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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XIV CONCEIÇÃO DO COITÉ HEITOR CEDRAZ MOTA LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LÍNGUA INGLESA E A INFLUÊNCIA CULTURAL A FAVOR DO ENSINO/APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO CONCEIÇÃO DO COITÉ 2012

Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

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Page 1: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS XIV – CONCEIÇÃO DO COITÉ

HEITOR CEDRAZ MOTA

LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LÍNGUA INGLESA

E A INFLUÊNCIA CULTURAL A FAVOR DO

ENSINO/APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO

CONCEIÇÃO DO COITÉ

2012

Page 2: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

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HEITOR CEDRAZ MOTA

LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LÍNGUA INGLESA

E A INFLUÊNCIA CULTURAL A FAVOR DO

ENSINO/APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada à Universidade do Estado

da Bahia, Departamento de Educação, Campus

XIV, como requisito final à conclusão do Curso de

Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua

Inglesa.

Orientadora: Profª. Rita de Cassia Sacramento

CONCEIÇÃO DO COITÉ

2012

Page 3: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

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HEITOR CEDRAZ MOTA

LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LÍNGUA INGLESA

E A INFLUÊNCIA CULTURAL A FAVOR DO

ENSINO/APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia,

Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final

à conclusão do Curso de Licenciatura em Letras com

Habilitação em Língua Inglesa.

Aprovada em: ___/___/___

Banca examinadora

_______________________________ Rita de Cassia Sacramento – Orientadora

Universidade do Estado da Bahia – Campus XXIII

_________________________________________

Neila Maria Oliveira Santana

Universidade do Estado da Bahia – Campus XXIII

_________________________________________

Fernando da Conceição Sodré

Universidade do Estado da Bahia – Campus XXIII

CONCEIÇÃO DO COITÉ

2012

Page 4: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao Senhor Deus Criador e Mantenedor da minha vida, qual

assim acredito, por me permitir ingressar e cursar uma instituição de Nível Superior, onde

pude confrontar meu conhecimento de mundo com muitos mundos até então imperceptíveis

para mim, o que me conferiu ser mais humano, mais compreensivo e menos preconceituoso.

Também, por ter me oportunizado um conhecimento mais universal dos ambientes que me

cercam e de quem sou eu mesmo, me garantindo a certeza de saber o quero para minha vida.

Também muito agradeço a meus pais Eriene Cedraz e Antonio Mota, que me

instruíram desde que nasci e continuam a fazê-lo, com zelo, destreza e principalmente

exemplo. A este casal que me ensinou a ser cada vez melhor, respeitando as pessoas e sendo a

cada dia um filho melhor, um pai melhor, um cidadão melhor.

Não poderia deixar de citar a minha professora orientadora Rita de Cássia Sacramento

e meus demais mestres que contribuíram cada um a seu modo para minha vida profissional e

pessoal, pois a cada dia me proporcionaram novas aventuras e me ajudaram a guiar nesta

jornada e construção de conhecimento como um todo, como também, tantos colegas de curso.

A todos meu muito obrigado.

Page 5: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

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RESUMO

Através deste trabalho, busca-se pesquisar e discutir meios para auxiliar e facilitar o ensino de

Língua Inglesa na Região Sisaleira, fazendo uso da leitura de textos literários nesta linha e

que contenham aspectos da ou das culturas deste idioma, para então aplicá-los em sala de aula

por intermédio de professores regentes em cursos regulares do Ensino Médio do município de

Conceição do Coité - BA. Após a pesquisa, os resultados demonstram que este caminho é

possível de ser traçado no Ensino Médio nesta região, podendo auxiliar de forma satisfatória o

ensino desta segunda língua, tornando ainda os alunos pessoas mais reflexivas a respeito de

quem são e do que é a Língua Inglesa. Este trabalho pode auxiliar professores e futuros

professores do idioma inglês, e por que não dizer, de Língua Estrangeira em geral.

Palavras-Chave: Leitura em LI. Textos literários em LI. Cultura de LI. Papel do professor de

LI. Interculturalidade.

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ABSTRACT

Through this work, we seek to research and discuss ways to assist and favour English

Language teaching in Região Sisaleira, by using the reading of literary texts that contains

aspects of the culture of this language, and then to apply them in the classroom through the

work of school teachers in regular high school courses of Conceição do Coité – BA. After the

research, the results show that this aim can be reached in high school in this region, and it can

be helpful and satisfactory to the teaching of a second language, making students more

thoughtful about who they are and what is the English Language. This work can help teachers

and future English teachers, and why not to say, teachers of a foreign language in general.

Keywords: Reading on EL. EL in literary texts. Culture of EL. EL teacher’s role.

Interculturality.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................

07

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 09

2.1 Trabalhando culturas de LI e algumas de suas relações com a língua ............. 09

2.2 Leitura e textos literários em LI ................................................................................ 11

2.3 O papel do professor de LI mediante o ensino envolvendo culturas de LE ......

2.4 Discutindo o uso da influência cultural e aplicação da leitura no

Ensino/Aprendizagem de LI no Ensino Médio .........................................................

12

16

3 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................................

4 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA.....................................................................

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................

REFERÊNCIAS ................................................................................................................

APÊNDICE A: Questionário para os alunos:................................................................

APÊNDICE B: Questionário para os professores:........................................................

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25

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33

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1 INTRODUÇÃO

No processo de aprendizagem de qualquer língua a leitura coloca-se em primeiro

plano para a aquisição, pois é necessário haver primeiramente a assimilação e decodificação

dos signos/símbolos ou palavras referentes àquela língua e seus significados correspondentes

na língua mãe do aprendiz, para que se possa então introduzir as regras aplicadas a cada tipo

de idioma e poder trabalhá-las. Em se tratando do ensino/aprendizagem de Língua Inglesa

(LI), este trabalho que se intitula “Leitura de Textos Literários em Língua Inglesa e a

Influência Cultural a Favor do Ensino/Aprendizagem no Ensino Médio”, traz à discussão

elementos que podem contribuir de forma efetiva na proposta que envolve este período de

ensino na Região Sisaleira, sendo Conceição do Coité – BA o município do âmbito da

pesquisa.

No ensino de LI, os trabalhos direcionados à leitura ainda não contemplam os

princípios desta habilidade, alimentando o estereótipo que classifica a leitura de textos em

inglês como uma atividade desinteressante e cansativa. Devido a esta realidade existe por

parte de muitos professores uma crescente procura por metodologias, recursos e elaboração de

materiais didáticos que tornem as aulas mais atrativas e com resultados satisfatórios.

A cultura dos países de LI por muitas vezes também não é abordada de forma tão

abrangente nas aulas e até mesmo em materiais didáticos, impedindo os aprendizes de

observarem similaridades e diferenças entre os grupos culturais, o que comprovadamente

enriqueceria e capacitaria mais os alunos para a aquisição desta língua alvo como um todo.

Desta forma, no que diz respeito à literatura e cultura de LI, o que se questiona é,

como se trabalhar de forma satisfatória a leitura de textos nesta linha, utilizando a influência

cultural (contida nos textos e/ou trazida pelo aprendiz) para auxílio do ensino/aprendizado de

LI no Ensino Médio.

Neste trabalho objetiva-se trazer a sensibilização da importância da leitura como meio

para o desenvolvimento do espírito crítico do estudante de LI, considerando as culturas

envolvidas, em prol de um aprendizado mais amplo da Língua Inglesa. E dentro desta

perspectiva, discutir meios e conteúdos para aplicação da leitura literária à luz da Lingüística

Aplicada (LA), e também refletir como a abordagem das culturas de LI pode, aliada à leitura,

influenciar beneficamente no ensino/aprendizado dessa língua, através também, de uma

pesquisa criteriosa.

Este trabalho é justificado pela necessidade de se fazer inovações na área de

ensino/aprendizagem de Língua Inglesa no Ensino Médio, devido à carência de práticas de

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leitura satisfatórias, e que agreguem aspectos culturais “novos” (contidos nos textos) ou “já

existentes nos aprendizes” (conhecimento de mundo ou senso comum), para melhor

aproveitamento do ensino, não apenas na aquisição da língua em questão, mas na formação

como um todo.

Sabendo-se que a leitura e a literatura são importantes ferramentas para despertar o

senso crítico e trabalhar o intelecto humano, a utilização de textos literários nas aulas de LI

pode contribuir no processo aquisitivo da mesma, como também na formação pessoal do

indivíduo. Para dar ênfase a esta proposta, importa considerar o fato de que não se pode

separar o ensino de Língua Estrangeira (LE) do ensino da literatura, visto que nenhuma

literatura se constrói sem sua língua e linguagem, bem como, língua alguma sobrevive sem

sua própria expressão literária.

