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19/04/2015 Paradigma – Wikipédia, a enciclopédia livre
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ParadigmaOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Paradigma (do latim tardio paradigma, dogrego παράδειγμα, derivado de παραδείκνυμι «mostrar,apresentar, confrontare») é um conceito das ciências e da epistemologia (a teoria do conhecimento)que define um exemplo típico ou modelo de algo. É a representação de um padrão a ser seguido. Éum pressuposto filosófico, matriz, ou seja, umateoria, um conhecimento que origina o estudo deum campo científico; uma realização científica com métodos e valoresque são concebidoscomo modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.
O conceito originalmente era específico dagramática, em 1900 o MerriamWebsterdefinia o seu usoapenas nesse contexto, ou da retórica para se referir a uma parábola ou uma fábula.Em lingüística,Ferdinand de Saussure (1857 1913), utiliza o termo paradigma para se referir a umtipo específicio de relação estrutural entre elementos da linguagem.
Thomas Kuhn (19221996) , físico célebre por suas contribuições à história e filosofia da ciência emespecial do processo que leva à evolução do desenvolvimento científico, designou comoparadigmáticas as realizações científicas que geram modelos que, por períodos mais ou menos longose de modo mais ou menos explícito, orientam o desenvolvimento posterior das pesquisasexclusivamente na busca da solução para os problemas por elas suscitados.
Em seu livro a Estrutura das Revoluções Científicas apresenta a concepção de que "um paradigma, éaquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científicaconsiste em pessoas que partilham um paradigma",e define "o estudo dos paradigmas como o queprepara basicamente o estudante para ser membro da comunidade científica na qual atuará maistarde".
Hoisel, 1998, autor de um ensaio ficcional, que aborda como a ciência de haveria de se encontrar em2008, chama atenção para o aspecto relativo da definição de paradigma, observando que enquantouma constelação de pressupostos e crenças, escalas de valores, técnicas e conceitos compartilhadospelos membros de uma determinada comunidade científica num determinado momento histórico, ésimultaneamente um conjunto dos procedimentos consagrados, capazes de condenar e excluirindivíduos de suas comunidades de pares. Nos mostra como este pode ser compreendido como umconjunto de "vícios" de pensamento e bloqueios lógicometafísicos que obrigam os cientistas de umadeterminada época a permanecer confinados ao âmbito do que definiram como seu universo deestudo e seu respectivo espectro de conclusões ardentemente admitidas como plausíveis.
Em seu livro Anais de um simpósio imaginário, Hoisel destaca ainda que uma outra conseqüência daadoção irrestrita de um paradigma é o estabelecimento de formas específicas de questionar anatureza, limitando e condicionando previamente as respostas que esta nos fornecerá, um alerta quejá nos foi dado pelo físico Heisenberg quando mostrou que, nos experimentos científicos o que vemosnão é a natureza em si, mas a natureza submetida ao nosso modo peculiar de interrogála.
O ajuste ou limitação da visão do objeto a um método de pesquisa, pré estabelecido através tradiçõesuniversitárias, arquitetura de texto, adequação bibliográfica, etc., é o que está em questão.Tanto Foucaultquanto Kuhn assinalam a presença de padrões de continuidades e descontinuidades naprodução de conhecimento de uma área do saber: as revoluções e rupturas epistemológicas.
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Giordano Bruno (1548 — 1600)condenado à morte na fogueirapelaInquisição romana por heresia.
Índice [esconder]
1 A comunidade científica2 Ciências Humanas3 Filosofia4 Linguística5 Referências6 Ver também
A comunidade científica [ editar | editar códigofonte ]
Segundo Kuhn (1978, p. 60), uma comunidade científicaconsiste em homens que partilham um paradigma e esta "[...]ao adquirir um paradigma, adquire igualmente um critério paraa escolha de problemas que, enquanto o paradigma for aceito,poderemos considerar como dotados de uma solução possível".
Uma investigação atinente à comunidade científica "de umadeterminada especialidade, num determinado momento, revelaum conjunto de ilustrações recorrentes e quase padronizadas de diferentes teorias nas suasaplicações conceituais, instrumentais e na observação". Tais ilustrações são "os paradigmas dacomunidade, revelados nos seus manuais, conferências e exercícios de laboratórios".
