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Estudo de caso dos incentivos do setor bancário por meio da descrição do sistema elaborado pelo Banco do Brasil Bernardo Kaufman Bittencourt Marcos Provenzano Cannabrava Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha Rio de Janeiro Julho de 2015

Estudo de caso dos incentivos do setor bancário por meio ... · Ainda assim, apesar de alguns estudos e inovações na atração e retenção de talentos, ... A metodologia de trabalho

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Estudo de caso dos incentivos do setor bancário por meio

da descrição do sistema elaborado pelo Banco do Brasil

Bernardo Kaufman Bittencourt

Marcos Provenzano Cannabrava

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Rio de Janeiro

Julho de 2015

Page 2: Estudo de caso dos incentivos do setor bancário por meio ... · Ainda assim, apesar de alguns estudos e inovações na atração e retenção de talentos, ... A metodologia de trabalho

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Estudo de caso dos incentivos do setor bancário por

meio da descrição do sistema elaborado pelo Banco do

Brasil

Bernardo Kaufman Bittencourt

Marcos Provenzano Cannabrava

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Maria Alice Ferruccio da Rocha

________________________________________________

Prof. Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

________________________________________________

Prof. Klitia Bicalho de Sá

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Julho de 2015

Page 3: Estudo de caso dos incentivos do setor bancário por meio ... · Ainda assim, apesar de alguns estudos e inovações na atração e retenção de talentos, ... A metodologia de trabalho

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Bittencourt, Bernardo Kaufman

Cannabrava, Marcos Provenzano

Estudo de caso dos incentivos do setor bancário por meio da descrição do sistema elaborado pelo Banco do Brasil – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015

III, 52, p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia de Produção, 2015. Referências Bibliográficas: p.41-44 1. Sistemas de incentivos: meritocracia e motivação. 2.

Sistemas de incentivo aos colaboradores. 3.Estudo de caso do setor bancário por meio da descrição do sistema de incentivos elaborado para o Banco do Brasil. I. Ferruccio da Rocha, Maria Alice II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção.

III. Título

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Estudo de caso dos incentivos do setor bancário por meio da descrição do

sistema elaborado pelo Banco do Brasil

Bernardo Kaufman Bittencourt

Marcos Provenzano Cannabrava

Julho/2015

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Curso: Engenharia de Produção

Resumo

O trabalho tem como meta avaliar a estruturação de sistemas de incentivos no setor

bancário para que sejam alinhados os interesses de todos os stakeholders e os

objetivos definidos pela estratégia corporativa sejam atingidos. Dessa forma, foram

descritos os diferentes modelos de bonificação e participação, que visam direcionar os

esforços dos colaboradores para o cumprimento das diretrizes estratégicas nesse

setor. Por meio de um estudo de sistemas de incentivo elaborado pelo Banco do Brasil

e dos principais direcionadores do comportamento humano buscou-se definir

estratégias de estruturação de recompensas e punições para gerir pessoas e garantir

foco e convergência para o objetivo empresarial ao mesmo tempo em que as

expectativas dos stakeholders são satisfeitas.

Palavras-chave: sistemas de incentivo, meritocracia, estratégia, colaboradores

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Industrial Engineer.

Case study of the incentives of the banking sector through the system description

prepared by Banco do Brasil

Bernardo Kaufman Bittencourt

Marcos Provenzano Cannabrava

Julho/2015

Advisor: Maria Alice Ferrucio da Rocha

Course: Industrial Engineering

Abstract

This work aims to evaluate the structuring of incentive systems in the banking sector

that ensure the alignment of interests of every stakeholder and the achievement of the

goals determined by the corporate strategy. Thus, we described the different models of

bonuses and partnership that set out to focus the efforts of employees to achieve the

strategic directives in this sector. Through a study of the incentives systems elaborated

by Banco do Brasil and the main drivers of human behavior, we seek to define rewards

and punishments strategies to manage people and ensure focus and convergence for

the business goals while satisfying stakeholders expectations.

Keywords: incentive systems, meritocracy, strategy, stakeholders

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: MODELO ESTRELA.................................................................................................... 4

FIGURA 2: PRINCÍPIO DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW............................... 7

FIGURA 3: ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO BANCO DO BRASIL. ........................................... 13

FIGURA 4: COMPONENTES DO MODELO DE REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA ........................ 20

FIGURA 5: MODELO DE PESQUISA DE QUIRINO (2008) ........................................................... 28

FIGURA 6: MODELO DE GESTÃO POR COMPETÊNCIAS DO BANCO DO BRASIL ...................... 31

FIGURA 7: SALÁRIOS MÉDIOS PARA CARGOS DE GERÊNCIA ................................................... 37

FIGURA 8: SALÁRIOS MÉDIOS PARA DIFERENTES CARGOS OCUPADOS EM BANCOS ............. 37

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: COMPOSIÇÃO E TAMANHO DA POPULAÇÃO PESQUISADA ................................... 29

QUADRO 2 - CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE GESTÃO POR COMPETÊNCIAS DO BANCO DO

BRASIL ....................................................................................................................................... 30

QUADRO 3 - CONCEITOS DA AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS E METAS DO BANCO DO BRASIL

................................................................................................................................................... 32

QUADRO 4 - DESCRIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS PARA OS FUNCIONÁRIOS DO

BANCO DO BRASIL .................................................................................................................... 33

QUADRO 5 - COMPROMISSOS DO BANCO DO BRASIL COM SEUS FUNCIONÁRIOS .................. 33

QUADRO 6 – RESISTÊNCIA À REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIA NO BANCO DO BRASIL ... 35

QUADRO 7 – ANÁLISE DE SALÁRIOS PARA DIFERENTES CARGOS NOS BANCOS ..................... 38

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1

1. SISTEMAS DE INCENTIVOS: MERITOCRACIA E MOTIVAÇÃO ....................................... 3

1.1. SISTEMAS DE INCENTIVO DENTRO DO DESENHO ORGANIZACIONAL ...................... 3 1.2. BREVE HISTÓRICO DO ESTUDO DE INCENTIVOS NO GERENCIAMENTO DE

RECURSOS HUMANOS ..................................................................................................................... 4 1.3. MERITOCRACIA .................................................................................................................... 6 1.4. MOTIVAÇÃO HUMANA ........................................................................................................ 7

2. REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA: METODOLOGIAS EMPREGADAS PELAS

EMPRESAS NA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS E OUTRAS BONIFICAÇÕES ......................... 10

2.1. REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA: DEFINIÇÕES .............................................................. 10 2.2. PRINCIPAIS FORMAS DE REMUNERAÇÃO...................................................................... 10

2.2.1. Benefícios ........................................................................................................................ 11 2.2.2. Salário Funcional ............................................................................................................ 12 2.2.3. Remuneração Hierárquica .............................................................................................. 12 2.2.4. Remuneração por ponto .................................................................................................. 14 2.2.5. Remuneração variável ..................................................................................................... 14 2.2.6. Incentivos de Curto Prazo ............................................................................................... 16 2.2.7. Incentivos de Longo Prazo .............................................................................................. 16 2.2.8. Alternativas criativas....................................................................................................... 18

3. ESTUDO DE CASO DO SETOR BANCÁRIO POR MEIO DA DESCRIÇÃO DO SISTEMA

DE INCENTIVOS ELABORADO PELO BANCO DO BRASIL ...................................................... 21

3.1. STAKEHOLDERS DO BANCO DO BRASIL .......................................................................... 23 3.1.1. Acionistas ........................................................................................................................ 23 3.1.2. Credores ......................................................................................................................... 24 3.1.3. Diretoria ......................................................................................................................... 24

3.2. ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 26 3.3. DADOS DA PESQUISA ELABORADA ................................................................................ 28 3.4. PREMISSAS DO MODELO ................................................................................................... 29 3.5. A REMUNERAÇÃO NO BANCO DO BRASIL ..................................................................... 34 3.6. ANÁLISE DE REMUNERAÇÃO DO SETOR BANCÁRIO .................................................. 36

CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 41

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INTRODUÇÃO

Definida uma estratégia corporativa, ou seja, as diretrizes que guiarão os esforços de

uma empresa para uma série de objetivos estabelecidos, como organizar um sistema

de incentivos que consiga alinhar os esforços dos colaboradores para o cumprimento

das definições estratégicas?

Tendo como base o questionamento acima, o objetivo deste trabalho é identificar os

principais drivers, isto é, fatores-chave do direcionamento do comportamento humano

no ambiente corporativo bancário e como usá-los para influenciar os colaboradores a

executar o seu trabalho de maneira proativa ao mesmo tempo em que seus desejos e

expectativas são atendidos. Os drivers do comportamento humano são entendidos

como os anseios e estados da mente humana que levam à adoção de certos

comportamentos e ações para satisfazê-los.

O presente trabalho possui as seguintes hipóteses que serão demonstradas válidas ou

não conforme o discorrer do estudo. A primeira é de que a participação nos lucros

atrelada ao sistema de metas desdobradas através da hierarquia não é suficiente para

a atração, motivação e retenção de pessoas em uma estratégia de longo prazo e

outros mecanismos devem ser estabelecidos para auxiliar no desenvolvimento

completo desse processo.

A segunda hipótese é que não há um método definido para fazer cálculos justos para

uma distribuição de lucros por meritocracia em empresas do setor bancário,

caracterizadas no estudo de caso do Banco do Brasil.

O tema se faz relevante, visto que organizações de serviços representam mais de

60% da produção de riqueza na nova economia (Central Intelligence Agency, 2014).