No presente estudo valoriza-se o uso de textos literários como recurso no ensino de LI,

por ser este o tipo de texto onde mais se encontram evidências da junção entre cultura e

língua. Desta forma, aliando o uso dos textos literários com conteúdos de culturas distintas,

este tipo de leitura pode habilitar o leitor a visualizar suas experiências humanas com ou em

todas as possibilidades a que a aquisição desta nova língua lhe possa proporcionar ou expor.

Esta proposta de trabalho foi sugerida para ser apresentada a professores ou futuros

professores de LI, mas o alvo são alunos do Ensino Médio por serem estes supostamente

capazes de realizar leituras em LI devido à exposição à língua nos períodos escolares

anteriores ao Ensino Médio.

Este trabalho teve como método, após revisão bibliográfica para seleção de textos

teóricos voltados para a questão da inserção da leitura de textos literários e da cultura da LI

nas aulas dessa língua alvo, utilizar-se da pesquisa-ação.

O procedimento ocorreu através da coleta de dados que foi feita em escolas do

município de Conceição do Coité - BA, mediante o contato com os professores e análise dos

dados levantados, inclusive em relação ao material utilizado por cada professor, seja ele livro

adotado ou material avulso selecionado por estes profissionais.

Ao longo do tópico 2 deste estudo foi trabalhada a questão das culturas de LI e

algumas de suas relações com a língua, leitura e tipologia de textos literários em LI, o papel

do professor mediante o ensino envolvendo culturas de LE, e também foi discutido o uso da

influência cultural e aplicação da leitura de LI no Ensino Médio. No tópico 3 estão expostos

os fundamentos metodológicos, no tópico 4 a aplicação da pesquisa e análise dos dados, e por

fim no tópico 5 estão as considerações finais a respeito de todo o trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Trabalhando culturas de LI e algumas de suas relações com a língua

É notório que o mundo tem passado por mudanças profundas em áreas da política,

economia, religião e outras, culminado esta nova realidade em uma aproximação global

impulsionada pela comunicação de modo geral, que tem se tornado muito abrangente e

acessível. Diante dessa realidade a comunicação entre culturas distintas ocorre como nunca, e

a língua Inglesa tem protagonizado um importante papel nestes diálogos; daí a necessidade de

ser o trabalhar com culturas, objeto de merecida e especial atenção.

Em meio a tantas manifestações culturais, a própria definição de cultura se torna

difícil, mas acaba sendo identificada como um “signo” cultural, ou a somatória de

determinados costumes, história, modo de pensar e de se socializar comum a um povo, e que a

ele confere uma identidade. Na leitura de Lima (2009) sobre a opinião de alguns especialistas

a respeito do conceito de cultura, ele destaca a mesma como sendo: “uma forma de

autoconhecimento”, ou “algo formado por aspectos simbólicos e intocáveis das sociedades

humanas, o que vale dizer que a essência da cultura não são apenas os seus elementos, mas

como esses elementos são entendidos e interpretados pelos membros dessa cultura”, ou ainda,

“uma organização mental que permite às pessoas distinguirem uma categoria social de outra”

(p.180).

Segundo o autor, professores de língua estrangeira entendem cultura por três

categorias distintas que são: produtos, ideias e comportamento. Sendo que de produtos fazem

parte a literatura, folclore, arte, música e artefatos. Da categoria ideias fazem parte crenças,

valores e instituições. E por fim, de comportamento, que é constituída por costumes, hábitos,

maneira de vestir, alimentar, divertir. (LIMA, 2009, p.181).

Tratando a respeito da interação entre cultura e língua, Diógenes Cândido de Lima

argumenta que os professores de inglês ao decidirem por que cultura ensinar, geralmente

“acabam passando para os seus alunos, de maneira desorganizada até, aspectos culturais das

duas potências dos países que lideram o ensino de inglês como língua estrangeira e segunda

língua, que são os Estados Unidos e a Inglaterra.” (p.183), e esta aparenta ser a medida mais

plausível por se tratar das origens do idioma.

Contudo, quando se fala em multi-culturas, pois o inglês é falado em muito mais que

dois países, torna-se sensato um ensino parcial ou passivo de culturas, adotando como insinua

Lima,

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uma estratégia mais interpretativa, na qual fosse dada ênfase à compreensão

intercultural, por meio de comparação e contraste da cultura do aprendiz

com a cultura da língua-alvo. Alguns aspectos contudo, devem ser

utilizados para que essas discussões possam suscitar comparações culturais

produtivas. (p.183).

O autor chama atenção para o perigo do “fluent fool”, fazendo ele uso de um outro

pensador, que define a “pessoa que fala determinada língua estrangeira bem, mas desconhece

os componentes sociais e filosóficos dessa língua.” (BENNETT, apud LIMA, 2009, p.184),

podendo tal pessoa constranger a si e a outros em situações de ambiente social. (p.184).

Considerando esses fatos, chega a ser preocupante a ausência ou a pouca abordagem das

culturas de LI no ensino da língua, agravado ainda por outro fato, o de que também segundo

Lima: “As culturas dos países de língua inglesa realmente não são abordadas de forma

satisfatória nos livros didáticos.” (p.185). Quando alguém se propõe a fazer algo, faz-se

necessário refletir sobre, pois certamente haverá conseqüências, e este refletir torna-se um

dever quando as práticas ou ações desse alguém envolvem o futuro do outro. Ao se

trabalhar cultura, inevitavelmente se estará lidando com identidades alheias (no caso, as dos

aprendizes), suas particularidades e suas possíveis agregações ou mutações. O que dizer então

das relações culturais e de identidades da pós-modernidade que já se encontram tão diversas e

mutáveis?

Certamente que a propagação da língua inglesa está diretamente relacionada a fatores

de interesses econômicos e políticos que culminam em conseqüências culturais, sendo

também o ensino dessa língua hoje, meio de contínua expansão do idioma como língua

internacional a favor dos interesses citados, mas também veículo para diálogos diversos. A

assimilação da cultura da LI no dia-a-dia pode ser vista por muitos como uma “invasão

cultural” para assimilação de seus valores por outros povos, com intuito de final meramente

econômico, o que seria assim, um meio de dominação e subjugar de um povo por outro de

maior influência.

Há quem se tratando do diálogo com a literatura de língua inglesa, tenha um

posicionamento contrário devido à associação da mesma a um discurso de teor colonialista e

imperialista, olhando do ponto de vista político e social. Mas se a língua inglesa já é ensinada,

este é o argumento que basta para entender-se a necessidade de se trabalhar a literatura e a

cultura, então sim, atentar-se para uma forma com que a cultura do aprendiz e sua literatura

não sejam desvalorizadas, ou esquecidas, mas, antes comparadas, e dessa forma mais

trabalhadas. Indubitavelmente que este meio de utilização da linguagem, tanto a literatura

quanto a cultura de LI, irão soar mais como literatura e cultura estrangeiras, do que uma nova

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aquisição “dominante e deturpadora”, ou seja, estes elementos mostrar-se-ão “estrangeiros” a

partir do instante em que questiona e desafia os costumes e modos de ser do aprendiz.

A literatura como cultura, em suas diversas formas de manifestação, é a expressão de

cada povo, seus costumes, crenças e história, sendo o melhor caminho para o conhecimento

do outro, e conseqüentemente o melhor caminho para se relacionar.

O dialogar com outras culturas considerando pontos de vista políticos e históricos,

acresce ao aprendiz e esse diálogo pode fazer o mesmo refletir mais sua própria historicidade,

cultura e sociedade, contribuindo inclusive para boas relações entre diferentes classes e

culturas. (SANTOS, 1994).

2.2 Leitura e textos literários em LI

Os costumes de uma sociedade e os rumos da mesma, suas relações civis ou humanas

de modo geral, inclusive suas expressões musicais, por exemplo, que no caso do Brasil é tão

pungente, fazem refletir testemunhando ou denunciando o quanto que seu povo lê, pois a

leitura obriga à reflexão que é um processo racional, e é desse tipo de pensamento que são

tomadas as decisões mais coerentes e de maior sucesso nos meios políticos, sociais,

econômicos e científicos em geral, enfim, para uma nação.

São noticiadas regularmente pesquisas diversas revelando que o brasileiro tem lido

“um pouco mais” nos últimos anos, o que representa “muito” com relação a décadas atrás, em

que era tido como um povo de poucos hábitos de leitura em comparação com países

desenvolvidos. Na verdade não é preciso fazer menção aqui à importância da leitura na vida

das pessoas, especialmente na dos estudantes do Ensino Médio, talvez só lembrar que a leitura

é um grande e fundamental passo para o tudo, e que independentemente de disciplinas, deve

ser incentivada ao máximo.

