, criou-se uma fórmula tão… No início era diferente, agora você já tem uma

fórmula ali padrão que eu já sei o que é, do que se trata e eu nem vou adiante. Não

me conecta, sabe? Não me cativa, não me faz ler, eu já sei o que é. Então assim, é

uma mesma fórmula repetida que pode ser que para uma massa funcione sabe, mas

no meu caso, como eu falei, que eu estou inserido, já entendo, já conheço, essas

técnicas de redação, toda formatação do email, as abordagens, o jeito diferente de

abordagem, tudo isso hoje me parece meio mecânico e não tão pessoal como se

propõe inicialmente. E-book, eu acho assim, na verdade a questão não é do formato,

é do conteúdo e do momento certo. Se você tiver em um momento da jornada em que

realmente alguma empresa, alguma marca te oferece a coisa que você está

procurando, pode ser um texto quilométrico, pode ser vídeo, pode ser e-book, se você

for pertinente para a pessoa, o formato tanto faz. Eu acho que esse é o desafio, e

esse é um grande desafio, porque a gente ainda tem muita dificuldade de conseguir

mapear e achar o cara no timing certo, no exato momento em que ele está na jornada,

a gente supõe que ele está ali. Mas, ao mesmo tempo que o digital permite a gente

mapear muita coisa, ele também confunde muita coisa. Então, acho que esse é o

maior desafio. Agora, de tudo, o que eu acho que mais tem relevância é vídeo. Então,

cada vez mais, a gente tem que produzir conteúdo em vídeo para atingir as pessoas.

Diogo: Legal, deixa eu só fazer a manutenção aqui. Boa. O quanto você acha que o

modelo tradicional de marketing influencia no processo do inbound também?

Entrevistado: É, vamos lá. O nome completo da criatura é inbound marketing, não

é?

Diogo: Isso.

Entrevistado: Então, assim… Eu busco não separar as coisas, não é. O inbound é,

ele não existe a parte, ele existe junto da estratégia de marketing. E obviamente, como

Page 121: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

120

ele existe junto, ele influencia e é influenciado por todas as outras ferramentas do

composto, do mix de marketing. Obviamente, ele vem como alternativa ao modelo

mais tradicional, de compra de mídia, publicidade tradicional, dentro de uma evolução,

quando você tem essa visao de que existe uma jornada, de que nem todo mundo está

no mesmo momento, de que o cara às vezes ele sequer sabe que você existe, sequer

sabe que ele precisa de alguma coisa, depois ele passa a ter consideração, depois

ele está realmente fazendo uma escolha, depois ele faz a conversão, depois entra o

funil da retenção. Assim, quando você entende isso, fica claro que esse é um tipo de

estratégia que faz todo sentido mas que é complementar às outras. Eu acho que não…

É difícil para um gestor, por exemplo na minha posição, assumir que eu vou definir,

eu vou usar só inbound marketing. Como eu também acho que é um erro eu dizer que

eu não vou usar só inbound marketing, que só a publicidade tradicional, só os

mecanismos tradicionais vão resolver. Você tem que usar todo o arsenal, aproveitar

tudo da melhor forma, e o mais importante, é tu estar conectado a estratégia. Se tem

um objetivo, como é que você vai conseguir o seu objetivo, e a partir daí você conectar

todas essas possibilidades. Outro dia eu vi uma expressão que eu achei muito boa.

Imagina que você tem uma caixa de tomada com vários furos, então tem a tomada de

três pinos, tem a tomada de dois, tem aquela padrão americano, então cada caixinha

do marketing vai conectando em uma tomada dessa e formando o teu quadro ali, acho

que é mais ou menos isso.

Diogo: Legal. Pergunta, você como… Eu já fiz uma pergunta parecida, mas agora vai

ser um pouco mais específica. Você como o cliente, se você tem uma primeira reunião

para escutar sobre a estratégia do inbound com uma agência fornecedora, o que você

espera dessa primeira reunião?

Entrevistado: Primeira reunião já com a agência sabendo sobre mim, não é?

Diogo: Pode ser, pode ser, é um cenário.

Entrevistado: Cara, é um pouco da… Um reflexo da resposta anterior. Eu espero

uma apresentação que me… Primeiro, acho que uma agência é uma extensão da

minha equipe.

Diogo: Certo.

Entrevistado: Então, ela tem que estar conectada na estratégia, entender e trabalhar

como uma consultoria, não é. Por que que eu tenho uma agência e não tenho mais

dez pessoas dentro de casa? Porque essas pessoas podem me ajudar com uma

consultoria que dentro de casa eu não consigo. Então, tem toda uma tendência,

Page 122: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

121

dinâmica de mercado, uma especificidade, pessoas que são especialistas em

determinadas áreas, que dentro de uma empresa é difícil ou custa muito caro ter.

Então assim, o que eu espero de uma agência nesse sentido em uma primeira reunião

é uma visao muito consistente, estratégica e com uma apresentação de um plano

abrangente. Então assim, olha… O que?

Entrevistado: Então assim, que dentro do que eu falei anteriormente. Me apresente,

para todas as suas necessidades, seus desafios, seus objetivos, a gente tem que

fazer uso de uma série de ferramentas aqui. Então, a gente consegue resultado de

curto prazo, mas tem que preparar a médio e longo prazo, então vamos fazer isso ou

aquilo outro, então o que eu espero é realmente a estratégia completa e que óbvio,

venha uma proposta de inbound consistente, mas venha também algo que me

possibilite ter um resultado também a todo momento.

Diogo: Legal. Sobre o mercado, olhando mais para um dos métodos da metodologia

do inbound, que é a performance, o que que a busca por performance pelo mercado

impactou, você identifica que impactou no mercado de publicidade e marketing, e qual

movimento que você vê acontecendo no mercado depois da performance?

