48

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO - diaadiaeducacao.pr.gov.br · diversas áreas do ensino, ficam restritas a atividades burocráticas, sem propósitos definidos e consequentemente ocasionam

Embed Size (px)

Citation preview

1

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

CRIANDO AÇÕES POTENCIALIZADORAS DE

LEITURA

ELIANE TRAVENSOLI PARISE

OR. MS. ELENICE PARISE FOLTRAN

Ponta Grossa 2012

2

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO –SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO –SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS

EDUCACIONAIS –DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL-PDE

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

Título Criando ações potencializadoras de leitura

Autor Eliane Travensoli Parise

Disciplina da área Língua Portuguesa

NRE Ponta Grossa

Escola de implementação

Colégio Estadual Professor Meneleu de Almeida Torres- Ensino Fundamental, Médio e Profissional

IES Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG

Professor Orientador Ms. Elenice Parise Foltran

Relação disciplinar Artes, História, Geografia, Ciências, Disciplinas Técnicas e outras

Resumo A leitura tem papel relevante na formação do sujeito-leitor competente linguisticamente. Embora existam muitas discussões e estudos sobre o tema ainda se constata uma enorme ausência quanto a ações pedagógicas que produzam resultados capazes de reverter o contexto das deficiências em torno das questões de leitura. Assim sendo, este trabalho tem como objetivo subsidiar teoricamente os professores das diversas áreas do conhecimento para implementar alternativas potencializadoras de leitura em suas aulas. Para tanto, pretende-se desenvolver oficinas teórico-metodológicas com os professores do Colégio Estadual Prof. Meneleu de Almeida Torres a fim de realizar estudos sobre a importância das estratégias e das etapas de leitura, bem como a contextualização dos gêneros textuais e a criação de atividades com leitura para futuras aplicações em suas respectivas aulas. Espera-se, neste sentido, proporcionar uma metodologia diferenciada capaz de contribuir para a efetivação de ações pedagógicas primando pelos sentidos e significados que a leitura pode propiciar e consequentemente para a apropriação de conhecimentos. Construir alternativas pedagógicas é o primeiro passo para a mudança. A escola necessita de novas estratégias, novos jeitos, novos saberes e proporcionar este ambiente é responsabilidade de todos os envolvidos neste processo.

Palavras-chave Leitura. Estratégias de Leitura. Práticas Pedagógicas.

Formato Caderno Pedagógico

Público alvo Professores(as) das diversas áreas de ensino e demais interessados(as) em estudar e aplicar metodologias no campo da leitura

3

APRESENTAÇÃO

Este Caderno Pedagógico foi construído a partir das experiências como

professora na área de Língua Portuguesa, dos cursos e estudos realizados no

Programa de Desenvolvimento Educacional PDE/2012 da Secretaria do Estado da

Educação do Paraná.

Ele foi fundamentado por diversos autores, tais como: Bakhtin(1992),

Saveli(2007), Kleiman (1996), Kramer(2000), Foucambert (1998), Geraldi (1996),

Solé (1998), Menegassi(1995), Lajolo(1990), Martins (1998) dentre outros com a

intenção de subsidiar teoricamente o trabalho com leitura em sala de aula.

Formar alunos(as) leitores(as) é o grande desafio da escola, porém apesar de

existirem muitas discussões e estudos sobre o tema ainda se constata uma enorme

ausência quanto a ações pedagógicas que produzam resultados capazes de reverter

o contexto das deficiências em torno das questões de leitura.

Neste sentido, este Caderno Pedagógico tem como objetivo principal a

disseminação de práticas de leitura planejadas incluindo metodologias sobre etapas

e estratégias de leitura, explicitando também uma pequena noção de gênero textual

e elaboração de atividades com leitura para subsidiar o trabalho docente a fim de

promover aulas de leitura em que o sentido, a descoberta, a investigação, a reflexão

prevaleçam sobre o ato de ler como uma mera obrigação escolar.

O Caderno Pedagógico está dividido em 3 (três)Unidades Temáticas,

direcionado aos professores das diversas áreas de ensino, atendentes de biblioteca,

pedagogos(as) interessados(as) em trabalhar com a leitura.

A Unidade I contempla A leitura no contexto escolar, propiciando uma

reflexão sobre a problemática que envolve o tema, discutindo o conceito de leitura

tendo por suporte teórico os autores citados acima.

Na Unidade II aborda-se O(A) professor(a) mediador(a) de leituras, nestes

encontros serão trabalhadas as etapas de leitura, desde a leitura literal, de

compreensão, de interpretação e de retenção dos sentidos e significados e ainda as

4

estratégias de leitura, os procedimentos de como realizar atividades em sala de aula

utilizando textos com a temática Mulher como recurso.

E, por fim, a Unidade III Organizando a aula de leitura proporciona

momentos práticos para elaboração de atividades de leitura em sua área de ensino,

incluindo a aplicação e a troca de experiências entre os participantes do projeto de

implementação.

Os encontros serão desenvolvidos em 8 (oito)Oficinas teórico-metodológicas

com duração de 4 (quatro) horas com os professores e demais interessados(as) no

Colégio Estadual Prof.º Meneleu de Almeida Torres.

Construir alternativas pedagógicas é o primeiro passo para a mudança. A

escola necessita de novas estratégias, novos jeitos, novos saberes e proporcionar

este ambiente é responsabilidade de todos os envolvidos neste processo.

5

SUMÁRIO

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO ....................................................................................... 2

APRESENTAÇÃO .......................................................................................................3

UNIDADE I A LEITURA NO CONTEXTO ESCOLAR .............................................6

1 Contextualizando .................................................................................................. 6

1.1 O que é ler? ..................................................................................................... 11

1.2 Leitura: a produção de sentidos ....................................................................... 16

UNIDADE II O (A)PROFESSOR(A) MEDIADOR(A) DE LEITURAS.....................22

2 O papel do(a) professor(a) .................................................................................. 23

2.1 Etapas de leitura .............................................................................................. 27

2.2 Estratégias de leitura ....................................................................................... 31

2.3 Procedimentos para a leitura em sala de aula ................................................. 33

UNIDADE III ORGANIZANDO A AULA DE LEITURA..........................................36

3 Os Gêneros textuais ........................................................................................... 36

3.1 Esferas sociais ................................................................................................. 38

3.2 Planejando a aula de leitura ............................................................................. 39

3.3 Trocando experiências ..................................................................................... 39

3.4 Reflexão sobre a prática .................................................................................. 40

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS ........................................................................ 42

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

6

MATERIAL DIDÁTICO

[...] A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei!

Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo,

em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante

(Clarice Lispector. Felicidade Clandestina).

UNIDADE I - A leitura no contexto escolar

1 Contextualizando

Caro(a) Professor(a):

Falar sobre leitura e o modo como ensiná-la é sempre um desafio. Sabemos

que este é um tema de extrema necessidade à escola: formar o sujeito-leitor

competente linguisticamente. Porém há algumas questões a considerar neste

contexto:

Como formar leitores(as) em uma

época em que os livros concorrem

com MSN, Orkut, facebook, e-mails e

outras ferramentas do mundo virtual?

Como despertar o gosto pela leitura?

Como motivar alunos e alunas a ler

livros literários não por obrigação ou

necessidade, mas por fruição e

prazer?

Qual o espaço da leitura e como ela

é trabalhada nas salas de aula?

7

São indagações que surgem quando nos referimos ao universo da leitura, há

uma inquietude pela falta de leitura e essa preocupação é confirmada pelas

pesquisas realizadas no que tange aos dados de leitura, letramento e

analfabetismo1. Alguns dados deste cenário são registrados a seguir:

54% dos brasileiros (todas as faixas etárias) que estudaram até a 4ª série

Dos resultados das pesquisas realizadas, percebemos a necessidade de

promover ações capazes de reverter o quadro atual da falta de leitura dos

envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

Formar alunos e alunas leitores(as) é o grande desafio da escola. Uma vez

colocada em pauta a leitura, elemento que há muito deixou de ter a conotação de

“conteúdo exclusivo das disciplinas de Língua Portuguesa e Língua Estrangeira

1Trata-se dos dados aquilatados e dados produzidos pelo INEP; pelo IPM, considerado braço

educacional do IBOPE; pela PNAD ( Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) IBGE e, finalmente, pelo Instituto Pró-Livro e instituições parceiras, realizador das duas edições da pesquisa retratos da leitura no Brasil. Disponíveis in: PARANÁ. SEED/DEB. Leitura, livros e leitores: considerações sobre a leitura em geral e no universo escolar. ( Texto para discussão). Arias, V. et.al. Curitiba, mar. 2012).