Essas organizações são estruturadas de tal forma que seu principal componente de

custo e de geração de valor é o capital humano.

Ainda assim, apesar de alguns estudos e inovações na atração e retenção de talentos,

houve pequenos avanços no sistema de incentivos relacionados à performance e

pesquisa acadêmica recente demonstra que nos trabalhos cognitivos pode haver

redução do desempenho com aumento excessivo das recompensas financeiras.

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A metodologia de trabalho empregada foram pesquisas bibliográficas para

levantamento e revisão da literatura, buscando fundamentar as hipóteses e

atendimento dos objetivos da pesquisa. A busca foi feita em dissertações de mestrado,

livros e artigos em revistas especializadas de administração e de psicologia que

abordam o tema de remuneração estratégica.

O projeto tem como contribuição científica apresentar aos leitores os fatores-chave

que estimulam a motivação das pessoas atrelados ao sistema de incentivos existente

na organização do setor bancário estudada e que são mais eficazes no auxílio ao

cumprimento da estratégia corporativa.

O escopo limitou-se às questões supracitadas e não serão estudados outros

subsistemas existentes na área de recursos humanos que estejam relacionados à

remuneração estratégica ou fora do tema de sistemas de incentivos de maneira geral.

O capítulo 1 discorre sobre o desenvolvimento histórico do pensamento sobre

motivação e incentivos ao trabalho. É feita uma análise das principais correntes de

pensamento da literatura sobre o tema e se relaciona a importância social e

motivacional da meritocracia.

No capítulo 2 detalhou-se as principais formas de remuneração e sistemas de

incentivo existentes dentro do contexto da remuneração estratégica.

O capítulo 3 aborda o estudo de caso do Banco do Brasil e como os sistemas de

incentivos são desenhados e estruturados, apresentando também a visão e

participação de diferentes stakeholders em uma empresa do setor bancário brasileiro.

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1. SISTEMAS DE INCENTIVOS: MERITOCRACIA E MOTIVAÇÃO

1.1. SISTEMAS DE INCENTIVO DENTRO DO DESENHO ORGANIZACIONAL

Para atingir um objetivo devem ser alinhados uma série de recursos e desenhados

uma série de processos para efetivar uma determinada estratégia de agregação de

valor. Os recursos humanos, pessoas, se diferenciam dos outros tipos de recursos

pois, diferente das máquinas e equipamentos, necessitam de uma gestão bem mais

complexa que envolve táticas de atração, retenção e mobilidade dos recursos dentro

da organização. A maioria dessas táticas se enquadra dentro dos sistemas de

incentivos, que por sua vez estão inseridos na elaboração do desenho organizacional.

Organizações são compostas de pessoas selecionadas que coordenam seus esforços

em direção a um objetivo comum (Etzioni, 1964). O desenho organizacional foca na

necessidade de recursos humanos para o atingimento das metas da organização e

tem duas intenções: facilitar o fluxo de informações dentro da organização e integrar e

coordenar o comportamento através das diferentes partes da organização (DUNCAN,

1979; ver STANFORD, 2007 para uma definição semelhante).

Para uma melhor compreensão de como os sistemas de incentivos se encaixam

dentro do quadro de referência maior do desenho organizacional observa-se o modelo

Estrela de Galbraith (GALBRAITH, 2005). Segundo o modelo, a estratégia guia cada

etapa do projeto organizacional, a estrutura (organograma, hierarquia e áreas

funcionais), os processos (as sequências de atividade necessárias à geração de valor

e as relações entre as funções), as pessoas (garantir que as pessoas certas estejam

nas funções certas, ou seja, ajustar competências e habilidades aos cargos de cada

função) e, finalmente, recompensas (o sistema que rege a manutenção e motivação

do capital humano).

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Figura 1: Modelo Estrela

Fonte: Galbraith, 2005, pg. 15

Sistemas de incentivos são parte essencial da gestão de recursos humanos pois são

necessários para atrair, despertar a motivação e reter pessoas em uma organização.

Segundo Silva e Luz (2010), a remuneração tem a função de agir como indutor do

processo de desenvolvimento de competências e promover impulsos e estímulos à

aprendizagem, fazendo parte do subsistema de gestão de pessoas.

1.2. BREVE HISTÓRICO DO ESTUDO DE INCENTIVOS NO GERENCIAMENTO

DE RECURSOS HUMANOS

Toda a discussão sobre incentivos e o aumento da complexidade em gerir o capital

humano ganha relevância à medida que a sofisticação do trabalho aumenta, ou seja,

quando o trabalho passa de tarefas manuais ou simples para tarefas cognitivas mais

complexas.

Pode-se ver que a história do pensamento acadêmico corrobora essa ideia quando se

verifica que no início do século passado, Frederick Winslow Taylor (1990) trata do

gerenciamento dos recursos humanos como se estes fossem máquinas em “Princípios

da Administração Científica”. A busca da eficiência do tempo empregado nas

atividades do trabalhador era vista como um problema mecânico, que poderia ser

Modelo Estrela

Estratégia

Estrutura

ProcessosRecompensas

Pessoas

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solucionado apenas com o estudo dos tempos e movimentos, a prescrição de

maneiras mais eficazes de desenvolver cada tarefa, a padronização do trabalho e a

adoção de medidas para evitar a vadiagem e a fadiga.

Mais tarde, com o crescimento do setor de serviços e a aparição do trabalhador do

conhecimento (Drucker, 1973), Maslow (1943) e Herzberg (1987) perceberam a

necessidade de explicar a motivação humana através de mais elementos que

pudessem auxiliar a atividade gerencial. Herzberg (1987) apontou dois fatores,

higiênicos (sua ausência leva à insatisfação) e motivacionais (são necessários para o

estímulo do ser humano) e Maslow (1943) desenvolveu sua famosa Teoria da

Motivação, representada pela pirâmide da hierarquia das necessidades: fisiologia,

segurança, relacionamento, estima e realização pessoal. Construindo em cima do

trabalho de Herzberg (1987), hoje temos uma grande tendência em falar sobre

empowerment, ou empoderamento (na tradução literal para o português). A premissa

base do empoderamento é encarar as pessoas como solucionadores de problemas

naturais e dar a elas autonomia sobre como executar o seu trabalho.

Atualmente, construindo a partir do trabalho de Maslow (1943), Daniel Pink (2009)

publica o conceito de autonomia, domínio e propósito, defendendo uma posição

oposta à de Taylor (1990), onde, uma vez definidos quais devem ser os resultados

esperados, o trabalhador deve ser livre para decidir os meios em que ele quer se

aperfeiçoar para atender ao propósito da organização, que deve estar alinhado com

seus próprios valores.

Apesar da mudança nos métodos sugeridos pela literatura para gestão do

desempenho de recursos humanos, a essência de buscar despertar a motivação do

trabalhador a desenvolver sua atividade permanece a mesma. A mudança se deu

porque a natureza das atividades desenvolvidas mudou e não porque outros métodos

se mostraram mais eficientes e substituíram os antigos.

O trabalho na nova economia do conhecimento exige criatividade, análise e solução

de problemas sem algoritmo previamente conhecido. Os protocolos e procedimentos

rígidos estão dando lugar à liberdade de ação e decisão para atender às necessidades

dos clientes e das próprias organizações.

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1.3. MERITOCRACIA

Nesse contexto, as ideias de bonificações por produtividade ganham nova forma e

alcançam um novo patamar. O conceito de meritocracia, termo que apareceu

inicialmente em uma sátira do inglês Michael Young, The Rise of the Meritocracy

1870-2033 (Young, 1958), evoluiu a partir da necessidade de premiar aqueles

indivíduos que se destacam visando manter e aumentar o seu desempenho na

organização. Essa premiação se dá através da alocação de parte do valor gerado pela

organização para o indivíduo e/ou através da escalada do indivíduo para posições de

comando na hierarquia da organização – motivação extrínseca (financeira) e intrínseca

(reconhecimento). O conceito em si se resume a atrelar a recompensa ao

desempenho e tem duas funções importantes de se entender, uma motivacional e

outra social. Ao longo do trabalho focamos principalmente na primeira função que está

relacionada à motivação humana e, portanto, aos sistemas de incentivos.

O objetivo motivacional da adoção de um sistema meritocrático é alertar para os

indivíduos que seu futuro depende apenas de seu esforço e de seu desempenho, com

isso espera-se que, visando benefícios no futuro, sejam financeiros ou de status, os

indivíduos trabalhem com mais afinco para atingir as metas da empresa. O segundo

objetivo da meritocracia é mais filosófico e social e não será tema deste estudo. Se

refere à ideia de que se adotando sistemas meritocráticos, há uma tendência a ter

instituições cada vez melhores na sociedade dado que ocorre uma seleção das

pessoas mais capazes para assumir os cargos de liderança e esse ciclo tende a se

retroalimentar com a seleção e filtro de indivíduos em cada instituição da sociedade.

Essa ideia é ainda mais antiga que o termo meritocracia e, de acordo com Young, tem

suas origens no livro “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley (HUXLEY, 2014).1

Ao analisar o estudo de caso do Banco do Brasil deparou-se com um objeto que

consiste em um ambiente de trabalho representativo da realidade brasileira pelos

seguintes motivos: o tamanho do banco em quantidade de agências e número de

funcionários; a distribuição geográfica dispersa; o funcionalismo público, já que grande

parte da população brasileira tem uma relação direta ou indireta com o governo, como

funcionário público ou prestador de serviço para uma iniciativa financiada pelo Estado²

1 O livro original de A. HUXLEY é de 1937 e apresenta a visão de uma sociedade utópica

composta de castas com funções definidas e sem necessidade de incentivos ou motivação. ² Aproximadamente 2% da PEA era composta de funcionários públicos em 2013 segundo o IBGE e

22% do PIB é consumo do governo (FOLHA DE S. PAULO, 2014).

