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Jornal de Abrantes
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Abrantes pela vida faz um dia histórico
ABRIL2010· Telefone 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Avenida General Humberto Delgado - Edifício Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] · www.oribatejo.pt
jornal abrantesde
Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5471 - ANO 110 - GRATUITO
Fé e tradição na Semana Santa
do SardoalArte Sacra e Poesia experimental No Sardoal e em Abrantes, duas im-portantes exposições a não perder.
página 26
EXPOSIÇÕES
Constância celebra Nossa Senhora da Boa Viagem
“Redes do Tejo” contra a pobreza Nove municípios e a União das IPSS’s assinaram protocolo de cooperação.
Página 6
REGIÃO
FNATES mostra como se faz teatro O Festival promovido pelo CRIA mos-tra como a arte faz a inclusão.
página 27
EDUCAÇÃO E ARTE
Câmara, igreja e população atraem milhares de visitantes. páginas 9 a 16
Milhares e pessoas encheram o Tecnopolo para celebrar a Vida e assumirem a luta contra o cancro.. págs. 4 a 5
A festa religiosa e a festa pagã já são uma imagem de marca. páginas 17 a 24
ABRIL2010
jornaldeabrantes
2 abertura
FOTO DO MÊS
Lúcia SerrasAbrantes
Sou sensível a causas no-
bres e, como professora,
tentei mobilizar toda a Es-
cola Dr. Solano de Abreu
para esta causa.
Porque está a participar no “Um Dia pela Vida?
PERFIL
INQUÉRITO
José MarquesAbrantes
É uma causa em que não
há palavras para uma re-
jeição. É uma causa com a
qual temos de ser solidá-
rios porque com coragem
podemos vencer.
Isabel Borda d’ÁguaAbrantes
É uma causa pela qual
vale a pena dar um pou-
co mais de nós. Acima de
tudo, é uma causa pela
qual vale a pena lutar, por-
que sozinho é difícil, mas
todos juntos fazemos me-
lhor.
Nelson DelgadoAbrantes
Porque já tive alguns ca-
sos na família e é uma cau-
sa que nos toca a todos. É
o mínimo que podemos
fazer por esta luta.
EDITORIAL
“Um Dia pela Vida” e “Limpar Portu-
gal” vêm desmentir à evidência a tese,
tão propalada, de que ninguém se im-
porta, ninguém quer saber, ninguém
participa, não há cidadania, a política
morreu. Mas vem afi rmar, de forma
clara, que o exercício político da ci-
dadania não se faz “à velha maneira”,
tipo comando e controlo, mas de ou-
tro modo.
Aliás, do mesmo modo que em
Constância e Sardoal se celebra uma,
duas festas que mobilizam a popu-
lação. Na gestão do país, dos conce-
lhos, das associações, das empresas,
há uma forma gasta de gerir a coisa,
pública ou privada, e uma forma nova
de recriar o mundo e as relações. Nin-
guém por aqui tem certezas, mas há
pistas que se afi rmam com alguma ni-
tidez.
Participação, espaço de criatividade,
produção de resultados de facto, livre
iniciativa, cooperação entre iguais, co-
ordenação respeitosa… E, em contra-
ponto, a morte lenta, ou acelerada?,
de uma autoridade impositiva, de um
comando e controlo que asfi xia – esta,
sim, é uma asfi xia democrática! – de
uma usurpação dos louros por quem
comanda, de um arredar de quem pu-
der fazer sombra…
Não é por acaso que nuns lugares
a vida se multiplica como na fl ores-
ta tropical e noutros defi nha e morre
como no deserto de Kalahari, apesar
da resistência de alguns bosquíma-
nes.
As leis da biologia fazem-se respei-
tar por todo o lado. Tanto no reino das
plantas e dos insectos como no dos
mamíferos, homem incluído.
Alves Jana
A lei da vida
MARIA ANTÓNIA COELHO
IDADE 52 anos
RESIDÊNCIA Barquinha
PROFISSÃO Professora de História
CARGO Directora do Agrupa-
mento de Escolas D. Maria II de
Vila Nova da Barquinha
UMA POVOAÇÃO Marvão, onde a
visão mágica das formas e o silên-
cio da Serra nos aquieta a alma.
UM CAFÉ Paraíso, em Tomar
UM BAR “Bar 21”, na Barquinha
UM PETISCO Peixinhos da horta
UM RESTAURANTE “Remédio
d’ Alma”, em Constância
PRATO PREFERIDO Cabrito assa-
do no forno com grelos
UM LUGAR PARA PASSEAR
Óbidos, onde as recordações do
passado são desvendadas no per-
curso deslumbrante das ruas es-
treitas
UM RECANTO PARA DESCOBRIR
Mata da Margaraça na Serra do
Açor, concelho de Arganil
UM DISCO Tannäuser, de Wagner
(o CD de referência para os gran-
des momentos de refl exão e de-
cisão).
UM FILME Cinema Paraíso e O
Carteiro de Pablo Neruda
UMA VIAGEM Escócia, Terras Al-
tas
UM LEMA DE VIDA A liberdade
como princípio fundamental do
ser humano
FICHA TÉCNICA
Director GeralJoaquim Duarte
DirectorAlves Jana (TE.756)
Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,
Apartado 652204-909 Abrantes
Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179
E-mail: [email protected]
RedacçãoJerónimo Belo Jorge ([email protected]
Maria João Ricardo (CP. 6383)[email protected]
André Lopesandré[email protected]
PublicidadeRita Duarte
(directora comercial)[email protected]
Miguel Ângelo [email protected]
Andreia P. [email protected]
Design gráfico e paginaçãoAntónio Vieira
ImpressãoImprejornal, S.A.
Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa
Editora e proprietáriaJortejo, Lda.Apartado 355
2002 SANTARÉM Codex
GERÊNCIAFrancisco Santos,
Ângela Gil, Albertino Antunes
Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira,
Gabriela Alves e João [email protected]
MarketingPatricia Duarte (Direcção), Cata-
rina Fonseca e Catarina Silva. [email protected]
Recursos HumanosNuno Silva (Direcção)
Sónia [email protected]
Sistemas InformaçãoTiago Fidalgo (Direcção)
Hugo [email protected]
Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04
Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 501636110
Sócios com mais de 10% de capital
Sojormedia 83%
jornal abrantesde Árvore a árvore se constrói uma fl oresta, e o mundo. Ou se destrói.
jornaldeabrantes
à conversa 3
IRMÃ MARIA, PORTA VOZ DO CONVENTO DAS CLARISSAS EM MONTALVO
Simplicidade, fraternidade e pobreza ao serviço da paz no MundoALVES JANA
Um convento de clausura é sempre um sinal de contra-dição com o espírito do tem-po e, por isso, um objecto de curiosidade. Mas só algo de muito importante pode ali passar-se para que mu-lheres normais, muitas com cursos superiores, larguem tudo e se recolham para uma vida contemplativa de oração e trabalho. Todas as reportagens num espa-ço de clausura dizem a ale-gria e a serenidade que ali se encontra. Foi também o caso, embora apenas tenha-mos contactado com a irmã porteira e com a “porta voz” do convento, a Irmã Maria, cujas respostas devem ser li-das num ritmo muito lento e pausado, como tivéssemos todo o tempo do mundo.
Qual é o espírito e a men-sagem das clarissas?
Santa Clara, com o seu en-
tusiasmo de mulher jovem,
fundou a ordem em 1212,
dedicada à contemplação.
Contemplação é libertar-se
para se dedicar inteiramen-
te a Cristo estando ao serviço
da humanidade, da comuni-
dade. Criou uma ordem em
que brilhasse e simplicidade,
a fraternidade e a pobreza,
como S. Francisco de Assis.
Mas a clausura e o retirar-se para a contemplação pa-rece em contradição com esse “estar ao serviço da co-munidade”.
O mosteiro é um espaço
de silêncio e de recolhimen-
to para podermos estar mais
próximas de Deus e da co-
munidade humana.
Na medida em que esta-
mos próximas de Deus po-
demos ter presentes as ne-
cessidades das pessoas. E na
medida em que podemos
estar mais livres e perto das
pessoas, podemos trazer-
lhes Deus.
Porque deixam o nome ci-vil e adoptam um nome re-ligioso?
Lemos na Sagrada Escritu-
ra que Deus disse a Abraão:
“Deixa a tua terra e vem para
a terra que eu te indicar. Lá
te darei um nome novo.” É a
partir desse passo da Bíblia
que nós, quando tomamos
o hábito da ordem, recebe-
mos um nome novo. Antiga-
mente deixávamos mesmo
o nome civil, mas agora con-
servamos os dois.
Neste corte com o mundo, o que procuram “lá dentro” que não há “cá fora”?
A vocação religiosa é um
chamado de Deus. Não so-
mos nós que escolhemos.
Deus escolhe-nos, e a nós
compete-nos sermos fi éis.
Sermos fi éis a esse chamado
de Deus é o que vimos bus-
car aqui dentro. Buscamos o
silêncio, o equilíbrio, a paz,
para nos doarmos a Deus
pela humanidade. E volto a
repetir: estamos em Deus
para estarmos com a comu-
nidade. Procuramos um es-
paço de silêncio para que a
nossa missão de serviço à co-
munidade humana seja uma
realidade.
Quais são, além dos que já referiu, os valores que nor-teiam o vosso dia-a-dia?
A fraternidade, a paz e a
pobreza que são, essencial-
mente, valores franciscanos
no seguimento de Jesus Cris-
to. Francisco de Assis trou-
xe uma lufada de ar fresco
ao mundo, que no seu tem-
po vivia em guerra, e pediu
aos seus irmãos e às suas ir-
mãs que fossem testemunho
de paz e de fraternidade no
mundo em que vivem. São
esses os nossos valores, na
pobreza de Jesus Cristo.
O “voto de obediência”, nas ordens religiosas, está hoje em contradição com o espírito do mundo.
A obediência é um espaço
de liberdade, porque é uma
opção pessoal. E sendo uma
opção de cada irmã, é uma
opção comunitária. Não ve-
mos a obediência como uma
sujeição. Procuramos ser fi éis
à vontade do Pai, como Jesus
Cristo, que também viveu em
obediência a Deus e foi o ho-
mem mais livre.
E como é vivido o silên-cio?
É uma necessidade pesso-
al, para encontrarmos Deus.
Mas temos as nossas horas
de lazer, além das horas de
formação em comum e as de
oração comunitária. Todos os
dias temos uma hora de con-
versação fraterna, de conví-
vio fraterno, que é muito im-
portante para equilibrar o dia
de silêncio.
Que mensagem deixa aos nossos leitores?
Uma mensagem de paz, de
amizade e de fraternidade,
que as pessoas nunca vivam
a solidão, o desespero, que se
possam encontrar com elas
próprias e com Deus e assim
encontrem a felicidade e o
equilíbrio.
A irmã MariaNaturalidade: Louriçal, PombalProfi ssão religiosa: no convento do LouriçalPermanência no Louriçal: 17 anosEm Montalvo: desde a preparação dos 800 anos do nascimento de Sta. Clara, que foi em 1994Função no convento: vigaria da abadessa, com o pelouro das relações públicas
ABRIL2010
jornaldeabrantes
destaque4
o jornal de abrantes on line em www.oribatejo.ptwww.oribatejo.pt
O director do Centro de Saúde, o
médico Fernando Siborro, tem vin-
do a insistir no cuidado com a ali-
mentação. “Uma alimentação varia-
da é muito importante,” tem vindo a
dizer nas várias sessões do projecto
Abrantes pela vida. E sublinha a im-
portância da comida tradicional por-
tuguesa, ou mediterrânica, conside-
rada uma das melhores. A sopa, os
legumes, mas sobretudo a varieda-
de, contra o fast food e o excesso de
carnes vermelhas. E, é claro, nada de
tabaco, pois está provado que pro-
voca o cancro e é mau caminho para
quem não quer morrer cedo.
Os vários médicos e enfermei-
ros que têm participado nas várias
sessões de sensibilização insistem
também na detecção precoce dos
problemas. “Há quem tenha medo
de receber más notícias, mas rece-
bê-las cedo é a melhor forma de as
tornar menos más, porque quanto
mais cedo um cancro for detectado,
maiores são as probabilidades de
êxito no combate.” Trata-se, portan-
to, de um erro estratégico desleixar
todas as formas de rastreio, seja por
apalpação, seja por análises clínicas
ou exame físico.
Quando um doente é detectado
com cancro, normalmente pelo mé-
dico de família, é enviado para o sis-
tema hospitalar, onde há competên-
cias de diagnóstico e tratamento. “Se
as coisas funcionassem bem, explica
Fernando Siborro, o hospital devia
manter o médico de família infor-
mado da evolução do doente. Mas
raramente isso acontece.” Por isso, os
centros de saúde nem sequer têm
uma noção do panorama oncológi-
co desta nossa zona. “Talvez consul-
tanto o ROR, o Registo Oncológico
Nacional, mas também não funcio-
na bem”, acrescenta.
Abrantes pela vida
“O segredo está na prevenção e no diagnóstico precoce”
• Fernando Ciborro, director do Centro de Saúde.
Cerca de duas mil pessoas duran-te quatro meses prepararam e fi -zeram o grande Um Dia Pela Vida a 20 de Março.
O cortejo inicial partiu do Jardim
dos Plátanos e dirigiu-se para o
Tecnopolo. Aí teve lugar o primei-
ro momento de grande emoção, a
Volta dos Vencedores. As lágrimas
nos olhos da maioria dos presen-
tes celebravam a Vida na passa-
gem das pessoas que venceram o
cancro ou estão a lutar contra ele.
Durante todo o dia e quase toda
a noite, música no palco, comes e
bebes para o sustento do corpo,
mil formas de fazer dinheiro con-
tra o cancro e sempre pessoas a
andar na passadeira e a signifi car
a caminhada individual e colectiva
da luta contra o cancro. Às dez da
noite, a Cerimónia das Luminárias
voltou a inundar os olhos dos pre-
sentes. Foi o momento de recordar
os mortos e honrar os heróis vivos
desta luta com o cancro.
Feitas as contas, ainda não fi nais,
foi já apurade uma receita global
de 135.000 euros. A avaliação ge-
ral, dentro e fora da organização,
foi de que foram superadas as ex-
pectativas.
LUTA CONTRA O CANCRO
• O cortejo deu início ao dia histórico contra o cancro
ABRIL2010
jornaldeabrantes
destaque 5
O director clínico do Centro Hos-pitalar do Médio Tejo, Edgar Pe-reira, reforça de vários modos a mensagem central: “O principal é a qualidade da decisão terapêuti-ca. Só depois é que se deve pro-curar a proximidade, seja a proxi-midade dessa decisão, seja a pro-ximidade do acompanhamento. Inverter as coisas é um erro que se paga caro.”
Como quem diz, para uma boa
decisão, vai-se à China se for pre-
ciso, porque uma má decisão não
pode dar bom tratamento, por
melhor que sejam os cuidados
que o doente tiver. Palavra de mé-
dico, que é também administra-
dor do sistema.
Sabemos que no ano passado,
Abrantes foi agitada pela iminên-
cia do fecho do hospital de dia,
dedicado aos cuidados oncoló-
gicos. Edgar Pereira explica que
“cada hospital do Médio Tejo nas-
ceu isoladamente e fez a sua pró-
pria história.” No caso de Abrantes,
toda a terapêutica oncológica, es-
tava centrada num médico, que
se reformou no ano passado. Por
isso, “todo o sistema ruiu”. É preci-
so encontrar uma solução. A me-
lhor seria contratar um oncologis-
ta, mas não os há no mercado. Na
melhor das hipóteses, a solução
passa por conseguir que um on-
cologista venha a Abrantes para a
decisão terapêutica. É essa a solu-
ção que está em negociação. Por-
que “para haver qualidade, neste
domínio como noutro qualquer,
não pode ter-se um caso ou dois
por mês. É preciso lidar com os
mesmos problemas todos os dias.
Só assim se ganha competência e
especialização”, explica Edgar Pe-
reira. É isto que é preciso garantir
em Abrantes. Até lá, os doentes
têm de ir a Tomar ou Torres Novas,
que já tinham garantido uma solu-
ção própria. Entretanto, está já as-
segurado no hospital de Abrantes
o acompanhamento aos doentes
em tratamento.
