16
Abril 97 Ano III Nº 13 50$00 SUMÁRIO Pág. 2 Pág. 2 Pág. 2 Pág. 2 Pág. 2 Colunas de som para PC Colunas de som para PC Colunas de som para PC Colunas de som para PC Colunas de som para PC Pág. 3 Pág. 3 Pág. 3 Pág. 3 Pág. 3 A importância dum jornal A importância dum jornal A importância dum jornal A importância dum jornal A importância dum jornal académico académico académico académico académico Pág. 4 Pág. 4 Pág. 4 Pág. 4 Pág. 4 Reflexões sobre o ensino Reflexões sobre o ensino Reflexões sobre o ensino Reflexões sobre o ensino Reflexões sobre o ensino superior superior superior superior superior Pág. 5 Pág. 5 Pág. 5 Pág. 5 Pág. 5 Honesto estudo com longa Honesto estudo com longa Honesto estudo com longa Honesto estudo com longa Honesto estudo com longa experiência misturada experiência misturada experiência misturada experiência misturada experiência misturada Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Recordações da infância de Recordações da infância de Recordações da infância de Recordações da infância de Recordações da infância de António Guterres António Guterres António Guterres António Guterres António Guterres Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Eng.º Ramos toma posse Eng.º Ramos toma posse Eng.º Ramos toma posse Eng.º Ramos toma posse Eng.º Ramos toma posse Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 Entrevista a um estudante de Entrevista a um estudante de Entrevista a um estudante de Entrevista a um estudante de Entrevista a um estudante de Teologia Teologia Teologia Teologia Teologia CHARLOT BAR "O seu espaço" O mundo evolui a um ritmo alucinante. Com as novas tecnologias diariamente somos bombardeados com feitos e descobertas inimagináveis que nos transportam para uma realidade nova e surpreendente. Sabemos que os avanços da ciência e da tecnologia constituem um fundamento para a melhoria das condições de vida de todos nós, no entanto é necessário avaliar cuidadosamente as suas repercussões para além do presente. Por exemplo, quando navegamos na Internet achamos simplesmente fantástica aquela disponibilidade de informação e de trocas de diversa ordem, mas raramente paramos para pensar até onde nos pode levar toda essa facilidade num futuro próximo. Outro avanço científico que considero importante e bastante falado desde há tempos é o da clonagem de animais, apesar de já ser frequente em plantas e vegetais, a possibilidade de criar seres idênticos geneticamente pode trazer uma nova dimensão à existência. Assim a clonagem de animais e a Internet são “progressos” (bastante diferentes um do outro) que à partida pretendem ser um contributo positivo para a humanidade, e todos nós (ou pelo menos a maioria) têm sobre eles uma opinião positiva. Um pode ser considerado mais polémico que o outro, no entanto ambos se mostram envoltos numa grande nuvem de incerteza no que respeita à sua implicação na sociedade do futuro. Normalmente não me considero uma pessoa “tradicionalista”, no entanto a ideia de um futuro controlado por máquinas e a possibilidade “óbvia” da clonagem de seres humanos ainda me “intriga”. Mas, como já alguém dizia quando não encontro respostas no futuro procuro-as no passado e tento encontrar fenómenos tecnológicos e humanos que alteraram a sociedade do início do século e que a fizeram chegar até aos nossos dias tal como ela é; a diferença é abismal, num século o mundo evoluiu de uma forma inacreditável, basta pensarmos no caso de Portugal que há um século atrás era uma monarquia, as condições de vida eram precárias, os meios de transporte e a acessibilidade das populações do interior do país à capital deixavam muito a desejar, a pobreza, as epidemias, as guerras, a baixa esperança média de vida, parecem-nos coisas de um passado muito remoto, no entanto esses tempos estão apenas à distância da vida dos nossos avós e bisavós, isto é, há três ou quatro gerações atrás. Ao ritmo que as coisas se têm processado até aqui, ao imaginar como será a sociedade na qual os nossos netos e bisnetos crescerão é fácil sentir a insignificância de cada ser individual no rumo e no ritmo em que o mundo se transforma e nos transforma. Luzia Valentim

N.º 13 o ideias abril 97 ano iii

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

Abril 97 Ano III Nº 13 50$00

S U M Á R I O

Pág. 2Pág. 2Pág. 2Pág. 2Pág. 2 Colunas de som para PCColunas de som para PCColunas de som para PCColunas de som para PCColunas de som para PC

Pág. 3Pág. 3Pág. 3Pág. 3Pág. 3 A importância dum jornalA importância dum jornalA importância dum jornalA importância dum jornalA importância dum jornalacadémicoacadémicoacadémicoacadémicoacadémico

Pág. 4Pág. 4Pág. 4Pág. 4Pág. 4 Reflexões sobre o ensinoReflexões sobre o ensinoReflexões sobre o ensinoReflexões sobre o ensinoReflexões sobre o ensinosuperiorsuperiorsuperiorsuperiorsuperior

Pág. 5Pág. 5Pág. 5Pág. 5Pág. 5 Honesto estudo com longaHonesto estudo com longaHonesto estudo com longaHonesto estudo com longaHonesto estudo com longaexperiência misturadaexperiência misturadaexperiência misturadaexperiência misturadaexperiência misturada

Pág. 6Pág. 6Pág. 6Pág. 6Pág. 6 Recordações da infância deRecordações da infância deRecordações da infância deRecordações da infância deRecordações da infância deAntónio GuterresAntónio GuterresAntónio GuterresAntónio GuterresAntónio Guterres

Pág. 8Pág. 8Pág. 8Pág. 8Pág. 8 Eng.º Ramos toma posseEng.º Ramos toma posseEng.º Ramos toma posseEng.º Ramos toma posseEng.º Ramos toma posse

Pág. 10Pág. 10Pág. 10Pág. 10Pág. 10 Entrevista a um estudante deEntrevista a um estudante deEntrevista a um estudante deEntrevista a um estudante deEntrevista a um estudante deTeologiaTeologiaTeologiaTeologiaTeologia

CHARLOTBAR

"O seu espaço"

O mundo evolui a um ritmoalucinante. Com as novas tecnologias

diariamente somos bombardeados comfeitos e descobertas inimagináveis que nos

transportam para uma realidade nova esurpreendente.

Sabemos que os avanços da ciência e datecnologia constituem um fundamento para a

melhoria das condições de vida de todos nós, noentanto é necessário avaliar cuidadosamente as suasrepercussões para além do presente.

Por exemplo, quando navegamos na Internet achamossimplesmente fantástica aquela disponibilidade deinformação e de trocas de diversa ordem, mas raramenteparamos para pensar até onde nos pode levar toda essafacilidade num futuro próximo.

Outro avanço científico que considero importante ebastante falado desde há tempos é o da clonagem de animais,apesar de já ser frequente em plantas e vegetais, apossibilidade de criar seres idênticos geneticamente podetrazer uma nova dimensão à existência.

Assim a clonagem de animais e a Internet são“progressos” (bastante diferentes um do outro) que à partidapretendem ser um contributo positivo para a humanidade,e todos nós (ou pelo menos a maioria) têm sobre eles umaopinião positiva. Um pode ser considerado mais polémicoque o outro, no entanto ambos se mostram envoltos numagrande nuvem de incerteza no que respeita à sua implicaçãona sociedade do futuro.

Normalmente não me considero uma pessoa“tradicionalista”, no entanto a ideia de um futuro controladopor máquinas e a possibilidade “óbvia” da clonagem de sereshumanos ainda me “intriga”. Mas, como já alguém diziaquando não encontro respostas no futuro procuro-as nopassado e tento encontrar fenómenos tecnológicos ehumanos que alteraram a sociedade do início do século e quea fizeram chegar até aos nossos dias tal como ela é; adiferença é abismal, num século o mundo evoluiu de umaforma inacreditável, basta pensarmos no caso de Portugalque há um século atrás era uma monarquia, as condições devida eram precárias, os meios de transporte e aacessibilidade das populações do interior do país à capitaldeixavam muito a desejar, a pobreza, as epidemias, asguerras, a baixa esperança média de vida, parecem-noscoisas de um passado muito remoto, no entanto esses temposestão apenas à distância da vida dos nossos avós e bisavós,isto é, há três ou quatro gerações atrás. Ao ritmo que as coisasse têm processado até aqui, ao imaginar como será asociedade na qual os nossos netos e bisnetos crescerão é fácilsentir a insignificância de cada ser individual no rumo e noritmo em que o mundo se transforma e nos transforma.

Luzia Valentim

Page 2: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

2

O Ideias

COLUNAS DE SOM/MULTIMEDIA PARA PC

Decidi escrever sobre colunas desom para computadores, porque naminha opinião este é um tema um poucodescurado, ou pelo menos pouco falado,verificando-se por vezes como um temade segundo plano considerando-se asditas colunas de som como merosacessórios que acabam por ser“impingidas” aos consumidores, semque estes (em algumas situações) tenhamvoto na matéria.

E quando nos deslocamos a umaloja, ou simplesmente observamos umfolheto de publicidade e verificamos quetemos um computador com Xcaracterísticas, com um monitor de Ypolegadas, CD ROM de “tantas”velocidades, placa de som 16/32 bits equanto às colunas? Nada. E quando háalgo sobre estas, pelo que tenho lido emvárias revistas de informática, é algo doseguinte género: «1 par de colunasestéreo» ou «1 par de colunasamplificadas»... Para além disso, quandohá referência às ditas colunas, a suapotência é expressa em watts, a preferidapelos comerciantes, digamos que é a quechama mais à atenção do consumidor,mas na realidade não revela a suaverdadeira potência que é medida emdécibeis, enfim estratégias de venda quefelizmente não são das piores ...

