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    Eje 3: La Filosofa de la Educacin y sus problemas actualesEje 3: La Filosofa de la Educacin y sus problemas actuales. ....................................................... 2

    A FILOSOFIA DA EDUCAO E OS DESAFIOS DA EDUCAO NO CONTEXTO HISTRICO SOCIAL

    LATINO-AMERICANO DA ATUALIDADE ......................................................................................... 7

    Antonio Joaquim Severino ........................................................................................................... 7

    A DIFUSO DO PENSAMENTO DE GILLES DELEUZE NA EDUCAO BRASILEIRA: ESBOO DE UM

    MAPA ........................................................................................................................................... 21

    Christian Fernando Ribeiro Guimares Vinci .............................................................................. 21

    Cintya Regina Ribeiro .................................................................................................................. 21

    FILOSFICA POLTICA Y EDUCACIN: UNA CRTICA A LA CLAUSURA DE LA REFLEXIVIDAD ....... 34

    Prof. Mariana M. Geniz ............................................................................................................... 34

    ENTRE BONDY Y ZEA: CONDICIONES PARA LA EDUCACIN LATINOAMERICANA. ..................... 50

    Jos Daz Fernndez .................................................................................................................... 50

    QUANTO TEMPO TEM O TEMPO DO EDUCAR? .......................................................................... 60

    Alexandra Quadro Siqueira ......................................................................................................... 60

    TECNOLOGA COMO UN PROBLEMA DE LA FILOSOFA DE LA EDUCACIN ................................ 72

    Gildemarks Costa e Silva ............................................................................................................. 72

    O DEVANEIO POTICO E A FORMAO DO SUJEITO: CONTRIBUIES DA FENOMENOLOGIA

    BACHELARDIANA PARA PENSAR A EDUCAO ........................................................................... 86

    Sueli Teresinha de Abreu-Bernardes, REDECENTRO/OBIPD/UNIUBE ......................................... 86

    PARRESIA E IMAGEN EM DELEUZE E FOUCAULT ....................................................................... 101

    Gilson RM Teixeira..................................................................................................................... 101

    DO ENCONTRO ENTRE FILOSOFIA E CULTURA DE MASSA: UMA ANLISE FOUCAULTIANA..... 113

    Guilherme do vale Oliveira ........................................................................................................ 113

    A CRISE NA EDUCAO, UM PROBLEMA POLTICO: ................................................................. 125

    REFLEXES A PARTIR DO PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT ................................................ 125

    Erica Benvenuti.......................................................................................................................... 125

    DE RECUERDOS Y HERENCIAS EN EL MBITO DE LO EDUCATIVO. UNA MIRADA DESDE EL

    PSICOANLISIS........................................................................................................................... 138

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    Marcelo Viar ............................................................................................................................ 138

    EDUCAO E FILOSOFIA: O PENSAMENTO COMO ATIVIDADE DE COMPREENSO DO MUNDO

    ................................................................................................................................................... 143

    Crislei de Oliveira Custdio........................................................................................................ 143

    TEMPO E APRENDIZADO EM DELEUZE ...................................................................................... 160

    Leonardo Arajo Oliveira .......................................................................................................... 160

    PROCURA-SE LEITORES DE FILOSOFIA NO ENSINO MDIO ....................................................... 175

    Autor: Mauro Juarez Sebastio dos Reis Araujo ....................................................................... 175

    PROPUESTA DE UNA EVALUACIN ANALGICA ....................................................................... 185

    Alfonso Arriaga Jurez ............................................................................................................... 185

    DIFERENAS CULTURAIS NA EDUCAO: DISCURSOS, DESENTENDIMENTOS E TENSES1 ..... 199

    Daniele P. Kowalewski2 ............................................................................................................. 199

    IMPLICAES ENTRE TECNOLOGIA, DEMOCRACIA E EDUCAO A DISTNCIA ....................... 213

    Joy Nunes da Silva Barros .......................................................................................................... 213

    PROJETOS POLTICOS PEDAGGICOS E A RELAO TEORIA E PRTICA: UM DESAFIO NAS

    LICENCIATURAS ......................................................................................................................... 223

    Maria das Graas de Almeida Baptista ...................................................................................... 223

    O PENSAMENTO TRGICO E A CRIAO DE OUTRAS FORMAS DE CRTICA: CONSIDERAES

    SOBRE O .................................................................................................................................... 239

    ESTATUTO POLTICO DO PENSAR .............................................................................................. 239

    Cintya Regina Ribeiro ................................................................................................................ 239

    IDENTIDADE E RECONHECIMENTO NA FORMAO TICA DO ................................................. 251

    PROFESSOR ................................................................................................................................ 251

    Joo Baptista de Almeida Junior ............................................................................................... 251

    Snia Aparecida Siquelli ............................................................................................................ 251

    PERCEPES E VIVNCIAS: UM NOVO OLHAR SOBRE O TEMPO .............................................. 264

    Bianca da Silva Toledo ............................................................................................................... 264

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    DA PAISAGEM DOGMTICA PAISAGEM DA INVENO NA EDUCAO: POR OUTRAS VIAS

    POSSVEIS .................................................................................................................................. 266

    Maria dos Remdios de Brito .................................................................................................... 266

    EDUCAO COMO OBRA DE ARTE: A PINTURA NA PERSPECTIVA EDUCATIVA DE MERLEAU-

    PONTY ........................................................................................................................................ 282

    Adriana Maria da Silva; ............................................................................................................. 282

    Miguel Angel de Barrenechea. .................................................................................................. 282

    APORTES DE LA FILOSOFA LATINOAMERICANA A LA PROBLEMTICA PEDAGGICA

    CONTEMPORNEA. ................................................................................................................... 293

    Fernando Fava, .......................................................................................................................... 293

    Dante Klocker, ........................................................................................................................... 293

    Mariana Saint Paul .................................................................................................................... 293

    FORMAO DOCENTE E A PROPOSTA DE UM CDIGO DEONTOLGICO: o que podemos

    depreender desse debate? ....................................................................................................... 300

    Alexnaldo Teixeira Rodrigues e ................................................................................................. 300

    Tereza Cristina Pereira Carvalho Fagundes ............................................................................... 300

    EDUCAO, OBRA DE ARTE E TRADIO: DILOGOS POSSVEIS.............................................. 316

    Thiago de Castro Leite ............................................................................................................... 316

    AUTOEVALUACIN: UNA ESTRATEGIA DE APRENDIZAJE PARA LA FORMACIN PROFESIONAL

    EN EL CAMPO DE LA HISTORIA DE LA ARQUITECTURA........................................................... 325

    Florencia Chemelli ..................................................................................................................... 325

    Paula Yacuzzi ............................................................................................................................. 325

    REFLEXES SOBRE AS RELAES SOCIAIS PERCUTIDAS NA ESCOLA ANTE AO ENSINO BSICO E

    NA UNIVERSIDADE FRENTE AO ENSINO SUPERIOR ................................................................... 348

    CUIDAR DE SI MESMO: UM CONVITE PARA PENSAR A FORMAO HUMANA ........................ 354

    Lgicas de conocimiento del pensamiento complejo de Edgar Morin, y sus consecuencias

    epistemolgicas en educacin. ................................................................................................. 355

    Tensiones entre igualdad y diferencia: una aproximacin a partir de los aportes de Lvinas . 359

    Lipman e Freireum encontro para a construo do pensamento crtico .............................. 360

    Autoridade e educao: o desafio em face da ruptura com a tradio. ................................... 364

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    Entre cuidado y libertad en la propuesta educativa nietzschiana: Llega a ser el que t eres.

    ................................................................................................................................................... 369

    tica e Educao em Kierkegaard e Paulo Freire: por uma educao transgressora ............... 370

    UM ENSINO DE FILOSOFIA DESDE LATINOAMERICA................................................................. 372

    A melodia do dilogo: exerccio imaginativo sobre o encontro educativo ............................... 373

    La educacin no es noticia..................................................................................................... 374

    Cine, Filosofa y Educacin: experiencias de formacin, de la historia y del arte en films de F.

    Truffaut, V. de Sica y G. Tornatore ............................................................................................ 376

    Dra. Liliana J. Guzmn............................................................................................................... 376

    UNA NUEVA PERSPECTIVA DE LA EVALUACIN EDUCATIVA DESDE UNA NUEVA LGICA MS

    ALL DE LOS PROCESOS COLONIALES ....................................................................................... 389

    William David Pea Pea1,........................................................................................................ 389

    Luis Enrique Muoz Pico2.......................................................................................................... 389

    La comprensin y aceptacin tica de las diferencias: ............................................................. 394

    una lectura del film El Hombre Elefante.................................................................................... 394

    Dra. Liliana J. Guzmn............................................................................................................... 394

    Palabras Claves: DiferenciaNormalidad - FormacinCine - Subjetividad........................ 403

    Bibliografa:............................................................................................................................. 403

    Agamben, G. (2011)Infancia e Historia, destruccin de la experiencia y origen de la historia,

    Buenos Aires: Adriana Hidalgo................................................................................................ 403

    Foucault, M. (2000)Los Anormales, Buenos Aires: Fondo de Cultura Econmica................. 403

    Foucault, M. (2008) Vigilar y Castigar. Nacimiento de la prisin. Buenos Aires: Siglo XXI.403

    Larrosa, J. (1995) Escuela, poder y subjetivacin, Madrid: La Piqueta.................................... 404

    Skliar, C.Tellez, M. (2008) Conmover la educacin. Ensayos para una pedagoga de ladiferencia, Buenos Aires: Noveduc........................................................................................... 404

    Skliar, C. (2011) Y si el otro no estuviera ah? Notas para una pedagoga (improbable) de ladiferencia, Buenos Aires: Mio y Dvila.................................................................................. 404

    La necesidad de trascender los modelos educativos modernos en Latinoamrica .................. 404

    Aldo Manuel Muoz Granados ................................................................................................. 404

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    Una visin relativa de la autonoma como propsito educativo .............................................. 405

    Por qu las disposiciones no pueden cubrir la brecha entre las habilidades y la accin en el

    pensamiento crtico ................................................................................................................... 410

    Pedro Figari, filsofo de la educacin: ...................................................................................... 411

    Discusin de algunos problemas actuales................................................................................. 411