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7

(aproximadamente 2% da PEA era composta de funcionários públicos em 2013

segundo o IBGE e 22% do PIB é consumo do governo (FOLHA DE S. PAULO, 2014) e

também pela influência que o modelo do funcionalismo público brasileiro exerce na

legislação que rege as relações de trabalho no Brasil e que, por conseguinte, acaba

influenciando também as empresas da esfera privada. Posto isso e finda a análise do

caso questiona-se se a meritocracia é uma tendência forte nas empresas brasileiras

pelos motivos que serão elaborados adiante durante a descrição dos mecanismos de

desenvolvimento das pessoas no Banco do Brasil.

1.4. MOTIVAÇÃO HUMANA

A motivação que se deseja criar com a meritocracia consiste no preenchimento das

necessidades mais elevadas do ser humano como autonomia, domínio, propósito,

estima (reconhecimento próprio e de outros) e realização pessoal, ou seja, os

indivíduos procuram se tornar aquilo que eles podem ser (Maslow, 1943 apud. Pink,

2009).

Figura 2: Princípio da Hierarquia das Necessidades de Maslow

Fonte: Adaptado de Maslow, 1943 apud. Pink, 2009 e com inclusão do framework de Daniel Pink (Pink, 2009)

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A Figura 2 tenta ilustrar a intercessão entre o trabalho de Maslow (1943) e Pink (2009)

apontando quais as necessidades da hierarquia de Maslow (1943) se relacionam com

os princípios da motivação propostos por Pink (2009).

Para que seja válida a discussão de como despertar a motivação com o objetivo de

extrair resultados concretos no mais alto nível de desempenho cognitivo possível de

cada indivíduo é necessário que as necessidades básicas estejam satisfeitas. Ou seja,

para começar a tratar de como a meritocracia se traduzirá no plano de cargos e

salários e na remuneração se faz imprescindível que a base da pirâmide esteja

preenchida. Os salários-base e o ambiente de trabalho que a empresa provê devem

ser suficientes para “retirar os problemas de dinheiro da mesa” (Pink, 2009, página 81)

em relação às necessidades fisiológicas, de segurança e de relacionamento (moradia,

alimentação, saúde, direitos de propriedade física e intelectual, ambiente social

positivo, arbitragem dos problemas de convivência).

A análise histórica das propostas de gestão de pessoas e o novo corpo de

conhecimento a respeito da motivação humana fornecem uma ideia das dificuldades e

complexidades de estruturar um bom sistema de incentivos, recompensas e punições

para alinhar os interesses e coordenar os esforços das várias funções e processos de

uma organização na busca da sua determinação estratégica.

A partir dos modelos supracitados que abordam a motivação e a meritocracia nesse

capítulo se pode abstrair os principais direcionadores do comportamento humano e

determinar que a meritocracia é importante para garantir o sucesso de um sistema de

incentivos que se propõe a atingir resultados relevantes.

A primeira hipótese do trabalho, que afirma que só participação nos lucros não é

suficiente para um sistema de incentivos completo, foi, portanto, confirmada no

decorrer do capítulo como se pode observar desde os primeiros trabalhos sobre

motivação de Maslow (1943) e Herzberg (1987), quando se colocou as necessidades

mais elevadas do homem além daquelas que garantem sua subsistência e estão

relacionadas a itens mais abstratos e intangíveis que o capital financeiro.

Necessidades de relacionamento ligadas ao convívio social só são preenchidas

quando as empresas se preocupam em se estruturar de maneira a oferecer um

ambiente agradável para os empregados e que incentiva a criação de laços de

amizade e companheirismo entre colegas de trabalho ou que os permite unir seus

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laços familiares e seus círculos de amizade fora do trabalho com seus colegas de

profissão.

Em outro nível da motivação estão as necessidades referentes à estima individual. O

apreço, a compaixão que uma pessoa tem por si mesma e sua autoconfiança são

características que, se massageadas e fortalecidas por uma instituição que preza

pelos sentimentos e o bem-estar psicológico dos seus funcionários, podem gerar

resultados favoráveis até na auto motivação, contudo, não identificou-se para esse

nível de motivação receitas e mecanismos padronizados.

Em última instância, o fator mais elevado da motivação é a realização pessoal,

análogo à ideia de propósito de Pink (2009). Significa tomar a causa da empresa como

a sua própria e trabalhar em prol do que se acredita.

O próximo capítulo relaciona os direcionadores do comportamento, aqui apontados,

com a estratégia organizacional, tratando das diversas metodologias e subsistemas

empregados pelas empresas como parte de um sistema maior conhecido como

remuneração estratégica. A remuneração estratégica desempenha um importante

papel nas organizações ao pagar incentivos ao empregado que conseguir alinhar seu

desempenho àquilo que a empresa espera dele (O`Toole; Lawler III, 2006). Esse tipo

de remuneração pode se tornar um excelente aliado da empresa na obtenção de

resultados estratégicos, criando um importante diferencial competitivo (NUNES;

SOUZA NETO, 2008; WEBER; RAYNE, 1991).

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2. REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA: METODOLOGIAS EMPREGADAS PELAS

EMPRESAS NA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS E OUTRAS BONIFICAÇÕES

2.1. REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA: DEFINIÇÕES

Remuneração é o que a organização oferece em troca do serviço do empregado em

um determinado período e caracteriza o trabalho assalariado. Abrange tudo aquilo que

é recebido em troca da força de trabalho, como, por exemplo, todas as formas de

retorno financeiro e benefícios recebidos pelos empregados em uma relação de

trabalho (RIBEIRO, 2006; MILKOVICH; NEWMAN, 1987).

Chiavenato (2004) entende remuneração como o investimento da organização nas

pessoas em troca de suas contribuições para o alcance da estratégia organizacional.

O conceito de Marras (2002) para remuneração estratégica é um modelo de

compensação que permite oferecer recompensas aos empregados de destaque em

um determinado período. Já para Xavier, Silva e Nakahara (1999), a remuneração

estratégica é aquela que está integrada e direcionada às estratégias e aos negócios

da organização.

Adotou-se um entendimento com as características que marcam as definições de

Chiavenato (2004), Xavier, Silva e Nakahara (1999) durante esse trabalho. Ou seja,

não se preocupou em definir remuneração como valor de troca do trabalho e apenas a

considerou-se como bonificação dada por destaque se estiver ligada às definições

estratégicas da organização. Fundamentalmente preferiu-se o conceito de

remuneração estratégica entendida como instrumento para avançar os objetivos

estratégicos da firma.

2.2. PRINCIPAIS FORMAS DE REMUNERAÇÃO

Uma política de compensação bem desenhada deve ajudar a atrair e reter

funcionários, além de demonstrar quais são os comportamentos e atitudes valorizados

pela organização, ajudando os funcionários a decidir como alocar seu tempo e seus

esforços, tudo isso deve ser feito no menor custo possível para a empresa (Milgrom,

Roberts, 1992). A remuneração é composta por três principais pilares, são eles:

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salário, benefícios, que se dividem em legais e espontâneos, e incentivos, sendo estes

o foco do trabalho. Wood Jr. e Picarelli Filho (2004b) descrevem oito principais formas

de remuneração, são elas: remuneração funcional, salário indireto, remuneração por

habilidades, remuneração por competências, previdência complementar, remuneração

variável, participação acionária e alternativas criativas. Essas oito formas são os

elementos fundamentais utilizados para construir o modelo de remuneração

estratégica (XAVIER; SILVA; NAKAHARA, 1999; MARRAS, 2002; SILVA, 2005;

CARVALHO; NASCIMENTO, 2006; GIL, 2007; NUNES; SOUZA, 2008; SILVA; LUZ,

2010).

Adaptando o modelo proposto definiu-se e detalhou-se formas de remuneração,

iniciando pelos benefícios e salários, culminando na análise de diferentes formas de

remuneração e incentivos, conforme exposto abaixo.

2.2.1. Benefícios

Os benefícios dividem-se em legais e espontâneos e, compõe o salário in natura ou

salário utilidade, são oferecidos por algumas empresas em complemento ao salário

fixo recebido. Dentre os benefícios mais comuns estão o plano de saúde, plano

odontológico, auxílio moradia e auxílio faculdade. Vale-refeição e vale-transporte

podem ou não ser benefícios do ponto de vista legal de acordo com a Consolidação

das Leis Trabalhistas, dependendo se são ou não descontados do salário.

Os benefícios tendem a ser utilizados como moeda de barganha na atração e retenção

de novos colaboradores e pode ter um peso significativo na motivação e satisfação do

funcionário. Em alguns lugares como os Estados Unidos o plano de benefícios

ofertado é um diferencial relevante na atração e retenção de pessoal especializado ou

não, de todas as faixas salariais. No Brasil, o papel dos benefícios tem impacto na

satisfação do funcionário tanto nas categorias salariais inferiores, quanto em altos

cargos, especialmente pelos benefícios espontâneos que vão desde academias de

ginástica e visitas semanais de nutricionistas e massagistas, até parcerias com clubes

e centros culturais. No entanto, nas categoriais salariais mais baixas, a participação

percentual dos benefícios na compensação total é maior, o que torna mais difícil abrir

mão desse adicional o torna mais atrativo, podendo inclusive, ser um diferencial

importante na escolha entre duas oportunidades de trabalho.

