103
i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA IST – INSTITUTO SUPERIOR TUPY CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA AVALIAÇÃO DO USO DE PROGRAMAS CAD NO PROJETO DE MOLDE PARA TERMOPLÁSTICOS NA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA SILVIO RICARDO BENEDITO JOINVILLE 2010

i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

i

SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA

IST – INSTITUTO SUPERIOR TUPY

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

AVALIAÇÃO DO USO DE PROGRAMAS CAD NO PROJETO DE MOL DE PARA

TERMOPLÁSTICOS NA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DE SANT A

CATARINA

SILVIO RICARDO BENEDITO

JOINVILLE

2010

Page 2: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

ii

SILVIO RICARDO BENEDITO

AVALIAÇÃO DO USO DE PROGRAMAS CAD NO PROJETO DE MOL DE PARA

TERMOPLÁSTICOS NA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DE SANT A

CATARINA

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós - Graduação em Engenharia

Mecânica do Instituto Superior Tupy,

como requisito para a obtenção do

título de Mestre em Engenharia

Mecânica. Orientador: Prof. Dr. Adilson

José de Oliveira.

JOINVILLE

2010

Page 3: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

iii

SILVIO RICARDO BENEDITO

AVALIAÇÃO DO USO DE PROGRAMAS CAD NO PROJETO DE MOL DE PARA

TERMOPLÁSTICOS NA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DE SANT A

CATARINA

_____________________________

Prof. Dr. Adilson José de Oliveira (Orientador)

Instituto Superior Tupy

______________________________

Prof. Dr. Adriano Fagali de Souza

Instituto Superior Tupy

______________________________

Prof. Dra. Izabel Cristina Zattar

Universidade Federal do Paraná

Page 4: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

iv

Dedico este trabalho a todos que me auxiliaram

nos momentos difíceis e entenderam a

importância do mesmo. Ao Prof. Dr. Adilson

José de Oliveira, pelo esforço e contribuição

nas orientações do trabalho, e em especial, a

DEUS, à minha companheira e esposa Miriam

e filhos Rafael e Guilherme pela compreensão

e carinho demonstrados durante esta jornada e

igualmente aos meus pais Rosa Ma e Benedito.

Page 5: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

v

RESUMO

Os termoplásticos possuem baixa densidade são isolantes térmicos e elétricos, resistentes ao impacto, facilmente moldáveis, altamente recicláveis, possuem baixo custo, e, portanto, além de apresentarem uma larga faixa de aplicação, promovem uma crescente demanda. Consequências do crescimento da demanda por produtos termoplásticos são a necessidades de especificações cada vez mais restritas, formas atrativas e redução no tempo de introdução no mercado. A integração do processo de desenvolvimento baseado em programas de computador – projeto e manufatura - é um dos requisitos para atender aos crescentes demandas. O objetivo desta pesquisa é determinar como programas CAD (projeto auxiliado por computador) são utilizados no projeto de moldes de injeção para termoplásticos na região nordeste Santa Catarina, segundo maior centro de projeto e produção de moldes no Brasil. A metodologia de pesquisa constitui-se de uma avaliação de campo realizada através de entrevistas nas empresas baseada em questionários. A comparação entre estado da arte em programas CAD e a real aplicação no setor de projeto das ferramentarias demonstrou que a cultura de projeto e a experiência profissional são barreiras para aplicação de técnicas de modelamento 3D em todas em fases do projeto. Identifica-se também que a subutilização de programas CAD e a carência de qualificação específica podem limitar a redução no tempo de projeto e na competitividade das empresas.

Palavras-chave : Termoplásticos. Molde de injeção. Projeto de molde. Programas CAD.

Page 6: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

vi

ABSTRACT

Thermoplastics have low density, are thermal and electrical insulation, have high impact resistance, are easily processing, have high recycling and low cost, and so on, present a wide range of application and growing demand. This growing demand for thermoplastic products consequently causes the need to increasingly narrow specifications, aesthetic forms and reduction in time to market. The integration of the design and manufacturing development based on computer programs is one of requirement to support the growing to comply with requirements. The objective of this research is determinate as CAD programs (Computer-Aided Design) are used in the thermoplastic mold design in the northeast of Santa Catarina State, which is the second largest center for design and production of molds in Brazil. The research methodology consisted of a field survey conducted through interviews on company based on questionnaires. A comparison of state of the art CAD programs and the real application in the mold design department has shown that design culture and personal experience are barriers to implementation of 3D modeling techniques in all phases of the mold project. It also identified that underuse of the CAD program and the lack of specific skills may limit the reduction in design time and on business competitiveness.

Keywords : Thermoplastic. Injection mold. Mold design. CAD program.

Page 7: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

vii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 – Injeção do material plástico no molde ................................................... 5

Figura 2.2 – Estrutura básica do molde de injeção.................................................... 7

Figura 2.3 – Molde de três placas ............................................................................. 8

Figura 2.4 – Molde de partes móveis ........................................................................ 9

Figura 2.5 – Molde com núcleo rotativo..................................................................... 9

Figura 2.6 – Fluxo das atividades relacionadas com o projeto do molde ............... 11

Figura 2.7 – Sistema de injeção convencional e sequêncial ...................................14

Figura 2.8 – Modelo 3D destacando linha de solda................................................. 15

Figura 2.9 – Desenho 2D sem associatividade ....................................................... 17

Figura 2.10 – Modelamento por superfície .............................................................. 22

Figura 2.11 – Molde de injeção simplificado............................................................ 24

Figura 2.12 – Representação tipos de base de molde ............................................ 27

Figura 2.13 – Pinos de injetores .............................................................................. 27

Figura 2.14 – Linha guia do sistema de refrigeração............................................... 31

Figura 2.15 – Sistema de refrigeração ................................................................... 31

Figura 2.16 – Módulo do projeto de partição ........................................................... 32

Figura 2.17 – Ranhuras do pneu, tamanho pequeno, médio e grande ................... 33

Figura 2.18 – Configuração do posicionamento dos sulcos .................................... 34

Figura 2.19 – Especificações do projeto de um padrão de ranhura ....................... 35

Figura 2.20 – Modelo do pneu construído com o programa CAD 3D...................... 35

Figura 3.1 – Sequência das atividades para metodologia da pesquisa .................. 42

Figura 3.2 – Produto saboneteira ............................................................................ 43

Figura 3.3 – Grupo de perguntas ............................................................................ 45

Figura 3.4 – Corpo-de-prova de tração ................................................................... 46

Figura 3.5 – Travessas ........................................................................................... 46

Figura 3.6 – Hélice ................................................................................................. 47

Figura 4.1 – Número de ferramentarias por ramo de atuação ................................ 48

Figura 4.2 – Número de funcionários do setor de projetos ..................................... 49

Figura 4.3 – Fases do projeto do molde no pré-projeto .......................................... 52

Figura 4.4 – Uso dos programas CAD no pré-projeto ............................................ 53

Figura 4.5 – Fases do projeto do molde - desenvolvimento ................................... 54

Page 8: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

viii

Figura 4.6 – Fase que demanda mais tempo no projeto do molde ......................... 55

Figura 4.7 – Programa CAD utilizada no projeto do molde .................................... 56

Figura 4.8 – Motivos pelo não uso dos módulos específicos .................................. 58

Figura 4.9 – Desafios na utilização do programa CAD 2D ..................................... 60

Figura 4.10 – Necessidade do desenho 2D no projeto do molde ........................... 61

Figura 4.11 – Dificuldade na utilização do programa CAD 3D ................................ 61

Figura 4.12 – Erros mais frequentes no projeto do molde .......................................64

Figura 4.13 – Futuro e inovações tecnológicas ...................................................... 64

Figura 4.14 – Projeto do molde do produto 1 ......................................................... 66

Figura 4.15 – Análise de ângulo de inclinação ....................................................... 68

Figura 4.16 – Operação booleana de subtração do produto na cavidade .............. 68

Figura 4.17 – Operação booleana de subtração para cavidade fixa ...................... 69

Figura 4.18 – Operação booleana de subtração para cavidade móvel .................. 70

Figura 4.19 – Análise de inclinação ........................................................................ 71

Figura 4.20 – Análise da linha de fechamento ........................................................ 72

Figura 4.21 – Superfície de fechamento ................................................................. 73

Figura 4.22 – Ferramenta tooling splite .................................................................. 74

Figura 4.23 – Cavidade móvel e Fixa extraídas ..................................................... 74

Tabela 2.1 – Atividades propostas para as fases do projeto ................................... 10

Tabela 2.2 – Comparativo entre modelagem de superfície e de sólidos. ............... 23

Tabela 2.3 – Comparação do tempo de modelamento ........................................... . 39

Equação 3.1 - Tamanho da amostra ...................................................................... 44

Tabela 3.1 – Valores de confiança .......................................................................... 45

Tabela 4.1 – Análise e comparação entre métodos ................................................ 75

Page 9: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

B-rep – Boundary representation

CAD – Desenho (projeto) auxiliado por computador

CAM – Manufatura auxiliada pelo computador

CAE – Engenharia Auxiliada por Computador

CAI – Inspeção Auxiliada por Computador

CNC – Comando Numérico computadorizado

CSG – Constructive Solid Geometry

DIN – Deutsches Institut für Normung. (Instituto alemão de normas técnicas)

IGES – Initial Graphics Exchange Specification

PDF – Portable Document Format

PMJ – Prefeitura Municipal de Joinville

Page 10: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

x

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................ .........................................................4

2.1 GENERALIDADES.................................................................................................4

2.2 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE INJEÇÃO DE TERMOPLÁSTICOS....4

2.3 CONCEPÇÃO E PROJETO DE MOLDES PARA TERMOPLÁSTICOS ................6

2.4 DESAFIOS DO PROJETO DE MOLDES PARA INJEÇÃO..................................12

2.5 SISTEMA CAD NO PROJETO DO MOLDE.........................................................15

2.5.1 Práticas de modelamento em sistema CAD 3D ............................................21

2.5.2 Recursos nos programas CAD 3D para projeto de moldes .........................25

2.5.3 Implantação dos programas CAD 3D nas indústri as de molde ..................36

3 METODOLOGIA APLICADA............................. .....................................................38

3.1 MÉTODO DE PESQUISA ADOTADO..................................................................38

3.2 DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA .............................................39

3.3 FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DESENVOLVIDAS..............................................41

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS E ABORDAGEM DA EMPRESA ......44

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................... ..................................................48

4.1 GENERALIDADES...............................................................................................48

4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS FERRAMENTARIAS (Perguntas grupo 1) .................48

4.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DO MOLDE (Perguntas grupo 2) ...............50

4.4 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO (Perguntas grupo 3).................................55

4.5 DESAFIO E PERSPECTIVA NO PROJETO DO MOLDE (Perguntas grupo 4) ...59

4.6 APLICAÇÃO DO MÓDULO DE AUXÍLIO AO PROJETO DO MOLDE................67

4.6.1 Modelamento Manual ......................................................................................67

4.6.2 Modelamento com Módulo de Auxílio ...........................................................71

4.6.3 Análise da Aplicação e Comparação dos Métodos ......................................75

5 CONCLUSÕES.......................................................................................................77

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................................78

REFERÊNCIAS..........................................................................................................79

APÊNDICES ............................................................................................................ 85

Page 11: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

1

1 INTRODUÇÃO

Os termoplásticos são moldáveis a quente e possuem baixa densidade, boa

aparência, são isolantes térmicos e elétricos, resistentes ao impacto, possuem baixo

custo e, portanto, apresentam uma larga faixa de aplicações. Na indústria

automobilística, por exemplo, existe uma tendência a substituição de componentes

metálicos por termoplásticos – normalmente reforçados com fibras – em função da

redução de massa e da facilidade de reciclagem. No Brasil, o consumo de

termoplásticos aumentou gradativamente ao longo da última década. O consumo

cresceu a uma taxa média de 3,6% ao ano e o número de empregados no setor

aumentou 6,1% ao ano no período de 2000 a 2008. O setor alimentício, construção

civil, embalagens, agrícola, utilidades domésticas, higiene e limpeza, calçados,

eletroeletrônico, cosmético, automobilístico e brinquedos são, em ordem

decrescente, os principais segmentos que demandam produtos termoplásticos

(ABIPLAST, 2008; FERNANDES e DOMINGUES, 2007; MARKARIAN, 2007;

SPINACÉ e DE PAOLI, 2005).

Uma consequência do crescimento no segmento é a necessidade de produtos

com especificações cada vez mais restritas além de formas mais atrativas ao

consumidor. Esta realidade reflete diretamente na indústria de moldes para injeção

de termoplásticos, a qual, segundo Mascarenhas (2002), é a responsável por 32%

dos produtos termoplásticos produzidos no país. Especificações dimensionais mais

estreitas normalmente limitam o número de ciclos ao qual o molde para injeção é

submetido antes de manutenção. Formas atrativas estão associadas às curvas e às

superfícies complexas, ou seja, quando o raio de curvatura se altera ao decorrer da

entidade, de maneira não uniforme. Nestes casos, cada ponto da geometria possui

um raio de curvatura distinto e independente dos adjacentes. Estas curvas também

não podem ser representadas simplesmente com entidades tais como círculos, raios

e retas (SOUZA e ULBRICH, 2009; RADZEVICH, 2008).

A realidade dos projetos de moldes para injeção de termoplásticos envolve a

combinação de complexos componentes mecânicos, elétricos, pneumáticos e

hidráulicos com o objetivo de atender aos requisitos dos produtos. Ainda, pequenas

diferenças na forma do produto – tais como uma reentrância ou um furo lateral –

podem promover significativa alteração do projeto. A quantidade, a taxa de produção

e o material do componente injetado também têm forte influência na concepção do

Page 12: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

2

molde de injeção. O projeto do molde é uma tarefa subjetiva e depende muito da

experiência e da atualização tecnológica dos responsáveis. Outro desafio no

segmento é a escassez de literatura confiável sobre metodologias de projeto de

moldes para injeção de termoplásticos (JONES, 2008).

O tempo de projeto e construção do molde de injeção é, em muitos casos, o

fator preponderante para que uma ferramentaria – empresa responsável pelas

etapas mencionadas – receba um pedido de compra, inclusive em relação ao preço.

Uma forma de reduzir os esforços, evitar equívocos de projeto e, assim, minimizar o

tempo de disponibilidade dos moldes de injeção no mercado é a integração da

cadeia produtiva com programas de computadores. Especificamente na área do

projeto, esta integração refere-se à utilização de programas CAD e CAE (Projeto

Auxiliado por Computador e Engenharia Auxiliada por Computador,

respectivamente). Em muitos países, a aproximação entre fornecedores de CAD e

usuários já é realidade. No Brasil, as características do mercado são distintas. O

setor de ferramentarias é muito pulverizado, pois, estima-se existirem mais de duas

mil empresas do ramo. Dessas, muitas ainda estão na época de programas de CAD

de duas dimensões e não demonstram tanta disposição para investir em soluções

atualizadas. O projeto 3D pode proporcionar vantagens como: geração de vistas

automáticas, alterações de projeto de forma mais simples, compartilhamento e

integração de informações com demais áreas da empresa, além de um suporte

adequado a utilização de curvas e de superfícies complexas (SANT’ANNA, 2009;

SIQUEIRA, 2008).

Os três principais centros do país para projetos e produção de moldes,

matrizes e ferramentas direcionadas à indústria de transformação de termoplásticos

são: a região do ABCD, no estado de São Paulo; o nordeste de Santa Catarina; e a

região serrana do Rio Grande do Sul, nessa ordem. Em Santa Catarina, são 450

razões sociais e 3600 trabalhadores (DIHLMANN, 2009). Contudo, um reduzido

número de ferramentarias tem infraestrutura para realizar projetos de moldes para

termoplásticos, e informações da utilização de programas CAD para esta atividade

são restritas. Diante deste contexto esta região torna-se um excelente campo para

pesquisas e investigações, pela sua representatividade dentro deste universo das

indústrias de moldes.

Page 13: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

3

Dentro deste contexto o objetivo desta pesquisa é determinar como

programas CAD são utilizados no projeto de moldes de injeção para termoplásticos

na região nordeste de Santa Catarina.

Como objetivos específicos, têm-se:

a) Determinar os desafios da utilização de programas CAD 2D e 3D no projeto

de molde para termoplásticos;

b) Identificar as dificuldades envolvidas com a transição do projeto de molde

em programas CAD 2D para 3D;

c) Identificar a utilização de recursos exclusivos para projeto de molde para

termoplásticos em programas CAD 3D.

Esta dissertação está estruturada em cinco capítulos descritos a seguir. O

primeiro capítulo apresenta a introdução, na qual se contextualiza o estudo

representando o cenário da indústria de moldes de injeção de termoplásticos na

região nordeste de Santa Catarina e as principais características da problemática

que abrange o tema, os objetivos gerais, específicos e a organização do documento.

O segundo capítulo trata-se de uma revisão bibliográfica na qual são apresentadas

as principais tecnologias e ciências envolvidas na manufatura de moldes de injeção

de termoplásticos, o estado da arte da tecnologia CAD e a relação com as atividades

de projeto. No terceiro capítulo descrevem-se à metodologia aplicada nas etapas de

desenvolvimento da pesquisa de campo, os critérios de avaliação, os procedimentos

e os recursos empregados na execução desta atividade. O quarto capítulo apresenta

os principais resultados e as discussões as quais foram comparadas ao referencial

teórico da pesquisa apresentada anteriormente e finalizando este capítulo um

comparativo entre o os métodos de modelamento manual versus modelamento com

módulo de auxílio ao projeto. Na sequência apresentam-se as considerações finais

da dissertação no quinto capítulo, destacando-se as conclusões finais do trabalho.

Os aspectos importantes são evidenciados, além de sugestões para futuros

trabalhos. Por fim são listadas as referências bibliográficas desta dissertação e ao

final, encontram-se no apêndice as informações adicionais para documentação e

esclarecimentos.

Page 14: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Durante este capítulo apresentar-se-ão algumas considerações gerais sobre o

processo de injeção de termoplásticos, moldes de injeção e particularmente sobre

seu projeto, concepção e as questões que norteiam o seu desenvolvimento.

2.1 GENERALIDADES

Para o projeto de moldes para injeção de termoplásticos normalmente é

caracterizado por profissionais com larga experiência, tipicamente treinados durante

anos em ambientes com demais profissionais com ampla dedicação à área de

conhecimento. Referências sobre metodologias de projeto de moldes de injeção

para termoplásticos são escassas, a área é caracterizada pelo empirismo e pelo

senso de coerência. Estes atributos aumentam o tempo de desenvolvimento e têm

implicações diretas nos prazos e custos finais do ferramental (MA, 2003 e TONG;

CHU , 2005; TANG et al. 2006).

O suporte de programas CAD pode auxiliar em muitas atividades desde a

concepção ao detalhamento do ferramental, minimizando esforços e reduzindo o

tempo de finalização do projeto. Além disso, promove a integração da cadeia

produtiva, tanto com áreas de simulação e, principalmente, com a área de

manufatura. O objetivo deste capítulo é discorrer sucintamente sobre o projeto de

molde para termoplásticos e como variáveis geométricas, quantidade e taxa de

produção além do material injetado têm influência na sua concepção. Suportado

com estas informações, descreve-se recursos de programas CAD específicos para a

atividade, com o propósito de minimizar o tempo e o custo do projeto, e

consequentemente, de toda a cadeia produtiva.

