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brasiliana 1 S essenta anos! Motivo para comemorar e oportunidade para lembrar o caminho percorrido e pensar no futuro. Os sessenta anos da Academia Brasileira de Música (ABM) são desta- que neste número da Brasiliana. Para comemorar, a satisfação de inaugurar a área total da primeira sede própria – um andar in- teiro com espaços para administração, programação de eventos no auditório de oitenta lugares, bi- blioteca de referência da música brasileira, sala de acervos para acolher a obra dos acadêmicos e de compositores brasileiros em geral, estações de pesquisa. Além da Série Brasiliana, um concerto comemorativo será realizado na Sala Cecília Meireles no próprio dia 14 de julho, data de fundação da ABM, com obras de quatro dos fundadores – Villa- Lobos (Suíte N. 2) Lorenzo Fernândez (Reizado do Pastoreio), Camargo Guarnieri (Suíte Vila Ri- ca) e Cláudio Santoro (Concerto N. 3 para Piano – Para a Juventude, tendo como solista o jovem Luciano Magalhães, vencedor do Concurso Nelson Freire de 2004). A execução estará a cargo da OPPM, que presta sua contribuição para as comemorações dos sessenta anos, e a regência será do Acadêmico Ernani Aguiar. Na programação editorial, as comemorações incluem vários lançamentos: os três primeiros vo- lumes da Coleção de Catálogos de Compositores Brasileiros (Leopoldo Miguéz, Francisco Braga e Ernani Aguiar), a 12ª edição do livro do Acadêmico Vasco Mariz sobre Villa-Lobos, uma nova edi- ção do Guia Prático, os CDs de Ricardo Tacuchian (Música para Piano), Márcia Taborda (Musica Humana), Quinteto Villa-Lobos (obra completa do mestre para sopros), Paulo Passos e Sara Co- hen (obras para clarineta/saxofone e piano) e Midori Maeshiro (obras de Guerra-Peixe para piano), além de um CD com obras da Acadêmica Helza Camêu, em parceria com a Rádio MEC. Uma informação sobre as atividades dos últimos anos, numa retrospectiva que é também uma prestação de contas do cumprimento das obrigações estatutárias, ocupa um espaço especial nesta edição. E representa um compromisso de novas e importantes realizações para esta e as próximas administrações, algumas já iniciadas como a ampliação do Banco de Partituras para abrigar também o repertório de câmara, o prosseguimento e a atualização permanente da Bibliografia Mu- sical Brasileira, a continuação da coleção de catálogos e a edição de novos livros e CDs e sua dis- tribuição no País e no exterior. A sugestiva capa deste número reproduz um detalhe do mural Anjos Músicos, do artista plásti- co Sérgio Prata, existente na Capela Universitária da Univap. Faz pensar que Villa-Lobos, que so- nhava fazer do Brasil um imenso coral, teria conseguido, pelo menos, formar uma orquestra de anjos, que certamente estarão tocando nesse momento em homenagem aos sessenta anos da Aca- demia que ele fundou. Edino Krieger Presidente da Academia Brasileira de Música Sumário BRASILIANAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 RESENHAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 LANÇAMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 ABSTRACTS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 COLABORAM NESTA EDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 “TÉDIO DE ALVORADAE “UIRAPURU”: UM ESTUDO COMPARATIVO DE DUAS PARTITURAS DE HEITOR VILLA-LOBOS Por Paulo de Tarso Salles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 O CENTENÁRIO DE WALDEMAR HENRIQUE Por Vicente Salles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 60 ANOS DA ACADEMIA BRASILEIRA DE MÚSICA . . . 17

Edino Krieger - Moodle USP: e-Disciplinas · posteriormente dobrada uma oitava acima (comp. 9-27 de Tédio de Alvorada; comp. 30-58 de Uirapuru), e Villa-Lobos a emprega como baixo

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Page 1: Edino Krieger - Moodle USP: e-Disciplinas · posteriormente dobrada uma oitava acima (comp. 9-27 de Tédio de Alvorada; comp. 30-58 de Uirapuru), e Villa-Lobos a emprega como baixo

brasiliana1

S essenta anos! Motivo para comemorar e oportunidade para lembrar o caminho percorridoe pensar no futuro. Os sessenta anos da Academia Brasileira de Música (ABM) são desta-que neste número da Brasiliana.

Para comemorar, a satisfação de inaugurar a área total da primeira sede própria – um andar in-teiro com espaços para administração, programação de eventos no auditório de oitenta lugares, bi-blioteca de referência da música brasileira, sala de acervos para acolher a obra dos acadêmicos ede compositores brasileiros em geral, estações de pesquisa.

Além da Série Brasiliana, um concerto comemorativo será realizado na Sala Cecília Meirelesno próprio dia 14 de julho, data de fundação da ABM, com obras de quatro dos fundadores – Villa-Lobos (Suíte N. 2) Lorenzo Fernândez (Reizado do Pastoreio), Camargo Guarnieri (Suíte Vila Ri-ca) e Cláudio Santoro (Concerto N. 3 para Piano – Para a Juventude, tendo como solista o jovemLuciano Magalhães, vencedor do Concurso Nelson Freire de 2004). A execução estará a cargo daOPPM, que presta sua contribuição para as comemorações dos sessenta anos, e a regência será doAcadêmico Ernani Aguiar.

Na programação editorial, as comemorações incluem vários lançamentos: os três primeiros vo-lumes da Coleção de Catálogos de Compositores Brasileiros (Leopoldo Miguéz, Francisco Braga eErnani Aguiar), a 12ª edição do livro do Acadêmico Vasco Mariz sobre Villa-Lobos, uma nova edi-ção do Guia Prático, os CDs de Ricardo Tacuchian (Música para Piano), Márcia Taborda (MusicaHumana), Quinteto Villa-Lobos (obra completa do mestre para sopros), Paulo Passos e Sara Co-hen (obras para clarineta/saxofone e piano) e Midori Maeshiro (obras de Guerra-Peixe para piano),além de um CD com obras da Acadêmica Helza Camêu, em parceria com a Rádio MEC.

Uma informação sobre as atividades dos últimos anos, numa retrospectiva que é também umaprestação de contas do cumprimento das obrigações estatutárias, ocupa um espaço especial nestaedição. E representa um compromisso de novas e importantes realizações para esta e as próximasadministrações, algumas já iniciadas como a ampliação do Banco de Partituras para abrigartambém o repertório de câmara, o prosseguimento e a atualização permanente da Bibliografia Mu-sical Brasileira, a continuação da coleção de catálogos e a edição de novos livros e CDs e sua dis-tribuição no País e no exterior.

A sugestiva capa deste número reproduz um detalhe do mural Anjos Músicos, do artista plásti-co Sérgio Prata, existente na Capela Universitária da Univap. Faz pensar que Villa-Lobos, que so-nhava fazer do Brasil um imenso coral, teria conseguido, pelo menos, formar uma orquestra deanjos, que certamente estarão tocando nesse momento em homenagem aos sessenta anos da Aca-demia que ele fundou.

Edino KriegerPresidente da Academia Brasileira de Música

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BRASILIANAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

RESENHAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

LANÇAMENTOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

ABSTRACTS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

COLABORAM NESTA EDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

“TÉDIO DE ALVORADA” E “UIRAPURU”: UM ESTUDO COMPARATIVO DE DUAS PARTITURAS

DE HEITOR VILLA-LOBOS

Por Paulo de Tarso Salles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

O CENTENÁRIO DE WALDEMAR HENRIQUE

Por Vicente Salles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

60 ANOS DA ACADEMIA BRASILEIRA DE MÚSICA . . . 17

Page 2: Edino Krieger - Moodle USP: e-Disciplinas · posteriormente dobrada uma oitava acima (comp. 9-27 de Tédio de Alvorada; comp. 30-58 de Uirapuru), e Villa-Lobos a emprega como baixo

maio 2005 2

Uma questão musicológica já clássica namúsica brasileira é a datação correta dasobras que Villa-Lobos teria efetivamente

composto antes ou depois de sua primeira ida aParis, em 1923. Essa discussão é relevante namedida em que estabelece o que Villa-Lobos pôdecriar antes de ter contato direto com as obras deIgor Stravinsky, considerado, naquela época, oprincipal compositor da cena musical parisiense.1

Como o próprio Villa-Lobos primeiramente admitiua influência stravinskyana, e depois a refutou, ospontos de referência dos musicólogos para tentaridentificar esse aspecto da produção villalobianatornaram-se incertos, já que o compositoraparentemente datou algumas obras com a intençãode reforçar a ausência de qualquer influência que

não fosse do meio natural que teria conhecido emsuas viagens pelo Brasil.2

Uma das obras que se insere nesse contexto éUirapuru, cuja datação oficial é 1917. Esse poemasinfônico, também apresentado ocasionalmentecomo um bailado, estreou somente em 1935, o quetotalizaria uma espera de dezoito anos entre acomposição e a execução efetiva da obra. Oprincipal argumento para refutar o ano de 1917como data verdadeira da composição de Uirapuru éa existência de outra obra, Tédio de Alvorada, queVilla-Lobos compôs em 1916 e estreou em 1918.

Mesmo um exame superficial das partituras ésuficiente para revelar que Uirapuru é, de fato, umaampliação e revisão do material apresentado emTédio de Alvorada e, se esta estreou em 1918, fica

“Tédio de Alvorada” e “Uirapuru”:um estudo comparativo de duas

partituras de Heitor Villa-Lobos

�Paulo de Tarso Salles

Este trabalho busca lançar luz sobre uma questão musicológica importante para a compreensão da evolução

da música brasileira: a datação correta das obras de Heitor Villa-Lobos, especialmente no período que

antecede sua primeira ida à Europa. O método aqui usado é a comparação direta entre a partitura editada de

Uirapuru e uma cópia manuscrita de Tédio de Alvorada, fornecida pelo Museu Villa-Lobos. Além disso, desta

comparação emergem questões como as influências recebidas por Villa-Lobos antes e depois de sua ida a Paris,

em 1923, e seus procedimentos composicionais, tese que o autor vem desenvolvendo no Instituto de Artes da

Universidade de Campinas (IA/Unicamp).

1 A fama inicial de Stravinsky deveu-se, sobretudo, ao sucesso em Paris dos balés O Pássaro de Fogo (1910), Petrushka (1911) e Sagraçãoda Primavera (1913), compostos para a companhia de dança russa dirigida por Sergei Diaghilev.

2 Os biógrafos de Villa-Lobos têm colocado em dúvida a maioria das viagens que o compositor relatou ter feito quando jovem pelasflorestas brasileiras (MARIZ, 1989 e GUÉRIOS, 2003).

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evidente que Uirapuru deve ter sido escrito depoisdessa estréia. Devido ao longo intervalo entre acomposição de Tédio de Alvorada e a estréia deUirapuru, a suposição mais lógica é que Villa-Lobostenha concebido Uirapuru ao longo da década de1920, muito provavelmente adotando novas técnicasde composição ao entrar em contato com oambiente musical parisiense. Assim, uma análisecomparativa entre as duas partituras pode revelarmuito dos processos composicionais de Villa-Lobose mesmo ajudar a estabelecer em quais aspectosespecíficos se pode falar da influência stravinskyanaem sua obra.

A comparação entre o manuscrito de Tédio de Alvorada3 e a partitura editada de Uirapuru4

é o assunto principal deste texto, e a ela noslançamos então.

Análise comparativa – A abertura de Tédio deAlvorada se dá com um solo de flauta que éreproduzido na íntegra em Uirapuru, a partir docompasso 19 (fig. 1). Algumas diferenças se dão na

orquestração de Uirapuru, que apresenta algumassutilezas, como a divisão do naipe de violoncelos econtrabaixos além dos acréscimos de uma clarineta-baixo e tímpano

Outra diferença está na indicação de andamentoque em Tédio de Alvorada é Allegreto deciso, algo umtanto paradoxal para um solo entremeado por dezfermatas. Uirapuru não apresenta indicação deandamento para o mesmo solo.

Conseqüentemente, os 18 compassos iniciais deUirapuru foram compostos muito provavelmenteapós 1918, estréia de Tédio de Alvorada. É nasseções não presentes em Tédio de Alvorada que sepode falar de alguma influência direta de Stravinskysobre Villa-Lobos, supondo que essas seções tenhamsido elaboradas após sua chegada a Paris, em 1923.

Voltemos à comparação entre as partituras. Aseção que se segue ao solo de flauta chama-seTempo di Marcia em ambas, consistindo em umostinato marcadamente nas cordas. Algumasmarcações no manuscrito de Tédio de Alvoradasugerem que Villa-Lobos pensava em alterar a

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Fig. 1: solo de flauta em Uirapuru. Alguns instrumentos foram suprimidos do acompanhamento.

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3 O manuscrito de Tédio de Alvorada apresenta 34 páginas e é identificado pelo número P.38.1.2 na Biblioteca do Museu Villa-Lobos, noRio de Janeiro.

4 A partitura de Uirapuru foi editada pela Associated Music Publishers de Nova Iorque, publicada em 1948.

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orquestração, como de fato ocorreu em Uirapuru. Ofagote foi substituído pelo trombone; um saxofonesoprano foi acrescentado; alterou-se a entrada e asnotas do naipe de segundos violinos.

Essa marcha prossegue com mais algumasalterações na orquestração e na disposição dealguns elementos. No entanto se pode observar –mesmo em Tédio de Alvorada (fig. 2) – umasuperposição de acordes (ré menor com sextaacrescentada e mi maior com sétima) que foimantida em Uirapuru. Outro elemento interessantesão as rápidas volutas das flautas e clarinetas, que jáconstam do manuscrito de 1916, mas que soamstravinskyanos nesse contexto harmônico politonal.5

A longa melodia dos primeiros violinos foiposteriormente dobrada uma oitava acima (comp. 9-27 de Tédio de Alvorada; comp. 30-58 de Uirapuru),e Villa-Lobos a emprega como baixo dos 18compassos iniciais de Uirapuru.

Em relação ao trecho mostrado acima, Villa-Lobos sofisticou e ampliou a orquestração alterandosutilmente as partes de segunda flauta, fagote,

trompas, primeiros violinos, violoncelos econtrabaixos; além disso, a nova orquestração incluioboé e corne-inglês, trombone (executando a linhaque o fagote faz em Tédio...), uma segunda clarineta,tuba, tímpano e piano.

Outro elemento de destaque é a elaboraçãorítmica da melodia (vno. 1), sugerindo uma divisãoem quatro tempos que atravessa o compasso ternário.

Mais adiante, no desenvolvimento da melodia doprimeiro violino, uma nova seção foi acrescentadaem Uirapuru, compreendendo os compassos 48 a59, justamente o ponto de maior densidadeorquestral e alterações cromáticas. Assim, a partiturade Tédio de Alvorada salta do compasso 47 para o 60de Uirapuru, mantendo dois períodos simples derepetição melódica sobre o ostinato.

Quando ambas as partituras se “reencontram”(Tédio de Alvorada c.26-28; Uirapuru c. 60-62), asdiferenças permanecem praticamente as mesmas doinício da seção. Todavia, o glissando executadosomente pela harpa no compasso 28 de Tédio deAlvorada, é reforçado por piano e celesta, além de

5 Donde se conclui que Villa-Lobos não deve todos os seus elementos “modernos” ao contato com a música de Stravinsky, na Europa.

Os pontos de referência para identificar a influência stravinskyana são incertos: Villa-Lobos

aparentemente datou obras para reforçar a influência de suas viagens pelo Brasil.

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Tédio de Alvorada (Tempo di Marcia)

A própria flauta sustenta a nota MI (que encerra o solo)por dois compassos.

