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INTENÇÕES EMPREENDEDORAS: ESTUDO
COM ALUNOS DE ADMINISTRAÇÃO DO
CENTRO UNIVERSITÁRIO VALE DO IPOJUCA
(UNIFAVIP/DEVRY)
Robervania da silva albuquerque (Unifavip)
LUCYANNO M. C. DE HOLANDA (Unifavip)
Henrique de Queiroz Chaves (Unifavip)
O estudo objetiva investiga as intenções empreendedoras dos graduandos
em Administração do Centro Universitário Vale do Ipojuca
(UNIFAVIP/DEVRY), contemplando as competências necessárias para a
criação do próprio negócio e as principais barreiras. A pesquisa é classificada
como aplicada, predominantemente qualitativa, descritiva e levantamento,
sendo aplicada a cento e oitenta e seis alunos (186), o instrumento utilizado
foi o questionário dos autores Viera e Rodrigues (2014), composto por onze
questões fechadas, e dividido em duas etapas: perfil do respondente e
intenções empreendedoras, também foi adaptado, pois foi aplicado
inicialmente para estudantes de Engenharia, e neste estudo foi realizado com
alunos de Administração. Os resultados da pesquisa demonstra que a
maioria dos graduandos em Administração já são empreendedores ou
ensejam empreender. Com relação as principais barreiras identificadas para
abrir o empreendimento, foi informado pelos respondentes que mesmo com
a presença de políticas públicas, que facilitam a formalização do negócio e
também entidades que promovem capacitações técnico/gerenciais, algumas
barreiras encontradas afetam a eficácia da ideia de negócio, por exemplo: a
alta tributação do país e a dificuldade de pequenos empreendedores para
obterem crédito com as instituições financeiras, já as competências que
precisam ser desenvolvidas pelos alunos é conseguir adaptar seu
planejamento às circunstâncias reais encontradas, inovando com poucos
recursos, atendendo aos aspectos legais exigidos.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Palavras-chave: Empreendedorismo, Formação universitária, Nordeste
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1 Introdução
Em um macroambiente, altamente competitivo e desafiador, o que difere corporações com
semelhantes produtos/serviços é sua atitude empreendedora. O empreendedor com sua
sensibilidade de identificar, nos problemas, oportunidades de negócios busca desenvolver
passos inovadores que possibilitem sincronia com fatores internos e externos, cativando o
cliente, conquistando espaço no mercado de modo gradativo com o propósito de obter
resultados diferenciados.
Abordado sob inúmeras perspectivas, o empreendedorismo é caracterizado por Baron e Shane
(2007) como um processo que começa com uma ideia para algo novo, seja a criação ou o
aperfeiçoamento de algo já existente, seguindo com uma série de atividades até a
concretização dessa ideia que, para permanecer diferenciada, exige continuas ações
inovadoras.
Ainda segundo os mesmos autores, o ato de empreender está fundamentado em três pilares:
individual, grupal e social. A interseção desses pontos é o que eles descrevem como sendo
oportunidade de negócios, percepção da mente empreendedora que, a partir desse momento,
busca validar a ideia e reunir os meios necessários para a realização de sua proposta. Essas
oportunidades percebidas são potenciais quando apresentam inovação de valor, ou seja, um
alinhamento entre inovação, utilidade, preço e ganho de custos. (KIM e MAUBORGNE,
2005).
Segundo pesquisa do Serasa Experian (2014), o empreendedorismo no Brasil apresenta a
seguinte situação: foram abertas 1.840.187 empresas em 2013, apresentando uma crescente de
8,8% comparado a 2012. Desse total, 68,2% foram Microempreendedores Individuais. A
região Nordeste foi a que mais cresceu no ano de 2013, com um percentual de 9,8%.
Tratando da potencialidade das Micro e Pequenas Empresas da região Nordeste,
especificamente na cidade de Caruaru-PE, de acordo com a Junta Comercial de Pernambuco,
em 2013 o município ocupou a terceira colocação do Estado no registro de negócios, com um
total de duas mil duzentas e quarenta e cinco Micro e Pequenas Empresas. Esses números
sugerem uma predisposição para o empreendedorismo no Agreste pernambucano, a priori
pelo contexto no qual se apresenta, como exemplo, a feira da Sulanca, que movimenta em
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torno de quarenta milhões de reais/semanais, segundo Erich Veloso, Secretário de
Desenvolvimento Econômico de Caruaru (REVISTA NEGÓCIOS - PE, 2014).