Mas, e quando a realidade é outra,ou seja, já possui um computador e estáinteressado em “transformá-lo” num PCMultimedia e decide comprar um KITmultimedia as notícias podem tambémnão ser muitos agradáveis, e reparemque frisei podem, uma vez que nemtodos os KIT’s correspondem ao padrãoque tenho vindo a descrever. Nageneralidade a qualidade do materialque os KIT’s trazem consigo é bastanteboa (contudo é necessário ter bastanteatenção na escolha), mas estarão osleitores a questionarem-se: qual o “mal”dos KIT’s? Bem; mal, mal não há porque

quem está realmente interessado emadquirir um bom KIT multimedia decerteza que não deixará em vão aqualidade/potência das colunas, noentanto para os mais distraídos, o queprovavelmente acontecerá é que quandoestiverem a desembrulhar o seufresquinho KIT, começam todosentusiasmados a retirar o CD ROM, aplaca de som, o microfone (se este estiverincluído no pacote), os manuais deinstalação, etc. e quando chegam àscolunas, ficam a observá-las com umolhar de quem já está arrependido dacompra que acabou de fazer, ou pelosmenos ficam a pensar que aquelas coisasminúsculas não devem “dar” grandesom. Como se costuma dizer «aesperança é a última a morrer», há queinstalar o dito hardware e ocorrespondente software (o que cada vezmais está facilitado com o já conhecidoplug n’ play). Quando tudo estácorrectamente instalado, eis que chegouo derradeiro momento; coloca-se entãoum CD audio no CD ROM e ... voilá,estamos a ouvir música. O maisespantoso é que se colocarmos o volumea pouco mais de “meio gás”, o som saidistorcido e as coitadinhas das colunasestremecem que nem “varas verdes”, éentão aqui que o sentimento dearrependimento se acentua, mas nemtudo está perdido, é só uma questão decomprar umas colunas novas e depreferência umas que já satisfaçamrazoavelmente até os mais exigentes.

Se pensarmos bem, tanto aqualidade como a potência sonora deumas colunas influenciam positiva ounegativamente o trabalho de quem temde as usar, e nem é preciso ir mais longe,imaginem-se a jogar um bom jogo (osquais cada vez mais vêm recheados deóptimas bandas sonoras, excelentesefeitos sonoros ...) e estaremconstantemente a ouvir um som algo

“fusco” e pouco limpo. Pois é, tira umpouco a vontade de jogar, é como estar aver um filme no cinema e não ter som aacompanhá-lo, é “chato” não é?

A esta altura devem estar a pensarmal dos KIT’s multimedia e das colunasneles inseridas, mas não é caso para isso,porque como já referi atrás o materialdos KIT’s até costuma ser de boaqualidade (mas há sempre excepções àregra). Finalmente são boas as notíciasque vos tenho para dar, é que osconstrutores das ditas colunas de som/multimedia, cada vez mais estão atrabalhar com o intuito de colocar nomercado à disposição dos consumidoresdeste tipo de produtos, colunas comperformances razoavelmente eextremamente boas e com uma estéticade invejar, mas claro que o factor preçoestá sempre presente e existem colunaspara todos os gostos e bolsas, mas nãodesanimem, por uma quantia entre osdez e os quinze mil escudos podempossuir umas colunas já bastanteinteressantes.

O que leva os construtores apensarem mais nestes produtos, deve-seem grande parte ao acréscimo daconcorrência, numa época em que cadavez mais se fala em Multimedia e todosnós sabemos perfeitamente o que é que aconcorrência pode fazer no mercado dainformática.

Se realmente estiverem interessadosem adquirir umas colunas ou KITmultimedia, o meu conselho é o derecorrerem a casas de informática para seinformarem sobre as características domaterial que querem comprar; podemtambém obter alguma informaçãoproveitosa através da leitura de revistasda especialidade; tentem contactar compessoas/amigos que eventualmente játiveram esta experiência ...

De qualquer modo, não seprecipitem na compra, é preferível serprudente a ficar mal servido.

Nuno Bernardo

O Jornal "O Ideias" épublicado nos meses deJaneiro, Março, Abril, Maio,Junho, Novembro e Dezembrocom uma tiragem de 600exemplares.

Pode ser fotocopiadopara distribuição gratuita.

Endereço para contactos:Jornal "O Ideias" - Escola Superior deGestão de SantarémComplexo AndaluzApartado 2952003 Santarém CodexTel.:332121 Fax: 332152

Directora: Luzia ValentimRedacção: José Luís Carvalho, NunoBernardo e António BraçaisMontagem: Rui Costa e Hugo MatosRevisão: José Luís CarvalhoPublicidade: Luzia Valentim, RuiCosta e Nuno BernardoImpressão: Tipografia Escolar

Fic

ha

Técn

ica

Page 3: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

3

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Abril/1997

A Importância dum Jornal AcadémicoA Importância dum Jornal AcadémicoA Importância dum Jornal AcadémicoA Importância dum Jornal AcadémicoA Importância dum Jornal AcadémicoNo âmbito do 2.º aniversário deste

jornal de reconhecida vitalidade e cujaintervenção académica no seio da escola,e mais recentemente no meio envolvente,tem sido de grande importância, pensoser oportuno fazer aqui uma reflexãoacerca da essência desta actividade que éo jornalismo académico.

Em primeiro lugar não posso deixarde referir que é sempre saudável aexistência dum jornal académico quefomente o debate, a crítica e acomunicação interna. No fundo trata-sede fazer pedagogia. Mas qualquer jornalacadémico pode ir sempre mais longe:pode, por exemplo, instituir-se comoelemento de ruptura e motor daevolução através do desafio. Todos nóssabemos perfeitamente que as mudançasno sistema de ensino são mais lentas doque aquilo que seria desejável. Por vezesas pessoas não conseguem fugir àtentação de impor às gerações maisnovas os métodos que as formaram (oudeformaram). E neste contexto o jornalacadémico pode assumir um papelímpar abrindo novos debatesconsubstanciados em sugestões, opiniõese críticas, servindo de elo de ligaçãoentre professores, alunos efuncionários e abraçandodesta forma váriasgerações.

Mas as vantagensdum jornal académiconão terminam aqui. Umjornal de índole escolaracaba sempre por ser, maiscedo ou mais tarde, umálbum de recordações e atémesmo um instrumento deconsulta. Felizmente já lá vai o tempo emque aquilo que o ensino mais valorizavaera a forma como os alunos organizavamos cadernos e a capacidade que tinhampara se adaptar a um saber livresco, peloque quase todas as recordações dosantigos alunos passavam pelas páginasdos cadernos ou dos livros escolares.Hoje as recordações que um estudanteleva da escola passam também pelasnotícias e pelos artigos publicados nojornal académico que nunca deixará deser o testemunho duma identidadecolectiva.

Por outro lado o jornal académicopode também ser o produto final (outalvez seja melhor dizer - intermédio) doprocesso de aprendizagem. De facto

académica, a legislação da comunicaçãosocial, etc. Qualquer pessoa quedesempenhe com afinco eresponsabilidade funções num jornalacadémico certamente viveráexperiências inesquecíveis e teráaproveitado muito melhor que os seuscolegas, duma forma geral, a suaformação académica.

Outra das vantagens inerentes aosjornais académicos diz respeito ànormalização do acesso à informação. Ojornal como veículo de informaçãopermite que toda a comunidadeestudantil se mantenha informada, e nóssabemos perfeitamente o quanto, porvezes, é difícil fazer circular a

informação.Mas qualquer jornal

académico permite também aoseducadores uma melhor

penetração e compreensãoda psicologia discente que

apesar de algunsestudos, uns maisantigos outros mais

r e c e n t e s , continua a ser umdomínio um tanto ou quanto misteriosoe a que o sistema educativo se alheiaprogressivamente. Um jornal académicoconsegue, por si só, e entre muitas outrascoisas, a libertação psíquica de quemnele trabalha abrindo caminho para alibertação psíquica de quem o lê, criandosimultaneamente, e tal como já referianteriormente, uma disciplina nova queé a disciplina do trabalho, pois permitetambém compreender as relaçõeslaborais, a importância de ter umacapacidade de resposta para asnecessidades dos leitores, etc.

Seja como for, em meu entender,este jornal tem contribuído para que nanossa escola triunfe uma pedagogia desucesso. Atrevo-me mesmo a reivindicarpara “O Ideias” o título de estruturaassociativa mais activa e dinâmica daESGS. Por isso espero que os estudantescontinuem a dar vida a este projecto eque sejam também concedidas melhorescondições de trabalho à equiparedactorial, a qual conseguiu que “OIdeias” fosse o que é, devidoessencialmente à grande força devontade em elevar e dignificar o nome danossa escola.

Que o aniversário de “O Ideias” serepita por muitos e bons anos!

José Luís Carvalho

enquanto o hortelão pode mostrar osprodutos hortícolas como fruto do seutrabalho, o operário da construção civilpode mostrar os prédios ou as moradiasque constrói, o sapateiro o calçado quefabrica ou conserta, já o professor nãopode mostrar a sabedoria dos seuspupilos porque a essa sabedorianinguém dá valor se não tiver utilidadeprática. Nestes termos o jornalacadémico surge não só como fruto dacapacidade de trabalho dos estudantes,mas também como produto dacapacidade dos profes-sores em fazerdescobrir nos alunos uma utilidadeprática para alguns dos conhecimentosadquiridos nas aulas.