2.2 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE INJEÇÃO DE TERMOPLÁSTICOS

A injeção de termoplástico possibilita, em uma única operação, a confecção

de produtos de formas complexas e com um processo amplamente automatizado.

Além disso, produtos injetados podem ter os mais diferentes tamanhos, desde

microcomponentes para instrumentos de alta precisão até pára-choques de veículos

(STOECKHERT E MENNIG, 1998).

Page 15: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

5

A injeção de termoplásticos é um processo intermitente e que segue um ciclo

definido por quatro fases principais: preenchimento, recalque, resfriamento e

extração. A fase de preenchimento inicia-se com o abastecimento do funil da injetora

com o polímero e aditivos apropriados, os quais serão aquecidos e injetados no

molde, conforme mostra a figura 2.1. Consequentemente, a cavidade, a qual define

a geometria do produto, é preenchida com o polímero no estado viscoso. Após o

preenchimento da cavidade, começa a fase do recalque, na qual é aplicada uma

quantidade adicional de polímero na cavidade, também no estado viscoso e sob

pressão, com o objetivo de compensar a contração durante a solidificação. Esta fase

é seguida pelo resfriamento, na qual a cavidade é refrigerada até que o produto

injetado tenha rigidez suficiente para ser removido. Finalmente, a última fase do

processo é a extração, quando o molde é aberto e o produto é extraído da cavidade.

Assim o molde pode ser fechado e inicia-se um novo ciclo (TANG et al, 2006;

MANRICH, 2005).

Figura 2.1 - Injeção do material plástico no molde

Fonte: Adaptado de Shoemaker (2006).

O processo de injeção de termoplásticos é uma combinação de variáveis de

tempo, temperatura e pressão. Segundo Jones (2008), torna-se improvável a

realização de um projeto de molde eficiente sem conhecimento em quatro áreas

principais: materiais termoplásticos, processos de injeção, técnicas de manufatura

do ferramental e funcionamento das máquinas-ferramenta para injeção. Apenas para

fornecer uma idéia da dificuldade do projeto de moldes para injeção,

Page 16: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

6

comercialmente, existem mais de mil diferentes classes de materiais termoplásticos

com uma ampla variedade de características de processamento (TADMOR e

GOGOS, 2006).

2.3 CONCEPÇÃO E PROJETO DE MOLDES PARA TERMOPLÁSTICOS

Como em qualquer outra área de desenvolvimento de projeto, os requisitos

para permanência das empresas no mercado são a melhorias contínuas nos

processos, aumentos da eficiência, produtos e serviços de qualidade e redução do

tempo de projeto e processo do produto. O tempo de produção de um ferramental

completo é um dos desafios da área moldes de injeção. Segundo Dihlmann (2009),

o molde de um painel de um automóvel, por exemplo, precisa ser encomendado com

um ano de antecedência.

A concepção do projeto de moldes para injeção de termoplásticos é

fortemente influenciável pelas características geométricas do produto e também pela

produção estimada. Segundo Jones (2008), produtos com tolerâncias estreitas

requerem uma maior atenção na definição da quantidade de peças a serem

produzidas. Em geral, quanto maior o número de cavidades, menor vai ser o controle

geométrico do produto final. Essas variações ocorreram por aumento demasiado na

pressão, temperatura, canais de alimentação entre outros. Muitas vezes a

quantidade estimada de produtos são maiores que as possíveis, apenas para atrair

o possível cliente. Todas as informações devem ser criteriosamente estudadas, pois

por intermédio dessas definições será realizada a escolha do tipo de molde

necessário.

Os moldes de injeção estão aqui relacionados de acordo com a norma DIN

E1670, com a seguinte denominação “Moldes de Injeção e Compressão de

Componentes”. Com as suas nomenclaturas de: molde de duas placas, moldes de

três placas ou placa flutuante, molde com partes móveis, moldes com canal quente,

moldes sanduíche e moldes com núcleo rotativo. CENTIMFE (2003) e GASTROW

(1990).

Segundo Jones (2008), os moldes de duas placas são mais simples,

compostos da parte móvel e da fixa, e são os mais utilizados. A placa com as

cavidades é presa, ao lado fixo da máquina injetora e a outra com os machos, ao

lado móvel. Podem ser utilizados todos os tipos de entrada. É conveniente para

Page 17: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

7

injetar grandes áreas, promove facilidade de desenvolvimento, custo mais baixo

comparado com os outros tipos de moldes. Durante a etapa de projeto deve ser

analisada toda a possibilidade de utilização do molde de duas placas, antes de

serem considerados outros projetos mais complexos. A figura 2.2 mostra a estrutura

básica do molde nas quais os componentes estão representados na sua estrutura de

montagem.

Figura 2.2 - Estrutura Básica do Molde de Injeção Fonte: Adaptado de Harada (2004).

Os moldes de três placas, além das tradicionais placas fixas e móveis,

apresentam uma terceira placa central também conhecida como flutuante. Esta

placa tem como função separar o canal de distribuição do componente injetado e

consequentemente não necessita da etapa posterior de retirada do canal de

alimentação do componente injetado. Este tipo de molde é utilizado para

componentes com necessidades de múltiplos pontos de injeção, auxiliando o

equilíbrio do fluxo. Como desvantagem, destaca-se o maior custo de produção e

maior manutenção quando comparado ao molde de duas placas. Este tipo de molde

não é indicado para componentes de grandes dimensões devido à necessidade de

um maior curso de abertura do molde. A figura 2.3 mostra um exemplo de molde de

Page 18: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

8

três placas, onde se percebe os canais de alimentação separado do produto pela

placa intermediaria, (HARADA, 2004; JONES, 2008).

Figura 2.3 - Moldes de três placas Fonte: Provenza (1993).

Além dos tipos de moldes existentes e relacionados anteriormente, existem

dispositivos auxiliares que contribuem no projeto e fabricação dos moldes de injeção

de termoplásticos, possibilitando alguns tipos de peças de serem produzidas por

este processo.

Moldes com sistemas auxiliares de gavetas são utilizados quando possuem

componentes que se movimentam em direções diferentes da abertura do molde. São

aplicados quando há reentrâncias e cavidades nas peças a serem moldadas

dificultando a extração do produto da cavidade. Um exemplo de moldes com partes

móveis é apresentado na figura 2.4. As setas indicam o sentido de abertura das

gavetas. Como vantagem principal pode-se obter geometrias com variados detalhes

(reentrâncias ou rebaixos). Já o custo de manutenção mais elevado é uma

desvantagem quando comparado com molde de duas ou três placas que não

possuem este dispositivo (PROVENZA, 1993).

Page 19: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

9

Figura 2.4 - Moldes com partes móveis Fonte: Adaptado de Sacchelli (2007).

Os moldes com dispositivo auxiliar de extração por núcleo rotativo são

utilizados para componentes injetados que possuem regiões com roscas. O

movimento rotativo do macho forma a rosca pretendida no produto conforme mostra

no detalhe da figura 2.5 A. Depois, no detalhe B, o macho realiza um movimento de

rotação contrária liberando o produto. Os sistemas de acionamentos utilizados são

do tipo de cremalheira ou engrenagens planetário (PROVENZA, 1993).

Figura 2.5 - Moldes com núcleo rotativo Fonte: Adaptado de Provenza (1993).

Contudo, além dos tipos de moldes e dispositivos auxiliares registrados

anteriormente, é importante comentar sobre os componentes funcionais e de

suporte. Conforme Altan (apud OLIVEIRA, 2007, p. 05), os componentes funcionais

Page 20: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

10

são os que fazem parte das cavidades e insertos de um molde. Estes estão

relacionados diretamente com as formas dos produtos a serem produzidos. Com

isso quanto mais complexa a geometria do produto a ser injetado, maior será o

tempo dedicado a estes componentes. Já os componentes de suporte são os que

auxiliam e asseguram o perfeito funcionamento e montagem do mecanismo de

injeção, alinhamento, aquecimento e resfriamento do molde, podendo estes serem

produzidos por componentes padronizados. Portanto o tempo de fabricação de um

molde é concentrado principalmente no projeto e fabricação dos componentes

funcionais.

Sobre as fases que compõe o projeto do molde de injeção, vários autores têm

proposto modelos para orientação, conforme observado na tabela 2.1. Entretanto, de

acordo com Sacchelli (2007), não existe convergência sobre as fases que devem ser

seguidas no desenvolvimento do projeto de moldes de injeção de termoplásticos.

Tabela 2.1 - Atividades propostas para as fases do projeto.

Fonte: Sacchelli (2007).

Page 21: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

11

Sacchelli (2007) propõe um modelo de referência sistematizado para

desenvolvimento integrado de moldes de injeção de termoplásticos. A estrutura

sugerida relaciona as etapas desenvolvidas durante a execução do projeto do

molde, distribuídas através do projeto informacional, conceitual, preliminar e o

detalhamento. A figura 2.6 representa o fluxograma das atividades desenvolvidas

nas fases de projeto. Durante a etapa do projeto informacional são analisadas as

necessidades do cliente, identificando características do produto e da máquina de

injeção. Nesta etapa ainda estão adicionadas a inspeção e análises de projetos

similares, estabelecendo as especificações de projeto (número de cavidades, tipo de

molde entre outros). Na sequência, tem-se a fase conceitual com a definição da linha

de partição, os sistemas e o leiaute das cavidades. A fase do projeto preliminar é

caracterizada pela realização do projeto dos sistemas - alimentação, refrigeração,

extração e saída de gases. Complementando este ciclo de atividades, encontra-se a

etapa de detalhamento, ocorrendo às distribuições das projeções - vistas, cortes,

secções, das cavidades e demais sistemas e componentes.

Figura 2.6 - Fluxo das atividades relacionadas com o projeto do molde Fonte: Adaptado de Sacchelli (2007)

Page 22: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

12

2.4 DESAFIOS DO PROJETO DE MOLDES PARA INJEÇÃO

No segmento da indústria de moldes de injeção tornou-se necessário

acompanhar a evolução do mercado, no qual, o tempo de entrada do produto com

redução nas etapas de desenvolvimento são requisitos fundamentais para a

sobrevivência dessas empresas – denominadas ferramentarias. A redução do tempo

para a etapa de projeto tem se tornado maior desafio (THERRIEN, 2009).

Com o objetivo de minimizar o tempo de desenvolvimento no segmento de

moldes de injeção, Kimura et al. (2004) e Nakao et al. (2002) descrevem

metodologias aplicadas em casos reais, no projeto e na manufatura de moldes de

injeção, para aparelhos de telefones celulares. Entre as atividades propostas estão:

a) métodos para rápida e eficiente recuperação de soluções técnicas aplicadas em

projetos anteriores; b) padronização de etapas do projeto; c) automatização de

atividades de detalhamento de projetos e minimização do tempo demandado em

atividades inter-relacionadas por problemas de comunicação. Os resultados foram

avaliados na complexidade da real aplicação industrial, e mostrou uma redução

substancial do tempo para levar o molde a produção. A aplicação do processo

baseado na decisão relacionados ao projeto reduziu em torno de 9% o número de

operações nessa etapa.

Desafios técnicos também demandam novos conceitos e quebras de

paradigmas no projeto, manufatura e processamento na injeção de termoplásticos.

Um exemplo é a espessura de parede cada vez menor nos produtos. Por um lado, a

utilização de menores espessuras nos produtos promove vantagens significativas

como economia de material, redução nos custos de produção e na massa do

produto. Entretanto, sob o ponto de vista de processo, a redução da espessura da

parede do produto resulta em uma maior dificuldade de preenchimento da cavidade.

Esta dificuldade está relacionada à solidificação de uma parte do termoplástico, o

qual faz o primeiro contato com a superfície da cavidade, e restringe a passagem do

restante do material, ainda no estado viscoso, o qual deve preencher as demais

regiões da cavidade. Este fato promove maiores taxas de cisalhamento no material

injetado e, consequentemente, elevadas tensões na peça (SONG ET AL., 2007).

Spina (2004) descreve que a produção de produtos com paredes finas requer

elevadas pressões de injeção e força de fechamento do molde, fatores que tornam

processamento ainda mais difícil. Além disso, múltiplos pontos de injeção são

Page 23: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

13

necessários para processamento de produtos com paredes finas e formas

complexas. A presença de múltiplos pontos de injeção promove, em consequência, o

surgimento de linhas de soldagem no produto. Atribui-se às linhas de soldagem a

redução da resistência mecânica e o incremento das tensões residuais. Diante das

referidas dificuldades, Javierre et al. (2006) descreve que o projeto do sistema de

alimentação deve ser alterado. Ao contrário dos tradicionais canais de alimentação

“frios”, deve-se utilizar canais de alimentação “quentes”. Neste sistema, o

termoplástico circula em sistemas de alimentação aquecidos – interna ou

externamente – de tal modo que a redução de temperatura não se torne significativa

para o processo. Este sistema é mais dispendioso e complexo do que os canais de

alimentação frios, mas promove as seguintes vantagens: a) eliminação da variação

de temperatura no canal de alimentação; b) queda de pressão no sistema de

alimentação é baixa; c) maior liberdade para a localização de pontos de injeção; d)

eliminação de resíduos de materiais provenientes de canais de alimentação.

Entretanto, mesmo com o sistema de alimentação com canais “quentes”, o

material injetado circula livremente para o preenchimento da cavidade. O fluxo de

material no preenchimento da cavidade pode tornar-se turbulento e promover

características indesejadas no produto. Como alternativa, pode-se modificar os

bocais de injeção com a introdução de válvulas e obstruções. Com a utilização de

um sistema de controle, o fluxo de material na cavidade pode ser controlado

utilizando a abertura e fechamento das válvulas ao longo do ciclo de injeção. O

principal objetivo deste recurso é a eliminação de linhas de soldagem e a geração de

fluxo unidirecional durante o preenchimento. A figura 2.7 representa os sistemas de

injeção convencional e o sequencial. Na representação da figura superior observa-

se que na região do ponto de injeção o preenchimento é radial, este tipo de situação

pode causar o empenamento da peça. Os pontos centrais terminam seu

preenchimento antes das extremidades, a um encontro de fluxo causando linha de

solda no produto. Observa-se na figura 2.7 (inferior) o padrão de injeção é

sequêncial, verifica-se que o preenchimento é linear, eliminando o defeito de

empenamento. Neste processo não há colisão de fluxo, eliminando os defeitos de

linha de solda.

Page 24: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

14

Figura 2.7 - Sistema de injeção convencional (superior) e sequênciada (inferior) Fonte: Javierre et al. (2005).

A determinação da forma dos canais de alimentação e pontos de injeção são

outros elementos para otimização no projeto, principalmente nos moldes com canais

de alimentação “frios”. O comprimento e o diâmetro do canal devem ser mantidos

nos valores mínimos possíveis de forma economizar material injetado. Entretanto, a

determinação deste valor mínimo deve considerar a queda de pressão de injeção na

cavidade e taxa de resfriamento de modo evitar a solidificação no canal. Valores

padronizados em função da espessura de parede média da peça são utilizados para

dimensionamento do diâmetro do canal. Novamente, a adoção destes valores está

baseada em conhecimento empírico e com grande possibilidade de

dimensionamento excessivo. Por outro lado, a função do ponto de injeção é permitir

que o material injetado entre na cavidade e evite que o componente não tenha

rebarbas e defeitos superficiais advindos do fluxo. A dificuldade no caso do ponto de

injeção é a determinação da melhor localização em relação à geometria da peça.

Fatores como a eliminação de “jatos diretos” (quando o polímero no estado viscoso

não entra em contato com as paredes e consequentemente vai para o fundo da

cavidade formando defeitos), marcas de injeção na peça, pontos de separação de

fluxo e linhas de solda na peça devem ser considerados (MANRICH, 2005).

Simulações do fluxo de material na cavidade normalmente promovem uma ideia do

comportamento diante de diferentes configurações.

Page 25: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

15

2.5 SISTEMA CAD NO PROJETO DO MOLDE

O projeto e fabricação de moldes de injeção é um processo oneroso muitas

vezes determinado pelo empirismo, incluindo alterações repetidas do ferramental.

Para alterar esta situação tem-se procurado apoio aos programas CAD, para

aprimoramento do processo (TANG et al, 2006).

De acordo com Isaza (2008) e Silva (2001), muitas ferramentas de

complemento – CAE e CAM, não são perfeitamente interligadas ao CAD. Com isso,

a implantação acarreta uma dispendiosa transferência de dados, fato que ocasiona

muitas vezes erros, os quais comprometem a fabricação do produto final. O uso

interligado dessas tecnologias com um perfeito sincronismo é de vital importância

para seu bom funcionamento, evitando desta forma atrasos e gastos associados aos

retrabalhos no desenvolvimento de moldes.

Os sistemas CAE, utilizados no auxílio de projetos de moldes de injeção,

reduzem consideravelmente eventuais erros que podem ocorrer durante o

preenchimento das cavidades dos moldes de injeção (PINTO, 2002). Para a

realização desta simulação a presença do modelo CAD 3D da peça injetada,

auxiliará neste desenvolvimento. Como exemplo desta aplicação, Mascarenhas et al.

(2003) analisa alguns problemas que possam ocorrer durante o preenchimento da

cavidade do molde. A figura 2.8 ilustra uma análise de preenchimento, destacando

um defeito de linha de solda na peça. Este defeito sugere que o ponto de injeção

não está localizado em um local que possa comprometer a qualidade do produto.

Figura 2.8 - Modelo 3D destacando linha de solda

Fonte: Adaptado de Mascarenhas et al (2003).

Page 26: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

16

O exemplo apresentado na figura 2.8 evidencia a vantagem de utilizar o

modelamento no sistema CAD 3D, já que com sistema CAD 2D não há possibilidade

de fazer essa simulação, pelo fato do mesmo não possuir as características de

volume e massa na sua estrutura.

Segundo Penna (2008, p. 125), um dos recursos importantes disponíveis em

alguns programas CAD, e que contribuem para o projeto e manufatura dos moldes

de injeção, é a possibilidade de comparação de geometrias geradas por ele com as

importadas por máquinas e equipamentos de medição 3D. Isto permite, por exemplo,

que se tenha um controle dimensional dos moldes. Devido ao elevado custo de

produção é importante que cada fase da sua produção seja detalhadamente

controlada. Com este recurso de comparação de geometrias há possibilidade de

verificar se o molde que esta sendo manufaturado está conforme as especificações

e tolerâncias requeridas no projeto. Diante dessas informações percebe-se a

importância de um modelamento 3D e o uso desta tecnologia dentro do processo

produtivo.

Já os programas CAD 2D, conforme Pahl (2005), têm por características

utilizarem combinações de elementos simples tais como pontos, linhas e

circunferências. Estes programas são os pioneiros na era CAD e conhecidos por não

terem nenhuma associatividade entres as vistas construídas. Por exemplo, qualquer

alteração feita em umas das vistas do desenho técnico não haverá alteração

automática nas demais vistas. Contudo, estes programas têm sido utilizados na

elaboração de desenhos de circuitos, projetos de circuitos integrados e diagramas

nos quais não há necessidade de informações volumétricas.