Entrevistado: É, vamos lá. Eu acho que as agências, de uma forma geral, elas

atingiam resultados de uma forma intangível. Então assim, se fazia uma campanha

linda maravilhosa, um filme na TV Globo, um spot para rádio, anúncio de impresso e

tal, e incrivelmente as pessoas compravam, eram impactadas… Só que assim, você

não conseguia dimensionar esse movimento não é, como é que isso acontecia? Com

o digital e o surgimento da performance, isso passa a ser monitorado na unha, não é,

dedo no pulso, então assim… Primeiro, os próprios profissionais de publicidade estão

tendo que correr atrás disso. Já tem gente muito boa no mercado, mas no geral, acho

que isso é um primeiro impacto. E aí a gente cai em um problema que a gente falou

lá atrás, de uma baixa, poucas opções de formação desse profissional. Então muitas

vezes ele aprende fazendo, aprende errando. O que dentro dos conceitos modernos

não tem tanto problema mas se errar com o dinheiro do cliente, também nem

sempre… Dependendo do volume, da expressão, eu já tive um caso por exemplo de

pagar quase trezentos reais por cliques. No meu segmento, isso é muito caro. E a

gente é que pegou, a agência não tinha percebido isso. Então, você vê que o

profissional nem sempre está capacitado ou às vezes está atento a isso. Então, acho

que está tendo uma migração, e também assim, como a gente vive em um momento

hoje, de economia de crise, em que as empresas estão muito pressionadas,

Page 123: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

122

performance virou novo rei. Todo mundo quer, exige e as agências ainda… Boa parte

delas ainda está se estruturando para isso não é. Não tem estruturas parrudas nesse

sentido, e eu acho que isso acaba criando uma quebra de expectativa, porque no geral

as agências já são ótimas de prometer mais do que cumprir, mas isso ainda aumenta

essa quebra de expectativa que em geral acontece.

Diogo: Certo.

Entrevistado: O que mais você tinha me perguntado aí cara? De performance.

Diogo: Sobre qual movimento você vê nesse mercado, mas eu acho que já está

incluso na sua resposta, se você quiser acrescentar.

Entrevistado: É, acho que no geral, assim… Por mais que já tenha aí, alguns anos

disso acontecendo, acho que a gente ainda tem cliente pedindo, sem saber o que está

pedindo direito, e agência entregando sem saber o que está entregando direito.

Diogo: Certo.

Entrevistado: Aí o resultado, a gente já pode imaginar que não é bom.

Diogo: Certamente. Rafa, é isso. O questionário em si encerrou, vou encerrar aqui a

gravação, tá?

Entrevistado: Ok.

Page 124: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

123

APÊNDICE E – TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA

GERENTE DE NOVOS NEGÓCIOS DE EMPRESA MULTINACIONAL DO RAMO DE TECNOLOGIA –

CLIENTE DE AGÊNCIA DE INBOUND MARKETING

16/1/2019

ORADORES

TEMPO DE GRAVAÇÃO

49 minutos e 33 segundos

MODALIDADE DE TRANSCRIÇÃO

Literal

[00:00:01] Tempo de início da gravação

Diogo: João, tudo bem?

Entrevistado: Tudo jóia, Diogo? Beleza?

Diogo: Tudo bem. Deixa só eu passar aqui antes da gente começar, passar algumas

regrinhas, caso você precise. Mas só formalidade. Se precisar ir no banheiro, alguma

coisa do tipo, se tiver alguma necessidade, você me avisa e a gente pausa aqui

rapidinho, não tem problema nenhum. Se puder colocar o telefone para vibrar

também, mas se precisar atender, me avisa, não tem problema nenhum. Tá liberado,

se você precisar comer ou beber alguma coisa, fica à vontade também. Sem nenhum

pudor com relação a isso. Também sem vergonha, sem nenhum receio nem obrigação

de concordar ou discordar, e até de responder, caso você não se sinta à vontade, tá?

Entrevistado: Tá bom, combinado.

Diogo: E só para deixar combinado, eu estou gravando essa nossa conversa, para

registro acadêmico.

Entrevistado: Eu autorizo e se você quiser me mandar aquele termo de autorização,

eu assino e te devolvo.

Diogo: Tá ótimo, mas só registrado aqui em audio, acho que já tá ótimo, não tem essa

necessidade, mas obrigado. Bom, vamos lá. Vamos falar um pouco da tua experiência

com o inbound, mas eu sei que o teu lado foi mais como um cliente, não é? Do

inbound, não necessariamente um fornecedor.

Page 125: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

124

Entrevistado: Isso. Na verdade, assim, como eu te falei algumas vezes, eu vejo o

inbound como uma evolução de técnicas que são extremamente antigas, técnicas de

marketing direto. Anabolizada pela tecnologia, ok? Então, por exemplo, quando você

vai definir o inbound como um conjunto de estratégias para atrair e converter clientes,

você usa recursos para atrair esse cliente, e esses recursos hoje são muito mais

modernos, muito mais eficientes e são em tempo real. Mas a minha experiência com

o inbound ou com marketing direto, ela vem lá desde, sei lá, meados dos anos

noventa, quando eu trabalhava efetivamente que usava o marketing direto para gerar

retorno ou para gerar interesse, via papel. Depois eu trabalhei na Reader's Digest,

que era uma empresa também de marketing direto, e que em um determinado

momento ela passou para o digital e aí já fazia o que a gente chama hoje de inbound

marketing. Isso em 2003, 2004, mais ou menos. Então assim, a experiência que eu

tenho é nesse sentido. Obviamente que hoje você tem uma série de recursos, de

content marketing, que vão te ajudar. E como cliente, a experiência mais próxima foi

realmente na Elsevier, onde eu usei ferramentas de inbound marketing, como RD

Station, e toda a estratégia de captação era focada em colocação de conteúdo

pertinente, até keywords, usando palavras-chave dentro de uma sequência de textos,

de notícias. Eram palavras patrocinadas, para trazer retorno, enfim. A experiência

passa por esse sentido aí, entendeu?

Diogo: Certo, então o teu primeiro contato com o inbound foi na Elsevier, mas você

buscou essa estratégia? O que te motivou?

Entrevistado: Então, como eu te falei Diogo, eu já tenho um background muito grande

em marketing direto, tá? E marketing direto nada mais é do que uma espécie de

inbound provocado por uma ação que a princípio é parte da empresa. Mas que é uma

ação, é como se fosse um teaser também, uma coisa para provocar, e aí as pessoas

começam a te retornar pelos canais antigos, que eram a própria carta, a mala direta

ou através de um telefonema, era mais ou menos assim que funcionava, tá? Então,

essa experiência nesse sentido já vem de bastante tempo, e como eu te falei, eu acho

que o que a gente tem hoje são novas ferramentas e novas tecnologias que

anabolizam esse processo. No fundo, no fundo, você faz marketing diretamente com

o consumidor final, que não passa por um… Não é um processo de massa, ele é

individual, ele é customizado, ele é one-to-one, é baseado em dados, é baseado em

analytics, tudo isso. Então, nesse sentido, sim. Mas, a experiência mais contundente

digital, e aí de inbound propriamente dita, foi realmente na Elsevier.

