59
O Mercosul MÓDULO II - O MERCOSUL Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB Curso: Fundamentos da Integração Regional: O Mercosul - Turma 03 Livro: O Mercosul Impresso por: Igor Kiyoshi Nunes Motizuki Data: segunda, 8 Jun 2015, 10:18

O Mercosul 02

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Apostila sobre o funcionamento e criação do Mercado Comum do Sul

Citation preview

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 1/59

    O Mercosul

    MDULO II - O MERCOSUL

    Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB

    Curso: Fundamentos da Integrao Regional: O Mercosul - Turma 03

    Livro: O Mercosul

    Impresso por: Igor Kiyoshi Nunes Motizuki

    Data: segunda, 8 Jun 2015, 10:18

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 2/59

    SumrioMdulo II - O Mercosul

    Temas do Mdulo II

    Unidade 1 - Antecedentes; Cronologia da integrao no Cone Sul; A ALALC e a ALADI.

    Pg. 2Pg. 3Pg. 4Pg. 5Pg. 6Pg. 7Pg. 8Pg. 9Pg. 10Pg. 11Pg. 12Pg. 13Pg. 14Pg. 15Pg. 16Pg. 17Pg. 18Pg.19Pg. 20Pg. 21Pg. 22Pg. 23Pg. 24Pg. 25Pg. 26Pg. 27Pg. 28Pg. 29Pg. 30Pg. 31

    Unidade 2 - Anlise dos marcos jurdicos constitutivos do Mercosul.

    Pg. 2Pg. 3Pg. 4Pg. 5Pg. 6Pg. 7Pg. 8Pg. 9Pg. 10Pg. 11

    Unidade 3 - Estrutura institucional do Mercosul; Soluo de Controvrsias

    Pg. 2Pg. 3Pg. 4Pg. 5Pg. 6Pg. 7Pg. 8Pg. 9Pg. 10Pg. 11Pg. 12

    Exerccios de Fixao do Mdulo II

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 3/59

    Mdulo II - O Mercosul

    Aotrminodomdulovocestaraptoa:

    IdentificarosantecedenteshistricoseostratadosfundadoresdoMercadoComumdoSulAnalisaroprocessodeintegraodoMercosul.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 4/59

    Temas do Mdulo II

    Nestemdulo,estudaremosoMercosul(MercadoComumdoSul)detendonosemseusantecedenteshistricosetratadosfundadores.Emseguida,analisaremosaestruturainstitucionaladotadapelosnegociadoresdoblocoparaimpulsionaroprocessodeintegrao.Tambmserobjetodenossoestudoosistemadesoluodecontrovrsias

    adotadopeloMercosul.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 5/59

    Unidade 1 - Antecedentes; Cronologia da integrao no Cone Sul; A ALALC ea ALADI.

    Unidade1Antecedentes

    AOperaoPanAmericana(OPA),aAlianaparaoProgresso,aALALCeaALADI

    Asrazesdopanamericanismopodemseridentificadasnaprhistriapolticadocontinente,commaisprecisonoTratadodeMadride1750,firmadoentrePortugaleEspanha,porforadacomumorigemibricadoscolonizadoresde

    quasetodooseuterritrio.Aconcretizaodosvagosideais,apenasesboadosnostrsprimeirossculosdevassalagemspotnciaseuropeias,comeacomasguerrasdaindependnciaqueosacudiramdeumextremoaoutro,

    durantecercadevinteanos,apartirde1810.

    Assim,noprimeiroquarteldosculoXIXaAmricaLatinasetornouindependentedasmetrpoleseuropeias.ToussaintL`OuverturenoHaiti,FranciscodeMirandanaVenezuela,JoaquimJosdaSilvaXavier(oTiradentes)noBrasil,foramosiniciadoresdomovimentodeemancipao,logo

    seguidosporBolvar,Sucre,O'Higgins,Rivadavia,SanMartn,Artigas,Delgado,Francia,Hidalgo,Morelos,evriosoutroslderes.

    SemdvidafoiSimnBolvaromaisrepresentativodeles,nospelaaoguerreiracomopelassuassingularesvirtudesdeestadista,expressando,admiravelmente,sentimentosexistentesdelongadataequeerampatrimniocomumdegrandenmerodeamericanos,comoThomasJefferson,

    representantedaAmricadoNorte.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 6/59

    Pg. 2Comodecorrerdotempo,adoutrinadefendidaporBolvar,quecontouentreseusauxiliaresdiretoscomogeneralbrasileiro,JosIgnciodeAbreueLima,filhodorevolucionrioPadreRoma,ficouconsagradasobadesignaode"ideaisbolivarianos".

    ValedestacarqueSimnBolvar agrande figuradopanamericanismo.No foi apenasum fundadordenaes,umLibertador,poisdefendeuoidealdeformar,reunindoospasessulamericanos,umasnao,umNovoMundo.

    A primeira reunio panamericanista, convocada por Bolvar, foi realizada em dezembro de 1826, no Congresso de Panam, que reuniu apenasrepresentantesdoMxico,AmricaCentral,ColmbiaePeru.

    Daemdiante,apesardetantosesforoseinmerasretomadas,oprojetodopanamericanismoficouapenasnoplanodosideaisdealgunslderes,semnuncaavanarparaumaconsolidao,chegandose,assim,IXConfernciaPanamericana,emBogot,Colmbia,em1948.

    AXConfernciaPanAmericanaaconteceuem1954,emCaracas,naVenezuela,ealmdesta,outras confernciaseconmicas se sucederamsemalcanarresultadosconcretos.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 7/59

    Pg. 3

    Atoinstanteemquearodadahistrianoespaogeogrficosulamericanoaproximoudoisacontecimentosquepermitiramosurgimento de iniciativa poltica destinada a acelerar o projeto panamericanista pela via do desenvolvimento econmico: o primeiro deles, aeleio do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek de Oliveira, que tomouposse em1956 o outro, a visita do vicepresidente norteamericanoRichardNixon,emmaiode1958,apasessulamericanos,aps21diasdevisitasnoContinenteAfricano.

    Opresidente JuscelinoKubitschekdeOliveiraenviacarta,em28demaiode1958,aopresidenteDwightD.Einsenhower,expressandosolidariedadeao vicepresidente Richard Nixon, mas aproveitando para vincular asreferidasmanifestaesaprejuzoscausadosperanteaopiniopblicamundial,ideiadaunidadepanamericana,que,segundosuainterpretao,somentepodiaserresgatadasealgoderelevnciafossefeitopararecomporafacedaunidadecontinental.

    EmLima,noPeru,eemCaracas,naVenezuela,ovicepresidentenorteamericanofoiagredido,e,contrasuapessoa,osmanifestantesrepudiaramaomissodogovernodosEUAemrelaoainvestimentosparaodesenvolvimentonoterritriosulamericano,aomesmotempoemqueaquelepas

    declaravaprioridadeparaafrica,apsimplantaroPlanoMarshallderecuperaodaEuropadevastadapelaSegundaGrandeGuerra.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 8/59

    Pg. 4 Nessa carta, o presidente Juscelino Kubitschek revelou no ter "plano detalhado para esse objetivo" de recomposio da unidade continental, decriaode"algomaisprofundoeduradouroemproldenossodestinocomum".

    OpresidenteEinsenhowerrespondeuaopresidentebrasileiro,em6dejulhode1958,entendendoserdefundamentalimportnciaa"adooimediatademedidasquedeterminem,atravsde todoocontinente,umareafirmaododevotamentoaoPanAmericanismoeummelhorplanejamentonapromoodosinteressescomunsedobemestardenossosdiferentespases".

    MemorialJuscelinoKubitscheck(Braslia)

    Opresidentebrasileiroaproveitouentoaoportunidadedadeclaraonorteamericanapara,emmissivasachefesdeEstado,conferncias,discursosedeclaraoimprensa,apartirdacartade28demaiode1958,provocarummovimentocontinentaldenominado,porelemesmo,de"OperaoPanAmericana" (OPA), que, rapidamente, alcanou ressonnciamundial porque "seus objetivos correspondems aspiraes e s necessidades detodosospovos"(EmbaixadorNegrodeLima,peranteaAssembliadasNaesUnidas,em18/09/1958).

    OsresultadosdaDoutrinaKubitschekcomearamasurgirquando,em1959,oBancoMundialeoFundoMonetrioInternacional,comaaprovaodogovernodeEinsenhower,criaramem1denovembrodoanoemrefernciaaAssociaoInternacionaldeDesenvolvimento(AIF),comoendossode63PasesMembrosdaquelasentidades,comumcapitaldeUS$1bilho,comafinalidadedeauxiliarasnaessubdesenvolvidasnomundointeiro.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 9/59

    Pg. 5

    Emgrandeparteareboquedomovimento iniciadopelopresidentebrasileiro,maisresultadosseapresentaram,taiscomoaoficializaodoBancoInteramericano de Desenvolvimento e a criao da Associao LatinoAmericana de Livre Comrcio, a ALALC, surgida graas ao Tratado deMontevidu,de18de fevereirode1960,seguindoaorientaodaComissoEconmicaparaaAmricaLatina(CEPAL),que,desde1955,elaboroutrabalhostcnicosemantevereuniescomosgovernosdosprincipaispasesdaregio,comoobjetivodeadotarmecanismosdeplanejamentoparavenceroprocessodesubdesenvolvimentoquecaracterizavaoespaogeogrficolatinoamericano.

    ParaaCEPAL,osprojetosdeintegraoregionaldeviamenfatizarduasquestesrelevantesque,segundoela,qualqueriniciativadesenvolvimentistanaregioseriaobrigadaaobservar:

    a industrializao,comocondio indispensvelparaodesenvolvimentodospases latinoamericanos, teriaquedispordemercadosmaisamplosqueosnacionais,umaexignciabsicaparaumamaioreficinciadoprocessodeindustrializao,desdequeselograsse,inicialmente,incrementarocomrciointrazonamedianteacordospreferenciaise

    soluo para a situao geral de intransferibilidade das moedas destes pases, por causa das dificuldades para efetivar os pagamentosintrarregionaisqueincidiamnegativamentesobreasiniciativasdecomrciorecproco.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 10/59

    Pg. 6

    Noentanto,aOperaoPanAmericananoseconsolidou,e,emseulugar,surgiuum

    programadecooperaomultilateral,criadoemagostode1961pelossignatriosdaCartadePuntadelEste,comoobjetivodeincrementarodesenvolvimentoeconmicosocialda

    AmricaLatina.AideiadaAlianaparaoProgressofoilanadapelosucessordeEinsenhover,opresidenteJohnKennedy,emmarode1961,jcomoumarespostaaosacontecimentosrevolucionriosemCuba,comatomadadopoderpelogrupolideradopor

    FidelCastro,etambmpelaspressesdesetorespolticosegovernamentaislatinoamericanospreocupadoscomasituaoeconmicaesocialdaregio.