Segundo Foggiatto et al. (2008), os programas CAD 2D foram projetados para

suprir a deficiência que existia no desenho manual que era um processo moroso e

de difícil reaproveitamento de dados. Este sistema vem sendo utilizado ainda nos

dias de hoje, muitas vezes de forma errônea, tendo uma abordagem similar ao

processo manual. A figura 2.9 representa um desenho 2D formado por linhas e não

há uma associação entre elas, características dos desenhos 2D. Realizada uma

alteração na peça na medida de 60 que passa para 50, o que promove a

necessidade de modificar os elementos de forma individual por não haver uma

associatividade entre eles.

Page 27: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

17

Figura 2.9 - Desenho 2D sem associatividade

Segundo Souza e Ulbrich (2009), os programas CAD podem ser classificados

em função da sua possibilidade de aplicação, sendo de cunho tecnológico e de

grande valia para entendimento desta tecnologia: a) programa CAD de pequeno

porte são mais específicos para uso em representações geométricas em 2D não

necessitando a comunicação com outro sistema Cax, podendo citar CAM (Computer

Aided Engineering), CAI (Computer Aided Inspection). As geometrias criadas por

esta classe são de baixa ordem: círculos, retas, raios devido sua simplicidade

matemática para representação. É um programa que depende muito da habilidade

do usuário, utilizado como uma prancheta eletrônica. b) programa CAD de médio

porte entre suas principais características é a realização de geometrias em três

dimensões (perspectivas). Esta classe de programa permite obter informações

objetos como: volume, massa, centro de gravidade. Possibilidade de comunicação

com outros programas e geração de sistema de engenharia em 2D (vistas),

diretamente do modelo 3D. Podem-se considerar umas das classes que mais tem se

desenvolvido nos últimos tempos, segundo os autores. São programas

independentes de outros módulos e que permitem a comunicação com outros

programas Cax. Como um exemplo desta integração tem-se a conversão do

modelamento 3D para o CAM, gerando as trajetórias para a usinagem em máquinas

CNC. Este sistema dependendo do seu desenvolvimento pode possuir

características de modelamento paramétrico e associativo. c) programa CAD de

grande porte são os programas mais robustos e englobam todos os recursos dos

dois programas anteriores. São desenvolvidos por grandes corporações, em geral

estes programas são compostos por vários módulos que envolvem CAD, CAM, CAI,

Page 28: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

18

CAE enfim a cadeia Cax. Outra característica importante deste programa é o recurso

de modelamento híbrido. Permite o uso da técnica de modelamento em sólidos ou

superfícies no mesmo ambiente proporcionando uma maior versatilidade durante

esta etapa de projeto.

Os programas CAD 3D surgiram com a necessidade de suprir as deficiências

nos programas 2D devido à grande similaridade com a metodologia utilizadas no

processo manual. A forma na concepção do projeto mudou relativamente,

necessitando das empresas um investimento em treinamento e equipamento. No

entanto, a versatilidade do modelamento 3D traz alguns benefícios: visualização e

rotação do projeto, criação de famílias de peças, detecção de colisão e

interferências, modelamento de movimento e animação, cálculos de propriedades de

massa e volume, suporte à análise pelo método de elementos finitos e suporte a

geração de trajetórias de ferramentas para máquina CNC (FOGGIATTO, et al. 2008)

e (SOLIDWORKS CORPORATION, 2006).

Como acontece em todas as novas situações e transformações, não é

diferente no meio tecnológico. Normalmente as mudanças de programas CAD nas

ferramentarias, também podem trazer certos desconfortos que precisam ser

superados no decorrer do processo. Para Galvão (2007, p. 20) é aceitável que a

desconfiança surja sempre que existe uma abordagem a uma nova tecnologia, pois

a sua introdução implica sempre mudança, quer na organização ou entre os

processos de produção.

Contudo, esta mudança de paradigmas tem que existir, para competir de

forma eficaz no mercado atual da indústria de moldes de injeção, tanto no âmbito

nacional como internacional. Para tanto é imprescindível utilizar todos os recursos

disponíveis de tecnologia, ou seja, os recursos atuais de suporte à fabricação (toda

cadeia CAD/CAE/CAM/CNC/CAI). A utilização da ferramenta CAD 3D pode agilizar o

processo de fabricação tanto do produto como o ferramental. No programa CAD 2D

há uma dificuldade de visualização, os projetos são modificados e reinterpretados

durante a etapa de concepção do produto. Entretanto, na execução do projeto CAD

3D, os projetistas e engenheiros podem após o modelamento gerar as vistas de

formas bem mais simplificada. E estas ajudarão na documentação do projeto ao

longo de sua criação (CHANG, et al, 2006) e (SCHMITZ, 2008).

Page 29: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

19

Segundo Galvão (2007), os benefícios da implantação do projeto CAD 3D

ultrapassam o próprio projeto, interferindo na concepção final do produto, como

descreve a seguir:

a) Placas 3D: o processo de furação deixa de ser manual ocupando um

elemento humano e passa a ser automatizado em máquinas CNC;

b) Redução progressiva do desenho em papel pela criação de uma única

base de dados, evitando o uso de cópias desatualizadas durante o

processo de produção;

c) Postos de consulta e controle: os terminais visualizadores possibilitam o

acesso às informações do molde, sem investimento adicional, uma vez

que a maioria dos programas CAD traz consigo estes recursos.

d) Projetar e modelar para a fabricação: agilidade no processo de fabricação

do molde.

A verdadeira vantagem do projeto de molde CAD 3D só é verificada após o

reajuste e adaptação dos processos restantes de fabricação, de forma a

potencializar, ao máximo, a modelamento tridimensional (3D) de todos os

componentes do molde (GALVÃO, 2007)

A utilização de bibliotecas interligadas com todo o processo de fabricação de

moldes tem resultado numa redução significativa de tempo de produção. Esse

gerenciamento pode ser feito por programas auxiliares ao modelador padrão

(programas para fabricação) (KONG et al., 2003).

O recurso de criação de bibliotecas “on-line” agiliza e economiza de maneira

muito significativa a criação de projetos 3D, baseados em padrões e normas

industriais ou em catálogos de fabricantes. A parametrização é outro fator importante

neste processo de fabricação. Ao alterar qualquer peça de uma série de produtos

amarrados ao mesmo projeto, automaticamente terão suas medidas ou formas

ajustadas (SCHMITZ, 2008).

As vantagens do uso do sistema CAD 3D, em comparação ao sistema CAD

2D, conforme Galvão (2007) e Schmitz (2008) são relatadas a seguir:

a) Agilidade no processo de alteração de projeto: Os programas de

modelamento (3D), na sua maioria, oferecem uma associação

paramétrica, que permite que todos os componentes de projetos que

fazem parte de qualquer interferência estejam relacionados. No momento

em que é realizada uma alteração em qualquer componente, será

Page 30: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

20

automaticamente alterada em todos os componentes associados. O uso

do projeto parametrizado tem sido utilizado pelas indústrias de moldes

para a projeção de formas complexas, auxiliando nos pedidos de

alterações de engenharia. A parametrização funciona como uma planilha

numérica, ao armazenar as associações entre os componentes de

projetos e tratá-los como equações matemáticas. Portanto, ao fazer

qualquer alteração, o sistema automaticamente executa de maneira muito

semelhante a uma planilha que recalcula qualquer alteração numérica;

b) Automatização do desenho (criação de vistas e seções, listas de peças):

Diminui a necessidade de detalhar e cotar os desenhos a 2D, pois todos

os componentes do molde podem ser executados em 3D (quantas vezes

acontece que um molde já está em fase de acabamento e ainda estão

finalizando desenho 2D, para efeito de documentação);

c) Visualização e rotação do projeto: o entendimento de um desenho 3D se

torna mais lógico devido a possibilidade de manipulação e visualização do

componente ou montagem;

d) Criação de famílias de peças: o uso de bibliotecas ajuda no

desenvolvimento do projeto do molde, juntamente com a utilização de

componentes padrões;

e) Dimensionamento e cálculos: analisar possíveis colisões e interferências

através de movimento e animação. Cálculos de propriedades de massa,

volume e análise de elementos finitos, podendo verificar possíveis pontos

de fragilidade no produto ou no molde;

f) Capacidade de gerar caminhos de máquina CNC: a redução de tempos na

fase de programação CNC.

A vantagem de visualização também é comentada por Korn (2006) e Siqueira

(2008). Para auxiliar na visualização do programa projeto CAD 3D, as empresas

podem fazer uso do formato “Portable Document Format” (PDF). Estes programas

são fornecidos pela empresa Adobe Systems Incorporated. A partir da versão 7.07

pode-se ter a visualização de um arquivo CAD 3D, com a extensão PDF. Com este

recurso, clientes podem ter em seus computadores detalhes de seus projetos em

3D, sem a necessidade dos programas CAD de origem. As trocas de informações

nas fases iniciais de concepção do molde podem ser de grande ajuda para evitar

erros futuros. O repasse ao cliente de informações pode ser realizado via internet,

Page 31: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

21

através de comentários incluídos nos próprios arquivos PDF. A facilidade de

visualização em 3D pelo cliente para o entendimento de detalhes do projeto é um

fator importante a ser observado. O criador deste arquivo PDF, pode ter o controle

de informações como: ferramentas de medir, transparência para visualizar

montagens internas, utilização de comentários em forma de notas, data de validade

e visualização rotacionada. Com este último recurso permite-se analisar o produto

de qualquer ângulo, facilitando qualquer posição de verificação de detalhes. A

agilidade de alterações e correções sugeridas pelo cliente torna-se muito mais

eficientes.

Para empresas fabricantes de moldes de injeção que trabalham no sistema

CAD 2D, há vários motivos importantes a serem considerados para que optem por

fazer a execução do projeto utilizando os programas CAD 3D. O projeto do molde

para peças com geometrias complexas em programas 2D, exige um tempo

relativamente maior quando comparado com o sistema 3D. Muitas vezes torna-se

quase que impossível a sua realização devido à complexidade do produto. Outro

fator determinante, principalmente quando se fala em retrabalho, é a associatividade

e parametrização. Uma das características importantes do projeto no programa CAD

3D á associatividade bidimensional e a parametrização. Na primeira tem-se a

característica que todos os elementos de um modelo estejam associados ou

conectados. O mesmo ocorre no projeto parametrizado, armazenando todas as

características e dimensões como parâmetros de projetos. Desta forma, ocorre uma

maior flexibilidade em uma eventual alteração durante a etapa de desenvolvimento

do molde. Com essas características citadas anteriormente as alterações serão mais

rápidas e precisas (SOLIDWORKS CORPORATION, 2006).

2.5.1 Práticas de modelamento em sistema CAD 3D

Segundo Galvão (2007), podem ser analisadas principalmente três práticas

de modelamento utilizando os programas CAD 3D, aplicadas nas indústrias de

moldes (superfície, sólido e híbrido). As escolhas destas práticas dependem da

habilidade do usuário, complexidade e forma da peça e também liberdade de

criação. As empresas devem realizar uma avaliação sobre as características dos

programas para a sua utilização. Outro fator importante, e merece uma atenção

especial, é a necessidade de flexibilidade imposta pelas próprias características dos

Page 32: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

22

moldes e diversidade de modelos do cliente. Estas práticas de modelamento 3D

descreve-se a seguir.

O modelamento geométrico da peça através de superfície utiliza formulações

matemáticas que permitem uma criação livre, exigidas nas formas complexas. Como

exemplo de modelamento de superfícies pode ser analisado a figura 2.10, que

possui curvas complexas, indicadas neste tipo de modelamento. De acordo com

Rutkauskas (2005), este tipo de modelamento geralmente não é paramétrico, ou

seja, conforme definido anteriormente, não é possível alterar a peça apenas

modificando um parâmetro ou uma determinada dimensão da peça.

As geometrias criadas em um modelador de superfície não possuem

espessura (a geometria é uma casca). Com estas características objetos modelados

com estas técnicas, podem ser fechados, mas em seu interior não há informações

matemáticas. Diante dessa situação, durante o modelamento podem ocorrer erros

ao serem analisados com outras peças ao seu redor, pelo fato da não possuírem

informações internas (SOUZA e ULBRICH, 2009; RUTKAUSKAS, 2005).

Figura 2.10 – Modelamento por superfície Fonte: Rutkauskas (2005).

A técnica de modelamento sólido é representada principalmente por duas

técnicas: CSG (Constructive Solid Geometry) e a B-Rep (Boudary Representation). A

representação interna de um objeto sólido é normalmente utilizada para classificar o

programa, é através desta que ocorre o armazenamento do modelo (SILVA, 2006).

Page 33: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

23

A técnica de modelamento por CSG, é caracterizada pela construção do

objeto sólido por elementos primitivos (cilindros, cones, esferas, blocos e outros)

com a utilização das operações booleanas (adição, subtração e intersecção entre os

objetos). Durante o modelamento com esta técnica a um registro dessas operações

realizadas através da árvore de construção (histórico de criação). Esta estrutura

criada durante esta etapa auxilia em caso de alteração, pode-se retornar a uma

etapa anterior de modelamento, alterando alguma operação (FOGGIATTO et al.,

2008; LEE, 1999).

Na representação B-Rep, o modelamento ocorre através das superfícies

que o delimita (fronteira), que são formadas por: vértices, pontos que representam

vértices, arestas composta de dois ou mais vértices, faces e outros. O programa

realiza um procedimento, interno para validar as entidades geométricas, formando o

modelo. Desta forma esta técnica possui mais informações se comparado ao

modelamento CSG, permitindo maior flexibilidade quanto à forma do modelo a ser

projetado. Contudo este modelamento requer um banco de dados com uma maior

capacidade (SOUZA e ULBRICH, 2009; SILVA, 2006).

Para representar algumas características dos modeladores de superfícies e

sólidos, Silva (2006), apresenta alguns comparativos conforme tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Comparativo entre modelagem de superfície e de sólidos. Modelagem de superfícies Modelagem de sólido

Mais flexível no modelamento de geometrias complexas (manipulação dos pontos de controle)

Facilidade do manuseio /aprendizagem

Capacidade de modelagem interativa Parametrização e associatividade dos modelos

Rápida criação e atualização de componentes complexos

Rápida criação e atualização de montagens (assemblies)

Excelentes para criação estética e ergonômica de modelos complexos

Excelentes para criação de modelos funcionais

Fonte: Adaptado de Silva (2006)

O modelamento híbrido apresenta características comuns dos modeladores

de sólidos e de superfícies. Segundo Souza (2004) programas híbridas possuem

como principal característica a utilização de complexos algoritmos matemáticos,

possibilitando usufruir os recursos das duas classes de programas.

Page 34: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

24

Devido à necessidade de se criar produtos com formas complexas, os

programas CAD utilizando as técnicas dos modeladores híbridos são os mais

empregados no setor de moldes, os quais associam a facilidade e a rapidez do

modelamento sólida à flexibilidade das superfícies (GALVÃO, 2007).

Segundo Rutkauskas (2005), este tipo de modelamento é aplicado no projeto

na indústria automotiva e permite que alterações sejam realizadas com destreza.

Segundo o autor o uso do modelamento híbrido se justifica em peças com

geometrias que alternem estas formas complexas, como na indústria automobilística,

aeroespacial, linha de produtos eletrônicos, eletrodomésticos. Tendo como o uso

desta tecnologia na aplicação de projetos de moldes, pelo fato do mesmo ter alguns

produtos com formas complexas na sua geometria. Esta tecnologia permite a

combinação dos dois programas e flexibilidade de formas, devido à superfície neste

sistema ter ao seu lado a integridade da parametrização. Sendo que esta situação

não é possível utilizando unicamente a técnica do modelamento por superfície.

A Figura 2.11 representa um modelo simplificado de molde de injeção

destacando a parte da cavidade e o produto, Estas situações geralmente são

exigidas das formas complexas.

Figura: 2.11 - Molde de injeção simplificado

Com o aprimoramento dos programas CAD, Rutkauskas (2005) afirma que as

práticas de modelamento por sólido e modelamento híbrido têm sido utilizadas com

uma determinada frequência para peças da linha automotiva, por permitir uma maior

interação com o modelo. Outro fato importante é a parametrização geométrica, tendo

em vista que está prática poderá ajudar em um reaproveitamento do modelo

geométrico.

Page 35: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

25

2.5.2 Recursos nos programas CAD 3D para projeto de moldes

As empresas que desenvolvem os programas CAD 3D, tratam os recursos

tecnológicos para aplicação no projeto do molde como sendo módulo de auxílio ao

projeto. A seguir serão apresentados algumas características destes módulos e seus

desenvolvedores.

Segundo a IBM (2010), empresa desenvolvedora do programa CAD Catia,

afirma que os recursos de auxílio ao projeto de molde aceleram esta etapa de

desenvolvimento do molde. O ponto de partida do projeto está no modelo do

produto, podendo este ser importado de outro programa CAD. Neste momento a

empresa não cita informações pertinentes com a transferência de dados e qual é o

comportamento com a incompatibilidade destas operações. Critérios de projetos

como a moldabilidade do produto são analisados e auxílio a definição da linha de

partição e direção de extração do produto é realizada com orientação de cores para

as cavidades. A criação do macho e cavidade é realizada através da geometria do

produto, registrando o fato do dimensionamento através da contração do material.

De acordo com a empresa, outro procedimento para promover ganhos na etapa de

projeto do molde é a utilização de componentes padronizados. A utilização de base

padrão através de catálogo com relação aos principais padrões de mercado (DME,

EOC, HASCO, RABOURDIN, MISUMI, PEDROTTI entre outros). O modelo padrão

definido como “Mold Base” permite o gerenciamento pelo projetista dessas

atividades, exemplificando a remoção de determinada associação entre determinado

parâmetro (alteração da espessura do núcleo). Neste caso, também não há uma

explicação detalhada de como ocorre esta atualização do projeto, mais é um dado

importante para o ganho em produtividade. Este padrão suporta alojamento dos

principais sistemas (canais, macho/cavidade, extratores e etc) e componentes

(pinos, buchas, anéis, colunas e etc). Todos estes itens estão associados aos

principias padrões como já citados anteriormente.

Conforme a PTC (2010), empresa responsável pelo desenvolvimento do

programa CAD “Pro-Engineer”, que utiliza como módulo de auxílio ao projeto do

molde de injeção denominado “CoCreate Mold Base” com o objetivo de reduzir as

tarefas repetitivas durante esta etapa de desenvolvimento do molde. A identificação

do tamanho ideal da base do molde é um exemplo citado desta padronização,

analisando como referência as dimensões do núcleo do molde (macho/cavidade).

Page 36: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

26

Outro ponto é inserção de componentes de acordo com definições e orientações de

catálogos para o posicionamento com visualização prévia. Esses componentes

(como pinos, buchas, conexões, colunas, extratores etc.) são associados às placas

do molde e sistemas (refrigeração, extração e mecanismo) ocorrendo mudanças no

projeto a atualização ocorre de forma semi-automático, descreve a empresa. Estas

mudanças são fatores determinantes para reduzir o tempo de desenvolvimento do

projeto. No entanto, não há maiores informações como ocorre esta atualização. De

acordo com informações, há flexibilidade para adicionar componentes conforme

necessidade do cliente com padrões comerciais (DME, HASCO, RABURDIN,

FUTABA, EOC, PEDROTTI, MISUMI entre outros). Complementando estas

informações de apoio ao projeto do molde, descreve-se sobre a construção do

sistema de refrigeração com base no 3D, porém não há mais detalhes sobre este

procedimento. É importante ressaltar que o sistema de refrigeração está diretamente

ligada ao núcleo do molde, e ocorrendo qualquer alteração nesta região afetará este

sistema, sendo importante o mesmo ser associativo.