    Dialtica da diferena ................................................................................................................ 416

    Mundo de la vida y potenciales de emancipacin. Notas para pensar la formacin de la

    ciudadana en la escuela. .......................................................................................................... 420

    Mag. Andrea Daz (NEES, UNCPBA, Argentina) ......................................................................... 420

    Fundamentos antropolgicos y ticos de la responsabilidad social universitaria. ................... 421

    PROJETO CINEMA NA ESCOLA : Imagens para o pensar-fazer .................................................. 426

    Tatiane Chagas Lemos ............................................................................................................... 426

    LA PALABRA CREADORA COMO PRAXIS LIBERADORA .............................................................. 429

    Mg. Luisa Cristina Carmona Patio ........................................................................................... 429

    Esp. Willian Fredy Palta Velasco ................................................................................................ 429

    Los aprendices sin maestro. El-Nio que sabe y animismo posmoderno en La educacin

    prohibida................................................................................................................................... 431

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    A FILOSOFIA DA EDUCAO E OS DESAFIOS DA EDUCAONO CONTEXTO HISTRICO SOCIAL LATINO-AMERICANODA ATUALIDADE

    Antonio Joaquim Severino1

    Resumo

    Ao assumir sua tarefa de buscar a construo do sentido da educao, a reflexofilosfica se v necessariamente envolvida com o compromisso de abord-la como parteintegrante do processo real constitutivo da existncia concreta dos homens em sua

    realidade histrico-social. Deste pressuposto decorre que pensar e praticar a Filosofia daEducao no contexto cultural latino-americano implica tomar como referncia aeducao que nele se desenvolve concretamente. Assim, este trabalho, vinculado

    pesquisa que venho desenvolvendo sobre a Filosofia da Educao na Amrica Latina,busca explicitar e debater alguns desafios educacionais que se colocam para a educaoem nosso continente. Com efeito, a educao na Amrica Latina defronta-se comsignificativos desafios de diferentes naturezas que precisam ser assumidos pela reflexoe superados pela prtica para que a educao possa atingir seus objetivos detransformao da realidade social que vivenciamos. Busca-se ento identificar,explicitar, descrever e debater questes, de fundo antropolgico, decorrentes dasrelaes intrnsecas da educao com as demais dimenses da existncia histrica do

    homem latinoamericano e concernentes cultura, ao conhecimento, ao agir individual ecoletivo. que se colocam como problemas fundamentais para a reflexo filosfico-educacional. Desse modo, debater-se- a prpria possibilidade desta modalidade deconhecimento frente hegemonia da cincia na cultura contempornea, a exigncia dadimenso tica da formao humana numa sociedade marcada pelo pragmatismo daao, a fora da estetizao do pedaggico que vem crescendo na teoria educacionalinfluenciada por vigorosas vertentes do pensamento ps-moderno e o esvaziamento daformao poltica numa sociedade que tende, cada vez mais, a se administrar por vias

    puramente tcnicas. Espera-se assim contribuies tericas para a compreenso maislcida do sentido e do papel da Filosofia da Educao entre ns.

    Palavras-chave: Filosofia da Educao, Conhecimento, tica e educao, Esttica eeducao, Poltica e educao.

    Abstract

    The philosophy of education and the challenges of education in Latin American socio-historical context today.

    1Uninove / So Paulo / Brasil - e.mail:[email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    Introduo

    Para se tratar dos desafios da educao latino-americana na atualidade, preciso iniciar

    colocando alguns pressupostos. O primeiro deles que a Filosofia da Educao encare a

    educao como processo prtico real, integrante da existncia concreta dos homens, de

    sua existncia histrica e social. Com efeito, educar, quer quando o derivamos de

    educare( nutrir, cuidar) quer quando o derivamos deeducere(conduzir de dentro para

    fora) (SAMPAIO; SANTOS: MESQUIDA, 2002), traz sempre o sentido de conduzir o

    sujeito humano de uma condio de ser puramente natural para a condio de mximo

    de culturalidade, ao mximo de humanizao, pela qual ele possa realizar, o mais

    plenamente possvel, as caractersticas que o especificam como ser humano. Mas, por

    mais que a tradio filosfica e pedaggica da cultura ocidental veja nesse processo a

    atualizao de uma potncia, o processo formativo s ocorre mesmo pela mediao de

    suas prticas reais, graas s quais ele tece seus modos de relacionar-se com a natureza,

    com a sociedade e com a cultura. Isso quer dizer que sua humanizao s pode ocorrer

    na tessitura de sua malha biofsica, de sua rede interrelacional e de seu sistema

    simblico. O que vem a ser o sujeito humano?

    Ser e agir: a prtica como solo do existir

    Sem dvida, a substncia do existir a prtica. S se algo mediante um contnuo

    processo de agir, s se algo mediante a ao. o que testemunham todos os entes que

    se revelam experincia humana. Mesmo quando se est diante de um objeto

    puramente material, a sua "essncia", enquanto conjunto de caractersticas mais ou

    menos fixas, s tem sentido enquanto capacidade de uma forma de ao. Ao contrrio

    do que pensavam os metafsicos clssicos, no o agir que decorre do ser, mas o

    modo de ser que decorre do agir. At para se falar conceitualmente de uma possvel

    essnciados homens, da ao deles que se poderia identificar os traos dela.

    Nesse sentido, a conscincia, o pensamento enquanto equipamento da subjetividade

    humana, nasceu embutido na prpria prtica do homem, na sua prtica produtiva, pela

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    qual garantia sua existncia material, mantendo-a inserida no processo originrio e

    permanente de trocas com a natureza. Por isso, a esfera bsica da existncia humana

    aquela do trabalho propriamente dito, ou seja, prtica que alicera e conserva a

    existncia material dos homens, j que a vida depende radicalmente dessa troca entre o

    organismo e a natureza fsica. Esta esfera da prtica produtiva constitui o universo do

    fazer, o ambiente do homo faber.

    Mas a prtica produtiva dos homens no se d como trabalho individual: ela ,

    antropologicamente falando, expresso necessria de um sujeito coletivo, ou seja, a

    espcie humana s humana na medida em que se efetiva em sociedade. No se

    propriamente humano fora de um tecido social, que constitui o solo de todas as relaes

    sociais, no apenas como referncia circunstancial, mas como matriz, placenta que nutre

    toda e qualquer atividade posta pelos sujeitos individuais. Mas preciso observar que

    essa trama de relaes sociais que tece a existncia real dos homens, no se caracteriza

    apenas como coletividade gregria dos indivduos, como ocorre nas "sociedades"

    animais: um elemento especfico interfere aqui, mais uma vez marcando uma

    peculiaridade humana: a sociedade humana atravessada e impregnada por um

    coeficiente de poder, ou seja, os sujeitos individuais no se justapem, uns ao lado dos

    outros, em condies de simtrica igualdade, mas se colocam hierarquicamente, uns

    sobre os outros, uns dominando os outros. Torna-se assim uma sociedade poltica,uma

    cidade. Este coeficiente que marca as nossas relaes sociais como relaes polticas e

    que caracteriza nossa prtica social, envolve os indivduos na esfera do poder. Este o

    ambiente do homo politicus.

    Mas se a prtica prioritria e fundamental na configurao do modo de existir

    humano, impe se considerar que a prtica humana tem suas especificidades, no se

    reduzindo nem ao determinismo onto-essencialista da metafsica, nem ao mecanicismo

    naturalista da cincia, nem ao seu decorrente pragmatismo funcionalista. A pratica

    tipicamente humana, que delineia seu modo de ser, no prtica mecnica, transitiva;

    ao contrrio, uma prtica intencionalizada, marcada desde suas origens, pela

    simbolizao. que, instaurando-se como prolongamento das foras energticas

    instintivas, a subjetividade se constitui como um novo equipamento, prprio da nova

    espcie, transformando-se num instrumento de ao dos homens. Aqui se insere o

    mbito de atividade do homo simbolicus.

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    Vai ocorrer ento que tanto a prtica produtivaquanto a prtica polticas se tornam

    prticas humanas porque so atravessadas por uma terceira dimenso especfica do agir

    humano: trata-se da simbolizao, da prtica simbolizadora. Com efeito, a atividade

    tcnica de transformao da natureza, s se torna vivel na medida em que os homens,

    graas a seu equipamento de subjetividade, so capazes de duplicar simbolicamente os

    objetos que so dados a sua experincia.

    Pode-se ento equacionar a existncia humana como se dando mediada pelo trplice

    universo do trabalho, da sociedade e da cultura. Como os trs ngulos de um tringulo,

    esses trs universos se complementam e se implicam mutuamente, um dependendo do

    outro, a partir de sua prpria especificidade. E nesse contexto que podemos entender

    as relaes do conhecimento com o universo social. Com efeito, o conhecimento

    pressupe um solo de relaes sociais, no apenas como referncia circunstancial, mas

    como matriz, como placenta que nutre todo seu processamento.

    A educao como prtica mediadora

    De seu lado, a educao s se legitima intencionalizando a prtica histrica dos

    homens... Portanto, ela deve ser entendida como prtica simultaneamente tcnica e

    poltica, atravessada por uma intencionalidade terica, fecundada pela significao

    simblica, mediando a integrao dos sujeitos educandos nesse trplice universo das

    mediaes existenciais: no universo do trabalho, da produo material, das relaes

    econmicas; no universo das mediaes institucionais da vida social, lugar das relaes

    polticas, esfera do poder; no universo da cultura simblica, lugar da experincia da

    identidade subjetiva, esfera das relaes intencionais.

    Com efeito, se se espera, acertadamente, que a educao seja de fato um

    processo de humanizao, preciso que ela se torne mediao que viabilize, que invista

    na construo dessas mediaes mais bsicas, contribuindo para que elas se efetivem

    em suas condies objetivas reais. Ora, esse processo no automtico, no

    decorrncia mecnica da vida da espcie. verdade que ao superar a transitividade do

    instinto e, com ela, a univocidade das respostas s situaes, a espcie humana ganha

    em flexibilidade mas ao mesmo tempo torna-se vtima fcil das foras alienantes, uma

    vez que todas as mediaes so ambivalentes: ao mesmo tempo que constituem o lugar

    da personalizao, constituem igualmente o lugar da desumanizao, da

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    despersonalizao. Assim a vida individual, a vida em sociedade, o trabalho, as formas

    culturais, as vivncias subjetivas, podem levar no a uma forma mais adequada de

    existncia, da perspectiva humana, mas antes a formas de despersonalizao individual

    e coletiva, ao imprio da alienao. Sempre bom no perdermos de vista que o

    trabalho pode degradar o homem, a vida social pode oprimi-lo e a cultura pode alien-

    lo, ideologizando-o...