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2.2.2. Salário Funcional

O salário funcional corresponde ao salário atrelado aos objetivos definidos de acordo

com o cargo ocupado. Tende a ser mais adequado para posições operacionais onde

as habilidades podem ser definidas, avaliadas, passíveis de treinamento e certificadas.

Costuma estar presente em ambientes com alto investimento em treinamento e

desenvolvimento e para ser implementado necessita de bancos de dados, histórico

adequado dos profissionais e gerentes e demais profissionais capacitados para fazer

avaliações do pessoal por certificações, sejam elas internas ou externas à empresa.

Em uma organização estruturada por células de trabalho ou processos, em que uma

equipe responde por todo o processo ou por grandes etapas, costuma-se fazer uso do

salário funcional para induzir e estimular o aprendizado de novas técnicas, habilidades

e procedimentos (SILVA; LUZ, 2010).

A polivalência nesse tipo de estrutura organizacional permite a flexibilização da

atuação do profissional e, em mesma medida, da organização em si, através da

presença de recursos que passam a poder ser realocados em diferentes linhas de

produtos ou, pelo menos, em diferentes postos de cadeias produtivas. Favorece,

portanto, o atendimento de flutuações na demanda e, possivelmente, de exigências de

prazo, qualidade e entrega diferenciadas.

2.2.3. Remuneração Hierárquica

Em uma estrutura hierárquica de organograma definido, observa-se áreas funcionais

claramente delimitadas na maioria das organizações. A remuneração hierárquica se

refere ao valor pago em razão das funções e cargos da estrutura organizacional (ex.:

RH, Compras, Produção, Vendas) conforme exemplifica a Figura 3, em que cada caixa

possui seu salário aumentando à medida que se ascende verticalmente na hierarquia

e podendo variar horizontalmente entre funções.

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Figura 3: Organograma funcional do Banco do Brasil.

Fonte: Relatório Anual do Banco do Brasil, 2010.

O agrupamento de cargos em uma faixa salarial se dá por importância relativa das

atividades e não por conhecimento de um mesmo processo ou de interfaces entre

processos.

Assumindo-se a premissa da meritocracia, qualquer movimentação salarial em uma

estrutura de remuneração hierárquica ocorre por mérito ou desempenho e acompanha

uma escalada na hierarquia. Se afrouxar a hipótese da meritocracia, também podem

ocorrer progressões por antiguidade, acompanhada ou não de promoção.

A remuneração hierárquica é facilmente implementável pois não necessita de

processos para avaliar competências ou gestores e lideranças capacitadas para fazê-

lo. É um modelo que funciona baseado na definição prevista pelas políticas publicadas

e organograma da empresa.

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2.2.4. Remuneração por ponto

A remuneração por ponto pode ser definida como o valor pago pela comprovação da

aquisição de um conjunto de conhecimentos, habilidades, comportamentos e aptidões

que possibilitem maior probabilidade de obtenção de sucesso na execução de

determinadas atividades. É frequente em estruturas flexíveis e matrizes onde os

processos de trabalho não são estruturados e onde predomina iniciativa, criatividade,

gerenciamento de recursos, desenvolvimento de ideias. É mais adequada para

posições de nível técnico em diante pois não envolve aspectos de fácil avaliação,

inclusive posições altamente técnicas com carreira em Y, diferenciando desempenhos

pela aquisição das competências. Requer maturidade por parte da empresa pois'

muitas competências são subjetivas e de difícil mensuração. Requer investimento em

treinamento e desenvolvimento, exige banco de dados e histórico adequado dos

profissionais, assim como a remuneração por habilidades.

Segundo Chiavenato (2008), remuneração por ponto é uma forma de remuneração

relacionada com o grau de informação e o nível de capacitação de cada pessoa.

Historicamente, o modelo de remuneração por ponto cresceu junto com o do setor de

serviços, com o aumento da procura por profissionais qualificados e com a redução da

estrutura hierárquica rígida (MINAMIDE, 2008).

A principal característica é permitir a empresa gerir os níveis salariais de acordo com o

grau de capacitação alcançado pelos seus colaboradores. Outro benefício é indicar ao

funcionário pontos de melhoria e desenvolvimento para alcançar melhor remuneração.

2.2.5. Remuneração variável

A remuneração variável define-se como a remuneração paga aos profissionais que

apresentam os resultados mais alinhados às ações estratégica da organização e

interesses dos acionistas de acordo com métrica pré-definidas. Busca-se remunerar

de forma competitiva visando atrair, despertar a motivação e reter talentos, estimular o

comprometimento de longo prazo com a empresa, diminuir os riscos financeiros da

empresa ajustando a remuneração aos resultados (substituindo custos fixos por

variáveis), refletindo a contribuição do indivíduo e da equipe para o sucesso do

negócio.

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Seus resultados são o maior comprometimento do profissional com o

desempenho/metas, melhor equilíbrio entre custos de folha e capacidade de

pagamento e melhoria do desempenho individual e da equipe.

Pode ser adotada através de comissionamento (usado em vendas), participação nos

lucros, participação nos resultados, bônus e participação acionária. Sistemas de

remuneração costumam ter abrangência de tempo focalizado no curto prazo (dentro

do ciclo de negócios) e consideram metas estratégicas, financeiras, econômicas, de

melhoria de processos, de aquisição de conhecimento, etc.

O exemplo de remuneração variável mais comum no Brasil é a Participação nos

Lucros e Resultados (PLR), que pode ser calculada com base no percentual de

atingimento das metas individuais e coletivas em uma empresa.

Abaixo segue a explicação dada por uma empresa brasileira conhecida pela base

meritocrática sobre o cálculo da PLR para seus diretores e gerentes:

“Todos os colaboradores que possuem painéis individuais serão contemplados de

acordo com o atingimento de suas metas, notas corporativas e notas de valores.

A fórmula para entender o cálculo desta PLR é:

Diretor: [(NP*60%)+(NC*35%)+(NV*5%)]*M*SM*(MT/12)

Gerente: [(NP*70%)+(NC*25%)+(NV*5%)]*M*SM*(MT/12)

Na qual:

NP: Nota do Painel Individual

NC: Nota Corporativa

NV: Nota de Valores (definida por um comitê, com base na avaliação 360º)

M: Multiplicador da função

SM: Salário médio anual

MT: Meses trabalhado na função durante 2014

Acima pode-se verificar que o peso dado às metas coletivas cresce à medida que se

sobe na hierarquia, estando o PLR da presidência quase inteiramente atrelado ao

atingimento das metas anuais da empresa. O objetivo dessa prática é tornar o

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colaborador cada vez mais engajado e preocupado com o sucesso coletivo da

empresa do que com sua contribuição individual.

Apesar de bons avanços como esse no cálculo da parcela variável em pacotes de

compensação financeira, ainda pode-se perceber que é difícil tornar o cálculo justo em

uma meritocracia e garantir que os que mais entregam resultados serão os mais

recompensados. A dificuldade de se adotar apenas premissas inquestionáveis que

relacionam a contribuição do indivíduo às metas de sua responsabilidade na fórmula

de cálculo de um bônus (em um painel de metas, por exemplo) confirma a segunda

hipótese deste trabalho.

2.2.6. Incentivos de Curto Prazo

Incentivos de curto prazo caracterizam-se como modelos de incentivos onde as metas

e indicadores analisados para definição dos valores são avaliados e pagos dentro do

período de um ano. Usualmente são pagos por programas de participação nos lucros

e resultados (PLR), bônus por resultado e comissões com base no atingimento de

metas.

Segundo número da pesquisa realizada pela consultoria Hay Group e divulgada pelo

Valor em maio de 2014, os incentivos de curto prazo pagos no Brasil em múltiplo de

salário foram equivalentes a 5,7 salários para diretores, apresentando aumento em

relação a 2012, 3,5 salários para alta gerência, apresentando queda em comparação

com 2012, e 2,7 salários para gerência, mantendo-se estável.

Os incentivos de curto prazo buscam a convergência dos esforços para atingimento do

objetivo empresarial e cumprimento de metas e prioridades imediatas, além do

alinhamento de recompensas com a performance do funcionário e da equipe.

2.2.7. Incentivos de Longo Prazo

Incentivos de longo prazo caracterizam-se como modelos que são avaliados e pagos

em período superior a um ano e tem como objetivo a retenção de talentos. Os meios

pelos quais se implementam os incentivos de longo prazo serão detalhados a seguir.

A participação acionária é um convite ao funcionário a adquirir sociedade na empresa

e funciona como um incentivo de longo prazo ao torná-lo dono do negócio, com direito

a parte dos lucros e do patrimônio líquido da empresa.

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A valorização é um conjunto de táticas comuns para empresas de capital fechado

estruturarem incentivos similares a participação acionária sem oferecer sociedade aos

colaboradores.

Dentre as formas mais comuns de participação acionária estão a compra de ações, a

compra de opções e direitos restritos à compra de ações. Dentre as formas de

valorização estão as unidades de performance, ações virtuais e direitos de valorização

acionária.

Compra de ações

Consiste na compra de ações da empresa a valores subsidiados (normalmente um

desconto de 10% a 15% sobre o valor de mercado). Tipicamente o participante tem

pleno direito sobre as ações após a compra, mas em alguns casos são estabelecidos

períodos de carência.

