OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA – TURMA 2014 - 2015

Título: Preconceito Racial no Âmbito Escolar

Autor: Eli Carvalho de Oliveira

Disciplina/Área: História

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Rina Maria de Jesus Francovig

Município da escola: Londrina

Núcleo Regional de Educação: Londrina

Professor Orientador: Prof. Dr. Márcio Santos de Santana

Instituição de Ensino

Superior:

Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar: arte

Resumo: O ser humano não nasce racista, muitas vezes

adquire este sentimento que é transmitido pela

própria família, pela sociedade e pela escola.

Dependendo da forma como ele é transmitido se

tornará forte ou não. Neste sentido a escola tem

papel primordial de educar para a vida, formar

cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. A

justificação desse trabalho vem ao encontro da

função social que é socializar o conhecimento

historicamente produzido pela humanidade. E

como todos sabem a escola é um reflexo da

sociedade, e tem o papel de amenizar os efeitos

destas diferenças, combatendo as marcas de

racismo de forma harmônica. Terá como objetivo

compreender como os alunos e professores lidam

com as diferenças étnico-raciais e práticas de

racismo no ambiente escolar.

Palavras-chave: Preconceito, racismo, escola.

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público: Alunos do 7º ano Ensino Fundamental serie final

1. INTRODUÇÃO À UNIDADE DIDÁTICA

A necessidade das escolas abordarem questões culturais, históricas e

artísticas se torna muito importante para os alunos. Duas práticas são unidas a estas

questões, a prática de ensino antirracista e trabalhar a identidade que são duas

tarefas que se tornam difíceis de realizar, pois muitos não conhecem a própria

identidade. Mas é importante e preciso que as diferenças sejam o mote da ação

pedagógica, produzir diferença, não apenas tolerá-las ou aceitá-las.

Esta unidade propõe leituras, apresentação de painel, vídeos e atividades

específicas que permitam aos educandos, esclarecimentos sobre a questão do

preconceito racial dentro da escola que é uma questão que deve ser trabalhada no

dia-a-dia, promovendo uma educação atenta à diversidade cultural e a diferença,

pois estão presentes tanto na sociedade como dentro das escolas.

Esta produção didática, apresentada em uma UNIDADE DIDÁTICA, está

vinculada ao Projeto de Intervenção/Implementação do Professor PDE, tanto em sua

forma como em seu conteúdo.

O Projeto de implementação na escola busca a percepção dos alunos quanto

à importância do tema em seu ambiente escolar através da ação humana. Portanto,

as atividades contidas nessa Unidade Didática, tenta despertar nos educandos

maior interesse sobre o tema proposto e seus benefícios no meio escolar. Este

projeto procurará transmitir uma orientação correta, tanto para os professores como

para os alunos sobre o preconceito racial e como deve ser evitado dentro das

escolas. Uma melhor orientação em sala de aula sobre esses conceitos básicos

funcionarão como apoio à formação da conscientização desses alunos dentro da

escola, aprendendo a usá-la fora também. Essas orientações têm que ser dadas

dentro da escola, pois a questão do preconceito racial dentro da escola é uma

questão que deve ser trabalhada no dia-a-dia, promovendo uma educação que

atenta a diversidade cultural e a diferença, pois estão presentes tanto na sociedade

como dentro das escolas.

Este projeto procurará abordar uma forma que instigue o aluno a apreender

outros conteúdos específicos, com os quais sejam estabelecidos vínculos para

quantificar, sintetizar, analisar e contextualizar informações, de forma que sejam

incorporadas às experiências de seu cotidiano.

Para tanto, pretende-se com este trabalho levar o aluno a uma atitude de

investigação em relação àquilo que lhe é proposto. A partir daí fazer os devidos

questionamentos aos colegas, provocando uma análise mais detalhada que o leve a

ter mais consciência destes problemas, trocando ideias e informações sobre o tema.

2. CONSTRUINDO A UNIDADE DIDÁTICA

Saber lidar com as diferenças étnico-raciais e práticas de racismo no espaço

escolar é muito importante tanto para os alunos como para os professores.

Este conceito propõe a integração da comunidade estudantil com atividades

que possam promover a importância da conscientização e prevenção.

