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 Hobsbawm - Parte 2: O Apóstolo do Blairismo Publicado em Esquerda Marxista (http://www.marxismo.org.br)  Hobsbawm - Parte 2: O Apóstolo do Blairismo [1]  10/11/2012 - 09:00 Alan Woods Enquanto os anos 1960 se tornavam os anos 1970, Hobsbawm deixou de defender a economia nacionalizada planificada e passou a fazer parte da tendência eurocomunista dentro do Partido Comunista. Ali, proporcionou as justificações teóricas não somente para a dissolução do Partido Comunista, como também para uma virada à direita do Partido Trabalhista na Grã-Bretanha, algo que lhe valeu o apelido de “marxista favorito de Kinnock”. O rompimento de Hobsbawm com o estalinismo Em 1956, Kruchev expôs os crimes do estalinismo no 20o Congresso do PCUS. Isto caiu como uma bomba sobre as cabeças dos que, como Hobsbawm, tinham servilmente defendido o estalinismo durante anos. Embora tivesse rompido com o estalinismo, Hobsbawm persistiu justificando seu passado estalinista, cobrindo suas pegadas até o fim. Em um de seus últimos livros, ironicamente intitulado Como mudar o mundo, é isto o que escreve sobre os famosos Julgamentos de Expurgo de Stalin: “É impossível entender a relutância de homens e mulheres de esquerda de criticar, ou mesmo muitas vezes de admitir para si mesmos, o que estava acontecendo na URSS naqueles anos, ou dos críticos de esquerda do isolamento da URSS, sem perceber que na luta contra o fascismo, o comunismo e o liberalismo estavam, em um sentido profundo, lutando pela mesma causa. Para não mencionar o fato mais evidente de que, nas condições dos anos 1930, o que Stalin fez foi um problema russo, embora assustador, considerando que Hitler estava ameaçando por todos os lados” (Como mudar o mundo, p. 268). Os infames Julgamentos de Moscou não foram nada mais que uma guerra civil unilateral movida por Stalin contra o Partido Bolchevique. Para consolidar seu regime burocrático totalitário, Stalin viu-se compelido a exterminar todos os camaradas de Lênin. Como qualquer outro criminoso comum, ele não queria nenhuma testemunha que pudesse testemunhar contra ele. Page 1 of 10

Hobsbawm - Parte 2 o Apostolo Do Blairismo - 2014-07-09

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    Hobsbawm - Parte 2: O Apstolo do Blairismo [1]

    10/11/2012 - 09:00Alan Woods

    Enquanto os anos1960 se tornavam os anos 1970, Hobsbawm deixou de defender a economia nacionalizadaplanificada e passou a fazer parte da tendncia eurocomunista dentro do Partido Comunista. Ali,proporcionou as justificaes tericas no somente para a dissoluo do Partido Comunista, comotambm para uma virada direita do Partido Trabalhista na Gr-Bretanha, algo que lhe valeu oapelido de marxista favorito de Kinnock.

    O rompimento de Hobsbawm com o estalinismo

    Em 1956, Kruchev exps os crimes do estalinismo no 20o Congresso do PCUS. Isto caiu como umabomba sobre as cabeas dos que, como Hobsbawm, tinham servilmente defendido o estalinismodurante anos.

    Embora tivesse rompido com o estalinismo, Hobsbawm persistiu justificando seu passado estalinista,cobrindo suas pegadas at o fim. Em um de seus ltimos livros, ironicamente intitulado Como mudaro mundo, isto o que escreve sobre os famosos Julgamentos de Expurgo de Stalin:

    impossvel entender a relutncia de homens e mulheres de esquerda de criticar, ou mesmomuitas vezes de admitir para si mesmos, o que estava acontecendo na URSS naqueles anos, ou doscrticos de esquerda do isolamento da URSS, sem perceber que na luta contra o fascismo, ocomunismo e o liberalismo estavam, em um sentido profundo, lutando pela mesma causa. Para nomencionar o fato mais evidente de que, nas condies dos anos 1930, o que Stalin fez foi umproblema russo, embora assustador, considerando que Hitler estava ameaando por todos os lados(Como mudar o mundo, p. 268).

    Os infames Julgamentos de Moscou no foram nada mais que uma guerra civil unilateral movida porStalin contra o Partido Bolchevique. Para consolidar seu regime burocrtico totalitrio, Stalin viu-secompelido a exterminar todos os camaradas de Lnin. Como qualquer outro criminoso comum, eleno queria nenhuma testemunha que pudesse testemunhar contra ele.

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    Estes monstruosos julgamentos-espetculo foram montados na base de confisses extradas atravsde chantagens, torturas e surras. As acusaes contra os arguidos eram to manifestamente falsasque muitas pessoas na poca tinham dvidas de sua veracidade. Alm disto, elas foramexaustivamente expostas como uma fraude gigantesca pela Comisso Dewey.