54% dos brasileiros (todas as faixas etárias) que estudaram até a 4ª série do

Ensino Fundamental de 08 anos, atingiram, no máximo, o grau rudimentar de

alfabetismo, sendo que 10% destes podem ser considerados analfabetos

absolutos, mesmo tendo cursado de um a quatro anos de ensino fundamental;

Os brasileiros leem em média 1,8 livros por ano, incluindo os livros didáticos,

os manuais de autoajuda e a Bíblia, a partir disso, pode-se estimar que quase

a metade dos brasileiros maiores de 10 anos jamais leu livro literário ou

técnico.

O ato de ler algo (qualquer material impresso ou digital) em seu tempo livre é

praticado por cerca de 35% dos brasileiros, destes 79% têm formação

superior. Já 77% dos brasileiros afirmam que sua forma preferida de ocupar o

tempo livre é assistir a televisão.

O gênero mais lido no Brasil é a Bíblia (45% dos leitores) em suas diversas

versões, seguida pelo livro didático (34%).

Professores que buscam formar leitores afirmam que poderiam ser melhor

sucedidos se contassem com o comprometimento de todos ou de grande parte

de seus colegas.

8

Moderna”, acreditamos que é preciso refletir sobre os desafios relacionados à

formação de leitores numa perspectiva mais conjuntural. (SEED/DEB, 2012, p.04).

O que se verifica na prática cotidiana é a falta de metodologias para trabalhar

com questões de leitura, texto e gêneros textuais, pois parece prevalecer um

trabalho ainda espontaneísta com o texto na sala de aula, no qual as perguntas de

leitura nascem muito mais da intuição do professor ou do livro didático do que do

seu efetivo conhecimento sobre as teorias que subsidiam essa prática. (HILA, 2009,

p.152)

Problematizando ....

Embora existam muitas discussões e estudos sobre o tema Leitura ainda se

constata uma enorme ausência de ações pedagógicas que produzam resultados

capazes de reverter o contexto das deficiências em torno das questões subjacentes

a ela.

O trabalho com a leitura precisa ser ressignificado, isto porque as aulas, nas

diversas áreas do ensino, ficam restritas a atividades burocráticas, sem propósitos

definidos e consequentemente ocasionam a aversão à leitura, vistas como vazias de

significados e distante de uma prática social.

No documento elaborado pela SEED/DEB(2012, p. 07), explicita-se um

exemplo de burocratização da leitura como tentativa totalmente administrativa,

geralmente intermediada pelo professor. Este explica de antemão a interpretação

correta do texto aos(às) alunos(as) e a leitura deste funciona como etapa para a

realização de atividades, cujo cumprimento obedece a uma previsibilidade

determinada. A interpretação do professor tem por base suas experiências de

leituras e, deste modo, conduzem a tentativas inúteis e falaciosas de acertar a única

interpretação do texto já que se tratam de leitores(as) com histórias e experiências

distintas.

9

Também os produtos requeridos (questões

sobre o texto; resumo; preenchimento de

fichas, elaboração de desenhos, etc.) tornam-

se carro-chefe desse tipo de estratégia

pedagógica, utilizada em praticamente todas as

disciplinas. O contato leitor-texto, neste caso,

torna-se algo secundário ou, em muitos casos,

dispensável do ponto de vista do estudante,

que almeja cumprir a tarefa e não debruçar-se

sobre o texto. (SEED/DEB, 2012, p.07

Assim, compreende-se que a leitura praticada na escola é vista como um ato

mecânico, de decifração do código escrito, uma atividade desprovida de significado

que serve para preencher fichas, para responder a um roteiro de questões, para

estudar o texto ou servindo ainda como atividade pretexto para exercícios

gramaticais propostos pelo livro didático.

Outro exemplo da falta de comprometimento frente à formação do sujeito-

leitor são atividades do tipo leitura livre, o(a) aluno(a) usa o tempo de sua leitura com

o tipo de texto de que mais gosta. O que se constata, em alguns casos, que esse

tipo de estratégia não forma leitores(as), apenas exige que leitores(as) e não-

leitores(as) durante tantos minutos do dia escolar leiam ou ocupem o tempo com

algum tipo de texto, uma atividade desprovida de objetivos e metas para a formação

do sujeitos-leitores.

Todas as situações descritas são resultados de vários fatores que

determinam as práticas de leitura na escola.

SAVELI (2007) expõe alguns desses fatores como:

10

Diante do exposto é preciso romper com velhas barreiras: de que o(a)

professor(a) de português é o(a) responsável por trabalhar a leitura, isso é um

compromisso de todos os envolvidos no desenvolvimento de práticas cotidianas

que compreendam a leitura como ferramenta que leva ao questionamento, à

investigação, às descobertas do mundo e à vida.

Michel de Certeau(1994) refere-se à leitura como “ uma operação de caça”,

indicando que o ato de ler não é um resultado mágico da reunião de letras em

sílabas em palavras, e muito menos captação do significado do texto na sua

totalidade. A leitura é prática criadora, atividade produtora de sentidos não

pretendidos e, portanto, singulares, inusitados. (SAVELI, 2007, p.125)

formação precária dos professores sem uma base sólida sobre as

teorias que fundamentam sua prática pedagógica e sua consequente

aplicação didática;

a falta de ousadia da escola e sua evidente desconfiança das

propostas pedagógicas que refutem atividades mecanicistas [...]

propondo, em seu lugar, uma prática docente desenvolvendo

atividades de leitura que se apoiem na análise de diferentes textos,

considerando a experiência de leitura dos(as) alunos(as) e a reflexão

que eles fazem sobre os textos;

a importância que se dá aos manuais didáticos;

a dificuldade de transposição da produção acadêmica para as práticas

cotidianas do professor;

a inexistência de um campo particular de pesquisa que estude o

conjunto de condições nas quais se desenvolve o trabalho com a

leitura na escola;

falta de um projeto político-pedagógico que tenha a leitura como um

dos eixos norteadores de uma prática pedagógica interdisciplinar.

11

Os fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=eHxebCIXavw&feature=related

Após assistir ao vídeo, discutir sobre os seguintes pontos:

Sobre o que trata o vídeo?

Há relação entre a mudança das cores no vídeo? Por quê?

Que efeito a leitura causou na vida do Senhor Lessmore?

Qual a importância da leitura em minha vida e na vida dos meus alunos?

IMPORTANTE:

Cabe à escola criar, então, a atmosfera para a

leitura, num projeto pedagógico que a contemple

como atividade prazerosa, de investigação, de

ações potencializadoras, de reflexão, de

aprendizagem e construção de saberes. “Sujeitos

leitores superam, em certo sentido, a imediatez do

cotidiano e descobrem outros sentidos para suas

vidas.”(KRAMER, 2009 citado por SEED/DEB, 2012

p.17)

12

1.1 O que é ler?

Professor(a):

Recentemente ampliou-se uma posição praticamente contrária, segundo a

qual a significação de um texto está nas mãos do leitor, sem o qual o texto não tem

sentido.

É fundamental considerar que não há um leitor passivo. Mesmo a tentativa de

extrair do texto um significado deve ser percebida como um ato que nunca será

inconsciente, nem completamente passivo: de todo modo emoções, reações

diversas, reflexões acompanharão sempre a procura do significado imposto ou não.

O ato de leitura tem no processo inicial a decodificação. Os dados

decodificados precisam ser compreendidos, deve criar significado para quem lê. Não

há leitura sem a compreensão.

Dentre as alternativas seguintes, indique a ou as ideias ou posições que

decorreriam da concepção de leitura de um texto:

( ) Todo texto tem sempre um único significado, ao qual sempre chega o leitor

experiente.

( ) Cabe ao professor ajudar seu aluno a chegar à mesma compreensão do texto

que ele mesmo tem.

( ) Significados diferentes atribuídos ao mesmo texto indicam problemas de

compreensão dos leitores.

Você concorda com as afirmativas a seguir?

( ) Leitura não é decodificação.

( ) Toda produção de significado é válida.

( ) O professor deve aceitar qualquer leitura feita pelo

aluno com relação aos textos.

13

A leitura pressupõe uma série de procedimentos complexos, nos quais o leitor

faz constantes interpretações e reinterpretações, até chegar a compreensão das

ideias globais do texto.