Atualmente se discute muito o uso de recursos lúdicos no ensino, mas a leitura

desempenha relativamente bem esta função, pois em primeira instância prende a atenção do

leitor fazendo com que ele mergulhe em um misto de decodificação dos signos lingüísticos,

significados e significantes, e esta atividade trabalha ao mesmo tempo a construção do

conhecimento do indivíduo. O leitor estabelece um diálogo com o interlocutor e seus dizeres,

sendo induzido a um entendimento de realidades que para ele talvez não existisse ou fosse

percebida. O que determinará a leitura como sendo um bom recurso no ensino, serão a forma

de trabalhá-la, a tipologia dos textos e seus conteúdos.

Bom lembrar que o processo de leitura envolve o lado emocional e neurológico,

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sensorial e intelectual, filosófico e político, cultural e religioso, enfim, mobiliza uma gama de

percepções do indivíduo. Ocorre também no desenvolvimento da habilidade da leitura, uma

desconstrução e conseqüente reconstrução de informações e idéias, permitindo ao leitor se

reorganizar e se preparar para as suas novas “aventuras” com o mundo.

O fato que comprova que a leitura de literaturas melhora as pessoas, é que na maioria

das oportunidades, quem tem boas ou de algum modo interessantes experiências com este tipo

de leitura, acaba optando por ler mais, e em muitos casos, após descoberto o prazer da leitura,

acaba-se viciando na mesma, o que não é algo ruim, pois o bom vício na verdade, torna-se

uma virtude, e tudo isto acaba por tornar as pessoas mais cultas e em alguns casos até

eruditas. É normal se ouvir de alguém que começou a ler um livro e abandonou a leitura logo

no início, e quase sempre o motivo é o desinteresse pelo texto.

Estaríamos então já dialogando no sentido de que tipos de texto usar, pois este parece

ser um dos fatores preponderantes para o sucesso da proposta aqui apresentada. Deve-se

considerar também que o gosto pela leitura não se constrói ou surge da noite para o dia, mas

depende de um processo, e se tratando de leitura em LI as coisas necessitam ser levadas mais

a sério.

Textos autênticos podem conferir aos aprendizes o ganho de uma familiaridade com

expressões, estilos de diálogos, etc. Nestes usos, o professor pode diferenciar e esclarecer o

aprendiz a que país, estado ou mesmo localidade se aplica aquela peculiaridade quando esta

informação não estiver contida no texto. Os textos não autênticos podem ser interessantes

também, sendo mais simples, com linguagem mais assimilativa, direcionada ao aprendiz

brasileiro.

Textos pequenos com linguagem mais coloquial e se possível com figuras, podem ser

mais atrativos, e com abordagens interessantes também, que ensine divertindo um algo novo,

e porque não, relacionados com eventos comemorativos, e outros que são notícia nos veículos

de comunicação e entretenimento, por exemplo.

Certamente que em se tratando de leitura e tipos de textos, não se pode deixar de falar

de boas estratégias para isso, e este assunto será abordado com maior ênfase no item 2.4, pois

requer uma especial atenção.

2.3 O papel do professor de LI mediante o ensino envolvendo culturas de LE

Paulo Freire discute a responsabilidade do profissional da educação em Pedagogia da

autonomia (1996), quando da necessidade do mesmo estar engajado e/ou ser conhecedor do

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papel da identidade cultural na educação, pois através de sua análise discursiva e crítica na

prática educativa, é que os alunos podem ter sua visão crítica e entenderem as ideologias

dominantes, proporcionando-lhes saber o que querem para suas vidas: “como experiência

especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo” (FREIRE, 1996,

p.98).

O professor de LE que desconhece a literatura da língua a que professa ensinar, a

exemplo daqueles que focam abordagens estruturalistas como gramática ou tradução,

certamente encontrará dificuldades em contraposição aos inúmeros benefícios que traz o texto

literário no processo de aquisição da LE. O conhecimento do mestre torna-se fundamental,

por exemplo, para fazer perceber aos alunos fatores culturais implícitos nos textos literários.

A todo instante o professor de línguas se depara com percepções de quem ele próprio é

e do que faz parte, e essas percepções devem estender-se àqueles a quem ele pode ou não

influenciar, ou seja, seus alunos. Assim, a identidade de cada indivíduo deve ser mantida livre

de possíveis influências por parte do mestre, pois interessa que a autonomia sobre a formação

e a mutação da identidade esteja sob o livre arbítrio do aprendiz.

Como dito anteriormente, a cultura norte-americana ou inglesa, aparenta a muitos uma

invasão, e Paiva (1985) alerta para a necessidade de “guiar os alunos para uma ‘leitura crítica’

do mundo de forma que eles possam ser realmente engajados na realidade, que tem sido

continuamente ameaçada pela alienação cultural”, (p.448). Assim, torna-se quase que

explícita a responsabilidade do professor em manter independente a identidade do aluno,

diferenciando as culturas envolvidas no processo de ensino/aprendizagem, limitando o ensino

de outras culturas ao conhecimento científico e de senso comum do aluno, para que o mesmo

reflita sobre sua realidade cultural. Em Por uma linguagem crítica: linguagem, identidade e a

questão ética, Rajagopalan (2003) diz a respeito da cultura e identidade, que:

Uma das maneiras pela qual as identidades acabam sofrendo o processo de

renegociação, de realinhamento, é o contato entre as pessoas, entre os povos,

entre as culturas. É por esse motivo que se torna cada vez mais urgente

entender o processo de ‘ensino-aprendizagem’ de uma língua “estrangeira”

como parte integrante de um amplo processo de redefinição de identidades.

Pois as línguas não são meros instrumentos de comunicação, como

costumam alardear os livros introdutórios. As línguas são a própria

expressão das identidades de quem delas se apropria. Logo quem transita

entre diversos idiomas está redefinindo sua própria identidade. Dito de outra

forma, quem aprende uma língua nova está se redefinindo como uma nova

pessoa. (RAJAGOPALAN, 2003, p.69).

Page 15: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

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O autor ainda finaliza o capítulo Língua estrangeira e auto-estima, afirmando que: “O

importante em todo esse processo é jamais abrir mão do nosso direito e dever no que tange à

nossa “auto-estima”. É preciso dominar a língua estrangeira, fazer com que ela se torne parte

da nossa própria personalidade; e jamais permitir que ela nos domine.” (p.70).

É correto salientar a dificuldade de muitos professores em trabalhar cultura e até

literatura, pois este processo envolve sentimentos, emoções, crenças, valores, bem como

percepções outras, que muitos profissionais não tiveram ou não têm a oportunidade de

adquirir devido a pouca ou nenhuma viagem ao exterior, ou ainda recursos para aprofundar-se

neste tipo de conhecimento, mas que na verdade pode ser feito de formas mais simples, em

cursos, estudos avulsos, livros, filmes, internet, etc. Mas verdade é que essas barreiras

necessitam ser vencidas e derrubadas porque o ensino de línguas em parte, depende da

interculturalidade para ser mais completo, pois o aprendiz deve ter uma idéia do universo

cultural da língua-meta. Ainda das percepções do professor, é preciso entender que antes, este

profissional se veja como um sujeito-leitor, para poder direcionar com destreza seus alunos.

Em, Pesquisas em lingüística aplicada: Ensino e aprendizagem de língua estrangeira,

Pinhel (2004) salienta que de acordo com os PCN, “o trabalho de leitura está pautado por duas

bases teóricas: uma enfocando a relação sociointeracional da linguagem e a outra a relação

sociointeracional da aprendizagem”(p.59). E de acordo com ela, “o objetivo da primeira base

teórica seria otimizar no aluno a sua capacidade de engajar-se no discurso, considerando

aqueles a quem se dirige ou quem se dirigiu a eles na construção do sentido social” (p.59), e

que a segunda base, “a sociointeracional da aprendizagem, focaliza a forma de estar no

mundo com alguém em uma relação pautada também pela instituição, pela cultura e pela

história”(p.59). Também de acordo com Pinhel, “as capacidades cognitivas necessárias na

construção do sentido são geradas por meio da interação entre o aprendiz e um par mais

competente, ou seja, o professor ou até mesmo um outro aluno.”(p.60). Com relação ainda à

leitura, a autora conclui:

O que deve existir, portando, é uma preocupação por parte do professor em

levar o aluno a assumir uma postura de não passividade ante a construção do

sentido do texto na aula de leitura, conscientizando-o de sua posição, como

leitor, de participante ativo na formação discursiva estabelecida com o autor

via texto. (PINHEL, 2004, p.60).

