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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS BRAGANÇA Professor Gustavo da Silva Salles, Curso Técnico em Edificações, Notas de Aula de Patologia das Construções. Página 1 Curso: Técnico em Edificações. Professor: Gustavo da Silva Salles. Disciplina: Patologia das Construções. Carga Horária: 80 h. Ementa: 1- Conceitos Fundamentais. 2- Patologia e Técnicas de Manutenção das Fachadas. 3- Patologia e Técnicas de Manutenção das Estruturas: Métodos de Avaliação do Concreto; Reparo e Programa de Manutenção de Estruturas. 4- Patologia e Técnicas de Manutenção das Alvenarias. 5- Patologia e Técnicas de Manutenção das Pinturas. Bibliografia: Básica: THOMAZ RIPPER. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. Editora PINI. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (RJ). Manutenção de Edificações – Procedimento: NBR 5674/80. Rio de Janeiro, 1980. Manual de Operação, uso e manutenção das edificações Conteúdo e recomendações para a elaboração e apresentação: NBR 14037/98. Rio de Janeiro, 1998. Thomaz, Ercio. Trincas em Edifícios - Causas, Prevenção e Recuperação. São Paulo: Pini. Complementar: PAULO FERNANDO A. SILVA. Manual de Patologia e Manutenção de Pavimentos (2ª edição). Editora PINI.

Notas de Aula de Patologia Das Construções

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Notas de aula da disciplina Patologia das Construções do curso de Edificações.

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Curso: Técnico em Edificações. Professor: Gustavo da Silva Salles. Disciplina: Patologia das Construções. Carga Horária: 80 h.

Ementa: 1- Conceitos Fundamentais.

2- Patologia e Técnicas de Manutenção das Fachadas.

3- Patologia e Técnicas de Manutenção das Estruturas: Métodos de Avaliação do Concreto; Reparo e Programa de Manutenção de Estruturas.

4- Patologia e Técnicas de Manutenção das Alvenarias.

5- Patologia e Técnicas de Manutenção das Pinturas.

Bibliografia:

Básica:

THOMAZ RIPPER. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. Editora PINI.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (RJ). Manutenção de Edificações – Procedimento: NBR 5674/80. Rio de Janeiro, 1980.

Manual de Operação, uso e manutenção das edificações – Conteúdo e recomendações para a elaboração e apresentação: NBR 14037/98. Rio de Janeiro, 1998.

Thomaz, Ercio. Trincas em Edifícios - Causas, Prevenção e Recuperação. São Paulo: Pini.

Complementar:

PAULO FERNANDO A. SILVA. Manual de Patologia e Manutenção de Pavimentos (2ª edição). Editora PINI.

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Capítulo 1: Conceitos Fundamentais.

Objetivos:

Após estudar este capítulo, o discente deverá estar apto a:

Compreender os conceitos fundamentais acerca das Patologias da Construção e aplicá-los de forma apropriada.

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1 – Conceitos Fundamentais.

1.1 – Introdução.

A Patologia das Construções é uma ciência que se propõe ao estudo dos problemas que prejudicam o desempenho das edificações e de obras especiais, como pontes, barragens e estradas. As edificações possuem características, relacionadas ao seu uso, que devem se manter ao longo do tempo para que possam continuar em serviço.

Os problemas patológicos geralmente estão relacionados a uma perda de desempenho apresentada por um determinado componente da edificação ou pela edificação como um todo. Tais problemas são devidos não só a erros ou falhas cometidas em uma das etapas do processo da construção, mas também durante o seu uso.

Os sintomas geralmente são percebidos quando a construção passa a ser utilizada. Além disso, toda construção tem um tempo de utilização ou “vida útil” limitado. Dessa forma, o envelhecimento deve ser acompanhado de forma a possibilitar que sejam realizadas as atividades para conservação da construção dentro dos requisitos de desempenho requeridos.

Como toda ciência, a Patologia das Construções está amparada por um método. O técnico irá realizar uma investigação que tem como principal estratégia a inspeção da edificação, com o intuito de identificar os sintomas e suas prováveis causas. Além disso, será realizada uma anamnese para obter informações sobre a construção e realizados ensaios laboratoriais para que se tenham subsídios suficientes para diagnosticar o problema e assim prescrever a terapêutica.

1.2 – Conceitos Fundamentais.

Desempenho.

Entende-se por desempenho o comportamento de um produto, componente ou edificação em relação ao seu uso.

A metodologia básica para aplicação do conceito de desempenho pode ser resumida como a definição de condições quantitativas e qualitativas a serem atendidas pelo edifício e suas partes, a partir das exigências do usuário a serem satisfeitas nas condições de exposição a que será submetido o edifício. Durabilidade.

É a capacidade que um produto, componente ou construção possui de manter o seu desempenho acima de níveis mínimos especificados, de maneira a atender às exigências dos usuários, em cada situação específica (CIB W80/RILEM 71 -PSL, 1983).