Acontece que está neste mo-
mento em discussão pública a re-
organização do sistema oncoló-
gico nacional. O caso do Médio
Tejo está ainda em avaliação. Ed-
gar Pereira explica: “Aqui, o im-
portante é assumirmo-nos como
Centro Hospitalar, com três uni-
dades. Porque cada hospital, iso-
lado, não tem expressão, isto é,
não tem doentes sufi cientes que
garantam uma prática de quali-
dade a quem tenha de tratar de-
les. A estratégia tem de ser criar
centros por onde passem muitos
doentes que dêem aos especialis-
tas uma prática continuada e lhes
permitam uma dedicação exclusi-
va a um tipo de patologia e uma
troca de informação que isolados
não podem fazer.” E Edgar Pereira
recorda que “ainda não há muito,
fazer quimioterapia exigia inter-
namento e deixava o doente mui-
to debilitado. Entretanto, as técni-
cas de diagnóstico e terapia evo-
luíram, e continuam a evoluir, de
modo que já se pode aplicar qui-
mioterapia, por exemplo em cada
um dos hospitais do Médio Tejo.
Mas, porque a evolução é rápida
em cada um dos sectores, é neces-
sária uma dedicação exclusiva.” Ou
seja, os doentes só ganham se re-
correrem a especialistas de eleva-
da competência, o que não é com-
patível com a dispersão por locais
sem números expressivos. Ora, se
cada hospital não tem esses valo-
res, “o Médio Tejo em conjunto já
tem valores que lhe permitem, em
princípio, se houver colaboração
entre clínicos, fi car dentro do sis-
tema que vai ser montado,” acredi-
ta Edgar Pereira. Ainda assim, por-
que o cancro tem muitas variantes
com problemas diversos, mesmo
dentro do Centro Hospitalar o de-
sejável é que os médicos que vie-
rem a fi car dedicados ao cancro se
diversifi quem entre si em sub-es-
pecialidades. “Ninguém consegue
saber tudo e acompanhar tudo”,
mesmo dentro do domínio onco-
lógico.
Ana, nome fi ctício, tinha 35 anos quan-
do foi operada a um tumor no peito.
“Comecei com muitas dores nas costas.
Passados uns meses fui a um ortopedis-
ta, pois pensava que era da coluna. Fiz vá-
rios Tac’s e não acusaram nada. Mais tar-
de encontrei um durão na parte superior
do peito direito. Não tinha mais sinais ne-
nhuns e fui à médica de família. Ela man-
dou-me fazer uma ecografi a e uma ma-
mografi a. Nessa altura viu-se logo que era
algo grave. Voltei a repetir a mamografi a.
Quando veio o relatório, o resultado foi
uma massa tumoral com 12 centímetros
de comprimento e 5 centímetros de diâ-
metro, com características malignas.
“Contactei um médico amigo do hospi-
tal da CUF que também fazia serviço no
IPO, e encaminhou-me para um cirurgião.
O médico quando falou comigo disse que
eu tinha de ser operada o mais rápido
possivel. Na semana a seguir fui operada,
numa clínica particular, porque nao havia
vagas no IPO.
Depois fui para o IPO novamente, a ou-
tro médico da especialidade de oncolo-
gia, e comecei os tratamentos de quimio-
terapia. Fiz 12 sessões com intervalo de
três semanas entre cada uma. A seguir fi z
35 sessões de radioterapia. E agora, cá es-
tou. Já fez 11 anos que fui operada”.
Maria João Ricardo
“Era grave, mas ainda cá estou”
A qualidade da decisão terapêutica
• Edgar Pereira, director clínico do Centro Hospitalar do Mé-dio Tejo.
ABRIL2010
jornaldeabrantes
região6
Nove municípios do Médio Tejo e a União Distrital das IPSS’s as-sinaram no passado dia 22 o protocolo do projecto Redes do Tejo.
Abrantes, que lidera, Constân-
cia, Ferreira do Zêzere, Mação,
Ourém, Sardoal, Tomar, Torres
Novas e Vila Nova da Barquinha
comprometem-se, com a União
das IPSS’s a desenvolver um con-
junto de acções numa estratégia
conjunta integrada no Ano Euro-
peu do Combate à Pobreza e Ex-
clusão Social. Trata-se de um caso
exemplar, e ao que parece único,
de cooperação pró-activa num
projecto supra municipal de tra-
balho em rede. O lema adoptado
é signifi cativo: “Enquanto houver
margens, queremos continuar a
construir pontes.”
Os parceiros comprometem-
se a trabalhar numa perspecti-
va de conjugação de esforços e
recursos, com vista a “colmatar
as difi culdades com que inúme-
ras pessoas e instituições se de-
param, de modo a minimizar e
combater efi cazmente a pobre-
za e a exclusão social e sensibili-
zar todos os agentes do território
em causa”.
A promoção de actividades de
solidariedade, a dinamização das
redes sociais de cada concelho,
a realização da feira social e do
mês da solidariedade e acções
de sensibilização e informação
são, entre outras, algumas das
actividades a realizar a partir de
agora, com vista à persecução
dos objectivos inerentes a este
projecto e à linha orientadoras
do Ano Europeu de Combate à
Pobreza e Exclusão Social.
Este projecto foi alvo de uma
candidatura conjunta ao PNA-
ECPES. Embora careça ainda de
aprovação, entenderam os par-
ceiros assumir a sua realização.
PROTOCOLO ASSINADO NO PASSADO DIA 22
“Redes do Tejo” contra a pobreza“Redes do Tejo”Objectivos- Desenvolver uma parceria efec-
tiva e dinâmica que articule a ac-
tuação dos diferentes agentes so-
ciais;
- Promover o planeamento inte-
grado do desenvolvimento social,
potenciando sinergias, compe-
tências e recursos;
- Garantir maior efi cácia nas res-
postas sociais ao nível dos conce-
lhos e freguesias;
- Formar e qualifi car agentes en-
volvidos nos processos de desen-
volvimento local.
Actividades- Organização de Encontro de Re-
des e parcerias locais;
- Realização de acções de forma-
ção e sensibilização;
- Elaboração de instrumentos de
comunicação e informação;
- Realização da Feira Social;
- Dinamização das Redes Sociais
de cada concelho e da plataforma
supra concelhia;
- Realização de actividades no mês
da solidariedade. • A União Distrital das IPSS’s de Santarém assinou o protocolo com nove municípios do Médio Tejo.
ABRIL2010
jornaldeabrantes
região 7
Com regularidade, Abrantes é atravessada por relatos in-dignados de “mais uma” es-tória de agressão ou roubo ou de actos da mesma fa-mília. Sempre por jovens há muito identifi cados. No pas-sado mês de Janeiro, novos episódios vieram reacender a indignação por não se sen-tir que estejam a ser tomadas medidas efi cazes. Os senti-mentos de insegurança e de revoltam vão crescendo.
Os protagonistas estão
identifi cados. São, em ge-
ral, menores, que crescem na
marginalidade e que apenas
na marginalidade terão futu-
ro. A indignação por o proble-
ma continuar a crescer e não
se sentir medidas de comba-
te é manifesta, ainda que per-
maneça latente… até que o
balão estoire. Fomos recolher
três casos, os dois do mês de
janeiro e um anterior. Para
que conste, para que as coi-
sas não tombem no silêncio.
Os nomes são fi ctícios, por ra-
zões que se compreende, mas
os relatos são autênticos.
Agredidos pai e fi lhaSara ouviu barulho lá fora,
junto ao carro e foi ver à jane-
la, porque já há tempo lhe ti-
nham feito estragos no auto-
móvel. Dois jovens estavam
a maltratar o espelho lateral.
Saiu à rua e interpelou-os, se
achavam bem, se o carro os
estava a incomodar. Entretan-
to, Júlio, o pai da jovem, ouviu
barulho na rua e foi ver. A fi lha
estava a ser incomodada pe-
los dois rapazes. Foi em defe-
sa da fi lha, mas um dos dois
começou a empurrá-lo en-
quanto o outro deitava a sua
fi lha ao chão e a agredia. Para
defender a fi lha, baixou-se
para agarrar o agressor quan-
do o outro o agrediu no nariz,
certamente com um ponta-
pé pela força e gravidade da
agressão. Os vizinhos acudi-
ram de imediato ao barulho,
os agressores fugiram e os
agredidos foram para o hos-
pital. À hora de recolha desta
informação, o pai tinha sido
operado ao nariz, em Lisboa,
para recompor a fractura e a
fi lha continuava de baixa. Foi
em Abrantes, neste mês de
Janeiro. Entretanto, correm na
rua novas ameaças.
Alvejado a tiroSamuel vai todos os dias a
um terreno próximo tratar dos
animais, apesar da sua idade
bastante avançada. Como de
costume, pôs o chapéu na ca-
beça e saiu. Estava no seu tra-
balho quando sentiu que lhe
estavam a cair em cima o que
pensou serem pedras. Gritou
por ajuda e quando foi socor-
rido, viu-se que tinha sido al-
vejado com chumbos de ti-
ros próximos. Via-se dois ra-
pazes a fugir ali perto, não
eram os mesmos do caso an-
terior. Como o agredido san-
grava com abundância, teve
de ser socorrido no hospital.
“Por um milímetro não atin-
giu uma veia importante, teria
sido o seu fi m”, diz quem sabe.
O chapéu foi levado à polícia
como prova. Também foi em
Janeiro passado, na Chainça.
Agressão em grupoJá por várias vezes eles ti-
nham ido lá roubar galinhas.
Numa das últimas vezes, ti-
nham matado toda a criação
e deixaram-na lá… Por isso,
naquele dia, quando os viram
parados junto ao barracão, fo-
ram interpelá-los, perguntar-
lhes o que é que queriam. A
resposta foi serem agredidos.
Quando se quiseram defen-
der, apareceram mais uns 10,
e não é difícil imaginar o que
possa ter acontecido. Manuel
caiu e foi agredido a pontapé,
por isso fi cou com o maxilar e
o nariz partidos. O cunhado e
o fi lho tiveram também de ser
assistidos no hospital. Foi há
seis meses, mais ou menos.
Foram à polícia, para apre-
sentar queixa, mas disseram-
lhes que teriam de voltar no
dia seguinte. Mas no dia se-
guinte um dos dois teria de
estar a trabalhar longe, onde
mora. Que assim, não. Aca-
baram por desistir da queixa.
Ainda voltaram a ser chama-
dos outra vez para a questão
da queixa, mas “como já tínha-
mos desistido, mantivemos a
coisa assim”.
INSEGURANÇA
Casos sucedem-se sem as medidas necessárias
• A montra vazia, com estore de segurança por trás, fala por si.
ABRIL2010
jornaldeabrantes
8 região
JERÓNIMO BELO JORGE
Abrantes passou a dispor de uma estação de canoagem, em Rossio ao Sul do Tejo, junto ao rio. Trata-se de um edifício requalifi cado pela Junta de Freguesia, num pro-tocolo assinado com a Câmara Municipal de Abrantes que con-tribuiu com um subsídio de cerca de 72 mil euros.
Esta infraestrutura, depois de
recuperada, foi cedida ao clube
desportivo Os Patos, à secção de
canoagem, criando condições
para que a associação possa de-
senvolver a modalidade, na qual
tem dado passos de qualidade,
tendo alguns atletas nas selec-
ções nacionais.
Não será de estranhar que a
pequena cerimónia tenha con-
tado com a presença do presi-
dente da Federação Nacional de
Canoagem que, ao associar-se ao
evento, quis deixar o apoio ao clu-
be e ao desenvolvimento da mo-
dalidade, que tem no espelho de
água de Abrantes um potencial
de crescimento e atracção em tor-
no da modalidade.
De referir ainda que a Junta de
Freguesia do Rossio promoveu
esta requalifi cação, segundo o
seu presidente, Luís Valamatos,
com dois objectivos: primeiro
apoiar uma associação da fregue-
sia e, em segundo lugar, recupe-
rar o edifício do antigo matadou-
ro que estava ao abandono e de-
gradado, mostrando assim aos
cidadãos para a necessidade de
requalifi car os prédios degrada-
dos do centro histórico da fregue-
sia.
Na ocasião, a presidente da Câ-
mara Municipal de Abrantes, Ma-
ria do Céu Albuquerque, pro-
meteu obras na estação de
canoagem de Alvega, que já tem
uma série de anos, e informou
que está a avançar o projecto de
arquitectura do Centro Náutico
de Abrantes, a construir na mar-
gem Norte do Aquapolis, criando
condições de atractividade para
estágios de atletas oriundos do
Norte da Europa que no Inverno
procuram o nosso país para a prá-
tica da modalidade.
A requalifi cação da margem
Sul do Aquapolis, cujo projecto
de execução deverá ser lançado
ainda este ano, contempla bons
acessos ao espelho de água, me-
lhorando as condições existentes
actualmente. Refi ra-se que a mar-
gem Norte tem um acesso para
os automóveis descarregarem as
embarcações até à água, estru-
tura esta que não existe ainda na
margem de Rossio ao Sul do Tejo
e nem sequer estava prevista no
projecto inicial.
ROSSIO AO SUL DO TEJO
Abrantes com nova estação de canoagem
jornaldeabrantes
especial sardoal 9
As celebrações religiosas da Semana Santa são as grandes festas do Sardoal. Mobilizam os habitantes, atarem visitantes e animam a vida local a partir de elementos que partem do mais interior das pessoas e do mais fundo dos tempos. Na Semana Santa, o Sardoal vale ainda mais a pena.
Sardoal celebra Semana Santade 28 de Março a 4 de Abril
Foto
: Pau
lo S
ousa
ABRIL2010
jornaldeabrantes
10 especial sardoal
MARIA JOÃO RICARDO
Quem passa pelo Sardoal durante a Semana Santa não fi ca indiferente, e quer lá voltar. As capelas e igrejas enfeitadas, a venda de amêndoas, a cozinha típica, o bom vinho e as pai-sagens deslumbrantes, os cantos e recantos da vila, fazem deste “um concelho bom para as pessoas mo-rarem”, adianta o vice-presidente Miguel Borges. A Vila-Jardim, como carinhosamente é conhecido o Sar-doal, espera por si.
O que representa a Semana San-ta para o Sardoal?
- É um momento de grande im-
portância, não só de cariz religioso,
como cultural e turístico. Existe uma
relação muito próxima entre a Câ-
mara Municipal, a Paróquia, a Sta.
Casa da Misericórdia e todos os or-
ganizadores da parte religiosa.
Essa vertente turística levou a que a câmara tenha apostado mais na Semana Santa, desde 1997. As Festas do concelho são outra coisa.
- Sim, sem dúvida. Durante a Se-
mana Santa temos um potencial tu-
rístico muito bom, aliado à religião.
A aposta foi forte e pretendemos
que continue crescendo. Nas Fes-
tas do concelho, a aposta é dar a co-
nhecer a vertente económica local,
com animação à mistura. No fundo
é uma festa popular, como existe
noutras regiões.
Qual destas festividades atrai mais pessoas ao Sardoal?
- Todas as festas religiosas são de
uma importância muito forte, e no
nosso caso existe uma particulari-
dade única – temos o enfeitar de
capelas com fl ores e verduras. En-
volvem-se associações, a Sta. Casa
da Misericórdia, escolas, no fundo
toda a comunidade. É uma tradi-
ção que tem passado de pais para
fi lhos e queremos preservar o mais
possível.
É cada vez maior o número de
pessoas a vir ao nosso concelho. Por
exemplo, a Procissão dos Fogaréus
tem uma afl uência grande.
O que podemos ver este ano no programa da Semana Santa?
- Para além das cerimónias religio-
sas habituais, do enfeitar das cape-
las e das Procissões, vamos ter uma
venda de amêndoas e uma expo-
sição da Sta. Casa da Misericórdia.
A venda de amêndoas decorre no
átrio da Casa Grande. Antigamente
os namorados compravam amên-
doas para oferecer às namoradas,
por esta altura.
No sábado, realiza-se um concerto
de piano a quatro mãos, com músi-
ca de Bach, Endel e outros composi-
tores, no Centro Cultural Gil Vicente.