Ao longo da história pesquisas e observações são realizadas e muitas vezes como se observa, não seadequam,produzem contradições, ao paradigma vigente e dão origem a um novo. O novo paradigmase forma quando a comunidade científica renuncia simultaneamente à maioria dos livros e artigos quecorporificam o antigo, deixando de considerálos como objeto adequado ao escrutínio científico.
Denominase interacionismo simbólico a metodologia com que se estuda as distintas comunidadescientíficas e suas relações sociais ou sóciohistóricas. Autores comoThomas Szasz e ErvingGoffman por exemplo pesquisaram como o saber psiquiátrico constituiuse como as relaçõesinterpessoais vivenciadas em instituições . A materialidade e o capital investido nas hierarquias dasinstituições científicas possuem um poder não menos superior à lógica que orienta as pesquisascientíficas e referendam os aspectos ideológicos referidos por Karl Marx nas relações desta(a superestrutura) com a infraestruturaeconômica que organiza as sociedades .
Essa metodologia das ciências sociais instalou um modo de ser quase paranóico em relação àscomunidades de políticos e intelectuais mas não se pode ignorar a fogueira que queimou GiordanoBruno nem os milhões de dólares que se pode adquirir através dos poderosos meios decomunicaçãode massa difusores das fantasias, feitas pelo comércio epropaganda, que orientam o consumo de bensindustriais envolvendo desde o consumo de supérfluos até os produtos e serviços médicos. Constantesdenúncias tem sido feitas quanto a manifestações de interesse do capital distorcendo a lógica daprodução de medicamentos e oferta de serviços de saúde.
A pergunta que se faz em nossos dias, especialmente no campo da saúde coletivaonde não se lidaapenas com a concepção biológica da saúde é, se é possível romper como positivismo, reducionismomecanicismo que formaram a medicina cosmopolita sem limitarse àcrençascientificistas e abrir mão das conquistas tecnológicas dessa ciência ?
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Ciências Humanas [ editar | editar códigofonte ]
Nas Ciências Humanas, para considerar as formulações propostas por Kuhn em torno do conceito deParadigma, tal como este autor as desenvolveu em seus trabalhos sobre A Estrutura das RevoluçõesCientíficas, é preciso adaptar estas propostas a campos de conhecimento que, em geral, sãomultiparadigmáticos. Em campos de saber como a História, dificilmente se pode falar em paradigmasdominantes que se sucedem e que substituem o anterior através de uma ruptura, pois o que ocorre é aconvivência de vários paradigmas igualmente legítimos ao mesmo tempo. Podemos dar o exemplo, naHistória, dos paradigmas Positivista,Historicista e Materialista Histórico, entre outros (BARROS, 2010.p.426444 ). Autores como o historiador Jörn Rüsen, neste sentido, tem utilizado o conceito deparadigma também para os estudos dehistoriografia, mas cuidando de observar as devidasadaptações, já que, em geral, a maior parte dos historiadores reconhece aHistória como um campo desaber multiparadigmático.
Filosofia [ editar | editar códigofonte ]
Na Filosofia grega, paradigma era considerado a fluência (fluxo) de umpensamento, pois através devários pensamentos do mesmo assunto é que se concluía a ideia, seja ela intelectual ou material. Apósa realização dessa ideia surgiam outras ideias, até que se chegasse a uma conclusão final ou o seucaminho desde a intuição, à representação sensível até a representação intelectual. Pensar que a ideiainicial, é tanto intelectual como factual, pois não conta com a inspiração e os diversos fluxos depensamento.
O pensamento por sua vez é um componente da alma. Para Aristóteles as faculdades da alma são: afaculdade nutritiva, a faculdade sensitiva e a faculdade intelectiva.
Alma intelectiva (intelecto). Dessa faculdade intelectiva, somente o homem é dotado, pois somente eletem a capacidade de conhecer. Aristóteles, quanto a isso, escreve na sua obra Metafísica: "Todos oshomens, por natureza, desejam conhecer". Para Aristóteles "há na sensação algo de conhecimento detal modo que se pode dizer que a apreensão sensível tem algo de intelectual".
Na tradição aristotélicotomista, distinguese o "Intelecto ativo" a faculdade cognitiva pela qual asimpressões recebidas pelos sentidos se tornam inteligíveis, capazes de ser apropriadas ao intelectopassivo do "intelecto passivo" onde são plenamente conhecidas. Resumindo, paradigma sãoreferências a serem seguidas, em Platão, é clara a ideia de modelo.