O Eurocode No. 2 (1989), define que para assegurar uma adequada durabilidade das estruturas, os seguintes fatores inter-relacionados deverão ser considerados:

o uso da estrutura; os critérios requeridos para o desempenho; as condições de exposição no meio ambiente; as propriedades, composições e desempenho dos materiais; tipos dos elementos e o detalhamento estrutural; a qualidade de mão de obra e nível de controle; as medidas particulares de proteção; e

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a provável manutenção durante a pretendida vida útil.

Vida Útil.

Segundo ASTM, a vida útil ou vida em serviço de um material ou componente de uma edificação é o período de tempo, depois da instalação em que todas as propriedades são superiores a um valor mínimo aceitável, quando rotineiramente mantidos.

Pode-se, ainda, expandir o conceito de vida útil, analisando-o por partes, da seguinte forma:

Vida útil: período de tempo durante o qual o edifício, ou suas partes, mantêm o desempenho esperado, quando submetido apenas às atividades de manutenção pré-definidas em projeto.

Vida útil requerida: vida útil definida para atender às exigências do usuário (a ser estabelecida em projeto ou em especificações de desempenho).

Vida útil de projeto: vida útil requerida para o edifício ou para uma de suas sua partes, pré-estabelecida na etapa de projeto, estimada subjetivamente a partir de modelos de deterioração.

Vida útil de serviço: vai até o surgimento de manifestações patológicas inadmissíveis.

Vida útil residual: estimada ou avaliada em condições de ocorrência de manifestações patológicas inadmissíveis.

Vida útil total: até a ruptura ou colapso parcial.

Patologia.

Entende-se por patologia a perda de desempenho de um produto, componente, ou construção devido a erros de:

planejamento; projeto; execução; fabricação de materiais fora do canteiro; uso; e deterioração precoce (antes do término da vida útil de projeto) proveniente de

sua interação com o meio ambiente.

A Patologia das Construções pode ser entendida com a parte da engenharia que estuda: os sintomas; o mecanismo; as causas; e as origens dos defeitos das construções.

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A compreensão das manifestações patológicas, seus fenômenos e mecanismos é importante tanto nas intervenções de recuperação, como também na produção de obras mais duráveis.

Manutenção.

É conjunto de atividades desenvolvidas com o objetivo de manter a edificação com suas características de segurança, funcionalidade desempenho e estética previstas, dentro de custos pré-definidos.

Manutenção Preventiva.

As várias causas e necessidades de intervenção nas edificações estão muitas vezes associadas a não inclusão de manutenção preventiva nas fases de planejamento e execução, o que pode levar a elevados custos de manutenção corretiva.

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Capítulo 2: Patologia e Técnicas de Manutenção das Fachadas.

Objetivos:

Após estudar este capítulo, o discente deverá estar apto a:

Reconhecer as principais patologias que acometem as fachadas das edificações.

Discerni-las conforme gênese e tipo, enumerar suas possíveis causas e auxiliar na

sugestão de aplicação de técnicas corretivas ou remediadoras de seus efeitos.

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2 - Patologia e Técnicas de Manutenção das Fachadas.

2.1 – Introdução.

Ao processo de concepção e detalhamento de fachadas, normalmente, não é dada a devida atenção, por parte dos empreendedores, construtores e projetistas. Além disso, os projetos de arquitetura, estrutura, alvenaria e esquadrias muitas vezes são desenvolvidos sem a definição do produto final que será aplicado na fachada.

Assim, podemos afirmar que a falta de observação a qualquer elemento, mesmo que considerado insignificante, no que diz respeito à qualidade dos materiais, ao projeto e à construção da fachada afeta, certamente, a imagem do edifício e, provavelmente, tornará muito mais difícil e dispendiosa sua correção.

2.2 – Gênese.

De acordo com o que se observa, pode-se sintetizar as origens para o aparecimento de manifestações patológicas nas fachadas das edificações decorrentes de falhas em pelo menos um dos itens a seguir.

Materiais: utilização de componentes (cerâmica, juntas, rejuntes, argamassa de assentamento, cimento, cal, areia e suas misturas) em desacordo com as especificações e recomendações da normalização brasileira, ou quando da sua inexistência, de normas internacionais e pesquisas já realizadas.

Projeto: todos os aspectos ligados à concepção da edificação, desde a falta de coordenação entre projetos, escolha de materiais inadequados, até a negligência quanto a aspectos básicos como o posicionamento de juntas de trabalho e telas de reforço (metálicas ou plásticas).

Produção: envolve o controle de recebimento dos materiais, preparação das misturas, obediência aos prazos mínimos para a liberação dos serviços e, principalmente, o acompanhamento da execução de todas as camadas do sistema, sobretudo o assentamento das placas cerâmicas.