Vai estar patente durante três me-
ses, no Centro Cultural, uma expo-
sição sobre os 500 anos do aniver-
sário da Sta. Casa da Misericórdia. É
um espólio riquíssimo, com os pai-
néis originais da Sta. Casa, que têm
fi guras da Paixão e Morte de Cristo,
o Oratório de Arte Namban, entre
outros. Este Oratório é único e tem
percorrido o mundo, em várias ex-
posições.
Como é que a câmara e a igreja organizam a Semana Santa?
- Fazemos sempre uma reunião
preparatória com o padre, e dispo-
nibilizamo-nos para apoiar no que a
Irmandade precisar. Estamos a ulti-
mar os procedimentos para regular
o trânsito, para que este não interfi -
ra no percurso das procissões. Jun-
tamente com a junta de freguesia
estamos a caiar todas as capelas da
vila. Temos uma colaboração estrei-
ta com a igreja e com as três Irman-
dades.
Um concelho no Centro de Portugal
Para além destas festividades o que tem o Sardoal para oferecer aos visitantes?
- Temos boa gastronomia, a co-
zinha fervida, ruas muito lindas, as
capelas que agora estão enfeita-
das. Temos bom vinho e estamos
no centro de Portugal. Temos paisa-
gens fantásticas não só em Sardoal,
como Codes, Lapa, Vale do Cabril.
Qual é o grande potencial do Sar-doal?
- Temos alguma agricultura e pe-
quenas indústrias, mas o comércio
não é muito signifi cativo. Contudo,
é um local que tem qualidade de
vida. É um concelho bom para as
pessoas morarem, para deixarem os
seus fi lhos na escola, onde a cultura
tem força, e o desporto já vai tendo
outro dinamismo. Vamos começar
ainda este ano com a construção de
um pavilhão gimnodesportivo, aqui
na vila, e em breve um parque des-
portivo em Sta. Clara. Em relação ao
saneamento básico estamos a tra-
balhar para dar qualidade de vida à
população.
Qual é a aposta do município nas áreas social, educação, associati-vismo, cultural?
- Vamos divulgar em breve um
projecto que se chama �Pampi�,
ocupação dos idosos. Passa pela
piscina, aulas de hidromassagem,
leitura, bordados, o avô on-line. Este
projecto tem uma psicóloga, uma
socióloga e uma assistente social. A
equipa vai andar no terreno para sa-
ber junto desta camada etária o que
eles precisam.
Em termos de educação, além
do Agrupamento de Escolas, te-
mos agora um jardim-de-infância
novo, com todas as condições. As
crianças podem lá fi car das 8 da
manha até às 19h, com uma oferta
diversifi cada, com componente de
apoio à família. Durante o verão vol-
ta a realizar-se o ATL, em colabora-
ção com a Associação de Pais e com
o Agrupamento.
Contudo, precisamos de
requalifi car o nosso parque escolar.
É urgente uma intervenção de fun-
do na Escola C+S. De futuro quere-
mos construir um pólo escolar no
Sardoal e outro em Alcaravela. Para
além das crianças, apoiamos tam-
bém os nossos jovens. Com muito
agrado nosso foi criada há pouco
tempo uma nova associação de jo-
vens, que já nos fez muitas propos-
tas, como observação de estrelas,
festivais de música. Para além des-
ta existem outras associações que
também merecem o nosso apoio,
como a Associação da Presa, a Fi-
larmónica, ou o GETAS, por exem-
plo. Estamos a trabalhar nos regula-
mentos para o novo Conselho Mu-
nicipal do Associativismo.
Na área cultural temos o Centro
Cultural com muitas actividades,
com exposições e iniciativas de vá-
MIGUEL BORGES, VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO SARDOAL
Durante a Semana Santa temos um potencial turístico muito bom
Perfi lAntónio Miguel Borges
44 anos de idade
Natural de Abrantes
Residente em Sardoal
vice-presidente da Câmarapelouros: Serviço de Projectos
Comparticipados
Ambiente
Cultura, Desporto e Acção Social
Desenvolvimento Económico/
Social
Inovação e Modernização
Articulação com as Juntas de Fre-
guesia e com as Associações
Antecedentes locaisProfessor de educação musical
Maestro do GETAS e da Filarmó-
nica União Sardoalense
Membro da CPCJ local,
Membro do Conselho Municipal
de Educação
Presidente da Assembleia Geral
da Associação Pais de Sardoal
ABRIL2010
jornaldeabrantes
especial sardoal 11
rias associações do concelho. No
ano passado o Centro Cultural teve
mais de 10 mil utilizadores, contabi-
lizados na bilheteira electrónica. Por
exemplo a Associação de Valhascos
e a da Presa também fazem activi-
dades.
Como está o projecto para a Rota do Pão? E o Arquivo Histórico?
- A Rota do Pão ainda é apenas
isso, um projecto. Esta Rota já exis-
te, mas precisamos operacionalizar
as azenhas e os moinhos. A ideia
será terminar no antigo lagar, com
um grande museu e com exposi-
ções do pão e do azeite. O Arquivo
Histórico é mais prioritário. Estamos
a fazer o levantamento de todos os
documentos, com qualidade e ri-
gor, para que a nossa história não
se perca.
Para quando um novo Parque In-dustrial?
- O actual Parque está esgotado,
não se pode ampliar. Existem 15
empresas no local. Está a ser feita
uma revisão do PDM, e é urgente a
sua conclusão. A empresa que está
a fazer esta revisão está com alguns
problemas, e a câmara está a agili-
zar o processo, o mais rápido pos-
sível. No entanto tem havido vários
entraves, em termos de governo.
De futuro queremos criar pequenos
parques industriais em algumas das
nossas freguesias, para que as famí-
lias se possam fi xar lá.
Como está a situação do mau fun-cionamento dos semáforos?
- Os semáforos não dependem da
câmara municipal. Quando eles não
funcionam em condições alertamos
os responsáveis, mas o que é certo
é que nem sempre vêm com a ra-
pidez que desejamos. No ano pas-
sado alertámos o Presidente da Re-
pública sobre esta situação. Vamos
continuar a insistir para que aquela
zona, que é considerada de risco, te-
nha solução.
Como classifi ca a relação da câ-mara com entidades exteriores?
- Ninguém está sozinho e todos
juntos podemos oferecer mais.
Trabalhamos com Constância,
Abrantes, Mação, Vila de Rei e ou-
tros municípios. Nós temos que
procurar dentro de um contexto re-
gional o que podemos oferecer às
populações. Por exemplo, o projec-
to supramunicipal “Redes do Tejo”,
onde Sardoal está inserido, terá sem
dúvida muito sucesso pelo envolvi-
mento total de todos.
O que falta no Sardoal?- Em termos de saúde, tal como
noutros concelhos, a falta de médi-
cos é algo que nos preocupa. Nes-
tes cinco meses de trabalho, este é
um problema que eu tenho regista-
do. Temos uma população idosa, e
não conseguimos resposta em tem-
po útil. Os actuais médicos de famí-
lia não são em número sufi ciente
para todo o concelho. Já disponibi-
lizámos uma casa para alojar médi-
cos de países de Leste que queiram
vir para Sardoal, mas não depende
de nós. Durante vários anos parece
que andámos a brincar um pouco
com a saúde, e hoje enquanto euro-
peus os resultados são muito maus.
A rede de transportes no conce-lho é adequada?
- Não, infelizmente. Estamos a
apostar em conjunto com a Comu-
nidade Intermunicipal, numa rede
de transportes para a comunidade,
que vai avançar já este ano. O Sar-
doal tem uma população idosa e a
interioridade é algo que não ajuda.
Muitas pessoas têm que se socorrer
do carro de aluguer.
No futuro podemos ver o verea-dor Miguel Borges como presi-dente do município?
- (risos) De momento a presidên-
cia do Sardoal está muito bem en-
tregue. O meu objectivo é trabalhar
o melhor que sei, com a máxima
força, pelo concelho de Sardoal. Se
no futuro essa hipótese se colocar
irei analisá-la. A única coisa que eu
tenho certa é ser professor.
O futuro? Logo se verá
Quando é que ingressou na vida política?
- Foi apenas há quatro meses. (ri-
sos) É devido a um convite irrecusá-
vel do presidente Fernando Moleiri-
nho, que agora aqui estou. Ao longo
dos anos tenho tido uma participa-
ção cívica, tanto em Abrantes como
aqui no Sardoal, mas em termos po-
líticos esta é a primeira experiência.
Prepara-se para ser o próximo presidente?
Agora é a hora de fazer o meu tra-
balho o melhor possível. Quanto ao
resto, se verá, não estou preocupa-
do com isso. Até porque eu ainda
não sei se “é isto que quero”. Estou a
começar, vamos ver o resultado.
ABRIL2010
jornaldeabrantes
12 especial sardoal
É o Concelho de Sardoal rico em Histó-ria e em Tradições, muitas delas relacio-nadas com as profundas convicções re-ligiosas do povo, cuja origem e signifi -cado se perdem na marcha do Tempo e das gerações.
Essas tradições, mais que sentimentos
de Fé, são agora marcas indeléveis da
nossa Cultura, no seu sentido mais vas-
to e completo. É neste perspectiva que
a Câmara Municipal, enquanto entida-
de institucional laica, se associa activa-
mente às festividades da Semana Santa
e Páscoa.
Até porque a nossa Semana Santa já
ultrapassa as “fronteiras” dos rituais e
celebrações litúrgicas, por ser uma re-
ferência no coração dos sardoalenses,
sejam eles crentes, não – crentes ou ag-
nósticos.
É nesta ocasião que as pessoas se jun-
tam e convivem. Vêm os que residem ou
trabalham fora, reúnem-se as famílias,
os amigos, os vizinhos. O cenário é triste
e nostálgico mas é, também, a festa do
reencontro e da aproximação.
Foram as Festividades desde sempre
organizadas com o maior brilho pela Pa-
róquia de Santiago e São Mateus, Santa
Casa da Misericórdia e Irmandades, mas
nos últimos anos a Câmara Municipal
assumiu uma maior presença na sua di-
vulgação, promovendo a colocação de
faixas, velas e candeias, publicando car-
tazes, folhetos e suplementos temáticos
na imprensa regional e – sobretudo – le-
vando a efeito um Programa Comple-
mentar que integra exposições de artes-
plásticas, concertos musicais, cinema e
venda de amêndoas na Casa Grande.
Igualmente importante é a tarefa dos
moradores locais que enfeitam as Cape-
las com motivos simbólicos da sua de-
voção e as associações concelhias que
participam em iniciativas paralelas. É o
trabalho de todos no presente que vai
perpetuando a nossa entidade colecti-
va!
Fernando Constantino Moleirinho
FERNANDO MOLEIRINHO, PRESIDENTE DA CÂMARA DO SARDOAL
Fé, tradição e cultura
A igreja do Convento de Santa
Maria da CaridadeNo cume da colina mais
elevada da Vila de Sardoal,
de onde se vislumbra um
vasto horizonte em todos
os sentidos, encontra-se o
sinal e a memória da secu-
lar presença dos fi lhos de
S. Francisco. Os frades me-
nores Franciscanos, vindos
da Abrançalha, instalam-se
neste lugar em 1571, junto
a uma ermida já muito aca-
rinhada pelos devotos da
Santa Mãe de Deus, aí invo-
cada com o título da Cari-
dade. É esta invocação que
passa a designar o Conven-
to, e é ao redor da bela ima-
gem da Virgem que todo o
Convento terá a sua expan-
são. A Senhora apresenta-se
com o Menino nos braços, e
com um fruto na mão direi-
ta, é esculpida em pedra de
Ançã, obra do gótico tardio,
das laborações ofi cinais de
Coimbra. Esta imagem da
Senhora continua a presidir
à Igreja que lhe é dedicada
e a acolher as preces devo-
tas dos que se confi am ao
seu auxílio. Para a fábrica do
Convento e benefi ciação da
ermida colaboraram os ha-
bitantes da Vila, evidencian-
do-se um ilustre morador e
senhor desta mesma Vila, D.
Duarte de Almeida, fi lho de
D. Lopo de Almeida, terceiro
Conde de Abrantes.
A 17 de Dezembro de
1677 o Convento viria a ter
como padroeiro D. Gaspar
Barata de Mendonça, que
era natural do Sardoal, foi o
primeiro arcebispo da Baía e
primaz do Brasil. É este bis-
po que promove a reedifi ca-
ção da Igreja de modo mais
signifi cativo e que chega
aos nossos dias.
A Igreja de N. Sr.ª da Cari-
dade tem uma única nave,
com a capela-mor separa-
da por arco cruzeiro e abó-
bada de berço, sobre a por-
ta de entrada encontra-se o
coro alto com cadeiral para
os ofícios corais e estante no
centro; uma balaustrada li-
mita e protege o espaço. No
alçado esquerdo podemos
encontrar os nichos que ser-
viam de confessionário e o
belo púlpito onde são ainda
proferidos os sermões.
Anexa à Igreja do Conven-
to existe uma sacristia de
grande riqueza artística. O
tecto em caixotões seiscen-
tistas foi pintado em 1720. O
arcaz tal como o tecto é de-
corado com pintura de ele-
mentos fi gurativos orien-
tais. O grande valor ma-
terial e artístico, a beleza e
o exotismo que podemos
contemplar nesta magnífi ca
Igreja de Santa Maria da Ca-
ridade, manifestam o reco-
nhecimento da importante
acção desenvolvida pelos
religiosos na Vila do Sardo-
al e o afecto pessoal e social
da população. Muitas das
expressões da religiosidade
popular que ainda perma-
necem fi carão a dever-se a
esta presença e à valoriza-
ção de expressões evange-
lizadoras e celebrativas tão
caras à espiritualidade fran-
ciscana. Pe. Francisco Valente
A Igreja matriz da Vila de Sardoal
guarda um dos mais preciosos tesou-
ros da primitiva pintura portuguesa.
Um núcleo constituído por sete tá-
buas pintadas a óleo representando
temáticas sagradas. Pertenceram ao
primeiro retábulo da Igreja que foi
erguido no início de quinhentos e
provável encomenda de D. Francisco
de Almeida. Desde a sua descoberta
pelo Dr. João Couto nos fi nais da dé-
cada de 1930, que desconhecendo a
identidade da sua autoria atribuiu-a
a um mestre do Sardoal. Os mais im-
portantes historiadores de arte são
hoje unânimes em referir estas obras
a uma ofi cina sedeada em Coimbra
e dirigida por Manuel Vicente e
Vicente Gil. Estes mestres tiveram
grande actividade e muitas das suas
obras retabulares ainda se conser-
vam. Após o desmantelamento do
retábulo para ser substituído pelo de
estilo Barroco que ainda se conser-
va, as tábuas foram guardadas numa
sala da Irmandade do Santíssimo Sa-
cramento sob a Capela-mor, até à
sua descoberta. Hoje, estas obras en-
contram-se expostas numa capela
lateral da igreja matriz, dedicada ao
Sagrado Coração de Jesus. Este não
é o espaço favorável nem adequa-
do para a conservação e observação
deste excelente núcleo de pintura.
Será desejável num futuro próximo
encontrar soluções que permitam
condições favoráveis para a sua ex-
posição de modo permanente, pos-
sibilitando uma correcta e adequa-
da conservação e leitura das mes-
mas. As pinturas que referenciam a
Vila do Sardoal nos roteiros da cultu-
ra portuguesa são o testemunho da
importância deste lugar nos alvores
da Idade Moderna, e da erudição e
gosto dos mecenas, especialmente
a família dos Almeidas que estavam
afectivamente ligados à Vila, e que
dotaram a vila de obras singulares.
Pe. Francisco Valente
As Tábuas Quinhentistas da Matriz do Sardoal
ABRIL2010
jornaldeabrantes
especial sardoal 13
MARIA JOÃO RICARDO
A Igreja celebra nesta época
o chamado Tríodo Pascal, os
três dias mais importantes do
ano litúrgico cristão. Nos dias
que correm, cada vez mais se-
cularizados, é cada vez menos
claro o signifi cado da Sema-
na Santa. Por isso, fomos ou-
vir o pároco do Sardoal. Qua-
se com dois anos de funções
na freguesia, o padre Carlos
Almeida relembra que “é im-
portante as pessoas percebe-
rem o que realmente é ali ce-
lebrado”.
