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[ { e w Editora da Universidade Federal do Espírito Santo REITOR: José \Vcbcr Frei re Macedo VICE-REITOR: Rubens Sérgio Rasscli SECRETÁRIO DE PRODUÇÃO E DIFUSÃO CULTURAL: Sebastião Pimentel Franco Dll lETOl l DO CEG: Santi nho Ferreira VICE-DIRETORA: Elicte Rab bi Bonolíni EDITOR: Ricardo Nigr i CONSELHO EDITORIAL Cíntia Ávila < lc Carva lho • Fátirna Ma ria Silva• Gilbeno Kunz Don1ingos S:ívio Lyrio Sin1onc11i • João Eudcs Rodgues Pinheiro• José Carlos Lopes José lnno Gonring • t,.1aria José Vieira Matos • ,1auri de Carvalho Freitas • St andar d Silva CAPA: Alaide Oclpupo REVISÃO: 1árcia Sclvatici EDITOflAÇÃO: Anc Visual. 324·7404 ll\1PRESSÃO: Grálica An Print EDUFES / FUNDAÇÃO CECILIANO ABEL DE ALMEIDA Av. Feando Fcr r.i ri. s/n - Goiabeiras - Vitória/ES - 29060-970 Tels.: (027) 335-2912 - 335-2370 -Fax: (027) 225-2639 Ficha Catalográlica: Biblioteca Central/UFES P 974 Psicologia: questões contcn1porâneas / Ana Ltícia C . Hccken ... [et ai.]; l\1aria Elizabeth Barros de Barros. org. - Vicória : EDUFES. 1999. 222p. - (Coleção CEG Publicações: n. 5) 1. Psicologia. 2. Psicanálise . 3. Psicologia clínica infantil. 1 . Hecken.. .\na Lúcia C. li. Barros. l\1aria Elizabeth B. de CDU 159.9 t • Edição - 500 exemplares taria Elizabeth Barros de Barros. 1999 Todo5 os d . irci o.s reservados. A reprodução sem aucorizção da editora e ds orgIlizadoras dest publtcaçao. por qualquer meio. seja total ou parcil. constitui violação Lei 5.988. l . ' j :\POIO CULTUfv\L Publições E� G� - UFES

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Autora: Maria Cristina Campello lavradorLivro: Psicologia - questões contemporâneas

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  • !l ::> [ { e .. w

    Editora da Universidade Federal do Esprito Santo

    REITOR: Jos \Vcbcr Freire Macedo VICE-REITOR: Rubens Srgio Rasscli

    SECRETRIO DE PRODUO E DIFUSO CULTURAL: Sebastio Pimentel Franco DlllETOll DO CEG: Santinho Ferreira

    VICE-DIRETORA: Elicte Rabbi Bonolni EDITOR: Ricardo Nigri

    CONSELHO EDITORIAL Cntia vila

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    INTERFACES DO SABER PSI

    iWaria Cn'sri11a Canzpellc, Lavratlor

    "Prohle111a dr escrita: siio al,so/11ra1ne11re nect'.rsrias

    e.r11res.res Ollt' xnras f1"' clesignar algo exnra111e11te."

    Deleuze

    Introduo

    Nosso objetivo ser o de apresentar e discutir alguns pontos que consideramos relevantes para pensarmos a emergncia e o percurso do saber psicolgico. Tentaremos, por--- ---- .... _ . . - . . _ ... . . um lado, indicar a intensidade com que o saber psi ma.reado pela metafsica platnica e, por outro lado, apontar para os movimentos que produzem a quebra docspotismo metafsici) Num primeiro momento, traaremos o percurso desenvolvido por Deleuze acerca da reverso do platonismo e em seguida apresentaremos algumas concepes derivadas da metafsica platnica, presentes nos bastidores da psicologia, como o Racionalismo e o Positivismo. Em seguida, apresentaremos algumas concepes histricas com relao produo dos saberes, atra,,s da viso epistemolgica, arqueolgica e genealgica. Por fim, enfocaremos a diversidade que compe o saber psicolgico, bem como a emergncia das noes de

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  • conscincia, comportamento e inconsciente. Abordaremos essa trajetria a JJartir do. entendimen to das

    foras que constituram o saber ocidental. O pensamento de Plato L .- "- .. _..._

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    em sua n1etafsica, se exerce, prodL1ziu sentidos e se reverberou na t1istria do pensar11ento.1 Configura-se :vital" a reverso do P!toim!? a necessidade derazer rachar a metafsica, para qo pensm11ento possa deixar de ser lugar de resposta, de reproduo d verdades, e passe a ser _9L1esto , .ser execcio de inveno, de,1-'. de. 0nnaes provisria que, em lugr de apaziguar,possam !_n.1tar;. e1n lugar de cr, possam produzir sempre novas . .

  • do caoslA 111era recusa da essncia e d apancia no garante -h a-'w;f;..:d; .Slt-b,,erter ,;p;;;ema9i Hegel e, parti cu larme.rite:y .....,., __________ -,r,,. "' .._.. ... e-, - - ...-

    KanTJ teriam realizado a tarefa de uma dttpla recusa, de abolir o n,'ndo das essncias e o mundo das apar11cias; contttdo,mantiveram ainda o pensamento !1----mpo da representao._

    importante explicitar a rnoti,,a_o do platonis1no, 0sentido da teoria das idias de [r,1ato_1pri,,ilegia11do o seu E1?9 .?_9._gi

    s.0n

  • sirnulacros entre as ceias. o se tr,1ta mais da distinodcl-;;;-

    p

    i: pis esr disi

    r1o s faz ser1tido no rnundo darepresentao. Trata-se de afirn1ar o sir11ulacro cor110 potnciapositi,,a que no deve nada nen1 ao modelo e r1en1 l.cpia, no u,na cpia degradada, i111perfeita, in1t1t11tica; Nenlitim

    _,!!2-._:.,, l-h .!!_U --'.1} to_ ei St -e :._tigQ)_q9-$_!l)----:-y-- C-.. --0, pois -n2. _s_e_Q_c!9 __ J.r-re.o.,:Do que strbvert

    represent.- , r1gem ou a p,io,i 10 1 : remete ao acaso , f - -- _ srmu acro nos , , as oras-fluxos aos acont , ! eterno retorno da d'" :-i '

    ec1mentos, ao 11erenaj

    Racionalismo de Ren Descartes

    en Descarte no sculo XV .. e.?? .irn.al_r_q,jon"iL que tem ai)I, ns fala do S'n.!_

    d1ferenc1ar O verdad . d apac1dade de Julgar eerro o falso -entendida como send . .