    Comoveremos,podeseafirmarqueoMercosuloresultadodepelomenostrsdcadasdetentativasdeintegraoregionalsobaformadeassociaesdelivrecomrciocongregandotodosospasesdaAmricadoSul,taiscomoaALALC(AssociaoLatino

    AmericanadeLivreComrcio)eaALADI(AssociaoLatinoAmericanadeIntegrao),tendoasegundadestasorganizaessurgidodatransformaoourefundaodaprimeiradelas.Alis,oMercosultemvnculoscomaALADInaformadeumAcordodeComplementaoEconmica(ACEn18)entreBrasil,Argentina,ParaguaieUruguai,datadode29denovembrode1991.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 11/59

    Pg. 7

    Em 18 de fevereiro de 1960, na cidade de Montevidu, foifirmado o ato constitutivo de criao da Associao LatinoAmericanadeLivreComrcio,aALALC,umaorganizaoparaacooperao econmica inspirada nas sugestes oriundas daComissoEconmicaparaaAmricaLatina(CEPAL),quetinhaaliderana do grande economista argentino Raul Prebisch,assessoradodiretamenteporoutroreconhecidoeconomistasulamericano,obrasileiroCelsoFurtado.

    AALALCperseguiaumobjetivomuitoclaro,pelomenosnasuadefinio:diminuiras tarifasalfandegriasentreosparceirosecriarumareadelivrecomrcio. Contudo,doisfatoresobstaculizaramoprogressodaALALC,umaassociaoqueduroude1960a1980:

    1.Arigidezdosmecanismosestabelecidosparaaliberalizaocomerciale

    2.ainstabilidadepolticavividapelaregiosulamericana,semprealimentadapelosventosdaGuerraFriaentreosblocospolticoslideradospelosEstadosUnidosepelaexUniodasRepblicasSocialistasSoviticas,aURSS.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 12/59

    Pg. 8

    Emresumo,paraalmdaquestodainstabilidadepolticaalimentadapelabipolaridadeideolgicaemilitarEUAversusURSS,noperododevignciadaALALCosPasesMembrossestavamdispostosaengajarsenapropostadeaberturacomercialatumcertoponto:todososassociadosqueriamabriromercadodosdemaispasesparaosseusprodutos,masnenhumqueriaabriroseuprpriomercado.

    Assim,impossibilitadosdecumprircomoacordadoem1960,osPasesMembrosdecidiram,vinteanosdepois,extinguiraorganizaoesubstitulapelaAssociaoLatinoAmericanadeIntegrao,aALADI.

    Nesse contexto, cumpre lembrar que, antes da deciso de substituio da ALALC pela ALADI, frente s dificuldades encontradas pela ALALC paraconsolidarseusobjetivos fundamentais,no finaldadcadade60algunsPasesMembrosseconvenceramdanecessidadedeconstituirblocossubregionais de integrao. Assim, em 20 demaio de 1969 cinco pases andinos firmaram o Acordo de Cartagena, que ficou conhecido como "PactoAndino", com o objetivo de "promover o desenvolvimento equilibrado e harmnico dos Pases Membros, acelerar seu crescimento mediante aintegraoeconmica, facilitar sua participao no processo de integrao previsto no Tratado deMontevidu, e estabelecer condies favorveisparaconversodaALALCemummercadocomum"(art.10doAcordodeCartagena).

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 13/59

    Cartagena (Venezuela)

    A nova organizao, a ALADI, aproveitou os ensinamentos daanterior, a ALALC, e props uma pautamodesta, pormobjetiva epragmtica.

    AALADItinhaa intenodeser tosomenteumaassociaoentreEstadossoberanos,edetransformarseemzonadelivrecomrcio,j que os signatrios tinham "como objetivo de longo prazo oestabelecimento, em formagradual e progressiva, de ummercadocomumlatinoamericano"(art.10doatodecriaodaALADI).

    AALADI,inauguradaem12deagostode1980,tinhaporobjetivoatotalliberalizaodocomrcioentreosonzePasesMembros.Paratanto,adotouummecanismogeralflexvel:osacordossubregionais, isto , acordos de liberalizao comercial firmados apenas entre um grupo de PasesMembros,enoentreosonze,emborarespeitandoseprincpioseconceitoscomuns.

    Pg. 9OspasessignatriosdoatoconstitutivodoAcordodeCartagena,ouPactoAndino,so,Bolvia,Chile,Colmbia,EquadorePeru.Em1973,aVenezuelaaderiuaoacordo,retirandoseem2006paraingressarnoMercosul.OChile,em1976,retirousedogrupo.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 14/59

    Pg. 10Almdaflexibilidadeproporcionadapelomecanismodosacordossubregionais,quegerou,porexemplo,oProtocolodeExpansodoComrcio(PEC)entreoBrasileoUruguai,eoConvnioArgentinoUruguaiodeComplementaoEconmica(CAUCE),doisfatoresnovoscontriburam,nadcadadosanos80,paracriarumambientemaispropcioapropostasdeintegraoregional:

    1.Oprocessoderedemocratizao,quearrebatouocontinentenumcurtoespaodetempoe

    2.acrescentediversificaodaproduoindustrialdaquelespasesque,naregio,souberamaproveitaromodelodasubstituiodeimportaes,comdestaqueparaBrasil,ArgentinaeMxico.

    Assim,a redemocratizaoregional,aogerarambientepropcioparaaestabilidadecom legitimidade, levouosgovernos locaisbuscademelhorrelacionamento,comovizinhos,enomaiscomopeassecundriasnotabuleirointernacionaldoxadrezgeopolticoengendradopeloconfrontoEUAversusURSS.Asnaessulamericanaspassaramaenxergarquetmproblemaseobjetivosdedesenvolvimentoqueseassemelham.

    Adiversificao industrial,porsuavez,significavaqueerapossvel,sim,proporseumamaiorcomplementaridadedaseconomiasentreospasessulamericanos, visando o desenvolvimento regional integrado, e, para tanto, a ideia da reduo de barreiras tarifrias poderia produzir aumentoefetivodecomrcio,comoensinavamosresultadosdosacordossubregionaispropostosnombitodaALADI.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 15/59

    Pg. 11

    BrasileArgentinainiciaram,nessadcadade80,anegociaodeprefernciascomerciais,ouseja,dereduestarifriasrecprocas.Devesedestacarque,em1986,osgovernosRalAlfonsneJosSarneydecidiramqueaaproximaodaseconomiasbrasileiraeargentinadeviaconstituirumdospilaresdesuaspolticasexternasefirmaramoTratadodeCooperaoEconmica,quesemostroumuitoeficientenoincrementoediversificaodocomrciobilateralentreosdoispases,

    emespecialnossetoreschavedebensdecapital,trigoeautomveis.

    Oxitoalcanadoporesseacordosubregional,soboamparodosistemajurdicodaALADI,proporcionouosfundamentosparaaampliaodoTratadodeIntegraobrasileiroargentino,projetandose,assim,aformaodeumMercadoComumentreosdoispases,oMercosul,sobreoqualnosdeteremosmaisadiante.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 16/59

    Pg. 12

    Porfim,paraconcluiroelencodeinformaessobreaALALCeaALADI,listaremososinstrumentosconstrudosparaliberalizarocomrcionaregiosoboamparodostratadosconstitutivosdasreferidasassociaes

    SegundooTratadodeMontevidude1960(ALALC):

    Listas nacionais de produtos, com alcance multilateral, o que significava estabelecer um sistema de preferncia regional;

    Lista comum, formada com produtos comuns resultantes das listas nacionais;

    Listas de vantagens no extensivas, que deveriam beneficiar os chamados pases de menor desenvolvimento relativo (PMDR), incluindo a Bolvia, oEquador, o Paraguai e o Uruguai;

    Acordos de complementao, que podiam ser firmados por pares de pases, cujas preferncias se agregavam s listas nacionais dos Pases Membrosparticipantes, buscando-se assim a multilateralizao.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 17/59

    Pg. 13

    ConformeoTratadodeMontevidude1980(ALADI):

    Acordos de Preferncia Aduaneira Regional, assim denominados por estabelecerem as preferncias outorgadas reciprocamente por todos osPasesMembros,aindaqueemporcentagensdiferentes,paraatenderatrscategoriasclassificatriasdegrausdedesenvolvimento:PasesdeMenorDesenvolvimento Relativo (PMDR), o que inclua Bolvia, Equador e Paraguai Pases deDesenvolvimentoMdio (PDM5), que englobavaColmbia,Chile,Peru,UruguaieVenezuelaePasesemDesenvolvimento(PDs),categoriaformadaporArgentina,BrasileMxico

    AcordosdeAlcanceRegional,que,deacordocomoTratado,soaquelesemqueparticipamtodososEstadosMembros,comonoacordodealcanceparcial,epodemsercomerciais,decomplementaoeconmica,agropecurios,depromoodocomrcio,decooperaocientficaetecnolgica,depromoodoturismoedepreservaodomeioambiente,entreoutros.AcordosdeAlcanceParcial,quederaminicioobrigaodeseprevermeiosparaagilizaramultilateralizaodestesacordosebuscarsuaconvergnciaparaalcanara finalidadede integraraseconomiasdetodososparticipantesdaALADI.Assim,osAcordosdeAlcanceParcialpodemser:derenegociacodopatrimniohistrico,queabarcamosprefernciasjoutorgadasnaALALCequesorenegociadosnaALADIcomerciais,cujonicoobjetivoaumentarocomrcioeombitodeaplicaodecadaacordo,selimitaaumsetorprodutivo,arespeitodecujos produtos se concedem as preferncias de complementaco econmica, para aumentar o comrcio, mas tambm promover acomplementaodas economias de preferncias para pases nomembros, previstos no art. 25 do Tratado deMontevidu de 1980, paraconceder tratamento preferencial a pases latinoamericanos agropecurios, para regular o comrcio desse setor, mas sem incluirpreferncias, podendo referirse a produtos especficos ou a setores agropecurios de promoo do comrcio, voltados para temas noalfandegrios,podemcompreendercooperaoaduaneira, facilitaodotransportedemercadorias,condutacomercial,normassanitriasefitosanitrias, e outras sobre outras matrias, previstos no art. 14 do TM 1980, podem referirse a cooperao cientfica e tecnolgica,promoodoturismo,preservaodomeioambienteedemaisassuntosnoabrangidospelosacordoscitadosanteriormente.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 18/59

    Pg. 14

    DeveserressaltadoqueosAcordosdeComplementaoEconmicasetransformaramnoinstrumentomaisutilizadonaALADI,eapartirdadcadade90produziuseumamudanasubstantiva,comoinciodaassinaturadeconvniosquetmporobjetivoaconstituiodezonasdelivrecomrcio(ZLCS).Exemplodesses"acordosdenovagerao"oACE18(Argentina,Brasil,ParaguaieUruguai,queconformaramoMercosulemseuincio)

    AALADIcongregaosPasesMembrosdaantigaALALC,ouseja,Argentina,Bolvia,Brasil,Colmbia,Chile,Equador,Mxico,Paraguai,Peru,UruguaieVenezuela.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 19/59

    Pg. 15A integrao bilateral Brasil-Argentina

    Superadaem1979aquestoItaipuCorpus,quemantiveraemcamposopostosoBrasileaArgentina,desenhousegradualmenteaparceriaentreessesdoispases,combaseemcrescenteconvergnciadassuaspolticasinternaeexterna.

