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Fundamentos de Economia 1 UFF – Escola de Engenharia Depto. de Engenharia de Produção Prof. Paulo Pfeil Fundamentos de Economia Niterói - RJ 1º/2010

Fundamentos de Economia Nova

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Fundamentos de Economia

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UFF – Escola de Engenharia Depto. de Engenharia de Produção Prof. Paulo Pfeil

Fundamentos de Economia

Niterói - RJ 1º/2010

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Sumário

1. PROGRAMA .............................................................................................................. 5

1.1 EMENTA ...................................................................................................................... 5 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL ............................................................................................ 5 1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 5 1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ...................................................................................... 6 1.5 METODOLOGIA ........................................................................................................... 6 1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ......................................................................................... 6 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .................................................................................. 6

2. INTRODUÇÃO À ECONOMIA ............................................................................... 7

2.1 CONCEITOS BÁSICOS .................................................................................................. 7 2.2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO ................................................................ 8 2.3 SISTEMAS ECONÔMICOS ............................................................................................. 9 2.4 OS ACORDOS DE BASILÉIA ....................................................................................... 10 2.5 ECONOMIA E SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ........................................................ 11

3. NOÇÕES DE MICROECONOMIA ....................................................................... 12

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MERCADOS ......................................................................... 12 3.2 ESTUDO DA DEMANDA .............................................................................................. 13 3.3 ESTUDO DA OFERTA .................................................................................................. 15 3.4 DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO ............................................................ 17 3.5 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA E DA OFERTA ................................................. 19 3.6 CONCEITOS DE RECEITAS TOTAL, MÉDIA E MARGINAL ........................................... 21 3.7 TEORIA DE CUSTOS ................................................................................................... 23 3.8 MAXIMIZAÇÃO DE LUCRO NO CURTO PRAZO .......................................................... 28 3.9 MAXIMIZAÇÃO DE LUCRO NO LONGO PRAZO .......................................................... 30

4. O SISTEMA ECONÔMICO ................................................................................... 31

4.1 EQUILÍBRIO DA PROCURA E OFERTA AGREGADA .................................................... 31 4.2 CONSUMO E POUPANÇA ............................................................................................ 32 4.2.1 PROPRIEDADES DAS FUNÇÕES CONSUMO E POUPANÇA ............................................ 33 4.3 INVESTIMENTO ......................................................................................................... 35

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4.3.1 O PAPEL DO MULTIPLICADOR DE INVESTIMENTOS ................................................... 35

5. POLÍTICAS ECONÔMICAS DO GOVERNO ..................................................... 37

5.1 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO ...................................... 37 5.1.1 POLÍTICA MONETÁRIA ............................................................................................. 37 5.1.2 POLÍTICA FISCAL ..................................................................................................... 39 5.1.3 POLÍTICA CAMBIAL ................................................................................................. 40 5.1.4 POLÍTICAS DE RENDAS............................................................................................. 40 5.2 OS MERCADOS FINANCEIROS .................................................................................... 42 5.2.1 MERCADO MONETÁRIO ........................................................................................... 43 5.2.2 MERCADO DE CAPITAIS ........................................................................................... 43

6. MOEDA E INFLAÇÃO ........................................................................................... 44

6.1 MOEDA E SUAS FUNÇÕES .......................................................................................... 44 6.1 CRIAÇÃO DE MOEDA NO SISTEMA FIDUCIÁRIO ........................................................ 45 6.2 CONCEITUAÇÃO DE INFLAÇÃO ................................................................................. 46 6.3 INFLAÇÃO E O EMPREGO .......................................................................................... 47 6.4 PLANOS DE ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA ................................................................ 49 6.5 O REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO ......................................................................... 50 6.6 ÍNDICES E PROJEÇÕES DE INFLAÇÃO ........................................................................ 50

7. NOÇÕES DE FINANÇAS PÚBLICAS .................................................................. 52

7.1 CONCEITOS BÁSICOS ................................................................................................ 52 7.1.2 SETOR PÚBLICO NÃO FINANCEIRO (SPNF) .............................................................. 52 7.1.2 DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO ....................................................................... 53 7.1.3 DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL ....................................................................... 53 7.1.4 NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO (NFSP) .............................. 53 7.2 FINANÇAS PÚBLICAS BRASILEIRAS EM 2005 ............................................................ 54 7.2.1 NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO NÃO FINANCEIRO ............... 54 7.2.2 RESULTADO PRIMÁRIO DO GOVERNO CENTRAL ...................................................... 55 7.2.3 DÉFICIT PREVIDENCIÁRIO ........................................................................................ 56 7.2.4 ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS ..................................... 56 7.2.5 DÍVIDA MOBILIÁRIA FEDERAL ................................................................................. 57 7.2 UNIÃO MONETÁRIA EUROPÉIA ................................................................................. 60

8. O BALANÇO DE PAGAMENTOS ........................................................................ 62

8.1 ESTRUTURA E INTERPRETAÇÃO ............................................................................... 63 8.2 O BALANÇO DE PAGAMENTOS DO BRASIL NO ANO DE 2005 .................................... 68 8.3 CONCEITO DE TAXAS DE CÂMBIO NOMINAL E REAL ................................................ 72 8.4 REGIMES CAMBIAIS .................................................................................................. 73 8.4.1 TAXAS DE CÂMBIO FIXAS ........................................................................................ 73 8.4.2 TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS ................................................................................. 74 8.4.3 FLUTUAÇÃO SUJA (“DIRTY FLOATING”) .................................................................. 75

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8.4.4 MINIDESVALORIZAÇÕES CAMBIAIS ......................................................................... 75 8.4.5 REGIMES DE BANDAS CAMBIAIS .............................................................................. 75 8.4.6 PREFIXAÇÃO CAMBIAL ............................................................................................ 76 8.5 AJUSTE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS ................................................................... 76 8.6 TAXAS DE JUROS INTERNAS E EXTERNAS ................................................................. 78

9- ECONOMIA E SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ....................................... 79

9.1 O SIGNIFICADO DE UM NOVO PARADIGMA ............................................................... 79 9.2 PARADIGMAS HISTÓRICOS ....................................................................................... 81 9.3 CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ......................................... 82 9.4 DESAFIOS DA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ........................................................ 83 9.5 RESPOSTAS AOS DESAFIOS ........................................................................................ 84 9.6 OS HABITATS DE INOVAÇÃO ...................................................................................... 85 9.6.1 INCUBADORA DE EMPRESAS .................................................................................... 86 9.6.2 PARQUE TECNOL6GICO ........................................................................................... 86 9.6.3 CLUSTER ................................................................................................................. 87 9.6.4 PÓLOS ..................................................................................................................... 87 9.6.5 TECNÓPOLIS ............................................................................................................ 88 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA........................................................................................ 91

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1. Programa

1.1 Ementa Conceitos econômicos básicos. Noções de Microeconomia. O Sistema Econômico. Políticas Econômicas do Governo. Moeda e Inflação. Noções de Finanças Públicas. Balanço de Pagamentos. Consolidações no Sistema Econômico. Economia do Conhecimento.

1.2 Carga horária total - 24 horas

1.3 Objetivos - Apresentar os conceitos econômicos básicos dentro da evolução do pensamento econômico; noções de microeconomia, caracterizando os principais tipos de mercado, estudar os comportamentos de produtores e consumidores, bem como principais conceitos da teoria de custos. - Apresentar o modelo de equilíbrio da procura e oferta agregada, com as propriedades das funções consumo e poupança, bem como do multiplicador de investimentos. - Explicitar as características, efeitos e os limites das políticas econômicas do governo, juntamente com os mercados financeiros; estudar as funções da moeda, os conceitos de base monetária e meios de pagamentos, no contexto de criação de moeda em um sistema fiduciário; caracterizar os planos de estabilização econômica, o regime de metas de inflação e projeções de inflação para o final do ano. - Apresentar as noções básicas de finanças públicas; a estrutura do balanço de pagamento, seus mecanismos de ajustes, bem como as principais políticas cambiais de países. - Para concluir, caracterizar as motivações dos processos de consolidação de instituições e empresas no sistema econômico, bem como aspectos de uma economia dentro de um contexto de sociedade de conhecimento..

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1.4 Conteúdo programático Os conceitos econômicos básicos e noções de microeconomia.

. Introdução à economia

. Noções de microeconomia O modelo de equilíbrio da procura e oferta agregada, com as propriedades das funções consumo e poupança, bem como do multiplicador de investimentos.

. O Sistema Econômico

Características, efeitos e os limites das políticas econômicas do governo; as funções da moeda, os conceitos de base monetária e meios de pagamentos; características dos planos de estabilização econômica, o regime de metas de inflação e projeções de inflação para o final do ano.

. Políticas Econômicas do Governo

. Moeda e inflação

Noções básicas de finanças públicas; a estrutura do balanço de pagamento, seus mecanismos de ajustes, bem como as principais políticas cambiais de países Economia do conhecimento.

. Noções de finanças públicas

. Balanço de pagamentos

. Economia e sociedade do conhecimento.

1.5 Metodologia Exposição dialogada, resolução de exercícios e discussão de textos.

1.6 Critérios de avaliação Duas provas.

1.7 Bibliografia recomendada BACEN: Relatório do Banco Central de 2005. Blanchard, Olivier: Macroeconomia; 3a edição; Editora Prentice Hall (Pearson), 2003 Byrns, Ralph T.: Microeconomia, MAKRON BOOKS. Dornbusch, Rudiger: Macroeconomia, 2a edição americana, MAKRON BOOKS. Ferguson, Charles E.: Microeconomia, Editora FORENSE UNIVERSITARIA. Simonsen, Mario Henrique: Macroeconomia, Editora Atlas.

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2. Introdução à economia

Neste capítulo serão tratados inicialmente os conceitos básicos de economia,

com a divisão do estudo econômico em macroeconomia e microeconomia, os fatores produtivos, bem como os problemas econômicos fundamentais.

Em seguida, será feita uma revisão sobre os principais pensadores que contribuíram para a evolução do pensamento econômico.

Visto isto, serão feitas considerações sobre os principais sistemas econômicos, os Acordos de Basiléia e seus efeitos sobre o Sistema Financeiro Nacional.

Para concluir, a caracterização do que se denominou recentemente de Economia do Conhecimento, com seus novos paradigmas e desafios.

2.1 Conceitos básicos De maneira geral, pode-se definir economia como uma ciência social que estuda

os processos de produção, distribuição, comercialização e consumo de bens e serviços. Os economistas estudam a forma dos indivíduos, os diferentes coletivos, as empresas de negócios e os governos alcançarem seus objetivos no campo econômico.

Pode-se fazer a seguinte divisão no estudo econômico: - Macroeconomia- analisa o comportamento da economia como um todo, por

meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego.

- Microeconomia- estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do

sistema, por meio de preços e quantidades relativas. Para exemplificar, pode-se citar a análise do funcionamento de empresas.

Enquanto a economia positiva ocupa-se da descrição de fatos, circunstâncias e

relações econômicas, a economia normativa expressa julgamentos éticos e valorativos. As grandes divergências entre os economistas aparecem nas discussões de caráter normativo, como por exemplo, o da dimensão do Estado e o poder dos sindicatos.

Os fatores produtivos são os elementos constituintes do processo de produção

das empresas. São combinados de forma a se obterem produtos, que serão consumidos ou empregados em outras fases mais avançadas do processo produtivo. São basicamente a terra e recursos naturais, trabalho, capital, tecnologia e capacidade gerencial.

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Os problemas econômicos fundamentais se relacionam com questões relativas à (1) que produtos produzir e em que quantidade; (2) como os produzir, isto é, através de que técnicas devem ser combinados os fatores produtivos; (3) para quem devem ser produzidos e distribuídos os produtos.

Essas questões não seriam levantadas se os recursos fossem ilimitados - a “lei da escassez” estabelece que a limitação de recursos obriga a escolha entre bens relativamente escassos.

Em um mercado de concorrência perfeita, a determinação do preço e da quantidade em cada mercado é feito através da compatibilização das suas ofertas e demandas de bens e serviços. O preço de equilíbrio verifica-se quando a quantidade procurada for igual à quantidade oferecida. Por meio da lei da oferta e da procura, as questões de “o que, como e para quem” ficam parcialmente resolvidas. Isso se deve à interdependência de cada mercado em relação aos mercados de outros bens na estruturação do “sistema de equilíbrio geral de preços”.

Enquanto o equilíbrio parcial observa o comportamento de cada mercado individualmente, o equilíbrio geral analisa os processos simultâneos e interdependentes dos diferentes mercados - esse último é uma espécie de “teia invisível”.

O modelo de “concorrência perfeita“ é apenas idealizado, pois desconsidera diversos mecanismos da economia, como a existência de monopólios e de externalidades. Segundo o conceito de Eficiência de Pareto, não é possível melhorar o bem-estar de uma pessoa sem piorar o de outra. A situação econômica revela eficiência se encontra na fronteira das possibilidades de utilidade.

2.2 Evolução do pensamento econômico As questões econômicas têm preocupado muitos intelectuais ao longo dos

séculos. Na antiga Grécia, Aristóteles e Platão dissertaram sobre os problemas relativos à riqueza, à propriedade e ao comércio. Durante a Idade Média, predominaram as idéias da Igreja Católica Apostólica Romana e foi imposto o direito canônico, que condenava a usura (contrato de empréstimo com pagamento de juros) e considerava o comércio uma atividade inferior à agricultura.

Como ciência moderna independente da filosofia e da política, destaca-se a publicação da obra An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations, (Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações), datada de 1776; do filósofo e economista escocês Adam Smith. O mercantilismo e as especulações dos fisiocratas precederam a economia clássica. Essa parte dos escritos de Smith é desenvolvida na obra dos economistas do século XIX, como Thomas Robert Malthus e David Ricardo, e culmina com a síntese de John Stuart Mill. Estes aceitaram a lei de Say sobre os mercados, fundada pelo economista Jean Baptiste Say. Nela, o autor sustenta que o risco de um desemprego maciço em uma economia competitiva é desprezível, porque a oferta cria sua própria demanda, limitada pela quantidade de mão-de-obra e os recursos naturais disponíveis para produzir, não podendo, portanto, haver nem superprodução nem desemprego. Cada aumento da produção aumenta os salários e as demais receitas necessárias para a compra dessa quantidade adicional produzida.

A oposição à escola do pensamento clássico veio dos primeiros autores socialistas do século XIX, como Claude Henri de Rouvroy, conde de Saint-Simon, e do

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utópico Robert Owen. Porém, foi Karl Marx o autor das teorias econômicas socialistas mais importantes.

Na década de 1870, aparece a escola neoclássica, que introduz na teoria clássica as novas produções do pensamento econômico, principalmente os marginalistas, como William Stanley Jevons, Léon Walras e Karl Menger. O economista Alfred Marshall, em sua obra-prima, Principles of Economics, explicava a demanda a partir do princípio da utilidade marginal e a oferta, a partir do custo marginal (custo de produção da última unidade).

John Maynard Keynes, defensor da economia neoclássica até a década de 1930, analisou a Grande Depressão em sua obra The General Theory of Employment, Interest and Money (1936; Teoria geral do emprego, do juro e da moeda), em que formulou as bases da teoria que, mais tarde, seria chamada de keynesiana ou keynesianismo.