O fagote participa do ostinato.

O naipe dos segundos violinos dobra o dos primeiros.

Uma parte de tímpanos (que acreditamos ser para ostrombones) está rascunhada, em caligrafia diferente, apartir do terceiro compasso do ostinato.

Uirapuru (Tempo di Marcia)

A flauta não sustenta o MI, que passa para o saxofonesoprano, soando por quatro compassos.

O trombone participa do ostinato.

Os segundos violinos entram apenas no terceiro compassodo ostinato, soando uma terça abaixo dos primeiros.

Os segundos violinos e a nota superior das violas realizamessa notação esboçada de Tédio de Alvorada.

Tédio de Alvorada (início)

O solo de flauta não é metrificado por barras ou fórmulade compasso; a progressão melódica (Bb-Gb-A-F) érepetida apenas duas vezes.

O acompanhamento orquestral se extingue na 7a fermata.

Instrumentos do acompanhamento: fag., cor., vno. 1-2,vla., vlc., cb.

Indicação de andamento: Allegreto deciso.

Uirapuru (Compasso 19)

O solo de flauta é metrificado em compasso quaternário;a progressão melódica do 3º e 4º compassos (Bb-Gb-A-F)é repetida ad libitum.

O acompanhamento orquestral perdura por todo o solo daflauta, porém a densidade cai progressivamente, restandoapenas um contrabaixo solista sustentando um RÉ grave.

Instrumentos do acompanhamento: cl. B., fag., cor.,timp., vno. 1-2, vla., vlc. (div. a 3), cb. (div. solo-demais).

Sem indicação de andamento, que na seção anterior eraPoco adagio.

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Fig. 2: compassos 7 a 12 de Tédio de Alvorada, dentro do Tempo di Marcia.

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figurações ascendentes das madeiras, em direção aoDÓ agudo (fig. 3).

Nessa rápida figuração das madeiras estãopresentes duas características importantes da músicaque Villa-Lobos desenvolveu durante a década de1920. A primeira é de caráter harmônico: acombinação superposta de duas classes deintervalos, terças e quartas. A outra é relativa aoadensamento rítmico, pela superposição de diversassubdivisões irracionais. A resultante é uma “mancha”sonora, um elemento timbrístico que absolutamente

não constava do repertório de Villa-Lobos quandoele compôs Tédio de Alvorada.

Todavia, Villa-Lobos ainda adota em Uirapuru umprocedimento clássico, ou seja, a repetição integraldesde o início (um equivalente ao ritornello dasinfonia clássica em forma-sonata). Nos compassos68 e 134, há uma única mudança em relação ao jáapresentado: o solo de flauta (fig. 1) passa a serexecutado pelo saxofone soprano (c. 86-91).

Após a repetição vem a seção mais significativade Uirapuru (compassos 134 a 225), em que o

Uirapuru é uma ampliação e revisão do material apresentado em Tédio de Alvorada:

a análise comparativa pode revelar muito dos processos composicionais de Villa-Lobos.

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Fig. 3: reforço do glissando em Uirapuru, compassos 62-63. Foram suprimidos outros instrumentos.

Tédio de Alvorada

Flautas 1 e 2 tocam a mesma figuração em intervalo deoitava.

Fagote toca uma seqüência de G#-F#, entremeada porpausas de colcheia.

As trompas tocam o cluster C-D-E; na partitura sãoprescritos instrumentos em Fá e Mi.

O ostinato das cordas segue sem inflexões ouacentuações dinâmicas.

Uirapuru (Tempo di Marcia)

Flauta 2 toca apenas o SI colcheia, sem a voluta.

Essa seqüência fica a cargo do trombone; o fagote dobraas novas partes de piano, tuba e tímpano.

As trompas II e IV, em Fá, tocam o acorde D-F#.

O ostinato das cordas recebe acentuações – irregularesquanto a distância entre as ocorrências – situadas sobre o2º tempo de determinados compassos. Esse ponto éreforçado pela ação de piano, tuba, trombones e fagote.

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É nas seções não presentes em Tédio de Alvorada que se pode falar de alguma influência direta

de Stravinsky sobre Villa-Lobos, supondo que essas seções foram elaboradas após 1923.

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�compositor insere sonoridades que evocam o cantode pássaros e outros sons ambientais. A melodia daflauta (fig. 4), sugere um processo dedesenvolvimento melódico semelhante ao empregadopor Stravinsky em Le Sacre du Printemps [A Sagraçãoda Primavera] no solo inicial do fagote.

A reiteração da frase faz com que a nota Dó soecomo uma espécie de centro, reforçado pelas notasextremas da melodia, o Fá, som mais agudo e o Sol,

som mais grave. Dessa forma, Villa-Lobos reproduziua mesma relação “tonal” presente em Le Sacre, emque a nota Lá é o centro, com os reforços do Réagudo e do Mi grave (fig. 5). Assim está presente emambas melodias, ao menos subliminarmente, arelação de quintas tão cara à tonalidade.6

Ainda nessa seção de Uirapuru, entre oscompassos 184 e 214, há outro reaproveitamento domaterial de Tédio de Alvorada (fig. 6). Nota-se que o

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Fig. 4: solo de flauta em Uirapuru, compassos 136-142.

Fig. 5: solo de fagote no início de Le Sacre du Printemps, de Stravinsky.

Fig. 6: referências a Wagner em Tédio de Alvorada. Foi omitida a parte da trompa.

6 BOULEZ (1995, p. 81) foi quem observou essa relação de quintas em Le Sacre, numa célebre análise dos processos composicionais daobra. KATER (1990) aponta outras semelhanças entre esse solo de fagote e o solo de saxofone que inicia o Noneto (1923), de Villa-Lobos.

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material desse trecho evoca o “acorde de Tristão” (emposição invertida) e a melodia inicial do oboé doPrelúdio da ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner.

Em Uirapuru esse material ganha novaroupagem. O acorde Tristão migra das cordas parauma combinação entre clarinetas e fagotes; o pedalSi da harpa é reforçado por piano e celesta; oharmônico Mi dos contrabaixos migra para osvioloncelos. A seção é, ainda, prolongada por maisonze compassos (compasso 215 ao 225).

O trecho entre os compassos 226 a 291 deUirapuru corresponde aos compassos 31 a 79 deTédio de Alvorada. Novamente se observa umaampliação do material anterior que ganha dezessetenovos compassos. Do mesmo modo a orquestra foiconsideravelmente ampliada, preservando, porém, oselementos marcantes que são os solos de tímpano exilofone. As partes secundárias dessa seção em Tédiode Alvorada são basicamente corne-inglês, trompa eprimeiros violinos. O corne-inglês foi posteriormentedobrado por flautas e saxofone-soprano; o tímpano édobrado pelos violoncelos, com eventual apoio doscontrabaixos; trombones e tuba ganham figuraçãoprópria, como também clarineta e violas.

Em Tédio de Alvorada se segue uma seçãomarcada pelo solo de trombone (c. 80-92) comsuporte dos tímpanos; em Uirapuru, sempreexpandida em relação ao tamanho e à densidadeorquestral, o pulso rítmico é enfatizado pelapercussão (coco, tamborim e surdo), a cargo de umúnico executante (c. 292-330).

Novo ponto de contato entre as partituras está noscompassos 97 a 105 de Tédio de Alvorada e 331 a 339de Uirapuru. As septinas da clarineta são dobradaspelo piano, e as cordas ganham uma figuração dearpejos em pizzicato. A distribuição do material dossopros é alterada privilegiando as madeiras e fazendocalar os trombones e trompas. As partituras seguemcoincidindo na seção seguinte (fig. 6), com asmodificações comentadas anteriormente. A recorrênciado tema inicial dos violinos (fig. 2) presente, comtransposição, nos baixos de Uirapuru tanto entre oscompassos 196-213 como em 349-354,7 faz lembrar atécnica de desenvolvimento “cíclico” da escola deFranck, que Villa-Lobos conheceu no Cours deComposition Musicale de Vincent D’Indy.

Há nova expansão do material em Uirapuru,destacando-se o rallentando dos compassos 358-359em que flautas, trompetes, celesta e cordas realizamoutra passagem semelhante ao adensamento rítmicoe harmônico comentado na fig. 3. Isso desembocanum acorde de Lá menor com sétima e nona (comp.360), seguido por uma cadência de violinophone,8

evocando ciclicamente o solo da flauta do início (fig. 1). Até mesmo o encaminhamento da coda éampliado em Uirapuru, mantendo porém asreferências ao Prelúdio de Tristão e Isolda, como porexemplo o final em uníssono sobre a nota Sol (harpae contrabaixos). A análise abaixo (fig. 7) mostra osprocessos de permutação e adição/subtraçãointervalar empregados por Villa-Lobos para evocar asnotas finais do Prelúdio de Wagner.9

Algumas marcações no manuscrito de Tédio de Alvorada sugerem que

Villa-Lobos pensava em alterar a orquestração, como de fato ocorreu em Uirapuru.

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7 E também nos baixos dos 18 compassos iniciais.

8 O violinophone seria um violino com uma corneta de metal substituindo o corpo do instrumento, ou acoplada a ele. Em Tédio deAlvorada esse solo fica a cargo de um violino comum (comp. 148). Béhague (1994, p. 51) se equivoca ao atribuir a invenção desseinstrumento a Villa-Lobos.

9 Para uma análise mais detalhada do uso do acorde de Tristão em Uirapuru e outras obras de Villa-Lobos, ver SALLES, 2004.

Fig. 7: comparação entre o conteúdo melódico-intervalar dos finais de Uirapuru / Tédio de Alvorada e do Prelúdio de Tristão e Isolda.

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A comparação entre as partituras de Tédio de Alvorada e Uirapuru revela o cruzamento

de influências da juventude de Villa-Lobos com técnicas “modernas” dos anos 1920.

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�Conclusões – A comparação entre as partituras

de Tédio de Alvorada e Uirapuru revela o cruzamentode influências da juventude de Villa-Lobos (Wagner,Franck e d’Indy, entre outros) com técnicas“modernas” empregadas nos anos 1920, as quaispodemos atribuir ao contato com os balés deStravinsky, especialmente O pássaro de fogo e ASagração da Primavera. Além disso, podemos suporque certas passagens politonais de Tédio de Alvoradapossam ter ocorrido a Villa-Lobos pelo contato comDarius Milhaud, no Rio de Janeiro, em 1917.

Portanto, Uirapuru é como uma bricolagem deprocessos composicionais herdados do Romantismocombinados a técnicas do início do século XX. Aorevisar Tédio de Alvorada, Villa-Lobos praticamentemanteve intacto o material já escrito, preferindoampliar a paleta orquestral, e enxertou novomaterial, elaborado de acordo com outrosprocedimentos composicionais.

Pode-se observar que as ampliações daorquestração revelam uma sofisticação da técnica deVilla-Lobos, não apenas com relação ao colorido,mas em relação ao delineamento mais equilibrado damassa orquestral. Todavia, Uirapuru soa demasiadoseccional, devido às evidentes montagens realizadascom o material. A repetição dos 68 compassosiniciais não encontra muito suporte nodesenvolvimento da peça e costuma ser omitida nasexecuções. Essa obra é, portanto, um documentovalioso sobre a evolução do compositor e se houvesseuma datação mais precisa poderíamos deduzirmuitos aspectos da poética villalobiana que aindanão passam de suposições.

Referências bibliográficas

BÉHAGUE, Gerard. Villa-Lobos, Heitor. In: The New Grove’sDictionary of Music and Musicians, p. 613-621, 2001.

____. Heitor Villa-Lobos: the search for Brazil’s musical soul.Austin: University of Texas – Institute of Latin AmericanStudies, 1994.

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uando Waldemar Henrique nasceu,Belém do Pará era uma cidade opulenta echeia de contrastes. Vivia o apogeu desua belle époque, que transformara a

paisagem urbana modernizando-a e atualizando-acom a cultura e os bens materiais produzidos nomundo desenvolvido. Era capaz de custearrequintada vida boêmia e artística.

Exatamente em 1905, no dia 3 de maio, estréia aGrande Companhia Lírica Italiana, de DonatoRotoli, re-inaugurando o Teatro da Paz.Subvencionada pelo governo do estado eempresariada pelo maestro Assis Pacheco. Procediade São Paulo, onde cumprira temporada no TeatroSantana em 1904-5.1

Belém e Manaus não capitalizaram nemdesenvolveram uma economia capaz de se auto-sustentar no momento em que o mundo setransformava com a aquisição das conquistasmateriais e tecnológicas que chegavam até nós

juntamente com os prenúncios da mundializaçãodos produtos culturais. Os governos locaisesbanjaram os recursos de tal sorte que exauriram otesouro, empenhando os lucros que eramadministrados por banqueiros estrangeiros. Ocolapso da borracha interrompeu bruscamente achamada belle époque amazônica, expressão daeuforia e do triunfo da sociedade burguesa.

Neto de portugueses e filho de Thiago JoaquimPereira e Joana da Costa Pereira, ambos paraenses, opai também sofreu os efeitos da crise. Seus negóciosnaufragaram. A prole era numerosa e precisava deboa assistência. Em 1910, Waldemar Henrique foimandado para a casa dos avós na cidade do Porto(Portugal), iniciando ali os estudos primários. Em1918, menino de 13 anos, estava de volta a Belém.O pai agora sobrevivia como guarda-livros.Encontrou a cidade profundamente modificada,vivendo o drama da quebra da borracha. Ainda assimmantinha alguma efervescência musical. Nesse

Q

O centenário de Waldemar Henrique

�Vicente Salles

O último dia 15 de fevereiro marcou o centenário de nascimento do pianista e compositor Waldemar Henrique

da Costa Pereira, nascido em Belém do Pará e falecido na mesma cidade em 27 de março de 1995, aos

noventa anos. Deixou obra que expressa musicalmente a riqueza da cultura amazônica: canções e outros

gêneros musicais que servem tanto à musicalidade popular quanto à expressão lírica, apreciados pelos

cameristas, aos quais legou vasto repertório. Waldemar Henrique viveu largo tempo no Rio de Janeiro, onde

se consagrou, foi titular da cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Música. Retornou ao Pará e exerceu

durante 15 anos a direção do Teatro da Paz. Foi membro da Academia Paraense de Letras, do Conselho

Estadual de Cultura do Pará, fundador e primeiro presidente da Academia Paraense de Música.

1 Cf. Cerqueira, 1954: 48-9.

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mesmo ano teve a grande emoção de ver no palco doTeatro da Paz a célere bailarina Ana Pavlova, que lhearrancou lágrimas. Muito embora o pai nãoconsentisse, enveredou nos estudos musicais,clandestinamente, tomando aulas de violino, piano,harmonia, composição e canto. Logo recebia liçõesde piano de D. Nicota Andrade, velha e conceituadamestra. E aos 14 anos brotaram as primeirascomposições.

Ainda na adolescência, começou a enfrentarbalcões e escritórios de uma casa bancária. Afastou-oprovisoriamente dessa vida monótona o recrutamentopara o exército, alistado no 26º BC, onde acabourevoltoso. Foi o episódio de 26/27 de julho de 1924,liderado por homens de baixa patente, que sesentiram desorientados e apelaram para o capitãoAssis de Vasconcelos, que comandou a desastradaaventura em que perdeu a vida. Waldemar Henrique,com os vencidos, foi preso e anistiado. Data dessaépoca a criação de Minha Terra, canção patrióticaque teve imediata repercussão.