    Estalinistas proeminentes britnicos como Campbell e Pritt escreveram um monte de livros tentandomostrar que os julgamentos de Moscou foram completamente legais e justos. Seguindo as instruesde Moscou, o Daily Worker estampou uma manchete em grandes letras: Fuzilem os rpteis!. Elesdescreveram os acusados nos termos mais vis: Eles so lceras ftidas e pustulentas, e nsfervorosamente ecoamos o veredicto dos trabalhadores: Fuzilem os rpteis! (Daily Worker, 24 deagosto de 1936).

    De tudo isto nosso amigo no tem absolutamente nada a dizer. Sua nica preocupao no dedenunciar estas monstruosidades, que s podem se comparar s atividades assassinas da InquisioEspanhola, mas apenas de justificar a cumplicidade de pessoas como ele prprio, Pritt e Campbell,que estavam sempre prontos para apoiar cada um dos crimes de Stalin.

    Hoje em dia, quando todos esto bem informados dos crimes de Stalin, Hobsbawm no pode maisdefend-lo. Mas est ansioso por encontrar desculpas para o seu comportamento passado. Estavacorreto dar apoio aos Julgamentos-expurgo devido necessidade de se lutar contra o fascismo.Sobre o panfleto que escreveu em conjunto com Raymond Williams defendendo o Pacto Hitler-Stalin,mais uma vez, nada tem a dizer. Presumivelmente, tambm deve ter feito parte da luta contra ofascismo!.

    As revelaes de Kruchev imediatamente provocaram fermentao revolucionria na Europa doLeste, que levou a protestos de massas na Polnia e a um levantamento da classe trabalhadora naHungria. Em outubro de 1956, a Revoluo Hngara foi brutalmente suprimida pelos tanquessoviticos. Isto provocou uma srie crise nos Partidos Comunistas, inclusive na Gr-Bretanha,quando muitas pessoas o abandonaram em protesto.

    Hobsbawm mais tarde alegou que ele denunciou a invaso russa da Hungria e que escreveu aojornal do PC para protestar. Isto, na melhor das hipteses apenas uma meia-verdade. Foi isto o querealmente escreveu na carta que publicou em nove de novembro de 1956 no Daily Worker:

    Todos os socialistas devem ser capazes de entender que uma Hungria Mindszenty [Mindszenty erao cardeal catlico em Budapeste], que provavelmente teria se tornado uma base para acontrarrevoluo e interveno, poderia ser um perigo grave e agudo para a URSS, Iugoslvia,Checoslovquia e Romnia, que tm fronteira com ela.

    Se estivssemos na posio do governo sovitico, teramos interferido; se estivssemos na posiodo governo iugoslavo, teramos aprovado a interveno.

    Hobsbawm em seguida vai cobrir o seu traseiro ele descreve o esmagamento do povo hngarocomo uma necessidade trgica:

    Ao aprovar, com o corao pesado, o que est acontecendo na Hungria agora, devemos ento dizertambm francamente que pensamos que a URSS deveria retirar suas tropas do pas o mais rpidopossvel.

    Isto deve ser dito publicamente pelo Partido Comunista Britnico se o povo britnico tiver qualquerconfiana em nossa sinceridade e julgamento; e, se o povo no tiver esta confiana, comopoderemos ns esperar que ele siga nossa liderana?

    E se o povo no segue nossa liderana, como podemos esperar ajudar a causa dos Estadossocialistas existentes dos quais sabemos que o socialismo no mundo, e na Gr-Bretanha depende?.

    Isto no se pode apresentar como uma denncia de nada, mas como uma forma covarde de cobrirtodos os atalhos ao mesmo tempo. Uma atitude to desonesta era uma caracterstica absoluta de

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    Hobsbawm de princpio ao fim.

    Eurocomunismo

    Enquanto muitos membros do PC tivessem rasgado seus cartes do partido com nojo, ele continuoumembro do Partido Comunista Britnico at pouco antes deste ser dissolvido em 1991. Em um artigoem World News, de 26 de janeiro de 1957, respondendo ao Secretrio-Assistente do PartidoComunista, George Matheus, ele escreveu:

    Temos apresentado os fatos erroneamente, ou falhado em enfrenta-los, e desafortunadamente,embora tenhamos iludido poucas outras pessoas, ns nos iludimos a ns mesmos. No me refiroprimariamente aos fatos revelados no Vigsimo Congresso e outros da espcie. Muitos de nstnhamos fortes suspeitas sobre eles, o equivalente de certeza moral, durante anos antes dodiscurso de Kruchev, e fico surpreso que o camarada Mathews no tivesse nenhuma. Havia razesprementes naquele momento de ficar calado, e tivemos razo em faz-lo. No, os fatos onderealmente falhamos de enfrentar so aqueles sobre a Gr-Bretanha, nossas tarefas e nossos erros.