2.3 Sistemas econômicos Em toda comunidade organizada, mesclam-se, em maior ou menor medida, os

mercados e a atividade dos governos. O grau de concorrência dos mercados é variado, indo do monopólio, em que apenas uma empresa opera, à economia de livre mercado, que apresenta uma verdadeira concorrência, com várias empresas operando. O mesmo ocorre quanto à intervenção pública, que engloba desde uma intervenção mínima em impostos, crédito, contratos e subsídios até o controle dos salários e os preços dos sistemas de economia centralizada que imperam nos países comunistas. Entretanto, em ambos os sistemas ocorrem divergências: no primeiro, existem somente monopólios estatais, sobretudo nas linhas aéreas e na malha ferroviária; no segundo, somente concessões à empresa privada.

As principais diferenças entre a organização econômica centralizada e a capitalista residem em quem é o proprietário das fábricas, fazendas e outras empresas, assim como os diferentes pontos de vista sobre a distribuição da renda ou a forma de estabelecer os preços. Em quase todos os países capitalistas, uma parte importante do produto nacional bruto (PNB) é produzida pelas empresas privadas, pelos agricultores e pelas instituições não governamentais, como universidades e hospitais particulares, cooperativas e fundações. Os problemas mais importantes enfrentados pelo capitalismo são o desemprego, a inflação e as injustas desigualdades econômicas. Os problemas mais graves das economias centralizadas são os subempregos, o maciço emprego informal, o racionamento, a burocracia e a escassez de bens de consumo. Em uma situação intermediária entre a economia centralizada e a economia de livre mercado, encontram-se os países social-democratas ou liberal-socialistas. A atividade econômica recai, em sua maior parte, sobre o setor privado, mas o setor público regula essa atividade, intervindo para proteger os trabalhadores e redistribuir a renda. É a chamada economia mista.

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2.4 Os Acordos de Basiléia Em 1988 os representantes dos bancos centrais dos países firmaram um acordo

na cidade suíça de Basiléia, que definiu um requerimento de capital, ou uma exigência mínima de reservas para que as instituições financeiras possam operar.

O Conselho Monetário Nacional, através da Resolução no 2.099, regulamentou os limites mínimos do patrimônio líquido das instituições financeiras. Esta medida teve o objetivo de enquadrar o mercado financeiro aos padrões de solvência e liquidez internacionais, que foram definidos em julho de 1988 pelo Acordo de Basiléia, Suíça, pelos principais bancos centrais do mundo (Fortuna, 1999).

O cálculo do valor do patrimônio líquido exigido para o enquadramento nas regras do Acordo de Basiléia representa a aplicação de um Fator de Risco (F), inicialmente de 8%, aplicável sobre o ativo ponderado pelo seu percentual predeterminado de risco (Apr). A reunião do CMN, de 25/06/97, aumentou este valor para 10%, de forma a reforçar a exigência de capitalização dos bancos, e a Circular no 2.784, de 27/11/97, ampliou o valor para 11%.

Os títulos de renda fixa possuem ponderações de risco diferenciadas em função de seu emissor.

Risco de 0% para títulos federais e títulos privados (CDB, LC, LI, LH) de instituições ligadas, risco de 50'/o para títulos estaduais e municipais e títulos privados de instituições não ligadas, 50'/o para operações interbancárias. Para as debêntures, obrigações da Eletrobrás, títulos da dívida agrária e outros, o risco é de 100%.

Os títulos de renda variável têm risco de 100%, e as cotas de fundos de investimento, de 50%.

Quanto às aplicações em operações compromissadas - posições financiadas - têm risco de 0%. Para as operações de crédito, em sua quase totalidade, têm risco de 100%.

Exercício 1: Considere a seguinte composição dos ativos realizáveis de determinado banco

Ativo Valores

(em u.m) Ponderação de risco Valor do Ativo

Ponderado (em u.m) Caixa 50.000 0% - Aplicações interbancárias

800.000 50% 400.000

Debêntures 200.000 100% 200.000 Empréstimos 1000.000 100% 1.000.000 Títulos públicos federais

400.000 0% -

Títulos públicos estaduais

200.000 50% 100.000

Total 1.700.000

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Uma vez determinado o valor do ativo ponderado de 1.700.000 um, o valor mínimo do Patrimônio Líquido do banco pode ser calculado como se segue:

Fator de Risco (F) = 11% Ativo Realizável Ponderado = 1.700.000 u.m. F = Patrimônio Liquido Mínimo = 11% Ativo Realizável Ponderado. Portanto, Patrimônio Líquido Mínimo = 1.700.000 x 0,11 = 187.000 u.m

É importante observar que a principal mudança em relação às regras vigentes até

a adoção do Acordo de Basiléia está na transferência do cálculo da capacidade de alavancagem de cada banco do passivo para o ativo.

Com isto, o risco operacional de uma instituição financeira passa a ser medido sobre o tipo de aplicações feitas com o capital que ela administra e não mais sobre o volume de recursos captados de terceiros.

Posteriormente foi firmado o Acordo de Basiléia II, estabelecendo novos parâmetros de operações bancárias a partir de 2007. Essas modificações, advindas desse novo acordo, estabelecem padrões de cálculos muito mais sofisticados do que os atuais, com interferência nos registros dos arquivos, notadamente os cadastros de crédito, que irão atingir um legado de 5 a 7 anos atrás.

O Acordo de Basiléia II não altera simplesmente regras; torna-as mais sofisticadas, e com os mesmos fundamentos. Em síntese, este acordo trata da exigência mínima para o cálculo de capital, metodologia de verificação por parte do Banco Central de adequação do capital e riscos no mercado, e transparência das demonstrações.

2.5 Economia e sociedade do conhecimento

O contexto atual se caracteriza por mudanças aceleradas nos mercados, nas tecnologias e nas formas organizacionais, bem como na capacidade de gerar e absorver inovações. O entendimento dessas mudanças vem sendo considerado, mais do que nunca, crucial para que um agente econômico se torne competitivo. Entretanto, para acompanhar as rápidas mudanças em curso, torna-se de extrema relevância a aquisição de novas capacitações e conhecimentos, o que significa intensificar a capacidade de indivíduos, empresas, países e regiões de aprender e transformar esse aprendizado em fator de competitividade para os mesmos. Por esse motivo, vem-se denominando esta fase como a da economia baseada no conhecimento ou, mais especificamente, baseada no aprendizado.

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3. Noções de microeconomia

Neste capítulo será apresentada inicialmente a caracterização dos principais mercados, apresentação das curvas de oferta e demanda, determinação do preço de equilíbrio e as conceituações de elasticidades-preços da demanda e da oferta.

Em seguida serão apresentadas as diversas curvas de receitas e custos, bem como a determinação do ponto de maximização de lucro das empresas no curto prazo.

Para concluir será apresentado o modelo de determinação do ponto de equilíbrio de longo prazo das empresas.

3.1 Caracterização dos mercados

Mercado em termos abstratos é o encontro dos fluxos de oferta e de demanda. Pode se referir a um bem determinado ou a uma determinação geográfica. Os diferentes tipos de mercado são classificados de acordo com o seguinte:

Quanto à presença dos vendedores no mercado

a) Mercado de concorrência perfeita:

- Grande número de compradores e vendedores.

- Vendedores e compradores (atomizados) têm influência negligenciável sobre preços.

- Estabelecido o preço de mercado ninguém terá razões para cobrar menos e se cobrar

mais os compradores mudam de vendedor.

- Livre entrada e saída de compradores e vendedores e homogeneidade dos produtos.

- Exemplos: bolsa de valores, feira livre.

b) Mercado de concorrência monopolista:

- Número mais restrito de vendedores no mercado

- Diferenciação do produto ocorre por intermédio da marca

- Exemplos: produtos de higiene, jeans etc.

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c) Mercado oligopolista:

- Número restrito de vendedores no mercado

- Divisão do mercado entre os produtos

- Política de preços e comercialização combinada entre os produtores

- Exemplos: indústria automotiva, cimenteira etc.

d) Monopólio

- Apenas um produtor.

- Exemplo: correios para certos tipos de correspondência

Quanto à presença dos compradores no mercado

Mercado monopsônio (um comprador), duopsônio (dois compradores) etc.

3.2 Estudo da demanda

Em um mercado de concorrência perfeita a curva de demanda Di de determinado produto pode ser expressa da seguinte forma:

Di = f (pi, p1, p2, p3, Y, P, T)

Onde:

Di: demanda de determinado produto pi, preço do produto em questão p1, p2, p3, etc: preços de demais produtos na economia Y: nível de renda P: população T: gostos e preferências do consumidor Se considerarmos a hipótese de que apenas o preço pi varie, e assemelhando as relações entre preços e demanda a uma reta, poderemos escrever a seguinte equação de demanda: Di = f (pi,)

Di = a - bpi

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Exercício 2: Seja uma curva de demanda dada por Di = 100 – 2 pi. Trace a sua representação gráfica. pi

Exercício 3: Com base nas quantidades de soja demandadas nos mercados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, construa a curva de demanda do conjunto desses dois estados.

Preço unitário Quantidades de soja demandadas nos mercados Minas Gerais Rio de Janeiro Soma dos estados

$0,00 12 7 19 $0,50 10 6 16 $1,00 8 5 13 $1,50 6 4 10 $2,00 4 3 7 $2,50 2 2 4 $3,00 0 1 1

Di

50

100

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3.3 Estudo da oferta

Em um mercado de concorrência perfeita a curva de oferta Oi de um determinado produto pode ser expressa da seguinte forma:

Oi = f (pi, p1, p2, Cp, G, Cambio,)

Onde:

Oi: oferta de determinado produto pi, preço do produto em questão p1, p2, p3, etc: preços de oferta de demais produtos na economia Cp: custo de produção G: grau de intervenção do governo Cambio: taxa de cambio Se considerarmos a hipótese de que apenas o preço pi varie, e assemelhando as relações entre preços e demanda a uma reta, poderemos escrever a seguinte equação de demanda: Oi = f (pi)

Oi = c + bpi

CURVA DE DEMANDA DE MERCADO POR SOJA

PREÇO DA SOJA $

QUANTIDADE DE SOJA

3,00

2,50

2,00

1,50

1,00

13

CURVA DE DEMANDA DE MERCADO

0,50

12 4 10 1 7 16 19

Minas

Rio

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Exercício 4: Seja uma curva de oferta dada por Oi = 4 + 4pi. Trace a sua representação gráfica. pi

Exercício 5: Com base nas quantidades de soja ofertadas nos mercados de Paraná e Mato Grosso, construa as curva de oferta do conjunto desses dois estados.

Preço unitário Quantidades de soja ofertadas nos mercados Paraná Mato Grosso Soma dos estados

$0,00 0 0 0 $0,50 0 0 0 $1,00 1 0 1 $1,50 2 2 4 $2,00 3 4 7 $2,50 4 6 10 $3,00 5 8 13

Oi 4 -1

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3.4 Determinação do preço de equilíbrio

Em um mercado de concorrência perfeita o preço de equilíbrio do mercado é determinado pelo encontro das curvas de demanda (Di) e oferta (Di).

Exercício 6: Determine o preço de equilíbrio e a respectiva demanda, referente às seguintes curvas de demanda (Di) e oferta (Oi) das empresas: Di = 10 – 2pi Oi = 4 + 4pi No preço de equilíbrio Di = Oi, portanto, pi = 1 e Di = 8.

QUANTIDADE DE SOJA

2,00

1,00

1

10

CURVA DE OFERTA DE SOJA NO MERCADO

13 7

PR

PREÇO DA SOJA $

3,00

2,50

1,50

0,50

4

MT

MERCADO

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pi Oi

5

8 Di

Observação 1: Em um mercado de concorrência perfeita, uma vez determinado o preço de equilíbrio a curva de preço-demanda do setor passa a ser a seguinte:

Observação 2: Além disto, Rmg = Rme = pi Observação 3: Em um mercado monopolista a curva de demanda das empresas é a curva de demanda do setor : pi

5

10

Di,

pi

1 Di = Rmg = Rme

4 -1

Oi,Di

Di

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3.5 Elasticidade-preço da demanda e da oferta Em economia o conceito de elasticidade mede a reação de determinada variável

diante de outra. Os conceitos de elasticidade-preço da demanda e da oferta podem ser definidos como se segue:

Elasticidade-preço da demanda (EpD): mede a reação potencial dos consumidores

com relação a variação de preços dos produtos.

EpD = (-) dDi . pi dpi Di Elasticidade-preço da oferta (EpO): mede a reação potencial dos produtores diante da

variação de preços de seus produtos.

EpO = dOi . pi dpi Oi

DESEQUILÍBRIO DE OFERTA E DEMANDA DE SOJA

PREÇO DA SOJA $

3,00

2,50

2,00

1,50

0,50

1

4 10 13 7

PREÇO DE EQUIÍBRIO

QUANTIDADE DE EQUILÍBRIO

EQUILÍBRIO

DEMANDA

OFERTA

QUANTIDADE DE SOJA

1,00

EXCESSO DE OFERTA

ESCASSEZ

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Exercício 7: Determine o valor da elasticidade-preço da demanda e da oferta e interprete seus resultado, para as curvas de demanda e oferta abaixo, para o nível de preço igual a 1 unidade monetária Di = 10 – 2pi Oi = 4 + 4pi a) EpD = (-) dDi . pi = 2 . 1 = 0,25 dpi Di 8 Significado: Se o preço variar de 1%, a demanda varia (na direção contrária) em

0,25%).

b) EpO = dOi . pi = 4 . 1 = 0,5 dpi Oi 8 Significado: Se o preço variar de 1%, a oferta varia (na mesma direção) em 0,5%.

Exercício 8: Determine os valores da elasticidade-preço da demanda (EpD) e interprete seus resultados nas seguintes situações de demanda: a) Situação 1 b) Situação 2

Valor encontrado: Valor encontrado: Interpretação do resultado: Interpretação do resultado:

pi

Di

pi

Di

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Exercício 9: Determine os valores da elasticidade-preço da oferta (EpO) e interprete seus resultados nas seguintes situações de oferta: a) Situação 1 b) Situação 2

Valor encontrado: Valor encontrado: Interpretação do resultado: Interpretação do resultado:

3.6 Conceitos de receitas total, média e marginal

Os conceitos de receita total (RT), receita média (Rme) e receita marginal (Rmg) são definidos conforme abaixo:

a) Receita total: RT = preço (pi) x quantidade comercializada (Qi)

b) Receita média: Rme = Receita Total = pi x Qi = pi Quantidade Qi

c) Receita marginal = ∆RT ∆Q

Utlilizando-se a noção de limite: Rmg =δRT/δQ

pi

Oi

pi

Oi

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Exercício 10: Com base na curva de demanda pi = 100 – 2Di, pede-se:

a) A curva de receita total (RT):

Receita Total = pi . Di = (100 – 2Di) . Di = 100 Di – 2D2i

RT = 100 Di – 2D2i √

b) A curva de receia média (Rme):

Rme = Receita Total = pi x Qi = pi = 100 – 2Di Quantidade Qi

c) A curva de receita marginal:

Rmg =δRT/δQ = δ( 100 Di - – 2D2i) = 100 – 4 Di δD

d) Graficamente teremos:

Rme = pi

RT

Di

Rmg

epD > 1

EpD = 1

epD < 1

25 50

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Observações:

a) Pelo gráfico anterior podemos observar que a demanda Di = 25 corresponde ao ponto onde a receita total é máxima (Rtmáx.) e a receita marginal é nula (Rmg = 0). b) Quando a elasticidade-preço da demanda atinge o valor zero, a receita total é máxima. Este é o ponto, portanto, que o produtor maximiza a sua receita. Exemplo: No intuito de maximizar sua receita total, caso o produtor esteja oferecendo uma quantidade de produto no mercado de 10 unidades, ele deve procurar elevar este nível de produção para 25 unidades. Ao contrário, se o seu nível de produção estiver, por exemplo, em 30 unidades, ele deve reduzir as quantidades ofertadas no mercado para 25.