Uso: trata dos fatores ligados à operação durante a vida do componente e, fundamentalmente, às atividades de manutenção requeridas para um desempenho adequado do conjunto com o decorrer dos anos.

2.3 – Tipos.

Neste estudo serão classificadas tipologicamente como congênitas, construtivas, adquiridas e acidentais.

Congênitas: são aquelas originárias da fase de projeto, em função da não observância das Normas Técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais, que resultam em falhas no detalhamento e concepção inadequada dos revestimentos. São responsáveis por grande parte das avarias registradas em edificações.

Construtivas: sua origem está relacionada à fase de execução da obra, resultante do emprego de mão-de-obra despreparada, produtos não certificados e ausência

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de metodologia para assentamento das peças, o que, segundo pesquisas mundiais, também são responsáveis por grande parte de das anomalias em edificações.

Adquiridas: ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da agressividade do meio, ou decorrentes da ação humana, em função de manutenção inadequada ou realização de interferência incorreta nos revestimentos, danificando as camadas e desencadeando um processo patológico.

Acidentais: caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação incomum, como a ação da chuva com ventos de intensidade superior ao normal, recalques e, até mesmo incêndio. Sua ação provoca esforços de natureza imprevisível, especialmente na camada de base e sobre os rejuntes, quando não atinge até mesmo as peças, provocando movimentações que irão desencadear processos patológicos em cadeia.

2.4 – Considerações.

Na grande maioria das situações não há uma única origem para o surgimento das patologias em fachadas, mas o que ocorre é uma combinação de fatores cujas influências são variáveis caso a caso. De uma maneira geral, tais patologias decorrem de falhas ligadas a aspectos como especificação dos materiais, projeto e produção. Começam a ocorrer pouco tempo após o término da execução do revestimento, chegando no máximo em cinco anos.

As situações de projeto consideradas mais críticas e, portanto, mais sujeitas ao descolamento numa edificação são os panos fechados, ou seja, sem aberturas para janelas ou varandas, trechos em curva, panos situados no lado poente (oeste) e cerâmicas de cor escura.

Deficiências como a ausência de juntas de dilatação e falha de preenchimento do tardoz da cerâmica com a argamassa de assentamento têm influência significativa no surgimento do problema.

Observa-se uma correspondência clara entre o processo de assentamento das placas cerâmicas e o grau de preenchimento do seu tardoz com argamassa.

2.5 – Conclusões.

A partir de levantamentos estatísticos, pode-se observar que a maioria das fachadas que apresentam manifestações patológicas é de prédios antigos e em princípio, detecta-se que a causa principal dessas falhas é proveniente da falta de manutenção e não da execução.

Os problemas mais corriqueiros de registro costumam ser:

Descolamento das pastilhas e das placas cerâmicas. Manchas na pintura (microrganismos). Sujeira. Fissuração. Eflorescências. Destacamento da pintura. Diferenças de tonalidades nas fachadas.

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A realização do projeto de fachada por um profissional especializado ameniza a ocorrência das patologias, pois as obras que o seguem integralmente, não apresentam manifestações patológicas.

Tendo em vista a complexidade dos estudos para diagnosticar tais patologias, a escassez de profissionais especializados para especificar serviços de recuperação e o custo elevado para essas recuperações, a pergunta mais importante de ser feita seria “Como evitar patologias?”

Uma resposta bastante satisfatória seria, além de observar às tecnologias de construção, atender às seguintes situações:

Elaboração de Projeto executivo detalhado do revestimento de fachada. Atendimento às especificações de projeto. Aquisição e controle dos materiais empregados. Preparação adequada da base. Produção e aplicação adequada da argamassa de revestimento. Execução de Controle Tecnológico adequado. Treinamento e conscientização da mão-de-obra. Atenção constante do engenheiro da obra.

Muitas das recomendações feitas nos projetos executivos de fachadas vêm das Normas Brasileiras existentes sobre o tema, em especial as seguintes:

NBR 7200 - Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Procedimento.

NBR 13281 - Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –

Requisitos.

Figura 2.1 – Imagens de patologias em fachadas.

2.6 – Recuperação.

Para recuperação de patologias em fachadas, bem como em quaisquer outros componentes da edificação, deve-se identificar as causas e saná-las. Em seguida, a partir do tipo, desenvolver um projeto de recuperação, onde devem ser especificados materiais, condições e procedimentos de execução dos serviços, devendo cada caso ser estudado de forma específica.

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Capítulo 3: Patologia e Técnicas de Manutenção das Estruturas.

Objetivos:

Após estudar este capítulo, o discente deverá estar apto a:

Reconhecer as principais patologias que acometem as estruturas de concreto.

Discerni-las conforme tipo.

Enumerar suas possíveis causas.

Auxiliar na sugestão de aplicação de técnicas corretivas ou remediadoras de seus

efeitos.

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3 - Patologia e Técnicas de Manutenção das Estruturas.