    Da se esperar da educao que ela se constitua, em sua efetividade prtica,

    um decidido investimento na consolidao das foras construtivas dessas mediaes.

    por isso que, ao lado do investimento na transmisso aos educandos, dos conhecimentos

    cientficos e tcnicos, impe-se garantir que a educao seja mediao da percepo das

    relaes situacionais, que ela lhes possibilite a apreenso das intrincadas redes polticasda realidade social, pois s a partir da podero se dar conta tambm do significado de

    suas atividades tcnicas e culturais. Por outro lado, cabe ainda educao, no plano da

    intencionalidade da conscincia, desvendar os mascaramentos ideolgicos de sua

    prpria atividade, evitando assim que se instaure como mera fora de reproduo social

    e se torne fora de transformao da sociedade, contribuindo para extirpar do tecido

    desta, todos os focos da alienao.

    Para aqum da metafsica essencialista...

    Este pressuposto da historicidade e da praxidade do conhecimento e da educao

    implica em renunciar s pretenses essencialistas da metafsica tradicional que os v

    como decorrncias de uma natureza humana, concebida como uma entidade eterna e

    imutvel, imune s determinaes da temporalidade histrica e da espacialidade social.

    Isso marca uma ontologia radical, a ontologia do ser social [para alm do gregrio], um

    ser cultural [para alm do orgnico natural]. Um ser prtico, produtivo, que constri e

    utiliza ferramentas tcnicas para transformar o mundo [o homo faber]; um ser social,

    que habita a polis, cidado, integrando a malha das relaes sociais [homo polticus];

    um ser cultural, dotado de sensibilidade no apenas lgica, mas tambm tica e esttica

    [homo simbolicus]. Esta complexa configurao do modo de ser do homem o

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    diferencia profundamente do homo rationalis, cuja diferena especfica era a simples

    razo, entendida como potncia lgica.

    H que se entender a reflexo metafsica clssica, com suas boas intenes, mas

    equivocada por se perder na transcendncia. que a plena humanizao nunca levar o

    ente a uma situao sobrehumana, a uma transcendncia que o transformasse em algo

    para alm de si mesmo. Nossa transcendncia se tece impregnada, capilarmente, em

    nossa imanncia. A relao entre essas duas dimenses rigorosamente dialtica,

    entendendo-se, por esse vnculo, uma mtua e insupervel implicao recproca

    (MOUNIER, 1950). A metafsica tradicional perdeu essa vinculao intrnseca ao

    conceber como essncia humana uma condio ontolgica que se diferenciava

    totalmente de seus supostos de imanncia: a alma, nas antropologias de Plato, deAristteles, de Agostinho e de Toms de Aquino, mas tambm na de Descartes, tinha

    consistncia prpria e autonomia em relao ao corpo. No havia como escapar de um

    radical dualismo. A unio dos dois entes ficava sem uma explicao satisfatria.

    Este modo essencialista de pensar vai ser hegemnico na tradio filosfico-

    educacional da cultura ocidental, chegando cultura latino-americana junto com a

    cultura crist e a escolstica jesutica, impregnando-a profundamente (SEVERINO,1986). Embora se possa constatar que nossos atuais discursos pedaggicos questionam

    e recusem esse modo de pensar, a prtica educativa concreta continua fortemente

    marcada por ele.

    O nico sustentculo, de fundo ontolgico, para a identidade humana a condio da

    pessoa como sujeito de dignidade, como afirmao e reconhecimento como valor e

    fonte de valor. S se pode falar de ontologia sob a perspectiva da axiologia. Por isso

    mesmo, tem toda razo Dussel, quando prope a tica como fundamento da ontologia.

    Pode-se falar ento de uma universalidade da condio humana, no sob a perspectiva

    de uma essncia que se expressaria pelo conceito, mas sob a perspectiva de um valor.

    ao que vale a pessoa, a sua dignidade, a que corresponde uma exigncia de respeito

    incondicional, o que a referncia ontolgica universal. O incondicional humano a

    dignidade pessoal de que cada indivduo, sem exceo, investido.

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    Disso decorre a relevncia ontolgica da alteridade: a ao, fundada em valores, nos pe

    como necessria a presena de um outro reconhecido como tal, portador de dignidade

    igual nossa, suscitando a exigncia de nossa sensibilidade tica e de nossa conscincia

    poltica. (Dussel, Buber, Lvinas, Marcel, Mounier).

    Assim, o que se trata de reconhecer, sob o signo da ontologia, essa condio

    axiolgica do ente pessoal --- no sua essncia, natureza, cdigo gentico, pertena a

    determinados grupos --- que deve ser levada em conta quando se quer falar da

    humanidade, pois ela que estabelece as referncias para um destino comum.

    O que faz a essencialidade do humano a prtica, o agir, pois o ser decorre do agir. Mas

    a ao no uma realizao articulada de conceitos, mas de valores, ou seja, o sentidodo humano no se encontra na implementao de um modo de ser, mas na encarnao

    de um valor. Desse modo, o nosso to einai necessariamente um to prattein, a nossa

    quididade se adensa no na atualizao de uma essncia mas na vivncia de um valor,

    como insiste Mounier. (1950, p. 155-162).

    por isso que o sentido, alvo permanente da reflexo filosfica, no est alojado em

    algum lugar, como um atributo de uma substncia. No pode ento ser descoberto,

    como se descobre um elemento natural do mundo, at ento desconhecido, mas que j

    se encontrava l, oculto. A rigor, o sentido no se revela nem se desvela. Ele precisa ser

    construdo, doado pelos prprios homens, mediante o exerccio de sua subjetividade, em

    seu vetor axiolgico.

    Para alm do determinismo naturalista...

    Mas esse mesmo pressuposto da radical historicidade humana implica tambm recusar

    a hegemonia autocrtica do olhar cientfico, ao vincular a humanizao to somente a

    determinantes causais da realidade natural das pessoas e da sociedade. Essa viso

    marcadamente cientificista se equivoca ao reduzir o homem a sua condio de

    organismo biolgico [o homo naturalis], pura imanncia ao processo vital. No por

    pressupor essa condio mas pelo equvoco do olhar: acerta o objeto mas erra no

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    processo de abordagem, restringindo-se metodologia experimental, que no pode ir

    alm da fenomenalidade do mundo natural. A metafsica errou quanto ao prprio modo

    do ser ao caracteriz-lo a partir do que lhe transcendental. A cincia se equivoca ao

    restringir-se pura imanncia da realidade biofsica.

    Por uma educao integral

    Ressaltados estes pressupostos, pode-se ento explicitar os desafios que enfrentam a

    educao na Amrica Latina e a reflexo filosfica encarregada de interpret-la.

    O primeiro desafio ento para a reflexo filosfico-educacional em nossa cultura

    vencer o pragmatismo ativista, que reduz a educao mera preparao tcnica para a

    atividade laboral. No se trata, obviamente, de questionar a tarefa educao na formao

    tecno-profissional, indispensvel para o trabalho no mundo moderno. O que se

    questiona a determinao na escolha e no direcionamento dessa formao para as

    demandas imediatas do mercado de trabalho que se submete pura lgica capitalista.Educar para o trabalho no pode ser processo compreendido e executado como

    preparao para o mercado de trabalho tal qual se configura cada momento histrico

    da humanidade.

    Sem dvida, situa-se, tambm aqui, o desafio da complexidade da condio humana e

    sua repercusso sobre a concepo que dela precisamos ter historicamente. Trabalhar

    uma prtica intrnseca que constitui a condio humana e sendo essa condio histrica,

    a prtica operativa assume configuraes diferentes em cada poca, ganhando

    fisionomia prpria. o que ocorre, agora, num momento em que todo o processo

    produtivo especificamente marcado pelas relaes capitalistas, o que gera ento o

    modelo vigente de mercado de trabalho, atrelado busca desenfreada do lucro, busca o

    mais das vezes insensvel agressividade sobre a condio do trabalhador. Da a

    contradio a ser enfrentada: como formar para o trabalho sem condenar o futuro

    trabalhador degradao pelo modo de trabalhar?

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    Na Amrica Latina, a educao vive um momento totalmente dominado por essa

    concepo pragmatista. Visa apenas abastecer o mercado de trabalho com uma mo de

    obra que pode at ser qualificada tecnicamente, mas sem preocupao consistente em

    complementar essa formao tcnica com as dimenses constituintes do homo politicus

    e do homo simbolicus.(ROMO, 2000). Algema-se a educao ao mundo produtivo e

    competitivo do mercado. E essa situao busca legitimar-se pelo pensamento orgnico

    do sistema.

    Segundo Romo (2000), o processo geral de globalizao que vem conduzindo a

    educao superior nos pases perifricos, em geral, mas particularmente no continente

    latino-americano mostra bem a hegemonia de uma concepo de educao como mero

    servio de adestramento tcnico para proviso de fora de trabalho para o mercadocapitalista.

    Comentando a internacionalizao do ensino superior na Amrica Latina, via

    privatizao, Romo destaca:

    Nos dias que correm, se a tendncia do pensamento hegemnico a deconsiderar a educao como um servio, ao invs de um direito, no

    Ensino Superior que esta tendncia se manifesta mais radicalmente. E nos pases latino-americanos, em que a expanso do grau superior vemocorrendo graas expanso do ensino privado, que esta tendncia vai seconsolidando, a despeito das manifestaes contrrias ( p. 34).

    A retorica presente nos discursos oficiais e na prpria legislao chega at a formalizar

    a exigncia dessa trplice dimensionalidade da educao. o que se l, por exemplo, na

    Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional do Brasil, matriz de toda poltica

    educacional que se busca implementar no pas. o que estabelece, literalmente, o art.