3.7 Teoria de custos

Os custos provenientes da produção de bens e serviços podem ser basicamente de dois tipos - custos fixos e variáveis, conforme o gráfico abaixo: Custos fixos: Não dependem do nível de vendas, sendo oriundos geralmente de dispositivos contratuais. Exemplo: aluguel. Custos variáveis: variam diretamente com o nível de vendas. Exemplos: Custos de produção e de entrega. Custo total: soma dos custos fixos mais os variáveis

Custo Variável

Custo Fixo

Nível de Vendas

Custos $

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No gráfico anterior podemos observar que o ponto de equilíbrio operacional (break-even point) iguala o valor das receitas totais com os custos totais. A partir deste ponto, a empresa terá uma receita total maior do que seu custo total. A representação dos custos variáveis, custos totais e receitas totais como retas foram feitas para efeito de simplificação. Os principais conceitos derivados dos derivados do custo total, custo, custo variável e custo fixo são apresentados a seguir:

• Custo marginal (Cmg) - custo adicional que ocorre com a produção de uma unidade adicional de produto.

Cmg = δCT/δQ ou b+2cQ

• Custo médio (CMe) - custo total dividido pelo número de unidades de produção.

Cme= CTme = CT /Q

• Custo fixo médio (Cfme) = CF / Q

• Custo variável médio (Cvme) = CV / Q

Receita de Vendas

500

Custo Operacional Fixo

Custo Operacional Variável

Custo Operacional Total

Vendas (unid.)

Custos/Receitas ($)

Ponto de Equilíbrio Operacional

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Exercício 11: Determinado setor da indústria farmacêutica possui a seguinte equação de Custo Total: CT (Q) = Q3 – 9Q2 + 800 Q + 80. Pede-se: a) Custo médio (Cme) = Q3 – 9Q2 + 800 Q + 80 = Q2 – 9Q + 800 + 80 Q Q b) Cv, Cvme, Cf; Cfme Cv= Q3 – 9Q2 + 800 Q Cvme = Q3 – 9Q2 + 800 Q = Q2 – 9Q + 800 Q Cf = 80 Cfme = 80 Q Exercício 12: Determinado setor da indústria automotiva possui a seguinte planilha de custos:

Observe o traçado de seus custos fixo médio, custo variável médio, custo total médio e marginal.

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Exercício 13: Com base em informações disponiveis, monte a planilha de custos a seguir, de empresa do setor da indústria farmacêutica: Quantidade Custo

fixo Custo

variável Custo total

Custo fixo

médio

Custo variável médio

Custo total

médio

Custo marginal

0 2,00 0,00 2,00 - - - - 1 2,00 1,00 3,00 2 2,00 1,80 1,90 3 2,00 2,40 1,47 4 2,00 2,80 1,20 5 2,00 3,20 1,04 6 2,00 3,80 0,97 7 2,00 4,60 0,94 8 2,00 5,60 0,95 9 2,00 6,80 0,98

10 2,00 8,20 1,02 11 2,00 9,80 1,07 12 2,00 11,60 1,13 13 2,00 13,60 1,20 14 2,00 15,80 1,27

Veja se confere os resultados de sua tabela com os gráficos de custos total, fixo médio, custo variável médio, custo total, custo médio e marginal.

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Custo total

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3.8 Maximização de lucro no curto prazo

As empresas procuram maximizar seu lucro no curto prazo, procurando maximizar suas receitas e minimizar seus custos, conforme pode ser visto abaixo.

Lucro (Q) = Receita Total (Q) – Custo Total (Q)

L(Q) = RT(Q) – CT(Q)

- Primeira condição de maximização: dL(Q) = 0 dQ

dL(Q) = dRT(Q) – dCT(Q) = Rmg – Cmg = 0 dQ dQ dQ

Portanto:

- Segunda condição de maximização: d2L(Q) ≤ 0 dQ2

Portanto:

Rmg = Cmg

dRmg = dCmg dQ dQ

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Exercício14: Conhecendo as curvas de custo e nível de preço da indústria farmacêutica, determine as áreas de Receita total, Custo Total. Responda também se o setor encontra-se em situação de lucro ou prejuízo.

Obs: Rme = receita média; Rmg = receita marginal; CTme = custo total médio; CVme = custo variável médio; Cmg = custo marginal Ponto (e) de maximização de lucro: Rmg = Cmg - Receita total: retângulo (abde) - Custo total: retângulo (abcf) - Lucro: área achurada (fcde)

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3.9 Maximização de lucro no longo prazo

No longo prazo a empresa vai tentar posicionar sua curva de custo médio (Cme) no ponto mais baixo da envoltória da curva de custo médio de longo prazo. Essa situação pode ser vista no gráfico abaixo.

Q*

A maximização de lucro no longo prazo ocorre no ponto B da envoltória, onde a

receita média (Rme) se iguala à receita marginal (Rmg), ao custo médio de longo prazo

(Cmelp), ao custo médio de curto prazo (Cmecp ), ao custo marginal de curto prazo

(Cmgcp ) e ao custo marginal de longo prazo (Cmglp).

Rme = Rmg = peq = Cmelp = Cmecp = Cmgcp = Cmglp

peq

A

Cmelp, Cmecp

B C

Quantidades

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4. O Sistema econômico

O acervo de bens e serviços produzidos é posto à disposição da coletividade para

atender as suas variadas necessidades. Assim, em primeiro lugar, uma boa parte desta produção se destina ao consumo, pois este é o objetivo final da atividade econômica. Este consumo, por sua vez, vem a ser a parcela de maior proporção em que à procura agregada se manifesta Mas há também outras solicitações da sociedade que devem ser igualmente satisfeitas.

Deste modo outra parte da procura se dirige à reposição e ampliação dos equipamentos e estoques necessários para a continuidade do processo produtivo. Nesse sentido, aquela parcela do produto nacional que se deixa de ser consumido vai se constituir nas sobras ou excedentes, que aplicados como investimentos garantem não só a manutenção do capital existente, mas permitem ainda que ele seja ampliado.

Em terceiro lugar, o poder público, a fim de cumprir suas tarefas de governo necessita se apropriar de certa parcela de bens e serviços, e em conseqüência, retira uma determinada parte do produto nacional, por intermédio de impostos diretos e indiretos. Os impostos diretos recaem sobre os rendimentos de pessoa física e lucros das empresas, ao passo que os indiretos incidem sobre a produção e por isso se incorporam aos preços quando os bens e serviços são comercializados.

4.1 Equilíbrio da procura e oferta agregada

Em geral as forças do mercado são tais que existe uma tendência no sentido de atingir-se uma situação de equilíbrio entre os componentes da procura e da oferta globais. Quando tal equilíbrio se efetiva, a procura e oferta global se igualam. Assim em uma situação de equilíbrio temos as seguintes igualdades.

OFERTA GLOBAL = PROCURA GLOBAL

Com isto, podemos expressar o PIB de um país conforme se segue:

PIB = C + I + G + (X – M)

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O quadro a seguir mostra os diversos componentes da procura e oferta agregadas

de um país:

Procura (preços de mercado) 109 US$ Oferta Global 109 US$

Consumidores (C ) 22,0 Produto Nacional Bruto (cf) 30,0

Governo (bens e serviços) 4,5 Impostos indiretos - subsídios 3,8

Investimento bruto . capital fixo . aumento de estoques

6,2 0,8

Exportações (X) 4,5 Importações (M) 4,2

Procura total 38,0 Oferta Global 38,0

4.2 Consumo e poupança A função consumo (C) estuda e analisa o comportamento das unidades

familiares e dos grupos sociais. A função-poupança (S) estuda a parcela da renda que não é gasta na compra de bens de consumo.

Algebricamente podemos exprimir tanto a função-consumo como a função-poupança como funções do nível de renda, como se segue: C = f (Y), S = S (Y) e Y = C + S

Exercício 15: Com base na tabela abaixo, monte os gráficos das funções consumo e poupança:

Renda (Y) Consumo (Y) Poupança (S)

0 20 50 60 100 100 0 150 140 200 180 250 220 300 260

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4.2.1 Propriedades das funções consumo e poupança

- Propensões Médias a Consumir (PMeC) e a Poupar (PMeS): São as proporções da renda que foram, respectivamente consumidas e poupadas: PMeC = C Y PMeS = S Y - Propensões Marginais a Consumir (PMgC) e a Poupar (PMgS): PMgC = Variação do consumo Variação da renda PMgS = Variação da Poupança Variação da renda Em linguagem matemática, podemos escrever as Propensões Marginais a Consumir (PMgC) e a Poupar (PMgS) como as respectivas derivadas das funções consumo e poupança, conforme se segue: PMgC = dC dY PMgS = dS dY

C, S

Poupança (S)

Consumo (C )

-20

20

Renda 100

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Exercício 16: Em um determinado sistema econômico, a função consumo é definida como: C = 20 + 3/4 Y Pede-se: a) A equação da função poupança. S = -20 + 1/4 Y b) As propensões marginais a consumir e a poupar e seus significados. PMgC = 3/4 = 0,75 - Significado: para cada unidade adicional de renda a propensão adicional a consumir é de 0,75. PMgS = 1/ 4 = 0,25 - Significado: para cada unidade adicional de renda a propensão adicional a poupar é de 0,25. c) O nível de renda de equilíbrio. Y = C Y = 20 + 3/4 Y → Y = 80 d) Trace um gráfico ilustrando as situações acima.

C,S

Y

C = 20 + 3/4 Y

S = -20 + 1/4 Y +80

-20

+20

80

Ω = 45o

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4.3 Investimento

Investimentos são as poupanças ou sobras que se aplicam no processo produtivo. Do ponto de vista puramente financeiro, os investimentos fazem retornar ao circuito econômico as poupanças realizadas anteriormente.

Até o início da década de 1930, os investimentos eram predominantemente privados. Contudo, após a grande recessão de 1930, o Estado, segundo políticas de governo de caráter keynesiano começou a tomar medidas para recuperar a atividade econômica, estagnada e combalida.

4.3.1 O papel do multiplicador de investimentos

Todo investimento autônomo provoca sempre um incremento na renda total, bem maior do que seu valor inicial. Ao coeficiente de variação na renda final, que ocorre em conseqüência deste investimento inicial, chama-se multiplicador de investimento (k).

Por definição, temos então que o multiplicador de investimentos é o coeficiente que aplicado a um acréscimo no investimento, nos dá o incremento de renda final. Portanto, podemos escrever o seguinte:

k ∆ I = ∆ Y → k = ∆ Y = 1/PMgS ∆ I

Exercício 17: Com relação ao exercício 16, pede-se: a) O valor do multiplicador de investimentos (k).

k = PMgS

1 = 4

b) Para um nível de investimentos (I) igual a 30, determine o novo nível de equilíbrio (Y`) da economia. Y = C Y = 20 + 3/4 Y + 30 → Y = 200, ou então: ∆Y = ∆ I * k = 30 * 4 = 120 Nível de equilíbrio inicial (veja questão anterior): 80 Y` = 80 + 120 = 200

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c) Trace um gráfico ilustrando as situações acima.

Y Y=80

C,S

Ω = 45o

C + ∆ I = 50 + 3/4 Y

+20

Y`=200

C = 20 + 3/4 Y

+80

+50

+200

+ ∆ Y = ∆ I * 4 = 120

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5. Políticas econômicas do governo

Este capítulo trata inicialmente dos principais instrumentos de política

econômica do Governo, compreendendo suas ações e principais impactos sobre o sistema sócio-econômico do país. Além disto, apresenta a estrutura do Sistema Financeiro Nacional, com seus órgãos de regulação e fiscalização. Visto isto, apresenta os Mercados Financeiros, Monetário e de Capitais, com suas estruturas, funções e serviços.

5.1 Instrumentos de política econômica do Governo O Governo, dentro dos seus objetivos de política global, que consiste em

promover o desenvolvimento econômico do país, garantir o pleno emprego dos seus fatores da produção, equilibrar os saldos das operações financeiras com o exterior, garantir uma estabilidade de preço e controle da inflação, promover a distribuição da riqueza e das rendas e com isto, promover o bem estar econômico e social da nação, conta com quatro tipos de política econômica – Políticas Monetária, Fiscal, Cambial e de Rendas. Os objetivos e instrumentos dessas políticas econômicas de governo serão vistas de forma sucinta, a seguir:

5.1.1 Política monetária

A Política Monetária diz respeito ao controle da oferta de moeda e das taxas de

juros, que garantam a liquidez ideal do sistema econômico. O executor dessa política é o Banco Central, que no Brasil, está subordinado ao Ministério da Fazenda. Os instrumentos de política monetária tradicionais são os seguintes:

Depósito Compulsório

É o recolhimento feito pela rede bancária de determinado percentual sobre os

depósitos à vista e determinadas aplicações. O recolhimento é feito parcialmente em moeda e o saldo em títulos federais da divida pública. É calculado sobre médias móveis e em função de saldos mensais dos depósitos. Atualmente a alíquota do depósito compulsório sobre os saldos de depósitos à vista é de 53%, poupança, 25% e depósitos a prazo (títulos públicos, CDBs etc), 23%. O compulsório atua de forma indiscriminada

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sobre a rede bancária, podendo, entretanto, a autoridade monetária fazer exceções, como é o caso de implantação pioneira de serviços bancários, operações de crédito rural, adiantamento a produtores e formação de estoques reguladores. Eventuais alterações na taxa de encaixe afetam indiscriminadamente todo o sistema bancário. Por este motivo, este instrumento de política monetária é considerado de longo prazo.

Operações de Redesconto

É um instrumento de política monetária, que consiste na concessão de assistência financeira de liquidez aos bancos comerciais. Na execução destas operações, o Banco Central funciona como o banco dos bancos, emprestando dinheiro a uma taxa pré-fixada, com a finalidade de atender as necessidades momentâneas de caixa dos bancos comerciais. Através desses instrumentos, a oferta de moeda pode ser reduzida ou expandida, de acordo como os critérios estabelecidos pelo Banco Central.

É um instrumento flexível e conjuntural, que não age necessariamente sobre todo o sistema bancário, sendo que seus efeitos se fazem sentir a médio prazo, na medida em que os bancos, que estão no redesconto, buscam reformular suas posições, visando o equilíbrio de sua liquidez. Para suprir, primeiramente, suas necessidades eventuais de fluxo de caixa, os bancos podem realizar entre si, operações com Certificados de Depósito Interbancário. Com isso, a utilização do redesconto junto ao Banco Central se restringe aos casos mais agudos, ou a valores que o sistema bancário não pode se financiar. Portanto, essas operações de redesconto, são, em tese, as últimas linhas de atendimento aos furos de caixa das instituições bancárias.

Operações de Mercado Aberto (“Open Market”)

As Operações de Mercado Aberto constituem o mais ágil instrumento de política monetária disponível pelo Banco Central. Através delas são permanentemente reguladas a oferta monetária e o custo primário do dinheiro na economia, referenciado na troca de reservas bancárias por um dia, através das operações de overnight. Os principais movimentos desse mercado, em resumo, são os seguintes: • Resgate de Título: compra líquida de títulos públicos pelo Banco Central, com

aumento do volume de reservas bancárias e conseqüentemente aumento de liquidez do mercado e queda da taxa de juros.