3.1 – Gênese da Patologia das Estruturas.

Das estruturas em geral, e em particular das estruturas de concreto, espera-se uma completa adequação às finalidades a que se destinam, sempre levando em consideração o binômio segurança - economia.

Portanto, as estruturas devem ser assumidas como produtos extremamente complexos, que apresentam uma enorme variedade de características, das quais dependerá a sua maior ou menor adequação aos propósitos estabelecidos pelo projeto.

Quando se pretende que um produto atinja o nível de qualidade desejado, deve-se garantir que tenha conformidade com os requisitos de satisfação do cliente a um preço aceitável. Esta garantia é conseguida através de um conjunto de ações programadas e sistemáticas, necessárias para proporcionar a confiança apropriada de que o produto venha a atender às expectativas.

Salvo os casos correspondentes à ocorrência de catástrofes naturais, em que a violência das solicitações, aliada ao caráter marcadamente imprevisível das mesmas, será o fator preponderante, os problemas patológicos têm suas origens motivadas por falhas que ocorrem durante a realização de uma ou mais das atividades inerentes ao processo genérico a que se denomina de construção civil, processo este que pode ser dividido, em três etapas básicas: concepção, execução e utilização.

Em nível de qualidade, exige-se para a etapa de concepção, a garantia de plena satisfação do cliente, de facilidade de execução e de possibilidade de adequada manutenção; para a etapa de execução, será de garantir o fiel atendimento ao projeto, e para a etapa de utilização, é necessário conferir a garantia de satisfação do utilizador e a possibilidade de extensão da vida útil da obra.

O surgimento de problema patológico em dada estrutura indica, em última instância e de maneira geral, a existência de uma ou mais falhas durante a execução de uma das etapas da construção, além de apontar para falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais atividades.

Patologias Geradas na Etapa de Concepção da Estrutura (Projeto).

Várias são as falhas possíveis de ocorrer durante a etapa de concepção da estrutura. Elas podem se originar durante o estudo preliminar (lançamento da estrutura), na execução do anteprojeto, ou durante a elaboração do projeto de execução, também chamado de projeto executivo de engenharia.

Patologias Geradas na Etapa de Execução da Estrutura (Construção).

A sequência lógica do processo de construção civil indica que a etapa de execução deva ser iniciada apenas após o término da etapa de concepção, com a conclusão de todos os estudos e projetos que lhe são inerentes. Suponha-se, portanto, que isto tenha ocorrido com sucesso, podendo então ser convenientemente iniciada a etapa de execução, cuja primeira atividade será o planejamento da obra.

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Nesta atividade, devem ser tomados todos os cuidados necessários ao bom andamento da construção, com a indispensável caracterização da obra, individualizada pela programação de atividades, alocação de mão-de-obra, definição do "layout" do canteiro e previsão de compras dos materiais.

Patologias Geradas na Etapa de Utilização da Estrutura (Manutenção)

Acabadas as etapas de concepção e de execução, e mesmo quando tais etapas tenham sido de qualidade adequada, as estruturas podem vir a apresentar problemas patológicos originados da utilização errônea ou da falta de um programa de manutenção adequado.

Desta forma, e de maneira paradoxal, o usuário, maior interessado em que a estrutura tenha um bom desempenho, poderá vir a ser, por ignorância ou por desleixo, o agente gerador de deterioração estrutural.

Figura 3.1 – Imagens de patologias em estruturas na etapa de utilização.

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3.2 – Causas da Deterioração das Estruturas.

Ao se analisar uma estrutura de concreto "doente" é absolutamente necessário entender-se o porquê do surgimento e do desenvolvimento da doença, buscando esclarecer as causas, antes da prescrição e consequente aplicação do remédio necessário. O conhecimento das origens da deterioração é indispensável, não apenas para que se possa proceder aos reparos exigidos, mas também para se garantir que, depois de reparada, a estrutura não volte a se deteriorar.

Causas Intrínsecas.

Classificam-se como causas intrínsecas aos processos de deterioração das estruturas de concreto as que são inerentes às próprias estruturas (entendidas estas como elementos físicos), ou seja, todas as que têm sua origem nos materiais e peças estruturais durante as fases de execução e/ou de utilização das obras, por falhas humanas, por questões próprias ao material concreto e por ações externas, acidentes inclusive.

Quadro 3.1 - Causas intrínsecas aos processos de deterioração das estruturas de concreto.

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Causas Extrínsecas.

As causas extrínsecas de deterioração da estrutura são as que independem do corpo estrutural em si, assim como da composição interna do concreto, ou de falhas inerentes ao processo de execução, podendo, de outra forma, ser vistas como os fatores que atacam a estrutura "de fora para dentro", durante as fases de concepção ou ao longo da vida útil desta.

Quadro 3.2 - Causas extrínsecas aos processos de deterioração das estruturas de concreto.