A comunidade escolar é o ambiente ideal para o desenvolvimento de projetos

voltados à conscietização. Os educandos podem e devem tomar conhecimento das

necessidades e das problemáticas da sociedade e, potencialmente, tornarem-se

pessoas que respeitem a diversidade, que convivam com as diferenças e que sejam

mais comprometidas com o futuro. É importante que a escola assuma seu papel

social de valorização e de difusão da cultura e da pluralidade de nossa formação

étnica, pois pouco se fala dela nas escolas. É uma riqueza incomparável, mas, uma

história tão pouco reconhecida. Propiciar todo este conhecimento é contribuir para a

construção de uma escola plural e cidadã.

3. CONSTRUINDO AS ATIVIDADES

Caros alunos vamos iniciar as nossas atividades referentes ao Preconceito

Racial no Âmbito Escolar, conhecendo primeiramente um pouco sobre a Lei

10.639/03 alterada pela Lei 11.645/08, nossa trajetória passará pelo conhecimento

sobre o continente africano, tráfico negreiro, a presença dos africanos no Brasil,

abolição da escravatura e o combate ao racismo.

ATIVIDADE 1 - Conhecendo Lei 10.639/03 alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana

A Lei 10.639/03 alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino

da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e

particulares, do ensino fundamental até o ensino médio, ressalta a importância da

cultura negra na formação da sociedade brasileira. Questionar juntamente com os

alunos a importância e os objetivos dessa lei e quais benefícios no que diz respeito

ao tratamento dado as questões étnicas raciais.

ATIVIDADE 2 - “Aprendendo um pouco sobre o continente Africano”

Quando se ouve falar no Continente Africano ou África, faz-nos lembrar da

escravidão, da vida selvagem, dos enormes desertos, das condições sub-humanas

de vida, onde surgiu a AIDS e também o homo erectus.

Vamos conhecer um pouco mais de perto o continente africano em seus

vários aspectos sociais e humanos, que o caracterizam e também deixaram suas

marcas na sociedade brasileira decorrente da miscigenação provocada pela

escravidão durante o período colonial.

Vários questionamentos serão respondido por meio de pesquisas que

podem ser realizada pela Internet. Dividir a classe em grupos e separar as questões

a serem respondidas:

Iniciar a aula mostrando no Mapa mundi onde se localiza o continente

africano e explicar que a África é um grande continente com diferentes povos e

costumes e que estudos científicos demonstram que o continente africano é

considerado o “berço da humanidade e do conhecimento”.

Vários questionamentos serão respondido por meio de pesquisas que

podem ser realizada pela Internet. Dividir a classe em grupos e separar as questões

a serem respondidas:

Vamos então tentar entender o que é realmente a África? O que a África tem

de bom? - E o que precisa melhorar? - O que ela pode nos ensinar? - Quem teria a

capacidade e a inteligência de construir obras tão magníficas como as pirâmides -

Quem detinha tanto conhecimento na arquitetura, matemática, astronomia?

Dominava as cheias do Rio Nilo, sabendo aproveitar-se delas para uma excelente

colheita? – A história da África e a história do Brasil são intimamente ligadas? - Qual

a influência africana na cultura, medicina, religião e na gastronomia brasileira?

ATIVIDADE 3 – O TRÁFICO NEGREIRO PARA O BRASIL

Após conhecermos um pouco da África, vamos estudar a sua vinda para o

Brasil. Após pesquisa realizada na sala de informática e em outras fontes sobre o

tráfico negreiro, pedir aos alunos que realizem as seguintes atividades:

1. Escreva um pequeno texto seguindo o roteiro.

a) a participação de africanos no tráfico de escravos.

b) Regiões de origem e portos de embarque dos africanos escravizados e quais

povos aos quais eles pertenciam.

c) Identificar as principais rotas do tráfico de escravos e os principais grupos de

africanos trazidos para o Brasil.

2. Com base em sua pesquisa responda:

a) De que maneira os prisioneiros são conduzidos/ tratados ao entrarem no navio?

b) Como é o ambiente dentro do navio onde são acomodados os escravizados?

c) Que tipos de castigos são impostos aos africanos no navio?

d) Como os escravos são alimentados durante a viagem?

2. Coloque-se no lugar do escravizado e elabore um pequeno texto, escrito e 1º

pessoa, sobre a travessia da África para a América. Use ao menos metade das

palavras a seguir: sede – cansaço – revolta – África – povo – amigos – parentes –

medo – saudade – fome – língua.

3. Elabore um quadro sobre a vida dos escravizados, com os seguintes itens:

trabalho, alimentação e instrumentos usados para castigá-los.

Encerrar essa atividade com o Filme “Amstad” (1997), dirigido por Steven Spielberg.

Ótimo para retratar o que foi o tráfico negreiro.