Ante o contexto inicial, o presente artigo objetiva investigar as intenções empreendedoras
dos alunos do curso de Administração do Centro Universitário do Vale do Ipojuca
(UNIFAVIP/DEVRY) na cidade de Caruaru-PE. Busca também identificar as principais
barreiras para a criação de um negócio promissor e quais competências que o
empreendedor deve desenvolver para aumentar sua probabilidade de sucesso na gestão
do negócio.
Propõe, portanto uma visão ampla referente ao comportamento do estudante empreendedor,
considerando aspectos culturais construídos paulatinamente e repassado como herança ao
modelo de gestão e concepção de novos negócios. Apresenta como contribuição acadêmica
uma triagem do perfil empreendedor de alunos de Administração da UNIFAVIP/Devry,
distinguindo os que querem atuar em empresas de grande porte e os que pretendem abrir seu
próprios negócios.
2 Fundamentação teórica
Estimular o empreendedorismo é corroborar para um desenvolvimento econômico
sustentável, pois não significa apenas arrecadar tributos, mais sim envolver toda uma
dinâmica de mercado, incentivando mudanças incrementais para a sociedade (HISRICH e
PETERS, 2009). Dados estatísticos confirmam que a atuação empreendedora é o motor da
economia, contemplando benefícios para a população. Isso fica nítido ao analisar a geração de
emprego e renda, com destaque para as MPE‟s que em 2013 foram responsáveis por 83,3% da
geração de emprego e uma arrecadação de R$ 46,2 bilhões até novembro daquele ano
(COMICRO, 2014).
Dentro dessa atuação empreendedora, destaca-se a oportunidade de autônomos conseguirem
ser pessoa jurídica com maior facilidade. Atividades como: cabeleireiro, manicure, eletricista,
doceiros, mototaxistas, dentre outros empreendedores que, pela rigorosa burocracia, não
conseguiam dar passos mais largos e concretos para desenvolverem seu negócio, seja pela alta
tributação ou até mesmo pela impossibilidade de financiamento, agora podem se enquadrar
como Microempreendedores Individuais (MEI), - Lei Complementar 128/2008.
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Essa nova categoria está alcançando um crescimento exponencial desde sua implantação,
ganhando mercado a partir de atividades que faturam até R$ 60 mil/ano, com taxas reduzidas
previstas por Lei, abertura de empresa facilitada pela integração de sistemas (REGIN –
Sistema de Registro Integrado), além de outros benefícios como: Acesso ao crédito com taxas
acessíveis, direito a um colaborador com menor custo, dispensado também da obrigação de ter
contador e com direito aos benefícios da previdência. (BRASIL, LEI Nº 128, 14 DE
DEZEMBRO DE 2008)
Para o empreendedor que deseja abrir um negócio, a depender do tipo de atividade, é
preferível iniciar em uma categoria que se pague menos tributos já que há a possibilidade de,
posteriormente, com o bom êxito do negócio, migrar para uma categoria de maior porte.
(BRASIL, LEI Nº 128, 14 DE DEZEMBRO DE 2008)
Projeções realizadas pela Confederação Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte – COMICRO (2014) apresentam um cenário para 2022 de 12,9 milhões de Micro e
Pequenas Empresas e um equivalente a 7,8 milhões de microempreendedores individuais. Já
no Município de Caruaru-PE (objeto de estudo) existem 7.378 microempreendedores
individuais, conforme estatísticas de janeiro de 2015, disponíveis no Portal do Empreendedor.
E um equivalente a mais de 15.700 micro e pequenas empresas cadastradas no Simples
Nacional, segundo a Receita Federal (PORTAL PREFEITURA DE CARUARU, 2014).
Além disso, conforme pesquisa realizada pelo consultor do SEBRAE, Rômulo Rende, em
fevereiro de 2014, o Município está entre as quarenta (40) cidades que mais incentivam o
empreendedorismo no Brasil
Desse modo, o empreendedor confirma sua importante função, sendo ele promotor de novas
ideias, de novas maneiras de ver e rever o mercado. A percepção do empreendedor é
influenciada pelo conhecimento e habilidades que ele detêm, por suas aspirações e
necessidades de mercado, temática abordada no tópico a seguir.
2.1 Fatores que influenciam no processo de empreender
As mudanças no cenário econômico mundial estão ocorrendo em uma velocidade alarmante,
tendo como causa, grandes forças como globalização, Tecnologia da Informação e
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Comunicação e o intensivo grau de exigência do consumidor interferindo diretamente na
decisão de empreender (FIALHO et al, 2007).