• Colocação de Títulos: venda liquida de títulos públicos pelo Banco Central, com

diminuição do volume de reservas bancárias e, como conseqüência, redução de liquidez do mercado e aumento da taxa de juros.

No conjunto de operações, o Banco Central não precisa ser sempre a parte que compra ou vende dinheiro em excesso ou em falta. Os próprios bancos, operando entre si, têm a mesma facilidade de repor saques ou aplicar depósitos.

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Controle e a Seleção do Crédito

O controle e a seleção do crédito podem ser feitos de diversas formas: imposição do volume de destino do crédito, controle das taxas de juros, fixação de limites e condições dos créditos. Eles podem se estender não somente aos bancos comerciais, mas também a outras instituições financeiras, atingindo outros passivos financeiros que não moeda.

5.1.2 Política fiscal

Está relacionada com a posição orçamentária do Governo. Compreende a

definição e a aplicação da carga tributária exercida sobre os agentes econômicos, bem como a definição dos gastos do Governo, que tem como base os tributos captados. A elaboração do projeto orçamentário do governo está a cargo do Ministério do Planejamento.

A posição orçamentária do governo é definida pela relação entre os gastos (G) e suas receitas (T), podendo, portanto ocorrer as seguintes situações: • Se o saldo orçamentário for positivo (T > G), o governo terá um superávit. • Se o saldo orçamentário for negativo (T< G), o governo terá um déficit.

O entrelaçamento entre as políticas monetária e fiscal pode ser vista, através do

modelo IS-LM de Hicks-Hansen, a seguir. Podemos observar que:

• Efeito do Aumento das Despesas do Governo: aumenta a taxa de juros e o nível de

produto (renda).

• Efeito do Aumento da Oferta Monetária: Imediatamente após o aumento, passa a haver mais moeda na economia que a demandada pelas pessoas. Isso tende a fazer cair a taxa de juros (i), de modo que a demanda monetária aumenta. A taxa de juros mais baixa estimula, então, o investimento, que aumenta o produto (renda) da economia pelo efeito multiplicador.

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5.1.3 Política cambial

A política cambial está baseada na administração das taxas de câmbio e no

controle das operações cambiais. Apesar de ligada indiretamente à política monetária, a política cambial se destaca por atuar mais diretamente sobre todas as variáveis relacionadas às transações econômicas do País com o exterior.

Dado o seu forte entrelaçamento com a política monetária, a política cambial deve ser muito bem administrada. Um desempenho, por exemplo, muito forte das exportações pode ter grande impacto monetário, à medida que o ingresso de divisas significa conversão de moedas estrangeiras para reais, e com isso, expansão da emissão da moeda, que em ultima instancia pode causar efeito inflacionário.

5.1.4 Políticas de rendas

As políticas de renda compreendem as medidas do governo que afetam

diretamente os fluxos de renda e remuneração dos fatores diretos de produção e serviços do sistema econômico, tais como salários, lucros, dividendos, depreciação, preços dos produtos intermediários e finais.

Modelo IS-LM de Hicks-Hansen

Taxa de Taxa de Juros Juros i1 i0

i1 i0

Y0 Y1 PNB(Y) Y0 Y1 PNB(Y)

LM0

LM1LM0

IS1

IS0

IS0

Aumento da OfertaMonetária Aumento da Despesa do

Governo

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Sistema Financeiro Nacional

Órgãos de Regulação e Fiscalização

Instituições Financeiras

Bancos Múltiplos com (B) Carteira Comercial

Captadoras de Bancos Comerciais (B)

Depósitos Caixas Econômicas (B)

à Vista Cooperativas de crédito (B)

Banco Central Banco de Investimento (B/CVM)

Conselho Financeiras Sociedades de Crédito Imobiliário (B)

Monetário Companhias Hipotecárias (B)

Nacional Associações de Poupança e (B) Empréstimo

Comissão de Bolsa de Mercadorias e de (B/CVM) Futuros

Valores Bolsa de Valores (CVM)

Mobiliários Agências de Fomento ou de (B) Desenvolvimento

Outros Intermediários

Sociedades Corretoras de (B/CVM) Títulos e Valores Mobiliários

Superintendência Sociedades Corretoras de Cambio (B)

de Seguros Representações de Instituições (B) Financeiras Estrangeiras

Privados Agentes Autônomos de (CVM/B) Investimentos

Entidades Fechadas de Previdência Privada (SPC)

Secretaria de Sistemas de Sociedades Seguradoras (SU)

Previdência Previdência e

Sociedades de Capitalização (SU)

Complementar Seguros Sociedades Administradoras de (SU) Seguro-Saúde

Entidades Fundos Mútuos (B/CVM)

Administradoras Clubes de Investimentos (CVM)

de Recursos de Carteiras de Investidores Estrangeiros (B/CVM)

Terceiros Administradoras de Consórcios (B)

Sistemas de Liquidação

Sistema Especial de Liquidação e de (B) Custodia- SELIC

e Custódia Central de Custódia e de Liquidação (B) Financeira de Títulos- CETIP

Caixas de Liquidação e Custódia (CVM)

Fonte: Banco Central do Brasil

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Empresas

Indivíduos

GOVERNOS

5.2 Os mercados financeiros

Uma vez apresentado a estruturação do Sistema Financeiro Nacional, passamos agora a analisar mais de perto os mercados financeiros, com seus atores, funções e serviços.

Como subsistema do Sistema Financeiro Nacional, os mercados financeiros são foros organizados que permitem que os tomadores e fornecedores de empréstimos e investimentos, a curto e longo prazo, negociem diretamente. Basicamente, aqueles que oferecem e demandam fundos são indivíduos, empresas e governos. Uma outra figura que desempenha um papel fundamental neste processo é o dos intermediários financeiros ou instituições financeiras, que canalizam as poupanças de várias partes interessadas em forma de empréstimos ou investimentos. Os intermediários financeiros básicos na economia são os bancos comerciais, as caixas econômicas, as associações de poupança e empréstimos, associações de crédito, companhia de seguro de vida e fundos de pensão.

Os intermediários financeiros e os mercados financeiros não são independentes um do outro. Conforme pode ser visto no esquema abaixo, é bastante comum encontrar intermediários financeiros participando ativamente tanto no mercado monetário como no de capital, atuando como fornecedores e tomadores de fundos.

Intermediários Financeiros

Bancos Comerciais Caixas Econômicas

Associações de Poupanças de Empréstimos Associações de Crédito

Companhias de Seguro de Vida

Fundos de Pensão Outros Intermediários

Mercados Financeiros

Mercado Monetário Mercados de Capitais

Fonte: Princípios de Administração Financeira (Gitman; 1987)

Os dois mercados financeiros básico são o mercado monetário e o de capitais, a

serem vistos nas páginas seguintes.

INDIVÍDUOS

EMPRESAS

GOVERNOS

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Fundamentos de Economia

43

5.2.1 Mercado monetário

O mercado monetário é criado por uma relação intangível entre fornecedores e tomadores de fundos a curto prazo. Os instrumentos básicos de mercado monetário incluem títulos emitidos por companhias (Export Notes e Commercial Papers), títulos públicos federais, estaduais ou municipais (Letras do Tesouro, letras de antecipação de imposto, Obrigações do Tesouro, emissões de agências federais), e por instituições financeiras e bancárias (letras de câmbio, caderneta de poupança, letras imobiliárias, hipotecárias e depósitos a prazo fixo). A seguir, será visto de forma sucinta as características de emissão desses papéis.

5.2.2 Mercado de capitais

Os mercados de capitais são criados por inúmeras instituições e acordos que permitem que os fornecedores e tomadores de fundos a longo prazo façam suas transações. O fator-chave que diferencia o mercado monetário do de capitais é que este último fornece fundos permanentes a longo prazo às empresas, enquanto que o primeiro fornece financiamento para empréstimos a curto prazo. Embora ambos os mercados sejam importantes à longevidade da empresa e do governo, os mercados de capitais oferecem mecanismos por intermédio dos quais grandes somas de dinheiro podem ser levantadas para aumentar a capacidade produtiva da economia. As bolsas de valores constituem a espinha dorsal dos mercados de capitais, oferecendo um mercado para transações com ações e debêntures.

Exercício 19: Com relação ao modelo de Hicks e Hansen abaixo, pede-se:

i LMo ISo Y

a) Combinações adequadas de políticas monetárias e fiscais para que o nível de renda diminua, mas a taxa de juros permaneça constante.

b) Combinações adequadas de políticas monetárias e fiscais para que o nível de

taxa de juros diminua, mas o nível de renda permaneça constante.

c) Combinações adequadas de políticas monetárias e fiscais para que o nível de renda aumente, mas a taxa de juros permaneça constante.

d) Combinações adequadas de políticas monetárias e fiscais para que o nível de

taxa de juros aumente, mas o nível de renda permaneça constante.

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Fundamentos de Economia

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6. Moeda e inflação

6.1 Moeda e suas funções

A moeda possui as funções básicas de ser, ao mesmo tempo, um intermediário de trocas; um denominador comum de preços (unidade de medida) e reserva de valor. Segundo o conceito tradicional sua oferta é dada pela disponibilidade de ativos financeiros de liquidez imediata, os chamados meios de pagamento. Esses ativos de liquidez imediata seriam o papel-moeda em poder do público (moeda manual) e os depósitos a vista do público nos bancos comerciais (moeda escritural).

Os depósitos a vista do público nos bancos comerciais geram condições, através da emissão de cheques, que vários agentes econômicos comprem produtos e serviços com uma mesma quantidade inicial de moeda.

Esse uso generalizado de moeda escritural é a origem do "processo multiplicador", que eleva os meios de pagamento. A moeda injetada no sistema econômico por decisão da autoridade monetária tende a se transformar em depósitos bancários. Enquanto parcelas de tais depósitos se tornam empréstimos dos bancos a terceiros, que retornam tais recursos ao sistema bancário por meio de novos depósitos, que se tornarão novos empréstimos. Uma parcela dos meios de pagamento será mantida sob forma de papel-moeda nas mãos do público. Outra parte será levada à condição de moeda escritural, por meio de depósitos a vista nos bancos comerciais.

Dos depósitos a vista retiram-se dois encaixes. Um técnico ou voluntário (r1) que deve satisfazer às operações diárias dos bancos, e um compulsório (r2) recolhido ao Banco Central como forma de se controlar o efeito multiplicador. A demanda de moeda ocorre por três motivos básicos: a) Transação: representa a guarda de moeda para se fazer face a pagamentos, dado que os pagamentos e recebimentos não são perfeitamente sincronizados. b) Precaução: é a guarda de moeda para cobrir gastos imprevistos. c) Especulação: a moeda é considerada também como reserva de valor e não apenas meio de troca. Por isso, não seria estranho que os agentes econômicos guardassem moeda ociosa, na expectativa de mudanças na taxa de juros de mercado e, assim, aplicá-la melhor no futuro

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6.1 Criação de moeda no sistema fiduciário Em um sistema monetário os tipos de moedas e seus detentores podem ser definidos conforme se segue: - Meios de Pagamento (MP) = papel moeda em poder do público (PMP) + depósito a vista do público nos bancos comerciais (DP

BC) - Base monetária (B) = papel moeda em poder do público (PMP) + reservas bancárias (PMBC) - Caixa dos bancos comerciais(RES) = parcela do papel moeda depositado pelo público (PMBC) - Encaixe bancário (r) = reservas bancárias Depósito a vista - Beta (ß) = papel moeda em poder do público Meios de Pagamentos

- k = )1(

1rr −+ β

Desta forma, dada uma certa expansão da base monetária (∆B), a expansão total dos meios de pagamentos será dada por:

∆MP = )1(1

1r−+ β

. ∆B

Suponha por exemplo que em determinado sistema monetário o encaixe bancário é de 20% e o percentual dos meios de pagamento em poder do público é de 50% (ß). Desta forma o valor do multiplicador bancário k será de 1,67, calculado como segue:

k = )2,01(5,02,0

1−+

= 1,67

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6.2 Conceituação de inflação

As teorias da inflação são numerosas, embora não sejam mutuamente

excludentes. Os principais ramos das teorias da inflação geralmente se superpõem e se interrelacionam. Por conseguinte, a literatura teórica sobre inflação é bastante extensa. No entanto, a despeito da diversidade de teorias sobre inflação, é possível classificá-las segundo os tipos predominantes das causas que dão origem aos processos inflacionários. Procurando enfatizar as diferenças básicas existentes entre elas, veremos a seguir, cada um desses tipos de inflação:

a) Inflação de demanda: refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços na economia. É causada pelo crescimento dos meios de pagamento, que não é acompanhado pelo crescimento da produção. Ocorre apenas quando a economia está próxima do pleno-emprego, ou seja, não pode aumentar substancialmente a oferta de bens e serviços a curto prazo.

b) Inflação de custos: tem suas causas nas condições de oferta de bens e serviços na economia. O nível da demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam, levando à retração da oferta e provocando um aumento dos preços de mercado.

c) Inflação inercial: é a aquela em que a inflação presente é uma função da inflação passada. Deve-se à inércia inflacionária, que é a resistência que os preços de uma economia oferecem às políticas de estabilização que atacam as causa primárias da inflação. Seu grande vilão é a "indexação", que é o reajuste do valor das parcelas de contratos pela inflação do período passado.

d) Inflação estrutural: a corrente estruturalista supunha que a inflação em países em vias de desenvolvimento é essencialmente causada por pressões de custos, derivados de questões estruturais como a agrícola e a de comércio internacional.

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6.3 Inflação e o emprego

O estudo das relações existentes entre as taxas de inflação e o nível do emprego sempre se constituiu em um dos aspectos mais importantes da teoria macroeconômica. Isto porque os objetivos básicos de manutenção do pleno emprego e de controle de pressões inflacionárias somente se revelaram conciliáveis em condições especiais e transitórias. Esta relação originalmente descoberta entre taxas de emprego e inflação passou a ser teoricamente descrita pelas chamadas curvas de Phillips. A figura abaixo reproduz uma dessas curvas, segundo sua versão mais divulgada.

A curva corta o eixo horizontal no ponto correspondente ao desemprego natural

da economia (desemprego friccional). O ramo superior da curva, à esquerda do ponto Uo é geralmente dado como menos elástico que o ramo inferior. Tal característica decorre que as tentativas de redução de desemprego para níveis inferiores a Uo provocam acentuadas elevações da taxa de inflação, dada a rigidez cada vez mais acentuada da capacidade de produção da economia. Em seu ramo inferior, a direita do ponto Uo, a curva é relativamente elásticas, mostrando que os níveis de preços não são facilmente flexíveis para baixo, em respostas às deliberadas reduções provocadas no nível de emprego da economia. Antes que se verifiquem ajustamentos nas expectativas de emprego e de preços, uma redução do desemprego de Uo para U1 será obtida ao custo de uma elevação da taxa de inflação de 0 para P1. Por outro lado, uma redução da taxa de inflação de 0 para P2 (deflação), terá como custo social uma ampliação da taxa de desemprego de Uo para U2.

Taxa de desemprego

Taxa de inflação

U1 U2 UO

Curva de Phillips

P1

P2

0

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A longo prazo (Hlp), após o deslocamentos deliberadamente provocados por medidas de políticas econômicas, as expectativas tendem a ser revistas, seja quanto à inflação ou ao desemprego, reconduzindo a taxa de desemprego à sua posição natural.

0

Taxa de inflação

Taxa de desemprego

Hcp0

Hcp1

Hlp

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6.4 Planos de estabilização econômica Durante o período compreendido entre os anos de 1986 e 1994 a economia

brasileira sofreu a implantação de sete planos de estabilização econômica, com diagnósticos, propostas e práticas muitas vezes distintas. Esses planos de estabilização econômica podem ser vistos a seguir.