Percebe-se que o aluno precisa de uma autonomia de leitura e interpretação a qual o

professor pode ajudar a ser adquirida. E tratando-se de compreensão leitora e LI, Tomitch

(2009) propõe que:

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a aula de leitura seja vista como um momento de busca de novos

conhecimentos e de novas perspectivas culturais, por meio da língua

estrangeira, nesse caso, por meio da língua inglesa. Dessa forma, tornamos

a leitura uma ferramenta para que os nossos alunos possam exercer sua

cidadania com mais propriedade e passamos a colocar a compreensão

leitora na LE como objetivo principal a ser atingido. (TOMITCH, 2009,

p.192-193).

Um problema apontado por professores quando se vai para a prática, é a queixa dos

alunos em não terem prazer na leitura em LI. Então, o que pode estar faltando são textos mais

interessantes a eles, o que a proposta do “texto literário” se habilita a fazer. Tomitch (2009)

conclui que os textos de literatura de LI a serem trabalhados devem: levar para o aluno algo

novo, ser textos autênticos, e que os professores escolham o material de acordo com o

objetivo do curso, considerando faixa etária, nível lingüístico dos alunos na LI, tamanho,

gênero discursivo, entre outros aspectos.

O professor de LE precisa ser visto e se ver como alguém com um diferencial, pois

esse “tutor” tem a chance de mudar a visão dos alunos de forma diferente dos outros colegas

que ensinam outras disciplinas, pois ele é quem mais diretamente pode conscientizar através

do diálogo com o aluno, sobre “quem é ele” e quem são “os outros”, devido à exposição de

diferentes culturas e sociedades. Neste diálogo o aprendiz pode se desalienar se for o caso,

percebendo então seu valor, e poderá despertar para que ele é alguém que tem um nome, um

endereço, uma identidade, e que isto lhe confere importância e responsabilidades. É

interessante essa análise porque muitas vezes o aluno chega ao Ensino Médio sem o hábito da

leitura, desconhecendo sua própria literatura, e muitos ainda saem desse estágio de

aprendizagem sem conhecer ou se importar com a mesma. Este caminho pode proporcionar

uma oportunidade de trabalhar inclusive, as variações lingüísticas do próprio aprendiz, os

regionalismos seus, neologismos de sua língua, etc.

Na finalização deste processo aqui discutido, há que se cuide para que não haja uma

“aculturação” com o aprendiz de LI, fenômeno que implica em uma forte influência exercida

por um grupo cultural sobre outro que passa a adotar características do de maior influência,

descaracterizando assim sua própria cultura e identidade. Esta é uma preocupação que

envolve o processo de ensino de LE e que interessa ser discutido por cada profissional para

que ocorra uma diminuição da mesma ou mesmo sua inexistência.

Page 17: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

16

2.4 Discutindo o uso da influência cultural e aplicação da leitura no

Ensino/Aprendizagem de LI no Ensino Médio

O ensino de inglês é uma prática comum nas escolas brasileiras há bastante tempo,

mas talvez, devido à falta de peso da matéria, e da relativização que se faz com relação à

assimilação deste idioma, de indivíduo para indivíduo, ou de um natural grau de dificuldade

inerente ao aprendizado de LE, a língua não tenha despertado nos currículos e nos mestres sua

importância ante à realidade de globalização e da já real procura pelo seu usar. Mas já que a

cada dia este idioma ganha mais espaço, por que então não serem discutidas e trabalhadas

questões ideológicas e culturais envolvendo o Brasil e países dominantes do idioma inglês,

principalmente no Ensino Médio, que na maioria dos casos é o último contato com o “ensino”

propriamente dito da língua, por parte dos alunos?

A LI e sua cultura estão no cotidiano de praticamente todo aprendiz deste idioma,

sendo inegável a presença e influência desta língua como conseqüência das relações

econômicas e geopolíticas por parte dos países hegemônicos nestes âmbitos, aliados ainda a

empresas multinacionais que cada vez mais operam em escala internacional. Países estes, dos

quais a LI é mãe e perpetua sua hierarquia lingüística a muitos outros países (nações em

desenvolvimento principalmente), que tem oficial ou extra-oficialmente o inglês como

segunda língua, consequentemente tornando-a como a língua desta new age.

Exemplos desta presença e consequente influência no dia-a-dia do brasileiro está na

bem arranjada narrativa de Paiva (2005), em “Ensino de língua inglesa: reflexões e

experiências”:

Desde a hora em que a burguesia brasileira acorda ao som de um FM/AM

eletronic Digital Clock Radio, apertando a tecla snooze para descansar

mais um pouquinho, e os menos favorecidos pulam da cama, assustados

com o barulho de um Westclox, made in Brasil, até a hora em que a

televisão Sharp, Philco ou Panasonic é desligada e a lâmpada General

Electric apagada, o povo brasileiro é, a cada instante, bombardeado por

palavras da língua inglesa.

Escovam-se os dentes com Kolynos, Close-Up, Colgate ou Philips. Usam-

se meias Hang-tem; tênis Nike, Dock-siders, Sail Silders, Snoopy

Footwear, USTOP Colorado; calças feitas de indigo blue jeans

combinadas com um número infinito de T-shirts da Company, Ocean

Pacific, Hollywood Sportline e muitas outras com frases impressas em

inglês. (...) (p.15)

Há muitos anos atrás o inglês já dava sinais de que se tornaria a língua mais falada e

estudada no mundo, e por volta de trinta ou vinte anos atrás já se vive a realidade deste

Page 18: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

17

domínio. Existem algumas dezenas de países que têm o inglês como idioma oficial, segundo

idioma oficial, ou que possui algum “status social” apesar de não tê-lo como idioma oficial.

Atualmente é chamada de língua franca, sendo a língua da diplomacia, a que predomina nas

correspondências, e que serve a muitos outros propósitos de comunicação internacional, além

também de ser o principal idioma na aviação e transmissões radiofônicas.

Freire deixa implícita a importância de se conhecer e dominar as influências

ideológicas que nos cercam, quando alerta:

A capacidade de nos amaciar que a ideologia nos faz às vezes mansamente

aceitar que a globalização da economia é uma invenção dela mesma ou de

um destino que não poderia se evitar, uma quase metafísica e não um

momento do desenvolvimento econômico submetido, como toda produção

econômica capitalista, a uma certa orientação política ditada pelos

interesses dos que detêm o poder. (FREIRE, 1996, p.126)

Na afirmação de que “não poderia se evitar”, fica claro que é preciso enfrentar (no

bom sentido) estas ideologias. E para se enfrentar (ou bem se relacionar) a algo e ter êxito, é

primordial que se conheça ao que se opõe, ou ao qual se relaciona, neste caso a língua inglesa

e toda sua cultura.

Como se sabe, diversos autores da área dos estudos lingüísticos acreditam que língua e

cultura estão intrinsecamente ligados, considerando que, do ponto de vista cultural, o

indivíduo é constituído pela linguagem. Diante disso fica clara a parceria entre cultura e

língua, uma necessitando da outra para existir. Logo, emerge a importância da influência

cultural, ou das relações culturais, ou seja: “interculturalidade”, envolvendo as partes que

interagem em torno da mesma “língua” ou “cultura”.

Desta forma, ao se tratar do ensino/aprendizagem de LI, torna-se necessária a ênfase

no uso de todos os aspectos culturais envolvendo a(as) língua(as). Pode-se usar sua influência

na música, na sétima arte, nos neologismos, na linguagem digital, etc. Ou seja, fazer uso de

todo o arsenal que é deflagrado pela LI, a favor do ensino/aprendizagem, já que toda essa

cultura relatada está presente nos próprios aprendizes como foi visto anteriormente.

Como discutido em tópicos anteriores, ao se falar de interculturalidade, se fala também

da afirmação e valorização da própria cultura, pois nesta interação é proposta a comparação

entre os aspectos culturais de ambas as nacionalidades, o que gera uma busca mais profunda

pelo conhecimento e relembrar de aspectos e origens da cultura do indivíduo enquanto

Page 19: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

18

aprendiz de uma outra língua. Isto proporciona a inevitável busca pela filologia, etimologia,

ou seja, consequentemente pelas raízes da própria língua do indivíduo.

Ainda é preciso lembrar o status de “língua do mundo” atribuído à LI, e que sua

influência não serve apenas aos interesses dos seus países de origem, mas aos interesses

mundiais dentro do aspecto da globalização. Os que dominam a LI têm mais oportunidades, e

isto tem tornado a aquisição da língua uma necessidade quase que vital.

Zabala (2002) também define em Enfoque Globalizador e Pensamento Complexo a

função social do ensino como a de “formar para compreender a realidade e intervir nela”

(p.43). Segundo o autor, isso implica em ensinar para a complexidade, permitindo a análise de

alguns dos diferentes tipos de conhecimento e seus respectivos papéis para este objetivo, que

são: o conhecimento cotidiano, o científico e o escolar.