A esse tempo freqüentava reuniões nas casasburguesas que mantinham o hábito dos serõesmusicais. Numa dessas reuniões, no solar da

francesa Marcelle de Guamá, conheceu as irmãsChase, duas mulatas paraenses, descendentes denegros de Barbados. Dóris e Phillys foram suasprimeiras intérpretes. Dóris era dona de uma vozbelíssima, educada na Alemanha. Phillys era pianista.Elas tinham piano e, nele, Waldemar praticava.

Atraído pelo canto, aproximou-se do barítonoUlysses Nobre, mas apenas exercitou a voz. Ointeresse maior estava no piano. Ingressou noConservatório Carlos Gomes, aperfeiçoando-se comBeatriz Simões, Filomena Brandão Baars e omaestro Ettore Bosio, que formou a base de seusestudos de harmonia e composição.

Em 1931, viajou para o Rio de Janeiro, com umpequeno grupo de amigos e tentou empregos nocomércio. Ficou pouco tempo.

Ao voltar, fez uma experiência bem-sucedida aoescrever várias canções para a revista Na Casa daViúva Costa, criação de Antônio Tavernard eFernando Castro.

Em 1933, resolveu abandonar seu emprego nocomércio local e transferiu sua residência para o Riode Janeiro, com o objetivo de fazer carreira artística.Levava uma bagagem e um estilo que se definiu a

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O compositor Waldemar Henrique: titular da cadeira N. 2 da ABM.

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partir de 1926, no contato com jovens intelectuaisparaenses que, a esse tempo, buscavam seuspróprios rumos, como Abguar Bastos, Bruno deMenezes, Paulo Castro e Antônio Tavernard.

Waldemar Henrique chegou ao Rio de Janeiro nomomento exato da afirmação da identidade nacionalna MPB, introduzindo o estilo amazônico, primeiramanifestação de forte cunho regional nortista que seimpôs no Rio de Janeiro, na era getulista, cheia deapelos populistas e do desbragado regionalismo. Aarte, nesse momento, tem marcada “missão” política.

“A música dos anos 30 é a música decaráter brasileiro mais acentuado. Vinhasendo gerada pelos primeiros fluxos dasvertentes sertanejas, do norte, nordeste,centro, sul, derramadas principalmente noRio de Janeiro, sede do poder, usina dereciclagem estética, agora (re)ativada coma colocação no mercado do produtoindustrializado, o disco, e a divulgaçãopela mídia impalpável, que se expandiapelos ares, o éter as irradiaçõesradiofônicas, alcançando distânciasincalculáveis.Mara e Waldemar Henriquedesembarcaram no Rio de Janeiro nesseexato momento. No mesmo momento emque muitos outros artistas brasileiros alichegaram para desenhar o imensomosaico sonoro dos anos 30.Conseqüência talvez da ruptura dapolítica café-com-leite, de largarepercussão”.2

Paralelamente às suas atuações nas rádios, nosteatros, nos cassinos, do Rio, São Paulo, BeloHorizonte, também fez excursões pelo Brasil,Argentina, Uruguai, França, Espanha e Portugal. NoRio, retomou os estudos de piano, composição eregência com Barroso Netto, Newton Pádua, ArthurBossman e outros, dedicando-se à composição, compreferência pelas canções de ambientação folclórica.Algumas dessas canções tornaram-se largamenteconhecidas, como Minha Terra, Cobra Grande eTamba Tajá, com dezenas de gravações no Brasil eno estrangeiro, Abaluaiê, Trem de Alagoas, Uirapuru,Abalogum, Coco Peneruê e Boi-bumbá, gravadas emdisco Chants du Monde e Decca, em Paris; EssaNegra Fulô, Foi Boto Sinhá, Senhora Dona Sancha,Eu me Agarro na Viola e várias outras, gravadas no

Rio e São Paulo; peças para piano, músicaespecialmente composta para peças teatrais (temapara Vida e Morte Severina, que obteve o PrêmioJornal do Comercio, 1958, Recife, como a melhor doano) e Pássaro da Terra, de João de Jesus PaesLoureiro; para filmes brasileiros e, ainda, para ofilme português O Primo Basílio (lundu e outrostemas), além de hinos, canto orfeônico, coral (Hinodos 350 anos de Belém) e outras circunstâncias.Harmonizou numerosas cantigas folclóricasportuguesas e brasileiras. Lecionou por alguns anosno Rio de Janeiro e produziu programas para diversasemissoras, entre as quais a Rádio Roquette-Pinto, naqual foi diretor da Seção de Música Orquestral.Serviu no Departamento de Cultura e no TheatroMunicipal do Estado da Guanabara até 1967. Nogoverno Carlos Lacerda, foi agraciado com oDiploma e Medalha do Mérito Carlos Gomes, pelosserviços prestados à cultura musical no então Estadoda Guanabara e por três vezes comissionado peloItamarati para excursionar em missão artística noExterior (França, Espanha e Portugal, em 1949 e1955) e pela América do Sul em 1953-4 (Paraguai,Uruguai e Argentina).

Em 1967, convidado pelo State Department,visitou os Estados Unidos durante 75 dias. Em1966, voltou para Belém, a convite do governo doestado (Alacid Nunes), para dirigir o Departamentode Cultura da Secretaria de Estado de Educação eCultura e o Theatro da Paz. Desde então, viveu nasua cidade natal, com rápidas viagens ao Rio deJaneiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte etc.

Com Gentil Puget, Jayme Ovalle e Arthur Iberêde Lemos, Waldemar Henrique inscreveu seu nomeentre os mais importantes compositores paraensescriadores de canções. Sua obra teve, porém, maiorrepercussão, interessando a um número maior deintérpretes, que a colocam constantemente nosprogramas de recitais ou audições radiofônicas e detelevisão. Possui também a maior cópia de músicasgravadas no Brasil e no estrangeiro. É no ambienteamazônico que se situa grande parte da sua obra.Entretanto, coletou e harmonizou temas folclóricosde outras regiões do País, produzindo verdadeiromosaico sonoro nacional. Não faz o aproveitamentodesse folclore de forma direta, mas, utilizando esteou aquele tema, trabalha sobre os mesmos eapresenta, muitas vezes, soluções originais, uminteligente trabalho de recriação, quase sempredotado de esmerado acompanhamento pianístico.

Em 1924, quando servia no Exército, Waldemar Henrique envolveu-se em episódio em que terminou

preso e anistiado. É dessa época a canção patriótica Minha Terra, que teve imediata repercussão.

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2 SALLES, V. A obra de Waldemar Henrique, ensaio introdutório do volume Canções, Belém, 1996, p. 13.

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Mostra expressiva é a maneira como WaldemarHenrique encara o documento folclórico a partir deseu registro em fontes populares; a elaboração comsua forte identidade encontra-se bem definida nacélebre Valsinha de Marajó. Outro exemplo próximotemos na canção Morena, inspirada numa chulamarajoara, um tanto irônica, que ele transformou emvalsa seresteira, em mi bemol:

Deixei cabanaDeixei meu gadoPara ver morenaDo meu cuidadoMorena belaQue tanto ameiA fé mais puraEu te jureiEu já fui presoPor uma açucenaSó por gostar Da cor morenaMorena bela etc.A cor morenaÉ cor de prataA cor morenaÉ que me mataMorena bela etc. Versos extremamente simples, de nítida

inspiração rural, da área da pecuária, circularam peloPaís, encontrando-se registro anterior no livro deJúlia Brito Mendes, Canções Populares do Brasil,1911, p. 79, sob o título “Deixei Cabanas”, em ritmode valsa, na tonalidade de Mi Maior. Nesses versos,é invocada Anália, musa dos poetas mais antigos(abaixo).

A canção de Waldemar Henrique, com duasestrofes a mais, é de 1930. Ele ainda se achava emBelém quando a construiu, baseando-se emdocumento folclórico que ouviu em criança na ilhade Marajó.

Entretanto, também com o título Deixei Cabanas,encontra-se versão mais antiga, com dez estrofes, nacoletânea Cantares brasileiros de Melo Morais Filho,3

cuja primeira edição data de 1900.Waldemar Henrique fez outras loas à morena

paraense. Em seu catálogo, há outra canção com omesmo título, letra e música próprias, apresentada emprimeira audição por Aldemar Guimarães numprograma no Rádio Clube do Pará, Belém, em 1935.A letra diz que “Toda morena é um encanto eu jásabia”, finalizando “Morena, se tu quisesses, eu dariatudo, tudo que pedisses, que aspirasses – por umbeijinho teu”. Produziu, ainda, terceira canção, comletra de Georgina Erissmann, no diminutivoMoreninha.

Com o caráter de modinha, compôs Adeus, em1960, para ilustrar uma cena teatral, quando o galãse despede de sua amada, foi dedicada à insignesoprano paraense Maria Helena Cardoso. A letratem um leve sabor do velho romanceiro revestida deboa linha melódica, modinha lírica e sentimental.Foi editada pela primeira vez no volume Canções,pela Fundação Carlos Gomes, Imprensa Oficial doEstado, 1996, pp. 63-66:

Revelam o estilo modinheiro os versos de VioletaBranca na canção A Vela que Passou, retratando umveleiro singrando numa noite triste o imenso enostálgico rio-mar:

Singrando o marUma vela passouNa noite triste (bis)Alguém dentro dela cantavaSob o luar (bis)A mesma canção que canteiQuando partiste (bis)Oh! oh! oh!...Era a canção que canteiQuando partisteQuem cantavaNão sei

Cabocla Malvada, versos de Wladimir Emanuel,narrando a história de uma mestiça desalmada queabandonou o seu amor mas... voltou.

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3 Consultada a edição de 1981, Rio de Janeiro: SEEC/Departamento de Cultura, p. 251

Part 2

Waldemar Henrique chegou ao Rio de Janeiro no momento exato da afirmação da identidade

nacional na MPB, introduzindo o estilo amazônico, primeira manifestação de forte cunho

regional nortista na era getulista.

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Momento – ou Minha Amada tão Longe, de textomuito sugestivo, soneto de Alphonsus GuimaraensFilho, e a valsa Meu Último Luar, valsa dolentesobre texto apaixonado, é uma homenagem a Gastão Formenti, que a gravou em disco RCA-Victorn.º33799 lado B. O poema é do compositor.

Meu Amor – ou Fiz da Vida uma Canção – é umavalsa-romance muito original, com encantadoramelodia, que segue o espírito das duas peças citadasanteriormente. Canção do Meu Amor, poema deMartins Fontes, Quando a Saudade Acorda, versos deAntônio Tavernard; Romance, com o mesmo poeta,Felicidade, versos de De Campos Ribeiro.

“A Amazônia é a parte predominante detoda a obra de Waldemar Henrique, a qualnos chega com uma força muito grande,através de canções, lendas, bailados,ritmos, ambientação própria, afinal, de ummundo que foi tratado com carinhoespecial em seus mínimos detalhes”.4

Nada se iguala, porém, ao conjunto “LendasAmazônicas”, onze miniaturas de um grande painelou verdadeira rapsódia do imaginário amazônico: 1. Foi Boto, Sinhá! 2. Cobra Grande; 3. Tamba-tajá;4. Matintaperera; 5. Uirapuru; 6. Curupira; 7.Manha-Nungara; 8. Nayá; 9. Japiym; 10. Pahy-tuna;11. Uiara.

Tamba-tajá, nº 3 da série “Lendas Amazônicas”, éa canção que melhor define a personalidade deWaldemar Henrique. Construída à base derecitativo, freqüentemente interrompido pelo apelo“tamba-tajá”, também marcada por um deliciosocontraste entre o despojamento da melodia e umtratamento complexo da parte pianística. Em suaspoucas e repetidas notas diz tudo de um grandeamor. Durante nada menos de oito compassoscomparecem, no canto, apenas duas notas,resultando daí que a mais famosa canção deWaldemar Henrique é indubitavelmente a maissimples. “Enfeixa um intenso dramatismo que desfaztoda e qualquer idéia de pobreza musical”.5

O catálogo elaborado por José Claver Filho6

revela o caráter e a singularidade da obra docompositor, sua dedicação quase exclusiva ao canto,deixado apenas uma peça para piano solo, Valsinha

de Marajó, e 2 outras para orquestra, que chegaram aser executadas, a abertura sinfônica Muiraquitans(executada em Belém e Manaus), na partitura darevista Ópio, de Benjamim Lima, o prefixo musicalda Rádio Marajoara e a música-tema do poemadramático de João Cabral de Melo Neto, Morte eVida Severina, que o Teatro do Estudante do Parálevou ao palco.

A obra em disco – Embora bastante conhecidanos meios artísticos nacionais, com projeção para oexterior, a obra de Waldemar Henrique ainda épouco difundida pelo disco. Só em 1956 conseguiulançar o primeiro LP nacional, interpretado pelopróprio compositor ao piano acompanhando a vozde Jorge Fernandes. Esse disco abrange quatorzecanções de diferentes épocas. Além de JorgeFernandes, têm gravada a música deste compositor,entre outros, Vanja Orico, Olga Praguer Coelho,Inezita Barroso, Silvinha Mello, Gastão Formenti,Edson Lopes, Alice Ribeiro, Maria Lúcia Godói,Jane Vaquer (Jane Duboc), José Tobias.

Na Coleção Música Popular do Norte, v. 1,1974, Marcus Pereira selecionou oito canções,interpretadas por Jane Vaquer (Jane Duboc) e JoséTobias, com arranjos de Radamés Gnattali. Todos naface A do primeiro disco: 1. Rolinha, Jane Vaquer; 2.Uirapuru, José Tobias; 3. Abaluaiê, José Tobias; 4.Tajá Panema, Jane Vaquer; 5. Matintaperera, JoséTobias; 6. Boi-Bumbá, José Tobias; 8. Morena, JoséTobias; 9. Cabocla Bonita, tema recolhido por Máriode Andrade, toada, Jane Vaquer. O nº 7, a cançãoQuerer Bem não é Pecado, cantada por Jane Vaquerfoi atribuída erradamente a Waldemar Henrique. Édo potiguar Oswaldo Sousa.

A melhor seleção da obra de WaldemarHenrique, disco que ele mais apreciou, foi a tiragemfora do comércio gravada em 1976 com a sopranoparaense Maria Helena Coelho Cardoso. É um discoantológico que a SECULT-Pará utilizou para produziro segundo CD da série Uirapuru – O Canto daAmazônia. Contém: 1. Tambatajá; 2, Uirapuru; 3.Matintaperera, letra de A. Tavernard; 4. Morena; 5.Rolinha; 6. A Vela que Passou, letra de VioletaBranca; 7. Senhora Dona Sancha, letra de GastãoVieira; 8. Sem Seu; 9. No Jardim de Oeira; 10.

No ambiente amazônico se situa grande parte da obra de Waldemar Henrique,

que também coletou e harmonizou temas folclóricos de outras regiões do País.

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4 CLAVER FILHO, José. O Canto da Amazônia, p. 85.

5 Ibid., p. 91.

6 Há dois catálogos, o que se encontra anexo ao ensaio biográfico de Cláver Filho Waldemar Henrique – O canto da Amazônia, Funarte,1978 e o da série Compositores Brasileiros do Ministério das Relações Exteriores, dezembro de 1979.

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Tamba-tajá, nº 3 da série Lendas Amazônicas, é a canção que melhor define a personalidade

de Waldemar Henrique. Em suas poucas e repetidas notas diz tudo de um grande amor.

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�Cabocla Malvada, letra de Wladimir Emanuel; 11.Adeus; 12. Essa Negra Fulô, letra de Jorge de Lima.

A História da MPB, da Abril Cultural, dedicou aWaldemar Henrique apenas uma face do fascículo73, dividido com Hekel Tavares, contendo quatroreproduções de velhos 78 rpm. Lamentavelmente, asegunda edição excluiu o compositor paraense.