    No campo interno, tratavase de restaurar plenamente a vigncia da democracia e dosdireitoshumanosfundamentais.

    Noplanoexterno,buscavasesuperarasdesconfianasgeradaspelaorientaoautrquicaimprimida aos dois pases pelos governos militares, recuperar credibilidade nos forosmultilateraiseagilizarainterlocuocomospasesindustrializados.

    Para colocar em prtica esse novo modelo de insero internacional, privilegiouse uma parceria brasileiroargentina construda, inicialmente,mediantepropostaseaesnoplanodasegurana,notadamentenareadaenergianuclear,"fomentandoumclimadeconfianamtuacrescenteeque ensejou, em seguida, o desmantelamento das hipteses de conflito entre os dois pases". Nesse sentido, houve ntido esforo da parte dosgovernos de Jos Sarney (19851990) e Ral Alfonsn (19831989) no sentido de conferir prioridade Amrica Latina em sua atuao polticodiplomtica.

    Impulsionada primeiramente pela Ata de Iguau, firmada em 30 de novembro de 1985, a integrao bilateral traduziuse, primeiramente, emprotocolosbilateraisdenaturezasetorial(trigo,bensdecapital,seguranaalimentareoutros),desembocandoposteriormente,em1988,noTratadode Integrao, Cooperao e Desenvolvimento. Refletindo o objetivo da promoo do desenvolvimento conjunto, esse instrumento internacionallanava as bases de uma integrao a ser construda pormeio do enlace dos setores produtivos dos dois pases e de iniciativas conjuntas porexemplo, no plano da energia, do transporte e das telecomunicaes.O grande desafio comque se confrontavamBrasil e Argentina poca erarepresentadopelaaltainflaoepeloendividamentoexterno.

    Link

    LeiamaissobreaquestoItaipuCorpus

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 20/59

    Pg. 16

    ComachegadaaopoderdeCarlosMenemnaArgentina(1989)edeFernandoCollordeMello(1990)noBrasil,introduziramsenovosparadigmasnoprocessodeintegrao,obedecendoorientaoneoliberaldosnovosmandatrios.Assim,privilegiouseaorientaoadotadapelochamado"ConsensodeWashington",nosentidodaaberturacomercial,desregulamentaoeconmicaeprivatizao.

    OobjetivodeestabelecerummercadocomumentreoBrasileaArgentinasurgenaAtadeBuenosAires,firmadaem6dejulhode1990,porocasiodavisitadoPresidenteFernandoCollorcapitaldaArgentina.Nessaocasio,aaberturaeconmicaeadesregulamentaodosmercadosjbalizavamanovaorientaoimprimidaintegrao.

    Um ano mais tarde, os instrumentos consagrados pelo Tratado de Assuno, que criou o Mercosul, j com aparticipao do Uruguai e do Paraguai, refletiriam esse redirecionamento do processo de integrao.

    Devese,ainda,ressaltarqueesseblocoerguesesobretrsbases:

    abase jurdicaest vinculada ALADI, sob a forma de um Acordo de Complementao Econmica entre Brasil, Argentina, Paraguai eUruguai,obedecendoatodososprincpiosenormasdaquelaAssociao

    abasepolticasustentasenaclusulademocrtica,acordadapelosseusaltosmandatriosdesdeoTratadodeAssunoeconsolidadapeloProtocolodeUshuaia,de24dejulhode1998,sobrecompromissodemocrticonoMercosulcomaqualtambmconcordaramBolviaeChile,pases que detm a condio de associados ao bloco, e no compromisso de criar e estimular um processo de integrao regional sulamericana

    abaseeconmicaconfigurasenacrescentediversidadeecapacidadeprodutivadasquatroeconomiasenogrande incrementodas trocascomerciaisentreseusPasesMembrosnosquatorzeanosdesuavigncia.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 21/59

    Pg. 17

    CronologiadaintegraonoConeSul

    Emtrsanosenovemesesdeexistncia,ouseja,de26demarode1991a31dedezembrode1994,oMercosulsaiudaprojeoempapeloTratadodeAssunoparasetransformar,naprticadocotidianodasrelaesentreosEstados

    Partes,emumcomplexoedinmicoprocessodeintegraoregional.

    Assim, do final do governo Jos Sarney (1985-1989), passando pelo de Fernando Collorde Mello (1990-1992), atravessando os dois perodos do governo Fernando HenriqueCardoso (1994-2002) e de Luis Incio Lula da Silva (2003-2010), o Mercosul pode servisualizado em seis fases distintas, cujas principais caractersticas detalham-se a seguir.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 22/59

    Pg. 18.

    Primeirafase(doTratadodeAssunoaoCronogramadeLasLeasmarode1991ajulhode1992)

    Nasuaprimeirafasedevigncia,oTratadodeAssunoexpsumademandahistricadassociedadesquecompemoconjuntodosEstadosPartesdo Mercosul: a imperiosa necessidade de integrao regional dos pases sulamericanos, ideia lanada pelos pais fundadores das Repblicas nocontinentesulamericano.

    Na galeria seguinte, voc pode visualizar esses pioneiros, cuja biografia e importncia no processo de integrao voc poder conhecer clicandosobreorespectivonome.

    GALERIADOSPRECURSORESDAINTEGRAOSULAMERICANA(cliquenosnomesparasabermais)

    SimnBolvar(Venezuela)

    SanMartin(Argentina)

    JosMarti(Cuba)

    JosGervasioArtigas

    (Uruguai)

    FranciscoMiranda

    (Venezuela)

    BernardoO'Higgins(Chile)

    JosIgnciodeAbreue

    Lima(Brasil)

    HiplitoJosdaCosta

    (Brasil)

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 23/59

    Pg.19

    Assim, a partir de julho de 1992, o programa automtico de liberalizao comercial ou desgravao tarifria progressiva, isto , as redues detarifas sobre produtos negociados entre as economias dos pases do bloco, ocorria inapelavelmente sem que fosse necessrio qualquer tipo derenegociaoentreosEstadosPartes,respeitandoseapenasasexceeslistadasdeprodutos/mercadoriasinscritospelospases.Valeressaltarque,mesmo com a vigncia desse Programa de Liberalizao Comercial, Anexo I do Tratado de Assuno (maro de 1991), pelo ACE n18, de 29 denovembro de 1991, os pases fundadores do Mercosul obedeceriam a um programa de desgravao progressivo, linear e automtico, que seestenderiade30dejunhode1991a31dedezembrode1994,equeseriainiciadocomumareduomnimade47%,sobreastarifasjexistentes,pormercadoria,atalcanarolimitemximode100%,ouseja,tarifazero.

    Foramexcludos do cronogramadedesgravao os produtos compreendidos nas chamadas Listas deExcees apresentadas individualmente pelospasessignatrios,segundosuasapreciaesnacionaisdebensouprodutosquenecessitamdeumtratamentodiferenciado.DeacordocomaNALADI(NomenclaturaALADI,listadeprodutosquecobretodoouniversodebensquepodemsercomercializadosetornapossvelacobranadedireitosdeimportao),ospasesapresentaramosseguintesquantitativosemsuasListasdeExcees:

    RepblicaArgentina,394itens

    RepblicaFederativadoBrasil,324itens

    RepblicadoParaguai,439itense

    RepblicaOrientaldoUruguai,960itens.

    Os produtos que forem sendo retirados das Listas de Excees se beneficiam automaticamente das preferncias que resultam do Programa deDesgravaocom,pelomenos,opercentualdedesgravaomnimoprevistoparaadataemqueseoperarsuaretiradadasmencionadaslistas.

    ApartirdaadoodaTarifaExternaComum(TEC),alistadeexceesreadelivrecomrciopassouachamarse"listadeadequao".

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 24/59

    Pg. 20Segundafase(doCronogramadeLasLeasReuniodeColniajulhode1992ajaneirode1994)

    LasLeas(Argentina)

    NasegundafasedoprocessodeconstruodoMercosulcomearamasurgirasprimeirasdificuldadesparaoavanoda integrao econmica, pois os setores produtivos que se sentiam ameaados no curto prazo puseramse apressionar seus governos por uma desacelerao das negociaes e do programa de desgravao tarifria ouliberalizaocomercial,metafundamentaldoprojetodeintegraoregional.

    Assim,tantoosetorindustrialbrasileiroquantooargentinoofereceramresistnciasaoprocessodeintegrao:osargentinosporsesentiremameaadospelaconcorrnciadaindstriabrasileira,porquevinhamsofrendoum

    processodedesindustrializaodesdeagestodeMartnezdeHozduranteoperodomilitarosbrasileiros,noporsesentiremameaadospelaconcorrnciadosoutrostrsparceiros,masporquelhespreocupavaolimitequeserianegociadocomonvelmximoparaaTarifaExternaComum,aTEC,queviriaasubstituirastarifasnacionaiscobradassobreasimportaes

    provenientesdepasesnomembros.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 25/59

    Pg. 21

    Ressaltese que o setor agrcola brasileiro apresentou resistncia ao verse exposto concorrncia de produtos agropecuriosmais competitivos,sobretudodeprodutosargentinos,pormoMercosulfoiumestmuloparaareconversodessesetor.

    A tendnciadecadapasmembrodoMercosulnasnegociaesparaa fixaodonvelmximodaTarifaExternaComumera,naturalmente,adedefenderumaTEComaisprximapossvel de sua tarifanacional, poisquantomenoresasdiferenasentreambas,menores seriamos custosdoajustequandodaentradaemvigordessatarifacomum.

    AsnegociaesparaafixaodeumaTarifaExternaComumlevaramcompreensodequeaTECdeveriaserpensadaparaatenderaumanovaestrutura tarifria, ou seja, uma estrutura de proteo dotada de coerncia interna e adaptada s condies da economia dos quatro pasesconsideradoscomoumtodo.

    Dessemodo, substituise a lgica individual, defensora dos interesses tarifrios de cada parceiro, em favor de uma lgica coletiva da construofundadanoprincpiodaracionalidadeeconmica.