3.3 – Processos Físicos de Deterioração das Estruturas de Concreto.

Os efeitos resultantes da atuação dos agentes intrínsecos e extrínsecos da deterioração das estruturas de concreto sumarizados no Quadro - 03 se fazem sentir, inicialmente, nos pontos fracos destas estruturas. Na maioria dos casos, as suas causas são evidentes e poderiam ter sido facilmente evitadas pela escolha cuidadosa dos materiais e dos métodos de execução, pela elaboração de um projeto convenientemente detalhado ou pela concretização de um programa adequado de manutenção. Alguns efeitos, entretanto, como os devidos a causas mecânicas, como sobrecargas e impactos para os quais a estrutura não havia sido dimensionada, ou a acidentes, como sismos e incêndios, não são tão facilmente evitáveis. Pelo contrário, na maioria das vezes estes agentes, que podem causar consideráveis danos às estruturas, inclusive levando-

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as à ruína, são impossíveis de ser considerados nas etapas de concepção e execução das estruturas, a não ser pela adoção de algumas medidas paliativas.

Quadro 3.3 – Processos físicos de deterioração das estruturas de concreto.

3.4 – Diagnóstico.

Ao se verificar que uma estrutura de concreto armado ou protendido está "doente", isto é, apresenta problemas patológicos, torna-se necessário efetuar uma vistoria detalhada e cuidadosamente planejada para que se possa determinar as reais condições da estrutura, de forma a avaliar as anomalias existentes, suas causas, providências a serem tomadas e os métodos a serem adotados para a recuperação ou o reforço.

As providências a adotar, e mesmo os limites a seguir quanto à avaliação da periculosidade de determinados mecanismos de deterioração, podem e devem observar a importância das estruturas em termos de resistência e durabilidade, assim como, muito particularmente, a agressividade ambiental. O quadro a seguir apresenta a metodologia genérica para a inspeção de estruturas convencionais, dividida em três etapas básicas: levantamento dos dados, análise e diagnóstico.

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Quadro 3.4 - Fluxograma genérico para diagnose de uma estrutura convencional.

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3.5 – Recuperação e Reforço.

A qualidade dos serviços de recuperação ou de reforço de estruturas de concreto depende da análise precisa das causas que os tornaram necessários e do estudo detalhado dos efeitos produzidos. Definidos estes dois pontos, passa-se então à escolha da técnica adequada, que inclui a cuidadosa seleção dos materiais e equipamentos a serem empregados e mesmo da mão-de-obra necessária para a execução do serviço.

Os serviços de reforço requerem sempre a prévia elaboração de trabalhos de cálculo estrutural, sejam estes serviços derivados de necessidade de alteração na funcionalidade da estrutura – aumento da carga de utilização, por exemplo - ou como consequência de danificação sofrida pela estrutura, casos em que o reforço estará inserido nos trabalhos de recuperação.

Os motivos pelos quais são necessários trabalhos de reforço em uma estrutura de concreto ou em um ou mais de seus elementos estruturais são os seguintes: correção de falhas de projeto ou de execução; aumento da capacidade portante da estrutura, para permitir modificações em seu uso; regeneração da capacidade portante, diminuída em virtude de acidentes (choques, incêndios, etc.) ou de desgaste ou deterioração; e modificação da concepção estrutural, como o corte de uma viga, por exemplo, por necessidade arquitetônica ou de utilização.

O projeto de reforço deve levar em conta uma série de fatores, entre os quais a concepção original da estrutura, sua história, os defeitos ou as novas exigências e a disponibilidade de mão-de-obra e de materiais, mas, antes de tudo, ele dependerá da formação técnica e da criatividade do projetista, devendo, portanto, ser confiado apenas a profissionais especializados em trabalhos desta natureza.

Figura 3.2 – Imagens de serviços de recuperação e reforço de estruturas de concreto.

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Capítulo 4: Patologias e Técnicas de Manutenção em Alvenarias.

Objetivos:

Após estudar este capítulo, o discente deverá estar apto a:

Reconhecer as principais patologias que acometem as alvenarias.

Discerni-las conforme tipo.

Enumerar suas possíveis causas.

Auxiliar na sugestão de aplicação de técnicas corretivas ou remediadoras de seus

efeitos.

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4 - Patologias e Técnicas de Manutenção em Alvenarias.

4.1 – Introdução.

Nos últimos anos, houve uma profunda mudança na maneira de construir, pois antigamente as alvenarias eram utilizadas como elemento resistente e de vedação e a sua estabilidade e resistência eram definidos em função de sua geometria.

Com advento do concreto armado, ocorreram profundas alterações no comportamento das alvenarias. Hoje, os edifícios são mais altos e esbeltos, a concepção privilegia grandes vãos, há menos pilares e as lajes apresentam espessura reduzida. Essas características, sem dúvida, trouxeram implicações e tornaram as estruturas mais deformáveis, em paradoxo, com o advento de blocos vazados, tanto de cerâmica como de concreto mais resistente e dimensões maiores, o que reduziu a capacidade das alvenarias absorver as deformações. De fato, isso colaborou para o surgimento das patologias sem que estas mudanças fossem estudadas.