Para o desenvolvimento do projeto do molde, a ferramenta de auxílio no

programa CAD “Solid Edge” é o “Mold Tooling”. Esta inicia com o modelo da peça e

aplicação de fator de contração para o dimensionamento das cavidades e macho no

núcleo do molde. É importante ressaltar que informações deste dimensionamento

são relacionadas ao material no qual o produto será produzido de acordo com as

especificações. Conforme se descreve, a criação da linha de separação é realizada

de forma automática através da análise do produto e separação do núcleo (macho e

cavidade). O bloco deste núcleo é automaticamente definido proporcionalmente ao

tamanho da parte física (produto). As bases do molde e os componentes suportam

algumas normas internacionais tais como: DME, Futaba, LKM, Misumi, Pedrotti,

Rabourdin e outros. A figura 2.12 representa caixa de escolha da base do molde a

ser selecionada (SIEMENS, 2010).

Page 37: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

27

Figura 2.12 – Representação dos tipos de base de molde Fonte: SIEMENS (2010).

Após a escolha do molde base, os componentes de suporte podem ser

escolhidos através de catálogos eletrônicos, como mostra a figura 2.13. Exemplos

são: parafusos, pinos injetores, colunas, buchas entre outros.

Figura 2.13 - Pinos injetores padrões Fonte: SIEMENS (2010).

Page 38: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

28

Outro componente importante no projeto do molde são os eletrodos,

necessários para a fabricação de componentes complexos no molde de injeção.

Segundo a empresa desenvolvedora do programa CAD Solid Edge, o desenho do

eletrodo sendo associativo ao molde, há um ganho no desenvolvimento do projeto.

Isto ocorre em caso de mudança no projeto, sendo os eletrodos atualizados

automaticamente. (SIEMENS, 2010).

Segundo Manusoft Technologies Pte (2010), empresa responsável pelo

aplicativo “Imold” utilizado como módulo para projetos de moldes no programa CAD

SolidWorks, o projeto do molde inicia com o modelo do produto. A partir deste

momento existem ferramentas para checar a moldabilidade do produto, através da

verificação de ângulos de saídas e análise da direção de extração do produto.

Fazendo parte desta etapa inicial de projeto, ainda existe um assistente para definir

a linha e superfície de partição e ferramentas para fechamento de furações e

superfície de preenchimento. Com relação ao núcleo do molde, onde se encontra os

componentes funcionais, descreve-se sobre obtenção do macho e cavidade usando

a geometria da peça. Todavia, não se fornece informações de como é tratada a

contração do material, fator importante na concepção do produto final. Para auxílio

ao projeto do eletrodo, afirma a presença de ferramenta que sugere a melhor

geometria e orientação na extensão do eletrodo. Complementando essas

informações, a empresa salienta a importância das bibliotecas para acelerar a etapa

de projetos, utilização de componentes padrões como conjuntos de porta moldes,

gavetas, pinos extratores entre outros. Sendo essas bibliotecas os principais

fornecedores que incluem DME, HASCO, DMS, Futaba, Misumi, PCS, Progressive,

RABOURDIN, STRACK e etc.

Conforme a Autodesk (2010), empresa desenvolvedora do programa CAD

Inventor, com um recurso para apoio a projeto de moldes definido como Mold

design, afirma que é possível acelerar esta etapa de desenvolvimento do molde.

Através da análise do produto modelado pode-se definir a direção de separação do

produto. Neste caso a empresa não comenta sobre que tipo de análise é realizado

nesta etapa, um ponto importante é a informação quanto ao ângulo de saída do

produto, necessária para extração do mesmo. Outro fator em destaque mencionado

é o auxilio ao projeto do núcleo e cavidade, sendo um processo demorado com as

ferramentas CAD tradicionais. Com a definição da superfície de separação é

possível gerar as metades de núcleo e cavidade. Em projetos com várias cavidades

Page 39: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

29

é possível realizar as configurações de disposição do leiaute (distribuição) de forma

circular, retangular ou variável. Comenta-se ainda sobre ferramentas de projeto de

núcleo e cavidades para criar moldes de famílias. Este último recurso tem como

características para uso em produtos com a mesma geometria, alterando apenas

proporções de tamanho. A empresa não acrescenta mais informações sobre esta

ferramenta, podendo ser um importante recurso para ganhos de tempo no projeto do

molde. O recurso de biblioteca de base de molde e componentes também é citado

como sendo um importante elemento para promover o ganho de tempo no projeto.

Alguns componentes são relacionados como exemplo: buchas, anéis, colunas,

extratores e outros. Os catálogos bases são citados, DME, Futaba, HASCO, LKM,

Pedrotti, Pólimold, Rabourdin e Strack.

Conforme a Missler (2009), empresa desenvolvedora do programa CAD

TopSolid, com módulo para auxílio ao projeto do molde definido como

TopSolid’Mold, tem contribuído para a redução do tempo no projeto do molde. Uma

análise do produto a ser fabricado é um passo importante para esta fase de

desenvolvimento, as importações de dados do modelamento geram algumas perdas

de informação. O uso de ferramentas de recuperação de dados com suporte as

principais extensões de arquivo (IGES, DXF, Catia, STEP, SAT, Parasolid) existem

no programa. Outros aspectos são referenciados para apoio do projeto, tabelas para

contração do material, auxiliam para determinar a linha de fechamento do molde e

criação do macho e cavidade. A verificação de colisão dos principais mecanismos é

outro importante aliado ao projeto do molde. Cita como exemplo os assistentes de

gaveta, sistema de refrigeração, pinos extratores e canais de alimentação.

Complementando estas informações também são descritos de forma simplificada, o

uso de bibliotecas com catálogo de fornecedores globais (Europa, Japão e Estados

Unidos) e projeto do eletrodo. Este último é relacionado alguns tópicos que segundo

a empresa, possibilitam ganhos de tempo no projeto do eletrodo: criação automática

da geometria do eletrodo, prolongamento dos ângulos se necessário, distâncias

paralelas para aberturas de descarga elétrica, detecção de colisão e outras.

Comenta-se ainda que os ganhos de produtividade são em torno de 30%.

Segundo a Siemens (2010), empresa responsável pelo desenvolvimento do

programa CAD NX, o módulo de auxílio às atividades de projeto de moldes

proporciona a criação de componentes funcionais (macho e cavidade) baseada

geometria da peça. É importante ressaltar que as dimensões dos componentes

Page 40: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

30

funcionais não são apenas cópias invertidas das dimensões do produto. Um fator de

contração do material injetado deve ser considerado e a definição da linha de

fechamento é um fator crítico no projeto. Contudo, não há informações detalhadas

na referência sobre estes tópicos. Outro ponto importante ressaltado é a presença

de bibliotecas de componentes de suporte do molde baseadas nos catálogos dos

principais fabricantes, DME, Futaba, HASCO, LKM, Meusburger, Omni, PCS,

Progressive, Rabourdin, Strack, Superior, Universal. Os principais itens existentes

são pinos de extração, canais de alimentação, sistemas de refrigeração, entre

outros. Segundo a empresa, a biblioteca proporciona redução significativa no tempo

de desenvolvimento do projeto.

Para exemplificar os recursos no projeto de molde de injeção, Ma e Tong

(2003), realizaram um estudo de caso aplicando um módulo de CAD 3D para projeto

de sistema de refrigeração. O projeto do sistema de refrigeração tem sido utilizado

por muitos projetistas de forma não associativa, sem a utilização de recursos

específicos. Um problema decisivo na criação desses elementos de forma individual

é a frequente necessidade de modificações ao longo das fases de concepção do

molde. Essas correções são geralmente trabalhosas e demoradas, necessitando do

projetista um esforço e concentração, para evitar erros e atrasos na entrega do

produto final. Para superar essas dificuldades, há necessidade de se utilizar

programas CAD com recursos tecnológicos que atendam esta expectativa de

associatividade. Algumas funções importantes são citadas pelos autores para a

elaboração de um sistema de refrigeração integrado e associado. Partindo deste

princípio é necessário fornecer associativas ligações entre os furos de refrigeração e

as fases do molde. A primeira referência é a criação de uma linha guia conforme

demonstra na figura 2.14, usando como ponto de partida a face do plano. A direção

da linha é indicado ao sentido oposto a face de entrada, definindo esta linha como

sendo a linha 1.

Page 41: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

31

Figura 2.14 - Linha guia do sistema de refrigeração Fonte: Ma e Tong (2003).

Após a criação da primeira linha guia, cria-se as demais linhas usando outras

faces de referência. Esses pontos criados nas faces são dinâmicos e podem ser

editados a qualquer momento. Após as linhas guias serem construídas, inicia-se a

etapa de construção dos dutos de refrigeração que são orientados pelas linhas. A

integração com outros programas são pontos importantes, citando a utilização para

análise de CAE e CAM. O sistema de refrigeração se torna um circuito associativo,

contribuindo para estas análises. A verificação de colisão permite a possibilidade de

correções no sistema de refrigeração ou nas placas do molde que estão associadas.

A figura 2.15 mostra a representação do sistema de refrigeração sendo possível

verificar através da visualização se não estão ocorrendo colisões.

Figura 2.15 - Sistema de Refrigeração

Page 42: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

32

Kong et al (2003), desenvolveram um estudo utilizando recursos tecnológicos

para auxiliar a etapa de projeto do molde, destacando com maior ênfase ao recurso

de partição do molde. Utilizaram em seus estudos um programa CAD 3D de médio

porte, no qual o recurso específico foi instalado com objetivo de demonstrar sua

aplicação. No desenvolvimento do projeto do molde, o recurso de partição foi

responsável para auxiliar na criação do núcleo e cavidade, sendo um dos mais

importantes na utilização de apoio a ferramenta CAD para o projeto do molde de

injeção. A figura 2.16 representa a sequência de obtenção das cavidades e linha de

partição do molde.

Figura 2.16 - Módulo do projeto de partição Fonte: Adaptado de Kong et al. (2003).

Page 43: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

33

Sequência da obtenção da linha de partição: a) entrada do produto

modelado, b) redesenhar de acordo com necessidade do processo de injeção, c)

determinação da direção das partes do molde, em geral a determinação da partição

é considerada de acordo com a geometria do produto, d) identificação dos furos,

caso exista, há necessidade de realizar o fechamento destas regiões, e) determinar

as linhas de partição e direção de extrusão, as linhas de partição são a referência

entre as duas cavidades, f) definição no tamanho da caixa, este tamanho é

determinado com relação ao tamanho do produto e os parâmetros que possam

efetivamente o tamanho do conjunto do molde, g) geração do núcleo e cavidade, as

linha de partição são utilizadas para gerar as duas metades do molde, h) simulação

da abertura do molde e verificação de eventuais interferências entre as partes das

cavidades, i) saída com a conclusão do núcleo e cavidade.

Para encurtar o tempo de desenvolvimento de projeto, Chu et al. (2005),

realizaram um estudo com aplicação de recurso de parametrização em molde de

pneu. Um cuidado importante a ser analisado em aplicação da parametrização é a

identificação do conjunto adequado de variáveis a serem aplicadas. O uso da

parametrização se caracteriza em produtos de formas similares, tendo como

variações de algumas medidas e tamanhos. A parametrização escolhida, neste caso

o pneu, formam estas características, a superfície externa do pneu é formada por

padrão de ranhuras que se repetem ao longo do perfil circular. Cada concepção de

pneus é formada por grupos de repetições destas ranhuras. A figura 2.17 representa

três tamanhos onde se verifica a similaridade da geometria.

Figura 2.17 - Ranhuras do pneu, tamanhos pequenos, médio e grande Fonte: Chu et al. (2005).

Page 44: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

34

O módulo de construção paramétrica é constituído de duas partes: na

primeira o usuário realiza de forma interativa o perfil 2D que é necessário para a

concepção molde 3D. A segunda parte é formada pelo módulo paramétrico que

consiste em uma sequência de ferramentas para auxílio do molde em 3D. As

informações adquiridas nesta etapa são os perfis do pneu, curva guia para o padrão

das ranhuras e o perfil de cada seção transversal de cada cavidade. O número de

curvas e interpolações tem que ser o mesmo em cada passo, independente do

tamanho padrão, o posicionamento de cada sulco que deve ser mantido em cada

campo. A figura 2.18 representa a configuração do posicionamento desses sulcos

em seus devidos campos, que estão representados pelas letras.

Figura 2.18 - Configuração do posicionamento dos sulcos Fonte: Adaptado de Chu et al. (2005).

Cada padrão de ranhuras é formado por um conjunto de seções transversais,

nas quais identificam a orientação e posição dos sulcos conforme mostra na figura

2.19. A importação desses perfis é fornecida através de uma tabela, a escolha dos

grupos de posição é simplificada com este procedimento. Esta escolha é

armazenada no projeto da habilitação da ranhura se tornando parte integrante do

projeto de parametrização.

Page 45: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

35

Figura 2.19 - Especificações do projeto de um padrão de ranhuras Fonte: Adaptado de Chu et al. (2005).

A base de dados para a formação das ranhuras padrão foram analisadas e

classificadas em várias categorias. Um total de trinta tipos de ranhuras padrão foram

cadastradas nessa base de dados. O usuário pode consultar estes dados e ficar a

par de todas as informações do processo de produção. A integração de outros

módulos de programas pode ser realizada durante a programação dos desenhos.

O sistema proposto foi implantado em uma empresa internacional, líder na

fabricação de pneus, na Ásia. Quatro modelos de pneus foram utilizados para os

testes com o sistema de parametrização de molde de pneus 3D. A figura 2.20

mostra o modelo 3D gerado pelo sistema.

Figura 2.20 - Modelo do pneu construído com o sistema CAD 3D

Fonte: Chu et al. (2005).

Page 46: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

36

A empresa estipula que a aplicação do sistema de parametrização dos

moldes de pneus obteve uma melhora significante no tempo de execução do projeto,

e relata uma eficiência de 30%. A tarefa é realizada em um programa CAD de

grande porte, usando módulos de recursos de parametrização. Este percentual

informado não pode ser seguido como um padrão, segundo a empresa. Isto ocorre

pelo fato da complexidade do projeto do molde 3D ter uma variação de fatores como:

padrões de ranhuras, arranjo do passo e um fator muito importante, a experiência do

usuário. Alguns resultados foram destacados durante a etapa de projeto: o principal

é que os erros de modelamento são reduzidos devido a menor intervenção do

usuário, resultados da construção automática das ranhuras padrão.

2.5.3 Implantação dos programas CAD 3D nas indústri as de molde

Segundo Schmitz (2008), algumas preocupações devem ser levadas e

consideradas no momento de fazer uma análise para implementação desta

tecnologia, como: avaliação dos pacotes dos programas 3D, dificuldades técnicas e

culturais, associação às ferramentas e programa de apoio que são vitais no sucesso

desta mudança.

A biblioteca interligada com todo o processo de fabricação de moldes deve

ser contemplada com itens padronizados, como: buchas, pinos, parafusos, guias que

compõe um molde. Inclusive deve conter além do 3D todos os dados de medidas e

tolerâncias (KONG et al., 2003).

Atualmente se observa que as grandes e médias empresas, principalmente

nos setores automobilístico e aeronáutico, apresentam um alto grau de utilização e

investimento nas ferramentas de CAD/CAE/CAM, sendo que em determinados

casos o processo do projeto do produto é praticamente todo desenvolvido através de

modelos geométricos 3D, (NITSCHE e ROMEIRO FILHO, 2002). No caso das

pequenas empresas, esta é uma realidade ainda muito distante. Elas, quando muito,

estão iniciando o processo de desenvolvimento de produtos via sistema CAD 2D e

desconhecem o potencial competitivo da geração de modelos geométricos em 3D.

Na escolha de programa para a realização de um trabalho, as empresas

devem realizar uma avaliação sobre as características dos programas. De acordo

com Galvão (2007, p. 22), ter especial atenção à necessária flexibilidade imposta

pelas próprias características dos moldes e diversidade de modelos do cliente. A

Page 47: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

37

melhor opção incide sobre os programas híbridos (combinação dos dois programas),

os quais associam a facilidade e a rapidez do modelamento sólida à flexibilidade das

superfícies. Verificar em detalhes, a curva de aprendizagem e tipo de suporte dado

pelo representante da marca. Pedir referências de clientes exigentes e,

eventualmente, entrar em contato para avaliar o seu grau de satisfação.

Em uma ferramentaria, a parte de projetos é apenas uma parte inicial do

processo de fabricação, no qual o projetista procura atender às necessidades deste

processo. Assim, para Galvão (2007, p. 20) “quanto mais curta for esta etapa e mais

integrada estiver no todo, que é a produção, maior será a eficiência do processo”.

Mas é importante ressaltar que os custos de manufatura do molde estão diretamente

relacionados com a concepção do ferramental na fase de projeto, qualquer descuido

nessa etapa pode comprometer a fabricação e o funcionamento do molde.

Normalmente, o projeto a 2D tem início com uma fase preliminar e termina na fase

de produção dos desenhos. Simultaneamente é desenvolvido o modelamento dos

componentes moldantes ou que precisam de usinagem por CNC no setor de

modelação a 3D relacionado ao setor de CAD/CAM. É habitual nas empresas o uso

destas fases, porém este processo necessita de uma reestruturação. A principal

vantagem do projeto utilizando sistema CAD 3D é justamente onde tem que

aparecer o resultado, erros minimizados e agilidade no processo produtivo. As

informações são geradas dos programas CAD/CAM e são encaminhadas

diretamente para as máquinas, diminuindo a interferência direta do operador com o

processo. Alguns cuidados com a implantação CAD 3D são destacados pelo autor:

a) este processo exige uma formação adequada do projetista nas valências

de modelação a 3D e o conhecimento de processos de fabricação;

b) exige também equipamentos adequados necessitando de bons

computadores em termos de processamento de dados e de manipulação

gráfica;

c) exige, além disso, uma boa relação com o setor de fabricação;

d) exigindo-se ainda a eliminação das barreiras físicas entre o projeto e o

CAD/CAM, maximizando, desse modo, a troca de informação e

conhecimentos entre os diferentes operadores.

Page 48: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

38

3 METODOLOGIA APLICADA

A metodologia de pesquisa utilizada constitui-se de uma avaliação de campo,

realizada através de entrevistas nas ferramentarias, baseada em questionários. Com

este procedimento pretende-se determinar a atual utilização dos programas CAD na

tarefa de realização do projeto de moldes de injeção de termoplásticos. Ao longo

deste capítulo foram definidos alguns procedimentos metodológicos, os quais aqui

serão abordados.