Com Hekel Tavares, produziu outro trabalho poucolembrado, os versos do conto infantil O sapo dourado.

A Universidade Federal do Pará (UFPA)inaugurou a coleção Nos Originais com o LPHomenagem a Waldemar Henrique, contendodezesseis obras interpretadas por Marina Monarca,soprano e tenor Antônio Carlos Feio, acompanhadosao piano por Maria Lenora Menezes de Brito eEliana Cutrim Kotschoubey. LADO A: 1. Tambatajá,Lendas Amazônicas nº 3, piano Maria LenoraMenezes de Brito, canto Marina Monarcha; 2.Uirapuru, Lendas Amazônicas nº 5, ibid.; Manha-Nungara, Lendas Amazônicas nº 7, ibid.; Primavera,valsa, ibid.; Senhora D. Sancha, versos de GastãoVieira, ibid.; Meu Último Luar, valsa, ibid.; EssaNegra Fulô, poema de Jorge de Lima, ibid. LADO B:1. Valsinha de Marajó, piano solo, Eliana CutrimKotschoubey; 2. Minha Terra, canção, canto tenorAntônio Carlos Feio, piano Eliana CutrimKotschoubey; 3. Matintaperera, Lendas Amazônicasnº 4, ibid.; 4. Boi-Bumbá, batuque amazônico, ibid.;5. Cabocla Malvada, canção, versos de WladimirEmanuel, ibid.; Minha Amada tão Longe, poema deAlphonsus de Guimaraens Filho, ibid.; Trem deAlagoas, poema de Ascenço Ferreira, ibid.

Para marcar o início dos festejos do Centenáriodo Conservatório Carlos Gomes, a Fundação CarlosGomes, de Belém, produziu o primeiro volume deCanções de Waldemar Henrique, reunindo textobiográfico redigido por Vicente Salles, explicaçõestécnicas por Augusto Teixeira, Felipe Andrade eSilva e Jorge Santos Sousa, partituras de 52 peçasdo compositor.

Consagrado ainda em vida por expressivabibliografia, com destaque dos estudos de JoséCláver Filho, O Canto da Amazônia, premiado eeditado pela Funarte, 1978, Waldemar Henriqueproduziu também expressiva obra literária, que lhevaleu ingresso na Academia Paraense de Letras. Oescritor Sebastião Godinho reuniu a produção

literária e farta documentação iconográfica,depoimentos, cartas etc., compondo o volume SóDeus Sabe Por que.

Waldemar Henrique foi essencialmentecompositor vocal, tendo como modelo a voz de Mara,sua irmã e intérprete predileta. Poetas paraensesforam preferidos participando de várias composições,como Antônio Tavernard, Ilná Pontes de Carvalho,Gastão Vieira, Bruno de Menezes, WladimirEmmanuel, De Campos Ribeiro, Jorge Hurley,Marcelle Guamá (francesa, casada com paraense eresidente em Belém), Celeste Proença, AugustoMeira Filho, Raymundo de Sousa Moura etc.

Buscou também poetas de outros estados, comoAscenso Ferreira, Martins Fontes, Alphonsus deGuimaraens Filho, Jorge de Lima, Juanita Machado,Manuel Bandeira, Raul Bopp, João Cabral de MeloNeto7 e outros.

“Waldemar tem uma habilidade maravilhosapara unir letra e música. Ao escolher e recolhertextos de outros autores, o seu cuidado é para queletra e música se harmonizem perfeitamente,criando uma fusão espiritual responsável peloencantamento da produção.”8

Tendo muitos parceiros importantes, crioumúsica para versos de poetas antigos e modernos,ele próprio produziu versos e fez curiosa parceriacom o pianista conterrâneo Oriano de Almeida,oferecendo-lhe textos para musicar.

As comemorações em Belém – A Secretaria deCultura do Pará apresenta, no transcurso docentenário do compositor, três CDs e espetáculosmusicais no Teatro da Paz a partir de 15 defevereiro, data do natalício do maestro e daquele

7 Escreveu, em 1958, a música-tema para o poema Morte e Vida Severina que o Norte Teatro Escola, de Belém, dirigido por BeneditoNunes, Maria Sílvia Nunes e Angelita Silva apresentou no I Festival de Teatro do Estudante, no Rio de Janeiro, premiado com a medalha debronze.

8 BRITO, Maria Lenora Menezes de. Uma leitura da música de Waldemar Henrique, Belém, 1986, p. 65.

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teatro. Dois CDs pertencem ao selo ProjetoUirapuru: “Waldemar inédito e Raro Henrique” e“Waldemar Seresteiro”. O terceiro no selo “AMúsica e o Pará”, homenageia o maestro com “UmRéquiem para Waldemar”, do jovem compositorparaense Luiz Pardal. São ao todo 89 faixas emgravações inéditas, que reuniram os principaisartistas da cena musical paraense.

No espetáculo do dia 15 de fevereiro houve olançamento do CD duplo número 14 do ProjetoUirapuru, constituído de 57 músicas inéditas eraras, localizadas no acervo do Museu da Imagem edo Som do Pará. O espetáculo trouxe trintamúsicas, mesclando o erudito e o popular – duasvertentes da obra de Waldemar Henrique – ereunindo artistas da música popular e lírica. Já odisco “Waldemar Seresteiro” reúne canções gravadasao vivo em espetáculo apresentado no Teatro da Pazem 2004: choro e seresta na voz da cantora LucinhaBastos e conhecidos chorões de Belém, como YuriGuedelha, Luiz Pardal e Paulo Moura. “UmRéquiem para Waldemar” é o volume 11 da série AMúsica e o Pará. A composição título, de LuizPardal, seguida da suíte de Ernst Mahle, são duasobras inéditas em disco. A primeira é uma obra feitaespecialmente em celebração da morte do maestro;a segunda, do acadêmico Ernst Mahle, dá novaroupagem a conhecidas composições de WaldemarHenrique. Homenagem expressiva ao seucompanheiro do Norte.

Outros eventos comemorativos acontecem emBelém ao longo de 2005. Uma exposição itinerantecom painéis sobre a vida e a obra do maestro foiiniciada em março. De junho a agosto, poderá servisitada a mostra do acervo pertencente docompositor, reunido por Sebastião Godinho – autorde duas obras sobre Waldemar Henrique. O acervo

composto por 12.754 itens foi doado ao governoparaense em 1996 e, hoje, está integrado ao Museuda Imagem e do Som do Pará.

�Referências bibliográficas

BRITO, Lenora Menezes de. Uma leitura da música de WaldemarHenrique. Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1986. 71 p.ret. mús.

CERQUEIRA, Paulo de Oliveira Castro. Um século de ópera em SãoPaulo. São Paulo, 1954. 327 + 93.

CLÁVER FILHO, José. Waldemar Henrique, o canto da Amazônia.Apresentação de Ary Vasconcelos. Rio de Janeiro: Funarte,1978. 124 p. il. mús.

GODINHO, Sebastião. Waldemar Henrique da Costa Pereira. Belém:Secretaria de Estado da Cultura, 1944. 123 p. il. mús.Acrescido de um song-book organizado pelo musicista YuriGuedelha.

HENRIQUE, Waldemar. Canções: Waldemar Henrique. Ensaio deVicente Salles. Belém: Secretaria de Estado daEducação/Fundação Carlos Gomes/Imprensa Oficial doEstado, 1996. 269 p. il. mús.

__________. Só Deus sabe por que: seleta de textos efotobiografia. Edição comemorativa do 84º aniversário docompositor. Belém: Secult/Fundação Cultural do ParáTancredo Neves, 1989. 336 p. il. fot. Editoração, seleção detextos e fotos de Sebastião Godinho.

MENDES, Júlia de Britto. Canções populares do Brasil. Rio deJaneiro: J. Ribeiro dos Santos, 1911. 330 p. mús.

MORAES Filho, Mello. Cantares brasileiros; cancioneirofluminense Rio de Janeiro: SEEC / Departamento deCultura.

Em Belém, o centenário de Waldemar Henrique é comemorado ao longo do ano

com lançamentos de Cds e espetáculos musicais no Teatro do Pará.

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Os sessenta anos da Academia Brasileira de Música

�No próximo mês de julho, a Academia Brasileira de Música completa seis décadas de atividades. As páginas

seguntes fazem um breve balanço da história da instituição fundada por Heitor Villa-Lobos, destacando fatos

relevantes do momento de sua fundação e registrando iniciativas realizadas em anos mais recentes.

Sessão de abertura no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Academia Brasileira de Música (ABM) foifundada por Heitor Villa-Lobos em 14 dejulho de 1945, declarada de utilidade

pública por Decreto Federal nº 22.032, de 7 denovembro de 1946 e órgão técnico consultivo doGoverno Federal por Decreto de nº 23.160, de 6 dejunho de 1947. Sociedade civil sem fins lucrativos, aABM tem por finalidade, entre outras, preservar edifundir o patrimônio da musica clássica do Brasil,incentivar e promover o estudo e a pesquisa damúsica erudita brasileira, patrocinar e estimulariniciativas de caráter cultural ou artísticorelacionadas com a música clássica brasileira,reverenciar a memória dos valores representativos damúsica brasileira, promover a edição e a divulgaçãodas obras de ilustres compositores brasileirosclássicos, manter um centro de documentaçãomusical, publicar uma revista periódica etc.

A ABM compõe-se de quarenta membrosefetivos, eleitos entre as personalidades brasileirasdas áreas de criação musical, da interpretação damúsica clássica brasileira e da musicologia.

A ABM não se ocupa da música popularbrasileira que tem outros órgãos de divulgação. A título excepcional, em 1993, na gestão dopresidente Vasco Mariz, foi cogitado convite paraque fosse convidado a candidatar-se o compositorpopular Antonio Carlos Jobim, que tinhaexcelente formação teórica de música.Consultado, Tom aceitou em princípio, maspouco depois veio a falecer.

A ABM, desde a sua fundação, teve os seguintespresidentes: Heitor Villa-Lobos (1945-59), JoséCândido de Andrade Muricy (1960-68 ?), FranciscoPaulo Mignone (1968?-1985), Marlos Nobre deAlmeida (1985-1991), Vasco Mariz (1991-93),Ricardo Tacuchian (1993-97), Edino Krieger (1997-2001).; José Maria Neves (2001-02) e EdinoKrieger (2002-2006).

Enquanto Villa-Lobos viveu, a Academia reunia-se na sede da Associação Brasileira de Imprensa,passando depois, temporariamente, a fazer reuniõesnas residências de Andrade Muricy e de FranciscoMignone, porque a entidade não recebia entradas

A

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financeiras para realizar atividades e alugar uma sedepermanente. Nas administrações anteriormentecitadas as atividades da ABM foram insignificantespor falta absoluta de meios financeiros.

Em 2005, o membro titular mais velho é Aluísiode Alencar Pinto, compositor, folclorista e pianistacearense, de 92 anos, e o mais moço é JoãoGuilherme Ripper, compositor e professor, ex-diretorda Escola de Música da UFRJ e atual diretor da SalaCecília Meireles (RJ), de 46 anos. O último membrofundador da ABM, recentemente falecido, foi JoséVieira Brandão, compositor e pianista.

A ABM elegeu, ainda, como especialhomenagem, dois membros honorários: GilbertoMendes, ilustre compositor de vanguarda residenteem Santos, e Hans Joachim Koellreutter, musicólogoe compositor teuto-brasileiro, de notável influênciana música moderna nacional, professor de váriasgerações de compositores brasileiros.

A Academiatem tambémdiversos sócioscorrespondentesestrangeiros,todos figurasexponenciais emseus respectivospaíses, que têmcontribuídovaliosamente paraa divulgação damúsica brasileirano exterior, asaber: Aurélio dela Vega,compositor emusicólogocubano residentenos Estados Unidos (EUA); David Appleby,musicólogo norte-americano residente em FortWorth, Texas; Gáspare Nello Vetro, musicólogoitaliano residente em Parma, Itália; GerhardDôderer, musicólogo alemão residente em Lisboa;Gérard Béhague, musicólogo franco-norte-americanoresidente em Austin, Texas; Robert Stevenson,musicólogo norte-americano residente em LosAngeles, e Sir Stanley Sadie, musicólogo inglêsresidente em Londres.

A partir da segunda metade de 1993, finalmentefoi possível à ABM adotar diversas iniciativasmeritórias, a começar pela elaboração da valiosaBibliografia Musical Brasileira, por iniciativa deVasco Mariz na gestão de Ricardo Tacuchian, erealizada com dedicação e competência por

Mercedes Reis Pequeno. A reorganização dosdireitos autorais de Villa-Lobos, cujos antigoscontratos estavam superados ou mal administrados,foi confiada ao Dr. Henrique Gandelmann,especialista no assunto, que realizou um excelentetrabalho de negociação com os diversos editoresnacionais e estrangeiros.

Também na gestão de Ricardo Tacuchian foilevado a efeito com sucesso o “Projeto Memória deVilla-Lobos”, em que foram revistos e atualizados oestatuto e o regimento da ABM. A partir de então,iniciaram-se ciclos de concertos de música brasileira,gravação de CDs com obras dos membros titularesda ABM, publicação de livros alusivos à músicaclássica brasileira e a realização de concursos demonografias sobre temas da música nacional e olançamento de um site da Academia, ao qual foiincorporada a Bibliografia Musical Brasileira, quetem sido muito consultada por pesquisadores e

estudantes.Outra valiosainiciativa domaestro EdinoKrieger foi aorganização deum Banco departituras,preenchendo,assim, uma gravelacuna ecolocando àdisposição dasorquestrasnacionais eestrangeiras e deestudiososalgumas dasmelhores obras

da música clássica brasileira. Outro empreendimentode valor foi a revisão de algumas partituras de Villa-lobos, realizada com competência pelo maestroRoberto Duarte (veja detalhamento destes e outrosprojetos nas páginas a seguir).

Finalmente, também na gestão de Edino Kriegerfoi adquirido em 2003 um andar inteiro na Rua daLapa 120, 12º andar, perto da Sala Cecília Meirelese da Escola de Musica da Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ) para sede definitiva da ABM.Lá foram realizadas importantes obras de adaptação,ora em fase de conclusão incluindo amplo auditórioe biblioteca. Tem agora a Academia Brasileira deMúsica plenas condições para cumprir asfinalidades estabelecidas por seu patronobenemérito Heitor Villa-Lobos.

Reunião de acadêmicos – Villa-Lobos ao centro, sentado.

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1945

Fundação da Academia Brasileirade Música (ABM)Presidência Heitor Villa-Lobos(até 1959)

1946

ABM declarada de utilidadepública

1947

ABM declarada órgão técnicoconsultivo do governo federal

1959

Morte de Villa-Lobos

1960-1968 (?)

Presidência Andrade Muricy

1968(?)-1985

Presidência Francisco Mignone

1985

Morte de Arminda Villa-Lobos

1985-1991

Presidência Marlos Nobre

1991-1993

Presidência Vasco Mariz

1993

ABM instala-se em sala do PEN Club do Brasil

1993-1997

Presidência Ricardo Tacuchian

1997-2001

Presidência Edino Krieger

2001-2002

Presidência José Maria Neves

2003

Aquisição e inauguração da sedena Rua da Lapa

2002-2006

Presidência Edino Krieger

2005

Inauguração completa da sede (auditório e biblioteca)

Edino Krieger e Mercedes Reis Pequeno: sede Rua da Lapa.