    2. A educao, dever da famlia e do Estado, inspirada nos princpios de liberdade enos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do

    educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o

    trabalho.

    As finalidades so claramente postas mas nem sempre as mediaes so instauradas.

    Sem dvida, cabe Filosofia reiterar, com insistncia, os fins e cobrar da sociedade e de

    seus gestores, os meios.

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    Um pensar contextualmente situado.

    Se a educao um processo prtico, integralmente inserido no contexto histrico-social, ento a filosofia da educao latino-americana deve se praticar como

    etnofilosofia, entendida esta como o exerccio, como uma logopraxis terica, expressa a

    partir da circunstncias concretas em que o homo simbolicus latinoamericano se

    encontra historicossocialmente situado.

    Trata-se ento de reconhecer que o conhecimento no obra de uma racionalidade que

    atuaria autonomamente como uma maquina poderosa a funcionar apenas sob

    determinaes lgicas. H que se afirmar a marca profunda que as experincias pr-

    racionais da vivncia sociocultural tm na produo do conhecimento. Da a relevncia

    do olhar antropolgico e da abordagem etnogrfica para se entender o seu processo.

    Como nos lembra Teilhard de Chardin, (1989) com fortes e belas metforas, no seu

    famoso livro, O fenmeno humano, a emergncia do pensamento humano, a

    noognese, cria uma nova camada que cobre toda a superfcie do planeta, como mais

    uma esfera envolvente. Fora e acima da biosfera, uma noosfera, na majestosa

    ordenao das folhas telricas, ... uma membrana a mais.

    A noosfera a camada tecida como que uma membrana de subjetividade que recobre

    todo o planeta habitado pelo homem. Mas ela se expressa como uma logosfera

    especifica, de maneiras diferenciadas, em cada circunstncia, em cada ambiente

    histrico-social, de formas to ricas e variadas como ocorreu com as manifestaes da

    biosfera, criando a maravilhosa rede da biodiversidade. Foi assim que se formou alogosfera especfica do helnico homo simbolicus, lastro da filosofia e da cultura

    ocidentais. O seu brilhantismo, a sua fecundidade, encontrando terreno frtil, fez com se

    tornasse uma logosfera hegemnica de um significativo segmento da humanidade, o que

    a fez se autoconsiderar, se apresentar e se impor como se fosse a prpria noosfera.

    Poderosa, enfeitiou e continua enfeitiando grande parcela da humanidade, da qual se

    tornou ento fetiche, ou seja, objeto de venerao inconteste.

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    S que esse encantamento muitas vezes se deu sob o signo da opresso, da dominao e

    da violncia, fsica ou simblica. A colonizao do planeta pelos europeus ocidentais se

    fez acompanhar no s de etnocdios fsicos mas tambm de etnocdios simblicos, sob

    a forma de epistemicdios: o conquistador/colonizador nega ao conquistado o direito

    prtica de seu modo prprio de conhecer, retirando-lhe o direito de conservar, no ritmo

    prprio de seu tempo, sua prpria logosfera. Todos os povos, sem exceo, na medida

    em que compartilham uma mesma noosfera, desenvolveram uma logosfera espcefica

    que, no entanto, no consegue resistir ao impacto violento de outras logosferas. O

    conquistador europeu, ao invadir a frica e a Amrica, mesmo quando no praticou o

    etnocdio fsico, praticou o epistemicdio, sufocando a prpria fonte de cada cultura

    especfica. Dessas culturas destrudas, sobram traos sob as ruinas e alguma fagulha

    sob as cinzas.

    Lembra-nos Ubiratan DAmbrosio, de forma mais que pertinente, a alienao do

    colonizado pelo colonizador, a perda de sua prpria identidade. O conquistado, mesmo

    sobrevivendo fisicamente, torna-se vtima de um epistemicdio.

    O conquistador no pode deixar o conquistado se manifestar. A estratgiafundamental no processo de conquista, de um indivduo, grupo ou cultura[dominador] manter o outro indivduo, grupo ou cultura [dominado]

    inferiorizado. Uma forma, muito eficaz, de manter um indivduo, grupo oucultura inferiorizado enfraquecer as razes que do fora cultura, removendoos vnculos histricos e a historicidade do dominado. Essa a estratgia maiseficiente para efetivar a conquista (2000, p. 149),

    A remoo da historicidade implica na remoo da lngua, da produo, dareligio, da autoridade, do reconhecimento da terra e da natureza e dos sistemasde explicao em geral (149)... Os sistemas de sobrevivncia e detranscendncia so substitudos. Os sistemas dos dominados foramsimplesmente eliminados e, em alguns casos, o prprio indivduo conquistadofoi eliminado, numa evidente prtica de genocdio (2000, p. 149-150).

    Os esforos para suscitar desses vestgios as epistemologias sufocadas, aqueles quesobrevivem nas logosferas do pensamento do sul, como constatam estudiosos como

    Boaventura de Sousa Santos (2009), Josef Estermann e Enrique Dussel (2009), ao

    investigar o pensamento filosfico dos povos indgenas latino-americanos so

    promissores ensaios de etnofilosofia, que muito podem nos inspirar.

    Segundo Tavares,

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    a expressoEpistemologias do Sul uma metfora do sofrimento, da exclusoe do silenciamento de povos e culturas que, ao longo da Histria, foramdominados pelo capitalismo e colonialismo. Colonialismo, que imprimiu umadinmica histrica de dominao poltica e cultural submetendo sua visoetnocntrica o conhecimento do mundo, o sentido da vida e das prticas sociais.Afirmao, afinal, de uma nica ontologia, de uma epistemologia, de uma tica,

    de um modelo antropolgico, de um pensamento nico e sua imposiouniversal (p. 183)

    A critica ao eurocentrismo no significa a supresso da interao com o pensamento

    ocidental, nem em sua expresso cientfica e nem em sua face filosfica. Isso porque,

    pela nossa imanncia, no mais podemos existir e nos manifestar sem essas mediaes.

    O que est em questo a forma dessa interao: ela precisa ser dialgica, ou seja, lugar

    de efetiva troca.

    Dada nossa condio historicossocial, no podemos jamais abstrair nossa herana,

    vnculos profundos nos ligam necessariamente, tradio europeia, a sua logosfera.

    Principalmente somos dependentes do sistema lingustico indo-europeu, mas para alm

    desse, somos intrinsecamente dependentes da estruturao lgica de nossa forma de

    pensar. Esse dilogo vai na linha da proposta de uma filosofia intercultural, da qual

    Raul Fornet-Betancourt vem nos dando pioneiras e inspiradoras pistas (2004),

    propondo a superao tanto de uma fuso numa filosofia supostamente universal quanto

    de um isolamento numa filosofia puramente nacional e a busca de um entrelaamento

    de mltiplas culturas, onde nenhuma expresso filosfica ocupe o centro. Socorrendo-

    nos das consideraes de Menezes, pode-se dizer que a filosofia intercultural busca

    promover uma reflexo profunda sobre a pluralidade dos saberes produzidos pela

    humanaidade (2011, p. 327)

    Referncias bibliogrficasBUBER, Martin. Eu e tu. 10 ed. Trad. Newton Aquiles Von Zuben.So Paulo:Centauro, 2006.

    CHARDIN, Teilhard de. O fenmeno humano. So Paulo: Cultrix, 1989.

    DAMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemtica: uma proposta pedaggica para a civilizaoem mudana. In: Anais do Primeiro Congresso Brasileiro de Etnomatemtica. SoPaulo: Feusp, 2000. p. 143-152.

    DUSSEL, Enrique; MENDIETA, Edurardo; BOHORQUEZ, Carmen. (Eds.) Elpensamento latinoamericando del Caribe y latino (1300-2000): Histria, corrientes,

    temas y filsofos. Mexico: CREFAL / Siglo XXI Editores, 2009.

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    ESTERMANN, Josef.Filosofia andina: sabiduria indgena para un mundo nuevo. 2 ed.La Paz: ISEAT, 2006.

    FORNET-BETANCOURT, Raul. Interculturalidade: crticas, dilogo e perspectivas.So Leopoldo: Editora Nova Harmonia, 2004.

    FORNET-BETANCOURT, Ral. Questes de mtodo para uma filosofia interculturala partir da Ibero-Amrica.So Leopoldo; Ed. UNISINOS, 1994.

    LVINAS, Emmanuel.Entre ns: ensaios sobre a alteridade. Petrpolis:Vozes, 1997.

    MENEZES, Magali M. de. Nos interstcios da cultura: as contribuies da filosofiaintercultural.Educao. Porto Alegre. v. 34, n. 3, p. 324-329. Set./dez 2011.

    MOUNIER, Emmanuel. O personalismo.Lisboa: Moraes Editores, [1973]

    ROMO, J. Eustquio; MONFREDINI, Ivanise. (Orgs.) Prometeu desencantado:educao superior na ibero-Amrica. Braslia: LiberLivro, 2000.

    SAMPAIO, Carlos M. A.; SANTOS, M. do Socorro dos; MESQUIDA, Peri. Do

    conceito de educao educao no neoliberalismo. Revista Dilogo Educacional,Curitiba, v. 3, n.7, p. 165-178 , set./dez. 2002.

    SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, M. Paula (Orgs.) Epistemologias do sul.Coimbra: Almedina, 2009.

    SEVERINO, Antonio J. Educao, ideologia e contra-ideologia. So Paulo: EPU,1986.TAVARES, Manuel. Resenha de Epistemologias do Sul.Revista Lusfona de Educao[on line] 2009. n. 13. p. 183-189. Lisboa

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    A DIFUSO DO PENSAMENTO DE GILLES DELEUZE NAEDUCAO BRASILEIRA: ESBOO DE UM MAPA

    Christian Fernando Ribeiro Guimares Vinci

    Cintya Regina Ribeiro

    RESUMO

    Esse trabalho prope apresentar um estado da arte dos estudos de cunhodeleuziano no campo educacional brasileiro, focalizando para tanto os artigos

    publicados nos 33 mais renomados peridicos acadmicos da rea de acordo com atabela Qualis 2012 entre os anos 1990 e 2011. Por meio de um movimentogenealgico, tal como defendido por Michel Foucault, buscaremos captar o momento deerupo desta literatura, s quais questes visa debater e apontar para as formas deapropriao do pensamento de Gilles Deleuze por esta seara educacional.