Mas de entre as funções dum jornalacadémico a mais nobre é talvez a queconsiste no estabelecimento dumaligação entre a escola e omundo da realidadeempresarial. Osprofessores e osestudantesj á

perceberamque a escola

jamais poderácumprir os seus

objectivos se viverdesligada da realidade

empresarial. Uma das melhoresformas para se iniciar e consolidar essarelação é precisamente através do jornalacadémico pelo qual as empresas tomamconhecimento da cultura académicaexistente na escola, das iniciativas dosalunos e do tipo de formação dosmesmos, permitindo também, e de certaforma, um grau de intervenção dacomunidade empresarial no ensino. Nofundo, o texto impresso no jornal vaibuscar a sua inspiração, não aos livros,mas à vida e é isto que em meu entendervaloriza o ensino.

Mas o jornal é também uma fonteinquestionável de vantagens para quemnele trabalha, na medida em que permiteampliar os conhecimentos dosestudantes em campos tão diversoscomo a ortografia, a gramática, aredacção, a informática, a legislação

Page 4: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

4

O Ideias

R E F L E X Õ E S S O B R E O E N S I N O S U P E R I O R

O Ensino e o Associativismo

O ensino em Portugal tem sido nosúltimos anos alvo de preocupaçõesaparentes por parte dos sucessivosgovernos e dos não menos sucessivosministros da educação. No entanto, todasessas preocupações em vez de seremmotivo de profundos debatessubstanciados numa participaçãoconsciente por parte de todos osestudantes (e não só), praticamente apenasderam lugar a contestações que ganharamem forma aquilo que perderam emconteúdo. Ainda guardo na minhamemória o facto de muitos colegas meusde Lisboa terem sido obrigados (nas suaspróprias palavras) e enquanto caloiros acorporarem um conjunto de manifestaçõesestudantis em frente à Assembleia daRepública sem saberem exactamenteaquilo que estavam a contestar. A únicacoisa que os “Exmos. Sr

s. Veteranos” lhes

pediam era que fizessem barulho. Querodesde já salientar que sou frontalmentecontra a política de ensino seguida nosúltimos anos no nosso país e que acima detudo contesto a reforma do ensino iniciadaem 1986 porque entendo que não criamelhores condições para odesenvolvimento pessoal, humano ecultural dos alunos, mas também queroafirmar que entendo que não há nada maiserrado que combater de forma inadequadapolíticas cuja aplicação não favorece osistema educativo. É óbvio que por detrásde muitas destas movimentações poderãoestar interesses inerentes às juventudespartidárias que encontram nas escolasalguns meios para desenvolverem as suasacções, o que do meu ponto de vistadesvirtualiza as manifestações académicasque passam a estar subjacentes a interessespartidários.

Mas se nós em Santarém não nospodemos queixar muito da submissão deinteresses académicos aos interessespartidários de dirigentes associativos, omesmo já não se pode dizer no que dizrespeito ao acesso à informação. De factoou os nossos dirigentes associativos vivemà margem dos assuntos académicos sobreos quais deveriam tomar posições ou entãoentendem que a informação académica aque têm acesso deve ser vedada aoscolegas. Que ninguém tenha ilusões: nãose consegue incentivar quem quer que sejaa participar seja no que for se o acesso àinformação não estiver garantido. Não nos

esqueçamos que quanto maior for o graude participação dos indivíduos nasactividades, maior será também a suamotivação.

As ESE’s e a Alteração À LBSE

Já que falei em debates emanifestações não posso deixar agoratambém de falar das razões que estiveramno epicentro dos últimos debates e dasúltimas manifestações académicas. Detodas essas razões a que terá sido maispolémica foi certamente a alteração à Leide Bases do Sistema Educativo (LBSE),sobretudo ao permitir que as EscolasSuperiores de Educação (ESE’s) passemtambém a formar professores para o 3.ºciclo do ensino básico. Os estudantes dasuniversidades argumentavam que não sedeveria conferir uma mesma habilitação apessoas que hajam obtido uma licenciaturaapenas ao fim de seis anos (quatro deâmbito escolar e dois no âmbito dumestágio pedagógico) e a pessoas que paraobterem essa licenciatura bastaram quatroanos (três de âmbito escolar e um deestágio). É certo que este argumento não émuito sólido, na medida em que, por umlado, não é a quantidade que determina aqualidade e, por outro, as universidades,uma vez que gozam de autonomia, podemsempre reduzir o tempo de duração dassuas licenciaturas. Aliás essa é umatendência actual do ensino em váriospaíses europeus (e mesmo em Portugal),deixando para os cursos de pós-graduaçãoas especializações em áreas específicas.Penso mesmo que esta terá sido umaintenção que terá estado por detrás daproposta de alteração à LBSE porque comoé óbvio o Estado vai gastar mais dinheirose continuar a formar licenciados em 6anos do que gastaria se os formasse emapenas 4 anos. Além disto não fazqualquer sentido dividir o mercado detrabalho de forma a reparti-lo pelosdiferentes sub-sistemas de ensino apenasporque os licenciados pelas universidadestêm receio de perder o monopólio dealguns níveis de ensino. Por outro lado asESE’s devem de facto formar professorespara o 3.º ciclo do ensino básico porqueessa é no fundo uma das suas funções. Foio próprio Ministro da Educação, MarçalGrilo, que disse, aquando da cerimónia deabertura do ano lectivo do InstitutoPolitécnico de Santarém, que “as ESE’sforam criadas em 1977 para formar

professores para a escolaridadeobrigatória, que na altura era de seis anos.Em 86, quando a escolaridade obrigatóriafoi alargada para nove anos, não houvecoragem política para fazer aquilo queestamos agora a propôr”. Assim sendo, evistas as coisas nesta perspectiva queroaqui manifestar o meu total acordo nestamatéria com o Ministro da Educação. Nãoobstante quero deixar bem claro queenganam-se aqueles que pensam que apossibilidade das ESE’s formaremprofessores para o 3.º ciclo do ensinobásico vem trazer uma melhoria daqualidade do ensino ministrado naquelasescolas; primeiro é necessário que hajauma melhoria na qualidade do ensino e sódepois é que deve ser facultada aquelapossibilidade às ESE’s. Isto porque, aocontrário de alguns dos intervenientes nosistema educativo, eu penso que o ensinocomeça nas faculdades e escolas superiorese não nas escolas primárias. De facto é osuperior que fornece os docentes aosoutros níveis de ensino.

As Propinas

Outra questão, mais recente, mas nãomenos polémica é a questão das propinas.Assim que este governo tomou posse,apressou-se a suspender a lei das propinassem definir previamente um novo sistemade financiamento do ensino superior. Otempo foi passando sem queaparentemente alguma coisa estivesse aser feita e de repente tomamosconhecimento, através da comunicaçãosocial, que todos os estudantes vão ter quepagar uma propina de valor igual aosalário mínimo nacional. Admitindo que alei anterior era geradora de váriasinjustiças esta proposta não se fica atrás. Éinacreditável como alunos provenientes deagregados familiares modestos têm quepagar de propinas o mesmo que os colegasprovenientes de agregados familiares cujorendimento dava para sustentar váriasfamílias.

Nestes termos, no caso desta propostaser aprovada, e sem querer fazerfuturologia, atrevo-me a prever queenquanto os pais dos meninos ricos vão terque pagar as propinas os meninos pobresvão-se limitar a transferir a bolsa para atesouraria da escola para que os taismeninos ricos (que estão nos órgãos degestão da escola) decidam o destino a darao dinheiro proveniente das propinas.

Page 5: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

5

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Abril/1997

Recentemente o Secretário de Estadodo Ensino Superior veio dizer para acomunicação social que para o caso dosalunos bolseiros, estes vão passar a receberuma bolsa que é estabelecida pela acçãosocial escolar e que “comporta por cima ovalor da propina que o estudante tem quepagar”. A mim isto só me parece umaanedota. Todos nós sabemos que os alunosmais carenciados são precisamente aquelesque não têm possibilidades de cometerfalcatruas no processo de candidatura àsbolsas e mesmo assim muitas vezes vêemo montante das mesmas reduzir-se anoapós ano sem que haja qualquer explicaçãopara isso. Assim como é que nós podemossaber que as nossas bolsas vão comportarpor cima o valor das propinas? Mas mesmoadmitindo que todo este processo vai estardespido de qualquer truque de ilusionismoduas preocupações se levantam:

1.ª - O Estado ao pagar as propinasdos alunos bolseiros vai aumentar os seusencargos financeiros a menos que o valordas propinas não seja considerado comoreceita adicional, o que por um ladocompromete um dos objectivos destaproposta, que é o do dinheiro ser aplicadona melhoria da qualidade do ensino, e poroutro, uma vez que o dinheiro passa a sercanalizado para despesas de

funcionamento, os representantes dosalunos perdem poder ao nível das decisõesque se prendem com o destino a dar a essemesmo dinheiro.

2.ª - Assim que os meninos ricos seaperceberem que o Estado se substitui aosmeninos pobres no pagamento daspropinas farão aumentar as constetações,na medida em que não aceitarão estasituação. Aliás as propinas sempre forammais contestadas por aqueles que aspodem pagar do que por aqueles que nãoas podem pagar.

Ainda relativamente aofinanciamento do ensino superioraguardamos todos com muita expectativao sistema de empréstimos aos estudantesque tão apregoado tem sido.