    . . atraves da razo.; A razo o inata 1m t, , I . --" da razo que temos '. u a\e e universal. E atravs capacidade I estabelecer a verdad f,'.;: d

    exc us1 va de conhecer e._.,.;,;..::.e::::.:. L: o os p os s u -s c1bem us-1 p . :-em a razao, mas nem todos, . ':J OI ISSO ele pro -dica, baseado n

    poe O metodo da dvid a -C> . ---.. o rigor matem 't ----cam111ho seoL1ro e cert a Jco e n,1 razo corno o. . o para alcan . ' seu pr1nc1pal prjncpio que "P a1 mos a verdade. PostL1la o

    20

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    . enso, Jogo existo''. O Cogito

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    -a substncia- quanto ao plnismo _qLi_e _valoriza a altura -aessncia, a Idia, o l\1odelo_J A subJet,,,,dade -conscincja_represenrao considerada co,no .u,1a substnia, como Ltrninvariante histrico, como um a 11r1011 que explica e d co t , . . d n a do sujeito da verdade: E a .. P.!!!1.' 1azo,. a razo comofundamento, con10 or1gen1 e como explicao do homem.

    Positivisn10 de Augusto Comte

    ugusto ComtJ formula um. modelo cienrr d . . . {ii , rc1sta que eno,n,na estado pos1t1vo. Em sua viso O posit. . .d , , . ' tv1srno estaria re er1 o ao que e real, ut,I, certo preciso loo . . ---- - . . ' - --.! e,O, seriam esses os pc1tamares onde a c1enc1a de,,eria desenvolver suas para alcanar a verdadZIO mundo deve . b premissas1 . . ':j ria ser o ser,,ado pa . que suas eis de func1onan1ento pud ;. *'-- -- taas_sm, ocorresse a pe,,j--;ion

    essem ser estabeJecids e,f7it I d d d . .. _, = ,s - . aJ e o controle ou s . L! J , a e a c1enc1a na constitui o d . ' eJa, a A validade de um conhec e uma sociedade positiv]imento somente se . -da ceea d sua fide&l_ld'!._d em rela o na poss,veJ atrvs o esp1nto cientfico de\'e sLe at; ___ __ al!:

  • procedimer1tos das ci11cias da 11atureza, pri11cipal111ente os dafsica, irnpondo esse n1odelo elos ot1tros don1nios do saber.Pressl1pe, tan1bn1. o discurso cientfico como at1t11omo eindepe11dente de qttalquer coisa. E11t1ncia11do os ptincpios de suaprpria teoria, ct1jo fur1

    damer1to a cincia, per1sa Oconl1ec i men to co1no algo que progride I i ne1r111e n te ecumt1lativa1nente por si n1esn10. A episternologia positi,,istatraball1a com a idia da existncia de uma cincia uni,,ersal eneut ra, onde os acontecimentos sociais seriam mera

    . 'd d s

    extenon a es ao largo do seu desenvol,1imento. De acordo come: rspeti,, de anlise. a psicologia no considerada umac1enc1, pois nao pode ser observado nesse conhecimento Ocumpnmento de critrios cientficos. como por exemplo u .d d d ,

    . n1 a ee metodo, de objeto, _e tema ou de conceito de psicologia.

    - se_gunda. . ep1Stemo1ogia histrica-;. estuda a produc

    do conec1mento cientfico a panir de uma dimenso h. t,

    '. 0

    e p ,, , 1, _ is oncaor i __ ? , l1 aim da_ mera descno dos fatos, das datas, dacronologia. da b1o!!ratia p.=.,soal ou ac d" . d ,

    - .....,_ a em1ca o autor. Temcomo t1a estabelecer a historicidade da cincia atravs de umaprs,pct1 va f ilosfica_ Em outras pala,,ras. a epistemolooiahistonca relaciona a reflexo ftlosfi . , . . ,

    das . ... . 1ca com uma analise h1stoncac1enc1as adotando d

    de a,raJiar a, .,.. . uma ,atitu e normati,,a com o objet\'O. c1enc1a quanto a p od - d

    1 _ r uao e verdade. A cinciaco oca a que.stao da racionalidade ela o lucrar do h . da razo e da verdade M . '_

    b con ec1mento, 1 as isso nao que d. cientfico seja verdad .

    . r izer que todo discurso

    verdade" na-o.

    .fi e1ro, SeJa portador da verdade. ''Estar nas1gn1 1ca sempre d .

    constituda de . _ izer ''erdade. A cincia

    valorizado co:Croppo

    ot1?o_e

    d

    s verdadeiras e falsas -o erro s1 iv1 ade- ma , . cientficos que pod '.

    5 so os procedimentos

    maneira nem todo co ehm roduz1 r a verdade. Dito de outra

    , ' n ecimento ci t'fi , . so se alcanaria a v d d en 1 ico e verdadeiro, mas

    er a e atra ' d ves ele. O objetivo da

    7

    24

    A epis1en1ologia histrica (fra chclard e Koyr.

    ncesa) tem como principais expoentes Canguilhcm, Ba-

    .. --... .. .""'--- -. =

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    epistemologia o de fazer un1a crtica do negativo da razo e11o uma crtica d,1 cincia. Uma crtica aos preconceitos, aos

    mitos, ao senso comum, a opinio, e11fin1 a tudo que se coloque

    contra a racionalidade, contra o progresso da razo. Contudo,

    no pretende estabelecer critrios uni,,ersais de cientficidade,

    ao contrrio, postula uma epistemologia regional que explicite

    os fundamentos de um setor particular do conhecimento

    cientfico. Trata-se de rupturas sucessivas e parciais e no de um

    acontecimento nico e global que instat1raria uma cincia. A

    noo de ruptura tem dois sentidos: o primeiro o de significar

    descontinuidades entre a racionalidade cientfica e o saber

    cotidiano, do senso comu1n, da opinio -corte epistemolgico;

    o seoundo o de siificar descontinuidades entre a cincia e ao ..... pr-cincia, mas no se trata do desenvolvimento de uma

    verdade originria que j existe no passado e que e,,olui

    linearmente at o presente. Essa busca de precursores, de

    filiaes sem rupturas, pressupe um progresso contnuo e linear

    da cincia, como quer a epistemologia positivista. A posio da

    epistemologia histrica e:atamente o contrrio disto a crtica

    do precursor enquanto uma figura n1aginria. No se trata de

    buscar no passado a legitn1ao para a novidade do pre.sente

    -histria retrospectiva-, mas sim de analisar o passado enquanto

    passado, de analisar a positi,,idade de suas formulaes

    cientficas, isto , uma histria que parte do presente para julgar

    o progresso da verdade, da cientficidade do passado -histria

    recorrente. Mais do que isso, trata-se da descontinuidade ao n\'el

    do conceito8. O conceito uma denominao, uma definio que

    expressa a sua racionalidade atra,,s do discurso cientfico. A

    teoria fonnada por um conjunto de conceitos que constitui um

    sistema conceituai. Mas o conceito tem autonomia,

    independncia com relao teoria. Cada conceito tem a sua

    histria e se constitui num detenninado momento da histria,

    8 MACHADO. Roberto. A Histria Epistemolgica de Georges Cangulhem. ln: Cincia e Saber. Rio de Janeiro: Graal. 1982 .

    25

    - - -- ------------------------

  • Produzido l1istoricamente. Por111. a epistemoloia tiisto' , '" rica aponta para a anlise descontnua da filiao de urn detenninad conceito. proctira analisar a formao, a deformao e O