Também não podemos dizer que o significado do texto depende só do leitor e

que ele é o responsável pelo sentido, atribuindo qualquer significado, pois assim

teríamos não uma interação, uma interlocução, mas um monólogo. (GESTAR II,

2008, p.72)

Adentrar no mundo dos livros, no

sonho, no encantamento, viver

as emoções contidas nas

palavras do outro, descobrir um

universo de sensações e

sentimentos, estas são algumas

ações que se pode sentir através

da leitura.

É preciso então compreender a leitura como um ato dialógico, interlocutivo,

que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e

ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas

experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa,

cultural, enfim, as várias vozes que o constituem. (DCEs ,2008 p.56)

Neste sentido, compreende-se a leitura como parte do indivíduo e é pela

linguagem que o homem se reconhece como ser humano, pois ao comunicar-se

com os outros e trocar experiências, certifica-se de seu conhecimento de mundo e

dos outros com quem interage. Isso lhe permite compreender melhor a realidade em

que está inserido e o seu papel como sujeito social.

Segundo Geraldi (1996), não existe um sujeito pronto, que utiliza a língua

como um sistema homogêneo, imutável, definitivo. O que há é um sujeito que se

constitui, constrói-se e se completa nas suas falas e nas falas dos outros, na

interação.

Em se tratando de interação, Bakhtin (1992, p.113) esclarece: “Na realidade,

toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que precede

de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o

14

produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um

em relação ao outro.” Não há dúvida de que, no contexto escolar, os sujeitos do

processo de ensino e aprendizagem são, fundamentalmente, o aluno e o professor.

Conversando ...

Para você, o que é ser professor(a)? Qual o seu papel?

___________________________________________________________

___________________________________________________________

___________________________________________________________

Quem é o aluno? De que ele precisa?

___________________________________________________________

___________________________________________________________

___________________________________________________________

___________________________________________________________

Vídeos – Valorização do Professor- Campanha do MEC

http://www.youtube.com/watch?v=7lBWfCl9fIg&feature=related

Ser um bom professor: http://www.youtube.com/watch?v=dz4lMxhVTEI&feature=related

De acordo com Porto; Ferreira (2005), há o papel que cada um deles

desempenha no referido processo:

15

Aluno: ele é o sujeito da aprendizagem que acontece: sujeito-autor e sujeito-leitor. É ele quem realiza, na interação como objeto da aprendizagem e com o outro, a atividade estruturadora da qual resulta o conhecimento que acontece a partir do já produzido, do já conhecido e encontra novas respostas para os problemas novos, em novas situações. Professor: ele é o interlocutor do aluno e o que faz a mediação entre o objeto de estudo (leitura) e a aprendizagem que se concretiza em sala de aula. É, portanto, o mediador do conhecimento. Além de educador e pesquisador, é alguém que, com base em princípios teóricos e científicos consistentes, observa os fatos da língua, pensa, reflete, levanta problemas e hipóteses sobre eles. (PORTO; FERREIRA, 2005, p.31)

Assim, percebe-se que a prática pedagógica acontece neste contexto de

diálogo mútuo, de entendimento e então a importância de o(a) professor(a) ser o(a)

mediador(a) neste processo de compreensão, de descobertas, de estudos, de

trabalho efetivo com a leitura e, por fim, da aquisição e construção de novos

saberes.

Nem todos(as) os(as) alunos(as) tiveram “uma história de leitura; uma mãe

disponível para contar histórias para a criança e de um pai que levanta os olhos de

sua papelada para acolher as indagações de seus filhos”(SAVELI, 2007, p.117), este

perfil está distante do contexto da maioria dos(as) alunos(as). Muitas vezes, a escola

e o livro didático são as únicas fontes para a experiência com a leitura.

Bellenger(1978)citado por Kleiman(1996, p. 15), autor francês, já dizia que

Ninguém faz aquilo de que não gosta, a não ser por obrigação; disso decorre

a necessidade de o(a) professor(a) ser leitor(a), ler para e com seus(suas)

alunos(as), rever os objetivos de leitura, pois o que os(as) alunos(as) leem

quase sempre corresponde aos objetivos, aos interesses de suas leituras.

“para formar leitores, devemos ter paixão pela leitura[..]”

16

Diante disso decorre a necessidade de

envolver os (as) alunos (as) na

atmosfera de diversas e variadas

leituras, nas diferentes áreas do ensino,

sendo capazes de compreender e

interagir com o texto nas práticas sociais

de leitura.

1.2 Leitura: a produção de sentidos

A leitura, no contexto de interação social, é entendida como um processo de

produção ocorrendo a partir da relação dialógica que se processa entre dois sujeitos

– o autor do texto e o leitor. Tal processo depende tanto da habilidade do autor ao

registrar suas ideias quanto da habilidade do leitor em captar tudo aquilo que o autor

colocou e insinuou no texto. Neste sentido, a produção e significados – relação

dinâmica entre autor/leitor- acontece de forma compartilhada, configurando-se como

uma prática ativa, crítica e transformadora.

Segundo Cagliari (1997, p.149), “a leitura é a realização do

objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido”. É,

certamente, através das práticas de leitura que o conhecimento

se desvela, que se desenvolve a criatividade, o encantamento, o

sonhar, o fantasiar e o imaginar.

“A leitura competente, seja ela

para fruição, seja para informação,

seja com objetivos técnicos, é um

processo que, embora possa ser

orientado pela família e deva ser

orientado pela escola,

absolutamente não se desenvolve

sem que se estabeleça o contato

direto entre leitor e texto”.

(KRAMER, 2000, p.18).

17

É nesse universo de encantamento da leitura que os (as) alunos (as) são

capazes de inserir-se nas palavras do outro, encontrar o alento para as suas

dúvidas, suas inquietações e também a ampliação do conhecimento.

Antônio Cândido quando aborda a importância da literatura enfatiza que ela

constitui-se fator indispensável de humanização; pois possibilita o exercício da

reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para o próximo, o afinamento das

emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a

percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. (1995 p.

249)

Já para Bellenger(1978) citado por Kleiman(1996, p.15)

Assim, percebe-se que o aluno e a aluna, inseridos no universo da leitura, são

capazes de perceber o mundo que os cerca com seus problemas, conflitos, dúvidas

ou, até mesmo, a evasão para outros espaços; essa busca pelas palavras do outro

pode reportar a horizontes diferentes tanto ao nível da busca pelas respostas quanto

pelo deslumbramento das histórias vividas.

Martins (1998, p. 30) afirma que a leitura é uma experiência individual sem

demarcações de limites, que não depende somente de decifração de sinais gráficos,

mas de todo contexto ligado à experiência de vida de cada ser, para que ele possa

relacionar seus conhecimentos prévios com o conteúdo do texto e, assim, construir

sentidos.

Corroborando com Foucambert (1998) o ato de ler implica a criação de

significados às informações que o leitor tem, àquilo que ele já sabe. Por sua vez,

Solé (1998, p.72) afirma: Quem lê deve ser capaz de interrogar-se sobre sua própria

compreensão, estabelecer relações entre o que lê e o que faz parte do seu acervo

Ler é identificar-se com o apaixonado ou com o

místico. É ser um pouco clandestino, é abolir o

mundo exterior, deportar-se para uma ficção, abrir o

parêntese do imaginário. Ler é muitas vezes trancar-

se (no sentido próprio e figurado). É manter uma

ligação através do tato, do olhar, até mesmo do

ouvido (as palavras ressoam). As pessoas leem com

seus corpos. Ler é também sair transformado de

uma experiência de vida[...]

18

pessoal, questionar seu conhecimento e modificá-lo, estabelecer generalizações que

permitam transferir o que foi aprendido para outros contextos diferentes.

Além dos aspectos de leitura de fruição e de prazer, faz-se necessário

mencionar as finalidades presentes na leitura:

Segundo Foucambert (1998) pode-se distinguir as seguintes formas de

leitura:

Desta forma, percebe-se que toda leitura pressupõe que o leitor faça uso de

certos conhecimentos relacionados ao texto.