    Enfim,quandoosPasesMembros fundadoresdoMercosulentenderamserpossvel criarumaTECcomracionalidadeeconmica,em finsde1993,tornousepossveldefinilaparaamaioriadosprodutosqueconformavamasmatrizeseconmicasdecadaparceiro,aindaqueosestudosparafixlassecompletassemnofinalde1994.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 26/59

    Pg. 22

    Nas negociaes para criar uma TEC, oGoverno brasileiro sempre sustentou que a adoo desse tipo de tarifa era imprescindvel e necessria continuidadedoprojetodoMercosul,poisseusrepresentantestcnicosargumentavamquesomenteumaTECgarantiria:

    a)aequidadedecondiesdeconcorrncianoespaogeogrficodoMercosul

    b)aexistnciadeumamargemdeprefernciaregional

    c)oimpulsopolticonecessrioparaapreservaodasconquistasalcanadaseparaacontinuaodoprocessodeintegrao

    d)unidadedosPasesMembrosemsuasrelaescomerciaiscomoutrospasesegruposdepases.

    Assim,apesardagrandecomplexidadedoprocessodecriaodaTarifaExternaComum,asnegociaesnessasegundafasedoperododetransiopara a construodoMercosul permitiram, entre julho de1992e janeiro de1994, que semantivesse o programade liberalizao comercial, quesuperasseoproblemadedesequilbriosdabalanacomercialeodasdiscrepnciasmacroeconmicas,equelanasse,porfim,asbasesdeumaTEC,obedecendo a uma lgica de integrao e superando a lgica de confrontao, preservandose, desta forma, os objetivos centrais do Tratado deAssuno.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 27/59

    Pg. 23

    Terceirafase(daReuniodeColniaentradaemvigordaUnioAduaneirajaneirode1994ajaneirode1995)

    ColniadeSacramento(Uruguai)

    Naterceirafase,osnegociadoresbuscaramdetalharostemascentraisquedeveriamsersolucionadosatdezembrode2004,oquepermitiriafazerfuncionaroMercosuljcomoUnioAduaneiraedentrodosprazosprevistos.

    Assim,resolvidasasquestesdebasepertinenteseliminaodebarreirastarifriasenotarifriaseadoodeumaTarifaExternaComum,passouse,nessanovaetapa,concentraodasdiscussesespecficassobreonveltarifriodosbensdecapital,sobreonmerodeexceespermitidonaTarifaExternaComum,sobreaquestodasZonasFrancaseseusimpactossobreomercadoampliado,e,finalmente,sobrequaiscritriosbalizariamoRegimedeOrigem,almdesedefinireaprovaranovaestruturainstitucionaldoMercosul,quepassariaavigorarapartirde1dejaneirode1995,conformeforaestabelecidopeloProtocolodeOuroPreto,de17dezembrode1994.

    Emrespeitoaoconsensointernacionalsobrecomrcio,oRegimedeOrigemdoMercosulobedeceseguinteregrabsica: considerado originrio da regio, portanto com direito tarifa zero, qualquer produto que tenha pelomenos60%devaloragregadoregional.

    Por ltimo, mas no menos importante, devese ressaltar que o Regime de Origem s necessrio quando oprodutoemquestoestcontidoemalgumadaslistasdeexceesTarifaExternaComum.

    NaReuniodeColnianosediscutiramosdemaistemasqueconstituemoelencodeobjetivosqueconsolidarooprojetodoMercosul,quaissejam,acoordenaodaspolticasmacroeconmicas,olivrecomrciodeservios,ealivrecirculaodepessoasedecapitais.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 28/59

    Pg. 24

    Quartafase(doProtocolodeUshuaiasobreCompromissoDemocrticonoMercosulataReuniodeOlivosjulhode1998afevereirode2002)

    OsgovernantesdosPasesMembrosdoMercosulassinaramaDeclaraoPresidencialdeLasLeas,emjulhode1992,quedeclarao imperativodaplenavignciadas instituiesdemocrticascomocondio indispensvelparaaexistnciaeodesenvolvimentodoMercosul,tendoaBolviaeoChile,pasesassociadosaobloco,aderidoaessefundamentalcompromissodemocrtico.

    AssumidopelosintegrantesdoprojetoMercosul,essecompromissocontrariaaseculartradioderupturadaordemdemocrticanospasesdoConeSul,comorevelaahistriapolticadassociedadesbrasileira,argentina,paraguaiaeuruguaiaedosdemaispasesnocontinentesulamericano.

    Dessemodo,oProtocolodeUshuaia, de julhode1998,exigequeas sociedadesmercosulinas respeitemavignciadas instituiesdemocrticascomocondioimprescindvelaoplenodesenvolvimentodosprocessosdeintegraoregional,aomesmotempoemquesinaliza,paraosparceirosassociadoseparaaquelesempotencial,queoblocodispeseasuspenderosdireitoseobrigaesdetodoaquelescioquevenhaadesrespeitaroprincpiodemocrtico,essencialparaoreconhecimentopelasociedadedoMercosuldeumverdadeiroEstadodeDireito.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 29/59

    Pg. 25

    Portanto,qualquerrupturadaordemdemocrticaemumdosEstadosPartesdoMercosulimplicarnaaplicaodeprocedimentos,sobatuteladosdemaisparceiros,quelevemimediatarecomposioeretomadadomodelodemocrticodegoverno(comojaconteceu,porexemplo,quandodacrisepolticaparaguaia,noanode1999,emdecorrnciadoassassinatodovicepresidenteeleitodaqueleEstadomembroe, recentemente,comacassaodopresidenteFernandoLugo).Casoopasnoprocedaretomadadademocracia,sofrersanesdiversasnombitoregional,podendo,inclusive,chegaraperdersuacondiodemembrodobloco.

    importante destacar que, no exemplo citado, o presidente paraguaio, julgado politicamente pelas instituies de seu pas, obteve imediato asilopolticonoBrasil,oquedemonstraqueocompromissodemocrtico,firmadopeloProtocolodeUshuaia,respeitaademocrticainstituiodoasilopoltico, consagrada pelo direito internacional, para qualquer cidado envolvido com questes de divergncia ideolgica ou de natureza polticadecorrentesdeconflitosemseupasdeorigem.

    Damesmaforma,aClusuladoCompromissoDemocrticoajudounodesfechodacriseargentinadecorrentedarennciadopresidenteeleitoem1999,FernandoDeLaRa,cujasucessotevemaistrsempossados,sendooltimoEduardoDuhalde,atapossedoPresidenteNstorKirchner.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 30/59

    Pg. 26

    Quintafase(do Protocolo de Olivos, sobre o sistema de soluo de controvrsias e segurana jurdica no Mercosul, at as propostas derefundaodoMercosuldefevereirode2002afevereirode2003)

    AevoluodoprocessodeintegraonocenriodoMercosulexige,comopontodepartidaparasuaconsolidaolegal,acriaodeumdireitocomunitriocapazdeserautomaticamente recepcionado pelos respectivos ordenamentos jurdicos dos seusEstadosPartes.

    OProtocolodeOlivos,de18defevereirode2002,sucessordoProtocolodeBrasliapara a Soluo de Controvrsias, criou uma estrutura jurdica para decidir sobrecontrovrsias entre Estados Partes, empresas ou indivduos, no ambiente doMercosul, composta por Tribunais Arbitrais Ad Hoc e um Tribunal ArbitralPermanentedeReviso,cujasededefinitivafoiinauguradaem13deagostode2004emAssuno,noParaguai.

    Assim, o Grupo Mercado Comum, agente integrante da estrutura institucional doMercosul, conforme o Protocolo de Ouro Preto, que coordena grupos de trabalhoencarregadosdeformularpolticaseconmicasesetoriais,geralinhasdeaoparaqueossegmentoseconmicosinteressadosponhamemmovimentoasrelaescomerciaisedenegciosentreosEstadosPartes.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 31/59

    Pg. 27

    Deoutrolado,emparaleloaotrabalhodoGrupoMercadoComum,queemiteResolues,existemasDecisesdoConselhodoMercadoComumeasDiretrizesdaComissodeComrciodoMercosul,fontesjurdicasderivadasdoMercosul,quepodemgerarcontrovrsiassobresuainterpretao,aplicaoouonocumprimentodoqueestabelecemoTratadodeAssuno,oProtocolodeOuroPretoououtrasnormas celebradasnomarcodoTratadodeAssuno,fontesjurdicasbsicasdobloco.

    Ao longo dos primeiros doze anos de existncia do Mercosul, acumularamse resolues, decises e diretrizes com potencial de controvrsias,criandose,ento,paraalmdosforoscomoaOrganizaoMundialdoComrcioeoutros,umforoespecficoparaasoluodecontrovrsiasentreosEstadosPartes,empresasecidadosnombitodoMercosul.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 32/59

    Pg. 28

    Sextafase(doProgramadeTrabalhodoMercosul20042006,agendaqueretomaeaprofundaoprocessodeintegraoregional,ataaprovao

    doacordopolticosobreaRepresentaoCidad,em2010)Emdezembrode2003,oConselhodoMercadoComum,pormeiodaDecison26,de2003,aprovouumProgramadeTrabalhodoMercosulparaotrinio 20042006, que se fundamentou em um diagnstico geral do processo de integrao e apontou a necessidade de resgatar o debate deinmerasquestesparaasquaisaindanoseencontrouumasoluoequeimpedemaevoluodoprocessodeintegrao.

    OprogramadestinouseainstruirasvriasinstnciasoperacionaisdoMercosulainseriremseusrespectivosprogramasdetrabalhoaslinhasdeaodestacadascomoprioritrias.

    AestruturadaAgendadoMercosulpara20042006,trouxetrsgrandescaptulos:MercosulEconmicoeComercial,MercosulSocialeMercosulInstitucional.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 33/59

    Pg. 29NoMercosulEconmicoeComercialdestacamse,entreoutrostemas,anecessidadedeseeliminaraduplacobranadaTECedeseresolveraquestodarepartiodarendaaduaneira,deseidentificarosaspectosconceituaisbsicosdoCdigoAduaneirodoMercosulaseremdefinidosnombitodoGrupoMercadoComum,bemcomodepromoodosfundosestruturaisafimdeelevaracompetitividadedosmembroseregiesmenosdesenvolvidas.

    OMercosulSocial,porsuavez,ressaltouaimportnciaemseampliaraparticipaodasociedadecivilnoprocessodeintegrao.

    Tambm,entreoutrasquestes,foiapontadaanecessidadedeelaboraodepropostasparasepromoverosdireitosdos

    trabalhadoresnoMercosul,bemcomodesebuscaravignciadosAcordossobreResidnciadeNacionaisdoMercosuleRegularizao

    MigratriaparacidadosdoMercosul.