Licenciatura Para Todos

Uma outra questão relativa ao ensinoque eu considero da maior importância,mas que passou despercebida entre osestudantes em geral e muitoconcretamente aqui em Santarém foi oanúncio por parte do Ministério daEducação da subida da fasquia daformação inicial de professores. É intençãodo Ministério exigir a licenciatura paratodos os professores, incluindo os

educadores de infância. Esta medida a sertomada permite antever a transformaçãodos actuais bacharelatos em licenciaturas,mas acima de tudo vai criar graves tensõesse não for acompanhada de medidascomplementares que permitam aosbacharéis obter, de forma digna (e não deforma administrativa) uma licenciatura.Assim o regime de transição deverá serfeito com cautela e de forma coordenadapara não se desvirtualizar a missão doPolitécnico e para não frustar asexpectativas daqueles que enveredarampor opção por este subsistema.

Por tudo o que aqui foi dito e emboraeste artigo esteja longe duma análiseglobal ao sistema educativo sou levado aconcluir que o ensino superior encontra-senuma crise de identidade, facto a que nãoé alheio certamente o acesso ao mesmo denovas camadas sociais, a respectivadescentralização geográfica e a queda dosvalores colectivistas a favor doindividualismo. Mas acima de tudo oensino deverá ser encarado não como umameta, mas como um meio para aumentar acompetitividade das nossas empresas e obem estar social.

José Luís Carvalho

“ Honesto Estudo com Longa Experiência Misturada”

É esta a divisa da Universidade deÉvora. Sendo esta a segunda Universidadea ter sido construída em Portugal, éperfeitamente compreensível que aexperiência e a tradição académica, sejamvalores a preservar.

Nos claustros desta Universidade,posso afirmar sem receio nenhum, “respira-se história”. É o peso dos séculos, a herançade todos aqueles que por aqui passaram(alunos e professores) e que com a suapassagem, marcaram definitivamente assuas vidas e a evolução da própriaUniversidade.

A meu ver, Évora consegue, porenquanto, manter algumas coisas queconsidero indispensáveis para uma boavida académica: é um meio pequeno emque todos se cruzam, todos se misturam(falo de cursos, evidentemente!) e acima detudo todos se respeitam.

Nos chamados “Locais de culto”, isto é, bares, tabernas, tascas, cafés, etc., difunde-

Notáveis, que, para além de orientarem aspraxes académicas, representam ainstituição nas solenidades maisimportantes.

Um Coisa é certa: tanto em Évora comoem Santarém, há bons e maus alunos, bonse maus professores. Há muita gente quecusta a perceber a diferença entre serestudante e ser universitário! Tudo tem oseu peso, cada coisa tem a sua importância,mas é necessário conjugar o estudo com umtempo de vida que nunca mais voltaremosa ter!

E porque não fazer-vos um convite?Apareçam por Évora na Queima das

Fitas deste ano, e quem sabe, se por entrenoites bem “regadas”, entre petiscos enovas amizades, não vão descobrir umpouco daquilo que vos tenho vindo a falar?

Felicidades para o vosso Politécnico, eViva o Espírito Académico!!

João F. Carapito - Port/Francês U.E.

se o “saber e a experiência” não adquiridosnas salas de aulas, havendo então lugarpara o convívio entre os elementos dosdiferentes cursos da U.E.

Porém, se é na noite eborense,principalmente às quartas e quintas feiras,que todos se reúnem, durante o dia, e vistonão haver lugares suficientes no edifícioprincipal, todos estão em locais diferentes.A Universidade tem apostado em váriospólos, criando diversos edifícios, para queassim possa haver uma separação dosvários departamentos de ensino. Olhandopara tudo isto, e principalmente para ocrescente número de alunos e de residênciasuniversitárias, afirmo que a Universidadeestá a crescer, fazendo votos para que, a estecrescimento, não corresponda uma perda dequalidade.

A fim de preservar a tradiçãoacadémica de que tanto nos orgulhamos, ede fomentar o “espírito académico”, foicriado há já alguns anos o Conselho de

Page 6: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

6

O Ideias

A DET-BIC NA E.S.G.S.

Realizou-se no passado dia 18 deMarço no auditório da nossa escola umseminário sobre a criação de empresasorganizado pelo Núcleo de Estudantesde Gestão de Empresas e com acolaboração do Eng.º Sérgio Rato. Oseminário teve como oradores o Dr.ºFernando Canela e o Dr.º PedroMarques da DET-BIC, um organismoque tem como objectivo protagonizar oinício duma nova etapa nodesenvolvimento regional de Santarématravés da criação de condições eincentivos à criação de empresas. Paraisso a DET possui uma área coberta de5.000 m2 na zona industrial de Santarémpara instalação de empresas. Entre osapoios facultados a quem pretendaconstituir uma empresa contam-se aelaboração de projectos e dossiers decandidatura, formação, apoioadministrativo e logístico,financiamento, etc.

Neste seminário ficámos a saberem primeira mão que a DET-BIC e oInstituto Politécnico de Santarém estãoa negociar a assinatura dum protocoloque vai abranger todas as escolasdaquele Instituto, no entanto não foramavançados quaisquer pormenores umavez que ainda estavam a decorrer asnegociações.

Depois da intervenção dosoradores os alunos tiveramoportunidade de solicitaresclarecimentos sobre a temática dacriação de empresas e sobre o projectoDET-BIC. Nesta altura notámos queembora alguns alunos desejemenveredar pela criação do seu próprionegócio não o pretendem fazer logoapós a conclusão do curso, mas simapós um período durante o qualpretendem adquirir alguma experiênciatrabalhando por conta de outrém. Foi

então que a audiência tomouconhecimento que nos E.U.A. a situaçãoé inversa, ou seja, a maior ambição dosalunos da área da gestão é precisamentea criação da sua empresa logo após aconclusão do curso.

Da documentação distribuída atodos os participantes seleccionámos oexcerto que transcrevemos de seguida jáque nos apercebemos que a maior partedos estudantes não sabia o que era umBIC.

O QUE É UM BIC?

• Um BIC (Business and InnovationCentre) é um organismo de apoio àcriação, dinamização emodernização empresarial.

• Deriva de uma políticaimplementada pela ComissãoEuropeia, através da DG XVI(Direcção Geral das PolíticasRegionais), e teve o seu início em1984.

• Os BIC estão ligados entre si, emtoda a Europa, através da EBN -European Business and InnovationCentre Network , uma rede deparceiros que possibilita o comérciointernacional, a permuta deexperiências e de Know-how e umapolítica efectiva de sinergias.

• O BIC destina-se a empresasexistentes que desejem modernizar-se e implementar novos conceitos deexcelência, bem assim como apromotores com projectos novos quedesejem constituir empresasinovadoras.

• Poderão ser apoiados projectos querevistam carácter inovador, noâmbito da indústria ou dos serviçosauxiliares à indústria.

• É um organismo que produz e

oferece, dentro de um territóriodeterminado e atendendo àspotencialidades empresariaisexistentes, um sistema completo eintegrado de actividades e serviçosde excelência à pequena e médiaempresa, tendo em vista a criação eo desenvolvimento de actividadesinovadoras e independentes.

• Na prática, o BIC produz e oferece:à Promoção de iniciativas

empresariais;à Detecção de projectos de

actividades inovadoras/empreendedores;

à Avaliação e selecção deprojectos;

à Desenvolvimentos de atitudesde gestão;

à Aconselhamento e assistênciaem Marketing;

à Aconselhamento e assistência naelaboração do Plano deNegócios;

à Aconselhamento e assistênciaem áreas tecnológicasespecíficas;

à Acompanhamento no acesso afinanciamentos e apoios;

à Implementação e alojamento deempresas;

à Acesso a serviços logísticoscomuns;

à Acompanhamento pós-arranque, durante 3 anos.

Quem estiver interessado emobter uma cópia da documentaçãodistribuída neste seminário devedirigir-se ao colega Alexandre Silva(presidente do N.E.G.E.).

CONTACTO DA DET-BICTelef.: (043) 3500150Fax: (043) 3500160

Recordações da infância de António GuterresNesta edição rumamos até à

infância do Primeiro Ministro do nossopaís (António Gueterres), pegamos nomapa e na bagagem e viajamos até àregião da beira interior.

Perdida num vale, tendo comohorizonte o mais alto ponto de Portugalcontinental, encontramos umasimpática aldeiazinha muito bem

cuidada, com cheiro a mimosa e ao quede mais puro se sente na natureza.

Com a simpática colaboração daSr.ª Maria de Lurdes começamos anossa viagem ao passado de AntónioGuterres, mais precisamente aomomento do despontar da sua muitoaclamada paixão, a Sr.ª Maria de Lurdesera professora na escola primária das

Donas, e fora da sua ocupaçãoprofissional havia sido solicitada porfamiliares do pequeno Toni (nome peloqual é conhecido na aldeia), paradesempenhar a sua actividade de ummodo particular, solicitação essa que aSr.ª Maria de Lurdes aceitou com gosto.A sua segunda ocupação passou a serdesde então, ensinar a ler e a escrever o

Page 7: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

7

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Abril/1997

pequeno Toni de quatro anos, quepassava uma longa temporada na aldeiajunto dos avós. Como ainda era muitonovinho a professora estabeleceu quenum ano lhe ensinaria a ler e escrever eno ano seguinte a fazer contas, e assimfoi, o pequeno Toni revelou-se um alunomuito aplicado e muito responsável,quando do largo da Igreja via chegar aprofessora largava a brincadeira e ia acorrer para casa buscar a mala para iraprender.