E ela é uma prática interativa, na medida em que exige a participação do

leitor, com sua vivência e suas experiências – na construção, interpretação e

reconstrução de sentidos.

a) uma leitura exploratória, quando procuramos um trecho, um dado

específico de um texto: caracteriza-se por produzir saltos;

b) uma leitura seletiva, quando o propósito de leitor é definir a organização do

texto, ou definir sua ideia global, comparar elementos: caracteriza-se pela

combinação da leitura rápida de alguns trechos e de leitura lenta dos outros.

c) uma leitura informativa, quando se procura uma informação pontual, como

um número de telefone no catálogo, uma palavra no dicionário: caracteriza-se

por uma busca rápida, facilitada por conhecimentos específicos, como a ordem

alfabética;

d) uma leitura para um conhecimento global e básico de um texto, longo ou

não: caracteriza-se por ser uma leitura integral, mais comumente rápida;

e) uma leitura de fruição, buscando detalhes, desfrutando de aspectos de sua

construção: caracteriza-se por ser lenta e, às vezes, pela releitura de partes.

Atividade: Criar um painel sobre os conceitos trabalhados

sobre a leitura e verbalizar com o grupo.

19

Filme – Minhas tardes com Margueritte

Disponível em :http://omelete.uol.com.br/cinema/minhas-tardes-com-margueritte-critica. Acesso em 16/10/2012.

20

Ficha Técnica

Diretor: Jean Becker

Elenco: Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus, Maurane, Patrick Bouchitey, Jean-François Stévenin,

François-Xavier Demaison, Claire Maurier, Sophie Guillemin

Produção: Louis Becker

Roteiro: Jean Becker, Jean-Loup Dabadie

Fotografia: Arthur Cloquet

Trilha Sonora: Laurent Voulzy

Duração: 82 min.

Ano: 2010

País: França

Gênero: Drama

Cor: Colorido

Distribuidora: Imovision

Estúdio: ICE3

Classificação: 12 anos

SINOPSE DO FILME

É a história de um daqueles improváveis encontros que podem mudar a sua vida: Germain, um

cinquentão quase analfabeto, e Marguerite, uma velinha apaixonada por livros. Quarentas anos

e muitos quilos os separam. Um dia, por acaso, Germain senta ao lado dela em um banco no

parque. Ela recita em voz alta versos dando assim a ele a chance de descobrir a magia dos

livros, que nunca fizeram parte da vida dele. Mas Marguerite está perdendo a visão e pelo

carinho e afeto que foram criados dessa relação, Germain vai se fazer aprender para mostrá-la

que ele poderá ler para ela, quando ela não puder mais.

Disponível em: http://www.blogoscopio.xpg.com.br/trailer-e-sinopse-do-filme-minhas-tardes-com-margueritte.

Acesso e 16/10/2012.

21

Após assistirmos ao filme, é importante discutir sobre alguns aspectos:

Para refletir:

Professor (a):

Dentre suas memórias com as leituras, reflita sobre qual o

papel do professor frente ao objetivo de formar alunos

leitores e de que forma, utilizando quais metodologias de

ensino?

1- Como era Germain no início do filme?

2- Por que escrevia seu nome no monumento?

3- Quem é Margueritte?

4- Como era tratado na escola quando pequeno, qual a lembrança da escola?

5- Como é a relação entre mãe e filho?

6- Comente a passagem: “Ler é escutar”. Você é um ótimo leitor.

7- Para Germain, ler é complicado, juntar as palavras, mas elas estão soltas...

Como os nossos alunos leem? Como ocorre esse processo?

8- No trecho do dicionário, por que ele afirma que não serve para mim, é

melhor devolver para Margueritte. “ Eu estava melhor antes: um tosco”.

9- O que representa Anette no processo de leitura de Germain?

10- A leitura é capaz de transformar as pessoas, isso é visível com Germain e

os amigos. O que acontece com ele?

11- O que representa o fato de Margueritte aceitar o sanduíche de Germain?

12- Qual a relação entre o filme e a sua vida, a vida de seus alunos e sua ação

docente?

ROTEIRO DE ANÁLISE

22

UNIDADE II – O(A) professor(a) mediador(a) de leituras

Para início desta Unidade convidamos você, professor(a), a ouvir a história “Um

sapatinho Especial”- Teresa Noronha

Disponível em: http://www.cotacota.com.br/um-sapatinho-especial-col-girassol-noronha-teresa.oferta.html.

Acesso em 16/10/2012.

Professor(a):

a) Você gosta de ler? ____________________________________________ ____________________________________________

b) Como você lê para seus alunos? ____________________________________________

c) Que atividades desenvolve a partir das leituras realizadas? ____________________________________________ ____________________________________________

Durante a leitura serão realizadas

estratégias de leitura como: pausas,

levantamento e verificação de

hipóteses sobre a narrativa para dar

início ao processo de etapas e

estratégias de leitura.

23

2 O papel do(a) professor(a)

A leitura só terá sentido se o(a) professor(a) demonstrar aos alunos e alunas

a importância dela como prática social, todo o empreendimento frente a busca de

estratégias para a compreensão dos significados explícitos e implícitos, para o

desenvolvimento do hábito e o gosto pela leitura só terá sentido se o(a) professor(a)

ler com os(as) alunos(as) e fazer desta atividade algo prazeroso e como descoberta

de novos horizontes do saber.

Compreender a leitura e o que é ensiná-la implica falar sobre ela, ser um leitor

que atua verdadeiramente como sujeito no processo de produção de sentido e que

sente prazer em interagir com o autor do texto.

“O leitor não recebe pronto o significado de um texto, ele o constrói,

gradualmente”.(Kleiman, 2000, p.35 ) Então, cabe ao(à) professor(a) mediar os (as)

alunos(as) nessa construção, seja apontando pistas contidas no texto, seja fazendo

perguntas que os(as) levem a refletir mais sobre o assunto abordado, ou orientando-

os(as) nas relações que podem estabelecer entre o texto e o contexto histórico-

social de leitura.

Uma leitura atenta do texto pressupõe o trabalho numa ação compartilhada,

buscando pistas no texto e as relacionando a possíveis significados, com base em

suas experiências, suas histórias de leituras. Assim, a leitura inclui

[...] a habilidade de captar significados; a capacidade de

interpretar sequências de ideias ou eventos, analogias,

comparações, linguagem figurada, relações complexas, anáforas; e

ainda, a habilidade de fazer previsões iniciais sobre o sentido do

texto, de construir significado combinando conhecimento prévio e

informação textual, de monitorar a compreensão e modificar

previsões iniciais quando necessário, de refletir sobre o significado

do que foi lido, tirando conclusões e fazendo julgamento sobre o

conteúdo. (SOARES, 1998, p.69)

24

Em se tratando de estratégias de leitura, nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs) encontra-se a seguinte definição:

Ensinar a ler é criar, então, uma atitude de expectativa prévia com relação ao

conteúdo referencial do texto. Ou seja, é mostrar ao(a) aluno(a) que quanto mais

ele(ela) fizer previsão do conteúdo, maior será sua compreensão; é ensiná-lo(a) a se

autoavaliar constantemente durante o processo, para perceber quando perdeu o fio

da leitura e como pode recuperá-lo; é ensiná-lo(la) a utilizar múltiplas fontes de

conhecimento – linguísticas, discursivas, enciclopédias – para resolver falhas

momentâneas no processo. (KLEIMAN, 1993 grifos nossos)

Destaca-se, neste sentido, o papel do(a) professor(a), pois não se trata

apenas de deixar os alunos lerem os textos em sala de aula, trabalhar com a leitura

é superar a decodificação do código, do aspecto gráfico-fônico, é exercitar os

mecanismos de compreensão e interpretação, auxiliando no levantamento de

hipóteses possíveis e na confirmação ou refutação das suas ideias a fim de atribuir

sentido e significado à leitura realizada.

Para Solé (1998, p.24), ler é “um processo

constante de emissão e verificação de

hipóteses que leva à construção da

compreensão do texto e do controle

desta compreensão, ou seja, é o

resultado de uma produção ou de um

trabalho realizado pelo leitor.”

A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem, etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. (PCNs, 1997, p. 69)

25

De acordo com a mesma autora, citada por Raupp (2008, p.39), as atividades

de leitura devem favorecer a integração entre o conhecimento prévio e os

conhecimentos veiculados no texto.

Os conhecimentos prévios são fundamentais para o processo de leitura, pois garantem a

participação do leitor, durante a leitura, e contribuem para a construção de sentido para o

texto lido. Abrangem o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento

de mundo que são adquiridos pelo leitor no decorrer de sua interação com diversas

situações e eventos provenientes do meio em que vive, e particularmente das diversas

oportunidades de contato com os elementos constitutivos da cultura, entendida em sentido

amplo: valores, sistemas conceituais, ideologia, sistemas de comunicação, procedimentos,

etc.