A compra de uma ação equivale a se tornar sócio da empresa, adquirindo uma

pequena fatia do capital social. A venda se faz no mercado de capitais onde todas as

empresas listadas vendem frações de seu patrimônio. O período de carência é um

período após a compra que o comprador se compromete a não vender a participação

adquirida.

Compra de opções

Consiste no direito de exercer (comprar) ações da empresa por um preço fixo (preço

de exercício) durante um período determinado (termo da opção). Normalmente é

estabelecido um prazo de carência de três a cinco anos para o pleno exercício da

opção, e o preço de exercício corresponde ao valor de mercado da ação na data da

concessão da opção.

Direitos restritos à compra de ações

Representa a doação de ações (em alguns casos a venda pelo valor patrimonial) às

quais se aplicam restrições no uso. As restrições são tipicamente estabelecidas na

forma de um prazo de carência para o pleno poder das ações.

Unidades de performance

Concessão em dinheiro, cujo pagamento baseia-se na performance versus objetivos

pré-determinados em um determinado período.

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Ações virtuais

Modelo utilizado em empresas de capital fechado no qual unidades análogas a ações

são criadas, e cujo valor é ajustado conforme a variação do valor de mercado da

empresa ou seu desempenho. Para o cálculo do valor de mercado da empresa são

normalmente contratadas empresas especializadas.

Direitos de valorização acionária

Neste conceito o participante recebe um montante em dinheiro equivalente à

valorização de um número de ações da empresa, após um período determinado.

2.2.8. Alternativas criativas

Utilizada principalmente em lançamento de produtos e campanhas de comercialização

como forma de reconhecer e compensar desempenhos excepcionais.

A premiação pode ser feita em dinheiro, mas usualmente é feita em bens materiais ou

serviços, tais como viagens ou cupons de compra. Não há periodicidade específica

para sua utilização, porém recomenda-se a variação na frequência e na forma para

não desgastar o sistema. No setor financeiro diversas recompensas alternativas são

utilizadas. São dados prêmios como viagens, jantares e brindes. Ainda em outros

setores, são muito utilizados outros sistemas como a possibilidade de trabalhar de

casa, licença maternidade/paternidade estendida além do previsto por lei.

Uma das referências em alternativas criativas no mundo atual é o Google. A empresa

oferece desde lavagem de carro, troca de óleo, reparo de bicicleta, lava-roupas até

academia, massagem e salão de beleza para seus funcionários.

Além de grande peso dado ao conceito de autonomia, já explicado anteriormente pela

teoria de Pink (2009), o Google também valoriza alguns outros conceitos importantes

no estabelecimento de mecanismos de incentivos para seus empregados:

Transparência: como os empregados são considerados o maior ativo do

Google, a empresa confia material estratégico confidencial a todos os

funcionários além de abrir os projetos de todos para toda a empresa, de modo

que todos sabem no que o outro está trabalhando.

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Flexibilidade: de roupas, apresentação, expressão e de gerenciamento do

próprio tempo de trabalho.

Diversão: pausas frequentes, atividades como escalada, vôlei, boliche, dia do

pijama, Halloween e até brinquedos dentro do escritório representam esse

elemento forte da cultura do Google que inclusive ultrapassa as paredes do

escritório pois a empresa permite que os programadores modifiquem os

produtos para pregar peças nos próprios clientes em dias específicos do ano

como no primeiro de abril.

Design: até mesmo no projeto de seus escritórios o Google gosta de mostrar a

cultura de inovação e diversão, pensando nas cores e formas do ambiente de

trabalho.

A Figura 4, elaborada pela consultoria Talentos top, busca resumir as diferentes

formas de remuneração explicitadas, apontando as principais características das

mesmas. Demonstra a estrutura e componentes da remuneração estratégica como um

todo, apresentando elementos relacionados a área de RH como cultura e clima,

ambiente de trabalho e reconhecimento.

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Figura 4: Componentes do Modelo de Remuneração Estratégica

Fonte: Talentos Top Consultoria, 2014 http://www.talentostop.com/pttopremuneracaoestrategica.html. Acesso em: 06 de Maio de 2015

Na figura, são dados exemplos de diversas formas de remuneração comuns nas

empresas e há uma classificação dos exemplos em cada categoria de remuneração,

indicando ainda qual o componente do modelo de remuneração estratégica dada

classe de remuneração se refere.

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3. ESTUDO DE CASO DO SETOR BANCÁRIO POR MEIO DA DESCRIÇÃO DO

SISTEMA DE INCENTIVOS ELABORADO PELO BANCO DO BRASIL

O presente capítulo busca descrever os principais envolvidos na elaboração de um

sistema de incentivos e como podem ser afetados pelos resultados do mesmo e

detalha um modelo de sistema de incentivos praticado por um Banco de relevância no

setor bancário. Por meio de dados secundários coletados em uma dissertação cujo

tema é a remuneração por competências praticada no Banco do Brasil, objetivou-se

ilustrar um caso real de um setor de importância.

Nesse contexto, definiu-se os direcionadores na elaboração de um plano de

remuneração e analisou-se o modelo desenhado e praticado pelo Banco do Brasil. As

perguntas a serem respondidas são: Quais são os principais elementos considerados

na compensação financeira fixa e variável? Como está estruturado e como funciona o

modelo de atração, retenção e desenvolvimento de talentos no Banco do Brasil?

Realizou-se, ainda, uma breve análise comparativa do Banco do Brasil com outros

bancos brasileiros, visando avaliar o panorama de remuneração do setor bancário. O

objetivo foi colocar em perspectiva as condições de remuneração do Banco do Brasil e

estabelecer sua posição de representatividade da média das empresas brasileiras, ao

mesmo tempo em que se coloca como uma instituição de baixo caráter meritocrático

frente ao setor financeiro privado.

Para começar com uma visão mais ampla da estrutura de interesses e mecanismos de

incentivos que rege uma grande empresa como o Banco do Brasil, se começa o

estudo pela constatação de que os interesses dos colaboradores são apenas alguns

dos interesses a ser alinhados. É necessário também garantir que acionistas,

conselho, diretoria e até mesmo credores estejam incentivados da maneira correta e

visem atingir os objetivos propostos pela missão da empresa.

A necessidade do alinhamento de interesses deriva de um problema conhecido na

teoria econômica como problema de agência. O problema aparece quando o bem-

estar de uma parte, conhecida como principal, depende das decisões de outra,

chamada agente. Nas situações em que os interesses dos dois conflitam ocorre o que

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se convencionou chamar de risco moral, ou seja, uma margem de comportamento

oportunista por parte do agente (o risco moral é o risco de que o agente que

representa a outra parte, o principal, se aproprie de vantagens advindas da sua

posição em nome do principal).

Nesse contexto, a governança corporativa pode ser descrita como os mecanismos e

princípios que governam o processo decisório em uma empresa visando minimizar os

problemas de agência.

Quando uma empresa possui propriedade acionária dispersa prevalece a visão de

Berle e Means (1932), segundo a qual o problema de agência é visto como o conflito

entre administradores (agentes) e acionistas (principais). O oportunismo consiste em

decisões dos administradores que não visem à maximização de valor das ações. Uma

série recente de estudos (La Porta et. al. 1997 apud Gledson, 2002) tem demonstrado

que o paradigma de Berle e Means (1932) não se aplica à maioria dos países, onde

predomina o modelo de um acionista majoritário que detém o controle da empresa e

aponta seus administradores. Nessa situação a boa governança não consiste mais em

proteger os interesses dos acionistas contra os administradores, mas em evitar que os

acionistas controladores expropriem os minoritários.

O raciocínio de que os investidores minoritários de uma empresa são elementos

importantes do processo de constituição da organização, em geral porque garantem

mais liquidez às ações, se estende aos credores, que são financiadores dos projetos

levados a cabo pela organização, e, dessa forma, também merecem ter seus

interesses defendidos.

A seguir prosseguiu-se com um detalhamento maior dos sistemas de incentivo

colocados em prática para garantir a defesa dos direitos de cada um dos atores

mencionados, divididos em financiadores (acionistas e credores) e empreendedores

(diretoria).

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3.1. STAKEHOLDERS DO BANCO DO BRASIL

3.1.1. Acionistas

Os acionistas são os proprietários de uma empresa e, como exposto anteriormente,

podem ter controle concentrado na figura de um acionista majoritário ou ter

participação dispersa na figura de vários grupos com participação mais ou menos

significativa na companhia.

A discussão parte da premissa de que o acionista tem sempre interesse em aumentar

o retorno sobre o capital empregado. Seus incentivos são dividendos e juros sobre o

capital pagos pela empresa com o objetivo de manter o capital dos acionistas investido

além, é claro, da busca da valorização das ações.

Para garantir que seu capital e os administradores trabalharão com o objetivo de

maximização do valor acionário em mente, os acionistas lançam mão de todos os

recursos já expostos no capítulo 2 para organizar os interesses da administração e

colaboradores e de mais um, que é o conselho de administração, entidade com

poderes fiduciários que tem o dever de resguardar os interesses dos acionistas

perante a companhia, além de supervisionar o trabalho da alta administração e definir

o seu salário, definir políticas e objetivos amplos e aprovar o orçamento.

Em parte, também deve haver um balanceamento na composição do conselho de

administração para que a administração não seja alijada do processo decisório e seja

prejudicada na distribuição do valor gerado pela empresa. Outro motivo para que a

diretoria participe do conselho é que como os administradores conhecem mais

profundamente o negócio do que os acionistas, é importante que participem das

definições sobre níveis de investimento ou endividamento e preferência ou aversão ao

risco.