Planos de Estabilização 1986 - 1994

Planos Início Diagnótisco Propostas Prática Moeda Cruzado I 28/02/86 Inercial PM e PF

acomodatícias. PM e PF

expansionistas. 1000 Cruzeiros =

1 Cruzado Bresser 15/06/87 Inercial +

Demanda PM e PF

contracionistas. PM e PF

contracionistas. X

Feijão com arroz

Jan./88 Demanda PM e PF contracionistas.

PM expansionista,

devido megasuperávit

da balança comercial.

X

Verão 14/01/89 Inercial + Demanda

Corte nas despesas

públicas e aumento das

receitas.

Propostas não aprovados pelo

Congresso.

1000 Cruzados = 1 Cruzado Novo.

Collor I 15/03/90 Fragilidade financeira do

Estado

Aumento da arrecadação e

confisco monetário

Aumento de impostos e

sequestro de liquidez

Cruzeiro

Collor II 01/02/91 Fragilidade financeira do

Estado

Racionalizar gastos da

administração pública, corte de

despesas e acelerar o

processo de modernização do parque industrial

Falta de credibilidade do governo inviabilizou

ações políticas do governo.

Cruzeiro

Real 01/07/94 Desajuste das contas públicas

Ajuste fiscal, criação da URV

e regras de emissão e

lastreamento da nova moeda.

Ajuste fiscal, e criação da

URV.

Real

Fonte: Giambiagi e Villela (2005) Abreviaturas: - PM: Política Monetária - PF: Política Fiscal

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6.5 O regime de metas de inflação

Este regime de metas de inflação foi adotado no início de 1999, com a nomeação de Armínio Fraga para presidente do Banco Central. Com a adoção desse regime o Conselho Monetário Nacional passou a definir um alvo para a variação do IPCA, que passou a balizar as decisões de política monetária do Banco Central, tomadas todos os meses pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O sistema de metas de inflação trabalha com uma tolerância acima ou abaixo da meta, para acomodar possíveis impactos de variações exógenas, procurando evitar grandes flutuações do nível de atividade. A meta inicial fixada para 1999 foi de 8%, com tolerância de 2% acima ou abaixo do alvo. Para os anos de 2000 e 2001 foram adotados, respectivamente, metas de 6% e 4%. A inflação se manteve dentro do previsto nos anos de 1999 e 2000, mas situou acima do teto em 2002.

As metas de inflação para 2006 e 2007 são de 4,5%, com bandas bilaterais de 2%.

6.6 Índices e projeções de inflação

Os principais índices de inflação, calculados pelo IBGE, DIEESE, FIPE e FGV

encontram-se abaixo, sendo que o governo considera o IPCA para o cálculo da meta de inflação.

- Índice Geral de Preços do IBGE (IGP)

Começou a ser calculado em 1947, comparando preços do mês anterior com os do mês corrente, coletados em 18 capitais. Há três grupos de preços: os de produtos no atacado, baseado numa amostragem de cerca de 500 mercadorias, com 60 por cento de peso no índice final; os de preços ao consumidor, com base nas compras de famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos, entram com 30 por cento; preços da construção civil, com 10 por cento de peso, baseado em planilhas de custo de empresas de engenharia. Um dos menos precisos índices, justamente pela sua abrangência, num quadro muito dispersivo de inflação. É divulgado em duas versões uma contendo apenas os preços do que é produzido internamente, (disponibilidade interna) e outra incluindo preços de importações. - Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) da FGV

Criado a pedido da Federação dos Bancos com uma cláusula que impede sua modificação pelo governo e tinha como função, servir de corretor de contratos bancários aplicável já no dia 30 do mês em curso. É o primeiro a ser divulgado e tem como base os mesmos preços e a mesma ponderação do IGP, mas do dia 20 do mês anterior aos 20 do mês em questão.

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- Índice Quadrissemanal de Preços ao Consumidor da FIPE Típico de uma economia hiperinflacionária, é publicado toda semana, com a variação dos preços das quatro semanas anteriores. Restringe-se ao município de São Paulo e afere o custo de vida de famílias com rendas de 2 a 6 salários mínimos. Calcula os preços médios durante quatro semanas e divide pela mesma média de quatro semanas anteriores. Trata-se, portanto de uma medida rápida das tendências de base dos preços. No índice FIPE a comida pesa 37 por cento do custo de vida das pessoas e a habitação 18 por cento. - Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE. Para rendas de 1-8 salários mínimos, foi o índice oficial de inflação de 1979 a 1986. - Índice de Preços ao Consumidor (IPC) Sucedeu ao INPC como índice oficial, até 1990 e difere apenas no período de coleta dos preços. - Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) IBGE Para rendas até quarenta salários mínimos. - Índices de Custo de Vida do DIEESE Para três classes de renda, 1-3 salários mínimos, 1-5 e 1-30. Esse índice se distingue dos demais por incluir como itens essenciais do custo de vida, despesas com recreação, comunicação, cultura e lazer. - Índice da Cesta Básica (PROCON/DIEESE) Pesquisado em 70 supermercados em São Paulo, englobando 31 produtos essenciais para famílias com renda até 10,3 salários mínimos; mede a variação ponta a ponta.

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7. Noções de finanças públicas

7.1 Conceitos básicos

7.1.2 Setor público não financeiro (SPNF)

Em função das peculiaridades histórico-institucionais do Brasil, o conceito de setor público utilizado para mensuração da dívida líquida e do déficit público é o de setor público não-financeiro mais Banco Central. Considera-se como setor público não-financeiro as administrações diretas federal, estaduais e municipais, as administrações indiretas, o sistema público de previdência social e as empresas estatais não-financeiras federais, estaduais e municipais, além da Itaipu Binacional. Incluem-se também no conceito de setor público não-financeiro os fundos públicos que não possuem característica de intermediários financeiros, isto é, aqueles cuja fonte de recursos é constituída de contribuições fiscais ou parafiscais. O Banco Central é incluído na apuração da dívida líquida pelo fato de transferir seu lucro automaticamente para o Tesouro Nacional, além de ser o agente “arrecadador” do imposto inflacionário. Setor público não financeiro= governo central + governos estaduais + governos municipais + empresas estatais Governo Central = Tesouro Nacional + Previdência Social + Banco Central

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7.1.2 Dívida líquida do setor público

Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público não-financeiro e do Banco Central com o sistema financeiro (público e privado), o setor privado não-financeiro e o resto do mundo. Entende-se por saldo líquido, o balanceamento entre as dívidas e os créditos do setor público não-financeiro e do Banco Central.

7.1.3 Dívida bruta do governo geral

A dívida bruta do governo geral abrange o total dos débitos de responsabilidade do Governo Federal, dos governos estaduais e dos governos municipais, junto ao setor privado, ao setor público financeiro, ao Banco Central e ao resto do mundo. Os débitos de responsabilidade das empresas estatais das três esferas de governo não são abrangidos pelo conceito. Os débitos são considerados pelos valores brutos, sendo as obrigações vinculadas à área externa convertidas para reais pela taxa de câmbio de final de período (compra). Os valores da dívida mobiliária do Governo Federal (que abrange dívidas securitizadas e carteira de títulos públicos federais no Banco Central), são calculados com base na posição de carteira, que não leva em consideração as operações compromissadas realizadas pelo Banco Central. São deduzidos da dívida bruta do Governo Federal os créditos representados por títulos públicos que se encontram em poder de seus órgãos da administração direta e indireta, de fundos públicos federais, dos estados e dos municípios, a saber: aplicações da previdência social em títulos públicos, aplicações do FAT e outros fundos em títulos públicos e aplicações dos estados em títulos públicos federais. Analogamente, são deduzidas da dívida dos governos estaduais e dos municipais as parcelas correspondentes aos títulos em tesouraria.

7.1.4 Necessidade de financiamento do setor público (NFSP)

- Resultado nominal: corresponde à variação nominal dos saldos da dívida líquida, deduzidos os ajustes patrimoniais efetuados no período (privatizações e reconhecimento de dívidas). Exclui, ainda, o impacto da variação cambial sobre a dívida externa (ajuste metodológico). Abrange o componente de atualização monetária da dívida, os juros reais, a apropriação da variação cambial sobre a dívida mobiliária interna e o resultado fiscal primário. - Resultado primário: os juros incidentes sobre a dívida líquida dependem do nível de taxa de juros nominal e do estoque da dívida que, por sua vez, é determinado pelo acúmulo de déficits nominais. O resultado primário corresponde ao resultado nominal menos os juros nominais

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7.2 Finanças públicas brasileiras em 2005

7.2.1 Necessidade de financiamento do setor público não financeiro

O superávit primário do setor público não financeiro atingiu R$93,5 bilhões em 2005, equivalendo a 4,84% do PIB. Este resultado, o mais significativo desde o início da divulgação da série histórica em 1991. Necessidade de financiamento do setor público (2004 e 2005)

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

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7.2.2 Resultado primário do Governo Central

Em valores absolutos, o superávit do Governo Central atingiu R$55, 7 bilhões

em 2005, registrando-se superávit de R$93,6 bilhões no governo federal e déficit de R$37,6 bilhões no INSS e de R$0,3 bilhões no Banco Central.

Resultado primário do Governo Central (2003 a 2005)

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

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7.2.3 Déficit previdenciário

O déficit previdenciário vem se expandindo a cada ano, ainda que a arrecadação

da previdência venha se mantendo em torno de 5,2% do PIB nos últimos dez anos e tenha atingido 5,6% do PIB em 2005. A trajetória dos déficits previdenciários decorre, essencialmente, do sistemático aumento dos benefícios, evidenciando a elevação da expectativa de vida dos brasileiros e a extensão desses benefícios a segmentos carentes da população, não assistidos anteriormente.

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

7.2.4 Arrecadação de impostos e contribuições federais

No exercício de 2005 a arrecadação de impostos e contribuições de competência

da União, exceto as contribuições previdenciárias a cargo do INSS, alcançou R$360,8 bilhões, traduzindo um crescimento real de 5,6% em relação a 2004, considerado o IPCA como deflator.

Os recolhimentos a cargo do IR, que corresponderam a 34% da arrecadação, somaram R$123,7 bilhões, com aumento real de 13,1% em relação ao ano de 2004.

Os recolhimentos da CSLL somaram R$25,9 bilhões, com elevação real de 20,6%.

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Arrecadação bruta de receitas federais

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

7.2.5 Dívida mobiliária federal

A dívida mobiliária federal fora do Banco Central, avaliada pela posição dos

ativos na carteira atingiu R$979,7 bilhões, 50,4% do PIB, ao final de 2005, ante R$810,3 bilhões, 43,8% do PIB de 2004. Esta elevação de 6,6 pontos percentuais refletiu tanto a ocorrência de emissões líquidas totais de R$30,1 bilhões e a incorporação de juros de R$143,9 bilhões, como o efeito contracionista de R$4,6 bilhões, associado a apreciação do real versus o dólar.

Os títulos de responsabilidade do Tesouro Nacional totalizaram R$1252,5 bilhões em dezembro de 2005, dos quais R$297,7 encontravam-se em poder do Banco Central e R$ 972,8 em poder do mercado. Dos títulos emitidos pelo Banco Central em anos anteriores, R$6,8 bilhões permaneciam em circulação no final de 2005, comparativamente a R$13,6 bilhões do ano de 2004.

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Títulos públicos federais – posição de carteira

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005 Quanto a distribuição de títulos por indexador, a participacão dos títulos pré-fixados no total da dívida mobiliária elevou-se de 20,1% em dezembro de 2004 para 27,9% em dezembro de 2005. A participação dos títulos indexados à taxa Selic reduziu-se de 57,1% para 51,8%, devido aos resgates líquidos de LFT. A parcela dos títulos vinculados a taxa de câmbio recuou de 5,2% para 2,7%, como reflexo dos resgates de NBCE e da apreciação do real em relação ao dólar, enquanto a participação dos títulos indexados à TR passou de 2,7% para 2,1%, e a dos títulos atrelados a índices de preços, de 14,9% para 15,5%.

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Títulos público federais

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

Evolução da estrutura da dívida mobiliária

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

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7.2 União monetária européia Os países da União Européia para ingressarem na União Monetária deveriam

estar de acordo com os critérios de convergência relativos à taxa de inflação, déficit público, dívida pública e taxa de juros. Por este critério, apenas a Grécia ficou fora da zona do euro. Grã-Bretanha, Suécia, Dinamarca resolveram na época de forma voluntária não aderir.

Foram três as fases (A, B e C) que culminaram com a introdução da circulação da moeda Euro na União Européia. Estas fases encontram-se explicitadas a seguir.

Inflação % Déficit Público %

PIB

Dívida Pública %PIB

Taxa de Juros %

Ingresso na UME

Ano 19971 1997 1997 19971 05/ 1998 Critério de Convergência 2,7 -3,0 60,0 7,8 UME (União Monetária Européia) - 11 Alemanha 1,4 -2,7 61,3 5,6 SimFrança 1,2 -3,0 58,0 5,5 SimItália 1,8 -2,7 121,6 6,7 SimEspanha 1,8 -2,6 68,8 6,3 SimPaíses Baixos 1,8 -1,4 72,1 5,5 SimBélgica 1,4 -2,1 122,2 5,7 SimÁustria 1,1 -2,5 66,1 5,6 SimFinlândia 1,3 -0,9 55,8 5,9 SimPortugal 1,8 -2,5 62,0 6,2 SimIrlanda 1,2 0,9 66,3 6,2 SimLuxemburgo 1,4 1,7 6,7 5,6 SimPaíses Fora da UME Grã-Bretanha 1,8 -1,9 53,4 7,0 NãoSuécia 1,9 -0,8 76,6 6,5 NãoDinamarca 1,9 0,7 65,1 6,2 NãoGrécia 5,2 -4,0 108,7 9,8 Não

Fonte: Comissão Européia em Deutsche Bank Research, “Europas Geld für morgen” – Sonderbericht; junho de 1998

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Texto 5: Gastos devem crescer mais do que receita, aponta Orçamento 2007 Segundo projeto, governo federal fará redução do superávit primário, medida inédita desde 1999 Texto confirma tendência qualificada de insustentável pelo Tesouro: despesas aumentam em taxas superiores às das receitas

FASE A: Preparação da União Monetária Européia - Início: maio de 1998; Duração: 8 meses Ratificação dos 11 países-participantes no início de maio de 1998. Criação do Banco Central Europeu e do Sistema Europeu dos Bancos Centrais: Decisão sobre as estratégias e instrumentos de política monetária. Início da produção das cédulas e moedas. FASE B: Preparação da União Monetária Européia e da Conversão da Nova Moeda - Início: 1º de janeiro de 1999; Duração: 3 anos Fixação irreversível das paridades de câmbio das moedas nacionais para o Euro. O Banco Central Europeu assume a responsabilidade da política monetária. Introdução do Euro como moeda escritural. Emissões das moedas dos Estados em Euro, a partir de 1o de janeiro de 1999; imediata conversão das moedas e divisas, bem como das bolsas e dos sistemas de compensação bancários. Final do ano de 2001 é o último prazo para a conversão, em Euro, das demonstrações financeiras, tanto do setor público como privado. FASE C: Troca das Cédulas e Moedas Início: 1º de janeiro de 2002; Duração: até 6 meses À partir de janeiro de 2002 as cédulas e moedas em Euro serão introduzidas como meios legais de pagamentos. No mais tardar em 1o de julho de 2002, as notas e moedas nacionais perdem suas propriedades, podendo, no entanto, ainda serem trocadas. A duração da fase de trocas das notas e moedas pode variar de país a país.