    Essa pesquisa parte da percepo, cada vez mais acentuada, da centralidade quealguns conceitos formulados por Deleuze e Deleuze-Guattari tm tido no pensamentoeducacional brasileiro. No difcil depararmos com conceitos como nomadismo, devir,rizoma, plats, desterritorializao e tantos outros. Diante dessa sombra deleuzianaque paira sobre o campo, da imensa mirade de escritos que vemos surgir a cada dia,

    faz-se necessrio interpelar essa literatura de forma a configurar um possvel horizonteda difuso de tal pensamento na produo acadmica educacional brasileira,apresentando um mapa, cartografando, portanto.

    Acreditando que Deleuze surge no campo educacional com mais fora a partirde meados da dcada de 2000, buscando dar um novo flego aos estudos de linhagemps-estruturalistas na rea de acordo com diagnstico de Tomaz Tadeu da Silva, umdos responsveis pela difuso do filsofo francs no pas , convm indagarmos qual a

    promessa de tais escritos, para onde apontam? Qual a verdade dessa literatura? Questese hipteses que cremos ser possvel responder por meio de uma anlise genealgica das

    fontes, anlise esta capaz tambm de nos ajudar a compreender um pouco melhor essanova linha discursiva que vemos surgir no campo. Tal pesquisa, longe de querer esgotaro tema, buscar somente chamar nossa ateno para esse novo filo que tem tomadocorpo e para os problemas que tal literatura circunda: para onde caminhamos, por fim.

    PALAVRAS-CHAVE: Gilles Deleuze; Genealogia; Literatura Educacional;Pensamento da Diferena; Mapa

    No Brasil, os estudos ps-estruturalistas em educao vm crescendo a cada ano,

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    sendo inmeros os dossis e livros publicados acerca dessa abordagem sobretudo a

    partir da dcada de 2000. Os nomes de Foucault, Deleuze e Derrida, entre tantos outros

    que compem a linha de autores denominados ps-estruturalistas, j soam familiares

    aos ouvidos de pedagogos e pesquisadores da rea.

    Entendendo o quo importante realizar um balano peridico do estado de

    coisas vigentes numa rea de pesquisa, uma vez que permite mltiplas possibilidades

    de se pensar o cenrio terico e metodolgico predominante no campo (Angelucci et al.,

    2004), nossa comunicao visa seguir um movimento que h alguns anos vem tomando

    forma no cenrio educacional brasileiro: uma reviso da literatura dita ps-

    estruturalista.

    Nossa pesquisa, contudo, no pretende tomar toda a mirade de escritos ps-

    estruturalistasextensa, diga-se de passagem -, mas centrar-se em certa literatura que

    vem sendo produzida nesta seara: aquela ligada ao pensamento de Gilles Deleuze.

    Porque Deleuze? Devido posio de destaque que tal autor tem tido entre ns,

    sobretudo. Se antes esse filsofo adentrou na discusso educacional conjuntamente com

    Michel Foucault e Flix Guattari, hoje tem aparecido de forma independente e com

    certa regularidade. Outro motivo que nos fez escolher tal autor deve-se escrita muito

    peculiar que caracterizaria os deleuzianos: so saltos, piruetas, cambalhotas

    etc., que visam animar e trazer movimento ao campo da educao. Basta um rpido

    bater de olhos sobre a produo recente no campo para percebermos que certos

    conceitos como nomadismo, devir, rizoma, plats, desterritorializao etc. so hoje

    bem conhecidos e parecem circular com certa facilidade nos peridicos da rea.

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    Buscando captar a forma e os momentos nos quais emergem diferentes modos

    de apropriao do pensamento deleuziano no campo educacional, optamos por

    cartografar os 33 mais bem cotados peridicos da rea de acordo com a tabela Qualis

    20122. So eles: Avaliao; BOLEMA (Boletim de Educao Matemtica); Cadernos

    CEDES; Cadernos de Educao; Cadernos de Histria de Educao; Cadernos de

    Pesquisa);Cincias & Educao;Currculo sem Fronteiras;Dilogo Educacional;

    E-currculo;Educao & Realidade;Educao & Sociedade;Educao (PUCRS)

    ; Educao e Filosofia; Educao e Pesquisa; Educao em Questo; Educao em

    Revista (UFMG);Educao Temtica Digital;Educar em Revista;Ensaio;Estudos de

    Avaliao Educacional;Perspectiva (UFSC);Prxis Educativa;Pr-Posies;Revista

    Brasileira de Educao;Revista Brasileira de Educao Especial;Revista Brasileira de

    Estudos Pedaggicos;Revista Brasileira de Histria da Educao;Revista Brasileira

    de Pesquisa em Educao em Cincias;Revista Brasileira de Poltica e Administrao

    em Educao; Revista de Investigao em Ensino de Cincias; Revista Educao

    Pblica;Revista FAEEBA.

    Esses peridicos contemplam todo o universo A1 e A2 da tabela Qualis, havendo

    apenas duas excees: os Cadernos de Pesquisa, da Fundao Carlos Chagas, e a

    Revista Brasileira de Estudos Pedaggicos, do INEP (Instituto Nacional de Estudos e

    2A CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior)disponibiliza anualmente uma lista com a classificao dos veculos utilizados pelos

    programas de ps-graduao para a divulgaoda sua produo, comumente conhecidacomo Tabela Qualis. Os dados utilizados so obtidos a partir de informaes fornecidas

    pelos prprios veculos, por meio de um aplicativo desenvolvido pela prpria CAPES.Maiores informaes podem ser obtidas no site da prpria instituio:

    http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis. Acessado em: 18/dezembro/2012.

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    Pesquisa Educacionais Ansio Teixeira). O primeiro, avaliado como B2, vem sendo

    publicado desde 1971 e tem como objetivo divulgar as pesquisas acadmicas

    produzidas na rea; j o segundo, avaliado como B1, um dos mais antigos peridicos

    brasileiros na rea, sendo publicado desde 1944, e visa publicar artigos inditos de

    natureza tcnico-cientfica, resultantes de estudos e pesquisas que contribuam para o

    desenvolvimento do conhecimento educacional e que ofeream subsdios s decises

    polticas na rea. O tempo de sua publicao e o escopo justificam, ao nosso ver, a

    relevncia dos peridicos para nossa lista.

    Cabe referendar nossas escolhas: Por que artigos? Dentre tantas produes na

    rea, focalizamos os artigos acadmicos por entendermos que eles esboam um

    pensamento em movimento sempre validado por pares, e que, portanto, permitem nos

    mostrar as diferentes formas por meio das quais Deleuze foi apropriado pelo campo,

    bem como o quanto este est campo se v permevel a tal pensamento. Quanto ao

    recorte temporal, vinte e um anos podem parecer um perodo extenso, mas na verdade

    no o , pois um breve contato com as fontes sugere que Deleuze surge no campo como

    bibliografia de apoio, sobretudo aos autores que operam com o pensamento de Foucault,

    nunca como principal referncia terica. O ponto de virada se d em fins da dcada de

    1990, quando um conjunto de artigos emerge nessas publicaes, no s utilizando

    Deleuze como grande referencial terico mas, em muitos casos, trazendo uma espcie

    de escrita inventiva.

    Nosso problema, por fim, vem a ser: em resposta ao qu Deleuze surge no

    cenrio educacional? A quais problemas tal apropriao terica visa responder? Em

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    suma, analisar a publicao recente buscando no enxerg-la ali onde ela se mostra, mas

    seu rastro, seu suposto movimento rumo a possveis aberturas no pensamento da rea.

    Frente produo no campo educacional ligada ao pensamento de Gilles Deleuze, a

    pergunta que nos move fomentada pelo pensamento de outro autor: Michel Foucault.

    O que procuraremos fazer uma anlise genealgica dessa produo, projeto to bem

    desenvolvido pelo filsofo francs em suas investigaes. Ao que visa a genealogia? De

    acordo com o prprio:

    concerne formao efetiva dos discursos, quer no interior dos limites

    do controle, quer no exterior, que, a maior parte das vezes, de um lado

    e de outro da delimitao. A crtica analisa os processos de rarefao,

    mas tambm de reagrupamento e de unificao dos discursos; a

    genealogia estuda sua formao ao mesmo tempo dispersa,

    descontnua e regular

    (Foucault, 2006, p.65-66)

    Assim, tomamos os peridicos tendo em vista captar a formao dessa literatura

    deleuziana no campo. Do ponto de vista metodolgico, a triagem do acervo foi realizada

    a partir de dois critrios: a) os artigos deveriam fazer referncia explcita a Gilles

    Deleuze ou Flix Guattari e b) os artigos deveriam indicar uma ou mais obras destes

    autores em sua bibliografia. Alguns artigos, contudo, apesar de trabalharem com

    conceitos caros a estes pensadores e indicar seus nomes no corpo do texto, no

    indicavam sequer uma de suas obras na bibliografia. Desse conjunto, convm notar,

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    apenas dois foram publicados anteriormente ao ano de 2005, momento em que

    acreditamos despontar como o de consolidao do pensamento de Deleuze e Deleuze-

    Guattari, e somente um deles, assinado por Tomaz Tadeu da Silva, afirma-se como

    sendo de carter deleuziano. Tal evidncia pode vir adensar a tese de que os conceitos

    deleuzianos (desterritorializao, cartografia, devir etc.) s comeam a circular de forma

    independente na literatura da rea aps 2005.

    Com mais de 90% das revistas j cartografadas, nosso arquivo conta, at o

    presente momento, com 355 artigos; destes, 296 so de autores brasileiros, 56 de

    autores estrangeiros e 3 de autoria mista. Dentre os primeiros, h mais de 290 autores,

    espalhados pelas cinco regies do pas em 69 instituies diferentes (sendo que a regio

    sudeste a que mais tem produzido, seguida de perto da regio sul); j entre os

    estrangeiros, contamos com a predominncia de autores de lngua espanhola, em sua

    maioria oriundos da Amrica Latina, e um nmero significativo de autores anglo-

    saxes.