ATIVIDADE 4 – AFRICANOS NO BRASIL “Dominação e resistência”

Iniciar a aula com os seguintes comentários:

Os africanos não vieram para o Brasil de livre e espontânea vontade e sim

foram trazidos para trabalhar como escravos nas lavouras de cana de açúcar.

Nenhum grupo humano jamais aceitou ser escravizado. Onde houve escravidão

houve resistência. Os escravizados, por sua vez, desenvolveram várias formas de

resistência como a fuga, capoeira e a formação de quilombos.

Agora vamos pesquisar mais sobre o assunto na internet e nos livros

didáticos e responder as seguintes questões:

1. Com base na frase: “Onde houve escravidão houve resistência”, responda:

a) Cite algumas formas de resistência e luta desenvolvida pelos escravos.

b) Qual a importância dos quilombos na resistência à escravidão no Brasil?

2. Sobre os quilombos, responda:

a) O que eram?

b) Em que lugar do Brasil colonial surgiram?

c) Qual a localização do Quilombo de Palmares?

d) Quem foi Zumbi?

e) Quando e como ocorreu a destruição de Palmares?

3. Uma forma de resistência muito conhecida e incorporada na cultura brasileira é a

capoeira. Vamos ler um texto para entender um pouco sobre a Capoeira, tal como

manifestação criada pelos africanos no Brasil colônia, praticada nos quilombos, uma

de suas formas de resistência á escravidão trazidos da África. O texto intitula-se

“História da Capoeira”, disponível no link abaixo:

http://www.aguadebeberpt.com/index.php?option=com_content&view=article&id=95&

Itemid=86. Acesso em 06 /10/2014.

Questões relevantes na análise do texto:

a) O que esta prática significava para os escravos no Brasil Colônia? Como ela se

tornou uma forma de resistência escrava?

b) Após a assinatura da Lei Áurea, qual o papel desempenhado pela Capoeira na

vida das populações afrodescendentes?

c) Em sua opinião, quais seriam as razões para a proibição da Capoeira, conforme

ocorrido por meio do Código Penal de 1890?

Encerrar essa atividade convidando um grupo de capoeira para fazer uma

apresentação na escola.

ATIVIDADE 5 – REALIZADA EM SALA DE AULA: “Aprendendo um pouco mais sobre a abolição da escravatura”

Dia 13 de maio se comemora a abolição da escravidão no Brasil. O fato

ocorreu em 1888, através da assinatura da Lei Áurea, pela princesa Isabel. De lá

para cá, este fato gera divisões entre aqueles que comemoram a libertação dos

escravos e aqueles que acham que a lei áurea não incorporou o negro na sociedade

brasileira, mantendo as desigualdades. Mas, a escravidão não acabou. O trabalho

escravo passou a ser ilegal naquele ano e que no artigo 149 do Código Penal

Brasileiro “reduzir alguém a condição análoga à de escravo...” é considerado crime.

Entretanto, não são raros os casos em que estas situações acontecem mesmo hoje

em dia.

Vamos aprofundar nossas pesquisas e aprender mais sobre a abolição da

escravatura no Brasil. Após nossas pesquisas vamos levantar algumas questões: há

ou não motivos para a comemoração do13 de maio? Depois da lei Áurea, o Estado

brasileiro tomou medidas que favorecessem sua integração social ou abandonando-

os à própria sorte? Com a abolição como ficou a situação do negro no mercado de

trabalho?

Foto: Lúcio Távora| AG. A TARDE - See more at: http://mundoafro.atarde.uol.com.br/?cat=869#sthash.2qVcvrGe.dpuf

Em referencia ao negro hoje no mercado de trabalho, na foto o

representante do Departamento de Estado americano, Thomas Shannon e o

ministro Edson Santos em reunião do acordo entre o Brasil e os EUA para combater

a discriminação racial.

Encerrar essa atividade com o filme que acho pertinente para se discutir a

Abolição da Escravatura: Quanto Vale ou é por Quilo?

Abaixo são mencionados links de Vídeos da TV Escola para apresentar para

os alunos e discutir esta temática:

1- http://www.youtube.com/watch?v=q1AOAGB_4_s&feature=related

2- http://www.youtube.com/watch?v=Z50z1A0ThMM

ATIVIDADE 6 – REALIZADA FORA DA SALA: “Aprendendo um pouco mais sobre o racismo fora da sala”

Pedir aos alunos para realizarem uma pesquisa sobre a desigualdade no

mercado de trabalho. Faça o recenseamento de atendentes e vendedores de dez

lojas situadas em shopping centers ou nas ruas do bairro onde residem. Que

porcentagem do total os negros e amarelos representam? A que eles atribuem

esses resultados?