Na Quinta-Feira Santa, dia
1 de Abril, realiza-se a missa
vespertina da Ceia do Senhor
e a cerimónia do Lava-Pés, na
Igreja Matriz de Sardoal. “Esta
cerimónia simboliza o que
Cristo fez no Cenáculo, com
os discípulos. À noite realiza-
se a procissão do Mandato,
também conhecida como dos
Fogaréus ou do Senhor da Mi-
sericórdia”, explica o pároco.
Mais adiante salienta “este é
um tempo de refl exão.
Terminamos o evangelho na
Quinta-Feira Santa com a ex-
pressão “Amai-vos uns aos ou-
tros como Eu vos amei”, que
está simbolizada na cerimó-
nia do Lava-Pés, e depois faz-
se a procissão. O nome origi-
nal é Procissão do Mandato, e
é isso mesmo que vamos fa-
zer. Vamos para a rua anun-
ciar o que Cristo nos mandou
fazer”.
Na Sexta-Feira Santa não
se realiza missa, é conhecido
como um dia alitúrgico, “mas
os cristãos reúnem-se para ce-
lebrar e fazer memória da Pai-
xão de Cristo”. Neste dia faz-se
a Leitura da Paixão do evan-
gelho de S. João, faz-se a Ado-
ração à Cruz, e uma Oração
especial que se chama Oração
Universal. No fi nal do dia rea-
liza-se a Procissão do Enterro
do Senhor.
O padre Carlos recorda que
o sábado é um dia para medi-
tar. “Nesse dia meditamos na
Morte de Cristo. É conhecido
como um dia de trevas e escu-
ridão, porque se anuncia uma
grande luz, que vem dar senti-
do à nossa vida.
Por isso, às 22h, é celebrada,
na igreja matriz, a grande Vigí-
lia Pascal e a Bênção do Lume
Novo. Acende-se o Sírio Pas-
cal, uma vela grande e gros-
sa, e depois entra-se na Igreja,
ao som de um hino muito an-
tigo”. No Domingo de Páscoa
realiza-se a Procissão da Res-
surreição e termina-se com
uma Eucaristia, na igreja ma-
triz.
O padre Carlos Almeida
manifesta a sua insatisfação
pela falta de devoção nas
cerimónias litúrgicas, refor-
çando que a maioria dos visi-
tantes passa pelo Sardoal nes-
ta altura “pelo aparato, pelo es-
pectáculo exterior e não tanto
por consciência cristã”. Regis-
ta com mágoa que durante o
ano não se vê muitas pessoas
na igreja. As pessoas não par-
ticipam regularmente nos sa-
cramentos, na catequese. “Te-
nho-me confrontado com a
falta de pessoas para organi-
zar um coro ou até um grupo
de leitura.
Reconheço, infelizmente,
que os jovens não participam
na vida religiosa do Sardoal.
As primeiras missas que cele-
brei no Sardoal tinham ape-
nas 20 pessoas, já com algu-
ma idade. Não tem sido fácil
puxar os jovens. Estou aber-
to a trabalhar com eles, mas
nunca ninguém me procurou
com algum tipo de iniciativa
para avançar. Acho que ainda
não existe um ambiente cria-
do onde eles se possam sentir
acolhidos, por isso ainda não
fui mais ao encontro deles”.
Perde-se no tempo esta
tradição, que segundo re-
latos é única em Portugal.
Moradores de várias ruas
da vila, associações, alunos
e professores do Agrupa-
mento de Escolas de Sardo-
al, funcionários da Câmara,
no fundo toda a comuni-
dade sardoalense reúne-se
em pequenos grupos para
enfeitar as várias capelas e
igrejas, sobretudo na Quar-
ta-Feira Santa.
Manuela Grácio e o seu
grupo enfeitam há muitos
anos a Capela de S. Sebas-
tião, que se situa logo no
início da vila. A recolha de
fl ores e verduras é feita por
todos, algumas no campo
mas a maioria em jardins.
Muitas pessoas de outras
freguesias oferecem as fl o-
res dos seus jardins. Quan-
do não conseguimos mui-
tas fl ores, como é o caso
deste ano devido ao inver-
no rigoroso que tivemos, e
se ninguém nos oferecer,
temos que comprar”, ex-
plica Manuela Grácio. Um
valor que é repartido pelo
grupo. Para além de en-
feitarem o chão da Capela
de S. Sebastião este grupo
é também o guardião do
espaço. Fazemos a limpe-
za da Capela, renovamos
jarras e outros acessórios
que estejam danifi cados e
quando são organizadas
excursões vamos abrir as
portas da Capela para os
visitantes. Manuela Grácio
recorda que esta tradição
já vem de pais para fi lhos,
e apesar da própria já não
morar na rua, continua a fa-
zer parte do grupo. Temos
lá uma senhora de 87 anos
que é a mais velha. Mas va-
mos tendo também malta
jovem. Esta tradição das ca-
pelas enfeitadas tem a vir-
tude de activar por dentro
a comunidade local. Como
é fácil de perceber, pessoas
de vários estratos etários e
sociais desenvolvem entre
si laços de comunicação e
pertença que não são ha-
bituais nas funções sociais
comuns e diárias.
PADRE CARLOS ALMEIDA, PÁROCO DO SARDOAL
“´É importante as pessoas perceberem o que é celebrado”
Capelas enfeitadasPaul
o So
usa
ABRIL2010
jornaldeabrantes
14 especial sardoal
As procisões do SardoalMARIA JOÃO RICARDO
Procissão dos Passos do Senhor
A imagem de Cristo Crucifi cado, em
tamanho natural, vergado sob o ma-
deiro, com vestes de cor roxa, é o cen-
tro das atenções desta Procissão, que
percorre as principais ruas da vila. A
Irmandade da Vera Cruz organiza esta
Procissão.
Na Praça da República, junto ao
Pelourinho, é pregado o Sermão do
Encontro, cuja temática incide sobre
a Paixão e a Morte do Senhor. De se-
guida, dá-se o Encontro simbólico da
imagem de Cristo Crucifi cado e da
Sua Santíssima Mãe.
Acompanhadas pela Filarmónica
União Sardoalense, as duas Imagens
e todo o cortejo religioso seguem até
ao Largo do Convento de Sta. Maria da
Caridade, onde é pregado o Sermão
do Calvário. Seguidamente expõe-se
aos fi éis uma imagem de Cristo Cru-
cifi cado, em tamanho natural, que se
encontra num oratório, na parede da
Capela do Senhor dos Remédios, que
normalmente só é aberto durante
este Sermão. A Procissão regressa à
Igreja Matriz onde termina.
Procissão dos RamosNeste dia a Procissão dos Ramos sai
da Capela do Espírito Santo para a
Igreja Matriz, a lembrar a entrada de
Jesus em Jerusalém. Antes da Procis-
são, realiza-se a bênção ritual dos Ra-
mos. A Irmandade do Santíssimo Sa-
cramento, que veste de vermelho,
acompanha a Procissão.
Procissão do Senhor da Misericórdia ou Fogaréus Na noite de Quinta-Feira Santa sai da
Igreja Matriz a Procissão do Senhor da
Misericórdia, do Mandato ou também
conhecida por Procissão dos Foga-
réus, que tem o Sermão do Mandato
na Igreja de Sta. Maria da Caridade.
A Irmandade da Misericórdia, é a
responsável pela organização desta
Procissão, e os seus Irmãos juntam-
se aos fi éis, envergando capas (opas)
negras, e seguem uma ordem pró-
pria recolhida numa edição de 1935
do Jornal de Abrantes. (ver Curiosida-
de). Pelo facto desta procissão se rea-
lizar à noite, e como a iluminação da
via pública é desligada, havendo ape-
nas a luz de archotes, velas, lanternas
e lamparinas, tanto nas janelas, varan-
das e sacadas como na mão dos fi éis
que acompanham o cortejo religio-
so, começou a ser conhecida também
como Procissão dos Fogaréus. Contu-
do o seu nome original é Procissão do
Mandato.
Procissão do Enterro do Senhor
Na Sexta-Feira Santa sai à rua, à noi-
te, a Procissão do Enterro do Senhor,
em que participam as Irmandades da
Vera Cruz e do Santíssimo Sacramen-
to. O percurso é feito pelas ruas velhas
da vila de Sardoal, passa pela Igreja
de Sta. Maria da Caridade e regressa
à Igreja Matriz, onde se realizam as
cerimónias do Enterro do Senhor.
Procissão da RessurreiçãoA Procissão do Domingo de Páscoa
recorda Cristo Ressuscitado. Sai da
Igreja Matriz, acompanhada pela Ir-
mandade do Santíssimo Sacramento,
capas vermelhas, mas com um per-
curso mais curto que o das anterio-
res Procissões. Regressa depois para
a Igreja Matriz. Por onde esta passa,
as ruas são ornamentadas com fl ores
e verduras, e nas janelas são coloca-
das bonitas colchas, de particulares e
também cedidas pela autarquia.
Uma curiosidade
Jornal de Abrantes dita a ordem na procissão No nº 3 do boletim in-
formativo da Câmara Municipal do
Sardoal pode ler-se o seguinte.
De acordo com notícia publicada pelo
“JORNAL DE ABRANTES”, de 7 de Abril
de 1935, a Procissão dos Fogaréus, que
está a cargo da Irmandade da Miseri-
córdia, e é composta da seguinte forma:
“Abre a Procissão um Irmão com o Se-
nhor da Misericórdia. Seguirá o Secretá-
rio da Mesa com vara preta; o Tesourei-
ro com a bandeira e dois Irmãos, um de
cada lado com lanternas; um Mesário
com vara; o primeiro painel com duas
lanternas; um Mesário com uma vara;
o segundo painel com duas lanternas;
o terceiro painel com duas lanternas; o
quarto painel com duas lanternas; a Ir-
mandade da Misericórdia com tochas
acesas; o Padre com o Senhor, indo dos
lados quatro Irmãos com lanternas; o
Provedor com a sua vara, ladeado por
outros elementos ofi ciais. Entre a Ir-
mandade e o Senhor irá o Corpo Eclesi-
ástico”. Esta é uma das funções de um
jornal mais que centenário.
Irmandade da Vera CruzA cargo desta Irmandade es-
tão as Procissões dos Passos do
Senhor e do Enterro do Senhor.
A Irmandade da Vera Cruz exis-
te desde 1870.
A Mesa Administrativa é
composta pelo Reitor e cinco
Irmãos. Todos os elementos
desta Irmandade pagam uma
quota simbólica, cujo valor re-
verte para a Igreja. “A Irman-
dade é organizada pelos su-
periores eclesiásticos. Temos
um compromisso próprio, reli-
gioso, canónico”, salienta José
Curado, o Reitor.
Para angariar dinheiro, orga-
nizam um peditório antes da
Semana Santa, para apoiar a
Igreja e para algumas despesas
da Irmandade, como acessó-
rios e novas capas. “No dia das
Procissões, as nossas capas ou
opas têm cor roxa. Organiza-
mo-nos para saber quem leva
as imagens, as lanternas, as
varas, o guião e organizamos
também os anjinhos, crianças
pequenas vestidas de anjo.
Muitos pais doam os fatos de
anjinhos dos seus fi lhos à nos-
sa Irmandade, para que outras
crianças possam fazer parte da
procissão”.
Irmandade do Santíssimo Sacramento
Data de 1878 o novo com-
promisso da Irmandade
do Santíssimo Sacramento.
Arnaldo Cardoso é o Juiz que
preside a esta Irmandade. Ac-
tualmente tem 64 Irmãos, ho-
mens, mulheres e jovens. To-
dos os anos pagam uma quo-
ta, cujo valor reverte para a
Igreja. Usam capas ou opas
de cor vermelha, e organizam
a Procissão dos Ramos e a Pro-
cissão da Ressurreição. Em co-
laboração com a Irmandade
da Vera Cruz organizam a Pro-
cissão do Enterro do Senhor.
Na Procissão da Ressurreição
dois Irmãos vão a segurar as
borlas do Guião. Vem depois o
cortejo religioso com a popula-
ção, segue-se o estandarte da
Irmandade, os pajens (jovens),
os Irmãos que vestem as capas
vermelhas, outros Irmãos que
levam as varas do Pálio, e as
lanternas que acompanham.
Por último os restantes Irmãos.
Esta Irmandade tem uma par-
ticipação especial na cerimó-
nia do Lava-Pés, na Quinta-Fei-
ra Santa, na Igreja Matriz. Este
é um momento simbólico que
recorda quando Jesus Cristo la-
vou os pés aos Apóstolos. An-
tes da Semana Santa é feito um
peditório na freguesia.
A Irmandade participa nas
festas de Domingo de Ramos,
Quinta-Feira Santa, Sexta-Fei-
ra Santa, Domingo de Páscoa,
Pentecostes, Corpo de Deus
e Imaculada Conceição. Insti-
tuída na Igreja Paroquial de S.
Tiago e S. Mateus, é reconheci-
da pela Diocese de Portalegre
e Castelo Branco. Em Março do
ano passado, o bispo diocesa-
no aprovou o actual compro-
misso.
Irmandade da Misericórdia
A Misericórdia de Sardoal
tem cerca de 400 Irmãos. Por
esta altura organiza a Procissão
do Senhor da Misericórdia ou
Fogaréus. Utentes e funcioná-
rios enfeitam o chão da Capela
do Senhor dos Remédios e da
Igreja de Sta. Maria da Carida-
de, com tapetes de fl ores.
Vestidos de negro, vários Ir-
mãos acompanham o Senhor
da Misericórdia, com as ban-
deiras da instituição e painéis
com cenas da Paixão, em has-
te. À frente vai um lampião
com sete velas a representar
as sete obras da Misericórdia, e
no fi m da Procissão a imagem
do Senhor. Anacleto Batista,
provedor da Santa Casa, relem-
bra que “a Irmandade da Sta.
Casa da Misericórdia de Sardo-
al existe desde 1509. Antes era
conhecida como Confraria de
Sta. Maria da Caridade. Somos
uma Irmandade constituída
no âmbito da génese das Mise-
ricórdias”. A Sta. Casa de Sardo-
al espera a aprovação da Ad-
ministração Regional de Saú-
de para a construção de uma
Unidade de Cuidados Continu-
ados Integrados, uma valência
“cada vez mais necessária para
dar resposta a muitas situa-
ções que temos. O nosso espa-
ço está muito limitado e a lista
de espera é grande”. Para o fu-
turo, fala de um sonho. “Que-
remos fazer um Centro de Dia
anexo a uma propriedade da
Misericórdia, quando se vai de
Sardoal para Venda Nova. Em-
bora seja um sonho, não de-
sistimos de alcançá-lo”. Actual-
mente a Sta. Casa de Sardoal
tem uma valência de Lar, com
44 utentes e um Centro de
Dia que apoia 48 utentes. No
apoio domiciliário contam-se
66 utentes e em residências as-
sistidas são 36.
As irmandadesPaul
o So
usa
ABRIL2010
jornaldeabrantes
especial sardoal 15
MARIA JOÃO RICARDO
De todos os lugares que Sardoal tem, o Vale do Ca-bril possui um misto de na-tureza no seu estado mais puro, de calma e de sereni-dade. Várias espécies fazem daquele local o seu habitat, misturando-se na densa ve-getação, nos salgueiros e nos amieiros.
O Vale do Cabril é verde,
perfumado, tem águas crista-
linas, convida à refl exão, con-
templação, com um sentido
de espiritualidade que não
se constrói, apenas existe.
O Vale do Cabril estende-
se desde a Rosa Mana, na al-
deia da Presa, até à Barragem
da Lapa, na aldeia de Entre-
vinhas. O nome Rosa Mana
vem de outros tempos. O ter-
reno pertencia a uma famí-
lia que tinha duas irmãs – a
Rosa e a Maria Rosa. Ao lon-
go dos tempos a população,
para identifi car o espaço di-
zia “aquele terreno da rosa e
da mana”. Daí extrapolou o
nome para “Rosa Mana”. Aqui
encontra-se uma praia fl uvial
e um espaço de lazer, ao ar li-
vre, para miúdos e graúdos.