Nessa perspectiva, as disciplinas devem desenvolver meios para a compreensão da

realidade e de intervenção na mesma. Na atualidade, os conteúdos disciplinares não

correspondem à necessidade formativa em uma sociedade que se pretende democratizar.

Segundo o autor, “a revisão dos critérios para a seleção e a organização dos conteúdos torna

necessário definir o modelo de cidadão e cidadã que se pretende formar. Tal necessidade é

que obriga a realizar uma aproximação às finalidades da educação a partir de dimensões

sociais, inter-pessoais e profissionais” (p. 43). Zabala (2002) ainda critica a falta de

consciência dos professores no tocante à seleção do conteúdo, forma de ensinar e também,

modelos e ideais de pessoa e sociedade trabalhados (ou não), colocando peso a essa

importância. (p. 45) Segundo ele, também, “a força dos poderes econômicos, políticos e

corporativos fez com que os currículos escolares estivessem hipotecados pela necessidade de

reprodução do sistema e, como uma consciência aparentemente não-desejada, mas real, de

afirmação das desigualdades” (p. 46)

Estes fatores teriam formulado um currículo voltado para formar trabalhadores e

trabalhadoras e não cidadãos e cidadãs como indivíduos livres. Os modelos atuais de ensino

têm carência no despertar crítico do indivíduo, deixando que ele passe pela escola sem

entender o sentido da própria alienação, abortando no cidadão o conhecimento do seu poder

de tomar decisões adequadas para sua vida como um todo.

Atualmente, a sociedade passa por diversas e significativas transformações, produto de

uma construção histórica e cultural do homem em seus diversos contextos, fazendo com que

este homem, a todo instante se depare com novas situações, forçando-o a adaptar-se sem

perder suas tradições culturais. O processo da globalização, marcado pelo grande e rápido

avanço tecnológico, redimensiona o imaginário social que se reflete bruscamente no campo

Page 20: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

19

educacional, forçando uma ampliação da compreensão de questões culturais, diversidade, e

problemas característicos da nossa sociedade tais como racismo, exclusão, injustiça social,

etc.

Segundo Mendes (2007) em Lingüística Aplicada: múltiplos olhares, nos últimos

tempos tem se observado um crescimento acelerado de estudos, pesquisas e iniciativas

pedagógicas voltadas para a inclusão da cultura e das relações interculturais na pedagogia de

línguas estrangeiras, sobretudo nos estudos de comunicação e linguagem humanas. O

interesse recíproco entre culturas diversas se dá pela necessidade de aproximação e

desenvolvimento das relações humanas diante da “diversidade”, em que o respeito e a

compreensão são necessários para uma harmonia mundial.

A falta de reconhecimento e de inserção da cultura da língua alvo no processo de

ensino/aprendizagem de LI cria uma barreira que impede o fluir natural que deve haver neste

tipo de aprendizado, assim como no desenvolvimento de um diálogo, onde tais barreiras,

contrastes e choques culturais são necessariamente derrubados.

A interculturalidade se dá pelo desejo de comunhão e interação, sobretudo, o respeito

pelo “outro”, pela diferença. É uma forma de inclusão e cooperação dos participantes do

processo de aprendizagem, adotando a culturalidade como meio de promover a integração e o

respeito à diversidade dos povos, permitindo ao aprendiz participar de outra cultura (através

de intercâmbio, por exemplo), sem deixar de ser ele mesmo. Ainda, a valorização de outras

culturas faz o indivíduo “valorizar a sua própria” como foi dito anteriormente, pois é uma

experiência, um diálogo entre culturas que permite reafirmar os próprios modos e costumes de

cada um.

Na aprendizagem de LE, assim como do Inglês, aspectos da cultura dos países que

originalmente falam este idioma, são de significativa importância por trazer valores que são

inerentes à língua, como expressões idiomáticas, expressões corporais (e inclua-se a

particularidade do toque físico, por exemplo), representação de emoções, etimologia das

palavras, etc. Um bom exemplo é que, existem alguns grupos culturais que, na comunicação

oral, interrupções ou superposições são naturalmente aceitas e demonstram envolvimento ou

entusiasmo no diálogo. Já em outras culturas, estes tipos de interrupções são vistas como

indesejáveis e até como descortesia. Existe também o fator de identificação do aprendiz com

outras culturas através de diferentes tipos de artes, música, internet e interatividade em geral.

Interessa lembrar, que para se ler, escrever e falar bem inglês, é preciso pensar,

construir em inglês, no tocante à gramática e suas regras, bem como ênfase e outras

particularidades que são inerentes à língua inglesa.

Page 21: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

20

Retomando agora leitura, importante aspecto a ser considerado está na metodologia

adotada para a leitura em LE nas salas de aula. Segundo Leventhal, Zajdenwerg e Silvério

(2007) em Inglês é 11, para que se alcance a fluência em um idioma estrangeiro, é necessário

ter boas estratégias de leitura, sempre desenvolvendo habilidades de maneira integrada a

outras, evitando desânimo e monotonia por parte de professores e alunos. É necessário tornar

fluente o indivíduo. Mas para que isso ocorra, é preciso muita prática e observação até que o

aprendiz realize determinadas ações de forma independente.

Além de identificar e trabalhar palavras, as atividades de pré-leitura e pós-leitura

ajudam nesta prática. A compreensão global do texto é um bom caminho para se entender de

forma detalhada a complexidade dos próprios textos e exercícios, enquanto o aluno

desenvolve a leitura.

A abordagem instrumental tem sido utilizada por muitos professores e instituições, por

favorecer a compreensão e o raciocínio, como se vê pela exposição das estratégias de

Skimming, que é uma leitura superficial de um texto para extrair o sentido geral, através de

fatos, figuras etc. que direcionem para o assunto abordado; atentar para a estrutura do texto, e

identificação do gênero: folheto, folder, poema, diálogo, etc. O Scanning, que é a leitura em

busca de informações específicas, realiza-se através de localização de datas, números,

endereços. A estratégia de Leitura extensiva, que é feita com textos mais longos,

normalmente para o prazer pessoal. Trata-se de uma atividade de fluência, envolvendo

principalmente a compreensão global. E da Leitura intensiva, utilizando-se de textos mais

curtos, para extrair informação específica. Trata-se de uma leitura mais atenta, envolvendo

detalhes como, significado de palavras, expressões, etc. (p. 43)

Para aumentar a autoconfiança do aluno, e para que haja uma identificação dos

conteúdos do texto, Leventhal, Zajdenwerg e Silvério (2007) indicam que se deve usar

questões sobre: fatos (explícitos), dados implícitos (inferência), significados deduzidos

(suposição) e avaliação. O professor deve ensinar o aluno a compreender as relações entre as

sentenças, conectar idéias e frases, percebendo que o texto não é feito de frases soltas e

independentes, mas é construído de idéias correlacionadas, para ajudar na compreensão geral.

Não muito dissociado desta tendência, Kezen (2004) cita o modelo “Interacional”

como um processo de leitura melhor que o modelo de decodificação (centrado totalmente no

texto) e do psicolingüístico (centrado no leitor), pois envolve a informação do texto

trabalhado com o conhecimento de mundo do aluno, conhecimento este que é trazido para o

texto, estabelecendo assim, um processo cognitivo.

Page 22: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

21

Quando o aluno realiza uma leitura, ele passa a estabelecer uma comunicação, dele

próprio com o escritor e com as sugestões de possibilidades fruto dessa interação. Esta

comunicação é muito importante, pois traz diversos tipos de conhecimentos ao indivíduo, e

principalmente, pode favorecer o desenvolvimento do senso crítico.

Segundo Kezen (2004), o modelo “sociointeracional” é relevante para professores que

enfocam a leitura, “pois leva em consideração os valores, crenças e projetos políticos de

ambos os lados na construção do significado” (p.01), sendo, “primordial no ensino de leitura e

desenvolvimento da consciência crítica de como a linguagem reflete as relações de poder na

sociedade através das quais se defrontam leitores e escritores” (p.02).

A autora comunga com a idéia de Lopes (2001), quando afirma que a leitura também é

um processo social:

A leitura não ocorre num vácuo social. É primordial no ensino de leitura o

desenvolvimento da consciência crítica de como a linguagem reflete as

relações de poder na sociedade através das quais se defrontam leitores e

escritores. Ler é, portanto, saber-se envolvido em uma interação com alguém

em um momento sócio-histórico específico e que o escritor, como qualquer

interlocutor, usa a linguagem a partir de um lugar social marcado. Ler é se

envolver em uma prática social. Portanto, os projetos políticos de escritores e

leitores estão em jogo, isto é, a noção de poder é intrínseca aqui. (LOPES,

2001, apud KEZEN, 2004, p.04)

Kezen também exemplifica a relação entre língua e poder nas palavras de Fairclough

(1989), (p.04): “A língua é essencialmente envolvida com o poder, ela luta pelo poder e ela é

envolvida dessa maneira por suas propriedades ideológicas”. De acordo com Kezen (2004),

é preciso encorajar a leitura crítica em aulas de língua estrangeira, pois muitas vezes os

professores negligenciam a importância desta prática, por ser difícil de ser trabalhada, e os

trabalhos ficam resumidos a extrações de conteúdo meramente gramatical.