Nessa perspectiva, Dornelas (2005, p. 41) aborda que a decisão para tonar-se um
empreendedor acontece em decorrência de fatores externos, ambientais e sociais, a aptidões
pessoais ou ao somatório de todos esses fatores.
Segundo o mesmo autor o talento empreendedor é o resultado da percepção, direção,
dedicação e empenho de quem busca empreender. Esse comportamento do empreendedor é
classificado por Kim e Mauborgne (2005) como movimentos estratégicos, ou seja, um
conjunto de decisões e ações, ativas ou reativas ao mercado, que criam produtos/serviços
inovadores.
Contudo, a base principal a ser trabalhada, no processo do empreender, é o próprio
empreendedor, uma vez que cada oportunidade de negócios identificada será avaliada de
forma distinta, devido a visão, experiência e recursos individuais (DEGEN, 2005) e também
pela educação empreendedora (LEITE, 2002).
Desta forma, a princípio, o empreendedor tem a percepção de uma oportunidade pelas coisas
que ele vivencia e/ou observa, seja por uma experiência agradável ou ainda por experiência
desagradável dele próprio ou de algum caso que tomou conhecimento, e o tenha levado a
alguma solução que queira replicar e comercializar. De todo modo, muitas são as ideias e o
desejo de ter seu próprio negócio. Entretanto, toda oportunidade percebida tem seu valor, mas
nem sempre é boa suficiente para manter favorável ao empreendedor a taxa de risco/benefício
(BARON e SHANE, 2007).
Além disso, ter acesso a uma educação empreendedora possibilita um trabalho denso nos
aspectos gerenciais e comportamentais (LEITE, 2002). Várias são as entidades que buscam
promover ações de fomento ao empreendedorismo, como o Sistema S (SEBRAE, SENAI,
SENAC, SEST-SENAT, SENAR, SESI), Endeavor, Bancos de Desenvolvimento, Federações
das Indústrias, Associações comerciais, entre outras organizações públicas e privadas. Porém,
conforme pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE, 2013), apesar dos empreendedores afirmarem conhecer as entidades de apoio, a
exemplo o próprio SEBRAE, apenas 46% já tiveram algum tipo de relacionamento com a
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instituição. Desta maneira, o questionamento se faz necessário: Há preparação pessoal para o
empreendimento? (BERNARDI, 2007)
É preciso ter superávit de conhecimentos para criar. Ninguém cria se não souber o básico,
alega Mauro Andreassa, professor associado do Instituto Mauá de Tecnologia e membro do
Comitê de Educação da SAE BRASIL para a Revista Ensino Superior (2014).
Frente a esse cenário, para a validação de oportunidades é importante considerar os fatores
comportamentais do empreendedor, de modo que este esteja disposto a buscar conhecimento e
mudar hábitos a partir da consciência do novo saber, buscando a inovação baseada no
conhecimento (DRUCKER, 1986).
Exatamente como a administração se tornou o órgão específico de todas as
instituições contemporâneas, e o órgão integrador da nossa sociedade de
organizações, assim também a inovação e o empreendedorismo tornar-se-ão uma
atividade vital, permanente e integral em nossas organizações, nossa economia,
nossa sociedade. (DRUCKER,1986, p. 349)
A educação empreendedora proporcionará ao empreendedor maior preparação para encarar o
mercado e seus desafios, envolvendo analises dos aspectos econômicos do mercado e do setor
de atuação. Além da análise minuciosa da concorrência, de modo a obter o máximo de
informações possíveis sobre seus pontos fortes e fracos, para adaptar o produto/serviço que
está sendo desenvolvido para atender as „insatisfações‟ do consumidor, e também planejar-se
estrategicamente frente os pontos fortes que os concorrentes apresentam (ENDEAVOR,
2010).
Aspectos básicos sobre a legislação do setor/segmento, também são contemplados no
processo de aprendizagem, uma vez que o negócio deve estar com tudo regularizado
conforme normas gerais e específicas para o tipo de empreendimento. Além de saber como
proceder no enquadramento da empresa conforme porte escolhido, tem o empreendedor que
conhecer a legislação vigente e dispor de profissional para orientá-lo ou buscar outras
organizações de apoio. (ENDEAVOR, 2010)
Figura 1 - Entraves para uma atuação empreendedora (Times)
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Fonte: Mapa estratégico da Indústria (2013-2022), adaptado.