    refonnulaco de um conceito cientfico. a

    , , E necessrio, ainda, esclarecer alguns pontos con1 rela ;-a epistemoloeia histrica. A cincia considerada com

    ao... o LI rn processo, cn10 uma produo, co1no um ,,ir a ser em constante transfonnaao, conn1do, permanece prese11te con10 critrio . 1d d , central a raciona I a e c1ent1fica para pensarmos como se faz a passagem de unia forma de conhecimento para outra cad . . , a vez mais aproximada da verdade. Nesse sentido, para a episte 1 . h t, 1 - . mo og1a is onca, a ps1co og1a nao podena ser considerada uma . " . Se

  • (JcsconLnua ele un1 conceito. ou seja, a a11::lisc d,l fo,,1-1. _ . _ .

  • coloca qttando ela entendida enunt um instru,nento quepossibilita fazer a inverso ds e\'Jdnas. Trata-se ele desnaturalizar a 1de1a d e que a pretens unidade de um discttrso se d atravs do objeto a que ele s:refere, afirr11and? que os dict1rsos enquanto prticas queproduze111 os obJetos, ,\traves do que falam sobre eles. Porexemplo, no a ttnidade do objeto loucura que constitui aunidacJe da psicopatologia, mas a loucura que foi constitudapelo que se disse dela. Trata-se de desnaturalizar a idia de que unidade de u discurso o _encadeamento constante de enunciao, de umodo determinado de enunciao, afinnando que os discur

    , . , SOS enqttano prat1cs e que produzern as e11unciaes que soheterogeneas e dispersas. Por exemplo a medicina cl '

    , r , ' 1n1ca nosecul? XIX era fo1mada de diversos tipos enunciativos co .descn:es qualit"._tivas, narraes biogrficas, raciocn

    ,ios ;;aalo.1a , dduoes, est1111ativas estatsticas, verificaeseper1menta1s. Esas relaes de enu11ciaes heterogneas ed1spersa_s, produzidas .plos discursos enqt1anto prticas, que:cte12a\ram. a ed1c1na clnica. Ou seja, a medicina clnicaf?1 :onst1tu1da a partir de un1 modo detern1inado deenunc1aao, n1as atra\1s desses feixes de relaes.

    d. rata-se ,de des11aturalizar a idia de que a unidade de u111iscurso se da atravs d compat' . . ' . e ttm sistema fecl1,1do de conceitos,,.e,s entre s1 e coerentes . . . co11ceitual d 1 , que const1tu1r1am a base qua todos os ou t afimiando qu d' ros conceitos der1var1am,e os lSCltrsos enq t , . ,1 emergncia e a l ltan o praticas e qt1e produzem... rans,ormao de . ,1t mesmo incorn t' . conceitos novos, dispersos epa 1ve1s. O que to , . . . t1eterognea dos c . ma poss1vel a mt1Jt1pl1c1dadeonce1tos a sua d. - " . Trata-se de d ' . ispersao ano111ma. discurso se da' atesnturalizar idia de que a unidade de um. raves da af1r111ando que u presena de um mesmo tema,d . m temt pode t . ,versos e nur11 niesm d' es ar presente em discursos

    30

    . o 1sct1rso pod . . V1mos de ma . en1 aparecer ten1as diversos.' r1e1ra sucinta , como se estabelece as

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    regularidades que funcionam con10 tei'' da disperso. O que,, . e importante apontar aqt1i qt1e Foucault rejeita, criticatodos os tipos de totalizaes 1 de t1ni,1ersalizaes, elepretensas unidades. de busca de origens, de fundan1entos,de a prio,i, de naturalizaes. As regras de formao -regularidades discursi\1as- sedo atravs das relaes entre objetos, entre tiposenunciati,os, entre conceitos e entre ten1as/teoria, e. ti1mb1n.entre essas quatro relaes, o que possibilita a passagen1 dapura disperso regularidade. wlas no se trata desobreposio ot1 de al1tor101nia absolttta entre esses quatron\1eis discursi,1os. eles so interdependentes e so trtictiladoscom o no-disct1rsivo. Porm. isso no i1npede que sepri\1ilegie um desses nveis ele anlise -o qt1e r,o sig11ifica ,\excluso de uni desses n,1eis e r1en1 ta111pot1co a excluso don,1el no-discursi,o. Por exen1plo, Fot1cault. na l-/istritz daLoi,cttrll, pri\1 ilegia as regras de for1nao dos objetos; cn1 ONc1sci111e11to ela Cl11icc1, privilegi,1 as regras de for1nao dostipos enunciativos: e cn1 As Pl1lt1vra.s e eis Cois(1J, privilegi1as regras de f armao dos cor,ccitos. Em suma, o estudo arqueolgico se exerce cm un1amultiplicidade de registros. procura dcsenh,tr configuraessingulares e no totalizaes. A anlise arqueolgica das regr,15de formao dos discursos estabelece a positividade deindividualizar um discurso como saber e no como um .. 1 cincia.A arqueologia um processo qt1e envolve tantodeslocamentos com relao epistemologia histrica, qu,1ntodeslocamentos com relao as suas prprias modificaesinternas. Por isso, fala-se de uma trajetria arqueolgica, na qualem cada livro de Foucault aparece uma metodologia'' diferente, o que marca o carter provisrio de suas definies enquantouma positi\1idade e no como uma insuficincia ''metodolgica''.Foucault questiona e critica a idia de um mtodo histricoimut\1el, uni\rersal, cristalizado e estabelecido a priori. Tanto apesquisa quanto o mtodo se constituem em conjunto, express,im

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    31

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    destcrrilorializao co1110 di1ne11so tll"X U, ltlla sei!undo a qual. c111 seguindo-a ..., ' a rnulti{Jlicidade se metatnorfoseia. rnlidando de nalureza.15

    Genealogia e Psicologia

    Para falar111os de histria. se.ja ela qual for, rlo poderamos deixar de falar da ge11ealogia. pois a 11ossa concepo de l1istria pressupe essa 11oo utilizada por Foucault 16 que a tomou de Nietzsct1e. Essa 11oo uma ferran,enta in1portante para pe11sarrnos a l1istria da psicolooia ou a genealogia do saber psicolgico.