Breve cronologia dos sessenta anos

Velório de Villa-Lobos – multidão reunida à frente do Theato Municipal

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� Constituição e organização de acervos

Banco de Partituras da Música Brasileira

Criado em março de 1999, constitui-se umprograma permanente de editoração eletrônica deobras para orquestra e incorporação de obras jáeditoradas, integralmente dedicado à música clássicabrasileira. Disponibiliza os títulos na forma de vendade partituras ou aluguel das partituras e material deorquestra aos interessados. A viabilidade desseprograma foi garantida até 2002 pelo patrocínio doMinistério da Cultura por meio da sua Secretaria daMúsica e Artes Cênicas / Fundo Nacional deCultura. A partir de então, o Banco de Partituras foiassumido integralmente pela Academia Brasileira deMúsica. A publicação do Catálogo Geral do Bancode Partituras de Música Brasileira divulga para oBrasil e para o exterior as informações sobre o acervoque já conta com cerca de 189 obras para orquestrade sessenta compositores brasileiros. Desde de2003, as obras editoradas constam do site da ABM.

Acervos Cláudio Santoro,

Andrade Muricy e José Siqueira

A ABM tem, desde a sua criação por Villa-Lobos,a incumbência de preservar a memória musicalbrasileira. Nesse sentido, deu início à etapapreliminar de preservação de três importantesacervos: o de Cláudio Santoro, o de José Siqueira e ode Andrade Muricy. Em todos os casos, a simpleslocalização de uma obra ou de um documento eratarefa extremamente penosa. De julho a dezembro

de 1999, realizou-se a pesquisa e catalogação doacervo José Siqueira. Afora o espaço reduzido decirculação da antiga sede da União dos Músicos doBrasil, local onde está depositado o referido acervo, apoeira acumulada e a má conservação exigiramcuidados de limpeza e recuperação do material antesde seu manuseio. Grande parte do acervo encontra-se em cópias xerográficas ou heliográficas, havendopequeno número de partituras originais autógrafasou de copistas. Foram identificadas sete obras parapiano solo, cinco para instrumentos solo, dezesseispara duo, três para trio, nove para quarteto, quatropara quinteto e conjuntos diversos, 26 para canto epiano, dez para canto e instrumentos diversos, duaspara coro e instrumentos, oito para orquestra decordas, 28 para orquestra, 21 para orquestra einstrumento solista, cinco para orquestra e vozsolista, doze para orquestra, coro e solista. A higienização, identificação e catalogação dosdocumentos que compõem o Acervo AndradeMuricy tiveram início em agosto de 2001 econclusão em 2002.

Atividades da ABM

�Na relação de atividades referidas a seguir estão computados as ações e os projetos desenvolvidos a partir de

1992. Não se encontram nos arquivos da ABM quaisquer documentos – programas, notícias de jornais etc. –

comprobatórios de atividades no período anterior.

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�Promoção de concertos

Série Brasiliana

A Série Brasiliana tem como objetivo divulgar aobra de compositores brasileiros e apoiar osintérpretes que se dedicam à difusão desserepertório. Iniciada em agosto de 1998, apresentou52 concertos com obras de 159 compositores, semprivilegiar qualquer tendência estética, masprimando pela diversidade que caracteriza a músicabrasileira. A série acontece no auditório da Casa deRui Barbosa (excepcionalmente no ano 2000,ocupou o auditório da Academia Brasileira deLetras), sempre com entrada franca. O total depúblico até o momento é de 10.400 pessoas. Todosos concertos são gravados para o acervo de memóriada ABM, em equipamento de gravação de CDadquirido pela Academia e operado por seusfuncionários.

Compositores: A. Theodoro Nogueira, Abel Ferreira, AlbertoNepomuceno, Alceo Bocchino, Alexandre Carvalho, AlexandreSchubert, Alfredo Barros, Almeida Prado, Amaral Vieira, Anacletode Medeiros, Andreas Kisser, Anibal Augusto Sardinha, AntoniaEneida, Antonio da Silva Leite, Antonio dos Santos Cunha,Antônio Guerreiro, Antonio Mello, Antônio Ribeiro, Antônio Vaz,Araújo Vianna, Aricó Junior, Aylton Escobar, Babi de Oliveira,Bonfiglio de Oliveira, Brasilio Itiberê da Cunha, Breno Blauth,Bruno Kiefer, Caio Senna, Camargo Guarnieri, Cândido Inácioda Silva, Carlos Gomes, Carmen Sylvia V. de Vasconcellos,Casemiro de Abreu, Chiquinha Gonzaga, Cláudio Santoro,Cláudio Tupinambá, Cristina Carmona, D. Korenchendler,Damião Barbosa de Araújo, Débora Jesuíno, Delano Mothé,Dimas Sedícias, Duda, E. Lobo de Mesquita, Edino Krieger,Edmundo Villani-Cortes, Eduardo Camenietzki, EduardoGuimarães Álvares, Egberto Gismonti, Ernani Aguiar, ErnestoNazareth, Ernst Mahle, Esther Scliar, Eva Aper, FernandoIazzetta, Flávio Fernandez, Flavio Oliveira, Flô Menezes,Francisca Gonzaga, Francisco Manoel da Silva, FranciscoMignone, Fructuoso Vianna, F. S. Noronha, Gaetano Galifi,Gibran Helayel, Gilberto Gagliardi, Gilberto Machado de

�Organização de banco de dados

Bibliografia Musical Brasileira

A Bibliografia Musical Brasileira é um banco dedados on-line que se propõe a reunir tudo o que épublicado sobre música brasileira – erudita,tradicional e popular – no Brasil e no exterior; alémda produção musicológica de pesquisadoresbrasileiros. Projeto coordenado pela AcadêmicaMercedes Reis Pequeno desde 1996, constitui umprolongamento e uma atualização de pesquisabibliográfica iniciada por Luiz Heitor Correa deAzevedo em 19?? . Hoje, a Bibliografia MusicalBrasileira inclui mais de 8.500 obras. Entre as obrascadastradas estão livros, folhetos, teses, catálogos,bibliografias, anais de congressos, resenhas críticas,artigos em periódicos e coletâneas e, em caráterexcepcional, contribuições em suplementos literáriosde jornais. São excluídas obras com finalidadedidática exceto os manuais e artinhas do século XIX,de interesse histórico. A busca pela informação éfeita no site da Academia Brasileira de Música, porautor, título, assunto (inclusive por período históricofocalizado), data ou época de publicação, localizaçãoda obra em bibliotecas e arquivos etc. As referênciasbibliográficas são assim distribuídas: 2.282 livros;4.003 artigos em periódicos; 1.183 artigos emcoletâneas; 935 teses ou dissertações e 185 resenhascríticas. Para que uma obra entre para a BibliografiaMusical Brasileira, basta acessar o site da ABM epreencher um formulário com as informaçõesrequisitadas. O formulário também pode serimpresso, preenchido e enviado por correio ou fax.O acesso ao banco de dados se dá via cadastro nosite da ABM. A Bibliografia Musical Brasileiradispõe de uma comissão consultiva composta pelosAcadêmicos Edino Krieger, Ricardo Tacuchian,Vasco Mariz e Vicente Salles.

29/11/2001. Concerto em homenagem aos 90 anos de Vieira Brandão

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Carvalho, Gilberto Mendes, Guerra-Peixe, Guinga, HeberSchünemann, Helza Camêu, Henrique de Curitiba, HenriqueOswald, Hubertus Hofmann, J. Elias, J. J. Alves, J.L d’AlmeidaCunha, J. Orlando Alves, Jayme Ovalle, Joaquim Calado, JoaquimManoel, João Guilherme Ripper, João de Souza Lima, Jocy deOliveira, Jônatas Manzolli, Jorge Antunes, José Alberto Kaplan,José d’Almeida Cabral, José Maurício Nunes Garcia, JoséPenalva, José Siqueira, José Ursinino da Silva, José VieiraBrandão, Kilza Setti, Lindembergue Cardoso, Leonardo Sá,Leopoldo Miguez, Lorenzo Fernândez, Luis Carlos Csekö,Marcelo Moreira, Márcio Conrad, Marco Antonio da SilvaRamos, Marco Pereira, Marcos Leite, Marcos Nimrichter, MarcusFerrer, Maria Celina Zanatta, Maria Helena Rosas Fernandez,Mario Ficarelli, Mário Mascarenhas, Marisa Rezende, MuriloSantos, Nailson Simões, Natho Henn, Neder Nassaro, Nestor deHollanda Cavalcanti, Ney Rosauro, Nicanor Teixeira, OrlandoAlves, Osvaldo Lacerda, Paulo Chagas, Paulo Guedes, PauloLibânio, Pixinguinha, Philipe Davis, Radamés Gnattali, RalphManuel, Raphael Baptista, Raphael Coelho Machado, RicardoTacuchian, Ricardo Ventura, Roberto Macedo, Roberto Velasco,Roberto Victorio, Rodolfo Caesar, Rodrigo Cicchelli Velloso,Ronaldo Miranda, Sérgio Assad, Sérgio Barboza, Sérgio di Sabbato,Sérgio Freire, Sigmund Neukomm, Silvio Ferraz, Sofia Helena,Tato Taborda, Tim Rescala, Tom Jobim, Vânia Dantas Leite, Villa-Lobos, Waldemar de Almeida, Waldemar Henrique, WilsonFonseca, Wilson Lombardi, Xisto Bahia, Yahn Wagner e Zuzinha.

Intérpretes: Aleida Schweitzer, piano; Amarílis de Rebuá,soprano; Ana de Oliveira, violino; Benjamin da Cunha Neto,piano; Berenice Menegale, piano; Camerata de Violões do CBM;Cláudio Tupinambá, violão; Cléa Galhano, flauta doce; Constanzade Almeida Prado, violino; David Chew, violoncelo; Eládio Pérez-Gonzalez, barítono; Eudóxia de Barros, piano; Gilda OsvaldoCruz, piano; Heitor Alimonda, piano; Helenice Audi, piano; IngridBarancoski, piano; João Luiz Areias, trombone; Joaquim Abreu,percussão; José Botelho, clarinete; José Ruas, saxofone; JoséStaneck, gaita; Josira Salles, canto; Joung-Keun Lee, barítono;Jussara Albuquerque, piano; Karla Bach, percussão; Laís de SouzaBrasil, piano; Lídia Bazarian, piano; Luciana Requião, violão;Luciano Botelho, canto; Luis Carlos Justi, oboé; MarcelloVerzoni, piano; Márcia Taborda, violão e canto; Maria Emilia,piano; Maria Haro, violão; Maria Helena de Andrade, piano;Maria Teresa Madeira, piano; Mariana Salles, violino; MaurícioLoureiro, clarinete; Naílson Simões, trompete; Nayran Pessanha,viola; Noel Devos, fagote; Olinda Alessandrini, piano; PauloPassos, clarinete; Pauxy Gentil-Nunes, flauta; Ricardo Amado,violino; Ricardo Santoro, violoncelo; Rogério Rosa, violino; RosanaLanzelotte, cravo; Sandra Félix, soprano; Sara Cohen, piano;Sávio Santoro, viola; Sérgio Freire, cavaquinho; Sérgio Monteiro,piano; Sonia Maria Vieira, piano; Stella Caldi, piano; Studio

Coral; Talhita Peres, piano; Tâmara Ujakova, piano; TuríbioSantos, violão; Ubiratã Rodrigues, violino; Vânia Pimentel, piano;Vera de Andrade, violão; Zdenek Svab, trompa; Art MetalQuinteto; Associação de Canto Coral, regência Valéria Matos;Brasil Ensemble, regência Maria José Chevitarese; CantusPlenus; Coro de Câmara Pro-Arte, regência Carlos AlbertoFigueiredo; Coro Infantil do Rio de Janeiro, regência ElzaLakschevitz; Duo Pianístico da UFRJ; Grupo Sextante; GrupoMúsica Nova; Orquestra de Câmara do Conservatório Brasileirode Música, regência Marco Maceri; Percussão 2 em 1; QuadroCervantes; Quarteto Brasileiro de Trombones; Quinteto Villa-Lobos; Trio ao Vento; Trio D’Ambrósio; Trio Hápax; Trio Palhetasdo Rio de Janeiro e Trio Rio

Viva Santoro

Um ciclo de três concertos intitulado VIVASANTORO – uma homenagem aos oitenta anos denascimento de Cláudio Santoro foi promovido pelaSala Cecília Meireles / Funarj com o apoio daAcademia Brasileira de Música entre 20 de junho e3 de agosto de 1999. Participaram do evento aOrquestra Sinfônica Brasileira, sob regência deHenrique Morelenbaum, Elisa Fukuda, violino; RuthStaerke, soprano; Rosana Lamosa, soprano;Fernando Portari, tenor; Lilian Barretto, piano;Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, sob regênciade Ligía Amadio e Heitor Alimonda, piano.

Série Música do Brasil – Ontem e hoje

Promovida pela Sala Cecília Meireles / Funarjcom o apoio da ABM, a série comemorativa dosquinhentos anos do Descobrimento do Brasilaconteceu entre os meses de agosto e dezembro de2000. O evento propiciou um painel da produçãomusical erudita brasileira do período colonial aosdias de hoje, em dois concertos sinfônicos, trêsrécitas de câmara e um concerto coral. Foramexecutadas mais de trinta obras de cerca de vintecompositores.Guilherme Bauer, Villa-Lobos, Villani-Cortes, Marisa Rezende,Amaral Vieira, João Guilherme Ripper, Camargo Guarnieri,Almeida Prado, Guerra-Peixe, Harry Crowl, Francisco Braga,Osvaldo Lacerda, Mario Tavares, Radamés Gnattali, MarioFicarelli, Luiz Álvares Pinto, José Maurício Nunes Garcia,Henrique Oswald, Francisco Mignone, José Vieira Brandão,Aylton Escobar, Ernani Aguiar, Ricardo Tacuchian, CarlosAlmada, José Alberto Kaplan, Caio Senna e Claudio Alvarengativeram obras apresentadas pelos seguintes intérpretes: Quartetode Brasília, Quinteto D’Elas, Orquestra Sinfônica Brasileira comregência de Lidia Amadio e Roberto Duarte, Alain Motard, piano,Mariana Salles, violino, Lulu Pereira, trombone, Oscar Bolão,percussão, Maria Teresa Madeira, piano, Monique Aragão,teclados, David Gane, saxofone e flauta, Ronaldo Diamante,contrabaixo, Rodolfo Cardoso, percussão, Trio Brasileiro,Quinteto Villa-Lobos, Claudia Riccitelli, soprano, Fábio Zanon,violão e Grupo Calíope.

26/03/2002: Camerata de violões

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�Projetos editoriais

Revista Brasiliana

Com publicação quadrimestral, a RevistaBrasiliana inaugurou um espaço permanente dereflexão, análise, crítica e registro da vasta ediversificada produção musical brasileira. Em seuscinco anos de existência, já ofereceu ao público vintenúmeros, com tiragem total de 20.000 exemplares.

Edição de livros

A Academia Brasileira de Música editoudiretamente ou em co-parceria os seguintes títulos:A Canção Brasileira de Câmara, de Vasco Mariz (co-edição com Editora Francisco Alves); GlaucoVelásquez, de Maria Cecília Ribas Carneiro (co-edição com Editora Marques Saraiva); FructuosoVianna: Orquestrador do Piano, de Marcos Câmarade Castro (ABM Editorial); facsímile da edição de1732 – Florença de Sonate da Cimbalo di Piano eForte: Lodovico Giustini di Pistoia, com apresentaçãode Gerhard Doderer (ABM Editorial, acompanhadapor CD com as peças interpretadas pela cravistaCremilde Rosado Fernandes); A Música na CapelaReal e Imperial do Rio de Janeiro, de André Luiz deCampello Duarte Cardoso (ABM Editorial) e arecém-lançada série de catálogos de obras doscompositores Ernani Aguiar, Leopoldo Miguez eFrancisco Braga (veja mais na página 26). A ABMestá prestes a co-editar, em parceria com a EditoraFrancisco Alves, a 12ª edição da biografia de Villa-Lobos escrita pelo acadêmico Vasco Mariz.