Page 126: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

125

Diogo: Legal. Mas o que te motivou pela Elsevier era procurar o inbound, você

procurou ou você foi procurado, alguém ofereceu para você a estratégia?

Entrevistado: Bom, na verdade, quando eu entrei na Elsevier, a gente já tinha uma

agência que atendia a Elsevier, que era a agência lá do Daniel, você trabalhava lá

também, como é que é o nome?

Diogo: Casa da Criação.

Entrevistado: Casa da Criação, já era o fornecedor. Então eu aproveitei a

experiência, que já tinha tinha, enfim, o know-how, e a qualidade para simplesmente

dar continuidade. O que a gente fez foi criar estratégias diferentes para cada canal. A

gente tinha canais diferentes de abordagem, tinha canal de venda, e-commerce, tinha

o canal de promoção e divulgação universitária, tinha o canal de contato com

professores, com pessoas que eram responsáveis por adotarem livros, enfim, a gente

criou meio que um mix, um modelo de comunicação que usando técnicas de inbound,

para trazer esse pessoal e a partir daí, começar um relacionamento com essa base

dentro daquela estratégia desenhada.

Diogo: Certo.

Entrevistado: Então, foi natural porque conciliou o fato de já termos uma agência que

já tinha essa expertise, e o meu backgrounding anterior de marketing direto, que

sempre foi muito latente na minha carreira, e eu acho que houve uma confluência de

fatores que fez com que a gente passasse a usar o inbound marketing na Elsevier.

Diogo: Legal. Essa opção por trabalhar com inbound, como você acredita que isso

possa ter afetado, ou se afetou, a sua carreira, de alguma forma?

Entrevistado: Então, acho que afetou positivamente, porque no momento em que

você desenvolve uma estratégia de marketing, onde tudo é possível de ser

mensurado, e a partir dessa mensuração e desses resultados, você pode tomar

decisões o tempo todo, em tempo real, eu acho isso bacana. Eu costumo dizer que

hoje em dia o plano de marketing ele é muito assim, não é? Você planeja amanhã o

que vai ser feito depois de amanhã, e depois de amanhã você planeja o que vai ser

feito depois depois de amanhã. O que que eu quero dizer com isso, existe um

dinamismo muito maior do que existia no passado, por exemplo, quando eu trabalhava

na Reader's Digest, a gente fazia um planejamento de marketing direto com um ano

de antecedência. Então, um ano antes, eu já sabia quais campanhas eu ia lançar, de

mala direta, de enfim… Eu já sabia, já tinha um cronograma certinho para isso. Hoje,

é muito mais dinâmico. Então, o planejamento é mais um vídeo do que uma fotografia.

Page 127: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

126

E você vai mudando de acordo com o resultado que você vai tendo de cada

campanha. Então, nesse sentido, teve uma influência muito grande na minha carreira

e na forma de visualizar o marketing, porque é muito mais interessante você trabalhar

com esse dinamismo do que você trabalhar com aquele planejamento estático.

Diogo: Tá. Então a grande diferença para você foi a tomada do controle, não é? Ter

controle da tomada de decisão?

Entrevistado: Ter o controle, e mais do que ter o controle é ter a possibilidade de

você variar.

Diogo: Legal.

Entrevistado: Só para ilustrar, por exemplo, antes de trabalhar na Elsevier, eu

trabalhei na AIG, que era uma empresa de seguro. Eu era responsável pela geração

de leads, eu era responsável pela conversão e venda de seguros de automóvel, no

ambiente web. E eu me lembro que uma das grandes discussões que eu tinha lá,

principalmente com os gringos, era exatamente essa, eles tinham uma visão de que

eu precisava apresentar um planejamento e seguir aquele planejamento. No entanto,

a minha visao de marketing, isso eu estou falando de pouquíssimo tempo atrás,

estamos falando de seis anos atrás, sete anos atrás, tá? A minha visao já era uma

visao de dinamismo, já era uma visao de você atrair o cliente do que simplesmente

deixar isso na mão de um broker. Ou seja, tocar a campanha, conversar, sabe? Usar

conteúdo, marketing de conteúdo, conteúdo relevante principalmente, para poder

trazer o interesse desses caras, contextualizar a minha comunicação.

Entrevistado: A primeira reunião que eu tive de marketing, eles me perguntaram qual

seria o meu plano de marketing, se eu pudesse meu resumir o meu plano de

marketing. Eu falei, o meu plano de marketing vai ser o Google, e os caras ficaram

assim, mas espera aí, só isso? Como assim? Eu falei, é o meu plano de marketing vai

ser o Google, eu preciso me posicionar bem nas ferramentas de busca porque as

pessoas buscam, procuram soluções de seguro, cotação de seguro, eles vão no

Google, então a gente precisa se posicionar muito bem nas ferramentas de busca,

esse é o primeiro passo, e foi uma colocação que gerou discussões e "não, nós somos

uma grande empresa", sabe? Tem sempre aquele preconceito, não é? Que uma

grande empresa, uma grande marca, ela precisa gastar milhões e fazer o marketing

de massa.

Diogo: Vistoso, não é?

Page 128: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

127

Entrevistado: Está entendendo? No fundo, no fundo, quando você faz Google, você

já está fazendo inbound marketing.

Diogo: Sim.

Entrevistado: Isso, há sete anos atrás, você não tinha tantas opções de blogs ou de

redes sociais que você tem hoje, a variedade que você tem hoje. Basicamente, você

tinha o Facebook, o Google, o Linkedin nos seus primórdios. Minha estratégia de

marketing era essa, e foi engraçado porque eles não aprovaram o meu modelo, a

gente ficou batendo na tecla de fazer marketing que eles chamavam de broad

marketing, outdoor, comercial, etc, e eu me lembro que nos últimos meses lá de AIG,

a gente contratou a agência Gliff, e aí eles montaram um plano de marketing. Quando

eles foram apresentar o plano de marketing para todos os executivos lá da AIG, eles

abriram o slide com Google marketing. Ou seja, pagaram caro para chamar uma

agência para fazer aquilo que eu já tinha falado um ano antes, que seria o resumo da

estratégia de marketing da AIG.

Diogo: Eles fizeram? Chegaram a optar?

Entrevistado: Aí começaram a fazer prospecções de geração de lead, porque a ideia

era gerar o lead, maturar esse lead, para chegar como o certo.

Diogo: Legal.