Ainda quanto aos textos, é preciso destacar a função da leitura no contexto, um

enfoque da situação em que foram escritos, como contextos da época ou momento em que

seu enredo foi desenvolvido. A partir do conhecimento destas informações é que temos o

papel desempenhado pelo professor, com os saberes da análise do discurso, oportunizando e

otimizando a compreensão dos valores ali contidos.

Textos jornalísticos e didáticos, por exemplo, que enfoquem questões de cidadania são

mais apropriados dentro da perspectiva da formação de um indivíduo crítico. Textos de

literatura estrangeira e nacional (inclusive clássicos) que abordem relações humanas de

modo geral também podem ser utilizados, pois despertam a curiosidade para a diversidade

Page 23: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

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cultural através do elemento novo, promovendo conhecimento nesta área, o que é importante

para o aprendizado de LI.

Quanto à parte física, é sabido que textos grandes e de linguagem não simplificada

prejudicam a concentração e conseqüentemente, o interesse do leitor. No ensino médio, que

é constituído de jovens em sua maioria, isso se aplica cabivelmente, pois os jovens se saem

melhor com dinâmicas de resultado e desfecho mais rápidos, assim como sua forma de

pensar. Logo, quando da escolha dos textos a serem trabalhados na leitura em Inglês, devem

ser evitados todos os fatores que geram desânimo e desinteresse pela leitura.

Assim, com base nessas leituras, fica claro que é possível trabalhar a leitura de textos

literários em LI com o objetivo de promover a reflexão e o desenvolvimento do indivíduo no

aprendizado da mesma. Ao mesmo tempo, trabalhar aspectos da cultura inglesa de modo que

os aprendizes “entendam” o que estão aprendendo e possam posicionar-se e situar-se nestes

“novos mundos” percebidos, inclusive no aprendizado e entendimento da sua própria cultura

e língua, que a partir de então passam a ser vistos e interpretados de forma mais completa, o

que será objeto da análise de dados de nossa pesquisa.

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3 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS

Este tópico trata da metodologia utilizada na pesquisa do presente trabalho, que se

constituiu da pesquisa-ação, que consiste na análise do uso da leitura em LI em sala de aula e

possíveis abordagens culturais da LI, para também saber se é, ou como é desenvolvido o

discurso, que possibilite os alunos a terem uma idéia da cultura da língua que estudam e se

eles refletem sobre a mesma, ainda perceber como isso implica em seu aprendizado no que

tange à reflexão de si mesmo e dos contextos sociais a que eles têm acesso e/ou estão

inseridos. Para tal, foi feita uma análise de abordagem qualitativa e quantitativa.

A princípio e após a revisão bibliográfica, a coleta de dados se deu utilizando-se dois

instrumentos de pesquisa, dois tipos de questionários, um direcionado aos professores e outro

aos alunos, sendo aplicados durante as observações nas salas de aula, com quatro professores

graduados e turmas do Ensino Médio em diferentes colégios da rede estadual na sede do

município de Conceição do Coité - BA, e Distrito de Salgadália, divididos nos três turnos,

sendo a turma (1) no Colégio Estadual Professora Olgarina Pitangueira Pinheiro; a turma (2)

no Colégio Polivalente de Coité; a turma (3) no Colégio Estadual José Ferreira de Oliveira; e

a turma (4) no Colégio Estadual Durval da Silva Pinto. Em cada turma, responderam ao

questionário quatro alunos, sendo que houve participação de mais alunos, já que a atividade

chamou a atenção de alguns outros estudantes. Não houve um critério específico para a

escolha dos alunos, apenas foi feita uma distribuição para abranger geograficamente a sala e

não excluir possíveis grupos de alunos nas salas.

Após agendamento com cada professor(a) regente nos respectivos colégios, a pesquisa

se iniciou a partir de uma observação das turmas e dos professores em duas aulas de cada

colégio. A princípio não foi relatado aos professores ou direção da instituição de ensino o

tema ou características da pesquisa, sendo informado apenas, se tratar de uma observação para

um trabalho de TCC. Durante as observações, foram passados para os professores e alguns

alunos, os questionários temáticos que envolviam o modo de se fazer e ter aulas de LI

naquelas turmas, o que foi de pronto aceito por todos e respondidos durante momento

oportuno da aula, atividade que não chegou a comprometer o andamento da mesma.

O objetivo desta primeira etapa da pesquisa, tanto com relação aos questionários,

quanto logo após as aulas em um diálogo formal com professores, e informal com alguns

alunos, era perceber e levantar a forma com que a leitura em LI e a abordagem de aspectos

culturais da mesma eram trabalhados em sala. Se os professores exploravam a leitura de

textos literários, e se existia uma análise do discurso ali estabelecido, por parte do professor,

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ou também a possível inexistência de ambos.

Logo de antemão, nas quatro turmas analisadas, foi percebida alguma carência com

relação ao objeto da pesquisa. Havia um perceptível empenho por parte de três dos quatro

professores, porém, um focava muito a gramática, apesar de usar textos, outros não

trabalhavam temas culturais da LI, e um outro, apesar da análise temática com um discurso

social bem produtivo e tendo a melhor das quatro turmas em termos de participação e

disciplina, também pecava no quesito cultura da LI.

A segunda etapa da pesquisa se deu através de observações em sala de aula, das

aplicações efetivadas pelos professores no uso das práticas sugeridas pela própria pesquisa, e

que eles demonstraram terem entendido bem, utilizando inclusive os tipos de textos

solicitados.

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4 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA

As observações da turma (1), ocorreram em uma segunda-feira no turno matutino à

partir do dia 03/10/2011, com uma turma do 3º ano composta por uma presença de cerca de

17 alunos, em uma sala de aula bem iluminada, bem ventilada, equipada com TV Pen-drive, e

de comportamento razoável, com algumas conversas, mas participativa nas aulas. A

professora trabalhava “passive voice”, com foco gramatical apenas, e apesar de utilizar

exemplos na TV Pen-drive, não fez uso de textos. A turma não participava tanto, aparentava

não haver muita motivação no decorrer da aula, basicamente a professora falando, e tímidas

participações.

As observações da turma (2), foram em noites de quarta-feira, a partir do dia

19/10/2011, com uma turma do 3º ano, onde estiveram presentes cerca de 20 alunos, de

comportamento um pouco disperso, com muitas conversas paralelas, apesar do professor

impor sua autoridade em certos momentos. A sala tinha um grande quadro branco e TV Pen-

drive. O professor trabalha com um módulo encadernado que foi compilado por ele mesmo, e

que os alunos xerocopiaram, porém, poucos levaram o mesmo para a aula. O professor

trabalhou “reading comprehesion”, destacando pontos gramaticais, considerando diversas

estratégias de leitura, mas o texto não trazia aspectos da LI. Ao final foi explanada uma

compreensão geral do texto que tratava de enchentes e deslizamentos de terra no Brasil. Como

apenas cinco alunos levaram o texto, um outro colega fazia junto a atividade, enquanto o

restante da turma não se interessava, e conversava ou ficava sem fazer nada.

As observações da turma (3), se deram em noites de quinta-feira, a partir do dia

03/11/2011, em uma turma de 1º ano, onde compareceram cerca de 11 alunos. A sala é bem

iluminada e limpa, possui TV Pen-drive e um grande quadro branco. A professora trabalha

“present continuous” com auxílio de um texto de um módulo por ela confeccionado, mas mal

xerocopiado, que só cinco alunos levaram. A metade da turma fica dispersa, enquanto a outra

metade participa quando solicitada, lendo entre si diálogos contidos no módulo, ocorrendo

com timidez. A aula é focada mais na oralidade, mas o texto não traz aspectos culturais da LI.

As observações da turma (4), aconteceram no turno vespertino de terça-feira, a partir

do dia 08/11/2011, em uma turma de 1º ano, onde assistiram às aulas, 25 alunos. A sala é bem

iluminada, com grande quadro branco e um pequeno negro, TV Pen-drive e bem arejada. O

comportamento dos alunos é ótimo com relação às outras turmas, assim como a participação.