Linguística [ editar | editar códigofonte ]
Ver artigo principal: Dicotomias saussureanas
Em Linguística, como visto, Ferdinand de Saussure define como paradigma (associaçõesparadigmáticas) o conjunto de elementos similares que se associam na memória e que assim formamconjuntos relacionados ao significado (semântico). Distinguindose do encadeamento sintagmático deelementos, ou seja, relacionados sintagma enquanto rede de significantes (sintático).
Exemplificando, Müller coloca que a dicotomia que levou o nome de Sintagma [versus] Paradigma éfacilmente entendida com exemplos, Segundo ela, toda frase, palavras e até signos extralingüísticos ,possuem dois eixos: um de seleção e outro de combinação. Na frase "Eu comprei um carro novo", hápossibilidades combinatórias claras, tais como "Um carro novo eu comprei" (mudança de ordem das
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Galileu Galilei (1564 —1642) diante
palavras) ou outras, como ao acrescentarmos novos termos à oração. Também há quase inumeráveispossibilidades seletivas, tais como: "eu / ele / tu / João / Dina comprou / vendeu / roubou / explodiu um / dois / três / muitos carros / foguetes / caminhões novos / velhos / antigos / raros". O eixo deseleção proposto pela relação paradigmática, corresponde às palavras que podem ocupardeterminado ponto em uma sentença.
Referências1. ↑ Kuhn, Thomas. Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1978. Google Books Aug.
2011
2. ↑ Hoisel B. Anais de um Simpósio Imaginário SP, Editora Palas Athena, 1998 ISBN 8572420223 Livro emHTML Ag. 2011
3. ↑ Alvarenga, Lídia. Bibliometria e arqueologia do saber de Michel Foucault – traços de identidade teóricometodológica. Ciência da Informação, V. 27, n. 3 (1998)PDF Ag. 2011
4. ↑ Foucault, M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.eBook 5. ↑ Malufe, José Roberto. A retórica da ciência, uma leitura de Goffman. São Paulo: Educ, 1992.6. ↑ Latour, Bruno; Woolgar, Steve. A vida de laboratório, a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro:
RelumeDumará, 1997.7. ↑ Goffman, Erving. Prisões manicômios e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1999.8. ↑ Szaz, Thomas S. A Fabricação da Loucura: um estudo Comparativo entre a Inquisição e o Movimento de
Saúde Mental. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.9. ↑ Marx, Karl; Engels, Friedrich. A ideologia alemã. eBook Acesso em: 10 dez. 2009.10. ↑ Angell, Márcia. A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos como somos enganados e o que podemos
fazer a respeito. São Paulo: Record, 2007.Google Books Aug. 201111. ↑ Petersen, Melody. Our Daily Meds: How the Pharmaceutical Companies Transformed Themselves Into
Slick Marketing Machines and Hooked the Nation on Prescription Drugs. New York : Picador USA, 2009,©2008.Resenha Jornal da Associação Médica Ag/Set. 2008 Google Livros (71 Resenhas) Ag. 2011
12. ↑ Landmann, Jayme. A ética médica sem mascara. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985.13. ↑ Sayd, Jane Dutra. Novos paradigmas e saúde, Notas de leitura. Physis vol.9 no.1 Rio de Janeiro Jan./June
1999 PDF Ag. 201114. ↑ SANTOS, Jair Lício Ferreira and WESTPHAL, Marcia Faria. Práticas emergentes de um novo paradigma
de saúde: o papel da universidade. Estud. av. [online]. 1999, vol.13, n.35, pp. 7188.PDF Ag. 201115. ↑ Martins, André. Novos paradigmas e saúde. Physis vol.9 no.1 Rio de Janeiro Jan./June 1999 PDF Ag.
201116. ↑ Barros, José D'Assunção. Sobre a noção de Paradigma e seu uso nas Ciências Humanas. Cadernos de
Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas. vol.11, n°98, UFSC, 2010. 426444. Periódicos UFSC17. ↑ Müller, Josiane. Paradigma e Sintagma.Brasil Escola. Ag. 2011
Ver também [ editar | editar códigofonte ]
CiênciaMétodo científicoParadoxoRevolução científicaHistória da ciênciaHistória da lógicaFilosofia grecoromanaRenascimentoColonização
Ag. 2011
19/04/2015 Paradigma – Wikipédia, a enciclopédia livre
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