Entrevistado: E eles fizeram isso, e uma das coisas que também eu sugeri, que isso

aqui também é bem legal, foi de agregar a uma das variáveis do seguro, do cálculo

de sinistro, o comportamento digital do usuário. Por que? Porque o seguro é calculado

com base no teu perfil e as seguradoras, quando vão te passar uma cotação, elas

fazem quarenta perguntas. E é chato, ainda mais hoje em dia, não é? Ninguém quer

ficar em um questionário respondendo quarenta perguntas, essas perguntas são,

onde que o carro dorme, se ele usa para trabalho, enfim, aquelas perguntas todas de

quem faz o seguro já passou. Então, você faz isso uma vez na vida e depois o teu

próprio corretor fica renovando o teu seguro, ele já tem os seus dados. Mas eu levantei

a bandeira de começar a avaliar o comportamento digital do nosso lead, e aquilo ser

uma variável da conta de seguros, tá? Porque, por exemplo, um cara que diz que…

Normalmente, ele tem um seguro bom, que é um homem acima de quarenta anos,

com dois filhos, casado, normalmente ele tem um seguro bom, diferentemente de um

garoto de vinte anos, solteiro, não é? Mas esse cara de quarenta anos com dois filhos,

ele pode ser um cara que enche a lata, dirige bêbado, ele pode representar um risco

muito maior do que o garoto, e às vezes o comportamento digital dele dá pistas sobre

Page 129: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

128

isso. Os lugares que ele dá check-in, no Foursquare, ou uma foto que ele posta com

uma lata de cerveja na mão, enfim, era nessa vibe aí. Mas isso há sete anos atrás,

era muito…

Diogo: Muito para frente, não é?

Entrevistado: Era muito para frente, principalmente para a seguradora. Hoje você

tem algumas startups, que chamam de fintechs, na área de seguros, que já estão

olhando para esse modelo.

Diogo: Legal. E quando você implementou todas essas estratégias, seja do inbound

ou a estratégia predecessora do inbound, o quanto você sentiu que isso impactou de

resultado no negócio?

Entrevistado: Então, essa pergunta eu não consigo te responder muito bem porque

tanto na… Enfim, talvez as duas experiências de inbound mais latentes tenham sido

a da AIG e da Elsevier, na AIG eu saí logo depois, então eu não acompanhei o

desdobramento dos resultados, mas a única coisa que eu acompanhei foi que sim,

eles passaram a usar os modelos de inbound marketing em detrimento do broad

marketing, tá? Na Elsevier, a gente usou o inbound mas em um momento em que a

gente estava mudando também a estratégia do e-commerce da empresa. A ideia era

trazer leads para vender livros por e-commerce, essa era a principal, e uma outra

estratégia era criar um relacionamento com o cliente, com os professores, para que

eles pudessem indicar os livros da Elsevier para os alunos. Então, eram coisas bem

diferentes. Na questão do e-commerce, a gente teve um resultado bem legal, embora

também a gente estivesse no meio de uma mudança estratégica, ou seja, a gente

concorria com o e-commerce convencional, divulgando os mesmos livros. Eu me

lembro das reuniões que a gente teve com o Daniel sobre isso, e eu mudei a estratégia

para focar nos títulos de curva B e C, e não nos de curva A. Porque os de curva A, eu

já tinha os canais de distribuição, então a gente passou a focar em títulos que não

vendem, títulos menos vendidos, então era reativar esses títulos. E aí a gente teve

que fazer um trabalho que… Eu perdi agora qual é a palavra, perdão, a palavra

correta, mas qual é a palavra quando você, é como se fosse o product placement?

Diogo: Sei, sim, sim.

Entrevistado: Como é que se fala isso em marketing digital?

Diogo: Da mesma forma.

Entrevistado: É product placement também, não é? Então, a gente começou a fazer

isso, procurando alguns insights...

Page 130: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

129

Diogo: Dentro do conteúdo.

Entrevistado: Exatamente, blogs de conteúdo. Content marketing, não é?

Diogo: É, branded content.

Entrevistado: Isso aí. E a gente teve um resultado legal sim, a gente começou a

trazer um público mais qualificado, não pelo perfil do cliente, mas sim pelo

comportamento de compra dele. Qualificado nesse sentido, tá?

Diogo: Tá, então, trazer um cliente mais qualificado, que vem da tua jornada

desenhada.

Entrevistado: Exatamente, exatamente.

Diogo: Beleza.

Entrevistado: Eu me lembro que, pode perguntar.

Diogo: Pode falar.

Entrevistado: Nada não, é um comentário, mas de repente você vai me perguntar

sobre isso depois e aí eu toco nesse assunto.

Diogo: Mas pode falar.

Entrevistado: Não, não. Segue o teu roteiro. Segue o fluxo.

Diogo: Qual é a dificuldade que você sentiu para implementar a metodologia e até a

ferramenta?

Entrevistado: Então, eu acho que a maior dificuldade que eu enfrentei, e de novo eu

volto a dizer que tudo isso, a tecnologia muda muito rápido, provável que hoje em dia

se tenha ferramentas que sejam tão eficientes ou muito mais eficientes do que as que

eu utilizei na época, o próprio RD Station, por exemplo, que era o que eu ia comentar,

é uma ferramenta que ela foi evoluindo ao longo do tempo. Na medida que ela foi

aprendendo, hoje ela usa inteligência artificial, por exemplo, mas no início, eram

simplesmente árvores de decisão. Então, condicionadas, não é? Então, eu fazia uma

campanha e gerava um lead, ou um prospect, seja lá o que for, e aquilo era

condicionado a uma árvore de decisão que eu parametrizada, concorda?

Diogo: Certo.

Entrevistado: Eu que tinha que dizer, olha se acontecer isso, faça isso. Se acontecer

aquilo, faça aquilo e outro. Então, ela era um pouco assim, e eu tinha uma certa

dificuldade porque a parametrização é estática, não é? E eu que tinha que ir lá no

dashboard e fazer a mudança na parametrização quando eu quisesse outro tipo de

resultado. Ela não fazia isso de forma automática, porque não tinha esse modelo de

Page 131: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

130

inteligência, não é? Enfim, hoje você tem ferramentas muito mais eficientes, que têm

esse tipo de inteligência que é o conceito de marketing automation. Você dá um

algoritmo inicial, um comando inicial, uma parametrização inicial, coloca uma meta e

a ferramenta vai tomando decisões e vai jogando aquilo para você automaticamente.

Isso é perigoso até, porque isso pode tirar o emprego de muitos gerentes de

marketing.

Diogo: Com certeza. Você como gestor de uma área, e contratando inbound, educar

o seu colaborador para aquele processo, para aquele tipo de mentalidade foi uma

dificuldade? Como é que foi esse processo para você?