O processo de racionalização e aceleração da velocidade de execução de obras trouxeram problemas, pois o ritmo acelerado da obra pode fazer com que as fôrmas e cimbramentos sejam retirados antes do momento adequado e, com isso, as deformações estruturais iniciais tendem a ser maiores. Períodos menores de escoramento e início antecipado das alvenarias são fatores causadores das suas patologias mais comuns e estão relacionados à deformação. Manifestam-se na forma de fissuras, indicando transmissão de cargas e também podendo apresentar ocorrência de esmagamento da argamassa de assentamento ocasionando rompimento do revestimento.

Por todas essas razões, a execução torna-se uma etapa fundamental para minimizar as patologias decorrentes de deformações estruturais. Já existe a consciência de que não se deve carregar a estrutura precocemente e dar um tempo razoável para que ocorram as reações do cimento. É necessário, portanto, repensar sobre a interação estrutura – vedações, para ganhar em qualidade e produtividade.

4.2 – Conceito de Alvenaria.

É a tecnologia de vedação mais largamente aplicada nas edificações brasileiras é a alvenaria, uma das mais antigas técnicas construtivas de vedação, na qual, ao se descrever de uma forma simples, são sobrepostas pedras naturais ou artificiais com uso ou não de ligação argamassada. Sua denominação origina-se do árabe, trabalho feito pelo pedreiro (al-banná), sendo a Espanha o país que conserva a designação mais próxima da original, tendo-se os termos albañil e albañileria, para pedreiro e alvenaria, respectivamente.

4.3 – Classificação Tipológica das Alvenarias.

A classificação tipológica tem como objetivo facilitar a percepção do comportamento mecânico-estrutural e a origem das patologias. Para isso podemos classificá-las como alvenarias estrutural e de vedação.

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4.4 – Patologia de Alvenarias de Vedação.

No caso das paredes, entenda-se como patologia não estrutural aquela que corresponde a paredes das quais não depende diretamente a estabilidade de outros elementos construtivos.

Patologias em alvenarias não estruturais decorrem de situações em que as anomalias resultam do deficiente desempenho ou má interação dos elementos estruturais confinantes ou de suporte e para as ações mecânicas externas ou internas, a que está sujeita a parede e que põem em risco sua própria estabilidade, sem que da sua eventual ruína resulte consequências para outros elementos construtivos.

Fissuração das Paredes de Alvenaria de Vedação.

Na tabela abaixo, resumem-se as causas técnicas da fissuração de paredes de alvenaria não estruturais. Estas causas são observáveis em paredes executadas com os mais diversos materiais, mas é possível identificar um número reduzido de patologias que são exclusivas - ou têm manifestações particulares - de alguns tipos de materiais.

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Quadro 4.1 – Classificação das principais causas de fissuração em paredes.

Figura 4.1 - Fissura na alvenaria causada por deformação na viga em balanço.

Figura 4.3 - Fissuras na alvenaria

causadas pela deformação do suporte inferior à deformação da viga superior.

Figura 4.2 – Fissura horizontal na base da alvenaria causada por deformação excessiva da laje.

Figura 4.4–Fissura causada pela ruptura da argamassa de assentamento diante à acomodação da fundação.

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4.5 – Patologias em Alvenarias Estruturais.

Relativamente às patologias interessa identificar e distinguir entre as inerentes ao comportamento estrutural (aspectos relacionados com a concepção/construção) e as inerentes ao comportamento da alvenaria como material (dependente das características dos materiais utilizados, das técnicas construtivas, da tipologia da secção, etc.).

No entanto, as patologias nas alvenarias estruturais manifestam-se, geralmente, como uma combinação destas vertentes, sendo por vezes difícil atribuir-lhes uma origem específica.

As principais patologias das alvenarias, como material estrutural, relacionam-se frequentemente com baixa resistência à tração e baixa resistência ao corte.

As patologias em paredes, como elemento estrutural, relacionam-se com fenômenos de instabilidade, local ou global, associados, geralmente, à deficiente integridade estrutural (fraca ligação entre elementos estruturais); esbelteza excessiva da parede; deficiente contraventamento; reduzida ductilidade.

Fissuração das Paredes de Alvenaria Estrutural.

Segundo GRIMM (1988 a 1997), a fissuração pode ser considerada como causa mais frequente de falha de desempenho da alvenaria. As fissuras, entretanto, prejudicam a estética, o conforto do usuário, a estanqueidade da construção, ou seja, as condições de serviço deixam de ser atendidas.