Possui uma ribeira que atra-
vessa o terreno em toda a
sua extensão e onde outrora
existiam várias azenhas. Ago-
ra estão desactivadas, mas
permanecem ainda como
marca da história daque-
la zona. Mais à frente a Bar-
ragem da Lapa. Sem dúvida
um fi m-de-semana diferen-
te, sempre em contacto com
a natureza. Para lá chegar é
muito fácil. Saindo da vila de
Sardoal, passa-se por Alcara-
vela, depois Presa e chega-se
até Rosa Mana. Depois é fa-
zer o percurso a pé, em con-
tacto com a natureza até às
azenhas, descobrindo a bele-
za daquele local, terminando
na Barragem da Lapa. Este
percurso fará no futuro par-
te da Rota do Pão, um projec-
to que a autarquia de Sardoal
pretende recuperar.
Rosa Mana e Barragem da
Lapa, são dois dos muitos lo-
cais a visitar no concelho, e
que representam uma mais-
valia de rentabilização eco-
nómica e cultural para o Sar-
doal.
O programa da Semana SantaPrograma ReligiosoDomingo, 28 de março15h - Procissão dos Ramos, Celebração da Eucaristia.
Quinta-Feira Santa, 1 de abril19h - Missa Vespertina da Ceia do Senhor (Igreja Matriz), Ceri-
mónia do Lava-Pés e Trasladação, Adoração com a participa-
ção dos Irmãos da Irmandade do Santíssimo Sacramento.
21h30 - Procissão do Senhor da Misericórdia (ou Fogaréus),
Sermão do Mandato (a cargo da Irmandade da Sta. Casa da
Misericórdia, na Igreja do Convento). Esta Procissão é feita à
luz de velas, archotes e candeeiros, com a electricidade da
rede pública desligada.
Sexta-Feira Santa, 2 de abril17h - Celebração da Paixão do Senhor, Adoração da Cruz.
18h30 - Procissão do Enterro do Senhor, Sermão da Soledade
(Enterro), a cargo da Irmandade da Vera Cruz e do Santíssimo
Sacramento.
Sábado Santo, 3 de abril22h - Vigília Pascal, Bênção do Lume Novo, Bênção da Água,
Renovação das Promessas do Baptismo e Ressurreição do Se-
nhor.
Domingo de Páscoa, 4 de abril15h - Procissão da Ressurreição do Senhor, Missa Pascal.
Programa ComplementarAté 15 de Maio - Centro Cultural Gil Vicente - Exposição de
Arte Sacra Sta. Casa da Misericórdia de Sardoal - 500 anos de
Arte - com peças de enorme valia e raridade do acervo da Sta.
Casa de Sardoal
Horário na Semana Santa: 28 março - das 15 às 18h; 1 de abril
- das 15h às 21h30; 2 de abril – das 15h às 20h; 4 e 5 de abril -
das 15h às 18h. Horário normal: terça a sexta-feira das 16h às
18h; sábados das 15h às 18h; encerra aos domingos, segun-
das-feiras e feriados.
Dia 2 de abril – 9h00 - 4º Passeio Pedestre - Património de
Fé.
Dia 4 de abril - 17h - Centro Cultural Gil Vicente - Recital de
piano a quatro mãos - entrada livre.
Dias 21 e 28 de março e 1, 2, 3 e 4 de abril - Quiosque com
venda de amêndoas - Espaço de entrada da Casa Grande.
VALE DO CABRIL
A natureza no estado puro
ABRIL2010
jornaldeabrantes
16 especial sardoal
Para divulgar as Solenidades da Quaresma, Semana Santa e Páscoa no concelho, foi editada pela Jun-ta de Freguesia do Sardoal uma co-lecção de oito calendários de bolso para 2010.
As fotos mostram imagens ou
símbolos que enfeitam os chãos
das igrejas da Misericórdia e do
Convento de Sta. Maria da Carida-
de e das capelas de S. Sebastião,
Senhor dos Remédios, Sant’ Ana,
Santa Catarina, Nossa Senhora do
Carmo e Espírito Santo. As fotos
são da autoria do fotógrafo sardoa-
lense Paulo Sousa. De Quinta-feira
Santa até Domingo de Páscoa, es-
tão abertas ao público as capelas
e igrejas, que se encontram enfei-
tadas, no chão, com tapetes à base
de pétalas de fl ores e verduras na-
turais. Esta original tradição, que se
pensa ser única no país, é efectua-
da por grupos de moradores, alu-
nos e professores do agrupamento
de Escolas e entidades associativas,
na noite de Quarta-feira. Este ano, a
Festa do Espírito Santo ou do Bodo,
a 23 de Maio, encerra este ciclo da
liturgia cristã. Os interessados em
adquirira esta colecção de calen-
dários devem contactar 241 855
169 ou o e-mail: j.freguesia.sardo-
Igrejas e capelas do SardoalCOLECÇÃO DE CALENDÁRIOS
• Capela Santa Catarina
• Capela do Espírito Santo • Capela de Nossa Senhora do Carmo • Capela de São Sebastião • Capela de Sant’ Ana
• Capela Senhor dos Remédios • Convento Santa Maria da Caridade • Igreja da Misericórdia
Fotos: Paulo Sousa
jornaldeabrantes
17
As Festas de Constância souberam juntar um fundo religioso que vem da tradição e uma parte profana que tem sido cultivada com cuidado e rigor. Os resultados impõem-se tanto na região como nos forasteiros que atrai de todo o país. A bênção dos barcos é um dos momentos principais.
Constância celebra Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem
especial
constância
ABRIL2010
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18 especial constância
Entrou na Câmara como presiden-te em Outubro passado. Vindo não da política, mas do ensino e da ci-ência. Mostra-se atento e cautelo-so, mas fi rme a seguir em frente. Habituado a olhar as estrelas, ma-tem-se atento ao lugar onde colo-ca os pés.
Como foi a entrada na Câmara?Com alguma expectativa, embo-
ra também com alguma preocu-
pação. A única certeza é que vinha
com vontade de trabalhar. Quanto
ao que havia para fazer, não trazia
preocupações de inovar, mas de
aproveitar o andamento do com-
boio, que era bom e seguro. Foi
preciso começar por perceber o
funcionamento da Câmara naqui-
lo que ainda não conhecia e os me-
andros da ligação com as outras câ-
maras e com o poder central. Tem
sido interessante.
Quer dar continuidade, portan-to. Mas um homem novo traz um olhar novo, não?
Não diria um olhar novo. Posso é
contar com alguns problemas re-
solvidos que me permitem agora
olhar para outro lado. Quase não
preciso de me preocupar com sa-
neamento básico, com estradas...
No presente mandato e no próxi-
mo, partindo do princípio de que
não fi carei apenas quatro anos,
gostava de ver resolvidos alguns
aspectos do património, sobretu-
do na zona histórica. Custa muito
dinheiro, mas estamos a defi nir es-
tratégias para ir buscá-lo. Ao nível
do turismo, apostamos não apenas
em trazer pessoas cá, mas em fa-
zer participar as populações locais
como actores, o que tem também
uma importância social muito sig-
nifi cativa.
Estas Festas são uma grande aposta do Município, uma apos-ta que vem de trás.
É a maior aposta de mobilização
das pessoas, quer do concelho,
quer de fora. E são já uma imagem
de marca. São uma recuperação fei-
ta pelo presidente António Mendes
e a sua equipa, que resultou muito
bem, de pegar na tradição de uma
festa religiosa, incentivá-la a que se
tornasse mais viva e associar-lhe a
outra parte civil, ou pagã. Para além
de trazer turistas a Constância, é a
grande ocasião em que as pessoas
e as colectividades do concelho se
envolvem num projecto comum.
Desse modo, as pessoas convivem
entre si para a realização do seu
projecto e, além disso, conseguem
obter alguma receita que lhes per-
mite enfrentar as suas difi culdades.
Tem, portanto, diversas componen-
tes, umas mais viradas para o exte-
rior, como a bênção dos barcos, ou-
tras mais viradas para a população
local. São um marco que queremos
preservar.
Há alguma componente nova que deva ser testada nas Festas?
Para estas primeiras nem teria
havido tempo. Para as próximas,
não queremos mexer muito, mas,
já com um primeiro sinal este ano,
vamos tentar agilizar as estrutu-
ras. Agora são meses de trabalho
dos funcionários da Câmara, a co-
locar postes e palcos, a decorar as
ruas e depois a tirar tudo. Por vezes
com algum prejuízo estético para
o centro histórico. Vamos procurar,
na medida em que nos seja possí-
vel do ponto de vista fi nanceiro, fa-
zer alguma coisa que agilize o pro-
cesso e não colida com a estética
do local. Para lá disso não se justi-
fi ca mexer na estrutura da Festa. E
queremos manter também as Po-
monas Camonianas, por altura do
10 de Junho, esta mais com um ca-
rácter cultural.
Quais são os próximos grandes desafi os do concelho de Cons-tância naquilo que depende do concelho?
Os concelhos em geral e os mais
pequenos em particular dependem
muito do que vem de fora. Com o
orçamento corrente da Câmara,
chegamos ao fi m do ano com me-
nos de meio milhão de euros para
investimento, que não chega para
nada. Mas no que depende de nós,
mantendo o nível da despesa, va-
mos procurar fazer alguma recupe-
ração do património, não só mate-
rial mas também imaterial, do que
as pessoas sabem contar do que
foi a sua vida, os usos e costumes,
as tradições, e o testemunhos das
mudanças que foram acontecen-
do ao longos das várias décadas,
para melhor percebermos a nos-
sa intervenção hoje. Podemos ani-
mar o associativismo, procurar que
os equipamentos que temos sejam
mais e melhor fruídos pelas pesso-
as que cá vivem. Queremos imple-
mentar alguns encontros simples,
como percursos de bicicleta ou an-
dar a pé ao domingo de manhã, ou
tratar uma horta comunitária. Pre-
servar o artesanato que tende a
perder-se. São iniciativas que não
exigem grandes investimentos. No
fundo, é pôr os quatro mil habitan-
tes a viver mais em conjunto, sobre-
tudo em iniciativas próprias.
A economia concelhia está muito assente em dois pilares, a Caima e a Tuperware. Há perspectivas de diversifi cação?
Uma autarquia, sobretudo de um
concelho pequeno, não pode fazer
muito. Isso depende sempre dos in-
vestidores. Neste momento de cri-
se, para nós já é muito bom poder-
mos pensar que tanto uma como a
outra vão resistir à crise. Depois, a
própria Caima está a procurar essa
diversifi cação, quer através da bio-
massa, que do projecto de uma mi-
ni-hídrica no Zêzere, que, embora
não crie postes de trabalho, cria ri-
queza e consolida a empresa. Não
podemos fazer muito mais. Gosta-
ríamos de ter na população mais
jovens, com capacidade de inicia-
tiva para a criação de pequenas in-
dústrias, ou na prestação de servi-
MÁXIMO FERREIRA, PRESIDENTE DA CÂMARA DE CONSTÂNCIA
“Fazer recuperação do património e pôr as pessoas a viver em conjunto”
ABRIL2010
jornaldeabrantes
especial constância 19
A ponte e o açude são feridas em aberto?
Sobretudo a ponte. A nossa po-
pulação sente-se, de facto, ferida.
Não ferida de inveja, por a pon-
te ser ali ou além. Ferida por não
ter uma ponte, por não ter um
meio digno e segurode ligar as
duas margens. Lembro que te-
mos uma ponte em vistas de ser
classifi cada pelo Instituto de Es-
tradas de Portugal como “em pré-
ruína”, o último dos graus depois
do “muito mau” que é o grau qua-
tro. Temos, portanto, uma ponte
que é reconhecida pelo menos
por uma entidade ofi cial que está
nesse estado, o que signifi ca que
não há grande segurança na pas-
sagem. E foi já por isso que, em
2001, quando foi feita a avaliação
de grau três, houve a decisão de
interditar a passagem de pesa-
dos na ponte, o que signifi cava já
a consciência da falta de seguran-
ça. Temos agora a utilização por
ligeiros, mas em modo alterna-
do, e com um número crescente
de utilizadores, perto de quatro
mil por dia. Isto signifi ca um con-
junto de constrangimentos mui-
to penalizadores para as pesso-
as, para as indústrias e até para o
Campo Militar de Santa Margari-
da. Por exemplo, por falta de pon-
te, alguns fornecedores deixaram
de trazer madeira para a Caima e
passaram a levá-la para a Figuei-
ra, portanto com prejuízos para
a empresa e para a nossa econo-
mia. Sabemos que da parte do
poder central a nova ponte está
por agora posta de parte e a re-
cuperação da ponte actual está
adiada, mesmo nesta situação
altamente defi citária de trânsito
alternado. Temos, portanto, que
continuar a insistir.
ços. Podemos incentivar, mas não
mais que isso. Queremos é envol-
ver as pessoas em iniciativas que,
embora não lhes dêem o pão para
a boa, as mantenham com ânimo e
capacidade de resistir sem fi carem
de braços cruzados e até a procura-
rem mais formação para aproveitar
melhor a saída da crise.
Como é a relação com as outras autarquias, as mais próximas e ao nível do Médio Tejo?
Quem entra de novo tem que ir
dando passos com algum cuidado.
Sobretudo para não estragar o que
estava feito. E depois, se possível,
aprender a dar passos mais largos.
A nossa integração na Comunidade
Intermunicipal tem sido boa. Exis-
tem projectos comuns com con-
celhos vizinhos, por exemplo com
Abrantes, em virtude de uma rela-
ção que vem já do G.A.T. Mas tam-
bém no âmbito do Parque Almou-
rol, ou num projecto de ligação
aos rios. Quanto a passos mais ex-
ternos, somos comedidos. Mesmo
assim, temos em perspectiva, por
exemplo, uma geminação com o
município do Tarrafal de S. Nicolau,
em Cabo Verde, o que faz com que
os dois municípios aqui vizinhos fi -
quem geminados com dois muni-
cípios vizinhos lá.
O Centro de Ciência Viva está bem entregue?
Continua muito bem entregue. O
presidente da Câmara é também
presidente do Centro Ciência Viva.
(risos) De resto, quando começou
a desenhar-se a hipótese de eu vir
para a Câmara, tive o cuidado de
preparar a equipa, de modo que o
Centro Ciência Viva já pode funcio-
nar muito bem sem mim, embora
eu continue a dar todo meu apoio.
Além disso, transformámos o
Centro numa associação, o que era
um imperativo para estar a par com
os outros Centros, e isso agilizou o
seu funcionamento e abriu novas
possibilidades de fi nanciamento.
Por exemplo, a Agência Nacional
passou a poder fi nanciar despesas
de funcionamento, o que até en-
tão não podia. E com esta liberda-
de burocrática estamos muito mais
integrados com os outros Centros.
Além disso, um novo fi nanciamen-
to vai permitir-nos passar de um
para dois planetários. São apenas
três meses de autonomia, mas nos
quais já obtivemos resultados mui-
to positivos, para o Centro e para a
Câmara.
E o pavilhão multiusos?Muito provavelmente entrará em
obra já este ano. O fi nanciamen-
to está garantido pelo QREN, com
a particularidade de a Agência Na-
cional poder agora, com o novo es-
tatuto de associação, assumir parte
da componente nacional que, sem
isso teria de ser assumida pela Câ-
mara, o que já estava, aliás, apro-
vado pelo Executivo anterior. Mais
uma vez, a Câmara fi cou a ganhar.
ABRIL2010
jornaldeabrantes
20 especial constância
Júlia Amorim é a verea-dora que vem do Executivo anterior e faz a ligação. Tem, entre outros, o pelouro da educação. Qual o estado da educação no concelho?
As instituições responsáveis
pela educação no concelho
têm feito um grande esfor-
ço para que se alcancem re-
sultados ao nível do sucesso
educativo dos alunos. Suces-
so não apenas ao nível dos
resultados escolares em sen-
tido restrito, mas também
quanto aos seus percursos
educativos. Diferentes alunos,
mas todos sem excepção, têm
que ter diferentes oportuni-
dades para poderem formar-
se de acordo com as suas ap-
tidões cognitivas e das suas
formas de estar na vida. E falo
tanto das escolas ou do Agru-
pamento de Escolas, como da
autarquia, das empresas e das
associações que também têm
aqui um papel muito impor-
tante, embora nem sempre
se apercebam de que o estão
a fazer.
O parque escolar e as ou-tras infraestruturas educa-tivas estão consolidadas?