Diante ao contexto sobre fatores que influenciam o processo de empreender é possível
compreender que existe uma relação de causa e efeito, o meio influência o comportamento
empreendedor, de modo que a educação empreendedora promove o desenvolvimento de
competências necessárias para iniciar um negócio sustentável.
3 Aspectos metodológicos
A pesquisa é classificada como aplicada, que segundo Silva e Meneses (2005 p. 20) objetiva
gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos,
envolvendo verdades e interesses locais. Os conhecimentos desta investigação com estudantes
de Administração contribui na investigação das intenções empreendedoras, na identificação
das principais barreiras enfrentadas e quais competências são necessárias para desenvolverem
os seus negócios. Pode nortear os professores no sentido de focar em algumas temáticas
específicas ou suprir as necessidades elencadas pelos alunos.
É qualitativa já que considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito,
isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito (SILVA e
MENEZES, 2005 p.20). Permitiu analisar quais as intenções do aluno, identificar as
competências necessárias que precisam ser desenvolvidas e as possíveis barreiras visualizadas
para alcançar êxito no seu empreendimento.
É classificada como descritiva, esta visa apresentar as características de determinada
população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 1991). Neste
sentido, foi possível descrever quais são as intenções empreendedoras dos alunos, através das
respostas obtidas via questionário, e realizar um levantamento das competências necessárias e
as principais barreiras para abertura de negócios promissores.
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É também classificada como pesquisa levantamento, esta é usada quando a pesquisa envolve a
interrogação direta das pessoas, cujo comportamento se deseja conhecer (GIL, 1991). Como
se deseja investigar quais as intenções empreendedoras dos alunos de administração, como
também detectar que competências são necessárias para sua formação e identificar, através de
sua percepção, as principais barreiras visualizadas, essa técnica, dentre os procedimento de
pesquisa, foi a mais adequada.
3.1 População e amostra
População é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para
um determinado estudo (SILVA e MENEZES, 2005 p.32). Diante do exposto, a população
desse estudo compreende 590 alunos matriculados no semestre de 2014.2 no curso de
Administração.
Amostra é parte da população selecionada de acordo com uma regra ou plano (SILVA e
MENEZES, 2005, p.21). A Figura 2 apresenta a formula do cálculo amostral.
Figura 2 - Fórmula de cálculo amostral
Fonte: Santos, (2012)
Pra o cálculo da amostra utilizou-se um percentual de 90% de confiança e erro amostral de
10%, obtendo 186 alunos. Utilizou-se da casual estratificada, cada estrato foi definido
previamente. Como existem seis períodos vigentes em 2014.2, foram convidados trinta e um
alunos por turma.
3.2 Instrumento de coleta de dados
Para esse estudo foi escolhido como instrumento de coleta de dados o questionário que é uma
série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante (SILVA e
MENEZES, 2005 p. 33).
Foi desenvolvido por Viera e Rodrigues (2014), e é composto por onze questões fechadas,
porém é oferecido espaço para o respondente apresentar seu comentário adicional, e dividido
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em duas etapas: perfil do respondente e intenções empreendedoras, também foi adaptado, pois
foi aplicado inicialmente para estudantes de Engenharia, e neste estudo foi realizado com
alunos de Administração.
4 Resultados
Neste tópico levantou-se os dados para caracterizar o perfil do respondente, identificando
alguns aspectos como: faixa etária, gênero e a média salarial dos estudantes.
Quadro 1 – Perfil dos respondentes
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Fonte: Pesquisa de campo (2014)
O resultado da pesquisa apresenta a predominância de duas faixas etárias. Jovens de até 25
anos e de pessoas de 26 a 35 anos. Os dados obtidos neste estudo convergem com a média de
idade da pesquisa do artigo base de Viera e Rodrigues (2014), que é de 22 anos, também estão
de acordo o do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
onde afirma que a participação de pessoas com 25 anos ou mais entre aqueles que
frequentavam educação superior aumentou cerca de 10 pontos percentuais (p.p.) no período
2000-2010, passando de 42% para 52% do total (IPEA, 2014).
Para o segundo item, é notável uma maior participação do público feminino, frequentando
aulas no curso superior de Administração, representado por 52%. Quando comparado com a
amostra de Viera e Rodrigues (2014) existe uma divergência sendo os homens predominantes,
com 60%, esse fato pode ser explicado já que ainda existe uma tendência do gênero
masculino buscar cursos na área das Engenharias e as mulheres nas Ciências Humanas e
Sociais. Esses dados também confirmam a pesquisa do MEC (Ministério da Educação),
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demonstrando que em 1991 as mulheres representavam 59,9% das pessoas que se formavam
no País, em 2012, esta participação subiu para 61,2%.