Com base nas causas de fissuras em alvenarias apresentadas por GRIMM (1988), PAGE (1993) e THOMAZ (1998), pode-se classificá-las em basicamente em três tipos: efeitos externos, mudanças volumétricas dos materiais e interação com outros elementos estruturais.

Os efeitos externos compreendem principalmente a atuação das cargas variáveis e movimentação das fundações.

O segundo tipo de classificação, refere-se às mudanças volumétricas, provocadas por retração, mudanças de temperatura e de umidade, etc. A interação da alvenaria com outros elementos estruturais causam fissuras, quando tais elementos retraem ou dilatam-se, ou quando induzem deformações excessivas na alvenaria.

Figuras 4.5 e 4.6 – Ruptura da alvenaria por recalque de fundação.

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Dicas sobre Fissuras, Trincas e Rachaduras.

Figura 4.7 – Esquema para identificação de causas de fissuras, trincas e rachaduras.

1- Trinca horizontal próximo do teto: pode ser devido ao adensamento da argamassa

de assentamento dos blocos ou falta de amarração da parede com a viga superior. 2 – Fissuras nas paredes em direções aleatórias: pode ser devido à falta de aderência da

pintura, retração da argamassa de revestimento, retração da alvenaria ou falta de aderência da argamassa à parede.

3 – Trincas no piso: podem ser produzidas por vibrações de motores, excesso de peso sobre a laje ou fraqueza da laje. Verificar se há trincas na parte de baixo (ver item 4). Se tiver é grave. Peça o PARECER de um engenheiro de estruturas.

4 – Trincas no teto: podem ser causadas pelo recalque da laje, falta de resistência da laje ou excesso de peso sobre a laje. Pode ser grave. Peça o PARECER de um engenheiro de estruturas.

5 – Trincas inclinadas nas paredes: é sintoma de recalques. Um dos lados da fundação não aguentou ou não está aguentando o peso e afundou ou está afundando. Geralmente é grave. Peça o PARECER de um engenheiro de estruturas.

6 – Abaulamento do piso: pode ser causado por recalque das estruturas, por expansão do subsolo ou colapso do revestimento. Quando causados por recalque, são acompanhados por trincas inclinadas nas paredes. Os solos muito compressíveis, com a presença da água, se expandem e empurram o piso para cima.

7 – Trincas horizontais próximas do piso: podem ser causadas pelo recalque do baldrame ou mesmo pela subida da umidade pelas paredes, por causa do colapso ou falta de impermeabilização do baldrame.

8 – Trinca vertical na parede: é causada, geralmente, pela falta de amarração da parede com algum elemento estrutural como pilar ou outra parede que nasce naquele ponto do outro lado da parede.

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4.5 – Recuperação.

Recuperar-se fissuras e trincas de alvenarias requer, primeiramente a recuperação dos sistemas que lhe deram causa. Uma vez sanada, pode-se partir para a recuperação dos seus efeitos.

É imprescindível que no estudo da recuperação sejam levadas em consideração todas as ações - em termos de projeto, execução, controle, avaliação de desempenho, entre outras - que permitam à recuperação comportar-se adequadamente frente às solicitações de uso. Esse princípio, que deve ser adotado no tratamento dado à recuperação de fissuras, está baseado no que SABBATINI (1989) chama de abordagem sistêmica, ou seja, “o modo de enfocar e conduzir a resolução de um problema com a visão de conjunto”.

Do ponto de vista funcional, o termo sistema de recuperação será empregado para designar o conjunto de camadas que uma vez aplicadas restituem à vedação vertical, no caso constituída pela alvenaria com revestimento de argamassa, as funções para a qual ela foi construída.

Diante do amplo espectro de abordagem que envolve os sistemas de recuperação de fissuras, foca-se somente a avaliação de desempenho quanto à capacidade de deformação, pois, dentre as principais propriedades dos sistemas de recuperação, essa é uma das mais importantes.

A capacidade de deformação tem a função de manter o sistema de recuperação íntegro, principalmente, diante das fissuras ativas, as mais difíceis de serem recuperadas.

Figura 4.8 – Bases dos sistemas de recuperação: a) a base é o revestimento existente; b) a

base é a alvenaria.

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Figura 4.9 – Sulcos executados em fissuras e trincas para selagem: a) sulco em forma de “V”; b) sulco retangular.

Figura 4.10 – Outros sistemas de recuperação.

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Capítulo 5: Patologia e Técnicas de Manutenção das Pinturas.

Objetivos:

Após estudar este capítulo, o discente deverá estar apto a:

Reconhecer as principais patologias que acometem tais componentes.

Discerni-las conforme causas e manifestações, e auxiliar na sugestão de aplicação

de técnicas corretivas ou remediadoras de seus efeitos.

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5 - Patologia e Técnicas de Manutenção das Pinturas.

5.1 – Introdução.

Pintura é a camada de recobrimento de uma superfície com funções protetora e decorativa, obtida pela aplicação de tintas e vernizes através de técnicas específicas.