No caso estudado do Banco do Brasil, os quase 390 mil acionistas formam uma

composição de capital em que 60% é controlado pela União Federal, 20% por capital

estrangeiro e 10% pelo PREVI (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do

Brasil).

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3.1.2. Credores

Para aumentar o retorno sobre o capital empregado, as empresas geralmente buscam

alavancagem com credores além do financiamento através dos acionistas pois o custo

de capital da dívida costuma ser menor do que o custo do capital próprio. As empresas

do setor financeiro têm um motivo adicional para levantar dívida que é o

gerenciamento do risco de suas próprias operações de crédito, criando um sistema em

que o credor do banco está incentivado, não apenas em garantir que a dívida do

banco seja honrada, mas também em garantir que as dívidas dos tomadores de

empréstimo do banco sejam honradas.

Desse ponto de vista, os credores funcionam em prol dos acionistas ao aumentar o

retorno sobre o capital empregado. No entanto, surgem conflitos quando fluxo de caixa

gerado pela empresa é pequeno para sustentar todos os financiadores.

Portanto, apesar do estabelecimento de contratos de dívida serem um mecanismo de

resolução de problemas de agência, a característica definidora da dívida é a

possibilidade de os credores tomarem o controle de ativos da empresa em caso de

não pagamento.

Na maioria das situações, entretanto, um contrato de dívida é um sistema balanceado

de incentivos por parte do tomador e credor, em que o primeiro deseja pagar seu

débito em dia para evitar maiores juros e o segundo, por ser remunerado em juros

sobre o capital emprestado, tem seu interesse alinhado com a manutenção do

pagamento pelo prazo que durar a dívida por parte da empresa.

3.1.3. Diretoria

No papel de agentes dos acionistas, a diretoria é conflitada por querer, ao mesmo

tempo, a maximização do valor da empresa como também a maximização do valor

apropriado por ela.

Para evitar esse comportamento, são utilizados os recursos da remuneração

estratégica descritos no capítulo anterior. A maioria das práticas de remuneração

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estratégica associadas à diretoria e à alta administração visa tornar o patrimônio dos

gestores cada vez mais atrelado ao capital empregado na empresa, tornando-os

acionistas de maneira que esse seja um investimento significativo na sua carteira

pessoal.

O problema das formas tradicionais de incentivos da diretoria, através de bônus,

participação, etc. é que essas recompensas podem levar a um comportamento

propenso à tomada de riscos como aconteceu com a crise financeira de 2008, onde a

concessão de empréstimos sem as devidas garantias foi estimulada por disfarces da

condição verdadeira da qualidade dos empréstimos e pelos bônus pagos aos diretores

que incentivavam a venda de títulos de dívida sem avaliação profunda do alto risco de

não pagamento dos ativos subjacentes.

Uma forma não monetária de alinhar os interesses da diretoria é dar poder de guiar as

decisões estratégicas da empresa ao colocá-la no conselho de administração junto

aos representantes dos acionistas. Além disso existem uma série de medidas legais

que visam responsabilizar a diretoria por desvios de conduta da organização, um

exemplo é a lei Sarbanes-Oxley, assinada em 2002 pelos Senadores americanos Paul

Sarbanes e Michael Oxley motivada por escândalos financeiros, com o objetivo de

evitar a perda de confiança por parte dos investidores e reduzir os incentivos à criação

de uma contabilidade fraudulenta ao associar punições severas à diretoria se não

forem estabelecidos e auditados sistemas rigorosos para cumprimento das normais

legais e regulamentares definidas pela instituição. A lei, dentre muitos outros

elementos, responsabiliza individualmente a alta diretoria das empresas americanas

por imprecisões divulgadas nas demonstrações contábeis e vale ser mencionada por

seu papel moralizante nas instituições americanas e sua influência global. Hoje, ao

redor do mundo, diversas instituições credenciadoras das melhores práticas em

governança corporativa exigem que as empresas atendam às exigências da

Sarbanes-Oxley, independentemente de estarem nos Estados Unidos ou não.

No Banco do Brasil, as boas práticas de governança corporativa começam com um

sistema em que a remuneração e o alinhamento da diretoria e dos altos cargos do

banco são feitos por um Comitê de Remuneração e este está diretamente subordinado

ao conselho e ligado à auditoria interna, estando acima do presidente.

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Com os envolvidos no processo de remuneração detalhados acima, focou-se, então

no modelo elaborado pelo Banco do Brasil. Bateman e Snell (2006) afirmam que três

tipos de decisões são cruciais para conceber um plano de remuneração eficaz: nível

de salário, estrutura do salário e salário individual. Os autores afirmam que esses três

tipos de decisões geram uma externalidade positiva, em forma de incentivo,

significativa no caso do nível de salário, onde a empresa se prepara para oferecer

salários acima do preço de mercado e a estrutura do salário tem a mesma ideologia de

Rothmann e Cooper (2009), quando afirmam que os sistemas de compensação devem

ser justos, e a estrutura de salário tem como missão estabelecer essa justiça, entre as

diferentes funções dentro da organização.

Chiavenato (2004), por outro lado, diz que as recompensas organizacionais são

oferecidas para fortificar processos que produzam efeitos, como o aumento da

responsabilidade do indivíduo ou do grupo dentro da organização, ou seja, incentiva o

espírito de missão na empresa, assim, também, como amplia constantemente a

criação de valor.

Nesse contexto e através de uma revisão da literatura para explorar os três tipos de

decisões cruciais na concepção de um plano remuneração propostos por Bateman e

Snell (2006), chegou-se a um estudo de caso do Banco do Brasil onde buscou-se

analisar um modelo de remuneração elaborado para o setor bancário em uma das

maiores instituições financeiras do Brasil com mais de 200 anos desde a criação e

sendo uma sociedade econômica mista na qual a União é o acionista majoritário.

O Banco do Brasil adota o modelo de gestão por competências e incentivos desde

2007. Esse modelo agrupa os funcionários em diferentes blocos de forma que para

cada bloco existem diferentes níveis de remuneração e competências.

3.2. ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO

Com referência na dissertação “Remuneração por competências: um estudo de caso

no Banco do Brasil” (Quirino, R. 2008) realizou-se uma análise dos dados coletados

por meio de um levantamento empírico de dados através de questionários e

entrevistas que foram coletados e estudados pelo autor da dissertação.

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Os resultados da análise, segundo Quirino (2008) indicam que a percepção dos

funcionários pode ser explicada por três fatores: expectativas, resistências e critérios.

Segundo o autor os funcionários acreditam que o regime de competência pode

propiciar o autodesenvolvimento constate e justo, por adotar bases meritocráticas e

objetivos claros que permitem o planejamento de carreira e geram constante

motivação, direcionando a empresa para o alcance dos resultados esperados. Por

outro lado, foram levantados aspectos negativos na análise que também merecem

destaque, visto que podem interferir no atingimento de metas da organização.

O estudo de caso tomado como base buscou, dentre outros objetivos, identificar a

percepção dos funcionários sobre o sistema de remuneração do banco por meio da

descrição do modelo de remuneração por competência, resistências e expectativas

frente ao mesmo. Neste capítulo o foco será a descrição e entendimento do modelo de

remuneração praticado.

Para alcançar os objetivos supracitados foi elaborada, na dissertação analisada, uma

pesquisa quantitativa e qualitativa de natureza descritiva, sendo o levantamento de

dados em documentos internos da empresa, pela aplicação de um questionário e de

entrevistas. Dados esses, que, após coletados, foram analisados pelo aplicativo

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). A partir dessa análise, Quirino

(2008) afirma que, de modo geral, a visão dos gerentes é bastante positiva em relação

ao sistema de remuneração do fator competência, com destaque para o

autodesenvolvimento constante, a modernidade e a justiça do sistema, o

reconhecimento do mérito individual e critérios claros e objetivos que facilitam o

planejamento de carreira.

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28

Figura 5: Modelo de pesquisa de Quirino (2008)

Fonte: Remuneração por competências: um estudo de caso no Banco do Brasil (Quirino,

Rodrigo de Freitas, 2008), p. 70.

O modelo de pesquisa de Quirino, exposto na Figura 5, estabelece as bases teóricas

que ligam a discussão de sistemas de incentivos com a discussão de estratégia

corporativa, fechando a lógica de incentivar pessoas para adquirirem certas

competências e as executarem de forma a atingir as metas estratégicas da

organização.

3.3. DADOS DA PESQUISA ELABORADA

A população da pesquisa na dissertação foi constituída pelos gerentes do Banco do

Brasil em unidades do Estado de Minas Gerais, região pioneira na implantação do

sistema analisado. Os gerentes entrevistados estavam em treinamento na cidade de

Belo Horizonte, onde o autor do estudo trabalhava na área de Gestão de Pessoas.

Definiu-se um intervalo de confiança de 95% e obtiveram-se 270 respondentes

Bloco N (população) % N (Amostra)

Corporate/Private 31 1,7 5

Empresarial/Governo/Alta renda 163 8,9 24

Pessoa física e jurídica 842 46,1 124

Serviços 791 43,3 117

Total 1827 100 270

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29

Quadro 1: Composição e tamanho da população pesquisada

Fonte: Remuneração por competências: um estudo de caso no Banco do Brasil (Quirino,

Rodrigo de Freitas, 2008),

Sendo o segmento Corporate responsável por atender empresas com faturamento

anual acima de 150 milhões de reais; o Private para atender cliente que demandam

consultoria financeira com renda acima de 1 milhão de reais; o bloco empresarial que

atende médias e grandes empresas com faturamento entre 15 e 150 milhões de reais;

Governo com atendimento diferenciado para o setor público e pessoas físicas com

renda superior a 6 mil reais mensais; o terceiro bloco responde pelos atendimentos a

micro e pequenas empresas e pessoas físicas com rendimento entre 2 e 6 mil reais

mensais. Por fim, o último bloco atende os demais clientes e não correntistas do

banco, além da prestação de serviços que se façam necessários.