Fonte: Deutsche Bank Research, “Europas Geld für morgen” – Sonderbericht; junho de 1998

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8. O Balanço de Pagamentos

O Balanço de Pagamentos de um país é o levantamento sistemático de todas as transações correntes que ocorrem durante um determinado período de tempo entre residentes (pessoas físicas, jurídicas, instituições sem fins lucrativos e entidades governamentais) e os não residentes.

Turistas – São residentes em seus países de origem.

Estrangeiros Residentes = Nacionais Residentes TRANSNACIONAIS EM OPERAÇÃO NO PAÍS = RESIDENTES EMBAIXADA = CONSIDERADA “INTERNACIONAL”

Categorias 1. Fluxo comercial de mercadorias e as prestações de serviço, com contrapartidas

monetárias. 2. Movimento permanente monetário, resultante de empréstimos internacionais de

curto e longo prazo e fluxos de entrada e saída de capitais para investimentos diretos.

3. Transferência Unilateral (donativos, auxílios, remessas pessoais) sem contrapartida. 4. Alteração no ativo e passivo estrangeiro do país. ♦ Balanço de Pagamento registra as transações ex-post, agrupadas em 2 categorias: Correntes – fluxo real de bens e serviços e os pagamentos correspondentes as receitas e despesas realizadas; Capital – créditos e débitos resultantes dos fluxos reais, com variações de crédito - débito ou em suas reservas monetárias internacionais.

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8.1 Estrutura e interpretação

I) Balança Comercial: Bens – Exportação de bens – Importação de bens

II) Serviços

Viagens Internacionais: São gastos com turistas - despesas: gastos com residentes em viagens ao exterior - receitas: gastos com estrangeiros no país

Transportes, Fretes - despesas: pagamentos feitos pelos residentes às empresas estrangeiras - receitas: fretes internacionais pagos pelos estrangeiros às empresas nacionais

Seguros

- despesas: pagamento às seguradoras estrangeiras por prêmios e indenizações da prestação de serviços de seguros residentes no país. - receitas: recebimento pelas seguradoras nacionais dos prêmios e indenizações da prestação de serviços de seguros a residentes no exterior.

Renda de Capital - São lucros e dividendos, lucros reinvestidos, juros decorrente de empréstimos e investimentos diretos - despesas: são remessas realizadas por residentes do país (por transnacionais e entidades governamentais) referente a juros sobre empréstimos contraídos no centro financeiro do exterior ou de lucros resultantes dos investimentos diretos estrangeiros - receitas: são ingressos realizados por brasileiros no exterior (por empresas e entidades governamentais) referente a juros sobre empréstimos concedidos no país ou de lucros resultantes de investimentos realizados por empresas nacionais no exterior.

Serviços Governamentais e Diplomáticos - despesas: são manutenção de efetivos militares e de atividades diplomáticas no exterior; - receitas: gastos efetivos pelos serviços diplomáticos, efetivos militares instalados no país.

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Serviços Diversos despesas: Serviços Tecnológicos: Assistência Técnica, Fornecimento de Tecnologia Industrial, Marcas, Patentes, Royalties adquiridos no exterior; receitas: Serviços Tecnológicos: Assistência Técnica, Fornecimento de Tecnologia Industrial, Marcas, Patentes, Royalties adquiridos no país;

III) Transferências Unilaterais - Não retribuídas

Donativos (compulsórios, voluntários, privados ou oficiais de países sem compensações prévias ou futuras). Doações para fins unilaterais, assistências e reparações de guerra. Remessas de Renda dos não residentes. IV) Transações Correntes (I + II + III) Saldo em Transações Correntes Reais: Balança Comercial + Serviços: fretes, seguros, turismo e serviços diplomáticos e governamentais. RLEE: Serviços de Fatores (Salários, aluguéis, juros, lucros e dividendos) + Transferências Unilaterais.

V) Movimento de Capitais ou Capitais Autônomos e de Riscos

Investimentos Diretos Estrangeiros (de risco) São investimentos realizados com o propósito de adquirir participações numa empresa operando em um país que não é aquele de origem do investidor. O Objetivo é participar da gestão da empresa (decisão empresarial e estratégica).

Reinvestimentos

Empréstimos e Financiamentos de Médio e Longo Prazos Operações internacionais, junto a instituições privadas ou oficiais de crédito destinados ao funcionamento de projetos e de aquisições externas de alto custo, de iniciativas de grupos de empresários privados ou governamentais.

IDE – Difere do investimento de portifolio que envolve compras/ vendas de ações e de títulos de longo prazo sem que o investidor estrangeiro exerça controle sobre a empresa.

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Amortizações a Médio e Longo Prazos São amortizações parciais ou totais, de empréstimos e de financiamentos contraídos no exterior. Amortizações crescentes significam que a dívida externa está crescendo.

Capitais de Curto Prazo Contas bancárias internacionais resultantes de movimentos de crédito e débito de transações correntes de importação e exportação, ou receitas e despesas de serviços, cuja liquidação se opera a curto prazo. Trata-se de compensar déficit de transações correntes não estruturais, resultantes de desajustes temporais.

Outros Capitais. Capitais Voláteis São capitais estrangeiros que operam nas bolsas de valores e nas compras de títulos do governo, a curto prazo. VI) Erros e Omissões VII) Saldo do Balanço de Pagamento (VII=IV + V + VI) (+) estoques, reservas (-) estoques, reservas

VIII) Movimento de Capitais Compensatórios = Financiamento • Conta de Caixa (variações de reservas internacionais) a) Haveres de Curto Prazo no Exterior – variação do estoque de moeda estrangeira e

títulos externos de curto prazo em poder da autoridade monetária. b) Ouro Monetário internacional c) D.E.S Liquidez internacional à d) Reservas em Moeda no F.M.I. disposição dos residentes • Empréstimos de Regularização Crédito obtido junto ao FMI • Atrasados

O Balanço de Pagamento encontra-se equilibrado em seu conjunto quando eventuais déficits ou superávits em transações correntes (conta IV), são cobertos pelo movimento de capitais autônomos (conta V). Capital externo sem objetivo de cobrir desajustes ou capitais compensatórios ou induzidos, destinados a cobrir saldos deficitários no BP (conta VII).

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♦ Reservas Internacionais Controladas pelo Bacen : - vende quando há excesso de demanda por dólar (importação) - compra quando há escassez 1) Ouro 2) Reservas Cambiais: Divisas estrangeiras (dólar, libra, yen, etc.). 3) DES (Direito Especial de Saque). Reservas em moeda junto ao FMI, contribuição

que cada país-membro faz junto ao FMI, e que possui direito incondicional de saques. Criado no final da década de 60, o DES constitui-se uma forma alternativa de reservas e são alocados ou distribuídos em proporção às quotas dos países-membros. Um DES eqüivale a pouco mais de um dólar americano.

Tipos de empréstimo do FMI: a) stand-by, empréstimo de até cinco anos, onde o

desembolso depende do cumprimento das metas pré-estabelecidas; b) Crédito de Reserva Complementar. Criado recentemente, destina-se a socorrer os países com problemas de balanço de pagamentos. Exige um rigoroso programa de ajuste interno. Exercício 20:Apresente a estrutura do Balanço de Pagamentos de determinado país, que realizou as seguintes transações entre residentes e não residentes ao longo do ano de 1998: a) O país importou à vista mercadorias no valor de 400 milhões de dólares; b) O país exportou à vista 500 milhões de dólares em mercadorias; c) O país pagou à vista ao exterior 200 milhões de dólares em frete; d) Foi remetido ao exterior, em dinheiro, 100 milhões de dólares de juros; e) O país recebe 10 milhões de dólares em donativos, sob a forma de mercadoria; f) O país recebe em moedas empréstimos compensatórios do Fundo Monetário

internacional, para a regularização do déficit no Balanço de Pagamentos, no valor de 150 milhões de dólares.

Resolução: X HE M Frete Juros Emp FMI Donativos 500 (b) (b)500 400 (a) (a) 400 (c)200 (d)100 150 (f) 10 (e) 200 ( c ) (e) 10 100 (d) (f)150

X→ Exportações HE→ Haveres a curto prazo no exterior M→ Importações Emp→ Empréstimos

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- Balança comercial: + 90 Exportações: + 500 Importações: - 410 - Balança de serviços: - 300

Fretes: - 200 Juros: - 100 - Donativos: + 10 - Saldo em conta-corrente : - 200 - Movimento autônomo de capitais: 0 - Saldo total do balanço de pagamento: - 200 - Movimento de capitais compensatórios: +200 Empréstimo do FMI: + 150 Haveres no exterior: + 50

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8.2 O Balanço de pagamentos do Brasil no ano de 2005 As transformações intensas por que tem passado as contas externas brasileiras,

desde a adoção do regime de câmbio flutuante, têm sido sustentadas fundamentalmente

pelos superávits crescentes e recordes da balança comercial, assinalados a partir de

2003. O superávit comercial registrado em 2005 atingiu US$ 44, 8 bilhões, ante US$

33, 6 bilhões em 2004.

Em cenário de crescimento mundial robusto e de elevação de preços dos

principais produtos brasileiros de exportação, o setor externo pode empreender amplo

processo de ajuste de passivos, Tal dinâmica de exportações e dívida tem permitido a

continuidade da melhora dos indicadores de solvência externa. Há evidencias de que o

declínio do risco-Brasil, em diversos momentos, esteve vinculado à progressão dos

fundamentos econômicos internos, corroborada pelo superávit comercial excepcional,

pelo resultado das transações correntes, pela melhora substancial dos indicadores de

dívida externa e de dívida pública, e pelo superávit fiscal primário.

Em resumo, a consistência dos resultados da política econômica, a forte liquidez

internacional, o expressivo ingresso de divisas, a recuperação das reservas

internacionais e as condições favoráveis de acesso ao mercado financeiro internacional

possibilitaram a adoção da estratégia de redução da vulnerabilidade externa, respaldada

tanto na reestruturação e na redução dos passivos externos como nas antecipações de

pagamentos de dívida junto ao FMI e ao Clube de Paris, favorecendo a percepção de

solvência, por parte dos agentes externos.

Em 2005, o superávit em transações correntes atingiu US$14,2 bilhões, o maior

saldo já registrado, equivalente a 1,79% do PIB, ante US$11,7 bilhões em 2004. As

contas capital e financeira, evidenciando a antecipação de pagamentos de US$23,3

bilhões ao FMI, foram deficitárias em US$8,8 bilhões no ano. O balanço de pagamentos

apresentou, assim, superávit de US$4,3 bilhões, quinto resultado anual positivo

consecutivo (Relatório do BACEN de 2005).

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Balanço de pagamentos brasileiro em 2005

Fonte: Relatório Anual do BACEN - 2005

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Investimentos estrangeiros diretos – participação por país

Fonte: Relatório Anual do BACEN - 2005

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Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

Fonte: Relatório Anual do BACEN – 2005

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8.3 Conceito de taxas de câmbio nominal e real

A taxa nominal de câmbio (E) é o preço de uma unidade monetária local,

expressa em outra unidade monetária. No caso brasileiro a taxa de cambio mais

conhecida é a que mede quantas unidades de Reais são necessárias para a aquisição ou

venda de um dólar dos Estados Unidos. Em 03 de outubro de 1999 a taxa de cambio

nominal (E) do Real em relação ao dólar podia ser representado pela seguinte relação:

E = R$ 1,96/US$

Uma valorização cambial (↓ E) do real em relação ao dólar, por exemplo,

estimula as importações, pois os preços expressos em moeda estrangeira ficam menores.

Ao mesmo tempo, desestimula as exportações, pois os preços dos produtos nacionais

ficam caros, em moeda estrangeira.

Por outro lado uma desvalorização cambial (↑ E) do real em relação ao dólar,

por exemplo, estimula as exportações, pois os preços expressos em moeda estrangeira

ficam menores. Ao mesmo tempo, desestimula as importações pois os preços dos

produtos nacionais ficam caros, quando expressos em moeda estrangeira.

A taxa de câmbio real (θ) contempla as variações dos preços entre países. É um

parâmetro, portanto, do preço relativo dos bens domésticos em comparação com os

produtos produzidos no exterior.. No caso do Brasil pode ser definido pela seguinte

expressão:

θ = E (PW/P)

Exercício 21: Suponhamos inicialmente que a taxa de câmbio nominal (E), ao nível de

R$1,96/US$, reflita realmente os preços médios relativos do Brasil com os Estados

Unidos. No instante seguinte, no entanto os preços no Brasil aumente 10%,

comparativamente ao dos Estados Unidos. Com isto, a taxa de cambio real passa a ser a

seguinte:

θ = E (PW/P)

θ = 1,96 (1/1,10) = 1,78

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Caso a taxa de cambio nominal convirja para o valor da taxa de cambio real (R$

1,78/US$), os preços dos bens importados diminuirão, enquanto que os dos exportados

ficarão mais caros.

8.4 Regimes cambiais As políticas cambiais de países adotam normalmente os regimes de Taxas Fixas

de Câmbio ou Flexíveis. Além disto existem as combinações destes dois regimes, que

são a Flutuação Suja e as Mini-desvalorizações Cambiais. Estes tipos de regimes,

juntamente com os conceitos de Bandas Cambiais e Prefixação Cambial serão vistos a

seguir:

8.4.1 Taxas de câmbio fixas

O Banco Central se compromete a comprar e vender a moeda estrangeira em

questão, a um preço fixo, expresso em moeda nacional. Existe apenas um pequeno

diferencial entre o preço de compra e o de venda para cobrir custos de transação. Tem a

vantagem de facilitar a tomada de decisões por parte dos agentes econômicos, na

medida em que o valor do câmbio futuro é conhecido. Por outro lado, nada assegura

que, ao nível de taxa fixada pelo Banco Central, a oferta e a demanda se equilibrem.

Devido a isto o Governo é obrigado a conduzir as políticas monetária e fiscal de modo

que os déficits ou superávits no Balanço de Pagamentos sejam meramente transitórios.

Além disto, força o Banco Central a manter um volume adequado de reservas cambiais

para atender os eventuais excessos de procura sobre a oferta de moeda estrangeira. A

manutenção de taxas fixas depende também de dois outros requisitos:

i) Taxas de inflação bastante próximas entre países:

Se a taxa de inflação do país em referencia é muito superior a do país emissor,

da moeda internacional em questão, esse regime provoca uma contínua valorização da

taxa de cambio, piorando o saldo em transações correntes. A curto prazo, o país em

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questão poderá manter esta situação atraindo capitais internacionais, com juros mais

altos ou reduzindo suas reservas. A médio prazo a situação torna-se insustentável,

exigindo-se uma desvalorização cambial.

ii) Credibilidade quanto ao sucesso de sustentar a taxa de cambio:

Se os agentes econômicos acreditam que a desvalorização do câmbio é

inevitável, os exportadores passam a adiar seus embarques para o exterior e os

investidores estrangeiros interrompem a entrada de capitais no país.

8.4.2 Taxas de câmbio flexíveis

A taxa de câmbio oscila aos sabor das forças do mercado. O Banco Central não

compra nem vende moedas estrangeiras. A oferta de moedas estrangeiras é suprida

pelos exportadores e por aqueles que trazem rendas e capitais para o país; a procura de

moeda é satisfeita pelos importadores e pelos que transferem renda e capitais para o

exterior. Assim, o balanço de pagamentos se equilibra automaticamente, ou seja, a

soma algébrica dos saldos de transações correntes e do movimento de capitais

autônomos é igual a zero.