    O rompimento de Hobsbawm com o estalinismo poderia ter sido um passo a frente se tivessesignificado um retorno s genunas tradies de Lnin e do Partido Bolchevique. Mas, em vez de irna direo de Lnin, Hobsbawm e outros defensores do suposto Eurocomunismo decidiram jogarfora o leninismo no total. O PC europeu que cresceu de forma mais independente de Moscou, tornou-se o mais dependente de sua burguesia nacional.

    Foi este um desenvolvimento que Trotsky havia predito em seu panfleto de 1928, Crtica do Projetode Programa da Internacional Comunista, onde ele previne que a adoo da teoria do Socialismoem um s Pas poderia acabar na degenerao nacional-reformista dos partidos na InternacionalComunista. Com um atraso de alguns anos, foi isto exatamente o que aconteceu. Os PCs italiano,francs e espanhol afastaram-se do controle de Moscou, mas ao fazer isto abandonaram qualquerpretenso de continuar seguindo as ideias de Marx, Engels e Lnin.

    Hobsbawm se tornou na principal estrela da faco eurocomunista no PCGB que comeou a secristalizar depois de 1968, quando do PCGB criticou a invaso sovitica da Checoslovquia. Mas elefez isto do ponto de vista do nacionalismo estreito. Ele queria que o Partido Britnico tivesse ocontrole de seus assuntos, livre da ingerncia de Moscou. Da mesma forma, os lderes dos partidositaliano, francs e espanhol estavam exigindo a mesma coisa.

    Na Gr-Bretanha, o jornal terico do PCGB, Marxism Today, tornou-se o rgo da faco datendncia revisionista. Em setembro de 1978, ele publicou o discurso de Hobsbawm A ClasseTrabalhadora Britnica, um Sculo depois de Marx no qual ele alega que a classe trabalhadoraestava perdendo inevitavelmente seu papel central na sociedade, e que os partidos de esquerda nomais poderiam se basear nesta classe. Isto foi precisamente em um perodo de crescente militnciasindical, quando a Gr-Bretanha se tornou o cenrio de greves de massas que causaram um choquena classe dominante, e militantes do Partido Comunista tiveram um papel de liderana nelas.

    Hobsbawm escolheu este momento para realizar uma palestra no Memorial de Marx, mais tardepublicada como A Marcha a Frente da Classe Trabalhadora foi detida? Ele comeou questionando opapel central da classe trabalhadora na revoluo socialista. Isto se tornou um apelo a todas astendncias pequeno-burguesas e revisionistas, tanto dentro quanto fora do movimento dostrabalhadores. O antigo jornal do PCGB, The Morning Star, publicou um obiturio em cinco deoutubro no qual lemos o seguinte:

    Escrevendo em um momento em que o movimento sindical se encontrava no pico de sua fora ea esquerda influenciando altamente dentro dele Hobsbawm argumentou que a classe trabalhadoramanual se encontrava em declnio numrico e que o carter de sua poltica era inerentementeeconomicista, preso dentro dos limites do auto interesse nas barganhas salariais, e queconsequentemente a esquerda tinha de olhar no futuro para alianas mais amplas e para osmovimentos sociais.

    Esta palestra tornou-se um texto icnico para aquela ala dentro do Partido Comunista que procura

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    se orientar afastando-se da poltica de classe e desafia os elementos fundamentais do marxismo.

    As ideias revisionistas no caram das nuvens. Depois de dcadas de poltica oportunista e com aenorme presso do capitalismo na prolongada retomada do ps-guerra, o processo de degeneraonacionalista e reformista dos Partidos Comunistas estava completo. Eles se tornaram reformistascomo qualquer outra organizao reformista. Rompendo com Moscou, eles sentiram-secrescentemente sob a presso de sua prpria classe capitalista e da opinio pblica burguesa. Esteera o real significado do assim chamado eurocomunismo.

    Hobsbawm tirou todas as concluses erradas do golpe no Chile em 1973. Para ele, a lio no eraque Allende tivesse fracassado em mobilizar e armar a classe trabalhadora para esmagar acontrarrevoluo, mas, pelo contrrio, que Allende tinha ido longe demais e rpido demais. Elesustentou a linha reformista do PC italiano, a linha do compromisso histrico, isto , a linha dacolaborao de classe.

    Nos anos 1960 e 1970, ele estabeleceu laos com a ala direita do Partido Comunista Italiano quedefendia um rompimento com a Unio Sovitica. Hobsbawm sempre foi admirador do PartidoComunista Italiano. De todos os partidos, o PCI era o mais degenerado e de direita. Ele se tornouamigo prximo de Giorgio Napolitano, que desde os anos setenta era o lder da ala direita do PCI. Eleera o mais reformista dos reformistas, um homem que era to confivel burguesia italiana queesta fez dele Presidente da Repblica.