3.1 MÉTODO DE PESQUISA ADOTADO

O método de pesquisa empregado nesta dissertação é o “Método de Survey”,

apropriado quando se deseja realizar pesquisa quali-quantitativa (Freitas et al.,

2000). A pesquisa Survey pode ser apresentada como a aquisição de dados ou

informações sobre características, ações ou opiniões de determinados grupos de

pessoas, indicando como representante de uma população alvo, por intermédio de

um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário.

Sobre o conceito, a pesquisa quantitativa é fundamentada na coleta e análise

de informações numéricas, dados estatísticos, que servem de base para a

quantificação dos resultados. A pesquisa qualitativa busca interpretar as informações

de forma mais profunda, a partir do comportamento e das tendências apresentadas

na análise dos dados (MARCONI E LAKATOS, 2007). No presente estudo foi

aplicada a pesquisa quali-quantitativa. Pois a mesma aborda a natureza qualitativa,

que compreende a entrevista de profundidade com os especialistas da área de

projetos e a quantitativa que procura abranger o maior número de ferramentarias.

De acordo com Freitas et al. (2000), existem alguns pontos importantes

quando o método Survey é adequado:

a) se deseja responder questões do tipo “o quê?”, “por quê?”, “como?” e

“quanto?”, ou seja, quando o foco de interesse é sobre “o que está

acontecendo” ou “como e por que isso está acontecendo”;

b) não se tem interesse ou não é possível controlar as variáveis dependentes

e independentes;

c) o ambiente natural é a melhor situação para estudar o fenômeno de

interesse. Este ocorre no presente ou no passado recente.

Page 49: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

39

3.2 DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA

Conforme Levine et al. (2000), a população consiste em um conjunto de

elementos que compartilham das mesmas características. A amostra é subdivisão

retirada deste público. A população em questão são as ferramentarias da região

nordeste do estado de Santa Catarina.

Segundo a PMJ (2009), através do relatório de cadastro municipal de

contribuintes, existem mais de 300 empresas classificadas nas atividades de:

indústria de ferramentaria, indústria de usinagem, usinagem de peças e serviços de

ferramentaria. Registrou-se um total de 98 ferramentarias que realizam a fabricação

de moldes de injeção de termoplásticos, sendo o município de Joinville o principal

pólo da região nordeste de Santa Catarina. Com essas informações foi estabelecido

contato por telefone no período de 07 de agosto a 22 de setembro de 2009,

verificando-se quais dessas ferramentarias realizam internamente o projeto e

fabricação do molde de injeção de termoplásticos. Através deste levantamento pode-

se constatar que 23 ferramentarias realizam toda a etapa de desenvolvimento do

processo, sendo empresas consolidadas no mercado de moldes, tendo em média

11,6 anos de experiências.

Nesta pesquisa o foco principal foi a área de projetos, necessitando um

cuidado todo especial para aceitação por parte das ferramentarias para a realização

dos questionamentos, pois se aborda informações de uma área estratégica. Com as

informações dos entrevistados que contemplam a população a ser investigada,

iniciou-se a estratégia para contatos e agendamentos das visitas. Para um melhor

esclarecimento realizou-se contatos telefônicos com o responsável pelo setor de

projetos das 23 ferramentarias. Os aspectos que foram abordados para

agendamentos e aceitação dos questionamentos junto às ferramentarias foram os

objetivos e a importância da pesquisa para a ferramentaria e o meio acadêmico, a

contribuição para o desenvolvimento e divulgação de novas tecnologias no processo

e a execução das atividades de projetos de moldes de injeção de termoplásticos. O

fato de não mencionar o nome do entrevistado e a ferramentaria, contribuiu para

viabilizar esta etapa do trabalho. Dessas empresas apenas uma negou-se a

participar da pesquisa, alegando excesso de atividades. Essas visitas foram

realizadas no período de 22 de setembro a 27 de novembro de 2009, com a

execução dos referidos questionamentos.

Page 50: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

40

Diante dos dados fornecidos têm-se uma população de 23 ferramentarias e

amostra realizada em 22 delas. Através de uma abordagem estatística demonstra-se

que esta amostra é representativa para a população em questão. Quando a amostra

tem um tamanho (n) maior ou igual a 5% do tamanho da população (N), considera-

se população finita (LEVINE et al., 2000).

Com objetivo de determinar a equação para a verificação do tamanho da

amostra (n) com base na população estimada de acordo com a equação 3.1.

Equação 3.1

Equação 3.1 – Tamanho da amostra

Fonte: Levine et al. (2000).

Em que: n = Número de indivíduos na amostra

Zaaaa/2 = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado.

p = Proporção populacional de indivíduos que pertence a categoria que se pretende

estudar.

q = Proporção populacional de indivíduos que NÃO pertence à categoria que se

pretende estudar (q = 1 – p).

E = Margem de erro ou ERRO MÁXIMO DE ESTIMATIVA. Identifica a diferença

máxima entre a PROPORÇÃO AMOSTRAL e a verdadeira PROPORÇÃO

POPULACIONAL (p).

A equação 3.1 exige que se substituam os valores populacionais p e q, por

valores amostrais pˆ e qˆ. Mas se estes também forem desconhecidos, substitui-se

pˆ e qˆ por 0,5, obtendo a seguinte estimativa (LEVINE et al., 2000).

Os valores de confiança mais utilizados e os valores de Z correspondentes

podem ser encontrados na representação da tabela 3.1.

Page 51: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

41

Tabela 3.1 – Valores de confiança

Fonte: Levine et al. (2000).

Aplicando a Equação 3.1 tem-se:

n = 23 . 0,5 . 0,5 . (1,645)² = 22

0,5 . 0,5 (1,645)² + 22 . (0,05)²

Logo se pode afirmar, com intervalo de confiança 90%, que os resultados

dessa amostra de 22 ferramentarias são representativos para essa população.

3.3 FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DESENVOLVIDAS

A figura 3.1 mostra a sequência das principais atividades desenvolvidas

durante a etapa de pesquisa e avaliação de campo, realizada através de entrevistas

baseadas em questionário nas ferramentarias.

Na primeira etapa realizou-se um levantamento sobre o número de

ferramentarias que executam o projeto do molde e sua fabricação, tendo em vista a

importância de levantar subsídios que caracterizam a utilização dos programas CAD,

no projeto do molde de injeção de termoplásticos nas ferramentarias da região

nordeste de Santa Catarina.

Na segunda etapa realizou-se de maneira interativa e simultânea, a

elaboração das perguntas, criação dos grupos de perguntas e os modelos dos três

produtos, pois esses estão diretamente associados. Os questionamentos utilizados

durante as visitas nas áreas de projetos das respectivas ferramentarias foram

criados com o devido cuidado, para que os mesmos pudessem caracterizar a atual

realidade deste contexto. Por intermédio da criação dos grupos de perguntas

Page 52: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

42

procurou-se reunir os questionamentos que contribuíram de forma relevante,

levando em consideração os objetivos propostos por cada grupo, os quais serão

relatados no tópico 3.4. Para o estudo e criação dos três modelos de produtos

(conforme apêndice C) observou-se neste momento as características, as quais

pudessem relatar a prática adotada pelas ferramentarias em diferentes geometrias

de produtos, durante a etapa do projeto do molde de injeção de termoplásticos.

Esses modelos virtuais realizaram-se com auxílio da ferramenta CAD, contendo

além de seus modelos a representação do desenho técnico com todas as

informações dimensionais. Os desenhos foram apresentados durante o processo de

entrevistas com o seguinte questionamento: qual a utilização dos programas CAD

2D e 3D e recursos auxiliares para a execução do projeto do molde dos modelos

propostos.

Figura 3.1 – Sequência das atividades para metodologia da pesquisa.

Page 53: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

43

A terceira etapa trata da coleta de dados junto às ferramentarias, com auxílio

dos referidos questionários. Levando-se em consideração que estes devem ser

respondidos pelas pessoas envolvidas diretamente com o setor de projetos.

Assegurando com isso um retrato fidedigno da prática usada no cotidiano das

ferramentarias da região pesquisada.

A quarta etapa se propôs a analisar as respostas de cada grupo de

perguntas, deste modo verificando-se a coerência e coesão entre as mesmas.

Correlacionando-as com o ponto de vista crítico e literário, registrando-se com isso,

a efetiva utilização dos programas CAD, no projeto de molde, na região nordeste de

Santa Catarina, tendo como foco principal à cidade de Joinville.

Ao final, na quinta etapa realizou-se um experimento para analisar a

aplicabilidade na utilização do módulo de auxílio ao projeto do molde de injeção de

termoplástico, comparando o mesmo com o projeto no método convencional. Para a

aplicação dos métodos o produto escolhido para análise foi uma saboneteira que

apresenta uma geometria complexa, representado na figura 3.2. Esta geometria

complexa permite avaliar o comportamento do algoritmo matemático do sistema

CAD sólido reconhecendo ou não a linha de fechamento do produto sem

descaracterizá-lo. Para avaliar a eficiência dos módulos foram comparados os

seguintes parâmetros: análise de ângulo de extração, criação de superfície de

fechamento, modelamento da cavidade sendo parâmetros de entrada, e de saída o

tempo de execução. O programa CAD 3D utilizado foi um modelador sólido de médio

porte, sendo realizadas as análises dentro deste mesmo sistema, utilizando o

módulo de auxílio ao projeto disponível do CAD em questão. O equipamento

utilizado para os ensaios foi um computador com processador Core 2 Duo 6500, 4

GB de memória RAM, placa de vídeo 256 MB, 320 GB de Disco Rígido.

Figura 3.2 – Produto saboneteira.

Page 54: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

44

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS E ABORDAGEM DA EMPRESA

A pesquisa foi desenvolvida com aplicação de questionário, conforme o

Apêndice A. O envio de questionários por e-mail, apesar de ser um método usual

para pesquisas com estas características, tem um retorno pequeno (MARTINS,

2008). Por este motivo optou-se por visitas, assegurando um retorno dos

questionamentos.

O questionário foi idealizado com 4 grupos de perguntas, conforme

apresentado na figura 3.3. Cada grupo foi responsável por um determinado campo

de abordagem.

O primeiro grupo de perguntas trata de contextualizar a empresa dentro do

cenário da indústria de moldes. Fato importante neste momento foi a identificação do

ramo de atuação de cada ferramentaria. Com isso realizou-se a formação de grupos

de acordo com o ramo de atuação. Buscou-se com as perguntas do segundo grupo

entender a percepção geral do entrevistado sobre o assunto, com perguntas

voltadas ao desenvolvimento do projeto do molde. A intenção a partir deste

momento é evidenciar a necessidade do conhecimento do setor de projetos para

esses questionamentos. O terceiro grupo de perguntas está relacionado ao

detalhamento do projeto do molde. Nesta etapa, realizaram-se os questionamentos

específicos ao projeto do molde com o objetivo de avaliar o uso dos programas CAD

2D e 3D. Dificuldades e perspectivas do projeto de molde foram abordadas com os

questionamentos do quarto grupo, destacando nessa fase o futuro do projeto do

molde dentro da ferramentaria e que tem sido realizado para esse desenvolvimento.

Uma análise com o cruzamento das respostas dos grupos foi realizada com o

objetivo de confrontar informações. Com isso tem-se uma visão quanto às práticas

adotadas durante a fase de projeto do molde de injeção, e se essas estão

associadas aos desafios deste segmento de atuação.

Após o questionamento dos 4 grupos de perguntas, a etapa posterior foi

apresentada ao entrevistado os desenhos dos produtos. Através dos desenhos de

três produtos usados como modelo, foi questionada a possibilidade de execução do

projeto do molde desses produtos (Apêndice B - questionamento e grupos). Um

requisito imposto para análise da ferramentaria, é que o molde deveria ser projetado

com duas placas. Sendo assim, mantêm-se as mesmas características de projeto

para todos os modelos. Com estes modelos de produtos, permitiu-se fazer uma

Page 55: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

45

análise e a correlação entre ferramentarias que utilizam programas CAD 2D ou 3D,

identificando o potencial desses programas na execução do projeto do molde de

injeção de termoplásticos.

Figura 3.3 - Grupo de perguntas.

A figura 3.4 mostra o primeiro produto a ser analisado pelo entrevistado.

Procurou-se utilizar no primeiro momento um produto de forma e geometria simples,

construídos por segmentos de retas e espessura de parede uniforme e constante.

Este produto tem como objetivo verificar procedimentos de projetos em produtos

Page 56: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

46

com essas características. No Apêndice C está a representação do desenho técnico

do produto em 2D e 3D contendo suas informações dimensionais.

Figura 3.4 – Corpo-de-prova de tração

O desenho do segundo produto, conforme mostra a figura 3.5, tem uma

geometria de forma elíptica fazendo parte de uma família de peças. A geometria do

produto foi escolhida com o objetivo de oportunizar o uso dos recursos tecnológicos

dos programas CAD 3D. Procurou-se analisar, a utilização dos recursos condizentes

com as características dos produtos. O fato de ter diferentes tamanhos, mantendo-

se as mesmas características dos produtos, possibilita a utilização de recursos

associativos e paramétricos com o sistema CAD 3D. A representação do desenho

técnico do produto em 2D e 3D contendo suas informações dimensionais estão no

Apêndice C.

Pequeno

Médio

Grande

Figuras 3.5 – Travessas A figura 3.6 mostra o terceiro produto analisado pelo entrevistado. A escolha

deste modelo de produto se dá pela complexidade da geometria do produto. A

dificuldade de construção do projeto em 2D, foi um motivo que destacou esta

Page 57: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

47

definição do produto. O dimensionamento do desenho técnico 2D torna-se um ponto

crítico para esse tipo de produto tornando um trabalho árduo e rotineiro. Foi

necessário o uso de tabelas para o dimensionamento de determinadas partes do

produto, conforme Apêndice C.

Figura 3.6 – Hélice

Segundo Souza e Ulbrich (2009), podem ser definidas como geometrias de

formas complexas aquelas que não são possíveis de serem representadas através

da matemática convencional, como exemplo, as circunferências, retas e curvas

simples. Fazem parte ainda dessa formas as geometrias tridimensionais primitivas,

formas cúbicas, esféricas, cilíndricas, cônicas, planas e cilíndricas. Uma curva é

considerada complexa se o raio de curvatura for um raio variável ao longo da

entidade de forma não uniforme.

Na representação do modelo da hélice, conforme a figura 3.6, identifica

através de uma “seta” o caminho que o perfil percorre forma uma curva com

variação de raio, identificando-se uma geometria complexa. Neste caso tornando-se

o dimensionamento nesta região um ponto crítico.

Page 58: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

48

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados os resultados, análise e discussões das

entrevistas realizadas, baseadas nos questionários, bem como aplicação do

comparativo dos métodos de modelamento, conforme procedimentos relacionados

na metodologia aplicada.

4.1 GENERALIDADES

Os dados coletados junto às ferramentarias foram registrados mediante aos

cuidados com informações sigilosas contidas na área de projetos. Evidenciou-se

essa preocupação durante as entrevistas, pois dificilmente podia-se conversar

somente com o projetista. Mas esse fato não causou nenhuma situação que

comprometessem os questionamentos, obtendo-se os objetivos dessas entrevistas.

Os resultados coletados baseados nos questionamentos foram avaliados e

analisados, visando estabelecer um perfil das empresas. De acordo com os grupos

de perguntas foram realizadas análises das informações e registros dos dados por

meio de figuras e tabelas. Essas informações foram comparadas com a literatura ao

longo do presente capítulo.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS FERRAMENTARIAS (Perguntas grupo 1)

Na primeira etapa da pesquisa realizaram-se perguntas com o objetivo de

identificar os segmentos de atuação e os números de funcionários no setor de

projetos das ferramentarias. A figura 4.1 demonstra esse panorama dos ramos de

atuação das ferramentarias.

Figura 4.1 - Número de ferramentarias por ramo de atuação.

LEGENDA:

LB= Linha Branca

Auto= Automotiva

UD= Utensílios Domésticos

Page 59: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

49

Como se pode verificar na figura 4.1, 12 ferramentarias responderam que o

ramo de atuação é o automotivo (Auto) e linha branca (LB). Tendo como destaque

para essas empresas 80% de suas atividades de projeto se destinam ao ramo Auto

e 20% LB. Para outro grupo de 7 ferramentarias, o ramo de atuação se divide em

50% LB e 50% conexões. Por fim, em 3 ferramentarias os ramos de atuação são

representados por LB 40%, Utensílios Domésticos (UD) 30% e conexões 30%.

Com relação ao segmento de atuação, pode-se observar que as

ferramentarias não atuam em apenas um único ramo. Isto acontece pelo fato que

determinados produtos serem lançados em determinada época do ano. Trabalhando

com mais de um ramo de atuação, as ferramentarias procuram equilibrar suas

atividades durante os períodos. Como exemplos podem ser citados: lançamento de

novos modelos de automóvel, eletrodomésticos (máquina de secar roupa e

condicionadores de ar, aquecedores, ventiladores entre outros).

Nesses três grupos de empresas, destacados na figura 4.1, quanto ao

número de funcionários se dividem de forma heterogênea. A figura 4.2 mostra por

grupos a quantidade de funcionários ligados diretamente com o projeto. Pode-se

analisar que o primeiro grupo se concentra o maior número de funcionários, fato este

pelo crescente desempenho da indústria automotivo (MDIC, 2007 e DIHLMANN,

2009).

Figura 4.2 - Número de funcionários do setor de projetos

Page 60: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

50

Com relação à caracterização das ferramentarias, pode-se verificar que o

maior número concentra-se no ramo LB+Auto 55%, para o ramo de LB+conexões

32% e por fim 13% para LB+UD+conexões. O número média de funcionário também

é maior no ramo LB+Auto, sendo que os outros ramos estão distribuídos a uma

média de 3 funcionários em cada grupo. O desempenho desse setor se dá por conta

da grande demanda da produção automotiva.

Segundo MDIC (2007), existe potencial enorme na produção de moldes de

injeção no Brasil e o setor automotivo é o maior consumidor deste serviço. Uma

estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores –

ANFAVEA indica que o Brasil está caminhando para se tornar um dos cinco maiores

fabricantes de automóveis do mundo. Diante das referidas demandas, Dihlmann

(2009) descreve que o ramo da indústria automotiva é o mais atrativo para as

ferramentarias. Um automóvel demanda 400 moldes de injeção de termoplásticos.

Cada novo modelo exige a produção de 120 moldes por conta das alterações de

“design” de para-choque, frisos e protetores, grades frontais, lanternas, espelhos e

retrovisores, painéis, entre outros componentes.

Diante das referidas pesquisas pode-se verificar que o ramo de atuação das

ferramentarias é diversificado, contribuindo desta forma para o equilíbrio sustentável

destes segmentos, evitando redução de lucro e consequentemente diminuição no

quadro de funcionários, que pode vir a ocorrer nos períodos de baixa produção, caso

a empresa não busque projetos alternativos para manter-se estável. Contudo

percebe-se que há uma concentração de ferramentarias voltadas ao ramo de

atuação do segmento automotivo, o fato ocorre pelo crescente desenvolvimento

deste setor no contexto mundial. Sendo esse um cenário favorável para promover a

evolução tecnológica que tão necessária se faz para manter a competitividade. Esse

é um setor de alta demanda, e embora exija produtos de grande complexidade,

ainda é um ramo atrativo para as ferramentarias.