    NombitodoMercosulInstitucional,constoucomoprioridadeaaprovaodapropostadecriaodoParlamentodoMercosul,assimcomoaconclusodostrabalhosde

    RegulamentaodoProtocolodeOlivoseadotaodeinfraestruturaerecursosnecesssriosparaoadequadoexercciodesuastarefas.Vislumbrouse,ainda,aampliaodaagendadeintegrao,porexemplo,por

    meiodeprogramadecooperaoemcinciaetecnologiae,nomarcodaIniciativadaInfraestruturaRegionalSulAmericana(IIRSA),priorizarosprojetosdeinteressedosEstadospartesdobloco.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 34/59

    Pg. 30

    Nestasextafase,valedestacarosseguintesavanosalcanadospelobloco:

    1) Aprovao do Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, cuja sesso inaugural teve lugar nas dependncias do Congresso Nacionalbrasileiroemdezembrode2006(Decison23/05,doCMC)

    2)criaodoObservatriodaDemocraciadoMercosul(Decison5/07,doCMC)

    3)criaodosistemadepagamentosemmoedalocalparaocomrciorealizadoentreosEstadosPartesdoMERCOSUL(Decison25/07,doCMC)

    4)aprovaodasdiretrizesparaaimplementaodaeliminaodaduplacobranadaTEC(decison10/01,doCMC

    5)aprovaodoCdigoAduaneirodoMercosul(decison10/10,doCMC)

    6)aprovao,peloCMC,pormeiodaDecison28/10,docritriodeRepresentaoCidad,combasenarecomendaodoParlamentodoMercosul,temaqueserretomadoquandodenossoestudosobreoParlamento

    7)aprovaodoprogramadeConsolidaodaUnioAduaneira(decison56/10,doCMC),comoobjetivodepromoveraesnosseguintescampos:

    ICoordenaoMacroeconmicaIIPolticaAutomotivaComumIIIIncentivosIVDefesaComercialVIntegraoProdutivaVIRegimesComuns Especiais de Importao VII Regimes Nacionais de Admisso Temporria e DrawBack VIII Regimes Nacionais Especiais deImportaonocontempladosnasSeesVIeVIIIXEliminaodaDuplaCobranadaTarifaExternaComumeaDistribuiodaRendaAduaneiraXSimplificaoeHarmonizaodosProcedimentosAduaneirosIntrazonaXIRevisoIntegraldaConsistncia,DispersoeEstruturada Tarifa Externa Comum XII Bens de Capital e Bens de Informtica e Telecomunicaes XIII Listas Nacionais de Exceo Tarifa ExternaComumXIVAesPontuaisnombitoTarifrioXVRegulamentosTcnicos,ProcedimentosdeAvaliaodaConformidadeeMedidasSanitriaseFitossanitriasXVI Livre comrcio IntrazonaXVIICoordenao sobreMedidasdeTransparnciaXVIIICoordenaoemMatriaSanitria eFitossanitriaXIXZonasFrancas,ZonasdeProcessamentodeExportaesereasAduaneirasEspeciaisXXNegociaodeAcordosComerciaiscomTerceirosPaseseRegiesXXIFortalecimentodosMecanismosparaaSuperaodasAssimetrias.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 35/59

    Pg. 31

    Apresentadaessacronologia,ressaltamosqueoMercosulconsituiblocoregionalquefoiinicialmenteformadoporquatroPasesMembros,Argentina,Brasil, Paraguai e Uruguai, na regio denominada Cone Sul do Continente Americano. Posteriormente, a ele se associaram Bolvia, Chile, Peru,ColmbiaeEquador.

    AVenezuela,porsuavez,foiMembroAssociadodoMercosuldesde2004e,emdezembrode2005,passoucondiodemembropleno,emprocessodeadeso,ouseja,comdireitodeparticipar

    detodasasreuniesdoMercosul,massganhouaprerrogativadovotoquandopreencheutodososrequisitosparaintegraroprojetodeUnioAduaneira.Assim,aVenezuelatevedeadaptarsuaeconomiaTarifaExternaComum(TEC)eseguiras

    regrasdoMercosul.AcrescentesequeoprotocolodeadesodaVenezuelaaoMercosulfoiaprovadopelosparlamentosdaArgentina,Uruguaie,emdezembrode2009,pelo

    CongressoNacionalBrasileiro.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 36/59

    Unidade 2 - Anlise dos marcos jurdicos constitutivos do Mercosul.OTratadodeAssuno

    Aassinaturadessetratadoiniciaumafasequesechama,no"jargomercosulino",defasedetransio.aetapaemquesoestabelecidososinstrumentosparaaconformaodeumespaoeconmicointegrado.

    OTratadodeAssunoestabeleceuos instrumentosparaaconstituiodeumareade livrecomrcioedeumaunioaduaneira,passosiniciaisnarotadeummercadocomum.Osmeiosdeimplementaodoprojetointegracionistaincluemalgunsinstrumentos:

    Umprogramadeliberalizaocomercial, consistindo de redues tarifrias progressivas, lineares eautomticas como objetivo de chegarse tarifa zero em31/12/94, e eliminao das restries notarifrias ou de quaisquermedidas de efeito equivalente. Foram previstas listas de excees para oschamadosprodutos sensveis, as quais deveriam ser reduzidas anualmente em 20% at 31/12/94. Aslistas de excees referemse a produtos que os pases determinam manter fora da rea de livrecomrcio, sobre eles permanecendo, portanto, certos direitos aduaneiros. Tal medida atendia spresses de representantes, em cada pas, daqueles setores produtivosmais sensveis concorrnciaexterna.Essaspressesvmseconstituindo,alis,nograndeobstculoconformaodereasdelivrecomrcionaAmricaLatina,vistoquecertossetoresbuscamsempreseprotegerdaconcorrnciaexterna.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 37/59

    Pg. 2OTratadodeAssunoestipuloutambmacoordenaodepolticasmacroeconmicasesetoriais.Existemvriosforostcnicosdenegociaoparaacoordenaodestaspolticas,entreosquaiscabemencionarossubgruposdetrabalhoparaaspolticasagrcola,industrialetrabalhista.

    Otratadodeterminou,ainda,aadoodeumatarifaexternacomumparaterceirospases(TEC).

    Finalmente,oTratadodeAssunoimpsaadoodeacordossetoriais,comofimdeotimizarautilizaoemobilidadedosfatoresdeproduoealcanarescalasoperativaseficientes.

    Infelizmente, este ltimo instrumento, que poderia elevar a escala da produo e tornar os produtos da regio mais competitivos no mercadointernacional,novemsendoutilizadopelosagenteseconmicos.

    Deacordocomasetapasdeintegraoquevimosanteriormente.oMercosulseconfigura,nomomento,comoumaunioaduaneiraimperfeita,ouparcial,vistoquehvriosprodutosforadatarifaexternacomum,osquaisentramnoespaoeconmicointegradopagandotarifasdiferenciadassegundoopas.AindahcercademiltensnaslistasnacionaisdeexceoTEC(decison58/10).Osetordebensdecapital,porexemplo,encontraseexcludodatarifaexternacomum(TEC).Nesseponto,importantenovamenteregistraraaprovaodoProgramadeConsolidaodaUnioAduaneira,pormeiodadecison56/10,doCMC.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 38/59

    Pg. 3

    OProtocolodeOuroPreto

    O Protocolo de Ouro Preto, assinado em 17 de dezembro de 1994, inauguraria a chamada fase deconsolidao do Mercosul. Confere uma estrutura institucional mais aperfeioada integrao,lanando, assim, as bases para o estabelecimento de uma unio aduaneira que ser, neste primeiromomento,apenasparcial.

    Em verdade, representa um novo patamar jurdico para o Mercosul ao conferirlhe personalidadejurdica de Direito Internacional, o que lhe permitiu, da em diante, celebrar acordos e tratados comoutrosEstados,agrupamentosdepaiseseorganismosinternacionais.

    O protocolo estreita os contatos entre os chefes de estado doMercosul ao determinar que o conselho poder reunirse quantas vezesestimaroportuno,masquepelomenosumavezporsemestreofarcomaparticipaodospresidentesdarepblicadosestadospartesdoMercosul.Almdisso,incluiuaComissoParlamentarConjuntanaestruturaorgnicadoMercosul.Sodefinidasasuacomposio,atribuies e competncias.Assim, dopontode vista dopapel doCongressoNacional noprocessode integrao, o Protocolo de OuroPretorepresentaimportantemarcojurdico.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 39/59

    Pg. 4

    OProtocolodeOuroPretocriou,ainda,umaSecretariaAdministrativadoMercosul(SAM),sediadaemMontevidu,comorgodeapoiooperacional.Maistardefoicriado,nombitodaSAM,umSetordeAssistnciaTcnica(SAT),comquatroconsultoresadmitidosporconcursopblico,umporpas,sendodoisparaareaeconmicaedoisparaareajurdica.

    ADecison22/94,doConselhodoMercadoComum(CMC),criouemdezembrode2004aTarifaExternaComum(TEC).Osnegociadoresdecidiram,contudo,permitirqueosEstadosPartesadotassem listasnacionaisdeexceesTECe listassetoriais.As listasnacionaisobedecemdefiniodecadapas,ecabeaoMercosulregularasuaextenso.

    As listas de excees setoriais prevem que os pases no esto comprometidos a aplicar a TEC com relao a certos grupos de produtos. Demaneirageral,tratasedebensnoproduzidosporalgunsdosEstadosPartes,aqueminteressaimportlosdeterceirospases,quesocapazesdecomercializlosapreomaisbaixodoquesefossemimportadosdeEstadosMembrosdoMercosul.Soelesosbensdecapitalede informticaetelecomunicaes.NotesequeoBrasilproduzessesbens,interessandolhe,portanto,aproteodesuasindstriaspormeiodaTEC.

    DesdeoiniciodanegociaodaTEC,apolticaautomotivafoiabordadaseparadamentepelosEstadosPartes.Atoano2000,estavaprevistoqueocomrciodosetorseriadeterminadopormeiodeacordosbilaterais.Oprimeiroacordoconjunto,estabelecidopelaDecison70/00,ficouconhecidocomo Poltica Automotiva do Mercosul. A Deciso n 04/01 incorporou o Paraguai ao Acordo. Contudo, essas normas nunca entraram emfuncionamento,eapolticaautomotivanoMercosulpermaneceregulamentadaporacordosbilaterais.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 40/59

    Pg. 5Cumpre,porm,registrarqueoBrasilapresentouoProjetodeAdensamentoeComplementaoAutomotivanombitodoMercosul,quefoiaprovadopeloCMCpormeio dadecison09/10, a ser financiado com recursos brasileiros e do FOCEM.Ooutro setor inicialmente excludodo regimedeconvergncia tarifa externa comum o setor aucareiro, tambm excludo da rea de livre comrcio. As Decises do CMC n 19/94 e 16/96regulamentamsuasituao.

    O fluxo de produtos provenientes de terceiros pases dentro da rea de livre comrcio do Mercosul deveria dispensar o pagamento de direitosaduaneiros, o que efetivamente no vem acontecendo. Por esse motivo, o Conselho do Mercado Comum aprovou Deciso determinando que sebusquea eliminaodadupla cobranadaTECnoespaoeconmico integrado (DecisoN54/04). E, finalmente, pormeiodaDecison10/10,foramaprovadasasdiretrizeseosprazosparaquetalobjetivofossealcanado.Aeliminaodeveocorreremtrsetapas,sendoqueaprimeirafoiemjaneirode2012,aprximaseremjaneirode2014ealtimaemjaneirode2019.Aseguir,resumiremososobjetivosdoMercosul,conformedeterminadospelostratadosfundadores.