Temos sempre preocupa-
ções. O nosso parque escolar,
ao nível do jardim de infância
e do primeiro ciclo, está con-
servado de modo a respon-
der às necessidades, mas não
está estruturalmente ade-
quado. Por exemplo na edu-
cação físico-motora, nas acti-
vidades de enriquecimento
curricular, enfi m, na respos-
ta à nova fi losofi a da escola
a tempo inteiro e à compo-
nente de apoio à família, que
é também importante. Nesse
sentido não responde às no-
vas exigências que hoje se co-
locam. Há portanto obra a fa-
zer. A nossa Carta Educativa
apontou para a criação de
três centros educativos, um
em cada freguesia. A Direcção
Regional queria menos cen-
tros educativos, mas foi nos-
so entendimento que, em-
bora possa parecer um pou-
co excessivo em termos de
aproveitamento de recursos,
o nosso território exige um
em cada freguesia. O de Cons-
tância vai ser feito ao lado da
sede do Agrupamento apro-
veitando os recursos já aí ins-
talados, por exemplo a cozi-
nha e o refeitório, que podem
ser comuns. O centro escolar
de Santa Margarida está em
construção e prevê-se entrar
em funcionamento no início
ano lectivo de 2011-12. O de
Constância deve iniciar-se já
em Outubro. E o de Montalvo
está um pouco mais atrasado
por problemas com a proprie-
dade do terreno, mas estão ul-
trapassados e pensamos ini-
ciar a obra pelo menos no iní-
cio do próximo ano civil.
O Conselho Municipal da Educação de Constância foi
um dos pioneiros na região, já lá vão muitos anos. Conti-nua a funcionar bem depois das alterações legislativas?
(risos) Eu já nem me lembra-
va de que tínhamos sido pio-
neiros, com o Conselho Local
de Educação, criado creio que
em 95.
O grande objectivo era colo-
car os professores a trabalhar
em conjunto, planear as acti-
vidades com antecedência e
tentar cruzá-las com as activi-
dades da autarquia e das ou-
tras entidades da comunida-
de educativa. Foi muito im-
portante, permitiu às pessoas
aprender a trabalhar em con-
junto, a fazer cedências mútu-
as, a rentabilizar recursos ma-
teriais, humanos e fi nanceiros.
O facto de se terem organiza-
do actividades em conjunto
permitiu fazer uma articula-
ção entre professores sobre-
tudo do primeiro ciclo e dos
seguintes. Por isso, quando
se colocou o problema dos
agrupamentos de escolas, em
Constância foi natural e unâ-
nime que fosse um agrupa-
mento vertical e fez-se sem
problemas. Com a nova legis-
lação, piorou. Porque tem um
papel muito consultivo, de
emissão de pareceres, e por-
que os principais actores do
processo não estão presen-
tes de direito mas são apenas
convidados e digamos que
não se sentem ali por inteiro.
Ou seja, os professores estão
representados, mas as escolas
não estão, e só uma Junta de
Freguesia.
As outras e o Agrupamen-
to de Escolas são convidados
a participar mas não têm di-
reito de voto, não é a mesma
coisa. Além disso, surgiu todo
um conjunto de comissões
- RSI, Acção Social, Seguran-
ça, CPCJ, etc. – e há vários par-
ceiros que fazem parte de to-
das elas. Em resumo, hoje não
é um órgão que nos satisfaça
em termos de funcionamen-
to.
A resposta em termos de necessidades educativas es-peciais é satisfatória?
A que é dada através do
CRIA e dos congéneres de En-
troncamento e Torres Novas é
boa. Já ao nível das nossas es-
colas, sentimos que há falta
de quadros técnicos qualifi ca-
dos que possam apoiar esses
alunos e mesmo os pais. Há
uma parceria entre o Agrupa-
mento e o CRIA, que dá algum
apoio, mas não é sufi ciente.
No capítulo dos adultos, há a iniciativa recente da Universidade Sénior.
Funciona na freguesia de
Santa Margarida e surgiu na
sequência de um programa
de luta contra a pobreza. Faz o
seu trabalho e, ao seu nível, dá
uma boa resposta.
Se lhe saísse a “sorte gran-de”, que faria com ela?
(risos) Contratava uma equi-
pa técnica para trabalhar com
a nossa comunidade local,
com as forças vivas do con-
celho, e elaborar um projecto
educativo concelhio. Não “do
Agrupamento de Escolas”, mas
“concelhio”. Por exemplo, para
que as nossas associações pu-
dessem perceber melhor o
importante papel educativo
que têm e o assumissem me-
lhor. Depois, investia no apoio
e acompanhamento directo
de famílias em que vemos al-
guma falta de competências
sociais. Gostava de criar rique-
za, para que as pessoas pu-
dessem viver melhor, mas não
lhes dava o dinheiro em sub-
sídios, fomentava o empreen-
dedorismo…
VEREADORA JÚLIA AMORIM
Se pudesse, investia num projecto educativo concelhio e no apoio directo às famílias
GEOLOGIA, BORBOLETAS E ÁGUA PARA APRENDER NO JARDIM ÁRABE
Parque Ambiental de Santa Margarida“Novos equipamentos relacio-
nados com a geologia e um bor-
boletário tropical” são alguns dos
próximos projectos do Parque
Ambiental de Santa Margarida, se-
gundo Tiago Lopes, o responsá-
vel por este equipamento da au-
tarquia. “Sempre com uma função
turística e outra pedagógica”, su-
blinha. E para valorizar o elemen-
to água, vamos alterar um pou-
co a entrada sul e criar um jardim
árabe.” É assim, a vida também ali
não pára. Março é o Mês do Am-
biente. Mas no Parque Ambiental
de Santa Margarida, o ambien-
te é vedeta e projecto todo o ano.
Inaugurado em 2002, portanto
quase a fazer oito anos, dedica-
do ao lazer, depressa se percebeu
as potencialidades didácticas que
oferecia. Hoje é visitado por cerca
de 30.000 pessoas por ano. Sobre-
tudo escolas, mas também famí-
lias. Ao longo dos anos, segundo
Tiago Lopes, engenheiro de recur-
sos naturais, tem havido um “con-
tinuado esforço de equipamento
que permita melhorar a função di-
dáctica do Parque e fazer uma dife-
renciação dos outros parques exis-
tentes na região”. O Parque tanto é
utilizado por iniciativa das pesso-
as ou grupos, como há actividades
programadas para as quais as pes-
soas e os grupos são convidados a
aderir. No ano passado, por exem-
plo, “tivemos 8.001 pessoas a fazer
actividades connosco, o que é bas-
tante bom.” No plano anual con-
tam-se actividades para celebrar
o Dia Mundial da Floresta e o Dia
da Água, os percursos pedestres,
mensais, a Feira da Primavera, em
Maio, os Aromas e Sabores da Na-
tureza, em Novembro. São “alguns
exemplos daquilo com que as pes-
soas já contam”.
A embrulhar tudo isto, a calma e
a tranquilidade convidam à pau-
sa e á contemplação. Um remédio
para o corpo e para a alma.
ABRIL2010
jornaldeabrantes
Manuela Arsénio estreia-se como vereadora no actu-al executivo. Tem, entre ou-tros, o pelouro do Turismo. Qual a situação do concelho em termos de turismo?
O que, de momento nos
faz mais falta, é um projecto
de desenvolvimento turísti-
co sedimentado e com linhas
orientadoras bem delineadas.
É claro que tudo o que faze-
mos tem uma boa intenção,
mas precisa de ser enquadra-
do. O turismo no concelho as-
senta em alguns pilares fun-
damentais: a natureza, os rios.
a ciência. Temos que investir
mais em “Constância, vila po-
ema”. Sente-se ainda pouco a
poesia na sede do concelho.
Há projectos que conheço
que gostaria de adaptar aqui.
É preciso explorar a activida-
de “marítima”, o transporte
fl uvial, a pesca e a construção
naval, por exemplo, já presen-
tes no Museus dos Rios. Bem
como o património imaterial
ligado às formas de vida das
pessoas. São potencialidades
que há a explorar.
Podemos ainda explorar li-
gações entre as festas de Nos-
sa Senhora da Boa Viagem
com outros concelhos ou re-
giões com a mesma devoção.
Quanto ao turismo cien-
tífi co, o Centro Ciência Viva
e o Parque Ambiental tra-
zem cerca de 30.000 pessoas
por ano ao concelho, tantas
como o Museu de Etnologia
em Lisboa. Somos um conce-
lho pequenino, mas estamos
num lugar central onde as
acessibilidades trazem muita
gente, muitas escolas.
É fácil fazer descer à vila de Constância as pessoas que vêm ao Centro Ciência Viva e ao Parque Ambiental?
Algumas das visitas de estu-
do já vêm à vila e fazem per-
cursos por pontos essenciais.
Aliás, quando nos pedem
uma visita, nós procuramos
sugerir outros motivos de in-
teresse. Parte da nossa activi-
dade de restauração benefi -
cia já deste turismo.
Há, no entanto, um aspecto
que se começa a notar. Algu-
mas visitas de estudo estão a
ser desmarcadas em cima da
hora, por os professores não
terem alunos sufi cientes que
justifi quem, em termos de
custos, a deslocação. São os
efeitos da crise.
Camões tem sido uma aposta com frutos. Tem ain-da mais futuro?
Camões e Alexandre O’Neil
são duas apostas a fazerem
parte do referido projecto de
desenvolvimento turístico. Eu
gostaria de passar em cada re-
canto da vila e poder respirar
um pouco da poesia de cada
um deles. Por exemplo, pe-
quenos apontamentos de po-
esia retratados nas nossas pa-
redes, nos nossos recantos…
Há articulação com os con-celhos vizinhos, ou o Médio Tejo, por exemplo?
Para já, o que temos a nascer
a esse nível é na temática dos
rios. Por exemplo, no âmbito
do Parque Almourol.
Uma das componentes do produto turístico também é
o património edifi cado.Temos, por exemplo, o pro-
jecto de “devolver o Museu
dos Rios aos rios”, trazê-lo para
a parte baixa da vila. Para isso,
pretendemos requalifi car al-
gumas casas contíguas ao Jar-
dim Horto, o que poderia in-
cluir o posto de turismo e um
espaço polivalente. Mais am-
bicioso ainda é o caso das ha-
bitações degradadas do cen-
tro histórico.
São de propriedade privada,
mas poderiam ser recupera-
das por exemplo para efeitos
de turismo. Porque um dos
nossos grandes problemas
é a falta de alojamento para
turistas. Não temos resposta
para um autocarro cheio. E a
albergaria João Chagas está
precisa de uma boa interven-
ção. Há, portanto, muito para
fazer.
especial constância 21
Em 1212 foi nascia a Or-
dem das Irmãs Pobres, hoje
Clarissas, fundada por Cla-
ra de Assis, admiradora de
Francisco de Assis. Em 1980,
a 5 de Outubro, nascia o
Convento das Clarissas de
Montalvo, a pedido do bis-
po da diocese, D. Augusto
César. Vieram nove irmãs do
convento de Louriçal, Pom-
bal, e uma do convento de
Vila das Aves, Santo Tirso.
Ainda se instalaram em Me-
delim, mas o local não ofe-
recia condições. D. Maria
de Serpa Pimentel Themu-
do ofereceu então uma sua
casa solarenga do séc. XVIII
em Montalvo para o Con-
vento de Clarissas “até que
as irmãs ali queiram e pos-
sam habitar”. E ali se encon-
tram, até hoje, em regime de
clausura, isto é, de isolamen-
to fi rme do mundo, mas por
vontade própria. No presen-
te são dez as freiras do con-
vento de Montalvo.
Como a capela da casa, fa-
miliar, era pequena para tan-
tas irmãs e para o povo local
que queria participar na eu-
caristia, as irmãs empreen-
deram a construção de nova
capela, que foi inaugurada a
2 de Junho de 1990. Na mes-
ma ocasião apresentaram
também um novo claus-
tro com quartos individu-
ais, mais adequados às suas
necessidades de clausura.
Desde então, reconstruíram
todo o edifício e a capela pri-
mitiva da propriedade.
Num dia normal, a vida das
clarissas está estruturado
por regras muito defi nidas,
que criam um ritmo muito
próprio. “Procuramos equili-
brá-lo com oração, trabalho,
estudo e lazer”, explica-nos a
Irmã Maria. “Levantamo-nos
às seis da manhã e temos
logo hora e meia de oração.
Depois do pequeno almo-
ço temos trabalho até ao al-
moço. Ao meio dia a comu-
nidade vai novamente à ca-
pela para oração. Depois do
almoço temos um tempo
de estudo.” ESTUDO. Vamos
novamente rezar às quinze
horas e segue-se um tempo
de trabalho Das dezassete
e trinta às dezanove e trin-
ta temos novamente oração
na capela e à noite temos o
tempo de convívio. Entre-
tanto, enquanto umas irmãs
trabalham, outras rezam,
porque nós, as clarissas por-
tuguesas, temos a adoração
perpétua do Santíssimo Sa-
cramento exposto.” O tem-
po de trabalho é dedicado
ao que podemos chamar de
lida doméstica, desde a lim-
peza e a cozinha até ao cui-
dado da roupa, mas tam-
bém ao trabalho para o seu
sustento, sobretudo a con-
fecção de doces, por enco-
menda para cafés e paste-
larias, e algum, mas pouco,
trabalho para igrejas. Duran-
te anos, fi zeram bordados
e trabalhos similares para
fora, mas acabaram por op-
tar pela doçaria. Foi sobre-
tudo com os recursos desse
trabalho que conseguiram
restaurar e ampliar o edifi co
do convento. E “com a aju-
da de muitas pessoas que
nos ajudam, não tanto com
donativos, mas comprando
os nossos doces. Quando
andávamos em obras, havia
duas senhoras que iam ven-
der doces à saída das mis-
sas e as pessoas compravam
porque sabiam que era para
nos ajudar. Actualmente só
confeccionamos doces por
encomenda.”
Os conventos das claris-
sas são independentes. Em
Portugal são doze. Seguem
uma regra comum, mas
subsistem por si. Depois do
Vaticano II, foram estimula-
dos a formar uma federação,
que não elimina a indepen-
dência mas promove a coo-
peração.
Um projecto de desenvolvimento turístico é uma das prioridades
VEREADORA MANUELA ARSÉNIO
Convento das Clarissas faz
30 anos em Outubro
A Associação Filarmónica
Montalvense 24 de Janeiro
foi fundada a 5 de Novembro
de 1986. Nesse ano adqui-
riu os seus primeiros instru-
mentos musicais e realizou
a sua primeira apresentação
no dia 13 de Junho. A asso-
ciação tem como objectivo
a divulgação, valorização e o
enriquecimento da arte mu-
sical com especial incidência
na música fi larmónica, além
de pretender divulgar cul-
turalmente e musicalmen-
te o meio onde se encontra
inserida. Actualmente a sua
banda de música é compos-
ta por trinta e cinco músicos,
dirigidos deste Outubro 2001
pelo maestro José Miguel Vi-
tória Rodrigues.
A Escola de Música da As-
sociação Filarmónica Montal-
vense 24 de Janeiro propor-
ciona de modo regular aulas
de instrumento, música de
câmara e formação musical, a
um universo de sessenta alu-
nos. Para a sua Escola de Mú-
sica conta actualmente com
quatro professores, sendo
estes coadjuvados por uma
equipa de oito monitores.
Além do funcionamento re-
gular, a Escola de Música de-
senvolve ainda os seguintes
projectos: “Ofi cina da Músi-
ca”; “Olimpíadas do Solfejo”;
“Estágio Musical de Verão –
orquestra de sopros”; “Ban-
da infantil”; “Coro Juvenil”; e
mais recentemente, em regi-
me de articulação com o fun-
cionamento das Actividades
de Enriquecimento Curricular
no 1 CEB, o projecto: “Músi-
kos Philarmónikos”.
Com toda esta actividade
continuada, a Associação Fi-
larmónica Montalvense 24
de Janeiro é hoje um dos
mais importantes centros
de produção e divulgação
da música fi larmónica desta
nossa região.
A associação Filarmónica de Montalvo
ABRIL2010
jornaldeabrantes
No meu tempo de moça nova, na Festa só existia a procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem, na segunda-feira de Páscoa. Resumia-se à missa solene e à procissão, onde havia a bênção dos bar-cos.