Este regime de taxas de cambio flexíveis tem como vantagens assegurar o

equilíbrio automático do Balanço de Pagamento, tornando irrelevante o nível de

reservas; isola a política monetária das transações com o exterior, na medida que não há

déficits nem superávites que pressionem a base monetária para menos ou para mais;

transfere a determinação da taxa de câmbio para o mercado, evitando qualquer tipo de

manipulação por parte do governo. Entretanto, um país que adotar um regime cambial

como este, deve ter uma economia muito equilibrada, para que a taxa de câmbio oscile

de forma suave.

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8.4.3 Flutuação suja (“dirty floating”)

Flutuação com intervenções esporádicas do Banco Central. A questão prática

consiste em se determinar até que ponto as flutuações são ou não desvios especulativos

em relação a uma tendência. A maioria dos países onde a taxa de câmbio é considerada

flutuante, na verdade adota este regime.

8.4.4 Minidesvalorizações cambiais

A taxa de cambio é a princípio fixa, entretanto, ela é desvalorizada

periodicamente. É um regime atraente para países com inflação alta, pois evita grandes

sobrevalorizações cambiais. Este regime foi criado e adotado no Brasil no final dos anos

60`.

8.4.5 Regimes de bandas cambiais

Banco Central fixa duas taxas extremas e permite a flutuação dentro do intervalo

(E+; E-). Quando o valor do cambio atinge E+ o Governo passa a vender divisas e ,

quando acontece o contrario, ou seja, quando atingir E-, passa a comprá-las.

Este regime foi utilizado com sucesso durante vários anos por vários países da

Europa. Este sistema de bandas pode ser observado na figura a seguir:

E+

Faixa de

Oferta

Demanda

Q

E

E-

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8.4.6 Prefixação cambial

Este regime de taxa de cambio torna-se problemático se a inflação não

acompanhar a prefixação. Em 1980 foi utilizada na Argentina com resultados

desastrosos. O Brasil também utilizou este sistema em 1980, prefixando a

desvalorização cambial em cerca da metade da inflação efetiva. Aqui os resultados

foram menos danosos, em parte porque a experiência brasileira foi mais curta, e em

parte, porque havia sido precedida de uma maxidesvalorização de 30% em dezembro de

1979.

8.5 Ajuste do balanço de pagamentos

À exceção do regime de taxas flutuantes, que vimos anteriormente, o Balanço de

Pagamentos só se equilibra por mera casualidade. Países que apresentam déficits

sucessivos em seus Balanços só poderão continuar a financiá-los enquanto houver

reservas ou outros capitais compensatórios. Portanto, os déficits permanentes têm que

ser corrigidos por alguma das seguintes maneiras:

• Desvalorizações Reais da Taxa de Câmbio

Acarreta aumento dos preços dos produtos de importação e do volume das

exportações. Com isto, provoca a queda dos rendimentos reais de muitos grupos da

sociedade, entre os quais os assalariados. Caso o Governo ou os sindicatos impeçam

uma queda de salários reais, a desvalorização da taxa de câmbio só se opera em termos

nominais, sendo neutralizada, em termos reais, pela alta proporcional dos preços

internos.

• Redução do Nível da Atividade Econômica

Este tipo de medida contribui para a redução do déficit em transações correntes em duas

direções: i) ao produzir menos o país importa menos; ii) a geração de capacidade ociosa

interna incentiva as empresas nacionais a buscar novos mercados no exterior. Este tipo

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de ajuste do Balanço de Pagamentos por intermédio de uma recessão, com redução do

produto e do nível de emprego, pode ser feita durante um curto período de tempo,

visando quebrar a rigidez dos salários reais ou para recompor o nível de reservas do

país, mas não deve ser aceita como solução permanente de correção dos desequilíbrios

internos.

• Restrições Tarifárias ou Quantitativas às Importações

Inibem as importações, distorcendo, no entanto, a alocação de recursos. Além disto,

restrições ao comércio internacional geralmente são neutralizadas pelos outros países

através de retaliações.

• Subsídios às Exportações

Provocam o aumento das exportações. Da mesma forma que as restrições às

importações, distorcem também a alocação de recursos e geralmente são neutralizadas

pelos outros países através de retaliações.

• Aumento da Taxa Interna de Juros

Tem como objetivo melhorar o Balanço de Pagamentos através da conta de capitais

autônomos. Eficiente no curto prazo, acarreta no longo prazo diminuição da atividade

econômica.

• Controle da Saída de Capitais e de Rendimentos para o Exterior

Evita a fuga imediata de capitais mas a longo prazo inibe novas entradas de capitais

autônomos.

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8.6 Taxas de juros internas e externas Externamente as cotações de títulos de renda fixa e variáveis (ex.: ações) brasileiros são

influências diariamente pelo comportamento das principais bolsas mundiais - EUA,

Japão, Londres, Paris e Frankfurt-, e das taxas básicas de juros do Federal Reserve Bank

(atualmente de 5% ao a.a) e do Banco Central Europeu (2,75% a.a.). Internamente,

esses títulos são influenciados pela situação de conjuntura econômica (inflação, taxa

Selic, taxa de câmbio etc.).

Exercício 22: Um título de uma companhia brasileira foi lançado em Nova York, com

prazo de resgate de 5 anos. Sabe-se também o seguinte:

- Risco-país considerado: 700 pontos

- Taxa básica dos títulos do tesouro americano: 5% aa.

- Desvalorização projetada da taxa de câmbio no Brasil: 6,5%

- Conceito de taxa bruta (ir) e real (1 + ir):

(1 + ib) = (1 + ir) x (1 + taxa de câmbio)

Em face do exposto, qual deveria ser o custo de lançamento deste mesmo papel no

Brasil para que o mesmo pudesse ser lançado no país?

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9- Economia e sociedade do conhecimento

Conforme vimos anteriormente, as tecnologias de informação e comunicação provocaram fortes impactos em inúmeros aspectos das esferas sócio-econômico-político-cultural, fazendo com que a humanidade ingressasse em um novo paradigma histórico - a Sociedade do Conhecimento. Como conseqüência, novos desafios foram colocados, dentre os quais se destaca o da inserção competitiva de regiões e países em uma economia globalizada, onde a competitividade passa a depender cada vez mais da educação do povo e de suas capacidades de gerar conhecimentos e inovações do que de vantagens comparativas clássicas.

Neste contexto, dentre as respostas significativas clássicas a esses novos desafios, em nível mundial, destaca-se a estruturação de habitats de inovação, como incubadoras de empresas, parque tecnológicos, clusters e tecnópolis, que serão abordados ao longo deste capítulo.

9.1 O significado de um novo paradigma Nossa geração tem o privilégio de viver um dos mais singulares momentos da

epopéia humana - uma transição de paradigma histórico, representado pelo esgotamento da Sociedade Industrial e sua substituição pela Sociedade do Conhecimento. Por suas características revolucionárias, as transições de paradigma histórico criam ameaças e oportunidades tão extraordinárias às gerações que as vivenciam que hoje é senso comum de que a capacidade de perceber desafios, e de estruturar respostas adequadas para vencê-los é o diferencia as sociedades que se projetam para o futuro daquelas que se desintegram ou se condenam à mediocridade.

Vivenciar uma transição de paradigma histórico pode, assim, representar um privilégio, mas impõe à nossa geração o dever de ler corretamente as novas realidades e de responder com eficácia aos seus desafios.

A válvula termoiônica, inventada no princípio do século XX, propiciou o aparecimento de uma miríade de produtos revolucionários - como o rádio, o televisor e o computador - que modificaram significativamente os rumos da história humana. Por meio século a válvula reinou soberana na indústria que gerou - a eletrônica, mas seu império desintegrou-se em menos de uma década devido ao advento de novos paradigmas tecnológico - o transistor, inventado em 1947, e os circuitos integrados, em 1959, que a substituíram na grande maioria das aplicações. Nessa transição, os fabricantes de válvulas, com raras exceções, não foram capazes de se reciclarem e de emergirem como fabricantes importantes dos novos dispositivos, embora estes foram os sucedâneos das válvulas. Com efeito, as empresas de sucesso no ramo dos circuitos integrados foram inicialmente obra de especialistas na área e, posteriormente, de produtores de equipamentos e de conglomerados industriais (Fig. 1).

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Figura 1

Fonte: Spolidoro, 1997 Mas não foram apenas os fabricantes de válvulas que sofreram com o advento

do novo paradigma tecnológico. Com efeito, o aparecimento dos circuitos integrados e a sua conjugação com os osciladores de quartzo permitiram que empresas orientais, sem tradição no ramo de relógios de pulso e sem maior capacidade em mecânica de precisão, substituíssem vantajosamente a mecânica pela eletrônica e as joalherias pelos supermercados e conquistassem, assim, parcela considerável de um mercado em que tradicionais casas européias julgavam-se imbatíveis, confiantes em sua exímia mecânica, em suas marcas seculares e numa fiel rede de elegantes joalherias. Essas casas européias, que tardiamente perceberam a transição de paradigma, só não desapareceram porque o relógio de pulso, além de instrumento, também é visto como uma jóia, o que modifica os critérios de sua seleção pelo consumidor.

Com base nesta perspectiva histórica, considera-se que: 1. Um novo paradigma tecnológico ocorre quando uma tecnologia emergente é

capaz de criar um novo e significativo ramo industrial ou, ainda, quando é capaz de modificar radicalmente o valor relativo dos fatores de produção de um ramo industrial e de criar uma descontinuidade quanto ao domínio dos mercados.

2. As primeiras empresas e produtos de um novo paradigma tecnológico emergem das atividades de pesquisa e desenvolvimento que fundamentam esse paradigma.

3. Uma posição empresarial forte no âmbito de um paradigma que se exaure não é garantia de sucesso no cenário gerado pelo novo paradigma.

4. Pelas suas características de quebra do status quo, os novos paradigmas tecnológicos criam oportunidades para o ingresso de novos atores no cenário.

5. O sucesso num novo paradigma tecnológico requer conceitos e instrumentos inovadores e revolucionários em relação ao paradigma que se exaure. Por outro lado, observa-se que o ritmo de aparecimento de paradigmas tecnológicos vem se acelerando nas últimas décadas (Fig.2). A Optoeletrônica, por exemplo, surgida há trinta anos, já permite a implantação de uma rede mundial de cabos de fibras ópticas com capacidade virtualmente ilimitada de canais de comunicações. A Microeletrônica Quântica, ainda nos

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laboratórios, acena com a possibilidade de supercomputadores portáteis, que, se conectados à supracitada rede, podem provocar modificações quase inimagináveis nos rumos da humanidade.

Figura .2

Fonte: Spolidoro, 1997

9.2 Paradigmas históricos Essa aceleração do desenvolvimento científico e tecnológico está provocando

uma modificação tão ampla e profunda na sociedade que se admite, em âmbito mundial, que se esgotou a era da Sociedade Industrial iniciada pela Revolução Industrial há duzentos anos, e que a humanidade ingressa numa nova era - a Sociedade do Conhecimento.

Cada uma dessas eras pode ser visualizada como um paradigma histórico, regido por um padrão (paradigma, em grego) de percepção da realidade e de organização social. Nessa ótica, uma transição de paradigma histórico ocorre quando uma conjugação de condições temporais (como crenças, instituições e tecnologias), condições espaciais (como localização e organização do território) e condições materiais (como recursos naturais e fontes de energia) é capaz de modificar radicalmente o status quo político, econômico e cultural de parte significativa da humanidade. Transições de paradigma histórico ocorreram, por exemplo, (Fig. 3) quando a invenção da escrita e o estabelecimento de governos centrais há cinco mil anos, viabilizaram as primeiras civilizações; quando os conceitos associados à Cidade-Estado engendraram o Mundo Clássico; quando a valorização da herança do Mundo Clássico e a invenção da imprensa no Ocidente provocaram o esgotamento do sistema medieval e a eclosão do Renascimento e quando a aplicação sistemática do conhecimento científico à produção, no século XVIII, tornou obsoleto o padrão artesanal e criou a Sociedade Industrial.

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Figura 3

Fonte: Spolidoro, 1997

9.3 Características da sociedade do conhecimento

Dentre as características da Sociedade do Conhecimento mais evidentes

destacam-se: 1. A economia torna-se global, com um mercado mundial dominado por bens e

serviços intensivos em conhecimento. 2. A competitividade das empresas e das nações passa a depender mais da

educação do povo e de sua capacidade de gerar e de utilizar conhecimentos e inovações do que de vantagens comparativas clássicas, como mão-de-obra barata e recursos naturais.

3. Os estados-nacionais abdicam de parcela crescente de sua soberania e se associam em comunidades de nações, no âmbito das quais as culturas locais emergem corno virtuais regiões-estados.

4. Os ideais democráticos e humanísticos são valorizados. 5. O agravamento dos desastres ecológicos provoca a multiplicação de tratados

internacionais para salvaguardar o meio ambiente e impõe restrições às atividades humanas.

6. Redes interativas, com número virtualmente ilimitado de canais de comunicação de faixa larga, associadas a sistemas de radiocomunicação, propiciam a toda população, em todos os lugares, um amplo espectro de serviços de telecomunicações e um extraordinário acesso à informação e à troca de opiniões.

7. A solução para problemas cada vez mais amplos e complexos exige abordagens interdisciplinares e a sinergia das instituições.

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8. Os governos passam a agir mais como organizadores e menos como executores.

9. Em certos setores da economia, a classe trabalhadora torna-se sofisticada intelectualmente e passa a dispor de maior expectativa de vida e de mais tempo livre, o que implica uma crescente importância das atividades associadas à saúde, à educação, à cultura e ao lazer.

10. O perfil dos empregos se modifica: diminuem as oportunidades na agricultura e na manufatura e aumentam os postos de trabalho nos serviços. Paradoxalmente, cresce o desemprego, mesmo entre profissionais com formação universitária, em decorrência da automação e de outras características da nova era.

11.As principais indústrias (bens e serviços) migram de setores como petroquímica, veículos automotores, eletrônica e construção civil para setores emergentes como o Humanware, a sinergia de atividades em áreas como educação, cultura, saúde, artes e lazer e de modernas tecnologias (por exemplo, o turismo ecológico); os Serviços de Informações, a convergência das telecomunicações, da informática e do conteúdo da informação; e a Engenharia do Conhecimento, a sinergia das especializações para tentar resolver os problemas de magnitude e complexidade crescentes trazidos pela nova era.

9.4 Desafios da sociedade do conhecimento Essas características da sociedade do conhecimento visto na seção anterior

impõem, às regiões e países, desafios como: 1.Vencer o crescente desemprego estrutural sem comprometer a competitividade

das empresas e das regiões. 2. Manter e aperfeiçoar os processos democráticos, que exige consultas e

reflexão, num mundo de mudanças aceleradas e que exige decisões rápidas. 3.Vencer a degradação do meio ambiente, apesar das necessidades do

desenvolvimento. 4. Vencer a crescente desorganização do território, provocada por fatores como a

migração da população rural para as cidades e pelo despreparo ou falia de atualização do poder público para enfrentar as realidades do novo paradigma.

5.Valorizar e preservar a cultura local - que será essencial para a competitividade da região na economia global - apesar da agressividade comercial de culturas de regiões ou países mais avançados tecnologicamente.

6. Resgatar e aperfeiçoar as funções do poder público como organizador regulador e planejador do bem e dos interesses públicos.