    Em 1977, ele encenou uma longa entrevista com Giorgio Napolitano, ento secretrio internacionaldo Partido Italiano (PCI) e um dos lderes da ala eurocomunista. Mais tarde ele a publicou na formade um livro, O Caminho Italiano ao Socialismo, onde Napolitano diz o seguinte:

    O nico caminho realista aberto transformao socialista na Itlia e na Europa Ocidental emcondies de paz encontra-se na luta dentro do processo democrtico.

    A poltica de alianas amplas um retorno s polticas dos mencheviques, que foram ferozmentecontestadas por Lnin e ressurgiram atravs de Stalin na forma da frente popular, que levou aderrotas aps derrotas. A ideia de reformas graduais inseparvel da posio da Socialdemocracia.A ideia de que possvel reformar o capitalismo gradualmente negada por toda a histria dosltimos 100 anos. O resultado deste realismo pode ser visto hoje: o uma vez todo-poderoso PCI foicompletamente liquidado.

    Com a queda do estalinismo depois de 1989, este processo de degenerao ainda mais seintensificou. Na Blgica, Gr-Bretanha e Noruega, os Partidos Comunistas virtualmente entraram emcolapso, em consequncia. Na Itlia, o outrora poderoso PCI se transformou em um partido burguspela mo de seus lderes eurocomunistas. Na Gr-Bretanha, o antigo terico do Partido Comunista,Eric Hobsbawm, capitulou completamente perante o capitalismo e se posicionou direita daesquerda trabalhista.

    Hobsbawm se move Direita

    O declnio literrio de Hobsbawm decorreu em paralelo a sua degenerao poltica e estintimamente ligado a isto. Mas de onde veio esta degenerao? Para responder esta questo, deve-se primeiro entender o contexto histrico em que esses livros foram escritos.

    Os anos 1960 viram uma vaga de radicalizao, em especial entre os estudantes, e isto deve terinfluenciado Hobsbawm. O processo se aprofundou nos anos 1970, que comearam com a primeirarecesso mundial desde 1945. Seguiu-se uma onda de revolues e fermentao revolucionria emPortugal, Espanha, Grcia, Itlia e Frana. A prpria Gr-Bretanha foi varrida por uma onda degreves. No pode haver dvida que estes acontecimentos devem ter tido uma influncia positiva nosescritos de Hobsbawm, e no acidental que seus melhores livros foram publicados em torno desteperodo.

    Em abril e maio de 1974, acompanhando a derrubada da ditadura de Caetano, milhes detrabalhadores portugueses foram s ruas em um movimento revolucionrio que varreu tudo diante

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    de si. O Partido Comunista apoiava o general Spnola, que mais tarde tentou organizar um golpe deestado de direita. Isto s foi evitado pelo movimento dos trabalhadores e dos soldados rasos.

    Em maro de 1975, The Times escreveu um editorial com o ttulo: O Capitalismo est morto emPortugal. E este deveria ter sido o caso. Naquele tempo, a maioria da economia tinha sidonacionalizada e o poder estava, na prtica, nas mos da classe trabalhadora. Mas a coisa toda foidesfeita pelas polticas dos lderes dos Partidos Socialista e Comunista. A mesma coisa aconteceu naEspanha.

    A morte de Franco em novembro de 1975 foi o sinal para um perodo revolucionrio tumultuoso, comgreves de massas e manifestaes. Havia elementos de poder dual. O movimento tinha carterclaramente anticapitalista. O Partido Comunista se encontrava em posio extremamente poderosa.Tinha em suas fileiras uma vanguarda formada em sua grande maioria por proletrios. Mas, comonos anos 1930, a liderana tinha uma poltica de colaborao de classe.

    Em 1973, quando a ditadura estava cambaleando, eles j tinham subscrito a infame JuntaDemocrtica, uma coalizo com liberais, antigos fascistas e mesmo alguns partidos monarquistas.Os trabalhadores estavam prontos para tudo. Mas o PCE (Partido Comunista Espanhol) ps o freio.Em seu congresso de 1978, o Partido formalmente abandonou o Leninismo, embora, verdade sejadita, isto foi apenas um reconhecimento formal do fato de que o partido j tinha abandonadoqualquer posio genuinamente revolucionria h muito.

    Este perodo ficou conhecido como a Transio (alegadamente da ditadura democracia), mas defato era a fraude do sculo. A odiada monarquia foi mantida e desempenhou um papel central. AGuarda Civil e outros rgos de represso foram mantidos. Ningum foi responsabilizado peloscrimes e atrocidades do velho regime. Os assassinos e torturadores transitavam livremente nasruas. O povo da Espanha foi exortado a esquecer do um milho de mortos da Guerra Civil. Nadadisto, supostamente, acontecera.