Havia aqui um senhor,
Bartolomeu Pereira, que dei-
tava muito fogo, tinha barcos
e trazia-os. Depois faleceu-lhe
um neto e ele perdeu a alegria
e deixou de fazer isso. Para a
procissão vinha muita gente
aqui dos arredores. Era uma
procissão simples, mas muito
piedosa, de que nós gostáva-
mos muito, estávamos sem-
pre ansiosas por aquele dia.
Tínhamos muita fé, e as pes-
soas das redondezas também
tinham essa fé.
Havia uma missa de manhã,
para as pessoas poderem co-
mungar mais cedo, porque
nesse tempo para se comun-
gar era preciso estar em jejum
desde a meia-noite.
A missa da festa era sempre
às quatro horas e a seguir saía
a procissão. Nesse tempo ain-
da não havia feriados. Os ma-
rítimos andavam na sua acti-
vidade, mas vinham sempre
passar a Páscoa a casa, e eles
é que sem encarregavam de
fazer a festa, de um ano para
o outro já fi cavam os festei-
ros organizados e eles vinham
com antecedência. Por isso
nesse dia não se trabalhava.
E na terça-feira também nin-
guém trabalhava, era a “terça-
feira de praia”, ia tudo para o
Tejo, aqui em Constância, co-
mer sável e saboga e passar
um dia de pic-nic.
Antes da Festa, havia a Se-
mana Santa e havia celebra-
ções. Na quarta-feira de trevas
era o dia das confi ssões. Na
quinta-feira santa havia mis-
sa às quatro horas, que era o
dia da Ceia do Senhor. Na sex-
ta-feira santa não havia missa
e não tocavam os sinos, era só
a adoração da cruz. Mais tar-
de, quando os meus fi lhos ti-
nham uns 15 ou 16 anos, co-
meçou a haver na sexta-feira a
procissão do Senhor dos Pas-
sos, que vinha da igreja da Mi-
sericórdia, dava a volta à terra
e voltava à mesma igreja. No
sábado, era a vigília pascal, à
noite, por volta das 10 horas,
com a bênção do lume novo
e da água. No domingo, era a
missa da Páscoa, da ressurrei-
ção e não havia mais nada.
No tempo da avó Leopoldina
A minha avó Leopoldina
nasceu em 1884 e ela e as pri-
mas falavam muito desta fes-
ta no fi m do século e princí-
pios do século XX.
Faziam as festas da Sema-
na Santa com muito rigor. Fa-
ziam até, na sexta-feira santa,
o Enterro do Senhor, que saía
num esquife, entravam mui-
tas raparigas novas que iam
cantar e fazer a padeirinha,
que eu nem sei o que era, ves-
tidas de Madalena e cantava
a Madalena e iram os miúdos
com os martírios do Senhor.
Faziam os Passos, havia até aí
em Constância os diversos re-
cantos onde se faziam “os pas-
sos” para a via sacra. Ela tinha
muita fé. Era muito bonito,
contava ela.
E contava também que na
segunda-feira havia sempre
arraial na praça, baile, festa
mundana.
Até as minhas primas, da
idade dela, contavam que
ela nunca se queria ir embo-
ra. Elas moravam ali na char-
neca, a caminho de onde é
hoje o Centro Ciência Via, e
elas queriam ir-se embora, “Já
é tarde!” e ela dizia “Não, que o
Zé Pedro ainda não dançou o
fandango”. Era o que viria a ser
o meu avô e eles andavam a
querer-se namorar.
Depois, com muita mágoa
dela, tudo acabou.
Suponho que ela dizia que
foi por altura da República
que fi cou tudo mais desorga-
nizado com a Igreja, porque
os republicanos afastaram-se
da Igreja e a festa foi-se trans-
formando em cada vez me-
nos. Depois que o presiden-
te António Mendes veio para
cá, passado pouco tempo é
que começou a implementar
a festa com as dimensões que
agora tem. E passou a haver
de novo arraial.
22 especial constância
D. ZIZINHA É A MEMÓRIA VIVA DAS FESTAS DE OUTROS TEMPOS
“Tinhamos muita fé e estávamos sempre ansiosas por aquele dia”
Zizinha de anjinho
Na procissão iam mui-
tos anjinhos, de vários
tamanhos. Mas os maio-
res tinham de ser os anji-
nhos da Senhora da Boa
Viagem, para poderem
suportar as asas que le-
vavam e uma espécie de
arcos com uns barqui-
nhos desenhados. Era
com um fato azul céu,
com uns dourados e um
cordão ao lado. Os ou-
tros podiam ir de branco.
A minha mãe foi opera-
da, esteve bastante mal
e fez uma promessa em
que comprava o vestido
para eu ir vestida de anjo
e eu fui três anos vestida
de anjo. Tinha aí uns 9 a
11 anos. Levávamos o tu-
ríbulo e a navete, onde ia
o incenso, e a água ben-
ta para a bênção dos bar-
cos. Íamos sempre ao pé
do andor da Senhora da
Boa Viagem e estávamos
ao pé do senhor padre
para ele deitar o incen-
so no turíbulo e abenço-
ar os barcos. Eram aí uns
10 barcos.
Casa Memória de Camões tem fi nanciamento assegurado
Constância tem a convicção fi r-
me, com apoio histórico, embora
não a certeza, de que Camões vi-
veu aqui. Com essa base, Manuela
de Azevedo sonhou e a obra foi
nascendo, um Jardim Horto de
Camões, uma esfera armilar, um
monumento ao poeta, encontros
camonianos e, sobretudo, a Casa
Memória de Camões. Restaurar o
edifício em que, segundo a tradi-
ção, Camões viveu foi um projec-
to realizado. Falta, contudo, ainda
terminar a adaptação para que seja
levada a bom termo a sua função,
albergar um espólio de valor signi-
fi cativo e, sobretudo, desenvolver
uma actividade continuada que dê
a conhecer e a estudar a vida e obra
de Camões.
Agora, um passo importante foi
dado em frente. O fi nanciamento
necessário foi aprovado no âmbito
do QREN e o sonho recomeça em
alta. Não há ainda dada de abertu-
ra, mas já se ouvem alvíssaras ao
longe.
Camões merece, a nossa forma-
ção cultural precisa e a Câmara de
Constância quer, entre outras coi-
sas que a sua população se apro-
prie ainda mais de Camões e in-
tegre na sua identidade colectiva
esta tradição camoniana. Quer ain-
da que se possa “respirar Camões”
pelos vários cantos da vila. Camões
deu já, com certeza, uma volta no
túmulo, de contentamento desta
vez. E a Câmara dá voltas ao proces-
so para fazer andar as coisas. A Casa
de Camões vem aí. Para nós poder-
mos ir até mais perto de Camões.
ABRIL2010
jornaldeabrantes
especial constância 23
Nasceu no circo, fi lho de ar-
tistas circenses. Desde crian-
ça que os malabares o fasci-
navam nas mãos do pai, que
também exercia a arte de pa-
lhaço. Começou a praticar a
arte de lançar em movimento
e manter vários objectos no ar
“sozinho, com força de vonta-
de”, e com a ajuda de vídeos,
onde procura descobrir os se-
gredos dos mestres. O maior?
António Gatto, o seu ídolo. A
vida trouxe-o até Montalvo,
onde passou a residir. E até à
Escola Luís de Camões, onde
existe um grupo de malaba-
res. Como peixe na água. Hoje,
com 16 anos, destaca-se no
grupo. Pratica duas horas por
dia maças, arcos, bolas, bolas
de futebol e com fogo. As no-
tas do 8º ano vão bem, que
uma coisa não mata a outra.
O futuro, se tudo correr bem,
será de volta ao circo. Mas se
corressem mesmo bem, se-
ria no Circo do Monte Car-
lo, “o melhor do mundo”, diz.
Esse é o sonho. E diz a todos
os jovens, e porque não adul-
tos? “Quem tiver um sonho,
siga em frente, nunca desista.
Sempre pode ter uma opor-
tunidade na vida para ser al-
guém.” Na Escola C+S encon-
tra essa oportunidade hoje,
onde é reconhecido como ar-
tista, e ali alimenta o sonho de
vê-la acrescida no futuro. Tal-
vez o vejamos um dia, no Na-
tal, no Circo do Monte Carlo.
Porque não?
MONTALVO
Ofi cina de Sopros é escola de músicosA VII Ofi cina de Música para
instrumentos de sopro de-
corre de 7 a 11 de Abril próxi-
mo em Montalvo. A iniciativa
é da Associação Filarmónica
Montalvense 24 de Janeiro e
da sua banda fi larmónica e
pretende melhorar as pres-
tações dos músicos ao servi-
ço das bandas fi larmónicas.
Mais uma vez, a Ofi cina tem
a direcção artística do maes-
tro e compositor José Miguel
Vtória Rodrigues, que é o re-
gente da Banda Filarmónica
Montalvense. Segundo José
Miguel, “a é um evento, em
torno do qual é desenvol-
vido em regime de “labora-
tório” um curso para jovens
instrumentistas de sopros e
percussão (estendível à par-
ticipação de violoncelos e
Contrabaixos de cordas), em
regime de orquestra de so-
pros.” Desde a sua primeira
edição, a Ofi cina conta com
a participação de músicos
de de todo o país que vêm
para o efeito aprofundar a
sua formação em Montalvo.
O maestro convidado é, des-
ta vez, Carlos Amarelinho.
Professor de saxofone, músi-
ca de câmara, coro e orques-
tra no Conservatório Regio-
nal do Baixo Alentejo e no
Conservatório Regional de
Vila Real de Santo António,
onde também desempenha
o cargo de director pedagó-
gico. Carlos Amarelinho tem
ainda um vasto currículo
musical.
Como formadores esta-
rão também Alexandre Vi-
lela, para os metais e Marco
Fernandes para a percussão.
Como de costume, a Ofi cina
de Sopros termina com um
concerto na Casa do Povo
de Montalvo.
ESCOLA LUÍS DE CAMÕES
Campeões de malabares
e da alegria de viverQuarta-feira à tarde. A trupe
de malabares da Escola C+S
de Constância ensaia com a
professora Célia Mendes. For-
malmente três horas de “des-
porto escolar”, mas sobretu-
do estão ali porque gostam.
Gostam dos malabarismos,
da loucura de uma certa anar-
quia organizada, da ginástica
tipo circense. “Gostamos de
aprender coisas novas, é giro”,
dizem. Tudo começou há cer-
ca de dois anos, como desafi o
para animação de rua nas Po-
monas Camonianas. Depois,
“vimos que era isto que eles
queriam”. E vai daí, ala que se
faz tarde. São dezasseis alu-
nos. Este mês foram às com-
petições do desporto es-
colar, em desportos gímni-
cos, modalidade de ginástica
acrobática e ginástica de gru-
po, e trouxeram dois primei-
ros lugares, em dupla e trio,
um segundo lugar, em trio, e
um terceiro lugar, em grupo.
Vê-se-lhes o brilho nos olhos.
“As provas desportivas for-
mais têm regras a cumprir e
disso eles não gostam tan-
to. Onde eles se sentem bem
é quando fazem animação”,
explica a professora. Como
na ceia medieval organizada
no âmbito do Abrantes pela
Vida.
UM ARTISTA NOS MALABARES
Leonardo Ferreira quer
voltar ao circo
ABRIL2010
jornaldeabrantes
região 25
A V Gala Antena Livre sobe ao palco do Cine-teatro S.Pedro no próximo dia 20 de Maio, quinta-feira.
Mais uma vez, a equipa de
produção está a trabalhar
para que seja um espectácu-
lo memorável. Este ano com
o particular interesse se in-
tegrar a celebração do Ano
30 de uma das pioneiras do
movimento das rádios livres.
Produzida para o efeito, vai
estrear na Gala Antena Livre
uma produção musical com
músicos da nossa região.
Será, sem dúvida, um dos
pratos fortes da noite que já
se impôs no calendário das
expectativas.
A estrutura segue o mode-
lo habitual. Um espectáculo
musical que se pretende de
qualidade e a atribuição dos
Galardões Antena Livre que
visam assinalar pessoas e ins-
tituições que se destacam na
vida desta nossa zona. O êxi-
to da Gala Antena Livre de
2009 criou já elevadas res-
ponsabilidades para a Gala
deste ano. Mas estas são ain-
da agravadas pelo facto de se
estar a assinalar o Ano 30 da
RAL, agora Antena Livre.
ANTENA LIVRE ANO 30
Gala Antena Livre no palco a 20 de Maio
No passado dia 20 de Mar-
ço, mais de 400 pessoas reti-
ram várias toneladas de lixo
das nossas fl orestas no con-
celho de Abrantes. Em Portu-
gal foram mais de 100.000, e
milhares as toneladas retira-
das.
Foi, sem dúvida, um enor-
me gesto de cidadania co-
lectiva. Tanto na limpeza feita
como na denúncia do estado
lamentável em que o nosso
descuido, também colectivo,
tem sujado e mantidas sujas
as nossas fl orestas.
O trabalho consistiu, pri-
meiro, em identifi car as lixei-
ras e, depois, em recolher os
detritos ali lançados. Portu-
gal está mais limpo e a fl o-
resta um pouco mais segura.
Talvez tenhamos aprendido
alguma coisa.
LIMPAR PORTUGAL
Operação de limpeza e denúncia
jornaldeabrantes
cultura&lazer26
Abrantes Até 16 de abril – Exposição
– Linguagens D’Escrita(s) –
Obras de poesia experimen-
tal da colecção de Fernando
Aguiar – Galeria Municipal
de Arte, de terça-feira a sába-
do, das 10h00 às 12h30 e das
14h00 às 18h30. e na Biblio-
teca António Botto
Até 27 de março – Teatro -
FNATES 2010 – Festival Na-
cional de Teatro Especial - Ci-
ne-teatro São Pedro – Bilhe-
tes a 1 euro
De 27 de março a 23 de abril – Festa da Primavera –
Centro histórico de Abrantes;
28 de março – Dia Mundial
dos Centros Históricos – Mú-
sica com Banda Filarmónica
Mourisquense, às 14h30; 17 de abril –Desfi le de Moda In-
fantil, às 16h00; 23 de abril –
Desfi le da Flor, entre as 10h00
e as 13h00; 24 de abril – En-
contro de Tunas – Cine-tea-
tro São Pedro, às 21h30; 25 de abril – Música na Prima-
vera – Concerto pela Banda
Filarmónica - Sociedade de
Instrução Musical Rossiense,
às 15h00
6 de abril – Música com
“Cant´Abrantes” – Cine-tea-
tro São Pedro, às 15h00
9 de abril – Café-concerto
com “Lufa Lufa” – Pequeno
Auditório do Cine-teatro São
Pedro, às 21h30
15 de abril – “Entre Nós e as
Palavras...” – Encontro com o
autor Rui Cardoso Martins –
Biblioteca António Botto, às
21h30
16 de abril – Outras Lingua-
gens – Encontro de Poetas –
Debate sobre poesia experi-
mental – Biblioteca António
Botto, às 21h30
16 de abril – Dança - “Entrar
na Dança” – Cine-teatro São
Pedro, às 21h30
17 de abril – Dança – “Perso-
nagens de Água” – Cine-tea-
tro São Pedro, às 10h30
De 19 a 30 de abril – Exposi-
ção “Espaço Idança – Olhares”
Mostra fotográfca da activi-
dade do Espaço Idança – Bi-
blioteca António Botto
Barquinha Até 27 de março – Exposição
“A Meio Caminho” – pelos alu-
nos fi nalistas do Curso de Ar-
tes Plásticas do IPT – Galeria
de Arte – de 2ª a sábado das
9h30 às 12h30 e das 14h00 às
18h00
27 de março – Noite de Fados
com o grupo “Al Mouraria” –
SIRA, Atalaia, às 21 horas
27 de março – Lançamento
do livro “Elidhir e Morah” de
Rita Betânia – Centro Cultural
, às 15 horas
Até 31 de março – Mostra bi-
bliográfi ca “1 mês, 1 escritor”
– Eça de Queirós em desta-
que – Biblioteca Municipal
Até 4 de abril – XVI mês do
Sável e da Lampreia – Mostra
gastronómica – Restaurantes
aderentes
2 e 3 de abril – XXV Descida
dos 3 Castelos – 25 anos de
canoagem - Abrantes, Cons-
tância e Barquiinha
Constância Até 31 de março – Mostra
Bio-bibliográfi ca de Ana de
Castro Osório – Biblioteca
Alexandre O’Neill, dias úteis
das 10h às 12h30 e das 14h
às 18h30
De 6 a 27 de março – Expo-
sição de pintura “Contar His-
tórias” de Maria Leonor Pe-
reira e Maria Raquel Atalaia
– Posto de Turismo, das 9h30
às 13h00 e das 14h30 às 18
horas
De 1 a 30 de abril – Mostra
Bio-bibliográfi ca de António
Torrado – Biblioteca Alexan-
dre O’Neill
3 a 25 de abril – Exposição –
Retratos da Festa – Posto de
Turismo, das 9h30 às 13h00 e
das 14h30 às 17h30
3, 4 e 5 de abril – Festas do
Concelho de Constância – Ac-
tuações de GNR, O´questrada,
Mercado Negro, entre outros
23 de abril – Concurso
concelhio de leitura – Cine-
teatro Municipal, às 21h00
Mação 27 de março – Bandas em
concerto – Filarmónica União
Taveirense – Cine-teatro Mu-
nicipal, às 21h30 – Entrada li-
vre
28 de março – Feira dos Ra-
mos – Venda de um leque va-
riado de produtos – Largo In-
fante D. Henrique
Sardoal 4 de abril – Música – Recital
de Piano a quatro mãos com
“DueAna” – Centro Cultural
Gil Vicente, às 17h00
Até 9 de abril – “Doce Pás-
coa” – Actividades na Biblio-
teca Municipal, das 10h00 às
11h30 e das 15h00 às 16h30
17 de abril – I Mostra de Te-
atro de Sardoal – “Médico à
força”, pela companhia Ulti-
macto – Centro Cultural Gil
Vicente, às 21h30
Até 15 de maio – Exposi-
ção “Santa Casa da Miseri-
córdia de Sardoal – 500 anos
de Arte” – Centro Cultural Gil
Vicente
AGENDA DO MÊS
Linguagens d’Escritas em Abrantes
O Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal,
apresenta, até 15 de Maio, uma rara oportuni-
dade para apreciarmos uma parte do impor-
tante património da santa Casa da Misericór-
dia. Em especial o precioso oratório de Arte
Namban, que tem corrido mundo e é agora
exposto pela primeira vez no Sardoal.