7. Finalmente - e talvez o mais importante - ampliar a qualidade de vida e a felicidade de todos os habitantes sem, entretanto, destruir a sua cultura, nutrindo assim a esperança em um futuro melhor de suas gerações.

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9.5 Respostas aos desafios A história ensina que respostas eficazes aos desafios de novos paradigmas não

emergem dos conceitos e instrumentos vigentes no paradigma que se exaure; ao contrário, sua estruturação requer coragem para questionar dogmas e comportamentos consagrados, ousadia intelectual para sonhar além de qualquer limite e capacidade de migrar para o devir de uma terra incógnita – em suma, um salto paradigmal. Na transição da Idade Média para o Renascimento, por exemplo, (Fig. 4), seria inútil aos copistas desesperarem-se frente à extinção dos seus empregos devido à imprensa recém-nascida. Urgia à categoria efetuar um salto paradigmal e imaginar oportunidades de trabalho no cenário emergente, como nos gigantescos mercados nascentes criados pela produção e distribuição de livros e periódicos impressos e pela educação universal.

Figura 4

Fonte: Spolidoro, 1997

Nessa perspectiva, admite-se que sejam três os obstáculos que uma sociedade que vivencia uma transição de paradigma histórico deva vencer para não "perder o trem da história”.

- Reconhecer a exaustão do velho paradigma e dos seus conceitos e

instrumentos. - Identificar e verbalizar os desafios trazidos pelo novo paradigma. - Imaginar e construir, no ambiente do novo paradigma, as respostas a esses

desafios.

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Na presente transição de paradigma histórica, o primeiro obstáculo vem sendo superado, em especial nos centros culturais avançados, como ilustrado pela farta literatura sobre o assunto. Quanto ao segundo obstáculo, advoga-se que o desafio central que se coloca para os países e suas regiões pode ser assim enunciado: de que forma cada país e suas regiões, crescentemente compreendidas como virtuais regiões-estados no âmbito de comunidades de nações, vai assegurar um processo de desenvolvimento que seja, simultaneamente, democrático, socialmente justo, ecologicamente sustentado, promotor de elevada qualidade de vida e capaz de se inserir competitivamente na economia global da Sociedade do Conhecimento?

Quanto à superação do terceiro obstáculo, os avanços são lentos e refletem o conservadorismo da sociedade humana, em especial quando se trata de imaginar e criar conceitos e instrumentos inovadores que, embora indispensáveis à ação eficaz nas novas realidades, podem representar ameaças a comportamentos ou privilégios estabelecidos. Respostas significativas, entretanto, têm sido observadas em âmbito mundial, destacando-se as referentes à estruturação de habitats de inovação.

9.6 Os habitats de inovação Os habitats de inovação têm suas raízes na Universidade de Stanford, fundada

no final do século XIX na Califórnia, na região que viria a se tornar famosa sob o nome de Vale do Silício. Desde cedo aquela universidade incentivou seus graduados a iniciarem empreendimentos na região, em lugar de migrarem para a costa leste dos Estados Unidos, então o maior parque industrial americano. O exemplo tornado clássico ocorreu em 1937, quando o diretor do Laboratório de Radiocomunicações, Prof F. Terman, estimulou dois jovens graduados a persistirem no projeto de um equipamento eletrônico inovador e, com base numa bolsa de estudos e nos recursos do laboratório, a montarem uma empresa para produzi-lo. A iniciativa prosperou e se transformou num dos maiores e mais inovadores empreendimentos do planeta: a Hewlett-Packard ou HP Para esse sucesso também contribuiu o Parque Tecnológico criado em 1950 no campus da Universidade de Stanford, que acolher as empresas nascidas nos seus laboratórios e outros empreendimentos que desejassem manter estreita interação com o ambiente acadêmico. Em 1970, aquele parque já contava com 55 empresas e propiciava milhões de dólares anuais à universidade sob a forma de aluguéis e royalties.

Essa sinergia de um ambiente acadêmico e da indústria, aliada a outras condições - como a elevada educação do povo, a organização adequada do território, uma alta qualidade de vida e políticas locais e nacionais favoráveis, propiciou uma extraordinária multiplicação de empresas e de produtos revolucionários na região, como ilustrado pelo microcomputador. Consagrava-se um modelo que parecia capaz de promover a geração do conhecimento e a sua transformação em produtos competitivos. E iniciava-se uma corrida, em nível mundial, para emular o ambiente do Vale do Silício, cujos resultados têm se materializado sob formas diversas, genericamente denominadas de habitats de inovação, dentre os quais se destacam as incubadoras de empresas, os clusters, os parques e pólos tecnológicos e as tecnópoles.

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9.6.1 Incubadora de empresas

Uma incubadora de empresas é um ambiente que favorece a criação e o

desenvolvimento de empresas e de produtos, em especial os inovadores e intensivos em conhecimento. Esse ambiente oferece, às empresas emergentes e às equipes de pesquisa, por custos inferiores aos de mercado, elementos como área física e infra-estrutura, vizinhos comprometidos com a inovação, serviços de apoio e serviços de promoção da sinergia intra e extra-muros.

No Rio de Janeiro, a Rede de Incubadoras de Empresas, Pólos e Parques Tecnológicos do Rio de Janeiro (ReINC) é a reunião de incubadoras sediadas no Rio de Janeiro para a realização de projetos ligados ao desenvolvimento sustentável das empresas residentes. O objetivo da ReINC é de estimular o aumento da capacidade de ação e realização das empresas residentes nas incubadoras. Através de um planejamento conjunto, a ReINC é capaz de desenvolver um intenso intercâmbio entre as incubadoras, além de permitir compartilhamento de recursos e aprimoramento de seus processos de gestão.

A ReINC conta atualmente com oito incubadoras de base tecnológica, em um total de 68 empresas em funcionamento. São participantes da ReINC: Incubadora e Pólo Tecnológico da Fundação Bio-Rio, Incubadora da COPPE/UFRJ, Incubadora da PUC-Rio, IEBTec Incubadora de Empresas do Instituto Politécnico da UERJ, Incubadora de Empresas de TeleInformática do CEFET/RJ – IETI, Incubadora de Empresas Agroindustrial da UFRRJ, a Incubadora de Empresas da UFF e a Incubadora de Empresas do INT (http://www.redetec.org.br/reinc/)

9.6.2 Parque tecnol6gico

Um parque tecnológico é uma iniciativa com base numa área física, como uma

gleba ou um conjunto de prédios, destinada a receber empresas inovadoras ou intensivas em conhecimento e de promover sua interação com instituições de ensino e pesquisa. Um parque tecnológico pode estar numa área delimitada, como os distritos industriais do paradigma passado, ou pode estar disseminado na cidade, tendência que tem crescido nos últimos anos em decorrência de limitações de recursos, da possibilidade de maior sinergia dos agentes da inovação e da necessidade de evitar a degradação do tecido urbano. Como exemplos na cidade do Rio de Janeiro teríamos os projetos de parques tecnológicos da UFRJ na Ilha do Fundão, RJ (http://acd.ufrj.br/parquetecnologico/), e da PUC-RJ, na Gávea (http://www.genesis.ctc.puc-rio.br/).

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9.6.3 Cluster

De modo abangente, pode-se entender cluster como a concentração setorial e geográfica de empresas, não necessariamente de base tecnológica. Entre as várias características, a mais importante é o ganho de eficiências coletivas, entendidas como a vantagem competitiva derivada das economias externas locais e da ação conjunta (Porter, 1998a).

É importante frisar que clusters são formados apenas quando ambos os aspectos setorial e geográfico estão concentrados. De outra forma, o que se tem são apenas organização de produção em setores e geografia dispersa, não formando, portanto, um cluster. Neste último caso, o escopo para a divisão de trabalho e economia de escala é pequeno.

Em contraste, no caso de um cluster, encontra-se amplo escopo para a divisão de tarefas entre empresas, bem como para a especialização e para a inovação, elementos essenciais para a competição além de mercados locais. Nesse caso, também, há um espaço significativo para a ação em conjunto das empresas pertencentes a um cluster, o que não ocorre em sistemas dispersos.

Como exemplo na formação de clusters no país, podemos citar os arranjos produtivos de rochas ornamentais (mármore e granito) do norte do Espírito Santo; o caso do segmento de rochas ornamentais no noroeste do Estado do Rio de Janeiro e o setor produtivo coureiro-calçadista do Vale dos Sinos, RS.

9.6.4 Pólos

Um pólo (do grego pólos, eixo) é uma aglomeração de instituições com interesses correlatos e que atuam de forma articulada no âmbito de um determinado território. Quando essa atuação é estimulada por uma entidade coordenadora, formalmente constituída, tem-se um pólo com estrutura formal. Observa-se a existência de pólos com características diversas, como pólos científico-tecnológicos e pólos de modernização tecnológica - que promovem a geração de conhecimento em estabelecimentos de ensino e pesquisa e sua transferência sistemática para setores específicos, e pólos de especialidade - que promovem a sinergia de instituições e de pessoas com interesses correlatos, como, por exemplo, um pólo de medicina.

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9.6.5 Tecnópolis

A palavra tecnópole é formada dos vocábulos gregos tekhné (aptidão, artes, técnica) e polis (comunidade independente centrada numa cidade). Foi utilizada inicialmente para designar uma cidade construída para promover a geração do conhecimento científico e tecnológico e a sua transformação em bens e serviços. A iniciativa pioneira foi a fundação em 1969, na França, de Sophia Antipolis, com o objetivo de tornar-se 'uma cidade da sabedoria, das ciências e das técnicas; ou seja, uma Florença do Século XXI. No presente, nos seus 25 quilômetros quadrados, conta com mais de 900 instituições, entre empresas, faculdades, centros de pesquisa e instituições de apoio, além de áreas residenciais e comerciais.Exemplo mais recente de uma tecnópole, no sentido original do termo, é a Cidade de Ciência Kansai, no Japão. Concebida em 1978 para 380 mil habitantes, teve sua primeira fase inaugurada em 1994.

Os elevados custos de cidades novas como Sophia Antipolis e Kansai, entretanto, aliados à necessidade de resgatar a função civilizadora das cidades existentes e a uma melhor compreensão do processo de inovação e das características da nova era, modificaram o conceito inicial de tecnópole. Este conceito passou a designar, a região cuja economia depende de forma significativa de suas capacidades científicas, tecnológicas, de produção de bens industriais e serviços e que promove, em especial mediante a inovação, as condições necessárias para vencer os desafios trazidos pela Sociedade do Conhecimento. Essas condições, descritas na literatura podem ser relacionadas, conforme se segue:

1. Povo com elevada educação; 2. Ensino superior e pesquisa de excelência; 3. Organização adequada do território; 4. Políticas governamentais adequadas; 5. Mercado; 6. Condições empresariais favoráveis; 7. Elevada qualidade de vida; 8. Ambiente propício à inovação; 9. Iniciativas locais e 10. Novos paradigmas científicos e tecnológicos. Essa atualização do conceito de tecnópolis permite uma leitura consistente da

evolução do rente da evolução do Projeto Tecnópoles, do Japão e das demais iniciativas tecnopolitanas no mundo, como sintetizado pelo caso de Toulouse, na França.

A região metropolitana de Toulouse conta com 63 municípios, 660 quilômetros quadrados, 750.000 habitantes e 100.000 estudantes universitários. Até o princípio do século passado, sua indústria era fraca e ligada à transformação de produtos agrícolas. Durante a Primeira Guerra Mundial, a região recebeu indústrias de armamentos e de aeronáutica e, na década de 1960, o governo francês transferiu da região parisiense para Toulouse diversas instituições públicas de ensino e pesquisa, muitas das quais se instalaram junto à Universidade de Toulouse, no "Complexo Científico de Rangucil", na periferia da cidade.

Em meados da década dos anos 70 do século passado, seis municípios da região perceberam que poderiam transformar numa dádiva a sua proximidade daquele Complexo. Fundaram, então, um 'consórcio de municípios" e uma empresa de economia

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mista, denominada SICOVAL, com o objetivo de implantar uma incubadora e um parque tecnológico em área adjacente ao Complexo. Sem desembolsos, mas usando instrumentos de intervenção urbana então disponíveis na França, aquela empresa obteve uma gleba para o parque. A seguir, obteve do governo central a autorização - necessária na França na época - para ali construir um supermercado e um centro comercial, direito esse que repassou mediante uma licitação pública que impunha ao vencedor o compromisso de urbanizar e implantar a infra-estrutura do parque. Com uma área superior a 2 quilômetros quadrados, que continua a se expandir, o parque, denominado 'Labège Innopole", conta hoje com 360 entidades, entre empresas, instituições de ensino e pesquisa e empreendimentos de apoio. A evolução do parque motivou a transformação do Consórcio numa Comunidade de Municípios, atualmente com mais de trinta participantes. Dentre as características dessa nova estrutura, destaca-se a redistribuição, entre todos os municípios associados, do imposto municipal coletado nos parques. Nesse novo quadro, a SICOVAL teve suas atribuições ampliadas e passou a coordenar o processo de desenvolvimento global da Comunidade.

Influenciada pelos acontecimentos, a aglomeração de Toulouse instituiu, em 1988, uma empresa de economia mista denominada "Grande Toulouse Tecnópole", que logo criou incubadoras e parques tecnológicos, uma empresa de capital de risco e mecanismos de promoção da sinergia dos agentes da inovação e de atração de empresas.

No Brasil, como exemplos de projetos de tecnópolis poderíamos citar os das cidades de Londrina, Pr (http://adetec.org.br/site2001/tecnopolis/), Petrópolis, RJ (http://www.petropolis-tecnopolis.com.br/) e Porto Alegre, RS.

No site http://penta2.ufrgs.br/metropoap/ppt/curitiba/sld003.htm, pode-se obter maiores informações sobre o projeto de Porto Alegre.

Os conceitos apresentados de incubadoras de empresas, parques tecnológicos, pólos e tecnópolis, permitem propor uma hierarquia, quanto aos seus respectivos planejamentos e administrações inovadoras, sinergias de agentes de inovação com as regiões e espaços físicos, que será apresentada no Quadro abaixo (Spolidoro1, 1987);

1 Texto adaptado de A Sociedade do Conhecimento e seus Impactos no Meio Urbano (Cap I ), Roberto Spolidoro; em Parques Tecnológicos e Meio Urbano- Artigos e Debates (ANPROTEC; 1987)

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Tipos de Habitats

de Inovação Principais Mecanismos Disponíveis

Planejamento e administração inovadores,

visando promover as condições

necessárias para vencer os

desafios da Sociedade do Conhecimento

Promoção da sinergia dos agentes da

inovação na região

Glebas ou prédios, com

infra-estrutura para receber empresas, centros de pesquisa e

organizações de apoio. Serviços básicos.

Promoção de sinergia.

Locais para empresas

emergentes e laboratórios de

pesquisa. Serviços básicos.

Promoção da sinergia

Tecnópole SIM SIM SIM SIM Pólo NÃO SIM SIM SIM Parque NÃO NÃO SIM SIM Incubadora NÃO NÃO NÃO SIM

Fonte: Spolidoro, 1997

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Referência Bibliográfica

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1997. LOPES, João do Carmo e ROSSETTI, José Paschoal: Moedas e Bancos; Editora Atlas;

1982. RELATÓRIO do Banco Central 2005. SCHUMPETER; J.: The theory of economic development; Harvard University Press;

1949. SIMONSEN, Mario Henrique: Macroeconomia, Editora Atlas. SPOLIDORO, Roberto: A Sociedade do Conhecimento e seus Impactos no Meio

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