Entrevistado: Não, acho que a dificuldade quando você é gestor, normalmente você

tem um pouco mais de poder aos seus subordinados e eles acabam acatando. No

início, no meu caso, na minha experiência, talvez a maior dificuldade foi ensinar ou

passar um pouco dessa experiência para a equipe, porque isso demanda um pouco

de tempo, mas eu sempre fui muito aberto, acho que a dificuldade maior foi justamente

para quem estava acima de mim. Tanto a liderança da empresa no Brasil quanto fora

do Brasil, sabe? É um mundo muito tradicional, então acho que a dificuldade maior

era essa. Então, é aquilo que a gente falou um pouquinho antes de começarmos a

nossa entrevista, não é? Se você pegar um profissional que tem uma cabeça de trinta,

quarenta anos atrás e sempre foi um profissional bem sucedido, tudo que se aplica

em termos de novidade é mais difícil de ser convertido em realidade. Então por

exemplo, você pega uma garotada hoje em dia que é totalmente digital, uma equipe

mais jovem, eles assimilam isso de maneira muito rápida e a coisa flui, para eles isso

é até natural. Porém, o que que acontece, isso depende muito também Diogo, de

quanto a empresa está disposta a investir em marketing, não é? Porque existe uma

conta que muita gente não faz hoje em dia, e mesmo hoje em dia, que é o retorno

sobre investimento, o ROI, você tem ainda muita estratégia de marketing amparada

em marketing de massa, em torrar um budget, então por exemplo, uma empresa

estabelece um budget, sei lá, cinco por cento do faturamento anual, esse é o budget,

e aí os caras tem que gastar esse dinheiro. No inbound, eu diria até que a forma de

se calcular o budget deveria ser no para baixo e isso significar que eu vou gastar mais

dinheiro em marketing em lead, eu vou gastar mais do que eu planejar sem exceder,

obviamente tem que criar regras para isso, mas por que? Porque se você faz uma

campanha, traz um tipo de lead, efetivamente vai te dar um retorno muito mal a longo

Page 132: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

131

prazo, no longo prazo você também está amortizando o seu budget de marketing.

Entendeu?

Diogo: Entendi. Excelente, esse insight que você trouxe agora foi perfeito. Mas

falando ainda sobre implementação, você acredita que o inbound está sendo aplicado

da forma correta no Brasil?

Entrevistado: Eu acredito que existem algumas empresas que estão fazendo isso de

maneira muito muito interessante, tá? Explorando isso de uma maneira muito

inteligente. Existem os aventureiros, não é? E existem aqueles que realmente querem

que tudo aconteça sozinho, de forma automática. Então, assim, para ser bem sincero,

eu hoje não consigo ter uma avaliação clara de como é que isso está no mercado,

precisa que eu diga com dados, olha fulano está fazendo muito bem, está aplicando

muito bem, mas eu vejo cada vez mais empresas usando o inbound, usando de uma

maneira até mais inteligente por exemplo a questão do retargeting, que é uma coisa

que enche o saco, as pessoas falam normalmente que aquilo enche muito o saco, que

fica te perseguindo na internet e tal, e não sei se foi você que falou uma vez, que o

inbound é diferente, você que vai atrás do cliente, não é o cliente que vai atrás de

você, não é?

Diogo: Exatamente.

Entrevistado: Então, o retargeting talvez seja a melhor expressão de perseguir o

cliente, não é? De ir atrás do cliente, literalmente. E alguns anúncios não tinham

pertinência, não é? Era um simples retargeting programado e sem maiores critérios,

sem dosagem, não é? Você consegue dosar.

Diogo: Não tinha inteligência por trás.

Entrevistado: Você não consegue em todo lugar, mas consegue nos lugares onde

tem algum tipo de relevância com o conteúdo, ou com a pesquisa que ele fez na

semana passada, sei lá, sabe? Que há uma relevância maior para isso, para que não

fique uma coisa de perseguição, porque isso afasta o cliente, assusta o cliente.

Diogo: Verdade.

Entrevistado: Então algumas empresas eu vejo que têm feito isso de uma maneira

mais inteligente, de forma mais dosada, homeopática algumas vezes e exageram com

quem quiser gerar. Por exemplo, um pedido de decisão rápida, um produto de decisão

rápida, por exemplo, estou pesquisando um óculos de natação, eu vou comprar na

hora, concorda?

Diogo: Certo.

Page 133: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

132

Entrevistado: É um produto de baixo valor, eu estou consultando, então eu estou

procurando ali é quente, é recência, eu tenho que fechar o pedido com o cara, então

vale a pena perseguir e fazer uma estratégia de retargeting bacana e mais intensa.

Mas se eu estou comprando um carro, não adianta o cara ficar me buzinando toda

hora que eu vi aquele anúncio do carro e esse anúncio vai me perseguir pela rede.

Porque não é uma decisão de, como é que se fala, perdi a palavra, de impulso.

Diogo: De impulso.

Entrevistado: Para produtos de impulso, acho que funciona, para produtos que não

são de impulso, embora algumas pessoas comprem carro por impulso, mas não é né,

caracteristicamente não é.

Diogo: Não faz parte desse mercado.

Entrevistado: Um hotel. Empresas de viagem. Você falou da Expedia, mas essas

empresas de viagem, eles usam muito retargeting.

Diogo: Verdade.

Entrevistado: Mas uma viagem às vezes não é uma… Dependendo do período, por

exemplo, se eu estou em janeiro, e provavelmente eu estou perto de férias, em

período de férias, eu estou pesquisando o que eu quero para agora, mas se eu estou

em sei lá, em abril, é pouco provável, em termos estatísticos, tá?

Diogo: Agora pensando no momento em que você teve o contato com a ferramenta,

com a metodologia do inbound até… Mais acho que na época da Elsevier, que por

mais que você tenha o background, o nome inbound, a metodologia nomeada você

teve mais contato na época da Elsevier.

Entrevistado: Foi, foi.

Diogo: A partir daquele momento que você procurou conhecer um pouco mais aquela

metodologia, entender um pouco mais daquela metodologia, o quanto você viu ou até

hoje acha que o volume de conteúdo e conhecimento sobre o inbound no Brasil é o

suficiente?