De vez em quando pedia àprofessora se o deixava ir ajudá-la naescola, pedido que era quase sempreaceite e bem vindo, uma vez que uma sóprofessora ensinava os todas as classesdesde a 1ª à 4ª.

Sempre que ia para a escola,“ajudar a professora”, costumavasentar-se junto de um menino commenos capacidade para aprenderchamado Amaral, que à sua maneira lhetentava explicar a matéria dada pelaprofessora, mas vendo que os seusesforços eram em vão e já um poucodesanimado, chegou ao pé da

professora e disse-lhe: “- Minha Sr.ª,temos que escrever uma carta ao Sr.Director...escrever não, melhor, temosque ir falar com o Sr Director parasabermos o que devemos fazer com oAmaral”, deixando a professorasurpreendida com o profundo sentidode hierarquia, e com a demonstradapreocupação em resolver ao mais altonível um problema que o ultrapassava.Desde então a professora acreditou queo pequeno Toni seria alguém muito bemcolocado na vida, embora nuncasuspeitasse que pudesse alguma vezchegar a Primeiro Ministro.

À parte destes episódios,soubemos também que no recreiobrincava com as outras crianças, nãoligava muito a ninhos e a outrasmarotices que se fazem na infância,quando o mundo todo é uma aventurainterminável; ao invés dissoacompanhava o avô pelas muitasfazendas que possuía. Segundo constaera um menino muito aplicado, comuma inteligência acima da média, queao contrário do que se pensa aprendeu

muito facilmente a tabuada e pararesolver contas nunca chegou a contarpelos dedos, aprendeu logo a fazercálculos mentalmente, o quesurpreendeu mais uma vez aprofessora.

Mas um dia partiu para a grandecidade onde cresceu, à pequena aldeiasó voltava para passar as fériasescolares com os avós, raramente se viapelas ruas, ia às fazendas com o avô eregressava a casa onde perdia largashoras a estudar história e a ler livros,visto ser um dos seus passatempospreferidos.

E foi essa pequena aldeia que oviu correr pelas ruas com a mala dascoisas da escola que um dia se encheude orgulho quando o menino Toni foieleito para Primeiro Ministro daRepública Portuguesa. Hoje em dia é oorgulho da pequena aldeia das Donas,nela fomos incapazes de encontrar umhabitante que fosso que não tivesse umaboa imagem do Toni, como ainda étratado por lá.

Luzia Valentim

Coelho & Sá, Lda.INDÚSTRIA ALIMENTAR

DA MELHOR QUALIDADE PARA ENTREGA IMEDIATA TEMOS:

FRUTAS EM CALDAABÓBORA BRANCA • CASCA DE LARANJA • CIDRÃO • TANGERINA

FRUTAS SORTIDA PICADA • ABÓBORA ENCARNADAMARACUJÁ • FIGO • ABÓBORA VERDE • CEREJA VERDE

CEREJA VERMELHA • PÊRA • CHILAFRUTAS CRISTALIZADAS • FRUTOS SECOS

Rua Jacinta Marto, 78 – R/C2495 FÁTIMA – PORTUGAL – Tels.: (049) 53 24 47 / 53 20 45 Fax: 53 14 45

Page 8: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

8

O Ideias

E N G . º R A M O S T O M A P O S S E

Realizou-se no passado dia 16 de Abril a cerimónia de tomada de posse do primeiro Conselho Directivo da nossa Escola.Tomaram posse o Sr. Eng.º Ramos, como Presidente, o Dr. Emílio Mateus e o Dr. Victor Costa, como Vice-Presidentes, o nossocolega José Luís Carvalho, como representante dos alunos e o Dr. Beirante como representante do pessoal não docente.A equipade “O Ideias” deseja aos membros do C.D. as melhores felicitações académicas. De seguida transcrevemos na íntegra o discursoda tomada de posse do primeiro Presidente do C.D.

A Escola Superior de Gestão deSantarém é a mais jovem das trêsEscolas que constituem o InstitutoPolitécnico de Santarém.

Começou a funcionar no ano de1986 com o bacharelato em Gestãode Empresas. Em 1988 iniciou obacharelato em Informática de Gestão,em 1993 o bacharelato em GestãoAutárquica e em 1995 o bacharelato emMarketing. Entretanto, começoutambém a leccionar cursos conferindo ograu de licenciatura: O CESE emMarketing e Consumo (1990), o CESEem Gestão de Cooperativas Agrícolas(1991) e o CESE em Informática eGestão (1994).

Este ano foram ainda aprovadosdois novos CESE’S (ou Licenciaturas),um de Gestão Financeira e outro deGestão Autárquica e Regional, tendo oseu início previsto para Junho eOutubro respectivamente.

A ESGS tem tido, pois, umcrescimento bastante significativo: em11 anos, a sua população escolar passoude apenas 41 alunos, para seractualmente de 1005. A Escola jáformou 312 diplomados com o grau debacharel e 75 licenciados, boa parte dosquais se encontra colocada e emfunções de responsabilidade emempresas, na administração pública,em cooperativas e em autarquias.

Dando corpo à sua missãoenquanto escola do subsistema doensino superior politécnico, a ESGSvem formando técnicos vocacionadospara uma fácil e rápida inserção nomercado de trabalho, constituindo-secomo um dos mais importantes pólosdo saber aplicado de nível superiorexistentes no distrito de Santarém.Nesse sentido, é de realçar que nobacharelato em gestão de empresasfunciona, desde 1986, uma turmanocturna para trabalhadores-estudantes; por outro lado, nafrequência dos CESE’S é atribuídapreferência aos candidatos com práticaprofissional, o que tem contribuídopara que esta instituição sejafrequentada por uma significativa

população de técnicos e quadros deempresas, nomeadamente da região.

Aliás, os cursos de Gestão deCooperativas Agrícolas (CESE) eGestão Autárquica (bacharelato eCESE), vocacionados para o desen-volvimento regional, são pioneiros noPaís – contribuindo de forma muitoparticular para a projecção do nomedesta escola muito para lá dasfronteiras do distrito.

De referir ainda cursos de curtaduração para técnicos de empresas einstituições públicas, designadamente ocurso superior de Gestão Industrialpara a Indústria de Curtumes eIndústria de Bebidas: vinhos ederivados, apoiado financeiramentepelo PEDIP I e o curso de Sensibilizaçãopara a intermunicipalidade, financiadopelo PROFAP.

Para acompanhar tal expansão, aESGS vem reforçando os seus quadrosde pessoal (docente e não-docente) etem prosseguido uma intensa políticade investimento em instalações eequipamentos.

Tendo começado há 11 anos com 9docentes e 7 funcionários, os quadrosde pessoal da escola integram hoje 51docentes e 29 funcionários, enquanto osinvestimentos realizados, ascendem a230.000 contos..

Porém, mais importante do queestes números é o esforço de valo-rização pedagógica e científica que ocorpo docente da ESGS vemdesenvolvendo. Em pouco mais de 6anos, a ESGS passou a contar com osactuais 14 mestres e mais 13 candidatosa mestre e 2 a doutoramento; há queacrescentar ainda 4 docentes comcursos de pós-graduação.

A Escola Superior de Gestão deSantarém também foi das primeiras emPortugal no desenvolvimento deprogramas de cooperação entreinstituições de ensino superiorpolitécnicas europeias, através doPrograma ERASMUS, nomeadamenteno intercâmbio de alunos e naelaboração de “curricula” comuns avárias Escolas Superiores da Europa,

no sentido de permitir oreconhecimento internacional dosdiplomas da ESGS.

Neste quadro, 47 alunosfrequentaram desde 1991, estágios de 3meses em Escolas Superiores Inglesas eFrancesas.

Recentemente, a ESGS integrou umdos programas de avaliação do ensinosuperior consagrados na política doMinistério da Educação e que vemsendo conduzido pelo ConselhoCoordenador dos InstitutosPolitécnicos, tendo concluído a fase deauto-avaliação interna referente aobacharelato em Informática de Gestão.Está já entretanto prevista, para ocorrente ano, a entrada em processo deavaliação em Gestão de Empresas.

Em suma, todo este conjunto deactividades e resultados testemunha aspotencialidades e o dinamismo danossa Escola, confirmando a suaimportância no contexto do subsistemade ensino superior politécnico,incluindo o seu significativo contributopara a valorização sustentada dascapacidades endógenas da região.

Tal só foi possível com interesse ededicação de docentes, funcionários ealunos. A todos, os nossosagradecimentos.

Também é justo agradecer aosmembros das Comissões Instaladoras,nomeadamente à Dr.ª Maria Emília deSousa e à Dr.ª Maria Irene Veloso, pelotrabalho que desenvolveram naexpansão da Escola ao longo de váriosanos.

Minhas senhoras e meus senhores,

No futuro, a ESGS deverá ter umpapel mais dinâmico em matéria decriação e difusão do saber e dainovação, por forma a apoiar asgrandes transformações do tecidoprodutivo regional e encontrar soluçõesadequadas a um desenvolvimentodinâmico e sustentado que conduza àafirmação da nossa Escola comoInstituição de qualidade, cultural esocialmente reconhecida.

Page 9: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

9

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Abril/1997

Para atingirmos este objectivo, anossa acção deverá pautar-se porprincípios de iniciativa, inovação,equidade e transparência, concretizadanas linhas orientadoras da actuação doConselho Directivo a que chamámos“Bases Programáticas” quandoanunciámos a nossa candidatura.

Entre os vectores estratégicos detais linhas orientadoras, permitam-mesalientar:

1º. – O desenvolvimentosustentado da Escola;

2º. – A qualidade e competênciado ensino;

3º. – O enriquecimento cultural ecientífico;

4º. – A ligação da Escola àComunidade;

5ª. – O aperfeiçoamento dascondições de funcionamento daEscola.