4.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DO MOLDE (Perguntas grupo 2)

Quando foram questionadas sobre o “principal desafio do projeto do molde”,

91% das ferramentarias responderam que o “tempo de entrega do projeto ”, é o

maior desafio. O tempo tem sido um fator determinante para as ferramentarias

poderem atender às necessidades dos seus clientes. Em muitas dessas situações o

Page 61: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

51

tempo está relacionado com o lançamento de um novo produto pelo cliente e diante

deste fato as ferramentarias sentem-se obrigadas em determinada situações a

aumentar a carga horária dos profissionais de projetos. Esta preocupação com o

prazo esta atrelada ao contrato de trabalho assinado com o cliente, que determina o

pagamento de elevadas multas para o atraso desses serviços.

Comparando com informações do MDIC (2007), salienta-se como limitação da

indústria de nacional, o não cumprimento dos prazos de entrega. Como hipótese

para o não cumprimento de prazos poderia ser atribuída duas questões importantes:

a) não qualificação profissional; b) o não aproveitamento dos recursos disponíveis

das ferramentas CAD.

Sacchelli (2007) afirma que a qualificação e formação dos colaboradores que

trabalham com desenvolvimento de projetos, observa-se a falta de conhecimento

técnico, acarretando com isso uma limitação de horas para trabalho onde requer

uma maior habilidade técnica por parte do desenhista ou projetista.

Segundo Nakao et al. (2002), na indústria japonesa, e Pinardi (2005), na

indústria brasileira, deve-se adotar uma metodologia de trabalho que favoreça

eficiência nesta etapa de projeto, pois as informações iniciais são importantes para a

continuidade dessa fase e um melhor relacionamento entre as partes envolvidas. A

gestão de projetos baseia-se em utilizar de forma otimizada os recursos e tempo,

buscando ganho nas atividades, envolvidas. Baseados nestas informações os

autores mencionados acreditam que estas sejam uma forma de reduzir o tempo de

entrega do projeto.

Quando os entrevistados foram questionados sobre as fases do projeto do

molde, 100% responderam que há duas fases distintas na construção e elaboração

do projeto do molde. A primeira inicia-se com a fase conhecida como pré-projeto e a

segunda é o desenvolvimento do projeto. Na fase de pré-projeto do molde é

mapeada a necessidade do cliente diante de um determinado produto. Algumas

informações são avaliadas, viabilizando ou não a produção por esse processo. Para

um melhor entendimento dessa fase, baseado nas informações coletadas durante a

entrevista, criou-se um fluxograma como mostra a figura 4.3. Essas informações não

podem ser consideradas como um padrão, pelo fato de não existir uma metodologia

aplicada para este processo.

Page 62: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

52

Figura 4.3 - Fases do pré-projeto

Partindo da necessidade do cliente são analisadas algumas situações como:

produto a ser produzido e suas características e máquina injetora. Com a validação

dessas informações iniciais, segue-se para a construção do pré-projeto. Nesta fase é

analisado a parte estrutural do molde, pontos de injeção, extração, refrigeração e

seus mecanismos (necessidades de gaveta, núcleo rotativo e etc.). Essas

características do molde dependem muito do produto a ser produzido (furos,

rebaixos, reentrâncias e outros). Realiza-se uma avaliação (comissão interna que

depende de cada empresa) desse pré-projeto. Se não é aprovado será examinada

novamente a aprovação do produto e eventuais necessidades de mudanças no

mesmo. Caso aprovado é repassado ao cliente para sua apreciação.

De acordo com as informações de 91% das ferramentarias, esta fase de pré-

projeto leva em torno de 2 a 5 dias para ser executada, sendo apresentada para o

cliente apenas um leiaute do projeto. Esta etapa corresponde a 10% do tempo de

execução do projeto. As definições durante esta fase são importantes para a

sequência do projeto do molde, um dimensionamento ou mecanismo fora das

especificações corretas podem comprometer as fases seguintes.

Page 63: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

53

Para a realização da fase de pré-projeto do molde, as ferramentarias foram

questionadas quanto ao uso do programa CAD utilizado nessa etapa. A figura 4.4

apresenta o resultado, identificando que o programa CAD utilizado por 91% das

ferramentarias é o programa CAD 2D e apenas 9% utilizam o CAD 3D.

91%

9%

Sistema CAD 2D Sistema CAD 3D

Figura 4.4 - Uso dos programas CAD no Pré-projeto

A utilização do sistema CAD 2D nesta etapa do projeto do molde, segundo

informações destas empresas, ocorre pela agilidade e rapidez que este programa

proporciona nessa fase. Contudo, uma hipótese para esse procedimento é por

questões culturais dos projetistas e os responsáveis pelo setor de projetos. Os

projetistas experientes utilizam este sistema CAD 2D desde o início de suas

atividades com os programas CAD. As ferramentarias que utilizam programa CAD

3D, na etapa de pré-projeto comentam dos ganhos dessa ferramenta. A principal

vantagem é visualização que esse sistema permite no momento de discutir com o

cliente o pré-projeto, sendo o entendimento e a percepção visual mais

compreensível esta etapa.

Reforçando esta hipótese cultural para a transição da utilização do programa

CAD 3D, Galvão (2007) comenta que ao ocorrerem mudanças existe certa

resistência pelas pessoas envolvidas. É aceitável que exista este desconforto a uma

nova tecnologia, pois é bem mais cômodo manter-se no que se conhece e domina

ao longo dos anos. Mas esta mudança se faz necessária para competir no mercado

atual da indústria de moldes de injeção.

Page 64: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

54

Depois de concluído o pré-projeto inicia-se as próximas fases determinadas

como sendo a de desenvolvimento do projeto (conhecida também como fase de

detalhamento). Pode-se perceber através das respostas obtidas que não há um

consenso entre as fases de desenvolvimento. A figura 4.5 representa estas fases

baseadas nas respostas durante entrevistas. Contudo, não é possível estabelecer

uma sequência, pois algumas dessas fases são realizadas simultaneamente ou em

ordens diferentes, como será apresentado a seguir.

Figura 4.5 - Fases do projeto do molde – desenvolvimento

Na figura 4.5 pode-se observar que o ponto de partida para as fases que

compõe o desenvolvimento do projeto do molde ocorre através do modelamento das

cavidades e gavetas. Na sequência ocorre o desenvolvimento dos sistemas de

refrigeração, ventilação, extração, alimentação, mecânico e alinhamento, sendo

esses projetados em diferentes ordens, realizadas de maneira interativa e

simultânea, pois conforme comentado anteriormente é difícil estabelecer uma ordem

para o projeto do molde. Esta falta de um consenso entre as fases de projeto

Page 65: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

55

também é abordado por Sacchelli (2007), que destaca que os projetistas atribuem

sequências diferentes para o desenvolvimento do projeto do molde de injeção de

termoplásticos. Como fase final pode-se destacar o detalhamento do projeto, tendo

como objetivo a documentação e auxílio para o processo de fabricação do molde de

injeção.

Quando questionado sobre a fase que demanda mais tempo durante o projeto

do molde de injeção de termoplásticos, obteve-se a resposta conforme a figura 4.6.

De acordo com 73% dos entrevistados é o modelamento das cavidades responsável

pelo consumo do maior tempo de projeto, 18% credita ao detalhamento (cotas,

projeções, tolerâncias) e outros 9% comenta que são os sistemas de refrigeração.

9%

18%73%

MODELAMENTO CAVIDADES

DETALHAMENTOSISTEMA DE REFRIGERAÇÃO

Figura 4.6 – Fase que demanda mais tempo no projeto do molde

4.4 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO (Perguntas grupo 3)

O objetivo principal deste grupo de perguntas está relacionado a identificar os

programas CAD empregados no projeto do molde, bem como o uso das tecnologias

e recursos para contribuir e melhorar os resultados finais do projeto do molde.

Para o questionamento realizado sobre o programa CAD utilizado pelas

ferramentarias, durante a etapa de desenvolvimento do projeto do molde (etapa

após pré-projeto), os programas CAD foram divididos em três classes: pequeno,

médio e grande porte. Esta classificação é sugerida por Souza e Ulbrich (2009),

Page 66: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

56

sendo de grande importância do entendimento desses programas. A figura 4.7

mostra a utilização dos programas CAD por parte das ferramentarias de acordo com

o ramo de atuação.

Figura 4.7 - Programa CAD utilizada no projeto do molde

Conforme a figura 4.7, nas ferramentarias do grupo Auto + LB, 67% fazem o

uso de programas CAD de grande porte para a etapa de desenvolvimento do projeto

do molde, contra 33% que se utiliza do CAD de médio porte. Deste grupo, 85% faz

uso do programa CAD de pequeno porte, simultaneamente. Esta atividade é

realizada como instrumento de apoio durante a etapa de detalhamento do molde –

realização do desenho técnico.

No grupo de ferramentarias que pertencem ao ramo de LB+Conexões, 22%

utilizam programa de grande porte e 78% fazem o uso de programa de médio porte.

Deste grupo todas fazem o uso do programa CAD de pequeno porte,

simultaneamente, durante a etapa de detalhamento do molde. As ferramentarias que

fazem parte do ramo LB+UD+Conexões não utilizam do programa CAD de grande

porte. A utilização é concentrada no programa de médio, e a exemplo dos outros

grupos faz uso do programa de pequeno porte.

O programa CAD de grande porte tem uma maior utilização por parte das

ferramentarias que fazem parte do ramo de atuação Auto+LB. Isto ocorre

principalmente, por dois motivos: o primeiro, registra-se que as grandes montadoras

Page 67: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

57

direcionam a utilização de determinados programas CAD. Esta indicação, de acordo

com os entrevistados, ocorre durante a contratação dos serviços; o segundo é o fato

das características dos produtos desse ramo de atuação, onde as geometrias muitas

vezes são formas complexas que dificultam a sua construção e dimensionamento.

Outro fato importante a ser ressaltado é que de todos os segmentos citados

apenas 9% das ferramentarias não utilizam o programa CAD de pequeno porte para

o detalhamento do projeto do molde. Estes 9% fazem uso dos programas CAD 3D

em toda a fase do projeto do molde ou realiza o detalhamento no próprio programa

CAD de médio e grande porte.

O total de 91% das ferramentarias faz o uso do programa CAD de pequeno

porte de todos os segmentos citados, utilizando esses programas simultaneamente

durante a etapa de detalhamento dos componentes do projeto. Fazem uso desses

programas para distribuir cotas e informações complementares ao projeto. Mesmo

sabendo que os programas CAD de médio e grande porte, possuem recursos nos

quais geram as projeções e o dimensionamento neste próprio programa. O

procedimento adotado por estas ferramentarias, é que após gerar as projeções

(vistas), corte e seções no programa de médio e grande porte transferem para o

programa de pequeno porte para realizar a tarefa de dimensionar o desenho técnico.

Como hipótese, pode-se atribuir duas situações para este procedimento: a)

dificuldade e falta de treinamento para o trabalho ser realizado no programa CAD de

médio e grande porte; b) receio da transição do projeto 2D para o 3D, envolvendo a

mudança de cultura.

Percebe-se que, mesmo tendo em mãos programa CAD de grande e médio

porte, as ferramentarias não aproveitam todo esse potencial. Conforme Souza e

Ulbrich (2009), conhecer as ferramentas CAD existentes e poder aplicá-las

adequadamente as suas necessidades é um passo muito importante para o melhor

aproveitamento desses programas e, consequentemente, reduzir o tempo de

desenvolvimento do processo produtivo.

Segundo Chad (2009), um grande desafio após implantação dos programas

CAD 3D é o treinamento das pessoas envolvidas no projeto. As pressões em

desenvolvimento e produtividade fazem com que não exista um tempo para a

atualização tecnológica. Diante desta situação as empresas adicionam a

modelamento 3D – realização do modelamento de componentes de forma

individualizada - em vez de substituir o projeto 2D por completo.

Page 68: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

58

Outro ponto importante desta fase da pesquisa envolve o uso de módulos de

apoio ao projeto do molde. Entre as 22 ferramentarias entrevistadas apenas uma faz

uso de um módulo específico para essa etapa. Os motivos pelos quais as

ferramentarias não utilizam esses recursos estão representados na figura 4.8.

43%14%

43%

Viabilidade financeira

Desconhecimento

Viabilidade técnica

Figura 4.8 – Motivos pelo não uso dos módulos específicos

De acordo com a figura 4.8, 43% das ferramentarias atribuem a viabilidade

financeira para não utilizar os recursos específicos, outras 43% credita ao aspecto

da viabilidade técnica, este percentual conhece mais não acredita que tecnicamente

esta ferramenta possa trazer benefícios. Para outros 14% não conhece a ferramenta

e seus recursos disponíveis.

A etapa de desenvolvimento e fabricação do molde é seguida por cronograma

e cobrança com o prazo de entrega cada vez mais reduzido. Muitas das vezes estão

vinculados a multas por eventuais atrasos. Contudo, pode-se perceber quando há

necessidade de investimento tecnológico, as ferramentarias ficam com receio e

dúvida em fazê-lo. Essa análise pode ser comprovada na figura 4.8 com relação ao

uso de desses recursos auxiliares. Como exemplo desses assistentes pode-se

relacionar: criação do macho e cavidade, auxílio na direção de extração do produto,

definição da linha de partição, refrigeração, gavetas entre outros comentados

durante a revisão da literatura.

Para ressaltar a importância desses recursos, Ma e Tong (2003), realizaram

um estudo de caso aplicando um módulo de CAD 3D, para auxiliar no projeto do

Page 69: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

59

sistema de refrigeração de moldes de injeção. Os autores destacaram como

resultados a importância do sistema de refrigeração ser projetado de forma

associativa. Neste caso, diante da necessidade de alteração durante a fase de

projeto, o sistema de refrigeração é redimensionado automaticamente. Isto ocorre

devido a associação entre as faces usadas como referência para criar esse sistema

de refrigeração, como exemplo foi utilizado as faces laterais do molde. Com o uso

desses recursos os retrabalhos serão menos dispendiosos e morosos, ajudando a

reduzir o tempo de projeto.

4.5 DESAFIO E PERSPECTIVA NO PROJETO DO MOLDE (Perguntas grupo 4)

Este grupo de perguntas teve como principal objetivo, identificar situações

que destaquem a utilização dos programas CAD 2D e 3D, levantar dados quanto a

importância, benefícios, desafios e o futuro da atividade de projeto do molde dentro

das ferramentarias.

O questionamento realizado “se ocorre alteração no projeto do molde, como

isto é tratado nessa fase?” Todos os entrevistados responderam que sempre há

alteração no projeto, geralmente mudanças propostas pelo cliente no produto ou na

concepção do molde. Essas alterações dependendo do impacto que possa causar

dentro do processo produtivo, torna-se necessário discutir com o cliente novos

prazos de entrega e valores financeiros.

As questões sobre as alterações que ocorrem durante a fase de projeto vão

de encontro com as perguntas do grupo 3, nas quais registrou-se a dificuldade em

investimentos de recursos tecnológicos por parte das ferramentarias. Cabe neste

momento um questionamento importante “será que é importante investir em recursos

tecnológicos?” Se todas as ferramentarias registraram que sempre existe alteração

na etapa de projeto, os investimentos em recursos que ajudem durante essa

atividade podem proporcionar ganhos (redução do prazo de entrega), durante esta

etapa do processo produtivo.

Quais os principais desafios na utilização do programa CAD 2D no projeto do

molde? A figura 4.9 identifica os principais desafios relatados pelos entrevistados

nas ferramentarias. A geometria da peça foi citada por 37% das ferramentarias como

sendo um ponto desafiador, para outras 36% referenciaram a visualização do projeto

como fator crítico e 27% registraram o erro de leitura.

Page 70: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

60

27%

36%

37%

Geometria da peçaVisualizaçãoErro de Leitura

Figura 4.9 – Desafios na utilização do programa CAD 2D

Para suprir esta deficiência de visualização no projeto utilizando o programa

CAD 2D, as ferramentarias podem fazer o uso do formato ‘Portable Document

Format (PDF). A partir da versão 7.07 pode-se ter visualização PDF 3D. Com esse

recurso os clientes podem ter detalhes de seus projetos em 3D, sem a necessidade

do programa CAD nativo. As trocas de informações nas fases iniciais de concepção

do molde são fundamentais para evitar erros futuros. O responsável deste arquivo

PDF pode ter o acesso de informações como: ferramentas de medir, transparência

para visualizar montagens, utilização de comentários em forma de notas, data de

validade e visualização rotacionada. Com este último recurso permite-se analisar o

produto de qualquer ângulo, facilitando qualquer posição de verificação de detalhes.

(KORN, 2006; SIQUEIRA, 2008).

Segundo Pinardi (2005), a utilização de arquivos PDF para leitura e

visualização, é uma importante ferramenta para troca segura e confiável de

documentos eletrônicos. Independente dos programas e aplicativos usados para

gerar o arquivo PDF é compacto podendo ser visualizado e impresso por usuários

do programa Adobe Reader. Outro fator importante é que o programa Adobe pode

ser adquirido gratuitamente através do site da empresa.

Quando questionado sobre a necessidade do desenho 2D no projeto do

molde nas ferramentarias, obteve-se a seguinte resposta: para 91% das

ferramentarias é necessário o desenho 2D. Apenas 9% delas aboliram o desenho

2D e utilizam apenas o desenho 3D. A figura 4.10 mostra este panorama.

Page 71: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

61

Durante a etapa de projeto o uso do programa CAD 2D acontece na etapa de

detalhamento do projeto, segundo relato dos 91% dos entrevistados.

91%

9%

Necessário

Não é necessário

Figura 4.10 – Necessidade do desenho 2D no projeto do molde

Quando foram questionadas sobre as maiores dificuldades que a

ferramentaria encontra para adotar por completo o programas CAD 3D no projeto do

molde obtiveram-se as seguintes respostas, conforme mostra a figura 4.11. As

ferramentarias que não utilizam o programa CAD 3D por completo relataram como

sendo as principais causas: 30% destacaram como sendo o tempo como fator

preponderante, outros 30% atribuíram a qualificação, e o fator cultural de trabalho foi

mencionado por 40% das ferramentarias. Existe certa resistência de alguns

projetistas mais experientes e que pelo domínio de um determinado programa tem

receio de realizar uma atualização tecnológica.

40%

30%

30%

Tempo disponível 6Cultura de trabalho 8Qualificação profissional 6

Figura 4.11 - Dificuldades na utilização do programa CAD 3D

Page 72: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

62

Sugere-se que seja realizado periodicamente um treinamento com os

projetistas para atualizar os conhecimentos e apresentar novos recursos da

tecnologia CAD. Estes treinamentos seriam realizados pelos projetistas mais

experientes no programa CAD 3D ou prestadores de serviços de capacitação, nos

períodos de baixa produção.

Mesmo que o trabalho utilizando o programa CAD 3D contemple

determinadas melhorias, segundo as literaturas, há uma etapa importante que deve

ser superada que é a fase de adaptação. Sem um determinado planejamento para a

mesma, as dificuldades dessa implantação tornam-se mais evidentes. Nessa fase

experimental o tempo de projeto pode ser maior, até que se consiga todo o domínio

e segurança do uso da tecnologia implantada.