Entrevistado: Não, acho que ainda está muito aquém. Do Brasil hoje, acho que está

muito aquém. Acho que as pessoas interpretam inbound de uma maneira muito

simplista. Assim como eu, por exemplo, tive menos contatos que eu tive com o meio

digital, com as ferramentas digitais, eu trouxe o background do marketing direto, e na

essência, ele é base para isso tudo realmente, sabe? Mas você não pode se restringir

a essa simplicidade, conceitual. Eu acho que as pessoas ainda encaram o inbound

como uma grande estratégia de marketing direto, digital, de geração de leads, com

Page 134: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

133

mensuração quantitativa, e não qualitativa, tá? Porque as pessoas são cobradas por

isso. Então, quando eu te falo que o conceito ainda precisa evoluir bastante, está no

sentido de que você por exemplo, não necessariamente uma não conversão agora

não significa que você nunca vai converter aquele cliente, não é? Pelo contrário, o

trabalho está só começando. E de novo, como a gente vive na era dos dados, a gente

já está atrasado em relação a grandes empresas que já fazem isso há muitos anos,

qualquer estratégia que você tenha para preservar esses dados, não importa a

maneira como você capturou, provavelmente você capturou dentro de uma estratégia

de inbound, mas se eu puder preservar e tomar decisões a partir daquele dado de

uma maneira inteligente, mesmo que aquilo não gere um resultado imediato, isso é

bacana. O problema é que se você parar para pensar Diogo, o conceito de inbound

no Brasil tem o que? Cinco anos? Seis, sete anos?

Diogo: Cinco anos no máximo.

Entrevistado: Cinco anos. Então ele pegou um momento de crise, concorda?

Diogo: Certo.

Entrevistado: Ele entrou no Brasil em um momento de crise, onde as pessoas

estavam sendo pressionadas a gerarem resultado imediato ou a qualquer custo. Não

tinha essa filosofia do inbound, era o imediatismo do marketing direto, sabe? Então

por isso que eu acho que talvez a gente não tenha evoluído muito, de uma forma muito

abrangente nesses últimos anos. Mas, a tendência daqui para frente é só melhorar,

não é? Acho que vale até você destacar isso na sua pesquisa.

Diogo: Sim, sim.

Entrevistado: O inbound chegou em um momento de crise, então assim, como é que

você lida com o desconhecido ou com o conceito que ainda não está muito bem

digerido pelos diretores, ou os executivos de marketing? E como é que isso gera corpo

para que você tenha efetivamente uma amplitude nessa estratégia, não é? Eu me

lembro muito bem, você sabe, as ferramentas de gestão de campanha, elas vêm para

trazer mais eficiência, otimização e redução de custos. Quem é que teve dinheiro

nesse período todo aí para ficar fazendo experimentação, fazer testes? Teste A/B,

enfim, teste de conceito, pouquíssimas pessoas.

Diogo: É, não tinha tanta abertura de experimentação.

Entrevistado: Exatamente.

Diogo: Quais foram os principais ou melhores meios de acesso ao conhecimento do

inbound que você teve nesse processo?

Page 135: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

134

Entrevistado: Leitura digital. Mídia, não li nenhum livro específico sobre inbound, até

porque são pouquíssimos livros, acredito eu. Então minha fonte de conhecimento foi

a própria Casa da Criação, as reuniões que eu tive com todo mundo lá, a gente

discutia muito sobre isso, mas a principal fonte de conhecimento é a própria internet.

Diogo: Algum portal específico, algum site, alguma coisa específico?

Entrevistado: Nenhum específico, porque de novo, da mesma maneira que a gente

usa o inbound para trazer leads, eu uso inbound para trazer feelings, resultados de

notícias, conhecimento, e vou filtrando de acordo, enfim… Não consegui associar a

nenhum veículo específico não, tá?

Diogo: Beleza, tá bom. Qual seria a forma que você acredita ser a mais eficaz para

disseminar esse conhecimento?

Entrevistado: Boa pergunta. Eu acho que a forma mais eficaz é você primeiro, ter

bons cases. Pega esses cases de sucesso que as pessoas gostam de ouvir, produzir

alguns vídeos que pudessem estar exemplificando esses cases de uma maneira bem

até lúdica, porque é aquele negócio, a gente não pode pecar por subestimar… Eu não

sei nem como falar essa frase porque ela às vezes pode parecer indelicada, mas a

gente não pode subestimar a capacidade que as pessoas têm de não entenderem.

Tem que ser bem simples, obviamente que… Eu não vejo assim, por exemplo, um

evento de inbound marketing no Brasil, talvez o RD… Como é que é o nome?

Diogo: RD Summit.

Entrevistado: O RD Summit, seja um deles, um grande evento, não é? Eu acho que

lá é um evento interessante nesse sentido, que é um evento que hoje já está no

calendário, cada ano que passa mais pessoas se inscrevem e eu acho legal, talvez

hoje seja o principal evento de divulgação do inbound marketing, não sei se você

concorda comigo.

Diogo: Concordo.

Entrevistado: Você já foi lá?

Diogo: Já, já fui. É muito bom por sinal.

Entrevistado: Pois é. Esses carinhas do RD, eles são feras, cara.

Diogo: São, eles são bons vendedores.

Entrevistado: Muito bons.

Diogo: E aí a gente vai para uma pergunta um pouco do que a gente já está falando,

você acredita nos influenciadores locais, nos influenciadores aqui do Brasil?

Page 136: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

135

Entrevistado: Claro, totalmente, até pela realidade do nosso mercado, não é? É muito

mais fácil você ter até uma tradução pro português do que seria o inbound marketing…

O que eu estou querendo dizer é tropicalizar o termo. Inbound marketing, ele soa

pretensioso, soa alguma coisa relacionada ao mercado americano, não é? E talvez se

tivesse uma tropicalização desse termo, eu não sei como é que a gente poderia

chamar isso, talvez ajudasse, não sei.

Diogo: Legal. Como é que você vê a vocação das universidades hoje para os cursos

de inbound, se você vê que tem alguma universidade que se destaca nesse

compartilhamento de conhecimento.

Entrevistado: Eu acho que não tem nenhuma, pelo menos é o que eu… É do meu

conhecimento, tá? Por que? Porque como é que eu vejo esse negócio, eu ainda vejo,

por mais demodê que possa parecer o que eu vou te falar, ainda acho que as pessoas

encaram o inbound marketing como below the line, está entendendo? Acho que eles

talvez pensem em broad marketing ainda muito... De novo, a gente no mestrado, a

gente teve aí pelo menos umas duas, dois colegas que trabalharam em questão do

mercado publicitário, que é a Fátima.

Diogo: Certo.

Entrevistado: Um pouco da mudança do mercado efetivamente dentro da agência, e

o Fiorucci que falou um pouco da mudança do comportamento do profissional, dos

garotos que estão entrando, das meninas que estão entrando agora na faculdade.