Uma grande prioridade destaEscola será a formação dos docentes,visando incrementar rapidamente onúmero dos possuidores de graus demestre e doutor. A obtenção dos grausnão é vista, entretanto, como umsimples objectivo em si, será antes ummeio para o reforço geral da qualidadecientífica e pedagógica do ensino, apromoção das actividades deinvestigação e da revitalização dostermos e da dinâmica com que se vemprocessando a ligação da escola àcomunidade.

Tencionamos, com efeito, dar

particular atenção à forma como aEscola se relaciona com a Comunidade,quer empresas, quer outrasorganizações regionais e locais, com asquais pretendemos estabelecer laços decooperação e intercâmbio.

Assim, pensamos pôr a funcionarrapidamente o Conselho Consultivo daESGS, onde instituições e pessoasrepresentativas da comunidade social eempresarial participem activamente nadefinição dos cursos, programas edemais actividades desta escola, nosdomínios do ensino, da formação, dainvestigação e da consultadoria.

Uma grande preocupação serátambém, neste contexto, a de viabilizarsaídas profissionais para os nossosestudantes, através de apoios à suainserção no mercado de trabalho, ou aprocessos de criação do próprioemprego ou iniciativas empresariais.

Refira-se ainda a continuação deuma intensiva política de investimentoque começará pelo financiamento eacompanhamento dos projectos jádesencadeados – um novo edifício paraa Biblioteca e as redes Intra e Internet.

É de mais elementar justiça umapalavra de agradecimento ereconhecimento a todas as Presidênciasdo I.P.S., por toda atenção e apoio queao longo destes 11 anos de vida emcomum nos tem dispensado, e estamoscertos, será prosseguida e renovada –como tem acontecido ultimamente –com os novos corpos directivos do

I.P.S., presididos pelo Senhor Prof.Doutor Jorge Justino. Igualmente umapalavra de amizade, colaboração e desolidariedade com os demais órgãosinstitucionais do I.P.S. e das outrasEscolas do nosso Politécnico.

Minhas senhoras e meus senhores,

A concluir, gostaríamos de reiterarque o Conselho Directivo da ESGS, emarticulação com os demais órgãos degestão, procurará contribuir para que anossa Escola seja uma instituiçãoprestigiada, reconhecida pelo rigor equalidade do seu ensino. Para isso éessencial um ambiente de estabilidadena Escola que permita criar um climade harmonia, cooperação e bomfuncionamento.

Pessoalmente, procurarei pautar aminha acção por princípios de inserção,rigor e diálogo franco e aberto, comtodos os docentes, discentes efuncionários da nossa Escola.

Cientes destes desafios, iremosprocurar contribuir com o melhor donosso esforço e dedicação para que aEscola Superior de Gestão de Santarémseja um Centro de Excelência no ensinoe formação em Gestão.

Muito sensibilizado pela vossapresença e atenção, contarei com avossa futura colaboração, que desde já,reconhecidamente agradeço.

Bem hajam.

Page 10: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

1 0

O Ideias

ENTREVISTA A RENATO MARTINS (estudante de Teologia)

Nesta edição decidimos publicar uma entrevista que fizemos ao único estudante de Teologia na Ordem dos Beneditinosem Portugal. Esta entrevista assumiu mais a forma duma conversa informal do que propriamente duma entrevista uma vez que

o Renato é acima de tudo amigo de membros da direcção de “O Ideias”. Aqui fica um excerto dessa conversa:

IDEIAS: Quando e em quecircunstâncias decidiste enveredar pelavida monástica?

Renato: A decisão final tomei-a hádois anos e meio porque já tinha aintenção de seguir a vida religiosa.

IDEIAS: Foste influenciado poralguém?

Renato: Não, foi uma ideia apenasminha que me surgiu aos 15 anos. Aliásantes de entrar para o Mosteiro fiz umacaminhada espiritual com o meu padre,o senhor padre Armando, eprimeiramente estive a pensar entrar noSeminário.

IDEIAS: E porque é quedecidiste ir para o Mosteiro e não parao Seminário?

Renato: Porque entretanto conhecia Ordem Beneditina pela qual fiqueimaravilhado através de vários contactosque tive com ela durante 6 meses.

IDEIAS: Em que consistiamesses contactos?

Renato: Esses contactosconsistiam em semanas de reflexão queeu fazia com os monges, em visitasregulares, em telefonemas, etc.

IDEIAS: Que achas da sociedadede hoje?

Renato: É uma sociedade cada vezmais materialista.

IDEIAS: E como é que as pessoasque te rodeiam (e que fazem parte dessasociedade materialista) reagiram à tuaopção pela vida monástica?

Renato: Reagiram duma formaum pouco superficial. De início nemacreditaram.

IDEIAS: Não acreditaramporquê? Tu também eras muitomaterialista?

Renato: Não, mas para os jovensde 20 anos acaba por ser difícilcompreender uma decisão destas.

IDEIAS: Então como explicas atua opção por uma vida mais espirituale menos material?

Renato: Porque sou um poucocrítico.

IDEIAS: Mas ainda no últimoSábado o Padre Víctor Melícias dizia naTSF em “O Grande Júri” que a Igreja é

muito pouco crítica e que vive fechadasobre si própria. Não achas que nestecontexto o teu sucesso espiritual estáum pouco condicionado?

Renato: Eu penso que a Igrejadeve ser cada vez mais interventiva eque devem ser alterados os hábitos decertas pessoas dentro da Igreja queseguem uma linha que nada tem a vercom a intervenção social e que se limitama pensar na sua vida e nos seus interessespessoais.

IDEIAS: E essa actuação ébenéfica para a Igreja?

Renato: Dentro dum determinadopensamento poderá ser porque impedeque se levantem determinadas questões.

IDEIAS: Estás a referir-te àsquestões mais polémicas para a Igreja?

Renato: Sim.IDEIAS: E não seria mais

benéfico para a Igreja levantar apolémica? Acabar com esses tabus...

Renato: Não porque a Igreja é umainstituição que não quer assumirdeterminados protagonismos.

IDEIAS: Por isso é que aspessoas se vão afastando cada vez maisda Igreja.

Renato: De facto há pessoas que sevão apercebendo da incapacidade daIgreja em acompanhar certas evoluções epor isso vão-se afastando destainstituição.

IDEIAS: Que lias quandofrequentavas o liceu?

Renato: Guerra Junqueiro, LídiaJorge, Manuel da Fonseca, FernandoPessoa, entre outros.

IDEIAS: Noto que só estás amencionar escritores do século XX.Nunca leste Bocage, Fialho de Almeida,António Feliciano de Castilho...

Renato: Não, mas cheguei a lerEça de Queirós, por exemplo.

IDEIAS: E José Saramago?Renato: Também já li alguns dos

seus livros!IDEIAS: Mas José Saramago é

um não crente...Renato: Devo dizer que li José

Saramago essencialmente por influênciados meus pais. De qualquer das formas

mais que um não crente é um anti-cristão.

IDEIAS: Que achas, porexemplo, de “O Memorial doConvento”?

Renato: É uma crítica à Igreja queJosé Saramago aprofunda em “OEvangelho Segundo Jesus Cristo”.

IDEIAS: E essa crítica é umacrítica absurda dum homem que nuncaentrou numa Igreja ou estádevidamente fundamentada?

Renato: É uma crítica dumhomem de esquerda e há homens deesquerda que gostam de criticar tudo etodos, principalmente as instituições queestão arreigadas no nosso país.

IDEIAS: São contra o poderestabelecido, é isso?

Renato: Sim.IDEIAS: Estás a referir-te à

extrema esquerda?Renato: Sim.IDEIAS: Portanto ao PCP?Renato: Não. O PCP é um partido

de esquerda, mas não de extremaesquerda.

IDEIAS: E o PS é de direita?Renato: Não. É um partido do

centro.IDEIAS: Já agora onde situas o

PP e o PSD?Renato: O PP é um partido

deliberadamente de direita e o PSD umpartido liberal.

IDEIAS: De extrema esquerdaserá por exemplo um partido deinspiração Trotskista?

Renato: Sim, como o PSR.IDEIAS: O comunismo e a Igreja

Católica são compatíveis?Renato: Não.IDEIAS: Então como explicas a

existência de “Padres Vermelhos”?Renato: Esses padres ligam-se a

esses partidos para irem contradeterminadas coisas que estão mal nasociedade, mas não quer dizer queestejam a defender deliberadamente asideias comunistas.

IDEIAS: Como é que é a vida noMosteiro?

Renato: É uma vida de oração por

Page 11: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

1 1

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Abril/1997

todos os cristãos.IDEIAS: São vocês que

produzem quase tudo o quenecessitam, não é verdade?

Renato: Sim. O Mosteiro tem umaQuinta e são os monges que cultivam aterra e tratam do gado.

IDEIAS: Que culturas têm?Renato: Batatas, feijões, tomate,

couves, alfaces, vinha, laranjeiras e alémdisto temos também um aviário e umavacaria onde a Gresso vai buscarcarregamentos de leite.

IDEIAS: Então também são vocêsque produzem o queijo eeventualmente os iogurtes queconsomem?

Renato: O queijo sim, os iogurtesnão porque são considerados como umbem supérfluo.

IDEIAS: Que outros produtossão considerados supérfluos?

Renato: Batatas fritas (dessas daMatutano), pastilhas elásticas, bebidasalcoólicas, hamburgueres, entreoutros.