    Naqueles anos, a Itlia tambm se encontrava abalada at os alicerces por uma gigantesca vaga degreves. A situao estava se tornando cada vez mais revolucionria. O PCI tinha domnio esmagadordo movimento dos trabalhadores. Mas os lderes eurocomunistas como Berlinguer e Napolitanoestavam defendendo um compromisso histrico com a burguesia e os Democratas Cristos. Comona Espanha, isto descarrilou e destruiu o movimento. O problema, como na Espanha dos anos 1930,era fundamentalmente um problema de liderana. Os lderes comunistas desempenharam umpapel chave em fazer abortar movimentos revolucionrios em todos os lugares.

    Os vermelhos anos 1970, que foram cheios de tanta esperana, finalmente se renderam aoscinzentos anos 1980, um perodo de desinteresse, desnimo e desespero. Esta onda de desilusoque se seguiu preparou o caminho para um perodo de semi-reao que comeou no incio dos anos1980. Em consequncia, o capitalismo sobreviveu e a burguesia gradualmente recuperou os nervose passou ofensiva. Os trabalhadores avanados estavam por todos os lados cercados por um climade ceticismo e pessimismo.

    Os escritos de Hobsbawm refletem a desiluso geral com o socialismo que afetou os intelectuais deesquerda daquele tempo. J em 1978, ele escreveu: No temos perspectivas claras de como a crisepode levar transformao socialista e, para sermos honestos, nenhuma expectativa real de queisto acontecer. Aqui, temos a essncia destilada do intelectual pequeno-burgus que, incapaz denadar contra a mar, deserta da luta revolucionria e se retira para trs de um muro de pessimismo.

    Hobsbawm e a liquidao do Partido Comunista

    Hobsbawm se moveu mais e mais para a direita. Em seus ltimos livros quaisquer longnquasconexes com o marxismo que antes existiam desapareceram completamente. A Era do Imprio(1987) contm grande quantidade de material interessante, mas inteiramente imbudo dosentimento de que no h alternativa ao capitalismo uma ideia que obcecou a mente deHobsbawm at o fim e que condicionou sua evoluo poltica. A concluso lgica eraliquidacionismo. Em comum com muitos esquerdistas e comunistas, a viso de Hobsbawm foiinfluenciada pelo longo perodo de auge capitalista que se seguiu II Guerra Mundial. Na base da

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    globalizao, o argumento repetidamente avanado pelos burgueses, e particularmente pelosapologistas pequeno-burgueses do capitalismo, era que, de fato, o estado-nao no tem maissentido.

    O mesmo argumento foi avanado por Kautsky no perodo da Primeira Guerra Mundial (a assimchamada teoria do super-imperialismo), quando argumentou que o desenvolvimento docapitalismo monopolista e imperialista gradualmente eliminaria as contradies do capitalismo. Nohaveria mais guerras porque o desenvolvimento do prprio capitalismo tornaria aos estadosnacionais redundantes. A mesma teoria foi adotada por Eric Hobsbawm, em comum com todos osoutros revisionistas.

    Este ex-estalinista argumentou que o estado nacional foi apenas um perodo de transio da histriahumana, j ultrapassado. Os economistas burgueses avanaram o mesmo argumento ao longo dahistria. Eles tentam abolir as contradies inerentes ao sistema capitalista meramente negando suaexistncia. Mas precisamente neste momento, quando o mercado mundial tornou-se a foradominante do planeta, que os antagonismos nacionais tm adquirido em todos os lugares o carterde ferocidade e que a questo nacional, longe de ter sido abolida em qualquer lugar, assumiu umcarter particularmente intenso e maligno.

    Hobsbawm tentou apresentar o movimento em direo ao livre comrcio e globalizao como umprocesso inevitvel e automtico, negligenciando todas as contradies e tendncias contrapostas.De fato, mesmo a mais superficial anlise da histria mostra que perodos de maior livre comrcio(como antes da Primeira Guerra Mundial) alternam-se com perodos de guerras ferozes eprotecionismo (como nos anos 1930), e que a burguesia recorrer ao protecionismo desde que seusinteresses estejam ameaados.

    Isto permanece to verdadeiro hoje quanto quando Marx ou Lnin estavam vivos. Mas, Hobsbawmno estava mais interessado em defender o marxismo. Nas ltimas dcadas de sua vida ele seseparou cada vez mais do marxismo, como se estivesse ofuscado pelo xito do capitalismo e daeconomia de mercado. Sua verdadeira atitude se revelou em sua declarao de que o comunismoera de limitado interesse histrico quando comparado ao gigantesco xito da economia mistacapitalista de meados dos anos 1950 a 1973, que ele descreveu como a revoluo na sociedademais profunda desde a Idade da Pedra.