    Os assuntos educacionais tratados por essa literatura so variados, discutindo-se

    desde temas inovadores, pedagogia da diferena por exemplo, at alguns mais

    clssicos vale notar a recorrncia de alguns deles: aprendizagem aparece 9 vezes;

    currculo, 30;disciplina, 8;educao, 44;escola, 7;ensino, 9;formao, 22; eprticas

    pedaggicas, 9. Tais publicaes tambm versam sobre arte, filosofia sobretudo

    questes ligadas ao seu ensino, que aparece 12 vezes -, tecnologia e cincias.

    Percebemos tambm que alguns conceitos so considerados nucleares. Apontamos os

    mais citados entre as palavras-chave: diferena, que aparece 23 vezes; experincia, 6;

    genealogia, 5;governamentalidade, 9;rizoma, 6;ps-moderno, 9; esubjetivao, com

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    18 recorrncias. Alguns autores tambm aparecem constantemente nos termos-chave:

    o caso de Michel Foucault, apontado 22 vezes, e Nietzsche, 6 vezes citados; o prprio

    Deleuze aparece 21 vezes e Guattari apenas 5.

    Quando surge essa literatura? O primeiro artigo a referenciar Deleuze de 1990,

    citando seu livro Foucault. Nesse artigo intitulado Aproximando-se da escola:

    algumas consideraes luz de Michel Foucault de Maria Juracy Toneli Siqueira e

    publicado na revistaPerspectivade Florianpolisevidencia-se tambm a referencia

    obra de Flix Guattari em parceria com Suely Rolnik - Micropolticas: cartografiasdo

    desejo. Vale destacar que ambas as obras so citadas somente na bibliografia final,

    sendo o corpo do texto articulado apenas com referenciais foucaultianos.

    Textos pioneiros e responsveis por iniciar a introduo do pensamento de

    Deleuze, ao nosso ver, seriam os de Fabrini (1992) e Favareto (1993), publicados na

    Educao e Filosofia e na Revista da Faculdade de Educao (atual Educao e

    Pesquisa) respectivamente. Ambos discutem o ensino de filosofia e dialogam entre si

    o primeiro, abordando o livro de Gilles Deleuze e Flix Guattari, O que Filosofia?,

    como referencial terico; o segundo, evocando alguns pontos de Diferena e Repetio.

    Destacamos, porm,que estes artigos no operam exclusivamente com Deleuze como

    referencial terico, apresentando o filsofo francs sempre acompanhado de outros

    pensadores.

    O artigo de Nyvia Cristina Bandeira Castro, intitulado Questes discursivas:

    retomando algumas consideraes e publicado em 1993 no peridico Educao e

    Filosofia, por sua vez, parece dar incio a uma leitura mais exegtica e densa da obra de

    Deleuze. Termos comopalavras de ordem, diferenae tantos outros circulam de forma

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    mais densa, sendo trabalhados e analisados no corpo do prprio texto. Emerge toda uma

    srie de discusses e problematizaes que encontraremos anos depois em muitos dos

    estudos que se auto-referenciam como deleuzianos. A esse respeito, a concluso do

    artigo notvel:

    Produzir fazer a diferena, problematizar. O que nos interessar,

    ento, perceber que tipo de estratgia est fazendo funcionar o

    estrato histrico (produto do visvel e o enuncivel) e, no qual, est

    inserido o segmento discursivo que leva produo, ao e,

    consequentemente, s transformaes que mobilizam nosso interessecomo objeto de estudo

    (Castro, 1993, p.39).

    Aqui percebemos um emaranhado forte Foucault-Deleuze na medida em que

    ambos aparecem com uma mesma fora para se problematizar dada questo algo que

    raramente observamos nos demais escritos desse perodo.

    Esses artigos so emblemticos do estrato entre 1990 e 1995, espao de tempo

    no qual 22 artigos foram escritos, tomando Deleuze sempre como uma figura menor:

    aparecendo sempre ao lado de Foucault, Kant, Nietzsche ou mesmo Guattari. Este,

    convm frisar, um dos autores mais citados no incio desta dcada talvez devido ao

    forte impacto de seu pensamento e sua presena no Brasil na dcada de 1980.

    No cenrio brasileiro, o livro de Deleuze mais referenciado no perodo 1990-

    1995 seuFoucault, citado oito vezes, seguido de seuA Dobra: Leibiniz e o Barroco,

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    A Filosofia Crtica de Kant eLgica do Sentido estes trs ltimos so citados duas

    vezes. Vale notar que dessas obras, trs remetem a estudos monogrficos, condio que

    s tende a acentuar nossa viso de que a entrada de Deleuze no pensamento educacional

    parece realizar-se a partir de seu carter de comentador de outros importantes filsofos.

    Tal situao distingue-se da posio de Guattari, pensador que, no mesmo perodo, tm

    trs de seus mais importantes livros referenciados e trabalhados de forma independente

    entre nsso eles:As 3 Ecologias, CaosmoseeRevoluo Molecular.Inclumos ainda

    o trabalho previamente enunciado escrito em parceria com Suely Rolnik, produo que,

    embora pouco citada nesse perodo, foi constantemente evocada.

    De 1995 a 2000, o rol de obras recorrentemente citadas de Deleuze aumenta,

    bem como de Guattari, porm o livro Foucaultcontinua sendo o mais referenciado e

    utilizado, seguido diretamente de Conversaes.Neste ltimo encontram-se os textos de

    Deleuze sobre a Sociedade de Controle, post-scriptum sobre as sociedades de controle

    e controle e devir, produes que, a partir da dcada de 2000, circularo de forma

    independente. Nesse mesmo perodo, as obras escritas em parceria com Guattari O

    Anti-dipo,Kafka: por uma literatura menor,Mil Plats eO que Filosofia?entram

    em cena. Apesar de O Anti-dipocontar com uma traduo nacional desde a dcada de

    1970, sua primeira citao no com junto dessa literatura ser apenas em 1997. J os

    livros O que Filosofia?, traduzido entre ns em 1992, eMil Plats, cuja traduo teve

    incio em 1995 e terminou em 1997, foram citados pontualmente em 1992 em suas

    verses originais em francs. Entretanto, somente em 1996 esses trabalhos aparecero

    mais intensamente, abrindo para uma discusso mais densa de seus contedos.

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    A dcada de 2000, contudo, ser o momento de exploso destes autores corte

    significativo encontra-se em 2002, ano no qual, alm de um dossi sobre Deleuze

    publicado na revista Educao & Realidade, o montante de 28 obras de Deleuze,

    Guattari e Deleuze-Guattari sero citadas 94 vezes em 27 artigos diferentes. Notvel

    observar que esse valor quase se aproxima do total dos ltimos onze anos, perodo no

    qual 27 obras sero citadas 154 vezes em um total de 85 artigos. Isso nos mostra que os

    autores comeam a ser utilizados de forma mais sistemtica.

    Vale fazer um raciocnio comparativo: enquanto entre 1990 e 2000 foram

    publicados 67 artigos, que trabalharam com um espectro de 24 obras citadas 121 vezes

    com destaque para as obrasFoucault(17 vezes),Mil Plats(14),Micropoltica(12),

    Conversaes (9),Revoluo Molecular (9) eO que Filosofia? (7), no perodo de

    2001 a 2011 esse total quadruplica, pois foram publicados 288 artigos, trabalhando com

    53 obras que foram citadas 678 vezes.

    Em relao ao espectro miditico, faz-se necessrio pontuar que, at 1995, os

    autores ficaram restritos a 8 peridicosPerspectiva,Educao e Filosofia,

    Educao e Pesquisa,Educao e Sociedade,Cadernos de Pesquisa, Revista Educao

    Pblica eEducao & Realidade. Esse nmero aumenta nos cinco anos seguintespara

    11 peridicos, at chegar a 32 ao todo em 2011 apenas o peridico Revista de

    Investigao em Ensino de Cincias no trouxe sequer um artigo que cite Deleuze,

    Guattari ou Deleuze-Guattari.

    Os peridicos que mais articularam trabalhos foram: Educao & Realidade,

    com 77 artigos; na sequncia,Educao & Sociedade, com 42;Pr-posies, com 26;

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    Educao e Pesquisa, com 21; eRevista Brasileira de Educao, com 19. Necessrio

    pontuar que todos esses peridicos se comprometem a informar e discutir os principais

    temas e teorias que circulam no campo educacional, de acordo com seus editoriais.

    Entre os peridicos que menos citaram os autores, constam: Revista Brasileira de

    Histria da Educao, Cincia & Educao, Avaliao e Cadernos de Histria da

    Educao todos com apenas 1 artigo. Podemos supor que Deleuze, Guattari ou

    Deleuze-Guattari circulam muito mais nos peridicos que se propem a discutir temas

    mais tericos e gerais sobre educao, do que naqueles que optam por apontar aspectos

    mais temticos. Tivemos, para alm dessa disposio, no decorrer destes 21 anos apenas

    dois dossis dedicados exclusivamente a Gilles Deleuze o primeiro deles publicado

    em 2002, no peridico Educao & Realidade; o outro em 2004, publicado em

    Educao & Sociedade.

    Os assuntos educacionais tratados por essa literatura so variados, discutindo-se

    desde temas inovadores, pedagogia da diferena por exemplo, at alguns mais

    clssicos vale notar a recorrncia de alguns deles: aprendizagem aparece 9 vezes;

    currculo, 30;disciplina, 8;educao, 44;escola, 7;ensino, 9;formao, 22; eprticas

    pedaggicas, 9. Tais publicaes tambm versam sobre arte, filosofia sobretudo

    questes ligadas ao seu ensino, que aparece 12 vezes -, tecnologia e cincias.

    Percebemos tambm que alguns conceitos so considerados nucleares. Apontamos os

    mais citados entre as palavras-chave: diferena, que aparece 23 vezes; experincia, 6;

    genealogia, 5;governamentalidade, 9;rizoma, 6;ps-moderno, 9; esubjetivao, com

    18 recorrncias. Alguns autores tambm aparecem constantemente nos termos-chave:

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    o caso de Michel Foucault, apontado 22 vezes, e Nietzsche, 6 vezes citados; o prprio

    Deleuze aparece 21 vezes e Guattari apenas 5.