No que se refere à renda individual mensal dos respondentes, percebe-se que, apesar da renda
limitada, 35% com renda até R$ 1000,00 (mil reais) contrastando com 4% com renda acima
de R$ 4000,00 (quatro mil reais), nesse sentido os dados podem confirmar uma não inserção
no mercado de trabalho ou uma parada estratégica para primeiro se capacitar e galgar uma
melhor colocação. O paradoxo entre a limitação de renda e o desejo de cursar o ensino
superior justifica a procura pelos programas do Governo Federal que democratizam a entrada
para o ensino superior, como o Fies, ProUni, Pronatec e Ciências sem fronteiras.
4.2 Intenções empreendedoras
O segundo momento foi destinado a exploração do comportamento dos respondentes quanto
as suas intenções empreendedoras.
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Quadro 2 – Intenções empreendedoras
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Fonte: Pesquisa de campo (2014).
Para a dimensão 1 foi abordado se a influência familiar pode ter despertado interesse em
empreender; verificou-se que na amostra 44% dos entrevistados não apresentaram no seu
histórico familiar atos empreendedores, já 53% afirmam ter na família empreendedores, sendo
que do total 14% desses negócios tiveram suas atividades encerradas.
“Cresci vendo meus pais negociarem e hoje sou empreendedora” afirmou um dos
entrevistados, que a presença de atores empreendedores na família corrobora para o despertar
das intenções empreendedoras, principalmente se forem atores com experiências bem
sucedidas. Sob outra análise, quando não se tem na família a presença de empreendedores, o
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incentivo dos familiares no desenvolver das atividades é fator motivacional, como afirma
outro aluno entrevistado “Meus pais nunca foram empreendedores, mas sempre me apoiaram
nas conquistas”.
Quando questionados se já ponderaram iniciar o negócio, 74% do resultado foi positivo
quanto às pretensões empreendedoras, sendo que deste total 8% já estão com seus negócios
ativos, e 14% estão iniciando o processo de abertura de empresas e 52% afirmaram pensar
seriamente em ser seu próprios patrões, assumindo esse propósito como projeto de vida a
médio prazo. Além disto, a pesquisa do Relatório Global Entrepreneurship Monitor, (2013)
afirma que três em cada dez brasileiros adultos, entre 18 e 64 anos, possuem um negócio ou
estão em processo de abertura, assim os jovens universitários, detendo informações
mercadológicas, estão mais atentos às oportunidades apresentadas pelo mercado e dispostos a
aproveitá-las.
Ao serem interrogados sobre o que fariam se detivessem de recursos financeiros, 62%
alegaram investir em seu próprio negócio, 11% depositariam em uma poupança e 10%
investiriam em carro ou casa. A pesquisa GEM (2013) confirma os dados obtidos,
identificando que, ter seu próprio negócio, é o terceiro maior sonho dos brasileiros, atrás
apenas da casa própria e viajar pelo país, porém, conforme a pesquisa em questão, ter seu
próprio negócio é o anseio de significativa parte dos estudantes, ocupando o primeiro lugar
das predisposições e atitudes empreendedoras.
A quarta dimensão refere à atitude face ao autoemprego, 51% dos respondentes confirmam o
anseio de serem seus próprios patrões, estando dispostos a sacrificar a suposta estabilidade de
serem empregados, já 33% da amostra alegam que, mesmo tendo oportunidades de serem
gestores em uma empresa existente, preferem construir uma nova empresa, e 16% dizem
poder construir um bom patrimônio a partir do autoemprego. É certo que a instabilidade
apresentada pelo mercado pode interferir nas condições de empreender, porém, cientes dos
riscos encontrados pelos empreendedores, os respondentes alegam estar dispostos a enfrenta-
los, porque avaliam que os benefícios obtidos no longo prazo os recompensarão pelo ônus que
a atividade possa incorrer.
Já na quinta dimensão considerou-se relevante compreender qual a imagem do empreendedor,
a visão para 52% da amostra é que o empreendedor é uma personalidade admirada pela
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sociedade, e 36% acham que nos negócios é preferível ser seu próprio patrão a ser empregado.
Portanto, para os respondentes o empreendedor é uma figura social capaz de promover
mudanças significativas na estrutura local, corroborando para o desenvolvimento social e
econômico de um País. Desta maneira, torna-se uma personalidade admirada pela sociedade
por ser atuante e construtor de oportunidades.