�Discos

Edição de CDs

Por meio de parcerias (RioArte Digital, MuseuVilla-Lobos, Ritornelo) ou diretamente através doSelo ABM Digital, a Academia Brasileira de Músicacontribuiu para a documentação e divulgação damúsica brasileira com a edição dos seguintes CDs: 5Sonatas de Cláudio Santoro para violino e piano –Mariana Salles e Laís de Souza Brasil, Villa-Lobos –Turíbio Santos, Trompete solo Brasil – NailsonSimões e José Henrique Martins, Imagem carioca,obras para violão – Ricardo Tacuchian, Villa-Lobos,sua música, suas idéias, Trajetória – RonaldoMiranda, Estruturas – Ricardo Tacuchian, Fraternal– Dawid Korenchendler e Ernani Aguiar, IlludTempus, uma ópera contemporânea de Jocy deOliveira, Fronteiras – Quinteto Villa-Lobos,Sinfonietta Rio – Compositores brasileiros daatualidade, Fructuoso Vianna – Maria Lucia Godoye Miguel Proença, Concerto em Kiev – SergioBarboza e Partita Brasileira – Guilherme Bauer,Mario Tavares – Quatro composições – MarioTavares, Música eletroacústica período dopionerismo - Jorge Antunes e reedição do CD Villa-Lobos – Turíbio Santos, Ouvindo Osvaldo Lacerda,Osvaldo Lacerda, As Malibrans, Jocy de Oliveira, A Poética de uma Harmônica Brasileira, JoséStaneck, Música para Piano, Ricardo Tacuchian

A Academia Brasileira de Música tambémcontribuiu para a edição fonográfica da coleção“Grandes Pianistas Brasileiros”.

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�Outros projetos

Prêmios e Concursos

Em 2001, foi lançado o I Prêmio ABM deMonografia, que após a morte prematura dopresidente em exercício da Academia, passou achamar-se Concurso José Maria Neves deMonografia. O primeiro vencedor foi MarcosCâmara de Castro com a obra Fructuoso Viana:orquestrador do Piano (que foi editada pelo seloABM Editorial). O II Concurso José Maria Nevesde Monografia, lançado em 2004, premiou AndréCardoso com o trabalho A Música na Capela Real eImperial do Rio de Janeiro (também editado pelo seloABM Editorial). Já o I Concurso Cláudio Santoropara Jovens Compositores é uma promoção conjuntada Academia Brasileira de Música e da OrquestraSinfônica Petrobras Pró Música. Um concerto naSala Cecília Meireles, dia 28 de maio, decidiu osvencedores. As três obras finalistas são Sinfonia N.11, “Tupã”, de Rodrigo Vitta, 3º prêmio; Mitologias,de Josemir Dias de Valverde Jr., 2º prêmio e TriKartina, de Nikolai Almeida Brucher, 1º prêmio. Umjúri formado pelos acadêmicos Osvaldo Lacerda, IlzaNogueira, Henrique Morelenbaum, Ernani Aguiar eEdino Krieger escolheu os vencedores. O públicoparticipou da premiação elegendo, por meio devotação, a classificação de sua preferência. Ospremiados receberão respectivamente R$ 10 mil, R$ 5 mil e R$ 3 mil; e as obras passarão a integrar oBanco de Partituras de Música Brasileira da ABM. A Orquestra Petrobras Pró Música oferecerá aosvencedores um CD com o registro da execução dasobras.

Website www.abmusica.org.br

Lançado em 1998, o site da Academia Brasileirade Música é portal de acesso aos dados daBibliografia Musical Brasileira (leia mais na páginaXX), bem como fornece informações sobre o Bancode Partituras da Música Brasileira (leia mais napágina 20), além de trazer notícias recentes e dadosinstitucionais da ABM, como biografias completasdos acadêmicos, desde sua fundação.

Projeto Orquestras

O cadastramento das orquestras brasileiras ematividade no Brasil, realizado pela ABM porsolicitação do Ministério da Cultura, foidesenvolvido para proceder ao reconhecimentodesse universo em suas particularidades, oferecendosubsídios tanto para a realização do I Fórum dasOrquestras Brasileiras, ocorrido em Brasília, emmaio de 2001, como para a implantação de umapolítica cultural de apoio às orquestras brasileiras.

Série Trajetórias

A Série Trajetórias teve início em 1999.Apresenta a cada terça-feira do mês o relato dasexperiências, idéias, realizações e obras de ummúsico convidado. As palestras, que são gravadas etranscritas, têm entrada franca e suscitam diálogoentre o público presente e o músico.Oportunamente, serão disponibilizadas no site daABM e também publicadas.Palestrantes: Alceo Bocchino, Almeida Prado, Aluísio deAlecar Pinto, Antonio Cunha, Bruno Furlaneto (homenagem àacadêmica Bidu Sayão), Berenice Menegale, Cecília Conde,Dawid Korenchendler, Frederico Richter, Guilherme Bauer, Jocyde Oliveira, Lais de Souza Brasil, Manuel Veiga, Mercedes ReisPequeno, Miriam Ramos, Mario Ficarelli, Mario Tavares, Raul doValle, Régis Duprat, Ronaldo Miranda, Sérgio VasconcellosCorrêa e Sonia Maria Vieira.

Série Ver e Ouvir

Realizada mensalmente em 2001, a série Ver eOuvir apresentou exclusivamente o compositorbrasileiro, a quem ofereceu espaço para audição desuas gravações em áudio e vídeo. O contato dopúblico foi enriquecido com comentários do própriocompositor ou, no caso de compositor falecido, porrepresentante.Compositores: Luis Carlos Csekö, João Guilherme Ripper,Gilberto Mendes, Henrique e Curitiba e Bruno Kiefer(comentários de Nídia Kiefer).

Projeto Memória de Villa-Lobos

Na gestão de Ricardo Tacuchian, destinou-se apesquisar e entrevistar parentes, colaboradores eamigos do mestre ainda vivos, para tentar esclareceros pontos obscuros de sua biografia. Participação deVasco Mariz, Turíbio Santos e Maria AugustaMachado.

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Um movimentado calendário de eventos elançamentos celebra as seis décadas de

existência da Academia Brasileira de Música aolongo de 2005. De concertos a homenagens,passando por livros e CDs, a agenda é intensa.

O ano comemorativo foi oficialmente aberto emmarço com o lançamento do CD “TacuchianMúsica para Piano” (selo ABM Digital) com obrasdo compositor e Acadêmico Ricardo Tacuchian. Atéo final do ano, o selo de discos da Academia lançaainda o CD do duo Paulo Passos (clarineta) e SaraCohen (piano) com obras de José Siqueira, RobertoVictorio, Ronaldo Miranda, Luis Carlos Csekö,Radamés Gnattali, Caio Senna, Bruno Kiefer e FloMenezes; e o CD da pianista Midori Maeshiro comobras de Guerra-Peixe. Na pauta de lançamentosfonográficos, estão, ainda, um CD duplo doQuinteto Villa-Lobos com a obra completa parasopros de Villa-Lobos e o álbum Música Humana,que traz o violão de Márcia Taborda em obras deTim Rescala, Vânia Dantas Leite, Tato Taborda eJocy de Oliveira.

Na lista de lançamentos de livros quecomemoram o aniversário em 2005 está uma novalinha editorial de catálogos de obras decompositores. Os primeiros títulos da série sãodedicados a Ernani Aguiar, Leopoldo Miguez eFrancisco Braga e (leia mais sobre o catálogo deErnani Aguiar na página 26). O fundador e primeiropresidente da ABM é homenageado em dois livros aserem relançados: Guia Prático, o álbum comcanções populares harmonizadas pelo compositor, eHeitor Villa-Lobos, biografia escrita pelo AcadêmicoVasco Mariz, que chega à 12° edição, em co-ediçãocom a editora Francisco Alves (leia referência a estelivro em resenha de Vasco Mariz na página 31). Já otrabalho A Música na Capela Real e Imperial do Riode Janeiro, que deu o primeiro prêmio ao maestroAndré Cardoso no II Concurso José Maria Neves deMonografia – organizado pela ABM – tambémchegará ao prelo neste ano de comemorações.

A Série Brasiliana de concertos mensais gratuitospromovidos pela Academia na Casa de Rui Barbosa

(RJ), sempre na última terça-feira de cada mês,também entra na agenda de comemorações. A temporada 2005 foi aberta em abril pelo QuartetoColonial que interpretou obras do Padre JoséMaurício Nunes Garcia. No mês de maio, o trioformado pelo violoncelista Ricardo Santoro, apianista Patrícia Bretas e a mezzo soprano LucianaCosta e Silva apresenta obras dos acadêmicos JoãoGuilherme Ripper, Ronaldo Miranda e AlceoBocchino. No mês de junho, o tenor Weber Barbosade Assis e o pianista Sérgio Paiva tocam OswaldoLacerda, Alberto Nepomuceno, Edmundo Villani-Côrtes, Francisco Mignone, Villa-Lobos, Henriquede Curitiba, Estércio Marques Cunha, HeitorAlimonda, Waldemar Hernrique, Veiga Jardim eGuerra-Peixe. Até novembro, passam pelo palco daCasa de Rui Barbosa, o trompetista Luiz CláudioEngelke, o Quarteto Uirapuru, o pianista EduardoVieira Tagliatti, o grupo Polifonia Carioca e o duoformado pela soprano Ângela Diel e a pianistaEliara Puggina.

A programação musical dos sessenta anos incluitambém concertos da Orquestra Sinfônica PetrobrasPró Música (OPPM) na Sala Cecília Meireles: em28 de maio, o acadêmico Roberto Duarte regeu oconcerto dos finalistas do Concurso NacionalCláudio Santoro para Jovens Compositores,organizado conjuntamente com a orquestra.

Mas o ponto alto da programação será o Concertodos 60 Anos, dia 14 de julho, data da sessão deabertura da ABM em 1945. O acadêmico ErnaniAguiar rege a OPPM em programa dedicado à obrados fundadores da instituição, Villa-Lobos, LorenzoFernandez, Camargo Guarnieri e Cláudio Santoro.

Até o final do ano, a Academia Brasileira deMúsica também homenageará personagens quefizeram parte de sua história: serão lembrados oscentenários de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo e deWaldemar Henrique, e os noventa anos de HansJoachim Koellreutter. Para incrementar a comemoração,a sede da Academia, no centro do Rio, ganha novosespaços com a inauguração de um auditório,biblioteca, sala de acervos e estações de pesquisa.

Comemoração dos sessenta anos tem agenda agitada

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�Bras i l ianas

Memória de José Maria Neves preservada no Cerem

Omusicólogo, compositor,regente e pesquisador mineiro,

falecido em 2002 quando exercia apresidência da ABM, dá nome aoCentro de Referência MusicológicaProf. José Maria Neves (Cerem) emSão João Del Rey, sua cidade natal.O projeto é conduzido por AnaMaria Parsons ao lado da família doacadêmico e tem previsão de iniciaratividades ainda este ano. “Oobjetivo inicial era organizar oacervo de José Maria no mesmolocal que a biblioteca de seu irmão,o também falecido cardeal DomLucas Moreira Neves. Mas acabou-se optando por outro imóvel,localizado atrás da Igreja doCarmo”, conta Ana Maria. “Já foram captados cercade 55% dos R$ 377 mil reais aprovados peloMinistério da Cultura. As obras estão a todo vapor”,completa, acrescentando que todas as etapas da obraestão sendo registradas em fotografia. O Cerem abrecom os acervos José Maria Neves e TarcísioNascimento Teixeira (amigos da mesma São JoãoDel Rey). O objetivo é abrigar coleções de música

em geral, não se restringindo àmúsica clássica mineira, uma vezque o imóvel é espaçoso ecomporta grande número de peças.São duas salas grandes para abrigararquivos, além de uma sala voltadapara a rua com pequeno museu demúsica reunindo instrumentossignificativos da liuteria artesanalda região e partituras – voltado aatender o interesse de turistas – eestúdios acusticamente tratados.Uma unidade de pesquisa seráaberta a graduandos, mestrandos epesquisadores. Há, ainda, umpequeno apartamento nos fundosda casa, para o pesquisadorresidente. Foram convidados para

compor o conselho do Cerem musicólogos comquem José Maria Neves trabalhou em diversas áreas:musicólogos Jean Jacques Nanttiers (Canadá),Coriun Aroniam (Uruguai), Gerard Behage (EUA),compositores Edino Krieger e Conrado Silva. Aexpectativa de inauguração em 20 de agosto, data denascimento de José Maria Neves, depende, ainda,de recursos finais a serem captados.

Academia lança nova série com coleção de catálogos

A Academia Brasileira de Música lança sua mais nova linha de publicações,organizada pela bibliotecária Elizete Higino da Divisão de Música e Arquivo

Sonoro da Biblioteca Nacional: catálogos de obras de compositores brasileiros. Oprimeiro número é dedicado ao acadêmico Ernani Aguiar. Nas palavras do presidenteEdino Krieger, “a coleção que ora se inicia e deverá ter a continuidade busca oferecerinformação atualizada sobre a obra dos nossos principais compositores, contribuindopara a maior divulgação no Brasil e no exterior”. Além de ser um catálogo de obraspropriamente dito, o livro informa datas de composição, duração, mídia a que sedestina, além de compilar dados como estréias, intérpretes, gravações e dedicatórias,bem como apresentar índice alfabético das obras e biografia em português e inglês. Os anexos da edição dedicada a Ernani Aguiar trazem revisões e transcrições, textosdo compositor, um perfil de Ernani Aguiar – Regente, discografia, bibliografia e editores das obras docompositor. Os próximos títulos da coleção serão dedicados a Leopoldo Miguez e Francisco Braga.

Neves: acervo em Minas Gerais

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Atividades recentes dos acadêmicosAmaral Vieira – O pianista e compositor

Amaral Vieira retornou do Japão em março, ondepassou um mês cumprindo turnê de concertos. Oacadêmico atingiu a marca de 225 apresentaçõesrealizadas naquele país nos últimos anos. Em 2005,foram quinze eventos, sendo doze recitais com obrasde Bach-Liszt, Haydn, Chopin, Liszt, Kabalewsky eAmaral Vieira (Alvorada Opus 268 e Songs from myHeart, ciclo de três peças de inspiração japonesa) etrês concertos. Os concertos com a SymphonicOrchestra Wien-Gifu e regência de HirohumiKurita, tendo Amaral Vieira como solista,apresentaram obras de Bach-Liszt, Kabalewsky,Chopin, Liszt e Amaral Vieira (Songs from my Heart,na primeira parte de piano solo e O Alvorecer doSéculo da Humanidade Op. 259 para piano eorquestra). Todos os eventos tiveram enorme êxitocom teatros lotados. Reportagens foram publicadasna primeira página do jornal Seykyo Shimbum deTóquio, com tiragem de seis milhões de exemplares.O artista concedeu entrevistas a vários outros jornaisdo Japão, programas de televisão e revistas. AmaralVieira fez, ainda, uma apresentação singular, apedido da Min-On Concert Association, para levar amúsica a crianças de quatro a seis anos, do jardim dainfância da Escola Soka de Sapporo, em Hokkaido.Mais de cem crianças o aguardavam desde o iníciodo ano, preparando-se para recebê-lo, ensaiando umjogral de recepção e uma apresentação de dançapara homenageá-lo. Amaral Vieira conversou ebrincou com elas além de tocar-lhes pequenas peçasde Rameau, Bach, Schumann, Chopin e dele próprio.Os pequenos o ouviram em profundo silêncio. O pianista e compositor recebeu, em Tóquio, nagrande Sala de Recepções da Min-On ConcertAssociation, o prêmio “Embaixador Honorário daMúsica” da Universidade Soka da América, por seuscontínuos trabalhos em prol dos valores humanísticospor meio da música e da educação. Recebeu-o dasmãos de Hiromasa Ikeda, representando seu pai,Daisaku Ikeda, grande filósofo e poeta japonês,presidente da Soka Gakkai Internacional.(SGI). A próxima turnê de Amaral Vieira no Japão estámarcada para o início de 2008, a partir de quandopassarão a ser realizadas a cada dois anos.