ATIVIDADE 7– “Aprendendo um pouco mais...”

Pedir aos alunos para selecionarem alguns filmes e se possível assistirem

em casa. Ao assistirem deverão relatar por escrito às formas de manifestação de

racismo e o preconceito no filme.

Depois na sala de aula, peça para os alunos que assistiram aos mesmos

filmes se reunirem e debaterem no pequeno grupo, seus registros e relacionar com

os termos estudados na pesquisa. Os alunos devem posteriormente socializar a

opinião do grupo e suas reflexões com a classe toda.

Sugestões de Filmes:

- 12 YEARS A SLAVE (2013)

- Escritores da Liberdade (2007)

- Vista a minha pele (2004)

- AMISTAD (1998)

- Preciosa (2009)

- Mãos talentosas (2009)

- Ao mestre com carinho (1967)

- Entre os muros da escola (2008)

ATIVIDADE 8 – “COMBATENDO O RACISMO NA ESCOLA...”.

Atividades que serão aplicadas com relação ao racismo dentro da escola:

- Colocar para tocar a música “Dias Melhor” do grupo Jota Quest e conversar

com os alunos sobre o conteúdo da letra e se é possível criar medidas efetivas que

eles podem adotar para combater o racismo na escola e na comunidade:

- Lançar uma campanha contra o preconceito na escola e na comunidade.

Para realiza-la, pedir que montem cartazes sobre o tema, com figuras de revista,

noticias sobre o tema e montem para fazer uma exposição no pátio do colégio.

- Divida a classe em grupos e peça que cada equipe prepare uma forma de

denunciar o preconceito, podem ser elaboração músicas ou paródias, representação

de trechos de filmes, peça teatral, uma poesia, etc. Enfim um Festival contra o

preconceito.

- Realizar debates sobre o tema envolvendo leis que favoreceram a

libertação dos escravos.

- Pesquisar para posterior debate a Lei Afonso Arinos que inclui entre as

contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça e cor da

pele.

- Sugere-se também que assistam aos vídeos pela Internet, relacionados

abaixo sobre o tema e realizem debates.

Projeto Escolar ETG – Racismo:

https://www.youtube.com/watch?v=n1-oe913iuk

Racismo Escolar:

https://www.youtube.com/watch?v=U74I508MilE

Racismo é mais uma causa de evasão escolar:

http://tnh1.ne10.uol.com.br/video/fique-alerta/2012/07/31/73603/racismo-e-

mais-uma-causa-de-evasao-escolar-1

Racismo na escola:

https://www.youtube.com/watch?v=3tNzJXUr-fU

Análise e discussão do clipe da música preconceito é Burrice (Gabriel O

Pensador), Disponível no endereço:

http://www.youtube.com/watch?v=WZUycmYkT6M

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÁFRICA DE TODOS NÓS. Professoras Amaleide e Frieda. 2012. SESI/Candeias. Disponível em: < http://tecciencia.ufba.br/africa-de-todos-de-nos>. Acesso em: 09 set. 2014. BRASIL. Lei n° 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Diário Oficial da União de 10 de janeiro de 2003.

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania. Editora Saraiva, 2009.

FERNANDES, Douglas G. Proposta de atividade para o nono ano 8 serie do ensino fundamental historia. 09/10/2013. Disponível em: <http://cpalexandria.wordpress.com/2013/10/09/proposta-de-atividade-para-o-nono-ano-8-serie-do-ensino-fundamental-historia/>. Acesso em: 09 set. 2014.

MAPA OF ÁFRICA. Disponível em: <http://www.indiana.edu/~origins/teach/P314/africamaps.html>. Acesso em: 08 set. 2014.

SOUSA, Rainer. História. A resistência dos escravos <http://www.brasilescola.com/historiab/a-resistencia-dos-escravos.htm>. Acesso em: 09 set. 2014.

RIBEIRO, Getúlio. Os quilombos, a Capoeira e a resistência ao regime escravista no Brasil. Portal do professor. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=35762>. Acesso em: 06out.2014.

SULZARTY, Silvano. 123 anos de abolição da escravidão no Brasil: sugestões de atividades, filmes e músicas. Disponível em: <http://silvanosulzarty.blogspot.com.br/2011/05/123-anos-de-abaolicao-da-escravidao-no.html>. Acesso em: 10 out. 2014.