    OMercosul umprocesso de integraoeconmica regional que objetiva a construo de umMercado Comum, e as suasmetas bsicas, queconstamdoartigo1doTratadodeAssuno,podemserassimalinhadas:

    eliminaodasbarreirastarifriasenotarifriasnocomrcioentreosPasesMembros

    adoodeumaTarifaExternaComum(TEC)

    coordenaodepolticasmacroeconmicas

    livrecomrciodeservios

    livrecirculaodemodeobrae

    livrecirculaodecapitais.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 41/59

    Pg. 6

    A partir do quarto ano de sua existncia, ou seja, em 1994, o Mercosul alcanou a condio de Unio Aduaneira, pois criou uma Tarifa ExternaComum (TEC) aps haver eliminado grande parte das tarifas e das restries notarifrias de cerca de 80% dos bens comercializados entre osEstadosPartes.

    Em resumo, no estgio de Unio Aduaneira, os Pases Membros estabelecem tarifas zero para o comrcio intrazona e tarifas iguais para ointercmbiocomercialcomterceirospases.

    Em geral, os acordos de livre comrcio prevem a perspectiva de excluso de certos produtos ou grupos de produtos, aomenos em suas fasesiniciais,eosestudosefetivadospeloGATT(GeneralAgreementonTariffsandTrade),organizaohojetransformadanaOMC(OrganizaoMundialdoComrcio), consideravamque umaZonade LivreComrcio devia abarcar pelomenos 80%dos produtos comercializados entre os seus PasesMembros.

    Assim,oMercosulcumpriu,atagora,osseusdoisprimeirosobjetivos,aindaquedeformaparcial:

    eliminarasbarreirastarifriasenotarifriasnocomrciointrazonaeadotarumaTarifaExternaComum(TEC),oquecaracterizaacondiodeUnioAduaneira.

    Noentanto,paraalcanaroestgiodeMercadoComum,oMercosulaindaterqueconcretizarquatroobjetivosdegrandeenvergadura,quaissejam:a coordenao de polticasmacroeconmicas, a liberalizao do comrcio de servios, e a livre circulao demodeobra e a de capitais.Delastrataremosumpoucomaisdetalhadamenteaseguir.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 42/59

    Pg. 7

    Danecessidadedecoordenaodepolticasmacroeconmicas

    Yin&Yang

    Ateoriaeconmicaensinaqueapolticamacroeconmicadeumpassedivideemtrsesferasprincipais:

    polticacambial,quecuidada taxadecmbiodamoedanacionalemrelaoaodlarouaoutrospadresderefernciaexternos

    polticamonetria, que fixa a taxa de juros e a quantidade demoeda a seremitida(equeregula,portanto,emgrandemedida,apolticacreditcia)e

    polticafiscal,quedeterminaosnveisealcancesdatributaoeexerceocontroledosrecursosaseremarrecadadosegastospeloEstado.

    Assim,quantomaisseavananoprocessodeintegraonoMercosuletantomaisseconsolidaainterdependnciaentreaseconomiasdosPasesMembros,maisnecessriaefundamentalsetornaaconvergnciadepolticasmacroeconmicascoordenadasentreosEstadosPartesdobloco

    econmico.

    Essa coordenao de polticasmacroeconmicas de fundamental importncia no contexto do processo de integrao regional do Mercosul, poisdecorre do seu sucesso o equilbrio dos efeitos comerciais entre as economias que conformam o espao geogrfico do bloco, bem como odirecionamentodosfluxosdeinvestimentoeascondiesdeconcorrnciaentreosprodutoreslocaisversuspotenciaisprodutoresdosoutrosPasesMembros.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 43/59

    Pg. 8

    AvantagemdeumacoordenaodaspolticasmacroeconmicasdosPasesMembrosdoMercosulvemsendoproteladaaolongodaexistnciadoprojeto mercosulino, em decorrncia da sua dependncia externa construda por compromissos assumidos perante organismos e agentesfinanceirosinternacionais.

    Por todo o sculo XX, os pases que assumiram o compromisso de construir o Mercosul foram se enredando em processos de endividamentoexternodosquaisnoconseguiramsedesvencilhar,sempreatropeladosporciclosrepetitivosdecrisesfinanceirasmundiais,oque,semsombradedvida, vemse constituindoem formidvel obstculoparaque seprojeteumacoordenao conjuntade suaspolticasmacroeconmicaseaobtenodeumamargemmaiordeautonomiaparaplanejareexecutarpolticassoberanasdedesenvolvimentoregionaledemercadosinternosampliados.

    Enfim,aindaquesecaracterizecomoumlentoprocesso,acoordenaodaspolticasmacroeconmicasdosPasesMembrosdoMercosulconstituipilarbsicodoprocessodeintegraoregionalsulamericano,poissemelanoserpossvelacriaodeumamoedacomumregional,comoo

    EurodaUnioEuropeia.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 44/59

    Pg. 9

    Daliberalizaodocomrciodeservios

    Liberar o comrcio de servios no cenrio do Mercosul implica, necessariamente, a eliminao de leis, normas e regulamentaes nacionais quediscriminamofornecedorestrangeiroeprotegemofornecedornacionaldedeterminadoservio,bemcomoaelaboraodeumapolticaintegrada.

    Omedodaperdadaautonomianacionalfazcomqueexistamlegislaes,pelomundotodo,quesimplesmenteprobemapresenadefornecedoresestrangeirosdeserviosno territrionacional, sendo,portanto,a resistncia liberalizaodocomrciodeserviosumobstculoaser resolvidopelaagendadoMercosul,paraquesepossaconstruirumverdadeiroMercadoComum.

    Hoje, para alm da Organizao Mundial do Comrcio (OMC), o tema da liberalizao do comrcio de servios, no plano internacional, toimportantequea legislaocomercialnorteamericana,pormeiodapoucodivulgadaSeo301, instrumentode legislaocomercialdaquelepas,autoriza o Presidente dos EUA, em deciso unilateral, quanto a servios, a "restringilos na forma que julgar apropriada ou, mesmo, negarautorizaoparaseuacessoaomercadonorteamericano".ASeo301foicriadaem1974pelosEUA,pasquepregaolivrecomrciohduzentosanos.

    Convm destacar que os servios correspondem a mais da metade do PIB dos pases do Mercosul, e que, acreditando nos princpios do livrecomrcio,oBrasilabriuseucomrciodeserviosdetelecomunicaesparaempresasdecapitalestrangeiro,asquais,hoje,competemnessecampocomempresasnacionais.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 45/59

    Pg. 10

    Dalivrecirculaodetrabalhadores

    Nomundoglobalizado,acreditasequeostrabalhadorespossamcircularlivrementenabuscadeocupaoquelhespermitalutarpelasobrevivnciacotidiana.

    Assim,esperasequeotrabalhadormercosulinopossadeslocarsedeseupasparaaproveitarosfrutosdaintegraonasuatotalidade,ouseja,seno encontra emprego na economia do seu pas de origem, ou se as oportunidades de trabalho no resultam atraentes (no s por motivos deremunerao,mastambmporrazesdecondiesdevida),quesejalivreparabusclonaseconomiasdosdemaisEstadosPartesdoMercosul.

    OsnegociadoresdoMercosulteroquecontinuar,portanto,oesforoparadarcontinuidadeaotrabalhodeharmonizaodaslegislaestrabalhistaeprevidenciria dos Estados Membros, alm do reconhecimento mtuo de diplomas e ttulos profissionais, o que garantir o exerccio pleno daprofissonos territriosnacionaisdobloco.Para isso,contamnaestrutura institucionaldoblococomaexistnciadoForoConsultivoEconmicoeSocial,queoperanosentidodepressionarpelocrescentedesenvolvimentodeaesfacilitadorasdacirculaodemodeobranoespaogeogrficoqueconformaaregiodeintegrao.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 46/59

    Pg. 11Dalivrecirculaodecapitais

    Aglobalizaorepresentaoaugedalivrecirculaodecapitais,que,asuavez,temgeradomuitomaisespeculaofinanceiraqueproduodebenseserviosedistribuiodebenefciosouseja,muitomaiscrises financeirascausadorasdeestagnaoeconmicacom impactomundialdoqueodesenvolvimento progressivo e organizado das economias nacionais dos pases com potencial para o crescimento, pases que tm urgncia emmelhoraraqualidadedevidadamaioriadoscidadosexcludospelapobrezaemisria,almdorespeitopelosbensnorenovveissuadisposionomeioambiente.

    Acrisefinanceiramundial,iniciadaem2008coma"bolha"imobilirianosEUA,exemplificao"efeitodomin"causadopelasprticasespeculativas.Entretanto,aatual"ParceriaTransatlnticadeComrcioeInvestimento"entreosEstadosUnidoseaUnioEuropeiaavanarumocriaodeumazonadelivrecomrciocapazdeimpulsionaraseconomiasdestesdoiscontinentes.

    OsinvestimentosdospasesdoMercosuljcontamcomcertasfacilidadesegarantiasparasuasaplicaesnomercadodosparceiros,masosPasesMembrosdoblocoprecisamestruturarumaliberalizaobastantequalificada,nosentidodeexercerummaiorcontroledosmovimentosdecapitaisespeculativos, paralelamente a uma estrutura facilitadora dos fluxos de capitais destinados produo de bens e servios, em especial de infraestrutura,quepermitirsuainclusosustentadanocontextodacompetioglobalizadaentrenaes,aoladodaimperiosanecessidadedemelhoriadaqualidadedevidadoscidadosmercosulinos.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 47/59

    Unidade 3 - Estrutura institucional do Mercosul; Soluo de ControvrsiasEstruturainstitucionaldoMercosul

    OTratadodeAssunodefiniuasinstituiesquedeveriamconduziroprocessodeintegraodoMercosulduranteoperodoinicialdetransio,eoProtocolo de Ouro Preto (1994) estabeleceu as instituies bsicas definitivas para prosseguirse na implantao do bloco, alm de dotlo depersonalidadejurdicainternacional.

    Assim,aestruturainstitucionaldoMercosulestconstitudapelosseguintesrgos:

    ConselhodoMercadoComum

    OConselhodoMercadoComum(CMC)orgosuperiorresponsvelpelaconduopolticadoprocessode integraoecompostopelosMinistrosdasRelaesExterioresedeEconomiaouFazendadosPasesMembros.OCMCsereneduasvezesporanoesemanifestapormeiodeDecises.orgoresponsvelpelaconduopolticadoprocessodeintegrao,inclusivehabilitadoparafirmaracordoscomoutrospasesougrupodepasesemnomedoMercosul,assumindoacondiodepersonalidadejurdicainternacional,portanto,derepresentantedobloco,aindaquenaobrigaodesempredecidirporconsenso.