Então, eu acho que passa um pouco por aí, entendeu? Não vejo nenhuma instituição

ainda como referência, acho que esse tipo de aprendizado ou de conhecimento, ele

ainda é um pouco, talvez marginalizado, a gente sabe como que a academia é, ela é

um pouco conservadora e às vezes um pouco atrasada em relação aos conceitos

novos, até porque os conceitos precisam ser testados e aprovados, não é? É assim

que funciona. Então, acho ainda é muito recente. Mas não tenho assim, talvez a

ESPM, pelo fato de ser uma referência dentro da área de publicidade, talvez seja

algum dos locais onde se discute o inbound marketing de uma maneira mais intensa,

mas sinceramente, não consigo visualizar isso não. Não tenho uma resposta assim.

Diogo: Tá certo. Sobre a metodologia e a forma como ela é ensinada, você acha que

ela ainda é muito crua… Crua no sentido ao que é aplicado em comparação ao que é

aplicado nos Estados Unidos, ou você acha que é necessária uma adaptação para o

Brasil?

Entrevistado: Como é ensinada a metodologia do inbound?

Page 137: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

136

Diogo: É. Na verdade, assim, a pergunta é se você acha que a metodologia ensinada

aqui no Brasil, ela é crua para o mercado brasileiro, ela precisa de uma adaptação ou

não? A metodologia conforme é aplicada no mercado americano já funcionaria?

Entrevistado: Metodologia é metodologia, e nesse caso, obviamente que as

respostas e talvez uma tropicalização e aqui e ali, acho que faz sentido, mas…

Metodologia é metodologia, o inbound aplicado nos Estados Unidos vai ser o mesmo

aqui no Brasil, na China, Nos Emirados Árabes e por aí vai. Eu até me lembro que fiz

um curso de marketing chamado pragmatic marketing, que é um conceito muito de

caixinha, de como você tem que pensar o marketing, mas também muito tradicional.

Quer dizer, até hoje, mesmo com essa mudança de mercado, com a mudança do

modelo estratégico, que precisa ser muito mais dinâmico, as pessoas ainda discutem

pragmatic marketing. Depois você pesquisa lá…

Diogo: Sim.

Entrevistado: Que você vai ver, no próprio site pragmatic marketing, você vai

entender o que eu estou falando. É um curso que é caríssimo, esses caras vendem

esse curso para as empresas no mundo todo e fazem dinheiro com esse negócio

ainda, o que não faz o menor sentido. Então assim, não vejo muita diferença. Na

mesma maneira que eu também não vejo muitas instituições, como eu respondi

anteriormente, tendo uma área para o inbound.

Diogo: Boa, beleza. Você falou que não precisa mudar mas que tem uma bossa ou

outra ali que pode ser adaptada para o mercado brasileiro. Que tipo de adaptação,

pelo que você conhece do inbound, você acha que precisa ser feito para o inbound

ser eficaz aqui no Brasil?

Entrevistado: Diogo, essa pergunta é difícil, mas assim, eu vou te falar um pouquinho

sobre a minha experiência que eu tive na minha tese de mestrado, pesquisando sobre

música. Eu acho que o futuro do marketing, da música, do roteirista de cinema, do

escritor, vai ser entender um pouco mais de neurociência, cognição, para ter uma

leitura mais precisa sobre os comportamentos humanos, e até entender qual vai ser o

trigger que vai ativar determinados comportamentos, não é?

Diogo: Legal.

Entrevistado: Então eu acho que está caindo muito para esse lado, tá?

Diogo: Beleza. Vou pular aqui algumas, porque você já se posicionou em relação a

isso, sobre mudanças na etapa do inbound, acho que você não identifica tanta

Page 138: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

137

necessidade de alteração. Essa aqui é uma boa para você responder, você acredita

nos formatos de conteúdos do inbound, o formato que eu digo, é os que são mais

propagados na metodologia original, por exemplo, tipo de conteúdo como e-book, e

mail, você acha que esse é um tipo de conteúdo eficaz para o marketing de hoje? E

aqui do Brasil.

Entrevistado: Eu acho que é extremamente eficaz, mas não pode ser usado com

exagero. Por exemplo, por que não você estar lendo um livro, um e-book, e no meio

desse e-book você ter um branding placement, ou um product placement, não é? De

forma muito sutil, entendendo que quem compra aquele tipo de livro tem determinado

perfil, tá? Eu acho que faz sentido sim. Mas, precisa testar, precisa comparar algumas

estratégias com outras para que você tenha realmente uma resposta de um teste mais

apurada, mas eu totalmente pertinente. Eu como leitor de livros, e principalmente hoje

de livros digitais, você está dentro de um artigo, ou de um capítulo que contextualiza

um fato e esse fato poder ser atrelado a um marketing bem inteligente, bem sutil, poxa

acho sensacional. Eu não vejo ninguém fazendo isso, tá? Eu vejo empresas tipo, como

é que é aquela empresa de Israel de marketing de conteúdo, como é que é o nome

dela?

Diogo: De Israel? Wix. Não é?

Entrevistado: Não, não é Wix não.

Diogo: Wix também é de Israel, como é que é o nome…

Entrevistado: Wix também é de Israel, deixa eu ver se eu lembro aqui, deixa eu

pesquisar aqui.

Diogo: De marketing de conteúdo de Israel, não lembro agora.

Entrevistado: Espera aí, deixa eu te falar qual é. Aliás, quanto mais a gente lê e mais

a gente aprende, menos a gente lembra as coisas.

Diogo: Menos a gente lembra as coisas, é. Uma dificuldade.

Entrevistado: Isso não é vergonha não, pelo contrário, é sinal que seu cérebro está

com bastante conteúdo. Cara, como é que eu vou achar isso aqui, não me lembro o

nome da empresa, não tem nem…

Diogo: Sem problemas.

Entrevistado: Eu vou lembrar depois e te falo. Tá?

Diogo: Fechado.

Entrevistado: Eu lembro depois e te falo.

Diogo: Tá bom.

Page 139: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

138

Entrevistado: Alguma pergunta aí que você… Manda aí.

Diogo: Vamos lá, vou seguir então. Quanto que você acha que o modelo do marketing

tradicional pode influenciar nesse processo do marketing do inbound?

Entrevistado: Não entendi a pergunta.

Diogo: Você acha que esses dois modelos, eles podem coexistir, um influenciando o

outro? O marketing tradicional e o marketing inbound.