Segundo Siqueira (2008) e Galvão (2007), quando ocorrem situações de

mudanças, as mesmas trazem certos desconfortos iniciais, mesmo tendo

consciência que haverá um ganho, procura-se protelar ao máximo, com receio de

novos desafios.

Em outra pergunta elaborada buscou-se, identificar a utilização do programa

CAD 3D para o projeto do molde e qual a sua maior vantagem? Para este

questionamento foi extraída a seguinte situação: mesmo as ferramentarias não

utilizando 100% o projeto do molde em 3D, todas estão convictas que a grande

vantagem é a redução de erros. Este fator foi citado por todas as empresas. Os que

utilizam o projeto de molde 100% no CAD 3D afirmaram que, com a utilização do

programa CAD 2D existia um percentual de erro no projeto do molde de 18%. Com a

implantação da tecnologia CAD 3D este valor reduziu para aproximadamente 1%. O

principal erro destacado na fase de projeto é o detalhamento. Na conferência do

dimensionamento do projeto ocorria ausência de medidas ou erros de

posicionamento oriundo do fator humano. Outro aspecto importante referenciado

como vantagem, foi a visualização do projeto durante a fase de troca de informações

com o cliente utilizando o pré-projeto em programas CAD 3D, sendo o entendimento

mais perceptível.

Para o desenvolvimento do projeto do molde o aspecto tecnológico torna-se

um fator preponderante. Baseado nessa importância buscou-se o entendimento

através do seguinte questionamento: como é realizado o procedimento de

atualização tecnológica dos envolvidos no projeto do molde e se existe uma política

de planejamento para a mesma? Como resposta, 100% das ferramentarias não têm

Page 73: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

63

um planejamento e política de atualização tecnológica e a preocupação com o

desenvolvimento técnico permanece em segundo plano. O que existe é um repasse

da experiência do projetista com maior conhecimento, através de diálogo, sem um

comprometimento e planejamento dos coordenadores. A atualização tecnológica se

resume aos congressos, feiras técnicas e palestras. Estes eventos são importantes,

mas provavelmente não alcancem um grau de conhecimento necessário.

Percebe-se que o tempo para a atualização tecnológica é quase que

inexistente. Para que as ferramentarias participem deste mercado tão competitivo e

globalizado, será cada vez mais necessário realizar um planejamento de

capacitação dos envolvidos no projeto do molde.

Segundo Pinardi (2005), é importante destacar que para se manter

competitivo no mercado e assegurar vantagens sobre os concorrentes, o nível de

atualização tecnológica das empresas deve ter prioridade. A necessidade da

existência de produtos cada vez mais atrativos aos olhos dos consumidores –

formas arredondadas e geometrias complexas – contribui para o avanço tecnológico.

A longevidade das ferramentarias está diretamente ligada ao nível de

desenvolvimento destas inovações.

Durante a fase de projetos podem ocorrer erros provenientes de alguns

detalhes técnicos, voltados à parte de elaboração do desenho técnico. Com o

objetivo de identificá-los foi realizado o seguinte questionamento: qual é o erro mais

frequente durante a etapa do projeto do molde? Os erros mais frequentes

destacados de acordo com os entrevistados foram: para 60% o erro foi de

detalhamento – cotas, indicação de corte, acabamento superficial e tolerâncias.

Ocorrendo durante este procedimento a necessidade de total concentração do

projetista, pois é uma atividade que depende muito da experiência e destreza. Para

outros 30% foi a interpretação – posicionamento das projeções do desenho, durante

esta fase o conhecimento técnico se torna imprescindível. Complementando, 10%

dos entrevistados evidenciaram como o erro na elaboração do sistema de

refrigeração sendo o mais frequente, principalmente quando ocorrem mudanças

realizadas ao longo do projeto, seja no produto ou na parte estrutural do molde

afetam diretamente o sistema de refrigeração. A figura 4.12 representa esses

valores.

Page 74: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

64

10%

30%

60%

Cotagem do desenhoInterpretação do desenhoSistema de refrigeração

Figura 4.12 - Erros mais frequentes no projeto do molde Quando questionados sobre o futuro e inovações dentro das suas respectivas

ferramentarias, os entrevistados destacaram os itens identificados na figura 4.13.

Percebe-se que a mudança de cultura ainda é um grande obstáculo a ser vencido,

chegando a 46% das opiniões dos entrevistados. A importância de trabalhar com o

programa CAD 100% em 3D é o parecer de 45% das ferramentarias com

aproveitando máximo dos benefícios desta migração. O incentivo para o uso dos

programas e recursos CAD são opções de 9% das respostas. Os recursos

governamentais ou incentivos dos fabricantes dos programas CAD, com preços mais

acessíveis seria um passo importante para contribuir com avanço tecnológico

segundo essas ferramentarias.

9%

45%

46%

Mudança de cultura100% CAD 3DProgramas e recursos CAD mais acessíveis

Figura 4.13 – Futuro e inovações tecnológicas

Page 75: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

65

Portanto, uma preocupação para com o futuro da indústria de moldes seria o

aperfeiçoamento tecnológico e a necessidade de mudança de cultura dos gestores

através de uma reorganização estratégica, bem como investimento em treinamento

e incentivo à atualização tecnológica, seria um passo importante para o futuro desse

segmento.

Segundo Costa e Gonçalves (2007), baseado em informações da indústria

portuguesa, a maior dificuldade de ocorrer estas mudanças é pelo fato dos líderes

estarem acostumados com um determinado modelo de intervenção. Este manejo

assegurava até um determinado sucesso em tempos não muito distantes. Contudo,

os autores afirmam que não é fácil propor aos gestores e líderes mudanças de

condutas que os conduziram até este patamar. Esta reorganização estratégica

implica em um grande e significativo desafio seja ela em atitude, competência ou em

novas capacidades. São citados pelos autores três fatores críticos para o sucesso:

qualificação técnica, inovação de processos e prazos de entrega.

Finalmente, para identificar e analisar a atual utilização dos programas CAD,

na a execução do projeto do molde, foram realizadas entrevistas utilizando os três

modelos de produtos (conforme apêndice B). O questionamento utilizado nesta

etapa foi a possibilidade de execução do projeto do molde desses produtos, levando

em consideração o uso dos programas CAD 2D e 3D. A seguir serão apresentados

os resultados obtidos nesta etapa:

Para o projeto do produto 1 (conforme apêndice C - detalhamento), entre 22

ferramentarias entrevistadas 14% projetariam o molde totalmente em 2D. Para

outras 77% realizariam o projeto do molde utilizando o programa CAD 2D e 3D,

sendo a fase de pré-projeto o uso do CAD 2D e para a fase de desenvolvimento do

projeto utilizariam o programa CAD 2D e 3D. E apenas 9% realizariam o projeto do

molde totalmente em programa CAD 3D, conforme mostra a figura 4.14. Pode-se

verificar neste momento que com a utilização deste projeto do produto de simples

geometria, algumas ferramentarias (14%) permanecem favoráveis a utilização do

programa CAD 2D. A justificativa para este procedimento, segundo os entrevistados

é o fato que alguns projetista tem uma elevada experiência nesta plataforma CAD.

Page 76: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

66

14%

77%

9%

100% EM CAD 2D

CAD 2D E CAD 3D100% EM CAD 3D

Figura 4.14 – Projeto do molde do produto 1

Com relação ao produto 2 (conforme apêndice C - detalhamento), obteve-se

como resposta que 91% das ferramentarias entrevistadas o projeto do molde seria

desenvolvido utilizando o programa CAD 2D e 3D. Para outras 9% o projeto do

molde seria totalmente em 3D. Apenas uma ferramentaria destacou a possibilidade

de realizar um projeto de molde com família de peças, usando os recursos de

parametrização, já que este produto evidencia o uso deste recurso. Já os outros

95,5% não utilizaria o recursos de parametrização.

Segundo Chu et al. (2005), em um trabalho realizado com aplicação dos

recursos de parametrização no projeto de molde de um pneu, com objetivo da

redução de tempo, foi apresentado como estudo de caso em uma empresa

internacional, aplicando em quatro modelos de pneus para o projeto com o programa

de parametrização de molde em programas CAD 3D. De acordo com informações, o

programa proporcionou uma melhora significante no tempo de execução do projeto,

com uma eficiência de 30%.

Com relação ao último produto de análise (apêndice C - detalhamento), foi

obtido como respostas que 91% utilizariam o programa CAD 2D e 3D sendo CAD 2D

para realização do pré-projeto do molde. Para outras 9% utilizariam o CAD 3D em

toda a etapa do projeto.

De acordo com a geometria deste produto, a possibilidade de realizar esta

tarefa em programa CAD 2D só é viável onde não são utilizados os componentes

funcionais (macho e cavidade) que são baseados na geometria do produto. O

dimensionamento do produto em desenho 2D, é de difícil compreensão, segundo

Page 77: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

67

informações das ferramentarias entrevistadas. Neste caso em situações onde o

programa CAD 2D não é possível realizar determinada tarefa recorre ao programa

CAD 3D.

Com a realização das entrevistas dos três modelos de produto, evidenciou-se

a existência da subutilização dos programas CAD. Os recursos auxiliares relatados

durante a revisão bibliográfica não são utilizados durante a fase de projetos. Essa

análise confirma o fato de que 95,5% não utilizariam os recursos de parametrização

para produtos de família de peças, conforme o relato anterior.

Segundo Oliveira (2009), os programas CAD utilizados pelas empresas

possuem recursos para modelamento 3D com várias características que necessitam

de conhecimentos e habilidades mais aprimoradas dos projetistas. Contudo, afirma o

autor, não adianta investir em equipamentos e programas CAD e esquecer que o

grande diferencial está na competência do projetista. A cada versão dos programas

CAD surgem novas ferramentas e recursos tecnológicos e a atualização dos

envolvidos não acompanha estas necessidades. O programa CAD 3D é uma

realidade, porém há necessidade de se reavaliar a capacitação dos envolvidos neste

contexto.

4.6 APLICAÇÃO DO MÓDULO DE AUXÍLIO AO PROJETO DO MOLDE

Para uma demonstração da importância da utilização dos módulos de auxílio

para o projeto do molde de injeção de termoplásticos, realizou-se um comparativo

para avaliar a eficiência dos recursos auxiliares para projeto de moldes versus

modelamento manual.

4.6.1 Modelamento Manual

O modelamento das cavidades, pelo método manual, foi utilizado o recurso de

operações booleanas. Esta operação não permite a análise de ângulo de extração

no produto, tornando difícil a interpretação pelo usuário quando modela a cavidade.

Neste contexto para certificar que o produto tem o ângulo necessário, o único

recurso é exportar o modelamento para o módulo de detalhamento efetuando a

análise manualmente. Neste módulo, o usuário deve efetuar cortes ou seções em

várias partes da peça, certificando que contém ângulo de extração mínimo para

Page 78: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

68

projeto e funcionamento correto do molde. A figura 4.15 ilustra os cortes realizados

no produto em estudo, comprovando que o modelamento contém o ângulo de 1º de

inclinação. Esta operação levou 5 minutos para ser executada sendo considerado o

tempo de exportação e detalhamento.

Figura 4.15 – Análise de ângulo de inclinação.

Para modelamento da cavidade foi selecionado o plano XY paralelo à

abertura do molde. Criando um plano em Z-70mm para desenhar um retângulo com

as medidas da cavidade e através do comando ressalto base extrudado criando o

bloco que será a base para a subtração do produto. Na figura 4.16 pode-se observar

que o programa não conseguiu reconhecer o limite do fechamento devido à

geometria complexa do produto. Observa-se que existem regiões do produto que

ficaram acima e abaixo do fechamento, descaracterizando a geometria do produto

neste procedimento manual através de operações booleanas.

Figura 4.16 – Operação booleana de subtração do produto na cavidade.

Page 79: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

69

Para modelar as cavidades por operação booleana, pelo método manual

conforme ilustra na Figura 4.17, foi necessário projetar o perfil do produto em relação

ao plano XZ para modelar o fechamento. Por meio deste perfil extrudado a partir da

referência, conforme observado na Figura 4.17a, o produto foi adicionado a esta

base, tornando um corpo único. A Figura 4.17b ilustra a cavidade no momento da

subtração dos corpos, sendo o corpo principal caracterizado pela geometria da

cavidade. O resultado desta subtração é a cavidade fixa que é apresentada na figura

4.17c. Na Figura 4.17d foi realizada uma comparação do produto, junto à cavidade

fixa modelada. Esta análise foi necessária para assegurar que não ocorreu alteração

no fechamento, fato ocorrido na figura 4.16. A criação deste fechamento e recursos

para o modelamento da cavidade demandou um tempo de 40 minutos.

Figura 4.17 – Operação booleana de subtração para cavidade fixa

Page 80: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

70

As figura.4.18a e 4.18b ilustram as etapas do modelamento da cavidade móvel

através da operação booleana de união. Na figura.4.18c apresenta-se o

modelamento da cavidade móvel através da operação booleana união. O

procedimento de modelamento da cavidade móvel foi idêntico o da cavidade fixa o

que utilizou como referência algumas arestas e contornos já modelados

anteriormente na cavidade fixa. O tempo de modelamento foi de 20 minutos. Com a

figura 4.18d e possível observar a comparação entre o produto e cavidade.

Figura 4.18 - Operação booleana de subtração para cavidade móvel.

Page 81: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

71

4.6.2 Modelamento com Módulo de Auxílio

No projeto do molde da saboneteira, através do módulo de auxílio ao projeto

do molde de injeção no programa CAD, efetuou-se a análise de ângulo de saída,

para certificar-se que o produto apresenta ângulo de inclinação, não comprometendo

sua extração da cavidade. A figura 4.19 ilustra a área de trabalho da ferramenta para

a análise de inclinação no módulo de projeto de molde do programa CAD modelador

sólido.

Figura 4.19 - Análise de inclinação.

Esta ferramenta de análise de inclinação verifica a existência de ângulo de saída

no modelamento do produto. Quando selecionado o ícone análise de inclinação abre

na área de trabalho a caixa de diálogo conforme ilustra na Figura 4.19, sendo

necessário selecionar, o plano de trabalho paralelo ao fechamento do molde, e

digitar o valor do ângulo menor ou igual ao ângulo a ser analisado no produto,

devem-se habilitar as faces de classificação e selecionar o botão calcular para

efetuar a análise no modelamento. O usuário visualmente identifica se o produto tem

ângulo através das cores. O valor do ângulo de extração para a análise de

inclinação pode ser modificado e calculado com os valores aleatórios a fim de

descobrir o menor ângulo empregado no modelamento do produto, caso haja

Page 82: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

72

dúvidas na elaboração do projeto. Inclusive é possível identificar se o ângulo de

extração é negativo, ou seja, apresenta detalhes no sentido contrário à extração,

necessitando de um mecanismo para efetuar sua extração como uma gaveta

mandíbula ou pinça. Após a análise de inclinação pode-se afirmar, conforme mostra

na figura 4.19, que o produto foi modelado com 0,5 grau de inclinação. Uma gama

de cores identifica que o produto tem ângulo de extração adequado e não apresenta

a necessidade de mecanismos especiais para a extração.

Figura 4.20 - Análise da linha de fechamento.

A figura 4.20 apresenta no módulo o recurso para a linha de fechamento do

molde, sendo definido o plano paralelo à abertura do molde, digitando o valor de

analise de ângulo no produto em estudo. O sistema cria automaticamente uma linha

de fechamento em cor azul acompanhando o contorno denominado linha de

partição. Quando o produto não tem ângulo de inclinação definido, esta linha de

fechamento não é gerada automaticamente. A figura 4.21 apresenta-se a ferramenta

de partição superfície. Esta ferramenta cria a superfície de fechamento, preparando

o produto para extrair as cavidades. O sistema reconhece a linha de fechamento

Page 83: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

73

automaticamente sendo necessário apenas definir o tamanho da área de

fechamento para abrir a cavidade.

Figura 4.21 - Superfície de fechamento.

A superfície de fechamento gerada pelo sistema acompanhou a linha de

fechamento, criada anteriormente conforme ilustrado na figura 4.20, preparando o

produto para a extração automática das cavidades através da ferramenta tooling

split. Este ícone quando selecionado abre a caixa de diálogo conforme apresentado

na figura 4.22. Para a correta utilização dessa ferramenta tooling splite, deve-se

selecionar a superfície de fechamento e clicar no ícone tooling splite quando

acionado ativa o algoritmo para iniciar o esboço, o projetista define o tamanho da

cavidade, depois de confirmado, abre na área de trabalho a caixa de diálogo

conforme indicado na figura 4.22 e o sistema reconhece a superfície de fechamento

faltando definir a espessura das cavidades.

Page 84: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

74

Figura 4.22 - Ferramenta tooling splite.

A ferramenta tooling splite, separou as cavidades reconhecendo a superfície de

fechamento criada pelo sistema. Nesta etapa é determinada somente a espessura

das cavidades fixa 60 mm e móvel 30 mm. Na figura 4.23, apresenta-se a cavidade

móvel em (a) e fixa em (b) após a execução do comando.

Figura 4.23 - Cavidade móvel e Fixa extraídas.

Page 85: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

75

4.6.3 Análise da Aplicação e Comparação dos Métodos

Durante o estudo, foram tomados os tempos na execução dos modelamentos

da cavidade de forma manual e utilizando recursos auxiliares ao projeto do molde de

injeção. Na tabela 4.1 apresenta as análises dos tempos obtidos em cada etapa.

Tabela 4.1 – Análise e comparação entre os métodos.

Fator analisado Tempo método Manual

(min) Tempo método auxiliar

(min)

Análise de ângulo de extração 5 2

Criação superfície de Fechamento 40 15

Modelamento das cavidades 20 10

Total 60 27

Observa-se que os tempos para análise de ângulo de extração, no módulo de

auxílio ao projeto, comparado com o método manual, reduziu seu tempo em 40%.

Isso se da ao fato, da existência do algoritmo próprio para análise do produto

ilustrado na figura 4.19, Bastando ao usuário selecionar o plano paralelo a abertura

do molde e determinar o ângulo a analisar. Na forma manual, conforme apresentado

na figura 4.15, o usuário deve mudar de ferramenta de modelamento, para

detalhamento, e executar cortes e seções manualmente no produto, para obter

informação dimensional da geometria modelada.

Na criação da superfície de fechamento, no módulo de auxílio ao projeto,

demandou 37,5% do tempo total do método manual. Nesse método o projetista deve

executar várias etapas para definir o modelamento da cavidade. Assim, torna-se

necessário criar planos, projetar contornos do produto a fim de construir a superfície

de fechamento conforme apresentado na Figura 4.17 (a).

O modelamento das cavidades no módulo de auxílio ao projeto demonstrou ser

50% mais eficiente que o modelamento manual. Um fator importante a ser

considerado é a existência de ferramentas próprias com comandos definidos, não

Page 86: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

76

necessitando elevada experiência do projetista para modelar a cavidade. Contudo,

para o modelamento utilizando o método manual, necessitava da experiência do

projetista, em criar planos alternativos e recursos de operação booleana para

obtenção da cavidade.

O módulo de auxílio ao projeto do molde apresentou melhor eficiência para o

projeto do molde de injeção de termoplásticos, tornando um processo mais eficiente,

e demandando somente 42% do tempo total de modelamento com o método

manual.