    OConselhodoMercadoComumencarregasedetraarasgrandes linhasdoprocessodeintegraoparagarantiro impulsopolticoquesustentaoseufortalecimentoeaprofundamento.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 48/59

    Pg. 2

    OsPresidentesdosEstadosPartesnointegramoConselhodoMercadoComum,masestopresentesempelomenosumadasduasreuniesanuaisdessergo.AscpulasdoMercosulconstituem,evidentemente,ainstnciamximadoprocessopolticodeintegraomercosulina.

    AoConselhodoMercadoComumestosubordinados:

    a)GrupoMercadoComum(GMC):rgoexecutivo,integradoporrepresentantesdosMinistriosdasRelaesExteriores,deEconomiaedosBancosCentraisdosquatropases.OGMCrenese,normalmente,quatrovezesporanoesemanifestapormeiodeResolues

    b)ForodeConsultaeConcertaoPoltica (FCCP):rgoauxiliardoCMC,comoobjetivodeampliaresistematizaracooperaopolticaentreosEstadosPartese

    c)ReuniesdeMinistrosdetodosossetoresgovernamentaisdosPasesMembros.

    GrupoMercadoComumrgo executivo do Mercosul, composto por representantes dos Ministrios mais diretamente envolvidos nos temas da integrao e dos BancosCentrais,emcujombitosediscutemosprincipaistemasdoprocessodeintegrao.

    AoGrupoMercadoComumcompete implementarosobjetivosdoMercosulesupervisionaroseufuncionamento, inclusiveexaminandoasquestes,mesmoaquelasdegrandecomplexidade,quelhesoencaminhadasemmaiornveldedetalhequeoConselhodoMercadoComum.

    AoGrupoMercadoComumestosubordinados:

    a) Secretaria do Mercosul (SM): rgo, com sede em Montevidu, que presta apoio tcnico e administrativo aos trabalhos do Mercosul e responsvelpelatraduoeguardadedocumentosoficiaisdobloco

    b) Foro Consultivo Econmico e Social (FCES): rgo de carter consultivo, representante dos setores econmicos e sociais dos quatro EstadosPartes

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 49/59

    Pg. 3c) Reunies Especializadas: Autoridades de Aplicao em Matria de Drogas (RED) Cincia e Tecnologia (RECYT) Comunicao Social (RECS)Cooperativas(REC)InfraEstruturadaIntegrao(REII)MunicpioseIntendnciasdoMercosul(REMI)Mulher(REM)PromooComercial(REPC)eTurismo(RET)

    d)Comits:Automotivo(CAM)CooperaoTcnica(CCT)DiretoresdeAduanas(CDA)eSanidadeAnimaleVegetal(CSAV)

    e)ReunioTcnicasobreIncorporaodaNormativaMercosul

    f)ComissodeComrcio(CCM):rgoassessordoGMC,comatarefadevelarpelaaplicaodosinstrumentosdepolticacomercialacordadospelosEstadosPartes.RenesemensalmenteemanifestaseporDiretrizes.CCMestosubordinadososComitsTcnicos:(CT1)Tarifas,NomenclaturaeClassificao de Mercadorias (CT2) Assuntos Aduaneiros (CT3) Normas e Disciplinas Comerciais (CT4) Polticas Pblicas que Distorcem aCompetitividade(CT5)DefesadaConcorrncia(CT6)ComitdeDefesaComercialeSalvaguardase(CT7)DefesadoConsumidor

    g)Subgrupos de Trabalho: (SGT1)Comunicaes (SGT2)Aspectos Institucionais (SGT3)Regulamentos Tcnicos eAvaliao daConformidade(SGT4)AssuntosFinanceiros (SGT5)Transportes (SGT6)MeioAmbiente (SGT7) Indstria (SGT8)Agricultura (SGT9)Energiaeminerao(SGT10)AssuntosTrabalhistas,EmpregoeSeguridadeSocial(SGT11)Sade(SGT12)Investimentos(SGT13)ComrcioEletrnicoe(SGT14)AcompanhamentodaConjunturaEconmicaeComercial

    h)GrupodeServios(GS)

    i) Grupos AdHoc: Comrcio de Cigarros (GAHCC) Compras Governamentais (GAHCG) Concesses (GAHCON) Integrao Fronteiria (GAHIF)RelacionamentoExterno(GAHRE)SetorAucareiro(GAHSA)GrupodeAltoNvelparaoAperfeioamentodoSistemadeSoluodeControvrsias(GANPSSC)eGrupodeAltoNvelparaExaminaraConsistnciaeDispersodaTEC(GANTEC)

    j)ComissoScioLaboral(CSLM)

    k)reaFinanceirapeloladobrasileiro:OBancoCentraldoBrasilmembrodoGrupoMercadoComum(GMC)edaReuniodeMinistrosdeEconomiae Presidentes de Bancos Centrais do Mercosul (RMEPBC), coordena o Subgrupo de Trabalho n 4 Assuntos Financeiros (SGT4), participa eacompanhaoGrupodeServios(GS),oSubgrupodeTrabalhon12Investimentos(SGT12),oSubgrupodeTrabalhon13ComrcioEletrnico(SGT13), o Subgrupo de Trabalho n 14 Acompanhamento da Conjuntura Econmica e Comercial (SGT14) e o Grupo de MonitoramentoMacroeconmico(GMM).

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 50/59

    Pg. 4

    SecretariadoMercosul

    ASecretariadoMercosul,comsedeemMontevidu,noUruguai,aunidadedeapoiooperacionaleadministrativoresponsvelpelaprestaodeserviosaosdemaisrgosdoMercosul.

    Entreoutrasfunes,cabeSecretariadoMercosulcuidardoarquivooficialdadocumentaodoMercosul,publicaredifundirasdecises,resoluesediretrizesadotadasnombitodobloco,almdeorganizar,auxiliadapelasSecretariasdasRepresentaesNacionais,oapoiologstico

    necessrioparaarealizaodasreuniesdoConselhoMercadoComum,doGrupoMercadoComumedaComissodeComrciodoMercosul.

    ASecretariaadministradaporumdiretor,commandatorotativodedoisanos,ecujaescolhaprocedidapeloConselhodoMercadoComumemconjuntocomoGrupoMercadoComum,apsconsultaaosPasesMembrosdobloco.

    ComissodeComrciodoMercosul

    AComissodeComrciooprincipalrgotcnicoencarregadodeadministrarosinstrumentosdepolticacomercialcomum,verificandosuacorretaaplicao,propondoajusteseexaminandopleitosnacionaisrelacionadosacasoscomerciaisespecficos.

    A Comisso de Comrcio do Mercosul assessorada por dez Comits Tcnicos, dedicados a reas temticas determinadas, tais como assuntosaduaneiros,defesadoconsumidor,defesadaconcorrncia,setorautomobilsticoesetortxtil.

    ParlamentodoMercosul

    Em 2004, foi aprovada pelo Conselho do Mercado Comum, Deciso n 49/04, que investiu a CPC da condio de Comisso Preparatria de umParlamento do Mercosul. Este, instalado em dezembro de 2006, tem comomodelo de partida a estrutura da Comisso Parlamentar Conjunta doMercosul,jexperimentadanaslidesdoprocessolegislativonosCongressosNacionaisdosquatropasesfundadores.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 51/59

    Pg. 5

    ForoConsultivoEconmicoSocial

    Congregando representantes dos setores empresariais, sindicatos e entidades sociais da sociedade civil para discusso de temas vinculados aoMercosul e formulao de propostas especficas de cada umdesses segmentos, o Foro Consultivo EconmicoSocial tem, como o nome expressa,funoconsultivaemanifestasemedianteRecomendaesaoGrupoMercadoComum.

    Demaneirageral,oForoConsultivoEconmicoSocialquestionaohermetismoquecaracterizaosistemadedecisesnobloco,ereivindicaodireitodesepronunciarcomorgodecisriodoMercosul,emespecialemquestessociais.

    TribunalPermanentedeRevisodoMercosul

    Deincio,oTratadodeAssunopreviuacriaodeumsistemadesoluodecontrovrsias,queseconsubstanciounoProtocolodeBrasliaparaaSoluodeControvrsiasnoMercosul,firmadoemdezembrode1991.

    Anecessidadedeaperfeioamentodosistemadesoluodecontrovrsias,decorrentedaevoluodoprocessodeintegrao,levouassinaturadoProtocolo deOlivos, em18de fevereiro de 2002. Este instrumento cria foros prprios para cuidaremdas controvrsias surgidas entre os EstadosPartes sobre a interpretao, a aplicao ou o no cumprimento do Tratado de Assuno, do Protocolo de Ouro Preto, dos protocolos e acordoscelebrados no marco do Tratado de Assuno, dasDecises do Conselho do Mercado Comum, das Resolues do Grupo Mercado Comum e dasDiretrizesdaComissodeComrciodoMercosul.

    Assim,foramincorporadosestruturainstitucionaldoMercosuloTribunalArbitralAdHoceoTribunalPermanentedeRevisodoMercosul.

    OTribunalArbitralAdHoc,desdequeacionadopelasPartesinteressadasemumlitgio,podereunirseemqualquerdosPasesMembrosdoMercosul,enquantooTribunalPermanentedeReviso,instaladoem13deagostode2004,temsuasedeemAssuno,noParaguai.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 52/59

    Pg. 6OTribunalPermanentedeRevisopodeservir comoltima instncia, tendocompetnciapara revisaroquedecididoemprimeira instncia,pormeiodearbitragem,emespecialdecontrovrsiascomerciaisentreosEstadosPartes,suasempresasoucidados.

    Contudo,oTribunalPermanentedeReviso,foroespecializadoparadirimirquesteslitigiosasdoMercosul,noimpedequeaspartesemconflito,seodesejarem,encaminhemsuasquestesparaoutrosforos,comoaOrganizaoMundialdoComrcio(OMC).

    O Tribunal Permanente emite um laudo definitivo sobre as controvrsias que lhe so encaminhadas, que pode confirmar,modificar ou revogar afundamentaojurdicaeasdecisesdosTribunaisArbitraisAdHoc.

    TribunalAdministrativoTrabalhistadoMercosul

    Em quatorze anos de existncia, a estrutura organizacional do Mercosul passou a enfrentar reclamaes de natureza administrativa trabalhista,oriundasdasrelaesdesuaSecretariaAdministrativacomosfuncionriossuadisposio,inclusiveterceirizados.

    ODireito InternacionalpermitequeoGrupoMercadoComumcriee reguleuma instnciaadministrativaparaatenders reclamaesdenaturezaadministrativotrabalhistadefuncionriosdaSecretariaMercosul,comfundamentonasnormasinternacionaisparaAcordosdeSede(DecisoCMCn04/96).