    0

    - geneaoia seria uma tentati,1a de superao da

    metaf11ca platon,ca, na medida em que postula a dissociao ds idades, que destri toda idia de fundamento, de CJ JJriori h1stor1co. A 0enealogia at , d _ o , raves a aescont1nu1dade histrica nao concebe o conhe b cimento, o sa er como passando por um proceso de e,,oluo progressi,,a e infinita, como se a histria fosse linear e contn El d . ua. a se ebrua sobre a emeroncia, sobre o surgimento b

    . , so re a produo de um saber de un1 coce1to, -d um acontecimento que no tem autor qe se dno 1nterst1c10 Aponta h

    '

    , . para a emergenc1a, para os comeos istoe! para as condies h. t, . . . . de um sab _ is oricas que poss1b1l1 tam o surgimento

    er, e nao para a or conheciment

    igem, para o marco inicial de umo.

    . Assim, a genealoo . , . _ _ . histria mas 5 01 -o sentido h 1stor1co- nao se opoe a' m pesqu1s d esta se esfora

    origem-a supra-histria-, pois en, procurar essncia exata das coisas, sua

    15 DELEUZE. Gillcs & GU de Janeiro Ed 1. ,.\T,.\RRI, Fhx tvrl PI .

    16 E .4. v 1. (1980] 199

    1 atos-Cap11alismoc Esquizofrc111;i. Rio

    34

    sra.remos trabalhando . 5. p. 11, 18, 24 e 3"

    FOUC,\ULT,r . ,. con1 a noo de h. . .

    - . . . .

    (org) 1. chel. N1ctische

    stona. gencalo71ca

  • I

    1 , .()IJ'lrl1CIII

  • coinport,1111cnto, i 11co11scie11te, corpo, IJersonal idade ... ; cornteorias e 111todos ta,nbrn di,,ersos. Porn1, isto no significaque uni otJjeto ott teoria ot1 111todo n1ais i n1port1nte do queO outro, ti111 no exclt1i o ot1tro, 11o se trat,1 de traar tiinaliierarquia que ,,ai da abordagem n1ais be1n ft1ndada, maiscienfica, n1i:1is ,,erdadeira, n1ais autntica at a abordage111n1enos fiel a esse N1odelo. E11to , a psicologia cor1stittidan1ais por di,1ersidades do qt1e por sen1elha11as. Contudo. a,

    1iso clssica da Histria da Psicologia. qt1e pressupe a continuidade histria, est preocupada com a origem -a pesquisa da origen1-, com a unidade da psicologia e utiliza como critrio, para essa unificao , uma semelhana de tema ou de n1todo ou de objeto e ,,ai traando uma continuidadehistrica i n finita. Para realizar isso vai a pro eu ra dos

    precursores. Essa idia de precursor extremamente froil . , ::::, , pois precursor e algum que ainda no realizou alouma coisa . , o 'ms J recebe os mritos ou algum que j realizou alouma, . ::::, coisa, _mas os meritos so atribudos a algum que lhe posterior. Desta forma, podemos dizer que a procura depre_cursores s faz sentido a partir de uma viso continustae linear da h t' . . i or1a, que incansavelmente busca a origempr1me1ra, a unidade de um saber.

    . mergncia ou os comeos ou a genealogia do saberps1colog1co no trabal h . , .

    . a com essa ideia de precursor, porqueconsidera que as ruptu d . . . ras, as escont1nu1dades que sotporta_nte: para a emergncia de novos saberes . Aps1colog1a nao possui Ll " . _ , , ma coerenc1a interna e a sua histrianao e continua evolutiv . d 1

    . ' e cumulat1 va. Por isso a unificaoat, p

    hsio ogia, apesar de vrias tentativas no foi possvele OJe. ,

    Gostaran1os de colocar - . importante a res . d . uma questao, que co11s1dera111os . ' peito a d1spe - d um lado ela apont .

    rsao o saber psicolgico. Por' para diversas abordagens psi po . , e n1t11tas vezes antagnicas, , r out10 lado 0- d que ela aponta para '. ? po emas afirmar con1 isto

    ... .. '"ln

    multiplicidade imanente, para a

    .

    '

    --- --- ' -

    ''diferena que faz diferena'' nas abordagens psi. Dito de outra forrn,1, tima coisa falar das ,,rias e diversas abordagens psi qtte 11o constitt1em uma unidade inter11a do saber psicolgico e por isso no possvel falar de uma nica psicologia, n1as sim, de psicologias. Contudo, ainda esta1nos no campo representativo, no qt1al a n1aioria dos saberes psi ainda esto submetidos. Outra coisa falar da diferena, da n1ultiplicidade, da alteridade, do caos, do simulacro qt1e no tem fundamento, origen1, modelo, sen1elhana e identidade, enfim, da tentati,,a de superar a metafsica platnica. Dentro dessa viso. no importa ta11to a abordagem terico-prtica da psicologia, mas sim o grau de abertura, de despojamento, de acolhimento, de escuta ao irnprevisvel, ao desconhecido, ao estrangeiro, ao estranho, ao intempesti,10 e ao inatual.Tudo isso, ao mesmo tempo, nos tira o cho, as certezas, as seguranas. as formas cristalizadas, sedentrias e 11os permite a in,1eno de novas possibi !idades de vida, de afetar e se1mos . , . . a f e t a d o s , d a v i d a c o n1 o a i, t o fJ o 1 e s 1 s -a u to n o m 1 a , at1toproduo- que te111 co1no critrio a dimenso tica. A tica da alegri,1, no sentido de Es1Jinosa, -dos bons encontrose no as p,1ixes tristes (1noral) -dos maus encontros. A ''tica aristocrtic,1", no sentido de Nietzsche, -a afirmao da vontade de potncia- e no a ''tica escrava" (n1oral) -o . , . ,.. . ressentimento e ma consc1enc1a.

    Enfim, a idia central de que a psicologia no constituda por un1a unidade nem ten1tic,1, nem 1netodolgica e nem de objeto. O saber psicolgico no utnl cir1ci,1, o que isso en1 nada retira a sua importncia, a sua validac.le e a st1a pos i ti,, idade. A pretenso de colocar o conheci n1e ntopsicolgico no quadro das cincias pressupe 1 idia deunidade, de continuidade histric,1, de racionalidade cie11tficae a crena de que seria poss,1el construir unia nica psicologia.Apostamos na possibilidade incessante de criar, in,,entar no,,asfor111as de estar no n1undo e de i11tervenes psi que soinsepar,1eis da prudncia tica.