3.4. PREMISSAS DO MODELO

Premissas do modelo adotado pela empresa (BANCO DO BRASIL, 2005):

O sistema deve contribuir para a empresa cumprir sua missão e seus objetivos

estratégicos;

Para cumprir sua missão e objetivos estratégicos, a empresa precisa de

competências diversas;

As competências devem ser desenvolvidas em processo orientado e contínuo;

A exigência quanto ao desempenho deve levar em conta o papel ocupacional e

a responsabilidade do cargo;

A avaliação será mais fidedigna se for por múltiplas fontes;

O sistema deve integrar aspectos financeiro e não financeiros de curto e de

longo prazo;

O instrumento não deve ser usado para coerção e punição.

O Quadro 2 lista as características do modelo de gestão por competências do Banco

do Brasil e detalha como ocorre o processo, avaliando para cada um dos aspectos

considerados relações e formas de aplicação da gestão por competências. O modelo é

categorizado de acordo com o modelo de referência proposto por Kaplan e Norton

(apud. Quirino, 2008), desdobrando-se em duas dimensões: metas, de cunho

quantitativo e objetivo; e competências, de cunho comportamental e caráter subjetivo.

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30

Quadro 2 - Características do modelo de gestão por competências do Banco do Brasil

Fonte: BANCO DO BRASIL (2005)

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31

Figura 6: Modelo de gestão por competências do Banco do Brasil

Fonte: BANCO DO BRASIL (2005)

Com base nas premissas descritas, o modelo de gestão por competências do Banco

do Brasil funciona conforme ilustra a Figura 6. O modelo é dividido em 3 etapas:

planejamento, acompanhamento e encerramento.

Na primeira etapa, ocorre a atração e seleção dos talentos, juntamente com o

alinhamento de expectativas empresa-empregado. Na segunda etapa, o desempenho

dos funcionários é medido e avaliado para garantir a aderência aos acordos pactuados

na primeira etapa. Na terceira etapa, se encerra o ciclo de avaliação ao ocorrer a

atribuição de conceitos ao funcionário, determinando suas bonificações no ciclo.

Os conceitos atribuídos pelos diversos avaliadores seguem uma escala de 1 a 5

pontos, sendo 1 a mais baixa avaliação e 5 a mais alta, conforme descrito no Quadro

3, que resume os significados dos conceitos na gestão por competências.

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32

Quadro 3 - Conceitos da avaliação de competências e metas do Banco do Brasil

Fonte: BANCO DO BRASIL (2005)

A escala de avaliação é a mesma tanto para as competências quanto para as metas

sendo essas medidas por critérios objetivos e aulas por meio de observações dos

diversos avaliadores. Um aspecto importante nessa escala é a possibilidade de o

avaliado poder assinalar exclusivamente para alguma competência especifica a letra Y

que impede a sua avaliação nesse item. Outra possibilidade é o avaliador assinar a

letra X quando não foi possível observar a competência.

O Quadro 4 e o Quadro 5 descrevem as competências fundamentais e as

competências gerenciais, respectivamente. Nesse ponto vale destacar o Balanced

Scorecard (BSC) do Banco do Brasil ilustrado abaixo nas suas diferentes perspectivas

e as competências correspondentes, a partir do qual é possível entender a forma que

o banco busca avaliar e disseminar a estratégia corporativa para os colaboradores.

O BSC é um quadro de referência estratégico proposto por Kaplan e Norton (1997)

que tinha como objetivo original desdobrar as metas financeiras da empresa ao longo

de 4 dimensões começando pela financeira, em seguida pela dimensão do cliente,

pela dimensão de processos internos e pela dimensão de aprendizado.

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O Banco do Brasil ainda adiciona uma dimensão ao BSC padrão, que é a dimensão da

sociedade, distinguindo-a do cliente e revelando a importância do impacto social para

a empresa.

Quadro 4 - Descrição das competências fundamentais para os funcionários do Banco do Brasil

Fonte: BANCO DO BRASIL (2005)

Quadro 5 - Compromissos do Banco do Brasil com seus funcionários

Fonte: BANCO DO BRASIL (2005)

O Quadro 5 é adotado pela empresa para os gerentes de módulos de todo Brasil e

está segmentado de acordo com o bloco que o gerente está inserido. Cada bloco é

diferenciado pelo fator competência e possui dois níveis remuneratórios: básico, que

ocorre quando há ingresso no cargo ou quando houver alteração do módulo;

avançado, que é aplicado aos funcionários que apresentam as melhores pontuações

em seus respectivos módulos, segundo critérios e pré-requisitos definidos pela

empresa.

Os pré-requisitos para acesso ao nível avançado de remuneração, conforme dados do

documento do Banco do Brasil (2008) são os seguintes:

Estar no cargo de gerente em um dos módulos, com a remuneração básica

Perspectivas

Cliente

Sociedade10.Direcionasuasações,levandoemconsideraçãoosimpactossociais,ambientaiseconômicoseos

princípiosderesponsabilidadesócio-ambientaladotadospelaEmpresa

Financeira

ComportamentoOrganizacional

ProcessosInternos

CompetênciasfundamentaisparatodososfuncionáriosdoBanco1.Demonstraconhecimentodosprodutoseserviçosrelacionadosàestratégiadesuaáreadeatuação

2.Identificaeaproveitaoportunidadesparaaempresa,analisandooambienteinternoeexterno

3.Prestaatendimentocomcortesiaeagilidade,considerandoasexpectativasdocliente(internoouexterno)

easorientaçõesdaempresa4.Demonstrainiciativaparasolucionarproblemaseparaaprendercontinuamente.

5.Colaboracomoscolegasdetrabalho,afimdeconcretizarosobjetivosdaempresaemumclimadeharmonia

6.Identificariscosnarealizaçãodasatividadessobsuaresponsabilidadeeimplementaaçõesadequadas7.Operasistemaseaplicativosdeinformáticapararealizarcomagilidadeequalidadeseusserviços

8.Comunica-se(porescritoouoralmente)deformaclara,objetivaeacessívelaointerlocutor9.Organizasuasatividadespararealizá-lasnotempoprevisto,possibilitandoacontinuidadedoprocessode

trabalho.

5.Adotamedidaspreventivasecorretivasparamelhoriacontínuadasaúdeequalidadedevidadesuaequipe.

Perspectivas

Comportam

ento

Organizacional

1.Estimulaaparticipaçãodosfuncionáriosnasdecisõesdaequipe,incentivandoodiálogoatrocadeidéiaseocompartilhamentodeconhecimentos

2.Mobilizaosesforçosdaspessoasparapropósitoscomuns,estimulandoocomprometimentocomasestrátegias,resultadoseprincípiosderesponsabilidadesocioambientaldoBanco

3.Orientaaatuaçãodaequipe,fornecendoasinformaçõesnecessáriasparaarealizaçãodotrabalhoecomunicandosuasexpectativassobreodesempenhodaspessoas

4.Promoveodesenvolvimentoprofissionaldosmembrosdaequipe,valorizandosuascompetênciaseoferecendooportunidadesdecapacitaçãoefeedbackfrequente

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Não apresentar remoção ou nomeação pendente

Não estar com inquérito judicial trabalhista em andamento

Deter as certificações legas em investimento definidas para o modulo

Deter no mínimo duas certificações do programa de ascensão profissional,

dentre as priorizadas para ada modulo

Estar há pelo menos dois anos como gerente de modulo no mesmo bloco

Possuir pontuação igual ou superior a 3,51 a avaliação de desempenho por

competências dos três últimos períodos avaliativos na dimensão

Comportamento organizacional

Os critérios expostos acima buscam conjugar aspectos relevantes da função gerencial,

disciplinar e de certificações e a relação dos mesmos com o comportamento

organizacional, associando-os a um fator de remuneração. Cada um desses itens

formam uma pontuação para cada gerente do módulo, por meio da qual habilitam-se

para alcançar o módulo avançado. Em caso de empate o primeiro critério é tempo no

bloco, seguido do maior número de certificações (BANCO DO BRASIL, 2008).

3.5. A REMUNERAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A partir do exposto acima buscou-se detalhar um modelo que garante assertividade

nas decisões estratégicas e relacionadas à área de Recursos Humanos da Empresa.

Contudo, uma vez que o estudo se limita à apresentação do modelo sem apresentar

dados concretos e reais de remuneração gerados pelo mesmo, o presente trabalho foi

além e detalhou a remuneração praticada hoje no Banco do Brasil, que ainda faz uso

do modelo estudado.

Conforme enunciado no capítulo 2 a remuneração divide-se em pilares, conforme

pode ser visto na prática para o caso do Banco do Brasil (BB), no qual o funcionário

contratado terá direito ao salário mensal mais até 3 salários por ano, garantidos pela

participação no lucro ou resultados (PLR) que é paga 2 vezes ao ano. Além da PLR do

BB, os funcionários têm direito a uma série de outros benefícios, que tornam os seus

concursos cada vez mais concorridos. O BB oferece ascensão e desenvolvimento

profissional, além de benefícios legais como vale-transporte, assistência médica

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(planos de saúde) e benefícios espontâneos como auxílio-creche, auxílio a filho com

deficiência, plano odontológico, previdência privada e participação no Programa de

Qualidade de Vida no Trabalho. Especificamente na questão da valorização

profissional, os funcionários do BB podem crescer e chegar a cargos de chefia

ou gerência, em um curto espaço de tempo.