Ilza Nogueira – A acadêmica estreou, em abrilde 2005, sua composição mais recente: Via-Sacra,um Oratório de Semana Santa. Com 85 minutos deduração, a obra se baseia no texto homônimo de

Waldemar José Solha, um conjunto de quinzepoemas em estilo cordel, inspirado nas vias-sacrasem alto relevo comumente encontradas nas igrejasdo nordeste brasileiro. A produção multimídia, queincluiu música, teatro e dança, obteve o patrocíniodo Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjosdo Governo da Paraíba. Em três récitas consecutivas,a estréia realizou-se na Igreja de São Francisco emJoão Pessoa, sob a regência de Carlos Anísio deOliveira e Silva e direção artística de Rosa Cagliani.Segundo a compositora, a obra se propõe como umareflexão atual sobre uma questão que sempre retornacom novos desafios estéticos: a interdisciplinaridadeentre as artes. No caso, as artes plásticas modelandoa literatura, esta modelando a música, e a interaçãodas três sugerindo aspectos de teatralização.

Jocy de Oliveira – Com uma agenda repletade compromissos na Europa até março de 2006, acompositora apresentou em 18 de fevereiro de2005 o espetáculo de sua autoria Women Profilescom Sigune von Osten (soprano / performer),música eletroacústica e vídeo no Festival deSalzburg – Aspekte. Dias 8 e 9 de março, voltou aAlemanha para uma retrospectiva de sua obra (de1967 até a estréia da nova peça para percussão Anact of sound) na série Global Ear, em Dresden. Em13 de março, apresentou a estréia de sua novaópera Kseni – A estrangeira no encerramento doBerliner Festspiele (Festival de Berlim). Destesconcertos participaram o conjunto alemão Art PointEnsemble, a soprano Sigune von Osten, o oboístaRicardo Rodrigues – catedrático da HochschuleHans Eisler e radicado em Berlim –, a escultoraalemã Ursula Haupentha, além dos músicosClaudia Sgarbi, Georg Wettin, Norbert Swrörderentre outros. Em agosto de 2005, volta a apresentaro espetáculo Women Profiles com Sigune von Ostennos museus Ludwig em Koblenz e outras cidadeseuropéias. No Brasil, a acadêmica recebeuencomenda de obra por parte da OrquestraSinfônica Estadual de São Paulo (Osep), comestréia marcada para setembro de 2005 na Sala SãoPaulo. A compositora recebeu encomenda doprestigioso Festival Música Viva, de Munique,organizado pela Bayrishes Rundfunk para compor eproduzir uma nova pocket opera chamada Soif, emmarço de 2006. Em fase de captação de recursos,sua ópera Kseni – A estrangeira deverá estrear noTheatro Municipal do Rio, em outubro de 2005.

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Sala Cecília Meireles encomenda obras nos seus quarenta anos

N o ano em que comemora seu40° aniversário, a Sala Cecília

Meireles comemora a data com seisobras especialmente escritas para aocasião. O diretor do espaço, oAcadêmico João Guilherme Ripper,encomendou fanfarrascomemorativas a seis compositoresbrasileiros, a serem executadas pelaOrquestra Sinfônica Brasileira (OSB)no decorrer de 2005. Oscompositores convidados são osAcadêmicos Edino Krieger, ErnaniAguiar, Ricardo Tacuchian e RonaldoMiranda, além de Tim Rescala eMarisa Rezende.

Ripper diz que a idéia deencomendar as fanfarras nasceu davontade de trazer não apenas intérpretes brasileirospara a Sala, mas também nossos compositores. Alémde constituir uma oportunidade única para marcar oaniversário com obras novas. “Poucos se dão contadisso, mas temos seis estréias mundiais acontecendona Sala”, conta. O diretor não ouve as fanfarras comantecedência, pois prefere ser surpreendido juntocom o público e lembra que um convênio com a

ABM vai levar as fanfarras para obanco de partituras da Academia,possibilitando sua execução poroutros grupos no futuro.

Os concertos da OSB com asfanfarras estão sendo apresentados naSérie Concertos Sinfônicos durantetodo o ano de 2005. Edino Kriegerabriu a série em 12 de março com“Fanfarras Modulares para OrquestraSinfônica”. Tim Rescala apresentouseu “Fanfarrão” no dia 5 de maio. A programação segue com ErnaniAguiar em 2 de julho; MarisaResende em 25 de agosto e RicardoTacuchian em 6 de outubro.

Ronaldo Miranda foi encarregadode compor a fanfarra a ser executada

no concerto de aniversário da Sala, em 1° dedezembro, quando a pianista Rosana Diniz se une àOSB, em programa Grieg-Nepomuceno, sobregência de Henrique Morelenbaum, primeirodiretor da Sala. Miranda adianta que sua peça serápara orquestra, “uma abertura festiva”, diz. Ex-diretorda Sala, o compositor se revela feliz por ter sidolembrado para as comemorações do aniversário.

Sinfonia Cultura encerra atividades

Mantida pela Fundação Padre Anchieta (órgão da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo queadministra as rádios e televisão Cultura) desde 1997, a orquestra Sinfonia Cultura foi decretada extinta

em janeiro de 2005. A regência-titular da orquestra que priorizava música brasileira em seu repertório estava acargo do acadêmico Lutero Rodrigues. O presidente da fundação justificou a extinção devido à escassez derecursos. “Não temos condição de manter uma orquestra com a qualidade que as orquestras devem ter”, disseMarcos Mendonça à imprensa na ocasião. A orquestra não possuía patrocinador e realizava apresentaçõessemanais regularmente, além de participar de gravações para rádio e televisão, filmes, projetos educacionais,óperas e balés. A Sinfonia Cultura surgiu a partir da reestruturação da Osesp, em setembro de 1997, quandoalguns de seus ex-músicos passaram a integrar a nova orquestra, pertencente ao quadro de funcionários daFundação Padre Anchieta. Seguindo o exemplo europeu, a Sinfonia Cultura foi a única orquestra de rádio doBrasil e da América Latina. A orquestra realizou cerca de 160 concertos em parceria com o Sesc Belenzinho(SP). Em seus sete anos de atividades, executou mais de trezentas obras de compositores brasileiros, dentreelas, mais de cinqüenta estréias mundiais. Em 1998, 2001 e 2002, participou de um projeto da Secretaria deEstado da Educação totalizando mais de cem apresentações didáticas em escolas públicas. No mesmoprojeto, realizou concertos especiais para públicos numerosos (mais de seis mil pessoas), no Ginásio doIbirapuera (2002) e Basílica de Aparecida (2002). Ofereceu oportunidades de atuação aos artistas brasileirosjovens ou consagrados, sendo a orquestra brasileira que maior número de diferentes regentes brasileirosconvidou. Cumprindo sua vocação de orquestra pertencente a um meio de comunicação, atendeu solicitaçõescomo as três trilhas de cinema que gravou, destacando-se “500 Almas”, com música de Lívio Tragtenberg,prêmio de melhor trilha sonora do 37º Festival de Cinema de Brasília (2004).

Sala: fanfarras no aniversário.

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Inverno brasileiro aquecido por festivaisFestival de Inverno de Campos do Jordão –

O 36º Festival Internacional de Inverno de Camposdo Jordão (SP) acontece entre 9 e 31 de julho. Oacadêmico José Antonio Almeida Prado é ocompositor residente da edição 2005, quehomenageia compositores das Américas. O time deprofessores reúne astros internacionais como oregente alemão Kurt Masur e o pianista MenahemPressler. Entre os professores brasileiros estão oregente Roberto Minczuk (diretor artístico dofestival), cantores Rosana Lamosa e Fernando Portari,violoncelista Antonio Meneses, pianistas ArnaldoCohen e Jean Louis Steuerman. Entre os gruposresidentes estão o Trio Beaux Arts (EUA), CamerataBariloche (Argentina) e o Quarteto Amazônia(Brasil). Bolsas de estudos vão atender 166 alunosentre 12 e 30 anos, vindos de diversos pontos do Paíse do exterior para os cursos de instrumento, práticade orquestra, música de câmara, regência,composição e canto lírico. As audições de bolsistasserão realizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, JoãoPessoa, na Cidade do México, Buenos Aires eSantiago do Chile. A programação inclui concertoscom a Osesp, o Trio Beaux Arts, a OrquestraSinfônica de Campinas e o violonista ManuelBarrueco, além da montagem da ópera “A Queda dacasa de Usher”, de Philip Glass sobre texto de EdgarAlan Poe. Dia 29 de julho, a grande atração: KurtMasur rege a Orquestra Acadêmica, formada porbolsistas.

Festival Música Nova – Como já é tradição,agosto é mês do Festival Música Nova, em Santos eSão Paulo. O patrocínio da Petrobras, que viabilizouo Festival em 2004, não foi renovado. Mas, o esforçoda organização e articulações com consulados e oSesc, garantem a presença do festival no calendáriomusical brasileiro. Entre as atrações está ocompositor alemão Dieter Schnebel, “da turma de

Stockhausen e vanguarda rasgada”, segundo o diretorartístico, compositor Gilberto Mendes, membro-honorário da ABM. Chegando a marca de quarentaedições, o Música Nova presta homenagem a quemtrabalhou duro por sua realização. Jurema Gonçalves,funcionária da Prefeitura de Santos, que ajudousobretudo durante a ditadura militar, e Afonso Vitale,que esteve na organização da primeira edição, serãohomenageados. O festival é um termômetro daevolução das linguagens de vanguarda. Mas, paraGilberto Mendes, o melhor mesmo são o intercâmbiocom músicos do mundo todo e as amizades: “Sãorelacionamentos fraternais. Dá trabalho, mas é muitogostoso”, finaliza o compositor.

Festival de Juiz de Fora – Em sua 12°edição, o Festival Internacional de Música ColonialBrasileira e Música Antiga ultrapassa os limites deJuiz de Fora e chega às cidades mineiras de OuroPreto, Mariana, Tiradentes, Barbacena, São João DelRey, Diamantina, Itabira e Belo Horizonte. De 14 a29 de julho, acontecem concertos gratuitos de gruposcomo o Rayuela Ensemble, da Suíça, e a BachianaChamber Orchestra, do ex-pianista e atual regentebrasileiro João Carlos Martins. Entre os docentesestão o violinista Paulo Bosísio e o flautista RicardoKanji. O evento vai produzir um CD duplo com obrasdo barroco europeu e de Emerico Lobo de Mesquita,em homenagem ao bicentenário deste compositormineiro.

Festival de Música de Inverno de Campos

dos Goytacases – O FeMusica acontece há dezanos na cidade do norte fluminense. Em 2005, de 22a 30 de julho, oferece aulas com 23 professores,entre eles o regente Ricardo Rocha, a pianista MariaTeresa Madeira e a soprano Neti Szpilman. Asinscrições estão abertas de 15 de maio a 30 de junho.Todos os concertos são gratuitos.

Trio Brasileiro completa trinta anos

U m dos mais ativos conjuntos de câmara do País, o Trio Brasileiro completa, este ano, trinta anos decarreira. Formado pelo alemão Erich Lehninger, violino; o paulistano Gilberto Tinetti, piano; e o mineiro

Watson Clis, violoncelo. O Trio Brasileiro formou-se a partir do encontro dos três músicos no Festival deMúsica de Londrina e acumula no currículo prêmios importantes como o Carlos Gomes (1999) e o daAssociação Paulista de Críticos de Arte (1983).

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VivaMúsica! lança Anuário 2005 e reformula website

Omês de maio marca olançamento de dois canais

importantes de comunicação damúsica clássica brasileira: o AnuárioVivaMúsica! 2005 e a nova versão dosite www.vivamusica.com.br, ambosiniciativas de VivaMúsica! Marketinge Edições, empresa que desde 1994se dedica exclusivamente aatividades no segmento clássico,sendo inclusive responsável peloprojeto desta revista BRASILIANA(de sua concepção editorial até hoje).A edição 2005 do Anuário – tambémchamado guia de negócios da músicaclássica do Brasil – marca o sétimoano consecutivo de publicação do periódico, quedesde 2001 recebe a chancela da Unesco. Entre asnovidades, estão o maior número de cadastros cominformações sobre organizações e pessoas do meiomusical e os artigos que tratam do negócio da

música clássica no País. Destaquepara a entrevista exclusiva com aconsultora de marketing americanaJoanne Scheff Bernstein, queaborda assuntos vitais para osegmento, como estratégias devenda de ingressos e conquistas denovos públicos. O Anuário édistribuído para pessoas e entidadesatuantes na música clássica etambém está à venda em livrarias. O preço de capa é R$ 45. Já o sitewww.vivamusica.com.br comemorao décimo ano de atividades comnovo visual e novas funcionalidades.No ar a partir de 30 de junho, o

website passa a apresentar notícias do universo deconcertos, além de continuar divulgando ocalendário de eventos clássicos das principaiscidades do Brasil. O e-mail de VivaMúsica! é[email protected].

Errata O artigo “Ganhadores do 2º Concurso de Monografia”, publicado na página 22 na última edição da revista

Brasiliana creditou a monografia “Uma Estética Brasileira”, a Evangelina Pereira e não a Vanja Ferreira, nomeartístico da autora.

A próxima edição de Brasiliana

circula em setembro de 2005.

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Resenhas • Livros

Villa-Lobos a Paris,

un écho musical du Brésil, Anaïs Fléchet.

Editora L’Harmattan (Rue de l’Ecole Polytechnique, 5-7,Paris, 75003), 2004, 154 páginas.

Chegou-me às mãos recentemente em Paris o livrode Anaïs Fléchet que focaliza as numerosas

visitas de Villa-Lobos à capital francesa, sobretudonos anos vinte do século passado. A autora fez umapesquisa completa sobre esse período em jornais erevistas especializadas da época. Levantou nadamenos de 140 artigos sobre Villa-Lobos na imprensafrancesa, o que comprova a excelente repercussão deseus concertos e do convívio com personalidadesmusicais francesas e estrangeiras residentes nacidade. Também uma dúzia de livros sobre a vidamusical em Paris mencionam, com maior ou menordestaque, as obras ou a personalidade do compositor.O período de maior repercussão na França foi entre1927 e 1930. Para os franceses, Villa-Lobos fez-lhesa revelação de um mundo sonoro novo.

Não quero tirar dos eventuais leitoresinteressados alguns saborosos episódios relacionadospela autora. Chamou-me especialmente atenção apágina alusiva às relações entre Darius Milhaud eVilla-Lobos. Nas minhas entrevistas com Villa-Lobos, em 1946 e 1947, quando eu escrevia abiografia do mestre, ele falou-me com entusiasmo desua amizade com Milhaud, de como ele o introduziunos meios musicais cariocas, como ele o levava anoitadas de música popular e, até mesmo, demacumba no Rio de Janeiro, entre 1917 e 1920.Fiquei assim na presunção de que ficaram amigosíntimos e sublinhei isso em meu livro. Ledo engano.