Trata-se de uma camada de acabamento na forma de película aderente de espessura de até 1 mm, a qual é aplicada sobre os mais diversos substratos como peças de concreto, revestimentos de argamassa, alvenarias, componentes metálicos e de madeira. As tintas de acabamento são substancias liquidas constituídas de óleos ou solventes, pigmentos e aditivos que após serem aplicadas e secarem (cura), se convertem em película sólida, aderente e flexível.

Acerca da proteção, a pintura aplicada assume a função de “camada de sacrifício”, evitando a degradação precoce do substrato sobre a qual é aplicada.

Quando aplicada sobre madeiras, reduz a absorção de água e protege contra a ação de intempéries e fogo. Sobre metais ferrosos, inibem a oxidação e a corrosão. Reduzem a absorção de água, nas alvenarias aparentes.

Em se tratando de sua função decorativa, a pintura dá a aparência final à superfície em que for aplicada através de cor, brilho, matizes e texturas.

A indústria de tintas brasileira teve início por volta do ano 1900, quando os pioneiros Paulo Hering, fundador das Tintas Hering, e Carlos Kuenerz, fundador da Usina São Cristóvão, ambos imigrantes alemães.

5.2 – Causas das Patologias.

A experiência das empresas de pintura e dos laboratórios aponta para duas famílias de problemas:

aqueles causados pela interface do filme com o substrato da aplicação; e os outros na própria película da pintura.

Sendo assim, as causas se concentram na:

Seleção inadequada da tinta por conta da exposição imprópria a condições agressivas em relação ao produto selecionado ou por incompatibilidade com o substrato.

Condições meteorológicas inadequadas por temperatura e/ou umidade muito elevada, ou muito baixa, ou ventos fortes.

Ausência de preparação do substrato ou preparo insuficiente, sendo que neste caso a pintura apresenta pulverulência, contaminação com graxa, óleos, sujeiras, bolor, materiais soltos e substrato poroso.

Substrato que não apresenta estabilidade, como quando a argamassa ou o concreto ainda não curaram, ou quando sua superfície está deteriorada ou friável.

Umidade excessiva no substrato advinda de infiltração, condensação, ascendente dos pisos ou remanescente da execução da edificação.

Diluição excessiva da tinta na aplicação. Formulação inadequada da tinta.

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5.3 – Manifestações.

5.3.1 – Bolhas: são resultantes de perda localizada de aderência e consequente descolamento do filme da superfície.

Quadro 5.1 – Possíveis causas para as bolhas e correções.

Figura 5.1 – Imagem de bolhas em pintura. 5.3.2 – Crateras/Espumação: surgem do rompimento de bolhas causadas pela espumação.

Quadro 5.2 – Possíveis causas para as crateras e espumações e correções.

Figura 5.2 – Imagem de crateras e espumações em pintura.

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5.3.3 – Descamação: ruptura na pintura pelo desgaste natural do tempo.

Soluções

Quadro 5.3 – Possíveis causas para a descamação e correções.

Figura 5.3 – Imagem de descamação em pintura.

5.3.4 – Descamação: é o "trincamento" da tinta resulta em total comprometimento da superfície pintada.

Quadro 5.4 – Possíveis causas para descamação e correções.

Figura 5.4 – Imagem de calcinação em pintura.

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5.3.5 – Enrugamento: formação de rugas e ondulações sobre a superfície ocorrem quando a tinta ainda está úmida.

Quadro 5.5 – Possíveis causas para o enrugamento e correções.

Figura 5.5 – Imagem de enrugamento em pintura. 5.3.6 – Rachaduras na Superfície: ocorrência de rachaduras profundas e irregulares

na superfície.

Quadro 5.6 – Possíveis causas para rachaduras e correções.

Figura 5.6 – Imagem de rachadura em pintura.

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5.3.7 – Calcinação/Saponificação: formação de finas partículas, semelhantes a um pó esbranquiçado, sobre a superfície pintada exposta ao tempo, causando o desbotamento da cor.

Quadro 5.7 – Possíveis causas para calcinação e correções.

Figura 5.7 – Imagem de calcinação em pintura.

5.3.8 – Descolamento: é a perda de aderência da tinta.

Quadro 5.8 – Possíveis causas para descolamento e correções.

Figura 5.8 – Imagem de descolamento em pintura.

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5.3.9 – Eflorescência: são manchas esbranquiçadas que surgem na superfície pintada. Quadro 5.9 – Possíveis causas para eflorescência e correções.

Figura 5.9 – Imagem de eflorescência em pintura.

5.3.10 – Manchas Causadas por Pingos de Chuva: ocorrem quando se trata de pingos isolados em paredes recém pintadas.

Quadro 5.10 – Possíveis causas para eflorescência e correções.

Figura 5.10 – Imagem de eflorescência em pintura.