O conhecimento linguístico é um componente essencial. Sem esse conhecimento,

alcançar a compreensão é impossível, pois não há como ultrapassar o nível de

decodificação na leitura. Trata-se de um saber referente aos conhecimentos de

pronúncia, de vocabulário, das regras de formação e sobre o uso da língua, elementos

que formam a superfície do texto e funcionam como pistas para o leitor ativar os

conhecimentos armazenados na memória, realizar inferências e construir sentidos aos

enunciados que compõem o texto.

O conhecimento textual refere-se ao conhecimento do conjunto

de noções e conceitos sobre o texto, às diferentes formas do

discurso e ás diferentes modalidades textuais. Quanto mais

conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior a sua

exposição a todo tipo de texto, mais fácil será sua compreensão,

pois o conhecimento de estruturas textuais e de tipos de

discurso determinará, em grande medida, suas expectativas em

relação ao texto, expectativas estas que exercem um papel

considerável na compreensão.

O conhecimento de mundo ou enciclopédico, segundo Koch e Travaglia(1995,

p.62), diz respeito a todo conhecimento adquirido de modo formal ou informal

armazenado em forma de blocos. Esses blocos são ativados no momento da

leitura e auxiliam na recuperação de episódios fundamentais para a

compreensão do texto.

26

Assim sendo, a leitura pressupõe o resultado da interação adequada entre os

dados do texto e o conhecimento prévio do leitor. Se não ocorrer tal interação, não

há a possibilidade de o(a) leitor (a) compreender as informações do texto, assim

como não há a possibilidade de realização de inferências, pois auxilia na construção

de hipóteses interpretativas para o texto, a atribuição de sentido.

É nesse ponto que se destaca a figura do(a) professor(a) de fazer a mediação possível para que os(as) alunos(as) possam elaborar suas inferências durante o processo de leitura. Numa leitura compartilhada os (as) alunos (as) são naturalmente conduzidos (as) ao uso de estratégias cognitivas que auxiliam a entender o texto. Essas estratégias implicam conhecimentos prévios do(a) leitor(a) quanto à natureza da escrita, ao gênero textual e ao assunto abordado no texto.

Conversando ...

Professor (a), quais são as estratégias de leitura que você utiliza durante o processo

de leitura?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Como seus alunos compreendem o assunto do texto?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

27

Dinâmica: O caso de Miguel

MIRANDA, Simão de. Oficina de dinâmica em grupos para empresas, escolas e grupos comunitários. Campinas, SP: Papirus, 1996, p.54 (ver dinâmica nas Orientações Metodológicas)

2.1 Etapas de leitura

Menegassi(1995) citado por Raupp(2008,p.47-48) elabora uma caracterização

psicolinguística em níveis do processo de leitura:

O objetivo desta dinâmica é, com auxílio

de alguns relatos escritos, demonstrar o

modo de julgar e avaliar e desta forma

compreender que às vezes julgamos e

avaliamos sem ter noção do conjunto,

fazemos inferências e chegamos às

conclusões sem analisar o conjunto das

informações.

Reconhecer a ampla dimensão da leitura significa, segundo Kleiman (2000), entendê-

la enquanto atividade intelectual e enquanto processo psicológico em que o leitor

utiliza diversas estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico e na sua vivência

sociocultural. Também para Lajolo (1990), a leitura é um processo de compreensão

que deve chegar às ideias centrais, às inferências, à descoberta de pormenores e às

conclusões, com base nos conhecimentos e informações que o leitor possui.

28

Nível da decodificação: ler, decodificar, reconhecer os

símbolos escritos não implica necessariamente

compreensão se não há um significado internalizado

sobre o que se está lendo. Neste nível, o leitor apenas

aplica as regras fonológicas, realiza uma leitura

ascendente de percepção gráfico-sonora, e neste ponto

permanece; nesse caso, é um leitor inexperiente que

não pode alcançar com facilidade e autonomia o nível

compreensivo de leitura, que é essencial para a

construção de sentidos na leitura.

Nível da compreensão: ligado diretamente ao nível da decodificação.

Não existindo decodificação, as possibilidades de compreensão tornam-

se inexistentes.

A compreensão ocorre quando o leitor capta a temática do texto;

reconhece os seus tópicos principais; conhece as regras sintáticas e

semânticas da língua utilizada; conhece as suas regras textuais;

depreende a significação de palavras novas e realiza inferências. Para

que isso aconteça, é necessário que o leitor possua conhecimentos

anteriores sobre o assunto; que não esteja alheio aos conteúdos do texto.

Há diferentes níveis de compreensão:

Nível literal: o leitor se detém exclusivamente no texto, à “leitura

superficial” das ideias ali contidas, nesse nível o leitor não realiza

inferências.

Nível interpretativo: o leitor expande sua leitura, descentrando-se do

texto. Neste nível há uma ligação entre os conteúdos que o texto

apresenta com os conhecimentos que o leitor possui iniciando a terceira

etapa do processo de leitura.

29

Assim, o leitor precisa ultrapassar a etapa da decodificação durante a leitura,

percorrer os níveis de compreensão e alcançar a etapa interpretativa, pois é durante

essa caminhada que ele constrói sentidos para o texto que lê, inter-relaciona os

seus conhecimentos aos conhecimentos apresentados pelo texto, ampliando seu

repertório de informações, reformulando conceitos e expandindo seus

conhecimentos sobre os modos de construção dos textos.

Nível da interpretação: o leitor utiliza sua capacidade crítica, faz julgamentos

sobre o que lê, “descobre aquilo que a compreensão projeta” realiza um

processo de ampliação, de alargamento do significado original. Para que isso

aconteça é necessário ter havido a compreensão, pois o trabalho de

interpretação “revela-se como o desvelamento, elaboração e explicação das

possibilidades de significação[...], projetados pelas compreensão” (SILVA,

1987, p.71).

Nessa perspectiva, a interpretação se dá a partir do produto da

compreensão e acaba sendo uma atividade em que ao significado original são

acrescidas novas matizes de significação.

Nível da retenção: nesta etapa tem-se o armazenamento das

informações mais importantes na Memória a Longo Prazo (MLP). A

retenção ocorre em dois níveis: a partir da compreensão, retendo-se a

temática e os tópicos mais importantes; e a partir da interpretação.

Numa gradação, se a etapa interpretativa necessita da compreensão, a

retenção nesse caso é mais profunda, mais ampla.

30

Atividades:

Leitura do texto A Moça Tecelã

1) Se você pudesse ter tudo o que imaginasse, o que gostaria de ter?

2) Em que consiste a felicidade para você?

Vídeo: Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=CNDyqGVrEiI Acesso em 16/10/2012.

Disponível em: http://asasdepapeleducopedia.blogspot.com.br/2011/09/moca-tecela-de-marina-colasanti.html. Acesso em 16/10/2012.

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da

noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre

os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que

nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na

lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida

pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve,

a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os

pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a

acalmar a natureza.

[...]

COLASANTI, Marina. A Moça Tecelã. São Paulo: Global, 2004.

31

Estudo do texto:

1) Do que trata o texto? 2) Com que finalidade foi escrito? 3) No texto, A Moça Tecelã, há o predomínio da linguagem figurada. Observe:

“leve, a chuva vinha cumprimentá-la da janela”, “...o vento e o frio brigavam com as folhas...” Esse tipo de linguagem seria apropriada a um repórter para anunciar a previsão do tempo? Por quê?

4) Como era a rotina da Moça Tecelã antes e depois do marido? Justifique com trechos do texto.

5) Por que ela sentiu falta de um marido? O que pensava? 6) A moça ao tecer seu destino, fez escolhas e as concretizou. O que a faz

mudar de ideia? Isso acontece nos dias de hoje? Como? 7) Que sentimentos são relacionados ao homem quando diz: Por que ter casa,

se podemos ter um palácio? 8) Existe um(a) companheiro(a) perfeito(a)? Que atitudes são ponderadas para

ser tomar uma decisão de destecê-lo(a) em um casamento? Essa atitude é fácil?

9) As pessoas são obrigadas a ser do jeito que os outros gostariam que eles fossem? Por quê?

2.2 Estratégias de leitura

Professor(a)

Nós já conversamos sobre este assunto, a forma como desenvolve nos

alunos os procedimentos para a compreensão do texto. Lembra?