IDEIAS: Mas vocêstêm uma vinha. É só paracomer as uvas?

Renato: Ovinho vendemo-loe o que consu-mimos é apenasem alturas defesta.

IDEIAS:Em que anofoi fundado aO r d e mBeneditina?

Renato: Em 560 naItália. Em Portugal a Ordemestá implantada há 400 anos e temcá um Mosteiro embora já tivessem sido22 mosteiros só que com a política do“mata frades” (Marquês de Pombal) osmosteiros fecharam quase todos.

IDEIAS: Isso tem a ver com acentralização do poder no reinado de D.José, não?

Renato: Sim, foi devido a isso quea Igreja passou tempos difíceis. A Ordemfoi fechada e só houve umrecrudescimento a partir de 1832.

IDEIAS: Como é a vida dumjovem como tu no Mosteiro?

Renato: Há que levantar às 6,5 hpara a Consagração dentro da Eucaristiaà qual se segue a Oração da Manhã.Depois toma-se o pequeno almoço vai-separa a faculdade e antes do almoço

temos a oração intermédia. Depois dealmoço ia trabalhar para o campo.

IDEIAS: O que é que os jovensque se reuniam contigo nos intervalospensavam acerca do casamento dospadres?

Renato: Os do Clero Regular nãoeram propriamente a favor dada aespecificidade da sua missão eclesiástica,no entanto a maior parte dos jovens quepertenciam ao Clero Secular defendiamo casamento dos padres.

IDEIAS: Quer dizer que ocasamento dos padres vai ser permitidojá no séc. XXI?

Renato: Talvez na 2.ª metadeIDEIAS: O uso do preservativo impedea propagação da sida. Achas quedevemos usar preservativos?

Renato: Apesar de estar a pensarem seguir a vida religiosa penso que sim.Será sobretudo positivo para os paísesdo terceiro mundo para impedir quecontinuem a morrer pessoas com essadoença.

IDEIAS: Então porque é quea Igreja é contra o uso do

preservativo?R e n a t o :

P o r q u etra ta -se

d eideias que

já vêm de hámuito tempo e a

Igreja é infle-xível no que dizrespeito a ideias que já têm muitos

anos e até séculos e além disso tambémpor uma questão bíblica, uma vez que ouso do preservativo impede apropagação da raça.

IDEIAS: Durante todo o tempoem que estiveste no Mosteiro o que éque mais te marcou do ponto de vistapessoal?

Renato: Houve várias coisas queme marcaram pessoalmente, masenquanto eu estive lá uma das coisas quemais me impressionou e que eu nãogostava nada era ver pessoas quepassavam fome, que eu sei quepassavam fome, e davam bens à Igrejacom aquela ideia de vida eterna e comcrenças que criavam devido aos seusproblemas. Isto entristecia-me muitasvezes.

A nossa sociedade está feita de talmaneira que há uns que são cada vezmais ricos e outros que são cada vez maispobres.

IDEIAS: Outro assunto polémicoé a ordenação de mulheres.

Renato: Já é feito na Igreja CatólicaProtestante, mas na Igreja Católica doVaticano não será possível tão cedoporque está na Bíblia que a mulher foifeita para o Homem, tanto que nasceu dacostela de Adão.

IDEIAS: À luz da Bíblia oHomem foi concebido em barro porDeus e a mulher foi feita apenas dumacostela de Adão. Isso não é sub-estimaro papel da mulher?

Renato: Não porque a mulher temo seu papel dentro da sociedade, noentanto o Homem pelo seu físico e pelasua compleição é totalmente diferente damulher...

IDEIAS: Graças a Deus, não é?Renato: (Risos).IDEIAS: A Igreja é

tendencialmente conservadora.Concordas?

Renato: Sim, mas agora menos.IDEIAS: Na Idade Média era

proibido fazer amor aos domingos...Renato: Fazer amor e trabalhar...IDEIAS: Bem, mas fazer amor

também é trabalhar...Renato: (Risos). De facto é

trabalhar para qualquer coisa. Nós senão fosse esse trabalho não estaríamosaqui. Somos obra dessa criação.

IDEIAS: Mas actualmente aIgreja já não condena que se faça amoraos domingos?

Renato: Não.IDEIAS: Nessa altura quando

uma mulher dava à luz um filho quepensasse ter sido “feito” num Domingoo recém nascido era morto. A Igreja nãose sente culpada por isso?

Renato: A Igreja ao longo daHistória cometeu alguns erros comoqualquer instituição. Sente-se de certaforma culpada, mas isso são questõesultrapassadas. O regime da UniãoSoviética também matou muitas pessoas.É humanamente impossível haver umasociedade perfeita.

IDEIAS: Mas a Igreja prima poruma sociedade perfeita, sem sofrimentoe sem miséria. Isso não será lutar poruma causa perdida?

Renato: Não há causas perdidas.

José Luís Carvalho

Page 12: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii
Page 13: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

Março 97 Ano III Nº 12 50$00

S U M Á R I O

Pág. 2Pág. 2Pág. 2Pág. 2Pág. 2 Entrevista com Nuno DiasEntrevista com Nuno DiasEntrevista com Nuno DiasEntrevista com Nuno DiasEntrevista com Nuno Dias

Pág. 3Pág. 3Pág. 3Pág. 3Pág. 3 Um Gesto de DesafioUm Gesto de DesafioUm Gesto de DesafioUm Gesto de DesafioUm Gesto de Desafio

Pág. 4Pág. 4Pág. 4Pág. 4Pág. 4 Entrevista com o Presidente daEntrevista com o Presidente daEntrevista com o Presidente daEntrevista com o Presidente daEntrevista com o Presidente daAE, Luís CaetanoAE, Luís CaetanoAE, Luís CaetanoAE, Luís CaetanoAE, Luís Caetano

Pág. 7Pág. 7Pág. 7Pág. 7Pág. 7 Moeda ÚnicaMoeda ÚnicaMoeda ÚnicaMoeda ÚnicaMoeda Única

Pág. 8Pág. 8Pág. 8Pág. 8Pág. 8 O Que é a QualidadeO Que é a QualidadeO Que é a QualidadeO Que é a QualidadeO Que é a Qualidade

Pág. 9Pág. 9Pág. 9Pág. 9Pág. 9 Apoio a Jovens EmpresáriosApoio a Jovens EmpresáriosApoio a Jovens EmpresáriosApoio a Jovens EmpresáriosApoio a Jovens Empresários

Pág. 10Pág. 10Pág. 10Pág. 10Pág. 10 Como Escolher um ComputadorComo Escolher um ComputadorComo Escolher um ComputadorComo Escolher um ComputadorComo Escolher um Computador

Pág. 12Pág. 12Pág. 12Pág. 12Pág. 12 Núcleos de Informática eNúcleos de Informática eNúcleos de Informática eNúcleos de Informática eNúcleos de Informática eMarketingMarketingMarketingMarketingMarketing

CHARLOTBAR

"O seu espaço"

Finalmente chegou a edição dePrimavera do Ideias, e mais do que nunca

os momentos de poesia estão repletos demagia e misticismo, envolvendo quase

sempre um dos sentimentos mais complexos: oAmor.

Surpreende-me saber que na nossa escolaexistem tantos poetas, eu mesma, envolvida na onda e

na minha própria ingenuidade, cheguei a pensar quetambém conseguiria criar um momento de poesia, bastandopara isso um instante e um objecto de inspiração, e lancei-mena aventura chegando a desafiar alguém para escrever umpoema melhor do que o que eu iria escrever. Tudo isto porqueao ler os poemas feitos pelos nossos colegas fica-se com aimpressão de que a poesia é uma forma de expressão bastantefácil, as coisas fluem com uma harmonia tamanha queparecem naturais, mas confesso... apenas consegui fazer meiasquadras, quando achava que finalmente tinha criado uma ouo enredo não fazia sentido ou faltava-me uma palavra pararimar com a correspondente, cheguei a passar um dia a tentarencontrar algo que rimasse com “imagem” e que desse a notafinal que faltava para ter uma quadra, mas tudo foi em vão, édifícil escrever poesia, pintar o mundo de sentimentosinteriores, e exprimi-los com uma suave melodia de palavrasque nos transporta para uma admirável sensação de perfeiçãoe harmonia. Por isso decidi suspender a minha luta, mas juroque não desisto, um dia destes surpreendo-vos - mesmo queseja pela negativa - com um poema da minha autoria, decerteza que irei encontrar algo que rime com “imagem”... bem,pensando melhor vou prometer só uma simples quadra,porque todos sabemos que pau que nasce torto jamais seendireita e não vou forçar uma aptidão poética quedecididamente não quis nada comigo.

O que eu gosto mesmo é de escrever livremente sempreocupações de rima ou de métrica, gosto de brincar com aspalavras e construir imagens mesmo que para a maioria daspessoas não façam sentido, eu sinto-as quando as escrevo emais tarde quando as releio, acho que se acontecesse o mesmocom todos, quando nos assalta uma vontade enorme de pegarnuma caneta e através dela transportar para o papel o que nosvai na alma. E se a poesia é, segundo o dicionário “...uma obrade arte escrita em verso, uma elevação de ideias...”, a prosa éa mesma arte literária com a mesma capacidade de despir aalma e de mostrar a beleza dos sentimentos que a inspiramsem necessitar para isso de constituir verso. A todos os poetase menos poetas e a todas as musas inspiradoras o Ideias desejaumas boas férias da páscoa, e faz votos para que apreciem avida que nos envolve, e já agora escrevam, escrevam muitoabstraiam-se por momentos das matérias escolares e criemimagens escritas sentimentos expressos no papel em prosa ouem verso, e se estiverem de acordo partilhem esses momentosconnosco na próxima edição, até lá...