A imagem de Nossa Senhora da Caridade é
um outro ponto de interesse, pela qualidade
da obra e pelo facto de ser a patrona da Mi-
sericórdia e o orago da capela anexa à Santa
Casa. Outras imagens, com inegável interes-
se, compõem o acervo escultórico em expo-
sição. Mas também o conjunto de originais
das bandeiras da Misericórdia dão a conhe-
cer a fonte do que os sardoalenses e visitan-
tes conhecem através de cópias que salvam
da agressão do tempo os originais agora ex-
postos. Por fi m, mas não em último lugar de
interesse, um Cristo Crucifi cado de talhe de-
licado e corte fi no, embora sujeito a restauro
pouco inspirado, assinala todo o espírito da
época que o Sardoal está a viver. Da exposi-
ção foi ainda publicado um interessante catá-
logo, verdadeira obra de iniciação a um con-
junto patrimonial de inegável interesse.
500 anos de Arte da Santa Casa da Misericórdia, no Sardoal
Na galeria Municipal de Arte, mas a esten-
der-se para a Biblioteca António Botto, está
patente a exposição Linguagens D’Escritas
– Poesia Experimental do Arquivo de Fer-
nando Aguiar. Se a poesia é a mãe de toda
a literatura, a Poesia Experimental tem mais
a ver com um movimento que em Portugal
se afi rma sobretudo a partir da década de 60
do século passado. Sem grande rigor pode-
mos dizer que se trata de explorar os limites
da poesia até então praticada e sobretudo
experimentar o lado visual do próprio texto
poético. O objecto poético situa-se, assim,
num campo ao mesmo tempo de texto es-
crito e de quadro visual. Por isso, esta exposi-
ção é, além do mais, uma festa de letra e cor.
O material da exposição vem da colecção de
Fernando Aguiar que integra “cerca de 200
dos mais activos poetas experimentais de
31 países” e é a maior colecção particular de
poesia experimental internacional em Por-
tugal. José-Alberto Marques, poeta que vive
em Abrantes, é um dos nomes consagrados
deste movimento que se constituiu “talvez,
no único movimento literário e artístico por-
tuguês contemporâneo daquilo que se fazia
lá fora”. Mais ainda, José-Alberto Marques é
hoje considerado o autor do primeiro poe-
ma visual publicado em Portugal. Uma ex-
posição a não perder, até 16 de Abril, dia em
que se realiza um debate sobre Poesia Expe-
rimental, seguido de leitura de poemas por
Ana Hatherly, José-Alberto Marques, Manuel
Portela, Fernando Aguiar e José Oliveira
Baptista que vai apresentar o livro “Livre”.
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jornaldeabrantes
cultura&lazer 27
Festival de teatro nos últimos dias
CINEMA
Abrantes Cine-teatro São Pedro – Espa-
lhafi tas, às 21h30
31 de março – “O Sangue”
14 de abril – “O Laço Branco –
Das Weisse Band”
21 de abril – “Afterschool – De-
pois das aulas”
28 de abril – “4 Copas”
CC Millenium, às 21h30
Até 31 de março – “Homens que
matam cabras só com o olhar”
Constância Biblioteca Alexandre O’Neill, às
15horas
26 de março – “A Bíblia em Ani-
mação: Criação e Dilúvio – O Fim
do Paraíso e a Arca de Noé”
9 de abril – “Dia do Surf”
16 de abril – “As Pontes de Madi-
son County”
23 de abril - “Capitães de Abril”
Cine-teatro, às 21h30
27 de março - “Sherlock Hol-
mes”
Sardoal Centro Cultural Gil Vicente
27 de março – “A Bela e o Papa-
razzo” – 16h00 e às 21h30
18 de abril – “A Princesa e o Sapo”
– Às 16h00
24 de abril – “O Lobisomem” –
16h00 e às 21h30
O Festival Nacional de Teatro Es-
pecial, promovido pelo CRIA, con-
tinua até ao dia 27, sábado. Na
sexta, às 9h00, tem lugar no edi-
fício Pirâmide um seminário so-
bre “novas formas de inclusão…
a Arte”. No cine-teatro S. Pedro,
seguem-se os espectáculos de te-
atro. Às 14h00, “Uma história das
histórias”, pelo grupo de Torres
Novas e “Os sentimentos”, pelo
grupo de Faro, e às 21h00 “A Terra
pode ser chamada de chão”, pelo
grupo TamTaM, de Santos, Brasil.
No sábado, às 14h30, a dança
“Murmúrios do corpo” e o tea-
tro “O feiticeiro de Oz”, pelo CRIA
e às 21h00, “O pátio dos patos”,
pelo Grupo de Teatro Palha de
Abrantes.
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28 cultura&lazer
TERESA APARÍCIO
Quando seguimos pela estrada que vai de Alferrarede Velha para Mouriscas, logo à saída da Barca do Pego, encontramos, do nosso lado esquerdo, uma placa com a indica-ção de Valhascos. Cortando por aí e percorrendo a curta distância de apenas um ou dois quilómetros, deparamo-nos com uma imponen-te torre quadrangular, com mais de treze metros de altura, com grossas paredes de pedra e algumas janelas abertas sobre a paisagem circun-dante.
O telhado é de quatro águas e do
lado nascente vemos o que resta do
que teria sido a pequena torre sineira.
No piso térreo desta torre, encontra-
se o espaço que foi em tempos ocu-
pado pela Igreja das Necessidades,
hoje profanado, vandalizado e com-
pletamente votado ao abandono.
A porta principal, virada a sul, aber-
ta e parcialmente destruída, permi-
te-nos entrar, facilmente, no que foi
outrora um lugar sagrado, muito fre-
quentado pelo povo da região, que
ali acorria com grande devoção. O
que encontrámos é verdadeiramen-
te confrangedor: ruínas, cheiro a hu-
midade e apenas uma pintura mural,
na parede virada a poente, permite
a identifi cação fácil do local, com o
que teria sido um templo. As fi gu-
ras são de grandes dimensões, con-
servam restos de cor e facilmente se
descobre que representam uma Na-
tividade: S. José, a Virgem e o Meni-
no deitado numa manjedoura e de
um lado e do outro pastores e pasto-
ras com as suas ofertas a Jesus.
Das outras pinturas nada resta,
destruídas pelo tempo e pela hu-
midade que fez cair no chão gran-
de parte do seu suporte. E esta Na-
tividade, se não lhe acodem, terá em
breve o mesmo destino.
A imagem da Senhora das Necessi-
dades encontra-se hoje, felizmente,
a salvo, na igreja de Casais de Reve-
lhos. Que foi objecto de grande de-
voção sabemo-lo, entre outros, por
Frei Agostinho de Santa Maria que,
no início do século XVIII, no seu “San-
tuário Mariano”, refere: “Com esta Se-
nhora, têm todos os moradores de
Abrantes muito grande devoção e as-
sim a vão visitar muitas vezes, e que ela
lhes aumenta com muitas maravilhas
e milagres que obra a favor de todos.
É também muito grande o concurso
de romeiros e peregrinos, que de todas
as partes concorrem e que vão visitar
a Senhora, uns a cumprir os seus votos
e outros a pedir-lhe o remédio de suas
necessidades; muitos lhe mandam lá
celebrar missa em acção de graças pe-
los favores que por meio da Senhora
alcançaram de seu Santíssimo Filho.
Naquele santuário se vêem pender
muitas memórias dos seus milagres e
maravilhas, como são quadros, mor-
talhas, braços e pernas de cera e ou-
tros sinais desta qualidade.”
Os dois pisos da torre, que se so-
brepõem à capela, serviriam para al-
bergar os romeiros que de longe se
deslocavam até aqui, por altura das
festas. Esta capela encontra-se co-
berta por uma abóbada de aresta,
que teria os seus quatro panos total-
mente cobertos com pinturas, cujos
elementos, de cunho vegetalista,
ainda se podem descortinar nas ex-
tremidades. A uma distância de cer-
ca de duzentos metros, encontrava-
se um cruzeiro, de que hoje só resta
a base e que seria datado de 1653.
Aqui costumavam os romeiros ini-
ciar as suas devoções, seguindo de
joelhos até ao Santuário.
Segundo investigação feita pelo
Doutor J. Candeias da Silva, a Igreja
das Necessidades teria sido edifi ca-
da na década de trinta do século XVII,
por João Pereira de Betencourt, fi dal-
go abrantino que, em 1624, partici-
pou na defesa da praça da Baía, no
Brasil, que se encontrava ameaçada
pelos holandeses. De regresso, fun-
daria neste aprazível local “um mor-
gado em uma quinta de regalo e ren-
dimento”, onde estava integrada esta
“casa da Senhora”.
Com efeito, se observarmos bem,
afogados pela vegetação que agora
ali cresce, podemos divisar restos do
que teria sido um lagar e várias casas
de habitação.
Esta “casa da Senhora”, de um lugar
de culto particular, ter-se-ia tornado
em breve, graças à devoção popular
e à fama dos milagres operados pela
Virgem, num importante santuário
mariano.
Bibliografi aCandeias Silva, Joaquim, “Dois impor-
tantes santuários antigos da freguesia
de Alferrarede”, in Jornal de Alferrarede,
nº 217, Novembro de 2003. Santos, Bru-
no, “Pintura mural seiscentista nos con-
celhos de Abrantes e Sardoal”, in Revis-
ta Zahara, nº 7, Junho de 2006.
LUGARES COM HISTÓRIA
O santuário da Senhora das Necessidades
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NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO DE SANTARÉM
A CARGO DA NOTÁRIA ISABEL MARIA RAIMUNDO DE OLIVEIRA FILIPE BATISTA MARQUES.
Eu Isabel Maria Raimundo de Oliveira Marques, Notaria do Cartório Notarial de Isabel Marques, na cidade de Santarém, CERTIFICO, para efeitos de publicação que por escritura de três de Março de dois mil e dez, lavrada de folhas trinta a folhas trinta e um verso, no livro de notas para escrituras diversas número cento e noventa-A.ARTUR GASPAR ESTEVES, contribuinte fi scal 149 955 448 e mulher MARIA FILOMENA DE MATOS FERNANDES ESTEVES, contribuinte fi scal 149 955 430, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia e concelho de Mação, residentes Ruado Restolho, nº 12, 2º Esq., Alfragide, Amadora, outorgaram uma escri-tura de JUSTIFICAÇÃO na qual com exclusão de outrem se declaram donos e legítimos possuidores do seguinte:Prédio rústico, composto de cultura arvense de sequeiro e olival, sito em Vale Martim Joana, na freguesia e concelho de Mação, com a área de dois mil metros quadrados, a confrontar do norte com herdeiros de José Pedro Mirrado, do sul com Ribeiro, de nascente com herdeiros de Manuel Raimundo Ferreira e do poente com Teresa de Matos, OMISSO na Conservatória do Registo Predial de Mação, e inscrito na matriz ca-dastral respectiva sob o artigo 87 da secção AT, com o valor patrimonial tributário para IMI de 109,39 € e para IMT de 237,98 €.Que possuem o referido prédio há mais de VINTE ANOS, tendo o mes-mo vindo à posse dos justifi cantes por volta do ano de mil novecentos e oitenta, por compra verbal a Luísa Gil Correia Arruda e marido José Arruda, residentes que foram em Mação, não tendo no entanto reduzido a escritura pública a referida compra verbal, mas posse essa que vêm exercendo sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, sem interrupção e ostensivamente, à vista e com o conhecimento de toda a gente, traduzida em actos de fruição, cultivando-o, pagando a respectiva contribuição e impostos, tudo isto por um lapso de tempo superior a vinte anos, sendo portanto uma posse contínua, pública, pa-cífi ca e de boa fé, pelo que adquiriram o referido prédio por usucapião, não tendo todavia documento que lhes permita fazer prova do seu direito de propriedade pelos meios e extrajudiciais normais.Estando assim impossibilitados pelos meios normais, de comprovar a aquisição do identifi cado imóvel, invocam, por esta forma a USUCAPIÃO, como meio aquisitivo do direito de propriedade suprindo a ausência de título com vista ao registo de aquisição a seu favor.ESTÁ CONFORME.Cartório Notarial de Isabel Marques, três de Março de dois mil e dez.
A Notária,(Isabel Maria Raimundo de Oliveira Filipe Batista Marques)
(em Jornal de Abrantes, edição de Abril de 2010)
ABRANTESVENDO PERMUTO
PRÉDIO
OU ALUGO LOJA - ESCRITORIO
Contacto 217 930 100
TRAMAGAL
Faleceu
Vítor Manuel Lopes de MatosN. 30-03-1968 • F. 23-02-2010
Sua esposa, fi lho e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acom-panharam o seu ente querido à sua última morada.
A cargo de: Funerária José Grilo Lda.
Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal
Álvaro Martins DamasN. 07/08/1922 • F. 18/02/2010
Agradecimento
Seus fi lhos, nora, genro e netos agradecem a todos os que o acompanharam à sua última morada, assim como os que estiveram presentes na Missa de 7.º dia.
TRAMAGAL
Faleceu
José Veríssimo de AndradeN. 06-08-1920 • F. 15-02-2010
Seu fi lho, nora, netos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acom-panharam o seu ente querido à sua última morada.
A cargo de: Funerária José Grilo Lda.
Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal
ABRANTES
Maria Teresa Ramos de Matos Bento dos SantosN: 13 de Outubro de 1938 • F: 2 de Março de 2010
AgradecimentoSeu marido, fi lha, genro, neto e restante família, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, vêm por este meio agradecer a todos os que velaram a nossa ente querida, assistiram à Missa de Corpo Presente e a acompanharam à sua última morada, (cemitério de Ortiga), as manifestações de carinho e amizade recebidas.
A todos o nosso profundo reconhecimento.
TRAMAGAL
Faleceu
Manuel Rosado Vaz FerreiraN. 19-06-1922 • F. 20-02-2010
Sua esposa, sobrinhos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompa-nharam o seu ente querido à sua última morada.
A cargo de: Funerária José Grilo Lda.
Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal
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