Pois no presente livro da sra. Fléchet, ela afirmaque Villa-Lobos não teria impressionadoabsolutamente o compositor francês, que na épocaera o adido cultural da Legação da França, cujochefe era nada menos do que o grande escritor PaulClaudel. A autora sublinha que no livro de memóriasde Darius Milhaud, na qual ele fala longamentesobre a sua estada no Brasil, há apenas duasreferências ligeiras a Villa-Lobos: uma linha e meiaem 1920 e três linhas em 1973. Confesso que issofoi uma surpresa para mim e tratei de mencionareste fato na 12ª edição da minha biografia, que estápor aparecer pela editora Francisco Alves e daAcademia Brasileira de Música.

Conversei a respeito com nosso maiorespecialista em Darius Milhaud, o musicólogo

Manoel Corrêa do Lago, autor de vários textosimportantes sobre a obra do compositor francês.Confirmou-me ele que, efetivamente, por algummotivo inexplicável, Villa-Lobos estranhamenteparece não haver convivido com Milhaud nas duaslongas estadas em Paris, em 1923-1924 e 1927-1930. Ou tiveram alguma desavença desconhecida,ou talvez Milhaud tenha desenvolvido uma pontinhade ciúme pelo sucesso que Villa alcançara na Françanaquela época. O livro de memórias de Milhaud veioà luz em 1976.

No entanto, não posso esquecer que, em 1946 e1947, Villa-Lobos a ele se referiu com carinho eadmiração nas entrevistas que teve comigo. Domesmo modo, outro fato curioso ocorreu no iníciodos anos noventa. Estava eu em Paris e fuiconvidado a jantar na residência de Anna StellaSchic e Marcel Phillippot e lá encontrei a viuva deMilhaud, que repetidamente se referiu a Villa-Loboscom saudade e admiração. Como entender?

Em entrevista realizada pela mesma pianistaAnna Stella Schic, em 1972, para o jornal O Estadode S. Paulo, Darius Milhaud assim se expressousobre Villa-Lobos: “Conheci muito bem Villa-Lobosnaquela época e continuamos amigos depois,durante todos os anos. Conheci-o quando tocavavioloncelo em um cinema. Mostrou-me suas obras ejá nessa época não se podia ficar indiferente à forçade sua música e à sua personalidade marcante. Faleidele a Rubinstein quando veio ao Rio e foi nessaépoca que Rubinstein o procurou e que houve oencontro, que – pode-se dizer – foi memorável.”

O que teria acontecido entre os doiscompositores para que, na mesma época em queMilhaud concedeu aquela entrevista a Anna Stellaem 1972 e a publicação de suas memórias, em1976, ele se referisse a Villa-Lobos de maneira tãofria? É um enigma que os seus estudiosos deveriamprocurar solver. Aí fica um desafio ao competenteManoel Corrêa do Lago...

O livro em apreço contém a lista completa dasobras de Villa-lobos que foram interpretadas emParis entre 1920 e 1930, reproduz longos artigos doscríticos musicais Florent Schimitt e Jules Casadesussobre a obra do compositor, e inclui amplabibliografia do mestre. Recomendo o referido livrosem reservas e sugiro até que a ABM o publique emportuguês, pois seria uma excelente contribuiçãopara a rica bibliografia do seu patrono.

VASCO MARIZ

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Resenhas • CDs

CD Leopoldo Miguez /

Henrique Oswald.

Orquestra Sinfônia da Escola de Música da UFRJ (Orsem). André Cardoso, regente. Selo UFRJ / Música.

O selo UFRJ/Música lançou o CD LeopoldoMiguez / Henrique Oswald, com a Orsem, sob a

regência de André Cardoso. O maestro, que acabade ganhar o primeiro lugar do 2º Concurso JoséMaria Neves de Monografia, da Academia Brasileirade Música, com a pesquisa “A Música na CapelaReal e Imperial do Rio de Janeiro”, realizou umtrabalho extremamente cuidadoso, ao nos revelaralgumas pérolas do romantismo musical brasileiro.

De Miguez foram gravados a Suíte à Antiga op.25 (em seis movimentos), a Chanson d’une jeunefille, Op. 24 e Sylvia – Elegia para cordas, Op. 22.Dessas obras, apenas a última já tinha sido gravadaem CD pela Oficina de Cordas, sob direção domaestro Gramani. De caráter nostálgico, trata-se deuma filigrana. A Chanson d’une jeune fille é aorquestração do segundo movimento das ScenesIntimes – Quatre Morceaux Lyriques para piano(editado por Rieder Biederman, em 1895). A Suíte àAntiga segue a tendência de alguns compositores davirada dos séculos XIX e XX de retomarem asdanças da suíte barroca. Assim o fizeram, porexemplo, Strauss, Debussy e Alberto Nepomuceno.Chama a atenção a orquestração brilhante daGavota e da Giga.

De Henrique Oswald, foram apresentados EnRêve (em primeira gravação) e Andante com Variaçõespara piano e orquestra, com solo de EduardoMonteiro que, além de premiado pianista, é o autorde importante tese de doutorado sobre Oswald,defendida na Universidade de Paris IV. EduardoMonteiro é, atualmente, professor da Universidadede São Paulo (USP), seção de Ribeirão Preto. EsteAndante com Variações já havia sido gravadoanteriormente, em LP, por Honorina Silva (ex-alunade Oswald) com a Orquestra Sinfônica Nacional,sob a regência de Alceo Bochino. É uma obraprofundamente romântica, com um tratamentoidiomático competente da parte solista. En Rêve éuma pequena peça originalmente escrita para piano,com apenas 41 compassos.

A Orsem se comporta a altura do repertório edeve ser considerada um orgulho daquela tradicionalcasa de ensino. O maestro André Cardoso soubetirar a melhor sonoridade do conjunto, respeitandoas características estilísticas das obras. O CDapresenta uma boa qualidade técnica de gravação.

O romantismo musical brasileiro esteve emsegundo plano até alguns anos atrás, sob a alegaçãode não apresentar uma linguagem genuinamentenacional. Felizmente este preconceito vem sendo,ultimamente, superado, fazendo justiça a umrepertório que se mantém pela sua qualidadeprópria, independentemente da linhagem estética aque se filia. Nossos aplausos para este resgate degrande valor documental para a música do Brasil.

RICARDO TACUCHIAN

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Lançamentos

Ernesto Nazareth em livro e CD

Oprojeto “Ernesto Nazareth – Pianeiro do Brasil” é fruto de anos de pesquisa do jornalista Haroldo Costa,com colaboração de Luiz Antônio de Almeida, herdeiro da obra do compositor. Além do livro, o projeto

inclui CD do Quinteto Villa-Lobos.

Livro “Ernesto Nazareth – Pianeiro do Brasil”

Autor: Haroldo CostaEdição: ND Comunicação

CD “Ernesto Nazareth”

Intérprete: Quinteto Villa-LobosEdição ND Comunicação e Sesc Rio SomFaixas: Odeon; Fon-Fon; Pássaros em Festa; Tenebroso; Eponina; Brejeiro; Digo; Beija-Flor; Perigoso;Confidências; Batuque; Escorregando; Rayon d’Or; Apanhei-te Cavaquinho.

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Lançamentos • CDs

este espaço é exclusivo para divulgação, e não venda.

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A Touch of Brazil

Alexandre Dossin, piano.Obras de Edino Krieger.Selo Blue Griffing Recording

Acácio Oliveira Interpreta Karl

Kohaut, Antonio Vivaldi, Mauro

Giuliani, Heitor Villa-Lobos e

Joaquín Rodrigo

Acácio Oliveira, violão. Orquestras Gestualde Câmara e Gestual SinfônicaObras de Karl Kohaut, Vivaldi, MauroGiuliani, Villa-Lobos e RodrigoEstúdio Hocus Pocus

Acácio Oliveira Interpreta Villa-Lobos

Acácio Oliveira, violão.Obras de Villa-LobosEstúdio Hocus Pocus

Violão Preludium

Acácio Oliveira, violão.Obras de Villa-Lobos, Francisco de AssisTárrega Eixea, Santiago de Murcia e JohannSebastian BachEstúdio Hocus Pocus

Un Elegant Recital

Acácio Oliveira, violão.Obras de Manoel Ponce, Villa-Lobos,Frederico Moreno Torroba, Paganini, Barrios,Granados, de Falla, Albinoni, Bach, Gounode Stanley Myers.

Estúdio Hocus Pocus

Tempo Caboclo

Mauro Senise, sopros. Jota Moraes, arranjos evibrafone. Participações especiais de: ErnaniAguiar, Rio Strings, David Chew, RosanaLanzelotte, Mônica Maciel, Nelson Faria,Tony Botelho, Mingo Araújo e Paulo Russo.

Obras de Francisco Braga, Alberto Nepomuceno, LorenzoFernandez, Ernani Aguiar, Chiquinha Gonzaga, CláudioSantoro, Carlos Gomes, Vieira Brandão, Mário Tavares,Radamés Gnattali, Guerra-Peixe, Mignone, Villa-Lobos ePadre José Maurício Nunes Garcia.Selo Biscoito Fino

Miguel Proença – Coletânea Piano

Brasileiro – Vol. 1 (CD duplo)

Miguel Proença, piano.Obras de Heitor Villa-LobosSelo Biscoito Clássico

Miguel Proença – Coletânea Piano

Brasileiro – Vol. 2 (CD duplo)

Miguel Proença, piano.Obras de Alberto NepomucenoSelo Biscoito Clássico

Miguel Proença – Coletânea Piano

Brasileiro – Vol. 3 (CD duplo)

Miguel Proença, piano.Obras de Oscar Lorenzo FernandezSelo Biscoito Clássico

Miguel Proença – Coletânea Piano

Brasileiro – Vol. 4

Miguel Proença, piano.Obras de Ernesto Nazareth e MozartCamargo GuarnieriSelo Biscoito Clássico

Miguel Proença – Coletânea Piano

Brasileiro – Vol. 5

Miguel Proença, piano.Obras de Edino KriegerSelo Biscoito Clássico

Miguel Proença – Coletânea Piano

Brasileiro – Vol. 6

Miguel Proença, piano.Obras de Fructuoso Vianna, César Guerra-Peixe e Marlos NobreSelo Biscoito Clássico

Miguel Proença – Coletânea Piano

Brasileiro – Vol. 7

Miguel Proença, piano.Obras de Radamés Gnatalli, José AraújoVianna, Natho Henn, Paulo Luis ViannaGuedes e Louis Moureau GottschalkSelo Biscoito Clássico

Ofertórios de André Silva Gomes

Madrigal Umesp. Fábio Herique Silva, regente.Obras de André da Silva GomesSelo Rainbow Records

Modinhas de Amor

Grupo Lira d’OrfeoObras de Cândido I. da Silva, Manuel de A.Porto Alegre, Marcos Portugal, DomingosCaldas Barbosa, Jose Mauricio NunesGarcia, D. Caldas Barbosa, J. Manuel daCâmara, S. Neukomm, T. A. Gonzaga, José

Forlivese e Antônio da Silva Leite.Estúdio Banda Sonora

Tempus Nativitatis

Coral dos Canarinhos de Petrópolis.Orquestra Sinfônica da Escola de Música daUFRJ. Marco Aurélio Lischt, regente.Obras de José Maurício Nunes Garcia.Canto Gregoriano.Edições Funarte e Graduale Triplex

Retratos do Brasil

David Chew, Fernanda Canaud e Marco dePinna, solistas. Ernani Aguiar, regente.Obras de César Guerra-Peixe, RadamésGnatalli, Sergio di Sabatto e Ernani Aguiar.Selo Rádio MEC

Turíbio Santos – Um violão em São Luís

Turíbio Santos, violão. Participaçõesespeciais de Adelino Valente, bandolim;Arlindo Carvalho, percussão; Luiz CláudioFarias, percussão.Estúdio Ritornelo – RJ e Estúdio Phocus –São Luís.

Octavio Maul – Obras para piano

Miriam Ramos, piano.Obras de Octavio Maul

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calhau?

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brasiliana35

�Tédio de Alvorada and Uirapuru:

a comparative study of two

scores by Heitor Villa-Lobos

By Paulo de Tarso Salles

The aim of this work is to shed light on a musicologicalissue that is important in order to achieve a greaterunderstanding of the evolution of Brazilian music: thecorrect dating of the works of Heitor Villa-Lobos,particularly during the period preceding his first trip toEurope. The method used here is the directcomparison between the edited score of “Uirapuru”and a handwritten copy of “Tédio de Alvorada”,supplied by the Villa-Lobos Museum. Other issues alsoarise from this comparison, such as the influences onthe work of Villa-Lobos before and after his trip toParis in 1923 and his composing procedures, the thesison which the author has been working at IA/Unicamp.

Abstrac t sThe Centennial Anniversary of

the Birth of Waldemar Henrique

By Vicente Salles

Last February 15th marked the 100thanniversary of the birth of renowned pianist andcomposer Waldemar Henrique da Costa Pereira, bornin Belém, in the Northern Brazilian state of Pará. Hedied in the same city on March 27th, 1995, at the age of90. His life’s work expresses the richness of theAmazonian culture: songs and other musical genres thatserve both popular musicality as well as lyricalexpression, appreciated by chamber musicians andsingers, to whom he left a vast repertoire of works.Waldemar Henrique lived in Rio de Janeiro for a greatmany years, where he established himself and occupiedchair Number 2 of the Brazilian Academy of Music. Hethen returned to his native Pará where he directed theTeatro da Paz for 15 years. He was a member of thePará State Academy of Letters, he was the founder andfirst president of the Pará State Academy of Music.

Acesse o site da ABMAcompanhe o incremento nos projetos

Bibliografia Musical Brasileira e

Banco de Partituras de Música Brasileira.

www.abmusica.org.br

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maio 2005 36

�Vicente Salles – Paraense, nascido em 1931.Antropólogo, folclorista e historiador. Formado pelaFaculdade Nacional de Filosofia da antigaUniversidade do Brasil, publicou 22 livros e 46microedições limitadas e artesanais. Este ano estálançando, em agosto, durante o Festival de Ópera noTeatro da Paz, em Belém (PA), na representaçãocênica da ópera “Bug-Jargal”, a biografia do autor,maestro José Cândido da Gama Malcher, patrono dacadeira nº 24 da Academia Brasileira de Música. Em setembro, lança na Feira Pan-Americana doLivro, A Modinha no Grão-Pará: estudo sobre aambientação e (re)criação da modinha no Grão Pará,com um CD anexo. Ainda em Belém, no último mêsde março, foi lançado o CD “O Cantochão dosMercedários do Grão-Pará”, resultado de pesquisasda música desses padres cantada em Belém em1780. É membro da Academia Brasileira de Música.

Colaboram Nesta Edição

Paulo de Tarso Salles – Compositor,violonista e pesquisador, doutorando em Músicapelo Instituto de Artes da Universidade deCampinas (Unicamp). Professor da Faculdade SantaMarcelina (FASM), da Faculdade de Música CarlosGomes e do Conservatório Souza Lima, em SãoPaulo. Tem participado como compositor de eventoscomo o Festival Música Nova (organizado porGilberto Mendes) e do Encontro Latino-Americanode Compositores e Intérpretes (Belo Horizonte). É autor do livro Aberturas e Impasses: o Pós-Modernismo na Música, recém-lançado pela Editorada Unesp.