Luzia Valentim

Page 14: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

O Ideias

2

Entrevista com...

Nuno dias (Secretário do NEGE)

O Jornal "O Ideias" épublicado nos meses deJaneiro, Março, Abril, Maio,Junho, Novembro e Dezembrocom uma tiragem de 600exemplares.

Pode ser fotocopiadopara distribuição gratuita.

Endereço para contactos:Jornal "O Ideias" - Escola Superior deGestão de SantarémComplexo AndaluzApartado 2952003 Santarém CodexTel.:332121 Fax: 332152

Directora: Luzia ValentimRedacção: José Luís Carvalho, NunoBernardo e António BraçaisMontagem: Rui Costa e Hugo MatosRevisão: José Luís CarvalhoPublicidade: Luzia Valentim e RuiCostaImpressão: Tipografia Escolar

Fic

ha

Técn

ica

O Ideias: O que é que te levou aaceitar o convite do actual presidente doNEGE para integrares uma lista paraesta estrutura associativa?

Nuno Dias: Aceitei o convite doAlexandre porque era um desafio novoque achei aliciante e desta forma teria aoportunidade de fazer algo pela nossaescola e pelo nosso curso. Fazer parte doNEGE permitir-me-ia ajudar a valorizare dar a conhecer a nossa escola no"mundo exterior", e para isso estamos jáa organizar algumas conferências, epara as quais pedia desde já aparticipação de todos. A próximaconferência terá lugar no dia 18 deMarço. Provavelmente na altura em queo jornal sair já essa conferência se terárealizado e eu espero que tenha corridobem e que toda a gente tenha tirado omáximo proveito dela. Além destaconferência já estão programadas outrasque serão devidamente publicitadas naaltura certa.

O Ideias: Como é a tua relação como Alexandre (actual presidente doNEGE)?

Nuno Dias: A minha relação com oAlexandre é a melhor que poderia ser,como afinal sempre foi. De facto já háalguns anos que somos colegas e semprenos demos bem, aliás esta é a minharelação com todas as pessoas do NEGE,pois no fundo este tipo derelacionamento acaba por se traduzirnuma forma de agradecimento a todosos colegas que depositaram confiançaem nós nas últimas eleições.

O Ideias: Como vês pessoalmente aintegração do NEGE na A.E.?

Nuno Dias: A integração do NEGEna A.E. é algo sempre favorável aosalunos da escola, pois diz o ditado e arazão que "a união faz a força". De facto

esta integração permite umacolaboração mais estreita entre aAssociação de Estudantes e o Núcleocom vista à criação de sinergias sem quehaja uma perda de autonomia por partedo NEGE. Em reunião que tive com aAssociação de Estudantes foi esta aideia que ficou do que seria a integraçãodo NEGE e dos restantes núcleos naA.E.

O Ideias: Todos sabemos que tenspreconizado algumas críticas a algunsaspectos pedagógicos referentes aoensino na nossa escola. O que é que emtua opinião deve ser feito para melhorartanto a qualidade do ensino como ascondições de trabalho dos alunos?

Nuno Dias: Tenho feito críticas nãosó a aspectos pedagógicos, embora eupense que muita coisa possa ser feita navertente pedagógica, nomeadamenteagora que estamos a sair do regime deinstalação, que embora fosse provisório,já parecia definitivo. Agora as coisas vãomudar um pouco porque os alunospassam a ter mais poderes, uma vez quepassam a ter a faculdade de eleger osseus representantes para os órgãos degestão da Escola e desta forma teremosa faculdade de assumir nos órgãospróprios as nossas posições.

Situações como a avaliação contínuaque é propagada, mas não respeitadapor alguns professores ou o facto dosprofessores nunca nos facultarem acorrecção das frequências e dos exames,ao contrário do que acontece em outrosestabelecimentos, para que fiquemos asaber qual a faixa de raciocínio quepretendem são situações que a meu verdevem acabar. Outra coisa que eugostaria de ver era os professores aelaborarem manuais escolares emconjunto com os núcleos e ver facultado

o acesso am e l h o requipamentoinformático.

O Ideias:Quais ase s p e r a n ç a sque depositasno futuro danossa escola,agora que estamos a deixar o regime deinstalação?

Nuno Dias: Deposito boasesperanças no futuro da nossa escola,pois de agora em diante e deixando oregime de instalação para trás os alunosvão participar um pouco mais nasacções de divulgação da escola. Alémdisso será criado o Gabinete deComunicação e Relações com o exteriorque em conjunto com os núcleos e atémesmo com "O Ideias", julgo poderemimpulsionar um pouco mais dedinamismo à escola tanto a nível internocomo a nível externo.

O Ideias: O que é mais importantepara ti: ser um bom estudante ou umbom aluno?

Nuno Dias: Ser um bom aluno ésempre importante, mas acima disso háque ser um bom estudante, pois não nosdevemos preocupar só com as boasnotas, mas também com a actividadeassociativa. De facto se virmos bem umbom aluno só contribui para apromoção da imagem da escola ao nívelde estatísticas pelo facto de tirar boasnotas, pelo contrário um bom estudantevai muito mais longe ao sacrificar a suavida pessoal e escolar para fazer algo demuito mais útil para a escola que vaimuito para além duma mera estatística.

Page 15: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Março/1997

1 5

Qualidade gráfica; orealismo supera todas asexpectativas.

Pentium a 133 para correrem SVGA com boas prestações;dados da temporada 1994/95.

Para quem se deixa fascinar pelosjogos de simulação automóvel, maisprecisamente pela condução de umFórmula 1, decerto que este jogo não lhevai passar despercebido, ainda mais sejá conhecia o seu antecessor.

As diferenças entre este (F1GP2) e oseu antecessor são extraordinárias,desde a qualidadegráfica coms u p r e m o sgráficos emSVGA quevão até aop o r m e n o r(chamada de atenção para a pistade Monaco - Monte Carlo, de onde serealça de tudo o resto os majestososedifícios e o já bem conhecido túnel); aexcelente qualidade sonora, que realçamuito bem os regimes altos dos baixossincronizados pela caixa de velocidades... até à condução que simplesmente éhiper-realista, dando ao utilizador asensação de estar ao volante de ummonovolume de fórmula 1 (se tiveroportunidade experimente os acessórios- volante e pedais que ligados ao seucomputador o vão tornar numverdadeiro piloto de F1, sem ter de sairde casa).

Quanto ao jogo em si, não existempalavras que o definam, certamente omelhor será experimentá-lo mas aquivão algumas opiniões minhas.

Se pretende jogar este jogo com omáximo de veracidade possível, desdejá lhe recomendo a pensar em tudo

antes de começar a sua prova, ou seja,todos os aspectos são cruciais para serbem sucedido, desde a preparação totaldo carro (pneus, suspensão, quantidadede combustível a utilizar, enfim todoum trabalho de boxes) passando pelaanálise da pista (zonas críticas, locaismais propícios a acelerações, ascondições atmosféricas .. .) e até o

número de paragens naboxe, de modo

a nãodespenderm u i t odo seuprecioso

tempo. Como já se apercebeu, não bastaser bom piloto é necessário umaestratégia bem definida para sealcançarem os objectivos pretendidos.

Tem essencialmente duas opçõespara usar este jogo: a realização de umcampeonato, ou simplesmente praticar(quick race) numa das várias pistas quetem à sua escolha e que vou passar areferir:

Brasil -InterlagosPacífico - AidaSan Marino - ImolaMonaco - Monte CarloEspanha - MontmelóCanadá - Gilles Villeneuve(Montreal)França - Magny CoursInglaterra - SilverstoneAlemanha - HockenheimHungria - HungaroringBélgica - Spa Francorchamps

Itália - MonzaPortugal - EstorilEuropa - JerezJapão - SuzukaAustrália - AdeleideApesar de todas as qualidades do

F1GP2, alguns fãs mais fiéis e exigentesda Fórmula 1 não estão totalmentecontentes, devido ao facto de que todosos dados, assim como estatísticas eoutros aspectos, estarem de acordo como campeonato da temporada 94/95,facto em parte devido ao atraso delançamento (à data deste artigo já estejogo tinha sido lançado para o mercadohá alguns meses) o que trouxe aindamais ansiedade ao público que decertocorreria para o adquirir.

De qualquer modo, estou certo quenão será este contratempo que vai“estragar” a excelente obra de arte daMicropose, aliás esta já facturoubastante e penso que ainda vai facturarmais.

Conduzam com precaução !!!Nuno Bernardo

P o n t u a ç ã o

Viúva 6 vezes ...ainda virgem

Uma vúva casada pela 6ª vez, na noite de núpciasdisse carinhosamente ao marido:- Benzinho, sou virgem!- Como ? Se já foste casada seis vezes !!!- Sim, respondeu ela, mas aconteceu o seguinte:

• O 1º era político, só prometia, nada fazia;• O 2º era médico, só apalpava;• O 3º era coveiro aposentado, não enterrava mais;• O 4º era juiz do interior, não tinha vara;• O 5º era do PS, quando estava por cima não fazia

nada;E agora, a minha esperança é você, meu amor.- Por mim, minha filha, você continuará virgem porquesou do PRD e só faço planos.

Jogos para ComputadorFormula One Grand Prix 2

Page 16: N.º 13 o ideias   abril 97 ano iii

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

1 6

O Ideias