    39

  • D. . inas e saberes sem f1onteiras1sc1p I

    O paradigma cientificista atualiza ern seu exerccio a. -0 de disciplinas estanques, que possttam obietos d const1tu1a J e

    estudo bem determinados, que produzam campos deespecialidades e que tenham:_ p:ra com outa discip_linas, urnarelaco de exterioridade. A v1sao de que SUJe1to e Objeto, teoriae prtica so entidades separadas e hierarquizadas, ao lado daviso de que o conhecimento, em possui11do uma l1istria, estaseria a l1istria do progresso da razo -na medida e111 que a cincia em seu exerccio de,1e distanciar-se da ,,ida social, das paixes, para realizar adequada1nente sua tarefa- produz urna \1iso naturalizada em cada disciplina, ao mesmo ten1po em que produz unia espcie de necessrio afastamento entre elas.

    Diante da complexidade dos problemas vividos peloHomem contemporneo, essas disciplinas so convidadas aestable_cerem relaes. Numa viso rnul tidisci pJ i nar, cadaespec1al1sta fala do seu "lugar" de saber sobre O tema propostoem con1um e o resttltado ' - - e uma reun1ao de op1n1oes sobre oassunto. Tentando uma - . . aprox1maao maior, mas co11servandoa perspectiva de obieto J . . . J cornum, a gumas d1sc1pl111as se fttndeme constroe1n espaos p , . . . . , . roprios -1nterd1sc1pJ1naridade- como porexe1nplo ps1colooia 1 E , ' . e socio ogra produzem psicossociologia.ssas formas ev1denc. como aloo d d

    iam concepo do objeto de estudo o a o, como um a P . . . se debruar. rio,,, no qual o pesquisador vai Lembremos uma fi os saberes sobre 1

    irmaao de Foucault20, que diz que0 1ome1n tend melhor, tendern a a .

    em a apagar suas fronteiras, ou ' pa0ar a 1d'. d sem elas. Conttid ' eia e fronteiras ao se constiturem

    f o, a sombra da . . f" . as ronteiras fo. . c1ent1 1c1dade permaneceu e iam dev1d problen1tica Hoine . . amen te es tabe lec idas. Mas am insiste em b em aralhar as cercas.

    2fJ F()UCA ULT. 1'tich -p. 37.5 el. As Pala,ras e "s C .

    40

    . "' OISas s p ao aulo: r-.1a11ns Fontes, [ 1966), 1990.

    i

    ., E preciso resgatar a dimenso t1istrica dos saberes.

    Apontar para os seus atra,,essamentos. para os jogos de foras que os constituem. No se trata da relao polida entre os conhecimentos -multidisciplinaridade. e nem de uma aproxin1ao que reproduz em um outro n,1el todo o isolame11to anterior -interdisciplinaridade. Trata-se da transdiscplnaridade qL1e ,,saria questionar a prpria idia de disciplina. possibilitar o apagamento de suas fro11teiras.

    Guattari prope o paradigma tico-esttico-poltico:? 1 em lugar da exclt1si,1idade do paradigm,1 cientfico que, en1 si mesmo, no promo,,e a criao. O paradigma tico-estticopoltico pretende defrontar o saber con1 ,1 l1istria, com suas implicaes polticas, com a i11veno conceitt1al que produz.

    O novo paradig111a esttico tem implicaes

    tico-polticas porque qttem fala etn criao,

    fala em responsabilidade da instncia

    criad(>ra em relao coisa criada. em

    inlcxo de estado de coisas, cm bifurcao

    para alrn de esqucrnas pr-estabelecidos e

    aqui. mais urna vez. cm considerao do

    destino da altcri

  • unl c6digcl de lei ou de u,11 deus nicoA , . etodo-poderoso. pro1)r1 a nes e daenunciao encontra-se tornada. _ Pelo010vin1enlo de cr1aao processuaJ.22

    Como vin1os anteriormente, o saber no tima descrioda realidade ou uma descoberta de algo, as a produo deunla forn1a de ver o mt1ndo. Nesse sentido, seria precis desnaturalizar os especialis1nos! a idia da verdadeira teoriade suas traies. O que se pretende, nesse processo de

    . - , . , . desnarurahzaao. e um inces sante exerc1c10 de questionar amumificaao da prtica-teoria. Um arrancarmo-nos dos Jugaresfixos. do mesmo scripT. Para pensarmos os processos desubjetivao contemporneos precisamos di I uir fronteiras einventar outras formas de anlise, criar outras formas d

    . . e

    exrstencra que pressupe a postura tica-esttica-poltica.

    A emergncia da problemtica da conscinciaVlundt23 d . r , consi erado o fundador da chamada psicoJooiac1ent1 ica desenvoJ

    .A

    '

    ve seus estudos baseado no modelo dasc1enc1as naturais Com i b tornar . sso, usca respaldo metodoJoico paraa psicologia u .,., . 0 comearam a . . m a cienci a. Foi com W u ndt ques pr1me1ras e A procurava-se to xperienc1as em laboratrio, ondernar os processo . . ,., . observveis e b. . s mentais -a consc1enc1a-o Jet1vos N-contemplar os r A ao se tratava de refletir ou,enomenos m . obser,1-Ios e d A enta1s -conscincia-, mas sim, de. escreve-los p . introspectivo quer h ara isso ele construiu o mtodoin a como b' . os processos menta. 0 et1vo descrever a experincia,15 em seus I e ementos combinados, descobnr

    -

    ,, G UATTARJ . 199'> ' Fc:lt:

  • Enfin,, as anlises tericas ou l1istricas en1 si 111es111as tio1105 dizei,, qtiase nada. !\as as :1nlises gnealgicas ao sepergtintarei,, sobre as condies d e111ergnc1a dos saberes, dosconceitos, das teorias, realizanclo isso de 111odo transdisci (Jlin(lr apontan, para a desnaturalizao do que tido con10 ''erdtdeiro'universal -que pode ser ente11dido co1110 a trans111utao do,,alores, em Nietzscl1e, "sempre foi ass i n1 '' ot1 ''as coisasn1udaran1 porque sen1pre h t1ma e,,oluo 11atural''. O que condi o indispens,,el para a transfom1ao incessante da \'ida no sentido de sua expanso, onde a solidariedade e a tica -obons encontros, a afirmao da vontade de potncia- possamser sempre desejadas e afirmadas.