Entrevistado: Eu colocaria tudo no mesmo guarda-chuva, sabe? É igual você ter uma

empresa e você ter lá o cara do financeiro, o do marketing, o de customer service,

todo mundo pensando de forma isolada, defendendo o seu território. Não, eu acho

que está tudo interconectado. Então, quando você coloca o guarda-chuva de

marketing, que é um grande guarda-chuva, embaixo dele você vai ter uma série de

subsegmentos, não é? E por mais que você queira, embora eu ache que, não sei se

você leu o livro que o Paulo indicou para gente, do Jaron Lanier, "Who owns the

future?", a quem pertence o futuro. Esse livro, ele fala umas coisas interessantes cara,

sobre o futuro do marketing, de como você vai ser monitorado ao extremo e você vai

ter que dar um opt in ou um opt out para ser monitorado ou não, mas a consequência

disso é o quão ou o quanto você vai ter acesso a coisas legais ou não, e aí você vai

ficar na dúvida se você vai dar esse opt in ou não, enfim… É, mas está tudo amparado

nos dados, não é? Então, qualquer estratégia de marketing, sobre o guarda-chuva de

marketing, não sei nem se marketing vai ser a palavra ideal para definir isso, não é?

Porque marketing é um conceito de você atingir o mercado, de você fazer uma venda

para aquele mercado, em cima de modelos tradicionais, mas hoje você tem modelos

de predição que já vão adivinhar o que você quer, sabe?

Diogo: Certo.

Entrevistado: Então, seria assim, o extremo do inbound, porque o inbound, ele vai

atrás dos clientes, mas… A empresa vai atrás dos clientes, mas imagina você já

sabendo o que o cliente quer e já manda para ele. Pelo histórico, pela sazonalidade,

pela frequência de compra, pela idade do cara, tudo isso cara, vai virar um grande

arcabouço de dados para uma melhor orientação de venda, não é? No final das

contas, isso tudo é venda, não é?

Diogo: Sim.

Entrevistado: Então é por aí.

Diogo: Pode falar.

Entrevistado: Não sei se eu fui tão claro assim.

Page 140: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

139

Diogo: Foi sim, foi sim.

Entrevistado: Dei uma viajada legal aqui agora.

Diogo: E você, por exemplo, a HubSpot incentiva muito o uso orgânico da estratégia,

não é? Você acredita que a compra de mídia funciona atrelada à estratégia do

inbound? Diferente do que a HubSpot diz.

Entrevistado: Então, eu acredito que sim. Eu acredito que sim, mas de novo, se você

coloca um product placement, ou um branding placement dentro de um e-book, vai

ser uma mídia paga, concorda?

Diogo: Certo.

Entrevistado: Ninguém faz isso de graça. Então, eu acredito que tudo está no

tempero ou na dosagem que você faz do uso, não é? Na dosagem do uso,

efetivamente. Se a mídia paga ou não paga, obviamente que o orgânico é orgânico.

É aquela história, você vai comer uma maçã orgânica ou uma maçã de plástico, não-

orgânica? Você não quer nem saber da não-orgânica, não é? Então, depende cara.

Essa pergunta é uma pergunta difícil, porque… Assim, só depender do orgânico, você

vai entrar numa briga que vai ficar sendo cada vez mais afunilada, não é? E aí, só os

ganhos. Porque o efeito aparece mais, porque vende mais, vende mais porque

aparece mais. Se eu não puder comprar, ter uma mídia paga, eu não consigo competir

também com esses caras gigantes. Mesmo paga, fica difícil de competir, não é, porque

eles têm mais dinheiro, têm mais budget.

Diogo: Sim.

Entrevistado: Mas eu não vejo diferença não. Eu acho que as duas estratégias, elas

convivem bem.

Diogo: Boa, legal. Sua opinião, no que que o comportamento do consumidor brasileiro

se diferencia do consumidor americano? Você identifica alguma diferença?

Entrevistado: Poxa, difícil essa pergunta também, porque não tem sido objeto dos

meus estudos, das minhas leituras. Mas eu tendo a acreditar que cada vez mais, o

mundo está mais comoditizado, as pessoas estão mais parecidas, tudo está muito

globalizado, por isso que eu acho que as estratégias de inbound, elas não sofreriam

grandes diferenças entre serem feitas nos Estados Unidos, no Brasil, na Arábia

Saudita ou na Austrália. Está tudo muito comoditizado. Então, não vejo diferença não,

sinceramente.

Page 141: DIOGO FERREIRA DE ALMEIDA BRAULIO Diogo Ferreira de... · Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM. Braulio, Diogo

140

Diogo: Boa. Última pergunta, como é que você identifica que a busca por performance

no mercado impactou no mercado de publicidade e marketing? Que movimento você

vê nesse mercado?

Entrevistado: Total, aí tem um monte de coisa. Poderia dizer, por exemplo, poderia

mencionar a crise, a própria crise, ou seja, você tem um budget de marketing reduzido,

você precisa trazer mais resultado com menos dinheiro, e aí mais resultado com

menos dinheiro, você precisa controlar melhor o que você está gastando. Então,

performance. Uma outra coisa, a performance, o marketing de performance, ele é o

que te possibilita ter uma leitura analítica, do que você está fazendo,

consequentemente, tomar decisões de mudança ou não de estratégia. O que mais?

Os próprios players, como Facebook, Google, criaram modelos de publicidade que

são totalmente baseado em performance, eles criaram esse negócio. Cara, é isso. E

assim, um período de crise, que eu acho que talvez seja o principal campo fértil para

que esse tipo de negócio ganhasse dimensões que tenham hoje. Você precisa fazer

mais com menos, e quem faz mais com menos precisa controlar o dinheiro, precisa

saber exatamente quanto cada dólar ou cada real está sendo gerado de retorno, seja

retorno tangível ou intangível. Intangível não significa necessariamente que não pode

ser mensurado, desde que você crie um critério para mensurar isso. Impacto, buzz,

lapse, sei lá. Isso tem que ser… Lapse já não é intangível, é quantitativo. Mas, mais

qualitativos que eu estou me referindo.

Diogo: Entendi. Bom, essa pergunta final então foi matadora, igual você falou aí.

Entrevistado: Qual? Por que?

Diogo: Porque você trouxe muitos insights que eu ainda não tinha escutado, então…

Vai ajudar bastante. Queria te agradecer, só para fechar o áudio aqui, a gente continua

falando. Obrigado, João. Valeu pela sua participação na pesquisa, e assim que eu

tiver um resultado, eu compartilho com você.

Entrevistado: Beleza, maravilha, foi um prazer.