    Em outubro de 1979, Hobsbawm ingressou no Conselho Editorial de Marxism Today, o jornal tericodo Partido Comunista da Gr-Bretanha (PCGB). Junto a Martin Jacques, ele utilizou o jornal comoplataforma dos eurocomunistas no partido. Esta ala revisionista de direita no desejava nada menosque a dissoluo do PCGB. No incio de 1983, Martin Jacques: j pensava que o PC era impossvel dereformar... mas permaneci porque ele necessitava dos fundos partidrios para continuar publicandoMarxism Today.

    O Partido Comunista Britnico terminou em completo fiasco, dividido em quatro pequenos grupos. OPartido Comunista Espanhol, que poderia ter tomado o poder em 1976-77, uma sombra do queera. A bancarrota ideolgica do PC foi resumida por Chris Myant, secretrio internacional do PCGB,que declarou que a Revoluo de Outubro foi um erro de propores histricas.

    Jacques estava convencido de que o Partido Comunista tinha acabado. Na verdade, do ponto devista poltico, ele tinha acabado muito tempo antes. Mas precisou de gente como Hobsbawm eJacques para agirem como coveiros oficiais. Em 1991, quando a Unio Sovitica colapsou, aliderana eurocomunista dominante do PCGB, conduzida por Nina Temple, expulsou todos os quediscordavam, e decidiu dissolver todo o partido.

    O Estalinismo veio do Leninismo?

    O socialismo, segundo alega Hobsbawm, no final das contas caiu porque, eventualmente, (...)Quase ningum acreditava no sistema ou sentia qualquer lealdade por ele, nem mesmo os que ogovernavam.

    Esta uma explicao que no explica nada. Este homem que durante dcadas defendeu o

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    estalinismo sem se ruborizar, agora conclui que deve ter havido alguma coisa errada com aRevoluo de Outubro desde o incio. Dessa forma, ele ingressa no vago da orquestra burguesa queatribui todos os crimes do estalinismo a algum pecado original de Lnin e do Partido Bolchevique.

    Enquanto defende Stalin de forma sub-reptcia, Hobsbawm d credenciais para a mais atroz calniainventada pelos inimigos burgueses da Revoluo de Outubro, a saber, que as razes do estalinismose encontram no Bolchevismo, e que Leninismo e Estalinismo so essencialmente o mesmo. Oproblema desta teoria que impossvel a partir dela explicar porque Stalin, para consolidar odomnio da burocracia, teve que exterminar todos os velhos Bolcheviques.

    A verdade que Estalinismo e Leninismo se excluem mutuamente. No h nada em comum entre oregime de democracia dos trabalhadores estabelecida por Lnin e Trotsky e a monstruosidadetotalitria que Stalin erigiu sobre os cadveres dos autnticos Bolcheviques.

    Depois da Revoluo de Outubro, o jovem Estado sovitico foi invadido por 21 exrcitos estrangeirosde interveno que mergulharam o pas em um banho de sangue. Mesmo na mais democrticarepblica burguesa, em tempos de guerra os trabalhadores aceitaro certas limitaes em seusdireitos. Este tambm foi o caso na Rssia durante a Guerra Civil.

    O problema enfrentado pelos Bolcheviques em 1917 era que eles tomaram o poder em condies deextremo atraso. Foi isto, e no qualquer pecado original do Leninismo Bolchevismo, que condenoua Revoluo Russa degenerao burocrtica.

    Em A Ideologia Alem (1846), Marx j tinha explicado que em qualquer sociedade onde a pobreza generalizada, toda a velha bosta (die ganze alte Scheisse) ressurge. Ele se referia desigualdade,opresso, burocracia, corrupo e todos os males da sociedade de classe. No incio dos anos 1920,Lnin honestamente admitiu que o nosso estado um estado dos trabalhadores com deformaesburocrticas. Mas estas eram deformaes relativamente pequenas e nada semelhantes aomonstruoso regime mais tarde estabelecido por Stalin. A despeito disso, a classe trabalhadoragozava de mais direitos democrticos que em qualquer outro pas.

    A grande realizao histrica da Revoluo Russa foi a de provar muito alm de qualquer dvida que possvel fazer funcionar uma vasta economia como a da URSS sem latifundirios, banqueiros ecapitalistas privados e obter excelentes resultado. Isto foi assim porque est claro que nas primeirasdcadas de economia nacionalizada e planificada, a Unio Sovitica obteve resultados dos maisnotveis. Nunca foi vista na histria uma transformao como a que ocorreu na URSS, de 1917 a1965.

    Depois da morte de Lnin, contudo, sob as condies de atraso assustador, a Revoluo Russasofreu um processo de degenerao burocrtica sob Stalin, que eventualmente socavou a economiaplanificada. Isto finalmente terminou no colapso da Unio Sovitica.