    A conscincia foi o primeiro obieto definido pa 1 J ra aps1co og1a contudo, esse foi assumindo fo11 nas diversas ao Ionooo tempo e seu luar permanece presente at hoje. O que import_ante ressaltar e que as psicologias contemporneas que ttn exclusivamente ou no b. ', ' como O eto de estudo a conscincia seiaatraves de uma ab d ' :., d. f . or aeem claramente racionalista out;;b:lhadamb

    ente rac1onlista, afinnando a necessidade de umo so re os sent1m t "am d . en os e as emoces que visa uma urec1mento pessoal" . , platnica A . 'nnanecem imersas numa metafsica. ss1m como mu t. subjetivao do . ' 1 as vezes. reproduzem os modos de

    -

    minantes Co . mo nos diz Guattari: Todo o dcs 1 envo v1mcnto da flosof1a, desdeDescartes e t d d , o o o esenvolv1mcnto dapsicol ogia, desde Tainc, Wundt, ele.,tendem a q . . . . uerer rclac1onar a subjetividadea uma 1dcnt1'd d . d' . . a e 1n 1v1du al ( ... ) A rneu ver,ISSO est b n a ase de todas as visesredutoras . 'no campo da fenomenologia e daps1c0Iogia.2s

    25 GU ATTARI F'r -

    44

    1986. p. 37' e IX & ROLNIK, S uely. Cartogr f' as do Desejo. Petrpolis: Vozes,

    A emergncia da problemtica. do comportamento

    Watson, considerado o fundador do behaviorismo,desenvolveu os seus trabalhos, no incio do sculo, pesqL1isandoa psicologia animal. O bet1avoris1no de Watson mantm atradio de tentar fazer da psicologia t1ma cincia, essa tentativade reconl1ecimer1to cientfico se d atravs da uti I izaco do> modelo das ci11cias natt1rais e do afastamento da Filosofia, dametafsica. No era possvel observar diretamente a conscinciaem animais e nem provar logicamente a sL1a existncia, mas er:lpossvel estt1dar o comportamento animal e era isso o queimportava para ele, no sentido de fazer analogias co1n ocomportamento ht1m,1no. Estudou o comportamento sob umatica objetiva, descartando a introspeco e a experinciaconsciente. A conscincia, segur1do ele, no objetiva, isto ,no cientificamente vlida. No h uma recusa da existnciada conscincia, mas uma recLtsa de qL1e essa seja um objetocientfico de estudo. O comportamenlo ao contrrio eraconsiderado como objetivo e podia ser estudado cientifica,nente.Watson tem como objeto de estLtclo o comportamenlo definidocomo se11do um mero n1ovimento de mscL1los e ati\1idades deglndulas. A escolha de um objeto de estudo observvel,mensurvel , reproduzvel e objetivo, g,1rantiria a pretensacientficidade da psicologia, o seu statits de cincia.

    Para W,1tson ns s herdamos a nossa estrutura fsica ealguns reflexos, tt1do mais atribt1do aprendizagen1 e porisso o homem pode se tornar qt1alquer coisa. Watson foiinfluenciado por Pavio,, em relao ao condicionamentoclssico, como explicao para toda aprendizagem. Isto ,nascemos com alguns reflexos e ,1prenden1os ottlros retlexosmais complexos atra,1s do condicionamento clssico ouresponde11te. O condiciona1nento clssico definido peloesquema estmltlo (S) - resposta (R), no qual o organismo reagea ltn1 estmulo do meio, o comportamento controlado pelo

    45 .

  • de Por exernplo, l s1livao: o co saliv estn1ulo que o prece . , . ,. . .>

    a

    1 . d u,11a co1111da na st1.1 boc,1 (reflexo de S,lltYlr ,ao ser Cl) oc.1 o _ . . , e ( t -,1condicionada). E11tao, co11d1c1011(1-se 1 sal i \''l:--10u111a respo .1 1 , ( ( ao sotll do diapaso -est1nul 11e_utro qtte sust1tt11r(1 o estiiitilo.

    . , itravs da assoc1aao e11tre est1111t1los do 111e 10 or1g1nar10- erespostas do con1portan1e11to. Skinner, considerado co1110 o respo11sa,,el pelo a,,ano daAnlise Experin1ental do Cornportar11e11to. st1perot1 o esqtienicls-R de \\Tatson ao e11fatizar a relao l1or11en1-an1bie11tc e Ocontrole que o an1biente exerce sobre o l10111en1, sobre O settcomportamento. Define o con1portamento co1110 i11clt1indo todosos movimentos de um organismo que te111 u111 efeito sobre Omundo. por exen1plo: escrever ler, andar, dirigir u1n carro.Skinner substitui o condicionamento clssico pelocondi_cionamento operante, no qual ocorre uma ao doorg_anismo sobre o meio. O comportamento controlado pelosestimulos que se seguem resposta. Esses estmulos tenden1 areforar . componamento; os estmulos de uma ao est emseus feitos. Skinner tambm fez experimentos com animais atraves da famosa "ca ' d s1,: .. , b . ixa e .rnner, onde a ao de pressionar arra. repetidamente , ' sera associada ao aparecimento da 1!llae este comportament . ,condicionad 1 , 0 -aao de pressionar a barra- serao pe o estimulo re'"orc' d , , . ao e 1' , a or -agua- que e posterioromportamento Esse r f .. ele e conside d e oro pos1t1 vo, que pri \'legiado porra o como o ref ,.. . coisa ao orga . oro por excelenc1a, oferece alguman1smo O refo .. fortalece um det . . ro pos1t1vo um estmulo queenn1nado tip d O reforo negat ,

    0 e comportamento que o precede.ivo e um , comportamento qu estimulo que f or ta]ece um . e remova q f , reioro instala e ' ue a aste o estimulo avers1vo. Oe . . omponamento d.'" . -orno obJetivo eli . s, Jierente da ext1nao que temminar com O Behavio portamentos. e rismo e a G oncebem de forma ctr estalt-Teoria, de um modo geral,A psic 1 11erenciad G O ogia definid questo do comportamento.

    46

    estalt-t . a por Kofk d eor1a, como a, um dos representa11tes ao estudo d O comportamento em suas