    Assim, foi criado o Tribunal AdministrativoTrabalhista (TAL), com a finalidade de resolver tais tipos de conflitos, sempre com base nas normasMercosulaplicveisaopessoaldaSecretariadoMercosulenasInstruesdeServioditadaspeloDiretordessaSecretaria,almdeamparadoporumAcordodeSedequegaranteaoGrupoMercadoComumodireitodecontratarpessoal.

    OTribunalAdministrativoTrabalhista regeseporEstatutoprprio, conformeasDecisesns.4/96e30/02doConselhodoMercadoComum,easResoluesns42/97e01/03doGrupoMercadoComum.

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 53/59

    Pg. 7

    ForoConsultivodeMunicpios,EstadosFederados,ProvnciaseDepartamentosdoMercosul

    A complexidade do processo de integrao regional mercosulino, em sua vertente poltica, fez surgir o Foro Consultivo de Municpios, EstadosFederados,ProvnciaseDepartamentosunidadesterritoriaisespecficasdecadaEstadoPartedoMercosul,cujafinalidadeabrigareestimularodilogoeacooperaoentreasautoridadesdenvelmunicipal,estadual,provincialedepartamentaldosEstadosMembrosdobloco.

    O Foro Consultivo pode propor medidas destinadas coordenao de polticas para promover o bemestar e melhorar a qualidade de vida doshabitantesdosMunicpios,EstadosFederados,ProvnciaseDepartamentosdaregiodoConeSul,bemcomoformularrecomendaesporintermdiodoGrupoMercadoComum.

    O Foro Consultivo formado, conforme a Deciso n 41/04, por um Comit dos Municpios e um Comit dos Estados Federados, Provncias eDepartamentos,asunidadesterritoriaisnosdiferentesEstadosPartesdoMercosul.PreviuseseuRegimentoInterno,quefoiaprovadopelaresoluon26/07,doGrupoMercadoComum.

    OMercosulpossuiumaestruturaorgnicaintergovernamental(nohrgossupranacionais),havendo,contudo,umaPresidnciaProTempore,exercidaporsistemaderodziosemestral.AsdecisesdoMercosulsosempretomadasporconsenso.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 54/59

    Pg. 8

    ReuniesPeridicas

    Eis a listagem das reunies peridicas previstas no mbito do bloco:

    ReuniesdeCpuladosPresidentesdosEstadosPartesdoMercosuleassociados(Bolvia,Chile,Colmbia, Equador e Peru), realizadas a cada seis meses no pas que tem a Presidncia ProTempore do Mercosul, cujo rodzio obedece a uma cronologia alfabtica, ou seja, Argentina,Brasil,Paraguai,UruguaieaVenezuela.

    ReuniesOrdinrias doConselhodoMercadoComum, emparalelo sReunies de PresidentesdosEstadosMembros.

    ReuniesdeMinistrosdeEconomiaePresidentesdosBancosCentraisdoMercosuleassociados,semestralmenteouquandoconvocadasemcarterextraordinrio.

    Reunies Ordinrias e Extraordinrias do Grupo Mercado Comum, semestrais e sempre queconvocadas.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 55/59

    Pg. 9Soluodecontrovrsias

    InteressantedestacarqueoProtocolodeOuroPretonoenumera,dentreosseusrgos,umespecficoparadirimirascontrovrsias.Oart.44

    daquelanormaapenasrefereacriaodesistemapermanentedesoluodecontrovrsiasquandoseconsolideaunioaduaneira.

    Assimquefoicriadoosistemaprovisrio,institudonoProtocolodeBraslia,de17dedezembrode1991.Oiterarbitral, precedido pela negociao direta e pela conciliao, foi a forma escolhida para compor osdiferendosnoMercosul,conformeoAnexoIII,inciso3,doTratadodeAssuno.Paratanto,foidesignadoumgrupodetrabalhocomvistasaelaboraroSistemadeSoluodeControvrsiasentreospasescontratantes.O Protocolo de Braslia para Solues de Controvrsias (PB), publicado no Dirio Oficial da Unio em 8 dejaneirode1992,passouavigerem22deabrilde1993.

    Seminovar,utilizandoaformatradicionaldodireitointernacionalpblico,esseprotocoloestabelecetrsfasesparaasoluodecontrovrsias.Aprimeiradelasanegociaodireta,sendoaconciliaoasubsequente,e,nocasode

    insucessodasetapasanteriores,propeseaarbitragem.OProtocolodeBrasliaprevapossibilidadedereclamaesadvindasdeparticulares,pessoasfsicasoujurdicas,estabelecendo,noentanto,freiospolticosparaasuautilizao.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 56/59

    Pg. 10O captulo I determina o espectro de aplicao do PB, destinandose a atuar nas controvrsias entre os Estados Partes que versem sobre ainterpretao,aaplicaoouodescumprimentodasdisposiesprevistasnostratadosinstitutivosedemaisacordossupervenientes,bemcomonasnormasprovenientesdeseusrgos,pordecises,resoluesediretrizesemanadaspeloConselhodoMercadoComum(CMC),peloGrupoMercadoComum(GMC)epelaComissodeComrciodoMercosul(CCM).

    As controvrsias entre os Estados Partes sero, inicialmente, resolvidas mediante negociaes diretas, sem forma ou rito definido, sendo seusresultados comunicados ao GMC por intermdio da Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM), no podendo exceder o prazo de quinze dias acontardadataemqueacontrovrsiativersidolevantadaporumdosEstadosPartes,nostermosdosarts.2e3doProtocolodeBraslia.

    No h dvida de que a frmula mais adequada para que se alcance uma interpretao uniforme das normas que compem um sistema tocomplexo,comoummercadocomum,adeoutorgaraumrgoarbitralpermanenteouaumrgojudicialessafuno.

    Porm,sabesepelaexperinciadeoutrosblocosregionaisdaenormedificuldadeemseatingirtalsofisticao,sejapelaparceladesoberaniaqueosestadosteroquedelegarataisrgos,sejapeloseucarterdispendioso,oquenosecoadunacomblocosregionaiscriadosentreEstadosemdesenvolvimento,comoocasodoMercosul.

    OProtocolodeOlivos(PO),de18defevereirode2002,emvigordesde2004,substituiuoProtocolodeBrasilia(PB),trazendoalgumasinovaes.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 57/59

    Pg. 11

    Aetapaconciliatria,obrigatrianoPB,passaaserfacultativanoPOesgotadososcaminhosdanegociaoeconciliao,osEstadosPartespoderorecorreraoprocedimentoarbitral.OProtocolodeOlivosinovaaopermitirspartesaescolhaporoutroforodesoluodeconflitos.Emseuart.12:

    controvrsiascompreendidasnombitodeaplicaodopresenteProtocoloquepossamtambmsersubmetidasaosistemadesoluodecontrovrsiasdaOrganizaoMundialdoComrciooudeoutrosesquemaspreferenciaisdecomrciodequesejamparteindividualmenteosEstadosPartesdoMercosul,poderosubmeterseaumououtroforo,escolhadapartedemandante.Semprejuzodisso,aspartesnacontrovrsiapodero,decomumacordo,definiroforo.Umaveziniciadoumprocedimentodesoluodecontrovrsiasdeacordocomopargrafoanterior,nenhumadas

    partespoderrecorreramecanismosdesoluodecontrovrsiasestabelecidosnosoutrosforoscomrelaoaummesmoobjeto,definidonostermosdoart.14desteProtocolo".

    A composio do Tribunal Arbitral ad hoc se dar por trs rbitros: dois indicados pelos Estados Partes, provenientes de uma lista previamentedepositadanaSecretariaAdministrativadoMercosul, eum terceiro, neutro, escolhidopor ambasaspartes, queopresidir, sendovedadoa esteltimoprovirdosEstadosenvolvidosnacontrovrsia.

    AdecisodoTribunalArbitraldarseporlaudosque,deacordocomoart.21doPB,soinapelveiseobrigatriosparaosEstadosPartesapartirdo recebimento da respectiva notificao tero fora de coisa julgada, devendo ser cumpridos no prazo de quinze dias, amenos que o TribunalArbitral tenha fixadooutroprazo.Entretanto, adecisodaprimeira instncia arbitral deixade ser inapelvel, haja vista a criaodeumTribunalPermanentedeReviso,noPO.

    AcriaodestaCorterevisorapretende,deformapaliativa,trazermaiorseguranajurdicaconstruodeumaunioaduaneira,prevendo,paraofuturo, uma reviso do atual sistema com vistas adoo do Sistema Permanente de Soluo de Controvrsias, segundo o disposto no art. 53:"Antesdefinalizaroprocessodeconvergnciadatarifaexternacomum,osEstadosPartesefetuaroumarevisodoatualsistemadesoluodecontrovrsias,afimdeadotaroSistemaPermanentedeSoluodeControvrsiasparaoMercadoComumaqueserefereonmero3doAnexoIIIdoTratadodeAssuno".

    .

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 58/59

    Pg. 12ACorteRevisorasercompostaporcincorbitros.Cadaumdossciosindicarumrbitroeumsuplentepeloperododedoisanosrenovveis.Joquinto rbitro ser designado de comumacordo pelos Estados Partes pelo perodo de trs anos no renovveis, devendo ser nacional de umdosEstados(art.18).

    OsrbitrosindicadospelosEstados,tantoostitularesquantoossuplentes,deveroestarpermanentementedisponveisparaatuarnosjulgamentos,quandoconvocados(art.19),concluindosenosetratardeumrgopermanentestrictosensu,masinstauradomedidaqueoscasosvosendointerpostosparajulgamento.

    Conformeantigareivindicaoparaguaia,asededoTribunalPermanentedeRevisoemAssuno,podendo,casosejanecessrio,sertransferidaparaoutrolocal.JostribunaisarbitraisadhocpoderoreunirseemquaisquerdascidadesdosEstadosscios.

    Sntese

    NesteMdulo,vimosqueaintegraodoConeSulteveincioemtornodoncleoBrasilArgentina,queevoluiriaparaoTratadodeAssuno,em1991,jcontemplandoaparticipaodoParaguaiedoUruguai.OProtocolodeOuroPreto

    (1994)estabeleceriaaestruturainstitucionaladequadaunioaduaneira.Estudamos,finalmente,oProtocolodeBraslia(1991)eoProtocolodeOlivos(2002),instrumentospelosquaisfoicriadoumsistemaparaasoluodascontrovrsiasqueviessemaocorreraolongodoprocessodeintegrao.

  • 08/06/2015 OMercosul

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=22472 59/59

    Exerccios de Fixao do Mdulo IIParabns!VocchegouaofinaldoMduloIIdocursoFundamentosdaIntegraoRegional:Mercosul.

    Comopartedoprocessodeaprendizagem,sugerimosquevocfaaumareleituradomesmoerespondaaosExercciosdeFixao,queoresultadonoinfluenciarnasuanotafinal,masservircomooportunidadedeavaliaroseudomniodocontedo.Lembramosaindaqueaplataformade

    ensinofazacorreoimediatadassuasrespostas!

    ParateracessoaosExercciosdeFixao,cliqueaqui.