O professor trabalhou “leitura e interpretação de textos”, dispostos em quatro textos

temáticos, divididos em equipes, os quais eram trabalhados por todos os alunos, inclusive a

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maioria tinha e usava o dicionário. Era trabalhada leitura e compreensão de texto, para

posterior debate e apresentação oral e escrita dos temas, com opinião pessoal dos alunos sobre

os mesmos. Os textos tratavam de mitos gregos, etc.

Para uma melhor compreensão destas observações, consideremos a tabela que segue, a

qual aponta a evidência ou não das questões abordadas neste trabalho e que fazem parte do

objeto da pesquisa, também com uma análise em escala de 0 a 10:

TABELA 1: Demonstrativo das observações em sala.

Habilidade/Feedback Turma 1 Turma 2 Turma 3 Turma 4

Leitura Não Sim Sim Sim

Cultura de LI Não Não Não Não

Reflexão Não Não Não Sim

Atenção da turma 6 5 5 9

Participação 4 3 4 9

Apesar do aparente empenho dos professores em sala de aula, as turmas não pareciam

estar interessadas nas aulas, com exceção da Turma 4, que tinha um diferencial com relação

às outras turmas, mas que aparentava ser uma característica da própria turma ou consequência

do perfil administrativo do colégio ou do corpo docente do mesmo.

Através dos questionários aplicados aos professores aqui citados e que serão a partir

de então, denominados por (P1), (P2), (P3) e (P4), e alunos das respectivas turmas,

denominadas por (T1), (T2), (T3) e (T4), foram levantadas questões que buscavam informar o

meio de trabalho dos professores e as impressões dos alunos, com relação à forma de se

trabalhar LI em sala de aula e aspectos abordando culturas de LI, sendo também analisada a

reflexão feita da turma e a participação da mesma. No questionário aplicado aos professores

foram respondidas as seguintes perguntas:

1. Com que freqüência você trabalha leitura em sala de aula?

2. Com que tipos de texto você trabalha?

3. Qual a receptividade dos alunos? Há participação? Eles gostam?

4. Qual sua abordagem do estudo com textos?

5. Você tem livro texto ou coleta material avulso em outras fontes?

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Com relação às respostas dos professores a respeito da freqüência com que cada um

trabalha leitura em sala de aula, todos responderam positivamente, alegando ocorrer com

freqüência. A respeito dos tipos de texto, músicas e outros textos (diversos), estavam na

resposta de todos que sim, sendo que só P1 e P2 trabalham também anúncios, e P3 também

poesia, porém, só P4 costuma trabalhar textos literários.

Para os professores, a receptividade dos alunos e participação variam. Para P1 e P2 a

maioria dos alunos não se identifica com textos inclusive por alguns terem dificuldades com

esse tipo de leitura. P3 e P4 relatam que há boa receptividade e participação da maioria, salvo

por P3, que isso ocorre mais facilmente quando a aula é mais dinâmica.

Quanto à abordagem deles do estudo com textos, P1 e P3 optam por gramática e

outros, além de P3 optar também por imersão cultural juntamente com P2 e P4. Fazem uso do

enriquecimento de vocabulário P2 e P4, e optam também por outras abordagens P1, P3 e P4.

Todos os professores relataram usar textos da internet, mas só P3 e P4 têm livros de

onde tiram materiais além da internet. No mais, os professores mesclam as fontes,

relacionando materiais encontrados em revistas, jornais, etc.

Com relação agora ao questionário respondido por quatro alunos de cada turma, sendo

que houve participações de outros colegas devido a um natural e espontâneo interesse dos

mesmos, foram feitas as seguintes perguntas:

1. Como é o trabalho com leitura em inglês na sua turma?

2. Quais tipos de texto são utilizados?

3. Você acha o trabalho com textos agradável? Por quê?

Os alunos da T1 responderam que o trabalho com leitura em LI ocorre na maioria das

vezes, mas que também em atividades. A T1 também relatou quanto aos tipos de texto

utilizados, que na sua maioria são músicas, mas também outros. E sobre eles acharem

agradável ou não o trabalho com textos, eles responderam que sim, alegando aprenderem mais

vocabulário, uso gramatical e mais possibilidades de aprender a língua, julgando inclusive ser

uma forma mais interativa de fazê-lo. Alguns poucos alunos não acham muito agradável pelo

fato de não terem o hábito da leitura, tornando complexo o entendimento.

Na T2, foi dito que a leitura ocorre, mas não com muita freqüência. Os textos literários

e anúncios são os tipos mais usados de textos nas aulas, com música às vezes. E T2 responde

que acham agradável trabalhar com textos, porque torna mais fácil o entendimento e

aprendizado da LI. A minoria relata dificuldades com alguns tipos de texto.

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A T3 diz que o trabalho com leitura em LI ocorre com freqüência na sala de aula.

Também, que os tipos de texto mais utilizados são música e anúncios, havendo às vezes

textos literários. Todos gostam de trabalhar com textos em LI por que segundo eles, ajuda a

adquirir mais facilmente a língua, acostumando o aluno com o idioma, e “porque dá para

viajar em outros mundos”, segundo um relato solitário.

Também na T4, o trabalho com leitura em LI ocorre com freqüência segundo os

alunos, sendo música e textos literários os mais utilizados tipos de texto em sala de aula.

Todos relataram gostar de trabalhar texto por auxiliar no entendimento gramatical, por ser

uma forma a mais de aprender o idioma, e segundo a aluna Ana Maria, “pela interação com

informações de diferentes tipos, dentro do contexto dos acontecimentos atuais, verificando

dessa forma uma discussão edificante.”.

Para melhor entendimento das respostas dos alunos, consideremos a seguinte tabela, a

qual aponta a evidência ou não das questões levantadas:

TABELA 2: Demonstrativo das respostas dos alunos no questionário.

Habilidade/Feedback

T1 T2 T3 T4

Leitura

Sim

Sim

Sim

Sim

Textos

Músicas e outros

Texto literário e

música

Música, anúncios

e texto literário

Música e texto

literário

Receptividade

Boa

Boa

Boa

Boa

Conclui-se então a respeito das opiniões dos alunos, que eles trabalham leitura em

sala, além de outras atividades; que são usados textos mais em música, seguido por textos

literários entre outros; e que eles gostam por diversas razões do trabalho com leitura em LI. O

fato dos alunos gostarem de trabalhar com texto é um item positivo para este trabalho.

A partir de então, a proposta da pesquisa foi apresentada a cada professor, e eles

compreenderam e aceitaram de imediato contribuir com a mesma, alegando acreditarem na

proposta e concordando com a maneira pela qual se pretendia aplicar. Ficaram então

responsáveis pela elaboração das aulas, bem como dos materiais utilizados, considerando as

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características que podem ser o melhor caminho para o sucesso desta proposta de trabalho.

Nos quatro casos foi possível colocar em prática a pesquisa logo nas aulas seguintes, indício

este de não ser algo difícil.

Na T1 foi trabalhado um texto tirado da internet com o tema “Halloween” já que o

mês da aula coincidia com o desta data festiva, o que logo motivou os alunos, inclusive alguns

estavam informados ou sabiam o dia do Halloween. Ocorreu um rápido diálogo a respeito do

tema, onde muitos dos alunos participaram citando algum detalhe que sabiam a respeito do

tema. Foi passado para a turma o texto The History Of Halloween, para que em dupla os

alunos fizessem a leitura. A professora chamou a atenção da turma para lerem observando as

estratégias de leitura.

Após o término da leitura os alunos responderam a um questionário no verso do texto,

onde foi possível trabalhar também a parte gramatical que era assunto da unidade, o passive

voice. Foi aprofundada a voz passiva com outros exemplos citados pela professora, e em

seguida os alunos trabalharam um caça-palavras com palavras relacionadas ao Halloween.

Após as atividades ocorreu um diálogo a respeito das festividades comemoradas no

Brasil e em países outros, onde peculiaridades eram explicadas pela professora e alunos, como

origem das festas, características, como elas mexem com as pessoas, o que provoca nas

pessoas. A aula terminou com a distribuição de doces Baba-de-bruxa e Cabeça-de-abóbora, e

a turma se demonstrou animada, interessada e participativa do início ao fim.

Na T2 o professor usou um texto retirado da internet, cujo título é “Bonfire Nighth”. O

professor começou a aula com um diálogo, buscando o que os alunos sabiam a respeito do

tema, mas poucos alunos participaram, ainda que todos prestassem atenção e colaborassem

com o professor. Alguns alunos identificaram o tema, pois já conheciam algo a respeito.

O professor pede para que a turma faça uma leitura individual e silenciosa, levando em

consideração as técnicas de leitura que enumerou no quadro e orientou. A turma colaborou e

logo em seguida respondeu o questionário anexo no texto. O professor explorou com a turma

as técnicas de leitura, e fazendo a interpretação do texto juntamente com os alunos, ao mesmo

tempo em que corrigia a atividade. Ao mesmo tempo, o professor faz comparações com os

alunos do evento do tema com temas brasileiros, trabalhando também aspectos gramaticais.