Para os gerentes, há ainda comissões adicionadas em cada meta estabelecida e

critérios definidos de promoção. Outro fator de influência é o tamanho da agência que

pode variar em diversos níveis, desde pequenas com apenas uma equipe e um

número reduzido de clientes em carteira até agências referências no pais nas quais

cada gerente pode lidar diretamente com mais de 100 clientes ou grandes empresas,

além de estar exposto a diretoria e cargos executivos. (FENABAN, 2015)

Para analisar a percepção dos gerentes e outros funcionários do Banco do Brasil

frente à implantação do sistema de incentivos baseado na remuneração por

competência faz-se a análise estatística das respostas dos questionários e se pode

constatar que no Banco do Brasil, empresa de economia mista, a implantação desse

sistema encontrou certas restrições.

Quadro 6 – Resistência à remuneração por competência no Banco do Brasil

Fonte: Remuneração por competências: um estudo de caso no Banco do Brasil (Quirino, Rodrigo de Freitas, 2008),

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O que a análise dos questionários aponta é que os funcionários preveem dificuldades

na implantação do modelo no Banco do Brasil devido à dificuldade de medição nas

áreas de apoio (71,4%), à estrutura do banco (67,4%) e a questões de ordem legal

(52,4%). A implantação do modelo de remuneração por competência ainda acarreta,

na percepção dos funcionários, a predominância do indivíduo sobre a equipe (67%), a

sobrecarga de trabalho administrativo (63%), um clima de tensão (61,2%) e uma

competição predatória (50,2%.)

Diante do exposto acima, torna-se relevante apontar também os problemas que

podem ser gerados pelo modelo de remuneração por competências e incentivos que

nem sempre conseguem premiar pessoas de destaque e atuam sobre critérios

viesados e deficientes. Dessa forma, há rotatividade nos cargos no setor bancário,

como pode ser visto no relatório anual divulgado pelo Banco do Brasil e há uma

pressão constante para atingimento de metas nem sempre bem formuladas que geram

stress e má qualidade de vida no trabalho. O reflexo pode ser visto na relação com os

clientes que nem sempre obedecem aos critérios de qualidade definidos pela

instituição, gerando insatisfação e eventualmente desligamento do Banco. Assim,

buscar o equilíbrio e elaborar um sistema de incentivos coerente com os valores da

instituição que esteja atrelado não só ao atingimento de metas, mas também a

manutenção de boas condições de trabalho pode ser um diferencial competitivo em

um setor de relevância como o setor bancário.

3.6. ANÁLISE DE REMUNERAÇÃO DO SETOR BANCÁRIO

Sem a pretensão de apresentar um estudo aprofundado sobre o tema, mas apenas

uma breve reflexão sobre todo setor bancário, até porque não é foco desse trabalho,

mas na literatura pode-se encontrar autores em livros e sites que descrevem um

pouco sobre como funciona a remuneração no setor bancário. Por meio de um estudo

prestado pela consultoria e plataforma de carreiras Love Mondays, para a Exame

Carreiras foi possível uma análise comparativa para cargos comuns nos principais

bancos brasileiros desde a entrada nas instituições até os cargos de gerência e

liderança. Foram coletadas mais de 100 mil informações sobre remuneração no setor

bancário e os trabalhadores anonimamente avaliavam seus empregadores e a

remuneração praticada por eles. Os bancos analisados foram Bradesco, Santander,

Citybank, HSBC, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Safra e Caixa, dando credibilidade

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ao estudo, visto que abordou as principais instituições financeiras do país. Assim,

através da Figura 7: Salários médios para cargos de gerência pode-se perceber a

variação existente entre os salários pagos aos cargos de gerência, foco do estudo de

caso avaliado, que praticamente dobram do Bradesco a Caixa Econômica.

Figura 7: Salários médios para cargos de gerência

Fonte: “Os salários que 8 grandes bancos pagam no Brasil (EXAME, Abril de 2015)

Figura 8: Salários médios para diferentes cargos ocupados em Bancos

Fonte: “Os salários que 8 grandes bancos pagam no Brasil (EXAME, Abril de 2015)

Através da análise dos dados na Error! Reference source not found. pode-se

perceber que por um lado o Banco do Brasil ocupa lugares de destaque como melhor

remuneração média para altos cargos, por outro, ocupa a pior posição na

remuneração de estagiários e posição intermediária para caixas.

R$5.164 R$6.089 R$6.314

R$7.412 R$8.076

R$8.962 R$10.567 R$11.113

R$-

R$2.000

R$4.000

R$6.000

R$8.000

R$10.000

R$12.000

Bradesco Santander City HSBC ItaúUnibanco

Banco doBrasil

Safra Caixa

R$-

R$2.000

R$4.000

R$6.000

R$8.000

R$10.000

R$12.000

Bradesco Santander City HSBC ItaúUnibanco

BancodoBrasil

Safra Caixa

Estagiário

Caixa

Analista

Gerente

8

4

1

3

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Para o setor bancário como um todo, constata-se os salários mínimos, médio e

máximo por função, conforme Quadro 7. Para base de comparação, o salário mínimo

federal em 2015 no Brasil é de R$788.

Estagiário Caixa Analista Gerente

Mínimo R$684 R$1.640 R$3.583 R$5.164

Médio R$1.529 R$3.073 R$4.750 R$7.962

Máximo R$1.907 R$5.216 R$5.889 R$11.113

Quadro 7 – Análise de salários para diferentes cargos nos Bancos

Fonte: “Os salários que 8 grandes bancos pagam no Brasil (Exame, Abril de 2015)

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39

CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou responder questionamentos acerca de estratégias

adotadas e implementadas por empresas, objetivando despertar a motivação dos

colaboradores e gerar um crescimento sustentável de forma que as diretrizes da

empresa e dos colaboradores estejam alinhadas e haja convergência para atingimento

de um objetivo comum. Dessa forma, foram apontados os fatores-chave do

direcionamento do comportamento humano no capítulo 1 e, no capítulo 2, foram

estudados diversos mecanismos de incentivos - como a remuneração variável e outros

- visando o atingimento das metas estratégicas em uma organização.

No primeiro capítulo se confirmou a primeira hipótese assumida no trabalho que diz

respeito à insuficiência do sistema de participação nos lucros como forma de

motivação. No segundo capítulo, através de um exemplo de cálculo de remuneração

variável, pode-se atestar a segunda hipótese de que não se consegue um cálculo justo

para aferição de recompensas atreladas ao desempenho em uma meritocracia.

Para tal detalhou-se as diferentes formas e estruturas que compõe a remuneração,

culminando em uma análise de sistemas de incentivo e definindo remuneração

estratégica como principal mecanismo de alinhamento de incentivos na atualidade e

que desponta como diferencial competitivo não só no setor bancário como em diversos

outros, sendo uma ferramenta na atração e retenção de talentos.

Buscou-se avaliar a relação da política elaborada com a satisfação dos colaboradores

e como por meio dela há ganhos mútuos para os envolvidos no processo que também

participam ativamente da dinâmica organizacional dos negócios.

No Estudo de caso do Banco do Brasil procurou-se ilustrar uma metodologia para

definição de valores e metas alinhadas a cultura da organização e o meio que se

insere. A partir daí fez-se relevante identificar um panorama de remuneração do setor

bancário, elaborando uma análise comparativa entre as principais empresas que

atuam no setor.

Não se pretendeu ser exaustivo na avaliação de todas as formas possíveis de

incentivos ao colaborador e outros stakeholders envolvidos, mas apenas discorrer

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sobre as formas mais comuns e frequentes de incentivo e motivação na realidade

brasileira, principalmente a remuneração estratégica.

Fora do escopo do presente trabalho, outras possibilidades de motivação da força de

trabalho vêm sendo desenvolvidas na comunidade científica e no dia-a-dia das

empresas. Alguns exemplos alternativos à remuneração estratégica que estão em

desenvolvimento na literatura são: treinamentos não relacionados à tarefa (Vuori, J.,

Toppinen-Tanner, S., Mutanen, P., 2012, reportam, por exemplo, que treinamentos

sobre perspectiva e gerenciamento de carreira têm um impacto bastante positivo na

motivação dos empregados), variações no ritmo de trabalho (Mohammed, S.,

Nadkarni, S., 2011), inclusão de um aspecto socioambiental ou de caridade no

trabalho (Kahsay, G., 2015) e o conceito de endomarketing, que segundo Leonard

Berry (1976) citado por Costa (2010) significa uma filosofia de tratamentos dos

empregados da mesma forma como os clientes são tratados. Sendo o objetivo dessas

técnicas e metodologias sempre o mesmo: atrair, desenvolver, despertar a motivação,

e reter empregados qualificados.

Para trabalhos futuros sugere-se a avaliação de sistemas alternativos à remuneração

(estratégia ou não) já que vem sendo cada vez mais discutido na literatura a

relevância de outros drivers intrínsecos do comportamento humano (Pink, 2009). Isso,

porque o desenvolvimento e a realização pessoal se tornam mais fortes na motivação

e no direcionamento de esforços dos stakeholders de uma organização.

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