    No incio de 1936, Trotsky explicou que a burocracia russa no ficaria satisfeita com os enormesprivilgios que detinham (mas que, entretanto, no podiam transferir aos seus filhos), einevitavelmente se moveriam em direo restaurao do capitalismo.

    Trotsky apontou que uma economia nacionalizada e planificada necessita de democracia da mesmaforma que um corpo humano requer oxignio. Sem o controle democrtico da classe trabalhadorauma economia nacionalizada e planificada inevitavelmente ser esmagada pela burocracia, pelacorrupo e m gesto. Foi isto exatamente o que aconteceu.

    A pavorosa caricatura que Hobsbawm persistiu em chamar de socialismo at o fim de sua vidaprovocou danos colossais ideia de socialismo e comunismo aos olhos dos trabalhadores do mundo.Durante dcadas, Hobsbawm, que nunca foi um marxista genuno, justificou o totalitarismoestalinista e denigriu aqueles que lutavam pelo retorno das polticas de Lnin (os Trotskistas).

    Ignominiosamente, mesmo em seus ltimos escritos, ele ainda se refere aos regimes estalinistas naRssia e na Europa do Leste como socialismo real ou comunista. E, uma vez que o socialismoe o comunismo fracassaram, ele se adianta para fornecer uma justificativa terica em defesa do

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    capitalismo.

    Esta transformao pode parecer contraditria. Na realidade, muito simples. Pela mesma lgica, amaioria dos antigos lderes do Partido Comunista da Unio Sovitica calmamente se transformouem capitalistas e bilionrios. Da mesma forma que o Professor Vermelho, eles conseguiram estatransio com a mesma desenvoltura como um homem passa do compartimento de segunda classeao compartimento de primeira classe de um trem. Esta facilidade notvel explicada, em primeirolugar, pelo fato de que eles nunca foram comunistas.

    Terico do Novo Trabalhismo

    Embora o Partido Comunista Britnico no fosse to forte quanto seu equivalente italiano, aburguesia ficou, no entanto, muito feliz com sua dissoluo. E um papel chave nisto foidesempenhado pelo Professor Hobsbawm. No somente Hobsbawm participou ativamente nadestruio do PCGB a partir de dentro, ele tambm ativamente colaborou com a ala de direita doPartido Trabalhista na derrota da esquerda. Isto foi ainda mais valioso para o Establishment.

    Hobsbawm e Jacques desejavam dissolver o PCGB na esquerda, particularmente na esquerdamansa em torno de Neil Kinnock do Partido Trabalhista. No foi, pois, por acaso que quando morreuHobsbawm, o lder da ala direita dos Trabalhistas, Ed Miliband, no tenha perdido tempo emingressar no coro das lisonjas.

    De acordo com Miliband, Hobsbawm era:

    (...) Um extraordinrio historiador, um homem apaixonado por sua poltica e um grande amigo deminha famlia (...). Mas no era simplesmente um acadmico, ele se preocupava profundamentecom a direo poltica do pas. De fato, foi ele um dos primeiros a reconhecer os desafios doTrabalhismo no final da dcada de 1970 e nos anos 1980 perante a mudana da natureza de nossasociedade.

    Ele tambm foi um homem amvel, com quem eu tive algumas das mais estimulantes edesafiadoras conversas acerca da poltica e do mundo.

    De que forma Hobsbawm reconhece os desafios do Trabalhismo no final da dcada de 1970 e nosanos 1980? E que papel desempenhou na criao do Novo Trabalhismo? Como muitos da esquerdanos anos 1980, Hobsbawm estava mergulhado no pessimismo. Ele no tinha nenhuma confiana naclasse trabalhadora ou na perspectiva do socialismo. Este humor ctico se refletiu em seu artigo de1982, A situao da esquerda na Europa Ocidental, que apresenta um quadro sombrio:

    (...) ao contrrio dos anos 1930, a esquerda hoje no pode apontar para uma alternativa desociedade imune s crises (como a URSS parecia ser), nem para quaisquer polticas concretas queprometam super-las no curto prazo (como o keynesianismo ou polticas similares pareciamprometer depois).

    Com vimos, Hobsbawm tinha j descartado completamente a classe trabalhadora:

    A classe trabalhadora manual, o corao dos partidos socialistas tradicionais dos trabalhadores,hoje est se contraindo e no se expandindo. (...) Ela foi transformada, e de certa forma dividida,durante dcadas, quando seus padres de vida alcanaram nveis inimaginveis acima mesmo dosmelhor pagos em 1939. J no se pode mais assumir que todos os trabalhadores esto a caminho dereconhecer que sua situao de classe deve se alinhar por trs de um partido socialista dostrabalhadores, mas existem ainda muitos milhes de trabalhadores que acreditam nisto.