Page 87: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

77

5 CONCLUSÕES

Baseado nos resultados obtidos nesta pesquisa, que avaliou o uso de

programas CAD na região nordeste do Estado de Santa Catarina e a utilização e

aplicação de módulo de auxílio ao projeto do molde de injeção de termoplásticos,

pode-se afirmar que:

• Realização do pré-projeto em programa CAD 2D;

Durante a fase de pré-projeto para o desenvolvimento do projeto do molde, há

uma necessidade que esta etapa seja realizada em um curto espaço de tempo por

parte dos projetistas. Nesta fase se realizam a aprovação do projeto e confirmação

de contratação pelo cliente. Diante do domínio e agilidade do projetista esta

atividade é realiza no programa CAD 2D por 91% dos entrevistados.

• Necessidade de redução do tempo de desenvolvimento do projeto;

Fatores como qualidade, custos e prazo de entrega são fundamentais para

determinar a competitividade de uma ferramentaria. Entre os entrevistados, 91%

destacam que gostariam de reduzir o tempo do projeto para atender melhor a

demanda do mercado. Contudo, não se identifica ações focadas para minimizar o

tempo de projeto de molde nas empresas.

• Redução dos erros de projeto;

Os programas CAD 3D permitem uma melhor visualização do projeto do

molde, o funcionamento e a otimização da área do produto. As simulações da

montagem e do processo de injeção reduzem os erros de projeto e, em

consequência, o tempo de retrabalho. Os recursos auxiliares – definição da linha

fechamento, direção de extração do produto, moldabilidade do produto, criação do

macho e cavidade – são exemplos de alguns atributos que contribuem para a

redução do erro durante a fase de projeto do molde de injeção de termoplásticos.

Contudo, esses recursos não são utilizados pela maioria das empresas.

• Falta de qualificação profissional;

Com o número de programas CAD disponíveis no mercado, os projetistas não

recebem treinamentos adequados ou, ainda, não tem fundamentos para a utilização

Page 88: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

78

dos recursos disponíveis para este trabalho. Durante as entrevistas foram relatados

casos nos quais os projetistas modelam o projeto do molde em um programa CAD e

a falta de conhecimento conduz a realizar o detalhamento em outro programa CAD

2D, promovendo redundância no trabalho.

• Resistência a mudança do projeto 2D para o 3D;

A cultura de trabalho do projeto no programa CAD 2D contribui de forma

decisiva para tornar mais difícil a transição do projeto 2D para o 3D. O

desenvolvimento do projeto do molde é uma atividade subjetiva atrelada à

experiência do profissional. Uma parcela significativa dos projetistas tem

experiências em diferentes etapas da manufatura do molde. Estas atividades

exigiram uma capacidade de leitura e interpretação de desenho utilizando a técnica

de projeções ortogonais. Desta forma, a compreensão de vantagens com a

utilização de modelamento sólida ou de superfície são evidentes, mas o esforço

necessário para esta mudança é expressivo, principalmente diante de alguns

elementos: os custos das licenças de programas, a necessidade de capacitação dos

envolvidos e treinamentos específicos. Nota-se que esta mudança ocorre em função

da exigência do mercado do que pela decisão da empresa. Esta característica torna

a mudança lenta e gradativa.

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Conhecer melhor a atividade de projetos de moldes de injeção é uma forma

de contribuir para o desenvolvimento de uma filosofia de trabalho. Nesta linha de

pesquisa sugere-se a continuidade dos estudos com as seguintes sugestões:

• Avaliar como as alterações no produto realizadas pelo cliente entre as

fases de pré-projeto e projeto impactam no custo deste projeto diante

da utilização de programas CAD 2D e 3D;

• Avaliar o nível de integração dos programas Cax (CAD, CAE, CAM,

CAI) aplicados nas ferramentarias

• Avaliar como a experiência e a formação acadêmica influenciam na

transição de utilização de um programa CAD 2D para 3D no segmento

de projeto de moldes.

Page 89: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

79

REFERÊNCIAS

ABIPLAST, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO. Perfil da indústria brasileira de transformação de material p lástico - perfil 2008. Disponível em: <http://www.abiplast.org.br>. Acesso em: jan. 2010. AUTODESK (2010). Tooling and Mold Design . Disponível em: htt://images.autodesk.com/adsk/files/invpro10detailbrousp.pdf. Acesso em: 08 fev. 2010. CENTIMFE – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes Ferramentas Especiais e Plásticos. Manual do Projetista para Moldes de Injeção de Plás tico . Marinha Grande: Centimfe, 2003. CHAD, J. The Transition from 2D Drafting to 3D Modeling Benc hmark. (2006). Disponível<em:http://www.aberdeen.com/summary/report/benchmark/RA_2D_3D_3476.asp.> Acesso em: 15 dez. 2009.

CHANG, Tien-Chien; WYSK, Richard A.; WANG, Hsu Pin. Computer Aided Manufacturing. Person Education, Inc. 3th. Edition New Jersey, 2006. CHU, Chih Hsing; SONG, Mu Chi; LUO, Vincent C. S. Computer Aided Parametric Design for 3D Tire Mold Production. Department of Computer Information Science, National Chiao Tung University, Hsinchu 300, Taiwan, 2005. COSTA, L; GONÇALVES, F. Desafios e Opções Estratégicas para a Indústria Portuguesa de Moldes. Revista O Molde , Marinha Grande, ano 20, n. 76, set. 2007. DIHLMANN, C. Mercado Ferramenteiro. Revista Plástico Moderno , São Paulo: QD Ltda., n. 415, maio 2009. FERNANDES, B. L.; DOMINGUES, Antonio J. Caracterização mecânica de polipropileno reciclado para a indústria automotiva. Polímeros, São Carlos, vol.17, n. 2, abr./jun 2007. FOGGIATTO, J. A. ; VOLPATO, N. ; BONTORIN, A. C. B. . Os projetos em CAD 3D exigem e merecem cuidados especiais. Máquinas e Metais , São Paulo: Aranda, v. 1, p. 132-147, mês 2008. FREITAS, H. et al. O método de pesquisa survey. São Paulo/SP: Revista de Administração da USP , São Paulo: RAUSP, v. 35, n.3, , p. 105-112, jul-set. 2000.

Page 90: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

80

GALVÃO, J. Projeto de molde em 3D: a necessária reestruturação. Revista O Molde , Marinha Grande, ano 20, n. 74, jun. 2007. GASTROW, H. Moldes de inyección para plásticos : em 100 casos prácticos. Munich. Hanser, 1990. 250p. HARADA, J. Moldes para injeção de termoplásticos . São Paulo: Artliber, 2004. IBM. CATIA Mold Tooling Design 2. (2010). Disponível em: <http://www-2000.ibm.com/software/applications/plm/catiav5/prods/mtd/>. Acesso em: 18 fev. 2010. ISAZA, C. Análise integrada otimiza o projeto de moldes . Disponível em: <http://www.cimm.com.br/cimm/construtordepaginas/htm/1_1_6699.htm> Acesso em: 16 jan. 2008. JAVIERRE, C; FERNÁNDEZ, A; AÍSA, Jorge; CLAVERÍA, Isabel. Criteria on feeding system design: Conventional and sequential injection moulding . Journal of Materials Processing Technology 171 (2006) 373–384, 21 June 2005. JONES, P. The Mould Design Guide . Smithers Rapra Technology Limited: United KingdomPublished, 2008. KIMURA, F; ARIYOSH, H. I; ISHIKAWA, H.; NARUKO, Y.; Yamato, H. Capturing Expert Knowledge for Supporting Design and Manufacturing of Injection Molds. CIRP Annals - Manufacturing Technology , Vol. 53, Issue 1, 2004, P. 147-150. KONG, L.; Fuh, J. Y. H.; Lee, K. S.; Ling, L. S.; Liu, X. L.; Zhang, Y. F.; Nee, A. Y. C. A Windows-native 3D plastic injection mold design system. Journal of Materials Processing Technology , Amsterdam, v. 139 (2003) p. 81–89. KORN, D. Shops no longer need 3D CAD software to view 3D CAD models. Disponível em: <http://www.mmsonline.com/articles/an-affordable-secure-way-to-exchange-3d-cad-models (2006)>. Acesso em: 10 jan. 2010. LEE, K.W. Principles of CAD/CAM/CAE systems. Addison – Wesley Longman, Inc, 1999.

Page 91: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

81

LEVINE, D. M.; BERESON, M. L.; STEPHAN, D. Estatística : Teoria e Aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2000. MA, Y. S.; Tong, T. Associative feature modeling for concurrent enginee ring integration. School of Mechanical and Production Engineering, Nanyang Technological University, 50 Nanyang Avenue, Singapore 639798, Singapore. 2003. MANUSOFT TECHNOLOGIES PTE. IMOLD, jan. 2010. Disponível em: <http://www.imold.com/. Acesso em: 13 fev. 2010. MANRICH, S. Processamento de Termoplásticos (Rosca Única, Extrusão e Matrizes, Injeção e Moldes). São Paulo: Artliber, 2005. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica . São Paulo: Atlas, 2007. MARKARIAN, Jennifer. Long fibre reinforced thermoplastics continue growt h in automotive . Plastics Additives & Compounding March/April 2007. MARTINS, M. J. Análise da utilização e Descarte do Fluído de Corte na Região de Joinville/SC . Dissertação de Mestrado. Sociedade Educacional de Santa Catarina – Instituto Superior Tupy, Joinville, 2008. MASCARENHAS, W.N. - Sistematização do processo de obtenção do leiaute dimensional decomponentes de plástico moldados por injeção. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Eng. Mecânica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. MASCARENHAS, W.N.; RIBEIRO, J.S.A; AHRENS, H. C.; OGLIARI, A. Aplicação de Sistemas CAE no Projeto Preliminar de Peças Plás ticas Injetadas. 2º Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação, Urbelândia, 2003. MDIC. Ministério do Desenvolvimento Industrial e Comercio Exterior. Relatório de pesquisa de Mercado Interno . Joinville, 2007. MISSLER. Disponível em: < http://www.topsolid.com.br/products/industry/description/ mold_making.asp(2009)>. Acesso em: 15 dez. 2009.

Page 92: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

82

NAKAO, M.; YAMADA, S.; KUWABARA, M.; OTUBO, M.; HATAMURA, Y. Decision-based process design for shortening the lead time for mold design and production CIRP Annals - Manufacturing Technology , Volume 51, Issue1 ,Pages127-130, 2002. OLIVEIRA, A. J. Análise do desgaste de ferramentas no fresamento co m alta velocidade de aços endurecidos . Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. OLIVEIRA NETO, A. P. Projetistas Precisam Reaprender a Utilizar o CAD. Disponível em:<http://www.cadesign.com.br/artigos/projetistas-precisam-reaprender-a-utilizar-o-cad.html (06-2009)>. Acesso em: 12 dez. 2009. PAHL, G.; BEITZ, W.; FELDHUSEN, J; GROTE, K. Projeto na engenharia (Fundamentos do desenvolvimento eficaz de produtos, métodos e aplicações). São Paulo: Edgard Blücher, 2005. PENNA, Roberto Della. Revista Plástico Industrial. São Paulo: Arada, ano X, n. 118. jun. 2008. PINARDI, Emerson Roberto. Avaliação de Novas Tecnologias para Otimização do Desenvolvimento do Produto. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Campinas, Campinas, 2005. PINTO, UBIRATAN SCHUCH. Avaliação de Critério para a Determinação de Contratipos de Termoplásticos Aplicável em Simulaçã o da Moldagem por Injeção. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. PMJ – Prefeitura Municipal de Joinville. Relatório de Cadastro Municipal de Contribuintes. Joinville SC, n. 0032, 27 jun. 2009. PROVENZA, F. Moldes de Injeção. São Paulo: Pro-tec, 1993. PTC (Parametric Technology Corporation) 2010. Disponível em: <http://www.ptc.com/products/cocreate/mold-base>. Acesso em: 22 fev. 2010. RADZEVICH, S.P. CAD/CAM of Sculptured Surfaces on Multi-Axis NC Machine:The DG/K-Based Approach . San Rafael: Morgan & Claypool Publishers,2008.112p.

Page 93: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

83

RUTKAUSKAS, M. G. Diretrizes para Otimização do Modelamento Geométric o de Peças de Carrocerias. Dissertação de Mestrado. USP, São Paulo, 2005. SACCHELLI, C.M. Sistematização do processo de desenvolvimento integ rado de moldes de injeção de termoplásticos . Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. SANT’ANNA, J. P. Programas se sofisticam, preços caem, mas uso amplo esbarra na pulverização. Revista Plástico Moderno , São Paulo: Arada, n. 422, dez. 2009. SCHMITZ, B. A transição para o 3D : um guia de sobrevivência para usuários do CAD 2D. Publicado por Machine Desing. Disponível em: <http://wwwsolidword.com/lebook-brasil> Acesso em: 15 fev. 2008. SHOEMAKER, Jay. Moldflow design guide: a resource for plastics engi neers . Massashusetts USA: Hanser, 2006. SIEMENS. NX Mold Design. Disponível em: <http://www.siemens.com/plm>. Acesso em: 22 jan. 2010. SILVA, Alex Sandro de Araújo. Desenvolvimento Integrado CAD/CAM de Componentes para Turbinas a Gás . 133f. Tese de Mestrado. Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, 2006. SILVA, Emílio Carlos Nelli. CAD/CAE/CAM. Revista Mecatrônica Atual , n. 1, out/nov, 2001. SIQUEIRA, O. Considerações sobre ferramentas de projeto 3D. Revista Ferramental , Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais, Joinville, p. 13-20, jul/ago 2008. SOLIDWORKS CORPORATION. Guia do fabricante para maximizar os ganhos de produtividade em projetos 3D. Solidworks Corporation, 2006. SONG, M.C.; LIU, Z.; WANG, M.J.; YU, T.M.; ZHAO, D.Y. Research on effects ofinjection process parameters on the molding proce ss for ultra-thin wall plastic parts . Journal of Materials Processing Technology, v. 187/188, p. 668-67, 2007.

Page 94: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

84

SOUZA, A, F. Contribuição ao fresamento de geometrias complexas aplicando a tecnologia de usinagem com altas velocidades . Tese de Doutorado. USP, São Carlos, 2004. SOUZA, A. F.; ULBRICH, C. B. L. Engenharia Integrada por Computador e Sistemas CAD/CAM/CNC. Princípios e Aplicações . São Paulo: Artliber, 2009. SPINA, R. Injection moulding of automotive components: comparison between hot runner systems for a case study. Journal of Materials Processing Technology , v. 155/156, n. 1, p. 1497- 1505, 2004. SPINACÉ, M. A. da Silva; DE PAOLI, Marco A. A tecnologia da reciclagem de polímeros. Revista Química Nova , São Paulo, v. 28 n.1, jan./fev. 2005. STOECKHERT, Klaus; MENNIG, Günter. Mold-making handbook . 2ed. Munique: Hanser Gardner Publisher,1998. p.561 TADMOR, Zehev; GOGOS, Costas G. Principles of polymer processing . 2 ed. New Jersey:John Wiley& Sons Publisher, 2006. 961p. TANG, S.H.; KONG, Y.M.; Sapuan, S.M.; Samin, R.; Sulaiman, S. Design and Thermal Analysis of Plastic Injection Mould. Journal of Materials Processing Technology 171 (2006) 259–267. THERRIEN, C. Bridging the Gap between Part and Mold Developmen t.,Moldmaking Technology. 24/9/ 2009.

Page 95: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

85

APÊNDICES

APÊNDICE A - Questionário de uso nas ferramentarias

APÊNDICE B - Questionário com os modelos

APÊNDICE C - Desenho técnico dos três modelos utilizados

Page 96: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

86

APÊNDICE A

Questionário de uso nas ferramentarias

Com o objetivo de investigar o uso da tecnologia CAD 2D e 3D e as

características pertinentes a estas técnicas, dentro do setor de projetos de moldes

de injeção das ferramentarias no município de Joinville.

GRUPO 1

1.1 Nome e localização da empresa:

1.2 Dados do funcionário entrevistado:

a) Nome:_______________________________________________________

b) Função:______________________________________________________

c) Fone:_________________email:__________________________________

1.4 Número total de funcionários no setor de projetos do molde:

_________________________

1.5 Qual o principal segmento de atuação da empresa?

________________________________________________________________

GRUPO 2

2.1 Quais são os principais desafios do”projeto de molde” ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.2 Quais são as fases do projeto do molde?

___________________________________________________________________

Page 97: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

87

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.3 Qual a fase que demanda mais tempo?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.4 De que forma o cliente encaminha as informações do produto para o projeto do

molde?______________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.5 Qual forma mais utilizada na realização do pré-projeto do molde?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Por que razão? _______________________________________________________

___________________________________________________________________

GRUPO 3

3.1 Qual o programa CAD utilizado no projeto do molde?

R: _________________________________________________________________

3.2 Utiliza-se de algum módulo específico para projeto do molde?

( ) não ( ) sim

a) caso afirmativo qual: ________________________________________________

___________________________________________________________________

3.3 Utiliza o CAD 2D no projeto do molde?

( ) não ( ) sim

a) caso afirmativo em que fase: _________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Page 98: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

88

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3.4 Utiliza o CAD 3D no projeto do molde?

( ) não ( ) sim

a) caso afirmativo em que fase: _________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

GRUPO 4

4.1 Já ocorreu caso de alteração de forma do produto durante a fase de projeto do

molde.

( ) não ( ) sim

a) caso afirmativo como isso é tratado em nível de projeto: ____________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.2 Quais os desafios que a empresa encontra com a utilização do programa CAD

2D no projeto do molde.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.3 É necessário o desenho 2D na fabricação do molde na sua empresa.

( ) não ( ) sim

a) caso afirmativo em quais situações: ____________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Page 99: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

89

4.4 Quais as maiores dificuldades que a empresa encontra para adotar o programa

3D no projeto do molde?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.5 Se a empresa utiliza a tecnologia 3D para o projeto do molde, qual a maior

vantagem desta utilização?

___________________________________________________________________

________________________________________________________________

4.6 Como é realizado o procedimento de atualização tecnológica dos envolvidos no

projeto do molde? Caso positivo qual a frequência?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.7 Quais os erros mais frequentes no projeto do molde?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

4.8 Quais são as inovações e o futuro do projeto de molde na sua empresa?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Page 100: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

90

APÊNDICE B

Questionário com modelos

1) A empresa teria condições de realizar o projeto do molde dos produtos que

seguem como modelo? Caso a resposta for negativa, qual a razão.

PRODUTO

PROGRAMA CAD

________________________

________________________

________________________

________________________

________________________

________________________

_______________________

________________________

________________________

Page 101: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

91

APÊNDICE C

Desenho técnico dos modelos utilizados

Com estes modelos foi possível analisar procedimento para a utilização do

programa CAD 2D e 3D, no projeto do molde.

Primeiro modelo: Corpo-de-prova

Page 102: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

92

Segundo modelo: Travessas

Page 103: i SOCIESC – SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA … · 2019. 4. 10. · i sociesc – sociedade educacional de santa catarina ist – instituto superior tupy curso de mestrado

93

Terceiro modelo: Hélice