    i 1 ' 1'1t 1 ! 1

    relaes causais com o campo psicofsico. Contudo, seria precisodistir1gL1ir dois tipos de comportan1ento: o molar e o 1nolecular.O co,nportamento n1olecular, tal como est,1ria presente noB eh a v i o ri s mo , f a I a d e n1 o v i n1 e n tos i s o I a d os . u mco1nport1r11cnto externo enquanto resposta do organismo peranteelementos esti,nulantes externos. O co1nportamento molar no analisado e111 seL1s elementos, mas deve ser analisado em suatotalidade. Para a Gestalt-teoria, o todo mais importante que a, soma de suas partes. E um entendimento que inclui os planospsquico, fisiolgico e fsico em um n1eio comportamental. Destafon11a, os gestaltistas acreditam que a conscincia no umaconscincia do meio comportamental, mas o prprio meiocomportamental. E uma das principais crticas da Gestalt-teoriaao Beha,,iorismo a de que entre o estmulo ambiental e ocomportamento estaria pre.sente a percepo. Por outro lado, aanlise do comportamento faz uma crtica da psicologia deWundt afirmando que os estudos psicolgicos em torno daconscincia, dos processos mentais, com base no mtodointrospecti,10 precisariam ser abandonados. Podemos dizer que o Behaviorismo. seja na sua vertenteclssica (Watson), seja na sua vertente mais contempornea,chamada de Anlise Experimental do Comportamento(Skinner), est imerso no platonismo, no racionalismo e nopositivismo. Vejamos o que essas trs concepes tm emcomum: a busca da verdade, a crena de que existe umft1ndamento, um princpio atravs do qual tudo deriva, a crenanu,na dualidade. verdade que Plato no falava de cincia,de verdade cientfica, de se.parao entre objeto e sujeito do, conhecin1ento. E verdade tambm qt1e o positi,1isn10 assumiauma posio dita antimetafsica e neste sentido poderamosst1por que no poderia ser colocado ao lado do platonisrno edo racionalismo. Mas, a crtica do positi,1ismo metafsica sesttstenta, em parte, no que diz respeito a particularidade dametafsica de tr,1tar do no observvel, do inverificvel, doabstrato. Porm, a objetividade e a postulao de leis universais

    47

    ! ! l !

    !

  • . ., . d verd.ade para os positivistas. E no

    1 cr1ter10 e assume un 111etafsica postt1la 111odelos de verdadeuecer que ' . . ' polemos. esq lutos. que O racional ismo cartesiano urnauniversais e abso . . . r .

    t ,. . , . . tenso c1ent1 1c1sta -a ma e1nat1ca cornornetaf1s1ca con1 pie . .. a cincia . Assim como, o estLtdo domodelo para ' ., ,, . t. conio aloo menst1ravel, observavel e ob1etivocoinportan1en o ' b, . . . J

    d lra\,s do 1netodo ex per1 n1en tal f orm u I ar J eispreten e a . . . psicolgicas universais para alcanar a ve1 d ade, pretende darunia explicao racional para o co1nporta1nento.

    A emergncia da problemtica do inconsciente

    Vamos tratar da emergncia do conceito de inconsciente fazendo uni recorte a partir de uma perspectiva, ao mesmo tempo, histrica-social-filosfica, apontando como oinconsciente fret1diano abre \'rias possibilidades de anlisese de interpretaes. Isto , o i11consciente freudiano nocos-titui uma unidade a partir da qual e,nergiria uma leituraortg!nal, autntica e verdadeira da psicanlise. Como sepudessemos dizer que " ,, . ,, . _ aqui esta psrcanal 1se e o resto naopassa de vu)oariza d 1 e_ es, e e1turas mal feitas, de falta (semprea falta) de r1oorosidad ,, A , . . . e e... . proprra noo frettdiana deinconsciente aponta ... . internamente" para uma diversidade deentendimentos. muit ' . ,,

    . . ,, de falarmo d

    . ezes, 1ncompat1,1e1s. Ento, ao 1n\1ess a ps1canal1se d ,, mas no sim I everiamos falar das psicanl ises,P esrnente por ,, ,, Freud e sini p

    qtte e poss1vel fazer releituras deorque a prp . ,, . ,, uma "incoere" . ria psicanalrse(s) freudiana contemnc1a p rodut , ,, . -podemos afirni a

    1' e mult 1pla''. Por isso naol . r que a psic 1 otal1zada, est .

    ana 1se, enquanto u111a unidader

    imersa nu trmar isto sim a metafsica platnica. Pode1nossue b 'que a ps1c "J um e metaf .

    ana ise em diversos mon1entosn1uita v sica platnica e ,. . , . ezes, so plato" . que as praticas anal1t1cas, nicas.

    '.A.. grande descoberta da psicanlise foi a daproduo desejante. a das produes doinconsciente. 1as. com dipo, essa dcscobenafoi rap idan1ente ocultada por um novoide aJismo: substituiu-se o inconsciente comoibrica por um teatro antigo: substituram-seas unidades de produo inconsciente pelarepresentao: substituiu-se um inconscienteprodutivo pl1r un1 inconsciente expressivo (o

    'd' l

    )"'6 mito. a trage 1n. o son,10 .... -

    Pode-se dizer que a psicanlise 11o est en, continuidade com nenhum saber existe11tc, n1as ela prodt1ziu o sett prprio

    lugar a partir da emergncia dos s,1l1eres sobre o l1omcn1.

    Saberes sobre o t10111e111 qt1c te111 como condies de

    emergncia: a necessid,tdc ele co11trolc e distribt1io das foras

    de trabalho. o descr1\1f)lvin1cnto d,t eco11on1ia capit,tlista e st1aexigncia de controle dos corpos e elos clcscjos. o processo

    intin1ista da sociedade e a incitao scxt1aliclade disct1rsiva.Esta f orma-hornern c1t1e emerge se v diante de um processode mudar1as e de t1nsform,1es qttc gcrot1 t1m mal-estr1r, uma

    desestabilizao e urna desorientao. Trata-se, tambm, da

    mudana de uni cdigo transcendente para um cdigo i111anente

    que abala\' a idia de absoluto. de eternidade. Antes dessa

    mudana, a fiJosofia moderna, a metafsica moderna, fttl,1va doEU como entidade transcendental, como e, priori. ParaDescartes a subjeti\1idade era identificada com a conscincia,con1 o eu transcendental, com a razo, com o conhecirner1to,

    com a \'erdade. enfim com um todo unitrio e absoluto.

    Segundo Garcia-Roza27 a psicanlise no cartesiana,mas platnica isto , faz uma in\1erso do dualisn10

    26 DELElJZE. Gille.5 & GUATIAR1. R:li"

  • _ mpe con1 o carnJJO da represent , . as nao ro . -

    . aao "cartesiano, in,.

    . nscinc1a-razao um simples e . '1

    , . faz d,1 co . .

    .

    ,. .

    e t to d Psicanal1se . iente, rompe co,n o p11v1Jeg10 d e ..

    . do 1nconsc ,. . o lug superf1c1e . Ancia e,1qua11to t1n ,co. Apo11ta a con . ... ar - da consc1

    e sc1en da razao e . da verdade, mas corno o I ugar da i lu _ eia

    -o con10 o lug,1r sao, dona -. da distorao. . disfarce,

    d . ralar do J1omen1 corno ser s1ngt1lar do eu Frcu "' ,, . . '

    ' . corno

    . .d d concreta. afirmar1do a c)1\ aern da subJetivd s1nular1 a e . d .

    ,.