    Quando surge essa literatura? O primeiro artigo a referenciar Deleuze de 1990,

    citando seu livro Foucault. Nesse artigo intitulado Aproximando-se da escola:

    algumas consideraes luz de Michel Foucault de Maria Juracy Toneli Siqueira e

    publicado na revistaPerspectivade Florianpolisevidencia-se tambm a referencia

    A breve e panormica apresentao de nosso arquivo de pesquisa teve

    como objetivo evidenciar, de forma preliminar, o modo como foi composto bem

    comodesenhar as linhas de sua distribuio e seus movimentos de difuso. Esse

    empreendimento inicial, ao configurar-se como nossa plataforma de pesquisa, oferece-

    nos um conjunto inquietante de registros, provocando-nos mltiplas interrogaes.

    Mantendo em nosso horizonte investigativo a questo genealgica privilegiada de nossa

    pesquisa em resposta ao qu Deleuze surge no cenrio educacional? A quais

    problemas tal apropriao terica visa responder?- buscamos, a partir da discusso

    sobre o modo como os conceitos deleuzianos operam em relao ao campo do

    pensamento e da escrita, apreender e cartografar as formas com as quais essa literatura

    singular lida com certos problemas caros ao campo educacional. Eis o que move nossa

    pesquisa.

    Referncias bibliogrficas

    ANGELUCCI, Carla Biancha et al. O estado da arte da pesquisa sobre o fracasso

    escolar (1991-2000): um estudo introdutrio. Educao e Pesquisa.So Paulo,

    v.30, n.1, p.51-72, jan/abr. 2004.

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    CASTRO, Nyvia Cristina Bandeira de. Questes discursivas: retomando algumas

    consideraes. Educao e Filosofia. Uberlndia, v.7, n.13, p. 33-40, jan/jun.

    1993.

    FABRINI, Ricardo Nascimento. O ensino da filosofia: uma arte de multiplicao dos

    signos?. Educao e Filosofia. Uberlndia, v.6, n.12, p. 125-127, jan/dez. 1992.

    FAVARETTO, Celso F. Sobre o ensino de Filosofia. Revista da Faculdade de

    Educao. So Paulo, v.19, n.1, p.97-102, jan-jun. 1993.

    FOUCAULT, Michel. A Verdade e as Formas Jurdicas. Rio de Janeiro: NAU, 2002.

    ____________. A Ordem do Discurso. So Paulo: Edies Loyola, 2006.

    _____________. Nietzsche, a genealogia e a histria. In: ____________.Ditos

    e Escritos vol. II: Arqueologia das cincias e histria dos sistemas de

    pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2008

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    FILOSFICA POLTICA Y EDUCACIN: UNA CRTICA A LACLAUSURA DE LA REFLEXIVIDAD

    Prof. Mariana M. Geniz

    La educacin es una de las relaciones posible entre los varones y mujeres en la cual se

    pone en juego la necesidad, o ms bien el imperativo moral, de reconocer al otro como

    un sujeto que se constituye al interior mismo de ese proceso como sujeto libre,

    autnomo, autntico, crtico, reflexivo. Analizar la educacin es reflexionar sobrecules son las condiciones de posibilidad de un modo de educacin que posibilite lo

    antes dicho, reflexionar acerca de cules condiciones son mejores para favorecer la

    realizacin de la educacin como un proceso de liberacin autnoma, reflexiva y de

    autenticidad.

    Cabe preguntar: Cundo estn dadas estas condiciones de posibilidad? o tambin

    cundo no estn dadas? La respuesta a estas cuestiones exige un anlisis, que si bienubica a la educacin en el centro, necesariamente invoca tambin lo que podra

    denominarse un clima de poca, una tendencia cultural, determinados procesos

    histricos sociales. Pero aludir a todos esos aspectos no nos exime de un anlisis

    filosfico de la educacin.

    En ese sentido es que propongo abordar esta problemtica desde la perspectiva de la

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    Teora Social Crtica puesta en dilogo con la Teora Crtica de la Pedagoga para

    someter a anlisis los factores que, en la Argentina del presente, pero en cierto modo

    tambin en lo que podramos denominar la sociedad actualglobalizada, como ha sido

    denominada3 y han contribuido a constituir a la educacin de un modo que, segn

    considerar, contraviene y anula las posibilidades de que la educacin se realice como

    se ha planteado en el prrafo anterior.

    Si bien para ciertos sectores esto no reviste un problema y ms an, lo favorecen, en

    todo caso no pueden aceptarse por s mismos, sino que deben re-pensarse para que, si se

    aceptan, esta aceptacin sea crtica.

    No obstante insisto en que mi inters est puesto en cuestionar aquellos procesos que,

    en general, han ido cooptando y le han ido negando la posibilidad de la crtica y la

    reflexividad en la educacin.

    Al mismo tiempo, los embates y las particularidades del proceso histrico social

    denominado Neoliberalismo, y con mejor precisin Neoconservadurismo, tambin

    confieren la posibilidad de ser pensados, analizados, discutidos desde la tradicin

    terica que conocemos como Teora Crtica ya que sta nos aporta categoras de anlisis

    para desenmascarar la ideologa del rendimiento4y su universalizacin como criterio

    de toda accin y actividad humana. As pues, puede proporcionar categoras crticas no

    slo para el anlisis de la educacin, sino para pensar y cuestionar la sociedad actual en

    tanto y en cuanto se ha constituido como una sociedad que privilegia la produccin y

    reproduccin de capital.

    En este sentido vemos que se fomenta el imaginario de que la educacin slo debe

    3En este trabajo se utiliza el concepto Globalizacincon intencionalidad crtica

    4Este concepto ha sido elaborado como categora central de mi tesis de Maestra.

    Crtica del Rendimiento en laeducacin. Facultad de Ciencias de la Educacin. UNER.

    Maestra en Educacin. Mencin Filosofa Poltica.

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    servir para formar cuadros tcnicos y consumidores capaces de insertarse en el mundo

    laboral del trfico mercantil profundizndose as el despliegue de la sociedad opulenta

    (Marcuse), en desmedro de una poltica educativa que se propusiera la formacin de

    ciudadanos.

    Si bien los exponentes aludidos son los tericos de la llamadaEscuela de Frankfurten

    sus sucesivas generaciones, Jrgen Habermas aparece como el referente ineludible en la

    actualidad. Este trabajo intentar tomar entonces algunas categoras de anlisis de la

    Teora Crtica en la tradicin signada por Habermas, para ponerlas en dilogo con

    algunas categoras provenientes de la Teora Crtica de la Educacin, y en ese cruce ir

    perfilando una crtica a la situacin actual de la educacin tomando como referencia a

    Argentina en particular.

    econmica, cultural y educativa, las cuales son funcionales al modo de

    produccin capitalista en cualquiera de sus etapas, fundamentalmente en los

    pases perifricos.

    Las categoras que Freire aporta para dar cuenta de los procesos por los que se

    construye la opresin y la exclusin son, al mismo tiempo, las que permiten

    pensar la posibilidad de transformacin. As, cuando define la postura terica,

    poltica e ideolgica del radicalismo crtico5 est poniendo en cuestin las

    actitudes sectarias y cerradas, negadoras de la posibilidad de abrir otras

    alternativas que permitan pensar y trabajar por una sociedad justa e igualitaria.

    Al mismo tiempo el radicalismo crticono se contenta con su propia visin,

    sino que pone en cuestin no slo los procesos histricos sociales, sino

    tambin las posturas asumidas por otros y por s mismo, porque en definitiva loque se propone es no aceptar lo dado, sino captar las contradicciones para

    encontrar al interior de ellas nuevos sentidos para la historia entendida como

    posibilidad. Por ello, encarar un trabajo intelectual y poltico de radicalismo

    5 Freire, Paulo. Pedagoga de la Esperanza. Un reencuentro con la Pedagoga del

    oprimido.Siglo XXI Editores Argentina, 2002

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    crtico, conlleva la necesidad de construir un pensamiento y un lenguaje que

    posibiliten la transformacin del mundo. Dice Freire, no es puro idealismo no

    esperar que el mundo cambie radicalmente para ir cambiando el lenguaje.

    Cambiar el lenguaje es parte del proceso de cambiar el mundo. La relacin

    lenguaje pensamiento mundo es una relacin dialctica, un proceso, es

    contradictoria.6

    Por eso, todo proceso educativo que se proyecte para lograr el objetivo genuino

    y sincero de actuar con los educandos para juntos cambiar el mundo, debe

    apuntar a desarrollar la relacin educacin y concienciacin que

    desenmascare la contradiccin entre opresores y oprimidos. Y esta educacin

    se opone al tipo de educacin que Freire denomina bancaria7, porque al

    contrario de sta, aquella se propone desarrollar una prctica educativa

    dialgica que posibilite la accin y reflexin entendida como un proceso

    colectivo.

    En los aos 60 los pedagogos se preguntaban qu significa educar?,pues

    los pedagogos latinoamericanos que se reconocan polticamente de izquierda

    no podan obviar esa cuestin en un contexto socio econmico injusto, es

    ms, lo consideraban un deber moral y poltico. Freire responda a esa cuestin

    diciendo que ... la educacin verdadera es praxis, reflexin y accin del

    hombre sobre el mundo para transformarlo8

    1- Con el maestroFreire aprendimos que la educacin es una de las condiciones de

    6

    Idem.

    7Segn Julio Barreiro en el estudio preliminar que presenta el libroEducacin comopractica de la libertadde P. Freire, en la 48 edicin de Siglo XXI de 1999, la expresinbancaria es tomada por el pedagogo brasileo de Pierre Furter

    8 Freire, Paulo. La educacin como prctica de la libertad. Siglo XXI editores.

    Mxico, 1999

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    posibilidad de que los varones y mujeres se transformen en sujetos libres capaces de

    transformar su mundo, y que esto exige la necesidad histrica de volverse crticos, de

    poder relacionarse con el conocimiento de modo activo, creativo, no mecnico, con

    curiosidad, para que el conocer se transforme en acto de conocer, donde se juegue la

    autonoma de los sujetos y se logre una comprensin dialctica.