Agora, vamos estudar algumas estratégias de como isto pode ser realizado

junto aos alunos.

Quando se trata de trabalhar com a leitura, o grande desafio é assegurar a

qualidade e a variedade de textos que circulam na escola, associando as atividades

de leitura às situações reais de comunicação.

Segundo Porto (2005, p.35), para tal é preciso:

32

Desta forma, Porto (op.cit.) afirma que o(a) leitor(a) precisa mobilizar diversos

conhecimentos durante a leitura:

Para ajudar o (a) aluno (a) a compreender, desvendar o sentido do texto é

preciso ensiná-lo(la) a colocar em ação várias estratégias:

• Ativar e apontar à leitura os conhecimentos prévios;

• Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do que pode parecer

trivial.

• Avaliar a consistência interna do conteúdo apresentado pelo texto e sua

compatibilidade com o conhecimento prévio e com o sentido comum.

• Comprovar continuamente se a compreensão ocorre mediante a

revisão, a recapitulação periódica e a autointerrogação;

• Elaborar e provar inferências de diversos tipos, como interpretações,

hipótese, previsões e conclusões.

• Recordar o que já sabe sobre o autor e o assunto;

• Identificar pistas do próprio texto: título, subtítulo, autor, ilustrador,

imagens, fotografias, diagramação, etc.;

• Localizar trechos mais importantes, seções, páginas que focam

determinado conteúdo;

•Estabelecer relações com outros textos lidos;

33

2.3 Procedimentos para a leitura em sala de aula

Serão expostas a seguir algumas estratégias de leitura indicadas por Solé

(1998) e Delmanto (2007) que poderão ser trabalhadas no momento da leitura em

sala de aula.

Antes da leitura

É preciso identificar as finalidades da leitura (com que objetivos se vai ler)

seja para procurar informações, por prazer, para conhecer determinado assunto,

para atualizar-se, para seguir instruções ou para revisar o próprio texto.

Também antecipar as informações que podem estar no texto a ser lido a partir

do título, do tema abordado, do autor, do gênero textual; antecipar o tema ou ideia a

partir do exame de imagens (fotos, gráficos, mapas, tabelas, ilustrações).

E ainda ativar conhecimentos prévios: incentivar os (as) alunos (as) a

exporem o que sabem sobre o assunto/conteúdo e/ou forma do texto.

• Antecipar informações que possam estar no texto;

• Fazer previsões apoiadas nas pistas do próprio texto e em sua

experiência leitora;

• Confirmar ou refutar sua hipótese, conhecimento;

• Produzir inferências, perceber significado acerca do que não está dito

de forma explícita no texto;

• Verificar no texto se as suposições e inferências estão corretas ou

precisam ser reformuladas.

34

Durante a leitura

No processo de leitura, é importante inferir, construir o significado de

palavras ou expressões a partir do contexto da frase; chegar a conclusões que não

foram explicitadas com base em outras leituras, experiências de vida, crenças e

valores.

Levantar e checar hipóteses, a respeito da sequência do enredo, da

exposição ou da argumentação; confirmar, rejeitar ou reformular hipóteses

anteriormente criadas.

Perceber as implicações da escolha do gênero e do suporte, relacionar

gênero escolhido com as intenções do autor; estabelecer relação entre suporte e a

organização textual.

Localizar informações (explícitas ou implícitas no texto), situar quem é o autor,

de que lugar (físico/social),de que época, em que situação, com que finalidade; em

qual suporte o texto foi publicado (jornal, revista, livro, panfleto, folheto).

É importante também localizar informações para a compreensão do texto ou

para fins de estudo; identificar palavras-chave para definição de conceitos; localizar

informações relevantes para determinar a ideia central do texto e relacionar as

informações com outras leituras para se chegar a possíveis conclusões.

Depois da leitura

As atividades de leitura devem conduzir os (as) alunos (as) a extrapolar, ir

além do texto, projetar o sentido do texto para outras vivências e outras realidades;

relacionar informações do texto com o conhecimento cotidiano.

Por último, apreciar criticamente o texto (estética, afetiva e eticamente),

avaliar as informações ou opiniões emitidas no texto; avaliar recursos estilísticos

utilizados; estabelecer relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido

pretendidos pelo autor.

Realizar outras atividades, cujos objetivos sejam voltados para as práticas de

linguagem. Assim a leitura integrará um espaço de efetivo uso nas práticas sociais.

35

Atividades:

Leitura do texto Apelo

1) O que é um apelo? 2) Por que uma mulher deixaria uma casa? Vamos levantar algumas hipóteses.

Vídeo: Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=ORVv5hMPVXE acesso em 16/10/2012.

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a

verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi

ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem

de relance no espelho.

[...]

TREVISAN, Dalton. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979, p.73.

Estudo do texto:

1) Do que trata o texto? 2) Para quem é dirigido? 3) Onde ocorre o fato narrado? Justifique sua resposta. 4) Por que Senhora está grafado com letra maiúscula? 5) Quem poderia ser a Senhora. Crie hipóteses. 6) O narrador percebe a ausência da Senhora no início do texto? Como ele vai

percebendo que ela não está mais em casa? 7) Quais são os sentimentos do narrador em relação à Senhora? Justifique com

trechos do texto. 8) Por que o narrador quer que a Senhora volte para casa? 9) O texto é narrado em que tempo verbal? Esse tempo muda no final? Por quê? 10) Observe: “Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na

mesa por engano, a imagem de relance no espelho.” Os termos destacados são sinais da ausência da mulher ou da presença dela em casa? Justifique sua resposta.

Produção textual:

No final, há um pedido: “Venha para casa, Senhora, por favor.” Considerando que você é a Senhora, produza um texto em forma de resposta esclarecendo se voltará ou não justificando sua decisão.

36

Recado:

Professor(a), selecione textos de sua disciplina que pretende realizar a leitura com

seus alunos em sala de aula e traga-os para o próximo encontro.

UNIDADE III – Organizando a aula de leitura

Esta unidade é de extrema importância, pois nosso projeto Criando ações

potencializadoras de leituras ganhará sentido concreto. Chegou a hora de

planejarmos nossas aulas de leitura com os textos que temos.

Antes, porém, é necessária uma breve explanação sobre os gêneros textuais

que circulam na sociedade.

3 Os Gêneros textuais

Toda atividade humana está relacionada com a utilização da linguagem, cuja

materialidade se dá por meio de textos, os quais surgem de acordo com as

diferentes atividades humanas e podem ser agrupados em gêneros textuais,

utilizados em situações concretas e de uso da língua.

De acordo com Bakhtin (1992) – os gêneros são formas relativamente

estáveis, de enunciados, disponíveis na cultura, caracterizados por três elementos:

37

Os gêneros são produtos da cultura de determinada sociedade. Constituídos

por certos conteúdos, além de estilo e forma próprios, apresentam funções sociais

específicas. Tornam-se, portanto, modelos comunicativos que permitem a interação

social.

O trabalho com gêneros textuais na escola pressupõe um modo próprio de se

relacionar com a linguagem em diferentes esferas do conhecimento, pois significa

cultivar uma atitude e posturas educacionais alicerçadas por sólido conhecimento no

campo de atuação e relacioná-lo com a prática pedagógica, cuja finalidade está no

desenvolvimento e na aprendizagem de conteúdos relevantes à formação dos (as)

alunos (as).

Considerando que o entendimento de que a leitura precisa ter sentido para os

(as) alunos (as) é importante que ela seja o objeto de reflexão em sala de aula,

sobretudo porque está diretamente relacionada ao gênero do texto proposto para a

leitura. Por meio dela e da mediação constante do professor (a), os (as) alunos (as)

poderão perceber não só as diversas intenções que estão subentendidas, como

também o fato de que diferentes intenções implicam diferentes formas de escrever

diversos gêneros textuais.

Cabe lembrar que o ato de ler exige uma certa experiência textual que

pressupõe a familiaridade com diferentes gêneros e estruturas textuais, de forma

que o(a) aluno(a) perceba que ler um texto informativo é diferente de ler uma

instrução, ler uma notícia é diferente de ler um enunciado de um problema

matemático, e assim por diante.

