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Gabriel Novis Neves
Tempos atrás li um livro de Mário Prata. Um livro de crônicas.
Continha uma seleção de cem crônicas, que na verdade eram cento e vinte.
Foi um dos livros mais vendidos do Brasil.
Lembro-me que fiquei impressionado com a riqueza dos textos e fascinado pela sua
fecunda produção literária.
É claro que sabia que o autor possuía muito mais do que aquelas cento e vinte crônicas
publicadas.
Há cinco anos, por sugestão do meu analista, comecei
a escrever.
Ele me orientou a colocar no papel tudo o que minha
razão e meu coração pedissem.
E assim eu fiz.
O início foi bem difícil.
O lápis não obedecia aos meus
pensamentos – todos se
engalfinhavam para ter a prioridade
de ser materializado.
Aos poucos fui colocando ordem na casa.
Hoje eles são mais obedientes, mas de vez em quando se rebelam, e o leitor pode sentir
isso.
Até que um dia, um texto meu foi publicado num jornal
eletrônico – no site que ninguém lê.
Confesso: senti-me emocionado e
envaidecido.
Estava me sentindo o próprio
Mário Prata.
O meu primeiro editor, o meu amigo Villa, foi de uma audácia notável.
Sabiamente, para não comprometer a linha editorial do jornal,
fui colocado em “Tema Livre”, onde você escreve
quando puder e se quiser.
Depois de intensas cobranças, de mim para mim mesmo,
comecei a escrever com regularidade e disciplina militar.
No ano passado, não falhei nenhum
dia.
Fui então promovido pelo velho oráculo do
Porto, para a capa do seu jornal eletrônico..
Para chegar a esse patamar, contei com o apoio imprescindível do pessoal do Bar do
Bugre, além de inúmeros amigos - antigos e novos.
Aprendi muito com todos eles.
Sei que sou um aluno complicado, mas todos tiveram infinita paciência e bondade para com
este velho escriba.
E, quero deixar registrado: não posso
prescindir da continuidade do
apoio deles.
Só sei que, devagar, devagarinho, eu cheguei à publicação do meu artigo cento e cinquenta.
Marquei um jantar de confraternização com o meu primeiro editor e a minha sócia do Bar do
Bugre.
Fomos a um lugar simples e
acolhedor.
Era permitido o uso de bermudas e
chinelos - exigência do meu
editor,
– e também fumar – exigência da minha sócia.
Ficamos horas conversando, bebericando e petiscando.
O jantar foi esquecido
Propus então que o jantar seria adiado
para a comemoração ao
meu artigo de número quinhentos.
Até hoje escuto o coro: “ah, ah, ah,
olha o cavalo paraguaio aí, gente!!!!”
Pura provocação! Fiquei quieto, mas
convicto de que chegaria lá.
Não sei porque, mas os dois riram muito.
Hoje, com certo orgulho, publico esta crônica – de número quinhentos.
Exijo o jantar dos quinhentos, sem mais exigências.
Cá pra nós, quinhentos é uma marca!
Obrigado a
todos!
Gabriel Novis Neves
Texto cedido pelo autor Gabriel Novis Neves
Imagens Elisa Meirelles
Música“La Vida” – Ernesto Cortazar
FormataçãoChristina Meirelles Neves