Apenas dois dos 20 alunos presentes ficam dispersos em conversa paralela.

Após esta parte o professor utiliza na TV pen-drive um vídeo intitulado “Guy Fawkes

and the gunpowder plot”, que ele também baixou na internet, o que logo prendeu mais ainda a

atenção da turma. O mestre continua explicando e informando características históricas e

outras relacionadas ao tema, respondendo a alguns questionamentos, e no final ocorreu um

Page 31: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

30

diálogo envolvendo esse festejo com festejos nacionais, a exemplo da queima de Judas, etc.

Nos momentos finais da aula, toda a turma se mostrava participativa e interessada, dando um

clima mais leve à aula.

Na T3 foi usado um texto de título “Working Students”, retirado de um livro da

professora, que foi trabalhado em grupos de três ou dois alunos. Para a interpretação foram

observadas as técnicas de leitura, com o intuito de um momento de conversa posterior. A

turma colabora em sua maioria, mas três dos doze alunos brincam, ou não se concentram

totalmente no texto, o que pode ter a ver com o horário da aula que ocorre nos últimos

horários do turno noturno. Após a leitura individual a professora faz uma interpretação do

texto com os alunos, pois muitos demonstram falta de domínio com a língua inglesa. A

professora insere um momento gramatical com exemplos diversos sendo trabalhado o present

continuous, e responde com a turma algumas questões anexas ao texto. Após a correção

ocorre um breve diálogo com respeito ao tema, como as pessoas se comportam no Brasil e em

outros países, como as oportunidades se diversificam, bem como o interesse dos jovens no

Brasil por uma carreira, etc. Este diálogo ocorre com poucas participações, mas produtivo,

visto que o restante da turma passou a se interessar pelo assunto, ouvindo.

Na T4 o professor utiliza um texto de título “A Noble Gift” em uma transparência

xerocopiada de um livro próprio, e inicia a aula com um diálogo onde o tema é, se é

importante discutir cultura estrangeira, o que de pronto, praticamente toda a turma responde

que sim e dizem o porque isso é importante para eles. O professor trabalha a tradução e

interpretação do texto na transparência juntamente com a turma, que participa todo o tempo,

demonstrando uma certa intimidade com a LI. A turma responde muito bem à tradução,

fazendo suposições e deduções, o que ajudou muito no decorrer do trabalho que logo se

concluiu pelo interesse dos alunos.

Mais uma vez, após a atividade o professor retoma o diálogo com a turma, buscando

levantar a importância de se estudar culturas, e os alunos reagiram muito bem à proposta,

demonstrando interesse e se comprometendo a buscar mais cultura de LI, o que segundo eles,

ajuda a entender o mundo e a nós brasileiros também. Esta turma respondeu muito bem à

proposta da pesquisa.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na pesquisa após as leituras bibliográficas, se fez uso das abordagens que apontaram

tecnicamente para um bom caminho do ensino de LI fazendo-se uso da leitura de textos

literários em LI que contenham também aspectos das culturas de LI, e ainda o uso do discurso

por parte dos professores, incitando diálogos produtivos com as turmas, que pudessem tornar

mais críticos os estudantes e conhecedores esses da língua que aprendem, por fim, também

conhecedores de si mesmos.

Desde as primeiras observações, foi percebido através da análise dos dados coletados,

que o trabalho com leitura em LI é bem aceito e produtivo quando usado. Também, que a

partir do uso de textos literários em LI sobre culturas ou aspectos culturais da LI os alunos se

interessam muito mais pelas aulas, como previsto pelas leituras bibliográficas que

fundamentaram este trabalho. Onde havia desinteresse e dispersão, passou a haver interesse e

mais atenção, com pouquíssimas dissidências. Essas exceções últimas citadas ocorreram, vale

salientar, nas aulas dos últimos horários do turno noturno, o que pode explicar essa falta,

devido ao cansaço e à preocupação dos alunos em retornarem aos seus lares. Ficou claro

também que música em LI e de origem de países onde se fala LI, pode ser produtiva pelo

gosto por músicas “internacionais” dos alunos e por estarem carregadas de aspectos

lingüísticos e de outras ordens ligadas à cultura, afinal a música é uma importante expressão

cultural.

Uma peculiaridade percebida em todas as turmas analisadas é que as aulas tiveram sua

atenção e participação em seus ápices, nos momentos finais das mesmas. Entenda-se, do meio

em diante e até o final, talvez devido ao tempo dos alunos perceberem que aqueles temas

eram importantes ou interessantes e mexiam com eles de alguma forma, suscitando uma

reflexão de vida entre eles, também por ser o tempo preciso para lerem o texto e entenderem.

Os professores foram felizes na escolha dos textos, pois todas as leituras traziam aspectos que

possibilitaram comparações entre as culturas e línguas, como também reflexões com as

turmas.

A pesquisa se mostrou produtiva, alcançando seus objetivos, mostrando que a

utilização de textos literários em LI com temas voltados para as culturas da LI são de grande

valia para o ensino e aprendizado da LI, surtindo nos alunos do Ensino Médio do município

de Conceição do Coité, o efeito esperado e que são requisitos para um bom aprendizado, e

apesar dos bons resultados obtidos por parte deste trabalho, é preciso considerar que ainda há

muito que ser explorado sobre o assunto.

Page 33: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

32

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30 ed.

São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura)

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da

Silva, Guaracira Lopes Louro. 11 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

KEZEN, Sandra. Ensino de leitura em língua estrangeira: a contribuição do modelo

sociointeracional na construção do conhecimento e do sentido dos textos. Disponível em:

<www.partes.com.br/ed44/educação.asp>. Acesso em: 04 ago. 2009.

LEVENTHAL, Lilian Itzicovitch; ZAJDENWERG, Ruth Bron; SILVÉRIO, Tatiana. Inglês é

11! Barueri, SP: DISAL, 2007.

LIMA, Diógenes Cândido. Org. Ensino Aprendizagem de língua inglesa: conversas com

especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

MENDES, Edleise. A Perspectiva Intercultural no Ensino de Línguas: uma relação “entre-

culturas” In: SILVA, Kleber Aparecido, ALVAREZ, Maria Luisa Ortiz (org.) Linguística

Aplicada: Múltiplos Olhares. Campinas – SP: Pontes 2007.

PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira. (Org.) Ensino de Língua Inglesa: reflexões e

experiências. 3 ed. Campinas – SP : Pontes Editores, 2005.

PINHEL, Cristiane Ovidio. Reflexões sobre a leitura em aulas de inglês como língua

estrangeira em uma escola pública. In: CONSOLO, Douglas Altamiro; VIEIRA-ABRAHÃO,

MariaHelena (org.) Pesquisas em lingüística aplicada: Ensino e aprendizagem de língua

estrangeira. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e a questão

ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 14 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

ZABALA, Antoni. Função social do ensino e enfoque globalizador In: __________. O

Enfoque Globalizador e o Pensamento Complexo: uma proposta para o currículo escolar /

Antoni Zabala. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre - RS: ARTMED Editora, 2002.

Page 34: Leitura de textos literários em língua inglesa e a influência cultural a favor do ensino aprendizagem no ensino médio

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APÊNDICE A: Questionário para os alunos:

Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Ensino Campus XIV

Componente Curricular: TCC II

Discente: Heitor Cedraz Mota

Colégio: ___________________________________________

Turma: _________

Aluno(a) “opcional”:_________________________________

Questionário para pesquisa.

1º) Como é o trabalho com leitura em inglês na sua turma?

( ) acontece com freqüência ( ) raramente ( ) outros:

___________________________________________________________________________

2º) Quais tipos de texto são utilizados?

( ) música ( ) poesia ( ) textos literário ( ) anúncios ( ) outros:

3º) Você acha o trabalho com textos agradável? Por quê?

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APÊNDICE B: Questionário para os professores:

Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Ensino Campus XIV

Componente Curricular: TCC II

Discente: Heitor Cedraz Mota

Colégio: ___________________________________________

Turma: _________

Prof. “opcional”:____________________________________

Questionário para pesquisa.

1º) Com qual freqüência você trabalha leitura em sala de aula?

___________________________________________________________________________

2º) Com que tipos de texto você trabalha?

( ) música ( ) poesia ( ) textos literários ( ) anúncios ( ) outros:

___________________________________________________________________________

3º) Qual a receptividade dos alunos? Há participação? Eles gostam?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4º) Qual sua abordagem do estudo com textos?

( ) enriquecimento de vocabulário ( ) gramática ( ) imersão cultural ( ) outros:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

5º) Você tem livro texto ou coleta material avulso em outras fontes?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________