    Essas ideias eram msica nos ouvidos da burguesia e da ala direita dos Trabalhistas (que sobasicamente a mesma coisa). Eles imediatamente reconheceram no Professor Hobsbawm um aliadomuito valioso. Suas ideias proporcionaram uma til justificativa terica para a ala direita do PartidoTrabalhista, que estava envolvida em uma amarga luta contra a esquerda do Partido. No foi poracaso que a imprensa, particularmente The Guardian, lhes deu amparo naquele momento.

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  • Hobsbawm - Parte 2: O Apstolo do Blairismo Publicado em Esquerda Marxista (http://www.marxismo.org.br)

    A classe dominante tinha sofrido um choque desagradvel quando os marxistas conseguiramconquistar considervel influncia dentro do Partido Trabalhista nos anos 1970. Eles organizaramuma diviso direita, o Partido Social Democrtico, a fim de socavar o Trabalhismo e, ao mesmotempo, maquinar uma vasta caa s bruxas contra a Tendncia Militante e a esquerda trabalhista,particularmente contra Tony Benn. Seu principal agente na campanha para derrotar a esquerdatrabalhista e empurrar o Partido Trabalhista para a direita foi o arqui-carrreirista Neil Kinnock.

    Hobsbawm entusiasticamente apoiou a luta de Neil Kinnock contra a esquerda trabalhista,encabeada por Tony Benn, e a Tendncia Militante. Por seu lado, Kinnock falou com aprovao (oucom ironia) de Hobsbawm como meu marxista favorito. Isto ocorreu no momento em que eleorganizava a caa s bruxas contra os marxistas no Partido Trabalhista.

    Segurando obedientemente o seu porrete fornecido pelo Establishment e pela mdia, ele comeou aluta contra a esquerda com o zelo de um cruzado, o que causou uma danosa diviso no Trabalhismo,desmoralizando seus ativistas e fazendo-o perder apoio. Em consequncia, a despeito daimpopularidade do governo Thatcher, isto teve xito em fazer perder duas eleies gerais.

    Este parvenu boquirroto detinha o invejvel recorde de ser o lder mais longevo da Oposio nahistria poltica da Gr-Bretanha at a data, e que nunca chegou a ser primeiro-ministro.Entrevistado no Canal Quatro [BBC] um dia depois da morte de Hobsbawm, Kinnock, em seu habitualestilo de garoto petulante, gabou-se de ter usado os argumentos desse marxista para combater esquerda Bennista e Tendncia Militante, aduzindo que quando ele conversou sobre isto comHobsbawm, Eric achou que era uma boa ideia.

    Aps a derrota eleitoral de 1983, Hobsbawm defendeu uma aliana com os traidores da ala direitaque se separou do Trabalhismo o Partido Social Democrtico e seus aliados liberais, apresentando-os como foras anti-Thatcher. Esta poltica Lib-Lab (Liberal-Trabalhista) foi a base na qual oBlairismo se fundamentou. O prprio Blair acreditava que o Partido Trabalhista nunca deveria tersido fundado, e advogava por se ligar estreitamente com os liberais uma posio ainda mantidapela direita trabalhista.

    A resvalada direita de Hobsbawm terminou dessa forma com ele diretamente no campo doBlairismo e da ala de direita do Partido Trabalhista Britnico, para os quais ele se tornou consultor eidelogo. Ele era o marxista favorito de Kinnock pela simples razo de que no era mais marxista.Seu nico papel era o de proporcionar ala direita do Trabalhismo, argumentos profundos quejustificassem sua luta contra os marxistas no Partido Trabalhista.

    Para justificar seu apoio ativo ao Novo Trabalhismo, Hobsbawm disse que era melhor ter umgoverno trabalhista a no t-lo. Mais tarde, quando o nome de Tony Blair fedia mais que um gambe que no era mais possvel para ningum da esquerda sequer remotamente defend-lo, Hobsbawmfez algumas crticas frouxas a ele. Esta foi uma tentativa de cobrir o traseiro e de fazer as pessoasesquecerem que suas teorias revisionistas de direita ajudaram a preparar o terreno para a TerceiraVia, Novo Trabalhismo, Tony Blair e tudo o mais.

    Alguns tentaram defender sua capitulao ao Blairismo apontando que ele foi crtico da conduo daguerra ao terrorismo e que acusou os EUA de tentar recolonizar o mundo. Isto no quer dizermuita coisa, quando a vasta maioria das pessoas na Gr-Bretanha se ops invaso do Iraque e obarato antiamericanismo , de todas, a mais desvalorizada moeda dos antigos estalinistas deesquerda.

    A direita trabalhista tem toda razo em ser grata a este homem. Mas a esquerda no tem nenhuma. Categoria: Internacional [2]Formao [3]

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