Tratando dos fatores adversos ao empreendedorismo, 80% dos respondentes contemplam a
dificuldade de ter uma boa ideia de negócio e a dificuldade em obter crédito para iniciar seus
projetos. Apesar de algumas linhas de créditos serem direcionadas às micro e pequenas
empresas, as exigências não atendem realidade de quem está iniciando um negócio. Esta
realidade sugere que os empreendedores devem estar capitalizados para poder iniciar seus
negócios, muitas vezes, recorrendo a empréstimos a bancos ou pessoa física, tais como
familiares e amigos. Em contrapartida, há outro fator decisivo para a não obtenção de crédito,
que é a ausência de um bom projeto ou o plano de negócios. Envolvidos com a dinâmica de
apresentar modelos de negócios, é vital que o empreendedor desenvolva a habilidade de expor
suas ideias de maneira sistemática, registrando todo o passo a passo do negócio em
um business plan.
Empreender envolve riscos e o estar ciente das abdicações que serão feitas no trajeto de uma
carreira empreendedora é de extrema importância para quem pensa em ter seu próprio
negócio. Diante disso, ao analisar a dimensão sete, 66% dos respondentes afirmam gostar de
desafios e alegam que os momentos mais memoráveis de suas vidas ocorreram enquanto
lutavam para atingir um objetivo difícil. Em contrapartida, outros 34% alegaram como fatores
cruciais para o empreendedor: o risco de perder tudo, o trabalho árduo a ser desempenhado e a
responsabilidade contida em todo o processo.
A dimensão oito refere às capacidades e competências percebidas pelos respondentes.
Tratando destas características é vital para 59% da amostra ser resiliente (flexível),
afirmando que adaptam seus planos às alterações das circunstâncias, e que também são
perseverantes pela concretização de seus objetivos, além de manifestar confiança em relação a
capacidade de decisão técnica e no sucesso que obterá ao decidir abrir um negócio.
5. Considerações finais
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O empreendedorismo, conforme descrito no decorrer do artigo, fortalece a economia, criando
um país mais forte, a partir da implementação de novas ideias ou de aprimoramentos das
existentes, gerando empregos e renda para a população. De acordo com a pesquisa, a maioria
dos graduandos em Administração já são empreendedores ou ensejam empreender.
Com relação as principais barreiras identificadas para abrir o empreendimento, foi informado
pelos respondentes que mesmo com a presença de políticas públicas, que facilitam a
formalização do negócio e também entidades que promovem capacitações técnico/gerenciais,
algumas barreiras encontradas afetam a eficácia da ideia de negócio, por exemplo: a alta
tributação do país e a dificuldade de pequenos empreendedores para obterem crédito com as
instituições financeiras, já as competências que precisam ser desenvolvidas pelos alunos é
conseguir adaptar seu planejamento às circunstâncias reais encontradas, inovando com poucos
recursos, atendendo aos aspectos legais exigidos.
Desta maneira, para trabalhos futuros sugere-se a ampliação deste estudo para os demais
cursos que trabalham com questões gerenciais e também investigar outros assuntos
relacionando empreendedorismo a empresas formais e informais, oportunidade e necessidade,
inovação e etc.
Referências
BARON, Robeert A.; SHANE. Scott A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Thomson
Learning, 2007.
BERNARDI, Luiz Antonio. Manual de empreendedorismo e gestão: fundamentos, estratégias e dinâmicas – 1.
Ed. – 5. Reimpr. – São Paulo: Atlas, 2007.
BLOG DO IPEA. Acesso à Educação superior no Brasil é tema de estudo do Ipea. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/blog/?p=2287>, acessado em 02 de maio de 2014.
BRASIL. Lei Complementar nº. 128 de 19 de dezembro de 2008. Altera a Lei Complementar nº. 123, de 14 de
dezembro de 2006. Disponível em
<http://www18.receita.fazenda.gov.br/legislacao/LeisComplementares/2008/leicp128.htm> Acessado em 20 de
fevereiro de 2015.
COMICRO. Revista on line XVIII Congresso das micro e pequenas empresas. Jan/Fev ano1 ed. 01. Disponível
em: <http://www.comicro.org.br/portal/publicacoes/revista-comicro.html>, acessado em 08 de janeiro de 2015.
DEGEN, Ronald. O Empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Markon Books, 2005.
DORNELAS, José Carlos Assis. Transformando idéias em negócios. 2.Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
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DRUCKER, Peter F. Inovação e Espirito Empreendedor (Entrepreneurship): Prática e Princípios. Tradução
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