    Al cuestionar la educacin, Freire no lo hace aislndola del conjunto de la sociedad sino

    que su visin crtica es respecto a todas las formas de la exclusin, sea social, poltica,

    En los aos 90 volvimos a preguntrnoslo, y aun en el nuevo siglo esa pregunta sigue

    abierta exigiendo nuevas respuestas. Qu significa educar?. En el presente se ha

    modificado el modelo de produccin y acumulacin, pero no se han modificado ni el

    modo de produccin ni las condiciones sociales de existencia respecto de la injusticia, la

    exclusin, la violencia material y simblica, la explotacin, la expropiacin. La

    opresin, injusticia y desigualdad, siguen siendo venas abiertas y es en este punto donde

    se cruzan los planteos de entonces y de ahora. La pedagoga del oprimidono ha sido

    superada. Ms an: nos interpela sobre qu hemos hecho y qu no hemos hecho en estos

    cincuenta aos.

    Es por eso que si se propone ampliarla, profundizarla, abrirla a nuevos sentidos, se debe

    ser consientes de que siempre se estar dando vueltas a su entorno. Puede desplegrsela

    espiraladamente, pero en tanto los oprimidos continen existiendo, la pedagoga y la

    educacin debern ser tareas polticas liberadoras. Y an superada esta situacin,

    tambin.

    Las subjetividades, los lenguajes, los pensamientos, los imaginarios, ya no son lo que

    hace cincuenta aos. Se puede diferenciar el modo en que se configuran y desplieganlos sujetos en estos ltimos veinte aos, pero no por eso se puede dejar de caracterizar el

    orden econmico y poltico mundial como de capitalismo, pues sea tardo, globalizado,

    con predominancia del capital financiero, etc. sigue siendo capitalismo y como tal

    sobreimpone expropiacin de la riqueza, generando explotacin, marginalidad, miseria,

    ejrcito de reserva de mano de obra calificada barata.

    La Pedagoga del oprimidonos ha dado claves para pensar y criticar la relacin entre

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    educacin y neoliberalismo en tanto relacin contradictoria, porque en ella se

    desenmascara que capital y derecho a la educacin son dos opuestos irreconciliables.

    Esta consideracin permite ver tambin que los problemas que surgen de la aplicacin

    de las polticas neoliberales no son slo un problema econmico y poltico sino tambin

    filosfico en tanto y en cuanto ubica el proceso de socavamiento y exterminio de las

    ideas de soberano (en sentido rousseoniano), esto es, de ciudadano autnomo que

    delibera y se gobierna por s.

    2- Entiendo, como ya lo he dicho, que es preciso considerar como uno de los supuestos

    para analizar reflexivamente sobre la educacin, el que ella es una relacin tica y

    poltica y que los sujetos involucrados en su interior deben ser considerados fines en s

    mismos. Y es a partir de esta premisa que cobra relevancia el anlisis filosfico de la

    educacin, tambin desde la teora de la accin. Propongo entonces un breve y rpido

    repaso de algunas categoras que permiten poner en dilogo estas dos Teoras que

    aparecen como provenientes de campos de conocimientos diferentes pero que hunden

    sus races y abrevan en un concepto filosfico comn, permitindonos profundizar

    nuestras reflexiones.

    En Teora de la accin comunicativa: complementos y estudios previos, Habermas

    encara la determinacin y el concepto de accin comunicativa, entendiendo que ha sido

    una categora desatendida por la tradicin, y se propone hacer un aporte que resulta

    fundamental y revolucionario en la Teora de la Accin en trminos de teora del

    lenguaje (pragmtica).

    Accin comunicativa es un concepto de la teora sociolgica de la accin que permite

    discutir acerca de las condiciones de posibilidad de la accin social, entendida comointeraccin de sujetos, es decir varones y mujeres que se autocomprenden como

    autnomos y como fin en s mismos.

    La accin social alude a la necesidad de la coordinacin de actos entre los sujetos

    involucrados en una situacin, transida por dos factores, o el acuerdo o la

    influencia. As pues, o bien las acciones entre ego y alter quedan coordinadas en la

    accin social por procesos de entendimiento; o bien las acciones se coordinan por

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    procesos de influencia mutuas. De ah se infieren dos tipos ideales de accin social: la

    accin comunicativa yla accin estratgica.9

    La accin comunicativaes un acto moral, porque exige el mutuo reconocimiento de los

    sujetos como autnomos, capaces de discernir, de aceptar un saber como vlido, no por

    la fuerza, sino por convicciones comunes que suponen la posibilidad de entendimiento;

    mientras que la bsqueda de influencia, la accin estratgica,est ligada a la bsqueda

    de xito individual, propia de relaciones competitivas donde el otro es un medio o un

    impedimento para el logro de fines

    Todas las acciones sociales se apoyan en la interpretacin de la situacin y en la accin

    en s misma que trata de lograr un fin, pero Habermas reconoce que hay por lo menos

    dos modos de conceptualizar estas acciones segn sobresalgan el influjo de un actor

    sobre otro (ego sobre alter) o se establezcan acuerdo racionalmente motivados

    (entreego y alter), de lo que surge la posibilidad de diferenciar actitudes y acciones

    orientadas al xito o orientadas al entendimiento. Las primeras se generan en

    situaciones en que los sujetos actan individualmente para lograr objetivos particulares

    y donde el otro es un obstculo para su empresa10, mientras que si lo que prima es el

    acuerdo nter subjetivo se genera la necesidad del consenso sobre la base del

    reconocimiento mutuo como sujetos de accin y de palabra.

    Hay, entonces, dos modelos posibles de accin social, uno que es el que Habermas

    denomina modelo estratgico de la accinen que se incluyen todas las formas de

    9Habermas, J. Teora de la accin comunicativa: estudios y complementos previos.

    CtedraTeorema. Madrid, 1997. Llamo comn a un saber que funda acuerdo,

    teniendo tal acuerdocomo trmino un reconocimiento intersubjetivo de pretensiones

    de validez susceptible de crtica. Acuerdo significa que los participantes aceptan un

    saber como vlido, es decir, como intersubjetivamente vinculante

    10El concepto empresa se usa intencionalmente para definir todo tipo deemprendimiento no solamente de carcter econmico, pero se lo usa con laintencionalidad de referir a la lgica empresarial capitalista

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    accin orientadas al xito, que se desarrollan en trminos individualistas y competitivos,

    y el modelo comunicativo de la accin,segn el cual se acta en condiciones de

    reconocimiento y consenso, mediados por el entendimiento mutuo.

    Propiamente estamos hablando del modelo estratgico de accin (1) y el de la accin

    regulada por normas (2). Nos referiremos a cada uno para ampliar lo dicho ms arriba.

    El primero (1) son las acciones regidas por el clculo con vistas al xito y la

    maximizacin de la utilidad o ganancia, donde impera el individualismo y el clculo

    egocntrico11. Habermas plantea que los dos casos ejemplares de este tipo de relacin

    son las relaciones de intercambio econmicas, de mercado y las relaciones de poder o

    dominacin (estatales), explicando que En la medida en que las relaciones

    interpersonales entre los sujetos que actan orientndose a su propio xito slo vienen

    reguladas por el intercambio y el poder, la sociedad se presenta como un orden

    instrumental.12 El concepto instrumental refiere a que los sujetos involucrados se

    instrumentalizan como medios y ya no se reconocen como fines en s, y el lenguaje, un

    medio ms, sirve para lograr efectosperlocucionario.

    El segundo (2) refiere a las acciones en las que se presuponen la coordinacin de las

    acciones y aqu el uso del lenguaje se orienta al entendimiento, que en el caso de las

    acciones reguladas por normas el entendimiento sirve a la actualizacin de un acuerdo

    grupal normativo ya vigente...13es decir, que los sujetos actan en grupos sociales y se

    orientan por valores comunes.

    Pero Habermas discute la teora del interaccionismo simblico, ya que si bien da cuenta

    de que todas las acciones sociales son interacciones socializadoras, no explica lafuncin del lenguaje como medio de socializacin. La sobredeterminacin de las

    operaciones interpretativas de los actores disuelven las acciones en actos de habla14

    11Habermas. Op. Cit

    12Habermas. Op. Cit

    13Habermas. Op. Cit

    14 Habermas. Op. Cit. Desde esta perspectiva el orden social se evapora en una

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    La teora de la accin desde la perspectiva de Habermas discute los conceptos de

    asuncin de rol15einterpretacin16porque un anlisis que pone el eje en estos

    conceptos desva los fines que debiera proponerse la accin comunicativa al no

    distinguir mundo y mundo de la vida y reducen los procesos de socializacin a la

    dimensin de asuncin de rol.17

    Para Habermas, el mundo de la vida ocupa un lugar en cierto modo

    trascendental, en el sentido de algo que se genera a priori y que es condicin de

    la experiencia comunicativa, poder trascender el horizonte de una situacin

    dada, sin caer en el vaco, por ello tampoco se puede actuar como si todo

    ocurriera por primera vez, o como si se estuviera en un registro

    extramundano, lo mismo ocurre con el lenguaje. El mundo de la vida es el

    trasfondo de la accin comunicativa, pero no slo como un horizonte cultural,

    sino como aquel complejo de solidaridades acreditadas y competencias

    probadas18.

    secuencia contingentede ficciones intersubjetivamente generadas, que slo emergen de

    la corriente de interpretaciones para desmoronarse de nuevo.

    15Habermas. Op. Cit

    16Habermas. Op. Cit

    17El mundo de la vida, expresa Habermas (Op. Cit.) en la obra de referencia, no slo

    tiene la funcin deformar contexto. Ofrece a la vez una provisin de convicciones, a la

    que los participantes en la comunicacin recurren para cubrir con interpretacionessusceptibles de consenso la necesidad de entendimiento surgida en una determinada

    situacin. El mundo de la vida, en la medida en que entra en consideracin como

    recurso de los procesos de interpretacin, podemos representrnoslo como acervo

    lingsticamente organizado de supuestos de fondo, que se reproduce en forma de

    tradicin cultural

    18

    Se trata de un proceso circular en que el actor es a la vez ambas cosas: el iniciador

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    As, los participantes en la interaccin renuevan, refuerzan y adquieren las

    tradiciones culturales y las capacidades generalizadas de accin cuando opera

    la interaccin con fin a entenderse y a interactuar coordinadamente a travs del

    reconocimiento nter subjetivo, esto es, bajo el entendimiento, el cual se

    expresa cuando la accin co