Neste contexto, é imprescindível propor aos (as) alunos (as) o contato com

diversos gêneros textuais, estudar suas características, a finalidade para qual o

gênero foi desenvolvido e o suporte da circulação. Mais que um ato formal, uma

opção individual, entende-se que a formação para a leitura dos diversos gêneros

textuais e nos diversos contextos linguísticos, inscreve-se entre os direitos dos

cidadãos. (SEED/DEB, 2012, p.18)

• Conteúdo temático: o que é, aquilo que pode dizer no texto;

• Construção composicional: a estrutura (o arranjo interno) de textos;

• Estilo: recursos linguístico-expressivos do gênero e as marcas

enunciativas do produto do texto.

38

3.1 Esferas sociais As esferas são agrupamentos de práticas e atividades sociais organizadas

por determinados contexto:

1. Cotidiana: solicitação de informação na rua, cartão postal, blog, telegrama,

convite para festa, recado de um telefonema;

2. Familiar: diário, bilhete, lista de compras, carta de amor, facebook;

3. Jurídica: mandado de segurança, prisão, petição inicial, etc;

4. Burocrática: cadastro, documentos pessoais, atestado de óbito etc;

5. Religiosa: oração, pedido, meditação, certificado de batismo;

6. Artística: peça de teatro, pintura, poema, cordel, xilogravura, etc;

7. Jornalística: editorial, reportagem, anúncio, vinheta, cartum, etc;

8. Escolar: boletim, fichinha, calendário de provas, seminário, redação etc.

(Adaptado de ccabr111.blog.com/.../Gêneros-esferas-e-tipos-textuais. Acesso em 16/10/2012)

Fonte: Adaptado de www.nre.seed.pr.gov.br/.../File/genero_esferas.ppt

Acesso em 16/10/2012.

ESFERAS

SOCIAIS

Jornalística

Publicitária Literária

Religiosa

Escolar

Científica Cotidiano

39

3.2 Planejando a aula de leitura

Agora, professor(a), chegou a hora de organizar sua aula de leitura. Lembre-se

dos itens abaixo:

Mãos à obra!

3.3 Trocando experiências

Este momento será de extrema importância para expor as atividades

realizadas com os textos na aula de leitura e ainda diagnosticar alguns resultados

obtidos por meio dessa metodologia.

1- Escolha o texto para a leitura;

2- Estude-o, faça marcas, destaque as ideias principais;

3- Prepare as atividades para realizar antes de ler o texto;

4- Organize as pausas, as interrupções necessárias durante a

leitura para que os alunos não percam o sentido do texto;

5- Elabore atividades de compreensão e interpretação textual

que contribuam para que os alunos construam sentido à

leitura;

6- Prepare uma atividade para além do texto.

Cada professor terá a oportunidade de detalhar o trabalho de leitura realizado

em sala de aula com seus alunos tendo por base os fundamentos teórico-

metodológicos que sustentaram o curso Criando ações potencializadoras de

leitura.

40

3.4 Reflexão sobre a prática

Esperamos que este curso tenha proporcionado a você, professor(a), bases

teóricas para alicerçar o trabalho com a leitura, garantindo suporte para planejar

ações potencializadoras de leitura e proporcionar resultados eficientes no sentido de

formar sujeitos-leitores.

Assim solicitamos o preenchimento do roteiro abaixo:

1- Qual o texto escolhido? A que gênero pertence?

2- Qual o motivo da sua escolha?

3- Qual a relação entre o texto escolhido e o conteúdo de sua disciplina?

4- Como você preparou a aula de leitura?

5- Quais as atividades foram contempladas:

a) No antes:

b) No durante:

c) No depois:

6- As suas expectativas em relação à aula de leitura foram confirmadas? Por

quê?

7- Quais as dificuldades encontradas por você no desenvolvimento da aula?

Como isso pode ser melhorado?

8- Como foi a receptividade dos alunos? Eles colaboraram? Como?

9- As aulas planejadas de leitura contribuíram para que os alunos

compreendessem o texto e desenvolvessem as atividades propostas?

Comente.

10- Registre sua opinião geral sobre o curso Criando ações potencializadoras

de leitura.

Vídeo: Ao Mestre com Carinho

http://www.youtube.com/watch?v=yHwrQQYCOZM&feature=related

Encerrando .... mas não concluindo, apenas finalizando uma etapa!

41

O sonho

Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector

Disponível em: http://pensador.uol.com.br/sonho_poema_de_clarice_lispector acesso em

19/11/2012

42

OR

IEN

TA

ÇÕ

ES

ME

TO

DO

GIC

AS

Este Caderno Pedagógico foi planejado com a intenção de

desenvolver de 8(oito) Oficinas teórico-metodológicas destinadas

aos professores das diversas áreas de ensino como o objetivo

principal de criar práticas potencializadoras de leitura.

O Caderno foi dividido em 3 (três) Unidades Temáticas: na

primeira A leitura no contexto escolar, há um abordagem geral

sobre conceitos de leitura, com a intenção de proporcionar

momentos de leituras, estudos e reflexão sobre a prática com

leitura, finalizando esta unidade com o filme Minhas tardes com

Margueritte, destacando a importância de a qualquer período da

vida poder encontrar nos livros a essência do conhecimento.

Na segunda unidade - O(A) professor(a) mediador(a) de

leituras – procuramos destacar elementos da valorização do

professor, sua função como agente da interação entre a leitura e

os alunos, procurando traçar metas para realizar aulas planejadas,

organizadas tendo em vista as etapas e as estratégias de leitura.

Foi utilizada como recurso para ilustrar as estratégias a

Dinâmica O caso de Miguel – Simão de Miranda

CASO MIGUEL Miguel é um artista, solteiro, de boa aparência, 33 anos de idade. Eis, a seguir, como foi percebido por diversas pessoas no dia X. RELATO DA MÃE "Miguel levantou correndo, não quis tomar café, não ligou para o bolo que eu havia feito especialmente para ele. Só apanhou o cigarro e o fósforo. Não quis botar o cachecol que eu dei. Disse que estava com pressa e reagiu com impaciência a meus pedidos para se alimentar e se abrigar. Ele continua sendo uma criança que precisa de atendimento, pois não reconhece o que é bom para si próprio". RELATO DO CHOFER DE TÁXI "Hoje de manhã apanhei um sujeito que eu não fui muito com a cara dele. Estava de cara amarrada, seco, não queria saber de conversa. Tentei falar sobre futebol, sobre política, sobre o tráfego e sempre me mandou calar a boca, dizendo que tinha que se concentrar. Desconfio que ele é um cara subversivo, desses que a polícia anda procurando ou um desses sujeitos que assaltam chofer de táxi. Aposto como andava armado. Fiquei louco para me livrar dele".