    . ' ade. b' 1- ,1dade deixa de ser u m to o un1tar10 no q I ,i\ su e 1, . ,. . _ . ' u a a

    A cia submetida ao dom1n10 da razao, re ina. A proct consc,en , . ,. . ua0d conceito de inconsciente esta ligada

    a essa cli\,aoem d o . e a subjetividade que se caracter1z por urna tenso entre doisgrandes sistemas: o Incor1sc1 ente e o Pr-Consciente/Consciente. Freud concebe a produo do inconsciente nocomo un1a ausncia de conscincia, mas como tenso entre

    , . . . . .

    foras contrarias que const1tu1 o ps1qu 1smo. Promove Odescentra1nento do sujeito, da conscir1cia, da razo. Dessafom1a, retira o lugar todo poderoso e nico da razo, e ao invsde falar do sujeito da \'erdade (raci"onaJ ismo), fala da verdadedo sujeito. Descartes \1ia o sujeito como lugar da verdade. doconhecimento: o desejo era \1sto corno perturbador da Ordm, como erro. como deformao da conscincia.

    A psicanlise, ao fazer essa inverso do cartesianisn10desqualifica o su1e1r0 d h A - ' o con ec,rnento -co11sc1enc1a-razao-"erdade- e coloca -. . ' a questao da verdade do sujeito em lugar doSUJello da verdade D b rac 1.

    e rua-se sobre o sujeito do desejo que oiona ismo recus L . ,. . D ou. acan faz uma inverso da 1nax1n1a deescartes ''P enso ond penso 0 . _ e nao sou, portanto sou onde 11o me coeuo nao , 1 do seu d '"' .

    e O ugar da ,,erdade do sujeito, 111as o lugar. esconhec1me l N;- . . . d do 1nconsc n ao se trata de uma 1rrac1onal1da e. 1ente se op d , . . sim, de duas d 00 0 racionalidade da conscincia, masor ens dist. t Concorcta,n

    ' as num mesmo sujeito. cartesianismo

    os que a(s) psican l i se(s) rompe co111 0Vc. , mas com 1 - ,..

    . amos algumas

    _ re aao metafsica platonica ...questocs pol" .

    ,o

    em1cas .

    Inve rso significa: ''que segue sentido contrrio, oposto ... " (Dicionrio Aurlio). Inverso do cartesianismo: em lugar do sujeito da verdade coloca a verdade do sujeito, mas a questo da \terdade continua presente. Ser que s ocorre uma troca do lugar da verdade? Ser que essa subverso do sujeito do suposto saber -verdade do sujeito- no se toma submisso perante a trindade transcendental -a Lei, o Significante, a Castrao? Ser que a \'erdade ou a Lei, o Significante, a Castrao uma referncia, um absoluto. um fundamento. um princpio transcendental, t1ni\1ersalizado? Ser que no se mantm a presena de um absoluto -objeto impossvel, a incompletude, a falta- qt1e move esta bL1sca de preencher um vazio no ser? Estamos falando da noo do desejo que falta, que produzido pela falta. Como diz DeleL1ze-Guattari28:

    o que ccnsura,nos psican,lisc: o elaborar

    uma concepo piedosa. como a falta e a

    castrao. u,na espcie de teol(>gia negativa

    que comporta um apelo resignao infinita

    (a Lei. o itn(JOssvcl, etc.). E conlr.i isso que

    propomos uma concepo positiva do desejo,

    como um desejo que produz, e no desejo que

    falta. Os psicanalistas siit1 a.inda piedosos ... 19

    A psic,1nlise reduziu, esmagot1 o desejo sobre uma cena fan1il iar. O Superego, Ego e Id (2 tpica freLtdiana) so como ''mquinas de teatro'', uma encenao teatral que substitui asforas prodt1tivas, a prodL1o de foras-flt1xos , f oras desejantes do inconsciente ( 1 tpica freudiana), por valores representativos, a representao fami I iar dipo-Castrao. Reduziu o desejo a meras representaes edpicas.

    28 DELEUZE. Gillcs & GUATTARI. Flix. Sobre Capitalisrno e Esquizofrenia. ln: CAR-RILl10. 1anuel 1aria (org.) Capitalisn10 e Esquizofrenia - Dossier Anti-Edipo

    Lisboa: Assrio & Alvim, 1976.

    29 Ibidem. p.69.

    51

  • . , .

    "Freud no ignora as 1naqu1nas

  • . 1. J 1 o1,) (:1.."'Il(ilil('ll) er1tre f\ 11. "' 't '.. ' ' '-- l f l . ,. ' ,..-.:,t._.1 !,l r , ltta(j 'l'.::{ ..i-.

    t. :-

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    de fundJnientL), e auent_1c1d,1de. d. or1g11141l ... E111 lugar dessasubjeti\'idadc 1nter1or1zadJ, at 1rn1a1nos o processo d subjeti\'afio enquant prodiio de difcre1as. de rno,,iment;de foras-fluxo.s. de 1nrens1dade- e de atctos que pocfe,,1 sea1ualizar en1 alguma figura. algum territrio. algu1na forrna deexpresso a ser criada e in\entada.

    Grif arnos o podem porque nem sen1pre te111os essa garantia.As vezes a abertura ao caos. ao fora..?, un1a exposio to d puraa :n etenn1nao das foras. uma pura destenitorializao, queaos: c?nsegue mater uma relao. um ,,aj e ,,em, com aulenc1a, com a rer11gem, o que pode paralisar o ''pensan1er1to".Pois como o prprio D 1 . e euze aponta o pensamento, quando separalisa perde a 1 # ' po enc,a criadora que o caracteriza comopensamento Mas co

    li _ rre-se um nsco muito maior quando no seaco ie, nao se deseja . d. fi . . . . seja. quando O Eu. a e '.:re;_ a ultpl1c1dade ima.n.enle, oudife . onsc,encia nao se deixam desestab1J1zar pelarena e e fJ xam n . d . . . , . . , . cristalizado C uma I entidade 1dent1tar1a, num tcrr1tono. . om medo de uma , . , . d . - d EU criam-se defie . mag1nar1a es1ntegraao o ,sas. neurose. d . - . , . que tomamo. s, epressocs, f ob1a

  • d .. :- troica: a pr1rne1ra, nega o trgico . con 1

  • --

    Definio da Psicologia. So Paulo: EPU / :r I ER frcd.

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    p3ulo: lr:11 ' , ' .

    l'f .,, John. foucault: a liberdade da fil,JS(Jfia R

    .,, RAJCr !\ I 1. (

    IO de - ' Jancir ,,1t:111l1"l! (l Lia-... qut: ')t1Y..:-.... bc: rr1 e, ,n1t 1 l', J t111 e i, ,11 f J1111J Cd ... P:-icnl1it e o ot1tro diz re")P'-.:it,, aJ e.,tu .-.,y ;;!J1 "''" h-.:-............. l!-4 1r,,.,1.l ... -.....- :i-... .;. ......... ,-l'.1->--"' - J' ., ..... -, ..,,. __ . "f ... '"\ ........... -- ......