43

OR

IEN

TA

ÇÕ

ES

ME

TO

DO

GIC

AS

OR

IEN

TA

ÇÕ

ES

ME

TO

DO

GIC

AS

RELATO DO GARÇOM DE BOATE "Ontem à noite ele chegou aqui acompanhado de uma morena, bem bonita por sinal, mas não deu a mínima bola para ela. Passou o tempo todo olhando para tudo que era mulher que chegava. Quando entrou uma loura de vestido colante, me chamou e queria saber quem era. Como eu não conhecia, não teve dúvida: foi na mesa dela falar com ela. Eu disfarcei e passei por perto e só pude ouvir que ele marcava um encontro às 09:00h da manhã, bem nas barbas do acompanhante dela! Sujeito peitudo! Eu também dou minhas voltinhas, mas essa foi demais..." RELATO DO ZELADOR DO EDIFÍCIO "Ele não é muito certo da bola não, às vezes cumprimenta, às vezes finge que não vê ninguém. As conversas dele a gente não entende. É parecido com um parente meu que enlouqueceu. No dia X de manhã, chegou até falando sozinho. Eu dei bom dia e ele olhou com um olhar estranho e disse que tudo no mundo era relativo, que as palavras não eram iguais pra todos e nem as pessoas. Me deu um puxão na gola e apontou pra senhora que passava e disse que cada um que olhava pra ela via uma coisa diferente. Disse também que, quando ele pintava um quadro, aquilo é que era a realidade. Dava risada. Está na cara que ele é lunático". RELATO DA FAXINEIRA "Ele anda sempre com um ar misterioso. Os quadros que ele pinta, a gente não entende. Quando ele chegou, na manhã do dia X, ele me olhou meio enviesado e eu tive um pressentimento de que ia acontecer alguma coisa ruim. Pouco depois chegou a moça loura. Ela me perguntou aonde ele se encontrava e eu disse. Daí a pouco eu a ouvi gritar e acudi correndo. Abri a porta de supetão e ele estava com uma cara furiosa olhando para ela, cheio de ódio. Ela estava jogada no divã, e no chão tinha uma faca. Eu saí gritando: Assassino! Assassino!" Eis, a seguir, como Miguel relata o que ocorreu no dia X. "Eu me dedico à pintura de corpo e alma. O resto não tem importância. Há meses que quero pintar uma Madona do século XX, mas não encontro uma modelo adequada, que encare a beleza, a pureza e o sofrimento que eu quero retratar. Na véspera do dia X, uma amiga me telefonou dizendo que tinha encontrado a modelo que eu procurava e propôs de nos encontrarmos na boate que ela frequentava. Eu estava ansioso para vê-la. Quando ela chegou, fiquei fascinado, era exatamente o que eu queria! Não tive dúvida, fui até a mesa dela, me apresentei e pedi para ela posar para mim. Ela aceitou e marcamos no atelier às 09:00h da manhã. Eu nem dormi direito aquela noite. Me levantei ansioso, louco para começar o quadro, nem podia tomar café de tão algariado. No táxi, comecei a fazer um esboço, pensando nos ângulos da figura, no jogo de luz e sombra, na textura, nos matizes... Quando entrei no edifício, eu estava cantando baixinho. O zelador falou comigo e eu nem tinha prestado atenção. Aí eu perguntei: "O que foi?" e ele disse: "Bom dia! Nada mais do que bom dia!" Ele não sabia o que aquele dia significava para mim! Sonhos, fantasias, aspirações, tudo iria se tornar realidade enfim, com a execução daquele quadro! Eu tentei explicar para ele. Eu disse que a verdade era relativa, que cada pessoa vê a mesma coisa de forma diferente. Quando eu pinto um quadro, aquilo é a minha realidade. Ele me chamou de lunático. Eu dei uma risada e disse: "Está aí a prova do que eu disse, o lunático que você vê, não existe!" Quando eu subia a escada, a faxineira veio me espiar. Não gosto daquela velha mexeriqueira. Entrei no atelier e comecei a preparar a tela e as tintas. Quando eu

44

OR

IEN

TA

ÇÕ

ES

ME

TO

DO

GIC

AS

estava limpando a paleta com uma faca, tocou a campanhia, abri a porta e a moça entrou. Ela estava com o mesmo vestido da véspera e explicou que passara a noite em claro, numa festa. Eu pedi que sentasse no local indicado e que olhasse para o alto, que imaginasse inocentes sofrendo, que ... Aí ela me enlaçou o pescoço com os braços e disse que era simpático. Eu afastei seus braços e perguntei se ela tinha bebido. Ela disse que sim, que a festa estava ótima, que foi pena eu não ter estado lá, que ela sentiu falta, que gostava de mim. Quando me enlaçou de novo, eu a empurrei, ela caiu no divã e gritou. Nesse instante a faxineira entrou e saiu berrando: Assassino! Assassino! A loura levantou-se e foi embora me chamando de idiota. A minha Madona!!" Disponível em:

http://www.projetoseducacionais.com/2007/09 / dinmicas-de-grupo-caso-miguel.html. Acesso em 20/11/2012.

Também foram lidos os contos: A Moça de Tecelã -

Marina Colasanti e Apelo - Dalton Trevisan,

proporcionando atividades de reflexão, de análise sobre o

texto considerando a aula de leitura como eixo propulsor de

compreensão e interpretação para a aquisição de

conhecimento e não como uma aula desprovida de sentido

como mera atividade burocrática.

E por fim, na unidade três, Organizando a aula de

leitura, será o ponto mais importante de todo Projeto de

Implementação, pois os(as) professores(as) irão dispor de

espaço, tempo e oportunidade para pesquisar, planejar,

criar, conversar, envolver-se no clima de promover um

ambiente favorável à aprendizagem e finalizando com a

exposição da aplicação das aulas de leitura.

Assim acreditamos que este projeto poderá ser

desenvolvido por profissionais preocupados em promover

uma educação de qualidade tendo o objetivo de formar o

sujeito-leitor.

45

REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 6 ed. Tradução de Michel e Yara Vieira. São Paulo: HUCITEC, 1992. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica. Programa Gestão da Aprendizagem Escolar- GESTAR II . Língua Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 4- TP4: leitura e processos de escrita I. Brasília: MEC/SEB, 2008. CANDIDO, A. Direitos Humanos e literatura. In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/SEB, 2006. Vol. 1 ( Linguagens, Códigos e suas tecnologias) CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 1997. COLASANTI, Marina. A Moça Tecelã. São Paulo: Global, 2004.

DELMANTO, D. A leitura em sala de aula. Na Ponta do Lápis. Almanaque do Programa Escrevendo o Futuro. Ano III, nº5, abril, 2007.p.13. FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre. RS: Artes Médicas, 1994. _____. A criança, o professor e a leitura. Porto Alegre. RS: Artes Médicas, 1998. GERALDI, J.W. Portos de passagem. 4 ed. São Paulo: Ática, 1996. HILA, C.V.D. Ressignificando a aula de leitura a partir dos gêneros textuais. In: NASCIMENTO, E.L. (org) Gêneros textuais: da didática das línguas aos objetos de ensino. São Carlos: Editora Claraluz, 2009. KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas: Pontes, 1993. _____. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7 ed. Campinas, SP: Pontes, 2000. KRAMER, S. Leitura e escrita como experiência: seu papel na formação de

sujeitos sociais. In: Presença Pedagógica, v.6 n 31, jan./fev, 2000. Disponível em: www.presencapedagogica.com.br/capa6/artigos/31.pdf. Acesso em junho de 2012. KOCH.I.V.; TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual. 8 ed. São Paulo: Contexto, 1995. LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 2.ed. São Paulo: Ática, 1990.

46

LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. MARTINS, M.H. O que é leitura. 10 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. MIRANDA, Simão de. Oficina de dinâmica em grupos para empresas, escolas e grupos comunitários. Campinas, SP: Papirus, 1996, p.54 PARANÁ, SEED/DEB. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008. PARANÁ, SEED/DEB. Leitura, livros e leitores: considerações sobre a leitura em geral e no universo escolar. (Texto para discussão). ARIAS, V. et. al. Curitiba, mar.2012. PORTO, M.F; FERREIRA, M.B. Leitura: um processo compartilhado de produção de sentido. Ponta Grossa: UEPG/CEFORTEC, 2005. RAUPP, E.S. Língua Portuguesa I. Ponta Grossa: Ed. UEPG, 2008. SAVELI, E. de L. Por uma pedagogia da leitura: reflexões sobre a formação de leitor. In: CORREIA,D.A.;SALEH, P.B.de O.(org) Práticas de letramento no ensino: leitura, escrita e discurso. São Paulo: Parábola Editorial; Ponta Grossa, PR: UEPG, 2007. SILVA, E. T. da. O ato de ler: aspectos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. São Paulo: Cortez, 1987. SOARES, M.B. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, MG: CEALE, 1998. SOLÉ,I. Estratégias de leitura. 6 ed. Tradução de Cláudia Schilling. Porto Alegre, RS: Artmed, 1998.

TREVISAN, Dalton. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979, p.73.

Sites pesquisados:

http://www.youtube.com/watch?v=eHxebCIXavw&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=7lBWfCl9fIg&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=dz4lMxhVTEI&feature=related http://omelete.uol.com.br/cinema/minhas-tardes-com-margueritte-critica

http://www.blogoscopio.xpg.com.br/trailer-e-sinopse-do-filme-minhas-tardes-com-

margueritte.

47

http://www.cotacota.com.br/um-sapatinho-especial-col-girassol-noronha-

teresa.oferta.html.

http://www.youtube.com/watch?v=CNDyqGVrEiI

http://asasdepapeleducopedia.blogspot.com.br/2011/09/moca-tecela-de-marina-

colasanti.html

http://www.youtube.com/watch?v=ORVv5hMPVXE

ccabr111.blog.com/.../Gêneros-esferas-e-tipos-textuais

www.nre.seed.pr.gov.br/.../File/genero_esferas.ppt http://www.youtube.com/watch?v=yHwrQQYCOZM&feature=related

http://pensador.uol.com.br/sonho_poema_de_clarice_lispector

http://www.projetoseducacionais.com/2007/09 / dinmicas-de-grupo-caso-miguel.html.